Relatório Pesquisa Acesso aos Espaços Públicos na Pandemia - Etapa 2

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RELATÓRIO DA PESQUISA: ACESSO AOS ESPAÇOS PÚBLICOS NA PANDEMIA

edição de dez. 2020

ETAPA 2


APOIO

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RELATÓRIO DA ETAPA 2 DA PESQUISA: ACESSO AOS ESPAÇOS PÚBLICOS NA PANDEMIA


FICHA TÉCNICA Resultados e análises Pesquisa Acesso aos Espaços Públicos na Pandemia Dezembro de 2020, São Paulo - SP Equipe Ana Laura Costa SampaPé!

Fernanda Pitombo SampaPé!

Bibiana Tini Metrópole 1:1

Leticia Sabino SampaPé!

Bruna Sato Metrópole 1:1

Louise Uchôa SampaPé!

Douglas Farias Metrópole 1:1

Imagens, diagramas e infográficos gerais Metrópole 1:1 e SampaPé! (salvo quando indicado na própria imagem)

REALIZAÇÃO

sampape.org

metropoleumpraum.com.br

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fb/metropoleumpraum

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ÍNDICE

6

INTRODUÇÃO

8

CONTEXTO

12

PESQUISA E METODOLOGIA

16

PERFIL RESPONDENTES

26

RESULTADOS E ANÁLISES

64

CONCLUSÕES

SAIBA MAIS SOBRE A ETAPA 1 DA PESQUISA Relatório da etapa 1 da Pesquisa: Acesso aos espaços públicos na Evento/Webinar participante do

pandemia

Pesquisa acesso aos espaços públicos

Acesse o relatório

Circuito Urbano 2020

na pandemia: resultados e análises

http://bit.ly/Webinar_CircuitoUrbano2020

completo em:

http://bit.ly/RelatorioEtapa1


INTRODUÇÃO


O

ano de 2020 foi marcado pelas novas dinâmicas sociais impostas pela situação da pandemia do novo coronavírus. A vida nas cidades foi drasticamente alterada, uma vez que a convivência nos espaços públicos, assim como o funcionamento dos comércios e serviços, ficou restrita como uma estratégia coletiva de contenção do contágio. Para compreender como as pessoas estavam se sentindo e se relacionando com os espaços públicos na cidade de São Paulo, a partir de novas condições, riscos e regras, buscouse captar as experiências em dois momentos: isolamento social restrito por políticas públicas (em maio) e isolamento social recomendado junto a políticas de reabertura dos espaços (em outubro). Entender comportamentos e sentimentos em etapas diferentes da vivência da pandemia tem como objetivo contribuir para as reflexões sobre a vida urbana e a resiliência nas cidades; e apoiar a construção de políticas públicas para cidades mais saudáveis, equitativas e sustentáveis, de acordo com os anseios e necessidades da sua população. Nesse sentido, as próximas páginas irão apresentar o contexto da pesquisa, a metodologia, as respostas, assim como análises e comparações entre as duas etapas. Boa leitura!

ISOLAMENTO SOCIAL

PRÁTICAS INDIVIDUAIS Considerou-se como práticas individuais de isolamento social: evitar usar os espaços

públicos

e/ou

encontrar

outras pessoas por motivos de lazer, manter distância das pessoas quando necessário estar nos espaços públicos,

alterar a rotina de atividades sociais presenciais.

POLÍTICAS PÚBLICAS São consideradas políticas públicas e medidas governamentais de promoção

do isolamento social: fechamento de comércios e serviços considerados não

essenciais, cancelamento de eventos e atividades presenciais, fechamento de fronteiras, limitação de circulação de pessoas e/ou veículos, entre outras.

ESPAÇOS PÚBLICOS

Para fins desta pesquisa, são os lugares

da cidade de usos públicos e comuns,

de acesso livre a todas as pessoas sem discriminação, administrado por interesses

coletivos.

Alguns

destes

espaços são: ruas, ruas abertas e de lazer (aquelas que eventualmente são

interditadas para veículos e abertas para pedestres temporariamente), praças e

parques públicos. NÃO se enquadram como

galerias

espaços

públicos:

comerciais,

shoppings,

condomínios,

centros culturais privados e templos e espaços religiosos.

INTRODUÇÃO

7


CONTEXTO

A PANDEMIA EM SÃO PAULO

Após a declaração de estado de calamidade pública em São Paulo (março 2020), foram reforçadas as medidas de distanciamento, higienização e isolamento social. Na etapa 1 da pesquisa (maio 2020), as ruas estavam mais vazias, devido ao fechamento do comércio, de parques e equipamentos. Já na etapa 2 (outubro 2020), apresentada neste relatório, muitos desses espaços já estavam abertos, mas com limite de ocupação e seguindo protocolos de higiene. Diante disso, apresentamos o contexto das políticas públicas e acontecimentos, principalmente em São Paulo, para compreender a realidade que estava sendo vivenciada quando a população foi perguntada sobre sua relação com os espaços públicos.


Linha do tempo da Pandemia em São Paulo

CONTEXTO

9


10

CONTEXTO


14 DEZ

CONTEXTO

11


PESQUISA E METODOLOGIA

Para compreender o uso dos espaços públicos em diferentes momentos da pandemia, elaborou-se a etapa 2 da pesquisa sobre acesso aos espaços públicos na pandemia, com base nas perguntas e investigação da etapa 1 - aplicada em maio - objetivando coletar dados comparáveis entre os dois momentos (referentes aos meses de maio e outubro). A pesquisa foi realizada por meio de questionário online. Assim como na primeira etapa, o questionário foi estruturado em seções sobre hábitos relacionados ao uso dos espaços públicos no passado, ou seja, pré-pandemia; no presente, no momento de resposta; e expectativas futuras. A divulgação para alcançar as respondentes foi realizada principalmente por meio das redes sociais das instituições organizadoras e releases para parceiras e imprensa. A pesquisa esteve disponível para respostas por 31 dias.


A ELABORAÇÃO DO QUESTIONÁRIO O campo definido para a aplicação do questionário foi a cidade de São Paulo e a pesquisa, realizada por meio de questionário quantitativo, foi estruturada em quatro seções. Conforme o diagrama abaixo, a seção sobre condições de isolamento, que havia na etapa 1, foi suprimida, uma vez que se tratava de um momento de relaxamento das medidas de isolamento social, chamada de fase verde pelas autoridades estaduais.

PASSADO

IDENTIFICAÇÃO

3 QUESTÕES

PERFIL DO RESPONDENTE

COMPORTAMENTO

7 QUESTÕES

Subprefeitura da residência, idade, identidade de gênero, autodeclaração de raça/cor ou etnia, deficiência, nível de escolaridade e renda.

Perfil de uso dos espaços públicos antes da pandemia.

IMPRESSÕES

Relação e importância dos espaços públicos para as pessoas durante esta fase do isolamento para comparação com a Etapa 1 desta pesquisa e como podem influir em desejos e ações futuras.

EXPECTATIVAS

Diagrama das etapas do processo de trabalho e divulgação da pesquisa

Mudanças de hábitos em relação aos espaços públicos e desejos para uma cidade melhor

3° 10 QUESTÕES

PRESENTE 4° 4 QUESTÕES

FUTURO Diagrama da estrutura do questionário

PESQUISA E METODOLOGIA

13


FORMATOS DAS PERGUNTAS APLICADAS

VOCÊ MORA EM SÃO PAULO?

