O lugar do objecto artístico na contemporaneidade

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O LUGAR DO OBJECTO ARTÍSTICO NA CONTEMPORANEIDADE Miguel de Sousa Ribeiro, Instituto Politécnico de Beja, Artes Plásticas e Multimédia, Introdução aos Princípios da Arte, migueldesousaribeiro@gmail.com RESUMO: Nesta investigação pretendo mostrar algumas reflexões sobre o objecto artístico contemporâneo. O Lugar que este ocupa na arte, espacial e artisticamente. Esta reflexão pretende, mais do que responder, levantar algumas questões pertinentes que têm que ver, com a criação artística e a sua recepção junto do espectador. Abordagem à proximidade entre objecto e espectador em contraposição do afastamento, anterior existente entre obra e observador. O que é objecto artístico? Os suportes utilizados? Qual a sua função? O conceito diferenciado que este ‘toma’, fundamentalmente pós-pensamento Duchampiano, a forte ligação com o individuo, bem como a relativismo axiológico, são alguns dos pontos fulcrais para o entendimento da Arte Contemporânea e que aqui estarão expostos. Em suma, todos estes conceitos e atitudes se centram na necessidade de colocar a Arte reflexiva, além de visual teria que ser também visível. Palavras-chave: “Objecto Artístico”, “Contemporaneidade”, “Espaço Artístico”, “Quotidiano”, “Arte Conceptual”, ““Espectador”.

ABSTRACT: In this research I intend to show some reflections on the contemporary art object. The place that it occupies in the art, space and artistically. As this is accepted? These considerations tend to, rather than respond, raise some pertinent issues that have to do with artistic creation and its receipt by the viewer. Approach to the proximity between subject and viewer in opposition of the removal, between previous work and the observer. What is art object? The media used? What is your role? The concept that different 'takes', basically afterthought Duchamp, the strong link with the individual as well as axiological relativism, are some of the focal points for the understanding of contemporary art and that will be exposed here. In short, all these concepts and attitudes focus on the need to put reflective art, and visual makes it visible. Keywords: "Art Object", "Contemporary", "Space Art", "Lifestyle", "Conceptual Art", "" Spectator. "

INTRODUÇÃO

minha baliza histórica, e claro está, investigar de uma forma consistente e fundamentada, qual é o lugar do objecto artístico na contemporaneidade, a forma como ele surgiu e a aceitação, recepção da sociedade, agora que a relação entre ambos era mais estreita. Início a baliza, na Arte Conceptual, decisão tomada pelos motivos expostos anteriormente, e havia agora a necessidade de fechar a baliza com um tema/movimento que se relacionasse ao inicial, e aqui, as possibilidades eram várias, pois, a arte conceptual é como que uma charneira impulsionadora da forma como a arte ou o objecto artístico passou a ser pensado daí para a frente, assim sendo, vários movimentos que se seguiram tinham ligações ao conceptualismo.

Este trabalho foi proposto em contexto académico na Unidade Curricular, Introdução aos Princípios da Arte, inserida na Licenciatura de Artes Plásticas e Multimédia, com o acompanhamento da Professora Viviane Silva. O referido foi lançado com alguma proximidade de outros estudos e teorias a ser apreendidas no desenrolar das aulas, sendo que a minha opção para o tema escolhido, está de todo relacionado com essa apreensão pois, a mesma despoletou em mim um enorme sentimento e fascínio. Assim, parti para a decisão da baliza histórica a definir para a investigação com o intuito de perceber, melhor ainda, toda a Arte Contemporânea e os efeitos que esta teve com o tema escolhido para a 1


Para todos estes conceitos existirem, arrisco-me a dizer, devem-se ao eterno e incontornável Marcel Duchamp o grande questionador sobre arte. O que é ser arte, o rumo que ela tomava e que passou a tomar com algumas das suas decisões, desde logo os seus pelos seus famosos ready-made, as suas obras criadas a partir de algo pré-existente, onde a idéia se sobrevalorizava ao objecto em si, bem como os meios usados passam a ser relativizados. Importa a Duchamp que o objecto artístico cause no espectador uma reflexão, que este interprete à sua maneira, que seja único e capaz de em cada tempo e espaço, libertando-se das condicionantes sociais, colectivas, estéticas, éticas, entre outras, dar forma a um pensamento coeso. Outros factores serão abordados em torno de Duchamp mas falaremos no decorrer da investigação. Dou continuidade à minha baliza com alguns movimentos como o Fluxus, Performance, Happening, Instalação, onde há uma grande relação com o conceptualismo, e onde a proximidade que estas correntes trazem entre artistas, suportes e espectadores, é enorme. O espectador começa a definir, habitar, a integrar-se mais com a arte, o mesmo quer dizer que a arte passa a ser mais social, desde logo pela sua vulgar colocação em espaços sociais, como jardins, ruas, praças, etc., e aqui entra a inquietação ou choque, propositadamente, causado ao espectador, para que este reflita sobre, e que, além de ver passe a visualizar. Este intuito permite também termos uma outra visão sobre o lugar da arte, ou seja, esta desloca-se para locais onde normalmente não existia, vai ter com o individuo e assim, este já não necessita de se deslocar aos museus para ver arte, já pode ver, mesmo que não queira, pois esta passa a ter um habitat social e perde todo o misticismo e distanciamento que tinha antes deste tempo e conceito, como por exemplo em toda a arte considerada sagrada e de culto, na era da tradição. Outras questões prementes serão abordadas nesta investigação, desde logo a sociedade (massas) e o seu consumismo e materialismo desmedido, que tudo tem que ver com as massas, o ir na corrente, e claro, toda a evolução tecnológica que permite incutir, iludir, (des) informar o indivíduo e levá-lo para onde querem, formatando-o, mostrando-lhe o que lhes é conveniente, isto passa a ser possível desde a era da reprodutibilidade técnica, onde o valor de exposição e politico ganham força com a fotografia e essencialmente com o vídeo. Esta será uma breve abordagem mas que vem em oposição a todo o conceito das correntes faladas até aqui bem como das restantes, passando pela Arte Povera, como que a charneira de toda a baliza histórica e reforçando o seu conceito que passa pela

utilização de objectos também eles sem grande valor e sem intenção para que assim fosse, usando até materiais nada convencionais, com o propósito de empobrecer a obra criada. Este movimento, considerado conceptualista, mesmo que os seus autores tenham trabalhado de forma independente, desafiou os padrões da arte vigente, tal como a arte conceptual, ocupando espaços fora dos limites tradicionais e estereotipados e de intemporal nível de intemporalidade, outra das suas grandes causas foram motivos políticos, fazendo, com a arte, oposição à mesma. Já reparamos que, neste trabalho, existem vários temas comuns e prementes para o desenrolar do mesmo mas, o objecto artístico e o seu lugar na arte são como que o centro de tudo o que os envolve, a reflexão que este causa ao espectador, apoiada que na forma de criar, quer em contextos, políticos, sociais, económicos e pessoais, o lugar onde este é colocado para permitir tudo isto é de uma predominância estrema e essencial, assim, com a retirada do lugar, somente dos museus e galerias, trazendo-o ‘cá para fora’, para um habitat social, quotidiano, permite uma maior exposição, para os seus efeitos se fazerem sentir e claro para uma, realmente, abrangência e abertura da arte contemporânea em si. Com isto, passo-vos a dar mais dois exemplos crassos do que acabo de dizer, o lugar passa a ser tão diferenciado que o ‘minimalista’ Carl Andre faz, parte, da sua obra no próprio solo, na terra, como se usa um espelho de água na Arquitectura para os edíficos, ele rasga, corta o chão, reduzindo o objecto ao próprio espaço, paralelo ao chão, fazendo com que mais uma vez e de uma forma distinta a reflexão do espectador seja revelada no sentido que a falta de perícia manual ou a beleza não existe, pelo menos visualmente, o outro exemplo que vos falava tem na sua intenção não na redução do objecto mas sim o oposto, fá-los em grandes escalas, mesmo que simplistas, pois dá predominância à imagem ‘coisal’ no sentido de criticar a sociedade, aqueles exagerados consumistas e materialistas. Fecho a minha baliza histórica da investigação na Arte Pública e numa artista que tal como Marcel Duchamp, se apropria de objectos pré-existentes para os recolocar na sociedade que tanto os ignora e rejeita para lhes dar um outro conceito e presença, aceite, na sociedade e na arte em si mas, para isso e ao contrário dos anteriores falados onde o valor o objecto não estava no material usado nem na execução, Joana Vasconcelos assume uma postura de eternização do objecto, pois não pega propriamente num objecto e o recoló-ca mas recoloca-o além de que num outro contexto de habitat e de usabilidade, faz dele, ou deles, no caso de repetição do mesmo 2


