IGUAL #06 - Abril2010

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POPCULT+WEB2.0

#06

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA ABRIL 2010


ILUSTRAÇÃO DE CAPA POR

Jamal Vrno Michigan,EUA



EDITORIAL

Olá, amigos leitores. Bem-vindos ao horário de Verão. Agora, já podem ler a IGUAL ao final do dia, mal saiam do trabalho que vos tira tempo para todas as coisas fixes que não conseguimos fazer ao fim-de-semana. Sem ter que acender um candeeiro. Viva o Sol às oito da noite! Convidem um amigo e abram o computador em conjunto numa esplanada. Sangria vai bem com os conteúdos deste mês.

Regressam o Pedro Rios Recomenda (de calças verdes) e as novas rubricas. O Luís mostra-nos algumas das suas coisas preferidas (versão “are you having a laugh?”) e o Daniel foi encontrar um especialista no Faroeste europeu. O mesmo Daniel escreve sobre o culto dedicado ao escritor H.P. Lovecraft. Eu entrevistei o Ricardo Cabral, ilustrador lisboeta que foi a Israel e desenhou-nos um livro de viagens. Pelo meio, o Centrão de Jamal Vrno, também ele ilustrador, ainda que num registo completamente diferente do produto nacional. Além do portefólio, os desenhos de Jamal estão um pouco por todo o lado este mês. E há crónicas novas. Sim, no plural. O Tiago Teixeira, homo-multitasking por excelência, inaugura em Abril a sua coloboração connosco. Também trouxe o Luís Leal Miranda, de quem já sou leitor há alguns anos, e que irá escrever sobre o que lhe bem apetecer. Bem, não sei o que é que ainda estão a fazer a ler o Editorial do Miguel. Começa depois do virar de página. Até breve,

Miguel Carvalho

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Jamal Vrno

FICHA TÉCNICA Director Vitalício & Editor: Miguel Carvalho Top-Ajudante: Ana Maria Henriques Colaboradores: Daniel Sylvester, Luís Lago, Luís Leal Miranda, Pedro Rios, Tiago Teixeira, Jamal Vrno

Capa: Jamal Vrno Conteúdo: todos os textos, fotografias e ilustrações são da autoria de Miguel Carvalho excepto se creditados

Paginação & Design: Sofia de Eça e Miguel Carvalho Contacto: migueldeazevedocarvalho@gmail.com Propriedade/Edição: Eufaçooquequero PRESS Tiragem: só para os amigos/online Periodicidade: errática (distribuição gratuita)

Site: http://issuu.com/miguelc

Disclaimer:

Esta revista é um trabalho académico. As imagens e fotografias que não são da autoria do Director Vitalício, além de estarem devidamente creditadas, estão aqui presentes sem qualquer fim lucrativo e são contempladas pelo uso justo, ou seja, de total boa fé no contexto académico/não-lucrativo inerente à IGUAL.


ÍNDICE

entrevista:

Ricardo Cabral_32

o especialista:

Pedro Pereira_14

coisas preferidas_18

as minhas

O chamamento de

Cthulhu_34

centrão: Jamal

Pedro Rios

Vrno_24

Recomenda_16

Crónicas: Luís

Leal Miranda_13

Tiago Teixeira_10


Jason Adam Baker

A NEWSLETTER DO MIGUEL . TUMBLR . COM

ANEWSLETTERDOMIGUEL.TUMBLR.COM


COLABORADORES

Nasceu numa vila r amigos dispensáve são “toma!”, “e tu, percebe nada de m Daniel Sylvester Nasceu em Hamburgo e cedo causou polémica ao dizer que era tão conhecido como os Beatles. Tem dois gatos e é frequentemente gozado no círculo de amigos pelas posições humanistas e razoáveis que teima em defender. Se fosse ele a mandar o Presidente do Mundo era Sonic, o ouriço radical.

Pedro Rios Vive na Vergada, onde se pavoneia ao volante do seu citadino azul. Quando veste de cabedal as pessoas tendem a dar-lhe razão. No Twitter, já são mais as pessoas que o seguem do que as seguidas. Já foi chefe de quase toda a redacção desta revista e até tocou em bandas. Gosta de listas.

Jamal Vrno http://www.flickr.com/photos/vrno


Luís Lago remota do Minho onde passou a infância. Angustiado pelos eis, veio estudar para o Porto. As suas expressões preferidas , e tu?”, “a tua prima!” e “és?”. Gosta de admitir que não música. É famosa a sua imunidade ao frio.