SIM

TÁTICA PARA ANÁLISE: AS PERGUNTAS SE REPETIRAM ENTRE ETAPAS 1 E 2 NAS SEÇÕES “PERFIL, PASSADO, PRESENTE E FUTURO” PARA AUXILIAR NAS COMPARAÇÕES DOS RESULTADOS, COM POUCAS ALTERAÇÕES DE ACORDO COM A FASE DE ISOLAMENTO SOCIAL

RESPOSTA ÚNICA

NÃO

MÚLTIPLA ESCOLHA

CONTINUA O QUESTIONÁRIO

ENCERRA O QUESTIONÁRIO

Diagrama de pergunta eliminatória da pesquisa

1

2

3

4

5

OS FORMATOS DE PERGUNTAS ESTÃO ORGANIZADOS ENTRE ABERTAS E FECHADAS, DE MÚLTIPLA ESCOLHA E QUESTÃO MATRIZ

QUESTÃO MATRIZ

Diagrama do formato de perguntas

ESTRATÉGIAS DE DIVULGAÇÃO E ALCANCE

Parte do material de divulgação e engajamento da pesquisa usado nas mídias sociais e releases

14

PESQUISA E METODOLOGIA


14 DEZ

PERÍODO DA PESQUISA

RELEASE PARA PARCEIRAS

3 SEMANAS

x

MÍDIAS SOCIAS: GRUPOS DE BAIRRO/ TEMÁTICOS E DISPARO NO WHATSAPP

RELEASE PARA MÍDIA

META DE ALCANCE 800 RESPOSTAS VÁLIDAS

ABORDAGENS DE DIVULGAÇÃO GRUPOS DE BAIRRO GRUPOS DE PAUTA DE VISIBILIDADE E LUTA GRUPOS UNIVERSITÁRIOS MENSAGENS DIRETAS

EMAIL MARKETING

PERFIS PÚBLICOS E PESSOAIS JORNAIS LOCAIS

Diagrama com esquema 360° de estratégia de divulgação PESQUISA E METODOLOGIA

15


PERFIL RESPONDENTES

A seguir apresentaremos os dados de perfil das 509 respondentes. Foram 567 respostas, mas 10% indicaram não morar em São Paulo e não configuraram como amostra. O perfil socioeconômico das pessoas que responderam à segunda etapa seguiu o mesmo padrão da etapa anterior, de forma a ser possível a comparação entre ambos momentos pesquisados. É importante ressaltar que, por ter sido um questionário online e distribuído a partir de contatos das organizações proponentes, as respostas não refletem a realidade absoluta de todos os habitantes de São Paulo, estando distante do censo da cidade, principalmente ao representar pessoas com maior escolaridade e residência em bairros que têm mais acesso à equipamentos e renda.


ONDE VIVEM REGIÃO As regiões nas quais a maioria das respondentes vivem são: oeste, sul e central da cidade.

43

187

81%

81

53

OESTE, SUL E CENTRO

145

Centro

MAIOR PARTE DAS RESPONDENTES

Regional norte Regional sul Regional leste Regional oeste

Mapa da divisão das regionais com indicação do total das respondentes da ETAPA 2 da pesquisa Fonte: PMSP e GeoSampa

509 Total respondentes

Em comparação com o Censo de 2010: 2°

OESTE

SUL

CENTRO

LESTE

NORTE

CENSO 2010

9%

32%

4%

35%

20%

RESPONDENTES ETAPA 1

31%

27%

15%

16%

11%

RESPONDENTES ETAPA 2

37%

28%

16%

11%

8%

Tabela comparativa da população de Sâo Paulo x Respondentes da Etapa 1 da Pesquisa x Respondentes da Etapa 2 da pesquisa por Divisão das regionais Fonte: Censo 2010 e dados das Etapas 1 e 2 da Pesquisa PERFIL RESPONDENTES 17


SUBPREFEITURA SUBPREFEITURA A maior parte das pessoas respondentes (65,2%) vivem dentro da área do centro expandido da cidade - enquanto que o Censo aponta que 20,3% da população de São Paulo vive nesta região. As subprefeituras com maior número de respostas foram: Sé, Lapa, Pinheiros, Vila Mariana e Butantã. Destas, a única que não faz parte do centro expandido é a do Butantã.

28

16 17

15

11

14 2

1 4

6

9

12

7

3

5

22

19

18

20 24

8

27

31

23 25 21

26

13 10

30

29

Centro Regional norte 32

Regional sul Regional leste Regional oeste

Mapa da divisão das subprefeituras com indicação da ordem das pessoas respondentes Fonte: PMSP, GeoSampa e dados da pesquisa

18

PERFIL RESPONDENTES

RESPOSTAS

%

1

81

16%

2

Lapa

80

15,8%

3

Pinheiros

74

14,5%

4

Vila Mariana

67

13,1%

5

Butantã

33

6,4%

6

Santo Amaro

30

5,9%

7

Mooca

13

2,7%

8

Ipiranga

13

2,5%

9

Campo Limpo

12

2,3%

10

Cidade Ademar

12

2,3%

11

Santana/Tucuruvi

11

2,1%

12

Penha

10

2%

13

Jabaquara

9

1,8%

14

Casa Verde/Cachoeirinha

8

1,6%

15

Freguesia/Brasilândia

6

1,2%

16

Jaçanã/Tremembé

6

1,2%

17

Pirituba/Jaguará

6

1,2%

18

Itaquera

6

1,2%

19

Vila Maria/Vila Guilherme

5

1%

20

Aricanduva/Formosa/Carrão

5

1%

21

Cidade Tiradentes

3

0,6%

22

Ermelino Matarazzo

3

0,6%

23

Itaim Paulista

3

0,6%

24

Vila Prudente

3

0,6%

25

Guaianases

2

0,4%

26

São Mateus

2

0,4%

27

São Miguel

2

0,4%

28

Perus

1

0,2%

29

Capela do Socorro

1

0,2%

30

M’boi Mirim

1

0,2%

31

Sapopemba

1

0,2%

32

Palheiros

0

0%


65,2% SÉ, LAPA, PINHEIROS, VILA MARIANA E BUTANTÃ

MAIOR PARTE DAS RESPONDENTES

14 DEZ

PERFIL RESPONDENTES

19


QUEM SÃO GÊNERO O Censo de 2010 apresenta dados sobre o sexo da população (mulheres e homens) e não sobre gênero (feminino, masculino e outros), especificamente. Então, sabendo das diferenças dos termos, o paralelo estabelecido a seguir é apenas para fins da comparação dos dados populacionais. Dentre as pessoas respondentes da pesquisa, cerca de 64,6% se identificam com o gênero feminino, 35,2% com o masculino e apenas 0,2% com “outro”. Já o Censo aponta para uma população composta por 53,5% de mulheres e 46,5% de homens. Enquanto, na pesquisa, as pessoas do gênero feminino são quase o dobro daquelas do masculino, na cidade, a proporção de mulheres é apenas um terço maior que a de homens.

Gráfico Pesquisa Etapa 2 Perfil - Gênero com o qual as respondentes se identificam

20

PERFIL RESPONDENTES

As pessoas respondentes se identificam com os gêneros*

64,6% 35,2% Feminino

Masculino

* 0,2% se identificam com outros gêneros NOTA: Devido à predominância das respondentes com gênero feminino, as análises foram realizadas com pronomes femininos, também.