objecto, claras esculturas grandiosas com materiais supostamente para permitir, imponência, destaque, comercialização, e eternização.

tal como falada no ínicio da baliza da investigação. Apropriar-se de objectos comuns, banais e já existentes, para colocá-los como objectos artísticos de forma intencional e irónica, lúdica também e relacionada profundamente com o público, leigo e fruidor, e com o popular.

DISTÂNCIAMENTO DA OBRA COM O PÚBLICO Desde os finais do séc. XIX, o distanciamento da obra com o público agravou-se, incluindo aqueles que se designavam por público especialista. Os artistas começaram a questionarse sobre os critérios que usavam na sua produção, baseados na sua própria contextualização histórica. A partir de algumas descobertas, inclusive cientificas, os artistas acharam por bem fazer uma reavaliação do seu trabalho.

INÍCIO DA APROXIMAÇÃO As tensões na recepção de arte ampliamse a partir de meados do séc. XX, com o aumento e fortalecimento do caracter processual da arte e, claro está, a sua forte ligação a termos ligados ao quotidiano da sociedade, esta tensão permitia uma maior aproximação com o espectador e exigia deste uma maior relação, assim, a ponte que ligava a obra do espectador, anteriormente era extensa e agora tende a diluir-se. Agora, eu faço a ponte temporal e de intenção, levando o texto para o tema que me proponho, que vai mais no sentido da relação obra de arte, ou melhor dizendo, do objecto artístico, o lugar que ele ocupa na arte e a sua ligação directa com o espectador, mais, a sua necessidade que este faça parte integrante da obra, de várias formas como irei abordar durante este meu trabalho. Referindo o autor, Danto (2006), este afirma, tal como outros e tal como já tive oportunidade de falar e aprender, que, foi sobretudo na década de 1960, que as artes visuais sofreram alterações mais contundentes no campo da estética e da recepção. A experimentação passou a fazer parte da função do artista, e com isso, a recepção, a busca de novos suportes, técnicas, materiais exigiram um novo posicionamento do espectador em relação à obra. Diria que, os anos de 1990 significaram o coroar da condição processual da arte, que buscou, além da expressão de sentimentos e experiências sensoriais, essencialmente, uma atitude, claro que participativa mas, acima de tudo, reflexiva do espectador. Curioso, para mim, é notar que, durante a minha investigação, a palavra ‘obra’ está na época da tradição, do ritual, do culto, bem antes do inicio da baliza proposta e se relaciona com a palavra ‘público’ e mais tarde, essencialmente a partir da arte conceptual e de Duchamp, essas palavras são substituídas por objecto artístico e espectador, respectivamente, até nas próprias designações se percebe uma maior abertura, um fugir com o misterioso, sagrado e distanciamento para uma proximidade, para o descomplexo, social, comum.

“Os primeiros espectadores do Impressionismo devem ter tido muita dificuldade de apreciar os quadros. Quando se tentava verificar o motivo aproximando-se da tela, ele desaparecia. O espectador era forçado a ir para trás e para a frente para captar partes do conteúdo antes que elas desaparecessem. O quadro, não mais um objecto passivo, emitia instruções. E o espectador começava a exprimir as suas primeiras queixas: não só “o que deve ser isto?” e “O que isto significa?”, mas “Onde me devo colocar?”. (O’DOHERTY,2002, p. 63-66)

http://www.comum.com/elainetedesco/pdfs/i nstalacao.pdf A arte impressionista é somente um exemplo, para explorar o que a obra requisitava ou exigia um público que se soubesse relacionar com ela, e por esta não ser de fácil leitura ou percepção a todos, e nada de comum ou de quotidiano havia para se relacionarem, este facto contribuía decisivamente para o distanciamento entre a obra, pintura neste caso, do público. Este como que era obrigado a conhecer também as questões que envolviam a produção das obras de arte se as quisesse fruir. Com o Modernismo a pretensão de alcançar uma extrema especialização, e “ a hostilidade com o público” ser uma das suas principais directrizes, além dos artistas poderem ser classificados segundo o seu talento, estilo ou profundidade, as pessoas tinham alguns parâmetros que lhes permitiam reconhecer o objecto artístico e, mesmo que não o entendessem claramente, poderiam apropriar-se dele. O minimalismo será abordado pelo seu carácter ‘simplista’ mas que ao mesmo tempo de uma reflexão enorme pela forma por o autor referido colocava a sua obra disposta tão naturalmente e sincera, real, fugindo à beleza ou perícia manual. Finalizarei a baliza histórica com a Arte Pública para conectar a intenção da artista escolhida, bem como a função de ready-made que a mesma utiliza

A arte contemporânea teria começado em algum momento da década de 1960: “ o contemporâneo deixou de ser moderno a não ser 3


no sentido do ‘mais recente’, e o moderno passou a parecer cada vez mais um estilo que floresceu de aproximadamente 1880 até algum momento da década de 1960”. (DANTO, 2006, P. 13)

foi criada e comercializada estabeleceu uma tendência que ainda hoje continua actual. Foi Duchamp quem respondeu de forma mais radical às mudanças que foram ‘impostas’ pela era industrial ao mundo da arte.

http://www.ppgartes.uerj.br/spa/spa3/anais/d anielle_amaro_415_426.pdf

Os seus ready-made, alteraram a natureza da arte de uma questão morfológica para uma questão de funcionalidade, transitam da aparência para o conceito. O artista, como que, quis abolir o conceito de arte mas, correu-lhe mal, pois, como dito anteriormente, cerca de 30 anos mais tarde, esta foi aceite. Nesta forma de expressão artística as idéias, reflexões e pensamentos dos artistas sobrepõem-se ao objecto de arte em si. É como que um documento ou um relato das reflexões do artista mas, um documento não escrito, aliás a intenção era mesmo contrária a qualquer explicação, mas somente visual muito própria do artista plástico, e o espectador teria que concluir a obra entendendo as suas reflexões, aqui realço o movimento cíclico constituído por três elementos que dependem uns dos outros para a sua existência: o autor depende da obra e esta do espectador. Este é um dos grandes fenómenos de Marcel Duchamp, o de fazer irromper na esfera artística obras que não dependem de si, nem na construção nem na explicação, a responsabilidade do autor é coloca-las no mundo da arte para depois, ele próprio ser um espectador, e assim, permitir que em todo o tempo posterior ao seu acto se possa continuar a pensar aqueles objectos. Imaginar o inverso será por exemplo, um autor ao explicar a obra e sua intenção ao espectador, está como a viciar ou a limitar a percepção ou entendimento deste, não lhe permite ter uma leitura própria e à sua maneira dando por verdadeira e única a que o autor lhe tivesse dado ou explicado, e parece-me de todo mais eficaz, reflexiva e autónoma a que o autor faz de facto, também pelo facto que depois da explicação, muito possivelmente, o espectador iria dar como concluída a definição da obra, sem sequer ter ele próprio refletido sobre, e assim, fazer com que nunca mais se falasse no assunto, pois este ficava resolvido resolvido.

