Brusque Ilustrada: Crônicas 160 Anos

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ILUSTRADA

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ilustração - silvia teske

brusque, 160 anos e a casa do barã João José Leal

entretecido Luiz Deschamps

a enchente de 84 duda belli

paixão de torcedor rodrigo santos

O REBATE E A CABALA DESCABIDA Luís teixeira

a vez que a ponte caiu vilmar walendowsky

k.art

Dado Szpoganicz

aquela noite Rogério moritz

o jogo de volei que entrou para a Jaqueline kuhn

por onde andei... karline beber

memórias de uma figurinha edu gevaerd neto

ilustração - aloisio buss

รฃo

a histรณria

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Brusque, 160 Anos e a Casa do Barão

N

o dia 4 de agosto de 1860, Maximiliano von Schneéburg chegava a esta terra para fundar e consolidar o importante projeto colonial, oficialmente, denominado Colônia Itajahy.

Mas, sempre chamada de Colônia Brusque. Sob sua liderança, acompanhavam o Barão de Schneéburg, os primeiros 55 imigrantes alemães

O fundador da nossa cidade sabia muito bem que as necessidades iniciais eram enormes. Tudo estava por ser construído e os recursos financeiros vindos do governo eram escassos. Por isso, era preciso rigorosa austeridade nos gastos e trabalho árduo, na luta cotidiana para garantir aos colonos a posse dos seus lotes devidamente demarcados. É certo que os colonos pioneiros aqui chegaram dispostos a trabalhar duro para desbravar esta terra ainda desconhecida e transformá-la no seu novo lar, na sua nova pátria. Mas, é certo, também que reclamações não faltavam.

Comuns eram os pedidos de demarcação dos lotes, de abertura dos caminhos e picadas, de construção dos alojamentos provisórios e de fornecimento da alimentação dos primeiros tempos. Frequentes também eram os pedidos de mais ferramentas para o trabalho, pás, enxadas, machados, foices e facões, indispensáveis ao manejo da terra, às plantações e às primeiras colheitas, que permitiriam a sobrevivência dos colonos recém-chegados à terra prometida.

Com dificuldade, o Barão procurava atender a todos com extrema

dedicação ao cargo de Diretor da Colônia. Além das ações cotidianas, o Barão tinha consciência de que um futuro de prosperidade e bem-estar social não dependeria somente de ferramentas, de floresta derrubada, de colonos assentados em seus lotes e da atividade agropecuária.

Era preciso que a sua Colônia contasse com a presença de médico para assistência à saúde, de padre e pastor para assistência religiosa; de professor para que os filhos dos colonos pudessem estudar. Sabia, também, que a sua Colônia só poderia prosperar se uma estrada carroçável fosse implantada para ligar Brusque ao litoral, de forma mais específica, a Itajaí e seu porto.

Essa foi a pauta de suas reivindicações maiores, que o Barão, de forma insistente, sempre defendeu junto às autoridades da Província, durante a sua permanência no cargo de Diretor da Colônia. Não deixou de reivindicar, também, um serviço postal para que os colonos pudessem enviar cartas e se comunicar com os familiares e amigos que permaneceram na Alemanha e na Europa.

Foram sete anos de trabalho intenso na direção da Colônia, inteiramente dedicados aos interesses da comunidade brusquense dos primeiros e difíceis tempos, quando tudo estava por ser construído. O Barão de Schneéburg foi um exemplo de administrador austero, no emprego dos escassos recursos públicos destinados às despesas da Colônia.

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Viveu na sede da Diretoria, trabalhando e dormindo num rancho “de 20 palmos de quadrado, coberto de palha”, conforme suas próprias palavras. Mesmo assim, não conseguiu recursos do governo provincial para construir uma nova “Casa da Diretoria e minorar o risco de segurança, de saúde e decência”.

Daqui saiu doente, quase cego e pobre, em 1867. Morreu dois anos depois, na então austríaca e pequena Franzensbad, hoje, República Checa.

Como escreveu Oswaldo Cabral, muito lhe devem os brusquenses: “Íntegro, honesto, trabalhador, capaz, a Colônia foi a razão da sua vida nos seus últimos anos. Com ela viveu, com ela sofreu”.

Quando Brusque completa 160 anos de fundação, penso que o nosso prefeito municipal poderia tomar a iniciativa de denominar a sede da nossa Prefeitura Municipal de Casa do Barão. Seria uma justa e merecida homenagem a quem tanto fez por esta terra.

joão josé leal

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entretecido

N

ão nasci em Brusque. Meus primeiros anos – aqueles primeiros anos, das recordações mais tenras e afetuosas – eu não vivi aqui. Também não foi aqui que descobri “o primeiro amor” nem foi aqui que derramei as primeiras lágrimas. Não, não foi aqui!

Talvez tivesse sido outra, a minha história, se ficasse morando em Blumenau; talvez tivesse trilhado outros passos se seguisse morando à Rua da Glória, no bairro do Garcia, em Blumenau, a “grande cidade” da época...

Mas quis o destino que viesse aportar no berço da fiação a partir dos onze anos, aqui fiei e desfiei minhas melhores memórias: como diz o poeta, “doce herança” brusquense.

Uma cidade é o lugar onde nos acomodamos e acomodamos nossas melhores memórias, e, nesse sentido, esta cidade me

foi pródiga: como Brusque me traz boas recordações! Uma das últimas iniciativas que participei na cidade se tornou daquelas memórias sob as quais nos abrigamos nos dias ruins: foi a elaboração de um fascículo – mais adequado chamar de revista – com a participação de um grupo de jovens capitaneados pela finada e saudosa jornalista Claudia Bia. O “Like”, como chamávamos, foi uma iniciativa que oportunizou a circulação dos textos de um bando de jovens talentosos, determinados, mas sem saber como fazer para extravasar esse talento.

Claro que tivemos muito apoio do Claudio Schlindwein, do jornal Município, que pôs na mão da meninada os recursos necessários à produção de uma publicação profissional de LUXO; claro que também tivemos a boa vontade de outros jornalistas do mesmo jornal, que nos apoiaram na iniciativa; e, como não poderia deixar de ser, tivemos também apoio de diversos patrocinadores, fundamentais para colocarmos de pé o nosso projeto.

Mas não creio que, em outra cidade da região, o dono de um grande jornal abrisse espaço

a um bando de meninos e meninas sedentos por escrever suas histórias.

Não! Não creio. Coisas de Brusque, oportunizar esse tipo de experiência.

Generosidades da nossa cidade.

Quando cheguei a Brusque, aos onze anos, uma das primeiras coisas que percebi foi como aqui, diferentemente de Blumenau, todo mundo se conhecia. A gente sabia até as placas dos carros das pessoas, e para ir do Maluche – onde eu morava – até a Azambuja, onde ficava a casa dos meus primos, bastava uma bicicleta ou até mesmo boa vontade pra uma caminhada mais longa. Então, as distâncias eram mais curtas e, aos poucos, fui me familiarizando com as ruas, os becos e as avenidas desta cidade pequena e aconchegante. Desse tempo, uma recordação de que me lembro com afeto é o som das sirenes das fábricas. Às vezes, logo depois da sirene, calhava de eu presenciar uma saída de fábrica com centenas de operários e suas bicicletas, os raios das rodas brilhando sob o sol do comecinho da tarde... Inesquecível. Essa percepção, que até hoje me acompanha, foi uma gentileza de Brusque.

