Scoring Wilder - R. S. Grey

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O que começou como uma brincadeira – seduzir o treinador Wilder – logo se tornou um gol que precisava marcar. Com as eliminatórias Olímpicas chegando, a última coisa que Kinsley Bryant – de dezenove anos – precisa, é adicionar Liam Wilder ao seu prato. Ele é um jogador de futebol profissional, o bad-boy favorito da América, e tem todas as qualidades de um especialista em tirar calcinhas: • Um rosto que faz as meninas chorarem. • Abdômen que pode retalhar o queijo parmesão (o do tipo caro). • Confiança suficiente para mudar a atração gravitacional da Terra. Sem mencionar que Liam está estritamente fora dos limites. Proibido. Seus treinadores deixaram isso perfeitamente claro. (Ou seja, Flerte com o treinador Wilder em qualquer lugar do campo e você será cortado do time mais rápido do que poderia contar as tatuagens dele.) Mas isso só o torna ainda mais atraente... Além disso, Kinsley já contava com as proibições, e ela não é de deixar um projeto inacabado. Kinsley tenta jogar o jogo à sua maneira enquanto eles navegam através de território proibido, mas Liam está determinado a ensinar-lhe toda uma nova definição para o termo, entrosamento de equipe. Um divertido & sexy New Adult Romântico.


Capítulo 1 Engana-me uma vez, a culpa é dele1. Engana-me duas vezes... que porra realmente está acontecendo? Como no mundo consegui pegar meus dois últimos namorados me traindo? Não, não juntos. Embora, isso tivesse sido muito mais poético, e, pelo menos, eles poderiam ter me incluído, ou algo assim. A realidade era muito pior. — Uau. Isso que é prazer ao entrar. — Observei duramente enquanto estava na porta do quarto de Josh. Josh e uma piranha sem nome gritaram e pularam para trás da cama, fazendo o lençol azul marinho cair no chão. Seus olhos castanhos me encontraram e, por um breve segundo, lamentei a perda de seu olhar quente, mas depois, o meu campo de visão se ampliou e fui golpeada com a triste cena diante de mim. Meu namorado de quatro meses estava me traindo. Não, nada disso. Meu amigo de quatro anos, que virou meu namorado há quatro meses, estava me traindo. — Oh, não. Por favor, não parem por minha causa. Sou apenas a namorada dele. — Assobiei para a fulana, tentando acalmar meu temperamento. Eu era conhecida por ser mal-humorada em um dia bom, de modo que era difícil me impedir de transbordar agora. O cabelo castanho escuro de Josh estava despenteado pelas mãos da piranha. Suas características estavam nitidamente patéticas, mas ainda bonitas. Mal olhei na direção da garota. O cabelo loiro platinado foi a única característica que observei. Provavelmente porque era brilhante o suficiente para queimar 1 Em inglês o ditado é um pouco diferente: Engana-me uma vez e a vergonha é dele.


minhas córneas. Primeiro, ela rouba o meu namorado, e depois me deixa cega. Apenas ótimo. O meu julgamento de caráter é tão desalinhado que não posso separar os bons dos maus? Não, talvez seja apenas pelo fato de escolher os caras que não conseguem manter as vagabundas fora de suas calças. Aquele tipo: jovens e insanamente lindos. — Kinsley! Não é... — O que parece, — eu terminei pra ele. — Uau, Josh. Você sabia que Trey disse a mesma coisa, mas ele não tinha esse olhar angustiado que você tem agora. Sério, bom trabalho. — O aplaudi com um olhar duro. Meus aplausos ecoaram pelo quarto, e percebi então que era hora de sair. Ele era um cara diferente, com uma garota diferente, mas havia essa mesma sensação de náusea no estômago, como se eu estivesse prestes a desmaiar ali mesmo. Virei e xinguei ambos antes de voltar à sala para pegar minha bolsa. Ouvi barulhos e grunhidos embaraçosos atrás de mim, mas não me virei. — Josh, aonde você vai? Deixe-a ir, nós não acabamos! — Oh bem, ela ainda não tivera seu orgasmo. Talvez o meu timing não fosse tão ruim assim. — Kinsley! Espere! — Josh gritou atrás de mim. Será que ele achava que nós estávamos no meio de uma novela? — Josh, acabou. Não se preocupe, — eu disse e joguei minha bolsa no ombro. Ele estendeu a mão para o meu braço, e precisei lutar bravamente com a vontade de socar o pau dele. Sério, é tão difícil ser fiel? Os homens são fisicamente incapazes? — Kinsley! Eu te amo. Eu te amo! — Ele me virou, segurando o lençol com a mão direita e segurando meu braço com a outra. Seus olhos eram selvagens, e por um breve momento, eu acreditei nele.


Oh Deus. Ele me amava. Ele veio com essa. E sabe o que é triste? Eu nem acho que ele estava me enrolando. Acho que o pobre coitado realmente pensava que me amava. — Bem, se é assim que você mostra seu amor, eu não consigo imaginar as coisas complexas que você faz para seus pais. — Por favor, me ouça. Isto não significou nada. Eu não escutava. Já construía um muro entre nós. — Obrigada, Josh. Obrigada por arruinar a minha capacidade de confiar, de modo que qualquer cara que venha depois de você terá automaticamente as cartas empilhadas contra ele. Josh roubara outro pedaço do meu coração; a minha ingenuidade, a minha inocência, e a esmagado sob seu corpo perfeitamente tonificado. Quando o conheci, eu estava no caminho de me sentir cansada de todo o processo de namoro. Já havia sido enganada uma vez por meu namorado de seis meses, Trey, que também era o cara que tirou a minha virgindade. (Eu sei, eu sei, eles deveriam fazer um cartão postal para essa experiência, já que é tão clichê: Opa, desculpe, o seu namorado do ensino médio não pôde segurar suas calças... aqui tem um bonito cachorrinho vestindo uma gravata borboleta.) Mas agora? Agora eu já corri aproximadamente 15 quilômetros exaustivos. Era hora de trocar os meus vestidos de grife por vestidos de senhora estampados e pantufas caseiras. Talvez eu pudesse participar de um grupo de apoio para divorciadas de mais de cinquenta anos. Sabe, aquelas mulheres que decidem que não precisam de homens para ser feliz. Elas só tricotam, fazem viagens em grupo para o Caribe, e dizem coisas como Eu sempre quis sair para comer, mas Jeff insistiu pra eu cozinhar para ele. Vou sair para comer todas as noites agora, droga! Único problema: Eu tenho dezoito anos. Elas provavelmente pensariam que estou tentando ser uma contundente hipster2.

2 Hipster é um termo frequentemente usado para se referir a um grupo de pessoas pertencentes a um contexto social subcultural da classe média urbana. A cultura hipster é marcada pela música


Seja como for, eu iria descobrir. Josh continuou gritando meu nome enquanto eu saía do apartamento dele. Uma grande parte de mim queria jogar no lixo tudo em meu caminho, mas ele se mudaria no dia seguinte e não acho que seria certo ferrar o senhorio dele. Em vez disso, apenas joguei meu cabelo castanho sobre o ombro e saboreei o fato de que minhas pernas pareciam assassinas em meus minúsculos shorts. Continue gritando Josh, mas eu nunca voltarei atrás.

independente, saudosismo recorrente, uma variada sensibilidade para a tendência nonmainstream (não comum, não recorrente) e estilos de vida alternativos.


Capítulo 2 — Inferno, não tem fúria maior do que a de uma mulher desprezada! — Eu gritei, batendo a quinta dose da noite. O licor deslizou sobre minha língua, mas eu mal podia sentir o gosto. Era o meu décimo nono aniversário, então eu tinha permissão para ficar um pouco selvagem. Para não dizer que já se passaram duas semanas desde que eu peguei Josh me traindo, e estava apenas entrando na fase de, os caras-podem-se-foder. Em seguida seria a fase de, os caras-podem-realmentese-foder, a etapa final e crucial no processo de chateação e sofrimento. — Não sei, Kinsley. A tequila provoca um furor muito perverso. — Emily franziu o cenho quando pegou o copo da minha mão e o substituiu por um copo de água. Conheci Emily apenas há alguns dias, mas já poderia dizer que teríamos uma relação simbiótica. Ela era a epítome da garota tímida da porta ao lado, e eu era completamente o oposto. Emily e eu éramos duas de cinco calouras do time de futebol feminino da Universidade Los Angeles. Era o início de junho e o treinamento no campo começaria bem cedo na manhã seguinte. Eu sabia que brincava com fogo por beber na noite anterior, mas as meninas veteranas me garantiram que eu estaria bem. Elas disseram que o primeiro dia era principalmente sobre coisas técnicas; basicamente um monte de palestras e reuniões sobre o que o programa espera de nós. O verdadeiro treino não costuma começar até o segundo dia. Olhei pra Emily e fechei um olho para que eu só visse um dos seus olhos. Ela era bonita, seu cabelo vermelho de comprimento médio, e suficientemente brilhante para me fazer chamá-la de pêssego3 pelo resto da noite.

3 Usado para mulheres lindas e atraentes


— Em, você é tão bonita. Já te disse que você é tão bonita? Porque você é tão bonita. Ela corou e fiz uma nota mental para dar à garota certa confiança. Deus sabe que eu tinha o suficiente por nós duas juntas. Você pensaria que ter sido traída duas vezes estragaria isso, mas seria necessário muito mais do que dois caras idiotas para anular a quantidade de olhares bajuladores e cantadas não solicitadas que caíram sobre mim durante toda a minha vida. Peguei a mão de Emily e a puxei pelo corredor até o banheiro. Estávamos prestes a sair de casa para uma festa e eu queria ter certeza de que não borrara toda a minha maquiagem. Felizmente, não era difícil manter o rímel e o gloss. — Você acha que isso é uma ideia inteligente? Ir a uma festa antes do nosso primeiro treino? — Emily perguntou, olhando para mim através do imaculado espelho. Franzi os lábios e balancei o dedo como se estivesse prestes a lhe devolver a razão. — Nós vamos ficar bem, e quem se importa? É meu ANIVERSÁRIO! — Gritei tão alto que Emily franziu o nariz em desgosto. Deus, nós éramos tão diferentes. Gostaria de saber se a nossa amizade duraria o verão. Ela era uma menina da cidade pequena do Meio-Oeste, enquanto eu nasci e cresci no mundo do futebol em LA. — Tudo bem. Vamos nos divertir e voltar a tempo de dormir um pouco antes do treino, — disse Emily, balançando a cabeça em concordância. Eu já estava corrompendo a garota. — Como você parece bem após cinco doses? Sério? — Perguntou Emily. Desviei o olhar do dela e vi minha aparência. Tudo estava exatamente como deveria estar: rosto em forma de coração, nariz pequeno, lábios cheios, pele bronzeada e olhos azuis brilhantes que pareciam quase falsos contra minha longa cabeleira castanho escura.


Tenho a estatura média e estava em grande forma graças ao futebol. Braços magros e pernas tonificadas como uma corredora de maratona. — Você está brincando? Eu mataria por essas pequenas sardas. Você se parece com a pequena pastorinha! — Eu ri, pegando a mão dela e forçando-a a girar em um círculo como uma bailarina. Quão bêbada eu estava neste momento? Emily riu e se virou, tropeçando em seus pés e me fazendo rir ainda mais. — O que as sardas têm a ver com a pequena pastorinha? Uma batida estrondosa soou na porta antes que eu pudesse responder. — Vamos nos mexer! Se não sair agora, não haverá qualquer bebida boa na festa! Meus ouvidos se animaram com isso. A festa era onde eu precisava estar. Era minha última esperança de ter um bom aniversário. Até agora foi um pouco deprimente. Eu despejara meu namorado traidor duas semanas antes, meus pais me abandonaram na neve do Aspen Country Club, e todos os meus amigos da escola foram para a faculdade. Eu mesma comprei um pedaço de bolo de creme italiano e comi sozinha em um café, observando as pessoas e me sentindo extremamente solitária. Esta festa era o meu fio de esperança, e eu precisava ter certeza de fazer o meu melhor. — Mostre o caminho, Pequena Pastorinha! — Pisquei e tranquei meu cotovelo com os de Emily antes de sairmos do banheiro. Voltamos para a sala e examinei o grupo de meninas que formaria o meu time de futebol pelos próximos quatro anos. A maioria delas eu conheci quando estava sendo recrutada. Todas pareciam boas o suficiente, e sabia que as conheceria muito melhor, assim que começassem os treinos. As mais velhas eram as únicas meninas que pareciam poder querer causar problemas. Tara era a capitã da equipe e tudo sobre ela gritava tendências


tirânicas. Suas companheiras mais velhas a seguiam por aí como pequenos minions, exceto as que eram menos bonitas. Espero acabar do lado bom de Tara, mas a experiência passada me dizia que era menos do que provável. Eu estava fortemente recrutada para a equipe e já fui eleita a estreia do ano por várias revistas de futebol antes que eu assinasse com a ULA, razão pela qual seu radar já estava sintonizado em mim. Eu era uma ameaça ao sistema dela, o que ficou perfeitamente claro quando ela me esnobou na frente de todos nos testes, alguns meses antes. Seja o que for. Se eu pudesse sobreviver a ela, então eu estaria bem. Só precisava fazer o meu trabalho e jogar um excelente futebol, dessa forma ela não teria nada a reclamar. —

Kinsley,

Emily,

esperem

por

mim!

Becca

gritou

enquanto

atravessávamos a porta da frente. Becca era outra estreante na equipe. Ela se mudou para a casa das Novatas no dia anterior e quase não houve qualquer momento para nos conhecermos, mas eu já poderia dizer que nossas personalidades se misturavam bem. Ela era linda; era apenas alguns centímetros mais baixa que eu, com olhos castanhos e cabelo loiro brilhante. Virei para esperar por ela enquanto corria da casa dos Calouros, a qual ficava ao lado da casa dos Veteranos. Nós chamamos de casas dos vet e novatos para encurtar. — Pensei que você estivesse nos abandonando, — eu disse, estendendo a mão para colocar meu braço em torno do ombro dela. — Não. Eu precisei correr para a casa dos novatos para pegar uma coisa. — Ela acariciou a bolsa com um sorriso orgulhoso. — Ahhh, — balancei a cabeça quando chegamos ao SUV. O plano era nos aglomerar em um único veículo, de modo que apenas uma pessoa teria que ser designada a dirigir. Não era a forma mais segura de transporte, mas teria que funcionar.


— Emily, mantenha as mãos onde eu possa vê-la, — brinquei e deitei no colo das três meninas. — Ei, Kinsley! — Emily protestou, e todas no carro riram. Só para acalmar os nervos, me abaixei e puxei a barra do meu apertado vestido para baixo para que ele cobrisse tudo. — Você está tendo um bom aniversário até agora, Kinsley? — Tara perguntou do banco do passageiro. Engraçado como nós estávamos empilhadas na parte de trás como sardinhas, mas de alguma forma ela conseguiu pegar o banco da frente só para ela. — Sim. Tem sido muito bom, — eu menti, alinhavando um sorriso para provar o quanto eu estava disposta a jogar o jogo. Realmente não queria estar no lado ruim dela. — Ah, é mesmo? Sofie viu você sozinha comendo um pedaço de bolo naquele café perto do campus. — Ela me lançou um olhar completamente comovente com os olhos tristes e uma pequena careta. Nem sequer olhei para Sofie, a motorista e co-capitã da nossa equipe. — Oh estranho... eu estava lá com Leonardo DiCaprio. Ele deve ter ido ao banheiro enquanto Sofie me espionava, — brinquei, fazendo todas caírem na risada no SUV, exceto, é claro, Sofie e Tara. Eu sabia que o comentário, me espionava, foi um pouco agressivo, mas que tipo de valentona perturba alguém em seu aniversário? — Espionando você? Nós temos coisas melhores a fazer, Bryant, — ela zombou, e virou para frente. Não me importava quando as companheiras da equipe me chamavam pelo meu sobrenome, mas com ela, era quase como uma alfinetadinha, como chamar alguém de criança quando você é da mesma idade que elas. — Nós vamos cantar feliz aniversário quando chegarmos à festa! — Becca sugeriu e se apoiou na metade do meu corpo em cima do seu colo. Todas


concordaram e prometeram cantar logo que chegarmos. Seu apoio me deixou bem naquele momento e deixei os comentários de Tara rolar pelas minhas costas. Ainda era demasiadamente cedo para ter uma inimiga como ela nessa temporada. Um club mix4 veio do rádio e Tara estendeu a mão, colocando o volume em plena explosão e todas começaram a dançar. Becca girava seus quadris embaixo de mim, fazendo meu corpo saltar para cima e para baixo. No meu estado embriagado eu não poderia manter meu equilíbrio. Um movimento de dança bastante agressivo me jogou pra frente, de modo que minha bochecha colidiu com o console central. — Jesus, Becca, seus quadris deveriam ter seu próprio rótulo de advertência, — eu ri, com a mão no meu rosto. Já podia sentir uma contusão se formando. — Oh, merda! Desculpe, Kinsley, colocaremos um pouco de gelo na festa, — ela riu e me ajudou a voltar para o colo dela. Mesmo com meu rosto pulsando eu não conseguia parar de rir com Becca. Sim, nós seríamos uma dupla dinâmica nesse time. Quando finalmente chegamos à festa, nós tropeçamos para fora do carro e tentamos nos arrumar. Ajustei meu vestido preto e tentei permanecer confiante em meus calcanhares, os quais estavam muito vacilantes, mesmo antes de tomar cinco doses. — Como está o seu rosto? — Emily perguntou enquanto caminhávamos até as modernas escadas de concreto. — Agora está meio dormente por causa do álcool, eu acho que... meu rosto não caiu, né? Emily riu e me puxou em direção à porta da frente. — Não, você só tem uma grande marca vermelha em sua bochecha.

4 Música eletrônica.


Oh, perfeito, a primeira vez que veria Josh desde que terminamos e provavelmente pareço que levei um soco na cara. Eu gemia e tentava sacudir os nervos. Na verdade, nunca fui a essas festas lendárias. Ouvi falar delas, é claro. Todos os anos, alguns dos caras do time de futebol profissional em Los Angeles, o LA Stars, alugam juntos uma casa enorme. Era a circunstância – trabalho intenso, diversão intensa. Este ano, quando Josh assinara com a equipe profissional, ele se mudou para a casa e é por isso que eu sabia que ele estaria na festa. O Los Angeles Stars era o time de futebol top nos EUA. No ano passado, cinco de seus membros da equipe competiram pelos EUA na Copa do Mundo, só para perder nos últimos minutos para Portugal. Desnecessário dizer que eles eram alguns dos maiores atletas do mundo, com patrocínios e participações frequentes nos talk-shows. Quando entrei na casa, minha visão foi bombardeada com uma infinidade de gente bonita. Groupies, celebridades, estrelas do futebol. Era difícil ver através de todos os corpos dançantes, mas, pelo menos, as chances de ver Josh eram bastante reduzidas. — Não fiquem muito loucas, meninas. Lembre-se que vocês estão representando a nossa equipe agora, — Tara avisou antes de decolar com Sofie e nos deixar na entrada. — Isso é loucura, — Emily murmurou. Olhei para vê-la engolindo a cena arremessando olhares rápidos em todas as direções. Acho que era muito para processar, especialmente desde que LA já era uma cidade acima da média, para começar. — Vamos encontrar um pouco de gelo para o meu rosto. — Agarrei a mão dela e comecei a puxá-la por entre a multidão com Becca a reboque. Era quase 22h e a festa já estava em pleno andamento. As pessoas se misturavam em todos os lugares. As meninas estavam envolvidas ao redor dos


caras nos sofás. Três mesas foram estabelecidas para beer pong na sala de estar e havia uma massa de pessoas aglomeradas ao redor delas. Acenei para algumas meninas que reconheci de alguns clubes. Algumas delas tentaram nos fazer parar e conversar, mas apontei para o meu rosto e disse que eu voltaria logo. A casa era como um apartamento de solteiro. Aberta, moderna e cheia com toda tecnologia que se possa imaginar. Era um labirinto atravessar a sala de estar, mas, finalmente, manobramos o nosso caminho para uma cozinha ampla. Não nos decepcionamos. A bancada de mármore e aparelhos pretos chiques se encaixava perfeitamente com o resto da casa. O espaço estava menos movimentado do que os outros cômodos, mas ainda havia pelo menos cinquenta pessoas entre nós e o freezer. — Aqui, você fica aqui e eu pegarei um pouco de gelo. — Emily empurroume para o lado contra o balcão da cozinha para que pudesse preparar um pouco de gelo para mim com um monte de toalhas de papel. Meus pés começavam a doer por causa dos meus saltos de 10 cm, assim pulei e me sustentei em cima do balcão. Eu deveria ter inspecionado o local antes, porque quando subi eu ouvi o som revelador de garrafas de álcool tombando e caindo na pia. — Oops! — Eu ri, e cobri minha boca com as mãos. — Você é terrível, — Becca brincou, estendendo a mão atrás de mim pela direita e pegando as garrafas derrubadas. No meu estado de embriaguez, não pareci me importar. Sentei no balcão definitivamente descansando o meu pé sobre meus saltos altos, e do meu ponto de vista eu podia ver por cima das cabeças de todos que estavam na cozinha. A quantidade de cirurgias plásticas no cômodo poderia ter rivalizado com um camarim de Miss América. Em todos os lugares que eu olhava era recebida por seios e narizes falsos, mas era LA e estas mulheres largariam seus empregos se conseguissem pegar um atleta profissional.


— Kinsley, desça, você está prestes a cair do balcão, — disse Becca, me puxando da minha zona de observação das pessoas. Eu não percebi que balançava tão fortemente. Deslizei um pouco para trás a fim de que mais de minhas coxas pressionassem o granito frio. — Oh, aqui, eu quase esqueci, — disse ela, mexendo em sua bolsa. — O que? O que? — Bati palmas, me sentindo tonta com a atmosfera de álcool da festa. — Um vibrador? — Exclamei alto o suficiente para as poucas pessoas que nos rodeavam me olhasse com sorrisos suspeitos. Eu atirei um sorriso todo confiante para elas. — Não, vadia! É uma coroa de aniversário. É o que eu tinha que pegar na casa dos calouros mais cedo, — ela respondeu, recuperando uma brilhante coroa rosa de princesa de sua bolsa. Parecia um pedaço de uma roupa que eu tinha quando era pequena e adorei imediatamente. — Ooooh. É liiiiindaaaaaaa, — eu disse lentamente, arregalando os olhos quando ela colocou em cima da minha cabeça. Becca começou a rir, me fazendo rir, e, eventualmente, eu estava apertando meu estômago. Meu aniversário de dezenove anos definitivamente ficava melhor. Rir como uma pessoa louca era melhor do que comer bolo sozinha. — Aqui, isso deve ajudar, — disse Emily, retornando do freezer e me entregando um saco de gelo improvisado com um sorriso divertido. Eu até esqueci que meu rosto estava ferido. Peguei o embrulho e dei um grande sorriso. — O que eu faria sem vocês duas?! — Bem, você está prestes a descobrir, porque preciso usar o banheiro.


— Vou com você, — disse Becca, voltando-se para Emily. — Eu deveria encontrar as outras calouras e trazê-las aqui. Elas provavelmente estão se perguntando onde nós fomos. — O quê? — Perguntei com olhos de cachorrinho abandonado. — Vocês estão me deixando? — Na verdade, eu me senti triste por isso. — Sim, só fique aí e tire essa mancha de seu rosto. Nós voltamos já! — Becca disse enquanto ela e Emily desapareciam no meio da multidão. Que diabos? Agora eu parecia uma grande perdedora sentada sozinha com uma coroa de princesa e um bloco de gelo. Mas eu estaria ferrada se eu tirasse. Eu era uma aniversariante princesa. Até dei um aceno de realeza para quem passou por mim. — Essa coroa fica bem em você! Quer uma dose de aniversário? — Perguntou uma voz grossa. Olhei para cima para encontrar um grupo de homens bonitos me cercando. Eles pareciam um pouco mais velhos e eu sabia que o que falou comigo estava no time do LA stars. Se não estivesse bêbada eu poderia ter dito o nome dele, mas quase não me lembrava do meu. Kinsley Bryant. Kinsley Bryant. — Bem, já que minhas amigas me abandonaram para mij... er... quer dizer, retocar a maquiagem... eu aceitaria. — Dei de ombros. — Essa é uma boa atitude, — o bonitinho disse, me passando uma dose de gelatina5. Decidi que o chamaria de Oliver até que me lembrasse do seu nome verdadeiro. Ele parecia um Oliver. — Passe seu dedo pela borda para que possa soltar a gelatina do plástico, — ele instruiu, dando um passo para mais para perto de mim. Atirei um olhar indignado para ele. — Pareço uma amadora? — Eu ri, me inclinando e bebendo a gelatina suavemente. — Mmm, cereja. — Sorri e os caras riram.

5 Uma bebida alcoólica que consiste em vodca adicionada à gelatina e congelada em um pequeno copo.


Eu teria prestado mais atenção neles ou pedido outra dose, mas no momento em que as palavras escaparam dos meus lábios, eu olhei para a porta da cozinha e minha respiração ficou presa na minha garganta. Liam Wilder. Sexo nas estrelas estava escrito na pele dele. Liam Wilder Não achei que ele aparecia para coisas como esta. Pensei que ele excursionava por iates e batizava bebês durante todo o dia. Bebês que um dia cresceriam e se tornariam modelos de roupa de banho, graças ao toque dele. Não, ele não é um sacerdote; ele é apenas um Deus no mundo do futebol. (E também no mundo real.) Nossa, ele era bonito de perto. Tonificado, sexy cabelo castanho claro, e um rosto tão perfeito que faz você querer chorar um pouco. Ele era a estrela do Los Angeles Stars e o permanente bad boy de LA. Sério. Toda semana havia cobertura de notícias dele saindo de um bar com alguma modelo ou atriz. Ele era jovem, bonito e podia, literalmente, dormir com quem quisesse. Você poderia culpar o cara por tirar proveito disso? Do meu ponto de vista sobre o balcão, eu o vi entrar na cozinha com as pessoas se arrastando atrás dele como cachorrinhos apaixonados. Eu adoraria ter pessoas me seguindo o dia todo. Você aí, faça o almoço para mim, e você, me abane. É estranho que eu não tenha ninguém se candidatando ao trabalho... Seus olhos percorreram a multidão até que encontrou seu companheiro de equipe, aquele que acabara de me dar uma dose de gelatina, e então seus olhos subiram e me encontraram. Oh Deus. Eu olhava para ele usando uma coroa de aniversário torta e segurando um saco de gelo na minha cara... e não era como se eu pudesse fazer qualquer coisa sobre isso uma vez que ele já vinha para nós. Eu poderia levá-lo a pensar que o bloco de gelo era uma forma elaborada de ficar bêbada que todos os descolados usavam ultimamente? Como se absorvesse o álcool pelos meus poros? Muito provavelmente não...


Os rapazes conversavam na minha frente, mas não ouvi uma única palavra. Eu observava Liam se movendo, tentando fazer a minha língua se desprender da minha boca. Ele estava com uma camisa preta de manga curta. Tatuagens escapavam por baixo da manga em seu braço esquerdo. O design da tatuagem viajava até seu antebraço, completando o pacote junto com seu cabelo robusto e penetrantes olhos cinzentos. Tudo bem, já chega. — Posso ter outra dose de gelatina? — Perguntei, saindo da minha neblina delirante carregada de Liam. — Você pode querer pegar leve, aniversariante. Você chegou tem cinco minutos. — Oliver respondeu com um sorriso malicioso. — Oliver, vamos lá, você negará à aniversariante outra dose? — Um de seus amigos entrou na conversa. Ha! Sabia que o nome dele era Oliver o tempo todo. — Yeah! Escute ele! — Eu ri e pisquei para o cara novo. Na verdade, não quero outra dose; só queria algo para fazer enquanto Liam se aproximava de nós. Ele me viu olhar para ele e provavelmente pensou que eu era mais uma menina em sua grande comitiva. Quer dizer, eu seria, de bom grado, mas ele não precisa saber disso. Oliver virou para pegar outra dose quando Liam se aproximou do grupo. — Hey, Wilder, — todo mundo aplaudiu, chegando a fazer aquela coisa que os homens fazem de aperto de mão, enquanto eu fingia estar interessada em meus dedos no meu colo. Sim, eu ainda tinha todos os dez. Isso era bom. — Oh, eu não vi você aí cara, você quer uma dose? — Oliver perguntou ao voltar e entregar a todos um pequeno copo de plástico. Olhei para cima a tempo de ver Liam desviar seu olhar de mim. Ele estava olhando para mim. Seus olhos olhavam em minha direção. Eu me senti quente e


toda suada, como se precisasse esfriar o meu rosto com um desses leques de papel como uma debutante de 1900. — Não, eu não estou bebendo hoje à noite. Embora aparentemente a aniversariante teve o suficiente. O quê? — Desculpe? — Perguntei com uma carranca. — Você está mesmo legal? — Ele perguntou com um sorriso divertido. Que babaca arrogante. Preparei minha dose de gelatina e a engoli, sem tirar os olhos dele. O canto de sua boca se animou, e eu sabia que ele gostava do fato de desafiá-lo. Segurei o copo vazio na minha frente, e quando ele fez sinal para pegá-lo, eu o deixei cair no chão entre nós. Seus olhos escuros seguiram a trilha do copo para o chão e voltou para o meu rosto. Quando seu olhar segurou o meu novamente, um sorriso lento desenrolou em seus lábios. — Acho que seu batalhão precisa de você. — Inclinei a cabeça para o lado e apontei para o bando de pessoas que esperavam que ele os visse de pé atrás dele. Ele ignorou. — O que aconteceu com seu rosto? — Ele perguntou, dando um passo a frente e efetivamente quebrando todos os códigos sociais. Seus companheiros de equipe estavam de pé em um círculo em volta de mim no balcão, então quando Liam entrou na minha frente, ele cortou o círculo e praticamente encerrou a conversa. Os outros caras deram de ombros e riram, virando-se para formarem o seu próprio grupo e me deixando sozinha com Liam. Não conseguia decidir se isso era uma coisa boa ou ruim, mas as doses começaram a se multiplicar em meu corpo, então eu não poderia ser responsabilizada pelos meus atos.


Quando Liam se inclinou para inspecionar meu rosto, me lembrei de sua pergunta. — É tipo uma longa história, mas envolve girar os quadris e um console do carro. Ele sorriu como resposta, mas não tirava os olhos do meu rosto. Estendeu a mão e gentilmente cutucou meu queixo para o lado para poder ver melhor o hematoma. Tentei manter minha respiração sob controle enquanto ele tocava minha pele. — É sério, não é tão ruim assim. Estou apenas sendo um bebê e colocando gelo para não acabar com um rosto inchado amanhã. — Eu precisava que ele se afastasse. Sua colônia estava praticamente sequestrando meu ciclo de ovulação e precisei lutar contra o desejo de deixar o meu rosto encostar-se a camisa dele e cheirar. — Ah, sim, eu acho que você sobreviverá para ver outro aniversário, — ele sorriu cruzando os braços. — Ah bom. Este foi muito idiota até agora, — murmurei, percebendo quão deprimente a declaração soou só depois que eu já havia dito. Onde diabos Emily e Becca estavam, afinal? O banheiro tinha algum tipo de portal para outra dimensão? Ele inclinou a cabeça para o lado, seu olhar firme. — O que você ganhou no seu aniversário? Ainda espero que você seja realmente um grande stripper para mim. — Bem, — olhei para as minhas mãos vazias: — Ganhei essa coroa de aniversário? — Eu disse isso como se fosse uma pergunta, porque não tinha certeza se isso contava. — Minha mãe sempre me dá algo elaborado, mas ela não retornou de Aspen. Wow, eu realmente parecia patética nesse ponto. Ele balançou a cabeça com os olhos estreitados, mas não respondeu ao comentário. Cruzou os braços, desviando o meu olhar para suas tatuagens


sensuais. Elas se esticaram em seu bíceps, em ambos os lados, mas apenas aquelas em seu braço esquerdo caíam abaixo da manga da camisa. Era uma pequena amostra, mas eu queria ver mais. Eu sabia por fotos que elas continuavam até seu peito e costas. — Eu te mostro a minha se você me mostrar a sua, — murmurei descaradamente, referindo-me a suas tatuagens, é claro. Eu estava seriamente brincando com fogo, mas isso é o que acontece quando bebo demais e a vida me coloca na frente do homem mais sexy do mundo. Não, sério, eu acho que no ano passado a revista People o nomeou, O Homem Mais Sexy Vivo. — Acho que não é uma boa ideia. – Ele disse. Uau. Completamente negado. Isso doeu mais do que meu rosto batendo no console do carro. Então, por que ele ainda estava de pé na minha frente, me impedindo de falar com alguém? Era tudo muito confuso para o meu cérebro intoxicado entender. — Isso é bom. Eu não poderia mostrar onde é a minha mesmo, — respondi com um sorriso malicioso. Mesmo sendo pego de surpresa com esse comentário, ele relaxou. Não tenho uma tatuagem nas minhas partes privadas. Fica apenas ao longo da linha do sutiã; uma simples frase que corre horizontalmente para debaixo do braço. Mas wow, eu estava flertando. Abaixei o olhar para garantir que eu não estava montada na perna dele. Não, mas o meu vestido preto subiu um pouco, expondo ainda mais minhas coxas bronzeadas. — Essa não é a razão, — ele sorriu. — A partir de amanhã eu serei um de seus treinadores no ULA, então eu acho que viola as regras, você não acha? Meu coração parou de bater com a palavra, treinador.


Capítulo 3 Apertei os olhos. Meus ouvidos bêbados ouviram direito? Treinador? — Do que você está falando? — Perguntei. Seus olhos endureceram e sua mandíbula rangeu. — A partir de amanhã, eu ajudarei o time de futebol feminino da ULA por alguns meses. Não. Não, obrigada. Isso não é possível. Ele não poderia ser o meu treinador. Ele estava muito ocupado lambendo modelos para treinar um time de futebol. — Kinsley! — Becca gritou meu nome da sala, e levantei o olhar para ver ela e as meninas do segundo ano acenando pra mim. Balancei minha cabeça, tentando clarear meus pensamentos, mas minha cabeça estava muito nebulosa. Por que alguém colocou uma máquina de fumaça lá dentro? Larguei minha bolsa de gelo na pia e saí de fininho do balcão. — É melhor dormir um pouco, Kinsley. Você tem que levantar bem cedo amanhã, — Liam observou com um sorriso. Dei um passo para passar por ele, mas então pensei em algo. — Como sabia que eu estava no time da ULA? — Perguntei. Ele sorriu, e por um momento eu pensei que precisaria bater no meu peito para que meu coração continuasse batendo. Ele tinha covinhas e dentes perfeitamente retos. Aquele sorriso deveria estar guardado e dado apenas em ocasiões especiais, onde desfibriladores cardíacos estivessem presentes. — Você foi a top recruta do país. Não há uma pessoa no mundo do futebol que não saiba quem você é, — ele respondeu com confiança.


Eu fui destaque em algumas revistas na escola, mais nada. Liam Wilder sabia quem eu era. Ele me conhecia o suficiente para me reconhecer em uma festa... E amanhã ele seria meu treinador. Oh Deus. Eu simplesmente quase cheirei a camisa dele, e então perguntei se me mostraria suas tatuagens. Estou em grandes problemas. Com esse pensamento, balancei a cabeça e me afastei dele para encontrar as minhas companheiras de equipe. Eu precisava me resguardar. Nós tínhamos muita pesquisa na web para fazer. — Você está bem? E, o mais importante, você estava simplesmente conversando com Liam Wilder? — Emily perguntou com os olhos arregalados assim que as alcancei. Becca estava parada logo atrás dela com a boca aberta. — Sim, e vocês não vão nem acreditar no que eu tenho que dizer a vocês, mas eu deveria esperar até mais tarde. — A festa ainda estava no auge e eu não queria gritar sobre o que acabei de descobrir na frente de todas essas pessoas. A conversa provavelmente alcançaria a Liam antes mesmo de eu chegar à porta da frente. — Ok, isso soa muito misterioso. Agora estou ainda mais curiosa, — respondeu Emily. — Você deve estar, — eu ri e depois puxei Becca e ela para o meio da multidão em direção à porta. — Estou um pouco cansada. Quem de vocês quer compartilhar um táxi para casa comigo? — Kinsley! — Alguém gritou do outro lado da sala assim que eu fiz a minha pergunta. Josh. Droga, com tudo o que aconteceu eu esqueci completamente que ele estaria na festa. Virei o meu olhar assim que o vi atravessando a multidão e gritando meu


nome novamente. Ele parecia bonito como sempre, com seu cabelo castanho escuro e rosto de menino. Pena que eu sabia que tipo de idiota ele realmente era. — Kinsley, espere! Cada pessoa na sala o observava tentando me alcançar. Ele precisava gritar meu nome assim? Eu claramente não ia a lugar nenhum. Assim que ele estava prestes a me alcançar, eu vi o movimento na porta da cozinha, e então Liam entrou na sala de estar. Oh, ótimo. Vamos fazer um show. Talvez pudéssemos acender as luzes e cortar a música para que todos pudessem ter um lugar na primeira fila. — Josh, sério, agora não. Estou cansada e bêbada, e é o meu aniversário. — Eu me aproximei de Becca e Emily. — Eu sei. Sinto muito. Tentei ligar para você e ainda mandei flores para sua casa. Você as recebeu? Ele falava das rosas que eu picara e descartara mais cedo naquela manhã? Whoops. — Sim. Recebi Josh, mas não quero conversar agora. — Apertei meus molares juntos. — Apenas me deixe-me desculpar com você. Posso ir vê-la ainda esta semana? Talvez possamos tomar um café depois do seu treino, um dia desses? — Sua voz estava alta por causa da festa, e eu estava dolorosamente consciente dos olhos de todos em mim. Eu não poderia fazer uma cena na frente de todas aquelas pessoas. Ele merecia um soco no rosto, mas vendo como eu já sofri uma lesão no meu aniversário, eu decidi desistir. — Tudo bem. Só me mande uma mensagem, mas você precisa entender que não voltaremos a ficar juntos. — Eu me afastei dele e comecei a caminhar para a porta da frente. Desliguei tudo ao meu redor. Não queria ouvir se Josh disse mais


alguma coisa enquanto eu me afastava. Não queria saber se Liam ouviu toda essa troca ridícula. Só queria meu pijama e minhas meias felpudas.

— Você está falando sério?! — Becca gritou. — Cara! Se você gritar no meu ouvido mais uma vez vou socá-la no útero. Becca, Emily, e eu estávamos deitadas na minha cama na casa das Novatas. Quatro dias antes, eu me mudei para a casa das Novatas onde eu ficaria durante meu primeiro ano de faculdade. Ficava a uma curta distância do campus da ULA e a poucos quilômetros de nosso campo de treino. — Ok, eu sinto muito, mas você não está brincando, certo? Não posso dizer se você está brincando, — Becca riu. Rolei e dei um olhar mortalmente sério, mas eu ainda estava tonta, então acabei rindo quando ela começou a fazer caretas para mim. — Ugh, tudo bem. Apenas acredite em mim. Ele me disse na festa que nos treinaria a partir de amanhã. — Mas por quê? Ele não precisa do dinheiro e, certamente, ele já está ocupado o suficiente, — Emily protestou. Eu pensava a mesma coisa. Não teria acreditado se não tivesse ouvido sair da própria boca dele. Uma boca perfeitamente flexível, para sua informação. — Oh, olha isso! — Becca disse, apontando para a tela do meu computador. — Este artigo fala sobre ele se voluntariando para treinar a equipe de futebol da ULA, após alguns de seus patrocinadores ficarem em cima dele pelo seu jeito badboy de ser. Diz que deram um ultimato a ele: arrume novos patrocinadores ou mude de vida. — Eles não podem abandoná-lo! Ele é o melhor jogador de futebol nos EUA! — Argumentei.


— Obviamente. Mas este artigo diz que é uma enorme responsabilidade. — Emily murmurou. — Bom, ele parecia bem mais cedo e não estava nem bebendo. — Defendi, tentando lembrar o cheiro de seu perfume. Provavelmente era chamado de néctar dos deuses. — Bem, a noite ainda é uma criança, talvez tenha começado a festejar depois que saímos. — Emily murmurou. — Ele estava realmente quente, tenho que admitir. — Ela tem uma queda! — Brinquei, cutucando-a nos pulmões. — Hey! Sim, tudo bem. Não sou imune a Liam Wilder, mas não importa, ele é o nosso treinador agora. Ugh, ela tinha que matar a minha euforia. — Não até amanhã. — Esclareci. — Quantos anos ele tem? — Perguntou Emily. — Vinte e cinco, — respondeu Becca. — Você acha que ele tem namorada? — Perguntei. — Bem, de acordo com as imagens do Google, tem cerca de mil. Sério, este homem dorme? — Becca clicou nas fotos, mas não olhei. — Vadia, fecha isso. — Gemi, deitando de costas e olhando para o teto. — Ele nunca esteve ligado a ninguém em particular, apesar de tudo. Ele foi fotografado com as mulheres, mas nunca veio a público com um relacionamento. Por ser um queridinho da mídia, sua vida é relativamente privada. Estas fotos dele com as mulheres são, em sua maioria, em eventos para angariar fundos e festas. — Explicou Becca.


Eu não tinha certeza do que fazer com essa informação. Será que ele não tinha uma namorada por que gostava de jogar? Ou será que a mídia simplesmente não sabe sobre isso? — Então, o que aconteceu com Josh? Isso foi super estranho. — Perguntou Emily, tentando abordar o assunto levemente. Não houve tempo de contar à Becca e Emily sobre o que aconteceu com Josh, então eu tenho certeza que elas não estavam preparadas para a cena na festa. Emily provavelmente não sabia quão desolada eu estava com toda a situação. — Eu o peguei me traindo há algumas semanas. — Fiz uma pausa quando Becca e Emily suspiraram estilo Jerry Springer6. — Nós éramos amigos por um longo tempo, mas só namorávamos por alguns meses. Ele fez uma grande idiotice, e não voltaremos a ficar juntos. Ele provavelmente ainda tem a piranha no reboque. — Mas ele é realmente bonito, — Becca cortou. — Ele é quente, mas não é mais quente que... — Liam! — Tanto Becca quanto Emily falaram, e começamos a rir novamente. — Você deveria namorar Liam para se vingar de Josh. Poderia imaginar? — Becca começou a divagar. — Se há alguém na equipe que tem uma chance de sair com ele, é definitivamente você. — Oh, por favor. — Eu disse, revirando os olhos para a ideia. — Não, eu falo sério! A quem foi oferecido patrocínio da Adidas quando estava na escola? Gente bonita como você. — Ela revirou os olhos e então eu peguei um travesseiro e bati na cabeça dela. — Ei, o que...

6 Gerald Norman "Jerry" Springer (Londres, 13 de fevereiro de 1944) é um apresentador de televisão e político estadunidense nascido no Reino Unido. Apresenta desde 1991 o programa The Jerry Springer Show, conhecido por tratar de problemas familiares.


— Não vou namorar Liam para me vingar de Josh. — Eu ri, acertando-a novamente. — Então o namore para não se vingar de Josh, — sugeriu. Bati na cabeça dela novamente. — Deus me ajude, você está prestes a começar algo que você não quer terminar. — Becca riu, pegando o próprio travesseiro. A pobre Emily estava bem no meio do fogo cruzado. — Emily, aqui, pega o meu travesseiro. — Fiz uma pausa, olhando para Becca com uma pequena piscadela. O sorriso dela me disse que entendera o meu plano maligno. — Oh, obrigada, eu pensei que vocês... Ela não chegou a terminar a frase antes de Becca e eu, como devo dizer, trazermos o trem de travesseiros pra estação. — Que porra é essa, gente! — Emily gritou e riu, tentando se libertar. Quando finalmente conseguiu, acabou quase me batendo com um travesseiro. — Misericórdia! Eita Emily, você é calma e bonita, mas então você quase quebra o meu pescoço com um travesseiro. Agora estou oficialmente com medo de você, — eu brinquei quando Emily e Becca se sentaram em cima de mim, e eu não podia me mover. — Mas sério, meu aniversário teria sido um saco sem vocês duas. Estou muito feliz por vocês estarem na equipe de futebol comigo. Becca respondeu à minha doce declaração me sufocando sob meu edredom. Meninas são cruéis. Depois que elas finalmente voltaram para seus próprios quartos, eu fiquei acordada pensando no que o amanhã nos reservaria. Sabia que seria um péssimo início para todas nós novatas. Nós éramos as melhores atletas do ensino médio, mas a partir de amanhã, seríamos peixe pequeno num grande lago. Os exercícios


seriam mais difíceis, os treinos deverim ser superiores, e os treinadores seriam aparentemente muito, muito mais quentes. Chequei meu telefone em busca de mensagens de aniversário de última hora. De hora em hora, minha mãe me enviara uma mensagem. Sua última chegou às onze. Mãe: Kinsley Grace, eu estou tão orgulhosa de tudo o que você realizou. Realmente gostaria que pudéssemos ter voado para estar com você nesse dia, mas eu sabia que você gostaria de passar o dia com suas novas amigas. Enviei uma encomenda, e se você não recebê-la hoje, definitivamente estará aí amanhã. Espero que você ame. Você é uma estrela do rock. Boa sorte amanhã. XO Josh: Kinsley, por favor, me retorne. Sinto muito e sei que você precisa de tempo para processar tudo, mas eu cometi um erro e quero você de volta. Por favor, considere isso. Amo vc. Gemi e deixei meu celular no criado-mudo. Ele me amava? Ele realmente me amava? Se me amava tanto, ele não podia ter escrito a palavra você? Rezei pelo bem dele, e o meu, que ele não amasse. Quanto mais eu pensava nisso, mais furiosa ficava. Não havia desculpas. Ele não estava bêbado ou sob influência; sua traição foi premeditada e eu apostaria minha vida que não foi a primeira vez. A ideia de me vingar dormindo com Liam soou bem por cerca de trinta segundos, e então eu pensei no fato de que eu realmente não me importava com Josh o suficiente para passar por tudo isso para irritá-lo. Agora, se houvesse alguma outra razão para dormir com Liam Wilder...

— Ei, acorde ou você não terá tempo para comer antes do treino. Ah, e você tem um pacote gigante lá em baixo. — A voz de Becca me tirou do sono profundo e gemi alto. Ressaca, eu te apresento o cérebro. Cérebro, eu te apresento a ressaca.


— Deus, isso é uma merda. — Gemi novamente e saí da cama. Eu não tinha tempo para estar de ressaca. Eu precisava tomar o café da manhã e me hidratar para o treino. Segui Becca pelas escadas onde minhas companheiras cansadas estavam sentadas tomando café da manhã de pijamas e parecendo zumbis. Assustador. O relógio em cima do fogão mostrava 05:30. Nossa, isso seria um longo verão. Os treinos começavam às 06:00. De segunda à sexta-feira. — Ali está ela! — Emily gritou enquanto eu esfregava meus olhos espantando o sono. — Abra o seu embrulho! — É uma caixa com um stripper dentro? — Perguntei enquanto andava para a mesa da cozinha. Quando eu me inclinei sobre o pacote, Becca me chamou a atenção e murmurou: — É Liam. — Eu mostrei a língua para ela e comecei a rasgar a fita. Minha mãe é extravagante, e desde que ela pode pagar, ela sempre dá presentes exagerados. Hoje não foi exceção. Dentro da caixa havia acessórios de futebol suficientes para vestir toda a equipe. Ela me enviou novos sutiãs esportivos, shorts de corrida, leggings, camisas Dri-FIT7 que se encaixavam em mim como uma luva, e algumas novas chuteiras HYPERVENOM8 que não deveriam ser liberadas por mais um mês. Ah, e elas eram rosa brilhante. Minha mãe me conhecia bem. — É o que eu acho que é? — Perguntou Becca, olhando as chuteiras com inveja. — Não tenho nenhuma ideia de como ela conseguiu isso, mas de alguma forma, não estou surpresa. Como acontecia com a maioria das meninas, receber novos sapatos e roupas superou momentaneamente minha ressaca. Corri para o meu quarto e coloquei um

7 Tipo de tecido que não deixa que ele absorva o suor da pessoa. 8 Um dos modelos de chuteira da NIKE.


novo conjunto de treino antes de pegar meu telefone e enviar uma mensagem para minha mãe.

Kinsley: Obrigada pelos presentes de aniversário. É muito, mas darei às minhas companheiras alguns artigos também. Eu te ligo depois do treino. XX

No momento em que terminei de me arrumar, eu precisei pegar uma barra de granola para comer na estrada. — Aqui, eu aposto que você não se lembrou desses, — disse Emily, me entregando dois Advil9. — Sim! Obrigada, muito obrigada. — A emoção com o meu novo uniforme de treino começava a empalidecer em comparação à minha grave ressaca. A barra de granola e a instável corrida do carro não acalmaram meu estômago, e quando cheguei ao campo do treino senti como se fosse vomitar em todos os lugares. As veteranas nos encontraram nas portas do campo de futebol com sorrisos cruéis. — Parece que beberam um pouco demais, Novatas, — Tara riu, seus olhos fixos em mim. — Como se sente, Bryant? — Sua pergunta parecia doce, mas seu tom de voz deu a entender que não era para ser. — Maravilhosa. — Sorri e me abaixei para pegar a água da minha bolsa. — Vamos. A treinadora quer nos encontrar na sala de conferências. — Tara se virou e abriu a porta para que pudéssemos seguir. Mas antes que ela entrasse, ouvi a mesma voz sexy que eu já ouvira na noite anterior, a voz que dizia, eu sou sexy e sei disso.

9 Ibuprofeno – antiinflamatório.


— Bom dia senhoras. Cada menina congelou e virou em uníssono. Liam Wilder estava de pé com um uniforme de treino a poucos metros de distância e um sorriso amigável. É claro que o seu sorriso amigável poderia facilmente ser mal interpretado por um sorriso tire-sua-calcinha, por isso foi uma maravilha todas nós conseguirmos murmurar olás chocados. Acho que ele entrou no estacionamento alguns minutos depois de nós. Olhei para trás e vi um negro Mercedes SUV estacionado no ponto mais próximo do campo. Um fotógrafo tirava fotos do outro lado da cerca. Eita, quem acorda tão cedo para tirar fotos dele? — Oh, oi Liam. — Tara sorriu largamente. Atirei a Becca uma careta, me amordace. — Vocês provavelmente devem me chamar de treinador Wilder quando estivermos no treino, — ele advertiu. Esforcei-me para não rir. O olhar chocado no rosto de Tara era absolutamente impagável, mas ainda não era suficiente para me fazer esquecer o constrangimento da situação. Eu não podia olhar para ele. A última vez que falara, eu literalmente pedi para ele me mostrar suas tatuagens; e nós dois sabíamos que realmente significava que eu queria que ele me mostrasse as suas bolas de futebol. Hah. Eu teria que dizer a Becca mais tarde. Puxei Emily e ela para frente, sem dar atenção a Liam, e me dirigi para a sala de conferência. Felizmente, a treinadora Davis já estava lá e Liam não nos seguiu. — Sentem-se, meninas. — A treinadora Davis instruiu com um pequeno sorriso. A melhor maneira de descrever a nossa treinadora seria como... um sargento maternal. Por fora, ela tinha cabelos grisalhos e gentis olhos azuis, mas quando você menos espera, ela a faz cair e fazer cinquenta flexões. Ela foi uma das principais razões de escolher a ULA. Ela era a treinadora de futebol top das mulheres no estado, e eu queria que ela me ensinasse a melhorar o meu jogo.


— Bom dia, treinadora. — Sorri e me sentei na frente da pequena sala com Becca e Emily. Após o resto da equipe entrar, a treinadora Davis começou a nos informar sobre os treinos e o que ela esperava de nós durante toda a temporada. — Como vocês devem ter notado, temos um novo treinador esta manhã. — Ela começou, e eu praticamente podia sentir os ouvidos atentos de todas se animarem. A treinadora Davis olhou ao redor da sala com uma expressão severa. — O treinador Wilder estará conosco por alguns meses. No entanto, ele só estará conosco durante os treinos da manhã, porque ele tem sua própria equipe no período da tarde. — Por que ele está aqui? — Uma das novatas perguntou. — Todo jogador do LA Stars se voluntaria. Liam ajudou o nosso programa anteriormente, e não hesitei em tê-lo novamente este ano. Quaisquer outras perguntas? — Por que ele não treina a equipe dos meninos? — Sofie perguntou da fileira de trás, onde as veteranas se colocaram em quarentena. — Uma de nossas técnicas assistente está de licença maternidade, por isso, quando o LA Star entrou em contato comigo, eu pensei que era um momento perfeito para trazê-lo. Ele é um jogador de futebol de ponta e será uma fonte de conhecimento para todas vocês. No entanto, ainda sinto a necessidade de esclarecer que ele não está aqui para o entretenimento pessoal de vocês. Usem seus julgamentos quando se trata de qualquer relação longe do treino... não tenho nenhum problema em chutar alguém para fora desse time mais rápido do que possam contar as tatuagens do homem. As tatuagens dele. As mesmas tatuagens que eu pedira para ver na noite anterior. Ok, o universo estava me provocando.


— Hum, treinadora, — Tara levantou a mão no ar para ser vista, — algumas de nós conhecem Liam fora do treino. Somos amigas dos jogadores do LA, então vamos vê-lo em festas. A treinadora Davis assentiu, mas manteve a fachada séria. — Você vai se referir a ele como treinador Wilder enquanto estivermos aqui, — ela esclareceu com um tom duro. — Entendo que algumas de vocês são do mesmo círculo que o treinador Wilder e evitá-lo completamente seria impossível. Entretanto, gostaria que vocês se distanciassem dele em ambientes sociais até que ele já não seja um treinador aqui. Bateram na porta um segundo depois e Liam entrou calmamente. — Vocês estão prontas para mim? — Então eu não deveria encará-lo no campo de futebol? — Becca sussurrou atrás de mim, e quase ri no meio do discurso da treinadora Davis. Sim. Sim. Sim. Estamos todas prontas para você. — Bem na hora, treinador Wilder. Por favor entre e se apresente. Vou organizar o campo para o treino. Você pode me encontrar lá fora com as meninas em cerca de dez minutos. — Ela se dirigiu para a porta, mas meus olhos estavam fixos no espaço que ela ocupara. — Oh, e meninas, não se esqueçam de deixar a manhã de sábado livre. Temos uma atividade obrigatória de equipe. Nós nos encontraremos aqui pontualmente às 07:00. Nem sequer registrei seu comentário de entrosamento da equipe. Estava mais preocupada com o que ela disse antes disso. — Treino? — Sussurrei para Becca. Eu usava minhas roupas de ginástica, mas só porque era o que eu usava na maioria dos dias de qualquer maneira. Pensei que hoje era um dia de aprendizado. — Você ainda se sente mal? — Ela perguntou com um olhar desconfiado.


— Como se uma criancinha estivesse esmagando um caminhão de brinquedos na minha cabeça, — eu respondi conforme Liam tomava sua posição na frente da sala. — Olá a todas. Não tenho certeza quanto a treinadora Davis disse a vocês, mas eu estarei com a equipe pelos próximos dois meses. Ajudarei vocês com treinos matinais, e desde que sempre joguei como um meio-campo e atacante na maior parte da minha carreira, essas são as posições que vou trabalhar com a maioria. Oh bom Deus. Ele me ajudaria a aperfeiçoar minhas habilidades como meiocampo. Infelizmente, cerca de dez outras meninas também se encaixam nessa conta, incluindo Tara e Sofie. Becca e Emily eram da defesa, então eu nem sequer as teria por perto. — Alguém tem alguma pergunta para mim? — Você tem namorada? — Becca sussurrou ao meu lado, e a chutei por baixo da mesa. Liam deve ter notado seu sussurro, porque ele olhou para nós. Seus olhos cinzentos encontraram os meus e quase engasguei com minha própria língua. Foi a primeira vez que ele fez contato com os olhos desde que chegou naquela manhã e eu deveria ter me dado mais estímulo. Ele é uma pessoa normal. Não deixe que ele assuma o seu cérebro. Não adiantava. Ele usava sua camiseta preta de uma maneira que me fez perder o foco em tudo além de seu alcance. Suas tatuagens eram pouco visíveis. Seu cabelo estava despenteado como se tivesse corrido os dedos através dele quando saiu da cama. E era esperado que eu me concentrasse quando ele estivesse por perto?


Capítulo 4 — Vamos começar. — A treinadora Davis bateu palmas após todas nós nos alinharmos em pequenos grupos. Começávamos o dia com marcações. Previ que vomitaria no meio do meu primeiro exercício. Mas quem sabe, talvez eu nem chegasse lá. — Como se sente, menina aniversariante? — Liam perguntou quando estendi minhas pernas. Fui a última a ir do meu grupo, para que ninguém mais pudesse nos ouvir. — Isso será lamentável. Achei que nós não iríamos treinar hoje. — Balancei a cabeça olhando para frente, tentando respirar fundo para acalmar o meu estômago. — Por que você achou isso? — Ele perguntou com um pequeno sorriso. — Sei que parece idiota, mas as veteranas disseram que geralmente nós apenas conversamos e coisas assim no primeiro dia. Consequentemente, eu poderia ficar louca no meu aniversário. — Isso é lamentável, — ele acenou com a cabeça justo quando a treinadora Davis soou o apito para o último grupo se alinhar. Boa notícia, eu realmente não vomitei até o quarto lance, e crédito pra Liam, ele apenas sorriu depois de cobrir a boca com a mão. Se ele não fosse meu treinador eu teria levantado o dedo pra ele. O lado positivo foi que pelo menos eu sabia a resposta para se-ele-pensavaque-eu-era-sexy-ou-não. Seria um grande não.


Eu estava no meio do campo quando ele teve que sair mais cedo para o seu treino no LA Stars. Ele acenou para a treinadora Davis e girou para correr em direção ao seu carro. Não percebi o quanto gostava de tê-lo lá até ele ir. Mesmo ele achando minha agonia divertida, ouvir suas palavras de encorajamento me ajudou um pouco. Após ele sair, continuamos treinando até que minhas pernas estavam fracas e meu estômago estava completamente vazio de todo o bolo e doses que consumi no dia anterior. Ainda assim, enquanto eu saía do campo, contemplei o quão triste eu me sentia sobre não ter a chance de falar com ele antes de sair. Mesmo um simples tchau teria me feito bem. Que tipo de feitiço ele colocou em mim ontem à noite? Saia. Disso. Rápido. — Primeiro dia difícil, Bryant? — Treinadora Davis perguntou enquanto eu ia para o vestiário. — Juro que estou em boa forma. Foi meu aniversário ontem à noite e não esperava o primeiro dia tão duro. A treinadora Davis concordou e me deu um tapinha nas costas. — Certifiquese de que esteja mais preparada amanhã. — Eu irei, treinadora. Becca e Emily me seguiram para o banho gelado e nós relaxamos em nossos sutiãs esportivos e calções até eu me sentir completamente entorpecida. — Isso é dolorosamente incrível, — Becca observou, — mas o treino foi muito mais intenso do que eu esperava. — Eu sei! — Reclamei. — Você acha que as veteranas podem ter mentido sobre o treino? — Emily mencionou em um tom abafado, como se estivesse com medo que elas nos ouvissem. A maioria das pessoas já foi para casa ou encontraram outro banheiro no prédio para curar suas dores musculares.


— Isso seria tão cruel. Acho que eu vomitei umas três vezes, — Becca gemeu. Meu estômago revirou em resposta à sua admissão. — Sem mais conversas sobre vômito. Céus... Becca, de onde você é? — Perguntei. — Dallas, Texas. Nascida e criada, — ela disse com uma piscadela sob o ombro, e, de repente, eu poderia totalmente ver o espírito texano nela. — Oh meu Deus, você competiu em concursos? Você tem a coisa de concurso em você, com as sardas e cabelos loiros. — Claro que não! Você me conhece há umas 48 horas e acha que eu iria competir em concursos? Lembrei-me da dança embriagada e as piadas inapropriadas. — Ah, sim. Retiro o que disse. Provavelmente seria mais provável você sabotar um concurso do que competir em um. Ela riu e apoiou os braços na borda da banheira. Nós só poderíamos ficar por

mais

alguns

minutos

antes

dos

efeitos

do

gelo

começar

a

ser

contraproducentes. — Você foi rainha do baile na sua escola? — Becca me perguntou. E eu bufei. — Não fui ao baile de formatura. Tanto ela quanto Emily suspiraram, como se eu tivesse acabado de dizer a elas que na verdade eu era um homem. — Oh, caramba. Não façam isso. Minha mãe ficou tão devastada quanto vocês duas estão fingindo estar. — Mas, ninguém te convidou? Lembrei-me de como Josh e eu fugimos do baile para assistir a um jogo de futebol europeu gravado com um grupo de amigos. Nem soube quem acabou ganhando a coroa de rainha do baile.


— Josh e eu namorávamos e nós dois queríamos pular todo o espetáculo. — Todo mundo foi para o baile na minha escola. Eu fui a rainha do baile. — Emily sorriu, e seus olhos estavam vidrados como se recordando uma memória doce. — Você perdeu a virgindade naquela noite, não foi? — Sorri. Quando Emily começou a corar, Becca e eu enlouquecemos. — Não há nada para se envergonhar! É tão doce, — eu assegurei a ela. Emily olhou para a superfície do gelo. — Foi com o meu namorado e ainda estamos juntos... quando você perdeu a virgindade, Srta. Los Angeles? — O que isso deveria significar? — Eu ri, jogando água nela. — Você usa uma suja pulseira da amizade ao lado de uma cara pulseira Cartier. Você não poderia ser mais LA se tentasse. — Droga, — eu ri. — Eu deveria lhe dar mais crédito, Emily. — Nos três estávamos cada uma em um lado oposto do país e tivemos educações diferentes. Em qualquer outro cenário nunca poderíamos ter sido amigas, mas como novatas em um time, nós éramos tudo o que tínhamos. Inferno, nós acabamos de ver a outra vomitar. Se isso não forma uma ligação rápida, não sei o que forma. — Bem, agora vocês sabem como eu perdi minha virgindade. Derramem, — Emily pediu, trazendo o assunto de volta para onde estava poucos minutos antes. Eu não pensava em Trey frequentemente. Ele foi meu namorado durante o primeiro ano, e enquanto eu não sabia quem ganhou para rainha do baile, eu sabia que ele ganhou como rei do baile. Ele foi o rei da minha escola em todos os sentidos da palavra. Quando fizemos sexo pela primeira vez, eu pensei que estava apaixonada por ele, mas foi embaraçoso antes de eu sequer não sentir nada além de dor.


Fizemos mais algumas vezes, cada uma tão estranha quanto a primeira. E apenas algumas semanas depois eu descobri que ele estava me traindo com uma garota de outra escola. Tentei contar a história da melhor forma que pude, sem quebrar o humor ou me fazer de vítima. Só porque fui traída duas vezes não significa que eu passaria minha vida exclamando: Ai de mim! — O quê? Você está brincando comigo? Josh foi melhor? — Perguntou Becca. — Ele foi... ok? O que eu achei? Parecia que ele estava dando à piranha um bom tempo. — Achei que não havia sentido em ser tímida neste momento. — E você? — Emily perguntou, se virando para Becca. Sorri pensando o quão bom sua história seria em comparação. Becca tossiu e olhou para seu braço ainda descansando ao lado da banheira. — Oh, bem, eu nunca tive relações sexuais. — O quê?! — Emily e eu exclamamos. Eu teria apostado a minha vida que era a mais experiente de todas nós. Quer dizer, ela era linda, engraçada e o que mais há para fazer no Texas que não seja se divertir? Não fica todo mundo transando em barris de feno? — Não é grande coisa. Eu era uma espécie de perdedora no colégio. Futebol não era um esporte legal na minha escola e usei aparelho até o décimo primeiro ano. — Nossa, — eu disse. — Bem, Becca, você é enlouquecidamente linda e quem se importa quando terá relações sexuais pela primeira vez? A minha foi uma droga de qualquer maneira, certo? Ela assentiu com a cabeça, e eu sabia que a discussão havia acabado por enquanto. — Vamos sair daqui! — Levantei do banho de gelo, mas quando eu desci, meu pé não segurou meu peso e caí no chão.