Tiago Teixeira Tem mais alcunhas do que apelidos e um cabelo lendário acima do Mondego. Sabe tudo e conhece toda a gente (mesmo). Morre de saudades dos seus anos de liceu. Vive obcecado com Pais Natal, gangsters e uma frase de Descartes. Não teme o ridículo: em casa, na rua, no trabalho. É filho único.

Luís Leal Miranda Vive em Lisboa com a Ágata e três gatas ao lado do hospital psiquiátrico Miguel Bombarda. É jornalista e vai beber café à Portuguesa da Alameda, onde a bica custa o mesmo que a imperial (€0,50). Ao balcão estão sempre dois reformados conhecidos por “Sr. Director” e “Sr. Doutor”.


CRÓNICA

Economias de Palha por Tiago Teixeira

Querida, bloquearam-me o Facebook! Let he who is without a web shadow cast the first stone! - Anthony Mayfield Deparei-me com esta frase há um ano, num pequeno blog que comentava um artigo do The Economist ao dizer que os candidatos a cargos e trabalhos na Casa Branca da Administração Obama tinham de se sujeitar a um background check e providenciar de livre vontade toda e qualquer informação e presença online, bem como e-mails onde pudessem ter comprometido o presidente. À excepção deste caso ser a flagrante prova de que o Projecto Echelon não existe e de que infelizmente nunca veremos posts do Biden a reclamar de que o Obama o proíbe de dizer palavrões nas reuniões, a situação é apenas uma de muitas que descreve a relação quasi-promíscua entre os departamentos de Recursos Humanos e o Social Media. De facto, insólitos à volta de empregadores utilizarem a nossa ciber-pegada para determinar a nossa suposta empregabilidade não faltam, mas a frase veio-me à baila quando eu, três dias antes do fim do mês, fui pessoalmente deparado com a outra face da moeda: quando o acesso à Web 2.0 é-nos negado pelos nossos empregadores.

Mike Stimpson

Toda a gente sabia que em alguma altura este dia iria chegar: quem pensava que a geração IRC tinha abandonado a partilha social no Fotolog, ou que o Facebook só seria utilizado activamente por universitários não compreende que não só a internet como a própria sociedade está a mudar em função do novo paradigma de partilha de informação. Ignorar que este costume social não seria facilmente esquecido num ambiente de trabalho é simplesmente má gestão. Pelo menos eu sei que uma funcionária pública de 40 anos vai querer utilizar o seu horário de expediente para ceifar trigo no Farmville, tal como sei que um recém-licenciado, recém-empregado, recém-engravatado vai utilizar a largura de banda do seu escritório para ver um vídeo engraçado no Youtube. Mais tarde ou mais cedo, e por mais que escolha ignorar o assunto, qualquer empresa tem de tomar uma decisão sobre qual será a posição em relação ao acesso à Web 2.0. A opção mais comum é a proibição via bloqueio.

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A questão do livre acesso da internet já é tão velhinha quanto as LANs de escritório e sempre se centrou numa única questão: produtividade. Como poderiam os gestores assegurar que a maior percentagem possível do horário de trabalho fosse utilizado a fazer tarefas de trabalho e não em ciber-entretenimento sexual? Durante aquilo a que alguns chamam de Internet dos .gif e outros chamam Web 1.0 a coerção social sempre tratou relativamente bem do assunto – naqueles sites que não eram bloqueados a priori todos os que navegavam para seu lazer estavam também preparados para deitar um olhar julgador àqueles que por acaso eram apanhados a aventurar-se pelo TuningTuga. No entanto, a moda da Web social veio dificultar a vida aos gestores e gerar a aceitação destas práticas entre os trabalhadores. Para quê esconder que hoje em dia grande parte da razão para a ociosidade cibernética é mesmo a atracção de fazer o que antes se fazia na internet mas com os amigos das redes sociais?