Todos estes processos artísticos, inaugurados a partir da última década do século XX, aumentam e carregam a relação do público/espectador com a arte contemporânea, chocam, estranham, e assim, há uma exigência nessa mesma relação, sendo que o próprio posicionamento, quer dos artistas quer dos espectadores, são mais estruturados política e socialmente, o que nem sempre acontece.

ARTE CONCEPTUAL; PENSAMENTO DUCHAMPIANO Década de 1960, aqui se encontra o início da minha baliza histórica para este meu trabalho, na Arte Conceptual e com ela o eterno e incontornável Marcel Duchamp, o grande questionador sobre arte, sobre o que é arte, o que é ou poderá ser objecto artístico, a sua função, colocação no espaço, o valor que lhe é atribuído, a forma como é percebida, entre outros conceitos que abordaremos com certeza ao longo do trabalho. A arte conceptual define-se como movimento artístico da actualidade, defensor da superioridade das idéias veiculadas pela obra de arte e relativizando os meios usados para a criar para um segundo plano. O artista Sol LeWitt definiu-a como: “ na arte conceptual, a ideia ou conceito é o aspecto mais importante na obra. Significa que todo o planeamento e decisões são tomados antecipadamente, sendo a sua execução um assunto secundário. A idéia torna-se na máquina que origina a arte.” Wolf Vostell definiu-a como: A arte é vida, vida é arte, 1961.

Esta perspectiva artística com início na década de 1960, embora já Marcel Duchamp, um pouco antes, tinha prenunciado o movimento conceptualista, nas suas propostas de trabalhos como os ready-mades, desafiando qualquer tipo de categorização, usando objectos comuns e já existentes, dando-lhes um outro conceito e função nominando-os de obra de arte ou objectos artísticos, como podemos ver na fig.1, causando com isto, muita discussão e perplexidade, colocando-se mesmo a questão de não serem objectos artísticos. O que, me parece certo, é que visto de uma perspectiva actual, Marcel Duchamp parece ser o mais influente artista do século XX. A sua avaliação crítica das condições em que a arte

Marcel Duchamp afirma: “O artista não tem que estar sempre consciente para a estética ou valores sociais, éticos…a execução do artista está no domínio da intuição, logo não pode ser pensada, falada ou escrita” (OLAIO, 2005)

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lugar e função, nominando-o como obra de arte, está claramente a questionar o porquê de só o que é definido como belo ou estético concretizar-se como arte e o resto não? E outros questionavam se este ‘resto’ seria arte. Estas questões muitas vezes veem à nossa cabeça, principalmente quando confrontamos uma obra conceptual, e fora do comum ou do que estamos habituados a ver, ou as nossas expectativas sobre o que esperamos ver como arte. Arte não é um tema de fácil abordagem, e, depois de Marcel Duchamp, mais ainda, pela sua forma de pensar e concretizar os seus objectos artísticos da forma tão singular e inesperada que atrás referi, colocando-nos perante objectos ou imagens “triviais” ou “não artísticos” em exposições de arte que são surpreendentes mas, a vontade de falar sobre eles, argumentar ou questionar é enorme. Marcel Duchamp, compreendeu que o valor da arte não podia estar dependente do valor único e original, tal como no início da era da reprodutibilidade, como mais tarde Walter Benjamin lha chamará. O impacto da reprodução mecânica teria que chegar à arte, tal como à sociedade em si, por exemplo, e não somente pela via directa (fotografia, cinema) como também pelas alterações conceptuais, por isso era necessário começar a relativizar a importância do objecto na obra em si. Nesta expressão artística conceptual e, essencialmente no pensamento Duchampiano, a escolha, é onde nasce todo o processo artístico que defendeu, inclusive nos ready-made, juntando isto à idéia, o autor radicaliza no plano teórico a máxima de que a arte é a coisa mental, podendo ter também estatuto coisal, juntamente com a mental que será a idéia, ou seja, a racionalidade está na idéia e a emotiva na intuição, sendo a primeira mais pensada ou previsível que a segunda mas, ambas comuns a todos os seres humanos. O grande paradigma de Marcel Duchamp foi transformar o conceito do objecto artístico, e com isto, alargar, também, os seus limites denominativos a partir dos elementos tradicionais de legitimação, como nome, assinatura, título e o contexto espacial. Parte da sua actuação foi questionar o conceito autoral na esfera da arte e vida. Na arte conceptual, é importante salientar que o espectador é, como que, obrigado a deixar de ser somente um mero observador, passivo, pois o entendimento da obra deixa de ser directo, o espectador, além de ver (observar) tem que igualmente visualizar, reflectir e sair da confortável situação de saber, antecipadamente, avaliar se a obra é “bonita” ou “feia”, isto deixa de fazer sentido, e torna impossível ir a uma exposição e dizer “ esta paisagem está equilibrada, a pintura

Fig.1, 3ª réplica realizada pela direcção de Duchamp em 1964 para a Galerie Schwarz. Exposta no Musée national d'art moderne, Paris

A função primordial do artista/autor, como já referido, não é fazer fisicamente a obra mas sim, torná-la visível ao mundo para este lhe dar vida a longo prazo, assim cataliza a responsabilidade no indivíduo, garantindo que a prossecução da arte seja eterna, isto porque, cada indivíduo interpreta intelectualmente a obra à sua maneira, ou seja, é único e capaz de em cada tempo e espaço, libertando-se das condicionantes sociais, colectivos, estéticas, morais ou éticas, dar forma a um pensamento coeso baseado não em pressupostos culturais e objectivos, mas sim, subjectivos e individuais, que se relacionem com a capacidade imaginativa de cada um, assim, Marcel Duchamp, pôde desligar-se dos cânones tradicionais da arte, transferindo os valores artísticos para os humanos, garantindo a própria eternidade da arte. Apresento na Fig.1, o urinol invertido numa fonte, um dos ready-made mais conhecidos e controversos do autor, que inicialmente foi rejeitado pelo sistema das artes embora por volta dos anos 1960 consegue ser aceite como objecto artístico e passa a ser exposto, mesmo como réplica uma vez que o original tinha desaparecido. Marcel Duchamp: ‘…há mais espectadores do que pintores, no agora, e a posteridade será uma forma de espectador…’ (OLAIO, 2005)