Outra recordação muito doce que tenho da cidade é da escola onde me formei no Ensino Fundamental: à época, a “Escola Básica Dom João

Becker”. Era bem menor que as escolas de Blumenau, muito mais proximidade entre alunos e professores; claro que proximidade, por vezes, significa ‘fricção’ e o atrito dessa fricção, por vezes, acaba causando “vítimas”; mas não tinha como não se sentir tocado pelo afeto de muitos daqueles que tentavam aparar as arestas desses primeiros contatos.

Com o tempo, lembro que a minha relação com a escola foi ficando tão forte que passava ali a maior parte do dia, treinando, criando, inventando. Dom João Becker: o “Becker”, no verbo de uma professora que o adora tanto quanto eu, é uma das melhores partes que carrego comigo, uma das partes que preservo com muito afeto. Cortesia de Brusque.

Pois a minha vontade de estar por perto da escola era tamanha, que o segundo lugar de onde mais gostava, assim que me mudei para Brusque, ficava a poucos metros do Becker: o grande edifício do SESI era a nossa ‘Disneylândia’... Sério! Do tênis de mesa à quadra de piso coberta, a molecada do Maluche e adjacências esquadrinhava cada canto do SESI, onde passávamos horas e horas em campeonatos de futsal, treinos de vôlei e disputadíssimas partidas de tênis de mesa. Lembro que a equipe de

Brusque sempre beliscava uma das três medalhas principais dos Jogos Abertos nesta categoria, e nós idolatrávamos a equipe municipal. Nossos ídolos, nossas referências, moravam por perto. Tudo, então, era muito mais próximo. Acho que isso nos dava uma sensação de pertencimento e de compartilhamento como eu jamais vi em outros lugares onde morei. Delicadezas de Brusque.

Em Brusque também comecei uma história de amor com o futebol: a rivalidade Paysandu versus Carlos Renaux dividia ao meio famílias e amigos; e não era raro, nos clássicos da cidade, essa rivalidade fazer vizinhos torcerem o nariz uns para os outros... Bobagens de amigos próximos; tudo acabava em uma churrascada, uma festa de Azambuja ou uma festa junina onde se compartilhava a música, a dança e, acima de tudo, a cordialidade. Melhor ainda do que assistir aos jogos era fazer parte dos campeonatos de futebol infantil da cidade. Foi assim que conheci campos de futebol por todos os lados, do Santos Dumont ao Dom Joaquim. E a cidade foi se abrindo para mim, revelando outros pontos geográficos, outras gentes. Um mundo, enfim, inesgotável tanto em sua universalidade quanto em sua diversidade. Ainda

hoje, frequentemente, cruzo alguns amigos que partilhavam comigo essas partidas pelos quatro cantos da cidade, em que um gol era mais celebrado que os gols da seleção brasileira. O futebol e as coordenadas geográficas, presentes de Brusque.

Agora mesmo, redigindo este texto para ser publicado em mais uma das inúmeras publicações que a nossa cidade – e só a nossa cidade!

– traz à luz, penso em quantas oportunidades são criadas neste lugar; quantos sonhos são sonhados, muitos deles, concretizados, uns quantos, abandonados, outros, ainda, fracassados, mas mesmo aqueles que permanecem somente sonhos, só poderiam ser sonhados em um lugar assim, como este: um lugar em que meninos e meninas têm a chance de ensaiar seus traços em jornais profissionais. Garotos têm a oportunidade de correr nos mesmos campos que os jogadores profissionais e a vida tem aquele ritmo que nos permite, vez por outra, perceber seus laços, sua trama. A trama desse tecido social que se fia de sonhos de meninos, “Likes” e lágrimas de amor e doces recordações. Valeu, Brusque, por me ter legado tanta coisa.

Luiz Deschamps

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13 a enchente de 84 A

mudança para o número 56 da Rua Adriano Schaefer nem estava terminada quando o lugar encheu de gente desabrigada. A segunda-feira do dia 6 de agosto de 1984 entraria para a história como um dos piores momentos da cidade. Móveis, árvores e entulhos de todo o tipo faziam seu caminho descontrolado pelo centro, tomado pelas águas do Itajaí Mirim.

A chuva torrencial caía desde a noite anterior, avisando que Brusque viveria novamente uma antiga desgraça.

O novo lar da família Belli era cercado de outros Belli e pequenos negócios. O pai era caminhoneiro e a mãe professora, talvez por isso os filhos foram despachados para o Colégio São Luís apesar do aguaceiro. A aula foi cancelada e o resto da manhã foi desenrolada carregando os móveis dos avós para o segundo andar, enquanto bueiros e bocas de lobo cuspiam o rio na cidade. O menino mais velho foi logo dispensado para fazer companhia para irmã, imagine

perder o Duda na correnteza!

Do segundo andar, as crianças assistiam as casas e lojas sendo tomadas, enquanto os vizinhos chegavam para se proteger. As salas comerciais no térreo ficaram submersas num caldo de lama e coisas de escritório que já não podiam mais ser identificadas.

Mais quinze pessoas esperavam lá com os moradores da casa, isolados pela água, sem energia nem linha telefônica que pudesse trazer alguma notícia. Os barcos de resgate não conseguiam chegar, seus motores eram arruinados pelos galhos e destroços que encontravam no caminho.

Não tinham nada além de banana, cachaça e água para passar a noite. Nem as crianças conseguiram dormir, não tiravam os olhos das janelas, impressionadas com o cenário.

Para a alegria dos famintos, surgiram latas de comida boiando em meio à sujeira, que rapidamente foram pescadas. As paredes do mercado Archer não resistiram e o estoque foi

levado pelo rio. Transformadores queimando, construções ruindo e vidros quebrando, o barulho da cidade sendo destruída pelas águas era alto e parecia piorar madrugada adentro.

Com a rapidez que subiu, a enchente baixou. No dia seguinte a água escoou, deixando para trás um mar de lama e entulhos pela cidade toda. Andar pela cidade era impossível, tamanha era a quantidade de lodo. Foi preciso um trator, enviado pela prefeitura, para desobstruir as estradas. As pessoas tiveram que escolher o quê salvar, muitos correram com os carros para cima dos morros a fim de amenizar o prejuízo. Os prejuízos foram incalculáveis, muitos comércios e negócios tiveram que recomeçar do zero, alguns só desistiram.

O pessoal da salinha comercial embaixo da casa foi-se embora, perderam duas motos em baixo d’água, além de todo o resto do que tinha ali. Era preciso botar comida na mesa e voltar a dirigir caminhão não era mais uma opção para o pai do Duda, achava arriscado. Decidiu que faria algo naquele espaço vazio, “o que tem de mais parecido com ser caminhoneiro é tocar um bar! ” Contratou um chapeiro, colocou a família para ajudar e no dia 13 de novembro de 1984 nasceu o bar Duchê. O filho mais velho acabou tomando conta do lugar, colocou sua personalidade e trouxe novas ideias que mantém o lugar em transformação até hoje, agora como Duda Belli Bar. baseado na história de

duda belli

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Paixão de torcedor H

oje, o torcedor do Brusque vive uma lua de mel com o time. Depois do título brasileiro do ano passado, o time entrou em uma fase que só dá alegrias. Mas nem sempre foi assim, e olha que não precisamos ir muito atrás no tempo.

Houve uma época em que o nosso Bruscão era um time “ioiô”, sem conseguir se manter na primeira divisão. Os recursos eram poucos e era complicado montar um time com uma mínima qualidade. Em 2003, o time sequer entrou em campo e teve que retomar o seu caminho na terceira divisão do ano seguinte. E o torcedor fanático, aquele que está com o time na boa e na ruim, esse nunca abandonou o time, seja debaixo de chuva, sob um sol escaldante ou tendo que encarar uma madrugada na estrada para assistir e sofrer pelo seu time do coração.