— Oh meu Deus! Você está bem? — Perguntou Emily. Pelo menos ela estava preocupada comigo. Becca ria histericamente, como eu teria feito. — Gente, eu não consigo sentir minhas pernas. Ficamos muito tempo! — Exclamei, deitada no chão de concreto frio. Nós não paramos de rir até que nossas pernas descongelaram. — Querem tomar um banho e depois almoçar? — Perguntei para as meninas quando caminhamos até a porta da frente. Pouco antes, de entrar, Emily notou um pacote pequeno ao pé da varanda. — Isso tem o seu nome, Kinsley! Apertei os olhos para a caixa. Era tão pequena que eu passei completamente por ela. — Oh, eu aposto que era parte do pacote da minha mãe, — eu disse quando ela me entregou. — Todos os presentes dela têm várias partes. Becca abriu a porta da frente antes de gritar: — A última a tomar banho paga o almoço! — Ah! — Eu a empurrei e corri para as escadas, apenas para tê-la segurando minhas pernas no meio do caminho para o topo. Meus joelhos bateram contra o tapete quando eu caí para frente e as fibras do tapete encontraram seu caminho em minha boca. Bleh. Por que parece que eu vou sair dessa casa com muito mais hematomas e cicatrizes do que quando cheguei? — Não é justo! Você é uma defensora! Você ganhará sempre! — Gritei com Becca já no topo das escadas. Ela apenas riu e se dirigiu para o quarto dela. Em silêncio, Emily caminhou casualmente até as escadas depois de nós, claramente desinteressada na competição.


Felizmente, nem todas compartilham um banheiro. A casa foi reformada há alguns anos para que se parecesse mais com um dormitório de uma casa normal. Cada quarto foi conectado a um banheiro que duas pessoas compartilhavam. Emily era a minha companheira. — Você pode tomar banho primeiro, Em. Vou abrir o meu presente e ligar para minha mãe. — Sorri e fechei a porta para lhe dar um pouco de privacidade. Foi quando finalmente estudei o pacote. Meu nome estava escrito na parte superior, escrito à mão, e definitivamente não parecia a letra da minha mãe. Ela praticamente escrevia tudo a mão. Quando criança, ela me mandava para a escola com guardanapos em meu almoço, no qual rabiscara notas perfeitas com letras longas. Elas sempre me diziam algo positivo sobre mim mesma: você é inteligente, talentosa, bonita, etc. E então ela adicionava um pouco de piada para me fazer sorrir, como: Pergunta: O que o caracol disse enquanto andava atrás da tartaruga? Resposta: weeeeeee. Já mencionei que minha mãe poderia ser louca, mas também é a pessoa mais amorosa do mundo? Pena que ela e meu pai foram viver sem mim em Aspen. Acho que eles merecem. Eu fui uma diabinha enquanto crescia. Mas foi assim que eu soube que o meu nome não foi escrito por ela. Estava muito desalinhado. Virei o pacote e rasguei o papel manteiga. Havia uma pequena caixa dentro, e quando a abri, um pequeno pedaço de papel caiu junto com um cartão de presente. Franzi as sobrancelhas e peguei o cartão de presente pela primeira vez. Era de um dia no Los Angeles Spa e incluía uma hora de massagem e alguns outros tratamentos opcionais. Eu absolutamente iria usar o cartão de presente no final da minha semana. Provavelmente precisava de uma equipe de massagistas para tirar os nós dos meus músculos se continuasse treinando como naquele dia. Peguei a nota.


Menina aniversariante. Você precisará disso depois de hoje. Desculpe, é um pouco tarde, mas pensei que você merecia mais um presente. Nenhuma assinatura. Nenhum nome. Que diabos? Meu primeiro palpite, e o palpite de 5% de mim que vivia na terra do nunca, era que Liam enviou. Ele me chamou de menina aniversariante algumas vezes, e até mesmo uma vez naquela manhã... mas então eu percebi que ele mal me conhecia. Droga. Isso significava que era provavelmente de Josh. A caligrafia parecia com a dele. A ideia de repente caiu como uma nuvem de chuva sobre o presente. Realmente quero pensar nele enquanto tento relaxar em um spa? Peguei meu celular e mandei uma mensagem para ele. Kinsley: Você deixou alguma coisa na minha casa hoje? Então enviei a mensagem e liguei para minha mãe. Ela atendeu no quarto toque e ouvir a voz dela me fez sentir sua falta instantaneamente. — Kinsley, como foi o treino?! — Perguntou ela. Caí no chão ao lado da cama e sorri contra o telefone. — Um chute na minha bunda. Literalmente, minha bunda está doendo enquanto estou sentada no telefone com você. — Isso soa... doloroso. Porque sua bunda está ferida? — Ela riu. — Eles nos fizeram correr uma distância mortal... eeeee... Acho que eu poderia ter ficado um pouco louca ontem à noite pelo meu aniversário, então eu paguei por isso esta manhã. — Ahhh, a verdade vem à tona. Queria sair com suas novas companheiras de equipe? E se você esteve bebendo, é melhor não ter dirigido. Além disso, é melhor você não ter bebido. Certo, por que os estudantes universitários dos EUA não bebiam? Escolhi apenas desviar do tópico.


— Nós pegamos um táxi, e sim, na verdade, duas das outras novatas e eu praticamente formamos um triângulo amoroso, sem tendências lésbicas. Becca é do Texas e parece que ela poderia ser uma líder de torcida do Dallas Cowboys, e Emily é do Minnesota. Ela é um pouco quieta, mas super doce. — Não posso esperar para conhecê-las. — Eu poderia dizer que ela estava sorrindo. — Eu pegarei um voo para o primeiro jogo, não importa o quê, mas eu poderia causar um desconforto ou algo assim? Isso não será muito embaraçoso? Eu sorri. — Sim, você deve. Deixarei você saber a programação quando começarmos a fazer as coisas. Mas preciso tomar banho, mãe. Vou almoçar com Becca e Emily. — Ah bom! Use o cartão de crédito que lhe dei e pague o almoço, já que não pude dar um divertido jantar de aniversário. Sorri, pensando que desde que eu era provavelmente a última pessoa a tomar banho, eu devia o almoço de qualquer maneira. — Me parece bom, obrigada. Te amo! — Também te amo! Quando

desliguei,

eu

verifiquei

meu

telefone.

Josh

respondera

imediatamente. Josh: Não. Apenas as flores ontem. Você disse que recebeu, né? As rosas me lembram você. Como foi o treino? Ele confundiu a minha pergunta com uma oferta de paz. Ele estava muito enganado. Mas se ele não enviou o cartão de presente... Não, eu não podia sequer pensar nisso. Não havia nenhuma maneira que fosse de Liam, e se fosse, então, esse bebê estaria sendo emoldurado e colocado na parede. — O chuveiro está livre, Kinsley! — Emily gritou da porta do banheiro. Salvo pelo chuveiro.


Eu meti o cartão de presente na minha carteira e decidi não contar a Emily ou Becca sobre isso até que eu descobrisse o remetente.

— Acordem, Novatas! — Uma voz gritou pouco antes de uma buzina ricochetear por toda a casa na manhã seguinte. — Que diabos! — Me sentei e me orientei, enquanto a buzina soava novamente. Um olhar para o meu celular me disse que era apenas 5:00. — Vocês têm três segundos para chegarem ao andar de baixo ou terão que dar voltas ao redor do quarteirão! — Tara disse. Eu podia imaginar o sorriso sarcástico nela. Se alguém tinha fome de poder, era aquela garota. Tirei o lençol das minhas pernas, as quais sentiam os efeitos do treino do dia anterior, e saí da cama. Bati nas portas de Emily e Becca no caminho para me certificar que ouviram o barulho. Ambas se arrastaram atrás de mim e nós fomos lá embaixo só para parar abruptamente em nossos caminhos quando vimos as veteranas alinhadas em frente a pequena lareira. Cada uma delas tinha uma bandana amarrada em torno da cabeça e listras pretas debaixo de seus olhos. Elas estavam vestidas para a guerra. Eu estava vestida com meias e uma camisa de dormir. — Alinhar! — Tara gritou. Becca e eu trocamos olhares cúmplices. Isso era normal ou Tara estava realmente indo ao fundo do poço? De qualquer maneira, nós ouvimos. Todas as novatas alinhadas encararam as veteranas sem dizer uma palavra. — Hoje é o primeiro dia de sua iniciação para a nossa equipe. É um rito de passagem. Foi feito com todas que vieram antes de vocês, então aguentem e levem


como uma campeã. — Por que essa frase parece um mau presságio? Quando estava prestes a perguntar me curvei. Foi quando eu vi o figurino em seus pés, e gemi. Nós precisaríamos nos fantasiar. — Desculpe-me, Kinsley, há algum problema? — Tara perguntou com um olhar duro. — Não, — respondi rapidamente, olhando para a variedade de cores e tecidos no chão da sala. — Você tem certeza? Porque você não parece querer estar aqui. — Ela queria uma briga e eu sabia disso. Ela queria uma desculpa para ser mais dura comigo do que com o resto das meninas, e eu não daria isso ela. — Não, estou animada, — respondi, olhando para ela com um pequeno sorriso. Era como olhar para o rosto do diabo e aceitar o desafio. — Bom, então você estará feliz quando ver o que vai vestir para o treino de hoje, Bryant. — Ela se abaixou e pegou um hediondo collant brilhante amarelo de lycra e tutu. Sério, quem fez isso aperfeiçoara o tom exato de vômito amarelo. — Você será o nosso Pomo10. Oh Deus. Meus olhos passaram pelos outros uniformes, de repente percebendo o tema. Eram roupões de bruxos e lenços de todas as casas de Harry Potter. Algumas das outras coisas eu não conhecia, mas tenho certeza que, como a minha roupa de lycra, todos eles serviam a algum tipo de propósito. Eu estava ao mesmo tempo impressionada com a ideia e também temendo ter que colocar essa roupa. Eu realmente não tinha uma escolha, no entanto. Não quero ser a novata chorona. Eu queria aceitar o desafio de Tara de qualquer maneira que pudesse.

10 Pomo de outro de Quadribol.


Tara jogou a roupa para mim e precisei pensar rápido para pegá-la. — Passem o resto das roupas, — Tara instruiu, e seus pequenos minions seguiram suas ordens rapidamente. Pensei que a minha seria a pior, mas quando entregaram à Becca sua roupa, não pude evitar e caí na gargalhada. — Você será uma goles, — explicou Sofie, entregando a Becca uma roupa ridícula composta por um tutu marrom que vinha desde o peito até os quadris. Ela parecia uma esponja de banho gigante. — O que é uma goles? — Becca desafiou enquanto relutantemente pegava a roupa de Sofie. — É uma espécie de bola de quadribol do Harry Potter. Quem se importa, apenas vista a roupa idiota. — Sofie acenou com a mão, dispensando-a. — Vão se trocar e voltem aqui em cinco minutos, — Tara gritou. Emily, Becca e eu corremos para o meu quarto para que pudéssemos mudar e reclamar em silêncio. — Que diabos? Elas estão autorizadas a fazer isso!? — Becca perguntou quando estava na frente do meu espelho, em seu traje ridículo. Eu não conseguia parar de rir o tempo suficiente para responder. — Sinto muito. Vocês definitivamente têm as piores roupas. Não parece justo, — respondeu Emily quando terminou de colocar os óculos falsos acompanhado da túnica. A cadela tinha que ser Harry Potter e ela parecia bonita em seus óculos falsos. — Emily, você está uma merda, — brinquei, puxando a malha de lycra por cima do meu sutiã esportivo. Era para ser do meu tamanho, mas a lycra estava apertada o suficiente para dificultar minha respiração.


— Pelo menos te deram um tutu. Seria ridículo vestir apenas um collant, — Emily ofereceu, tentando me mostrar o lado bom. O lado bom era que eu não estava vestida como uma gigante esponja marrom. — E quando voltarmos do treino, nós queimaremos nossa roupas e usaremos as cinzas para colocar uma maldição sobre Tara, — Becca sugeriu enquanto colocávamos nossas meias longas de futebol e tênis. — Novatas, trinta segundos para voltar aqui! — A voz de Tara surgiu. Nós três rolamos nossos olhos e pulamos, jogando nossas chuteiras sobre os nossos ombros. Uma olhada no espelho foi demais. Amarelo não era a minha cor e o tutu me fez parecer uma criança de nove anos de idade. Quando voltamos ao andar de baixo, estava claro que Emily tinha razão. Todo mundo estava de bruxa. Bem, quase todas. Uma menina estava vestida como um cabo de vassoura. Ou talvez apenas uma vara. Era difícil dizer. Uma menina veterana caminhou até Emily quando estávamos na fila e colocou um raio em sua testa com um marcador. Então, ela veio para mim e Becca. Ela colocou um gigante P no meu peito e um gigante G no peito de Becca. Sério, os trajes não eram o suficiente neste momento? — Nós daremos o café quando chegarmos ao campo de treino, mas só se vocês chegarem lá. Os veteranos seguirão ao lado de vocês, enquanto vocês executam uma rota designada que termina no campo. Se ficarem para trás, toda a equipe tem que correr um caminho extra, então fiquem com o grupo. Lutei contra um gemido. — Oh, e todo mundo pegará uma vassoura na saída, — declarou Tara. — Para quê? — Uma das meninas novatas perguntou. Tara zombou dela. — Porque você está vestida como as pessoas de Harry Potter, idiota.


Então, sim, enquanto corríamos, também teríamos que carregar uma vassoura entre as pernas. Alguma vez você já teve uma farpa no meio das suas coxas? Nem eu, porque não é onde as tenho. Pense um pouco mais alto. Isso não era bonito nas pessoas. Quando chegasse em casa, eu rasgaria este pedaço de material amarelo, pedaço por pedaço. — Pelo menos você tem peitos, — Emily apontou enquanto corria ao lado de Becca e eu. — O que isso tem a ver com alguma coisa? — Perguntei entre as respirações. — Liam definitivamente vai notá-los nessa lycra, acredite em mim. — Ah merda! — Esqueci completamente que ele nos veria assim. Porcaria. Porcaria. Porcaria. Tara provavelmente fez isso de propósito. Olhei para onde ela dirigia o carro ao nosso lado. Ela estava com uma bonita roupa de treino, e até mesmo aplicara uma leve camada de maquiagem. Aquela puta conspiradora. Se nós, na verdade, estivéssemos de Harry Potter. Eu lançaria Crucio bem na bunda dela. Sim, é isso mesmo, eu usaria uma das Maldições Imperdoáveis. Venha para mim, Ministério da Magia.


Capítulo 5 Cinco minutos antes das seis horas, nós finalmente fomos para o campo de treino. Todas nós lutamos para recuperar o fôlego enquanto as veteranas estacionavam seus carros e saíam como se tivessem acabado de voltar de umas férias relaxantes. — Aqui, novatas, comam, — disse Tara, jogando uma caixa de barras de granola no chão onde descansávamos. — Por que estou achando difícil gostar dela? — Becca murmurou. Balancei a cabeça com os olhos estreitados. Perguntando-me quão longe ela levaria a iniciação das novatas. Todas nós pegamos uma barra de granola, nossas garrafas de água e entramos no estádio para a nossa reunião matinal. — Encontrarei vocês lá, vou ao banheiro, — balancei a cabeça para Becca e Emily. Joguei água no meu rosto e refiz meu rabo de cavalo bagunçado no banheiro. Não havia nada que eu pudesse fazer para consertar minha aparência nesse ponto, o que foi uma pena, porque quando empurrei a porta do banheiro, Liam estava inclinado no bebedor bebendo água. No segundo que ele viu meu collant amarelo com o canto do olho, ele se endireitou e olhou a roupa toda. Ele estava com uma camisa cinza escura sobre o moletom preto, e de alguma forma ele ainda parecia estar modelando em um anúncio de GQ. Eu parecia uma bailarina drogada. — Uau. É isso o que as meninas estão vestindo para treinar futebol atualmente? — Ele perguntou, passando a mão em seu forte queixo.


Olhei para trás para ter certeza de que estávamos sozinhos no corredor. — Isso é parte da iniciação das novatas, — respondi. — Sou o Pomo de ouro de Harry Potter. Seus olhos desviaram para o P, escrito em meu peito, e a menção anterior de Emily sobre o meu decote passou pela minha mente. Mas quando ele olhou para cima, eu não conseguia discernir a emoção por trás de seus olhos. — Acho que eu gostei mais da coroa de aniversário, — ele sorriu. Puxei meus lábios e assenti. O que ele estava pensando? Será que ele se lembra de mim flertando com ele na festa? Ou ele flertava com tanta frequência que eu era apenas um pontinho em seu radar? — Sem brincadeira. Eu poderia usar um dia no spa quando sair dessa coisa, — eu disse, tentando soar indiferente, ao mesmo tempo vendo se meu comentário tinha qualquer efeito sobre ele. Ele arqueou a sobrancelha escura quando seus olhos percorreram a minha roupa mais uma vez. Quando olhou para mim, pareceu muito inapropriado. Talvez fosse apenas o modo como meu corpo reagia a ele. Droga, ele estava me distraindo. Era para eu ser Nancy Drew, e em vez disso eu era a Nancy feche-a-persiana-ecoloque-aquilo-em-mim. Espere, o quê? — As meninas são muito mais criativas do que os homens quando se trata de trote. Acho que nós apenas corremos muito e provamos que podíamos beber um engradado sem vomitar. Eu ri. — Isso não parece tão ruim. Eu posso correr por alguns dias. — Sim, mas você é do tipo fraca, — ele disse com um sorriso. — Hey! Eu tive quatro doses antes de chegar à festa no sábado.


Ele sorriu com uma particular superioridade, o qual enfraqueceu meus joelhos. — Ok, então talvez eu não aguente beber um pacote de seis, mas você acha que poderia lidar com essa roupa? — Perguntei, agarrando a barra do meu tutu amarelo entre os meus dedos. Ele levantou uma sobrancelha, seus olhos estudando a pele exposta entre o meu tutu e meias de futebol muito antes de desviar o olhar com uma expressão dura. Ele parecia lutar contra o desejo de olhar para o meu corpo. Oh Deus, o que estávamos fazendo? Engoli em seco e me movi para passar por ele para a sala de conferência antes que ele pudesse responder. Estar sozinha com ele era uma má ideia, era como brincar perto da água quando você não pode nadar. — Se não é a nossa Pomo de ouro, — Tara declarou quando entrei na sala com Liam em meus calcanhares. Olhei para ele quando me sentei ao lado de Becca. Sua mandíbula estava tensa e ele franziu as sobrancelhas, como se estivesse pensando em algo. Um momento depois, a treinadora Davis entrou e Liam recuou contra a parede e cruzou os braços. — Ah, senhoras, vocês estão ridículas esta manhã. Estou assumindo que isso é tudo brincadeira, né Tara? — Ela perguntou com um olhar duro. — Absolutamente! Apenas um pouco de diversão para receber as novatas, — respondeu Tara. Será que a treinadora Davis realmente acredita nela? Sério, nenhuma de nós parecia ter alguma diversão. A novata vestida como vassoura não podia nem sentar. — Tudo bem, nós vamos garantir que isso não interfira com o treino ou precisarei que todas mudem para roupas de ginástica.


Como que para piorar a situação, hoje foi o primeiro dia em que nos separamos em exercícios de posição, o que significava que Becca e Emily estavam do outro lado do campo e fiquei com Tara, Sofie, Liam e algumas outras veteranas. Éramos bastante heterogêneas. — Acho que de todas, fizemos o melhor trabalho com você parecendo tão ridícula, Kinsley, — Sofie comentou com um sorriso malicioso. Liam estava colocando os cones e não ouviu o comentário dela, então eu fiquei ali de pé, tentando deixar de lado o meu temperamento. — Concordo completamente. Ela parece hedionda, — Tara comentou. — Tudo bem, garotas. — Comecei, dando um passo em direção à dupla dinâmica. — Tara, — Liam disse atrás de mim, — meu primeiro conselho para você é aprender a estar em um papel de liderança sem deixar isso subir para a sua cabeça. Oh merda, ele ouviu. — A equipe prospera a partir de sua liderança, por isso, se você quiser continuar tratando os calouros como merda, tudo bem, apenas esteja preparada para uma temporada medíocre, — ele fez uma pausa e seus olhos cinzentos encontraram os meus, —... afinal de contas, ter química em uma equipe é muito mais importante do que as pessoas imaginam. Woah. Eu estava imaginando o brilho nos olhos dele e ser bruscamente pendurada em uma árvore ao lado do campo sob um balançar sexy. Quando ele se virou para arrumar mais cones, Tara fixou seus olhos em mim e eu sabia que Liam acabara de tornar a minha vida dez mil vezes pior. Isso é o que os caras não entendem. Ele pensou ter cortado o problema pela raiz, mas na realidade, ele acabara de colocar combustível sobre mim e entregara a Tara um fósforo aceso. Calem-se, rapazes.


Poucos minutos depois, eu esperava a minha vez quando Liam falou: — Você deve me informar se ela continuar atormentando você. — Eu era a última pessoa da fila, e a garota na minha frente estava a meio caminho do seu exercício. — Acho que pode ficar pior, mas obrigada. — Balancei a cabeça me movendo para pegar a minha vez. Ele acenou com a cabeça, mantendo os lábios fechados em uma linha fina, e acrescentou: — E você definitivamente não parece hedionda. Fiz uma pausa, tentando pensar em como responder. A forma como o seu tom carregado enfatizou as palavras deixou perfeitamente claro o significado do que ele tentava me dizer, sem passar quaisquer fronteiras invisíveis. Puta merda. Liam Wilder, o homem-mais-sexy-da-liga, apenas me disse que eu não estava hedionda. Fico com o elogio, muito obrigada. — É a tua vez, — ele fez um gesto, e antes que eu pensasse melhor, me virei e dei um pequeno sorriso apenas para ele.

— Parece que você tem outro pacote hoje, — Becca falou do banco da frente. Ela nos levou para almoçar, e Emily pediu antes de mim (os mais quietos são sempre os mais mortais), então eu estava na parte de trás, mandando mensagens de texto para minha mãe sobre o treino e dizendo a ela sobre as roupas ridículas. A roupa que agora está em cinzas no nosso quintal. Eu me inclinei à espera de ver outra caixa marrom, mas em vez disso, encontrei Josh sentado ao pé da nossa pequena varanda branca. Mandamos


alguns recados depois do almoço, então eu acho que deu a Josh tempo suficiente para chegar antes de nós em casa após o treino dele. O que significava que Liam acabara o treino, também. Tive um sonho no qual Liam caminhava lentamente em uma praia me carregando em seus braços. Adoro a forma como ele é forte o suficiente para me levar com um braço enquanto usa o outro braço para alimentar as gaivotas. Ele é assim, um amante dos animais. — Você sabia que ele estaria aqui? — Emily perguntou, virando seu olhar para mim. Ah, certo. Josh. Suspirei. — Não, eu realmente me esqueci de retornar a mensagem dele ontem, então não sei qual é o plano dele. Becca parou na calçada, e então ela e Emily correram para dentro, dando a Josh um aceno rápido quando passaram. Traidoras. Elas me abandonaram justo quando eu precisava de apoio. — Kinsley! — Josh sorriu, saindo da varanda e vindo em minha direção. — Ei Josh, — murmurei, enfiando as mãos nos bolsos de trás do meu short branco. — Como você está? Os treinos têm sido muito difíceis? — Perguntou ele. Por que ele tentava ser o cara legal nesse cenário? Ele não poderia apenas seguir em frente e facilitar para todo mundo? Toda vez que eu via o rosto dele, eu precisava lutar contra o impulso de socá-lo, mas se ele me perguntasse como foi meu dia e então eu desse um soco nele, não faria de mim uma cadela? Como foi seu dia – soco. Suspirei e respondi o mais educadamente possível. — Tem sido muito mais difícil do que eu esperava, mas gosto mais das minhas companheiras de equipe. E quanto a você? Eu sabia que ele não esperava que eu respondesse tão educadamente. Seu rosto se abriu em um sorriso aliviado.


— Tem sido a morte. E eu estava acostumado a ser o melhor, mas esses caras da equipe são profissionais de ponta a ponta. Wilder realmente me surpreendeu. Pensei que ele fosse um cara festeiro, mas quando ele entra no campo, é todo negócio, a equipe realmente o respeita. — Era estranho ouvi-lo falar sobre Liam assim. Ele não tinha ideia de que eu o conheci. — Ele está ajudando em nossos treinos na parte da manhã, — ofereci, principalmente para que pudesse manter a conversa em território neutro. Josh franziu as sobrancelhas. — Sério? No treino da ULA? Ele deve estar loucamente ocupado. Dei de ombros e me mexi, passando por ele para me sentar no último degrau da varanda. — Acho que ele tem um tempo livre. — Bem, isso é bom. Aposto que as meninas amam. No entanto, você não deve deixá-lo se aproximar de você, no entanto. Ouvi dizer que ele é um namorador em série. Como um movimento súbito de um interruptor de luz, o comentário imediatamente me fez lembrar por que eu estava sentada aqui com Josh em primeiro lugar. O que diabos eu fazia tendo uma conversa agradável com esse cara? — Não estou tão certa de que você deve distribuir conselhos sobre esse tipo de coisa. Do que você precisa, Josh? Ele fez uma careta. — Sim, isso é verdade. Sério, Kinsley, você precisa me deixar explicar. Olhei pra ele, percebendo que se continuaria surgindo em minha vida, e eu sabia que ele iria, porque já havia uma festa planejada para sábado à noite, então eu precisava ter essa conversa pra encerrar esse assunto. — Tudo bem, sou toda ouvidos, — respondi, e depois passei meus braços em torno de meus joelhos quando o vi andar para trás e para a frente na frente da


varanda. Tenho certeza que as meninas podiam ouvir nossa conversa lá dentro, mas realmente não me importo. — Kinsley, eu nunca quis te magoar. Essa menina, Jenny, não significa nada para mim. Fomos amigos de acampamento e ela estava me enviando mensagens, querendo um encontro. Continuei dispensando-a, mas então ela apareceu no meu apartamento. Eu queria interrompê-lo e perguntar como ela sequer sabia onde era o apartamento dele, mas não havia nenhum ponto. — Eu a deixei entrar e ela praticamente se jogou em mim. Ela ouviu que eu estava na equipe do LA Stars e acho que queria dizer que ficou com um jogador de futebol profissional. Você e eu não fazíamos muita coisa ultimamente, porque estávamos ocupados com as eliminatórias, e eu não estava pensando. Cometi um grande erro. Que desculpa esfarrapada. A mais lamentável desculpa de merda que eu já ouvi. — Assim, sempre que você estiver com tesão, você aceitará a primeira garota que se jogar em você? Você é apenas um idiota que queria ficar com alguém. — Eu não a amo, Kinsley. Ela não significava nada. Balancei a cabeça, sentindo as lágrimas queimando meus olhos. Eu não queria chorar na frente de Josh. Ele não merecia a satisfação. Ele foi um dos meus melhores amigos em todo o ensino médio. Quando Trey me traiu, Josh estava lá comigo, me dizendo quão idiota Trey foi. E quando finalmente ficamos juntos quase um ano depois, ele jurou proteger meu coração. Um monte de merda. Tudo isso. — Ok, — finalmente respondi, quando ele não parava de olhar para mim. Ele esperava que eu fosse brigar com ele sobre isso, mas eu não tinha nenhum desejo de brigar em mim para caras como Josh. Como Trey. Inferno, até mesmo Liam provavelmente não era melhor do que o resto.


— Ok? — Ele perguntou Levantei da varanda e respirei fundo. — Você disse o que precisava dizer, Josh. Ainda assim não voltaremos a ficar juntos. — Kinsley, por favor, não acabe isso ainda. Por favor, pense nisso. Eu seria um idiota de merda se deixasse você ir. Você percebe isso? Eu queria esclarecer que ele não estava me deixando ir, eu já fui, mas segurei minha língua por medo de que o choro começasse em breve. — Vejo você na festa no sábado, Josh. Nós podemos ser amigos, ok? — Não esperei que ele respondesse. Virei e corri para dentro de casa. Algumas alunas do segundo ano que estavam amontoados na porta tentaram agir como se estivessem conversando, mas todas as suas falas estavam misturadas. — Ah, sim, — uma tosse fingida, — você viu o último episódio de Vampire Diaries? Não parei para dizer para cuidarem de suas próprias vidas. Corri para cima e caí de costas na minha cama. Poucos segundos depois, houve uma batida na minha porta. — Kinsley? — Becca chamou quase em um sussurro, como se temesse que eu fosse desmoronar se falasse alto demais. — Você vai trazer a bunda de Emily aqui? Não estou pronta para chafurdar sozinha. — Claro, vadia. Ps: Se você quer que eu finja que não ouvi nada para que você possa desabafar, eu vou. Levantei minha cabeça e sorri. Becca me entendia melhor do que a maioria das pessoas, e só me conhece há cinco dias.


— Obrigada, mas supus que você tinha o ouvido pressionado contra a janela o tempo todo. Ela zombou. — Não sou uma amadora. Eu a deixei um pouco entreaberta. — Ela piscou e se virou para ir encontrar Emily.

No dia seguinte, no treino, eu alongava ao lado do campo quando Liam terminou de falar com a treinadora Davis e começou a caminhar até mim. Abaixei minha cabeça rapidamente, fingindo estar encantada com meus alongamentos. — Seus treinos estão melhores. — Ele cumprimentou quando me alcançou. Olhei para cima quando ele cruzou os braços na frente de seu peito e olhou na direção do resto da equipe. — Obrigada. Na verdade, eu sou uma jogadora de futebol decente quando meu corpo não está sob efeito de doses de gelatina e não estou vestida com um collant. — Brinquei, esticando a outra perna. Ele sorriu e voltou sua atenção para mim, mas precisou estreitar seus olhos para me ver através da luz do sol. — Você está pensando no treinamento para as eliminatórias olímpicas? — Ele perguntou, com um tom esperançoso. — Esse é o plano. — Respondi. — Escolhi a ULA por causa da treinadora Davis. — Essa foi uma jogada inteligente. A forma como ela passa os treinos são semelhantes aos das eliminatórias, tenho certeza.


Balancei a cabeça, sem saber onde nossa conversa iria. — Seu rosto se curou muito bem. — Disse ele com um sorriso especial. Não pude deixar de sorrir de volta e até cheguei a sentir onde os restos de minha contusão estavam escondidos debaixo de uma fina camada de suor. Ficamos ali por um momento, antes de eu fazer uma pergunta que me incomodou nos últimos dias. — Então, você é realmente tão selvagem quanto os tabloides o fazem parecer? Ele não respondeu de imediato. Ele coçou o queixo e olhou para o chão, como repassasse as antigas memórias. — Posso dizer que sou um bad boy reformado sem soar como um cretino? — Ele riu. — Comecei a jogar futebol profissional quando tinha vinte anos e era um pouco... selvagem. Quando alguns contratos publicitários ameaçaram me deixar, eu percebi que precisava mudar o meu plano de jogo. — Quando foi isso? — Há três meses. — Ele respondeu, delineando um pedaço de grama com seu tênis. — Ainda estou puxando o saco de alguns dos meus patrocinadores. — Eles realmente o largariam por causa de sua vida pessoal? Ele franziu a testa antes de responder. — Quando aconteceu isso com Tiger Woods, ele foi abandonado pela maioria de seus patrocinadores. Eles não querem escândalos associados às suas marcas. — Sim, acho que faz sentido. — Estreitei os olhos para ele. — Sabe, três meses não é muito tempo... talvez você tenha algum remanescente de bad boy a espreita? Seus olhos dispararam para os meus quando um sorriso lento tocou seus lábios. Saia enquanto ele ainda pensa que você é um pouco charmosa.


— Preciso voltar para o treino, — eu disse ao ver as meninas correndo para o campo após a nossa pausa para água. Enquanto corria em direção a elas, eu tentei dizer a mim mesma que a adrenalina correndo pelo meu sistema era do treino e não de nossa pequena conversa. O dia seguinte passou rapidamente sem nenhum sinal de Liam no treino e sem mais tentativas de trote. Eu estava mais preocupada com a ausência de Liam do que com o trote em potencial. Isso é, até que Becca invadiu meu quarto na noite de quinta. — Acho que sei por que Liam, desculpe, treinador Wilder, não foi ao treino hoje, — disse ela, fechando a porta e trancando-a atrás dela. Seu cabelo loiro estava em um coque bagunçado e ela usava um pijama. Abaixei meu livro. — O quê? Por quê? Ela sorriu descaradamente e estatelou seu laptop na minha cama. — Porque o nosso sonho-de-treinador está no Tonight Show agora. — Explicou ela, com um sorriso orgulhoso. — Ele está fazendo publicidade para o Los Angeles Stars. — Isso é tão incrível! Nós podemos ver? — Você está, tipo, a cinquenta passos atrás de mim. Já estou assistindo. Chega pra lá, — disse ela, sentando ao meu lado. — Devemos chamar Emily? — Perguntei. — Acabei de verificar. Ela está no telefone com seu amado. — Ah, tudo bem. Isto é tão incrível. — Gritei, animada com a ideia de assistir Liam por vinte minutos, sem ter que me preocupar que ele fosse me pegar olhando. — Além disso, devemos falar sobre esses pijamas ou apenas vamos ignorar? — Eu ri, olhando para as roupas dela.


Becca me lançou um olhar brincalhão. — Não brinque com isso até que você use. Sério, eu os usaria em todos os lugares, se pudesse. — E você quer saber por que ainda é virgem. — Brinquei, totalmente preparada para o soco que estava prestes a vir. Logo em seguida, ela me deu um tapa no braço. — Isso não é tão legal! Se eu não soubesse como sou bonita e incrível, eu teria um grande complexo por ainda ser virgem. — Mas você só tem dezenove. Ainda é muito jovem. Ela estreitou os olhos e inclinou a cabeça para longe de mim, suas próximas palavras saindo confusamente atrapalhadas. — Eunãotenhonadaparacontar. — O quê? Não te ouvi. Fale. — Eunãofiznadaalémde... Eu ri e coloquei minha mão em volta da minha orelha. — Estou loucamente surda ou você está resmungando? — Não tive nada além dos amassos, ok! — Ela gritou, e então jogou um travesseiro em mim. Eu o peguei e joguei no lado, e estava prestes a rir, mas então eu percebi que ela estava muito mais nervosa do que o habitual. Nenhuma linda menina deve sentir esse pânico por estar constrangida com seu nível de experiência. Que importava se eu tive um beijo molhado, aos quinze anos? E horrível sexo estranho aos dezessete anos? Não me arrependo, mas não era nada para se orgulhar. — Sério, não se preocupe com isso. Não é como se as minhas experiências fossem todas ótimas. Ela assentiu com a cabeça e abriu seu laptop, efetivamente encerrando o assunto.


Assim como ela prometeu, Liam apareceu na tela sentado ao lado do apresentador no Tonight Show. Ele estava muito bonito em um terno preto com o cabelo estiloso e uma cara limpa, barbeada. Ele usava uma blusa de botão e manteve os primeiros botões da camisa abertos para que cada membro feminino da plateia estivesse gritando, inferno. — Meu Deus, eu não posso acreditar que realmente sou treinada por esse cara. Que loucura é essa? — Perguntou Becca. Não pude prestar atenção tempo suficiente para responder. O apresentador do Tonight Show tentava começar a entrevista, mas as meninas na plateia não paravam de gritar. Foi muito engraçado, e Liam desempenhou bem, parecendo humilde e encantador. Finalmente as meninas se calaram, Liam riu e deu de ombros, como se dissesse, o que posso fazer? — O cabelo dele parece bom assim, geralmente não é o estilo ha... — Shh! — Cortei-a, assim que o apresentador fez a primeira pergunta. — Então Liam, eu ia perguntar como é ser um dos homens mais sexys do mundo, mas acho que o nosso público respondeu a essa pergunta para mim. — O apresentador começou, e todos riram. Liam olhou para baixo e esfregou o queixo entre o polegar e o dedo indicador. Eu o vi fazer o mesmo movimento algumas vezes antes, mas vê-lo na televisão nacional foi estranhamente surreal. Este era o cara que me salvara de Tara no campo de futebol. Debaixo desse corpo e do rosto, pode haver um grande coração, e eu não conseguia entender como isso poderia ser possível. — Não é sempre assim, eu garanto. Em LA eu vivo uma vida muito privada. — Liam respondeu com um pequeno sorriso. — Ah, então eu vejo que você ainda está com o LA Stars, mas você se afastou do centro das atenções um pouco. Minha mulher, sim, até mesmo ela é obcecada por você, disse que não tem visto você em tantos tabloides recentemente.


— Você não deveria deixá-la ler isso. São todos falsos, de qualquer maneira. — Liam brincou. — Com certeza passarei a mensagem, mas ela me mataria se eu não perguntasse... você está vendo alguém agora? — Para seu crédito, o apresentador parecia um pouco envergonhado por fazer uma pergunta como essa. Becca e eu trocamos olhares de olhos arregalados, e ela estendeu a mão para aumentar o volume. — Não, eu só estou focado no futebol e meu novo papel como treinador na ULA, — ele balançou a cabeça com um sorriso tenso. É claro que a multidão ficou ainda mais selvagem quando ele se declarou solteiro. — Oh, eu estou feliz que você tocou nesse assunto. Vocês sabem que tem havido muita conversa sobre o seu papel com o time de futebol nesta semana. O quê? Do que o apresentador estava falando? Até Liam parecia um pouco confuso sobre onde a entrevista ia. — Kinsley Bryant é uma novata na equipe, certo? Eu gritei. — Ele acabou de dizer meu nome?! Por que ele acabou de dizer o meu nome? — Isso é loucura! Espere um pouco. O que foi que ele disse? — Perguntou Becca. Liam olhou surpreso, mas atuou bem. — Você se mantém atualizado sobre o futebol da faculdade, Jim? O apresentador riu e então piscou para a câmera. — Bem, eu me mantenho atualizado com a revista Sports Illustrated. Viu a reportagem do próximo mês? Liam mudou sua posição em sua cadeira e balançou a cabeça. — Bem, uma vez por ano eles fazem uma lista das mulheres mais sexys do esporte colegial. Você conhece essa lista?


Liam balançou a cabeça novamente, e eu poderia dizer que ele ficava cada vez mais desconfortável com o tema da conversa. Eu, por outro lado, pensei que poderia ter um ataque cardíaco. O apresentador riu, tentando salvar a vibe, e depois virou para a lista dentro da revista. — Pouquíssimas mulheres da equipe da ULA estão na lista. Tara O'Connell, uma veterana, está na lista, bem como uma novata, Becca Riley. Becca gritou e pulou, quase derrubando seu computador da minha cama. — Pause isso, pause isso! — Gritei. E Becca se virou para mim com os olhos arregalados e abanando o rosto. — O que isso significa? Como eles sequer sabem sobre nós? Nós só fomos recrutadas há alguns meses. Balancei minha cabeça. — Não tenho ideia, mas eles definitivamente fodidamente disseram seu nome! Becca! Se eles soubessem que você está aqui sentada de pijama de patinho agora, você seria a número um na lista. — Comecei a rir, imaginando-a sendo entrevistada em seu pijama. Após tomar algumas respirações profundas, em um esforço para nos acalmar, puxei o laptop de volta para o centro da cama e apertei o play. — Mas sabe quem está em um dos primeiros lugares na lista? Kinsley Bryant. Na verdade, ela era uma das favoritas dos fãs na enquete web. Que diabos? Como não ouvi nada sobre isso? — Não sei o que você está me perguntando, Jim. Elas são todas grandes jogadoras de futebol, mas não estou lá para sair com elas. Estou lá para ajudar a treinadora. Tenho seguido a carreira de Kinsley desde o ano passado. Ela estava no topo das recrutas no país e tenho certeza que ela será uma candidata para a equipe olímpica quando tiver as eliminatórias em poucos meses.


Naquele momento eu deixara oficialmente o planeta. Participar de uma lista por ser bonita estava tudo bem, mas ele elogiando minhas habilidades de futebol em rede nacional me fez querer fazer cambalhotas ao redor do bairro. O apresentador então cortou para um comercial, e assim eles poderiam trazer o próximo convidado. Caí de costas na cama com um sorriso gigante. — Eu já morri oficialmente. Agora estou falando com você postumamente. Becca riu e caiu ao meu lado. — Eu juro que ele te quer. Sério, eu olhava para ele no treino e ele mal tira os olhos de você. — Isso é porque ele está me ajudando a aperfeiçoar os meus passes. — Ou ele está imaginando você fazendo os passes sem roupas. — Você não acabou de ouvir o homem? Ele não está lá para encontros. — Sim, certo. Vamos ver quanto tempo isso dura. Eu ri e rolei. — Você está tendo alucinações, e esqueceu o cara que esperava na nossa varanda outro dia? Não estou preparada para lidar com mais problemas de romance. E essa era a verdade. Se Josh e Trey foram capazes de fazer o que fizeram, então um cara como Liam, que tinha mulheres tatuando o rosto dele em suas vaginas, era sem dúvida um cara em quem eu não podia confiar.


Capítulo 6 Eu me preparava para o treino na sexta-feira de manhã quando a treinadora Davis colocou a cabeça dentro do vestiário. — Kinsley, Becca e Tara, eu preciso ver vocês no meu escritório por um segundo. — Ela declarou, voltando para o corredor. Terminei de amarrar minhas chuteiras, e olhei para Becca. — Isso soou sinistro, — eu disse, conforme saíamos do vestiário e seguíamos Tara até o escritório da treinadora Davis. A porta estava aberta, mas depois que nós três entramos, a treinadora Davis fez sinal para eu fechá-la. Uh oh. — Então, eu tenho certeza que vocês estão conscientes de por que as chamei nesta manhã? — A treinadora Davis perguntou com um tom autoritário. — Hum, eu assumo que seja por causa do programa de ontem à noite? — Respondi, olhando para Becca por reforço. Estávamos em algum tipo de problema? Eu podia ouvir a voz de Tara na minha cabeça: — Hum, não é nossa culpa sermos bonitas. — Que programa? — Perguntou Tara, e eu não conseguia decidir se ela era realmente ingênua ou se apenas queria que tudo fosse repetido para que pudesse se deleitar com tudo novamente. Meu dinheiro estava no deleite. A treinadora Davis suspirou e rapidamente contou sobre a lista, bem como a entrevista de Liam. É claro que ela deixou todos os detalhes divertidos... como o quão quente Liam parecia em toda a sua glória HD. Suspiro.


Tara agiu como se fosse a primeira vez que ela ouviu falar disso. — Oh, wow. Eles me listaram?! Não posso acreditar. Bem, eu posso. Eu estava nessa lista no ano passado, então imaginei que eu estaria nela novamente... Eu queria esfaquear meu olho com um dos lápis da treinadora Davis, apenas para deixar de ouvi-la terminar a frase. Sei que esfaquear meu olho não causa perda de audição, mas talvez o trauma da situação calasse Tara. — É importante entender o que realmente significa para cada uma de vocês, — a treinadora Davis cortou, e precisei segurar um sorriso. — Como atletas universitárias no programa de futebol top do país, vocês são modelos para os jovens em todos os lugares. Vocês não podem deixar de ser colocadas em tais listas, mas eu quero que escolham com muito cuidado todas as entrevistas que vocês farão nos próximos meses. Vocês terão um monte de publicidade nas próximas semanas, e preciso que se lembrem em que direção vocês estão trabalhando. — Eu preferia que cada uma falasse comigo sobre qualquer entrevista antes de aceitá-las. Não posso forçá-las a recusar, mas este não é meu primeiro grupo, e vocês não são as minhas primeiras jogadoras de futebol a participarem dessa lista. Vocês precisam ter cuidado com a imagem e reputação. Minha imagem. Será que eu ainda tenho qualquer imagem? Senti uma onda de nervos rolar por mim quando suas palavras afundaram. A minha vida mudaria? Eu estava preparada para isso? Não. Não. Não, eu não estava pronta para essa atenção. — Então eu não deveria usar o meu biquíni no treino? — Becca perguntou, aliviando o clima. A treinadora Davis atirou um olhar exasperado. — Basta terem uma boa cabeça em seus ombros. Acho que cada uma de vocês tem a chance de competir em nível olímpico se jogarem seus cartões direito nesta temporada.


Lá estava isso de novo. As Olimpíadas. Eu praticamente podia ouvir um grupo de querubins gordinhos cantando atrás de mim enquanto eu visualizava os anéis olímpicos e eu de pé no centro. Nunca me senti tão perto de realmente realizar o meu sonho. Inferno, o sonho de toda jogadora de futebol. E toda a razão de escolher a ULA em primeiro lugar. A treinadora Davis foi a assistente técnica da equipe olímpica feminina nos últimos três jogos, então ela poderia me ensinar tudo o que eu precisava saber pra entrar nos testes. No entanto, não foi até aquele momento, quando ela disse as palavras em voz alta, que eu realmente pensei que isso poderia acontecer. Não era apenas o sonho de uma boba novamente. — Muito obrigada, treinadora. Não vou perder o foco, — eu disse, cerrando os punhos e tentando manter minha excitação sob sigilo. A treinadora Davis assentiu e acenou com a mão para que soubéssemos que podíamos sair. Todas nós pulamos, mas antes que eu passasse pela porta, a treinadora Davis me chamou. — Kinsley, você pode esperar um segundo? Eu me virei para olhar para ela, e então ela acrescentou: — Você pode fechar a porta. Eu me virei para fechar e vi Becca de pé no corredor esperando por mim. Suas sobrancelhas levantaram em curiosidade e atirei um olhar me ajuda antes de fechar a porta e ficar sozinha com a treinadora Davis. Era só eu ou os querubins de repente fugiram da sala? Tentei avaliar o humor dela enquanto me sentava, mas era impossível. Sua boca estava puxada em uma linha fina, mas as sobrancelhas estavam relaxadas. — Está tudo bem? — Perguntei.


Ela suspirou e então olhou para mim. — Acho que não preciso ter essa conversa com você, mas eu seria uma tola se não cobrir todas as minhas bases e me certificar que você está protegida. Franzi a sobrancelha no pensamento. — Protegida? — Dos meios de comunicação. E acho que seria sábio se distanciar do treinador Wilder tanto quanto possível. Não preciso reiterar o fato de que qualquer tipo de relação entre vocês dois está fora dos limites, mas os meios de comunicação se esforçarão para falsificar provas de um relacionamento se você der a eles alguma razão para acreditar que isso seja verdade. A mídia já está tendo trabalho especulando sobre vocês dois, e foi apenas uma semana. Você não precisa manchar a sua reputação antes mesmo de ter a chance de fazer seu próprio nome. Será que isso faz sentido? Ela me sobrecarregou com informações, mas a lembrança de que Liam estava totalmente fora dos limites foi como um punhal no coração. Para ser honesta, antes desse momento, nunca pensei nele estritamente como um mentor ou treinador. Ele sempre seria Liam Wilder, o bad boy do futebol e destruidor-de-corações. Mas isso não poderia continuar. Eu sabia que ele era intocável. Então, por que foi tão ruim ser lembrada desse fato? — Eu entendo, — respondi sem muita convicção, mantendo meu olhar sobre a borda da mesa. Por que ela não precisa avisar a Becca e Tara sobre isso também? Ele podia ter um relacionamento com qualquer uma de nós. — Tudo bem. Vá se preparar para o treino, Bryant. Temos muito trabalho a fazer. — Ela me dispensou, e saí em silêncio. Será que ela deu a Liam o mesmo aviso? Ele estaria irritado com a mídia tentando unir nós dois? Ele tinha bastante cobertura negativa da mídia como é e não precisava me adicionar a isso. Saí em silêncio em direção ao campo, ponderando as novas informações na minha mente. Será que Liam me trataria de forma diferente agora? Devo agir como se não tivesse visto a entrevista?


Acontece que eu não deveria ter me preocupado. Liam não estava no treino naquele dia. Provavelmente estava voando para sua casa em Nova York, mas eu disse a mim mesma que não me importava. Eu me concentrei no treino e forcei meu corpo até saber que eu estava jogando o melhor futebol que podia. Era bom saber que o meu objetivo final estava tão perto. Só precisava manter o foco. Eu tinha que ter certeza de que pelos próximos meses, eu estaria concentrada apenas no futebol. Olimpíadas, observe porra, Becca e eu... e certo, talvez Tara, vamos em sua direção. Tive o meu primeiro gosto dos repórteres famintos por sangue depois do treino naquele dia. Eles estavam no estacionamento, oscilando ao redor de nossos carros com suas lentes e microfones gigantes. Andei em direção a eles ao mesmo tempo em que apertava o botão de desbloqueio do meu carro. — Kinsley – Kinsley Bryant – nós podemos fazer uma rápida pergunta – Becca -- Becca?! — Eles falavam uns sobre os outros para serem ouvidos, e eu sabia que não demoraria muito para a treinadora Davis os enxotar. Eles eram implacáveis. Mesmo ignorando-os e seguindo para o meu carro, as suas perguntas atravessaram o ar, de forma muito forte e desagradável para ignorar. Eles perguntaram sobre Liam Wilder e sua aparência no Tonight Show. Respondi rapidamente com qualquer um sim ou não, e passei por eles. Porém, eles não desistiram, e continuaram nos importunando enquanto eu pulava no meu carro e trancava as portas. Eles estavam muito perto para meu conforto, e até mesmo quando liguei o carro eles foram corajosos o suficiente para ficarem bem atrás do para-choque do meu carro. Mal sabiam eles que eu não aguentava jornalistas desagradáveis. Spoiler: o resto desta história se passa em uma cela na prisão. — Não posso acreditar nisso. — Disse Becca do banco de trás.


— Quando eles quiserem falar sobre nossas habilidades no futebol eu estarei mais do que disposta a dar uma entrevista para eles. — Bufei, colocando meu cinto de segurança com um pouco de força demais. — Concordo. — Disse Becca com uma carranca. Enquanto me afastava, me virei para ver Tara ainda de pé, com os repórteres. Eu me esqueci dela durante a nossa caminhada até o carro. Todas as câmeras estavam voltadas para ela, e ela tinha um sorriso que praticamente tomava conta de todo o seu rosto. Acho que a menina encontrara o nirvana.

— Então, vocês querem vir comigo para o spa? — Perguntei a Becca e Emily no final da tarde. Nós sobrevivemos à primeira semana de treino e agora era hora de comemorar. —Sim! — Becca gritou, pulando da cama. Eu sabia que ela ia querer. — Isso seria divertido, mas meu namorado vem à cidade para o fim de semana e eu preciso ir buscá-lo no aeroporto. — Emily franziu o cenho. — Ele está hospedado na casa? — Eu perguntei quando ela se inclinou contra a porta que separava o meu quarto do nosso banheiro compartilhado. — Sim, — Emily começou levemente, — se estiver tudo bem. Sei que é chato dividir o banheiro com um cara, mas é só vocês falarem que nós vamos para um hotel. — É claro que está bem. Becca e eu não estaremos em casa até tarde da noite e depois há aquela festa amanhã para aproveitar. Você pode ter todo o sexo quente no banheiro, apenas limpe depois. — Consegui dizer com uma cara séria.


Tudo bem, sim, eu propositalmente cruzei a linha com Emily porque era muito divertido fazê-la corar com a menção de sexo. Eu ainda não podia acreditar que, de todas nós, ela era a mais sexualmente ativa. — Aposto que você é uma aberração nos lençóis. — Disse Becca com uma piscadela sugestiva. O rosto de Emily estava agora oficialmente em chamas. — Oh meu Deus, vocês não podem falar assim! O pai dele é um pastor e David é muito tímido. Becca e eu olhamos uma para a outra com cumplicidade. — Sim, eles definitivamente tinham sexo bizarro. Filho de pregador é pervertido no sexo. — Disse Becca, e assim nós perdemos mais um minuto. — Aposto que ele é o único garoto que poderia ensiná-la, — eu disse com um sorriso diabólico. Becca me lançou um sorriso malicioso, e acrescentou: — É... eu acho que é porque ele é o filho de um ... — PASTOR, nós cantamos em harmonia e caímos na risada. — Gente! — Emily bateu o pé no chão, fazendo toda a situação ficar dez vezes mais engraçada. Mas, eventualmente, eu me recompus, levantei e coloquei as mãos nos ombros de Emily. — Eu juro que vou pegar leve com ele. — Sim. Sim. Vejo vocês mais tarde, divirtam-se no spa! — Emily falou enquanto descíamos as escadas. — Eu definitivamente vou dividir isso com você. — Eu prometi quando paramos em frente ao prédio. — Não se preocupe com isso. Minha mãe não se importa se eu receber uma massagem de vez em quando. Ela sabe que ajuda a trabalhar os nós do futebol. — Gatona, então nós podemos esbanjar em outras coisas.


— Vamos de brasileira. — Becca sugeriu com uma cara séria quando saímos do carro. — Depilação à brasileira? Claro que não. — O quê? Você não faz? — Becca perguntou, claramente surpresa. Desculpe, mas não preciso de meu cabelo arrancado por alguma pessoa aleatória na sala dos fundos de um lugar de depilação superficial. — Não. — Oh meu Deus, você vai fazer uma! Você tem que tentar pelo menos uma vez e será bom ter uma agora, enquanto é verão. Podemos até mesmo ir à praia amanhã e mostrá-las. Dei-lhe um olhar aguçado. — Como você mostra uma depilação à brasileira, Becca? Olá todos, confiram minha vagina brilhante? Becca começou a rir. — Ok, isso soou idiota. Mas, falando sério, eu farei você fazer uma. Se você odiar, não tem que fazer novamente. Sabia que ela acabaria fazendo seu ponto, então não me incomodei em discutir. Eu estava levemente curiosa sobre isso de qualquer maneira. Eu sabia que o spa seria sofisticado, mas quando entrei, me senti como se estivéssemos fora do lugar. Uma música suave tocava nos alto-falantes escondidos enquanto a água escorria do lado de uma complexa fonte construída em uma das paredes. Não havia mais ninguém na sala de espera, exceto uma recepcionista atrás da recepção com um sorriso calmo. — Como posso ajudar vocês duas? — Ela perguntou com uma voz açucarada quando atravessamos a sala. — Oh, oi. Tenho um cartão de presente que gostaria de usar para ter uma hora de massagem e uma sessão de depilação, por favor.


— Que tipo de depilação você prefere: a Biquíni Padrão, brasileira, ou francesa? Tossi e balancei a cabeça sobre o meu ombro para verificar se a sala de espera ainda estava vazia. Parecia que eu estava gritando para clarear minha bunda ou algo assim. — Ela quer a brasileira. — Becca respondeu por mim com um sorriso cúmplice. — Então, uma hora de massagem e uma sessão de depilação. — A mulher repetiu de trás do balcão. Seu rosto estava impassível e completamente livre de poros. Aposto que ela limpa o rosto duas vezes por dia, diariamente. — Gostaria de depilar primeiro? — Oh, boa ideia. — Não seria capaz de desfrutar da massagem se fosse o contrário. — O mesmo para mim. — Becca sorriu, e a mulher nos marcou no sistema. Desde que não tínhamos compromissos, foi-nos dito para colocar roupões e chinelos e, em seguida, acalmar nossos chakras na sala de relaxamento até que eles estivessem prontos para nós. Não sei se era necessário acalmar o meu chakra, mas antes de ir em direção a sala, eu parei. — Becca, vá em frente, eu já estarei lá. — Eu disse, segurando meu telefone como se precisasse fazer uma chamada. Ela assentiu com a cabeça e continuou sem mim. Senti uma pontinha de culpa por mentir para ela, mas eu tinha uma última coisa a fazer antes de ir. Virei em direção à recepcionista com um sorriso caloroso. — Posso te pedir um favor? — Perguntei suavemente. Ela desviou o olhar do computador e imitou o meu sorriso. — Claro.


— Foi-me dado este cartão de presente há um tempo e não me lembro quem me deu. Gostaria de enviar um cartão de agradecimento... você poderia me ajudar a descobrir o nome? Pensei sobre qual seria a melhor abordagem no caminho para lá, e não achei que essa pergunta detonaria todas as bandeiras vermelhas. — Oh, certamente, posso dar o último nome no cartão que foi utilizado para adquirir o cartão. Isso ajuda? — Ela perguntou com seu mesmo sorriso calmo. — Isso seria ótimo, — respondi, entregando-o a ela. Ela digitou em seu computador por um minuto antes de sorrir. — Tudo bem, parece que o Sr. Wilder comprou o cartão, mas isso foi apenas há alguns dias. Será que você se enganou sobre quando recebeu? A voz dela flutuou da minha mente após o nome Wilder sair de seus lábios. Eu não poderia sequer processar a segunda metade de sua frase. Santo. Sr. Wilder. Liam-louco-derrete-minha-calcinha-Wilder tivera tempo para me dar um presente de aniversário atrasado. Minha respiração soou estranha quando finalmente murmurei uma resposta. — Oh, ha-ha, acho que confundi com o outro vale-presente. Obrigada. Nem sequer esperei que ela dissesse mais alguma coisa antes de ir rapidamente para o vestiário. Eu me atrapalhei com o processo de me trocar em um roupão e deslizar sobre os chinelos do spa. Meu cérebro parecia congelado em choque desde que aquele pedaço de informação foi arremessado sobre mim. Quando cheguei, Becca já havia mudado seu roupão e estava deitada com pepinos em seus olhos na sala de relaxamento.


— É você, Kinsley? — Ela perguntou quando a porta se fechou atrás de mim. — Sim. — Murmurei, de repente com medo dela me perguntar sobre o cartão de presente. Não quero dizer a ela que era de Liam, porque ainda não tinha certeza dos motivos dele. — Esses pepinos queimam. Não é estranho? É como se eles fossem tão frios que estão congelando meus olhos. Deixei tudo de lado quando Becca me fez gargalhar na sala de relaxamento do spa. — Tire isso então, idiota. Ela sorriu, mas não se moveu para se sentar. — Não, eu quero valorizar o meu dinheiro. Eu reclinei ao lado dela justo quando uma atendente do spa veio e nos ofereceu toalhas quentes e água com infusão de jasmim. Para o nosso crédito, agimos tão civilizadamente quanto possível até que a atendente saiu do quarto. O segundo que ela se foi, eu me inclinei e comi um dos pepinos de Becca. — Ew! Isso é doentio. Tinha os meus piolhos dos olhos nele. — Gosto mentolado. — Brinquei e balancei as sobrancelhas. — Ei, você já pensou em que vai se formar? — Ela perguntou. Eu gemi. Ela fez a temida pergunta. — Oh Deus, nós temos que falar sobre isso no spa? Não tenho ideia. Só quero jogar futebol. — Sim, temos. — Vamos nos inscrever para as aulas em algumas semanas, certo? — Sim, — ela balançou a cabeça, tomando um gole de água. — Temos uns três meses para usufruir da doce liberdade. — Você quer dizer três meses para ir a tantas festas quanto possível.


— Exatamente. Não teremos tempo uma vez que o semestre começar. Logo então, a porta se abriu e uma mulher entrou calmamente. — Senhorita Bryant, se estiver pronta, eu vou te levar a sala de depilação. O que?! Não tive tempo para relaxar o meu chakra. Apesar de tudo, meu chakra se sentiu ainda mais em pânico. Que tipo de spa era esse? — Ela pode vir comigo?! — Implorei, apontando para Becca. Becca gemeu. — Não preciso de uma completa vista frontal de nenhuma zona sua. — Não desse lado da mesa. — Esclareci: — Só não quero ir sozinha. A pequena mulher sorriu e acenou. — Se você quer a sua amiga segurando sua mão é perfeitamente normal, mas prometo que não será tão ruim. Sou muito boa no que faço. Ela parecia extremamente confiante, o que era bom, considerando que ela estava prestes a mexer com cera quente em torno de uma parte muito importante do meu corpo. Seria indelicado pedir para ver o diploma dela? É melhor que ela tenha se formado em Harvard Cosmetologia. Yale Cosmetologia apenas não é mais o que costumava ser. Relutantemente a segui para a sala de depilação enquanto Becca ria ao meu lado. Ela estava curtindo demais o meu sofrimento. Assim que entramos na sala a mulher me deitou, e na espera eu tentei não quebrar a mão de Becca no processo. — Você precisa relaxar. Ela sequer começou e minha mão ficou dormente cerca de dois minutos atrás. — Ok, desculpe, desculpe. Apenas me diga quando ela estiver prestes a começar. — Eu me desculpei, olhando para o teto e sentindo que eu suava por todos os poros do meu corpo. — Por que concordei com isso? Nunca tive quaisquer


queixas nessa área antes. Quer dizer, eu não sou um gnu11, mas me cuido... eu juro. Oh Deus, eu pareço uma amazona em comparação com as outras mulheres que vêm aqui? — Naquele momento eu apenas divagava para me manter inquieta. Eu podia ouvir a mulher trabalhando ao redor e automaticamente imaginei o pior. Como o que você faz no consultório do dentista quando seus olhos estão fechados e a broca começa. Pulei quando a mão da mulher tocou minha perna e depois um rangido alto quase me obrigou a fugir do quarto. — Ah! Isso não parece bom. — Querida, isso foi apenas eu abrindo as abas de cera. Vamos começar, ok? Estou indo para... — eu podia senti-la começando a passar a cera. Estava quente, mas não muito quente. — Você nem sentirá nada e só estará mais... — AHHHHHHHH! FILHA DA PUTA. — Eu gritei quando ela puxou a primeira tira. A mulher louca nem parou. Ela continuou até que eu gritava palavrões que até mesmo marinheiros se recusavam a exclamar. Eu estava praticamente em lágrimas enquanto Becca, é claro, gargalhava. Ela mal podia conter sua alegria e eu queria colocar cera quente no rosto dela só para ver o quanto ela gostava disso. — É sério, não é tão ruim assim, Kinsley! — Becca riu quando a mulher começou a passar um pouco de creme para refrescar. — Você provavelmente nem se lembra! Provavelmente já fez isso tantas vezes que já arrancaram todas as suas terminações nervosas! Após tudo ser dito e feito, eu admito... não foi tão ruim assim. A mulher terminou e limpou rapidamente, e então eu troquei de sala para receber minha massagem. A sala de massagem era maior e as luzes eram baixas para que fosse suave e calma. Finalmente, eu começaria a realmente relaxar. Sim, certo.

11 Normalmente dirigido para uma pessoa muito grande ou feia. Insulto usado para exagerar o tamanho de uma pessoa ou falta de atratividade de alguém, geralmente uma mulher com uma cabeça grande e cabelo ruim. O mamífero gnu é um animal muito feio e grande..


Depois de uma hora de massagem me senti incrível, mas não conseguia parar de pensar em Liam e no fato de que ele me deu a massagem. Mais ou menos. Bom, tudo bem, ele sabia que eu usaria o cartão de presente; talvez ele estivesse me imaginando em cima da mesa. Toda vez que a massagista trabalhava em uma nova parte do corpo, eu imaginava que eram as mãos de Liam, em vez da mulher... só rezava pra que Liam não fosse tão delicado e suave. Mas, se fosse, eu não o julgaria por isso. Desnecessário dizer que quando Becca e eu finalmente saímos do spa, eu estava excitada e andando com as pernas arqueadas. Não era uma combinação bonita. — Você não pode continuar andando assim ou as pessoas pensarão que sua massagem teve um final feliz. Ainda dói? — Perguntou Becca. — Não, isso é tão... estranho, como se algo devesse estar lá. Sinto-me como essas lisas pistas de boliche. Becca me lançou uma cara de nojo. — Oh meu Deus, você é doente. Pare de imaginar sua vagina como uma obscena pista de boliche. Joguei minha cabeça para trás rindo. — Eu me pergunto se Liam gostaria, — Becca adicionou de forma tão casual que eu juro que ela estava tentando me provocar. — Quem se importa, — murmurei, virando o carro e tentando tirá-lo da minha mente. Funcionou pela metade do caminho até em casa, e então meu cérebro se transformou em uma vitrola quebrada, repetindo mais e mais perguntas. Ele me deu o cartão de presente porque quer ser meu amigo? Ele quer que eu o use pensando nele? Eu deveria agir como se nada estivesse diferente entre nós?


