Recensão Crítica

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Filme Biográfico sobre: Bill Viola “The Eye of the Heart” Realizado por: Mark Kidel 2002 59’ Recensão Crítica Como se percebe no título da minha recensão, a mesma irá incidir sobre a vida, e a sua narrativa, do artista Bill Viola, onde se perceberá o progresso do seu trabalho, desde os finais da década de 60 do Séc. XX até à actualidade. Tentarei pontuar as principais características e diferenças ao longo deste tempo, na sua obra, bem como a forte ligação do seu trabalho à sua vida pessoal e familiar, que será de alguma forma marcante e decisiva no seu processo artístico e na percepção da mesma, pois até o próprio artista, consoante esses momentos marcantes, altera a sua visão ou percepção do mundo, da arte, e do seu próprio modo de produção ou decisão do que pode ser mostrado, apresentado nas suas obras. Além desta breve nota introdutória, abordo agora, de forma igualmente breve, a vídeo art por ser a prática artística onde o autor de insere, que por sua vez se encontra do campo epistemológico da Arte Conceptual. Não é por acaso que quero abordar estes dois conceitos, até porque, além de se reflectirem na obra de Viola, são de certa forma os que melhor se conjugam para a concretização, mais pura ou plena, da Arte Conceptual e da sua matriz teórica que ‘define’ a Arte como Conceito ou, como nos diz Joseph Kosuth “ (…) a Arte só existe conceptualmente. 1” Ou seja, a Arte está no pensamento e não propriamente na técnica ou na coisa. Sendo que a video art, leva-nos precisamente a esse pensamento em detrimento da matéria em si, leva-nos a um pensamento que nos faz ganhar consciência, seja de uma obra, seja de nós próprios, do outro ou mesmo do mundo que nos rodeia, concretizando-se, com isto e em absoluto a Arte Conceptual, o conceito de arte como conceito absoluto, sendo esta a matriz, a fonte. É o elevar, decisivo, do pensamento à essência, do pensamento como factor indissociável da arte, da sociedade e o Eu, do individuo. Em paralelo à época vivia-se um contexto político-social conturbado, tal como Viola faz referência no filme à Guerra do Vietname, “Era a época da Guerra do Vietname. Para a minha geração de protesto político fazia parte da vida quotidiana e essa foi a minha maneira de obter, até a idade adulta, um sentido político (…) 2”, Que fez despoletar uma enorme contestação social, onde o próprio jovem artista se inseria sendo mesmo o porta-voz de uma grupo de activistas que lutavam, entre outras coisas, contra as regras e convenções dos poderes totalitários que eram impostos à sociedade para que estes fossem manietados do pensamento próprio, particularmente questionando o que era passado, à sociedade, pelos media e pela televisão e tentavam que não houvesse qualquer “ (…) interferência a partir de qualquer fonte externa. Temos que decidir o que vemos e editar. A força motriz por trás do movimento-vídeo no começo foi o facto de que nós, eu, e as pessoas pudéssemos fazer a nosso própria TV. Uma televisão que reflectisse as nossas ideias e não as ideias de uma grande corporação que nos controla e nos diga como devemos pensar (…) 3 “. Com isto, os protestos ganharam força e legitimação nos próprios meios de comunicação, para uma mudança de consciência, a chamada contra cultura. Neste contexto de contestação social e aproveitando o boom tecnológico deste período, os artistas mais atentos 1

Conceito abordado no âmbito da U.C. de História da Arte Contemporânea sobre a Arte Conceptual quando J. Kosuth afirma que a Arte depois de Duchamp é conceptual, em natureza. A Arte só existe conceptualmente. 2 In filmografia “The Eye of the Heart”. Tradução própria. 3 ID, Idem.Idem.


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