COR, RAÇA, ETNIA Em relação à autodeclaração de raça, cor e etnia, a maioria das pessoas respondentes da pesquisa se autodeclara branca, seguidas daquelas que se autodeclaram pardas. E, embora essas também sejam as populações com maior representatividade segundo o Censo 2010, a diferença entre a realidade e a população atingida COR/RAÇA/ETNIA

com a pesquisa é grande. No Censo, a população parda é metade da branca, já na pesquisa a população parda foi cerca de um oitavo da branca. As pessoas que se autodeclararam pretas e amarelas, tiveram representatividade mais próxima da realidade paulistana e nenhuma pessoa autodeclarada indígena respondeu a pesquisa. CENSO 2010

PESQUISA

Preta

6,5%

5,3%

Parda

30,5%

10,7%

Branca

60,6%

78,9%

Amarela

2,2%

5,1%

Indígena

0,1%

0%

Tabela da cor/raça/etnia do Censo 2010 de Sâo Paulo X Respondentes da Pesquisa

Censo Pesquisa

Gráfico Pesquisa Etapa 2 Perfil - Cor, raça, etnia do Censo x Pesquisa PERFIL RESPONDENTES

21


IDADE A maioria das respondentes, cerca de 60%, são jovens adultas e adultas, com idade entre 20 e 39 anos, destacase também que cerca de 17% das respondentes têm idade entre 50 e 59 anos. As faixas etárias menos representadas foram as de 70 anos ou mais. Isso pode estar relacionado à menor familiaridade de pessoas idosas com o universo digital. Ainda que fosse possível que outra pessoa auxiliasse na execução do questionário, essa foi uma limitação da pesquisa. Para a pesquisa, optou-se pela idade mínima de 15 anos, por entender que era importante maior autonomia e independência no uso dos espaços públicos.

IDADE

RESPOSTAS

%

15 a 19 anos

10

2%

20 a 24 anos

46

9%

25 e 29 anos

96

18,8%

30 a 34 anos

116

22,9%

35 a 39 anos

51

10,2%

40 a 44 anos

27

5,3%

45 a 49 anos

29

5,7%

50 a 54 anos

36

7%

55 a 59 anos

52

10,4%

60 a 64 anos

21

4,1%

65 a 69 anos

21

4,1%

70 a 74 anos

3

0,6%

75 a 79 anos

0

0%

80 anos ou mais

1

0,2%

509

100%

TOTAL

Tabela do idade das respondentes da Pesquisa

Masculino

Gráfico Pesquisa Etapa 2 Perfil - Pirâmide etária por gênero

22

PERFIL RESPONDENTES

Feminino


19 DEZ

DEFICIÊNCIA Apenas cerca de 5% das pessoas respondentes possuem algum tipo de deficiência, sendo a maioria pessoas com deficiência visual. É importante ressaltar que a pesquisa estimulou que DEFICIÊNCIA Não Possuo

outras pessoas entrevistassem de forma oral às pessoas com deficiência visual. Mas ainda há baixa representatividade de pessoas com deficiência. RESPOSTAS

%

491

95,1%

Sim, deficiência visual

12

2,3%

Sim, deficiência auditiva

4

0,7%

Sim, deficiência física

4

1,1%

Sim, deficiência mental

0

0%

Sim, deficiência pscicossocial

1

0,1%

Outras

2

0,3%

TOTAL

514*

100%

Tabela do tipo ou ausência de deficiência das respondentes da Pesquisa *Esta pergunta permitia sinalizar mais de um tipo de deficiência, por isso no total maior que o número de respondentes PERFIL RESPONDENTES 23


ESCOLARIDADE E RENDA MENSAL INDIVIDUAL O nível de escolaridade das pessoas representadas na pesquisa é um indicativo de classe. As proporções da pesquisa são inversamente proporcionais aos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD-IBGE) do 1o trimestre de 2020. De acordo com o PNAD-IBGE, 69,4% ESCOLARIDADE

da população de São Paulo tem até o 2o grau completo e 24,7% possui graduação completa. Enquanto a amostra da pesquisa apresenta 81,8% com graduação completa e apenas 6,4% com escolaridade até o segundo grau. RESPONDENTES

%

Até segundo grau

33

6,4%

Graduação incompleta

60

11,7%

Graduação completa

416

81,8%

TOTAL

509

100%

Tabela do grau de escolaridade das respondentes da Pesquisa

A renda mensal individual da maior parte das respondentes da pesquisa, cerca de 61%, está entre 1 e 9 salários mínimos, sendo que destas o grupo mais

Gráfico Pesquisa Etapa 2 Perfil - Renda individual mensal

24

PERFIL RESPONDENTES

representado recebe entre 3 e 6 salários mínimos, cerca de 32%. O que reforça o recorte de classe que a pesquisa representa.


19 DEZ

Traçando o perfil mais comum das pessoas respondentes da pesquisa, observa-se que 13,5% delas se identificam com o gênero feminino, se autodeclaram brancas, têm entre 25 e 34 anos, não possuem nenhum tipo de deficiência, possuem ao menos graduação

13,5%

completa e a renda individual está entre 3 e 9 salários mínimos. Fazendo o recorte territorial, essa persona corresponde a 23% das moradoras da região central, 11,7% das moradoras da zona oeste, 9,3% da zona norte, 13,8% da zona sul e apenas 7,4% da zona leste. GÊNERO FEMININO, BRANCA E COM IDADE ENTRE 25 A 34 ANOS

RESPONDENTES

SEM DEFICIÊNCIA

GRADUAÇÃO COMPLETA

$

RECEBE DE 3 A 9 SALÁRIOS MÍNIMOS

Diagrama Pesquisa Etapa 2 Persona - Descrição do perfil predominante das respondentes da Pesquisa PERFIL RESPONDENTES

25


RESULTADOS E ANÁLISES

Os resultados sobre a relação das pessoas com os espaços públicos considerando a experiência da vida na cidade durante a pandemia em dois momentos distintos enriquecem as análises e a sua compreensão. Nesta parte, se analisa o uso dos espaços públicos considerando os momentos pré- pandemia, auge do isolamento social (maio) e o momento de flexibilização do isolamento (outubro); reflete-se sobre as percepções e experiências nos espaços públicos durante a pandemia; e apresenta-se os desejos e possíveis comportamentos futuros. As respostas desta etapa estão comparadas e combinadas aos resultados da etapa anterior para entender se houve alterações de comportamentos e percepções conforme a situação da pandemia se prolonga.


PERMANÊNCIA EM SÃO PAULO QUEM MORA E QUEM SE MUDOU DE SÃO PAULO Dentre as 509 respostas válidas obtidas, apenas 1,7% das pessoas afirmaram que se mudaram para outra cidade durante a pandemia, sem a intenção de voltar. Considerando que a pesquisa tem representatividade de classes mais

altas é possível identificar que poucas pessoas estão efetivamente saindo da cidade e realizando o êxodo urbano que ganhou destaque em muitas análises de tendências da experiência da pandemia.

98,3% Gráfico Pesquisa Etapa 2 Respondentes que moram ou moravam em São Paulo

QUEM VIAJOU E QUEM FICOU EM SÃO PAULO Por outro lado, o número de pessoas que saíram da cidade mesmo que apenas

por alguns dias é mais representativo, representando 1/3 das respondentes.

Gráfico Pesquisa Etapa 2 Respondentes que viajaram ou permaneceram em São Paulo

RESULTADOS E ANÁLISES

27


As razões que levaram as pessoas a passarem um período da pandemia em outra cidade são, em maior parte, motivadas pelo encontro com familiares; seguido de busca por passeios e lazer;

e pretensão de estar mais em contato com a natureza. Ademais, foram citadas nas respostas o anseio por maior conforto e a intenção de evitar o contágio e aglomerações em São Paulo.