Esse time tem torcedores dos mais diversos tipos: tem aquele que tem seu lugar cativo, agarrado na grade do Estádio. Você pode tentar colocá-lo em um camarote que ele não aceita. Quer jogar junto com o time, gritando, xingando o adversário… é praticamente um jogador.

Também tem aquele que, durante a semana, parece ser a pessoa mais pacífica do mundo, mas quando veste a camisa, vai para o estádio e o jogo começa, se transforma em um ser completamente diferente, passional e que volta para casa sem voz.

Se identificou com um deles?

O Brusque vive um momento especial. Saiu de ser um time pequeno, que tinha poucas chances de conquistar alguma coisa, que vivia de

idas e vindas para a segunda divisão, para se transformar em um “convidado indigesto” que hoje faz frente a qualquer time do Estado, tem um título nacional para chamar de seu e tem todas as condições de voar alto e surpreender. É o time que quer ser grande, mas ainda respira aquele ar de pequeno no, já velhinho, Augusto Bauer, uma casa que já viu alegrias e tristezas e que ganhou um campo novo para ter uma cara mais bonita. É lá que o torcedor apaixonado vai. É lá que os amigos se encontram. É lá que todos se abraçam para festejar os gols ou até para xingar alguém quando a coisa não dá certo.

Nossa cidade tem o futebol no sangue. Aqui nasceu o Carlos Renaux, primeiro clube do Estado (e que mantém o nosso velho “Gigantinho” em pé e em boa forma), aqui temos o já centenário Paysandu de tanta história, e onde hoje temos um Brusque que já vê o seu nome sendo falado no Brasil com tantas surpresas e bons resultados. O torcedor apaixonado, aquele que não largou o time nas vacas magras e hoje está “mal-acostumado” na fase boa, sabe que os guerreiros que entram em campo com aquela camisa amarela, que lembra a heroica conquista de 1992, vão representar o escudo do clube com garra e paixão. A mesma paixão que move o torcedor. A mesma paixão que move uma cidade em torno do seu time. E a mesma paixão que vai levar o Brusque a voos mais altos, se assim os deuses do futebol quiserem.

rodrigo santos

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O REBATE E A CABALA

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pesar de ser sábado, hoje botei uma roupa de domingo e fui para cidade comprar uma enxada nova. Moro lá na rua Anita Garibaldi e minha oma, Alma Imhof, está grávida de 3 meses.

Será que vai ser menino ou menina?

Calor de fevereiro, goiabas vermelhas maduras nos pés e o velho guarda-chuva embaixo do braço para a chuva da estação que cai a qualquer hora. Se sobrar algum dinheiro, na volta tomo um sorvete. Esse calor está de matar, mas eu gosto do verão. É muito bom tomar banho de rio.

Encontrei alguns amigos na frente da igreja e lembramos o grande acontecimento da cidade – a festa dos Amigos do Jazz – foi um dia e tanto. Depois da inauguração da bandeira na sede do Jazz, na Barão do Rio Branco, a marcha para o estádio do Brusquense foi puxada por uma banda. O conjunto musical composto pelos elementos do America, Ideal e Concórdia desenvolveu um ótimo concerto. Cada um torcendo por seu clube, o jogo juvenil entre o Paisandú e o Brusquense terminou com a vitória do primeiro por um único ponto marcado aos 6 minutos por Artur Appel. E o jogo de hand-ball da Sociedade Ginástica? Lem-

bramos que o baile no salão da Ginástica esteve na altura do magnífico. A senhorita Evelina Niebhur e o sr.

Aires Gevaerd venceram a prova do concurso de valsa. Fiquei olhando o casal rodopiar, mesmo porque não sei dançar.

Aldinho Krieger, o diretor do Jazz, agradeceu em nome do Jazz-Band-America a todas as pessoas que ofereceram donativos, prendas e auxílios para a festa de aniversário.

Eles tocam muito bem, esse Aldinho tem futuro na música.

A prosa estava boa, mas pedi licença aos amigos e fui procurar a enxada nova. Passando na frente do edifício Schneider, parei para olhar a vitrine da Renner, de propriedade do mesmo Aldinho do Jazz. Só roupas de grã-finos. Mas olhar não custa nada.

Gosto de andar na João Pessoa, tem donzelas formosas e muitas lojas. Eu não sabia que tem um novo jornal na cidade e é feito aqui nessa rua. Descobri por curiosidade, olhando para dentro de cada porta aberta.

Tomei coragem e comprei, era o primeiro número, que grande sorte a minha. Estranhei o nome do jornal – O Rebate – e o diretor Alvino Graf, que faz o periódico, explicou o motivo. Sou

um felizardo sim, primeiro porque estudei o primário, no cabresto, sob a vigilância do meu opa Jacob Gartner, então sei ler e escrever. Segundo porque o jornal é escrito em brasileiro e não em alemão. Não sei ler, nem falar e nem entender alemão. Nunca me interessei em aprender. Todos falam alemão em casa, menos eu.

Quando eu era criança, minha oma sempre me chamava de teimoso por não fazer coisas que todos costumavam fazer e por não dar o braço a torcer. Todos querem trabalhar na fábrica, eu trabalho na roça. Ela dizia que com tanta teimosia eu poderia ser o presidente do Brasil. Ainda bem que mais uma vez a sorte me levou para outro caminho, porque hoje eu poderia ser um presidente nazifascista com alma sádica de tirano e idiotia extrema. Continuo pobre, minha oma querida, por grande sorte da vida.

Fiz um ótimo negócio trocando o sorvete pelo jornal. Tem muita coisa para ler e como eu leio muito devagar, vai render mais que o gelado. Nem conheço todas as palavras. “Cabala descabida” – alguém me explica? Uma comissão de políticos do distrito de Gaspar, que pertence a Blumenau, esteve angariando assinaturas nos nossos povoados de Gaspar Alto e Barracão do Gaspar (pertencentes

DESCABIDA a Brusque) para uma petição de desmembramento do distrito (separar Gaspar de Blumenau). Só que essa comissão é desleal, falseando o documento para anexar os nossos dois povoados ao desmembramento de Gaspar, enganando os incautos e confiantes munícipes que não tem interesse, absolutamente algum, na emancipação desse ou daquele distrito. Agora os moradores neste município irão protestar publicamente contra o texto do documento. O Rebate promete apurar uma sindicância e voltar ao assunto. Semana que vem preciso comprar o número dois para saber como vai terminar essa cabala descabida e mal-intencionada.

É por coisas assim, minha oma Alma, que me sinto sortudo por não ser político de carreira, sou cheio de sorte por ser um anônimo eleitor que pode escolher o voto contra o nazismo, integralismo, fascismo, comunismo, racismo, capitalismo e outros ismos que retardam nossa humanidade. Nudismo também é um ato político? O jornal diz que na semana passada um guapo rapagão andou fazendo exercícios de nudismo em plena avenida João Pessoa. “Lamentamos não conhecer o nome do heroico fundador do nudismo entre nós”. Penso que o ato foi o efeito desse calor com cal-

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do de cana destilada. Posso estar enganado. Mas tudo sempre termina em festa, não é mesmo?

É fevereiro, está chegando o carnaval e os bailes do Brusquense e do Paisandú irão ferver. Na séde da Ginastica do Brusquense a ornamentação vai ser a chinesa e a Jazz-Band-America executará o programa carnavalesco enquanto o Paisandú promete uma feérica e deslumbrante ornamentação e a Jazz-Band-Ideal fará o programa com o repertório musical. Na página 4 tem um anúncio da loja do Otto Schaefer – “LANÇA PERFUME de 60 grams. Por 4$500.” – são os mais baratos, mas para quem trabalha na roça como eu, baile de carnaval, fantasia e lança perfume é delírio de verão. Alegria mesmo é uma enxada nova para plantar batatas, e plantar batatas é o que faço de melhor.