Pshab

A questão do livre acesso da internet sempre se centrou numa única questão: produtividade Na verdade, se as redes sociais fazem parte deste Media Social da Web 2.0 cujo objectivo é uma descentralização da produção de conhecimento e aumento do poder de comunicação, o mundo corporativista, ao negar o acesso a um Facebook ou a um Myspace, está a negar a um novo paradigma de partilha de informação. Está a negar a potencialidade de uma empresa ter um canal de comunicação mais estreito e próximo do consumidor do que nunca, cortando as asas assim ao Marketing 2.0 no qual todos os colaboradores da organização podem, com responsabilidade, participar de forma única e pessoal - permitindo uma experiência de apoio e serviço ao cliente como nunca antes. Está a negar os incalculáveis benefícios de uma grande rede de partilha de documentos, impressões, comentários e sugestões que os colaboradores e ex-colaboradores de uma empresa ou até sector poderão ter a oferecer na elaboração de trabalhos e iniciativas, melhorando assim a produtividade com acesso a informação especializada qualquer hora e em qualquer lugar – luxo hoje conseguido pelo Enterprise 2.0. Finalmente, está a negar os ainda pouco explorados benefícios da transposição do e-business para o Business 2.0, criando soluções de negocio inovadores e com acréscimo de valor através da utilização de uma rede já estruturada e montada – evitando assim os grandes custos afundados de start-up – e já com uma esfera de influência na sociedade – evitando também os problemáticos custos de rede. Apesar da relação entre as restrições do mundo corporativo e a liberdade encontrada nos media sociais de hoje em dia, com um diferente e mais permissiva abordagem a esta realidade – possivelmente com o próprio encorajamento direccionado de parte das empresas na utilização destas tecnologias – conseguimos abrir um oceano azul de oportunidades nunca antes vistas desde o branding até à eficiência interna. Aliás, se estamos habituados a fazer pausas de café de meia-hora para conversar com as secretarias do 5º andar sem qualquer reprimenda, por que não também permitir que se jogue uma partidinha de poker online com o contabilista do 3.º?


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CRÓNICA

Correr com Tesouras por Luís Leal Miranda

História de infância que não me ensinou nada.

Quando tinha nove anos mudei-me para uma cidade nova e para uma escola nova. Para ganhar o respeito dos meus colegas disse no recreio: - Fui atingido por um raio. Nunca fui atingido por um raio mas conheço quem foi. O meu irmão tinha uma colega que ia de bicicleta para a escola, uma pasteleira cor-de-rosa que hoje pode dar estilo mas que na altura não dava nada. Ela (não me lembro do nome) pertencia a uma família pobre e estranha — ou só uma destas duas coisas — que vivia perto das fossas, numa vivenda grandes rodeadas de vinhas, daquelas casas que nunca tinham sido pintada: “É mesmo assim”, dizia aos colegas. Íamos lá ao pé com a escola no Dia da Espiga, com a contínua Florindes apanhar papoilas, azedas, margaridas, caruma, fetos, trevos e espigas. Dizia-nos para não irmos para o lado de lá do monte que estavam lá as fossas. - Houve um menino que foi para lá brincar e caiu e morreu. Havia sempre uma história destas; um garoto sem nome que se afogavam em merda, meninos que morriam depois de engolir pastilhas, colegas mais velhos que ficaram agarrados à droga por causa de rebuçados. Uma vez, nunca me esqueço, foram lá à escola fazer uma demonstração de slides sobre uma doença que dava nos cães e apanhava também as pessoas e, pelo que percebi nos desenhos, nos deixava a merda cheia de bolas coloridas. Havia miúdos a morrer daquilo algures. Essa colega do meu irmão que vivia perto das fossas nunca foi realmente atingida por um raio, mas era gaga. Começou a gaguejar aos sete anos depois de, numa tarde em que voltava para casa na estrada de terra batida ao lado do campo da bola (hoje a alcatroada Rua do Campo da Bola), um raio lhe caiu a uns 10 metros. Ela jurou que foi a distância de um braço - Cabooom! - mas como já tinha sido apanhada a mentir antes as pessoas acrescentaram outros nove braços. - Foi a dez metros, a miúda caiu logo da bicicleta. Soube mais tarde pela minha mãe que os raios só costumam cair em cima de árvores e em cima de homens com chapéus de chuva pretos grandes: o meu tio-avô Custódio foi-se assim: abrigou-se debaixo de uma árvore debaixo de um temporal. Ao dizer na escola nova que tinha sido atingido por um raio estava a pedir admiração e respeito, mas a mentira ia apanhar-me. Os garotos queriam saber como tinha sido e eu “ah não foi nada demais” até que me lembrei de gaguejar: “foi d-do r-raio, r-raio”. A minha mãe foi chamada ao conselho directivo. Aproveitou para contar outra vez a história do tio-avô Custódio acrescentando: - Foi pôr-se debaixo de uma árvore de guarda-chuva aberto, veja lá.

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O ESPECIALISTA: Pedro Pereira por Daniel Sylvester

até os padres são baleados e os bons da fita nem sempre levam a melhor.