Gráfico Pesquisa Etapa 2 Motivos de viajar e sair de São Paulo temporariamente

Ao comparar com as respostas na etapa 1 da pesquisa foi possível identificar que dobrou o número de pessoas que saíram temporariamente da cidade, ainda que a maior parte das pessoas não saíram de São Paulo nem mesmo por alguns dias. A indicação de haver viajado por

alguns dias, passou de 10% para cerca de 27%, enquanto o número de pessoas que se estabeleceram em outra cidade diminuiu. Isso pode ser considerado um reflexo da volta do trabalho e atividades presenciais, limitando a possibilidade de trabalho remoto.

Não Fui para outra cidade por alguns dias Sim, estou em outra cidade Gráfico comparativo Pesquisa Etapa 1 x Etapa 2 Respondentes que viajaram ou permaneceram em São Paulo

28

RESULTADOS E ANÁLISES


USO DOS ESPAÇOS PÚBLICOS FREQUÊNCIA QUE TEM SAÍDO DE CASA NOS ÚLTIMOS DOIS MESES A maior parte das pessoas indicou, no período de outubro, estar saindo semanalmente de casa, mostrando ainda um nível alto

de restrição de atividades fora de casa e distanciamento social. Uma vez que apenas 24% indicaram sair diariamente.

Gráfico Pesquisa Etapa 2 Frequência que saíram de casa nos últimos dois meses

Entretanto, ao comparar a frequência da saída de casa entre as etapas da pesquisa, foi possível constatar que as

saídas diárias aumentaram cerca de 150%, passando de 10% a 24%. Etapa 1 - maio 2020 Etapa 2 - outubro 2020

Gráfico comparativo Pesquisa Etapa 1 x Etapa 2 Frequência que saíram de casa RESULTADOS E ANÁLISES

29


FREQUÊNCIA COM QUE SAEM DE CASA 5,4%

NÃO SAEM

AUMENTOU 2,4%

9,9%

1,4%

MENSALMENTE

QUINZENALMENTE

SEMANALMENTE

14,3%

DIARIAMENTE

DIMINUIU Houve diminuição na porcentagem das pessoas que saem com menor frequência (não saem, saem mensalmente ou saem quinzenalmente) e aumento na porcentagem de pessoas que saem com maior frequência (semanalmente ou diariamente). Isso reflete o período de flexibilização que

as pessoas encontravam-se no mês de outubro, em que comércio, parques e equipamentos de cultura e esporte já encontravam-se abertos, com limite de ocupação e seguindo protocolos de higiene, e muitas pessoas haviam voltado a trabalhar presencialmente, mesmo em serviços não essenciais.

ESPAÇOS PÚBLICOS QUE COSTUMAVA FREQUENTAR / ESTÁ FREQUENTANDO Antes da pandemia os espaços públicos eram bastante usados pelas pessoas, com destaque para “ruas,

escadões e vielas” que são espaços que servem como passagem para além de permanência.

Gráfico comparativo Pesquisa Etapa 2 Espaços públicos que costumavam frequentar antes da pandemia

85,2% 30

RESULTADOS E ANÁLISES

AO COMBINAR AS PESSOAS QUE INDICARAM PRAÇAS E PARQUES, CHEGA-SE A 85,2%, DESTA FORMA, OS ESPAÇOS VERDES E DE PERMANÊNCIA, FICAM EM PRIMEIRO LUGAR DE USO.


Ao perguntar para as pessoas sobre o uso dos espaços públicos nos últimos dois meses é importante notar que uso de “ruas, escadões e vielas” continua em primeiro lugar, porém a segunda posição é “não estau frequentando os espaços públicos.”

Entretanto, é importante observar que o uso dos espaços públicos ainda não voltou a acontecer como antes da pandemia. E que o uso de espaços culturais e esportivos se mantém muito baixo, pois a restrição de acesso se mantém.

Gráfico Pesquisa Etapa 2 Espaços públicos que frequentaram nos últimos dois meses

PRINCIPAIS RESULTADOS

ruas, escadões e vielas

não estou frequentando

A FLEXIBILIZAÇÃO LEVOU A CAIR PELA METADE A QUANTIDADE DE PESSOAS QUE NÃO ESTÃO FREQUENTANDO NENHUM ESPAÇO PÚBLICO, EM RELAÇÃO AO MOMENTO DE MAIOR RESTRIÇÃO RASTREADO NA ETAPA 1 DA PESQUISA.

praças RESULTADOS E ANÁLISES

31


Considerando o uso dos espaços públicos pré-pandemia e os dois períodos da pandemia investigados há bastante variação, mas as “ruas, escadões e vielas” se mantém em primeiro lugar de uso, pois são os espaços mais acessíveis à toda a população. Entretanto, antes da

pandemia, o usos de praças, parques e espaços públicos culturais, se mantinham em um patamar alto e bastante parecido, durante a pandemia as praças aumentaram em relevância passando a ser mais utilizadas em relação ao uso dos outros espaços. Antes da pandemia

29,6 %

55,2 % 4,9 %

14,3 % 0,5 % 3,5 %

0,4 % 4,1 %

0,8 % 19,7 %

58,6 % 24,8 %

4,9 %

56,9 %

Etapa 2 - outubro 2020

59,1 %

42,6 % 59,8 %

78 %

Etapa 1 - maio 2020

Gráfico comparativo Antes da pandemia x Etapa 1 x Etapa 2 da pesquisa Espaços públicos que costumavam frequentar e estão frequentando

O uso dos parques também teve um aumento significativo com a reabertura, mas as praças merecem destaque: quando comparadas as duas fases da pandemia, observa-se que o uso das praças aumentou cinco vezes em outubro, em comparação a 32

RESULTADOS E ANÁLISES

maio, chegando a cerca de 25%, mas ainda menos da metade da frequência anterior à pandemia. A curva de uso, mostra que a volta do uso dos espaços públicos ainda é bastante abaixo de antes da pandemia, mas que está ascendente.


USO DAS PRAÇAS AUMENTOU

ETAPA 2 OUTUBRO 2020

5 VEZES

MENOS DA METADE DA FREQUÊNCIA ANTERIOR À PANDEMIA AINDA É

ETAPA 1 MAIO 2020

Gráfico comparativo Antes da pandemia x Etapa 1 x Etapa 2 da pesquisa Espaços públicos que costumavam frequentar e estão frequentando

RESULTADOS E ANÁLISES

33


ATIVIDADES PRATICADAS NOS ESPAÇOS PÚBLICOS Com relação às atividades praticadas nos espaços públicos antes da pandemia, destaca-se “passear a pé”

Gráfico Antes da pandemia Atividades que realizavam nos espaços públicos

34

RESULTADOS E ANÁLISES

e se “deslocar” e em seguida atividades sociais e de confraternização bastante praticadas pelas pessoas.


A comparação entre a mesma pergunta nas duas pesquisas revela que as atividades de deslocamento e exercício e, em geral, sem companhia são as mais

realizadas, enquanto as atividades que promovem encontros e permanência diminuíram bastante.