Quanto tempo vai demorar a me acostumar com essa situação sem cabelo lá em baixo? Ele gosta de cabelo lá em baixo? Eles fazem apliques de cabelo para esse tipo de coisa... apenas caso ele ver? Eu estava disposta a colocar um aplique lá por ele?


Capítulo 7 No início da semana a treinadora Davis nos avisou para manter a manhã de sábado livre para nossa atividade de entrosamento da equipe. Eu não tinha ideia do que ela reservou para nós, e para ser honesta, eu teria preferido ir relaxar na praia, mas talvez o entrosamento da equipe fosse nos fazer algum bem. Tara e eu com certeza precisávamos. Quando Emily, Becca, e eu chegamos ao campo de futebol, havia um velho ônibus escolar amarelo estacionado perto da entrada e algumas das nossas companheiras já conversavam do lado de fora com a treinadora Davis e... Liam. — O que diabos ele faz aqui? — Perguntei com as sobrancelhas franzidas. Emily virou para ver do que eu falava. — Oh, Liam? Imagino que todos os treinadores virão, já que é uma coisa de entrosamento da equipe. Becca se virou para mim com um sorriso diabólico. — Talvez Liam possa lhe mostrar o que entrosamento em equipe realmente signifique. Estacionei o carro e dei a ela um olhar mordaz. — É muito cedo para decifrar o que até mesmo significa. Entrosamento seria... relações sexuais? — Perguntei, pegando minha bolsa e ajustando a alça. Ela balançou as sobrancelhas. — Isso significa que ele pode te ensinar algumas técnicas muito boas de bondage12.

12 A autora faz um jogo de palavras. Liam usou a palavra Bonding que seria algo como vínculo, união, entrosamento. Enquanto Becca troca pela palavra Bondage, que é um tipo específico de fetiche, geralmente relacionado com sadomasoquismo, onde a principal fonte de prazer consiste


Empurrei o braço dela. — Você deveria ser uma puritana, Becca. Ela zombou. — Só porque não tive relações sexuais não significa que sou uma puritana. Estou reprimida e, portanto, mais longe de ser uma puritana do que as outras pessoas. — Bem, talvez você deva se entrosar com Liam, então. Ela arqueou uma sobrancelha. — Acho que não sou a pessoa que ele quer. Saí do carro antes que pudesse dizer qualquer outra coisa. Meu rosto já estava vermelho de seu comentário sobre o entrosamento da equipe, por isso, quando olhei para cima e o vi lentamente me lendo de cima a baixo, o meu coração bateu freneticamente no meu peito. Pare de imaginar Liam como um Dom. Pare com isso. Droga, Becca. Liam manteve a distância enquanto me juntava ao grupo, mas isso não me impediu de espreitá-lo por debaixo de meus cílios. Seu short de futebol estava baixo em seus quadris e eu podia ver um pedaço de sua cueca boxer Calvin Klein, é claro. Um arrepio percorreu minha espinha e precisei desviar o meu olhar antes que eu começasse a ficar sem jeito e ofegante. Caro Sr. Klein ou devo chamá-lo Calv, Sou eu novamente, Kinsley. Muito obrigada por projetar sua linha de roupas íntimas. Se precisar de um grupo que se concentre nos projetos futuros, eu gostaria de ser incluída. Sou uma boa inspetora do material, com excelente atenção aos detalhes. Em anexo você encontrará minha lista de referências. — Tudo bem, meninas, vamos subir! — A treinadora Davis disse, batendo palmas. Todas nós entramos no ônibus, gemendo sobre quão cedo era. Após tomar o meu lugar, inclinei a cabeça para o lado e vi com horror quando Tara sentou ao lado de Liam na frente. Eu queria parar o tempo e afastá-la antes que seu bumbum pudesse tocar o assento. Mas, eu não era uma bruxa, então em vez disso, me em amarrar e imobilizar seu parceiro ou pessoa envolvida. Pode ou não envolver a prática de sexo com penetração


encolhi no meu lugar para que não pudesse mais vê-los sentados ao lado um do outro. Será que ele a quer sentada ao lado dele? Por que diabos isso importa? — Ela é uma puta sonsa. — Becca sussurrou ao meu lado. Não percebi que ela se afundara na cadeira também. Não pude deixar de sorrir para quão ridículas nós parecíamos. Nossos joelhos estavam levantados contra o assento da frente e nossos queixos inclinados em nossos peitos. — Deveríamos ficar assim todo o caminho até lá? — Ela perguntou. — Não olharei isso durante todo o caminho. Então, sim... Justo então, o riso estridente de Tara soou por todo o ônibus. — Ele está lá a fazendo rir? — Sussurrei. — Não, ele provavelmente pediu para ela se afastar dele, e ela pensou que era uma piada hilariante. — Becca disse, tentando me fazer sentir melhor. — E se ele a convidou para sentar ao lado dele? Becca me lançou um olhar mordaz. — Não é possível. A viagem não demorou muito depois disso. Ainda assim, Becca e eu ficamos encolhidas, brincando e tentando existir em nosso próprio mundo. Era mais fácil dessa maneira. Ver Tara e Liam conversando me afetou de uma forma que definitivamente não deveria ter feito se eu pensasse nele apenas como o meu treinador. Eu estava em sérios problemas. O ônibus parou, e finalmente me endireitei o suficiente para ver que estávamos do lado de fora de um gigante acampamento do exército. Meus olhos se arregalaram. Nós teríamos que treinar com os soldados? As pessoas fazem isso?


A treinadora Davis levantou-se na frente. Seu cabelo grisalho estava puxado em um rabo de cavalo alto e ela estava com um sorriso brilhante. — Pessoal, nós vamos fazer uma pista de obstáculos hoje. Não uma comum. Este é um curso usado para treinar recrutas de nível superior para o exército. Algumas meninas gemeram. — O objetivo será o de trabalhar em conjunto. Nós não terminaremos até que todo mundo tenha atravessado a linha de chegada. Tara se levantou para ficar atrás dela. — É isso mesmo, somos apenas tão boas quanto o nosso jogador mais fraco, — ela acrescentou, olhando diretamente para mim com olhos azuis gélidos. Então tomei a decisão de chutar a bunda dela na pista de obstáculos. O entrosamento da equipe teria que ser feito em outro momento13. Becca levantou a mão e a treinadora Davis apontou para ela. — Estamos autorizadas a ter indivíduos do exército bonitões nos ajudando? Do tipo de nos dar um impulso em um muro super alto? — É claro que ela destacou seu ponto com as mãos, como se estivesse agarrando uma bunda. Todo o ônibus começou a rir, e até mesmo a treinadora Davis abriu um sorriso. — Becca, trata-se de entrosamento da equipe, de modo nenhum haverá alguém por perto para lhe dar um impulso, a menos que seja uma de suas companheiras de equipe. — A treinadora Davis disse antes de se virar e sair do ônibus. Todo mundo começou a sair atrás dela. Becca suspirou como se exasperada. — Tudo bem, Kins. Então é tudo com você, amiga. Eu agi com nojo. — Não vou tocar em sua bunda.

13 No original take a rain check: expressão urbana para retardar um acordo.


— Oh, por favor, a sua mão está louca para tocar minha bunda, — ela disse, fazendo um grande show ao bater em sua bunda. Eu ri e a empurrei para frente. Ela estava bloqueando o meio do corredor. Assim que saí do ônibus, a pista de obstáculos se estendeu diante de nós. Embora o termo pista de obstáculo não parecesse adequado. Isso era algo de um estúpido ninja guerreiro. Todas nós nos alinhamos na entrada e nos esticamos para não nos machucar tentando nos lançar sobre vários objetos. Becca fez o possível para detectar eventuais indivíduos do exército disponíveis, mas eles devem ter limpado a área para esse dia... provavelmente em antecipação a chegada dela. Isso começou bastante fácil; demos nossas voltas passando por cima de cada obstáculo e eventualmente nos espalhamos por todo o curso. Até mesmo os treinadores estavam participando, o que significava que o nosso querido Liam estava em algum lugar fazendo algo viril. Eu estava muito ocupada tentando não morrer saltando através dos pneus para notar. Em meio ao trajeto havia um poço de lama tão estreito que apenas uma pessoa de cada vez poderia rastejar por ele. O objetivo era engatinhar sob o arame farpado em todo o campo sem arranhar suas costas. Quando chegou a minha vez, eu deslizei para o meu estômago, sentindo a lâmina fria e a lama entre meus dedos. Eu me ajustava em uma boa pose quando um sapato pesado cavou em minhas costas e todo o meu corpo caiu na lama, rosto e tudo. Ew. Ew. Ew. — O quê?! — Tossi. — Oh meu Deus, foi mau! Devo ter tropeçado, — a voz de Tara soou alta. Virei meu corpo para olhar para ela e ela desatou a rir. — Você tem lama na sua cara!


Correção: Eu tinha lama em toda parte: incluindo a boca, ouvidos e nariz. Em vez de responder a ela, eu usei uma parte limpa da minha camisa para enxugar os olhos, mas dificilmente ajudou. Foi quando eu vi Liam de pé atrás de Tara parecendo regiamente chateado. Suas nítidas características estavam mascaradas em uma carranca furiosa, e não pude deixar de perguntar se ele daria um fora nela. Não me incomodei em ficar para descobrir. Eu me arrastei pela poça de lama imaginando uma sequência de sonhos elaborados, que incluíam Tara caindo sobre o arame enquanto Liam me levava para o pôr do sol. Estranho, David Beckham também estava lá e ele também queria ajudar a me levar, em seguida, por alguma razão, eles tiveram que tirar suas camisas... caramba o trajeto terminou antes que eu chegasse à parte boa. Depois do poço de lama, o trajeto tecia uma densa floresta. A maior parte da equipe começou a se dividir ainda mais, mas Becca e eu ficamos próximas conforme a copa da árvore escurecia o caminho. No meio do caminho, eu não podia ver ninguém perto de nós além de Liam. Por alguma razão, ele estava segurando e mantendo o ritmo com a gente, ao invés de correr à frente. O caminho continuou pela floresta até que foi bloqueado por uma rede gigante de corda que se estendeu a alguns metros acima do solo. Não havia nenhum lugar para ir, apenas por cima, a menos que você quisesse contornar ao redor do caminho... mas isso era trapaça. — Nossa, que pânico dessa altura. — Becca bufou, inclinando-se e apoiando as mãos nos joelhos. Fiz o mesmo, e então eu virei para ver Liam olhando para a rede de corda. Sua camisa estava coberta de suor e seu cabelo loiro sujo estava penteado para trás e pecaminosamente sexy. Eu adorava ver essa versão dele; isso me fez imaginá-lo quente, suado e nu em cima de mim. Calma. Devagar aí, tigresa. Chamei a atenção dele e ele estreitou seu olhar em mim, inclinando a cabeça um centímetro para o lado. Inclinei a cabeça em direção a corda e tentei controlar quão afobada ele me fez sentir. — Não posso ir ainda. Preciso recuperar o fôlego, — eu disse para Becca.


Um flash de movimento chicoteou por mim quando Liam passou por nós e começou a escalar a teia amarrada. Ele fez parecer fácil; Becca e eu ficamos ali de boca aberta enquanto ele subia pé após pé. Todo o processo provavelmente levou um minuto, no máximo. Bem. Vamos acrescentar isso a lista de coisas que ele pode fazer. 1. Apimentar senhoras. 2. Joga futebol profissional. 3. Usa cueca boxer Calvin Klein. 4. Escalar cordas altas. — Vamos. Quanto mais tempo vocês ficarem aí, pior vai parecer, — ele gritou para nós. Becca me lançou um olhar exasperado. — Eu vou primeiro, — eu disse, sentindo-me mais confiante enquanto ia para a parte inferior da estrutura. — Acalme-se e certifique-se de não perder o equilíbrio. Não há nenhuma rede para te pegar se você cair. — Liam advertiu. Suas palavras levaram toda a pouca confiança que eu tinha. Por que diabos a treinadora Davis nos obrigou a fazer isso? Se cair e quebrar minha perna eu perderia toda a temporada. Ah, mas pelo menos eu terei me entrosado com a minha equipe. Não, espere, eu não fiz isso também. Empurrei de lado o pensamento e comecei a subir a teia. Era estranho tentar me orientar, porque a rede balançava para frente e para trás enquanto eu subia. Meu coração se afundava cada vez que ela se movia. Assim que ultrapassei a metade, eu sabia que não havia como voltar atrás. Não podia olhar para baixo, e quando olhei para cima, o olhar intimidador de Liam olhou para mim, então mantive meus olhos fixos na corda na minha frente.


— Vamos, Kinsley. Está quase lá. — Liam incentivou. Respirei fundo e continuei subindo. Eu estava quase no topo quando o meu pé perdeu o degrau mais baixo da corda que eu estava buscando. Meu pé conheceu o ar vazio, e chutei para fora, tentando estabilizar o meu peso, mas não fui rápida o suficiente. Meu braço direito deslizou de onde eu segurava a corda acima da minha cabeça. Engoli em seco. — Kinsley! — Becca gritou lá de baixo, e meu coração disparou. Puta merda. — Kinsley, vem. Dê-me o braço, você está bem. — Liam foi me acalmando antes mesmo de me pegar. Usei meus músculos interiores para esticar meu braço direito aonde suas mãos vinham em minha direção. Ele me pegou como se puxasse uma criança de uma piscina. Um momento eu estava pendurada ali, sentindo meu corpo congelar em pânico, e no seguinte eu estava de pé ao lado dele na prancha de madeira, dando rápidas respirações superficiais. — Puta merda — eu ri, descansando minhas mãos sobre minha cabeça e inclinando para frente. Eu sabia que estava bem. Sabia que teria ido bem mesmo se Liam não tivesse me ajudado, mas ainda não conseguia me acalmar. Então Liam fez pior, 10.000.000 de vezes pior, quando sua forte mão veio descansar nas minhas costas. OLÁ

CALOR

E CARINHO. Meu coração

completamente parou tirando férias do meu corpo, e disparou. — Você está bem, Kinsley, — ele acalmou. — Você não teria caído. Eu não teria deixado você cair. — Ele disse, me acalmando conforme passava a mão na lateral do meu corpo. Eu estava sendo um pouco dramática, mas alturas não eram o meu forte. Além disso, a mão dele era tão malditamente boa, quente e possessiva ao longo da minha coluna, como se ele fizesse isso todos os dias. — Sim, porque a equipe teria tido menos uma meio-campista. — Brinquei.


Seus dedos pressionaram minhas costas, e murmurou: — Essa não é a razão. Espere, o quê? — Kinsley, você está bem? — Becca gritou para mim. — Jesus, não me assuste assim de novo! Você estava prestes a cair e salpicar o seu cérebro em cima de mim! Nada bonito. Sorri. — Estou bem. Agora vamos lá e, por favor, venha com calma. No momento em que Becca falou, a mão de Liam se retirou das minhas costas como se tivesse acordado para o fato de que ele me tocava quase que de forma inadequada. Não, era impróprio. Sua mão havia descansado apenas dois centímetros acima do meu short. Que é cerca de cinco centímetros acima da minha vagina. Então... sim, ele estava basicamente tocando minha vagina. Ele deu um pequeno passo para longe de mim e então nós vimos Becca subir a corda tão lentamente que em certos pontos eu não tinha certeza se ela ainda estava viva. Quando ela finalmente chegou ao topo, eu a puxei para um abraço apertado e nós duas começamos a rir histericamente. Exaustão e adrenalina era uma mistura inebriante. — Vocês estão bem? — Liam perguntou, olhando para nós duas com um olhar sério. Eu umedeci os lábios e balancei a cabeça, tentando reprimir a memória de sua mão acariciando minhas costas. Ele é o meu treinador. Meu treinador fora dos limites. Ele é como chocolate e sou como picles. Eles não devem ser misturados... A menos que... picles com cobertura de chocolate? Não. Eles não devem ser misturados. Droga.


— Kinsley? — Becca perguntou, me tirando dos meus pensamentos. Eu estava olhando para Liam o tempo todo, e senti um rubor em meu rosto. — Sim. Bem para seguir. Vamos acabar logo com essa coisa.


Capítulo 8 Depois da corrida de obstáculos do inferno, havia ainda algum tempo para ir à praia antes da festa naquela noite. O tempo estava quente o suficiente para usar biquínis, mas não quente o suficiente para enfrentar o gélido Oceano Pacífico. As novatas e eu estávamos perfeitamente satisfeitas em trabalhar em nossos bronzeados e cochilar ao sol. A tarde acabou, e antes que eu percebesse estava sentada na cama de Becca, esperando ela terminar de se arrumar. — Que tal isso? — Ela disse, jogando um vestido do closet. — Isso ficaria bonito com seu cabelo loiro. — Respondi sem entusiasmo. Este processo estava tomando um caminho muito longo, e Becca ficaria bem em qualquer uma das três dúzias de vestidos que agora dominavam o centro de seu quarto. Fiquei tentada a me lançar sobre eles como uma pilha de lençóis, mas eu deveria estar focada em ajudá-la a encontrar uma roupa. — Vamos lá, você disse isso nos últimos dez vestidos! Suspirei e levantei da cama. — Exatamente! Os últimos dez. Quantos elogios você acha que meu cérebro pode gerar? Não sou tão criativa! — Eu me defendi e pulei da cama, pegando um vestido branco justo. — Mas, falando sério, vista este. Ele mostrará o seu bronzeado da praia. — Segurei e ela olhou para o vestido como se ainda não estivesse convencida. — Você tem três minutos antes de eu arrastá-la daqui de calcinha. — Ameacei, mas não consegui manter uma cara séria quando ela começou a fazer uma dancinha.


— Por mim tudo bem. — Ela deu de ombros, continuando sua dança ao redor do quarto antes de, eventualmente, avançar e pegar o vestido. Enquanto ela se vestia e encontrava um par de sapatos que combinava, eu inspecionei minha roupa em seu espelho. Eu usava um vestido de algodão azul claro apertado em volta do meu peito e muito curto. Colocara um par de Converse brancos14junto com a minha mistura eclética de pulseiras. Deixei meu longo cabelo castanho solto e usei spray modelador para dar um pouco de volume. Meu suave bronzeado da praia destacou meus olhos azuis, e não precisei de nenhuma maquiagem, além de um pouco de rímel. Demorei 19 anos para ficar igualmente desleixada e elegante. — Tudo bem, vamos lá! Você dirige! — Becca declarou enquanto escorregava em suas sandálias de tiras marrons. Eu poderia ter argumentado que deveríamos pegar um táxi, mas realmente não me importo de não beber. Terei uma cerveja ou algo assim quando chegarmos lá, e então iria com calma o resto da noite. A ressaca da semana passada ainda estava fresca em minha mente. — Tchau Emily, minha doce Minnesota preciosa. — Gritei quando passamos pelo quarto dela. Pela primeira vez, ela estava guardando seu computador em um esforço para transar com a coisa real. Seu namorado, David, chegou ontem à noite e não saiu do quarto a não ser para reabastecer seus líquidos. Becca pressionou a mão contra a porta do quarto de Emily e gritou: — Diga ao sacana do David que é melhor ele servir jantar e vinho depois de todo esse sexo de Skype que você tem dado a ele! — GENTE! ELE PODE OUVIR VOCÊS! — Ela gritou antes de algo bater contra a porta. Nós rimos todo o caminho para o meu carro.

14 Tênis All Star Converse


— Você roubou o vestido de um bebezinho? — Becca perguntou quando entramos e girei a chave na ignição. — O quê?! Não é curto! — Argumentei. Becca beliscou meu braço. — Sério... ele poderia caber no meu dedão do pé, mas sim, é realmente bonito. Só não se agache ou sente na festa. — Pensei que você queria que eu mostrasse minha depilação à brasileira? — Touché, — Becca riu. — Você está bem... aposto que Liam vai amar o vestido. Aumentei a música até abafar sua conversa. Suas sugestões informais sobre Liam ficavam cada vez mais constantes, e eu sabia que ela tentava me cansar para que eu falasse como me sentia. Meu plano era evitar a conversa durante o tempo que eu pudesse. Estacionamos algumas casas abaixo e entrelaçamos os braços ao entrar. A casa deveria estar menos movimentada do que na festa anterior. A maioria das novatas daria ou iria a festas ao redor do campus da ULA. Becca e eu fomos convidadas por minhas velhas amigas do clube de futebol... e Josh. Blech. Havia música estridente de um sistema de som invisível, e no segundo que nós entramos, eu relaxei. Não vi Josh ou Liam imediatamente, então por enquanto eu poderia fingir que eles não existiam. — Kinsley! Eu me virei ao escutar meu nome e vi o grupo de meninas do futebol que me convidaram. — Olá a todas! Esta é Becca. — Eu a apresentei, e depois ficamos com o grupo por um tempo, nos aproximamos e conversamos sobre os treinos. Algumas delas jogavam futebol por faculdades ao redor dessa área, por isso, jogaríamos juntas em algum momento desta temporada.


— Preciso de uma bebida. — Becca sussurrou em meu ouvido. — Vou com você. — Eu disse a ela, e virei para o grupo. — Vamos voltar daqui a pouco, nós vamos pegar bebidas! Deixei Becca me levar pela multidão enquanto mantinha meus olhos abertos a procura de Liam ou Josh. Não encontramos nenhum deles quando chegamos ao quintal, mas eu estava muito distraída pelo fato de, aparentemente, haver uma Disneylândia para adultos lá atrás. No centro havia uma piscina gigante com casais flutuando ao redor e um grupo jogando vôlei. À esquerda da piscina, havia meia dúzia de mesas disponíveis para King’s cup15 e beer pong, mas os jogos ainda não tinham começado a esquentar. Vagamos ao redor até encontrar a mesa com barril. Havia um cara ali que deu um largo sorriso assim que passamos. — Senhoras. — Ele disse, pegando dois copos vermelhos para nós. — Só um pouquinho para mim. — Fiz um gesto com o dedo indicador e o polegar. — Ahhh, isso não é divertido. — Ele fez beicinho e começou a encher o meu copo. — Estou dirigindo, — dei de ombros. — Você trabalha aqui a noite inteira? — Perguntou Becca. Ele atirou um sorriso confiante. — Tenho uma pausa daqui a pouco. Vocês querem jogar beer pong? Eu queria dizer que não, mas poderia dizer que Becca estava interessada no cara. — Claro, por que não? — Dei de ombros, dando a Becca um olhar de cumplicidade.

15 King’s Cup é um popular jogo com bebidas que é perfeito para qualquer festa ou pequenas reuniões. Há várias versões do jogo e também diferentes nomes como “Circle of Death” (Círculo da Morte), “Ring of Fire” (Anel de Fogo) ou simplesmente “Kings”.


— Fantástico. Encontro as duas lá. Sou Jace, a propósito, — ele disse, enchendo o copo de Becca. Nós nos apresentamos e seus olhos se iluminaram. — Do time de futebol da ULA? — Ele perguntou, e pude ver Becca corando. — Sim, somos as novatas da equipe, — mencionei. Ele parecia um pouco desconcertado. — Liam sabe que vocês estão aqui? A pergunta dele me incomodou. O que isso importa? Nós fomos autorizadas a ir a festas. Ele não era dono do lugar. — Não o vi ainda, então provavelmente não. — Respondi com confiança. — Nós nos veremos mais tarde pelas mesas do beer pong. Ele se afastou para atender mais pessoas e puxei a mão de Becca, derramando acidentalmente um pouco da cerveja dela na frente de seu vestido. — Oh, oops! — Kinsley! — Becca gritou, olhando para o desastre. — Este é um maldito vestido branco e agora você pode ver completamente meu peito! Tentei não rir. — Becca! Por que você não está usando um sutiã!? — Eu tirei! Este vestido não precisa de um! — Não queria fazê-la se sentir mais autoconsciente, mas sim, o seio dela estava à mostra. Oh Deus, as pessoas olhavam duas vezes quando passavam. Tentei tampá-la com a minha mão, mas isso só piorou. — Ahh, agora todo mundo pode ver o meu mamilo! — Ela gritou alto o suficiente para que as pessoas ao nosso redor olhassem e verificassem por si mesmos. — Ok, está bem. — Abri minha bolsa e procurei até encontrar um babador de um restaurante de lagosta em que fui no verão passado. Sim, me processe. Não limpo minha bolsa. O que, você é tão perfeita?


— Aqui. — Eu disse, rasgando o pacote e entregando a ela. — Por que diabos você tem isso? — Ela perguntou, já amarrando-o no pescoço. A frente dizia: Espere até você provar meus crustáceos... — Acho que ele se parece com um colar na moda ou algo assim, — disse. Ela olhou para mim com as mãos largadas em seus lados, e então não consegui segurar o riso por mais tempo... ela parecia tão deplorável. — Sabe, eu realmente achei que Jace era bonito! Olhei para trás para checá-lo. Bem, ele era decente. Oh não, por que ele vinha em nossa direção? Já era a pausa dele? — Ah! Basta usar o babador e dizer que você... — Hey senhoras, este é Paul, ele será meu parceiro no beer pong... — sua voz começou a desaparecer no final quando Becca se virou e ele teve uma visão completa do babador. — O que há com a coisa da lagosta? O sorriso de Becca em seu rosto era tão sem jeito que me fez contorcer. — Oh, hah! Este é o meu babador de beer pong! Todo mundo usa no Texas. Paul olhou para ela cuidadosamente. — Sério? Ela deu uma risada forçada. — Sim, grande tendência por lá. Eu me encolhi quando cada equipe assumiu as suas posições em lados opostos da mesa. Os caras generosamente nos permitiram dar o primeiro tiro, mas isso não importava. Estávamos prestes a ter nossas bundas chutadas. Eu era coordenada com os meus pés, mas de alguma forma eu nunca dominei completamente a coordenação de olho-mão. — Só para que saibam, vocês vão seriamente perder. — Becca provocou.


Eu gemia. — Becca, você terá que beber toda a nossa cerveja ou não serei capaz de nos levar para casa. Ela olhou para os copos meio cheios em cima da mesa. — Mas, isso é muita cerveja. Pisquei. — Bem, nós teremos que ganhar para que você não fique completamente embriagada após este jogo. — Tudo bem, você vai primeiro. — Ela fez um gesto, e me virei para me preparar para o meu tiro. A bola de ping pong deixou minha mão e passou por cima da mesa e diretamente no peito de Paul, à direita, bem no centro de suas cervejas, espirrando na camisa das mulheres. Adorável. Eu fiz essa pequena joia antes? Ah, certo, o desastre no seio de Becca. — Desculpe! — Eu ri, cobrindo minha boca e internamente me encolhendo. — Pensei que você disse que nós iríamos perder? — Jace riu, tomando a sua vez e afundando sua bola de pingue-pongue no primeiro copo. Becca me deu um olhar mau e estendeu a mão para o primeiro copo de cerveja. E assim foi o jogo. Becca e eu acertamos uma bola de vez em quando, mas os meninos nos bateram, e Becca estava a caminho de ser rebocada na hora que o jogo terminou. — Gostaria de poder dizer que vocês foram boas adversárias, mas isso foi lamentável. — Jace riu, olhando para Becca com interesse. — Nós deveríamos ter aumentado a aposta! — Becca exclamou. — Na próxima rodada, o vencedor leva tudo. Vocês podem ter o carro de Kinsley e minha virg... — Calma, espere, — eu disse, apertando a minha mão sobre a boca dela. — Não vamos colocar meu carro como garantia ainda. — Eu ri, retirando minha mão somente depois de estar segura de que podia conter suas palavras vomitadas. — Hey, Sofie! Olha quem está aqui. — A voz de Tara soou atrás de mim.


Becca e eu nos viramos para encontrar as veteranas alinhadas na nossa frente, com os braços cruzados. Precisei piscar para me certificar de que não estava simplesmente tornando a situação mais cômica na minha cabeça. Quem realmente se alinha assim na vida real? Coordenaram a arrumação por altura antes ou foi tudo de improviso? — Não, droga, Sofie. Você não pode cruzar os braços, eu estou cruzando meus braços! — O queee, senhoras! — Becca quebrou a tensão com seu tom embriagado, e não pude deixar de rir. — Caramba, Becca. Bêbada já? Céus. — Tara revirou os olhos e eu queria defender a minha amiga. — E o que é esse babador? — Ela está apenas sendo engraçada. Ela não está bêbada. — Claro, Becca estava embriagada, mas Tara estava apenas tentando envergonhá-la na frente de Paul e Jace. — Sabe, Becca, problemas com a bebida geralmente começam na faculdade, — disse Tara, com um olhar comovente. — Você deve ser extremamente cuidadosa. Não quer engordar com todo esse álcool. Becca adiantou-se e estendi minha mão para agarrar o braço dela. — Com certeza nos lembraremos disso, Tara. — Respondi com um sorriso falso, tentando salvar o momento, embora não quisesse nada além de me rebaixar ao seu nível. — Veremos vocês mais tarde. — Eu terminei antes que alguém pudesse dizer uma palavra. Afastei Becca das mesas de beer pong e rezei para que os caras nos seguissem. Eu não queria que as veteranas arruinassem a chance de Becca com Jace. Ele ficara mais do que interessado antes delas aparecerem, com babador e tudo. Oh, isso me lembra. Estendi a mão e puxei o babador. — Tudo bem, está tudo seco agora. Você pode ficar sem o babador.


Ela rasgou o plástico em volta do pescoço e o jogou em uma lata de lixo. Estávamos quase dentro quando me virei para ver se Paul e Jace nos seguiam. Não. Tara e Sofie já começaram a conversar com eles. Que diabos? — Eu realmente odeio essas duas. Elas não são meninas agradáveis, Kinsley. — Becca bufou, abrindo a porta de trás. — Eu sei, elas são umas cadelas. Não deixe que elas te incomodem. Vamos para o banheiro nos refrescar rapidinho. — Joguei um braço em torno do ombro dela e dei um abraço de lado. Arrastamo-nos para o banheiro, e quando chegamos lá, Becca pulava para trás e para frente na ponta dos pés porque precisava fazer xixi. Eu a deixei ir primeiro, e ela jurou que esperaria por mim lá fora depois que terminasse. Fiquei dentro do banheiro por dois minutos no máximo, mas na hora que eu saí, ela tinha ido. — Droga, Becca, — gemi, empurrando através dos corpos, tentando espionar seus cabelos loiros. A festa começava a encher de pessoas, muito mais do que quando chegamos. Tive um ligeiro ataque de pânico com o pensamento de que ela poderia ter sido empurrada em um dos quartos, mas quando cheguei à sala a avistei conversando com Jace no canto mais distante. Tome isso, Tara. Fiquei ali os observando por um segundo, tentando avaliar quão bêbada Becca estava. Eu diria que ela estava a cerca de cinco na escala de eu-posso-pisarnos-seus-sapatos. Cuidado, Jace. Encostei-me contra a parede e procurei em volta pelas meninas do time de futebol, mas é claro que agora que eu estava desesperada, eu não poderia encontrá-las. Então fiz o que qualquer pessoa que se preze faria, eu inclinei meu ombro contra a parede, fingindo verificar o meu telefone. A música era alta e não havia número suficiente de pessoas ao meu redor do tipo que parecesse que eu estava com elas. Diz a menina sozinha consigo mesma. Pensei sobre vagar de volta para as mesas do beer pong, mas depois senti uma mão quente atingir a parte baixa de minhas costas de uma maneira que me


fez engatar uma respiração. Eu me virei para olhar por cima do ombro e encontrei Liam atrás de mim com uma carranca confusa. Meu coração gritou dando uma parada e pulou de alegria. Achei que ele não estaria na festa, já que não o vi antes. Mas agora ele estava bem na minha frente, em toda a sua glória, e eu podia sentir o cheiro da colônia dele e sim, sua mão ainda estava nas minhas costas, e ele estava, basicamente, me segurando contra ele. Ele se inclinou para que eu pudesse ouvi-lo sobre a música. — O que você está fazendo aqui? — Ele perguntou com um tom duro. Ok. Não é o melhor começo. Algo como, você está linda, tenha meus bebês teria sido um pouco melhor. Cruzei os braços sobre o peito. — Eu fui convidada. Ele se levantou em toda sua estatura e acenou com a cabeça enquanto seus olhos percorriam a sala atrás de mim. O que ele estava procurando? Liam era intimidante. Ele cativava uma sala simplesmente com a sua presença, e se ele não tivesse escolhido uma carreira no futebol, eu poderia tê-lo visto em um terno e gravata, comandando uma corporação. Seu ar de confiança era absoluto e inegociável. Ele ostentava um pouco de barba que combinava bem com as sobrancelhas sensuais e olhos cinzentos. Parecia ser do tipo que mantinha as pessoas à distância, talvez por arrogância ou talvez por escolha pessoal de qualquer maneira, e eu queria conhecê-lo. Eu queria possuí-lo de modo que aqueles olhos se estreitassem e focassem apenas em mim. Oh, espere. Treinador. Treinador. Treinador. Ele é o meu treinador, não o meu amante.


Esse lembrete foi como um balde de água gelada derramado sobre a minha cabeça. — Estamos autorizados a conversar ou é contra as regras? — Perguntei com uma nota de atitude. Não o suficiente para que ele pudesse se importar, mas o suficiente para o canto da sua boca se curvar para cima. — Depende do que nós conversamos, eu acho. — Ele respondeu, finalmente voltando seu olhar para mim. Senti arrepios pelos meus braços. Eu sabia que ele não estava feliz em me ver, mas não conseguia descobrir o porquê. — Por que você me deu aquele cartão de presente? — Perguntei, surpresa com minha própria ousadia. Seus olhos escuros digitalizaram o meu corpo antes de estreitar no pensamento. — Eu não deveria ter dado. Não estava pensando. Não foi nada. Certo. Balancei a cabeça e mordi meu lábio inferior. Ele foi tão encantador no Tonight Show; ele sorriu e riu com o apresentador. Mas comigo, ele não era nada, além de sério. Eu queria saber o que estava acontecendo por trás daqueles olhos. — Você já usou? — Ele perguntou quando ouvi a voz de Becca se aproximando. Acho que ela e Jace nos viram. Empalideci. Eu usei? Porque sim, você pagou pela minha primeira depilação à Brasileira, treinador Wilder. A ideia de que de alguma forma ele sabia o que eu fizera com o cartão de presente me fez querer fingir amnésia. Sinto muito, onde eu estou? Em vez disso, eu respondi vagamente. — Sim, eu fui com Becca ontem depois do treino. — Eu disse assim que Becca jogou o braço em volta de mim. Falando no diabo embriagado.


— Ohhh, você está contando a ele sobre o spa? — Ela disse com uma reprimenda bêbada. — Você mostrará a depilação brasileira? — Ela perguntou, e depois, lentamente, cobriu a boca. Seus olhos estavam do tamanho de pires. — Oh, oops! Eu não deveria dizer isso. Ela riu bêbada e então olhou para mim. — Sinto muuuuuito, Kinsley. Achei que você quisesse mostrar isso como se estivéssemos brincando sobre isso, então é por isso que eu disse. Eu nunca a envergonharia assim de propósito. — Eu tinha uma séria suspeita de que Becca estava agindo mais bêbada do que realmente estava. Ela enrolava a fala e falava muito mais alto do que costumava fazer, mas seus olhos estavam claros. Bêbada ou não, ela sabia exatamente o que estava fazendo. — Vou encontrar Jace! — Ela cantou e saiu dançando antes que eu pudesse pensar rápido o suficiente para gritar com ela. Eu queria estrangulá-la. Não, eu queria estrangulá-la, em seguida, trazê-la de volta à vida, e depois estrangulá-la novamente. Eu não podia sequer olhar para Liam. Senti os olhos dele em mim, mas estava focada no chão sob seus sapatos. Isso realmente não poderia estar acontecendo. Rebobine. Alguém rebobine! — Você usou o meu cartão de presente para fazer uma depilação brasileira? — Liam perguntou, e eu podia ouvir a sugestão de um sorriso na voz dele. Isso é o que me fez finalmente olhá-lo. Com certeza, ele ostentava um sorriso arrogante e havia uma leveza em seus olhos cinzentos que não estava ali antes. Cruzei os braços com mais força. — Ela me fez fazer isso. E não foi nada. — Respondi, imitando suas próprias palavras. Liam passou a mão pelo rosto e na forte mandíbula antes de deixá-la cair. Eu quase podia ver a luta dele. Sua boca abriu e fechou, e pensei que ele diria algo para dispensar a minha presença, mas em vez disso, ele murmurou: — Venha aqui, — quando ele pegou minha mão.


Eu gostaria de pensar que quando olhei e vi minha mão engolida pela dele, que eu, pelo menos, havia hesitado por um momento, mas não vamos nos iludir. Quando ele me puxou para o corredor, eu precisei segurar a vontade de gritar: Movam-se ou sofram, pessoas. Claro, no fundo da minha mente eu esperava que ninguém

nos

visse,

mas

a

preocupação

foi

enterrada

profundamente,

profundamente sob o resto dos meus pensamentos. Nós seguimos pelo corredor até que Liam abriu uma porta aleatória e me puxou para dentro, em seguida, fechou-a e trancou-a atrás dele. Eu estava de pé contra a parte de trás da porta, respirando com dificuldade e cerrando os punhos, quando ele finalmente se virou para olhar para mim. — Estou seriamente tentando aqui. Há cerca de um milhão de razões pelas quais eu deveria sair deste quarto agora. — Do que você está falando? — Perguntei, embora soubesse exatamente o que ele queria dizer. Eu podia sentir a tensão entre nós. Minha pele estava praticamente como estalando por isso. Mas até aquele momento, eu pensei que era algo unilateral. Pensei que ansiava por algo que nunca poderia ter, nunca deveria ter. — Você percebe o que está em jogo para você? Se a treinadora Davis descobre que estou interessado em você, nós estaremos na merda. Você entende quão influente ela é para as eliminatórias olímpicas? Esse é o seu futuro, Kinsley. Ele se moveu para tão perto de mim que nossos rostos praticamente se tocavam. A colônia dele se enredou em cada um dos meus sentidos. Emoção incontida irradiava dele. Eu não sabia se ele estava prestes a me beijar ou me bater. Liam era controlado, de modo que, vê-lo se segurando era, ao mesmo tempo aterrador e estimulante. Sim. Eu sabia o que estava em jogo para mim, mas naquele momento não poderia encontrar a força de vontade de ter cuidado. Não conseguia ver nada além


dele em pé na minha frente naquele quarto escuro. Tudo o que existia além de sua silhueta escura estava nebuloso. — Não me importo. — Respondi simplesmente. Três palavras simples sussurradas em um quarto silencioso era toda a aceitação que ele precisava. Aquelas palavras foram como o riscar de um fósforo. Ele se moveu para mim tão rápido que não consegui recuperar o fôlego antes de seus lábios estarem nos meus. Ele capturou a minha boca, passando as mãos em volta da minha cintura e me puxando em direção a ele. Seu braço segurou meu corpo contra o dele e eu podia sentir o serpentear de cada músculo. Seu beijo era forte e exigente. Sua língua varreu a minha e eu gemi, impotente contra a reação do meu corpo por ele. Minhas mãos seguravam a camisa dele enquanto eu tentava tirá-la, tirar tudo dele, e mantê-lo apenas assim para sempre. — Liam, — gemi, tentando entender as emoções ricocheteando através de mim. Agora que finalmente fui autorizada a tocá-lo, havia um sentimento de imenso alívio. Era como se meu corpo inalasse o seu primeiro sopro de ar depois de um longo mergulho. — Kinsley, — Liam respondeu com um gemido rouco de sua autoria, e, em seguida, me virou e me empurrou de costas para a cama. Meu desejo queimando enquanto seu corpo duro me empurrava. Meus calcanhares atingiram o colchão e depois mergulhamos limpamente. O peso dele era quase demais, mas eu gostei. Ele me prendeu com o meu vestido agrupado em torno da minha cintura. Fomos acelerando 200 milhas por hora, sem parar para nos acalmar ou dar uma pausa. Seus dedos cavaram sedutoramente a carne da minha coxa. Queria que ele deixasse marcas para que eu pudesse provar a mim mesma que ele perdeu o controle comigo, que isso estava acontecendo e não era apenas um sonho lúcido16.

16 Sonho lúcido é o termo que se refere à percepção consciente que temos de um determinado estado ou condição enquanto sonhamos, sonhando enquanto sabemos que estamos sonhando.


Minha cabeça caiu para trás enquanto eu pressionava meu corpo ao encontro dele. Eu podia senti-lo contra sua calça jeans e desejava que não houvesse nada entre nós. Pele quente contra pele enquanto sua boca buscava áreas novas de meu corpo. Minhas mãos encontraram o cabelo dele e puxei e arranquei assim como imaginei fazer a cada momento, desde que o vi pela primeira vez. Ele respondeu com pequenas mordidas no meu pescoço e peito. Meu vestido foi puxado para baixo e pude sentir sua mandíbula suave na curva do meu peito. Ele tinha que continuar. Eu precisava que ele continuasse. Mas, assim que a mão dele deslizou pra cima da minha coxa para empurrar meu vestido para cima, houve um estrondo contra a porta seguido de risadas bêbadas. Murmúrios de vozes ecoaram através da porta, e, nesse instante, a magia foi sugada para fora do quarto como um aspirador gigante. Liam pulou de cima de mim tão rápido que eu teria tido um deslocamento se não estivesse deitada de costas contra a cama. — Você precisa sair, Kinsley. Agora. — Ele exigiu, passando suas mãos nas mechas de seu cabelo que era meu a apenas momentos atrás. Meu para puxar, emaranhar, enquanto sua boca me beijava. Parecia que ele havia acabado de cometer o maior erro da vida dele. A expressão torturada dele me fez lamentar tudo o que acabara de fazer. Fui um erro? Ele não queria isso? — O quê? Por quê? — Perguntei, me apoiando em meus cotovelos para poder vê-lo andando pelo quarto. — Saia, Kinsley. — Liam disse novamente, seu tom de voz alto e áspero. Ele não gritou, mas ele poderia muito bem ter gritado. — Não podemos fazer isso. Saia, Kinsley. Agora.


Suas palavras foram como um tapa na cara, e eu tinha dignidade suficiente para sair antes que ele fizesse ainda pior. Eu tinha esperança de que ele recuperaria seus sentidos quando passei por ele e me dirigi para a porta, mas girei a maçaneta da porta e saí correndo sem ele dizer uma palavra. O idiota bêbado que arruinou o nosso momento ainda estava deitado contra a porta do lado de fora. Ele agora estava completamente desmaiado com um sorriso tonto em todo o rosto. Pisei em cima dele, empinei um queixo, e tentei não imaginar o que teria acontecido se ele tivesse escolhido uma porta diferente para se jogar.


Capítulo 9 Estava tão ansiosa para o treino na segunda de manhã que acordei uma hora antes do meu alarme e fui a primeira a descer. Sentei na cozinha, comendo uma tigela de granola e frutas quando Becca finalmente desceu, limpando o sono de seus olhos. Eu a evitei como uma praga no dia anterior, não só porque eu estava irritada com ela sobre o comentário da depilação, mas também porque não queria mentir para ela sobre o que aconteceu entre Liam e eu, tentando afastar a memória dos lábios dele nos meus. Pare com isso. Eles não eram tão maravilhosos. Não foi o melhor beijo que você já teve e você definitivamente não está caída pelo seu treinador. Aí está, vê, não é tão difícil. — Bom dia, Kinsley, — ela ofereceu gentilmente. — Hey, — murmurei, olhando para a minha tigela de granola. Ontem foi terrível. Eu não queria pensar em Liam, mas não podia evitar. Sabia que ele tinha sentimentos por mim, e sabia que não podíamos ficar juntos, mas isso não quer dizer que não machucou quando ele me chutou na noite de sábado. Parecia uma rejeição pessoal ao invés de uma lógica, e eu não conseguia tirar isso da minha cabeça. Becca deu a volta no balcão e veio para onde eu estava sentada, me dando os melhores olhos de cachorrinho. — Sinto muito sobre o comentário da depilação. Isso foi realmente estúpido e sei que foi provavelmente embaraçoso. — Ela disse, me envolvendo em um abraço gigante. — Então, eu não a soltarei até que você me diga que me perdoa.


Segurei apenas dois segundos antes de abrir um sorriso. — Ceeeerto. Tudo bem, mas você precisa prometer que eu posso devolver isso algum dia. Ok? — Feito! Você pode tirar minhas calças na próxima festa, é só me avisar com antecedência para que eu possa realmente usar uma lingerie bonita. — Ela piscou, e se dirigiu a geladeira para comer algo. Eu ri e peguei uma colherada da granola. — Agora que não está com raiva de mim, você acha que poderia me contar sobre toda a... — ela parou e olhou por cima do ombro antes de abocanhar, — situação com Liam? — Uau, não levou muito tempo. — Brinquei, terminando o resto do meu café da manhã. — Se você se apressar, eu te conto no carro. Nós juntamos nossas coisas rapidamente e tive tempo suficiente para decidir se eu seria honesta com Becca. Eu me senti mal por esconder de Emily, mas quanto menos pessoas soubessem, melhor, e Becca já sabia que algo estava acontecendo de qualquer maneira. Assim que estacionei do lado de fora do campo de treino, ela se soltou e virou para mim. — Ok, derrame. — Ela sorriu. — Você primeiro. Aconteceu alguma coisa entre você e Jace? — Perguntei. — Você quer dizer antes de puxar minha bunda pra fora da festa? Após sair do quarto de Liam sábado à noite, encontrei Becca e a obriguei a sair da festa comigo. Ela desmaiou assim que chegamos ao carro, por isso me salvou de ter que gritar com ela todo o caminho de casa. Eu me encolhi. — Sim, desculpe por isso. Eu estava com raiva de você e de Liam, e só queria ir embora, mas não queria abandoná-la lá.


Becca relaxou contra o banco, — Não, eu estou brincando. Estou realmente feliz por você ter me encontrado quando fez. Eu não estava realmente na de Jace. Ele era uma distração bonita, mas eu realmente não tenho pensado nele desde a festa. Eu a invejei. Ter o direito de meus pensamentos de volta seria uma boa mudança de ritmo. Não tenho certeza de quando Liam criara raízes dentro do meu cérebro, mas ele não parecia sair tão cedo. — Mas, obviamente, alguma coisa aconteceu com você e Liam. Certo? — Becca perguntou, puxando-me para fora do meu devaneio. — Você pode me dizer. Eu nunca diria a ninguém. — Oh, como você manteve a depilação brasileira em segredo? Ela apertou os lábios e focou no volante. — Bem, isso na verdade não foi tanto um deslizamento de língua, era eu forçando você e Liam a enfrentar a atração um pelo outro. Sério, ele te encarava na festa como se fosse tirar a sua roupa ali mesmo. Só achei que precisava de um pequeno empurrão na direção certa. — Ela confessou. Fiquei boquiaberta e depois estreitei os olhos. — Eu sabia! Sabia que você não estava tão bêbada. — Você não pode ficar com raiva de mim. Obviamente funcionou! Ele a arrastou para longe como se fosse um homem das cavernas cerca de dois segundos depois! Sorri com a lembrança. Sua mão atraiu a minha tão fortemente; ele não me deu opção. Não é como se eu tivesse lutado contra. — Não importa... — comecei. — Nós nos beijamos na noite de sábado, mas não durou muito tempo e ele imediatamente se arrependeu. Ele praticamente gritou comigo para sair do quarto. — Uau, sério?


Fiz uma careta e olhei pela janela. O nevoeiro matinal estava levantando e logo o resto da nossa equipe chegaria para o treino. Logo ele chegaria para o treino. — Sim. Há cerca de cinco bons motivos que estão no caminho da minha atração por ele. Tudo não parece ser o suficiente para me impedir. — Bem, vamos ver como ele age hoje. Você não pode desistir ainda. Ele quer você e você o quer. Isso não tem que ser complicado. Revirei os olhos por ela fazer isso parecer tão simples. Ele já estava no último aviso com seus patrocinadores sobre sua imagem pública. Meus sonhos olímpicos estavam em jogo, para não mencionar a minha carreira universitária e meu frágil coração. Como a situação não poderia ser complicada?

Eu não deveria ter me preocupado. O tempo todo no treino, Liam me ignorou completamente, o que foi uma façanha, considerando que nos separamos no nosso treino por posição novamente. Ele era todo incentivo com as meninas após seus movimentos, e comigo, ele fazia um simples aceno ou murmurava um bom ou legal, sem fazer contato visual. Eu me senti completamente invisível. Tara não pareceu se importar, no entanto. Ela se deliciava com a atenção dele, certificando-se de ficar extremamente perto dele quando perguntava sobre a técnica dele. Quantas vezes ele deveria descrever a mesma coisa uma e outra vez antes de perceber que ela estava apenas manipulando-o? — Não tenho certeza se entendi. Você me verá fazer isso mais uma vez? — Ela perguntou com a quantidade certa de beicinho necessitado.


Liam apertou os lábios em uma linha fina, mas acenou com a cabeça para ela continuar. — Oh meu Deus. Chega. — Murmurei, cansada de ver o show de Tara e Liam. Devo ter dito mais alto do que pensava, porque Tara olhou para mim antes de começar. — Como? — Ela perguntou, dando um passo mais perto de mim. — Chega com esse exercício, eu preciso de uma pausa para água. — Menti, apoiando minhas mãos em meus quadris e desafiando-a a me desafiar. Eu estava em um estado de espírito de briga, e naquele momento não me importava que ela fosse a líder e eu a novata. — Beba depois. Você realmente deve trabalhar em sua resistência. Lutei contra a vontade de perguntar a ela o que diabos a necessidade de água tem a ver com a minha resistência. Eu a venci em cada um dos nossos sprints e fiquei em primeiro lugar durante o tempo todo da nossa corrida a longa distância de aquecimento. — Ok, vamos lá, vamos nos concentrar. — Disse Liam, olhando para Tara. Ele não conseguia nem me olhar nos olhos. Covarde do caralho. — Você quer me mostrar o exercício? — Ele perguntou a Tara, mas antes dela se virar, ela me deu um sorriso maroto e virou seu rabo de cavalo por cima do ombro. — Claro que sim, treinador Wilder. Naquele momento eu quase desmaiei durante o resto do treino. Esforcei-me além do que era necessário, porque queria trabalhar em tirar toda a minha irritação e raiva. A treinadora Davis brincou sobre eu ser perfeccionista no final do treino, mas não consegui nem esboçar um sorriso.


— Finalmente, você atendeu! — Minha mãe disse e caí de costas na minha cama. Eu havia almoçado e tomado banho após o treino, mas agora os meus músculos começavam a doer e um cochilo à tarde chamava meu nome. — Eu sei, sinto muito. Estive ocupada ultimamente. Acabei de voltar do treino e estou exausta. Segurei o telefone entre a orelha e o ombro enquanto puxava as cobertas até o queixo. — Ah, não vou te segurar por muito tempo. Eu queria falar com você porque tem

havido

algumas

empresas

nos

ligando

ultimamente

com

contratos

publicitários para você. Eu sei que você não pode aceitar as ofertas enquanto joga para a NCAA17, mas há Adidas e Nike, assim como algumas outras grandes. Essa era a última coisa que eu pensava no momento, mas ela estava certa. Eu precisava considerar a minha carreira além da faculdade, em algum momento. Afinal, se eu fizer parte da equipe olímpica seria bom colocá-las em espera. — Você se importaria em conservar esses por enquanto? — Soa bem. Depois que desliguei, rolei e conectei meu telefone no carregador. Então peguei minha agenda do meu criado-mudo e folheei as páginas desgastadas. A última vez que verifiquei foi exatamente há dez meses, para as eliminatórias das Olimpíadas. Agora havia nove meses, duas semanas e um dia.

17 National Collegiate Athletic Association ou NCAA (Associação Atlética Universitária Nacional) é a entidade máxima do esporte universitário dos Estados Unidos. Organiza e gerencia competições regionais e nacionais entre as universidades do país


Joguei meu cobertor, corri pelo corredor, e invadi o quarto de Becca. — Vamos lá, vamos lá, — exigi. Ela estava sentada em sua mesa, percorrendo o Facebook. — O quê? Onde? Acabamos de chegar em casa. — Vamos fazer algum treinamento de força. Não fizemos muito no treino de hoje. Becca gemeu, mas levantou e fechou o laptop. — Você é um sargento parvo. — Você não quer ter uma chance nos testes? — Sim, mas também quero realmente me mover durante o resto do dia. — Becca riu. — O descanso é para os mortos, Becca! Acabamos trabalhando duro, e então nos arrastamos até o sofá e não nos movemos pelo resto do dia. Apesar do que disseram a treinadora Davis e Liam, a minha chance de fazer parte da equipe olímpica era pequena. Eles observavam as meninas de cada faculdade e cada equipe profissional no país, e depois, eles selecionavam as melhores jogadoras e as convidavam para triagem. Meu objetivo agora é jogar o melhor futebol que podia na ULA e esperar conseguir esse convite em nove meses. Era a distração perfeita dos pensamentos sobre Liam que tentavam como uma erva daninha percorrer seu caminho em minha consciência.

— Ele te ignorou completamente no treino de ontem? — Becca perguntou.


— Nem um pio em minha direção. Acho que ele acabou comigo. — Respondi quando Becca e eu fomos para o meu carro na terça de manhã. — Eu te asseguro, ele não acabou com você. Ele está claramente fazendo isso de propósito... talvez você deva fazer com que seja impossível ele ignorar você. — Como? Atacá-lo no treino? — Eu ri. — Não. Mais sutil do que isso. — Ela apertou os olhos, pensativa. — Será quente hoje... acho que treinar de sutiã esportivo seria completamente aceitável. Resmunguei. — Oh, sim, muito sutil. Talvez você devesse ter me dado esse conselho antes de colocar um sutiã rosa neon esportivo esta manhã. Becca aplaudiu, praticamente pulando de seu assento. — Isso é ainda melhor! Vou fazer isso também para que ele não ache que está fazendo isso de propósito. — Que seja. Vamos ver como será o treino primeiro. Becca gemeu. — Tudo bem, mas tudo que estou dizendo é que, se você quer que ele pare de ignorá-la, você deve dificultar isso para ele. — Isso só parece... calculado. Para não falar que eu não deveria me concentrar nele durante o treino. — Não há uma menina no campo que não esteja se concentrando nele durante o treino. Você foi detonada ultimamente, então você merece um pouco de diversão. Um pouco de diversão cheia de Liam. Você merece encher seus bits de diversão com Liam. Eu ri e estacionei o carro, tentando me preparar para vê-lo em poucos minutos. — Operação Brandi Chastain18 começou oficialmente, — Becca declarou.

18 Jogadora de futebol americana.


— Por que ela? — Lembra quando ela marcou o gol naquele tiro de meta pelo título da Copa do Mundo e correu pelo campo, rasgando a camisa? — Então... você quer que eu rasgue a minha camisa? — Isso seria incrível, mas eu acho que as pessoas assumiriam que foram as drogas. Melhor só retirá-la como uma pessoa normal. A primeira hora de treino foi como de costume. Não nos dividimos em posições, o que foi infeliz por duas razões: 1- Liam podia me ignorar com muito mais facilidade quando estávamos em um grupo grande, e 2- Becca estava no meu ouvido me dizendo para tirar a minha camisa a cada cinco minutos. Ela realmente era uma má influência. Eu deveria reavaliar minhas amizades. — Ok, sério. Está quente como o inferno e mesmo que não estivéssemos fazendo Operação BC eu gostaria de tirar a minha camisa. — Becca disse. Estávamos fazendo uma pausa pra água de cinco minutos e foi o momento perfeito para se livrar de nossas camisas se estivéssemos realmente seguindo com o plano. — Não se pode abreviar a operação BC ou eu pensarei em Spartacus o tempo todo. Becca riu e eu por acaso olhei para Liam. Ele estava de pé ao lado, conversando com Tara e a treinadora Davis. Ele não olhou em minha direção nenhuma vez nesta manhã e eu estava ficando cansada disso. Um olhar dele e teria desistido da operação idiota, mas eu estava cansada de ser ignorada. Sem mencionar que ele parecia ainda mais sexy do que de costume, com a camiseta cinza e calções de treino. As pernas dele eram tonificadas e eu queria me jogar nele toda vez que meus olhos pousavam onde ele estava. — Ugh, tudo bem. Tire a sua maldita blusa, — eu sussurrei, lançando minha garrafa de água e estendendo a mão para a parte inferior da minha camisa. Não


havia uma nuvem no céu e estava mais quente do que o habitual. Ninguém poderia me culpar por querer me livrar de camadas extras... certo? Coloquei minha camisa em cima da bolsa de futebol e ajeitei. Becca riu descontroladamente e assobiei para ela ficar quieta. Ela com certeza arruinou o plano. — Ele está te observando e de cara feia. — Carrancudo? — Eu gemia. O que acontecia com ele e carranca? Era a expressão padrão dele sempre que estava ao meu redor. — Sim, cheio de raiva e carranca. Deus, ele é tão quente. Não tenho certeza se este plano vai funcionar, mas pelo menos ele está olhando para você. — Sutiã esportivo bonito, Kinsley, — disse Emily, se aproximando de nós. Escondi minha boca atrás da minha mão, tentando encobrir minha risada com uma tosse. — Obrigada, Emily, — finalmente consegui dizer. Dizer a Emily sobre a Operação BC estava completamente fora de questão. Ela tinha uma bússola moral muito melhor do que Becca e eu, e tenho certeza que ela não teria concordado com a nossa lógica. A treinadora Davis soprou seu apito, chamando a nossa atenção para onde ela estava com Liam e Tara. — Ok, meninas! Vamos alinhar à margem e formar equipes para um curto espaço de jogadas. Liam ainda estava carrancudo e agora Tara se juntou a ele. Oh bem, eu irritava todos. Hurra. Corremos para alinhar e acabei no final da linha lateral com as mãos nos quadris, esperando a treinadora Davis chamar o meu nome para uma equipe.


— Você realmente acha que é apropriado? — Liam perguntou atrás de mim, o seu volume baixo o suficiente para que a estudante do segundo ano de pé ao meu lado não ouvisse. Seu tom seguiu em direção ao território imbecil e sua pergunta me irritou, então quando me virei para ele, eu cerrei meus olhos. — Do que você está falando? Treino em um sutiã esportivo o tempo todo. Liam zombou. — Existem paparazzi parados lá com suas lentes apontadas para você e sua falta de roupa. Revirei os olhos, nem mesmo olhando para onde eu sabia que os paparazzi estavam estacionados. Estavam lá todos os dias e eu, principalmente, esqueci deles. Afinal, eles iam apenas por Liam. — Não, elas estão apontadas para você. Eles não estariam aqui se você não estivesse aqui. — Isso não importa. Coloque sua fodida camisa, Kinsley. Sim, ele era tecnicamente meu treinador, mas naquele momento ele falava comigo como Liam, não como treinador Wilder, então eu escolhi testar os meus limites. — Sabe, eu acho que vou treinar com meu sutiã esportivo pelo resto da semana. — Estiquei meus braços sobre minha cabeça e nem mesmo ele poderia evitar que seus olhos descessem para o meu peito por uma fração de segundo. Ha! Espere, eu quero ser essa garota? Usando o meu corpo para chamar a atenção dele? Não é como se eu tivesse uma escolha. A única maneira de chamar a atenção dele naquele momento era irritá-lo, então isso é o que eu faria. Muito maduro, eu sei. — Você está agindo como uma criança, — ele sussurrou, seus olhos cinzentos mais escuros do que o habitual.


Inclinei-me pra perto e estreitei os olhos. — Engraçado. Quando você estava em cima de mim no sábado você não achou que eu fosse uma criança. — Kinsley! — A treinadora Davis chamou, e percebi que ela tentava chamar minha atenção pelos últimos minutos. — Ouça! Você está na equipe de Tara. Vamos. Lancei um afiado sorriso para Liam antes de correr para o centro do campo e ficar ao lado de Tara, que ainda estava de cara feia para mim. Tanto faz. Olhei para trás em direção a Liam. Suas mãos estavam entrelaçadas atrás da cabeça e ele parecia prestes a socar alguma coisa. Será que era um bom sinal?

— Você está brincando? Isso é um ÓTIMO sinal! — Becca aplaudiu quando estávamos sozinhas em meu quarto mais tarde. — Lembre-me, por que estou recebendo conselho seu? Você pode estar completamente me desviando do caminho. Becca balançou a cabeça. — Não, eu te garanto. Ainda tenho que ter um relacionamento na vida real, mas li várias Cosmo19 e costumava fazer uma tonelada desses questionários sobre o amor. — Uau... isso é realmente reconfortante. NÃO. Becca riu e afirmou então o caso dela. — Escute, ontem ele nem mesmo falou com você. Hoje ele meio que gritou com você e amanhã... o céu é o limite. Você realmente deve me agradecer agora.

19 Revista Cosmopolitan


Ela ficou olhando para mim enquanto eu me movia ao redor do meu quarto, pegando a roupa suja. — O quê? O que você quer? — Perguntei. — Um muito obrigada. — Ela disse com um sorriso gigante. Eu ri. — Vou agradecer quando ele estiver esperando por mim na minha cama quando eu voltar para casa do treino. Becca gemeu. — Oh meu Deus. Eu quero ingressos para esse show. — Ei. Você está doente. — Oh, por favor. Você gostaria de ingressos para esse show, também. Ela estava certa. Eu queria assentos na primeira fila.


Capítulo 10 Eu deveria ter percebido que algo estava chegando. Tara e suas comparsas ficaram muito tranquilas desde a Buzina-Despertadora de terça-feira passada. Assim, quando terça-feira da semana seguinte veio e se foi, eu pensei que a coisa de trote teria sido uma ocorrência única. Oh, como eu estava errada. Tara e as outras veteranas foram criativas. (Muito criativas para não terem tido treinamento adequado de algum tipo de organização terrorista. E eu teria uma dose disso.) — Acorde, caloura. — Tara gritou na quarta de manhã, me tirando do meu sono. Abri os olhos para encontrar Tara, Sofie, e algumas outras veteranas no meu quarto, de pé em volta da minha cama. — Que diabos? Saiam do meu quarto! — Me sentei. — Isso não é maneira de falar com a sua capitã, Bryant, — Tara respondeu com um sorriso sádico. — Levante-se, se vista, encontre-nos no campo com Becca e Emily em quinze minutos. Segurei minha língua enquanto as veteranas saíam do meu quarto para ir acordar as outras duas meninas. Eu queria jogar meu sapato na cabeça de Tara, mas até então ela estava no final do corredor e minha mira não era tão boa. Não tinha ideia do que elas planejavam, mas não é como se eu realmente tivesse uma escolha nesse assunto. Vesti minha roupa de treino e desci para encher três garrafas de água e pegar algumas barras de granola. Emily e Becca vieram poucos minutos depois, e nós três fomos silenciosamente para o meu carro.