Todos os meses, a IGUAL consulta um perito acerca de um dos cantos menos conhecidos do universo pop-cultural, a fim de obter esclarecimentos e elucidações. Este mês, Pedro Pereira, colaborador no blogue Por Um Punhado de Euros, fala sobre o seu estilo cinematográfico predilecto: os spaghetti westerns. Foi idílica a introdução que Pedro Pereira teve ao cinema spaghetti: “foi nas então habituais sessões de cinema ambulante que nos finais dos anos 80 passaram pela aldeia onde cresci”, recorda, “não sei bem porquê mas houve um fim-de-semana em que fiquei ao encargo do meu pai e ele sempre delirou com westerns e não teve outro remédio se não levar-me com ele”. O filme - “Um Dólar Furado” de Georgio Ferroni -

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despertou um entusiasmo que rapidamente se canalizou para os videoclubes locais, bem como para a televisão espanhola. “Nesta época, os canais espanhóis tinham melhor cobertura de sinal que os portugueses e a TVE ou Canal Sur passavam mesmo muitos westerns-spaghetti”, assegura Pereira O fascínio pelo spaghetti western, estilo nativo da Itália dos anos 60, quando incontáveis realizadores tentavam seguir o sucesso alcançado por Sergio Leone com a sua triologia dos dólares, terá algo que ver com “aquela coisa do anti-herói”, explica Pereira: “até os padres são baleados e os bons da fita nem sempre levam a melhor”. A esta ausência de linearidade ética soma-se também uma maior vertente física porque “os westerns europeus são, por regra, bastante mais violentos e sempre pejados de acção”, diz. Mas não é só o grim & gritty que apela. Pedro Pereira destaca ainda a música (“um talento natural dos italianos que compuseram algumas pequenas óperas para cinema”), a produção em formato série B (“todo aquele conceito de desenrascanço com baixos orçamentos”) e o nonesense presente no estilo (“quem pensaria em usar uma máquina de costura como metralhadora num faroeste?”).

Como introdução ao estilo, Pereira recomenda as inevitáveis obras de Leone, mas remete também para “mais dois Sergios”: Corbucci, autor de “alguns dos melhores momentos do spaghetti (‘Django’, ‘O Grande Silêncio’, ‘Companheiros’), mas também alguns dos mais inconsequentes e enfadonhos (‘Minnesota Clay’, ‘Dispara Primeiro, Pergunta Depois’)”, e Solinas, um realizador esquerdista responsável por “O Grande Pistoleiro” e “Cara A Cara”, filmes que, “politiquices à parte”, são “indispensáveis na descoberta do género”. O entusiasta realça ainda duas séries realizadas por Gianfranco Parolini: “Sabata” e “Sartana”, “ambas adaptações da figura de James Bond ao faroeste”. A disponibilidade destas obras no mercado nacional é que não é a melhor: “infelizmente, Portugal não conhece muitas edições em formato DVD, mas para entrada no género há um punhado delas editadas essencialmente pela Prisvideo”. Para tudo o resto haverá sempre o online.


DR


Pedro Rios RECOMENDA

Kurt Vile “Childish Prodigy” (Matador, 2009) Há discos a que chegamos inevitavelmente atrasado irrepetível de Dylan, Young e todos os heróis da mús “Unknown 2” tem aquele saxofone pacificador que V Control, a viajar sobre um metronómico ritmo kraut rock’n’roll, “Inside Looking Out” uma maravilha com genuinamente aluado, e a lista de delícias podia con

Bill Orcutt “A New Way To Pay Old Debts” (Palilalia, 2009) É talvez o disco mais revolucionário dos últimos tempos no que toca à guitarra acústica. Orcutt, outrora guitarra dos Harry Pussy, pioneiros do rock ruidoso nos anos 90, há muito afastado dos discos, transporta para a guitarra acústica a fúria dos Pussy. Podíamos dizer que soa a um Derek Bailey depois de dieta rigorosa de punk, mas isso seria apenas uma caricatura desta música. Orcutt viaja pela guitarra com uma violência que poucos alcançam, sempre com notável sentido e emoção (“Lip Rich” é particularmente forte). A gravação caseira dá um charme extra ao disco: há sirenes, telefonemas e outros ruídos a irromper pela gravação.

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Skyramps “Days of Thunder” (Wagon, 2009) Pérola discreta de 2009, reúne duas das mais brilhantes cabeças do underground actual, Daniel Lopatin (Oneohtrix Point Never) e Mark McGuire (Emeralds). A mera perspectiva do que os dois podem fazer juntos causa calafrios aos fãs da moderna música cósmica e “Days of Thunder” cumpre e eleva a parada. “Flight Simulator” tem a qualidade clássica de “Geode” dos Emeralds, desenhando-se, confiante, em torno de melodias de sintetizador e do solo contínuo de guitarra de McGuire, num diálogo imaculado entre os dois instrumentos. “Dripping Water Hollows Out a Stone” sossega as águas – malta com horror à contemplação, pirem-se – e “Skyramping” é kosmische de primeira água. Facilmente um dos melhores discos de 2009.

os. Este é um deles. Ville é o cruzamento sica feita em quartos por génios discretos. Ville põe em “Rest On Water”, dos Blues t. “Hunchback” erige um monumento ao riff m uma harmónica nas alturas, blues ntinuar.