Chego em casa e ligo o rádio.

Lamartine babo está cantando “Quem foi que inventou o Brasil?”, o grande sucesso desse ano – “Ceci virou Iaiá, Peri virou Ioiô / De lá... pra cá tudo mudou / Passou-se o tempo da vovó / Quem manda é a Severa / E o cavalo Mossoró.” Hoje é dia 3 de fevereiro de 1934, calor e cheirosas goiabas vermelhas brindando a estação do suor.

(Baseado em fatos reais extraídos da edição número 1 do jornal O Rebate do dia 3 de fevereiro de 1934).

luís

A

Escola Charlotte é uma instituição de ensino especial, sem fins lucrativos, de Brusque, Santa Catarina, que possibilita que crianças, jovens e adultos com síndromes e lesões cerebrais consigam, por meio do desenvolvimento neurológico, desenvolver maior autonomia em suas vidas. A escola já ajudou cerca de 900 pessoas de forma gratuita desde 1990, e hoje conta com 37 alunos.

O método, desenvolvido por Glenn Doman, baseia-se no desenvolvimento do potencial humano a partir do estimulo frequente, intenso e duradouro das seis inteligências naturais do homem, que são: mobilidade, visão, audição, tato, linguagem verbalizada e competência manual.

VISÃO:

A atividade consiste em estimular o movimento de dilatação e contração da pupila, com a utilização de um quadro de luz. Assim a pupila, que faz o controle da luminosidade recebida pela retina, acaba tendo aumentado o seu reflexo visomotor, o que proporciona maior nitidez nas imagens, melhorando a visão.

AUDIÇÃO:

Nesta atividade é desenvolvido um trabalho de reconhecimento e percepção de sons e ritmos, que inclui sons do nosso cotidiano, como o som dos pássaros, dos instrumentos, do transito, da chuva, etc., bem como de músicas dos mais variados ritmos e segmentos.

TATO: Para reabilitar esta função são feitas atividades que exploram o contraste entre o quente e o frio, o áspero e o macio, e outras texturas.

O Reflexo de Babinski, que funciona como um comando de resposta à sensação do toque, é um dos primeiros estímulos oferecidos às crianças que não o tem. No bebê, é o primeiro a se manifestar mediante estimulo.

MOBILIDADE: Utilizamos a padronização cruzada, que são movimentos que estimulam a sincronia dos movimentos da cabeça, pernas e braços em padrão cruzado, utilizado para engatinhar, rastejar e caminhar, estimulando o cérebro a trabalhar a sincronia dos dois hemisférios. Também exercitamos o engatinhar, caminhar ou correr, fazer circuitos neurológicos, entre outros exercícios, dependendo do diagnóstico do aluno.

LINGUAGEM VERBALIZADA:

As atividades de linguagem verbalizada são voltadas para o desenvolvimento da fala, estimulando os músculos faciais e a vocalização das palavras.

COMPETÊNCIA MANUAL:

Visa aprimorar a motricidade fina. Desenvolvemos atividades que exigem a concentração da criança para que possa realizar os movimentos com controle, e habilidade. São elas: alinhavos, oposição cortical (movimento de pinça), pintura, escrita, entre outras...

Esse anúncio é um apoio de:

Esse tipo de atendimento, muito necessário para o desenvolvimento das pessoas com síndromes, é disponibilizado em poucos lugares do país de forma gratuita.

Somos uma coletividade, vivemos em sociedade, os desafios apresentados nos remetem a questionamentos quanto as nossas responsabilidades, não podemos ficar isolados em nos mesmos, a evolução do nosso ser passa pelo bem que desejamos ao nosso próximo, o que podemos fazer por aqueles que necessitem de nossa ajuda. A Escola Charlotte tem esse propósito, e por isso não cobra por seu serviço. Ela sobrevive de eventos, ajuda do poder publico e doações de pessoas através da CELESC, e empresas por meio do projeto Mãos Solidárias com uma contribuição mensal.

A escola também está aberta para trabalho voluntário, tanto em eventos como no auxílio com os alunos e em parceria em projetos, como a Emanuel God, uma loja on-line de camisetas, em que parte do faturamento será destinado à manutenção da escola (emnl.com.br).

A Escola Charlotte é grata ao apoio da população brusquense durante esses 30 anos de trabalho, a todas as pessoas, empresas que já colaboraram e colaboram com a escola por meio de eventos ou doações, é assim que conseguimos ajudar as pessoas de Brusque e região que necessitam desse auxílio. Muito Obrigado.

Site: escolacharlotte.com.br E-mail: escolacharlotte@hotmail.com Instagram: escola.charlotte Página do Facebook: Charlotte Instituição de Ensino WhatsApp: (47) 99125-5724 Telefone fixo: 33967210

QUERO AJUDAR

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a vez que a ponte ca

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ão era lá aquelas coisas de se impressionar, mas o oitavo dia, do oitavo mês de 1980 amanheceu com algum sol e poucas nuvens a vista. Bem melhor do que nos dias anteriores, que haviam dado tanta chuva que o rio chegou no limite de extravasar. O povo de Brusque já tinha desenvoltura no assunto enchentes e o cessar das águas deixou a cidade respirar aliviada.

Tinha-se ouvido que James Crews, o americano que trabalhava na Souza Cruz, foi até a rádio dizer que a ponte do centro da cidade estava para cair. Todo mundo escutou, mas ninguém quis acreditar que a Irineu Bornhausen, de pé há quase trinta anos, tinha alguma intenção de mudar esse status. Vilmar também não acreditou. Ele era um outro brusquense de outra cidade, que acabou fazendo a vida por aqui.

A profissão do pai colocou a família na estrada, mas, como todos os Walendowsky até então, acabaram na cidade em que os avós e bisavós escolheram para viver.

Era comum que pessoas de fora viessem para cá, o lugar sempre foi de oportunidades para quem sabia aproveitá-las. Vilmar sabia disso, mas só firmou as raízes por aqui por causa dos imprevistos da vida.

Herdou a inquietude do pai viajante e uma tinturaria lá pela Rua Francisco Walendowsky, tributo a seu avô.

A região era sossegada e com boa localização, a família está por lá até hoje. Chegar aos bancos e lojas do centro da cidade era prático, bastava atravessar a ponte.

O fio que chegava à tinturaria era alvejado, tingido e engomado para que pudesse ser enviado à fábrica. E, como todos os dias, era essa a programação daquele pequeno galpão dos Walendowsky.

Mas quis o destino que as coisas saíssem do plano e a produção foi atrapalhada por uma peça que, ao desistir de suas funções, deixou a tinturaria na mão. Nada que causasse desespero, o problema parecia fácil de resolver. E, acompanhado do mecânico encarregado, Vilmar deu partida na sua Brasília amarela e seguiu rumo ao centro da cidade em busca da tal peça.

O caminho era simples, bastava pegar a Primeiro de Maio e seguir. Mas naquele oito de agosto Vilmar escolheu outra rota, atravessou o morro do sindicato e acabou na sinaleira do Schlesser. Quase quis furar o sinal vermelho, mas acabou esperando, logo o velho caminhãozinho verde oliva do Seu Willy Hoffmann tomava a frente do caminho até o centro. Foi chegando na ponte que Vilmar notou que a paisagem estava diferente: “Olha ali! Bateram no corrimão da ponte! Olha ali, o poste caiu!” Precisou de pouco tempo para entender o que estava ocorrendo de fato: “Mais um poste caindo! Pera aí, a ponte!”