— Não tenho ideia sobre qual foi o problema, mas na semana passada parecia uma coisa de trote em equipe. Agora somos só nós três. Isso não pode estar certo, pode? — Perguntei, dando ré no carro. — Isso é besteira. Não sei o que fizemos para sermos colocadas na lista negra de Tara, mas não a deixarei pisar em nós. — Becca adicionou do carona. Foi Emily que tentou defender as veteranas. — Talvez não seja tão ruim assim, pessoal. Talvez elas tomem café ou algo assim conosco no campo. — Becca e eu reviramos os olhos. — E então talvez nós vamos tagarelar sobre os meninos até o início do treino. — Becca acrescentou sarcasticamente. As veteranas esperavam por nós quando chegamos ao estacionamento, e senti como se estivesse prestes a ficar na frente de um pelotão de fuzilamento. — Se não são as nossas três novatas favoritas. Tão simpáticas. — Tara escorria sarcasmo, seus braços cruzados na frente do peito. Nunca conheci alguém cuja personalidade entrava tão em confronto com a sua aparência quanto Tara. Ela era linda e parecia doce, com traços perfeitos que pareciam combinar com a aparência da menina-da-casa-ao-lado20. No entanto, sua verdadeira natureza não era nada doce. O que foi a infância dela para ser assim? Ela foi intimidada ou era ela quem fazia bullying? Apostaria meu seio esquerdo no último. — Vamos começar com algumas voltas, meninas. — Tara instruiu. Meu primeiro instinto foi protestar, gritar sobre sua canalhice, mas naquele momento ainda tinha esperança de que se eu jogasse o jogo dela e provasse a ela que eu era uma pessoa disposta, então ela se afastaria.

20 Termo usado para aquela garota que sempre admiraram de longe e tinham medo de se aproximar, temendo que qualquer projeção erótica em direção a ela estragaria a sua imagem como um ideal de mulher decente, pura e quase virginal. Ela é terreno inexplorado; intocada por outros homens e tem a índole tão doce que quase assusta pensar nela em situações sexuais explícitas. Quase.


Demos voltas, corremos, driblamos, e fizemos flexões até Emily levantar e pedir para parar. — Sério, eu me sinto mal e ainda temos o treino mais tarde. — Emily implorou. Os olhos duros de Tara se deslocaram para Emily. — Você está certa. Emily, já que você é, obviamente, o elo mais fraco, você fará o dobro do que as outras meninas fazem. Não. Era isso. Implicar com Emily era ir longe demais. Emily não merecia nada disso. Pelo menos Becca e eu falávamos merdas sobre Tara pelas costas. Emily foi vítima despretensiosa. — Eu farei as coisas de Emily. Eu farei o dobro. Os olhos quentes de Emily esvoaçaram em mim e vi um flash de esperança atrás de seu olhar. Eu poderia lidar com Tara. Eu fui tratada por meninas como ela toda uma vida. Hoje não me quebraria, mas Emily parecia estar no ponto de inflexão e eu não deixaria Tara forçar Emily a sair do time de futebol da ULA. Não valia a pena. Sofie adiantou-se com uma expressão estranha em seu rosto. — Eu acho que isso é bom. Vamos deixar Kinsley levar os dois pontos da menina, desde que ela é tão generosa. Olhei atirando punhais em Sofie. Ela e Tara eram tão cruéis? Como dormem à noite? Ah, certo, de pé, em seus caixões, porque elas estavam transando com vampiros. Os olhos de Tara se iluminaram. — Oh, grande ideia, Sofie. Becca e Emily, vocês já fizeram o suficiente. Kinsley fará a parte de vocês. Comece a fazer o contra ataque, Bryant. Nós vamos dizer-lhe quando parar.


Meu dedo médio estava louco para levantar para ela. Eu teria feito isso também, mas então vi um flash de alívio no rosto de Emily. Se eu reclamasse com elas, elas a fariam continuar. — Você pode fazer isso, Kinsley. Basta imaginar o quão sexy você estará em um biquíni. — Becca falou com um ar desafiador. Ela não podia fazer nada para Tara, mas podia me animar. Sorri para Becca e comecei a fazer o exercício. Não protestei nenhuma vez. Pensei nas eliminatórias olímpicas, pensei sobre o quão duro trabalhei para chegar onde estava. Uma valentona não ficaria no meu caminho de alcançar meus objetivos. Especialmente quando eu tinha Becca e Emily me aplaudindo. Um segundo vento veio em cima de mim e me empurrou com mais força, aceitando o desafio de Tara, enfrentei de cabeça. Se ela me queria correndo, eu correria mais rápido do que havia corrido antes. Se ela me queria fazendo flexões até vomitar, eu faria isso com um enorme sorriso no meu rosto. Valentonas nunca ganhavam. — Que diabos está acontecendo aqui? — Uma voz sombria gritou, e levantei meu olhar de onde fazia flexões. Liam caminhou até o grupo, vestido com uma camiseta e calças de treino pretas. As roupas escuras combinavam com suas afiadas características de raiva e o faziam parecer muito perigoso. O que ele fazia aqui? Já estava na hora do treino? As veteranas estavam todas alinhadas, parecendo confiantes com os braços cruzados. Becca e Emily se agacharam ao meu lado, tentando me animar. — Oh, nada, treinador Wilder. Kinsley e as outras novatas queriam se juntar a nós no campo para um treino mais cedo. — Tara deu de ombros. Besteira. Deus, a maneira como ela poderia manipular as pessoas era realmente assustadora. Eu teria gostado de ter uma conversa com os pais dela, mas algo me dizia que eles estavam presos em um porão em algum lugar.


Ele nunca tirou os olhos de mim, e o implorei para ver através de suas mentiras. — Isso é o suficiente. Não me importo com o que acontece aqui. O treino começará em breve e vocês precisam estar com a cabeça no campo. — Será que ele acredita nela? Eu sentei. Eu estava exausta. Sentia-me como se tivesse acabado de correr uma maratona, e sabia que não duraria no treino sem desmaiar. As veteranas viraram a cabeça, mas não antes de me lançarem olhares ameaçadores. Será que elas pensam que eu as entregaria? Emily as seguiu, e Becca finalmente se mexeu quando Liam deu-lhe um olhar impaciente. Ficamos apenas ele e eu olhando um para o outro ao longo de um campo gramado desgastado. Ele ainda parecia tão irritado e eu estava com medo que ele atirasse essa ira em mim. Mas quando ele finalmente falou, só havia empatia em sua voz. — Não farei você dedurar as veteranas, mas essa merda não pode continuar. Não é assim que as equipes trabalham, e a treinadora Davis ficaria chateada se soubesse que esse tipo de coisa estava acontecendo. Como se eu não soubesse. — Não sou idiota. Eu sei, mas não enfrentarei Tara no início da temporada. Se ela quer me acordar e me forçar a trabalhar, então vou deixar. Isso fará a vitória de fazer parte da equipe olímpica ainda mais doce. É o fato de mexer com Becca e Emily que me deixa louca. — Becca e Emily não estavam fazendo flexões quando cheguei. — Liam observou com o cenho franzido. — Isso é porque Emily estava morrendo. As veteranas acharam que eu deveria continuar por todas.


Liam envolveu as mãos atrás da cabeça e deixou os punhos cerrados caírem ao seu lado. Eu encarei seu olhar severo, e por um momento pensei que tudo entre nós estava prestes a finalmente explodir. Eu pensei que ele estava prestes a explodir. — Não as deixarei tratar você assim, Kinsley. — Por que você se importa? — Perguntei, desafiando-o a me dizer a verdade. — Eu sou o seu treinador. — Ele respondeu muito rápido. Apoiando-me em minhas mãos, me levantei, encarando seus olhos cinza escuro. — Bem, então considere o seu trabalho feito. Obrigada pela ajuda, treinador. Eu me movi para passar por ele. — Se isso não parar, eu levarei isso para a treinadora Davis, — disse ele, estendendo a mão para o meu braço. Parei quando nossos corpos ficaram lado a lado. Eu estava de frente para a casa de campo21 e meu castigo iminente. Ele olhava em direção ao nosso campo, e o sol da manhã destacava cada uma de suas características. A treinadora Davis não chutaria Tara para fora do time por algo assim, não se fosse o primeiro delito de Tara. Provavelmente seria apenas mais um prego no meu caixão quando isso chegasse a Tara. É claro que ele não via dessa forma. — Eu posso lutar minhas próprias batalhas, treinador Wilder. — Assobiei para ele. — Mas pode fazer o que quiser. Você sempre faz. Vou me preparar para o treino. — Passando por ele, meu braço roçou o dele e a tensão latente entre nós zumbiu em mim, inflamando o meu sangue e despertando os sentidos como uma dose de cafeína.

21 Um prédio, geralmente ao lado de um campo de atletismo, e equipados com vestiários, armários, chuveiros, etc., para aqueles que utilizam as instalações atléticas.


Eu sabia que estava sendo dura com ele, mas toda a situação me irritou e ele era a única pessoa que eu poderia atacar. O que acontecia entre nós lutava para transbordar, e era a última coisa que eu precisava me preocupar no momento.

Mais tarde naquela noite, Becca e eu nos sentamos no meu quarto enquanto eu tentava pensar e, simultaneamente, não pensar em Liam Wilder. Eu me senti mal por ser dura com ele mais cedo, mas a situação era no mínimo frustrante. Eu nunca sabia como ele me trataria ou como deveria tratá-lo. Eu precisava arrumar minha cabeça e por isso é que Becca estava lá. — Então, vamos recapitular. — Becca anunciou, puxando o quadro da minha parede e apagando a lista de Game of Thrones, onde os personagens foram classificados em ordem de gostosura. Não é minha culpa se eu tenho uma coisa por Jamie Lannister... com mão ou sem mão. — Ei! Eu precisava disso. — Protestei. — Sim, certo. Nós duas sabemos que você memorizou. Além disso, você não pode achar ele quente. Ele transa com a irmã. — Sim, que seja. Comece o seu resumo para que possamos simplificar minha vida, por favor. Becca assentiu antes de fechar ambas as minhas portas e ligar a música, abafando nossas vozes. — Vamos começar pelo começo, — ela disse, começando a escrever na parte superior do quadro branco. Razões pelas quais Kinsley não deve pensar em Liam:


1. Foi traída por dois ex-namorados. Conclusão: os caras são todos um saco. Não se encontre com eles. Peguei o marcador da mão dela e comecei a escrever o número dois e três. 2. OBJETIVOS: Jogos Olímpicos e programação de treinamento da ULA -> Sem tempo para qualquer indivíduo! 3. Ele está completamente fora dos limites. (Seria expulsa da equipe, fora dos limites.) Afaste-se dele AGORA. Becca assentiu, e pegou o marcador novamente. 4. Ele é um bad boy. (Reformado ou não). Volte para o # 1 e multiplique por dez. Então, finalmente, eu escrevi o número cinco. 5. Ele não gosta de mim. E/ou me odeia ativamente. — Bom trabalho. — Becca disse, pegando o marcador e sustentando a lista ao lado do meu closet. — Já não se sente melhor? Quero dizer, estes são os cinco motivos sólidos pelo qual você deve simplesmente esquecê-lo completamente. — Exatamente. — Concordei, mas minha voz não pareceu muito convincente. O que diabos havia de errado comigo? Será que ele precisa ser também um enlouquecido assassino de cachorro antes da minha libido finalmente dizer, tudo bem, talvez ele não seja para você? — Assim, podemos ir à festa à fantasia no sábado e você nem precisa se preocupar com ele estando lá. — Lembra como ele não apareceu até muito tarde na semana passada? Aposto que ele não estará lá o tempo todo. Becca estava gaguejando a esta altura. Ela queria ir para a festa a fantasia do LA Star, por que: a) quantas vezes em sua vida adulta você vestirá uma fantasia?


E, b) ela já planejava nos vestir como Superman e Batman... só que nas versões femininas. Arrumaríamos nossos trajes no dia seguinte. Eu não podia dizer a ela que não estava apenas com medo de Liam aparecer. Eu precisava evitá-lo assim como ele me evitou a semana toda, e então nós estaríamos bem. — Quer que eu apague o quadro? — Ela perguntou. Pensei nisso por um segundo. — Não, apenas o nome. Eu poderia precisar de alguns lembretes.

Na sexta-feira depois do treino, a treinadora Davis me chamou em seu escritório. Sentado ao lado oposto da mesa tinha um cara bonito vestido em um terno com óculos de grossa armação preta. Eu o reconheci imediatamente. Era Brian King, um ex-jogador profissional de futebol que trabalhou na ESPN como comentarista de notícias. Ele tinha um rosto para a TV, e é por isso que a rede de TV o fisgara assim que ele se aposentou do futebol na idade madura de 24 anos. Ele rompeu seu ligamento em um segundo tempo e nenhuma quantidade de cirurgia poderia fazer com que ele voltasse a jogar. — Kinsley, este é o Sr. King. — A treinadora Davis nos apresentou, e me inclinei para apertar a mão dele. Estava consciente do fato de que havia acabado de sair do banho, então pelo menos eu não estava fedendo, mas estava vestida com short da Nike e uma camiseta, enquanto ele estava em um terno elegante. Sentime no mínimo desconfortável. — É um prazer conhecê-lo, Sr. King.


— Oh, por favor, me chame de Brian, — ele sorriu. Sentei ao lado dele e voltei minha atenção para a treinadora Davis. — Brian está aqui porque ele gostaria de fazer uma entrevista com você sobre a próxima temporada e suas aspirações olímpicas. Olhei rapidamente para Brian, que me oferecia um sorriso agradável. Ele realmente não parece ser um cara ruim, mas eu não tinha ideia do por que ele se importava comigo quando havia, provavelmente, centenas de outras meninas da minha mesma posição. — Ceeeertooo. — Balancei a cabeça, à espera de mais informações. — Tentei entrar em contato com seus pais, mas pensei que desde que estava na área de Los Angeles, eu poderia vir e encontrá-la pessoalmente, — explicou Brian. — Então, você entrevistará outras pessoas da equipe? — Perguntei. Brian mexeu na cadeira, de modo que seu corpo estava voltado para mim, em vez de para a treinadora Davis. — Neste ponto, você será a única pessoa a ser entrevistada da ULA. Cobriremos cinco jovens aspirantes olímpicas nos meses que antecederem os testes. Nosso público realmente gosta de conhecer atletas como você. Deixa os jogos muito mais divertidos de assistir, se os fãs sabem alguns detalhes sobre seus atletas favoritos. — Mas ainda não estou na equipe, — tentei argumentar. — Por que você quer me entrevistar? — Você não se pesquisou recentemente, né? — Brian perguntou, juntando as mãos em seu colo e inclinando-se para mim. — Não. — Respondi sinceramente, olhando para a treinadora Davis por ajuda. Ela me ofereceu um sorriso de apoio e um pequeno aceno de cabeça.


Brian riu, e estendeu a mão para sua pasta. — Aqui está o meu cartão. Acho que devemos agendar um horário para tomar um café em algum momento na próxima semana para que possamos discutir a entrevista com mais detalhes. — Então ele se levantou, efetivamente terminando a reunião. — Obrigado pelo seu tempo, treinadora Davis. E Kinsley, eu estou ansioso para me encontrar com você na próxima semana. — Ele me deu um largo sorriso, e depois saiu do escritório. Sua colônia permaneceu na cadeira ao meu lado e me sentei por um momento, tentando entender tudo. A treinadora Davis pulou de seu assento e deu a volta em sua mesa para se sentar ao meu lado. — Kinsley, isso é com você. Se não quiser fazer a entrevista, então eu posso enviar uma recusa educada, alegando uma agenda cheia de treinos como desculpa. Balancei minha cabeça e virei o cartão de visita de Brian na minha mão. Seu número de telefone celular, e-mail e número do escritório estavam impressos em letras pretas marcantes. — Só preciso pensar. Não tenho certeza se estou pronta para os holofotes. — Eu queria acrescentar que nunca estaria pronta para o escrutínio público. Eu era uma pessoa reservada, para a maioria das coisas. Para não falar que ainda me sentia como se não tivesse me provado no mundo do futebol. Eu não queria ter todos esperando grandes coisas de mim, especialmente quando eu já estava colocando tanta pressão sobre mim mesma. — Acho que vou correr um pouco. — Declarei, me levantando do assento de couro e dando um sorriso de adeus para a treinadora Davis. — Não se esforce demais, você já teve uma semana dura de treino, — ela respondeu. Não dura o suficiente.


Quando cheguei a casa depois da corrida, Emily estava no banheiro lavando o rosto. — Ei, Em. — Sorri, sentando e tirando meus tênis de corrida. Minhas pernas doíam de correr por tanto tempo, mas me senti mil vezes melhor do que depois do treino. Nada clareava minha cabeça como exercícios. — Ei, Kinsley, — disse Emily, vindo para o meu quarto e sentando contra a minha porta. Ficamos ali sentadas em silêncio por um momento. Ela parecia pensar em alguma coisa, mas estava com muito medo de falar. — Como está indo? — Perguntei com um tom encorajador. Ela mordeu o lábio inferior e então finalmente olhou para mim. — Estou bem... só queria te agradecer pelo que fez na quarta-feira de manhã. Eu sei que você estava tão cansada quanto Becca e eu. — Não foi nada, Emily. Verdade seja dita, eu acho que a única razão pela qual você estava envolvida é porque Tara me odeia e nós somos amigas. — Dei de ombros, tentando determinar se essa revelação a aborreceria. — Sim. Eu meio que percebi isso. É uma pena, sabe. Quero dizer, você e Becca são realmente próximas, mas estou realmente feliz que nós somos amigas também, e se isso significa ter que lidar com Tara, ainda assim vale a pena, — Emily disse com um pequeno sorriso. As palavras dela me pegaram de surpresa e não pude deixar de ficar um pouco emotiva. Claro, Becca e eu éramos mais próximas, mas Emily era o tipo de amiga com quem sempre se podia contar. Silenciosa, leal, o tipo de amiga que durava longos anos. — Posso abraçá-la, mesmo eu estando super fedida? — Perguntei, já engatinhando em direção a ela e pulando em seu colo. — Ewwww! Você fede! — Emily riu, me empurrando de cima dela.


— Desculpe! Amigos têm que lidar com abraços fedidos. Você pediu por isso! Veio uma batida do outro lado da minha porta. — Vocês duas estão aí se divertindo sem mim? Que diabos! Abram! — Becca gritou. Emily e eu nos movemos e abrimos a porta o suficiente para Becca se esgueirar pra dentro. — Ei. O que vocês estão fazendo? Cheira a pé podre aqui! Becca torceu o nariz e fingiu desmaiar. — Oh, supere isso! Vou para o chuveiro, ok? Mas não saia! Precisamos planejar nossas fantasias para o sábado.


Capítulo 11 Eu me preparava para a festa à fantasia na noite de sábado, quando meu celular vibrou com uma mensagem. Josh: Vai à festa hoje à noite? Esqueci completamente de Josh nos últimos dias. Meus pensamentos estavam dispersos, com Liam ocupando cerca de 99% deles. Então, naturalmente, Josh foi um dos primeiros a serem esquecidos. Agora que fui confrontada com a ideia de vê-lo na festa, meu primeiro instinto foi de ignorá-lo. Eu não queria ser amiga dele. Queria seguir em frente e me concentrar em coisas melhores. Mas, uma vez que ignorar as pessoas é geralmente desaprovado em nossa sociedade, eu dei uma resposta formulada. Comprometida. Eu: Sim. Larguei meu telefone e olhei minha roupa. Becca e eu encontramos uma combinação de camisas Supergirl e BatGirl cortadas alguns centímetros acima de nossos umbigos. Coloquei a minha com uma saia de lycra vermelha que estava justa em volta da minha cintura, e em torno de minhas coxas. Uma capa vermelha curta e meu converse branco completaram o look. Fiquei contente por Becca forçar a operação B.C. no início da semana, porque meu estômago tonificado agora ostentava um bronzeado saudável, deixando a roupa um pouco mais sexy. Comparado com o que as outras meninas usariam hoje à noite, não era tão ruim assim. Becca parecia incrível em sua camisa BatGirl e saia preta. Ela estava com saltos pretos e uma capa preta e ficava golpeando como um super-herói toda vez que entrava no meu quarto.


— Quem está mandando mensagens de texto? — Ela perguntou, dando um chute alto e fingindo socar minha cômoda. O traje estava começando a subir a cabeça dela. — Eita! Estou feliz por você vestir calcinha ou eu teria visto muito da sua caverna de morcegos! — Eu ri quando meu telefone tocou novamente. Olhei para baixo. Josh: Legal. Será menor do que a da semana passada, então eu devo ser capaz de encontrá-la. — É só Josh perguntando se nós vamos à festa, — respondi. Não respondi a segunda mensagem dele. — Ah, droga. Isso me lembra que devemos rever as cinco razões que L não é digno de sua atenção? — Becca perguntou, já curvando para pegar o quadro branco que eu escondi debaixo da minha cama no outro dia. — Não! — Pulei em cima dela. — Não. Nós estamos bem. Honestamente, eu quero esquecer sobre futebol e tudo o mais na minha cabeça e apenas me divertir. Ok? Becca sorriu e fez um gesto de karatê com as mãos. — Hoje à noite nós seremos SuperGirl e BatGirl e ninguém sequer nos reconhecerá! Podemos fazer o que quisermos! Comecei a rir e abri meu closet para pegar um cinto para mim. Eu já podia dizer que Becca e eu ficaríamos a noite inteira chutando e girando, e eu não tinha vontade de destruir toda a minha fantasia Lois Lane. O telefone de Becca tocou quando terminei de pegá-lo. — O taxi está aqui! Espere, eu quero dizer, o Batmóvel nos espera! — Ok, ok! — Corri para abrir a porta do banheiro e gritei para Emily. — Em, você tem certeza que não quer vir conosco? Podemos montar um traje bonito


realmente rápido! — Eu sabia que a resposta seria não. Ela nos disse ontem, quando a convidamos para ir às compras que ficaria em casa no Skype com o namorado. Tivemos, é claro, que fazer piadas com ela por ter relações sexuais no Skype, e ela corou por uma hora inteira. Sério, foi muito fácil. — Sim, eu tenho certeza. Ligue para mim se precisarem de uma carona ou qualquer coisa! — Emily respondeu, já sentada em seu computador com o Skype aberto. — Cerrrrtoo, mas não se esqueça de usar proteção... você não quer seu computador pegando um vírus. — Brinquei com um sorriso brega. Emily me atirou o dedo. Menina má. — É melhor vocês ficarem felizes por ainda não estar em uma chamada com ele, ou eu teria matado vocês! — Ela gritou quando comecei a recuar. — Sim, sim. Nós estamos saindo. Adios! — Eu disse, arrastando Becca. Antes de corrermos escada abaixo, nos demos uma checada muito rápida no meu espelho pela última vez. Meu longo cabelo castanho estava pendurado nas minhas costas e enquadrava minhas feições delicadas. Não estava de todo ruim. O repicado cabelo loiro de Becca estava sexy e bonito. — Vamos fazer isso! — Gritei, agarrando a mão de Becca e puxando-a pelas escadas para o táxi. Nós nos empilhamos dentro e orientamos o taxista. — Então, você vai para o paraíso com Jace de novo? — Perguntei. — Quem? — Becca arqueou uma sobrancelha, e por um segundo eu realmente pensei que ela não se lembrava dele. — Você é definitivamente do tipo provocadora, Becca. Você flerta com caras e, em seguida, os deixa na seca. — Não é assim! Eu tenho que testar as águas primeiro. — Mas você achou Jace bonito, certo?


— Ele ia bem, mas tentei fazer piadas e ele não conseguiu rir de nenhuma. Ele fez essa coisa estranha onde ri lentamente com uma expressão confusa. Eu queria bater na testa dele e ir embora. Eu ri. — Ok, então você quer alguém bonito e engraçado? Isso não é tão difícil. Ela zombou. — Você ficaria surpresa. — Chegamos, senhoras. — O taxista disse educadamente. Nós o pagamos e saímos do carro. A casa estava em silêncio na rua, mas à medida que se aproximava da porta da frente, você podia ouvir a música cada vez mais alta e mais alta. Nós empurramos a porta e entramos. Imediatamente fui recebida por um grupo de meninas que não reconheci. Todas estavam vestidas com o mesmo tema: M&Ms. Mas deixe-me esclarecer: elas realmente vestiam vestidos de lycra apertados com minúsculos M&M impresso no peito. — Ótimo, agora eu quero um M&Ms, — eu disse jogando minhas mãos para cima. — Não há tempo para doces quando o crime corre solto! — Becca declarou dramaticamente. — Vamos lá, vamos ver tudo que tem aqui, — eu disse e nós duas sabíamos que era um código para: vamos descobrir se as veteranas / ou Liam estão em qualquer lugar à vista para que pudéssemos evitá-los estrategicamente toda a noite. Continuamos na festa, entrando na sala de estar que foi transformada em uma pista de dança com infusão de techno. — Agora, a velha pergunta: queremos uma bebida agora ou esperamos até encontrar as veteranas e depois afogamos as mágoas enquanto esquematizam seu próximo plano para nos derrubar?


— Agora. — Respondi, dirigindo-me para a cozinha. Haviam pessoas fantasiadas em todos os lugares. Os suspeitos de costume estavam presentes: piratas, ninjas, até mesmo um palhaço estranho, mas então havia um grupo de rapazes vestidos como princesas. Tenho certeza que alguns deles estavam até mesmo usando saltos. Becca e eu localizamos a mesa de bebidas. No centro havia um iglu com um sombrero e bigode colado a esmo. — Acho que eles até o vestiram com um ponche? — Hah. Engraçado. — Becca respondeu, pegando dois copos. Um pequeno cartão junto da bebida esclareceu o que estaríamos bebendo: El Puncho. Uma vez que estávamos abastecidas com bebidas na mão, procuramos pelas veteranas. Olhamos do lado de fora pela primeira vez. Assim como na semana passada, havia um barril e mesas de beer pong. Vagamos por entre a multidão e viramos para retornar para a casa. Nenhuma veterana. Voltamos para dentro e verificamos na cozinha e sala de estar novamente. Ainda assim, nós não a vimos. Poderíamos ter tanta sorte? — Acho que elas não estão aqui. — Dei de ombros com um sorriso malicioso. — Posso brindar a isso! — Becca exclamou. Nós batemos as bocas de nossos copos juntos em um Saúde e, em seguida, bebemos o resto do ponche que serviu de enfeite durante a nossa procura. — Vamos pegar leve com o ponche. — Avisei, mas Becca já estava ocupada reabastecendo nossos copos. Bem, não posso dizer que não tentei avisá-la. — Kinsley! — Meu nome ecoou atrás de mim, e me virei para encontrar Josh vindo em nossa direção. Ele estava vestido como um motorista de carro de corrida


em um macacão vermelho brilhante, com manchas nos braços. A frente do macacão era com zíper até seu torso e ele deixou os primeiros centímetros aberto no topo, de modo que seu peito bronzeado ficasse a mostra. — Oi Josh. — Falei educadamente, estendendo a mão para o meu copo de ponche e tomando um grande gole. Não acho que ser simpática com ele seja uma ideia tão boa mais. — Você está ótima, — ele sorriu, olhando minha roupa de SuperGirl com flagrante luxúria. — Esta é Becca, — eu disse apontando para onde ela estava. — Ei, prazer em conhecê-la, Becca. Você joga no time da ULA também? — Ele perguntou com um sorriso, ignorando seu óbvio desdém. Josh era um sedutor. Ele poderia ficar ali e fingir que éramos apenas amigos, como se nada tivesse sequer acontecido entre nós. Era quase assustador. — Sim. — Becca respondeu bruscamente, e virou. Eu tive que lutar para não rir. Josh acenou com a cabeça, seu sorriso caindo uma fração de uma polegada. — Bem, eu vou dar um oi para alguns companheiros de equipe, mas você vai ficar aqui? Voltarei e a encontrarei para que possamos dançar. Eu não conseguia formar palavras, porque estava ocupada me inclinando para trás e tomando mais do meu ponche, então lhe dei um polegar para cima. Quando ele se afastou, Becca se virou para mim com uma sobrancelha interrogativa. — Nós realmente não ficaremos aqui, certo? Sorri. — Claro que não. Vamos dançar. Foi um timing perfeito. Bebi apenas o suficiente para me fazer sentir boba e solta, mas não o suficiente para que eu pensasse que dançar break fosse uma boa ideia. Isso geralmente vinha após cerca de um copo a mais. Becca me puxou até a cozinha e voltamos para a sala de estar. Mais pessoas dançavam agora, e de alguma


forma nós fomos sugadas para um grupo aleatório de meninas que dançavam em um círculo. Eu não tinha ideia de onde era qualquer uma delas, mas em uma festa parece que os nomes são menos importantes do que mostrar um movimento de dança foda. Eu acabara de terminar o que eu supus ser uma interpretação impecável de twerking22 à la Miley quando olhei para cima e vi Liam do outro lado da sala. Meu intestino se apertou. Ele não estava lá quando fizemos a nossa busca inicial da festa. Oh, mas agora o desgraçado estava definitivamente lá e ele definitivamente estava de pé contra a parede conversando com uma garota. Eu não conseguia afastar o meu foco mesmo quando a dança continuou ao meu redor. Estava congelada vendo-o com ela. Eles não estavam próximos. Ele estava encostado com o ombro contra a parede, e ela com os braços cruzados sobre o peito. Ela estava vestida como uma pirata sacana ou talvez um pinguim sacana. Eu não poderia dizer a diferença de onde eu estava. De qualquer forma, ela estava linda e eu não podia deixar de sentir uma torção apertada no meu intestino. Foi a mesma sensação que tive quando peguei Josh me traindo, mas isso foi pior. Mais visceral e fora do meu controle. Parecia loucura. Afinal, eu fiz uma piada quando peguei Josh. Inferno, eu sequer derramei uma lágrima. Mas agora, estando lá assistindo Liam apenas conversar com outra garota, tinha o desejo de fazer algo louco como brigar com ela ou gritar com ele. Eu nem gritei com Josh. Falei com ele asperamente. Mas se Liam se aproximasse de mim, então, eu teria atirado golpes. Será que eles colocam esteroides no ponche? Era por isso que eu me sentia capaz de brigar com alguém?

22 Dançar a música popular de uma maneira sexualmente provocante, envolvendo movimentos de empurrar o quadril e ir se abaixando até ficar de cócoras.


— Ei, Kinsley! Por que você parou? — Becca chamou a minha atenção sobre a música. Inclinei a cabeça para onde Liam estava de pé e seus olhos seguiram a trilha. — Ahhh, — ela concordou. — Parece que é hora de trocar essas meninas por um par de caras super quentes. — Becca agarrou a minha mão antes que eu pudesse protestar e então me puxou para onde uma pequena mesa de madeira estava no centro da sala. Era uma imitação barata de madeira, então eu realmente não protestei quando Becca me puxou para cima dela. Ficamos um pé acima do resto do grupo, e então, meu primeiro instinto foi o de encontrar Liam novamente. Eu queria saber se ele ainda conversava com a menina ou se ele me viu, mas Becca puxou minha mão, me desequilibrando por um momento. — Aqui! — Ela disse, entregando-me seu copo de ponche, desde que eu tomara o meu há um tempo para que pudesse dançar com as mãos livres. Engoli o conteúdo com um só gole e coloquei o copo vazio em cima da mesa. Uma música pop sedutora começou a tocar nos alto-falantes e me perdi nos movimentos dos meus quadris, meus braços e meu corpo balançando. Não demorou muito tempo para as pessoas começarem a vir em direção à mesa. Como mariposas para uma chama, eles poderiam sentir quão embriagadas Becca e eu estávamos. Me movi como se Liam estivesse dançando comigo, como se pudesse sentir meus quadris girando de lado a lado. — Quer dançar? — Um cara perguntou se esgueirando ao meu lado. Ele era alto o suficiente para que nós estivéssemos quase no mesmo nível, enquanto eu estava na mesa. Olhei para Becca e ela me deu um polegar para cima. Um cara já se aproximava dela também. — Claro, — dei de ombros, descendo da mesa com a ajuda dele. E assim começou uma série de caras que ousavam o suficiente para chamar uma garota aleatória para dançar. Não deixei que nenhum deles ficasse mais de


uma música. Eu sorria e saía de seu alcance, estendendo a mão para Becca e fingindo estar muito bêbada para continuar quando eles pediam outra dança. Eles nem sequer queriam na verdade, só queriam uma coisa bonita para que pudessem moer seus paus. Sério. Prefiro dançar com um grupo de meninas do que ter caras aleatórios dançando comigo. Becca abandonou seu último parceiro, bom, assim voltamos a dançar sozinhas. — Você pode fazer o Leg Stanky23? — Becca perguntou, tentando mostrar o movimento. Tentei copiar, mas acabei ficando apenas com cãibras na minha perna. — Não! Isso é tão terrível, Kinsley. Você deve parar antes que alguém chame uma ambulância. — Becca riu, colocando as mãos no meu ombro e me forçando a ficar parada. Estávamos de pé, quando vi Liam se movendo no meio da multidão. Seus olhos escuros estavam presos em mim conforme se deslizava através dos dançarinos. Sua presença me desequilibrou, como se eu precisasse me prender a alguém ou eu poderia cair sobre ele. Ainda bem que eu tinha Becca. — Kinsley. — Liam murmurou ao se aproximar de nós. Ele foi forçado a me cumprimentar ao passar por mim. Molhei meus lábios e movi o meu olhar por ele. Ele não estava sozinho. Seu companheiro de equipe, Penn, ficou ao lado dele. Eu não o vi em qualquer uma das festas anteriores, mas ele era o melhor amigo de Liam. Eles jogaram juntos no LA Stars por cinco anos e muitas vezes foram eles entrevistados juntos em vários talk shows. Se havia alguém no time do LA Stars que poderia tirar dinheiro de Liam no departamento visual, era Penn. Ele era tão alto quanto Liam, com cabelos castanhos escuros e um sorriso comercial Crest24. Aquele sorriso atualmente estava voltado para Becca.

23 Movimento de dança famoso nos EUA pelo viral dos GS Boyz. 24 Marca de creme dental.


Olhei dele para ela e quase pulei de alegria. Ela olhava para ele também, visivelmente presa na armadilha dele, com a boca ligeiramente aberta. Completamente perdida em 3... 2... 1... — Esse é Penn. — Liam disse mais para Becca do que para mim. Penn assentiu e deu um pequeno passo mais perto de Becca. Eu já experimentara atração instantânea, estes dois tinham em abundância. Becca geralmente tinha um comentário engraçado na mão, mas naquele momento ela estava completamente tranquila, apenas balançando suavemente e olhando para os olhos castanhos de Penn. — Vocês devem dançar, — eu ofereci, e Penn me lançou um sorriso confiante antes de levantar uma sobrancelha em questionamento. — Becca? — Ele perguntou, dando um passo em direção a ela. Becca olhou para mim por um rápido segundo e eu sabia que ela estava derretendo pensando se conseguia dançar com ele. Seus olhos castanhos estavam praticamente anuviados na luxúria por esse cara. Penn ofereceu sua mão para Becca e puxou-a no meio da multidão. Vi seus corpos desaparecem atrás de dançarinos até não poder vê-los mais. Foi quando me dei conta de quão estranho era que todos ao nosso redor estavam dançando, mas nós estávamos parados. Silenciosos, e com tanta coisa pairando no ar entre nós que eu poderia ter empurrado a minha língua para fora e provado. Qual seria o gosto da atração? Opulento chocolate amargo. Nós dois éramos imaturos, esperando o outro falar primeiro. Eu não podia encará-lo. Não tinha certeza se manteria o equilíbrio se eu falasse. Eu queria perguntar sobre a menina que estava com ele. Queria perguntar o que ele queria de mim naquele dia.


Estávamos em um território perigoso, em uma multidão de pessoas que não deveriam saber que Liam e eu tivemos qualquer tipo de relacionamento além do de treinador e jogadora. Ambas as nossas reputações dependiam disso. — Só vim aqui para que Penn pudesse conhecer Becca. Ele estava interessado nela. — Liam explicou, finalmente quebrando o silêncio entre nós com um tom áspero. Levantei meu olhar para ver as sobrancelhas dele franzidas, e sabia que ele estava em seu estado de espírito melancólico padrão. — Oh bem, você pode ir. — Apertei os olhos para ele, desafiando-o a dizer algo. Em vez disso, ele deu um passo em minha direção e passou a mão na minha cintura, segurando-a. Seus dedos cavaram gentilmente em minha pele e mordi meu lábio inferior. Ele me puxou em sua direção conforme se inclinava. Encaramo-nos a centímetros um do outro. — Você parecia bem dançando com esses caras, Kinsley. Você não deve deixá-los tocar em você. — Disse com um tom áspero. Ele estava chateado. Além de chateado. — Pelo menos eles não têm medo do que eles querem, Liam, — murmurei, tentando sair do aperto dele. Ele apertou mais, e ao virar, minha lateral foi pressionada contra o peito dele. Seu braço envolveu minha cintura, e de repente eu era uma vítima de meu corpo. Não iria a lugar algum, mesmo se eu quisesse brigar com ele. — Eles não querem você. Eles pensam que você é sexy, mas não conhecem você. — Ele esclareceu, pressionando os lábios na minha orelha. Fechei os olhos e girei meus quadris em um círculo lento. Se alguém olhasse de relance teriam pensado que dançávamos. Nossos corpos se moviam lentamente um contra o outro,


mas, na realidade, estávamos em guerra. Quando pressionei meus quadris contra ele com mais força, ele gemeu com raiva em meu ouvido. — E quanto a garota com quem você falava anteriormente? Será que ela te conhece ou apenas te acha sexy? — Você não pode ficar com ciúmes, Kinsley. Nós não estamos juntos. — Ele atirou, agarrando minha cintura em sua mão e me puxando mais contra ele. Inclinei minha cabeça contra o peito dele e ele inclinou a cabeça para que eu pudesse ver seus olhos. Nossos lábios estavam tão perto que ele poderia ter se abaixado apenas alguns centímetros e me beijado. Teria sido tão fácil. — Então o mesmo vale para você, Liam. Por que não me solta? Além disso, você não tem permissão para me tocar, ou esqueceu que estou fora dos limites? Essa foi a primeira vez que eu pensei na nossa situação a partir da perspectiva dele. Se eu era torturada, ele estava ali comigo, só que com ele era pior. Ele estava na posição de poder. Se ele se aproveitasse de mim, a jovem estudante ingênua, ele levaria a culpa por isso. Sua expressão escureceu e seu olhar se desviou dos meus olhos até os meus lábios. Nós provocávamos um ao outro, porque isso é tudo o que podia ser feito. Não éramos autorizados a ficar juntos. Inferno, nós não devíamos nem sequer dançar, mas estávamos ambos impotentes no momento. Eu deveria ter me afastado, ele deveria ter me deixado sozinha, mas então algo aconteceu, e serviu de catalisador final para o nosso romance ilícito. As luzes apagaram. Já estava escuro antes, mas então a sala virou breu. Alguém deve ter batido no interruptor de luz. Quem sabia quanto tempo duraria, mas Liam não esperou para descobrir. Ele me virou, me puxando para o peito dele, e beijou-me com tanta força que eu deixei escapar um gritinho. Eu me recuperei rapidamente, me abrindo para ele,


inclinando a cabeça e deixando-o deslizar a língua sobre os meus lábios. Luxúria inundou o meu corpo. Subi minha perna ao redor do quadril dele. Uma de suas mãos saiu da minha cintura e me ajudou a prender minha longa perna em torno dele. Ele gemeu em minha boca e me perdi completamente nele. — Deixe apagado! — Alguém gritou e sorri contra a boca dele. Era como se o mundo tivesse nos dado uma pausa momentânea das regras. Estávamos no escuro, no meio de uma pista de dança lotada, mas ninguém podia nos ver. Uma mão flutuou mais acima da minha saia enquanto a outra mão me puxou contra ele, então eu podia senti-lo contra mim. — Deus, — eu gemi, arrastando nossos quadris juntos. Será que as luzes ficariam apagadas por tempo suficiente para ele me tomar aqui? — Você é tão sexy, Kinsley, — ele gemeu em meu ouvido. — Você sabe o que eu quero fazer com você? O que eu me imagino fazendo com você toda vez que te vejo? Suas palavras alimentavam o fogo entre nós. Eu respondi roçando minhas mãos sob sua camisa, sentindo seu abdômen impossivelmente tonificado. Sua pele era quente e suave, e seus músculos estavam tensos, como se estivessem se contendo com o que ele realmente queria fazer comigo. Estávamos a beira de cair... e então as luzes acenderam e nós nos separamos.


Capítulo 12 Nossa respiração era irregular e carregada enquanto tentávamos nos recompor dos últimos minutos. Estávamos a um pé de distância um do outro e as luzes piscando, acendendo e apagando como se alguém continuasse a brincar com ela. Pressionei minha mão no meu estômago, sentindo o espasmo do meu diafragma em resposta ao nosso beijo secreto. Tudo na minha vida estava uma bagunça nebulosa. Nos últimos dias eu tive dez milhões de decisões caindo em meu colo: brigar com Tara ou lidar com o lixo dela? Fazer a entrevista com Brian King ou manter minha vida o mais reservada possível? Mas essa nuvem de incerteza não alcançou Liam. Ele era a estrela do norte. Eu não tinha escolha a não ser me envolver em seu brilho e me deixar persuadir por ele. Desejá-lo era como um impulso inconsciente, como respirar. E agora, sem dúvida, eu sabia que ele me queria também. — Você não está fantasiado, — murmurei, olhando seu jeans desbotado e camisa preta, a qual se encaixava tão bem que eu jurava que foi projetada com as proporções dele em mente. A borda da boca dele se curvou para cima. — Não sou o tipo de cara de fantasias.


Todo mundo ao nosso redor ainda estava dançando e a menina atrás de mim se mantinha acidentalmente batendo em mim. Eu estava prestes a virar e pedir para ela segurar seus cotovelos agitados, mas então eu teria que deixar de olhar para ele. Eu não estava pronta para isso ainda. — Isso não é justo, — eu lamentei. — Acho que não me importo tanto com fantasias quando você está vestindo, — ele sorriu, abaixando seu olhar para a minha barriga nua. Acho que eu sequer me importava, especialmente desde que a mão dele estivera em minha pele nua a apenas momentos antes. — Vamos lá, — ele acenou. — Vou colocar uma. — Ele inclinou a cabeça em direção ao corredor e eu sabia que voltávamos para o quarto dele. Eu fiz a varredura atrás de mim, mas não vi ninguém que eu conhecia. Becca e Penn dançavam na sala ao lado. As mãos dela estavam nos quadris dele e sua cabeça inclinando-se para ele. Ele abaixou-se para dizer algo no ouvido dela e ela sorriu em seu pescoço. Metade de mim queria interrompê-los e mencionar a depilação de Becca ou dar o meu troco da pegadinha passe livre que ela me prometeu, mas eu não podia fazer isso com ela. Melhor esperar até que ela estivesse mais sóbria, de maneira que ela se lembre. Hah. — Vem? — Liam perguntou, e percebi que eu havia parado de segui-lo. Ele estava de pé confiantemente no corredor, disfarçado pela escuridão. Sua barba mais crescida do que de costume, como se tivesse se esquecido de fazer naquela manhã. Mas a coisa que me pegou mais e não poderia mover minha cabeça ao redor era a sua mão forte estendida e acenando para eu pegar e agarrar. Ele estava colocando-se na linha. Alguém poderia nos ver saindo da festa, mas eu disse a mim mesma que as chances eram pequenas. Todo mundo estava muito ocupado escondendo os seus próprios segredos para se preocupar em descobrir o nosso.


Em vez de pegar a mão dele, eu me esgueirei por ele, nunca quebrando o contato visual, até que me virei e caminhei em direção ao quarto que ele nos empurrou na semana passada. Ele riu baixinho atrás de mim e escondi meu sorriso quando ele abriu a porta. Não mudou muito em uma semana. Nosso relacionamento ainda era proibido. Ele ainda precisou trancar a porta atrás dele, mas havia um ligeiro sentimento de esperança no ar... Talvez porque ele acendeu a luz e me deu um vislumbre de seu mundo, o seu quarto. Isso me fez sentir menos como um segredo e mais como uma adição bem-vinda à vida dele. Era apenas um quarto com um banheiro anexo e closet, mas era enorme e bem decorado. Sua cama tinha uma cabeceira negra alta, e contrastantes lençóis pretos de jogo de cama. Estava completamente limpo, até demais para um rapaz normal de 25 anos. Havia duas fotografias emolduradas no criado-mudo. Uma era de quando ele era mais jovem, sorrindo entre os que pareciam ser pais muito amorosos. Eu poderia dizer que eles eram os pais dele porque ele se parecia como cópias de carbono de cada um deles. A outra foto era dele e sua equipe que ganhou a medalha de prata nos últimos Jogos Olímpicos. Ele sorria para a multidão, envolto em uma bandeira americana, e segurando a medalha de prata com orgulho. — Você parece tão jovem nesta foto. — Sorri e me aproximei. Eu podia sentir a presença de Liam atrás de mim. O que eu estava fazendo em seu quarto olhando fotos antigas? Cinco minutos atrás atacávamos um ao outro na sala de estar cercados por centenas de pessoas. — Eu era jovem. Jovem e selvagem. — Ele sorriu e balançou a cabeça, limpando os pensamentos antes de ir em direção ao seu closet. Cruzei os braços e virei contra a cama. Sentei-me no final, no que parecia ser um território neutro, mas ainda podia vê-lo se movendo entre as roupas. Ele pegou uma camisa azul claro de um cabide, e sem pensar, começou a puxar sua camisa preta sobre a cabeça. Ele estava de costas para mim, então é


claro que eu assisti os músculos das costas puxarem e esticarem. Podia ver as tatuagens em volta do seu ombro esquerdo. Elas se estendiam até a parte de trás do seu braço para o cotovelo em uma meia manga. Eu não estava perto o suficiente de qualquer parte do conteúdo, mas elas foram muito bem feitas. As formas foram esboçadas perfeitamente e a tinta preta se destacou contra sua pele bronzeada. Acho que na maioria dos treinos ele ficava sem camisa a maior parte do tempo. Companheiros de sorte. Não encontrei a vontade de falar até que ele puxou a camisa azul claro sobre a sua cabeça e sua pele nua ficou fora de vista. Lamentei a perda. Era como obter um vislumbre de David25. Um bronzeado e tatuado David. — Eu vi suas tatuagens. — Brinquei, levantando e aproximando-me do closet. Ele olhou por cima do ombro para mim e sorriu. Então ele se virou completamente e vi o emblema na frente de sua camisa. Superman. Ele escolheu a camisa de propósito. Ele agora era Superman. Super-SuperQuente-Man... e eu era Supergirl. Éramos a coisa mais bonita que eu já vi. Ok, na maior parte, ele trouxe o fator bonito. Eu era apenas a ajudante. — Então é justo que você me mostre a sua. A menos que você estivesse blefando? — Ele ergueu a sobrancelha. Ele se referia a minha tatuagem. Eu não podia acreditar que ele se lembrava do papo que eu joguei nele na outra semana. Na noite em que nos conhecemos oficialmente. — Não estava blefando, — sorri suavemente, dando mais um passo para mais perto dele. — Você realmente quer vê-la? O lado direito da boca dele se curvou com confiança. — Se você puder me mostrar sem ter que tirar a saia. Desculpe, meu útero está chamando por ele ou estou ouvindo coisas?

25 Referência ao jogador inglês David Beckham.


Levantei uma sobrancelha e segurei meu sorriso quando virei para o lado. Meus dedos encontraram a barra da minha camisa SuperGirl e a puxei junto com a parte inferior do meu sutiã. Minha pequena tatuagem estava escondida debaixo dele, em uma pequena caligrafia preta. Pedi a minha mãe para escrevê-la com sua caligrafia perfeita, e eles transcreveram as palavras dela na minha pele. A coisa toda tinha apenas dois centímetros, correndo horizontalmente ao longo de meu tórax alguns centímetros abaixo do meu peito. Liam se aproximou e se abaixou para olhar mais atentamente. Seu hálito quente bateu em minha pele e percebi que ele podia ver uma parte do meu peito de seu ângulo. Ele estendeu a mão e passou a ponta do dedo suavemente abaixo da tatuagem. — Ela pensou que podia, assim ela fez. — Arrepios floresceram sob seu toque e tremi quando sua voz, em um tom carregado, leu a minha tatuagem. Ele balançou a cabeça, permanecendo no texto por mais um momento antes de se levantar. — Já ouvi essa frase antes, mas realmente combina com você. Mordi o lábio e assenti. — Acho que gosto disso mais do que de todas as minhas tatuagens, — ele observou com um pequeno sorriso. Discordei, junto com toda a população feminina dos Estados Unidos, mas segurei minha língua. — Você não parece ser do tipo de tatuagem. Inclinei a cabeça para o lado. — Por quê? Ele mordeu o lábio inferior, e um segundo depois balançou a cabeça. — Você é jovem. — Droga. Esse não era o motivo, mas ele não me daria o verdadeiro. — É a letra da minha mãe.


Ele balançou a cabeça, pensativo, olhando para onde a minha camisa agora encobria a tatuagem. — Você tem que me mostrar pelo menos uma sua. Não tive uma boa olhada quando você se trocava. Seus olhos escuros me perfuraram por um momento antes de virar e puxar para cima a parte de trás de sua camisa. Sem pensar, me aproximei para ajudar, empurrando o tecido macio sobre a pele. Precisei lutar contra o impulso de empurrar tudo para cima e tirá-la. No centro do ombro esquerdo, em tinta preta, estavam as palavras, Veni Vidi Vici26, entrelaçadas dentro dos anéis olímpicos. — Ah, é claro que você tinha que ter uma tatuagem das Olimpíadas. Gosto dela. — Eu disse, traçando meu dedo sobre as palavras. Antes de terminar, ele deu um passo adiante, saindo do meu alcance, e puxou a camisa para baixo. — Vamos lá. Vamos pegar algo para comer. — Não estou com fome. — Protestei, não estando pronta para deixar a privacidade e a simplicidade do seu quarto silencioso. E aqui éramos apenas duas pessoas conversando. Lá fora éramos nós dois, pessoas que o mundo queria condenar. — Eu estou. — Ele piscou, e então passou por mim. — E você deve estar. Você está trabalhando muito duro e está começando aparecer. Você aumentou sua dieta? Oh Deus, o que acontecia com os rapazes e a ingestão alimentar adequada? Tínhamos uma nutricionista na equipe e eu como bem, saudável.

26 "Veni, vidi, vici" (Vim, vi, venci) é uma frase em latim, supostamente proferida pelo general e cônsul romano Júlio César em 47 a.C.. César utilizou a frase numa mensagem ao senado romano descrevendo sua recente vitória sobre Fárnaces II do Ponto na Batalha de Zela.


Não respondi a pergunta dele. Em vez disso, eu flexionei meu braço e sorri. Ele estava tonificado, mas ainda bastante magro. Liam riu, deu um passo adiante, e passou os dedos em volta do meu braço, fingindo sentir meu músculo. — Isto se parece com o braço de uma menina que não come o suficiente? — Pisquei como Popeye. — Ainda bem que você não é da defesa, — ele riu. — O quê?! — Argumentei, soltando meu braço. — Becca é defensora e ela é do meu tamanho! Ele assentiu e se moveu em direção à porta. — Verdade. Mas não estou saindo com Becca de quartos escuros, então não preciso me preocupar com o bemestar dela. — Ele desafiou, apagando a luz do quarto e me deixando no escuro. Eu não tinha escolha a não ser segui-lo. Bastardo. — Ela nunca teria você! — Gritei, correndo para segui-lo. Então corei quando o vi já de pé no final do corredor com Penn e Becca. — Kinsley! — Becca exclamou, saltando sobre mim. Eu não estava preparada para pegar o seu peso, então eu caí para trás, aterrissando com um baque na minha bunda e tocando meu cotovelo no chão. — Ouch! Saia de mim, vira-lata. — Eu não conseguia decidir se ria ou chorava, então gritei, com um sorriso no meu rosto como uma pessoa estranha. Penn sacudiu a cabeça e estendeu a mão para pegar Becca, que, obviamente, tinha outro copo de ponche, já que havíamos terminado o nosso há um tempo. — Você deveria ser SuperGirl! Você deveria me pegar! — Becca piscou. Fingi girar e chutá-la. Ela riu, se virou, e logo estávamos chutando e socando pelo corredor longe dos meninos. Becca trouxe a minha estranha interior. — Meu cotovelo dói, é sério, — eu ri quando fizemos uma pausa para recuperar o fôlego.


Penn e Liam estavam de pé no corredor, rindo e acenando com a cabeça em concordância. Eles provavelmente estavam concordando que deveriam abandonar nossas bundas sexys e mundanas por modelos que não fingem estar embriagadas como super-heróis. Pfft, não. Isso soou chato, quem iria querer isso? — Pênis27 é legal? Ele é super quente. — Brinquei, incapaz de parar o riso que derramava dos meus lábios. Becca realmente beliscou meu braço depois disso. Precisávamos sair destes trajes. — O nome dele é Penn. — Ela corrigiu alto o suficiente para os meninos ouvirem, o que me fez rir ainda mais. — Isso é o que disse: Pênis. Becca balançou a cabeça, mas não conseguia esconder o sorriso. — Você não presta, mas sim, ele é incrível e super engraçado. Bonito e engraçado! Dá para acreditar? Bati minha mão com a dela. — Vou comer alguma coisa com Liam, eu acho. Quão estranho é isso? Vocês querem vir? Começamos a voltar para os meninos. — Não, eu acho que Penn me levará para casa. — Até o final de sua frase estávamos no intervalo para os rapazes ouvirem nossa conversa. — Sim. — Ele confirmou, se balançando nos calcanhares. — Posso confiar minha amiga a você, Penn? — Perguntei, colocando minhas mãos em meus quadris e fingindo soprar meu peito como um super-herói faria.

27 Em inglês ela faz uma brincadeira com o nome de Penn, dizendo Peen, que é uma das descrições para Pênis.


Imaginei minha capa flutuante como um vento atrás de mim para aumentar o drama. — Eu cuido dela. — Ele piscou. — Não tenha medo. Liam riu e deu um passo adiante para pegar a minha mão. — Vamos, SuperGirl. Eu deixei ele me arrastar pela porta da frente em direção ao carro dele, mas não sem antes gritar adeus para Becca. Todo o tempo, eu sorri com o fato de que eu realmente era o encontro de Liam em uma festa. Mais ou menos. Ok, dificilmente. Nós não ficávamos juntos perto de ninguém, e quando nos beijamos, era um breu. Ele também nunca se referiu a mim como o encontro dele. Mas estávamos combinando os trajes de super-heróis. Parecia bastante oficial para mim. — Meu cotovelo realmente está doendo. — Eu disse, finalmente sóbria o suficiente para perceber que ele estava latejando. Liam enfiou a mão no bolso e abriu o SUV. Ele veio ao lado do passageiro e abriu a porta para me deixar entrar. — Deixe-me ver. — Ele disse depois que entrei. Mostrei a parte de trás do meu cotovelo direito para ele. — Você sempre está ferida em minhas festas. — Ele me lançou um olhar severo de brincadeira. — Por causa da Becca! Ela machucou meu rosto com os quadris giratórios da última vez. — Droga Becca. Ela é pior do que a Shakira. Ele riu e deu um passo atrás. — Se ainda doer depois de comer, eu a levarei para olharem isso. E eu acho que deveria saber mais sobre a história dos quadris.


Eu ri e coloquei o cinto de segurança. — Tudo bem, eu explicarei isso no caminho.

Eu esperava entrar no restaurante como a maioria das pessoas normais, mas Liam encomendou do carro, e então um garçom saiu correndo com nosso pedido alguns minutos mais tarde. Liam o recompensou generosamente antes de me entregar o saco de comida. — Pena que não podemos entrar, a imprensa teria um trabalho cheio, especialmente agora que é uma estrela em ascensão no futebol. — O quê? Isso está impresso em algum lugar? — Era o título de um artigo do ESPN no outro dia. Ninguém mencionou isso? Balancei minha cabeça. Quem teria mencionado isso? Meus amigos não assistem ESPN, meu pai estava ocupado trabalhando, e minha mãe estava ocupada me enviando encomendas. Realmente não me importo por não saber sobre artigos. Não precisava de mais nada na minha cabeça. — Não quero lê-lo, mas você deve guardá-lo para mim para que eu possa lêlo quando estiver com sessenta anos. — Eu ri. — Quando eu precisar me agarrar aos meus dias de glória. — Vou fazer... mas você está bem comendo aqui? — Ele perguntou, me olhando com cautela. Sua pergunta quase quebrou o nosso momento feliz. Quando estávamos na festa, as coisas começaram a parecer normais, mas isso foi porque estávamos isolados em nosso próprio mundo minúsculo. Não havia veteranos, imprensa, e fãs


adoradores. Agora era uma história completamente diferente, e a realidade da nossa situação começava a pesar. Não poderíamos sair do carro por medo de alguém nos reconhecer e vazar a história para a imprensa. Mas ainda tinha um pouco de tempo para viver na Lalalândia. Quando chegasse em casa eu me preocuparia com as consequências de minhas ações, mas por agora eu apenas aprecio estar com ele. — O que você pediu? — Sorri, colocando de lado meus pensamentos para mais tarde. — Frango e waffles. Você vai amá-los, — ele respondeu confiantemente. — Oh, eu não gosto de frango ou waffles, — brinquei. — Engraçado, — ele piscou, preparando uma porção e entregando para mim. — Você não se importa de comer em seu carro de luxo? — Perguntei, olhando para a bela tapeçaria de couro. — Ele pode ser limpo, e esta refeição mais do que vale a pena. Por que era comigo ou por que ele realmente gostava de frango e waffles? Após provar, temi que fosse a última. — Puta merda, isso é bom! — Exclamei, comendo mais duas vezes depois disso. — Bem, eu acho que sei para onde levá-la para engordar você, — ele riu e finalmente provou a parte dele. Comemos em silêncio por um tempo. Bem, ele ficou em silêncio. Eu gemia e grunha em êxtase acerca da calda que usaram para revestir os waffles. — Você sabe que provavelmente não é uma boa ideia que sejamos mais vistos juntos nas festas das casas. — Liam anunciou, pegando-me desprevenida.


Comi o resto da minha comida. — Você provavelmente está certo. — Concordei com ele, embora o anúncio me deixasse doente. Ele estava lamentando tudo, de novo? Não. Ele estava sendo inteligente. — Realmente não gosto muito delas, de qualquer maneira, — ele continuou, olhando o para-brisa dianteiro. — Por que você vive naquela casa, então? Não entendo, não querendo ser rude, mas parece que você tem dinheiro suficiente para sair da casa. Liam sorriu. — A casa é minha, e aluguei para alguns caras da equipe. Minha outra casa está sendo reformada, então eu ficarei lá por enquanto. Geralmente é muito divertido, mas eles estão fazendo uma tonelada de festas recentemente. Ele era o dono da casa? Eu estava passada. — Você se importa deles festejarem em sua casa? — Não é tão ruim, e isso é uma espécie de ponto: muitas festas antes de se estabelecerem. Claro. Todos eram jovens atletas atraentes. Liam ainda estava na fase de festas constantes. Larguei meu garfo na sacola e limpei minha garganta. — Estou um pouco cansada, — eu disse, recostando-me contra o meu assento. Ele concentrou-se no lado de fora através da janela da frente, e seus olhos se estreitaram. Por fim, ele falou. — Sim, está ficando tarde de qualquer maneira. Pensei que poderia afastar meus pensamentos negativos até que chegasse a casa. Eu estava errada. O sentimento afundou rapidamente quando ele trouxe o fato de que não devíamos ser vistos juntos. E só piorou a dor, porque ele estava absolutamente certo. Nós fomos descuidados, tentando empurrar os limites sem pensar nas consequências.


Quando chegamos à minha casa, Liam estacionou o carro algumas casas para baixo, de modo que ninguém pudesse nos ver. Nós nos sentamos de frente para o para-brisa dianteiro, completamente silenciosos, assim como a noite que se arrastava ao nosso redor. Quando ele virou a cabeça para mim, eu podia sentir isso. Podia sentir os olhos sobre a minha pele. Engoli em seco e olhei para o painel preto, tentando colocar minha cabeça no lugar. Isso tudo era tão confuso. Eu sabia que Liam não era bom para mim, então por que não podia sair do carro dele? Era inútil; sentir seus olhos em mim era como sentir seus dedos deslizando sobre a minha pele. Mordi meu lábio, tentando sufocar o desejo fluindo através de mim. Um segundo eu estava no meu próprio mundo, e no próximo Liam havia soltado o cinto de segurança e me puxado para o colo dele. Cada consequência que voara pela minha mente há apenas segundos não parecia mais relevante quando nossos lábios se fundiram. Sua boca estava doce da calda, e passei meus dedos pelos cabelos desgrenhados. Com a gente sempre foi de 0 a 60 em três segundos. Suas mãos arrastaram-se debaixo da minha saia até a borda da minha calcinha. Tudo tem uma consequência. Mordi o lábio, estimulando-o. Tudo tem uma consequência. Seu dedo contornou o material, me fazendo curvar minha espinha. Ele se afastou, separando-nos por uma polegada, apenas o suficiente para parar a reação química ricocheteando entre nós. — Você precisa dormir um pouco, — ele murmurou; sua respiração caindo em meus lábios.


— Não. A borda da boca dele puxou um sorriso. — Sim. Engoli em seco, tentando recuperar a compostura. — Lamento que isso não seja fácil, — ele murmurou, diminuindo as minhas preocupações o suficiente para que eu pudesse responder seu pedido de desculpas com uma ponta de brincadeira. — Nada para se desculpar... foi o melhor beijo de despedida que eu já tive. Quando eu estava com ele, não havia consequências.


Capítulo 13 — O que você e Penn conversaram na noite passada? — Casamento, principalmente. Onde queríamos comprar uma casa e criar filhos, — Becca respondeu sem rodeios. Estávamos descansando depois dela me acordar pulando na minha cama alguns minutos antes. Puxei o edredom de debaixo dela e ela caiu para trás, não voltando para o lugar. — Oh, isso é legal. Não se esqueça de mim quando você estiver levando as crianças para o treino do futebol. Becca virou e apoiou a cabeça na mão. — Ei. Não. Para. Não falamos sobre nada de importante. Eu estava muito bêbada, então tenho certeza que tentei fazer um monte de piadas, mas ele não parecia se importar. Eu sorri. — Alguma brincadeirinha de médico quando saíram da festa? Becca franziu a testa. — Nada. Nada. Ele foi muito doce e me acompanhou até a porta, mas me deu um abraço, o que é quase tão ruim quanto um high-five28. Não, um high-five é melhor, porque então poderíamos ter rido e ele teria pensado que eu parecia tão encantadora quando ria, que ele teria gostado de me beijar. — Hmm, ele definitivamente estava na sua. Foi o que Liam disse quando se juntaram a nós na pista de dança. Então, talvez ele esteja apenas tentando ir devagar, ou talvez ele pensasse que ainda estava bêbada e não queria tirar vantagem de você.

28 Bater as mãos.


— Trata-se de tirar vantagem quando eu teria de bom grado ajudado ele a me atacar? Eu teria tirado a minha roupa BatGirl para ele. Eu ri. — Não tenho certeza, mas ele é super quente. Não posso culpá-la. Becca olhou para o edredom e balançou a cabeça como se pensasse a mesma coisa que eu. — Eu quero um pouco de frango e waffles. — Exigi. — Você comeu isso na noite passada. Não posso acreditar que você comeu no carro dele. Eu teria me algemado no console e nunca mais saído. — Estou tentando ficar longe da abordagem assassina-piscótica... Becca riu. — Cada um com sua abordagem. Uma pequena batida soou na minha porta, e em seguida, uma das meninas do segundo ano colocou a cabeça para dentro. — Ei, Kinsley, há um entregador lá embaixo procurando por você. Olhei para Becca, mas ela apenas sorriu e declarou: — Visita surpresa. Pensei que nós deveríamos começar a nossa manhã de domingo com o pé direito. Eu ri e saí da minha cama para seguir a garota. Assim como ela disse, havia um entregador de meia-idade de pé na varanda segurando uma prancheta e uma caixa grande. — Kinsley Bryant? — Ele perguntou quando abri a porta de tela. — Sim, senhor! Assinei, agradeci, e subi correndo na velocidade da luz. Becca não havia se mexido. Vaca preguiçosa. — Minha mãe precisa seriamente relaxar com as encomendas. Eu temo que seja seu principal passatempo hoje em dia.