As Minhas Coisas Preferidas RIR COM O LUÍS por Luís Lago

momentodegracejo.tumblr.com issuu.com/luisfoliao

DVD de “Anim

Encontrei este apesar de pre Landis vinha a Rua de Baixo uma fotografi tirar a capa da incursão pelo uma comédia poderia ser um Sem contar co obscuridade. o Boon é um S “West Wing”. Lizard, as min House” e segu Todos eles têm Ramis venha a

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mal House” autografado por John Landis

e DVD em Barcelona e adorei a tradução : “Desmadre à Americana”. Não resisti a comprar, eferir uma capa desenhada pelo Rick Meyerowitz. Quando voltei a Portugal soube que o John ao Festival MOTELx apresentar a versão remasterizada de “American Werewolf in London”. A pediu-me para o entrevistar, mas ele não aceitou. Pelo menos consegui um DVD autografado e fia ao lado dele. O homem foi simpático, apesar de me ter gozado por não saber que se tem que a caixa do DVD para ser assinada. Sou completamente obcecado por este filme. Foi a primeira o cinema da “National Lampoon” e o Landis traduz o estilo da revista na perfeição. Ele queria a em tom sério, daí a maioria dos actores não ser comediante. John Belushi é a excepção: Bluto ma personagem retirada dos “Looney Tunes” já que nada que faça a si próprio o afecta. om John Belushi, Donald Sutherland e Kevin Bacon, quase todos os actores caíram na semiPor isso, sempre que os vejo noutros papéis penso que são as mesmas personagens. Para mim, Senador estatal corrupto, associado à família Soprano e o Otter tornou-se Vice-Presidente no . Apesar de apreciar diferentes fases do cinema de humor, desde os irmãos Marx aos Broken nhas comédias favoritas continuam a ser as da geração “National Lampoon”, iniciada com “Animal uida com “Caddyshack”, “Ghostbusters”, “Three Amigos”, “Blues Brothers” ou “Spies Like Us”. m o Harold Ramis, o John Landis, ou ambos envolvidos na produção. Mal posso esperar que o ao Fantas para me assinar o DVD.

Daniel Sylvester


DR “Mad” nº 166 A capa está solta, por isso conservo bem este número. Ao que parece, até há uns anos, era raro encontra-lo porque, devido à capa polémica, muitas tabacarias nos EUA recusaram-se a vendê-lo. Esta história sempre me pareceu estranha já que em 1974 a “National Lampoon” já estava em grande força com capas muito mais chocantes. Este número é também quase único, por ser das poucas capas da “Mad” em que o Alfred E. Neuman não aparece. Adoro a “Mad” desde que o meu amigo Nélson John me ofereceu dois números (1998) da sua infância em Filadélfia. À medida que cresci fui rindo menos, mas a “Mad” não foi feita para ser apreciada por gente madura. Depois da saída de Harvey Kurtzman, a ideia de William M. Gaines foi vender a revista aos putos reguilas, os Dennis e Barts. Este humor pueril e anárquico, de uma forma ou de outra, inspirou praticamente todos os comediantes norte-americanos das últimas décadas do século XX. Talvez mais do que o conteúdo, aprecio as histórias e boatos que circulam sobre o ambiente da redacção e o modelo de negócio da revista. Durante quase cinco décadas, a “Mad” sobreviveu sem publicidade (mas cheia de paródias a anúncios). Gaines punha vinho no watercooler para os seus artistas trabalharem embriagados e insistia que a sua revista fosse impressa em papel de fraca qualidade para que os leitores não esperassem muito dela. A “Mad” em 2010 tem muito menos conteúdo, artistas medíocres e demasiados anúncios. Já nem os miúdos lhe acham piada.