Assim, o autor anula o valor de origem e destaca a chegada, dissociando a identidade (ontologia) da obra da sua produção técnica, sendo que a estética (axiologia), ou seja, o juízo de gosto, deixa de fazer sentido, pois a arte está na identidade (ontologia), na idéia. Os seus readymade são exemplo disso mesmo, ao pegar num objecto, tido como banal e comum, transformandoo num objecto artístico, somente alterando o seu 5


está bem feita”. Estas questões clássicas, da era da tradição, nas artes plásticas, como composição, estudo de cor e luz, podem não fazer sentido algum na arte conceptual. O espectador, como já referi, é obrigado a ter que pensar, intelectualmente, a obra de arte, entende-la, tal como o artista o faz. Se, por exemplo, um pintor figurativo necessita de estudar, profundamente, a sua técnica e forma de expressão para concretizar a pintura, um artista conceptual, necessita de um profundo conhecimento de filosofia, história, cultura, bem como, informação sobre o mundo actual e artistas contemporâneos para que lhe seja possível criar reflexões consistentes nos seus objectos artísticos. Assim, pode-se dizer que a arte se torna social, ou mesmo, que a arte se torna útil à sociedade, muito provavelmente não directamente mas, de forma indirecta. Faz com que a sociedade se liberte do ‘habitué’ e tenha que intuir, reflectir sobre o objecto artístico que lhe surge no seu caminho de interacção e visual. Refiro um outro artista conceptualista, Joseph Kosuth, para desde logo o citar “ toda a arte, depois de Duchamp, é conceptual, porque existe apenas conceptualmente”. Como sabemos toda esta arte estava ligada ao pensamento, ao intelecto, e este autor tornou este mecanismo formalmente mais complexo, chegando a explicar o funcionamento da mente de um indivíduo ou de uma colectividade, salientando que a formação do pensamento ocorre sempre a partir de um acto de ligação entre fontes diferentes. Trabalhando frequentemente em lugares públicos, mais próximos da sociedade, assim também ele toma o lugar da arte mais amplo e aberto ou plural. Para realçar ainda mais os intentos de Duchamp e da arte conceptual em si, a exigência que esta fazia ao espectador a nível intelectual, do pensamento, muito mais do que pensar o objecto em si, ou a forma como este é feito, introduzo a obra de Kosuth, Uma e Três Cadeiras, Fig.2, de 1965. A obra era constituída por três elementos que nos indicavam a cadeira mas, de formas distintas, embora possíveis, ou seja, uma fotografia a preto e branco de uma cadeira, a cadeira enquanto objecto e ainda pela definição que um dicionário dava da palavra cadeira. O autor expõe o aspecto fundamental da arte conceptual, ou seja, que, de futuro, a arte não poderia deixar de ser um discurso filosófico sobre a natureza da própria arte. Agora questiono-me a mim mesmo e aos leitores deste trabalho, se alguém nos pedisse para nos expressarmos artisticamente sobre o tema ‘cadeira’ e antes de conhecermos o termo conceptual ou a arte conceptual, pós-Duchamp, em algum momento faríamos um pensamento no mesmo sentido que este autor fez com o tema atrás descrito?

Fig.2 kosuth, one and three chairs, 1965

A minha resposta pessoal é que não, pensar no tema cadeira seria desde logo pensar em unicidade, ou seja, somente vista de uma forma, e depois, ou no desenho, na pintura ou, quiçá, pegar de facto na cadeira e apresentá-la, mas, mesmo esta última já me parece forçada, pois digo isto depois de perceber todo o conceito desde autor e de Duchamp, com isto quero dizer, que fico ‘maravilhado’ ao ter a oportunidade de estudar, investigar e, tentar, perceber como que estes artistas pensavam a arte e o objecto artístico, e tudo o que eles nos deram desde então, quanto às respostas dos leitores, não as poderei saber, guardem-na para vós mas, façam esse pensamento e tentem buscar a resposta, dentro deste contexto.

MOVIMENTO FLUXUS; HAPPENING; PERFORMANCE E INSTALAÇÃO A relação de maior destaque que todos estes movimentos e seus autores tiveram, foi o papel activo que estas teriam que ter na sociedade. Retirar a arte das telas e trazê-la para a vida, para a rua, para junto do espectador, esta, foi outra das enormes lutas ou intentos que tiveram. A relação directa entre obra e espectador passa a ser de intenção fulcral, este terá que definir, habitar e até, integrar-se na obra. O espaço/ambiente tem muito que ver com esta situação, pois a obra, como já sabemos, saí do museu e, é, vulgarmente, colocada em espaços que por norma não eram os seus, incomuns, como jardins, rua, praças, etc. e com isto o choque ou inquietação visual e até de espaço, ou simplesmente sensações, são ‘impostas’ ao espectador, pois a obra passa a estar num habitat social, próximo do indivíduo e, assim, ele já não tem que se deslocar até à obra para ver arte, pode ver e visualizar, intenção

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primordial, mesmo sem querer, pois a arte vem até ele. A tudo isto se chama arte contemporânea e esta segundo o crítico Alberto Beuttenmuller:

No seguimento a estas correntes artísticas surge a instalação, mais um movimento artístico na qual se tornava essencial a interecção do espectador segundo modalidades variáveis, nas quais encontram lugar plantas, animais, pessoas, objectos diversos, caracterizados, mais uma vez, pela dilatação por todo o espaço/ambiente circundante, as instalações não se podem definir como esculturas propriamente ditas, pois poderiam ser pensadas tanto a serem localizadas de forma permanente, tal como a escultura mas, essencialmente porque as instalações ocupavam o seu lugar de forma temporária, eram pensadas para o evento e para o local para depois serem retiradas ou mesmo desfeitas. Aqui também o local escolhido torna-se parte integrante da realização da obra. Na instalação artística, a precaridade torna-se essencial, assim como nas técnicas nascidas neste período, pela duração limitada no tempo e assim, tornam essencial a memória documental feita, por exemplo, pela fotografia ou pelas próprias histórias de testemunhas presenciais no momento da realização, o que torna a realização da obra algo de irrepetível, singular.

“É aquela que traz as influências características da nossa época: são as performances, as ocupações de espaço, as instalações, as interferências e a arte virtual. Quase todas efêmeras e circunstanciais”. A Arte Contemporânea é um grande desafio, já que tenta “desconstruir” o ideal “Obra de Arte” (Por função artística entende-se a representação de um símbolo, do belo) e mostra que a arte não é apenas uma pintura colocada numa moldura e pendurada numa parede. A arte vai além disso, ela mostra o “Objeto Artístico”.

Com esta visão e afirmação, e porque concordo com a mesma, introduzo ao meu trabalho alguns movimentos relacionados com a arte conceptual, desde logo o movimento fluxus, onde os seus princípios se fundamentavam na absoluta interdisciplinaridade dos meios, bem como a importância do processo criativo em relação ao objecto final e a possibilidade de as obras serem rapidamente criticáveis, percetíveis. Este movimento e seus artistas quiseram afastarse da arte para a burguesia e reavaliar as formas de arte popular, trabalhando, por norma, de forma autónoma. Refiro uma sucinta abordagem ao movimento happening, essencialmente, por este movimento se centrar na exigência de colocar o público, além de assistir, a participar, interagir na própria obra, fazendo aqui uma analogia com a arte conceptual, se esta queria uma maior participação do espectador de forma intelectual, fruidora, o happening queria mesmo física, presencial, que o espectador fizesse parte da obra, de uma forma improvisada, sem estar previamente estruturada, ou seja, abertas a qualquer final e, mais uma vez, a ligação ao quotidiano, à vida comum, ao dia-a-dia, pois neste também não conseguiremos programar como o dia irá terminar. Em 1966, Kaprow publicou o livro, Assemblage, Environment and Happenings, no qual definiu uma teoria referente a esta arte particular, “feita de objectos recuperados e agrupados uns nos outros, de ambientes, acontecimentos que decorriam no tempo dilatando as normas da composição pictórica e escultórica. O objectivo era tornar a obra espectadora, contagiante, fugindo a todo custo às regras académicas”. O espaço circundante em qualquer destas artes era essencial, o lugar para a arte ser concretizada, além do espectador e sua interação, a obra era idealizada a partir das características do espaço circundante.