Becca veio me ajudar a abrir a caixa. — Pfft, não brigue pelos presentes. Se ela quiser encomendar coisas aleatórias da Amazon e enviá-las aqui, deixe-a. Agora tenho suprimento de desodorante por um ano, graças a você. Revirei os olhos e tirei a fita da caixa. No interior, debaixo de um monte de papel de seda colorido, havia um caloroso capacete rosa de bicicleta, cotoveleiras, joelheiras, band-aids, e compressas de gelo. No fundo de tudo isso havia um simples pedaço de papel cartão branco com o que eu descobri que era a letra de Liam. Para sua proteção, sempre que estiver perto de Becca. Espero que o cotovelo esteja melhor. - L — Não, ele não fez isso, — Becca riu, puxando-o da minha mão. — Droga! Ele não pode ser engraçado, também. Isso não é justo. Em cinco minutos eu coloquei todos os equipamentos e passeava ao redor do meu quarto como uma criança de cinco anos prestes a sair no meu primeiro passeio de bicicleta. Bem, isso ou alguém que acabara de escapar de um asilo de loucos. — Vamos lá. Vamos acordar Emily, — eu disse, andando desajeitadamente em direção a porta do meu banheiro. — Ok, mas você tem que fazer isso, já que é a única equipada. Não tenho nada para desviar dos golpes dela, caso me ataque. — Você percebe que estamos falando de Emily, certo? Becca fez uma pausa e ergueu a mão. — A mesma Emily que quase quebrou o meu pescoço nessa luta de almofadas. Eu acho que secretamente ela pode ser uma boxeadora ou lutadora. Juro. — Bom ponto. — Eu ri. — Fique atrás de mim.


Desconhecido: Venha para o treino de amanhã cedo. Kinsley: Quem é você? Desconhecido: Liam. Kinsley: Prove... Liam: Ela pensou que poderia, assim ela fez. Kinsley: Ok. Você passou no teste, garoto amado. Quão cedo estamos falando? E isso é uma boa ideia? Liam: É suposto que você seja jovem e imprudente... 05:15. Kinsley: E se tiver fotógrafos? Liam: Eu vou garantir que não tenha. Kinsley: Você acabou de me tornar cúmplice de seus crimes? Liam: Minha culpa. Exclua essas mensagens.

Olhei nossa troca de mensagens mais três vezes antes de largar meu telefone no peito. Não tinha ideia do que ele queria de mim, mas eu sabia que precisava vêlo. Após contar a Becca que ela tinha que dirigir para o treino porque eu iria cedo para me encontrar com Liam (ao qual ela gritou no meu ouvido por 30 minutos), eu escolhi uma bonita roupa de treino e tentei, sem sucesso, desligar o meu cérebro. Às 5:00h da manhã, eu rolei para fora da cama, tirei a minha roupa e prendi meu cabelo em um rabo de cavalo bagunçado. Se ele queria que eu estivesse em


qualquer lugar às 5:15, que não fosse na minha cama, então é melhor ele não esperar que eu realmente tenha escovado meu cabelo. De jeito nenhum, Jose29. Quando cheguei ao campo, havia um Toyota branco estacionado onde geralmente fica o carro de Liam. Não havia ninguém atrás das janelas, mas quando chequei meu telefone, vi uma mensagem que Liam enviara alguns minutos antes. Liam: Estou na casa do campo. Antes de entrar, eu me virei para me certificar de que não havia qualquer fotógrafo vigiando. Os campos estavam completamente abandonados, então entrei e fiz questão de fechar a porta firmemente atrás de mim. Não percebi que segurava a minha respiração até exalar lentamente. Estávamos oficialmente nos esgueirando. Nunca fui ao escritório de Liam antes. Era no final do corredor principal, passando o escritório da treinadora Davis e a sala de conferências. Quando cheguei, a porta estava um pouco aberta e pude ver Liam sentado atrás de uma mesa mexendo no telefone. Bati na porta antes de abri-la gentilmente. — Bom dia, — eu disse, sentindo-me nervosa de repente. — Bom dia, — ele respondeu com um pequeno sorriso, largando o telefone sobre a mesa e me dando toda a sua atenção. — Está com fome? Balancei a cabeça e fechei a porta atrás de mim. De repente, a sala parecia pequena. Bem, era realmente muito pequena, mas Liam enchia o espaço e isso fazia com que eu não pudesse respirar sem apanhar uma brisa de seu corpo limpo. — Belo escritório, — eu disse, olhando em volta. É evidente que ele não havia mudado nada desde que a outra assistente técnica saíra de licença maternidade.

29 Gíria americana para intensificar uma negação.


— Minha parte favorita é o seu calendário de ovulação. — Apontei para a parede ao lado da cabeça dele e ele moveu seu olhar em direção ao calendário e riu. — Acho que eu deveria ter olhado em volta, mas quase nunca estou aqui, — ele riu, em seguida, mudou seu foco para mim. Era demais. Estando do outro lado da mesa, com seus olhos escuros fixos em mim, me fez remexer em meu tênis de corrida. Soltei minhas chuteiras e garrafa de água na cadeira em frente à sua mesa de trabalho, e por um breve momento, me senti ousada. Ousada o suficiente para contornar a mesa onde ele estava sentado. — Estou um pouco nervosa. Esta é uma situação estranha e você parece muito calmo. Desde que ele estava sentado, eu tinha a vantagem da altura e gostei. Ele era o único no controle de nossa situação. Era ele quem estava na posição de poder, mas no momento senti que eu tinha uma vantagem. Ele estendeu a mão e envolveu-a em torno da minha cintura. Não me puxou para ele, só a descansou lá. Meu poder evaporou tão rapidamente quanto chegou. — Você deve comer. Dê tempo ao seu corpo para digerir um pouco antes do início do treino. Eu ainda não havia notado a grande quantidade de comida na mesa. Havia frutas, barras de proteínas, duas vitaminas, e algumas granolas. Estendi a mão para uma das vitaminas, porque parecia a coisa mais fácil de tomar. Eu não estava com tanta fome. Meu corpo estava focado em outras coisas mais importantes. — A caminhonete ali na frente é sua? A Toyota? — Perguntei, girando suavemente em direção a ele para que sua mão se empurrasse para a parte de cima do meu abdômen malhado. Seu olhar seguiu sua mão e ele estreitou os olhos antes de responder. — Ela pertence a um dos meus companheiros de quarto. Eu o deixei pegar o meu carro hoje para que eu pudesse dirigir sem que as pessoas me seguissem. Então é por isso que não havia nenhum fotógrafo lá fora.


— Bem pensado, — eu respondi, deixando meu olhar se fixar na vitamina na minha mão. — Kinsley, eu sei que isso não é uma coisa normal, e que nós estamos tentando fugir disso. Sei que estou colocando você em uma posição terrível, — ele começou, mas eu me virei e o cortei. — Nós dois estamos em posições terríveis. Ele acenou com a cabeça, mas sua expressão determinada não se alterou. Esse era aquele momento em que eu também tinha que dizer – Eu quero isso, mas não devemos – ou – Eu quero você, apesar das consequências. Escolhi ignorar ambas as decisões. Coloquei a vitamina na mesa e empurrei sua cadeira para longe da mesa. Hora de tentar uma abordagem diferente. — Que tal você me colocar em uma posição melhor? — Perguntei, colocandome entre a cadeira e a mesa. A madeira atingiu a parte de trás das minhas coxas um centímetro abaixo do meu fino short de corrida. Ele trilhou um caminho pelo meu corpo antes de nossos olhos se encontrarem. Desenrolando um sorriso malicioso ele levantou. As rodas da cadeira chiaram contra o chão de linóleo, dando um efeito sonoro a mudança de posição de poder. Ele era mais alto do que eu. Seu corpo eclipsava o meu enquanto se inclinava, me empurrando contra a mesa. — Não é por isso que eu pedi que viesse aqui esta manhã, — ele esclareceu, mas não estava recuando. — Não tranquei a porta, — eu murmurei; seus lábios encontrando a base do meu pescoço. — Então é melhor eu ser rápido, — ele respondeu, arrastando beijos em direção ao topo do meu peito. Santo inferno. De onde veio a minha confiança? Eu não era essa garota. Mas Liam era homem suficiente para induzir a minha ousadia. Às vezes parecia que ele possuía o meu corpo mais do que eu. Eu estava nervosa


sobre o que ele faria com nossa energia, o quão longe ele a levaria, o quanto ele esperava de mim. Uma de suas mãos encontrou a barra do meu short, enquanto a outra segurou a parte de trás do meu pescoço. Ele inclinou minha cabeça para trás de modo que quando se inclinou para baixo, sua boca encontrou a minha em um ângulo perfeito. Nossos lábios se apertaram e eu sabia que ele podia sentir o desejo que emanava de mim, da mesma forma que eu podia sentir isso dele. Era evidente na forma como ele se apertava em mim, como se quisesse selar nossos corpos e habitar o mesmo espaço. Na forma que sua língua mergulhou em minha boca, me degustando e exigindo mais. Sua mão nunca saiu do meu pescoço, enquanto a outra mão deixou o cós do meu short, descendo para minha calcinha. No segundo que seus dedos se arrastaram em um novo território, abri minha boca ainda mais pra ele. Estava completamente à mercê dele. Ele não podia parar. Eu precisava que ele continuasse me beijando, e descesse a mão ainda mais. Eu soluçava quando a mão dele encontrou minha umidade. Não podia acreditar que isso estava acontecendo. Estávamos sendo tão descuidados, mas eu estava muito impotente para detê-lo. Quando ele sussurrou meu nome em meu ouvido e seu dedo afundou em mim, caí contra a mesa e o deixei trabalhar no meu corpo como uma bola esticada de desejo. Nem sequer demorou muito. Seus dedos me tocando foram demais para minha psique tentar controlar, e logo eu estava gozando. Forte. Eu era inteligente o suficiente para ficar quieta, mas ainda assim, um pequeno sussurro escapou dos meus lábios. Ele capturou-o com a boca, sugando meu lábio inferior até que eu finalmente encontrei o chão novamente. Ele se afastou, e eu sabia que ele instantaneamente lamentava nosso descuido, mas não o deixaria ir ainda. Ele tomou conta de mim e eu estava certa como o inferno que não sairia da sala até que cuidasse dele também. Eu precisava


disso tanto quanto ele. Então saí da mesa antes que ele pudesse ter a chance de protestar, e me ajoelhei, enquanto ele inalava uma respiração afiada. — Kinsley, não. Olhei para ele com um brilho perverso. — Sim. Seus olhos brilharam em direção à porta e eu sabia que me atirava ao perigo, mas não podia parar. Meu desejo não me pertencia mais. Pertencia a ele. Pertencia a ele por mais tempo do que eu gostaria de admitir. Puxei a barra da bermuda de treino para baixo, levando a cueca junto. Não podia acreditar no que eu estava prestes a fazer, no escritório dele, mas eu queria. Queria que ele perdesse a cabeça. Meus dedos se enrolaram em volta dele, apreciando seu tamanho. Eu sabia que me divertiria quando finalmente tivéssemos relações sexuais. — Kinsley, não. — Ele ainda tentava protestar, mas se movia com dificuldade em minhas mãos, e sabia que ele não seria capaz de encontrar mais palavras quando minha boca finalmente o tocou. Eu o acariciava para cima e para baixo, olhando para cima e encontrando seus olhos assim que comecei a levá-lo na minha boca. Seus olhos rolaram para trás e ele agarrou a borda da mesa atrás de mim. — Foda-se, — ele gemeu, me estimulando, de modo que eu sabia que o tinha. Continuei correndo minha mão para cima e para baixo suavemente, no ritmo da minha boca. Ele estava prestes a gozar e eu precisava saber como ele ficava ao gozar, o que fazia Liam Wilder perder a cabeça. Pedi para ele gozar com a minha boca e mãos, e então ele fez, tão rápido e com tanta força que me perdi no momento. Vê-lo gozando foi o momento mais quente da minha vida, e queria mais. Era viciante, e se não tivéssemos treino em breve, eu sabia que ficaria o dia todo no escritório dele.


Ele estendeu a mão e agarrou a parte de trás dos meus braços, me levantando. Então estendeu a mão para puxar a cueca e os shorts. — Kinsley, foda Kinsley, foi a coisa mais sexy que já experimentei, mas você está com tantos problemas. Você percebe que horas são? — Olhei para o relógio atrás dele. Era 05h50, o que significava que a treinadora Davis e algumas meninas definitivamente estavam no campo. Tentei parecer culpada ou com remorso, mas não estava. O que havia de errado comigo? Eu precisava ser pega antes de perceber a gravidade desta situação toda? Liam se aproximou de mim e pegou uma barra de proteínas e a vitamina. — Aqui, você precisa comer antes do treino. — Eu não estava com fome, mas peguei de qualquer maneira. Uma vez que suas mãos estavam vazias, ele passou pelo seu cabelo e se dirigiu para a porta. Pressionou o ouvido nela por um momento e a abriu. Esperava ver um grupo de pessoas esperando por nós com acusações em seus olhos, mas o corredor estava vazio. Ele fez sinal para eu me apressar, então peguei as chuteiras e a água e estava prestes a passar por ele para sair para o corredor quando ele agarrou meu braço e me puxou de volta. — Não estou brincando com você, Kinsley. Eu quero estar com você, — ele sussurrou em meu ouvido antes de soltar o meu braço. Tropecei no corredor, tentando reunir meu juízo. O que eu deveria fazer agora? Lavar a minha boca e me preparar para o treino? Ainda podia senti-lo deslizando sua mão sobre a minha pele. Eu precisava de um cochilo e um cigarro. Pena que eu não fumava. Becca foi a primeira pessoa a me ver ali de pé, imóvel no corredor. Seus olhos se arregalaram. Ela agarrou meu braço e me puxou para o vestiário. Eu não disse


uma palavra para ela, mas ela sabia o que aconteceu. Sabia que eu contaria a ela mais tarde. Ela desembrulhou a barra de proteína e desamarrou minhas chuteiras como se eu fosse sua filhinha. — Obrigada, mãe, — brinquei, abaixando para amarrar o sapato. — Cara, eu não posso esperar para ouvir sobre o seu dia, — ela sussurrou, se levantando e terminando de se arrumar. Foi quando a realidade me atingiu. O que diabos eu estava fazendo? Não poderíamos ser tão estúpidos e pensar que poderíamos nos encontrar na casa do campo de novo. Eu queria vê-lo para provar que havia algo real entre nós; não parei para pensar o que teria acontecido se a treinadora Davis tivesse entrado naquele escritório quando eu estava de joelhos. Eu estaria limpando meu armário agora e dando o beijo de adeus ao meu futuro. O treino passou com uma rapidez surpreendente. Não dividimos nossas posições, mas Liam ainda estava grudado em mim. Eu ia pegar um copo de água e encontrava-o me observando, terminava um passe e levantava o olhar para ver um sorriso de parar o coração destinado só para mim. Aquele sorriso foi um bom motivador, mas eu não podia afastar o medo do passado inundando na minha mente. Pouco antes de ter que sair para o treino do LA Stars, ele veio sentar comigo nos banco, enquanto eu descansava. — Algum arrependimento, Bryant? — Ele perguntou, cruzando os braços e olhando para o campo. — Sobre esta manhã? — Perguntei, mantendo meus olhos no campo. — Sobre nós, — ele esclareceu.


Eu ri nervosamente sob a minha respiração e balancei a cabeça. — Pergunteme de novo em algumas semanas, — eu disse e corri, voltando ao treino.

— Você deu a ele um boquete!? Enquanto eu estava a dois metros de distância no vestiário?! Eca! — Becca exclamou quando estávamos no meu quarto mais tarde. Emily estava lá embaixo jantando, então não conseguiria ouvir Becca gritando. — Oh meu Deus, mantenha a voz baixa — Avisei, apontando para a porta. — Desculpe, desculpe. Mas, falando sério, não é quente? Nunca dei um, e não posso sequer imaginar você fazendo isso para Liam Wilder. Você deve ter acesso a um clube exclusivo ou algo assim. Gemi. — Não podemos deixar de destacar o fato de que agora eu sou parte de um grupo muito grande de mulheres que caíram sobre Liam Wilder? — Oh, merda. Sim, entretanto, eu tenho certeza que foi especial para ele. — Ela tentou se recuperar de seu deslize. — Sim, certo. — Revirei os olhos, recordando as palavras dele quando passei por ele no corredor. — Porém, ele disse que queria ficar comigo, e ele parecia realmente sério. Não tenho certeza do que isso significa, mas foi bom ouvir depois de tudo que eu acabara de fazer. — Ainda que ele não quisesse dizer isso de verdade. Eu realmente queria que ele quisesse dizer isso. Becca assentiu. — Você deve dar a ele o benefício da dúvida. A mídia tem pintado esta imagem de playboy dele, mas até agora ele parece ser um cara surpreendentemente centrado.


— Uau, Becca. Isso foi sábio. — Obrigada, eu me sinto mais inteligente do que o normal hoje. Agora você pode me contar tudo de novo? Ela se referia aos eventos da manhã no escritório de Liam. — Não, pervertida, vá buscar seu próprio caso secreto. Ela torceu o nariz. — Ugh! Não ouvi nada de Penn desde sábado. Nem um pio! — Bem, ele tem o seu número? — Não... — Dê-lhe tempo. Provavelmente ele está tão ocupado quanto Liam. — Então, provavelmente ele está recebendo boquetes antes do treino também? Eu dei-lhe um olhar mordaz. — Você sabe o que eu quero dizer. Ela riu e rolou para fora da cama. — Vou pedir uma pizza. Você quer? — Sim, por favor, você sabe o quanto eu gosto, — eu respondi, estendendo a mão para o meu laptop. — Com um lado de pau de Li... Eu a cortei. — Becca! Isso é tão grosseiro! Ela riu enquanto saía do quarto.


Capítulo 14 Com o passar dos dias, eu percebi quão complicada era a nossa situação. Liam não poderia vir à minha casa e eu não poderia ir à dele, a menos que houvesse uma festa ou algo assim. Não conseguíamos ter a oportunidade de brincar no escritório dele novamente, e o primeiro tempo mal começou. Não poderíamos sair para comer ou ir a qualquer lugar em público por causa dos paparazzi. No fim da semana, eu esperava o inevitável discurso, isso não vale a pena. Ele teria redigido perfeitamente, explicando que não era eu, era a situação, mas a ideia ainda me entristecia. Eu estava deitada na cama, à noite, exausta do treino, mas ainda não conseguia dormir. Eu me pergu\ntava o que ele estaria pensando, se ele estava a momentos de distância de me enviar a mensagem que quebraria meu coração. Eu me preparava para dormir na sexta à noite, quando ele ligou. — Venha aqui fora, — disse ele, logo que eu atendi. Olhei pela minha janela, mas não vi o carro dele. — Estou na esquina do quarteirão para que suas companheiras de equipe não me vejam, — respondeu, como para esclarecer minha linha de pensamento. — Ok, espere, estou de pijama, — expliquei, incapaz de tirar o sorriso gigante da minha cara. — Você pode vir de pijama... — ele sugeriu, e senti um arrepio na espinha. — Pfft. Sim, certo. Vou descer em um segundo. — Desliguei e joguei o telefone na minha cama.


— Becca! — Gritei, sabendo que ela estava no final do corredor assistindo a um episódio de Parks and Recreation. Ela tinha um amor por Amy Poehler, o qual era mais profundo do que a maioria das relaçoes humanas normais. Um segundo depois, ela estava do lado de fora da minha porta. — O que foi? Amy e eu estávamos nos entrosando. Eu dei-lhe um olhar mordaz. — Em primeiro lugar. Você não chama Amy Poehler pelo primeiro nome. Ela nem sabe que você existe. Em segundo lugar, me ajude a me arrumar. — Fiz uma pausa e sussurrei a próxima parte. — Liam está lá embaixo esperando por mim. — Deus, isso é romântico, — ela murmurou, entrando no meu quarto de pijama. Esse tinha pinguins e um capuz com um pinguim bicudo. — Eu já te disse quão impressionante você está hoje? — Perguntei, passando por ela em direção ao meu closet. — Sim, que seja. Este pijama de pinguim vai para o lixo já que Penn não se preocupou em entrar em contato comigo. — Quer que eu pergunte a Liam sobre isso? — Eu me ofereci, tirando meu pijama e pegando um vestido roxo que estava fino de muitas lavagens. Coloquei umas sandálias marrons e puxei uma jaqueta para fora apenas no caso do carro dele estar frio. — Só se você puder fazê-lo sem ele pensar que eu estou desesperada. Apenas uma menção casual, ok? — Ela pediu, pegando minhas pulseiras no criado-mudo e trazendo para mim. — Tudo bem, eu prometo que farei parecer casual. Ela sorriu. — Você se parece com um zilhão de dólares, mas sequer precisou da minha ajuda. — Você ajudou. Eu me sinto menos nervosa agora, — jurei.


— Não o deixe mantê-la até tarde demais. Quero ir à praia de manhã. — Fechado! — Gritei enquanto corria pelas escadas. — Não espere por mim! Emily e algumas meninas do segundo ano estavam sentadas na sala de estar assistindo a um filme. Pausaram quando me viram descer correndo. — Aonde você vai? — Emily perguntou justo quando cinco pares de olhos me atacaram, esperando uma resposta. Não queria mentir para Emily, mas não poderia dizer a verdade completa. — Sair com algumas amigas da escola que estão na cidade. Volto logo, — respondi sem encontrar os olhos de Emily. O ar da noite estava frio, e me alegrava com o vento soprando os fios de meu cabelo comprido. Parecia inebriante, como se até mesmo o clima sabia quão forte meu coração batia ao saber que eu estava prestes a ficar sozinha com Liam pela primeira vez em cinco dias. Virei uma vez para garantir que nenhuma das meninas me olhava das janelas. Quando não vi ninguém, acelerei e voei pela rua antes de virar a esquina. O SUV preto de Liam entrou em foco debaixo de uma lâmpada da rua. A escura silhueta dele era pouco visível no interior. Naquele momento, me senti como uma verdadeira criminosa. Acabei de mentir para a minha amiga, e agora eu me esgueirava tarde da noite e verificava se havia testemunhas atrás de mim. Inalei uma respiração superficial, abri a porta e entrei rapidamente. — Isso parece errado. É errado? — Perguntei, jogando o meu casaco no chão e olhando para ele. — Não, não é errado, — ele simplesmente esclareceu no seu tom de voz controlado, mas ele podia perceber que eu queria mais. — Só parece porque nós temos que nos esgueirar por aí. Não estamos quebrando todas as leis e não é como se fôssemos um casal mentindo um para o outro.


— Estou mentindo para minhas amigas e minhas companheiras de equipe. — Eu trouxe a tona, querendo empurrar o assunto. Era bom tê-lo em campo aberto. Eu queria saber como ele se sentia. — Eu sei. Eu também estou. — Então, ele hesitou. — Mas, para ser honesto, não estou mentindo para todos. Penn sabe a verdade. Quero dizer, foi bastante óbvio quando ele viu você sair do meu quarto na festa. Eu já havia assumido que Penn sabia sobre nós. Ele e Liam eram próximos. — Becca sabe também, obviamente, mas ela é confiável. Ela é minha melhor amiga na equipe. — E quanto à Emily? — Ele perguntou. Não conseguia encará-lo. Ela era a única pessoa que me fazia sentir como uma merda por ter que mentir. — Não. Ele estendeu a mão para apertar a minha. — Podemos acabar com isso. Se isso for demais, podemos acabar. Lá estava. A frase que eu temi a semana toda. — Você quer acabar? Quero dizer, não é como se houvesse até mesmo algo para acabar. — Não, — ele respondeu rapidamente. — Eu quero continuar vendo você. Eu tenho que continuar vendo você, mas não quero que você sinta como se não tivesse uma escolha em tudo isso. Respirei fundo, inalando suas palavras e deixando-as lavar os últimos dias de dúvida. — Você apenas gosta de fingir ser um espião. Gosta de se esgueirar e esperar por mim em ruas escuras. — Eu me virei para ele e lhe dei uma piscadela brincalhona.


— Não estou atrás de você porque isso é um desafio, mas estaria mentindo se dissesse que a parte de me esgueirar não foi um pouco divertida. Aquela manhã em meu escritório ficará guardada em minha memória como um dos momentos mais quentes da minha vida. Eu queria gritar com a confissão dele, mas em vez disso, mordi o lábio e assenti com a cabeça para segurar a minha emoção. — O que você quer, Kinsley? Quer terminar? — Perguntou. O que eu quero? — Eu quero ter tudo, — respondi vagamente, olhando através da janela do lado do passageiro por um momento. Quebrei o silêncio que se seguiu, alterando para algo mais leve. — Ei, eu tenho que casualmente e não desesperadamente levantar a questão Penn e Becca. Ele é um jogador? Porque, sério, não há ninguém mais legal do que Becca. Ela é engraçada e inteligente. E ela tem sido uma grande amiga desde que entrei na equipe. Liam riu. — Você não tem nada com que se preocupar. O Penn está interessado, mas ele é um cara reservado. Ele acabou de sair de um relacionamento sério e acho que ele não esperava encontrar alguém como Becca tão cedo. Ah, isso explicava algumas coisas. — Bem, diga a ele para se apressar, porque Becca não vai esperar para sempre. Ele sorriu e se inclinou mais perto. — Essas palavras são suas ou dela? — Minhas. Ela me mataria se soubesse que estou dizendo tudo isso para você. Era para eu ser realmente sutil sobre isso. Liam se aproximou e passou a mão por trás da minha nuca. — Falarei com Penn e verei o que ele pensa.


Balancei a cabeça enquanto seus dedos começavam a mergulhar sob a barra do meu vestido e se arrastar pela minha coluna. — E quanto a você, Kinsley? — Ele perguntou, inclinando a cabeça para mim alguns centímetros. — Você vai esperar por mim? Eu o obriguei a parecer vulnerável fazendo uma pergunta como essa. Era tão anti-Liam; ele exalava confiança e controle, até mesmo a maneira como ele segurava meu pescoço parecia um toque dominante. Mas, ele estava pendurado em um parapeito esperando que eu respondesse a essa pergunta, e deixei-me saborear o momento. — Você acha que você vale a pena à espera? Uma pergunta carregada. Liam e eu estávamos brincando de casinha. Estávamos vivendo em Lalalândia, onde ninguém mais além de nós existia. — Eu acho que você vale a pena, e isso é tudo o que importa. Junte-se a mim nessa loucura e então ficaremos juntos publicamente. Eu prometo. Balancei a cabeça. — Ok. — Ok? — Ele perguntou, mergulhando a cabeça para mim. Seu aroma assumiu meus sentidos. Eu me inclinei sobre o console e nos encontramos em algum lugar no meio, pressionando um no outro até que ele finalmente enrolou os braços em volta da minha cintura e me arrastou em cima dele. — Esse é o câmbio de marcha ou você está apenas animado em me ver? — Foi uma brincadeira piegas, mas não pude resistir. Liam fechou os olhos e riu. — Estou definitivamente animado por vê-la. Especialmente neste vestido, — ele respondeu, quando nossos olhares caíram para suas mãos em minhas coxas. Eu estava sentada no colo dele, meu joelho tocando a fivela do cinto de segurança e minha outra perna imprensada entre a porta, mas não podia sentir o desconforto do espaço quando suas mãos estavam em minhas pernas, lentamente derivando para cima.


— É como se eles não soubessem que as pessoas usariam o banco da frente para ter sessões de amassos. Eles poderiam ter, pelo menos, acrescentado um pouco mais de espaço para as pernas, — sorri. A borda da boca de Liam inclinou-se em um sorriso confiante. — Estranho. Quando comprei o carro não levei em conta a quantidade de espaço proporcionado pelo banco da frente. Deveria ter pedido ao vendedor para subir no meu colo durante o teste drive. Ele estava brincando, mas suas mãos moviam-se sedutoramente sobre a minha pele o tempo todo. — Eu gosto do seu vestido, — ele elogiou enquanto suas mãos derivavam para cima. Um arrepio me percorreu e Liam notou. — Eu o tenho desde sempre. Provavelmente está muito curto agora, mas tudo bem. — Eu gosto do comprimento, — ele observou, e seus dedos encontraram a borda da minha calcinha. Parecia estranho conversar enquanto minha respiração acelerava e os olhos de Liam dilatavam e mudavam para um ardente cinza escuro. Meu celular tocou no banco do passageiro, mas nós dois ignoramos. Ele inclinou a cabeça e gentilmente roçou os lábios ao longo dos meus. Não foi um beijo, foi um convite. Ele queria que eu fizesse o primeiro movimento, então eu pressionei contra ele, a força do meu beijo empurrando sua cabeça contra o assento. Ele gemeu alto o suficiente para me deixar louca. Empurrei minhas mãos sob a camisa dele sentindo os músculos tensos sob o meu toque. Nunca estive com um cara como o Liam. Ele fez Josh e Trey parecerem escoteiros. Minhas mãos se mantiveram a deriva sobre seu abdômen e eu podia sentir seu peito tensionar em resposta ao meu toque. Eu adorei. Então meu celular tocou novamente e quebrei o beijo com um carregado suspiro.


— Que diabos? — Estendi a mão e peguei o telefone. BECCA brilhou na tela e me calei instantaneamente. — O que está acontecendo? — Perguntei assim que atendi a ligação. — Eita! Atenda ao telefone mais rápido, senhora. Vocês estão aí fora ainda? Você precisa se mover, abaixar ou algo assim. Acabei de ver Tara saindo de casa a um segundo atrás. Ela passou por minha janela, mas não tenho certeza de onde ela foi depois disso. Talvez tenha entrado em um carro ou algo assim. — Merda, — eu disse, rapidamente me desembaralhando do colo de Liam e escorregando no banco do passageiro para que a minha cabeça mal aparecesse na base da janela. — Você acha que ela me viu saindo? — Não tenho ideia, mas você precisa ser mais cuidadosa. Isso não é um jogo. — Eu sei que ela estava cuidando de mim, mas seu aviso me deixou louca. — Voltarei em um segundo, — respondi, e depois terminei a ligação abruptamente. — O que está acontecendo? — Liam perguntou, preocupado. Suas sobrancelhas se juntaram e sua expressão firme estava de volta. Expliquei o que Becca acabara de me dizer. — Eu não a vi, — ele respondeu, olhando em volta do carro rapidamente. — Bem, nós estávamos ocupados. Ela já poderia ter passado. Merda, — murmurei, tentando manter a calma. As palavras de Becca continuavam se repetindo em minha mente. Isso não é um jogo. Isso não é um jogo. Ela estava certa, então por que não poderia me fazer parar de jogar? — Ficará tudo bem, Kinsley. Tenho certeza que está exagerando. De maneira nenhuma ela teria seguido você. Ninguém é tão louco.


Balancei a cabeça, mas permaneci em silêncio. Isso valia a pena? Essa ansiedade valeu a pena os 10 minutos que eu pude esgueirar-me para o carro de Liam e ficar com ele? Que tipo de relação é essa? Mas então eu olhei para ele. Ele me encarava, suas mãos fechadas em punhos, e completamente tenso. Ele estava absolutamente de tirar o fôlego com a iluminação pública se infiltrando através da janela atrás dele. Eu poderia apenas distinguir seu maxilar liso, seu cabelo desgrenhado, seus olhos penetrantes. Percebi naquele momento que eu era impotente para decidir o meu destino. Não havia uma única célula no meu corpo que me deixaria me afastar de Liam Wilder sem lutar. Ainda que eu acabasse lutando sozinha. — É melhor eu ir, — murmurei. Ele balançou a cabeça e eu podia vê-lo apertar sua mandíbula. — Você está bem? Posso acompanhá-la? — Eu sabia que a situação estava matando-o tanto quanto a mim. Que tipo de cara queria levar uma garota em um encontro em seu carro, e então vê-la ir a pé para casa sozinha? — É melhor não, — eu disse, balançando a cabeça. — Vou circular por um minuto para me certificar de que você chegou bem, — afirmou. Eu sabia que ele achava que eu estava chateada com ele ainda. Levantei-me do meu assento e me inclinei para lhe dar um beijo de despedida. Isso o pegou desprevenido no início. Talvez ele não esperasse um. Meus lábios pressionaram os dele e em um instante suas mãos estavam em meu cabelo, minhas mãos agarraram seu pescoço, e nós dois garantimos que o outro não se afastaria. Colocamos toda a nossa preocupação e angústia no beijo. Sua língua exigiu entrada e inclinei a cabeça para conseguir um ângulo melhor. Ele chupou meu lábio inferior até que gemeu e beijou-o com mais força.


Quando me afastei, meus lábios estavam inchados e macios. Olhamos um para o outro, o nosso desejo escrito em todo o nosso rosto, mas nenhum de nós disse uma palavra. Parecia que eu precisava dizer alguma coisa, confessar o que eu sentia por ele, mas nós dois sabíamos. Era evidente em tudo o que fizemos. — Eu quero dizer que gosto de você, mas parece idiota, como se não fosse o suficiente, — eu admiti antes de virar em direção a maçaneta do carro. Liam estendeu a mão e tocou minha mão para me impedir. — Eu sei, — então ele fez uma pausa, pensando nisso e repetiu suas palavras. — Eu sei.

O resto do fim de semana passou rapidamente. Liam tinha uma sessão de fotos em Nova York, então Emily, Becca e eu nos unimos mais. Fomos à praia sábado de manhã com algumas outras meninas da equipe. Todas colocaram suas toalhas em uma linha e pegaram uma revista ou livro. Becca foi a única corajosa o suficiente para testar a água. Eu fiquei na margem, mergulhando meus pés e tornozelos na água gelada. Josh me mandou mensagens algumas vezes no fim de semana. Nunca respondi a nenhuma delas, porque sabia que ele não seguiria em frente se eu não cortasse o mal pela raiz. Tentei ser gentil com ele no começo, mas quanto mais ele tentava me reconquistar, mais eu percebia que não poderia dar a ele um centímetro ou ele levaria uma milha. Sábado à noite Becca recebeu uma mensagem de Penn. Era o Santo Graal das mensagens. Gritamos por 20 minutos antes de perceber que ela tinha de formular uma resposta para ele. Ele ia devagar e constante, perguntando sobre o dia dela e como foi a semana de treino. Eu


expliquei a situação dele, que acabara de sair de um longo relacionamento, e Becca parecia mais do que feliz em ir devagar. Depois de 20 minutos de brincadeiras, ele nos convidou para uma reunião na casa dele na semana seguinte. Mais meia hora de gritos, destacados por algumas cambalhotas loucas de Becca, resultaram nela derrubando meu abajur do criado-mudo. Felizmente, o vidro não quebrou. — Sinto que estou começando a ter esperanças com ele, — disse ela, recolocando o abajur no criado-mudo. O que era um eufemismo. Ela estava definitivamente cheia de esperanças, mas já era tarde demais para mudar isso. — Você está autorizada a estar animada, mas estou feliz por você saber que as coisas com ele terão que ir devagar. Ela assentiu com a cabeça. — Preciso ficar me lembrando que ele acabou de sair de um longo relacionamento e não precisa de mim para complicar as coisas. — Ele não mandaria mensagens te convidando para a casa dele se pensasse que estava complicando as coisas. Basta ter calma e descobriremos isso. Ele parece ser um cara muito bom apesar de tudo. — E se ele só quiser sexo? — Então você terá relações sexuais com ele e perderá sua virgindade com um dos mais quentes jogadores de futebol profissional do país. — Eu ri. — Mas não, sério, nós descobriremos isso. Tentarei obter o máximo de Liam. Pense pelo lado positivo, se ele acabou de sair de um relacionamento significa que ele é capaz de compromisso. — Devo pesquisar a ex dele no Google? — Ela perguntou, já se inclinando para o meu laptop.


— Não! Não procure porcarias como essa. Não é justo para eles ou pra nós. Eu quis pesquisar Liam no Google um milhão de vezes, mas sei o quanto ele odeia quando a mídia inventa histórias falsas sobre a vida dele. Ele ficaria tão chateado se eu pegasse informações sobre ele pelo TMZ. — Ok, ok. Você tem um ponto. Tratarei Penn como se ele fosse uma pessoa normal... por agora. — Bom, Peen é uma pessoa normal. Isso me rendeu um tapa com o travesseiro. Mais tarde naquela noite, quando eu estava prestes a adormecer, Liam me mandou uma mensagem. Liam: Finalmente em casa, cheguei de Nova York. Kinsley: Bem vindo ao lar! Trouxe-me alguma coisa? ;) Liam: Eu tinha uma miniatura do Empire State Building, mas um garotinho roubou no saguão do aeroporto e me senti culpado em pegá-lo de volta. Kinsley: Você está falando sério? Liam: Sim, então um garoto está andando com seu presente. Kinsley: Haha, tudo bem... Você está feliz de estar em casa, pelo menos? Liam: Sim, foi uma viagem longa. Só a trabalho e sem nenhum jogo. Kinsley: Não posso racionalizar nesse momento. Descansei na praia durante todo o dia. Liam: Mostre-me alguma prova... Sorri para a mensagem dele, tentando decifrar se ele falava sério ou não. De qualquer maneira, eu decidi que não prejudicaria lembrá-lo do que ele perdeu enquanto ficara em Nova York. Levantei minha camisa enquanto deitava na cama e puxei um pouco para baixo o short do pijama para que ele pudesse ver o meu


torso bronzeado e a curva dos meus ossos do quadril. Apenas o suficiente para a sua imaginação voar sem mostrar nada muito ousado. Segurei a bainha do short com meus dedos e tirei uma foto com a outra mão. Anexei a foto com uma mensagem que dizia: Você pode ver a linha deixada pela parte de baixo do meu biquíni? Nem dois segundos depois, o telefone tocou na minha mão e o nome dele brilhou na tela. — É tarde, Liam. — Provoquei depois de atender a ligação. — Não me importo. Você está sozinha? Meu quarto estava escuro e eu não conseguia ouvir nada no corredor. Olhei em direção ao banheiro para vê-lo apagado, então Emily já estava dormindo. — Sim, todas estão dormindo. — Eu gostaria de estar aí agora. Cantarolei ao telefone. — Sério? E o que você faria se estivesse aqui? — Perguntei, tentando desempenhar o papel de sedutora. — Colocaria minha mão exatamente onde estava a sua naquela foto, — ele começou, e sem pensar, eu coloquei minha mão onde estava, deixando-a descansar na bainha do meu fino short. — E então? — Perguntei, ouvindo a evidência do desejo na minha voz. — Passaria meu dedo em cima de seu short, mergulhando-o suavemente para sentir a pele macia por baixo. — Meu dedo seguiu o seu caminho. — E então eu puxaria o short e a calcinha para baixo e jogaria para o lado. — Você não perde tempo, — eu murmurei, tocando a parte superior do meu short e empurrando-o pelas minhas longas pernas.


Ele riu baixo. — Você não se importaria. Você me imploraria para ir mais rápido. — Mmm, — eu cantarolava, acariciando meus dedos para trás e para frente ao longo da costura da minha calcinha antes de delicadamente empurrá-la de lado. — Kinsley, eu quero que você se toque. Respirei fundo e deixei meus dedos descerem ao longo da pele sensível da minha coxa. — Talvez eu já esteja. Eu podia ouvir seu sorriso lento através do telefone quando ele cantarolou em aprovação. — Se acaricie como eu faria se eu estivesse aí. — Seu tom era carregado e mais sedutor do que eu já experimentara. Nunca fui corajosa o bastante para fazer algo assim enquanto alguém ouvia, mas não hesitei nem por um momento. Deixei meus dedos deslizarem entre as minhas coxas, acariciando lentamente no início, e depois cada vez mais rápido enquanto falava pensamentos sujos pelo telefone. — Eu queria poder sentir o quão molhada você está agora. Sua carregada respiração derramou através do telefone e acelerei meu ritmo ainda mais. Mergulhei o meu dedo dentro e puxei minha umidade, deleitando-me com o momento sexy. — Estou tão perto, Liam, — admiti com uma voz fraca. — Aposto que você tem um gosto muito doce, baby. Eu deslizaria meus dedos para dentro e para fora, e então me inclinaria e te provaria. — Liam... — Goze para mim, baby. Deixe-me ouvi-la.


Eu me acariciava mais rápido, arqueando as costas e sentindo o início do formigamento se espalhando pelo meu corpo. — Não posso esperar para me afundar em você, Kinsley. Prometa que abrirá bastante essas coxas para mim. Essas palavras sensuais me empurraram sobre a borda e me perdi na felicidade do momento. Isso rolou por mim em uma onda sedutora e eu gostava de saber que ele podia ouvir meus gemidos. Propositadamente garanti que ele soubesse o quanto eu estava gostando do meu orgasmo. Quando parei de tremer, Liam falou: — Porra, baby, eu adorei ouvir isso. Puxei um travesseiro no meu peito e sorri para o teto escuro, de repente me sentindo envergonhada por ficar tão empolgada. — Vejo você amanhã, treinador. Desliguei o telefone antes que ele pudesse responder e fechei os olhos. O telefone tocou na minha mão e vi que ele enviou uma última mensagem. Liam: Não faça planos para amanhã à noite. Liam Wilder trouxe um lado de mim que nenhum cara viu antes. Era um pouco selvagem e um pouco imprudente, mas com ele, não havia outra opção.


Capítulo 15 Segunda de manhã eu estava positivamente vertiginosa enquanto seguia para o treino. Becca e Emily disseram que eu parecia maluca, mas eu ignorei. — É apenas um dia lindo! — Brinquei, estacionando o carro em meu lugar habitual no campo. Visto que Liam voltou de Nova York na noite anterior, ele estaria no treino hoje. Tínhamos planos para nos encontrar mais tarde, mas ainda não sabia aonde íamos. — Você é tão chata, — Becca riu, saindo do assento do passageiro. Assim que seus pés tocaram o chão, ela fez uma pausa e vi o seu sorriso cair. — O que há de errado? — Perguntei, inclinando-me para olhar ao seu redor. Do meu lugar eu não podia ver o que ela olhava, então rapidamente saí do carro e corri ao redor para encontrar uma visão que me fez apertar os punhos. Josh me esperava na frente do estádio com um buquê de flores e uma placa gigante que dizia: Sinto muito, Kinsley. — Oh meu Deus, — murmurei sob a minha respiração. Isso não era apropriado. Apenas um olhar ao redor do estacionamento lotado, e sabia que todo mundo na minha equipe, meus treinadores, e Liam, já viram. Não podia acreditar que ele estava fazendo isso. Caminhei até ele, tentando manter a calma. Ele sorriu largamente ao me ver se aproximar e por muito, muito breve momento eu senti pena dele... mas então me lembrei da piranha nua na cama dele. — Josh, o que você está fazendo aqui? — Perguntei com um tom cansado.


Ele desvendou um sorriso torto. — Não é meio óbvio? — Ele brincou, apontando para a placa com o sinto muito. Balancei a cabeça lentamente, tentando evocar as palavras certas. Emily e Becca passaram por mim para o campo de futebol, mas eu não podia olhar para elas. Desejei que Josh me conhecesse o suficiente para perceber que algo como isso era realmente embaraçoso para mim. Eu não era uma pessoa pública. Não queria que toda a minha equipe soubesse os detalhes sórdidos do nosso relacionamento. Isso era demais, e me chateava ainda mais. — Josh, você não pode fazer isso. Não estamos juntos e é por uma razão muito boa. Juro que não tento ser modesta e fazer cena. Significa que quando eu digo que nós não voltaremos a ficar juntos. Você precisa me deixar em paz. Seu rosto caiu um pouco e seus olhos castanhos escuros me estudaram com curiosidade. — Você simplesmente não desiste de coisas que são importantes para você, Kinsley. Não é assim que se trabalha o amor, — ele disse, empurrando as flores na minha mão e indo em direção a carro dele. Eu queria gritar atrás dele, dizer que ele não conhecia o amor, que você não engana alguém que você ama, mas eu apenas empurrei as portas do ginásio e me dirigi para o treino. Meu maior medo seria perceber que o amor realmente significava o que Josh pensava que era: você poderia fazer o que quisesse com o seu parceiro, desde que dissesse que estava arrependido e parecesse encantador quando fizesse isso. Não. Eu me respeitava muito pra isso. Deixei as flores no vestiário assim que percebi que precisava encontrar Liam. Não tinha ideia se ele viu a exibição de Josh, mas se a situação fosse inversa, eu odiaria ver a ex-namorada dele em pé esperando por ele. Não queria que ele interpretasse mal a situação.


Não

tive

a

chance

de

vê-lo

até

nos

alinharmos

para

o

treino.

Propositadamente fiquei no final, para que se ele quisesse, pudesse falar comigo. Quando inalei o perfume do corpo dele atrás de mim, eu suspirei. Pelo menos ele não estava tão irritado pra me ignorar. — Você está bem? — Ele perguntou, pegando-me de surpresa. — Estou bem. Sinto muito pelo que aconteceu, — eu comecei justo quando uma das novatas avançou para perto de mim. Sua ação inocente não passou despercebida e percebi que precisava proteger o meu discurso. — Isso foi muito pouco profissional, — eu disse, olhando para ele e pedindo para que ele entendesse minhas palavras veladas. Seus olhos não estavam com raiva ou tensos, ao invés disso ele me estudava com um sorriso melancólico. — Não tenho medo de um pouco de competição, Kinsley, — ele sussurrou. — Eu jogo para ganhar. Um sorriso se abriu em meus lábios, mas me esforcei para escondê-lo. Ele se afastou de mim, indo em direção a treinadora Davis para ajudá-la com os exercícios, mas senti a mão dele ao longo da base das minhas costas enquanto passava. O toque casual fez arrepios florescerem em todo o meu corpo, e eu sabia que estava tomando a decisão certa. Liam poderia me desarmar com um único toque, e nunca me senti assim com relação à Trey ou Josh. Estava oficialmente no meu limite. Assim que tomei banho e me troquei depois do treino, eu voltei pra minha cama e verifiquei meu telefone. Havia uma mensagem de texto de Liam, a qual eu decidi verificar primeiro. Liam: Eu vou buscá-la em torno de 19:00. Não jante. Respondi imediatamente a mensagem dele. Kinsley: Alguma dica? O que devo vestir? Liam: Pijamas.


Eu ri e toquei a tela para verificar o correio de voz e chamadas não atendidas. Que também esperavam por mim. — Olá Kinsley. Aqui é Brian King. Falamo-nos no escritório da treinadora Davis na semana passada sobre uma oportunidade de entrevista em potencial para você. Sei que é de última hora, mas fui chamado para a Europa e meu editor realmente gostaria de arrumar essa entrevista antes que eu vá. Isso coloca você em uma situação difícil, mas se houver alguma maneira de poder convencê-la, você estaria disposta a se encontrar comigo para a entrevista depois do seu treino na quarta-feira? Sei que está muito tarde para avisar, mas, infelizmente, a revista me deixou com muito poucas opções. Poderíamos nos encontrar em um café em West Hollywood. Eu irei do centro de Los Angeles. Além disso, enviei a treinadora Davis uma lista de possíveis perguntas para a entrevista, assim você pode olhar com ela. Deixe-me saber o que você acha. O correio de voz cortou e fiquei momentaneamente atordoada. Não pensei na oferta de Brian nesses poucos dias, e agora de repente, eu estava obrigada a decidir de uma forma ou de outra o mais rápido possível. Eu não estava 100% vendida pra colocar minha vida pessoal lá fora para todo mundo ver, mas se eu olhasse para as perguntas da entrevista e achasse que pareciam tudo bem, eu concordaria com a entrevista. Brian parecia uma boa pessoa, e eu não queria que ele ficasse em apuros com o seu editor se eu recusasse a entrevista. Olhei para o meu telefone e cliquei em chamar antes de perceber plenamente o que eu fazia. — Oi Brian, aqui é Kinsley. — Kinsley! Oi, — ele respondeu, folheando papéis. — Escutei a mensagem e acho que eu seria capaz de encontrá-lo na quartafeira. Eu poderia estar em West Hollywood em torno das 17h? — Está ótimo. 17:00 horas está bom para mim também. Sei que isso é quase sem nenhum aviso, mas será uma entrevista curta, principalmente sobre a sua


posição na ULA e seu treinamento para as eliminatórias olímpicas. Se nossos leitores apreciarem, faremos uma entrevista mais completa em algumas semanas. Ou seja, se você concordar com isso. Eu ri educadamente. — Vamos passar por isso primeiro. Você poderia encaminhar para mim as perguntas da entrevista que você enviou para a treinadora Davis? — Claro que sim. Também enviarei uma mensagem com o endereço de um café onde podemos nos encontrar. Passei o meu e-mail e agradeci por seu tempo. Eu tinha um bom pressentimento sobre o artigo. Ainda não tinha ideia do que esperar, mas pelo menos teria as perguntas com antecedência. Assim que desliguei, liguei para minha mãe. Ela prometeu passar as perguntas comigo amanhã depois do treino, apenas para ter certeza que eu não faria papel de tola. Cinco minutos antes das 19:00, Liam me mandou uma mensagem avisando que me esperava na esquina. Saí da minha cama e joguei um casaco e meu Converse. Então gritei um tchau para Becca enquanto descia as escadas. Dobrei a esquina em alta velocidade, pulei no carro de Liam, e dei um beijo na boca dele antes de sequer perceber que meus sapatos estavam desamarrados e meu casaco do avesso. Detalhes. — Bem, Olá, — ele riu contra meus lábios, depois me afastou para recuperar o fôlego. — Oi, — murmurei, e sentei, me ajustando no lugar. — Essa foi uma boa saudação. Sorri e dei de ombros. — Estava animada para vê-lo, eu acho. Para onde vamos?


— É uma surpresa, — ele respondeu, ligando o carro e se afastando da minha casa. — Ah, tudo bem, mas estou usando meu pijama. Não podia dizer se você estava brincando, mas decidi que aceitaria sua oferta de qualquer maneira. — Tirei meu casaco para mostrar minha desbotada camisa, Feita nos anos 90, e meu short. — Eu não estava blefando. Você estará feliz usando isso. Sorri e o assisti dirigir. Não tinha ideia de para onde ele estava me levando, mas a incerteza era a metade da diversão. — Acho que farei a minha primeira entrevista na quarta-feira, — mencionei quando ele saiu da rodovia. — Sério? Com quem? — Brian King. Eu o conheci no outro dia com a treinadora Davis. — Ah, eu conheço Brian. Ele é um cara decente. — Seus olhos estavam focados na rua e eu não poderia dizer se havia algo mais que ele quisesse dizer sobre o assunto. — Você já fez uma entrevista com ele? — Não. Nós jogamos futebol juntos por um ano, apesar de tudo. Não tive tempo de perguntar mais, porque Liam estava virando em um pequeno Cinema Drive-in. Quem sabia que ainda existia isso em LA? — Achei que, uma vez que ir ao cinema está fora de questão, poderíamos, pelo menos, nos esgueirar em um filme e fingir que é um encontro de verdade, — explicou Liam com uma expressão séria. Um sorriso gigante se espalhou por meus lábios. — É um encontro incrível. Estou de pijama... não pode ficar melhor do que isso.


Ele riu da minha piada enquanto estacionava seu SUV em um dos pontos de estacionamento. Era um pequeno teatro com espaço para vinte ou trinta carros, no máximo. Ele estava enchendo rapidamente ao nosso redor e eu sabia que tínhamos chegado lá a tempo. — Como vamos assistir ao filme, se a tela está atrás de nós? — Perguntei, virando a cabeça para olhar pelo vidro traseiro. Ele sorriu e saiu. — Vamos lá, vamos sentar no porta-malas. Eu não tinha escolha a não ser segui-lo para a parte de trás do carro, e quando ele levantou a trava, eu estava feliz por segui-lo. Ele criara um sortido piquenique. Bem, um piquenique composto principalmente de doces, isso conta? Ele colocou tudo perfeitamente alinhado. Twizzlers, Skittles, Sour Patch Kids, Snickers, Butterfingers30, e M&Ms... só para citar alguns. Havia um pequeno cooler do lado, ao lado de uma bacia de pipoca, então ele colocou uma cobertura sobre o nosso carro. — Você invadiu uma pequena vila de doces para obter todas essas coisas? Ele sorriu. — Eu sou guloso. É a minha única falha. Revirei os olhos e empurrei seu braço de brincadeira. — Acho que eles exibirão Gatinhas e gatões esta noite. Nunca vi esse, — disse ele. Engasguei. — O quê? Como você não viu? Passa na TV uma vez por semana. Ele deu de ombros. — Ok, então eu tenho duas falhas. Sorri. — Não posso acreditar que você fez tudo isso.

30 Marca de doces.


— Odeio não ser capaz de levá-la em encontros de verdade, então queria fazer algo especial, — admitiu, e continuou. — E também, na verdade, apenas gosto de doces. Ele me deu um sorriso malicioso e me ajudou a subir na parte traseira do carro. Assim que enchemos as nossas caras, empurramos a comida e bebidas para o lado e deitamos no cobertor que Liam trouxera. De alguma forma, acabamos nos movendo até que ele estava encostado no banco de trás e eu recostada no peito dele, envolvida por suas pernas. Ok, não foi exatamente um acidente. Eu ficava mudando de lugar até que ele praticamente teve de acomodar meu corpo no seu espaço. Oh, oops, como nós chegamos a esta posição adorável? Planejamento estratégico, meus amigos. Seus braços estavam em volta de mim, segurando o cobertor no lugar. Tão fácil como teria sido me virar para beijá-lo, esquecendo o resto do filme, eu realmente gostava de apenas estar sentada ali junto dele. Era bom sentir seu peito subindo e descendo nas minhas costas. De vez em quando ele me perguntava se eu estava confortável ou se eu precisava de uma bebida, mas eu apenas balançava a cabeça, não querendo que ele movesse um músculo por medo de que a magia fosse perdida.


Capítulo 16 O sentimento de êxtase de deitar nos braços de Liam foi rapidamente esquecido quando acordei com alguém puxando os cobertores da minha cama na terça de manhã. A voz de Tara invadiu minha consciência. — Levante-se e se vista. Você, Becca, e Emily têm um trabalho especial esta manhã. Que diabos? Eu teria que começar a colocar barricadas na minha porta todas as noites para garantir que ela não desse uma de Edward Cullen? O que provavelmente não funcionaria; ela acabaria subindo pela minha janela como fazia o vampiro irritadinho. Gemi e me sentei, tentando piscar o meu sono. Tara estava acompanhada por Sofie e outra de suas capangas do mal. Todas olhavam para mim com sorrisos ardilosos, o que me fez desejar ter dormido com um rifle debaixo do meu travesseiro como uma velha veterana do sul. — Levante-se, — Tara ordenou novamente. Seu tom estava me afetando, para não mencionar que eu pensei que nós havíamos abandonado toda essa postura de valentona do colegial. Parecia que ela maximizara o seu cartão de idiota, mas, aparentemente, ela precisava de outro tiro de maldade para manter a maré por mais alguns dias. Tínhamos certeza que ela não tinha nenhum parente serial killer? Saí da cama e fui até meu closet sem dizer uma palavra.


— Encontre-nos no andar de baixo quando estiver pronta, Bryant, — Sofie murmurou antes de avançar pela porta do banheiro para chegar ao quarto de Emily. Eu me arrepiei quando a ouvi gritar o nome de Emily para acordá-la. Enquanto pegava a minha roupa de ginástica, sonhei em trazer a questão do trote até a treinadora Davis, mas ainda não tinha certeza se valia a pena. Tudo mudaria se eu dedurasse as veteranas. Fariam da minha vida um inferno, mas fariam isso de forma mais sutil e duas vezes mais cruel do que já faziam. Se fosse dizer à treinadora Davis, eu tinha que ter certeza de que valia a pena o esforço. Então, está combinado. Hoje seria o último dia. Se elas não parassem depois de tudo o que planejaram para nós esta manhã, então eu levaria a questão até a treinadora Davis. Becca, Emily, e eu nos arrastamos para o banco de trás do carro de Sofie em silêncio, enquanto o resto das novatas ainda dormia na casa. Esta era a segunda vez que elas foram atrás de nós três, e eu não era burra o suficiente para pensar que era uma coincidência. Acho que Tara realmente me odeia. A última vez que estive no carro de Sofie, eu estava no meu décimo nono aniversário. Sabia que Tara não seria minha amiga naquela noite, mas não tinha ideia de quão louca ela realmente viria a ser. Se eu pudesse voltar no tempo, teria avisado a antiga eu para ficar bem longe de Tara, tanto quanto possível... e talvez também avisar a minha mãe para ficar longe da tendência das franjas. Isso não fica bem em ninguém! Havia um sentimento de temor persistente no ar no caminho para o campo com as veteranas. Tara dissera que tinha um trabalho especial para nós, mas elas realmente não podiam fazer nada para nós, certo? Sério, se elas sequer chegassem perto de quebrar a lei, eu iria para a polícia imediatamente. Eu não estava prestes a começar a cavar sepulturas para todas as suas vítimas. — Desde que você três foram tão complacentes esta manhã, acho que será mais fácil do que estávamos planejando, — disse Tara, com um sorriso premeditado.


Oh, quão doce ela é, pensei, olhando para fora da janela e desejando que o dia já tivesse acabado. Quando chegamos ao campo, Sofie estacionou o carro e nós três nos mexemos para sair do banco de trás. — Tudo bem, novatas. Hoje nós pensamos que vocês deveriam aprender a arte da higiene, — Tara começou, puxando três escovas de dente da bolsa. Do que ela estava falando? — Esses banheiros do campo poderiam ser muito mais limpos, — ela continuou, entregando uma escova de dente para cada uma. — Então, gostaríamos que vocês limpassem um sanitário, e então, quando terminar, vocês podem encarar o chão do banheiro. Becca gemeu. — Desculpe, você acha que pode ir longe com isso? Os trajes foram engraçados, ha-ha. Você teve sua diversão, mas isso é ridículo e você sabe disso. Emily ficou ali de boca aberta, como se não pudesse acreditar em que situação ela foi tropeçar. Senti a culpa bater no meu estômago. Ela não estaria aqui se não fosse por mim. — Becca está certa. Não farei isso. Vocês têm visto muitos filmes dos anos 90, — eu disse, jogando a escova de dente no chão. Tara poderia beijar minha bunda. O olhar de Tara viajou da escova no chão, lentamente, até meus olhos. O sorriso sardônico eclipsando suas feições era um aviso do que estava por vir. — Vem falar comigo por um segundo, Bryant, — Tara disse, abanando o dedo e virando-se para sair, para que pudéssemos conversar em particular. Eu segui atrás dela, principalmente para poder dizer quão louca ela estava sem que ninguém mais ouvisse, mas a próxima coisa que saiu da boca dela me parou mortalmente no meu caminho.


— Se você não escolher a escova de dente e seguir as minhas ordens como sua capitã, não terei escolha senão ir à treinadora Davis com uma notícia perturbadora. Revirei os olhos. — Do que você está falando, Tara? Ela passou o dedo em seus lábios, e naquele momento, eu percebi quão frio era verdadeiramente o coração dela. — Deixe-me dizer o que eu seria obrigada a dizer a treinadora Davis, — ela começou, certificando-se de manter sua voz suave o suficiente para que ninguém pudesse ouvi-la: — Que eu fui a uma festa na noite passada e vi você e Liam lá. Isso não foi nada demais, considerando que era uma festa do LA Stars, mas então, para meu horror, eu vi vocês indo para o quarto dele, e quando saíram, estava muito claro que os dois fizeram sexo. Agora, porque não tenho certeza de quão inteligente você é a respeito deste assunto, vou soletrar para você. — Eu me irritei com o seu tom áspero. — A maior parte do dinheiro de Liam vem de contratos publicitários – contratos que são completamente dependentes da imagem pública. O LA Stars pode não demiti-lo, mas é melhor você acreditar, essas empresas não dependem dele. Ele deveria ser voluntário e não tentar transar com alguém. E você, a nossa pequena doce novata, seria expulsa da equipe do ULA tão rápido, que nem sequer teria tempo para limpar o seu armário. A treinadora Davis deixou perfeitamente claro que qualquer relação entre um treinador e um membro da equipe estava fora dos limites. Caso isso não fosse o suficiente, ela continuou adicionando camadas de gelo sobre o bolo enquanto o sangue era drenado do meu rosto. — Você pode até imaginar as manchetes? Jogador do LA Stars se aproveita de caloura da ULA... Eu estava ali, boquiaberta e tentando entender quão conspiradora uma pessoa poderia ser.


— Oh, e tenho algumas testemunhas que podem endossar meu pedido. Sério, quão estúpida você poderia ser para ter relações sexuais em uma louca festa do LA Star? De verdade, Kinsley, você tornou tudo muito fácil. Olhei em seus olhos estreitados. — Você é uma vadia. Seu sorriso me disse que ela levou isso como um elogio. — Espero que você goste de limpar os banheiros, Bryant, — ela disse, virando as costas e voltando para o grupo. Eu não disse uma palavra. Não havia nada a dizer. Naquele momento, Tara tinha todas as cartas. Mas logo a mesa mudaria. Não a deixaria continuar com isso. Havia uma maneira de vencê-la em seu próprio jogo, mas não até que eu tivesse tempo para pensar sobre minhas opções. Com o queixo levantado, voltei, me abaixei, peguei a escova de dente do chão, e me dirigi ao banheiro sem dizer uma palavra. Emily e Becca me seguiram depois de um momento, seus olhares aborrecidos sobre a minha cabeça. — Realmente sinto muito, pessoal, — murmurei, abrindo a escova de dente. Isso era loucamente ridículo. Como Tara tinha tempo no seu dia para planejar merdas como essa? — Não é culpa sua, — Emily respondeu com uma careta. Pobre Emily, ela não tinha ideia do que a trouxe aqui. Becca chamou minha atenção e suspirei. — Explicarei mais tarde. — Sussurrei, e ela balançou a cabeça solenemente. Foi o pior dia da minha vida, e era quase 05:00 quando relutantemente rasguei minha escova de dente e comecei a trabalhar no banheiro, deixando minha mente vagar em direção a formas de torturar Tara até a morte. Eu pensava em um método à moda antiga, onde quatro cavalos puxariam o seu corpo, se encaixaria muito bem para ela. Para garantir que estávamos limpando de verdade, Tara ia nos verificar a cada poucos minutos. Ela mostrava sua cabeça, e murmurava um comentário


sarcástico, e saía de novo. Depois do que pareceram horas, ela finalmente veio e nos disse para parar. — Isso é o suficiente. Nós vamos correr algumas voltas antes do treino. Nós três seguimos atrás dela e eu podia ouvir Emily fungando. Tara a fez chorar. Eu faria Tara chorar. — Emily, está tudo bem. Vou correr para você como da última vez. Tara riu. — Não, Bryant, eu acho que vocês três deveriam correr. Acho que suas amigas devem perceber quão egoísta você realmente é. A palavra egoísta me incomodou enquanto as lágrimas de Emily escorriam pelo seu rosto. Eu estava sendo egoísta por buscar um relacionamento com Liam? Acho que isso não faria mal a ninguém. Tara poderia não ter gostado de mim antes, mas o fato de que eu tinha algum tipo de relacionamento com Liam me empurrou em direção ao topo de sua lista de inimigos. Infelizmente, minha amizade com Becca e Emily significava que elas se arrastariam ao meu lado. — Sinto muito, pessoal. — Implorei quando começamos a correr. Emily não olhava para mim, mas Becca me lançou um olhar severo. — Não se desculpe por nada. É Tara quem deve se desculpar. Ela está tentando arruinar a sua vida, nos colocando contra você, mas ela não tem nenhuma pista do tipo de inimigos que está fazendo, — Becca atirou. — Temos que ser espertas nisso. Nós podemos fazê-la parar, mas se formos pelo caminho errado, nós vamos acabar caindo com ela, — respondi. — Kinsley, eu sei sobre Liam, — disse Emily sob o choro. Becca e eu nos viramos bruscamente em direção a ela. — Do que você está falando? — Perguntei.