DR

“Um Ano Com a Gaiola Aberta” Comprei esta colectânea num alfarrabista. O senhor, que me conhece por comprar BDs da Abril, ofereceu um pouco de resistência por achar que aquele tipo de humor não era para mim. Comprei-o, mas, para ele não me chatear mais, só lá compro mais coisas do Vilhena quando ele não estiver na loja. Este livro junta todos os números do primeiro ano da “Gaiola Aberta”. O 25 de Abril tinha chegado e José Vilhena podia publicar livremente uma revista quinzenal em que satirizava as elites, fosse a Igreja, as figuras do novo e do antigo regime, ou os filósofos e escritores que, vivos ou mortos, eram fotografados a ler a revista. Tudo isto salpicado com desenhos e fotos de mulheres curvilíneas, geralmente nuas. Antes, com a censura, Vilhena já não se inibia de “cascar” (de forma mais subtil) no regime, mas é em democracia, nos primeiros anos da “Gaiola”, que faz provavelmente o seu melhor trabalho. Salvo alguns cartoons roubados à “Mad”, era tudo escrito, desenhado, paginado e publicado por ele. Quinzenalmente. Era brejeiro sim, mas uma brejeirice boa. Ao contrário de outros javardolas como o Jaimão ou o Zé do Pipo, o Vilhena de setentas conseguia ser rasteiro e intelectual ao mesmo tempo, talento que foi perdendo nos últimos números da revista. Esta colectânea serve também como documento histórico. Para quem quiser conhecer as figuras e acontecimentos políticos que marcaram o nosso país no pós25 de Abril, nada melhor do que ler o que Vilhena tinha a dizer sobre eles. O “Gaiola Aberta” deveria ser ensinado nas escolas, como os Autos de Gil Vicente.


DR “Humbug” Qualquer coisa escrita, desenhada ou editada pelo Kurtzman é espectacular. Adoro a Little Annie Fannie e o seu trabalho na “Mad” e na “Help!”. Mas, dentro da sua obra que possuo, este é o meu item preferido. A “Humbug” foi a “Image” dos comediantes dos anos 50. Ou a “Image” foi a “Humbug” dos artistas de BD dos 90s, como preferirem. Não, não estou a dizer que a “Humbug” tinha arte e textos horríveis e que sobreviveu devido à especulação no mercado do humor impresso. Apenas que, tal como a “Image”, foi criada e gerida exclusivamente por artistas e guionistas. Depois de deixar a “Mad” (e da “Trump”, que lançou com Hugh Hefner, ter sido um fiasco), Kurtzman juntou vários amigos e lançou a “Humbug”, uma das melhores revistas satíricas alguma vez publicadas. Infelizmente, sem o apoio financeiro necessário, a revista só durou dois anos. Esta edição da Fantagraphics junta os 11 números publicados e acrescenta: um artigo sobre a história da revista, uma entrevista a Arnold Roth e a Al Jaffee e ainda a explicação de algumas piadas, para nós que não crescemos durante a Administração Eisenhower. É óptimo para quem, como eu, não se cansa de rir do Sputnik ou da pandemia de gripe das aves de 1957. O humor varia entre o sofisticado e o pueril. E era tudo escrito ou desenhado com a mestria de Larry Siegel, Al Jaffee, Jack Davis e Will Elder. A maior parte destes artistas migrou para a “Mad” ou para a “National Lampoon”, mas faltava a coordenação de Kurtzman para o seu trabalho continuar brilhante.


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Jamal Vrno

http://www.flickr.com/photos/vrno

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Patrícia RD

Entrevista

Shalom,

RICARDO CABRAL. Ma shlomcha?

ricardopereiracabral.blogspot.com theisraelsketchbook.blogspot.com

(Ou seja, “olá Ricardo, tudo bem?”)

O que se pensa quando falamos em Israel? Ricardo Cabral, 31 anos, recorda as férias em Tel-Aviv de 2007. O ilustrador lisboeta viajou pela primeira vez para Israel em pleno Verão e fez da sombra e dos cadernos lisos as suas melhores armas contra o calor. O resultado foi “Israeli Sketchbook”, conjunto a derreter de desenhos na Terra Santa. O autor desta narrativa improvável em entrevista por e-mail.

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IGUAL - Quais são as tuas referências, nacionais ou internacionais, mais queridas na área da ilustração ou BD?

Ir a Telavive coincidiu com a necessidade de descansares depois do “Evereste” ou era um desejo antigo?

RICARDO CABRAL (RC) - São tantos... Eu lembro-me de ver uma exposição do Jonh Bolton na Bedeteca dos Olivais e pensar “é isto que eu quero fazer na vida”. O Luís Louro é uma das referências nacionais, sem dúvida, e depois vieram outros, o Travis Charest, o Dave Mckean, o Bilal, o Moebius, o Katsuhiro Otomo e o Masamune Shirow... hoje em dia gosto imenso da Rutu Modan, do James Jean, da Tara Mcpherson, do Gez Fry e dos fantásticos Kozyndan.

RC - Nunca tinha pensado ir a Israel, até conhecer a Fifa, que esteve cá em Portugal a estudar na altura, de quem fiquei amigo e quando voltou me convidou a ir visitá-la. Também ia descansar, é verdade, mas há sítios mais perto para fazer só isso.