“A popularidade da Instalação, a maturidade da vídeo-obra, as estratégias transformadas da Arte Pública e a continuada relevância da obra especificamente dirigida para os problemas sociais da opressão, racismo e sexualidade, podem ser testemunhas em várias das principais exposições realizadas desde então.” (ARCHER, 2001, P. 204) http://www.dianaaisenberg.com.ar/files/verarodriguesbiblioteca.pdf

Já o conceptualista Joseph Beuyes, que foi um dos grandes mentores de qualquer destes movimentos bem como a escultura, afirmava que “ toda a gente é um artista”, embora mais tarde a sua obra tenha sido influenciada por situações ocorridas na sua vida pessoal, logo de alguma forma “limitadas” às suas vivências mas, esta pequena frase diz muito sobre o que é ser artista e a importância do espectador para que a arte seja completa, entendo que nesta frase ele procura dizer o mesmo que Marcel Duchamp, quando pensando naquele ciclo de autor-obra-espectador e que todos dependem uns dos outros, ou seja, o autor depende da obra e esta do espectador, de outra forma, de facto, parece-me que não faz sentido, pois criar algo que por muito bonito que seja, nada questione, nada indique ou nada faça pensar em quem a recepciona é não fazer nada.

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diversas formas de significado.” (GRABIELA VAZ PINHEIRO, INTERACT 12)

O LUGAR DA ARTE, OBJECTO ARTÍSTICO, ESPAÇO ARTÍSTICO

“…O que realmente me interessa nos processos de questionamento do espaço expositivo no sentido tradicional é a questão da fluidez. Interessa-me testar o movimento do objecto artístico e do espectador através de diferentes espaços e contextos…”…Acho que é importante fazer circular o objecto artistico entre diferentes tipos de espaços porque assim se torna possível testar diversas formas do seu significado. Se enquanto parte do quotidiano ele é arte, poderá ser questionável, mas se o mesmo objecto, ou uma forma de si derivante, é transportado para dentro de uma galeria e acciona os mecanismos de ratificação da obra de arte, então ele passa a partilhar do sistema que faz a obra ser obra de arte. Atenção que não falo mais aqui do que falou já Duchamp. Interessa-me no entanto também testar este fenómeno noutras direcções, isto é in loco. Que o ready-made se torna obra de arte por via da deslocação a que é sujeito não parece já surpreendente, que ele possa instigar um outro significado num local não institucional e de que forma, então começa a ser interessante.” (IDEM)

A partir do final dos anos 1960, alguns artistas começaram a formular métodos para contestar a auto-suficiência dos objectos de arte a favor de obras que analisassem a natureza do lugar, do ponto de vista físico e social, estas obras inseparáveis do lugar para o qual foram pensadas e concecibas podem ser consideradas anómalas numa sociedade em que as mesmas, uma vez no circuito do mercado da arte, passavam frequentemente por diversas mãos. O objeto artístico é uma reflexão, e na arte contemporânea, apoia-se em vários contextos, como por exemplo, sociais, económicos ou pessoais. O lugar do objecto artístico na contemporaneidade como vimos, passa a ser, não somente nas instituições, galerias ou museus mas também em locais do quotidiano, sociais, além de que os próprios objectos artísticos, em grande parte, são também eles do quotidiano, mais chegados ou mais conhecidos pela sociedade, sendo que até o próprio autor pode fazer de suporte artístico, com isto, o objecto liberta-se da sua base, do pedestal, do paralelismo à parede e dos locais ditos sagrados. Passa a ser trabalhado e pensado para espaço como elemento de linguagem plástica e tem como principal objectivo a interação do ser humano com o objecto. O individuo enquanto espectador define, habita, participa e constrói, a obra/objecto artístico, o que exige da parte deste, uma recepção com mais corpo, muito mais sensorial e activa na procura de reflexões, onde se possa incluir o estatuto de arte. “Muito se diz do espaço nos dias de hoje. De facto, esta categoria passou de uma existência inquestionavelmente abstracta e fixa, legado euclidiano, cartesiano e depois modernista, para assumir um carácter múltiplo, dinâmico e aberto a contaminação pela mão dos pensadores pósmodernistas. O espaço artístico, neste rescaldo, não podia deixar de ser afectado por essa radicalidade. Mas este fenómeno nem sequer é recente. Se pensarmos nos ensaios seminais de Brian O'Doherty de 1976, mais tarde publicados na colectânea "Inside the White Cube", percebemos que o espaço artístico já há muito, e de múltiplas formas, que questionava o conforto do espaço expositivo da galeria. O que aconteceu mais recentemente é que as disciplinas por excelência dedicadas ao espaço, como a geografia, a sociologia (o espaço enquanto social) etc., se infiltraram no pensar e no fazer artísticos revogando a concepção do espaço artístico uma vez mais. O que me interessa particularmente são as possibilidades de movimentação da obra e dos sujeitos (criadores e fruidores) por diferentes tipos de espaço, porque nesta movimentação se activam (e re-activam)

Fig.3, Christo, wrapped, trees, 1998, art_conceptual

Coloco esta foto do artista búlgaro Javacheff Christo neste tema, para mostrar a colocação da sua intervenção artística num local público, aberto a qualquer pessoa, logo social. As suas obras e seus intentos, com o passar dos tempos tornaram-se altamente visíveis, mesmo mantendo-se ‘humildes’ pelos materiais utilizados e por não alterarem o estado das coisas. Fascinado com a obra de Man Ray, o enigma de Isidore Ducasse, 1920, Christo começou a embrulhar objectos cada vez maiores até ao ponto de o fazer com uma ilha inteira, ao ocultar algo, está na realidade a realçar, desafiando as modalidades habituais da produção artística e a evitar o circuito das galerias, ou seja, o lugar/espaço para a colocação da sua obra/objecto artístico. 8


mais que isso, embaralha todos os nossos sentidos. Muitos artistas utilizaram suportes já existentes e mesclaram-nos para criar linguagens artísticas. Na arte contemporânea, o passado está disponível para ser reconfigurado numa nova sintaxe e os artistas são aqueles visionários que não param de dar novos significados de modo inédito a situações antigas ou apontar novas possibilidades para aquelas que perderam a sua legibilidade. Diante deste cenário complexo de novas idéias e formas, os homens do final do século 20 e do início desse século 21 deparam-se com o desafio de se lançarem nesse mar de novas proposições com o corpo aberto a novas experimentações bem como ao desenvolvimento de uma sensibilidade que não se reporte apenas à contemplação ou à análise dos elementos formais da obra de arte. O comportamento requerido pela arte contemporânea passa a ser cada vez mais da participação do espectador e da pesquisa interdisciplinar por parte dos artistas e dos teóricos, críticos, curadores, historiadores, filósofos, cientistas sociais.