— Nós compartilhamos um banheiro, e você e Becca falam demasiadamente alto sobre assuntos pessoais. Assim como eu sei que você fez Becca olhar para uma sarda na sua bunda na semana passada porque você pensou que tinha a forma de uma girafa. Sério, eu entendo que vocês têm um relacionamento muito estranho. — Ela percebeu que estava mudando de assunto. — Ah, certo. De qualquer forma, ninguém mais na casa sabe sobre você e Liam, eu tenho certeza disso, mas só queria que você soubesse que eu sei, — ela deu de ombros. Eu não tinha ideia de como abordar o assunto. — Você está chateada por eu não ter dito para você? Realmente sinto muito. Eu menti para você, Em. Só queria manter isso o mais privado possível, e não queria arrastá-la como cúmplice. Emily franziu as sobrancelhas. — Não sou louca. Eu sei por que você não me contou. Eu me senti um pouco deixada de fora. Honestamente, eu estava meio feliz por não ser incluída no início, porque eu teria dito que era uma péssima ideia. Abri um pequeno sorriso. — E agora? — Ainda é uma péssima ideia, mas não posso culpá-la. Se ele estivesse interessado em qualquer uma de nós, teríamos feito exatamente o que você está fazendo. Você é apenas a sortuda... ou talvez a azarada. Alívio caiu sobre o nosso pequeno grupo. Senti-me bem de ter o meu segredo revelado e confiava que Emily não contaria a ninguém. — Juro que essa é a última vez pessoal. Senti-me enjoada por lavar banheiro. Vamos derrubá-la. Só precisamos descobrir como... Nós três estávamos focadas nas flexões quando ouvi o tom áspero de Liam atravessar o ar. — Tara, eu pensei que havia avisado da última vez? O que diabos você não entende sobre tratar suas companheiras de equipe com respeito? Fiz uma pausa no meio do exercício para ver Tara se voltando para ele com um sorriso cúmplice.


— Liam! Apenas o homem do momento... Não me escapou que ela o chamou de Liam em vez de treinador Wilder. Ela estava se mostrando naquele momento. Ela segurava todos os nossos destinos na palma da sua pequena e bonita mão. — Desculpe-me? — Liam perguntou, totalmente erguido. Ele parecia letal. Ele nunca olhou para mim do jeito que ele estava olhando para Tara. Raiva mascarando suas belas características, e por um momento, eu estava com medo que algo muito ruim estava prestes a acontecer. Tentei alertá-lo com um olhar esgotado, o qual, de alguma forma, poderia resumir quão fodidos estávamos agora que Tara sabia sobre nós. — Precisamos nos arrumar para o treino. Desculpe-me, — disse Tara, acenando com doçura e saindo sem se preocupar em responder-lhe. Liam seguiu seu caminhar por um momento e, em seguida, passou as mãos pelos cabelos. Ele parecia desamparado e, em certo sentido, ele estava. Ir à treinadora Davis era a sua única opção. Será que ele faria isso? Se fizesse, Tara contaria a treinadora Davis sobre a nossa relação? — Vocês estão bem? — Liam perguntou, inclinando-se para onde estávamos sentadas. Emily assentiu, mas permaneceu em silêncio. — Oh sim! Tivemos uma manhã maravilhosa. Embora eu vá deixar Kinsley te contar, — disse Becca se levantando do chão com Emily para que pudessem ir até o banheiro atrás das veteranas. — Kinsley, por que diabos você está deixando ela te tratar assim? Levarei isso para a treinadora Davis. A última frase me estimulou a entrar em ação.


— Ela sabe, — eu comecei, mas não poderia formar as palavras com a emoção se construindo atrás dos meus olhos. Eu estava no meu limite e não sabia mais que caminho seguir. Liam assentiu, agarrando-se lentamente na gravidade da situação. Sua mão se estendeu até a minha para que pudesse me ajudar a levantar justo quando a treinadora Davis estacionou. Ela saiu do carro e nos olhou com cautela por um momento antes de entrar. Apenas, foda. Sua suspeita era a última coisa que precisávamos. — Eu preciso ir para o treino. Vamos conversar mais tarde, — eu prometi, girando no meu calcanhar e correndo para dentro antes que ele pudesse dizer qualquer outra coisa. Nosso relacionamento era veneno para a minha carreira. A mídia publicaria tudo o que vendesse mais revistas, e casal feliz do futebol não venderia merda nenhuma comparado a um bad boy do futebol perseguindo uma menina ingênua quando era suposto ser o treinador. Nós estragamos tudo.

Liam: Está tudo bem? Você pode me encontrar amanhã antes do treino? Me liga. — Você vai falar com ele, certo? — Becca perguntou após ler o texto sobre o meu ombro. Nós estávamos no meu quarto naquela noite tentando chegar a um plano sobre como lidar com Tara. — Sim. Claro. Só preciso pensar nisso por um segundo. Se eu for à treinadora Davis ela vai puxar Tara para o escritório e Tara jogará Liam e eu debaixo do ônibus. Mas se eu contar a Liam, ele terá um plano melhor? — Mordi meu lábio como eu vinha fazendo durante toda à tarde.


— Acho que você deveria dizer a Liam porque ele tem o direito de saber o que está acontecendo. — Sim, Deus, eu sei disso. Só não quero envolvê-lo desnecessariamente. Ele tem o suficiente sob suas costas sem adicionar isso, também. — E você? — Becca apontou. — Você também tem muito sob suas costas. Ela tinha um ponto, mas então eu olhei para o meu relógio. 23:00. Muito tarde para uma ligação, considerando que eu tinha treino as 06:00h do dia seguinte, certo? Isso é o que eu disse a mim mesma. Kinsley: Sim, mas não antes do treino. Não quero levantar suspeitas. Liam: E depois? Kinsley: Tenho a entrevista. Ele não se incomodou em responder. Um momento depois, o seu número iluminou a tela e entrei em pânico. Deslizei meu dedo na tela e voei para o meu closet, fechando a porta atrás de mim. Eu me senti como um agente secreto. Embora muito amador. — Olá? — Perguntei, sem me preocupar em ligar a luz do closet. — Kinsley, diga-me o que está acontecendo. Como Tara descobriu? — Ele parecia cansado. Afundei no tapete e empurrei as roupas que caíram na minha frente como uma cortina. — Ela e algumas outras pessoas nos viram entrar em seu quarto em uma das festas, e ela disse que estava claro que tínhamos acabado de ter sexo. A treinadora Davis me disse para ficar longe de você e eu não ouvi. Liam não falou imediatamente. Eu podia ouvir sua respiração estável e ele finalmente gemeu. — Lidei com babacas antes, mas ela é astuta.


— Sim, bem, você pode dizer quão esperta ela é quando nós dois estivermos fora de nossas equipes. — Não deixarei isso acontecer, Kinsley. Tara não é o fim da linha de tudo. Ela não pode fazer nada para mim, e não a deixarei tocar em sua carreira. Vamos cobrir as nossas bases no treino. Agir normalmente e tentar lidar com a merda de Tara por mais alguns dias. Vou planejar algo. Balancei a cabeça na escuridão. — Parece bom, treinador. Ele riu. — Sinto muito que a nossa relação é uma bagunça fodida. — Ei! É a nossa bagunça fodida, está bem? — Brinquei. — Você lembra quando eu perguntei se você se arrependeu? — Perguntou. Sorri com a lembrança. — Sim. Eu disse que o deixaria saber em algumas semanas. — Você pensou? É claro que eu pensei. Não me arrependi por nem um único momento, nem mesmo quando a minha mão escorregou em alguns fluidos questionáveis no banheiro do campo naquela manhã. — Nah. Acho que preciso de mais algumas semanas para pensar sobre isso ainda. — Você só está me prendendo, Kins. Eu ri. — Tenho que mantê-lo nas pontas dos pés. — Então pensei em algo que me incomodou o dia todo. — Sabe, realmente não entendo o que Tara ganha com tudo isso. Eu entenderia se estivesse disputando a posição dela ou algo assim, mas não estou. Ela fez Emily chorar hoje.


Ele suspirou. — Ela me paquerou no ano passado em uma festa. Bem, ela fez isso algumas vezes, mas finalmente veio diretamente, colocando seu interesse em cima da mesa. Obviamente, eu recusei. Não sei se ela ainda está chateada com isso ou não. — Eu. Eu. Eu. Eu não quero imaginar você e Tara juntos. — Não há nenhum juntos. — Ela é como o vilão em um filme da Disney. Ele riu. — Pior. Sorri pela quinquagésima vez desde que atendi seu telefonema, e aumentei para cinquenta e um o meu total de sorrisos no dia, porque eu estava sorrindo depois de pensar nisso. — Podemos falar de outra coisa antes que eu vá para a cama? Não quero sonhar com ela. — Minha mãe vem me visitar em poucas semanas, — disse ele. — Ah, é mesmo? Onde ela mora? — Inglaterra. Meu pai se mudou pelo trabalho quando eu era jovem. — Ah. — Ela vem para um dos meus jogos. Eu gostaria que você a conhecesse. Chupei uma lufada de ar. — Oh Deus, essa é a sua maneira de me acalmar antes de dormir? Casualmente soltando o fato de que eu terei que impressionar sua mãe em poucas semanas? — Eu ri. — Minha mãe é incrível e descontraída. Você não precisa ganhar a aprovação dela. Você já terá por eu gostar de você. — Ooohh, então você gosta de mim? — Eu gosto de você.


— Você gosta de mim mais do que M&Ms? — Como você sabe que eu gosto de M&Ms? Eu ri, pensando no cinema drive-in. — Ontem à noite você cheirou o saco inteiro antes que eu pudesse pegar algum. Ele riu ao telefone. — Ah, meus M&Ms me cegam. Desculpe meus maus modos. — Você não respondeu minha pergunta. — Kinsley, eu nunca gostei de qualquer garota mais do que eu gosto de M&Ms. Eu ri e deixei minha cabeça cair contra a parede. — Estou chegando perto? — Brinquei. — Eu diria que eu gosto de você mais do que o M&Ms normal, mas você terá que realmente se esforçar se quiser superar o de amendoim. — Tenho um caminho difícil pela frente. — Acho que você consegue, — ele brincou, e sorri contra o telefone. — Desafio aceito.


Capítulo 17 O café estava lotado quando cheguei para a minha entrevista com Brian King no dia seguinte. Passei a mão na frente da minha saia lápis e tentei parecer confiante enquanto eu passava pelas mesas à procura de um sorriso que fosse brilhante o suficiente para pegar o meu reflexo. Brian King estaria ligado a ele. Becca me ajudara a escolher a roupa perfeita. Eu vestia uma bonita blusa de seda para dentro de uma modesta saia justa, a qual terminava logo acima do meu joelho. Meus saltos gatinho31 batiam contra o chão de madeira até que cheguei a um ponto nos fundos da loja de café. Brian estava sentado em uma mesa com um fotógrafo, mas eu não conseguia processar o fato de Josh também estar sentado à mesa com ele em uma bela camisa de botão e calça. — Oh, Olá? — Murmurei com uma carranca suave enquanto caminhava para eles. Josh olhou para mim e sorriu, enquanto Brian me deu um sorriso hesitante. — Oi, Kinsley. Por favor, por favor, sente-se. Como você pode ver, houve uma ligeira mudança de planos. Mudei o meu olhar entre Brian e Josh. — O que está acontecendo?

31 Saltos finos de 3,5 a 5 centímetros com uma leve curva. Apesar de serem mais baixos são considerados saltos sexies.


— O editor da revista me ligou esta manhã e me informou que Josh se juntaria a nós para a entrevista. A revista quer ir em uma direção diferente dessa vez. Larguei minha bolsa no chão ao lado da minha cadeira e sentei-me onde Brian me indicou. — Qual a direção que eles querem ir exatamente? — Perguntei, olhando Josh com ceticismo. Seu sorriso era um pouco largo demais para o meu gosto... Como se ele fosse o gato que, finalmente, encontrou o canário. — Oh, apenas destacar dois novatos, em vez de um, — ele começou, como se a ideia toda fosse bastante inocente. — Josh é um estreante nos Stars e você é uma novata na ULA, mas ambos tentarão entrar para os Jogos Olímpicos nos próximos meses. Isso torna o artigo mais coerente. — A maneira como Brian explicou, o artigo parecia inofensivo. Se eles queriam incluir a nós dois, eu não teria problema com isso. Os dois homens estavam sentados lá esperando por minha resposta. — Hum, tudo bem, suponho que isso seja bom? — O que eu faria? Brigar por causa de uma ligeira mudança de planos? Josh era um bom jogador de futebol, ele merecia o centro das atenções, também. — Ok, ótimo! — Brian bateu as mãos e empurrou alguns papéis para mim. — Há apenas algumas coisas que preciso que você assine antes de começar. Basicamente, isso afirma que as fotografias tiradas durante a entrevista podem ser usadas pela revista e que vamos postar suas palavras literalmente, de modo que você está protegida de edições. Mordi meu lábio inferior enquanto fiz uma varredura sobre os documentos, de repente desejando que a minha mãe estivesse aqui comigo. A assinatura de contratos de qualquer natureza sempre era intimidante. — Você já assinou o seu? — Perguntei, olhando para Josh.


— Pouco antes de você chegar aqui. Pareceu-me tudo bem, — ele deu de ombros e me ofereceu um pequeno sorriso. — Fique a vontade, Kinsley. Vou pegar um pouco de café para você. Brian se afastou e tentei me esforçar para ler os detalhes do contrato. Era curto e simples o suficiente, então assinei na linha pontilhada, e empurrei a papelada para o lado de Brian. — Como você está? — Josh perguntou, inclinando-se para mim. Vi a câmera do fotógrafo se abrir e fechar em rápida sucessão. Acho que as fotos começavam imediatamente após a assinatura do contrato. Inclinei-me para longe de Josh, de modo que seria mais difícil nos colocar na mesma foto. — Tudo bem. Só muito ocupada. Ele sorriu e estendeu a mão para tocar a parte de trás da minha cadeira. — Você está indo bem, obviamente, se a revista quer entrevistá-la. Sorri com força e balancei a cabeça. Felizmente Brian voltou logo, me salvando de mais estranha conversa fiada. — Aqui estão, vocês dois, — disse Brian, entregando o nosso café e me mostrando seu enorme sorriso. Ele cegaria pessoas com aqueles dentes se não tivesse cuidado. — Obrigada. — Sorri com força e me concentrei em derramar creme e açúcar em minha caneca enquanto Brian brincava com a papelada e ligava um gravador. — Começarei a gravar agora, se estiver tudo bem? Josh e eu concordamos. A entrevista passou rapidamente e percebi logo que não tinha nada para me preocupar. As perguntas eram semelhantes às que Brian enviou no outro dia. Respondi de acordo com o que a treinadora Davis e eu combinamos. Perto do fim,


Brian começou a fazer perguntas sobre o meu relacionamento com Josh. Eu respondi simplesmente que superamos nosso rompimento confuso e nos concentramos mais em nossa amizade. Josh, felizmente, seguiu o exemplo. — Vocês dois foram ótimos. Muito obrigado. Vamos tirar algumas fotografias e terminamos aqui.

Assim que saí do café, mandei uma mensagem para Liam para que ele soubesse sobre a mudança de última hora. Kinsley: Josh estava na entrevista. Liam: O que? Por quê? Kinsley: Eles queriam destacar dois novatos ao invés de um. Pareceu tudo bem. Li o contrato antes de assinar. Liam: Você deveria ter ligado pra mim ou para treinadora Davis. Kinsley: Por quê? Liam: Não confio em repórteres. Estou prestes a jantar com os meus treinadores. Falamos mais tarde. Por uma fração de segundo eu estava zangada com Liam por ser dramático... mas depois, entendi suas preocupações. Ele foi uma parte desta indústria por muitos anos, então talvez eu devesse ter passado o novo estilo de entrevista com ele ou a treinadora Davis primeiro, mas nem sequer pensara nisso. A pior parte era que Liam estava absolutamente certo. Mais tarde naquela noite, Emily correu para o meu quarto com os olhos arregalados e seu computador


embalado nos braços. Becca e eu assistíamos Missão Madrinha de Casamento, mas paramos quando vimos o olhar no rosto dela. — Você teve entrevista hoje? — Ela perguntou com cautela. Endireitei-me na cama. — Sim, mais cedo. Por quê? Ela virou o computador e me mostrou a primeira página de um site de esportes popular. Romance Entre Candidatos Olímpicos estava escrito em letras gigantes na parte superior da tela. A foto que acompanhava isso me fez querer vomitar. Josh estava com o braço em minha cadeira e nós dois sorrindo largamente. A pior parte de tudo era que ele olhava para mim com carinho. Embora, no momento, eu quisesse chutar as pernas dele sob a cadeira, para um olho destreinado, a foto era uma evidência irrefutável. — Que diabos!? — Gritei, pulando da minha cama para ver melhor. Eu tinha que parabenizar a revista. Em menos de quatro horas eles começaram a colocar teasers e fotos para promover o artigo que seria publicado em algum momento nos próximos dias. Esses canalhas eram pontuais. — Que porra de repórter! Este artigo era para ser sobre futebol, não sobre Josh e eu. Passei os dedos pelo meu cabelo e fechei os olhos. Merda. Merda. Merda. Liam estava certo. Repórteres não são confiáveis. Depois de tudo o que estava acontecendo, agora eu poderia adicionar este artigo ao topo da lista. Peguei meu celular, liguei para minha mãe e contei para ela. — Podemos lutar contra isso? — Perguntei, andando para lá e para cá enquanto Becca e Emily observavam com expressões chocadas.


— Nós teremos que esperar e ver o que o artigo fala. Talvez eles queiram jogar um potencial romance nas chamadas de modo que o artigo se torne mais popular. Não se preocupe com isso. A foto é inofensiva e você parece bonita. Tente dormir um pouco e vamos lidar com tudo quando soubermos mais. — Eu me sinto tão usada, mãe. Eles disseram que seria sobre o futebol e os meus testes. Estou começando a perceber que ninguém realmente se importa com a minha carreira de futebol. Eles estão me fazendo famosa da mesma forma que fazem nos realitys das estrelas. Kim, Khloe, Kourtney32 e Kinsley! — Você não acha que isso é mais uma razão para se concentrar nas eliminatórias olímpicas? Lembre-se disso quando estiver se esforçando para treinar mais duro. Acho que é melhor evitar quaisquer entrevistas e eu farei com que o pessoal de Relações Públicas do seu pai libere um comunicado explicando que seu único e principal foco agora é futebol, e nada mais. Vamos esclarecer isso. Suspirei, já me sentindo melhor. — Tudo bem, obrigada, mamãe. — Amo você. Ficará melhor. Quando desliguei, Becca e Emily não disseram uma palavra. Ambas esperavam que eu fizesse o primeiro movimento. — Vamos fingir que isso não está acontecendo e voltar a assistir o filme. — Soa como um plano, — Becca balançou a cabeça e apertou o play. Voltei para a minha cama, peguei as cobertas, e me amontoei debaixo delas. Pelo resto da noite, eu fingi que minha vida era muito simples, como se tudo o que eu precisasse focar fosse rir com as piadas de Missão Madrinhas de Casamento e sair com as minhas duas amigas. Eu não seria Kinsley Kardashian.

32 Irmãs Kardashian.


O artigo completo foi liberado no dia seguinte e estava estampando em cada site que eu pudesse encontrar, desde TMZ até New York Times. Não me incomodei em lê-lo. Sabia que seria ruim com base nas fotos anexas. Eles haviam fotografado e manipulado cada uma para fazer parecer como se Josh e eu estivéssemos juntos. O feliz casal Olímpico. Amordace-me. Ou, melhor ainda, amordace Josh. Deixaria a equipe de Relações Públicas do meu pai cuidar disso. Eles liberaram a declaração sobre alegações falsas e eu me preocuparia com as coisas que poderia realmente controlar, que naquele momento era uma coisa: futebol. Inicialmente, fui para o campo e corri. Fiz alguma musculação e tentei usar toda a minha energia reprimida em algo produtivo. No momento em que o treino começou, eu estava pensativa e cansada. Liam estava em um humor terrível, pior do que eu já vira antes. Quando nos separamos em posições, estava irritado com todas nós. Seu humor estava me distraindo e continuei me atrapalhando nas formações. Finalmente, ele virou para mim. — Kinsley, coloque sua cabeça no jogo. Isso não é tão difícil, e você teve todo o verão para trabalhar isso. — Seu tom de voz foi duro e algumas meninas ficaram observando-o com a boca aberta. Tara, que estava a poucos metros atrás de mim, murmurou: — Uh oh, os amantes brigaram? Algumas veteranas riram, e naquele momento eu enlouqueci. Havia um tanto que eu poderia aguentar, e ter Liam gritando comigo na frente das minhas inimigas foi a gota que fez transbordar o meu pânico. Virei e apontei diretamente para Tara. — Quer saber? Estou tão cansada de sua merda. Que tipo de capitã tenta sabotar sua própria equipe? Você sequer percebe o que está fazendo? Qual é o ponto de merda de tudo isso? Então, você


pode rir de mim com suas amigas depois do treino? Notícias, Tara: Ninguém gosta de você, porra eu aposto que Sofie e as outras veteranas são apenas suas amigas porque já foram chantageadas por você. — Pare, — Liam gritou, me agarrando pela cintura e me puxando para trás. Nem percebi que estava na cara de Tara até que de repente eu estava sendo arrastada. — Eu começaria a limpar meu armário se eu fosse você, Bryant, — ela falou com uma calma estranha, mas eu podia praticamente ver as rodas girando na cabeça dela. Eu acabara de despertar a besta e estava prestes a pagar por isso. Seus olhos eram afiados e seus lábios estavam torcidos em um calculado sorriso. Felizmente, a treinadora Davis estava do outro lado do campo, e tão logo o incidente começou tudo estava acabado. Por hora. Tara e as veteranas passaram para pegar água, e eu fiquei ali me refrescando e apreciando o fato de que eu estava sentada no olho do furacão. Liam e eu estávamos completamente silenciosos até que era hora dele ir, e pelo restante do treino, Tara e eu mantivemos distantes uma da outra. Meu coração batia como um beija-flor enquanto eu tentava processar como poderia de alguma forma parar a avalanche prestes a acontecer. Era isso. A merda estava prestes a bater no ventilador e eu não estava pronta. Estava uma pilha de nervos pelo resto do dia. Não poderia entrar em contato com Liam depois do treino, mas não poderia ir para a treinadora Davis antes de falar com ele primeiro. Não havia mais tempo para esperar. Se Tara ia até a treinadora Davis, precisávamos derrotá-la lá. Por tudo que eu sabia, já era tarde demais. Tara poderia ter ido diretamente para ela depois do treino. — O que você fará? — Perguntou Becca. Ela estava sentada na beira da minha cama e eu estava de pé, andando para lá e para cá em meu tapete. Eu me senti como um animal enjaulado. Meu coração não parava de bater e minhas mãos estavam fechadas em punhos. Percebi quão tensa estava e tentei relaxar, mas


então, o rosto de Tara se materializava em meus pensamentos e eu voltava com a raiva tensa. — Não tenho uma maldita ideia. — Kinsley, isso é sério... vai que Tara... — Eu sei. Eu sei disso, — eu a cortei e estendi a mão para pegar meus tênis de corrida. Já era tarde, talvez oito ou nove horas, mas eu precisava me exercitar. — Vou voltar daqui a pouco, — eu murmurei, descendo as escadas e saí pela porta da frente sem olhar para trás. Corri pelo gramado da frente e virei à direita para uma rua vazia. Ouvir meu pé bater contra o asfalto foi como acordar de um sonho nebuloso. Até aquele momento eu pensei que era invencível. Mas, na realidade, eu colocara meus sonhos, meu futuro e minha carreira em risco por um cara que eu só conheci a algumas semanas. No grande quadro da minha vida, Liam era um ponto na linha do tempo, no entanto, ele era capaz de apagar tudo o que poderia vir depois dele. E para piorar as coisas, eu não tinha ninguém para culpar, além de mim mesma. Eu escolhi aproveitar a oportunidade. Escolhi viver o momento e testar o destino. E se a treinadora Davis me chamasse no escritório dela amanhã e me dissesse que eu estava fora do time? E se ela dissesse que eu não seria convidada para a seletiva olímpica? O que eu teria, então? Liam? Como eu poderia olhar para ele sem ver o meu fracasso? Continuei correndo até que o medo afundara profundamente em meus ossos. Este foi um alerta. A chamada para despertar que eu temia ter chegado muito tarde. Talvez se eu explicasse tudo para a treinadora Davis ela me desse outra chance. Eu não tinha outra opção. Não estava preparada para desistir de meus sonhos. Pensava nesse fato enquanto dobrava a esquina para minha casa e vi a SUV de Liam no meio-fio. Ele estava estacionado em frente à casa das novatas em vez de se esconder na esquina. Meu estômago afundou ainda mais baixo e desacelerei


para uma caminhada enquanto me aproximava do carro dele. Meu coração batia no meu peito, mas eu não conseguia controlar o seu ritmo. A corrida e esta surpresa foram demais para os meus nervos manusearem. Passei pelo SUV e olhei para dentro, mas estava vazio. A porta da frente se abriu atrás de mim e me virei para encontrar Liam saindo. Seu cabelo estava desgrenhado. Seus olhos estavam afiador e se estreitaram em mim. Algumas das meninas do segundo ano olharam pela estreita brecha antes de fechar a porta atrás dele. — O que você está fazendo aqui? — Perguntei, congelada no lugar. — Informando a equipe que não irei treiná-las mais. Minha respiração parou. — O quê? Ele continuou se aproximando de mim, sua expressão indiscernível. — Falei com o LA Stars e a treinadora Davis hoje, — ele explicou, passando a mão ao longo de seu queixo. Senti meu mundo parar. Puta merda, ele fez isso. Estendi a mão para cobrir minha boca com a mão, esperando a sequência dos eventos. — Tudo está aberto agora. Tara não pode chantagear você e a treinadora Davis lidará com ela separadamente. Ele não me dizia o que realmente importava. O que realmente importava era, será que eu ainda tenho os meus sonhos ou não? — O que acontece? O que acontece agora, Liam? Ainda estou na equipe? Você ainda está na equipe? Você ainda tem seus contratos publicitários? — De repente eu me senti tão perto de explodir como estava antes da corrida. Eu não poderia lidar com o stress. Era demais. Liam parou na minha frente, pegando a minha mão. Eu o deixei porque era mais fácil, mas não tinha certeza se queria que ele me tocasse.


— O LA Stars ficou apreensivo sobre uma potencial reação negativa da imprensa, mas não quiseram me chutar do time por algo assim. Alguns dos meus patrocinadores ficaram chateados e sim, o meu patrocínio mais conservador me deixou. Eles não sabem como a mídia conduzirá a história e não querem me dar uma chance, eu serei capaz de falar com outros. Esta tarde, eu contei para a treinadora Davis uma versão atenuada da verdade, que Tara estava interessada em mim e que eu estava interessado em você. Ela estava maltratando você e algumas outras novatas, e ameaçando usar fatos falsos para te expulsar da equipe. — Eles não eram fatos realmente falsos, — sussurrei. — Tecnicamente, eles são. Nunca fizemos sexo, — corrigiu Liam. Ele contornava as coisas naquele ponto, mas não me importei em discutir. — A treinadora Davis e eu concordamos que seria melhor se eu parasse de treinar a equipe para que o drama morresse. — Mas você não está em apuros com o LA Stars? Ele balançou a cabeça. — Nunca estive em apuros com o LA Stars. Era tudo apenas besteira da mídia. Joguei melhor nas últimas semanas do que tenho jogado em toda a minha carreira. Eu ouvi isso direito? Ele conversou com a treinadora Davis e o LA Stars. Ele me dizia que estava tudo bem. Ele me dizia que o pior da tempestade passou, mas meu cérebro ainda não compreendia. Meu coração ainda estava acelerado e eu só precisava de alguns momentos para absorver tudo. — Kinsley, está resolvido agora. Não temos que esconder... Balancei a cabeça, uma vez e, em seguida, duas vezes, tentando limpar tudo. Cinco minutos atrás meus piores medos estavam borbulhando. Eu tinha um gostinho do que seria se a minha carreira no futebol fosse puxada debaixo de mim e foi o momento mais assustador da minha vida. Dei um pequeno passo para trás.


— Kinsley? — Ele perguntou com cautela. Depois de tudo o que ele acabara de explicar, eu deveria ter sentido alívio, mas ao invés disso eu me senti como se estivesse com de ressaca. — Só preciso de alguns momentos para pensar. Estou exausta... — respondi honestamente. — Falarei com você amanhã, ok? Obrigada por explicar tudo. Sei que provavelmente foi assustador encarar a todos sozinho. — Ei – eu disse que cuidaria dela. Não quero que você se preocupe com nada. Eu teria feito qualquer coisa para me certificar de que nada disso tocasse em você – que a sua carreira não fosse comprometida. Suas palavras me fizeram bem, mas não poderia deixá-las se instalar. Eu era um copo cheio de água e a vida continuava tentando derramar mais líquido em mim. O excesso jorrava pelos lados, derramando-se. Só precisava de cinco malditos minutos para engolir alguns dos eventos de hoje antes de pensar sobre a adição de mais. Fechei os olhos e balancei a cabeça antes de passar em torno dele. Acho que precisava bloquear completamente a aparência dele; os olhos escuros, a testa enrugada, os lábios carnudos. Se não fizesse, não teria sido capaz de passar por ele. — Obrigada, Liam. Mas hoje eu percebi o quanto cheguei perto de perder tudo pelo que trabalhei e me sinto uma verdadeira idiota... Como a perdedora que escolhe um cara ao invés dos Jogos Olímpicos. — Virei e me dirigi para a casa. — É isso aí? Você vai desistir? — Ele gritou atrás de mim. Fiz uma pausa, olhando para a grama, com muito medo de olhar para trás em direção a seus olhos pensativos. — Acabei de colocar um monte na reta por você, Kinsley. Eu estava lá fora lutando por você, lutando por nós, no mesmo dia em que você e Josh foram eternizados em toda a porra da internet. Mas fiz tudo isso porque queria estar com você, eu queria todo o pacote e não nos esconder, não o romance proibido. Eu


queria levá-la para um encontro de verdade e mostrar que eu não tinha medo de começar algo verdadeiro com você... então do que você tem medo? Seus sapatos rangiam sobre o cascalho, e me virei a tempo de vê-lo entrando no carro e fechando a porta. Seu motor rugiu para a vida, e então ele se foi, acelerando pela rua e me deixando com minha luta interna. Do que eu estava com medo?


Capítulo 18 — Trouxe o jantar para você. Está com fome? — Perguntou Becca, colocando uma tigela de sopa e um sanduíche na minha cabeceira. — Não, só estou realmente cansada, — respondi, — mas obrigada. Era sexta-feira à noite e algumas meninas iam ver um filme. Eu optei por ficar no meu quarto. Tudo o que eu fiz nas últimas 36 horas foi comer, dormir e respirar futebol. Foi refrescante e apenas o que eu precisava para me lembrar do meu verdadeiro amor na vida. Becca puxou meu edredom para poder ver meu rosto. Acho que ela esperava que eu estivesse chorando; ao invés disso, ela encontrou meu cabelo sujo e maquiagem manchada. Também poderia haver um pouco de chocolate derretido no meu queixo, o qual eu tentava lamber pela última meia hora. — Percebo por que você está fazendo o que está fazendo, — ela começou, e fez uma pausa até que eu encontrei seus olhos castanhos. — É uma espécie de autopunição. Você quase se sentiu culpada por arruinar tudo, então agora você está se punindo. É besteira. Suas palavras me incomodaram. — O que você está falando? — Você se sente mal porque quebrou as regras e não foi pega. E então, quando você fez, nada realmente aconteceu. A vida continuou. Bem, sabe o quê? Talvez fosse uma regra estúpida em primeiro lugar. Você se afastaria de Liam se fosse autorizada a namorá-lo esse tempo todo? Escolhi assumir que era uma pergunta retórica.


— Vou ao cinema com as meninas, mas amanhã, você e eu vamos à casa de Penn. Eu já lhe disse que gostaria de ir, e você me deve isso, vai comigo. Esqueci completamente desses planos. Seria a primeira vez que Becca veria Penn desde que se conheceram e eu sabia que ela estava animada com isso. — Não sei... Ela ergueu a mão para me impedir. — Limpei um banheiro com uma escova de dente por você. Você irá. Ela tinha um ponto. — Você é minha melhor amiga, Becca. Obrigada por tudo. — Eu disse imediatamente antes dela sair. — De nada, mas você ainda irá, — ela riu, fechando a porta atrás dela.

Sábado de manhã eu planejei me reunir com a treinadora Davis no café da manhã. Havia ainda algumas peças do quebra-cabeça que não foram esclarecidas e ela pediu para se encontrar comigo para que pudéssemos limpar o ar. Embora eu achasse que ela não me chutaria do time, eu ainda me sentia nervosa sobre ser repreendida por alguém que admirava. — Bom dia, treinadora Davis, — eu disse, sentando-me na frente dela. Ela olhou por cima de seu café e sorriu. Era estranho vê-la fora do treino. Ela parecia tão bem em sua echarpe e jeans. Como uma pessoa real e não apenas uma treinadora de futebol. Se nos reuníssemos em circunstâncias diferentes, eu teria elogiado sua roupa. — Bom dia, Kinsley, Como você está? — Perguntou.


— Estou bem. Eu me sinto bem depois dos últimos dias de treino. Acho que a equipe está realmente bem. Ela assentiu com a minha resposta, mas as bordas de seus olhos se enrugaram como se tentasse ver algo que eu não estava mostrando a ela. Sua mão fez um gesto para o assento em frente a ela e rapidamente me embaralhei para sentar e ficar confortável. Quando estava finalmente confortável, eu olhei para cima e respirei fundo. — Eu a chamei aqui hoje por duas razões. A primeira era que eu queria pedir desculpas a você especificamente. Coloquei Tara em uma posição de poder na equipe e gostaria de ter prestado mais atenção na forma como ela abusava desse poder. As coisas que ela fez Emily e Becca passarem são indesculpáveis, e não é a maneira que eu quero conduzir o meu programa. — Treinad... — Não terminei ainda. Eu me esforço para criar um programa onde vocês possam vir a mim com qualquer problema. Balancei a cabeça e tomei um gole de água. — Em segundo lugar, nós duas sabemos que o seu comportamento com o treinador Wilder foi extremamente inadequado. Você escolheu passar por cima da sua equipe e foi contra as regras que eu estipulei por uma razão. — Estremeci com as palavras dela. — Agora, dito isto, eu entendo que esta situação particular foi um pouco não ortodoxa. Liam era voluntário na nossa equipe, e tecnicamente, ele não estava na equipe da ULA. A regra foi posta em prática para que vocês mantivessem o foco e, para ser honesta, não quero nenhuma de vocês se machucando. Quando Liam veio até mim e explicou a situação, os sentimentos dele por você eram muito aparentes. Não sou tão cruel a ponto de acabar com um novo amor. Deixarei todas vocês fazerem isso sozinhas. Sorri com a piada dela e levantei os olhos da minha água. — Então, para onde vamos a partir daqui?


— Bem, Liam não está mais com a ULA, então o seu relacionamento com ele não é mais da minha conta. — Então, eu poderia tecnicamente namorá-lo? A treinadora Davis sorriu gentilmente. — Você teria que perguntar a ele. Ah, certo. Havia um pequeno problema relativo ao provável ódio de Liam por mim. Ele deixou a bola no meu lado do campo quinta à noite, e em 48 horas não houve qualquer comunicação entre nós desde então. Pensei que era isso que eu precisava. Estava me sentindo sobrecarregada e queria ter um tempo para colocar os meus pensamentos em ordem. Bem, meus pensamentos definitivamente apagaram, e a única coisa que me preocupava era o fato de que Liam e eu já não estávamos mais na zona proibida. Fiz uma pausa antes de fazer a próxima pergunta. — E quanto a Tara? A treinadora Davis tomou um gole do café e estreitou os olhos, como se para recolher os pedaços de seus pensamentos. — Tara falou comigo ontem e me deu um ultimato: — Ou você sai ou ela. Meu coração começou a bater no meu peito. — Ah. — Mas a última vez que verifiquei, Tara não era a Treinadora Tara, — a treinadora Davis endireitou-se e cruzou os braços sobre o peito. — Graças a Deus, — murmurei sob a minha respiração. Ela sorriu. — Eu disse a ela para arrumar as coisas dela e sair. Eu estava preparada para oferecer a ela uma segunda chance, mas o fato dela estar tão cega pelo ódio por você a ponto de expulsar uma das melhores jogadoras da equipe do nosso programa mostrou quão pouco ela realmente se preocupa com o programa. Santo inferno. — Uau.


— Haverá alguns ajustes, mas me sinto bem com a decisão e acho que a equipe realmente se beneficiará. Vamos votar pela nova capitã na segunda-feira. — Realmente não sei o que dizer. A treinadora Davis me olhou por um momento e então se inclinou, como se não quisesse que eu perdesse uma única palavra. — Você tem uma boa cabeça em seus ombros, Kinsley. Nas poucas semanas que você está no programa, já teve bastantes desafios jogados em você, mas não importa o quê, você não deixa isso afetar o treino ou o seu compromisso com a equipe. Você teve várias oportunidades de enfiar-se no centro das atenções, mas eu acho que a maneira que conduz sua carreira é muito sábia. Frequentemente, os atletas se dão um tiro no pé, chegando ao status de celebridade antes de aprimorarem suas habilidades. Sua advertência me fez lembrar Liam. — Você acha uma má ideia eu ficar com Liam? Se preciso ficar longe dos holofotes? — Acho que você não poderia encontrar um companheiro melhor do que Liam. Ele tem uma reputação, como já avisei, mas agora você já viu em primeira mão como a imprensa gosta de enfeitar as histórias sobre os jovens atletas. Ele é um jogador de futebol muito bom e eu acho que você poderia aprender muito com ele. Uau. Não podia acreditar no caminho que a conversa estava indo, mas estava muito feliz por ter concordado em me encontrar com ela. A indefinição em torno dos últimos dias começava a se definir e minhas opções estavam bem diante de mim, pronta para eu tomá-las. — Muito obrigada, treinadora Davis. Por tudo. Prometo que não serei leviana com a minha segunda chance.


— Bom, agora que tudo está em ordem. Estou morrendo de fome. — Ela piscou e me entregou um menu.

— Penn disse que a casa dele é na praia, então vamos usar trajes de banho sob os nossos vestidos, no caso das pessoas estarem nadando, — Becca declarou quando saímos da cama para começar a nos arrumar. — Ok, eu tenho essa roupa que é suficientemente chique para ser usada em uma festa, — eu disse, indo em direção ao meu closet. Era de seda, um azul glacial, e envolvia o meu corpo, cruzando na frente para se fechar quando eu enfiasse meus braços nas alças finas. — Hmm, eu não sei ao certo o que tenho. Eu poderia apenas usar um bom top e um short? Achei a roupa pendurada no meu closet bem ao lado de outra idêntica. Eu esqueci que a minha mãe louca encomendara o vestido em várias cores. Um azul e um fúcsia. Acho que eles eram uma parte de um pacote temático, Maui. Não estou brincando, a mulher é dedicada. — Ah, esqueci, a minha mãe comprou dois! Se não for muito esposas-irmãs, nós duas poderíamos usar? Becca correu para o closet com um sorriso tonto. — Perfeito. — Você deve usar o lenço no seu cabelo loiro, — eu disse, empurrando o vestido para ela. — Nós vamos parecer como melhores amigas de quatorze anos de idade que têm de combinar onde quer que vá.


Eu a empurrei para fora do meu closet para que pudesse vestir o meu biquíni. — Nós meio que somos. — Ei, espere, você está nervosa para ver Liam? — Ela perguntou quando comecei a fechar a porta na cara dela. — Não. Não. Nadica. Nada. Quem é esse? — Eu menti, esmagando-a para sair pela porta. Eu estava tão fria como um pepino. — A senhora protesta demais! — Ela gritou, caminhando em direção ao banheiro. Enquanto eu viver, me arrependerei de não esfregar o episódio da cera quente na cara dela. Uma hora depois estávamos saindo de casa em nossas brilhantes e sedosas saídas de praia. O cabelo de Becca parecia elegante e sexy e ela enrolou o meu para que ele caísse nas minhas costas em ondas praianas. A casa de Penn era no final da estrada de Malibu, mas não me importava em dirigir pela Pacific Coast Highway. Você pensaria que após viver em Los Angeles toda a minha vida eu estaria cansada do oceano, mas a maior parte do tempo eu estava muito ocupada para viajar apenas por diversão. Fazia quase um ano desde que eu saíra de Malibu, e quando chegamos à casa de praia, Becca e eu trocamos acenos, impressionadas. Penn tinha uma casa moderna, com muitas janelas limpas e alinhadas. Podíamos ver as pessoas se misturando lá dentro, portanto, passamos pela porta da frente e fomos recebidas por música e risos. — Isso não é tão ruim, — Becca assentiu. A festa era íntima em comparação com as últimas semanas, e a multidão parecia tendenciar um pouco para os mais velhos do que as festas do LA Stars. Havia pessoas se misturando ao redor com coquetéis e cerveja, mas não reconheci ninguém imediatamente. — Bem lembrado os trajes de banho, — balancei a cabeça, notando que alguns dos caras vestiam sunga e camiseta.


— Devemos ir buscar uma beb... Becca estava a meio caminho de sua sentença quando foi interrompida. — Becca, Kinsley! — Josh gritou justo quando me virei para vê-lo se aproximando de nós. Ele havia tirado a camisa e seu largo peito estava em exposição. Eu poderia dizer por sua caminhada estranha que ele já estava embriagado. — Oi Josh, — respondi simplesmente, não tendo certeza de onde estávamos. Certamente, ele não sabia que o artigo poderia girar em torno de nós, então eu não poderia culpá-lo por isso. Mas ainda me deixava com um gosto ruim na boca. — Vocês duas parecem gêmeas, — ele sorriu, lançando seu olhar entre Becca e eu, e novamente. Becca abafou o riso cobrindo a boca. Ele estava apenas embriagado o suficiente para ser inofensivo e acho que gostava mais dele desse jeito. — Devemos festejar, vamos lá, — ele estendeu a mão para o quadril, mas saí do alcance dele. — Na verdade, Becca e eu íamos usar o banheiro, — menti, dando-lhe um simples sorriso. Ele comprou. — Ok, venha me encontrar quando terminarem. — Nós vimos ele se afastar e fomos engolidas pela multidão de pessoas entre nós. — Ele deve ter começado a beber cedo, — Becca observou, e olhei para o meu telefone. Era apenas 19:00 horas. Ele estaria assim a caminho de desmaiar se mantivesse o mesmo ritmo. — Não é meu problema mais! Vamos encontrar bebidas. Enganchei meu braço com o dela e atravessamos a festa. Poucas pessoas pararam para nos ver passar, mas acho que eram os vestidos iguais que atraíam o olhar.


A casa de Penn era aberta. A sala de jantar abria para a sala e se expandia para outra área de estar. Toda a parte de trás da casa era composta por piso até o teto, janelas que davam vista para uma piscina e uma perfeita vista do oceano. — Nossa. Este lugar é incrível, — Becca murmurou quando nós duas paramos para assistir o pôr do sol por um momento. — Fico feliz que vocês gostem, — Penn respondeu atrás de nós. O corpo de Becca se acalmou e então ela desembrulhou seu braço do meu. Quando se virou para encará-lo, eu poderia dizer que ela tentava disfarçar sua alegria atrás de uma fachada legal, mas não havia como esconder isso. Ela ficou emocionada ao vê-lo. — Oi! — Ela sorriu para ele, e mudei meu olhar para Penn. Seu cabelo escuro estava para trás e seus olhos castanhos brilharam um pouco quando sorriu para ela. Sua cabeça estava inclinada um pouco para o lado como se tentasse absorver tudo dela, mas não conseguisse descobrir por onde começar. Ele usava uma branca camisa de botão xadrez enrolada em seu antebraço. E vestia calções vermelhos escuro. — Estou tão feliz que vocês vieram, — Penn disse, finalmente olhando por um breve momento para mim. Era como se ele precisasse lembrar que eu estava ali de pé ao lado de Becca. Uau, esse cara estava caidinho. — Oi, Penn. Você tem uma casa incrível, — elogiei, varrendo a minha mão ao redor da sala. — Há quanto tempo você mora aqui? — Senti como se eu tivesse que conduzir a conversa. Becca não conseguia tirar o sorriso do rosto a tempo suficiente para realmente falar. Ele passou a mão ao longo da parte inferior do queixo em pensamento. — Eu acho que dois anos. Liam e eu queríamos investir em algumas propriedades vizinhas, então pegamos esses dois lugares assim que entrou no mercado. Vizinhos de propriedades? — Pensei que Liam era dono da casa em que os LA Star vivem? — Perguntei.


— Ah, sim, a casa é dele, assim como essa ao lado, — Penn esclareceu, apontando pela janela. Segui seu olhar para a casa no lote vizinho. A casa de Liam aparentemente era linda. Parecia tão bonita como a de Penn, mas os estilos eram completamente diferentes. Havia uma varanda gigante ao redor e tapume branco. Persianas azul marinho perfeitamente penduradas em cada janela e luz inundando o piso inferior, como se atraísse as pessoas para a casa. Eu me perguntei se ele estava lá agora, em vez de desfrutando da festa. — Ele estava reformando algumas coisas, de modo que estava hospedado na outra casa, enquanto eles terminavam. Ah, lembrei-me dele mencionar isso, e também explicar por que nunca me levou para lá quando tentávamos nos esconder. — Nós vestimos trajes de banho. As pessoas costumam nadar? — Becca perguntou, puxando-me de volta para a conversa. Penn sorriu. — Sim, mas não até mais tarde. Normalmente, quando a multidão diminui. É mais divertido dessa forma... Oh sim, eu aposto que é. Becca mordeu o lábio e assentiu. Eu poderia dizer que ela estava nervosa. Sua mão segurava o cotovelo oposto e ela só fez contato visual com Penn por breves momentos. — Vocês querem que eu as leve para um pequeno passeio? — Penn perguntou, olhando Becca. Achei que era provavelmente a minha hora de virar. — Vão em frente. Vou pegar uma bebida e acho que vi um amigo meu ali. — Não havia nenhum amigo, mas eles não me deixariam sair caso contrário. Os olhos castanhos de Becca se prenderam nos meus, e por um momento eu não poderia dizer se ela estava me agradecendo ou suplicando para não deixá-la. De qualquer maneira, eu dei de ombros e dei-lhe um polegar para cima quando Penn virou.


Enquanto esperava que ela o alcançasse, eu me perguntava se seu passeio incluiria uma visão especial da parte inferior de Penn. Após eles estarem fora de vista, eu andei até a área de bebidas em que um servidor bem vestido estava chacoalhando coquetéis. Tecnicamente eu não tinha idade suficiente para beber, mas não era como se o cara fosse me pedir identidade em uma festa como esta. — O que posso fazer por você? — Perguntou o cara com um sorriso educado. Ele misturou uma bebida para outra pessoa enquanto falava comigo, e por um momento eu só o assisti em ação. — Não sei, na verdade. Acho que não quero uma cerveja, mas não conheço muitos coquetéis. — Você já experimentou um greyhound? — Ele perguntou, terminando uma bebida e entregando-a para a pessoa ao meu lado. — Não, existe isso? — Perguntei com um sorriso tímido. — É parte vodka, parte suco de toranja33, e decorado com um pouco de limão ou lima, — explicou em um tom amigável. — Isso soa incrível. Tomarei um desses, — eu disse, alcançando minha bolsa por uma gorjeta. Conversamos casualmente enquanto ele misturava a minha bebida. Amei a tonalidade rosa escuro da mistura final, e no momento em que tomei um gole, eu sabia que ele acertara em cheio. Estava uma delícia. A toranja cortou a vodca, de modo que a combinação era apenas doce suficiente para ser mortal. — Acho que essa poderia ser minha nova bebida favorita. — Elogiei. — Volte quando tiver acabado e farei outra.

33 A toranja ou toronja, também conhecida pelo seu nome em inglês grapefruit é um citrino híbrido, resultante do cruzamento do pomelo com a laranja


Sorri antes de voltar para a festa. Tomei um gole da minha bebida e observei a cena diante de mim. A multidão aumentara um pouco desde que chegamos, mas a casa era suficientemente grande, então havia pequenos grupos de pessoas, em vez de um mar de corpos. Eu olhava para cada um dos grupos, tentando encontrar alguém do mundo do futebol, quando vi Liam conversando com uma mulher bonita perto das janelas traseiras. A luz do pôr do sol atrás dele era incrivelmente bonita. Ele usava sunga preta e uma camisa preta do LA Stars. Seu cabelo estava um pouco espetado, despenteado mais do que o habitual, e eu sabia que ele precisava de um corte de cabelo em breve. Ele estava com um sorriso confiante e ostentando um olhar atraente que tornava impossível não notar a sua forte mandíbula. Eu praticamente podia sentilo deslumbrando toda a sala. As mulheres o consideravam com interesse à medida que passavam, mas ele estava focado exclusivamente na mulher na frente dele. Estava claro que eles se conheciam bem. Eles riam e conversavam com gestos. Antes que eu percebesse, segui diretamente em direção a eles em vez de ir na direção oposta. Não pude evitar. Eu era atraída para as chamas quando se tratava de Liam. Quando me aproximei, seus olhos cinzentos pousaram em mim pela primeira vez em três dias. Houve um flash de algo atrás de seu olhar: surpresa, luxúria, ódio... eu não poderia dizer, mas respirei fundo e desejei que minhas pernas me levassem para mais perto. Sua expressão não me deu nenhum palpite e senti o meu ritmo cardíaco acelerar, martelando dentro do meu peito enquanto ele observava minha abordagem. Dei um passo atrás da mulher com quem ele conversava, que ainda estava alheia à minha presença, e gentilmente toquei seu ombro. Ela se virou com um sorriso residual no rosto de tudo o que ela estava discutindo com ele. Era amigável, mesmo quando ela olhou para mim, e eu não tinha certeza se apreciava ou não. Se ela fosse o encontro dele, eu não queria que ela sorrisse amigavelmente.


— Posso ajudá-la? — Ela perguntou depois de ficar lá como uma pateta. Não havia planejado uma única palavra, por isso deixei minha boca assumir. Parecia a melhor opção. — Oi... você se importa se eu lhe interromper por um momento? — Perguntei, mantendo propositalmente meu olhar sobre ela, em vez de Liam. Não tinha certeza qual seria a reação dele e eu já gaguejava o suficiente sem olhar. Ela inclinou a cabeça em surpresa e ofereceu um sorriso divertido. — Claro, nada. — Ela virou em direção a ele. — Nós conversamos mais tarde, Liam. — Obrigada, — murmurei, mas quando ela se afastou, eu chamei. — Na verdade, você pode tê-lo de volta em cinco minutos... dependendo do quanto ele me odeie. Ela sorriu e ouvi a risada de Liam atrás de mim. Era obscura e suave como eu imagino que seja um copo de bourbon. Quando me virei para encará-lo, ele me olhava com calor suficiente para iniciar um incêndio. E não um incêndio fraco... um gigante e fumegante incêndio. Sua sobrancelha direita levantou apenas um pouco, os olhos cinzentos se estreitaram, e ele mostrava um sorriso íntimo, o qual disse que me tinha exatamente onde ele queria — anzol, linha e isca. — Sou todo ouvidos, — ele murmurou, cruzando seus braços sobre o peito largo. Levei um momento para reunir meu juízo, o qual ele roubara em um flash. — Você ia ficar com ela se eu não tivesse interrompido? — Minha voz tinha mais curiosidade do que ciúme. — Não, — ele sorriu, com um brilho nos olhos. — Ela é a minha agente. Ela me cobraria extra por serviços como esse. — Ha-ha. Ela é bonita, — eu disse com naturalidade. — Não é meu tipo.


— Qual é o seu tipo? — Perguntei, cruzando os braços protetoramente sobre meu estômago, com cuidado para não derramar a minha bebida. — Pernas longas, cabelos castanhos... o tipo de garota que finge que eu não existo por três dias e depois é confiante para me abordar em uma festa quando estou conversando com outra garota. Segurei o meu sorriso. — Não uma garota, sua agente. Ele sorriu e seu rosto relaxou gentilmente sossegado, como se fosse esculpido em pedra. Estudei a maneira como seus ossos da face se curvavam em seu definido maxilar. Era difícil me concentrar em qualquer outra coisa quando não havia ficado tão perto dele em dias. Era como se a resistência do meu corpo para o seu puro magnetismo houvesse desaparecido e agora eu começava novamente do zero. Sim, cérebro. Ele ainda é a coisa mais linda do mundo. — Você não sabia que ela era minha agente. Olhei para o chão e dei de ombros. — Eu falei com a treinadora Davis. — Como foi? — Ele perguntou — Tara foi expulsa da equipe. Ele ergueu as sobrancelhas. — Ela precisava ser, mas não achei que realmente fariam isso. — Ela facilitou demais para a treinadora Davis tirá-la, — murmurei e olhei o corpo dele. Suas tatuagens espreitavam por debaixo da manga esquerda da camisa e corei lembrando a imagem dele se trocando em seu closet. — Será melhor para toda a equipe ela ter saído, — Liam disse, dando um pequeno passo em direção a mim. Engoli após o nó na minha garganta.


— Ela também me disse que isso, — eu apontei entre nós dois, com medo de que estivesse sendo presunçosa ao dizer em voz alta que era um relacionamento, — não estava mais fora dos limites. Ele cruzou os braços e contornou a minha declaração completamente. — Eu não tinha certeza que você vinha — admitiu, dando mais um passo minúsculo em minha direção. Cada vez que eu inalava ficava sobrecarregada com uma mistura de corpo limpo e colônia. Minha respiração acelerou para que eu pudesse conseguir outra inebriante lufada tão logo a última desapareceu. — Eu não podia deixar Becca vir sozinha. Ela suportou uma tonelada de porcaria de Tara por minha causa... e ela realmente queria ver Penn. — Você está aqui apenas para apoiar Becca? — Havia um toque de raiva na voz dele que não estivera ali por um momento e apertei meus lábios, balançando a cabeça, incapaz de formar a palavra real, não. — Você nadará mais tarde? — Perguntei, mudando o assunto para território neutro. — Vamos ver, — ele respondeu com um ar confiante. Ele não desistiria tão fácil. Eu tinha claramente que rastejar um pouco. Olhei para trás em direção à piscina e sua mão se estendeu para tocar meu braço gentilmente. — Ei, você deve ir encontrar Becca e Penn por um minuto. Eu preciso terminar essa conversa com a minha agente ou precisarei marcar um encontro com ela esta semana. — Seu tom deixou claro que ele estava pouco entusiasmado para sair do meu lado, e tomei isso como um bom sinal. — Ok... a agente que você definitivamente não acha bonita? — Brinquei, apenas metade brincando. Ele sorriu como se o meu ciúme o divertisse, e então ele se abaixou, enunciando cada sílaba de sua próxima frase. — Ela não é Kinsley Bryant.


Droga. A réplica espirituosa envolvendo outra garota chamada Kinsley Bryant que ele poderia conhecer estava na ponta da minha língua, mas ele beijou meu rosto e foi procurar sua agente antes que eu pudesse dizer uma palavra. Observei-o afastar-se, percebendo que minha atração por Liam Wilder estava de volta com força total. Eu havia deixado de lado o vício pelos últimos dias, pensando que se eu me concentrasse em futebol, poderia fingir que ele não existia. Sim, não. Meu cérebro levou isso como algum tipo de porcaria de psicologia reversa, e em vez disso eu pensava nele todos os dias. O tempo para a besteira e jogos acabara. Eu o queria e agora não há nada que me impeça.


Capítulo 19 Fiquei lá um pouco, absorvendo os últimos momentos, antes de perceber que eu estava de pé no meio da festa, sozinha. Deveria me misturar e desfrutar da minha juventude, não parecendo uma solitária muda. Ergui meu Greyhound para os meus lábios, deixando o sabor amargo do suco rolar sobre minha língua enquanto examinava a multidão. Vamos ver, havia um grupo bem vestido bebericando cerveja artesanal, dois modelos cheirando pó branco de suas narinas cada um, e um grupo de socialites enviando mensagens em seus telefones em vez de olhar uma para outra. Não reconheci ninguém perto de mim, e Becca e Penn devem ter se perdido na turnê, porque ainda não voltaram. Assim que eu estava prestes a abandonar a esperança e voltar para o barman (que foi essencialmente pago para ser simpático comigo), vi dois companheiros de equipe de Liam e Josh. Eles eram os caras que me deram as doses de gelatina no meu aniversário de dezenove anos, e quando fiz contato visual com um deles, eles acenaram para mim. Simples assim, eu deixei de ser a presidente do clube das invisíveis34 para estar de pé no meio de dois caras quentes. Ha! A vida parecia melhor. Todos nós fomos reintroduzidos nas mesmas memórias obscuras de outra noite, há algumas semanas. Cole era o goleiro do Los Angeles Stars e era um brutamonte. O cabelo era longo demais para o meu gosto e tinha uma longa barba que parecia ter crescido para um desafio. Oliver jogava na defesa do LA e se destacava. Ele era alto e tonificado o suficiente para se parecer com o Hulk. — Esta é uma casa tão boa, — disse, tomando um gole da minha bebida.

34 No original wall flower club, significando pessoa tímida, com pouca interação em eventos sociais.


— Sim, Penn sempre faz as melhores festas aqui, — disse Cole. — Embora nenhuma delas possa superar a sua festa de aniversário, — Oliver disse com uma piscadela amigável. Gemi. — Podemos esquecer sobre o quanto eu estava bêbada naquela noite? Oliver riu. — Bem, pelo menos a sua bochecha curou muito bem. O grupo riu e comecei a relaxar. Eles realmente eram caras legais. — Ouvimos que as meninas da ULA vêm assistir a um dos nossos jogos. É um jogo de pré-temporada, mas será um bom jogo, — mencionou Cole. Isso era novidade para mim, mas fazia sentido. A treinadora Davis provavelmente queria que nós víssemos como uma equipe de profissionais trabalha junto. — Isso será divertido. — Você veio sozinha? — Oliver perguntou com uma expressão curiosa. Olhei ao meu redor, tentando espiar por Becca para pudesse apontá-la para eles. Finalmente a vi com Penn, conversando com um grupo do outro lado da sala. Ela me viu apontando e nos deu um aceno. — Não, eu vim com a minha amiga, Becca. Ela está na equipe comigo. — Ah, a menina do Penn, — Oliver acenou com a cabeça, tomando um gole de cerveja. Sorri com a avaliação dele. Becca gostaria de saber como a equipe se referia a ela. — Ele fala muito nela? — Perguntei, soando casual. Oliver me olhou com um sorriso curioso. — Não mais do que Josh fala de você.


Congelei. A ideia de Josh dizendo algo sobre mim para esses caras era incrivelmente frustrante. — Ele e eu não estamos juntos, — esclareci, tentando esconder o incômodo no meu tom. Cole assentiu. — Não se preocupe, nós sabemos. O cara precisa seguir em frente. Suspirei e acenei com a cabeça, querendo mudar de assunto. — De onde vocês são? — Perguntei. — Kansas, — Cole respondeu quando senti uma mão tocar a base das minhas costas. Senti o cheiro de licor azedo em minhas narinas enquanto eu olhava para cima para encontrar Josh de pé atrás de mim. — Estive procurando por você em todos os lugares, Kinsley, — Josh comentou como um insulto. Cole e os caras ficaram sem jeito. — Apenas passeando aqui fora, Josh, — respondi com um sorriso tenso. Sua atenção seguia em direção a um território desconfortável e eu não tinha certeza de quanto mais poderia lidar antes que eu explodisse. Sua mão serpenteou ao redor do meu vestido para que ele pudesse me puxar para mais perto dele. O movimento puxou meu corpo e a minha bebida chacoalhou por cima da borda do copo indo parar no chão. — Josh, sério, pare com isso, — pedi, colocando minha mão livre no peito dele para tentar afastá-lo de mim. — Kinsley, relaxa. Vamos nos divertir um pouco. — Ele começou a puxar a ponta do meu vestido e os caras se agitaram ao nosso redor. Agressão encheu o ar e eu sabia que eles estavam ansiosos para se envolver.


— Não, Josh. Chega. — Eu o empurrei novamente, mais forte dessa vez, e seus olhos castanhos se anuviaram de ódio. Em questão de segundos, todo o seu comportamento mudou. — Você é uma rainha do gelo do caralho, Kinsley, — ele cuspiu, finalmente me soltando com um empurrão. Minha bebida derramou na frente do meu vestido, mas eu não podia quebrar meu contato visual com Josh. — Eu nunca te amei, cadela. Só queria chegar em sua calcinh... O punho de Liam se conectou com a mandíbula de Josh, e engasguei, cambaleando para trás. Liam estava de pé na minha frente, bloqueando Josh. — Você nunca fale com ela novamente, porra. Você me ouviu? — Liam agarrou a camisa de Josh e o puxou para perto novamente. Seus traços marcantes chocaram um contra o outro. A beleza juvenil de Josh foi silenciada ao lado da pura dominância de Liam. Josh lutou para sair do aperto de Liam e pulou para frente, dando um soco no lado de Liam. Foi um fracasso, ele estava bêbado demais para conseguir um bom soco, mas foi o suficiente para que todo o grupo de homens se envolvesse. Eles entraram em ação e toda a cena foi um borrão de socos e gemidos. Assisti com horror e chocada Liam dar um forte soco no rosto de Josh antes dos caras separarem um do outro. — Não se iluda, Wilder, — Josh disse, seus olhos dilatados se conectando com os meus. Havia tanto ódio atrás deles. — Ela não vai te amar. Ela é incapaz de amar. Ela tem a porra de um coração frio. As palavras de Josh eram afiadas flechas envenenadas. Claramente falando pensamentos que rodaram em sua cabeça durante semanas. — Talvez ela não te ame porque você estava muito ocupado fodendo meninas pelas costas dela, idiota. Nunca mais a toque novamente seu merda, ou Deus me ajude...