Como surgiu a ideia para o Israeli Skethbook? Ou seja, em que momento é que deixou de ser um somatório de desenhos de uma viagem e passou a ser o conceito de um futuro livro? RC - Eu gostava de dizer que foi quando eu voltei de Israel e colori os primeiros desenhos que lá tinha feito e pensei “ isto é demasiado bom para ficar na gaveta”, mas acho que só quando a minha editora, a Maria José, da Asa, me disse “estes desenhos estão muito bons, faz lá o livro que eu publico-o” é que eu percebi que tinha ali algo. Li uma crítica em que a autora, apesar de elogiar o teu trabalho, punha em questão a inclusão “Sketchbook” do título, argumentando que esta é uma obra acabada. Tens comentários? RC - Posso até concordar, mas lido assim, escapa o facto de o “Israel Sketchbook” ser um livro com uma história sobre um sketchbook. Vários até, sete, no caso concreto dos cadernos, ou sketchbooks, que eu usei em Israel. No fundo, é a única coisa que atravessa o livro inteiro, o desenho e a prática do desenho. Se eu tivesse feito uma banda desenhada tradicional, com a história, ou as histórias que estão no livro, não seria válido chamarlhe “Israel Sketchbook” na mesma?

Perguntei porque - e isto pode parecer um exagero - Cabral é um nome historicamente ligado a Belmonte que por sua vez tem fortes laços com o judaísmo peninsular. Tanto quanto sabes tens sangue marrano? RC - Eu li algures recentemente que o património genético português é 20% judaico. Eu desconheço algum laço judaico que a minha familia possa ter, mas honestamente não sei. Talvez quando tiver algum tempo livre vá tentar descobrir. Presumo que tentaste passar ao lado da questão política o mais que pudeste, mas falando de Israel é algo difícil. Sobretudo porque lá foste um ano depois da guerra com o Líbano. As pessoas com quem estavas que opinião tinham sobre todo o conflito? RC - Eu dei-me sobretudo com estudantes de cinema e arte, pessoas com algumas noções de história, politica, religião. E para quem aquele conflito é absurdo, mas acho que ninguém gosta de levar com sessenta rockets por dia em cima, por muito boa pessoa que seja. Logo no início, falas da vista desde a varanda de casa e tudo o que vemos é uma estaca de madeira, um pedaço de toldo e um mar de prédios. Como é que se adora uma vista assim? RC - Se nesse desenho não sentes os cheiros exóticos, a brisa fresca da tarde, a alegria de retornar

a uma amizade e a promessa de novas descobertas, então o desenho está mal feito. Aquela ilustração de página dupla em Ashqelon é a minha preferida de todo o livro. Consegues perceber porquê? Tu tens uma preferida ou é-te impossível escolher? RC - A das pessoas? Acho que foi a única em que aquilo que eu começei a desenhar se tornou secundário e deixou de ter importância e eu fiquei ali a olhar para as pessoas, a reparar nos pormenores, no detalhes, na vida. Que tal ficou o filme do amigo de M.? Era sobre o quê, mesmo? RC - Era uma curta metragem sobre um senhorio que convence os inquilinos do prédio onde vive que o mundo lá fora acabou e tem que sobreviver encerrados no prédio onde vivem. Por falar em filmes: é um pouco difícil ler o livro e não nos vir à cabeça o filme “Valsa com Bashir”. RC - Vi-o e gostei bastante. O filme é muito bem feito e a história é boa, e ajudou-me sobretudo a perceber algo de Israel enquanto sociedade, que é aquela tendência para a reflexão e a constante autocrítica. E agora, estás a trabalhar em algum livro novo? RC- Sim. Se tudo correr bem sai ainda este ano. Considerarias tornar futuras viagens em novos Sketchbooks? RC - Eu acho que daqui para a frente tudo é possível. Vamos ver.


Destaque

O CHAMAMENTO DE CTHULHU

H.P. Lovecraft nasceu em Rhode Island em 1890, vindo a falecer na sua terra natal em 1937. Durante a sua curta vida, Lovecraft dedicou-se, entre outras coisas, à escrita de contos de terror, a grande maioria publicados numa revista pulp chamada Weird Tales. Quando foram publicados, não conheceram um sucesso notável, mas com o passar dos anos foi-se reunindo um culto de admiradores. por Daniel Sylvester

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Hoje em dia, H.P. Lovecraft é um nome respeitado: as suas antologias existem em formato Penguin Classics, o seu nome é pronunciado com admiração por autores “sérios” como Umberto Eco, Jorge Luís Borges e Michel Houellebecq. No entanto, os seus defensores mais acérrimos continuam a encontrar-se no campo do fantástico.