De dentro da Brasília deu para assistir a ponte desaparecendo aos poucos, foi como estar no gargarejo da plateia, aconteceu tudo ali na frente, mesmo. Ao sair do carro, Vilmar se deparou com uma cena quase surreal, os carros ali ainda em cima da ponte, muitos metros mais abaixo do que costumava estar. Do lado do centro, um precipício da estrada à ponte apoiada no rio, como um degrau gigantesco. Na cabeceira mais próxima, o caminhãozinho do Seu Willy aguardava inclinado na rampa recém-formada, que ligava porcamente a estrada lá em cima aos outros dois terços desabados da ponte. A cena era difícil de acreditar até para quem estava presen-

te. Quase ninguém se machucou, a cota acabou para um desavisado que vinha de bicicleta e não notou o final brusco da calçada. Felizmente nada grave.

Para quem estava por perto, o dia parou. No banco, perdeu-se as contas do dinheiro, nas lojas, as roupas aguardaram abarrotadas no balcão por mais tempo que o normal e os compromissos simplesmente ficaram para depois. Era gente de todo o canto correndo para inspecionar o acontecido. Vilmar assistia atônito ao caos que tomava corpo naquele dia pacato. Jorge Colzani era um dos mais afobados lá embaixo: “Vai afundar! Vai afundar!”

Berrava ao lado do carro, separado do rio só pelo asfalto da ponte. Logo acalmaram o homem e os automóveis começaram a ser resgatados.

Para quem não viu com os próprios olhos, a história não parecia verdade. As notícias se espalhavam em outro ritmo naquela época e, por mais que Vilmar insistisse no relato, era difícil convencer os descrentes. A peça foi esquecida naquele dia. O caminhãozinho verde oliva do seu Willy acabou entre as posses da família Wal e n d o w s k y.

E a vez que a ponte caiu entrou para coletânea das muitas histórias de Vilmar Walendowsky.

baseado na história de

vilmar walendowsky

aiu

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Solo fértil produz boas sementes.

Q uando a Uvel Chevrolet chegou em Brusque, não era sequer um grupo, afinal tratava-se da segunda unidade e a primeira experiência fora de Umuarama-PR.

Trouxemos uma nova forma de negociar veículos e encontramos uma terra abençoada, onde todos podiam ter carro. A pobreza quase não existia, as pessoas honravam seus compromissos e se podia vender a prazo com pouquíssima inadimplência.

Confrontamos e quebramos alguns tabus, o “quéis quéis, não quéis, diz”, por “O cliente sempre tem razão”, cometemos nossos erros, porém, Brusque perdoou e rapidamente prosperamos e hoje junto com a Fiat Treviso o Grupo Uvel possui 10 Lojas em três estados. Nascemos em Umuarama-PR mas crescemos e prosperamos em Brusque.

Somos gratos a gente dessa terra.

“Salve Brusque Imortal” Luiz HOmero zaninotto júnior Sócio diretor grupo Uvel e Treviso

23 k.art O

ano era 1990. Senna já era campeão mundial de F1 e corria para seu bicampeonato. Eu nem 10 anos tinha, era um garoto da terceira série do primário, no Colégio Cônsul.

O colégio é, e sempre será, a nossa segunda família. Considero a minha base e um mundo para novas descobertas, para além daquelas que temos em nossas casas. Lembro de uma das salas de aulas que ficava nos fundos de um salão enorme, ao lado do ginásio de esportes, um espaço chamado de Artes Industriais. Minha turma não chegou a ter aula de Artes Industriais, mas, sempre que por ali passava, muitas coisas que via naquela sala chamavam minha atenção. Eram umas máquinas malucas, que não fazia ideia para que serviam! E sentia uma curiosidade imensa em descobrir para que serviam. Mas, uma delas me chamava mais a atenção. Era uma estrutura de aço, com um canal central e quatro rodas e eu não entendia o que era aquilo, mas, achava muito legal e não demorou muito para eu questionar meu Pai e ele me revelar que, aquela peça era um chassi de Fusca.

As lembranças daquela sala permitem que hoje eu possa perceber a importância das máquinas para a cidade de Brusque e, imagino que lá pode ter sido o berço de muitas paixões , inclusive, não só para indústria, mas, como a de muitos de nós Brusquenses, pelos esportes à motor.

É certo que lidar com máquinas por esporte contribuiu e contribui muito para o desenvolvimento industrial como um todo, pois é um laboratório de pesquisa. Seja através de novas formas e estruturas, ou por fórmulas químicas e físicas testadas “na sorte”. O Kart nos treina a ter dis-

ciplina e nos ensina muito mais do que acelerar e fazer melhores tempos.

Ensina que, ajustar e compreender os equipamentos é muito semelhante aos problemas que enfrentamos na vida; ensina-nos a lidar com imprevistos e a pensar fora da caixa de ferramentas ou da pista de corrida.

Nos anos 70, o Kartismo começou em Brusque pelas mãos da família Loos, Verônica pilotou o primeiro Mini 1967. De lá para cá, muitas foram as participações de Brusquenses em corridas de Kart ,com provas , na pista em Gaspar, no Paraíso dos Pôneis, na Praia Brava de Itajaí (onde hoje fica o Brava Mall) e no clássico Kartódromo dos Ingleses, em Florianópolis.

Aos poucos a prática do esporte foi ganhando novos e bons competidores em Brusque e, nos anos 80 foi realizada uma corrida no estacionamento do Bandeirante, foi na parte de lajota mesmo. Lembro de ver as fotos do meu tio Mario e também do Klaus, do Luizinho e do Tato.

Já nos anos 90. Logo após a morte do ídolo maior do automobilismo, Ayrton Senna, o Kart explodiu em popularidade. Aqui em Brusque, voltamos a ter uma prova no Bandeirante, porém, no piso recém asfaltado do estacionamento, local que hoje estão localizadas as quadras de beach tennis. Essa corrida aconteceu no ano de 1994 e, para mim, tem um significado muito especial: foi a primeira corrida de Kart da minha vida!

Na década de 90, o Kartismo cresceu muito em Brusque e transformou em pista a Beira Rio, palco de uma série de corridas. A pista ficava localizada no contorno de onde hoje estão construídos os prédios da Quattra, sendo que o circuito descia pela rodoviária e dava a volta em torno da quadra. Esse era o ano de 1995 e um grande público assistiu e torceu pelos pilotos, movimentando a cidade de Brusque.

No ano seguinte, construímos o primeiro kartódromo de Brusque, que há pouco tempo deixou de existir.

Quem não lembra de chegar na cidade, descendo o Mont Serrat e ver a pista organizada e limpa, dava orgulho. O crescimento da cidade tornou o nosso Kartódromo inviável naquele local. Os Karts agora maiores e mais rápidos deixaram a pista quase obsoleta e, claro, o Kartismo causava muito barulho para estar no centro da cidade.

Chegamos ao emblemático ano de 2020. O que era futuro se faz presente. Já vivemos ele, seja pelos carros elétricos, corridas virtuais, trabalho e escola on line. O mundo atual mexeu com os sonhos e desejos de todos nós, mas uma coisa é certa, venceremos esta fase e olharemos para trás com muito orgulho da evolução da sociedade como um todo. Na certeza de que as máquinas nunca deixaram de nos emocionar.