SITE SPECIFIC Nos princípios dos anos 1960, a linguagem, a fotografia, o sistema em série, o aumento do conhecimento e da consciência do espectador entraram na realização de obras ambientais, as chamadas instalações. Desde esta década, a instalação é efectuada, tanto dentro como fora dos espaços institucionais, como já anteriormente tinha sido abordado em temas anteriores. Quando o conteúdo e a temática da obra provêem do lugar em que é exposta, esta está definida como site specific ou “local específico”. Ser “específico” de um lugar significa descodificar ou recodificar as convenções institucionais para desvendar as acções ocultas e revelar de que maneiras estas acções criam o próprio significado da arte. O lugar, portanto, existe como tal apenas em ternos físicos e espaciais mas, torna-se uma moldura cultural definida pela instituição artística. A especificidade do lugar, ou seja, do contexto em que o artista produz obra ou coloca o seu objecto artístico, tem raízes históricas definidas, identificáveis nas múltiplas negações do objecto no sentido tradicional, portátil e vendível, inauguradas por Marcel Duchamp, e posteriormente continuadas pelas práticas surgidas nos anos 1960, ligadas à arte minimalista, à arte conceptual, à performance e à land art.

ARTE E SOCIEDADE Ninguém será capaz de negar a profunda relação que existe entre o artista e a sociedade, aquele depende desta.O carácter individual da obra do artista depende, contudo, de algo mais: da vontade de formar definida, reflexo da personalidade do artista, não podendo existir arte significativa se não houver acto de vontade criadora. Tal afirmação parece implicar em contradição, se a arte não é inteiramente produto das circunstâncias que nos cercam, sendo a expressão de vontade individual, como explicar a semelhança marcante entre obras de arte pertencentes a períodos distintos da história (da arte)?

ARTE CONTEMPORÂNEA Se o objeto artístico, no início do século 20, perdeu a sua ‘aura’, conforme nos ensinou Walter Benjamin, e se, após os anos 1960, o mundo se viu despido das grandes narrativas legitimadoras das ações artísticas, como ditou o pós-modernismo de Lyotard, o museu pensado unicamente como depositário de obras de arte passou a ser insuficiente para dar conta da gama de manifestações artísticas surgida a partir dos anos 1970. A arte que passou a ser chamada pósmoderna por muitos filósofos, historiadores, e que também foi nomeada arte contemporânea pela historiografia, inseria-se numa movimentação de idéias que apontava para o desmantelamento de alguns ideários do Modernismo, para uma liquefação das certezas e ideais que o iluminismo, o marxismo e a psicanálise ofereciam antes como balizas. Mais do que atestados de óbito de formas artísticas, vimos surgir desde então uma série de manifestações que procuram entender esse mundo amplo, mas ainda opaco, que surge com mutações diárias diante da nossa retina e que,

Só se pode explicar metafisicamente tal paradoxo. Os valores extremos da arte transcendem o do indivíduo, da época e da circunstância. Exprimem proporção ou harmonia ideal que o artista pode apresentar somente em virtude das faculdades intuitivas que possui. Para exprimir a própria intuição o artista empregará materiais que lhe vêem às mãos em virtude das circunstâncias do seu tempo. O verdadeiro artista é indiferente aos materiais e às condições impostas, aceita qualquer condição, desde que exprima a sua vontade de criar que o domina.

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ARTE POVERA Arte Povera, movimento conceptual italiano, traduzida chamar-se-á de arte pobre, o próprio significado diz muito do seu conceito, enquadrando-se perfeitamente no tema do meu trabalho e na sua abordagem sincrónica da história da arte. Coloco esta arte e, referenciando dois artistas como o italiano Michelangelo Pistoletto e a grega Jannis Kounellis, como charneira da referida abordagem. Este movimento artístico italiano desenvolveu-se muito próximo da arte conceptual, cerca de aproximadamente uma década mais tarde, e os seus artistas usavam materiais não convencionais, como terra, madeira ou trapos nas suas pinturas, com o propósito de evidenciar um amplo empobrecimento na tentativa clara de eliminar quaisquer barreiras entre a arte que criavam e o quotidiano das pessoas. Tal como todos os movimentos falados anteriormente a ‘socialização’, proximidade entre arte e espectador imperavam. A arte povera teve o mérito de desafiar os padrões da arte vigente, ocupando o espaço com o seu transcendental e intemporal nível de realidade. O uso de matéria viva foi visto de forma bem expressa na instalação de Kounellis onde uma arara foi colocada em frente a uma tela pintada, para demonstrar que a natureza contém cores, ainda, mais vivas do que qualquer pintura. Outras intenções destes autores tinham que ver em origem política, onde se opunham à guerra do Vietname, ainda neste contexto político, e em relação à oposição ou sátira à referida guerra, Kounellis criou acontecimentos e instalações com cacos de gesso de esculturas de antigas esculturas, onde me parece clara a satirização da artista à violência causada pela guerra, colocando o gesso como referência e sempre num contexto pobre, neste caso reutilizando objectos já existentes, tal como usado, por exemplo, nos ready-made de Duchamp. Pistoletto mostrou ainda uma preocupação entre o trabalho e o espectador exemplo disso é a sua obra Vietnã, Fig.5, onde as imagens estavam coladas a um espelho que refletia quem a estivesse a ver, e com isso, tornavam-se figuras transitórias da obra.

Fig.5 Pistoletto, Michelangelo,1933, 1965 Vietnam, Rice University Houston, USA, Pencil, oil, transparent paper

“MINIMALISTA” CARL ANDRE Revolucionou o conceito de escultura como simples objecto a contemplar, colocando vulgarmente as suas estruturas em posição horizontal, paralela ao chão, (ver Fig.6) convidando o espectador a caminhar sobre a peça e a refletir sobre como uma obra de arte pode ser um objecto do qual estão ausentes a perícia manual, a decoração ou a beleza. Andre mostrava os materiais em bruto, naturais, realçando a sinceridade, a pureza por oposição ao ilusionismo tradicional. As raízes desta poética encontram-se em experiências como a do construtivismo russo e as De Stijl bem como à dos abstractivistas geométricos. A estas raízes, junta-se a nova modalidade serial resultante do avanço da produção industrial e a analogia com a tipologia das cidades americanas, dispostas em quarteirões simples e perpendiculares. Aqui, é possível igualmente fazer uma outra analogia com um pintor como Piet Mondrian, realçando o seu último trabalho, igualmente dentro destas premissas, como por exemplo o seu quadro "Broadway Boogie Woogie".

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desagradáveis, mesmo para satirizar propositadamente o provável espectador que estava envolto nas massas e fazer com isso que este tivesse uma reflexão ou intuição para ser capaz de ser auto-crítico quanto ao seu consumismo.

Fig.6 Carl Andre, 8 cortes, 1967 (blocos de concreto)

Para mim faz todo sentido referenciar este tipo de pensamento e criação dentro da minha investigação, desde a reflexão que intuía ao espectador, à simplicidade do objecto artístico, neste caso evidente é como criar espelhos de nada, pois o autor corta o próprio chão mas, a inquietude causada está de toda implícita, a simplicidade usada, e o relativismo axiológico.