Gráfico Pesquisa Etapa 2 Atividades que estão realizando nos espaços públicos

14 DEZ 14 DEZ

RESULTADOS E ANÁLISES

35


Comparando as atividades realizadas nos espaços públicos nos três períodos, observa-se uma queda brusca da maioria dessa atividades, no primeiro

período da pandemia (maio), e depois um aumento de significativo no mês de outubro, mas ainda distante dos hábitos de antes da pandemia. Antes da pandemia

25,1 % 0,8 % 10,3 % 4% 0,8 % 1,4 % 1,5 % 1% 0,6 % 4,2 %

11,3 % 0,8 %

0,3 % 1,4 %

7,9 % 15 %

32,1 %

51,3 %

60,3 %

64,3 %

Etapa 2 - outubro 2020

46,7 %

60,2 % 0,3 % 1,4 %

1,1 % 7,8 %

0,1 % 4,9 %

12,1 %

35,7 %

36,8 %

47,9% 11,5 %

34,7 % 6,3 %

33,3 %

48,9 %

67,8 %

74,7 %

Etapa 1 - maio 2020

Gráfico comparativo Antes da pandemia x Etapa 1 x Etapa 2 da pesquisa Atividades que realizavam e estão realizando nos espaços públicos

PRÉ PANDEMIA

COMPARATIVO DAS

ATIVIDADES MAIS REALIZADAS NOS

ESPAÇOS PÚBLICOS NAS 3 FASES 36

RESULTADOS E ANÁLISES

74,7%

Passear

67,8%

Me deslocar até o meu destino

65,3%

Comer e beber

60,3%

Socializar

60,2%

Ir a eventos culturais


ATIVIDADES QUE TEM FEITOS NOS ESPAÇOS PÚBLICOS As atividades que tiveram a alteração mais brusca com o isolamento social foram aquelas referente a confraternização como: “comer e beber”, “socializar” e “ir a eventos culturais”. Com exceção de “ir a eventos culturais”, essas atividades foram as que tiveram o maior aumento com a reabertura em outubro. “Comer e beber”, por exemplo, aumentou 14 vezes entre maio e outubro deste ano; praticamente a mesma variação de “socializar”. Mas ressalta-se que continuam com índices muito abaixo dos praticados no período anterior à pandemia.

Como no mês de maio, a atividade mais realizada no espaço público na segunda etapa também foi a de deslocamento, pois está diretamente relacionada à realização de atividades essenciais. Essas informações demonstram como a flexibilização das medidas de contenção da pandemia resultaram no aumento de pessoas e atividades nos espaços públicos, mas também refletem que a situação não está próxima à situação pré-pandemia.

PRINCIPAIS RESULTADOS

MAIO DE 2020 ETAPA 1

COMER E BEBER

OUTUBRO DE 2020 ETAPA 1

AUMENTOU 14 VEZES

SOCIALIZAR E CONFRATERNIZAR

ISOLAMENTO RESTRITO - MAIO 2020 - ETAPA 1 51,3%

Não estou saindo

REABERTURA - OUTUBRO 2020 - ETAPA 2 48,9% Me deslocar até o meu destino

33,3% Me deslocar até o meu destino

35,7%

11,5%

Me exercitar sozinha ou em dupla

34,7% Passear

7,9%

Fazer compras

25,1%

Não estou saindo

6,3%

Passear

15%

Fazer compras

Me exercitar sozinha ou em dupla

RESULTADOS E ANÁLISES

37


NOVOS HÁBITOS PARA EVITAR AGLOMERAÇÕES a mais praticada é a distância de demais pessoas e a mudança modal para evitar os transportes públicos.

Gráfico Pesquisa Etapa 2 Novos hábitos adquiridos para evitar aglomerações nos últimos dois meses

38

RESULTADOS E ANÁLISES

1%

2,5 %

9,7 %

45,8 %

50,7 %

55,2 %

57,1 %

57,3 %

57,5 %

75,4 %

Quanto às atitudes para evitar aglomerações se tornaram bastante recorrentes na rotina das pessoas nos espaços públicos e nas suas escolhas,


A maior parte das atividades que as pessoas estão fazendo para evitar aglomerações tende a diminuir após o cenário pandêmico, mas ainda assim, a maior parte das pessoas indicam que irão mudar de hábitos

mesmo sem risco de contágio. Apenas 2% das respondentes afirmaram que não mudaram hábitos para evitar aglomerações e apenas 20,8% disseram que não mudarão comportamentos após a pandemia. Etapa 2 - outubro 2020

)

Cenário pós pandemia

Gráfico comparativo Etapa 2 da pesquisa X Cenário pós pandemia Novos hábitos adquiridos para evitar aglomerações RESULTADOS E ANÁLISES

39


A relação das pessoas com os espaços públicos mudou drasticamente durante a pandemia e alguns novos hábitos poderão conservar-se. O hábito que as pessoas mais adquiriram durante a pandemia e que pretendem continuar realizando, é o de utilizar mais os serviços do próprio bairro, essa mudança já foi realizada por 57,3% das pessoas e 54,4% pretendem mantê-la após pandemia. Ao permanecer mais tempo em casa e ter mais contato com o entorno do bairro de residência, as pessoas descobriram, valorizaram e passaram a precisar mais dos inúmeros serviços e comércios do próprio bairro. Evitar ir aos espaços públicos em horário de movimento intenso também foi uma iniciativa indicada por muitas pessoas no período pesquisado e também no pós pandemia - cerca de metade das pessoas. A mudança de hábito mais indicada de já estar sendo realizada pelas pessoas foi de “manter distância de outras pessoas”, indicado por 75,4% das pessoas, mas também sendo a ação com maior tendência de queda após a pandemia, perdurando apenas para 35,2% das pessoas. Outra comparação relevante é sobre a migração modal para evitar os transportes públicos. Durante a pandemia, 50,7% das pessoas disseram evitar transportes públicos e migrar para os veículos individuais motorizados, enquanto 45,8% indicou a migração para modos ativos de deslocamento. Porém, ao observar a intenção das pessoas depois da pandemia, a situação se inverte: mais pessoas indicam que migrarão do transporte público para modos ativos, 39,3%, enquanto 17,5% indicam o desejo de migrar para veículos individuais motorizados. 40

RESULTADOS E ANÁLISES

MUDANÇA DE HÁBITO QUE QUEREM MANTER APÓS A PANDEMIA

54,4%

LUGAR

UTILIZAR MAIS OS SERVIÇOS DO PRÓPRIO BAIRRO

MUDANÇA DE HÁBITO MAIS REALIZADA DURANTE A PANDEMIA MAS COM MAIOR TENDÊNCIA DE QUADA APÓS A PANDEMIA

2M

75,4%

LUGAR

MANTER DISTÂNCIA DE OUTRAS PESSOAS

MIGRAÇÃO DO

DURANTE A PANDEMIA

TRANSPORTE PÚBLICO

45,8%

PARA TENDÊNCIA PÓS PANDEMIA

39,3%

MODOS ATIVOS


Dessa forma, também destaca-se que a diminuição de uso dos transportes públicos tende a ser, em maior parte, passageira, devido ao risco de contágio e deve voltar a ser um sistema bastante utilizado pela população que pode optar pela forma de se deslocar. Ao mesmo tempo, é possível questionar se a migração modal imediata para veículos individuais motorizados como motos e carros - pode ser uma consequência da falta de políticas públicas emergenciais de estímulo aos modos ativos durante a pandemia. Principalmente, se considerarmos que há maior intenção de preferência a

caminhar e pedalar após a pandemia, o que, novamente, só será possível com a concretização de políticas públicas e estruturas que garantam o acolhimento desta preferência. Vale ressaltar também o positivo aumento da priorização de confraternizações nos espaços públicos, mesmo após a pandemia. Representando cerca de 10% durante a pandemia, e chegando a cerca de 26% após a pandemia, o que demonstra uma demanda de melhores e mais espaços para acolher esse desejo.

14 DEZ

RESULTADOS E ANÁLISES

41


PERCEPÇÕES E EXPERIÊNCIAS NOS ESPAÇOS PÚBLICOS COMO SE SENTEM NOS ESPAÇOS PÚBLICOS As sensações nos espaços públicos passaram a ser mais positivas, sendo “estar mais observadora” a mais expressiva.

pesquisados, ainda que o padrão se mostre parecido, houve, em geral, melhora nas sensações no período de flexibilização. Essas mudanças podem ter relação com a retomada de algumas atividades durante o período de flexibilização, apesar do risco de contaminação ainda existir.

