Crimes em canteiros de obras indicam ação de quadrilha

Danielle errobiDarte

As coincidências entre 2 roubos que levaram todo o dinheiro de pagamentos de funcionários da construção civil levantam suspeitas de que haja uma quadrilha se especializando nos ataques aos canteiros de obras.

Os roubos aconteceram nas 2 últimas semanas, sempre às sextas-feiras, dias 12 e 19, nos bairros Vila Manoel Taveira e Jardim Itamaracá. As semelhanças não param no dia –geralmente quando empreiteiros pagam pedreiros, serventes e terceirizados nas obras menores. Também estão o fato de os bandidos terem levado todo o valor e saberem o horário em que os patrões iriam pagar.

Prática antiga

Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário, José Abelha, era comum na década de 1990 o

SEMED INVESTIGA

Henrique Arakaki/Jornal Midiamax/Arquivo

pagamento ser feito semanalmente e em espécie.

“As empreiteiras maiores costumam fazer o pagamento pelo banco mesmo, ninguém mais paga em espécie. Pode ser que esteja acontecendo entre os terceirizados ou em empresas menores, onde ainda é feito o pagamento semanal”, afirmou.

Abelha relembra que trabalhou 2 décadas no setor de RH de construtoras e já chegou a ter o pagamento roubado quando saía do banco. “Hoje em dia te-

Cárcere

O primeiro roubo ocorreu na sexta-feira (12) na Vila Manoel Taveira. Funcionários foram amarrados e mantidos em cárcere privado. O responsável pela obra foi rendido ao chegar para fazer o pagamento.

mos várias outras formas, inclusive PIX, depósito, TED. Qualquer folha de pagamento dessas obras grandes têm R$ 50 mil a R$ 100 mil de salário, é difícil até retirar esse valor do banco”. O presidente afirma que é provável que o pagamento dessa forma possa ser destinado a poucos funcionários, principalmente os informais. “Às vezes dentro do canteiro de obra até registram a pessoa, mas combinam um salário diferenciado e não paga direto na conta”.

Por volta do meio-dia, dois homens armados com pistola e revólver entraram no canteiro de obras onde estavam 6 pedreiros. A dupla de bandidos dizia estar esperando o dono da obra “levar o dinheiro”.

Uma hora depois, por volta das 13h, o responsável chegou ao local e foi amarrado. Ele teve a chave de seu VW Saveiro levada, além de R$ 2.300 para fazer o pagamento dos pedreiros. Um dos funcionários reconheceu um dos autores, que já havia procurado emprego na obra anteriormente.

Malote de R$ 35 mil

O segundo caso ocorreu na sexta-feira (19) no Jardim Itamaracá, quando um malote no valor de R$ 35 mil foi roubado. O dinheiro seria utilizado para fazer o pagamento de cerca de 40 funcionários.

O dono da obra foi abordado por 2 bandidos armados após chegar ao local. “Foi uma correria, quem conseguiu correr correu, mas ficou todo mundo muito assustado”, disse um dos funcionários.

Câmeras de segurança flagraram o momento em que pelo menos 3 homens chegam em um VW Gol branco. Dois passageiros desceram e o motorista ficou no carro. Um deles pega o malote e o outro aborda o motorista de um carro de cor escura que estava conversando com a vítima.

O trio teria pistolas e revólveres e encapuzados. (DE)