Dado Szpoganicz

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aquela noite

O

ano era 1988, Brusque contava com uma população aproximada de 60 mil habitantes. No Brasil era promulgada a Nova Constituição, chamada de Constituição Cidadã, que recolocava ordem no país, após um longo período de ditadura militar. Na TV as novelas eram o grande barato do público e o sucesso do horário nobre era o folhetim “Vale Tudo”.

Como uma típica cidade pequena do interior, num estado pouco conhecido na época, a cultura era voltada exclusivamente para as tradições de suas respectivas origens alemã, italiana e polonesa, as opções de diversão e entretenimento eram poucas. A produção artística autoral era bem pequena e não muito valorizada, mas existia uma juventude carente de novidades e cheia de curiosidade, precisando de algo diferente para agitar uma nova cena cultural na cidade, que já havia experimentado algumas realizações importantes e inéditas de arte, caso do movimento Cogumelo Atômico na década de 70.

O Amarelo Vinte, inaugurado em 86, foi idealizado inicialmente como um restaurante/choperia de alto padrão e assim funcionou por dois anos, até a proposta se tornar inviável para os padrões da época. Em janeiro de 88 o espaço se transforma exclusivamente num bar com uma nova proposta para a representação artística e cultural local. Exposições de artes, apresentações de vídeos, noites gastronômicas, festas temáticas e música de todos os estilos, do clássico ao rock, focando no autoral como grande diferencial. Naquele mesmo mês, o saudoso Brás, excelente guitarrista de São Francisco do Sul, que na época tocava na Banda S.A., abriu a primeira noite do bar, tocando grandes clássicos do rock and roll e foi recebido com muito entusiasmo pelo público presente.

Estava lançada a semente que viria a transformar Brusque, segundo o também saudoso Redson, da banda Cólera, na “Capital do Rock no Sul”.

Para que a tempestade perfeita acontecesse, alguns fatores precisavam se alinhar, além da proposta para o lugar e a programação diversificada, algo inédito tinha que surgir. Pelas coincidências da vida, houve um encontro casual com um conhecedor de rock vanguarda da cidade, Luís Teixeira.

Fotógrafo, poeta, um dos idealizadores do movimento Cogumelo Atômico, que tinha um programa de rock na Rádio Araguaia, juntamente com sua companheira na época, Claudia Bia. A empatia foi imediata e nasceu uma parceria que viria a mudar totalmente a história do Amarelo Vinte. O casal que havia morado em SP e sempre fora ligado a arte, tinha um fanzine com circulação nacional, o Contracorrente, que era distribuído através do correio, divulgando novos artistas e mantendo contato com todas as correntes e expressões artísticas do país, principalmente a música.

Os dois dispunham de um acervo de discos de rock incríveis, e logo passaram a gravar as fitas cassetes que serviram como uma das melhores programações musicais que já ouvi em um bar. Os encontros foram se tornando mais frequentes e o sonho de realizar algo inédito e desafiador na programação do Amarelo Vinte foi sendo desenhado.

Em abril foi dado o primeiro e maior passo na realização desses sonhos, um show nacional com uma banda de rock autoral, totalmente desconhecida na região, mas que já fazia parte da cena underground do ABC paulista e cujo líder, apesar de ser ainda uma figura desconhecida, era muito carismático, inteligente, louco, mas muito acessível no contato

com o público. Falo de Luiz Thunderbird, cuja história posterior não preciso apresentar. Trouxe para Brusque o som psycobilly do “Devotos de Nossa Senhora Aparecida”.

Não houve contrato assinado, o contato e acerto do show foi por telefone, a viagem foi de ônibus, o local para hospedagem era em casa, a alimentação básica e o som, do Cardeal.

Os custos foram rateados entre vários apoiadores, já que não era cobrado ingresso. Nenhuma dificuldade abalou a motivação da organização ou o cronograma do evento, ao mesmo tempo que ninguém tinha noção do que poderia acontecer. Não tínhamos seguranças, licenças e a menor ideia do impacto do som no gosto e aceitação do público, mas nada importava ou era obstáculo para nosso entusiasmo.

O show foi um dos momentos mais emblemáticos do bar, com a presença de um imenso público, que lotava todo o interior e os espaços em volta dele, inclusive a rua. No ar, uma curiosidade totalmente inédita dos presentes sobre o que veriam e ouviriam naquela noite.

Apesar de todas as dificuldades financeiras e logísticas, o resultado foi o melhor possível quanto a satisfação do público, a repercussão na mídia e a alegria da banda de ter expandido o alcance de seu trabalho. Essa satisfação dos “Devotos de Nossa Senhora Aparecida” foi compartilhada com outras bandas autorais e assim formou-se uma corrente que concretizaria outros tantos shows importantes, que marcaram o Amarelo Vinte como um espaço do rock autoral alternativo. O bar encerrou suas atividades em dezembro do mesmo ano, com uma sensacional festa de natal.

Seria injusto de minha parte agradecer nominalmente todos que

"No trânsito, dê sentido à vida."

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ajudaram e participaram dessa aventura incrível, pois certamente esqueceria alguém. Por isso, meu obrigado a todos.

rogério moritz

SUA HONDA BEM PERTINHO DE VOCÊ

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O jogo de vôlei que entrou para a história

S

emanas atrás visualizei um velho cartão e tal reencontro me remeteu a uma época muito especial: 1985.

Naquele ano, em novembro, eu e outras 12 jogadoras de vôlei recebemos uma mensagem escrita que dizia: “Se roêssemos unhas, teríamos roído todas por você. A vitória foi linda! Linda!

Linda! Parabéns! ”

Esse presente simples, mas tão expressivo, foi uma das homenagens recebidas em virtude da conquista do título da modalidade durante a 25ª edição dos Jogos Abertos de Santa Catarina, realizada em nossa cidade. Queria ser talentosa como a senhora que nos enviou o cartão para, com palavras, expressar minha percepção sobre aquela final, considerada pela imprensa local como “a mais importante da história do esporte amador de Brusque”.

Nasci em uma família de esportistas e no início da adolescência já subia regularmente o morro do Bandeirante para treinar vôlei. Fiz amigos, participei de inúmeros torneios e tive uma juventude saudável. A partir de 1984, com um novo técnico, os treinos se intensificaram e passaram a ocorrer, também, pelas ruas centrais da cidade e nas escadarias da matriz. Rádios passaram a transmitir os jogos,

a equipe conquistou visibilidade e patrocínio. No ano seguinte, Brusque conquistou todos os campeonatos que disputou, do mirim ao adulto.

Faltava, no final de 1985, apenas o título dos JASC.

Iniciada a competição, a equipe era vista como favorita. Nossa rotina era treinar, estudar as demais equipes e jogar à noite. Fomos vencendo os adversários e, conforme esperado, encontramos o nosso maior rival, no sábado. Nesse dia, no final da tarde, vestindo o uniforme mais bonito, chegamos ao ginásio. Entramos na quadra através do túnel, sentimos o calor da multidão e vimos que, literalmente, ela havia ocupado todos os espaços do ginásio de esportes, inclusive os caibros.

O coro gritava o nome da cidade, sem parar. Fomos tomadas por uma emoção indescritível, única.

O jogo foi de alto nível técnico, mas tenso, houve realmente quem ficasse sem as unhas. Eu me arrepio ao recordar os torcedores cantando o Hino do Centenário, ou vibrando a cada ponto conquistado!

Perdemos um set, contudo confirmamos o favoritismo. Sim, depois de 14 anos sem o título, nós vencemos Blumenau por 3 sets a 1, lavamos a alma e festejamos, numa alegria nunca vista! Foi lindo, lindo, lindo!