A voz de Penn interrompeu. — Caras. Chega. Esta é uma festa, não um clube da luta. Josh, saia daqui e vá se limpar. Cole se adiantou e pegou Josh pela parte de trás do pescoço. — Vou levá-lo para casa. Vamos, novato. — Cole empurrou Josh e ele tropeçou um pouco, tentando ficar de pé. Ele já estava bêbado, ninguém teria argumentado esse fato, mas ainda assim isso não era desculpa para as coisas que ele disse. — Esse garoto precisa aprender um pouco de respeito, — Oliver murmurou bruscamente quando soltou Liam e se afastou. Liam ainda estava irritado, ele balançou os braços e exalou bruscamente enquanto observava a cabeça de Josh indo em direção à porta da frente. Eu podia sentir a energia saindo dele e estava presa entre o desejo de me aproximar e fugir. Tudo aconteceu tão rápido que a única coisa que o meu cérebro pôde processar foi o fato de que Liam se levantou por mim. Ele se colocou entre mim e Josh, seu companheiro de equipe. Ele lentamente se virou para me encarar. Examinou a minha expressão e arrastou os olhos pelo meu corpo para avaliar os danos. Seus ombros caíram e suas mãos se abriram. Suas sobrancelhas relaxaram um pouco e engoliu o último sopro de sua raiva. Eu queria estender a mão e tocá-lo, sentir o calor residual em sua pele e sentir onde Josh havia equivocadamente tentado revidar. Liam estaria ferido? Avancei um micro passo, tão logo Becca surgiu na minha frente e bloqueou minha visão dele com seus cabelos dourados e olhos preocupados. — Kinsley, você está bem? Josh machucou você? — Ela perguntou, puxando meus braços para que pudesse inspecioná-los. Meu corpo estava bem, eram meus nervos e orgulho que estavam corroídos. Balancei a cabeça, como se percebendo pela primeira vez que ainda estava de pé no meio de uma festa. Cada pessoa na sala ouviu Josh gritando sobre eu ser


uma rainha do gelo. Podia sentir os olhos de todos em mim, e de repente queria estar em qualquer lugar, menos ali. — Becca, nós podemos sair daqui? Antes que eu percebesse, ela me afastava da sala de estar. — Este é um dos quartos de Penn, — disse Becca, abrindo uma porta do corredor. Ele estava decorado com moderação, mas a cama parecia confortável e havia uma foto do horizonte de Los Angeles emoldurada em uma parede. — Obrigada. Eu só precisava de um pouco de ar por um segundo. — Senteime na beira da cama e corri minhas mãos pelos meus braços. Becca sentou ao meu lado, em um ângulo em que pudesse inspecionar o meu corpo para quaisquer vestígios das mãos de Josh. — Não posso acreditar que ele disse essas coisas. Mas ele estava bêbado, Kinsley, ele não quis dizer nada disso. Levantei minha mão para detê-la. — Isso não importa. Josh é um idiota de merda. Ele era divertido para se ter como um amigo, mas é verdadeiramente terrível como namorado. — E um péssimo bêbado, — acrescentou Becca. Balancei a cabeça e suspirei. — Eu pareço uma porcaria? Deveríamos simplesmente deixar isso de lado e ir embora? O rosto de Becca caiu. Ela empurrou alguns fios de seu cabelo dourado atrás da orelha e franziu as sobrancelhas. — Ainda não. Sério, Josh se foi e ninguém mais vai incomodá-la. — Eu sei, mas todo mundo ouviu nossa briga. Havia tantas pessoas lá. Ela fechou a boca em uma linha fina e seus olhos castanhos encararam os meus. — Você não deve se sentir constrangida porque Josh é um imbecil. Ninguém vai julgá-la. Além disso, provavelmente eles estão muito ocupados falando sobre o


quão bonito eu e Penn somos. O triângulo amoroso Liam, Josh, e Kinsley foi há 20 minutos. Não pude deixar de rir. Eu esperava que ela estivesse certa, mas ainda fiz uma careta pensando em ter que reaparecer em poucos minutos. Para alguém que odeia ter sua vida pessoal aos olhos do público, isso foi demasiadamente ruim. Centenas de estranhos viram o meu ex-namorado me agredir verbalmente e depois, dois homens brigando por mim. O último soou semi romântico, mas realmente fez a minha pele se arrepiar. Senti como se estivesse em exposição e poderia ouvir todos comentando sobre a luta pelo resto da festa. Gemi e levantei da cama para investigar os danos. Meus brilhantes olhos azuis olharam para mim no espelho do banheiro enquanto eu tentava me recompor. Poderia ter sido pior, eu disse a mim mesma. Liam estava relativamente ileso e Josh era o mesmo idiota de sempre. Nada de novo para relatar. Becca ficou ao meu lado e colocou os braços em volta dos meus ombros. — Estou contente por ter enrolado o cabelo. Ele ainda parece muito bom, — ela elogiou, tentando fazer minha cabeça ir em direção a outro assunto. Sorri para ela no espelho. — Vamos arruiná-lo na piscina. Ninguém estava lá mais cedo, e de que outra maneira nós podemos ficar na festa e evitar ter de ouvir as fofocas? Becca sorriu e virou para pegar duas toalhas de uma prateleira atrás dela. — Vamos lá! Nós demos os braços e saímos do quarto de hóspedes. As pessoas podiam falar tudo o que quisessem, mas eu não ia deixá-los estragar a minha noite. Quando voltamos para a sala, fiquei surpresa ao encontrar a festa começando a diminuir. Ainda havia algumas pessoas lá, passeando, mas o barman estava parando suas demonstrações e a música não fluía mais dos alto-falantes.


— Ainda não é meio cedo? — Perguntei a Becca quando passamos pela sala de estar. Não vi Liam em lugar nenhum, mas senti o levantar de cabelo na parte de trás do meu pescoço ao pensar no fato de que ele ainda estava na casa. Becca deu de ombros se divertindo e saiu em direção à piscina. Assim como eu esperava, não havia ninguém do lado de fora. A vista da casa não fez justiça a piscina. Na verdade, era constituída por três piscinas separadas, cada uma em níveis diferentes. Onde nós estávamos, no nível da parte de trás da casa, havia uma longa piscina olímpica. À esquerda, havia um conjunto de escadas que Becca e eu seguimos até encontrarmos outra piscina, a qual era muito maior e em forma de feijão. Palmeiras e aros na borda escondiamna atrás da casa. Seguimos as escadas que continuavam descendo ao redor da borda da piscina. Elas nos levaram a uma Jacuzzi redonda na parte inferior, a qual era quase nivelada com a praia, de modo que você poderia entrar assim que deixasse a areia quente. A luz da casa de Penn iluminava a costa, de modo que você ainda podia ver as ondas batendo contra a areia. Realmente era uma casa espetacular. — Acho que uma piscina não foi o suficiente? — Becca riu, e comecei a voltar em direção ao topo, satisfeita com a nossa pesquisa. — Penn é um bastardo ganancioso, mas não estou reclamando. Devemos ir à piscina do meio? — Sim, acho que é a melhor. Colocamos nossas toalhas e saídas de praia nas pequenas espreguiçadeiras ao redor da piscina. Ajustei a corda do biquíni azul, e sem pensar duas vezes, corri e pulei na água. Quando emergi, Becca estava de pé na borda e sorrindo. — Lembra quando Tara maltratava a gente e eu disse que valia a pena porque seu corpo ficaria de matar em um biquíni? Eu estava totalmente certa.


Dei uma gargalhada. — A vingança é um prato que se come frio, — brinquei, sentando para flutuar na superfície. Era impossível ver as estrelas com a poluição luminosa de Los Angeles, mas eu imaginava que elas estavam ali em cima e ainda assim era agradável olhar para a escuridão. Ouvi dois pares de pegadas descendo as escadas e olhei para trás para encontrar Liam andando ao lado de Penn. Meu coração acelerou e percebi que seria muito bom se o meu corpo se habituasse a vê-lo. Eu juro que toda vez que ele pisava em uma sala ou, neste caso, numa piscina, meu corpo precisava entrar em acordo com a existência dele no mundo mais uma vez. — A festa está oficialmente terminada, — disse Penn quando eles ficaram completamente a vista. Becca deu de ombros. — Parecia estar acabando mesmo. Não posso acreditar que Josh a arruinou para todos. Penn sorriu enquanto caminhava até ela. — Sabe, eu acho que foi uma coisa boa. Queria chutar todo mundo no momento que eu percebi que você tinha trazido seu biquíni. Até mesmo eu corei com o comentário dele, por isso não fiquei surpresa quando Becca mordeu o lábio e evitou olhar para os olhos dele. Ela parecia irresistível em seu biquíni azul escuro e eu sabia que ela tinha Penn na palma da sua mão. — Ei Liam, pode me emprestar o seu telefone? — Penn perguntou enquanto se aproximavam da piscina. — Oh, deixei lá dentro, — ele respondeu, acariciando seus bolsos para confirmar. Nem dois segundos depois, Penn estendeu a mão e empurrou-o para dentro da piscina antes que ele pudesse perceber o seu erro fatal. — Imbecil! — Liam gritou entre risos, depois que levantou do mergulho.


— Não posso acreditar que você realmente caiu nessa. Aprendemos essa quando tínhamos doze anos! — Estava distraído. — Liam encolheu os ombros com um sorriso adorável. — Sim, que seja. Registre isso, Penn: 1, Liam: 0, — ele se regozijou, girando na direção de Becca. — Quer caminhar até a praia comigo, sabe, desde que nós somos os únicos secos agora? — Penn perguntou, estendendo a mão para ela. Quanto mais tempo eu assistia a interação deles, mais me tornava ciente do fato de que eu evitava o olhar de Liam. Ele ainda estava de pé perto da borda mais distante da piscina, e pude vê-lo me olhando com o canto do meu olho. Deixei meu corpo afundar na piscina, de repente apreciando o véu da água ao meu redor. Nunca ouvi a resposta de Becca, mas um momento depois, ela e Penn desceram as escadas em direção à praia, e eu sabia que Liam e eu estávamos sozinhos. Sem se esconder. O silêncio prevaleceu entre nós. A luz emitida pelo fundo da piscina sombreando suas belas feições, e tentei engolir um nó na garganta. Seus olhos predadores eram um aviso sombrio que coisas selvagens estavam por vir. Eu não sabia que me apoiava contra a borda da piscina até que ele ficou na minha frente, prendendo-me contra a parede. Suas mãos agarraram a borda de cada lado do meu corpo assim como seus quadris me tocaram abaixo da superfície da água. Era pura sedução, a forma como os meus pés entrelaçaram entre os seus como se estivéssemos tomando um banho juntos. — Você está chateada comigo? — Ele perguntou, inclinando-se e acariciando meu pescoço com seus lábios carnudos. Mordi o lábio inferior para não gemer. — Não. Ele arrastou seus lábios até meu ouvido.


— Ele não a tocará mais. Eu o ouvi falar sobre você pela casa por todo o mês passado e já tive o suficiente. Eu sei que você não está incentivando-o, e ele precisa perceber que acabou. Eu tremia contra ele, mas acenei com a cabeça. Suas palavras soavam como lei e eu estava muito disposta a cumprir. — Me desculpe, pelo artigo que fiz com ele, — murmurei, precisando tirar isso do meu peito. Ele balançou a cabeça e fechei os olhos para reunir meu juízo. — Você não sabia. Ele dobrou os cotovelos, inclinando-se perigosamente perto, mas ainda não me tocando com seus quadris e peito. — Me desculpe, estive distante nos últimos dias. Só precisava me orientar, mas... eu quero você. Não quero que isso acabe. — Sussurrei. Corri minhas mãos pela sua camiseta molhada e comecei a juntar o material na parte inferior. Eu o empurrei ao longo dos cumes tonificados de seu abdômen, revelando mais e mais de sua pele. Ele estendeu a mão e me ajudou a puxar a camisa sobre a cabeça antes de jogá-la para fora da piscina. Suspirei quando meus olhos pousaram no seu peito nu. Minhas mãos derivaram da base de seus braços, ao longo de seus largos ombros e pescoço. Meus olhos encontraram os dele e sorri sedutoramente, desafiando-o a me beijar. Seu corpo pressionou mais perto do meu e as águas se abriram para acomodar seus movimentos. Antecipei seu toque como se sua pele fosse me dar um choque, mas em vez disso, quando seu estômago duro pressionou contra o meu, eu me senti como se ele estivesse com minha pele em chamas. — Então, esteja comigo. Seja minha. — Ele beijou meu pescoço, logo abaixo do meu queixo, e inclinei ligeiramente a cabeça para lhe dar melhor acesso. Seus dedos traçaram um coração contra o meu pescoço, como se enfatizando seu pedido.


— Você não sabe no que está se metendo. Sou ciumenta e desconfiada. Os dois últimos namorados que tive eram canalhas. — Então, você já modificou isso. Não sou um babaca. Eu ri. — Aposto que suas ex-namoradas discordariam. Ele se afastou para me olhar nos olhos e gentilmente segurou meu queixo. — Sim, eu tenho um passado que você não gostaria de ouvir, mas meus pais têm um casamento que sobreviveu 30 anos. Eu sei o que significa valorizar a pessoa com quem você está. Enquanto eu parecia absorver suas palavras, ele começou a deixar suas mãos derivarem para baixo pela parte de trás do meu pescoço, um pouco mais perto do nó no meu biquíni. Eu podia sentir as cordas começando a afrouxar e atirei-lhe um sorriso divertido. — Esse é você me valorizando? — Eu o provoquei. Seus olhos dançaram com desejo. — Uma das formas. Ele parecia mal intencionado quando se inclinou para beijar o tecido no meu peito. Não é como se o meu pequeno biquíni fosse realmente nos manter separados, mas ele me deu a ilusão de que ainda havia uma barreira entre nós. Quando os seus dedos soltaram as cordas e os pequenos triângulos caíram, senti o desejo ultrapassar todo o meu corpo. Era lento e sedutor, mas teve todos os ingredientes de um incêndio. Suas mãos seguiram as cordas conforme elas caíam na frente do meu corpo, e então ele escovou de lado, segurando meus seios em suas mãos firmes. Gemi e inclinei a cabeça assim que a boca dele pressionou a minha. Ele me beijou e chupou meu lábio até que eu chorei por mais. Seus dedos acariciaram a pele ao redor dos meus seios, memorizando sua forma, e depois seus lábios deixaram os meus e me deu beijos na frente do meu corpo. Deixei-o, passando minhas mãos pelo seu cabelo úmido e incentivando a sua exploração.


Assim que seus lábios encontraram meu mamilo, sua mão encontrou meu biquíni e eu tremia. Eu estava presa contra a parede da piscina, mas a sensação de concreto raspando suavemente contra mim estimulava o meu desejo. Gostava de saber que não podia fugir. Nem quando Liam garantia minha prisão. Ele não tentou desatar as cordas do meu biquíni. Conforme sua língua brincava com meus mamilos, ele empurrou meu biquíni de lado e pressionou dois longos dedos dentro de mim. Meus gemidos encheram o ar, incentivando seus movimentos. — Você é tão sexy, baby. Deixe-me sentir você gozar, — ele incentivou, movendo os dedos para dentro e para fora e me esfregando com o polegar. Oh cara, ele era bom nisso. Ele brincou com meu corpo como se fosse sua própria criação e eu deixei de bom grado. Quando gozei, alguns momentos depois, eu tinha uma perna em volta do quadril dele e minha boca mordendo sua orelha para que meus gemidos suaves fossem abafados. Ele não parou de me dedilhar até que eu senti meu orgasmo diminuir em réplicas doces, e mesmo assim parecia que ele queria ficar ligado a mim para sempre. Quando finalmente se afastou e olhou para mim, seu olhar arrastou sobre minha pele, retardando nos meus seios arfantes e fartos. — É uma pena Becca e Penn estarem subindo as escadas, — Liam brincou com um olhar malicioso. Eu me movimentei, tentando esconder o nosso jogo sujo, mas foi Liam, que se adiantou e habilmente colocou meu biquíni. Ele se inclinou e me deu um beijo roubado, envolvendo um braço em volta de mim e me afastando da parede. Gritei quando ele me virou, salpicando água em torno de nós. Eu gostava do lado brincalhão dele, e foi a cobertura perfeita para quando Becca e Penn apareceram no topo da escada.


— Como foi a caminhada, vocês dois? — Perguntei, notando o cabelo desgrenhado de Becca. Hmm, a culpa era do ar do oceano ou de Penn? Não tive tempo de afastá-la dele antes de Liam me girar e me jogar do outro lado da piscina. Ele me pegou de surpresa, mas prendi a respiração na hora certa. Quando voltei para a superfície, eu atirei nele um olhar maligno. — Terei uma revanche. — Ameacei, já nadando em direção a ele. — Oh sério? — Ele levantou uma sobrancelha e mergulhou sob a água. Ele nadou para perto de mim e depois me pegou quando eu começava a nadar para longe. Ele me jogou no ar novamente e desta vez, quando eu caí, segurei minhas mãos em sinal de rendição. — Você ganhou! Sem me jogar mais! Esta carga é preciosa, — brinquei, acenando para o meu corpo. Ele percorreu meu biquíni e ficou claro que ele imaginava cada inclinação e contorno que ele acabara de ver. Lambi meus lábios e tentei conter a luxúria. Com ele por perto era quase impossível. — O que vocês acham de assistir um filme? Tenho toneladas de pipoca e doces. — Penn perguntou enquanto eu nadava pra mais perto deles. — Parece divertido. Você ganhou Liam com os doces, eu tenho certeza — Provoquei, olhando-o por cima do meu ombro. Ele ainda estava de pé no meio da piscina, onde eu o deixara, provavelmente, tentando conter a ereção que eu sabia que estava escondida sob a superfície. Hah. Parece que eu ganhei depois de tudo. — Só se for M&M de amendoim, baby, — Liam piscou, com um acentuado sotaque sulista. Balancei a cabeça e nadei em direção à borda da piscina. Eu enrolava uma toalha em volta de mim quando Becca chamou a minha atenção com um pequeno


aceno. Seus olhos estavam arregalados e ela continuou tentando chamar a minha atenção. — O quê? — Sussurrei. Ela arregalou os olhos e a boca novamente. Acho que ela queria dizer, ervas daninhas na frigideira ou, precisamos conversar35. Conhecendo Becca poderia ter sido a primeira frase, mas escolhi ir com a última. Balancei a cabeça e mencionei algo para os rapazes sobre a necessidade de verificar o meu telefone. Becca correu atrás de mim, seus movimentos caindo para mil negativos na escala do sigilo. No segundo em que estávamos sozinhas, ela agarrou meu braço. — Acho que Penn quer que eu fique aqui esta noite, — ela admitiu com um rosto pálido. — E então? Isso é bom, certo? Ela franziu a testa e apertou as mãos. — Acho que não estou pronta para isso. Definitivamente quero estar com ele, mas preciso de vocês como um apoio. E se a gente sugerir algo como uma grande festa do pijama? As coisas com você e Liam estão aquecendo? Talvez todos nós pudéssemos ficar na casa de Penn? Embora sua ideia parecesse infantil, também soou muito divertida. Eu sabia que Penn não se importaria, considerando quão interessado estava em Becca. E quais caras não desejam criar um forte de cobertor com duas garotas dentro? Resposta: Todos desejam. É provavelmente um dos melhores pornôs vistos: sexo em um cobertor com duas garotas envolvidas. O sonho molhado dos caras. — Isso parece divertido. Vamos ver como ficam as coisas, mas te apoio. Não se preocupe. Tudo bem, agora eu meio que queria construir esse forte.

35 Jogo de palavras: Weeds in the wok é semelhante a We need to talk.


Capítulo 20 Quando saímos novamente, os caras estavam sentados nas cadeiras conversando, provavelmente sobre futebol. O que mais dois jogadores de futebol profissional discutiam? Liam olhou para cima conforme nos aproximávamos. — Kinsley, vamos para minha casa trocar de roupa e depois podemos voltar e assistir o filme, — ele disse, levantando. Balancei a cabeça, e quando ele estava perto o suficiente para que não precisasse anunciar a todos, eu sussurrei — Você acha que eu ficarei aqui esta noite? — Eu não poderia encontrar os olhos dele, mas minhas bochechas estavam queimando. Seu pequeno sorriso disse tudo. — É claro que eu não deixarei você dirigir de volta para Los Angeles , está tarde, e além disso, eu quero dormir com você. Dormir comigo! Praticamente me contorci. — Tenho uma ideia, — anunciei para o grupo, de repente, concordando com o plano de Becca. — O que acha de termos uma festa de pijama gigante? Podemos deixar as coisas na casa de Liam e depois voltar... O sorriso de Liam se escancarou e ele balançou a cabeça lentamente. Não como se estivesse dizendo não, mas porque ele parecia divertido. — Podemos fazer a festa de pijama na minha casa. Tenho uma sala de cinema com sofás confortáveis o suficiente para dormir. Não esperava que ele comprasse o plano tão facilmente, mas suspeitava que ele estivesse tentando facilitar para Becca e eu.


— Parece bom, — Penn respondeu. — Nos encontraremos lá daqui a pouco. Becca me lançou um sorriso agradecido e seguiu Penn subindo as escadas. — Vamos lá, vamos à minha casa de praia, — Liam disse, pegando a minha mão e a roupa, de modo que eu não poderia colocá-la novamente. — Você não precisa disso, andaremos apenas um pequeno pedaço, — ele declarou quando arqueei a sobrancelha. — Mhmm, tenho certeza que essa é a razão, — provoquei enquanto seu olhar vagava pelo meu corpo. — Todas as minhas fantasias não fazem jus à coisa real... Acho que preciso de mais alguns minutos antes de você vestir sua roupa, — ele brincou confiantemente, fazendo-me sentir ainda mais exposta. Ri e balancei a cabeça. Fantasias, minha bunda. — Becca quis que você sugerisse a coisa da festa de pijama? — Ele perguntou suavemente. Mordi o lábio me perguntando se eu deveria entregá-la. Talvez ele dissesse a Penn. — Bem, tecnicamente, foi ideia dela, mas pensei que seria divertido. Você está chateado? Ele me viu explicar e depois estreitou os olhos. — Provavelmente é o melhor. Eu quero passar um tempo com você, mas se estivéssemos sozinhos, iríamos direto para a minha cama agora. Suas palavras me cobriram como o mel e tentei sacudir o fascínio. — Bem, você pode me levar para o seu quarto, — pisquei, —... para eu trocar de roupa. Ele riu e puxou minha mão enquanto subia as escadas para sua casa. Era ainda mais bonita de perto. O design era aberto e convidativo. Um caloroso branco e detalhes azuis brilhantes enchiam a sala de estar e cozinha.


— Este é o lugar onde gosto de passar meu tempo quando posso ficar longe da casa do LA Stars, — ele disse enquanto me puxava pela cozinha, a qual parecia saída de uma revista. — Eu estava colocando algumas coisas e então eles cortaram a água e a energia elétrica nas últimas semanas. Acho que estávamos passando por todo o lugar. Eu pegava um vislumbre de cada cômodo enquanto ele continuava me puxando em direção ao quarto dele. — Estou absolutamente de acordo com a sensação de lar. — Sorri para ele e nossos olhos se encontraram por um momento. Acho que ele estava feliz por eu apreciar a casa dele. Mas para ser honesta, qualquer um apreciaria. Quando chegamos ao quarto dele, ele abriu as gavetas e entregou-me uma camiseta e uma boxer. — Isso deve servir. Desculpe, eu não tenho sutiã por aí. Acho que você terá que ficar sem. — Ele sorriu como se na verdade não sentisse muito. Olhei para as boxers, descobrindo que tinham pequenos bonecos de neve. Pareciam muito como um-gosto-de-Wilder. Segurei o cós entre os meus dedos. — Você tem estilo, Sr. Wilder. — Ei, não reclame dos boxers. São meus boxers de Natal. — Ele riu enquanto tirava um par de cuecas boxer, calças de dormir, e uma camisa para ele. Achei que ele entraria no closet para se trocar, mas ele puxou as roupas, abaixou os calções de banho ali mesmo e se dirigiu para o chuveiro. Fiquei boquiaberta com a visão dele. Cada centímetro de seu corpo foi me enfraquecendo. Suas tatuagens caíam em congruência perfeita com o movimento de seus músculos. Eu sabia que levava anos para moldar um corpo à perfeição e apreciei cada centímetro dele enquanto o via com a cabeça voltada para o banheiro. — Venha para o chuveiro, — ele exigiu pouco antes de seu corpo desaparecer da minha vista.


Fiquei ali parada ouvindo-o abrir a água e entrar. Frascos de xampu ressoaram contra o vidro enquanto eu tentava tomar uma decisão. Íamos rápido demais? Devo esperar e tomar um banho separado? Eu ainda preciso de um banho? Havia cloro no meu cabelo e quanto mais tempo eu o deixasse secar, mais dano causaria... Bem, está resolvido. Sua forma estava parcialmente escondida pelo vidro nublado, mas as baforadas de intoxicante vapor já subiam pelo topo. Abri o box e me escondi atrás dele sem tirar meu biquíni. Pensei que poderia tomar banho muito bem no meu biquíni. Liam discordava. Seus olhos brilharam quando me puxou para dentro, e em um momento, desamarrou o meu biquíni superior e inferior e ele caiu em uma pilha no chão do chuveiro. Porra, aquelas mãos poderiam realmente se mover quando ele tinha um objetivo em mente. Ele chutou meu biquíni de lado e me trouxe para ele. Minhas mãos espalmadas contra o seu peito, sentindo sua suave pele quando ele começou a ensaboar o meu corpo. Estávamos nus, tão alegremente nus juntos, que eu me senti tonta e excitada ao mesmo tempo. Ele apertou um pouco de óleo de banho em suas mãos; era o seu óleo e cheirava a limpo e viril. Ele me lavava com ele e eu não me importava nem um pouco de sair do banho cheirando como ele. Eu queria usar o óleo corporal dele a partir de agora. Meus olhos se fecharam enquanto suas mãos vagavam sobre a minha pele. Ele deslizou sobre os meus ombros, pelas minhas costas e coluna vertebral. Aparentemente ele estava lentamente me deixando louca sob o pretexto de me limpar. Quando a mão dele caiu entre as minhas pernas eu pensei que entraria em colapso no chão, mas ele não me deixou. Uma mão envolveu minha cintura conforme seus dedos me levaram para outro orgasmo. — Você é tão sensível ao meu toque, — ele disse, mordendo minha orelha enquanto minha mão o encontrou quente e duro.


Peguei o sabonete atrás dele e devolvi o favor, mas honestamente, foi mais prazeroso para mim do que para ele. Ter o acesso livre para correr minhas mãos sobre a sua pele era como conseguir devorar a sobremesa mais clássica. Eu me alegrava com a forma que ele ficou tenso quando minha mão derivou para baixo de sua cintura. Segurei-o com força e o acariciei de cima a baixo enquanto sua cabeça caía sob a água jorrando. Amei fazer esse homem gemer. Se eu pudesse ouvir uma coisa para o resto da minha vida, eu escolheria ouvi-lo fazer esses gemidos baixos, os quais soavam quando o prazer tomava conta dele. Ele gozou rápido e forte, atingindo minha mão e barriga. Era uma visão deliciosamente sexy e quase lamentei a perda quando o chuveiro lavou-o tão rápido quanto apareceu. Saímos do chuveiro com sorrisos saciados, mas ainda sentia seus olhos em mim

enquanto

colocava

sua

camisa

e

boxers.

Ainda

precisávamos

ter

completamente um ao outro. — Você percebe que todo o tempo em que estaremos assistindo ao filme eu estarei pensando sobre o fato de que você não está usando calcinha ou um sutiã por baixo de suas roupas, — ele comentou, puxando as calças. Pisquei por cima do meu ombro, me sentindo arrojada e bonita depois de seu fluxo constante de elogios no chuveiro. — Tecnicamente, são as suas roupas. — Eu disse, movendo-me em direção à porta. Ele sorriu maliciosamente, e abandonando a camisa, correu atrás de mim. Porra, seu treinamento de futebol. Ele era muito mais rápido do que eu. Desci para o salão correndo e rindo enquanto esquivava das mãos dele, então me escondi atrás do sofá, fingindo me esquivar para a esquerda e direita. Ele ignorou meu blefe e me pegou enquanto tentava fugir. — Misericórdia! — Gritei quando ele passou os braços em volta da minha cintura e me pegou. Ele me colocava no chão quando Becca e Penn entraram. Becca nos olhava com curiosidade, mas Penn apenas riu e balançou a cabeça.


— O que diabos vocês dois fizeram enquanto não chegávamos? — Becca riu. Pisquei. — Brincando de perseguição. Sou muito mais rápida do que Liam. Ele passou a mão na minha cintura e apertou. — Talvez você deva me treinar então. Ri e o empurrei com a minha mão. — Sim, sim. Vocês trouxeram todos os filmes? Penn levantou três DVDs. — Eu trouxe: Um sonho de liberdade, 300 e Santos Justiceiros. Becca e eu piramos. — Você é um cara, Penn. — Não acho que as minhas opções sejam melhores — Liam admitiu, esfregando a parte de trás de seu cabelo com a mão. — Vamos lá Becca, vamos verificar o estoque de Liam enquanto os meninos fazem a pipoca. — Vocês trouxeram o doce de vocês? Porque não estou compartilhando, — Liam gritou atrás de nós. No segundo que nós viramos em direção à sala de filme de Liam, eu coloquei minhas mãos no ombro de Becca e silenciosamente gritei, pulando. Ela se juntou a mim e logo parecíamos duas loucas pulando e rodando em um corredor escuro. — Isso é um sonho, certo? Vamos acordar amanhã em casa e eu estarei vestindo meu pijama, — Becca sussurrou quando voltamos a andar. — Não. Isso está definitivamente acontecendo, minha amiga. — Sorri tão amplamente que meu rosto doía. — Desculpe por demorarmos. Penn ficou um pouco distraído. Podemos ter pulado algumas bases.


Atirei-lhe um olhar chocado quando empurramos a porta da sala de cinema. Ele apontara essa sala para mim antes, mas é claro que não tínhamos realmente entrado. Nenhum detalhe foi esquecido lá dentro. Havia grandes poltronas de veludo nas duas primeiras linhas, e duas filas de sofás atrás delas. Eles estavam reclinados e com muitos travesseiros macios. A tela era obscenamente grande e tinha um projetor de aparência extravagante montado na parede atrás. Sob o projetor havia prateleiras e prateleiras de filmes. — Espere, quantas bases vocês pularam? — Perguntei assim que a porta se fechou. Becca não conseguia tirar o sorriso do rosto. — Bem, digamos que ele conhece o meu gosto. Comecei a enlouquecer. — BECCA! — O quê?! Fez isso com Liam... Nada menos do que no escritório dele! — Eu sei, eu sei. Estou apenas... wow. Algum cara fez isso com você antes? Ela mordeu o lábio. — Não, mas agora quero saber por que diabos eu esperei tanto tempo. Começamos a pirar novamente e não conseguíamos parar com os gritos eufóricos. Eventualmente, nós tentamos olhar a coleção de filmes de Liam, mas não fomos bem sucedidas. — Não tenho certeza de quanto tempo nós temos até eles chegarem aqui, mas no segundo que chegarmos em casa amanhã, eu tenho cerca de um milhão de perguntas para você, — Becca sussurrou. Podíamos ouvir os rapazes rindo pelo corredor e aparentemente eles vinham em nossa direção. — Vou tentar ajudar, mas sério, não sou muito mais experiente do que você, — dei de ombros.


Becca assentiu. — Nós vamos ler 50 tons. Ele deve nos dar algumas respostas. — Sim, como ser açoitada enquanto é amordaçada com uma bola, — brinquei. — Verdade. Talvez devêssemos ficar com os livros de Judy Blume36. Empurrei o braço dela de brincadeira assim que os rapazes entraram. Seus braços estavam cheios de bebidas e aperitivos. — Vocês encontraram algo para assistir? — Penn perguntou. Becca e eu nos olhamos, olhamos para as nossas mãos vazias, depois de volta à prateleira. — Hummm... — Becca resmungou. Estendi a mão e agarrei o primeiro filme que toquei: Penetras bom de bico. — Oops... todos nós já vimos este? — Perguntei, segurando-o. Todos concordaram, mas Liam agarrou-o da minha mão e foi colocá-lo no projetor de alta qualidade. — Isso é bom, provavelmente acabaremos conversando durante ele de qualquer maneira, — ele deu de ombros. Ele tinha um ponto. Com quatro pessoas que estavam todas eufóricas com a tensão sexual, é provável que não prestássemos atenção no filme por muito tempo. Nós quatro poderíamos ter nos encaixado confortavelmente no sofá, mas Becca e Penn foram para o sofá mais próximo da tela e Liam e eu fugimos para o de trás. Os trailers começaram a aparecer enquanto eu me ajustava no assento e espalhava um cobertor que parecia uma nuvem sobre o meu colo. Liam estreitou os olhos em mim de alegremente e puxou o cobertor em cima dele também. Ele não era tão grande, provavelmente porque era feito de lã de ovelha, então eu precisei fugir para perto dele. Obrigada, cobertor minúsculo.

36 Escritora infanto-juvenil, seu livro mais famoso é Tiger Eyes.


Tínhamos pipoca descansando em nosso colo e doces espalhados na nossa frente. — Ei, vocês tem alguma coisa boa aí em cima? — Perguntei, inclinando-me para ver o estoque deles. Becca jogou um pouco de peixe sueco37 e um deles me atingiu no olho. — Ei, eu só peguei três desses, — reclamei, colocando um em minha boca. — Eu peguei o outro, — Liam proclamou orgulhosamente. Um pouco da barbatana vermelha saía da boca dele e me aproximei para mordê-la. Ele mordiscou meu lábio inferior e, por esse breve segundo eu esqueci onde estávamos. Quando Becca pigarreou, eu me puxei para trás e a encontrei inclinada sobre o sofá, segurando o saco de doces. — Devemos trocar Penn e Kinsley de lugar? Vocês não podem ter relações sexuais durante o filme, — ela brincou. Tudo de uma vez Penn, Liam, e eu gritamos: — Não! Becca riu e balançou a cabeça antes de se virar com carinho para o lado de Penn. Quando o filme começou, todos nós fizemos um esforço de boa fé para realmente vê-lo, mas não passaram sequer dez minutos e Liam estendeu um saco de M&Ms de amendoim na frente do meu rosto. Olhei para ele com cautela. As chances eram de que se eu estendesse a mão, ele morderia minha mão. — Mais do que M&Ms de amendoim, — ele sussurrou, e me levou um tempo para compreender o que ele quis dizer. Quando entendi, eu mordi meu lábio para tentar esconder o sorriso brega lutando para se libertar. Peguei o saco, me inclinei na curva do seu ombro, e um de cada vez, comemos a coisa toda. Não julgue, era um saco pequeno. Em algum momento durante o filme, eu devo ter adormecido, porque quando acordei, as luzes estavam apagadas e eu precisava fazer xixi como um cavalo de 37 Doce, goma em formato de peixe.


corrida. Eu estava deitada no sofá com um travesseiro debaixo da minha cabeça, o qual não estava lá. Liam estava atrás de mim, com o braço em volta da minha cintura. Eu mal podia respirar, quanto mais me movimentar, com seu aperto em torno de mim. Gentilmente tirei o braço dele e me arrastei no escuro até encontrar a porta. Quando voltei do banheiro, eu espreitei sobre o sofá da frente para encontrar Becca e Penn abraçados na mesma posição que Liam e eu estávamos, e não pude deixar de sorrir. Eu teria tirado uma foto deles se pudesse fazer isso sem acordar todos e parecer uma grande perseguidora. Eles pareciam tão perfeitos juntos, e Becca dormia com um pequeno sorriso no rosto. Foi muito divertido, e adorável. Esforcei-me para não acordar Liam quando rastejei de volta para o sofá, mas podia sentir meu coração batendo debaixo da camisa. Levantei o cobertor e deslizei ao lado dele, de modo que meu rosto ficasse pressionado contra o seu peito. Respirei fundo e inalei o cheiro de seu desodorante e óleo corporal, deixando meus olhos se fecharem. — Onde você foi? — Ele sussurrou, envolvendo os braços em volta de mim. Não percebi que ele estava acordado. — Fui olhar suas fotos de bebê e declarações fiscais. — Pensei que você estava me deixando de lado. — Não depois de você compartilhar o seu doce comigo. — Sorri contra o peito dele e ele me abraçou mais apertado. — Eu realmente gosto de você... você deve ser minha namorada. Meu corpo se acalmou contra seu peito. Ele estava me pedindo isso de verdade ou falando dormindo? Talvez ele nunca tenha realmente acordado e eu estava conversando com o subconsciente dele. Joguei junto, como se ele estivesse me perguntando de verdade.


— É tarde, e me pedir para ser sua namorada me faz sentir como se estivéssemos na escola. Ele deu uma risadinha e se abaixou para beijar a borda da minha boca. — Fique firme comigo. Seja meu encontro em um evento, no qual eu preciso fazer uma aparição na próxima semana. — Sim. — Isso foi um sim para ser minha namorada ou um sim para ser meu encontro? — Ele sussurrou. — Para ambos. Agora me deixe dormir, seu idiota, antes que eu mude de ideia. Ele riu e me aconchegou mais perto dele até que o senti quente e acolhedor o suficiente para voltar a dormir.


Capítulo 21 Acordei na manhã seguinte com o cheiro e sons de bacon sendo fritado. Rolei para fora do sofá, me enrolando no cobertor macio, e olhei por cima pra encontrar Becca ainda dormindo, sem nenhum sinal de Liam ou Penn. Eles devem ser a fonte do cheiro de bacon. — Acorde, dorminhoca, — eu disse, arrancando o cobertor dela. Ela gemeu e começou a dizer alguns nomes muito coloridos, um dos quais era algo como: Trigo-fino macaco vagabunda. Sinto muito, mas o que isso quer dizer? — Isso é jeito de falar com a sua melhor amiga? — Eu ri quando ela tentou puxar o cobertor em que eu estava enrolada. — Este é meu! Consiga o seu! — Becca, Kinsley! Vamos lá, o café está pronto! — Penn chamou. Entramos em ação e corremos para a cozinha, escorregando e deslizando em nossos cobertores e meias. Quase caí ao virar a esquina para a cozinha e Becca ficou rindo por uns cinco minutos. Liam arqueou a sobrancelha para nós. — Pensei que você tinha um equipamento à prova de Becca. Levantei minha perna e braço, ambos ostentando contusões de cortesia da minha melhor amiga aka desova de Satanás. — Continuo me esquecendo de usálos. Talvez devêssemos envolver Becca em plástico bolha. Ela guarda um monte de soco para um pequeno pacote. Os meninos riram. — Eu veto o plástico-bolha. — Penn brincou.


Mexi

minhas

sobrancelhas

enquanto

inspecionava

a

refeição

que

cozinharam. — Você repensará a sua decisão depois dos golpes de karatê nas costelas e no estômago. Becca bateu no meu braço como um aviso. — Espero que vocês comam bacon e waffles. Meus olhos se iluminaram. — Waffle para mim, por favor! — Sorri e me sentei à mesa. Becca seguiu o exemplo. — O quê, nós cozinhamos e precisamos servir? — Liam brincou, já colocando um waffle em um prato. Eu atirei os meus melhores olhos de cachorrinho. — Oh, por favor. Gire esses olhos pra lá. Eles não me afetam. — Sim, certo, em dois segundos eu tinha um waffle, suco de laranja, café e calda em minha frente. Pisquei para ele. — Nós lavaremos os pratos. Passamos a maior parte do domingo nos espreguiçando na praia. Liam esfregou protetor solar em minha pele, tomando o tempo extra para passar em cada superfície que pudesse encontrar. Sorri por cima do meu ombro para ele e ele se inclinou para me beijar. — Você se lembra de nossa conversa ontem à noite? — Ele perguntou. — Aquela sobre o status do relacionamento? — Perguntei, mordendo meu lábio e olhando em direção ao oceano. — Hum. Só queria ter certeza que você estava consciente do que estava concordando. Eu ri e admiti que me preocupara com a mesma coisa. — Então você é meu namorado? Liam Wilder é o meu namorado? Ele riu. — Bem, eu não me refiro a mim mesmo na terceira pessoa, mas sim, Liam Wilder é o seu namorado e... ele é um cara de sorte. — Ele passou a mão


debaixo das cordas do meu biquíni e eu temia que ele os desamarrasse tão rapidamente quanto na noite anterior. Dei um tapa na mão dele de brincadeira. Depois que a conversa acabou, eu me senti muito menos estressada com a situação. Estar perto dele era fácil e divertido. Claro, quando ele pegou uma bola de futebol e nós quatro fomos brincar, eu mal podia me concentrar por conta de como ele ficava de sunga, mas talvez eu me acostumasse com isso eventualmente. Algumas vezes eu o peguei me olhando da mesma maneira, e precisei segurar uma risada. Todos nós tentamos prolongar o dia enquanto podíamos. Eu colocava meu prato na máquina de lavar louça depois do jantar quando Liam passou os braços em volta da minha cintura e esfregou minha orelha. — Você não precisa ir para casa. Pode ficar e eu a levo ao treino de amanhã. Deus, era tentador. A sensação de seus braços em volta de mim bloqueou a maioria das minhas células funcionais do cérebro, mas eu ainda tinha sentido o suficiente para balançar a cabeça. Liam era uma força da natureza na minha vida. Se eu deixasse, ele iria balançar e virar tudo de cabeça para baixo, até que tudo o que restasse de pé fossem meus sentimentos por ele. Precisava colocar alguma distância saudável entre nós, apenas por uma noite. Virei em seus braços e envolvi minhas mãos em volta de seu pescoço. Quando fiquei na ponta dos pés, estava quase no nível do rosto dele. — Eu deveria ir para casa e ligar para os meus pais... verificar meu e-mail, você sabe, colocar minha cabeça em coisas da vida normal. Ele riu. — Isso pode ser a vida normal. Tremi com a insinuação dele. — Não tente me convencer. O meu desejo de ir embora já está diminuindo. — Parece que eu deveria continuar tentando convencê-la. — Ele abaixou a cabeça e beijou meu pescoço. Meus olhos se fecharam e deixei escapar um pequeno suspiro.


Então voltei à realidade. — Não. Não. Não. Liam! — Eu me afastei dele e ele ergueu as mãos, tentando conter o riso. — Você joga sujo! Becca, vamos! Ela saiu exatamente da mesma maneira que eu, e é por isso que nós corremos da casa, dando adeus aos meninos e não deixando que eles chegassem perto de nós. Entramos no meu carro e tranquei as portas apenas por precaução. No segundo em que estávamos dentro e seguras de nossos hormônios, começamos a divagar. — Esses garotos são perigosos, — acusei, começando a tirar meu carro da garagem. — Que bom que você estava lá para dar apoio moral ou eu não teria saído. Penn provavelmente teria de me expulsar daqui a três semanas, quando eu tivesse barricada no quarto dele. Eu ri. — Simplesmente não posso acreditar no quão rápido tudo está acontecendo. Liam me pediu para ser namorada dele na noite passada. Becca girou em seu assento para me encarar. — O quê?! Quando? Mordi o lábio e tentei me concentrar na estrada na minha frente. — Bem, mais ou menos no meio da noite, mas depois ele confirmou novamente esta manhã na praia. Eu podia vê-la boquiaberta com o canto do meu olho. — O que você disse? — Sim! É claro. Você acha que sou louca? — Sim, um pouco. Mas, isso não tem relação com esta situação. Uau, ele é um pegador. — Ela balançou a cabeça como se o imaginando por um momento. — E quanto a você e Penn? — Perguntei. Becca estreitou os olhos e olhou pelo para-brisa. — Não tenho certeza ainda. Ele acabou de sair dessa relação e me disse que quer levar as coisas realmente


devagar. Acho que ele não quer desrespeitar a ex saltando para um novo relacionamento tão cedo. — Acho que faz sentido. Há quanto tempo eles se separaram? — Um pouco mais de um mês. — Hmm... — honestamente, eu não tinha certeza da regra sobre a quantidade adequada de tempo entre as relações. Acho que depende de quanto tempo eles estavam juntos e como se separaram. — Acho que é óbvio que ele tem sérios sentimentos sobre você, vocês estavam praticamente com os quadris colados hoje. Basta continuar lá e tentarei obter informações de Liam se você precisar. Becca sorriu. — Sim, eu estou tentando apenas ir com a maré, mas não sou muito boa nisso. Acho que meu corpo é muito denso.

Na segunda-feira, a treinadora Davis sentou-se com todas e explicou que Tara não era mais um membro da equipe de ULA. Nós votamos nos novos capitães de emergência, optando por tirar Sofie e substituí-la por uma novata, o que todo mundo amou. Eu esperava mais comoção com a partida de Tara, mas assim que a treinadora Davis fez o anúncio, era quase como se pudesse ouvir um suspiro audível passar pelo grupo. Após o treino, eu seguia para o vestiário quando Sofie me pegou. — Ei, nós poderíamos conversar por um segundo? — Ela perguntou. Seus olhos fugiam de mim, para o chão e subiam, e ela mexia com as mãos. — Sim. É claro. — Eu disse, me preparando para o pior. Em certos momentos durante as últimas semanas, Sofie foi tão má quanto Tara, mas agora que sua líder foi embora, era como se Sofie quase parecesse tímida.


— Só queria pedir desculpas por tudo. Tara e eu estávamos realmente fora da linha, e enquanto provavelmente nós duas deveríamos ter sido expulsas do pelotão, percebo agora que me foi dada uma segunda chance e não estragarei tudo. Eu nunca deveria ter tratado você como fiz e não há realmente nenhuma desculpa... Coloquei minha mão no braço dela. — Não se preocupe. Vamos esquecer, as últimas semanas já aconteceram e nós seguiremos em frente. Parece bom? Agradecimento brilhou no rosto dela. — Obrigada, Kinsley. — Para minha surpresa, ela estendeu a mão e me deu um abraço apertado. Foi estranho. Isso foi muito estranho. Bati nas costas dela e me contorci para sair do seu domínio, eventualmente. Durante o resto da semana eu tentei permanecer no momento. No futebol, eu me concentrei em futebol. A treinadora Davis nos forçou e me pareceu bom manter minha mente ocupada em outra coisa além de Liam. Foi agendado um amistoso contra outra faculdade da área na semana seguinte, por isso, nos preparávamos para isso. Eu estava nervosa só de pensar nisso, mas a treinadora Davis me garantiu que eu estaria no jogo. Infelizmente, isso só me deixou mais nervosa. Tecnicamente, esse era o meu primeiro jogo da faculdade e queria impressionar a todos que esperavam uma excelente jogadora. Não, eu queria superar as expectativas de todos sobre mim. Queria que eles falassem: Pensei que seria boa, mas essa menina está pegando fogo. Eles não tinham escolha a não ser me comparar com Katniss. Na quinta-feira, escutávamos a treinadora Davis nos encher com coisas de última hora antes do treino terminar. — Não se esqueçam que neste sábado vamos como uma equipe observar os LA star jogarem. Será uma boa experiência de aprendizagem para todas vocês que estão saindo das equipes do ensino médio. O nível em que esses atletas


profissionais competem lhes dará um gostinho do que temos de almejar durante nossos treinos e jogos. Não farei com que todas vão juntas, apenas se encontrem do lado de fora do estádio as 17:45 e vistam as camisas e jeans preto da ULA. Com tudo que estava acontecendo, eu esqueci que assistiríamos ao jogo de Liam. — Você verá o seu namorado jogar em um jogo de futebol profissional. — Emily brincou quando voltávamos para casa. Nós colocamos Emily por dentro de quase tudo o que aconteceu no fim de semana quando voltamos no domingo à noite. Ela ficou com a boca aberta durante a maior parte da explicação, mas no momento, eu acho que ela começava a assimilar. — Penn estará lá, também, — apontei. Ainda que não tenham oficializado, Penn e Becca se falavam todos os dias, assim como Liam e eu, então eles estavam tecnicamente juntos. Etiquetas que se danem. — Não conta! — Becca esclareceu do banco traseiro. — Hum, sim, definitivamente conta, — corrigi. — Então, Kinsley e eu vamos ao evento da indústria com os caras na sextafeira, e depois posso dirigir para o jogo no sábado, — Becca ofereceu. — Soa Bueno, — brinquei. — Mmm, isso me lembra... vamos pegar tacos para o jantar! — Becca exclamou. Emily e eu concordamos de primeira. Você não recusa tacos em LA.


Capítulo 22 Os horários de Liam e o meu não sincronizaram muito bem durante a semana. Eu treinava todas as manhãs, ele treinava até o final da tarde, e depois ele geralmente tinha algumas reuniões ou entrevistas para ir depois do treino. Nós nos encontramos para o jantar na quarta-feira e conversamos todas as noites, mas quando a sexta-feira chegou, não pude conter minha emoção por vê-lo. Becca e eu passamos a tarde comprando os vestidos perfeitos para usar no evento da indústria. O qual seria realizado em um hotel pomposo no centro, e Liam me avisou que haveria todos os tipos de agentes, mídia, socialites de Los Angeles, e celebridades presentes. Basicamente, as pessoas com que eu tinha cerca de zero em comum, por isso, se tudo o mais falhar, Becca e eu poderíamos nos misturar com a multidão. Nós procuramos no shopping até que encontramos vestidos que combinavam com nossos tipos de corpo perfeitamente. Meu mini vestido de seda era colante e solto, parecendo um moderno vestido de melindrosa. Ele alcançava logo abaixo da minha clavícula na frente, mas tinha um extenso decote atrás, dava pra ver através das mangas compridas e lantejoulas douradas costuradas em belos desenhos sobre a coisa toda. A bainha estava cortada em um comprimento quase indecente, mas como o vestido era solto, ele me permitiu mostrar minhas longas pernas bronzeadas, sem fazer com que todos se perguntassem se eu tinha um segundo emprego como uma dama da noite. Prendi meu cabelo em um coque frouxo, com um toque sedoso na base do meu pescoço para que a minha curva tonificada ficasse completamente exposta. — Estou começando a ficar muito nervosa, — Becca proclamou enquanto terminava de retocar a maquiagem. Eu afivelava as tiras finas no meu tornozelo de


meus saltos altos quando olhei para cima. Ela estava com um brilhante vestido branco que se encaixava em seu corpo como uma luva. Era justo, com mangas curtas e uma bainha curta. Ela o colocara com saltos fúcsia que eram perfeitos para o verão. Seu cabelo curto estava liso como sempre, mas ela caprichara na maquiagem dos olhos. — Não. Não. Se você começar a ficar nervosa, então eu ficarei nervosa. Você está incrível. — Levantei e vi meu reflexo no espelho atrás dela. Ela me ajudou com a minha maquiagem, para que os meus olhos azuis contrastassem contra a minha pele bronzeada e cabelos escuros. Senti-me bem. Ela soltou o pincel de maquiagem e começou a examinar sua aparência, piscando um olho e depois o outro, e sorrindo de diferentes ângulos. Certo, ela sequer se arrumava mais, então fui ao banheiro, apliquei perfume, e a empurrei para fora. — Pare de piscar para você mesma, psicopata. Será divertido. Nós nos encontraremos com os caras lá. Eles nos entregarão bebidas, vamos estar com celebridades, e depois voltaremos, — tentei assegurá-la enquanto íamos para o hotel. Não admiti, mas eu estava feliz por Becca tomar o papel de Nelly nervosa,38 porque me forçou a ser a confiante e legal. — Oh meu Deus, se Amy estiver lá eu vou falar com ela. — Amy? — Perguntei indo em direção ao hotel. — Poehler, vulgo minha melhor amiga. Acorde, Kinsley. Meu celular começou a tocar e Becca atendeu para que eu pudesse continuar dirigindo. — Secretária de Kinsley falando, ela está dirigindo... nós estamos no nosso caminho... provavelmente 20 minutos neste tráfego... ok eu vou dizer... oh meu 38 Expressão para pessoa muito ansiosa.


Deus, não. Grosso. Não direi que... (risos)... ok, ligamos para você quando chegarmos lá. Becca desligou e largou meu telefone no porta-moeda. — Era o seu namorado. Ele não pode esperar para vê-la e quer que a gente ligue para ele quando chegarmos lá. Ele sairá com Penn e nos pegará. Balancei a cabeça. — O que mais ele disse? — Você terá que perguntar a ele. Vocês são brutos. Eu ri e comecei a sentir meus ombros relaxarem. Acho que Becca se sentia melhor, também. Ligamos a música e cantamos juntas no resto do caminho para o hotel. Quando chegamos, parei em frente para que o manobrista pudesse levar meu carro. Nós duas ficamos boquiabertas. Eu tinha ido ao Hotel San Louise uma ou duas vezes para o brunch com os meus pais, mas vê-lo iluminado à noite foi de tirar o fôlego. O hotel foi construído após a década de 1920. A fachada era branca com belas luzes que nos levavam em direção ao manobrista. Becca mandara uma mensagem para os meninos quando estávamos prestes estacionar, por isso, quando entreguei as chaves ao manobrista e deixei o carro não fiquei surpresa ao encontrar Liam e Penn nos esperando do lado de fora das portas do hotel. Cara, eles ficaram bem contra o pano de fundo do hotel. Senti como se estivesse entrando em uma cena de O Grande Gatsby. Fiz uma pausa para olhar Liam da cabeça aos pés, admirando a forma como o terno Armani preto foi feito sob medida para o seu corpo. Ele retirou a gravata e usava a camisa branca com os dois primeiros botões abertos. Seu cabelo geralmente indisciplinado estava penteado para trás, combinando com sua aparência, mas ele deixou a sombra da barba para equilibrar suas feições. Eu queria segurar as lapelas de sua jaqueta entre meus dedos e puxar ele para mim com um beijo, mas ainda estávamos a poucos metros de distância um do outro.


Quando Liam e Penn deram um passo adiante para nos cumprimentar, eu segurei um sorriso. As línguas estavam praticamente penduradas em suas bocas. Era bom saber que eu, Kinsley Bryant, jogadora de futebol de dezenove anos de idade, poderia deixar Liam Wilder quase de joelhos. Ele estendeu a mão em meu quadril e me girou lentamente. Ele assobiou baixo e sexy ao ver a parte de trás do meu vestido. — Kinsley, eu acho que você esqueceu seu casaco no carro, — ele brincou ao terminar de inspecionar. Dei de ombros inocentemente e inalei seu perfume. Ele usava o perfume assinado por ele e deixei-me inundar quando se inclinou para roubar um beijo de meus lábios. Antes de se afastar completamente, ele sussurrou: — Você está tão bonita. Sorri para ele, tentando tomar o momento mágico antes de ser engolida por uma multidão gigantesca de pessoas — Obrigada, — eu disse, dando um tapinha no paletó e sentindo seu peito duro por baixo da camada de tecido fino. — Eu deveria ter avisado, mas há uma área com jornalistas no lobby do hotel antes da entrada para o evento. — Uma o quê? Liam sorriu. — Um tapete vermelho. Eles vão querer tirar algumas fotos nossas, antes de entrarmos. Uma onda de nervosismo caiu imediatamente em cima de mim. Calma, espere. Eu estava pronta para isso? A treinadora Davis e os patrocinadores de Liam sabiam um pouco sobre o nosso relacionamento, mas o que aconteceria quando a história viesse à tona com a mídia? — Então, o que vamos fazer? — Perguntei, olhando para ele a fim de tentar decifrar o que ele estava pensando. Seus traços eram marcantes, mas relaxados.


— Prefiro ter você no meu braço, mas provavelmente é mais seguro se eu andar com Penn e você e Becca caminharem juntas atrás de nós. Estendi a mão para beijar sua bochecha. — Obrigada. — Eu sabia que ele estava se esforçando para me proteger dos meios de comunicação. Explicamos o plano a Penn e Becca, e caminhamos para a porta da frente do hotel. Eu podia ver os fotógrafos através do vidro fosco e meus nervos trepidavam sobre si mesmos, até que pude sentir a minha mão tremendo em Liam. Ele me deu um sorriso tranquilizador antes de entrar com Penn. Tentei ouvir os paparazzi, mas era impossível ouvi-los através da porta. Alguns momentos depois, quando Penn e Liam saíram do tapete, a porta da frente se abriu para que pudéssemos entrar. Alcancei a Becca e respirei fundo quando a equipe segurou a porta para nós. No momento em que passamos do limite, flash após flash começou a iluminar o pomposo saguão do hotel. Eles arrumaram para que os convidados do evento fossem direcionados por um longo tapete vermelho. Fotógrafos estavam de um lado de uma corda vermelha e havia um banner gigante no final do tapete com várias logomarcas repetidas por todo o caminho. Sorri e tentei parecer normal, mas as minhas feições estavam tensas e falsas. Eu sorria ou apenas abria demais a boca? Becca apertou minha mão e eu apertei de volta enquanto caminhávamos em direção ao centro do tapete vermelho. Uma vez que chegamos a uma determinada parada, um publicitário insistiu que deveríamos posar para uma foto. Os flashes se multiplicaram a medida que nos inclinávamos uma contra a outra. — Kinsley, você está participando sozinha do evento nesta noite? — Um repórter perguntou, e no momento que a pergunta saiu, todos se juntaram, um após o outro, e as suas vozes clamavam para ser ouvida.


— Kinsley, com quem você está esta noite? — Você está saindo com alguém? — Você sabe por que Liam parou com a ajuda voluntária na ULA? — Você planeja levar o seu relacionamento com Liam a público? Eu ficava apenas com um sorriso falso estampado em meu rosto, como se não pudesse ouvir uma única palavra. Mesmo assim, minha cabeça girava quando o publicitário nos deu um polegar para cima. Puxei Becca do tapete vermelho o mais rápido possível e levantei o olhar para ver Penn e Liam nos esperando na entrada do evento. Quanto mais cedo entrarmos na festa e ficarmos longe da mídia, melhor. Assim que meus saltos saíram do tapete vermelho e voltaram para os elegantes pisos de mármore, eu pensei que estava tranquilo, mas então ouvi uma estridente voz familiar atrás de mim. No começo eu não acreditei, mas quando me virei, vi Tara posando com um cara bonito que eu não reconheci. — Estou vestindo Versace e estes sapatos são Louboutins, obviamente, — ela respondeu uma das perguntas dos paparazzi enquanto afofava seu cabelo e fazia a pose perfeita. — Suas companheiras de equipe acabam de passar no tapete. Você estará com elas no evento? — Perguntou um repórter, apontando em nossa direção. O olhar de Tara seguiu seu dedo até que nossos olhos se encontraram e meu estômago afundou. Ela não devia ter privilégios de usar o microfone. Não havia nenhuma maneira de saber o que estava prestes a sair de sua boca em seguida. — Na verdade, não somos mais companheiras de equipe, — ela esclareceu com um ar de atitude quando voltou sua atenção para as câmeras. Esse comentário provocou uma enxurrada de perguntas dos paparazzi, e fiquei segurando o braço de Becca com um aperto de morte. Becca me lançou um olhar suplicante quando Liam começou a me puxar em direção à entrada da festa. Ele não queria que eu fosse submetida ao seu drama, mas eu precisava saber o que ela responderia.


— Eu, na verdade, deixei a equipe por algumas razões bastante interessantes. Tive um problema com uma determinada pessoa na equipe. Houve toneladas de dramas suculentos, mas preciso ir para o evento agora, meninos! Talvez cheguemos ao fundo da história em outra hora! Meu queixo apertou enquanto a ouvia plantando a semente da minha morte iminente. Ela contornou os mínimos detalhes de nosso drama por agora, mas nós teríamos que limpar o ar em breve. Nós duas tínhamos muita munição uma para a outra e eu sabia que ela apenas esperava para usá-la em sua vantagem. Liam apertou minha mão e me atirou uma cara de desculpas. Passei minha outra mão em torno de seu braço para que ele soubesse que eu não estava chateada... apenas sobrecarregada. Não contava com a presença de Tara essa noite. Se soubesse que ela estaria no evento, eu teria escondido um cantil de bebida nas minhas lantejoulas. Ou talvez uma Glock39. O tapete vermelho nos levou em direção a um conjunto de portas duplas, onde uma pessoa das RP40 verificava as pessoas na lista e as admitia quando chegavam. Quando ela olhou para Liam, ela sorriu e acenou para nós rapidamente. Minha frequência cardíaca começou a abrandar assim que entrei no majestoso salão de baile. Aqui, éramos apenas mais alguns convidados da festa. Os organizadores do evento não pouparam nenhuma despesa. As cores do evento eram preto, dourado e branco, e as estenderam em todos os detalhes. Mesas pretas de coquetéis estavam posicionadas por toda a sala. Eles cobriram as paredes com ornamentação preta e dourada e papel de parede listrado. Orquídeas brancas estavam em todas as mesas e balões pretos cobriam o chão do centro de dança. Ele já estava lotado no momento em que chegamos. As pessoas estavam ao redor das bancadas do bar e pista de dança. Fiquei aliviada ao ver que este não seria um evento do tipo de ficar sentada.

39 Arma. 40 Relações Públicas.


Logo de cara eu reconheci poucas celebridades conversando com seus amigos e comitivas. Estava acostumada a vê-los, tendo crescido em LA, mas nunca participei de uma festa com muitos deles. Foi quando me ocorreu que eu estava aqui como um encontro para uma dessas pessoas. No segundo em que entramos, as pessoas começaram a zumbir em torno de Liam, acenando Olá e batendo no braço dele quando passava. Ele era claramente muito apreciado por todos os presentes, um pouco bem demais apreciado por algumas das mulheres, mas me esforcei para ignorá-las. E por ignorá-las, quero dizer, olhando-as e orando pra que elas estivessem realmente acompanhadas. Liam colocou a mão na parte inferior das minhas costas para que seus dedos tocassem minha pele nua. Saudamos um de seus amigos enquanto ele passava a mão lentamente para cima e para baixo na minha coluna, apenas o suficiente para fazer a minha pele formigar. Um vestido sem costas foi definitivamente uma boa escolha. — Gostaria de uma bebida? — Liam perguntou. — Claro. Ela me dará alguma coisa para fazer com as minhas mãos, — brinquei enquanto ele nos levava até o bar. — Este lugar parece incrível, — Becca observou, olhando para o teto abobadado iluminado por estrelas douradas sobre as nossas cabeças. Eu não poderia dizer se era um truque de iluminação ou se eles realmente prenderam estrelas no teto. Liam inclinou-se. — Champanhe ou um galgo41? Sorri para o luxo de champanhe, mas eu tinha que resistir. — Provavelmente deveria ficar com a coca diet uma vez que há mídia aqui. Ele e Penn se aproximaram de nós pra pedir bebidas, e Becca e eu nos afastamos.

41 Tipo de Coquetel.


— Você está linda. Ainda está nervosa? — Perguntei, colocando minhas mãos em seus ombros enquanto dava a motivava. Ela riu e franziu os lábios. — Não, queriiida, você está linda. — Eu ri. — Na verdade não. Agora que estamos aqui dentro não é tão ruim. Concordei e deixei minhas mãos caírem para o meu lado. — Pensei que aqueles repórteres atacariam você, — Becca riu. Revirei os olhos assim que Liam e Penn se aproximaram com as bebidas. Liam beijou meu rosto e me entregou um copo de champanhe. — Muito obrigada, — pisquei. Penn entregou a Becca sua bebida e todos nós brindamos antes de tomar um gole. O champanhe era leve e doce, uma combinação perfeita. — Vocês falavam sobre os jornalistas? — Penn perguntou. — Sim, eles foram cruéis, — respondeu Becca. Enquanto conversávamos, Liam colocou a mão na parte inferior das minhas costas, mais uma vez, me aproximando de seu corpo. Senti-me íntima por tê-lo me alegando assim. Era como se ele não pudesse estar perto de mim sem me tocar de alguma forma. Descansei meu peso corporal contra o peito dele e senti sua mão mergulhar abaixo da bainha do decote na parte de trás do meu vestido. A queda pela peça de vestuário era porque não havia barreiras para manter Liam fora. Ele facilmente deslizou os dedos uma polegada abaixo do que deveria estar. Se continuasse, ele atingiria o topo da minha calcinha rendada. Olhei para ele cautelosamente, mas ele conversava com Penn com um sorriso confiante. O cara tinha um rosto perfeito de pôquer. Sorri para mim e tomei outro gole da minha bebida, mas quando deslizei o copo de meus lábios, eu olhei para cima para ver Josh e a piranha loira. Sim, a que eu encontrei na cama dele quando estávamos namorando. Eles vinham em nossa direção da entrada da festa.


Em um primeiro momento eu quase não podia acreditar. Certamente, ele teria mais classe do que isso. Ou talvez ele não soubesse que Liam me traria? De qualquer forma, meu estômago se apertou e eu queria fugir do local imediatamente. Os dedos se Liam pressionaram em minhas costas suavemente, deixando-me saber que ele viu Josh se aproximando também. — Olá a todos, — Josh ofereceu com um pequeno sorriso. Eu estava quase surpresa que ele mesmo veio ao nosso grupo, mas depois lembrei que ele e Liam treinaram juntos durante toda a semana. Liam havia me dito que em campo, eles empurraram todas as besteiras de lado e jogaram como companheiros de equipe. Embora eu não tivesse certeza de quais eram as regras para esta situação. Todos nós oferecemos um simples olá e pensei que Josh iria escapulir, mas não. Na verdade, ele teve a coragem de apresentar o seu encontro, Jenny. Penn e Liam assentiram e Becca murmurou um Olá. Ela não sabia que Jenny era a garota com quem Josh me traiu, mas teve o bom senso de perceber que qualquer coisa a respeito de Josh era uma má notícia. Jenny não olhou para mim nenhuma vez. Ela evitou contato visual, seu olhar esvoaçando ao redor da sala. Eu podia sentir Liam ficando cada vez mais tenso perto de mim. Eu tinha certeza que a minha raiva era uma coisa tangível flutuando ao redor de todo o grupo. O silêncio foi ficando cada vez mais forte e, eventualmente, eu simplesmente não consegui lidar com isso. — Tudo bem, Josh, você deixou isso o suficientemente estranho como o inferno. No momento em que as palavras saíram, Liam me soltou e deu um passo para frente, colocando-se entre Josh e eu. Felizmente, Josh não foi completamente estúpido e percebeu que brigar não era a melhor ideia. — Sim, certo. Você está certa. Verei vocês no jogo de amanhã. — Ele sorriu com força e se afastou. Jenny correu atrás dele tentando acompanhá-lo.