Fig. 7, Claes Oldenburg, "Giant BLT (Bacon, Lettuce, and Tomato Sandwich)" (1963)

POP ART; CLAES OLDENBURG Neste ponto da investigação, coloco este tema e este autor por se tocarem no ponto anterior pela simplicidade, se no caso de Carl Andre pelo próprio corte que ele fazia até ao próprio chão, fazendo com que o objecto não tivesse destacado em tamanho mas sim em reflexão, no caso de Claes Oldenburg, destaco a sua simplicidade do objecto, no caso das suas esculturas com dimensões relevantes, pois era valorizado por este autor a valorização da imagem ‘coisal’ interventiva na sociedade, quer na sua própria localização, vulgarmente em espaços comuns de quotidiano mas com uma absoluta nulidade de consciência, satirizando com a sociedade de consumo e cultura de massas, como que fazendo querer que estes só se cingiam pela imagem, pelo que lhes vendiam e incutiam visualmente, fosse bom, útil ou não. Um outro aspecto do seu trabalho e que vinca perfeitamente o que aqui refiro, é quando o autor acumula objectos encontrados na rua, ou seja, desperdiçados ou rejeitados pela sociedade e com eles fazendo montras tal qual uma pastelaria qualquer, mais uma vez mostrando uma irónica sátira à sociedade de consumo e materialista. Sucessivamente, também este autor se centrou no culto do objecto banal e no trair das suas funções, criando, por exemplo, as tais montras das lojas, com objectos de tal forma coloridos e aumentados e de modo tão artificial que se tornavam

ARTE PÚBLICA; JOANA VASCONCELOS Se pensarmos que nos últimos, pelo menos, dez anos, a rede física das relações pessoais e sociais foi substituída pela electrónica e virtual, logo, permite a todas as pessoas comunicarem em qualquer momento com qualquer parte do mundo, o que torna as relações humanas etéreas (invisíveis) e flutuantes dentro de um sistema tecnológico, e excessivamente impessoal, onde o indivíduo mais parece um código de barras ou numéricos, onde pode trocar o nome por um ‘nickname’ que contém todos os seus dados, nas quais dificilmente perceberemos se são reais, por haver a falta de contacto, físico, social, visual, estarmos num mesmo lugar, este é destruído pelo efeito de globalização, perde-se o centro, o lugar histórico que liga o indivíduo às próprias raízes culturais, lugar identitário que caracteriza a identidade de quem aí mora, e relacional, que define relações entre sujeitos em função da sua, comum, presença. A sociedade tende a perder identidade individual para passar a genérica. Parto desta, pequena, introdução, não para a criticar a realidade gratuitamente, pois, esta evolução foi criada pelo homem, embora o seu excesso, sim, contesto mas, de alguma forma, toda esta abertura e evolução tem as suas vantagens e vem no seguimento, do que de 11


alguma forma, a intenção dos conceptualistas, como a obra de Kurt Scwitters, de Marcel Duchamp, do Fluxus, entre outros, que buscaram, para romper com o isolamento da arte, abrindo caminho para as actuais e novas experimentações tecnológicas, embora me pareça que tudo está, como dito atrás, está a ser demasiado, e com isto, a perder-se a relação com o lugar físico, espacial, de quotidiano. A artista que finaliza a minha baliza histórica nesta investigação, Joana Vasconcelos, terá com certeza, e mais tarde abordaremos isso mesmo, intenções, ou melhor a falta delas, mas esta de que falo, não será de todo, pois a artista vai contra estes conceitos atrás falados quanto à excessiva e perigosa evolução tecnológica, ela distancia-se da maioria da actual arte do final do milénio e início deste, que contém obras que essencialmente só são visíveis virtualmente, pela internet, e que colocam o lugar da arte, além de mais amplo, as nossas casas passam a poder ser um outro local, mas, a meu ver, com isto perde-se o lugar físico, o confronto directo entre objecto artístico e espectador, o lado social, cultural, presencial, também, as emoções geradas pela interacção entre ambos, enfim, perde-se aquilo pelo que se lutou em tantos anos da história e que os movimentos que temos vindo a falar conquistaram. Claro que aceder a museus e galerias virtuais, ver um vídeo documental ou baixar uma fotografia pela internet é um acesso rápido directo mas frio, impessoal, prefiro, ir à galeria, ao museu, ao espaço público e ver, sentir, ter a adrenalina que só quem já passou pelos dois casos podem perceber, ou não. Joana Vasconcelos tem na sua arte muito que ver com a de Marcel Duchamp e os seus ready-made, no meu entendimento, desde logo porque a artista portuguesa reaproveita objectos comuns, banais, do quotidiano das pessoas e por vezes, rejeitados por essas mesmas pessoas, ou porque o seu lugar e função é tão comum que já se torna ignorado, ou então porque rejeitados e trocados por outros ou ainda deitados fora, aquele facilitismo tão comum à sociedade de massas e ao consumismo, materialismo tão em voga no indivíduo, para de alguma forma intuir à reflexão deste, quanto à menor ou nula valorização que este dá ao objecto escolhido pela artista, retirandoo ou da sua função ou mesmo da aniquilação do mesmo, e aqui pode entrar também a defensa ambiental, proporcionando-lhe uma nova vida, dando-lhe um outro conceito e uma eternidade tanto defendida por Marcel Duchamp, criando verdadeiras esculturas, imponentes e eternas, dando como exemplo a obra criada com tampos de panelas que num todo criam um sapato feminino, o Dorothy, Fig.8, uma obra que mais que imponente se torna eterna sendo igualmente uma sátira à

sociedade de consumo e que ironicamente, coloca ou pode colocar o indivíduo que ignorou ou rejeitou o objecto singular, o tampo, perante o objecto, agora, artístico, admirando-o. A obra que aqui falo, como sabemos, foi exposta numa das bienais mais importantes a nível europeu e até mundial, a Bienal de Veneza, o que a coloca num patamar importante e aceite pela arte e o meio em geral.

Fig.8, joana_vasconcelos_dorothy,2007

Será justo dizer, mesmo que a sua entrada em galerias, bienais e museus internacionais seja discutida e que os colecionistas, curadores, comerciais têm uma intervenção decisiva quanto à escolha do autor, o facto é que tudo isto faz parte da actualidade e da arte e suas decisões, que a artista tem suportado, e quiçá superado, todas e quaisquer dúvidas ou expectativas, e tem conseguido manter-se a um nível alto e de referência, porventura inesperado mas, nunca antes alcançado por um outro artista português, Joana Vasconcelos terá que nele prosseguir “sem rede” para que o seu êxito, quer das vendas altas que já alcançou quer das solicitações para grandes eventos de arte que se têm sucedido se mantenham, e assim, continuar a ser uma maisvalia para a arte portuguesa e fazer com que esta se libertar de muitos e muitos anos de invisibilidade, isto sim, importa igualmente salientar e não somente ficarmos incrédulos por a autora ser a referência, pela sua arte, pela sua escalada. Como atrás foi dito, Joana Vasconcelos conseguiu uma enorme venda o coração independente dourado, 2004 na Christie´s leilões, por um valor nunca antes atingido por algum artista português, este sucesso, confirma o grau de aleatoriedade deste facto faz com que, não apensas na política, os cenários sejam desfeitos ou alterados por causas que ninguém se lembrou de enunciar e prova que o êxito mediático junto do maior número de pessoas “vulgares” pode coincidir com o maior êxito comercial num mercado de especialistas, pois estes saberão ‘controlar’ à sua maneira o “vulgar”. A popularização/internacionalização de uma obra de arte pode nascer da exposição de 12


uma linguagem onde a sua especificidade seja facilmente descrita ou interpretada pelo público e, rapidamente localizável num espaço históricocultural ou mesmo psico-sociológico, ou seja, que vive da transformação/recriação de um ou vários tipicismos regionais ou da definição de um subjectivismo radical, desde que ambos no domínio da espectacularização, no caso, fazendose valer essencialmente da escala usada.