Hoje sei que o jogo marcou não apenas as 13 moças, mas a memória coletiva da cidade. O povo brusquense valoriza o esporte coleti-

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vo, bem como a saúde e emoção que ele proporciona!

35 anos se passaram e, por exemplo, no grupo Curto Fotos Antigas de Brusque, alguns colaboradores ainda trazem depoimentos emocionados sobre aquela final: “tinha 15 anos e senti muito orgulho de ser brusquense” e “foi o melhor jogo que já assisti em toda a minha vida, inesquecível”.

Como muitos sabem, o “Curto Fotos Antigas de Brusque”, é um grupo no Facebook criado por mim anos atrás e que atualmente reúne quase 19 mil seguidores. Nele, compartilhamos imagens e histórias de nossa cidade e de sua gente, celebrando tradições e nossos antepassados.

Simplesmente sentimos saudades das empadas do Koehler, da beleza do Palacete Renaux, da elegância das moças dos anos 60, da vitória linda sobre Blumenau...

Penso que tudo o que nos marcou e emocionou, virou história. E, em 160 anos de nossa cidade, quantas temos para contar? E, nesta comemoração, canto como fez a torcida presente lá no ginásio do Bandeirante, naquele jogo de 26 de outubro: “Salve Brusque imortal”!

Jaqueline Kuhn

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por onde andei...

S

ão as mesmas ruas, algumas com os mesmos nomes. Caminhos estreitos, abertos em mais vias, explodidos em conexões com mais gente, moradias, carregando mais carros, postes emaranhados e onde pousam mais pombos. A marcha do tempo dos homens é assim, multiplica-se o que serve ou se adapta, desaparece o que não vende. Nada é como era. Cada mergulho que dei fora de minha cidade, o retorno ao fôlego foi sempre um susto de mudanças, cenário e gente desconhecida.

Já caminhei muito pelo centro de Pequenópolis – carinhosamente chamo Brusque assim.

Morei quase três décadas no topo do morro da Igreja Matriz, num edifício chamado Vicente Só I, que dizem ser o primeiro residencial daqui. Ao menos era o único naquele morro, de cara para o colégio centenário São Luiz Gonzaga e de costas para um matagal cheirando a floresta que hoje brotou em inúmeros prédios e muros. Do apartamento onde ainda mora minha mãe, é possível ouvir os sinos das imponentes igrejas Evangélica Luterana e a Católica Matriz. Elas acenam para toda cidade.

Tenho desenvolvido uma relação mais próxima com as paisagens, deve ser essa coisa de ficar madura. Caímos do pé, dá um susto tremendo ver as árvores de outro ângulo, quer ver quando saímos rolando morro abaixo. Tenho observado mais as calçadas e fachadas, tenho sentido outros odores, tenho percebido nossa cidade e isso tem me levado ao passado.

Infância, quando das boas, nos convence de que o tempo que foi nosso era melhor, era mais vivido. Gerações defendem suas

meninices quando as memórias são coloridas, quando o repertório de cheiros é alimentado. Odor da chuva em dias quentes, saber qual vizinho está cozinhando ou andar por aí e sentir o perfume daquelas árvores de flores brancas (qual o nome mesmo?), são privilégios.

Agora a coisa toda fica num caldo com motores e fumaça, acaba que os cheiros do passado se escondem da minha criancice. Recordar é solitário, mas palavrear as memórias ajuda a construir máquinas do tempo, tão possíveis quando compartilhamos o passado.

Brusquense que sou, ando por essas trilhas há tempos, vi a praça Barão de Schneeburg se transformar algumas vezes, não da época do palacete Renaux rosa, como conta minha mãe, mas da erguida estátua de Carlos Renaux, com as escadinhas, pipoca e banca de revistas. Minha irmã tem fotos por ali com colegas de turma, meias brancas três quartos do uniforme e boinas. Ela tinha uma vermelha. Engraçado como o passado de quem vi fotos ou ouvi histórias se torna um pouco meu também.

Descer o morro com joelheiras das aulas de vôlei ou as polainas das aulas de dança foi minha rotina entre os anos 1992 aos 1999. Adolescência sem celulares requeria estratégias precisas com os relógios para conseguir namorar na hora certa. Calcular o momento exato que o paquera passaria de carro era imprescindível, porque todos dirigiam antes dos 18, ou pilotavam mobiletes. Bons tempos! Veja só, caí na tentação, como disse, de achar que nosso tempo é o que passou, e que era o melhor.

Meu pai dizia que não existe essa coisa de “na minha época”, minha

época é agora.

As ruas todas contam histórias. São veias e levam de tudo.

São abertas para o bem e o mal, ajudam e atrapalham. Sobem e descem, principalmente em uma cidade com o relevo da nossa Brusque. É morrinho, morrão, subidinha, subidão.

Lembro de subir o morro da Caixa D’água com a galera que morava aos arredores. Descíamos pelo convento dos padres cortando o caminho, invadíamos cada canto ali e o objetivo era salvar os porquinhos da índia presos lá no alto, perto do avião, o famoso avião do morro da Caixa D’água.

Fiz até poeminha sobre ele...

Um avião no alto do morro, parado, morto, mofado Tanto pendurado, como se nunca tivesse voado Virou porto de coisas penadas Famílias inteiras com endereço em suas asas Que mundos deram a volta nele Homem inventou ser alado, feito ele É tão velho, da velha força aérea Enxergava todos os rios e matas dessa terra Agora se rende num asilo a céu aberto Acolhe todas as chuvas, trovões eu alerto Nada importa, senão os pombos que o escolheram Vidinhas de até outros tipos, e a vida viveram

Bons tempos! Viu? Não controlo o suspirar e o afirmar destes tempos. Tenho cenas fugidas para o Morro da Antena, ou as quebradas para os lados do Mont Serrat na Rodovia Antônio Heil, até para os cemitérios. Eram lugares proibidos e desejados. Encontros após as missas de domingo que fechavam a noite no cinema do Hotel Gracher, porque “sho-

29 pping” mesmo, virou só depois. Cenas essas que fizeram parte dos filmes de muitas gerações de Pequenópolis.

A Avenida Consul Carlos Renaux não precisava de semáforos e os carros usavam as duas mãos. Meu pai tinha uma Belina Ford 1980 e trabalhou em uma oficina para televisores no coração desta avenida durante 60 anos. Inclusive aos domingos ele pingava por lá, portanto perdi a conta de quantas vezes eu o via saindo do beco e as pressas me escondia. Depois corria feito gata de cachorro para as escadas da Matriz, me esquivando nas sombras das muitas árvores que já não existem mais. Menina de 15 anos às 8h da noite fora de casa, não podia não.

Fui a pé para bares e casas noturnas entre as décadas de 90 e 2000, muito mais que dirigindo.

Tive fases de “skate” e outras de salto alto. Beira Rio, Gato Pardo, Alice, Maxwells, La Boom, Café California, Velho Oeste! Nem bem lembro a relação destes lugares com os anos exatos. As recordações envolvem outras coisas, amores e conflitos, amizades e risadas, juventude despreocupada ou pronta para a revolta.

Bons tempos! Ó eu aqui falando de novo. Meu tempo. Minha cidade, pois cada um cai do pé – imagine das Figueiras ou dos Chorões da Beira Rio - e enxerga do seu jeito. Nada é como era, nada é para sempre, o óbvio incomoda um pouco. Empolgante é desconhecer os novos tempos, quais praças, igrejas, ruas, quais histórias contarão?

karline beber

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Memórias de uma figu

(E as aventuras de dois cavaleiros em um Cavalo Branco em busca de um l

Q

uando me convidaram a escrever algo sobre minha experiência junto ao Robson Galassini na confecção do Álbum do Sesquicentenário, fiquei um pouco apreensivo.