Ao comparar como as pessoas indicaram estar se sentindo nos espaços públicos nos dois momentos

-

1

2

3

4

5

+

Gráfico Pesquisa Etapa 2 Sentimentos das pessoas nos espaços públicos na pandemia

19 DEZ

42

RESULTADOS E ANÁLISES


-

1

2

3

5

4

+

Gráfico comparativo Etapa 1 x Etapa 2 da Pesquisa Sentimentos das pessoas nos espaços públicos na pandemia

Considerando as respostas nas duas escalas, mais positivas ou mais negativas, a porcentagem de pessoas mais observadoras das ruas aumentou de 74,6% para 83,8%; o desejo de evitar a interação com as pessoas nos espaços públicos diminuiu de 83,1% para 77,6%; a vontade ficar menos tempo nos espaços públicos diminuiu de 73,4% para 63,5%; o estado de tristeza nos espaços públicos diminuiu de 53,5% para 45% e o de felicidade praticamente se manteve

igual aumentou 16,3% para 18,8%. Quando observados os valores em uma escala ponderada, percebe-se o aumento de todos os sentimentos em direção à escala mais alta, exceto dois aspectos: a velocidade que caminham e a sensação de agradabilidade ao caminhar que diminuíram. Estes mantiveram um alto grau de respostas neutras.

MUDANÇAS NAS AVALIAÇÕES DO ESPAÇO PÚBLICO: PESQUISA ETAPA 1 (MAI) E ETAPA 2 (OUT) MAI 74,6%

OUT 83,3%

MAI 83,1%

OUT 77,6%

MAI 73,4%

OUT 63,5%

AS PESSOAS QUE SE AVALIAM MAIS

O DESEJO DAS PESSOAS EM

DESEJO DE FICAR NOS ESPAÇOS

OBERVADORAS NA RUA AUMENTOU

EVITAR INTERAÇÕOES SOCIAIS NOS

PÚBLICOS DIMINUIU

ESPAÇOS PÚBLICOS DIMINUIU RESULTADOS E ANÁLISES

43


Observando as sensações em sequência das mais positivas a menos positivas, nos dois períodos, fica fácil de observar como a ordem se mantém,

porém com uma melhora de sensações. Sendo ainda a interação com outras pessoas a experiência mais alterada negativamente.

MAIO

OUTUBRO

4,29

4,13

3,41

3,36

2,94

2,89

2,45

2,61 2,50

2,45

2,17 1,94 1,81 1,56

Escala de avaliação de sensações e percepções 1

2

3

4

-

5

+

VONTADE DE FAZER

VONTADE DE FAZER Gráfico comparativo Etapa 1 x Etapa 2 da Pesquisa Termômetros dos sentimentos nos espaços públicos

SE NOTOU ALTERAÇÕES NOS ESPAÇOS PÚBLICOS As alterações nos espaços públicos que mais as pessoas notaram ter aumentado foram “pessoas em situação de rua” e “pessoas nas janelas e varandas”, enquanto a indicação de 44

RESULTADOS E ANÁLISES

diminuição se destaca principalmente “pessoas e barulho nas ruas”. E a que as pessoas menos notaram foi o fato de abordagens violentas ou agressivas nas ruas.


Mais Não notou Não alterou Menos

Gráfico Pesquisa Etapa 2 Percepções das pessoas com as alterações nos espaços públicos, comparando o cenário atual com os últimos dois meses de pandemia

Ao comparar as percepções das pessoas quanto às alterações dos espaços públicos entre os períodos de maio e outubro, é possível avaliar que, entre geral, em todas as opções as pessoas notaram um aumento dos seguintes aspectos nos espaços públicos: mais

pessoas na rua, mais pessoas em situação de rua, mais barulho, mais lixo, aumento na quantidade de veículos motorizados, aumento na velocidade de deslocamento dos veículos motorizados e mais pessoas sendo abordadas para assaltos e agressões.

19 DEZ

RESULTADOS E ANÁLISES

45


Menos

Mais

Não alterou ou não notou

Gráfico comparativo Etapa 1 x Etapa 2 da Pesquisa Percepções das pessoas com as alterações nos espaços públicos, comparando o cenário atual com os últimos dois meses de pandemia

Destaca-se as diferenças mais acentuadas: em maio apenas 6,3% das respondentes notaram mais pessoas na rua e 81% notaram que as ruas estavam com menos pessoas, enquanto em outubro, os valores mudam para 21,6% indicando mais pessoas e 54% menos presença de pessoas. Isso mostra que no auge do isolamento, em maio,

menos pessoas circulavam pela rua, já em outubro com a flexibilização, as ruas voltaram a ficar mais cheias. Outro aspecto que pode ser destacado é o aumento de “barulho nas ruas”: em maio 76,2% das respondentes disseram sentir a rua menos barulhenta, já em outubro esse valor caiu para 42,5%.

MUDANÇAS NAS PERCEPÇÕES DAS PESSOAS NO ESPAÇO PÚBLICO: PESQUISA ETAPA 1 (MAI) E ETAPA 2 (OUT) MAI 6,3%

46

OUT 21,6%

MAI 81%

OUT 54%

MAI 76,2%

OUT 42,5%

QUANTIDADE DAS RESPONDENTES

QUANTIDADE DAS RESPONDENTES

QUANTIDADE DAS RESPONDENTES

QUE AVALIAM TER MAIS PESSOAS

QUE AVALIAM TER MENOS PESSOAS

QUE PERCEBEM A RUA MAIS

NAS RUAS AUMENTOU

NAS RUAS DIMINUIU

BARULHENTA DIMINUIU

RESULTADOS E ANÁLISES


REFLEXÕES COM A IMPOSSIBILIDADE DE ESTAR NOS ESPAÇOS PÚBLICOS A experiência da pandemia e da alteração de uso da cidade levou a novas reflexões. Nesta etapa, as que mais se destacaram foram: a relação entre poluição do ar e os deslocamentos

de veículos motorizados; a influência dos espaços para modos ativos no estímulo ao uso da cidade e a importância de caminhadas cotidianas para a saúde.

Gráfico Pesquisa Etapa 2 Reflexões sobre a impossibilidade de estar nos espaçoes públicos

Ao comparar as reflexões em momentos diferentes da pandemia, nas duas etapas da pesquisa, é possível observar que a importância das reflexões se mantiveram. É possível notar um aumento mais

representativo sobre a reflexão “Que vários dos trajetos ou atividades que fazia utilizando veículos motorizados podem ser feitos a pé ou de bicicleta ou eram desnecessários” - passando de 19,9% para 27,7%; e “Que o espaço destinado ao pedestre é insuficiente” de RESULTADOS E ANÁLISES

47


51,7% para 60,2%. Nota-se uma queda nas alternativas

“Que a cidade seria menos poluída se houvesse menos circulação de veículos motorizados” de 87,6% para 76,2%.

maio 2020 outubro 2020

Gráfico comparativo Etapa 1 x Etapa 2 da Pesquisa Reflexões sobre a impossibilidade de estar nos espaços públicos

48

RESULTADOS E ANÁLISES


SE CONHECEU NOVAS PESSOAS NA VIZINHANÇA Entre o sétimo e o segundo mês de pandemia (momentos das duas pesquisas), pode-se perceber um aumento de pessoas que passaram a conhecer seus vizinhos.