CONCLUSÃO A minha investigação foi direccionada em volta, de parte, da arte contemporânea. A arte conceptual, com destaque para as acções e conceitos de Marcel Duchamp até à arte pública que Joana Vasconcelos produz. Dentro desta baliza histórica escolhi alguns movimentos que interligassem ambos os movimentos e artistas, onde a conceptualidade e a reflexão intelectual do indivíduo fosse exaltada e explorada, tentando encontrar uma linha de proximidade quer a uma ponta da baliza quer à outra, usando como charneira arte povera. Todos estes movimentos usam materiais pré-existentes para se expressarem, mesmo que de modo distinto. Na arte conceptual o objecto é relativizado e sobreposto pela intenção de intuir ao espectador uma outra forma de refletir sobre o mesmo, criando-lhe inquietação por lhes serem comuns, banais mas, alterando-lhes o seu habitat natural, sendo esta atitude e pensamento duchampiano o cerne de todas as questões e acções realizadas pelas artes seguintes. O conceito sobreposto ao juízo de gosto fez, de facto, toda a diferença na história da arte que se segue e permite uma panóplia de movimentos e acções que se desenvolvem cada vez mais plurais e livres de preconceitos, rituais e, permitiu, por exemplo, que o espectador tivesse uma interação mais vincada e presente na arte, pois este teria que definir a obra, pensar sobre a mesma, percepcionar e não simplesmente ver e opininar de uma forma leiga ou ligeira. Houve mesmo a necessidade de o artista ou mesmo o espectador estão presentes na obra, há artistas que fazem do seu corpo o suporte do objecto artístico, para se colocar mais próximo do espectador e para que este se sinta ainda mais integrado, curioso, questionador e claro entendedor. Inovador e amplo, com tudo isto, também passou a ser o espaço, o lugar onde a obra se iria colocar, interferir, colocando em causa, ou afastando-se mesmo do lugar sagrado a que se estava habituado, como os museus, galerias, que tanto estava enraizado, e se os objectos artísticos passaram a ser outros, comuns e banais do conhecimento público, também os lugares, os espaços para se fazer e expor arte, passaram a ser, da mesma forma, comuns e banais, ou seja, as ruas, os campos, as praças, tudo ambientes habituais e sociais, toda aquela ‘etiqueta’ ou receio ou mesmo falta de conhecimento que o público tinha ou poderia ter em relação ao ‘lugares sagrados’ libertou-se e fez com que a arte fosse para todos, fazendo com que esta ficasse mais socializada. Esta foi uma das premissas da minha investigação e, ficou constatada, se é que já não estava. Claro que com isto não só o lugar físico se alterou ou alargou na história da arte, há também,

“Joana Vasconcelos e a sua entrada nos circuitos internacionais, terá que ver com a sua liberdade de uniformidade culta das linguagens contemporâneas, cuja ideologia tende para a depuração formal, para o auto-referencialismo e o radicalismo conceptual, a autora recupera para a arte erudita um nível de transformação das linguagens e técnicas populares portuguesas tão descomplexo, mas, nada críptico nem crítico, factores decisivos para a sua aceitação não ter total, embora esta sua, provável, intensão, de não inserir nas suas obras ligações ou projectos ideológicopolíticos nem de se sentir menorizada frente às linguagens não-decorativas tinha sido explorado por alguns artistas na década de 40 e 50 do século passado e podem ser consideradas vantajosas, em parte, porque o sucesso e reputação é o reflexo para isso mesmo.” http://www.cacadoresdegambozinos.com/20 07/02/joana-vasconcelos.html Porventura o não reagir contra os ditames impostos pelo mercado actual e a sua comercialização, desde curadores, juízes, galeristas e mercado privado, é o factor menos positivo da artista, bem como criar arte com a falta de propostas empenhadas em questões de realidade política. Reparo que a artista trabalha mais em função do próprio mercado descurando, de certa forma, temas mais reflexivos, discutíveis, de mudança, sendo estes importantíssimos na arte e sem isto a obra, arrisca-se, a torna-se de facto mais ‘passiva’. Em todo caso, reflexão, social e popular, sempre haverá, diria que é ‘simplista’, pelo simples facto de a sua obra ser interpretada por todos, leigo e fruidor, ou seja, pela aproximação do seu significado ao público, a partir de elementos facilmente identificáveis, comuns a todos e pertencentes ao quotidiano mas, o sistemas das artes, repito, pode ser um enorme motivo para as suas motivações, passe o pleonasmo.

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no próprio lugar que o objecto artístico toma na arte, este é de forma significativo e percebido no decorrer da minha investigação, se até então a obra e público tinham uma relação muito forte, pelo distanciamento existente entre eles, com a aceitação e integração do objecto artístico, que passa de alguma forma a substituir a chamada obra de arte, o público passa a espectador, estas novas ‘definições’ são reveladores de uma maior aproximação entre arte e espectador, quer pela reflexão que este tem quer pela socialização que passa a imperar.

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Em relação aos autores, relevo as enormes inovações e pensamentos do Christo pelo embrulhar do objecto artístico, fazendo com isso uma analogia à máscara social que as pessoas apresentavam, a perca ou o esconder da identidade, vejo esta questão no seu trabalho além do realce que ele quer dar pelo ocultar, pois o oculto chama a curiosidade e a vontade de ver, assim, as suas obras eram destacadas e procuradas. Já a actuação de Carl Andre, que quase retira o objecto, ou retira mesmo em termos de cota, na obra abordada na investigação, pois coloca a obra paralela ao chão, aproximando-se com a abstração, neste caso geométrica, pelo desenho da forma dos seus objectos e a ligação, por exemplo à arquitectura e a Piet Mondrian, para mim, foi uma descoberta positiva daí o meu destaque, é uma forma interessante, colocar o espectador sobre o objecto artístico e fazer com que reflita nessa mesma posição, impondo uma atenção superior, pois vai ao desencontro da colocação dos objectos com cotas positivas e que estão mais próximos da direcção normal do campo de visão. Quanto Joana Vasconcelos, a artista que fecha a baliza histórica do meu trabalho, quero destacar o seu trabalho no sentido que o mesmo se relaciona perfeitamente no de Marcel Duchamp, o outro topo da baliza, fazendo do apropriacionismo, algo que muito está em voga no actual sistemas de artes, um dos seus intuitos, e quer trazer a arte para o espectador, tal como qualquer dos outros artistas estudados mas, com o acréscimo que a sua arte está envolta no popular, vai às raízes do povo, não propriamente só do português, pois qualquer dos objectos utilizados pela artistas são populares, comuns à maioria das culturas, ou multiculturas que estão cada vez mais integradas na globalização actual, e a autora joga perfeitamente com isto, mesmo que assim, se possa tornar comercial em detrimento dos grandes pensamentos teóricos que façam o espectador refletir e intuir ao seu intelecto mas, o que é certo é que no sistema actual do mercado das artes a artista está a vencer e num curto espaço de tempo.

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[consult. 2012-06-10]. Disponível em: http://www.pistoletto.it/ [consult. 2012-06-09]. Disponível em: http://www.evai.net/content/view/1234/44/ [consult. 2012-06-09]. Disponível em: http://www.propagandistasocial.com/2012/03/31/joan a-vasconcelos-apresenta-exposicao-em-versalhes/ [consult. 2012-06-09]. Disponível em: http://www.joanavasconcelos.com/ [consult. 2012-06-09]. Disponível em: http://www.ppgartes.uerj.br/spa/spa3/anais/danielle_ama ro_415_426.pdf

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