Afinal, já se passaram dez anos e não me lembrava mais com tantos detalhes. A primeira coisa que fiz foi buscar os velhos álbuns (ainda bem que estão digitalizados…) e rever, com calma, imagem por imagem, buscando na memória a história por trás delas. Conforme observada as figuras, aos poucos as memórias daqueles dias foram retornando.

Quando o Robson ligou perguntando se eu poderia ajudá-lo na confecção de um álbum de figurinhas, topei na hora… Havia algo de

especial naquela ação… afinal, havia dispensado muito tempo quando criança tentando preencher álbuns com as figuras que comprava na vendinha próximo à casa de minha avó, colando-as com cola de trigo e tentando fechar as gravuras para ganhar os prêmios. Agora era minha oportunidade de ajudar a preencher outro álbum, mas desta vez como o “fazedor” das figuras.

Peguei minha máquina fotográfica (emprestada) e fomos “fazer as figurinhas”. Casa de Brusque, Museu de Azambuja, Tiro de Guerra foram alguns dos locais nos quais passamos horas pesquisando, fotografando e, mais importante, nos divertindo com as histórias.

Talvez o dia mais marcante foi quando fomos até ao Zoobotânico, buscando imagens dos animais que a séculos habitavam nossas matas.

Para falar a verdade, os animais não estavam ajudando muito… parecendo que não queriam ser fotografados.

Fotografar o jacaré exigiu uma certa dose de ginástica, precisei quase escalar o muro para poder fazer foco, mas gerou uma bela foto (que, infelizmente, não entrou na edição final).

Em compensação, a foto da jararaca valeu o dia. Um close dela, pronta para o bote… Aquele momento Sebastião Salgado! E que orgulho quando, en-

tre todas as fotos que ajudei a fazer, lá estava ela, eternizada na forma de uma figurinha…(só para constar, é a figura nº 70, ok?)

Foram (muitos) bons momentos.

E veio o segundo álbum.

Muitas imagens não usadas no primeiro entraram no segundo trabalho. Nessa época eu havia comprado um fusca ano 1979 (que ainda tenho, por sinal), que usamos para ir a Blumenau pesquisar nos arquivos históricos daquela cidade. Com o fusca (agora apelidado de “Cavalo Branco”) saímos em busca de uma localidade “misteriosa” que o Robson buscava para incluir na pesquisa. Não sabia bem o nome, apenas um endereço, que não ajudava muito… coisas que hoje se resolvem em segundos no Google Maps (mal tínhamos entrado na era dos smartfones… eram tempos primitivos…). Saímos em direção a Gaspar, entramos em ruas de terra e paramos para pedir informações em vários locais. Fomos até o Parque do Morro do Baú e durante todo percurso o Robson ficava dando palpites: - Olha, entra a esquerda… Olha que casa legal...

Pera, acho que passamos… O painel do fusca é de metal? Será que esse local existe mesmo??? ... Sem a mínima ideia de onde estávamos indo…

Mas, enfim encontramos o misterioso lugar: A Comunidade Adventista de Gaspar Alto, facilmente acessível por… Guabiruba… ele me fez dirigir por mais de 100 km, durante várias horas, para achar a um local que chegaríamos rapidamente se ele tivesse me dito, já de início, para onde queria ir… mas como dizem: aproveite o caminho!

Quis o destino que ele não visse seu trabalho pronto, não viu

urinha

local misterioso...)

o destino final dessa viagem. Mas a lembranรงa, essas permanecem com as pessoas que o ajudaram no caminho deste trabalho. Bateu a saudade?

Que tal visitar os รกlbuns novamente?

edu gevaerd neto

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34 ILUSTRADA

2020 chegou e logo deixou pouco espaço para além de incertezas e cautelas. Um ano que tudo virou de cabeça para baixo e só nos deu a opção de aguardar seu fim, ansiosos. Também é o ano que Brusque completa seu 160º aniversário, ano redondo, importante, o catalisador ideal para suspender as preocupações e contatar os amigos para agilizar um projeto diferente. Que recortes da cidade as pessoas que ajudam a escrever a sua história têm guardados na memória?

A Revista Brusque Ilustrada contou com a colaboração de amigos e apoiadores que foram essenciais para que ela pudesse sair do papel. Agradecemos aos ilustradores, autores e entrevistados que contribuíram com suas histórias, tempo e talento. Também aos empresários e comerciantes que viabilizaram o material para que chegasse a toda a cidade. Esse projeto reuniu brusquenses de nascença e de coração, nosso muito obrigado a todos!

silvia teske

João José leal

luiz deschamps

duda belli

rodrigo santos

luís teixeira

Professora, escritora e artista visual.

Ex-Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras.

Ex-líder da banda brusquense Bandeira Federal e professor de literatura.

Garçom e proprietário do Duda Belli Bar.

Jornalista esportivo e colaborador de diversos veículos de imprensa locais.

Fotógrafo e co fundador do jornal Cogumelo Atômico, Contracorrente e Revista Satélite.

vilmar walendowsky Ex-Secretário de Turismo de Brusque e fundador da Fenajeep.

dado spoganicz

rogério moritz

jaqueline kuhn

karline beber

edu gevaerd neto

aloisio buss

Kartista amador, empresário, DJ e co criador do projeto de música eletrônica Playlab.

Antigo proprietário do bar Amarelo Vinte e atual proprietário da Escola Gaivota.

Historiadora, professora e administradora do grupo “Curto Fotos Antigas de Brusque”.

Professora , bailarina e curiosa.

Professor e colaborador do Álbum do Sesquicentenário de Brusque.

Artista plástico e co fundador jornal alternativo Cogumelo Atômico.

DESENVOLVIMENTO

COMERCIAL Gabriel Noel EDIÇÃO E TEXTOS Maria Zucco PROJETO GRÁFICO E ILUSTRAÇÕES Luiz Zucco MATERIAL GRÁFICO DE APOIO Eduarda Bruns REVISÃO Edina Maria Calegaro

ILUSTRADA

160 anos se passaram. Se olharmos para este espaço de tempo, que é minúsculo no universo, mas que para nós representa algumas gerações, perguntamos qual é o legado que estamos construindo e que inevitavelmente ficará.

Nossa história foi construída com muitos exemplos ligados à preservação de sua memória, e que a palavra escrita é fundamental, neste contexto.

Em Crônicas Ilustradas 160 anos de Brusque, vislumbro uma nostalgia, algo ligado às raízes, mas não de um passado de pioneiros e sim de uma geração atual que resgata valores quase esquecidos nesta era digital. São memórias jornalísticas, esportivas, artísticas, fatos pitorescos que nos remetem ao nosso passado mais recente. A palavra impressa, apesar de ser continuadamente colocada em vias de extinção, provavelmente será a garantia de que as novas gerações tenham onde buscar o sabor do passado.

O grupo de articulistas elencado nesta edição, não poderia ser mais representativo, todos trazem pérolas vivenciadas em algum momento. O resgate de cada história, vivida, presenciada, retrata nossa cidade em um espaço de tempo que foi muito especial para nós, especial porque estamos fazendo parte desta história. Há muito para resgatar e iniciativas como esta serão sempre muito bem-vindas. É trabalho, dedicação e idealismo. É assim que se edifica o futuro.

Deixaria para reflexão uma frase sabiamente colocada por um amigo. De P. Graham (W. Post) “ O jornalismo é o primeiro rascunho da história “.

Eleutério Graf

@brusque.ilustrada

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