Não Não, mas me aproximei de quem conhecia Sim Gráfico comparativo Etapa 1 x Etapa 2 da Pesquisa Novas relações ou não, com as pessoas da vizinhança

14 DEZ

RESULTADOS E ANÁLISES

49


DESEJOS DE ATIVIDADES E VALORIZAÇÃO DE SENSAÇÕES NO ESPAÇO PÚBLICO DURANTE O ISOLAMENTO A VONTADE DE REALIZAR AS ATIVIDADES NOS ESPAÇOS PÚBLICOS Com relação aos desejos de realizar atividades nos espaços públicos nota-se que a socialização tem o maior destaque, sendo muito desejada por cerca de 73% das pessoas. Enquanto a menos desejada é participar de manifestações. Nesse sentido, vale lembrar que devido

a diversos acontecimentos de grande repercussão ao longo do ano, muitas manifestações foram realizadas, mesmo com as recomendações de distanciamento social das autoridades de saúde.

Escala de avaliação de sensações e percepções NÃO SINTO FALTA

1

-

2

3

4

5

DESEJO MUITO

+

Gráfico Pesquisa Etapa 2 Atividades que as pessoas desejam realizar nos espaços públicos durante a pandemia

Ao comparar os desejos nos dois momentos investigados, nota-se que o padrão segue bastante parecido. Indicando que as pessoas ainda desejam muito realizar a maioria das atividades e que, apesar da flexibilização de algumas medidas de prevenção,

50

RESULTADOS E ANÁLISES

ainda não foi possível suprir certos desejos e realizar diversas práticas. Isso também corresponde a grande parte das pessoas que não voltaram a frequentar os espaços públicos e nem a realizar tais atividades.


Escala de avaliação de sensações e percepções NÃO SINTO FALTA

1

-

2

3

4

5

DESEJO MUITO

+

Gráfico comparativo Etapa 1 x Etapa 2 da Pesquisa Atividades que as pessoas desejam realizar nos espaços públicos durante a pandemia

19 DEZ

RESULTADOS E ANÁLISES

51


RANKING DAS ATIVIDADE QUE 1º MAIS SENTEM FALTA 2º 1º 2º

“Socializar e confraternizar” nos espaços públicos segue sendo o que as pessoas mais sentem falta, seguido de “passear (a pé ou de bicicleta)” e “ir a eventos culturais”.

socializar e confraternizar passear (a pé ou de bicicleta)

ir a eventos culturais

MAIO

OUTUBRO

4,56

4,50

4,36 4,26

4,38

4,32

3,76

4,15

3,96

3,93

3,75

3,78

3,68

3,74 3,33

2,76

4,18

2,89

2,96

2,90

Escala de avaliação de sensações e percepções 1

2

3

4

-

NÃO SINTO FALTA Termômetro comparativo Etapa 1 x Etapa 2 da Pesquisa Nível da vontade de realizar atividades nos espaços públicos

52

RESULTADOS E ANÁLISES

5

+

DESEJO MUITO


VALORIZAÇÃO DE SENSAÇÕES E EXPERIÊNCIAS NOS ESPAÇOS PÚBLICOS A sensação mais valorizada com a experiência da pandemia é de “ter a liberdade de se deslocar”, indicada por

cerca de 85% das pessoas; enquanto a menos indicada é ver vitrines dos comércios.

Escala de avaliação de sensações e percepções

NÃO SINTO FALTA

1

-

2

3

4

5

+

DESEJO MUITO

Gráfico Pesquisa Etapa 2 Sensações e experiências mais valorizadas nos espaços públicos durante a pandemia

19 DEZ

RESULTADOS E ANÁLISES

53


Ao comparar as sensações e experiências nos espaços públicos nas duas etapas da pesquisa é importante destacar que na pesquisa de maio foi perguntado quais experiências as

pessoas estavam sentindo mais falta, enquanto 5 meses depois, em outubro, perguntou-se quais dessas sensações elas passaram a dar mais valor.

Escala de avaliação de sensações e percepções

NÃO SINTO FALTA

1

-

2

3

4

5

+

DESEJO MUITO

Gráfico comparativo Etapa 1 x Etapa 2 da Pesquisa Sensações e experiências mais valorizadas nos espaços públicos durante a pandemia

Observa-se que depois a opção “liberdade de se deslocar” - que as pessoas sentiram falta pela privação imposta pela pandemia - as sensações 54

RESULTADOS E ANÁLISES

vinculadas à natureza, como “sentir vento e sol” e “ver e sentir a natureza” são as sensações mais desejadas e valorizadas.


RANKING

liberdade de se deslocar sentir vento e sol

DAS SENSAÇÕESMAIS DESEJADAS E VALORIZADAS

ver e sentir a natureza

MAIO

OUTUBRO

4,76

4,78

4,71

4,64 4,39

4,68

3,77 3,80 3,63

3,57

3,68

3,63

3,46 3,57

3,44

3,44

3,35 3,06

NÃO SINTO FALTA

1

2

-

3

4

5

+

DESEJO MUITO

Termômetro comparativo Etapa 1 x Etapa 2 da Pesquisa Nível das sensações e experiências mais valorizadas nos espaços públicos durante a pandemia

“Ver vitrines dos comércios” manteve-se como a menos importante, diminuindo

ainda mais seu grau de importância na segunda etapa.

RESULTADOS E ANÁLISES

55


COMPORTAMENTOS FUTUROS E DESEJO DE MUDANÇA AS MUDANÇAS QUE GOSTARIAM QUE FOSSEM REALIZADAS NA CIDADE As mudanças que as pessoas mais gostariam que estivessem sendo realizadas na cidade ainda estão relacionadas aos espaços verdes,

sendo as 3 primeiras: “aumento da arborização”, “criação de mais praças” e “melhoria nas condições das praças existentes”.

Gráfico Pesquisa Etapa 2 Mudanças que gostariam que fossem realizadas na cidade agora e continuassem após o fim da pandemia

Em geral, a prioridade dos desejos de mudança na cidade se manteve muito parecida nas duas etapas pesquisadas. Foi possível notar que a alternativa “arborização nas ruas” ganhou ainda 56

RESULTADOS E ANÁLISES

mais relevância, assim como a “criação de mais praças”, ampliando a demanda por espaços verdes na cidade. A alternativa “Implantação de mais ciclovias” teve aumento de cerca


de 8 pontos percentuais, assim como a “ampliação de calçadas”, mostrandose ainda mais urgente com a volta de deslocamentos mais intensos na cidade.

Também houve aumento expressivo do desejo por mais abertura de ruas para lazer, uma vez que as pessoas estão voltando a usar os espaços públicos.

maio 2020 outubro 2020

Gráfico comparativo Etapa 1 x Etapa 2 da Pesquisa Mudanças que gostariam que fossem realizadas na cidade agora e continuassem após o fim da pandemia

10 MAI

RESULTADOS E ANÁLISES

57


NOVOS HÁBITOS PARA UMA CIDADE MELHOR DEPOIS DA PANDEMIA

Não vou Passei a realizar com a pandemia Já realizava antes da pandemia Vou

Gráfico Pesquisa Etapa 2 Mudança de hábito para se ter uma cidade melhor

Frequentar o comércio do bairro, cerca de 12%, seguido do aumento de deslocamentos ativos e da diminuição do uso de carros e motos, ambos indicados por cerca de 10% das pessoas, foram os hábitos que mais pessoas indicaram realizar durante a pandemia. Enquanto um número maior de pessoas indicaram que irão frequentar mais os espaços públicos e ajudar a cuidá-los, apesar de apenas cerca de 3% e 4% das pessoas já terem adquirido esse novo hábito. Por outro lado, participar da rede de apoio de vizinhos e participar de conselhos, já passou a ser adotado por cerca de 7% e 4% das pessoas durante a pandemia, apesar de serem as alternativas que o 58

RESULTADOS E ANÁLISES

maior número de pessoas indicou que não pretende fazer, em ambas etapas. Comparando as intenções de realização das atividades em maio com as mudanças que já passaram a realizar com a pandemia, é possível verificar que “frequentar o comércio do bairro por modos ativos” e “usar menos veículo motorizado” foram os mais aderidos. Enquanto “frequentar e cuidar dos espaços públicos da cidade” foi o hábito cujo menos pessoas conseguiram adotar. É importante destacar que em todas as alternativas, as intenções declaradas em maio tem uma porcentagem muito maior do que as realizações indicadas no mês de outubro.