John Keogh

A Atracção do Inevitável

de Nietzsche, criou um universo no qual os “deuses” são aberrações completamente indiferentes à Humanidade que pode ser visto como uma rejeição da moralidade cristã. Ao mesmo tempo, a sua insistência na insignificância do ser humano perante um frio e enorme universo vai de encontro ao que seria uma das angústias principais do zeitgeist internacional no século XX.

Recuperação Intelectual É um mundo tenebroso, o conjurado por H.P. Lovecraft. A maior parte da obra de H.P. Nos seus contos, o protagonista Lovecraft foi publicada nas pulp vê-se quase invariavelmente magazines, revistas de fabrico confrontado com poderes barata viradas para o mercado de malévolos cujas capacidades o massas e muitas vezes apostando ultrapassam completamente. O nos impulsos menos respeitáveis resultado da interacção com estas (a atracção pelo ilícito, pela forças é sempre ou a morte ou a sexualidade e pela violência) loucura. Os monstros de Lovecraft dos seus leitores. O próprio não podem ser combatidos, nem a Lovecraft era um intelectual e isso nível físico nem a nível espiritual. transparece na sua escrita, mas o As únicas opções viáveis parecem meio em que se movimentava não ser submeter-se ao seu poder tinha a aprovação da intellegenzia (abundam cultos sinistros na reinante. O escritor estava bem obra de Lovecraft, especialmente ciente disso e, em ensaios como naquele que será o seu conto “Supernatural Horror In Literature” mais bem conhecido, “The Call Of e “In Defense Of Dagon”, defendeu Cthullu”) ou refugiar-se no ópio, na acerrimamente o valor da escrita morte ou na psicose. fantástica, colocando-a numa longa linha literária que inclui nomes Rogério Ribeiro, um admirador de como Goethe, Horace Walpole longa data do autor e um nome e Edgar Allen Poe. Ainda hoje, a no panorama do fantástico cujas literatura fantástica é vista muitas funções incluem a edição da vezes como inferior à literatura revista Bang e a realização anual “oficial”, mas Lovecraft é um dos do Fórum Fantástico, diz que no exemplos que mais conseguiu cerne da literatura lovecraftiana quebrar essas fronteiras e ser está “a ideia da fragilidade da aceite como um autor canónico, sanidade humana e como nós mesmo no meio académico. podemos ser pequeninos perante algo, que acaba por fazer parte Ribeiro acredita que parte da do universo, ser uma coisa tão aceitação deve-se à diligência com natural, fazer parte da natureza que os americanos catalogam a como nós próprios”. sua literatura popular: “nisso os americanos são muito melhores Em algumas histórias, Lovecraft que nós, pela maneira como insinua até que toda a civilização ligam à própria história e como humana não passa de uma criação estudam a própria história”. Para de forças externas, monstrengos José Manuel Lopes, professor extraterrestres que não têm na Universidade Lusófona e maior empatia connosco do que coordenador da tradução da obra a que nós teríamos com ratos de do escritor, a ascensão duma laboratório. Lovecraft, admirador corrente filosófica em

particular ajudou a que Lovecraft se estabelecesse no panorama académico: “eu acho que no pós-modernismo estilos como o romance policial ou o romance de terror voltaram à universidade com um novo foro e com um novo interesse, sobretudo pela mão dos estudos culturais”, considera. O Racismo de Lovecraft É na discussão da aceitação académica de Lovecraft que chegamos a pontos mais sensíveis. e até negativos, da obra do autor o racismo, por exemplo. De facto, há um consenso mais ou menos alargado, mesmo entre os maiores admiradores de H.P. Lovecraft, que este tendia para o racismo. Mais controverso é até aonde iam essas crenças e se eram ou não normais tendo em conta a mentalidade da época na qual viveu. Nos contos de Lovecraft encontramse frequentemente descrições pouco abonatórias de vários tipos étnicos (árabes, espanhóis, afro-americanos entre outros) que tendem para a caricatura racial pura. Mas mais notórios são os detalhes biográficos: o grande fluxo de emigrantes em Nova Iorque teria sido uma das razões principais pelas quais Lovecraft odiou a sua estadia na cidade e, apesar de ter casado com Sonia Greene, uma judia, segundo ela o autor pronunciava frequentemente opiniões antisemitas, o que fazia com que esta tivesse que lhe lembrar a sua ascendência. Houllebecq vê até no “ódio racial” de Lovecraft uma das forças motivantes da sua obra. No entanto, L. Sprague De Camp, um autor de ficção científica que trocava correspondência com Lovecraft, afirma que o mesmo “moderou” bastante as suas opiniões a esse nível no fim da sua vida, destacando o horror que o autor sentiu pela violência “irracional” dos campos de concentração alemães na Segunda Guerra.


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Jamal Vrno


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