Vou (maio) Passei a realizar com a pandemia (outubro)

Gráfico comparativo Etapa 1 x Etapa 2 da Pesquisa Mudança de hábito para se ter uma cidade melhor

Vou (maio) Passei a realizar com a pandemia (outubro)

Gráfico comparativo Etapa 1 x Etapa 2 da Pesquisa | Mudança de hábito nos espaços públicos

Ao colocar em foco a intenção sobre usar e cuidar dos espaços públicos, foi possível observar que ainda são dois dos principais novos hábitos que as pessoas pretendem adquirir e realizar na sua vida na cidade. RESULTADOS E ANÁLISES

59


Com relação às formas de se deslocar na cidade, houve um aumento na intenção de deixar de usar veículos motorizados individuais, com maior migração para o transporte público do que para o transporte ativo, ao comparar as respostas em e maio e outubro. O que pode ser reflexo das distâncias e estrutura urbana que gera muitos deslocamentos longos, não propiciando que sejam feitos de modos ativos. Destaca-se que mesmo após a pandemia as pessoas dizem que irão mudar de hábitos como forma de evitar aglomerações, o que tende a criar novas demandas por políticas públicas correspondentes a novos modelos de cidade. Nesse sentido, as principais mudanças, a médio prazo, são: utilizar mais serviços próximos, com deslocamentos mais curtos e evitar ir aos espaços públicos em horários mais cheios.

60

RESULTADOS E ANÁLISES

Vou (maio) Passei a realizar com a pandemia (outubro) Gráfico comparativo Etapa 1 x Etapa 2 da Pesquisa Mudança de hábito nos deslocamentos


Gráfico Pesquisa Etapa 2 Mudança de hábito para evitar aglomerações

14 DEZ

RESULTADOS E ANÁLISES

61


maio 2020 outubro 2020

Gráfico comparativo Etapa 1 x Etapa 2 da Pesquisa Mudança de hábito para evitar aglomerações

Ao comparar a mesma pergunta, sobre o momento pós pandemia, realizada nas diferentes etapas da pesquisa, percebe-se uma atenuação dos hábitos para evitar aglomerações nos espaços públicos conforme as pessoas foram vivenciando a pandemia por mais tempo e em diferentes condições. É possível evidenciar maior queda com 62

RESULTADOS E ANÁLISES

relação a “evitar realizar atividades em espaços públicos cheios”, seguida da intenção de “evitar os transportes públicos”, mesmo que o índice não tenha diminuído muito. A intenção de realização de atividades remotas após a pandemia também diminuiu, mas ainda mantém-se expressiva, indicada por 43% das pessoas.


14 DEZ

RESULTADOS E ANÁLISES

63


CONCLUSÃO

Diante da intensa e constante mudança da vida nas cidades devido à pandemia do novo coronavírus, esta pesquisa teve como objetivo compreender as vivências, sensações e comportamentos das pessoas nos espaços públicos em períodos distintos da pandemia, mais especificamente nos meses de maio e outubro. Com isso, trouxe reflexões sobre a vida nas cidades em momentos de crise sanitária e sobre resiliência urbana, além de incentivar a construção de cidades mais gentis, acolhedoras, equitativas e saudáveis de acordo com os anseios e necessidades da população. Por fim, é importante destacar que este relatório foi elaborado durante o período de pandemia e, portanto, de forma concomitante às reflexões e inúmeros estudos sobre os efeitos da pandemia nas cidades, podendo haver novas perspectivas que complementam as apresentadas neste documento, de forma de que a discussão não se esgota neste relatório. 64

CONCLUSÃO


Destaca-se que a relação, frequência e tipo de atividades nos espaços públicos ainda estão bastante diferentes do momento anterior à situação da pandemia, e que muitas práticas e atitudes tendem a mudar de forma mais duradoura. Nesse sentido, é importante que as políticas públicas e urbanas não só acompanhem essas mudanças como propiciem oportunidades de mudanças para modelos mais seguros, saudáveis e sustentáveis de se viver na cidade. O número de pessoas que mudaram de cidade na pandemia ainda não foi significativo, ao contrário de algumas especulações, e a maior parte segue vivendo nas cidades, mesmo entre as classes média alta e privilegiadas. Mas as demandas por mudanças para humanização da

cidade, e principalmente uma relação mais harmoniosa com a natureza no ambiente urbano, se mostram extremamente relevantes para garantir melhor qualidade de vida e diminuir desigualdades. Outra consequência deste desejo por uma cidade melhor para se viver já pode ser constatada com o aumento de participação das pessoas em grupos organizados formais e informais, como grupo de vizinhos e conselhos, para atuar de forma coletiva. Destaca-se também que as praças e a participação das pessoas em seu cuidado e melhoria também se mostra uma das tendências mais importantes na cidade. Assim, criar modelos que propiciem a participação de forma mais orgânica e democrática deve ser urgente para que isso se concretize e que as oportunidades de experiências

10 MAI

CONCLUSÃO

65


positivas nos espaços públicos da cidade sejam cada vez mais possíveis e pulverizadas por todo o território. Com relação às formas de se deslocar na cidade, ressalta-se a urgência da transformação urbana para um modelo mais compacto da cidade e com a verdadeira priorização do caminhar e pedalar. Este desejo aparece não apenas como forma de deslocamento das pessoas, mas também nas mudanças de hábito - tanto para melhorar a cidade como para evitar aglomerações - e até nas reflexões sobre a cidade - principalmente vinculadas à qualidade do ar. O hábito mais frequente é realizar as atividades a distâncias curtas e no próprio bairro, o que vincula-se ao conceito de “cidade

15 minutos” e de caminhabilidade. Dessa forma, foi possível constatar, após dois momentos de aplicação da pesquisa, as alterações e anseios mais relevantes com relação aos espaços públicos. Agora, espera-se que seja possível realizar etapas consequentes considerando o que irá mudar a partir da vacinação em massa, e, quando for possível, entender o momento como pós pandemia. Até lá, é necessário que as tomadoras de decisão, as organizações da sociedade civil e a cidadania promovam mudanças para aproximar a cidade de um contexto mais resiliente para enfrentar a atual e futuras crises de forma mais saudável e adaptável.

CIDADE DE 15 MINUTOS Conceito desenvolvido pelo professor Carlos Moreno, é o conceito de cidade compacta em que

cidadãos tenham acesso a qualquer serviço que necessitam em seu dia a dia em uma distância de 15 minutos, a pé ou bicicleta.

CAMINHABILIDADE O termo de caminhabilidade está relacionado às condições sob as quais a atividade do caminhar

é promovida nas cidades, levando em conta a interação entre aspectos como o espaço construído, o ambiente natural, as sensações individuais e o comportamento das pessoas. Esse conceito é

usado como índice para avaliar o quão convidativa uma cidade é para caminhar e melhorar as condições do caminhar de maneira contínua.

Fonte: MONU Magazine. Disponível em: https://bit.ly/sampape_monueng e https://bit.ly/sampape_ monuport. Acesso em 14 de dez. de 2020.

66

CONCLUSÃO


OBRIGADA! CONCLUSÃO

67


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