No início, nosso grupo ficou atordoado e em silêncio, mas então Becca falou. — Eu percebo que ele foi além de idiota, mas eventualmente teremos de ser capaz de ter uma conversa com ele, pois ele é companheiro de Penn e Liam. Zombei. — Sim, eu concordo totalmente, mas não estou a ponto de deixá-lo me apresentar para a garota com quem eu o encontrei na cama quando estávamos namorando. Becca engasgou. — Era ela? Ele teve a ousadia de trazê-la como o encontro dele e apresentá-la a você?! — Ela estava pirando e eu não poderia culpá-la. Se eu não estivesse em pé ao lado de Liam, eu teria ficado muito mais nervosa com a situação. Mas quando Josh saiu da minha vista, a água de colônia de Liam flutuou ao meu redor e me lembrei do cara com quem eu estava aqui. Liam superou todos os candidatos. Olhei para cima, fazendo contato com os olhos dele, e descansei minha mão em seu antebraço. — Quase não me importo. Estou aqui com você e não há ninguém que eu preferia estar. Apenas gostaria de não precisar fingir que gosto dela se não tiver que gostar. Seus traços marcantes começaram a relaxar quando minhas palavras afundaram nele. Ele respirou fundo e se inclinou. — Se eu não precisasse manter as aparências neste evento, ele não estaria em pé agora. Tremi ao ouvir as palavras dele. — Não. Por favor. Ele não é grande coisa para que você perca a sua energia. Nem quero ser amiga dele. Serei educada com ele sempre que formos forçados a estar perto dele, mas, por favor, não o deixe arruinar a nossa noite. Liam me beijou na boca, roubando a minha respiração e substituindo-a com todos os seus sentimentos por mim. Quando se afastou, eu sabia que ele havia controlado sua raiva. Meus lábios substituíram a necessidade de bater em Josh. Lábios de Kinsley: 1, Josh: 0.


Vi Penn abraçando Becca e puxando-a para perto. Ela sorria para ele, e por um momento, tudo parecia em paz. — Ainda preciso dizer oi para algumas pessoas. Vocês querem nos encontrar na pista de dança daqui a pouco? — Liam perguntou a Penn. Eles concordaram e logo ele me conduzia pela festa, nunca tirando sua mão das minhas costas. Ele me apresentou a sua agente, a mulher doce que nos deu um momento para conversarmos na semana anterior. Ela sorriu conscientemente quando apertou minha mão e eu sabia que ela estava torcendo por mim o tempo todo. Percebi, então, que ela parecia estar em seus trinta e poucos anos e usava um anel muito bonito de casamento. — É um prazer conhecê-la, Kinsley. Você parece ser uma boa influência sobre Liam, — ela emocionou-se, olhando-o como uma velha amiga. Sorri. — Sério? — Eu queria mais detalhes. — Ele está mais focado nas coisas importantes, ultimamente. Deixa o meu trabalho um pouco mais fácil. Liam riu. — Talvez eu devesse fazer você trabalhar mais por esse lado. Ela engasgou em tom de brincadeira. — Nem sequer pense nisso. Conversamos um pouco mais, e então ele me levou para outro grupo. — Prometo que isso não durará muito mais tempo. Só tenho que acabar com isso no começo, e depois será apenas você e eu pelo resto da noite, — ele prometeu. Ele me olhou da cabeça aos pés e bati nele de brincadeira com a minha mão. — Não tenho certeza se esse olhar que você me dá é apropriado para o público, — eu avisei com um sorriso maroto. Ele sorriu antes de me puxar para um beijo. — Oh, não foi. Você não quer saber os pensamentos que passaram pela minha mente desde que eu vi você com esse vestido.


— São as costas, não é? — Brinquei, tentando resfriar o calor entre nós. Sua mão traçou a minha coluna, aterrissando bem acima da minha bunda. — Nunca me considerei um homem de bunda até que vi você vestindo isso. Eu ri e ele me beijou mais uma vez antes de me puxar para outro grupo. Pelo menos desta vez eu vi um rosto familiar em pé ao meu lado. Embora, não um verdadeiramente bem-vindo. Brian King, o Repórter Sr. Mentiroso. — Oh, Olá Brian. — Ofereci um sorriso lacônico quando Liam iniciou uma conversa com outra pessoa no grupo. Brian virou para mim e eu poderia dizer que ele estava um pouco chocado ao encontrar-me ao lado dele. — Kinsley! — Seus olhos se iluminaram com o choque. — Não sabia que você estaria aqui. Pensei em entrar em contato com você uma vez que o artigo foi publicado, mas estive muito ocupado. — Ah, imagino que sim, — eu disse, tomando um gole do meu champanhe. — Como vai você? — Ele perguntou, digitalizando brevemente a frente da minha roupa antes de encontrar meus olhos. — Vou bem, — respondi honestamente. — Estou realmente contente de conseguir falar com você pessoalmente, — ele disse, inclinando em direção a mim. — Eu queria pedir desculpas. Quando te pedi para fazer aquele artigo, a minha intenção era para ser sobre futebol. Meu editor empurrou o absurdo romance porque precisávamos de ibope. Ele acabou torcendo a história e tive que brigar com ele com unhas-e-dentes. Obviamente, ele teve a última palavra. — Seu pedido de desculpas parecia tão sério, e meu instinto me disse que ele não era um cara ruim. Eu sabia que ele provavelmente estava sob muita pressão para entregar certos tipos de histórias para a revista. — Sério, eu estudei para me tornar um jornalista esportivo, não um contribuinte para as fofocas. — Ele passou a mão pelo cabelo e senti a necessidade de aliviar a consciência dele.


— Brian, não se preocupe. Sei que você teve boas intenções, — eu disse, dando um tapinha no braço dele. Todo o seu corpo pareceu relaxar e ele deu um pequeno sorriso. — Mas, na verdade, eu estou feliz em vê-la. Você está aqui com sua equipe? — Ele perguntou. Acho que ele não me viu andar com Liam. — Oh, não, na verdade, eu estou aqui com amigos. — Confiei no que ele quis dizer sobre o artigo, mas não estava prestes a tagarelar sobre vir a festa como encontro de Liam a um repórter, mesmo um amistoso. — Oh, — ele acenou com a cabeça, olhando para Liam atrás de mim, — eu vejo. Bem, espero que você se divirta. Talvez eu a encontre na pista de dança mais tarde? — Ele perguntou com um brilho de esperança nos olhos. Naquele exato momento eu senti a mão de Liam me envolver, ainda que continuasse conversando com outro convidado. O homem era dominante e pronto para mijar em todo o seu território para dizer o mínimo. Decidi empurrar os seus limites. — É claro, Brian. Vamos dançar mais tarde. — Eu podia sentir Liam deslocando em direção a mim um pouco antes de nos interromper. — Na verdade, eu estava a ponto de levá-la para lá agora, Kinsley, — respondeu Liam, pegando a minha taça de champanhe e depositando-a na mesa mais próxima.


Capítulo 23 — Você queria a minha atenção, e agora a tem. — Liam sorriu generosamente enquanto me girava na pista de dança. — Hmm, talvez eu queira uma dança com Brian. — Provoquei com um olhar diabólico. — Sobre o meu cadáver, baby. — Ele brincou, passando os braços em volta da minha cintura. Uma música lenta tocava no sistema de alto-falante. — Achei que vocês eram companheiros de equipe? — Perguntei com uma sobrancelha interrogativa. O olhar de Liam me varreu. — Isso não tem nada a ver com ele dançando com você enquanto usa esse vestido. — Não é tão ruim assim, — eu desafiei quando ele me girou com cuidado e me virou para trás. Ele era um dançarino experiente e achei incrivelmente fácil seguir o seu exemplo. Sua mão caiu no lugar sobre a pele, logo na base da minha coluna. Ele sorriu com confiança e balançou a cabeça. — Minha mão está a dois centímetros acima do seu fio dental. Este vestido deve ser queimado. — É bem solto! — Eu ri e ele deu um beijo quente em meu pescoço, se arrastando para cima. Liam balançou a cabeça, brincando. Uma música passou para outra e mais alguns convidados se juntaram a nós na pista de dança.


— Estou animada para vê-lo jogar amanhã. — Sorri e envolvi minhas mãos atrás do pescoço dele. — Será um bom jogo. Tenho permissão para ir ao seu jogo na próxima semana? Inclinei minha cabeça para que eu pudesse olhar nos olhos dele. — Como você sabe sobre isso? Ele arqueou uma sobrancelha. — Verifiquei o cronograma da ULA. Não perderei nenhum de seus jogos se eu puder assistir. Sorri e deixei minha cabeça cair contra o peito dele. Não sei por que a ideia dele verificar minha agenda de futebol parecia romântica, mas era. Mostrou o quanto apoiava a minha equipe e eu. — Sim. Você pode ir, — murmurei. Nós apreciamos as próximas músicas e fiquei em meu mundo com ele. De vez em quando ele girava e mergulhava em mim, e não pude evitar o riso que me atingiu no seu jeito brincalhão. À medida que cada canção passava, o espaço entre os nossos dois corpos parecia diminuir. Suas mãos subiam pelas minhas costas. Seus lábios se roçavam na minha boca, meu pescoço e meu rosto, sempre que ele podia. Eu me desfazia lentamente e ele era o orquestrador da minha morte. — Custa muito se manter discreto, — murmurei, não realmente chateada com tudo. Ele deu de ombros. — Não tenho nenhum problema com todos nesta sala sabendo que você está comigo. — Mmm, vamos ver o que eles escrevem sobre nós nos jornais amanhã, — provoquei assim que vi Becca correr pela pista de dança. Ela foi bloqueada por dançarinos, mas segui o caminho dela, e quando ela quase desapareceu ao virar da esquina em direção aos banheiros, eu finalmente vi que o rosto dela estava vermelho e manchado.


— Oh, não. Becca está chorando, — murmurei, saindo das mãos de Liam. — Você a vê? — Ele perguntou, girando na direção do meu olhar. — Ela ia em direção ao banheiro. Eu deveria ir ver como ela está. — Virei para ele, descansando minha mão em seu braço. — O encontro depois. Ok? Ele acenou com a cabeça, mas seus olhos se estreitaram. — Vá ver se ela está bem. Girei através dos outros dançarinos e corri para o banheiro. No começo eu pensei que estava vazio, mas então vi que a última porta estava fechada, e quando me aproximei, ouvi o choro abafado. Bati na porta. — Becca? — Kinsley? — Ela perguntou esperançosa. — Sim, abra a porta e me deixe entrar. Um momento depois, a trava deslizou e ela abriu a porta o suficiente para eu deslizar por ela. — Becca, o que há de errado? Você está bem? Penn fez alguma coisa? — Perguntei quando ela encostou-se à parede e escondeu o rosto entre as mãos. Becca tentou respirar fundo, mas uma pequena fungada se rompeu. — A ex de Penn está aqui. Respirei fundo. — Tudo bem... tudo bem, — respondi, dando um passo em direção a ela e inclinando para que eu pudesse tentar ver o rosto dela. — Você a viu? Penn a mostrou para você? Ainda não entendia por que ela chorava. Ela estava apenas chateada com o fato da ex dele estar aqui? Eu odiaria ver a ex de Liam, mas isso parecia ser mais.


— Ela veio até onde ele e eu conversávamos e se apresentou. Eu sabia que era ela porque ele me disse o nome dela e parecia claramente perturbado. Balancei a cabeça e mordi meu lábio. — Ela pediu para falar com ele em particular. Ele não a seguiu imediatamente. Acho que ele não queria me deixar, mas então ela o pegou e praticamente o arrastou para longe. Tentei manter o pensamento positivo. Pensei que talvez ela só precisasse falar com ele, mas quando voltei depois de pegar uma bebida, eu os vi juntos no canto, se agarrando. — Ah, merda. — Coloquei minhas mãos sobre minha boca e fiquei em silêncio. Não podia acreditar. Penn parecia realmente gostar de Becca e beijar sua ex bem na frente dela era tão descaradamente desrespeitoso. Senti uma chuva de raiva em cima de mim. — Sinto muito, Becca, — ofereci, chegando a tocar seu ombro. Ela apenas balançou a cabeça e deu um passo em direção a porta. — Podemos apenas ir embora? Não quero mais estar nessa festa, e definitivamente não quero ver Penn e sua ex novamente. Balancei a cabeça continuamente, puxando-a e saindo do banheiro. Não havia como sair da festa sem voltar pelo salão principal, de modo que a guiei no meio da multidão enquanto ela mantinha a cabeça baixa. Estávamos quase no meio do salão quando Tara bloqueou nosso caminho. — Saindo tão cedo, senhoras? Becca já está bêbada? — Ela perguntou, lançando um olhar patético a Becca. Ignorei completamente a pergunta e tentei empurrar e passar. Infelizmente, ela evitou mais uma vez, e como me mudei para frente, o meu pé ficou preso na perna dela. Tropecei e caí para frente, firmando meu corpo com as mãos e os meus joelhos batendo forte no chão do salão. Consegui me recuperar tão graciosamente quanto possível, mas não poderia deixar de trazer Becca comigo e a pequena comoção estava causando uma cena.


— Oh meu Deus, estas duas estão completamente de porre, — Tara escorria com uma preocupação fingida. — Alguém pode chamar um táxi? Ou talvez devêssemos avisar a segurança? — Estou bem. Só tropecei, — respondi quando um espectador aleatório estendeu a mão para ajudar a Becca e eu levantar. Atirei a Tara um olhar mortal e fui recebida por um idêntico dela. A ameaça era clara: O jogo começou. — Kinsley, você não precisa ficar bêbada em uma festa para chamar a atenção. Tenho a sensação de que você receberá muita atenção da imprensa nos próximos dias, — prometeu, com um brilho nos olhos. Fiz uma careta, tentando determinar se era uma ameaça direta ou não. — Do que você está falando? — Vamos embora, Kinsley, — Becca bufou, já se movimentando no meio da multidão em direção à entrada. Corri atrás dela, tentando recuperar-me antes que ela visse Penn. Eu teria que lidar com Tara mais tarde. Alcancei Becca e estávamos quase na entrada do salão de baile quando vimos Penn, Liam, e uma mulher que eu assumi que era a ex de Penn. Eles estavam a poucos metros de distância da porta e já tinham nos visto se aproximando. Enrolei um braço protetor em torno de Becca e tentei ignorar a vontade de gritar com Penn. Esse desejo só se multiplicou quando meus olhos percorreram sua ex. Eu queria pisoteá-la. Não ligo para qual era a história dele. Ela simbolizava a tristeza de Becca e por isso, eu a odiava. Ela era bonita, é claro que ela era, mas era o tipo de bonita que os caras gostam, mas que as mulheres podem ver através disso. Falsa bronzeada, cílios postiços, e um nariz de cirurgia plástica. Ela estava com o longo cabelo loiro escuro em um coque e um vestido colado ao corpo. Seus olhos estavam focados perigosamente em Becca e senti meu lado predatório incendiarse ainda mais. Liam se aproximou e começou a caminhar no meu outro lado.


— Peguei o seu carro, caso precisasse. — Ele sussurrou. — Você estava conversando com Tara? Dei-lhe um olhar apreciativo. — Sim, mas isso não importa agora. Obrigada por trazer o carro. Nós já vamos. Ele fechou os olhos e balançou a cabeça como se isso fosse o melhor. — Eu sairia com você, mas tenho algumas últimas coisas a tratar. Posso ir até você depois que eu sair? Olhei para Becca. Não havia como dizer em que tipo de humor ela estaria, mas se ela precisasse de mim, eu não queria deixá-la para ficar com Liam. — Me ligue e vamos descobrir isso, — expliquei enquanto passávamos por Penn e sua ex. Becca virou a cabeça para longe deles e saiu correndo. Atirei a Liam um encolher de ombros exasperados e segui atrás dela rapidamente. Dirigir o carro foi difícil, porque 90% de mim queria virar o carro e passar seriamente em cima de Penn. Ele pensava que poderia brincar com os sentimentos de Becca assim? — Eu me sinto uma idiota. Ele nunca me disse que éramos exclusivos. Sim, temos passado muito tempo juntos, mas ele não me pediu para ser a namorada dele. Eu deveria ter esperado algo assim. — Não! — Protestei. — Ele pediu para você ser o encontro dele hoje à noite, o que significa que ele não podia ficar com outra garota bem na sua frente. Ele não é um idiota. Ele sabia que estava brincando com seus sentimentos. — Eu disse a mim mesma para não ficar com esperanças, mas fiquei de qualquer jeito. Eu realmente gosto dele Kinsley, mas ele está fora dos limites. Não está pronto para um relacionamento. Deus, obviamente, ele sequer superou a ex. Eu não sabia o que dizer, então só ficava resmungando: — Sinto muito. Ela não disse nada depois disso. Olhou pela janela o resto do caminho de casa, e quando chegamos lá, ela lavou o rosto e vestiu seu pijama.


— Quer ir ao meu quarto e podemos ver alguma coisa? Ela franziu a testa. — Não sei. Talvez eu devesse simplesmente dormir. — Vamos lá. Realmente não posso deixar você ir dormir assim. Venha assistir a um Parks and Rec comigo e vamos rir e amaldiçoar os meninos pelas profundezas do inferno. Ela riu lamentavelmente, entretanto, me seguiu. Apoiei meu laptop na cama, assim como os meus pés. — Você não vai se trocar? — Ela perguntou quando me arrastei para a cama com o meu vestido. Dei de ombros. — É estranhamente confortável e me sinto bem nele. Ela sorriu e balançou a cabeça, e me inclinei para pressionar o inicio do programa. Senti-me bem por fazê-la sorrir depois do dia que teve, mas não conseguia me concentrar no programa. Ficava repetindo a nossa conversa e as lágrimas no banheiro. Becca merecia mais do que isso, e eu não conseguia entender o que Penn estava pensando. Por que ele fez isso com ela? Talvez a ex-namorada dele ainda fosse uma história inacabada. Será que Liam tem uma ex assim? Ainda não falamos sobre isso. Becca interrompeu meus pensamentos. — Acho que não vou desistir de Penn, — ela murmurou, com os olhos ainda fixos na tela do meu computador. Obviamente ela não estava realmente assistindo o programa também. Virei para ela e acenei com a cabeça. — Não até que você saiba a história toda. Eu seria a primeira a dizer-lhe para deixá-lo e encontrar alguém melhor, mas sinceramente, acho que você deveria ouvir o lado dele. Essa ex-namorada estava atirando adagas em você, então ela claramente se sente ameaçada pelo novo interesse dele em você. Talvez ela beijou-o e você viu isso no pior momento? — Fiz uma pausa e toquei seu braço. — Mas, falando sério Becca, ele tem que rastejar um pouco. Ele não pode esperar tratá-la assim e escapar.


Ela mordeu a lateral de seu lábio pensando sobre isso. — Vamos ver. Então ouvi uma pequena batida na minha porta. — Entre, — eu disse, esperando ver uma das nossas companheiras de equipe colocarem a cabeça pra dentro, mas em vez disso, Liam empurrou a porta e cautelosamente deu um passo para dentro. Ele parecia nervoso sobre estar lá e me atirei instantaneamente pra fora da cama. — Ei! O que você está fazendo aqui? — Perguntei, incapaz de disfarçar minha surpresa e sorrindo enquanto fazia a varredura de seu terno. Ele segurava um saco plástico na mão esquerda. — Você não atendia seu telefone e eu queria ter certeza de que estava tudo bem. — Seus olhos percorreram Becca, que estava deitada na cama vestindo pijama com pés, e depois voltaram para mim. — Esta é uma zona odeio-caras? Devo sair? — Liam perguntou com um sorriso tímido. Eu queria beijá-lo logo depois disso. Ele parecia tão bonito em seu terno no meu quarto, ainda que parecesse fora do lugar. — Depende do que você tem nessa sacola, Wilder, — Becca falou. Ele riu e ergueu o olhar para a sacola. — Sorvete, doces, e um pouco de álcool. Não tinha certeza do que vocês queriam. — Ele deu de ombros e me inclinei para beijá-lo na bochecha. — Muito obrigada, — murmurei em seu ouvido antes de me afastar e pegar a sacola de suas mãos. — Devo sair? — Ele perguntou quando botei a sacola sobre Becca e a deixei espiar dentro. — Bem, suponho que você comprou estes M&Ms para você, certo? — Becca brincou.


Ele passou a mão em seus cabelos, piscando-nos um sorriso tímido. — Há outro saco para vocês. Nós rimos e Becca acenou com a mão. — Vamos lá. Estamos fingindo assistir TV enquanto realmente consideramos como devo lentamente assassinar Penn. Liam chutou os sapatos e depois colocou o paletó na parte de trás da minha cadeira. Observei-o, completamente apaixonada por seus movimentos. Ele rolou as mangas de sua camisa para cima e finalmente veio para a cama. Foi um sanduíche perfeito em minha opinião. Becca de um lado, e Liam de outro, e doces espalhados sobre o meu colo. O que mais uma garota poderia querer? — Posso perguntar sobre Penn e a ex? — Becca perguntou cautelosamente, jogando o saco de M&Ms para ele. — Não gosto dela, — ele murmurou, rasgando o pacote. — Bem, isso é bom. Você está no nosso time, então. — Sorri para ele e bati no ombro dele de brincadeira. — Esqueci como eles se conheceram, mas eles namoraram por um ano e ela mexeu com a cabeça dele o tempo todo. Ela o prendia muito e dizia o quanto o amava, e depois o tratava como um merda. Eu disse a ele para deixá-la inúmeras vezes, mas eventualmente ela o deixou e achei que ele finalmente veria a cadela que ela era. — Ele não a vê desde a separação, mas não estou surpreso com ela aparecendo hoje à noite. Ela provavelmente já ouviu falar que ele seguiu em frente e sentiu que precisava afundar suas garras nele novamente. Esse é o tipo de vaca manipuladora que ela é. Becca colocou uma colherada de sorvete em sua boca e murmurou: — Uau. — Mas você não deve ignorá-lo, Becca. Conheço o cara há anos e ele não é um trapaceiro. Ele é um bom amigo e um bom companheiro de equipe. Dê-lhe tempo para resolver suas coisas e descobrir o que quer.


Becca estreitou os olhos. — Ela é como uma versão minha adulta. A ex dele, eu quero dizer. Sério, eu pareço irmã da Barbie em comparação com ela. — Não! — Protestei enquanto Liam se sentava. — Porra, não. Ela tem aqueles lábios de pato. Olhei para ele com um sorriso agradecido. Para um jogador de 1,92m que exalava testosterona e controle em todos os momentos, ele estava indo muito bem na noite das meninas. Era um pensamento quase cômico, vê-lo batendo em Josh na semana anterior a se sentar na minha cama comendo M&Ms e discutindo problemas de relacionamento com a gente. Nós nos inclinamos em meus travesseiros, falando sobre Penn e ajudando Becca a se sentir melhor sobre a situação. Liam lhe deu alguns conselhos sobre a melhor forma de lidar com Penn. Foi parecido com o que eu pensava. Ele disse que Penn precisava se aproximar dela e que ela precisava se afastar por alguns dias, deixá-lo perceber quão idiota ele foi. Ficamos conversando até que nós três começamos a cochilar. Não tenho certeza quem, eventualmente, adormeceu primeiro, mas acabamos dormindo assim: Becca rolou para o lado em seus pijamas com pés, e eu ainda no meu vestido colante, com os braços de Liam em volta de mim. Sua colônia rodou através dos meus sonhos. É estranho como as pequenas coisas acabam iluminando seus sentimentos por alguém. Ver Liam entrar no meu quarto com uma sacola de doces e álcool para a minha melhor amiga me fez cair um pouco mais no fundo do poço por ele. Espero estar equipada com algumas boias.


Capítulo 24 Liam foi embora quando Becca e eu finalmente saímos da cama na manhã seguinte, mas eu sabia que ele precisava acordar cedo. Aparentemente, havia uma conferência de imprensa e algumas fotos da equipe antes da partida mais tarde. Eu estava animada com a perspectiva de vê-lo jogar. Estava no banheiro escovando os dentes quando Becca chegou, me olhou com cansaço no espelho, e me entregou o telefone dela. — Não sei como me sinto sobre isso ainda, mas aqui, — alertou. A imagem que me cumprimentou foi como um soco no estômago. Eu me inclinei, cuspi minha pasta de dente, limpei minha boca e sequei as mãos com precisão estoica, antes de virar e pegar o telefone da mão dela. Infelizmente, nesses poucos segundos a foto não havia desaparecido. Ampliei e tentei aplacar a ira ameaçando a vir à tona. A foto era da noite passada. Retratada em um quadro próximo havia Liam e Penn com a ex-namorada de Penn e outra garota que parecia uma modelo de aparência exótica. Penn estava com sua ex-namorada e Liam estava de pé ao lado da modelo. A legenda abaixo mencionava algo sobre dois LA Stars com seus encontros da noite. — Já vi essa foto em alguns outros locais, — explicou Becca, pegando o telefone e esquivando-se do meu quarto sem dizer mais nada. Não tinha ideia de como me sentia sobre isso. Pelo que eu sabia, era o último prego no caixão de Penn. Eu me inclinei sobre a pia e deixei minha cabeça cair. Estava tão preocupada com a mídia importunando Liam que não considerei quão horrível seria se Liam realmente fosse mencionado por estar com outra garota. Não deveria ter me


importado. O que importava se as pessoas pensassem que Liam namorava essa garota? Mas eu me importava. Eu estava com raiva dele estar com outra garota depois que eu saí. Será que eles dançaram? O que fez a mídia achar que eles estavam juntos? Ou foi apenas uma foto mal interpretada para vender revistas? Meu instinto inicial era imaginar o pior: Ele estava me traindo. Eu era tão tola quanto Becca, e Liam estava brincando comigo. Afinal de contas, a experiência provou que quando se tratava de relacionamentos, meus piores medos estavam geralmente corretos. Sentei-me na beira da minha cama e percorri as fotos dele do evento em todos os sites dos tablóides. Aquela imagem foi a única onde ele estava com a menina. Mas, havia surpreendentemente algumas poucas dele comigo. Estávamos de pé ao lado do tapete vermelho, conversando no salão de festas, e envolvidos um com o outro na pista de dança. Todos os sentimentos da noite passada voltaram correndo como o bater de uma onda, e sabia que não usaria uma foto contra ele. Eu poderia assumir o pior ou assumir que Liam estava cuidando de mim, que ele era melhor do que Trey e Josh. Ele não fez nada além de provar a sua fidelidade, e eu não o puniria por algo que ele não tinha controle. Eu sabia em primeira mão o quão rapidamente a mídia poderia rodar uma história, então fechei a página e desliguei meu laptop. Quando olhei para o meu telefone, eu vi uma mensagem de Liam. Liam: Minha agente apenas me alertou para uma foto circulando que me tem posando com Penn e uma garota aleatória. É besteira. Essa menina veio ao nosso grupo quando eu estava reclamando com Penn e o fotógrafo veio tirar uma foto. Eu não estava com ela. Não posso falar agora, estou em uma coisa de imprensa, mas vou te ligar quando eu terminar. Kinsley: Não, Liam, está tudo bem. Você veio à minha casa ontem à noite. Confio em você. Liam: Esse tipo de coisa vai acontecer, mas eu sempre serei honesto com você. Essa merda com Penn não é como eu opero.


Suspirei quando li sua mensagem. Sabia que fiz a coisa certa ao ignorar as fofocas. Liam tinha um grande dia na frente dele e não precisava de drama da nossa relação acrescentando stress. Kinsley: Eu sei no que eu me meti, Wilder. Liam: Sem arrependimentos? Kinsley: Não quando penso sobre como você estava naquele terno ontem à noite... ;) Liam: Não comece. Estou prestes a ter que falar em poucos minutos. Kinsley: Então eu não deveria dizer que estou prestes a ir para o chuveiro? Ops, lá se vão as minhas calcinhas. Liam: ...Você irá para casa comigo após o jogo desta noite. Kinsley: Talvez eu tenha planos com a equipe depois. Liam: Tinha. Cancele. Sorri para a sua confiança presunçosa quando joguei o telefone na minha cama. Eu menti sobre o banho. Eu ia correr e então eu tomaria banho, me preparando para o jogo mais tarde. Arrastei Becca comigo, sabendo que o exercício a faria se sentir melhor. Não tinha ideia de onde estava a cabeça dela. Ela me disse que Penn ligou pra ela várias vezes desde a noite passada, e ela ignorou todas elas. — Apenas não estou pronta para falar com ele ainda. Continuo indo e voltando entre estar zangada e triste, e não quero chorar quando finalmente enfrentá-lo, — ela explicou quando começamos a nos esfriar depois de nosso exercício. — Isso faz sentido. Dê-se um pouco de tempo. Ela suspirou e apoiou as mãos sobre a cabeça para que pudesse respirar mais fundo. — Só queria não ir vê-lo no jogo desta noite.


— Talvez seja bom, — apontei. — Você o verá, mas não será capaz de falar com ele, pois ele estará em campo. Você pode se preparar para quando realmente ficar cara a cara com ele novamente. Depois disso, eu decidi manter a minha boca fechada. Becca estava rasgada; ela precisava descobrir o que queria fazer sozinha e eu apoiaria sua decisão, não importa qual. A menos, é claro, que ela quisesse fazer uma promessa sem homens e entrar para um convento. Vestes de freiras era simplesmente uma curta ladeira escorregadia para longe de suas atuais pretensões.

— O que há com a bolsa de grandes dimensões? — Becca perguntou quando saímos do carro dela no estádio de futebol. Corei. — Hum, Liam queria que eu fosse com ele para casa depois do jogo. Não estou 100% certa de que eu vou, mas percebi que eu deveria estar preparada para o caso. — Não coloquei muita coisa, apenas uma muda de roupa. Tudo coube discretamente na minha bolsa para que não parecesse muito desesperada. — Ele é bom, Kinsley, — Becca ofereceu com um sorriso tímido. O resto da nossa equipe esperava no local designado do lado de fora do estádio, e assim que todas chegaram, a treinadora Davis levou-nos até aos nossos assentos com nossas camisas pretas combinando. O estádio era enorme e já estava lotado de fãs enlouquecidos, mas nos foi dada prioridade de estar logo atrás dos amigos e familiares dos jogadores. Nós nos aproximamos o suficiente do campo para ver os jogadores de ambas as equipes se aquecerem. Avistei Liam imediatamente e não poderia deixar de me sentir tonta e orgulhosa. Penn se aquecia perto dele também, mas nenhum dos


rapazes nos viu chegar. Becca suspirou e caiu no degrau atrás de mim, para que não pudesse ser vista. Nós nos ajeitamos em nossos assentos, mas no instante em que me sentei, uma fila de meninas rapidamente se formou para tirar fotos com a gente. Elas eram aspirantes a jogadoras de futebol e uma menina sabia meu nome. — Quando crescer, eu vou jogar futebol na ULA assim como você. — Ela sorriu para mim enquanto eu assinava sua camisa. — Você definitivamente vai. Já posso dizer que você é uma grande atleta, e uh, você sabe... não se esqueça de comer seus legumes. — Sorri e devolvi sua caneta. Olhei para a mãe da menina a poucos metros de distância com seu iPhone no ponto. — Você gostaria de uma foto? — Sim, por favor! — A menina gritou e me abraçou. Sorri para o telefone, o tempo todo sentindo como se estivesse tendo uma experiência extra-corporal. O fato de que uma simples menina sabia o meu nome e me reconheceu era algo que eu nunca esqueceria. Quando a fila de meninas acabou, os jogadores já tinham acabado de aquecer e desapareceram no vestiário para se aprontarem. Peguei o meu assento ao lado de Becca depois que ela terminou de assinar um último autógrafo. Ela mostrava um sorriso que não estivera lá antes das meninas aparecerem. Talvez finalmente tenha tido uma pausa de pensar em Penn. Não sentamos lá por muito mais tempo antes da música de dança começar a soar no último volume nos alto-falantes. Toda a multidão ficou de pé e começou a gritar e bater palmas. Era finalmente a hora dos jogadores estrearem. O locutor apresentou a equipe adversária sob uma mistura de aplausos e vaias, mas depois ele levou o seu tempo anunciando a equipe do LA Stars. Cada jogador foi nomeado individualmente enquanto sua imagem aparecia em todos os telões. Um por um, os jogadores foram chamados e saíram correndo dos vestiários


para uma multidão. Penn foi chamado e a multidão aclamou mais alto. Os aplausos de Becca pararam completamente. Seu belo rosto apareceu no telão, e não pude deixar de dar uma espiada para vê-la mordendo o lábio em contemplação. Liam foi o último jogador chamado. O locutor arrastou seu nome e os gritos da multidão pareciam perto de quebrar meus tímpanos. As mulheres foram à loucura, até mesmo as meninas do meu time, e quando o rosto dele apareceu no telão, meu coração se derreteu. Ele parecia tão bonito, com seu sorriso matador. Olhei rapidamente para onde ele saía correndo, acenando com a mão para a multidão e fazendo um círculo para reconhecer todos os fãs. Ele era o favorito do público, e a maioria desses fãs sentia que eram donos de uma parte dele; eles o viram conduzir a equipe através de alguns jogos intensos e se orgulharam dele, temporadas após temporada. Aplaudi e segurei minhas mãos em minha boca para que meus gritos fossem em direção a ele. Eu estava a apenas quatro filas acima do campo e o banco da equipe era bem na nossa frente, mas ele ainda parecia tão longe. Ele correu para sua equipe e seus olhos percorreram a multidão, mas não me encontrou antes do locutor começar as introduções, e então, Penn e Liam entraram em campo para o sorteio. Becca se inclinou. — É tão estranho eu ter dormido com ele na noite passada. Olhei para ela, brincando. — Ei... — Ok, tecnicamente você esteve entre nós. Mas a sensação não é surreal? As pessoas estão literalmente enlouquecendo. — Elas estão ficando loucas por Penn, também, — eu lembrei. Embora ela tivesse um ponto. Parecia louco namorar um atleta profissional. Eu nunca teria sequer conhecido ele se os nossos caminhos não se cruzassem por causa da ULA. Em um cenário como este, ele realmente parecia fora do meu alcance.


— Gostaria que ele não parecesse tão bonito em seu uniforme, — Becca reclamou de Penn. Embora eu não conseguisse tirar os olhos de Liam tempo suficiente para perceber. Após o sorteio, todos nós nos sentamos novamente e o primeiro tempo começou. O jogo foi muito divertido de assistir, porque reconheci a maioria dos jogadores de várias festas e eventos. Foi um jogo muito apertado para ambos, as equipes só marcaram uma vez durante o primeiro tempo. Então, finalmente, durante o segundo, Liam brilhou, passando por um dos defensores da outra equipe e marcou um gol que enviou o goleiro para cima da rede. Liam jogou as mãos para o ar e ergueu o punho. Levantei pulando e aplaudi com o resto da multidão, tão orgulhosa dele por ajudar a puxar a equipe para a liderança. Quando correu para o lado para pegar um copo de água, ele me viu instantaneamente. Foi a primeira vez que ele me encontrou na arquibancada e senti meu coração acelerando freneticamente no meu peito. Pulei, acenei, e seu sorriso se alargou ainda mais. Ele apontou para mim e me senti como uma pré-adolescente olhando para o galã no palco. Algumas das meninas nas filas da nossa frente se viraram para ver quem ele apontava e minhas bochechas coraram. Toda a minha equipe estava fofocando e eu apenas balancei a cabeça e cobri meu rosto com as mãos. A maioria das minhas companheiras de equipe havia descoberto que Liam e eu estávamos namorando nesse ponto, especialmente desde que ele dormiu na casa na noite passada, mas ainda senti como se estivesse em exposição para todos. No segundo gol que marcou ele fez a mesma coisa e, desta vez o cinegrafista trabalhando nos telões foi rápido o suficiente para seguir o dedo dele. Não ajudava que o locutor sabia quem eu era. Ele me anunciou para o resto da minha equipe e o estádio inteiro. Colapso completo de constrangimento.


Depois disso, eu secretamente esperava que Liam não marcasse mais gols pelo resto do jogo. Tínhamos que ganhar sem ele, eu não aguentaria outra enxurrada de atenção indesejada. Sim, isso me faz um pouco má, mas vamos lá. — Acho que todas as mulheres neste estádio querem matá-la agora, — Becca riu enquanto eu me afundava no meu lugar. Atirei-lhe um olhar mordaz. — Você não está ajudando. Quando o tempo acabou, o apito soou e os LA Stars ganharam, a multidão comemorou e aplaudiu. Era o jogo perfeito para começar a temporada. A treinadora Davis reuniu todas nós no topo da escada. — Vamos até onde os jogadores vão depois do jogo. Acho que seria divertido mostrar nosso apoio para Liam e para o resto da equipe, — ela disse, olhando rapidamente em minha direção com um brilho nos olhos. Nós não éramos as únicas fãs com a mesma ideia. Eles tinham barreiras de metal e guardas de segurança no lugar do lado de fora do estádio. Os fãs poderiam ficar atrás das barreiras e esperar que os jogadores saíssem depois de se reunir com a imprensa e acabar o protocolo pós-jogo. Nossa equipe estava lotada perto da entrada, ao lado de familiares e amigos dos jogadores. Reconheci algumas das outras mulheres do evento da indústria na noite anterior, mas a ex de Penn não estava à vista. Depois de longos 20 minutos os jogadores começaram a surgir. Josh saiu com alguns dos outros estreantes, mas ele não podia me ver atrás de todos os membros da equipe. Becca e eu ficamos estrategicamente perto da parte de trás da multidão, e eu sabia que tomara a decisão certa quando Penn saiu lindamente, vestindo uma blusa cinza escuro de botão e calça comprida. Sua bolsa estava jogada por cima do ombro casualmente enquanto olhava a multidão com seu olhar castanho escuro. Ele continuou andando até que viu o nosso pequeno grupo, e então seu olhar pousou diretamente sobre Becca. Ela enrijeceu ao meu lado, mas não fez nenhum movimento para caminhar na direção


dele. Ele fez uma pausa para o lado e se ergueu, claramente esperando por ela. Alguns fãs aproveitaram a oportunidade para pegar autógrafos dele e ele gentilmente agradeceu, mas seu olhar nunca deixou Becca. Eita, mesmo eu suava sob o olhar dele. Como Becca poderia resistir ainda mais um segundo? Ele não ia desistir e secretamente eu queria dar-lhe um toque de mão. Se ele queria que ela se sentisse especial e provar a ela que sua ex não importava, ele começou com o pé direito. Por uns estranhos dez minutos, Penn ficou ali, esperando por Becca e conversando com os fãs, e Becca apenas ficou ao meu lado. Eventualmente Penn a chamou e nossas companheiras de equipe abriram espaço para ela. Ela deu de ombros e cruzou os braços, como se dissesse, eu não conheço essa Becca. Apertei meus lábios para esconder meu sorriso logo que Liam finalmente atravessou as portas. Oh bom Deus. Ele estava de banho tomado e seu cabelo penteado para trás. Ele usava calça azul-marinho e uma blusa branca de botões arregaçada nos antebraços. Ele estava devastadoramente bonito e eu não conseguia afastar a minha atenção dele enquanto o observava dar autógrafos e tirar algumas fotos. Ele caminhou lentamente para Penn, embora a multidão gritasse para ele chegar mais perto de onde estavam. Ele deu um tapinha no ombro do amigo e sussurrou algo que fez Penn encolher os ombros. Então, finalmente, o olhar dele encontrou o meu, e ele piscou, lento e mal intencionado, como se não pudesse evitar exalar puro sex appeal. E lá se foi a minha calcinha, instantaneamente em chamas. Caramba. Não liguei para o que Becca queria mais, eu envolvi minha mão em torno de seu bíceps e a puxei para frente até que estávamos cara a cara com os meninos. — Grande jogo, — eu disse com um largo sorriso.


— Sim, foi. Você está pronta para ir? — Liam perguntou, olhando para o guarda da segurança ao lado de nós, para que ele abrisse o portão. Alguns dos outros jogadores se juntavam às suas famílias e namoradas; assim parecia ser o protocolo padrão. — Meu carro está estacionado no estacionamento aqui atrás, com o resto dos jogadores. Eu me virei para a treinadora Davis e vi que a maioria das outras meninas já começou a sair. — Todas nós estamos liberadas, treinadora? Ela arqueou uma sobrancelha e me deu um olhar firme. — Se cuide, Kinsley. Nós nos veremos no treino de segunda-feira. Sorri e acenei com a cabeça antes de voltar para o grupo. — Bem, eu vou para casa, — Becca começou. — Kinsley, divirta-se e me ligue amanhã. Liam, grande jogo. Penn, você pode ir para o inferno. — Ela disse tão sem rodeios que a minha boca abriu. Nossa, ela realmente não o deixaria escapar com a noite passada. Bom para ela. — Becca, nós precisamos conversar, — Penn pediu com um olhar firme. Seus olhos castanhos estavam presos nela e acho que nenhum deles ia ceder. Liam balançou a cabeça e estendeu a mão para pegar a minha. — Vamos lá, Kins, vamos deixar esses dois sozinhos. Um guarda da segurança abriu o portão para mim depois de eu abraçar e me despedir de Becca. Provavelmente era melhor eu ir com Liam. Becca necessitava enfrentar Penn em privado... assim haveria menos testemunhas do assassinato dele.


Capítulo 25 — Está com fome? — Liam perguntou enquanto estávamos na cozinha olhando um ao outro sobre a ilha. Fomos para a casa dele em Malibu para que pudéssemos ter alguma privacidade longe de seus outros companheiros de quarto na casa dos LA Stars. Liam sequer perguntou se eu ficaria. Ele assumiu e eu não o corrigi. — Não. — Balancei a cabeça e cruzei os braços sobre a minha camisa. — E você? Seus olhos se estreitaram em mim, e ele balançou a cabeça. Ele estava encostado no balcão com os braços cruzados como o meu. Ele parecia intimidador em suas calças e blusa com botão aberto. Olhávamo-nos com fome quando ele se empurrou do balcão e veio em minha direção. Ele estendeu a mão para a minha e me puxou atrás dele até que seguimos para a sala de estar. As cortinas estavam fechadas, mas algumas lâmpadas colocadas ao redor da sala lançaram um brilho suave no espaço. Liam levou-me mais para dentro e soltou minha mão para poder ligar alguma música. Arctic Monkeys, Do I Wanna Know?, tocou na sala. Eu o vi deixar o controle remoto no aparelho de som e virar lentamente. Ele tinha uma expressão perigosa e mordi o lábio quando seus olhos descaradamente percorreram meu corpo. Nenhum de nós disse uma palavra enquanto ele se movia em direção ao seu sofá. Não havia braço no lado mais próximo dele, então ele sentou-se com as mãos entre os joelhos. Ele estava curvado, me observando. — Tire a roupa para mim, Kinsley, — ele murmurou com um tom carregado.


Seu comando me pegou de surpresa e minha respiração engatou na minha garganta. Olhei para as janelas sobre meus ombros, mas ninguém podia ver. Estávamos completamente sozinhos. Eu imaginei este momento desde que o vi pela primeira vez, e agora que estava diante de mim, eu não poderia me acalmar. Lambi meus lábios secos e olhei para Liam. Sua testa estava franzida em um desafio e deixei o seu olhar e a música de rock comandarem os meus movimentos. Tirei meus sapatos e meias, piscando para Liam quando os joguei na direção dele. Ele riu, mas seus olhos tempestuosos nunca atenuaram. Estendi a mão para a barra da minha calça jeans e, lentamente, desabotoei. O olhar de Liam seguiu minhas mãos quando puxei o jeans pelas minhas pernas. Chutei as calças de lado e me ajeitei. Eu havia escolhido minha calcinha com muito cuidado antes. O suave tecido rosa era detalhado com um laço de seda que acariciava minha pele suavemente quando me mexia. — A camisa também, — ele pediu quando esperei que ele desse um passo mais perto. — Tão exigente, — murmurei descaradamente. Cruzei os braços na frente do meu peito e puxei a camisa da ULA sobre a minha cabeça. Sem a proteção dela eu estava à mercê de seu olhar. Olhei para o meu sutiã rosa claro. Eu podia ver os meus seios através do fino material, e quando olhei para cima, Liam levantou a borda de sua boca em um sorriso diabólico. Ele parecia uma fantasia ganhando vida. Suas pernas tonificadas lutando contra suas calças azul-marinho. Seus antebraços fortes espreitando para fora de sua camisa de botão branca. Tudo estava perfeitamente no controle. Eu queria fazê-lo perder o controle. Queria fazê-lo gemer meu nome e esquecer que ele era o único na posição de poder. Pelas minhas costas, toquei o fecho do meu sutiã até que o delicado tecido cedeu. Quando uma lufada de ar fresco acariciou meus seios eu sabia que não


havia como voltar atrás. Deixei as tiras de seda deslizar pelos braços, e então deixei cair em cima da camisa aos meus pés. — Você é tão malditamente sexy, — ele gemia com uma voz rouca. Mordi a borda da minha boca e embebida em seu elogio meus dedos encontraram a barra da minha calcinha. — Não. Vem aqui, — ele ordenou, levantando-se do sofá. Fiz uma pausa e caminhei em direção a ele, nervosa sobre como eu reagiria quando ele finalmente me tocasse. — Deite-se no sofá com as pernas pra fora, — ele instruiu. Fiz o que ele disse. Meu cabelo castanho se espalhou ao redor do meu rosto e alguns dos fios sedosos caíram em cascata no meu pescoço e sobre os meus seios. Ele ficou em cima de mim. Suas mãos corriam pelo meu corpo, colocando meu cabelo de lado e pousando em meus seios. Ele roubou o ar da sala enquanto seus dedos brincavam com os meus mamilos. Arqueei a cabeça para trás e gemi quando ele traçou o contorno dos meus seios e depois se inclinou para marcar o mesmo caminho com a língua. Sua boca se fechou sobre cada mamilo e eu podia sentir a umidade passando pela minha calcinha de seda. Odiava ele ainda estar completamente vestido. Era como se eu estivesse à mercê dele. Então levantei e o segurei através de suas calças de grife. Ele estava grosso e duro contra a minha pequena palma. Segui o contorno de seu comprimento e lambi meus lábios quando ouvi seu silvo baixo em resposta ao meu toque. Ele recuou, soltando a minha mão para que pudesse desabotoar a camisa e jogá-la de lado. Seus músculos sensuais o faziam parecer agressivo, robusto e indomável. Suas tatuagens desenhadas com contornos marcantes, e eu queria estender a minha mão e contornar cada linha preta. Suas mãos se abaixaram para desatar o cinto e observei com muita atenção quando ele puxou o couro preto das presilhas. Seu sorriso malicioso me disse que ele sabia o que eu estava pensando. Eu podia sentir minhas bochechas corando


quando ele desabotoou a calça, mas não a tirou ainda. Ele veio ficar entre as minhas pernas. Ele já era mais alto do que eu, mas quando eu estava deitada, nossas proporções realçaram ainda mais. Eu me senti pequena e indefesa, especialmente quando ele estendeu a mão e tirou minha calcinha pelas minhas pernas. Levantei meus quadris para que ele pudesse arrastá-las e sabia que ele podia me ver completamente desse ângulo. Seu olhar focou entre as minhas pernas e ele praticamente lambeu os lábios, se inclinando para ter um gosto rápido. Eu não estava preparada para a língua dele e empurrei meus quadris quando seus lábios bateram no meu feixe de nervos. Muito, muito cedo, e delicadamente girei meus quadris, tentando aliviar a intensa sensação. Ele não me permitiria. Seus braços fortes pressionaram minhas coxas no sofá, de modo que eu estava completamente nua para ele. Ele olhou para mim enquanto sua língua acariciava de cima para baixo, trabalhando em mim em um frenesi de paixão e desejo. Eu não podia esperar mais. Arrastei meus dedos em suas calças. Ele estava como uma rocha e eu queria saber como seria senti-lo dentro de mim. Queria envolvê-lo e gritar o nome dele. — Coisinha gananciosa, — ele acusou com um sorriso obscuro. Ele bateu o pé, e levou mais um sabor antes de voltar à sua altura máxima. Ele enfiou a mão no bolso de trás, pegou um preservativo, e depois finalmente empurrou suas calças e cuecas boxer para o chão. Eu o vi antes, mas este ângulo ampliou cada centímetro de sua pele lisa. Ele habilmente rolou o preservativo e passou suas fortes mãos em torno de minhas coxas. Eu gritei quando ele puxou meu corpo no sofá, de forma que a minha bunda estivesse no limite. Ele separou minhas pernas e dobrou os joelhos até que ficasse perfeitamente posicionado. — Você quer isso, baby? — Perguntou com um tom mais agudo.


Balancei a cabeça imediatamente. Não era uma pergunta que eu precisava considerar. — Sim, — eu disse, implorando para ele se afundar em mim. Seus músculos do estômago conjuntamente cerrados conforme ele se posicionava na minha entrada. Tentei digerir tudo de uma vez. Seus braços largos, suas coxas fortes, seus lábios divinos, e seus olhos escuros que estavam bem focados no que estava acontecendo entre nós. Quando ele deslizou para dentro de mim eu gemi o seu nome, e ele não parou até estar pressionado até o fim. — Foda-se, — ele rosnou, arrastando a palavra, a qual rolou pela minha coluna e fez meus dedos curvarem. Uma vez que ele estava em mim, não havia como voltar atrás. Liam não era um tipo lento e constante de cara. Ele era um atleta de classe mundial, cujo corpo foi feito para eventos esportivos profissionais. Eu descobria naquele momento que ele também foi feito para ser um profissional de nível para foder. Ele deslizou para dentro e para fora, levantando-se e aproveitando-se de mim. O ângulo deu tanto controle para ele e eu não podia controlar os gritos suaves que saíam da minha boca toda vez que ele puxava e afundava em mim. Ele estendeu a mão e agarrou meus braços. — Vire, baby, — ele ordenou. Ele levantou o meu corpo e me girou, de modo que eu estava em minhas mãos e joelhos no couro macio. Ele afundou imediatamente em mim novamente, como se não pudesse lidar com os poucos segundos de transição. Suas mãos agarraram o meu quadril fortemente enquanto ele batia em mim de novo e de novo. Eu perdia a cabeça com cada impulso e estava impotente para tentar me prender a sanidade. Ele me acariciava com o ritmo de seus quadris. Eu gozei forte, pressionando contra ele. — Oh, Deus, me senti bem pra caralho. Eu podia sentir você me apertando tão forte, — ele murmurou, reajustando-nos novamente para que ficasse deitado de costas e eu sentada em cima dele. Senti-me deliciosamente sexy montando-o


assim. Eu gostava de estar em cima, comandando seu prazer como se estivesse só a minha ordem. Segurei seus joelhos e saí dele lentamente antes de deixar meu peso me empurrar para baixo novamente. Eu o sentia tremer cada vez que fazia isso, e seu carregado gemido rouco me incentivou a continuar. — É isso aí. Empurre-se em mim. Monte-me, baby, — ele ordenou. Fiz exatamente como ele disse, desacelerando nosso ritmo para um nível enlouquecedor. Suas mãos seguravam minha bunda com força suficiente para deixar marcas. Ele me deixou subir e descer mais algumas vezes, mas então eu sabia que o empurrara longe demais. Ele agarrou meus quadris e tomou o poder de volta ao começar a bater em mim. Fui forçada a levá-lo enquanto ele puxava meu cabelo para que minhas costas se arqueassem. — Sim, aí mesmo, — eu disse a ele conforme o sentia se perder em mim, o que ameaçou me fazer gritar. Senti-me selvagem e quente. Nossa forte respiração se misturou. Nossas peles batiam juntas em uma sinfonia de sons deliciosos. — Liiaammm... — arrastei conforme ele continuava a empurrar dentro de mim. Eu sabia que não duraria muito mais tempo. Seus dedos circularam uma vez. Duas vezes. E então eu gozava novamente, mais forte e mais do que na primeira vez. Ele continuou batendo em mim, perseguindo meu orgasmo com o dele. Assim que o meu prazer começava a minguar, senti-o gozar, quente e forte dentro de mim, eu sabia que se ele não estivesse usando um preservativo, ele teria me revestido de dentro para fora. A ideia me fez tremer com a luxúria. — Kinsley, — ele gemeu uma e outra vez, até que finalmente estávamos deitados em silêncio. Eu caí sobre ele, então o meu cabelo caiu em torno de seu pescoço. Seu peito subia e descia debaixo de mim, me levando para cima e para baixo.


Ficamos assim até nossa respiração finalmente voltar ao normal. Ficou claro que uma estrada monumental acabara de ser cruzada e nenhum de nós estava pronto para se levantar ainda. — Preciso de outro banho. Vamos lá, — ele disse, sentando e me levando com ele. Minhas coxas pareciam gelatina e ri quando tentei me levantar. — Aqui, — ele disse, me pegando em seus braços e me levantando para que eu colocasse minhas pernas em volta de sua cintura. Eu ri quando ele começou a caminhar para o quarto dele. — Isso foi... — comecei com uma expressão aturdida. — Uma foda incrível, — ele completou antes de plantar um beijo em meus lábios. Eu ri e concordei enfaticamente. Ele não me pôs no chão até a água estar quente, e mesmo assim ele me ensaboou e me ajudou a lavar meu cabelo. — Então, você não é um fã do missionário padrão? — Brinquei, enrolando uma toalha em volta do meu peito. Ele me olhou maliciosamente. — Não quando eu tenho um corpo como o seu para trabalhar — ele piscou. — Agora, eu estou morrendo de fome... Você me ajudará a preparar o jantar? Parei atrás dele com um calmo sorriso. — Só se você falar, Kinsley Bryant, você é a menina mais sexy que eu já tive. Nenhuma menina pode se comparar a você. Nem todas as modelos com quem eu dormi. Liam fez uma pausa e virou o rosto para mim com uma sobrancelha arqueada. — Nenhuma outra garota se compara, — ele sorriu, dando um passo mais perto de mim e agachando-se para o seu rosto ficar no nível do meu. — Elas eram apenas fodas, você e eu estamos em um campo de jogo completamente diferente, Kinsley.


Sorri descaradamente antes de mergulhar e beijar a ponta do seu nariz. Então me virei e dei um tapa na bunda dele. — Agora me alimente! — Brinquei, rapidamente fugindo antes que ele pudesse devolver o tapa. Eu, é claro, não fui rápida o suficiente e ele fez a minha bunda pagar com um sorriso arrogante e um flash de uma covinha sexy. Enquanto Liam tirava alguns ingredientes para o jantar, eu encontrei o meu telefone para ligar para Becca. Eu estava morrendo de vontade de saber como as coisas acabaram entre Penn e ela. Ela respondeu no quarto toque. — Não posso falar agora, Penn está tentando voltar para minhas boas graças. Comecei a rir histericamente. — Ele está aí agora? — Sim. Na verdade, estou na casa dele em Malibu. — Ei! Estamos em Malibu também. — Oh bem, eu poderia ter que ficar aí, dependendo de como serão as próximas horas, — Becca brincou. Tirei o telefone da orelha. — Becca disse que ela pode vir dormir aqui esta noite. Liam levantou uma sobrancelha. — Espero que ela goste de ouvir você gritando meu nome. Fiquei boquiaberta. — Oh meu Deus. Becca se você ouviu... Eu podia ouvi-la dizendo: ewwww, antes mesmo de colocar o telefone no meu ouvido. Eu ri. — Desculpe. Ele não pode ser domado... ele é como a Miley. — Balancei a cabeça para Liam, mas não consegui tirar o sorriso do meu rosto. Ele me deu um encolher de ombros inocente.


— Vocês dois são grossos. Eu poderia ter de ficar aqui apenas para poupar meus ouvidos da loucura, — ela disse, e ouvi Penn rindo no fundo. — Tudo bem, bem me ligue se precisar de mim... e sério, Becca, escute o que Penn tem a dizer. Liam gritou para que ela pudesse ouvi-lo, também. — Isso! Dê ao meu amigo uma segunda chance. — Tudo bem, tudo bem. Vou desligar agora. — Tchau, Becs. Depois que desliguei, eu me esgueirei ao redor do balcão e comecei a ajudar Liam com o jantar. Ele me deu uma de suas camisas para usar com a minha calcinha e ele não conseguia fazer suas mãos pararem de deslizar sob a bainha do algodão. Agitei a massa e ele ficou com a mão na minha bunda. Cortei alguns tomates para a salada e ele colocou seus braços em volta da minha cintura, me assistindo trabalhar. — Você percebe que nós só tivemos sexo, certo? — Brinquei, virando ao redor para dar-lhe um beijo casto. Senti seus músculos rígidos no meu ombro enquanto eu girava de volta. Deus, ele estava em boa forma. — Você percebe que como seu namorado eu estou autorizado a apreciar o quão sexy você fica vestindo minha camisa, — ele brincou, começando a trabalhar no pão de alho. — É uma sensação estranha pensar em você sendo meu namorado, — admiti timidamente. — Por quê? — Ele perguntou, pré-aquecendo o forno.


— Digo, eu acabei de assistir cem mil pessoas cantando o seu nome. Isso não é louco? Você pensa que isso iria para a sua cabeça, mas você é realmente um cara muito legal. Ele riu. — Para ser honesto, ainda me sinto como o mesmo garotinho passando dia após dia nos campos de futebol perto da minha casa. — Só que um pouco mais em forma, — pisquei e ele balançou a cabeça com um pequeno sorriso. Terminamos de preparar o resto da refeição, e sentamos e comemos em sua pequena mesa. Abri as persianas para que tivéssemos uma vista perfeita do oceano com o pôr do sol. Foi bom simplesmente estar com ele após o caos dos últimos dias. Ele estava cansado de seu longo dia, portanto, limpamos tudo rapidamente e nos abraçamos na cama. Tudo parecia tão natural com a gente. Cada passo que deveria ser um pouco estranho foi facilitado pela confiança de Liam. Antes de eu mesma o pedir, ele puxou uma toalha e escova de dente para mim, caso eu tivesse esquecido a minha. O que, claro, eu tinha. Então ele puxou os lençóis sobre a cama para que eu pudesse deslizar ao lado dele. Tentei amenizar quão vertiginosa eu me sentia enquanto o abraçava e inalava seu perfume masculino. Relaxe, Kins. Meus dedos se arrastaram em seu abdômen, adorando cada contorno. Esta é a sua vida agora. Você é a pessoa que dorme ao lado deste conjunto de abdômen. Além disso, este conjunto de abdômen está anexado a um homem que, provavelmente, tem sérios danos neurológicos desde que, de todas as modelos do mundo, ele escolheu você e sua bunda reta. — Ei, eu gosto da sua bunda. Não é reta, — ele disse logo depois que eu percebi que o meu monólogo interno foi, na verdade, um monólogo externo. — Além disso, sou mais do que apenas o meu abdômen. — É claro que você é, baby. É claro que você é. Não se preocupe, abdômen. Na verdade, estou aqui por você.


— Sim, ainda em voz alta, — ele sorriu, me puxando para ele.


Capítulo 26 — Liam. Liam! Você ainda está dormindo a essa hora? — A voz alegre tocou em toda a casa e foi parar na minha consciência. Então percebi o que ouvi e me atirei da cama. Liam ainda dormia profundamente ao meu lado, mas definitivamente ouvi os sons de uma mulher cantarolando e movendo-se na casa. Então notei o incrível cheiro de bacon crepitante se aproximando. Havia uma mulher dentro da casa de Liam e ela estava cozinhando para ele? O que no mundo? Será que ele tem uma empregada ou algum tipo de estranha amante distante que aparecia em certos momentos e fazia o café para ele? Isso, na verdade, não seria tão ruim... panquecas grátis. Eu me virei para Liam e o sacudi, acordando-o. — Ei, gato, acorde. Ele gemeu e então piscou os olhos abertos. — Há alguém em sua casa chamando seu nome. É uma mulher e acho que ela está fazendo o café da manhã. Você tem fãs loucas te assediando que fariam isso? — Perguntei, apenas meio que brincando. Ele piscou os olhos e disparou de repente. — Oh merda. É a minha mãe, — ele disse, afastando as cobertas de cima dele. — Sua o quê?! — Perguntei, meus olhos se esbugalhando. Ele pegou uma camiseta do closet e puxou sobre a cabeça. Será que ele tem que encobrir seu abdômen? Não, espere. Eu não podia pensar nisso agora.


Pulei da cama e fui para a minha bolsa superdimensionada para pegar as roupas que colocara no dia anterior. Eu tinha um par de shorts e uma blusa de verão, então puxei a roupa rapidamente e tentei me acalmar. Vamos recapitular. Nós tivemos um pouco de sexo atrevido em sua sala na noite passada e agora eu conhecia a mãe dele. E, oh sim, eu fui para a cama com o meu cabelo ainda úmido. Estendi a mão para tocar toda a teia de emaranhados que em algum momento foi o meu cabelo. Em uma escala de um ao dedo do pé, eu provavelmente estava semelhante à Courtney Love em um dia ruim. Como isso vai até mesmo funcionar? Ele sai primeiro e depois eu o seguiria 15 minutos depois e explicaria que dormi no quarto de hóspedes? — Oh, ha-ha, eu sempre venho até a casa de Liam no raiar do dia... não, é claro, eu não tive relações sexuais com seu filho na noite passada. — Esqueci que ela vinha para a cidade. — Ele me olhou com diversão. — Tenho estado um pouco preocupado. Limpei a mão no meu rosto e corri para o banheiro para fazer xixi e escovar meu cabelo. Felizmente, assim que acabei, eu parecia semi apresentável. — Pronta? — Liam perguntou quando voltei do banheiro. Engoli em seco. — Nós vamos descer juntos? O que você vai dizer à sua mãe? Ela sabe que você tem meninas ficando por aqui? — Eu tenho 25 anos Kinsley, não 15. Revirei os olhos. Isso não estava ajudando. Ele se aproximou e me abraçou apertado, de modo que apenas as pontas dos meus pés ficaram no chão. — Além disso, ela sabe sobre você e queria conhecê-la. Pressionei meus lábios em uma linha fina. Ele realmente falou com a mãe dele sobre mim? Lembrei-me dele mencionar a visita dela na outra semana. Eu não podia acreditar que havia esquecido completamente. Deveria ter tatuado em mim em algum lugar.


Ele afrouxou o aperto e pegou a minha mão para me levar para a cozinha. — Mãe! — Liam gritou, dobrando a esquina. — Liam! — Ela exclamou, virando-se do fogão e abraçando seu filho. Puxei minha mão da dele, para que pudessem ter um momento particular, mas só levou um segundo para ela olhar para cima e me ver ali de pé, com as mãos unidas na minha frente. — Você deve ser Kinsley! — Ela sorriu, empurrando Liam como se ele fosse a notícia de ontem e dando um passo à frente para me abraçar. Cítrica. Sua mãe cheirava a frutas cítricas, e respirei fundo, enquanto ela me abraçava. — Olá, Sra. Wilder. — Sorri quando ela me soltou. Seus olhos me percorreram, não completamente, mas apenas para dar uma boa olhada em mim. Ela era um pouco mais baixa que eu, com o mesmo cabelo castanho claro de Liam, embora misturados com alguns fios grisalhos. Ela provavelmente estava em meados dos seus anos cinquenta, mas exalava um ar jovial, e acho que me apaixonei por ela instantaneamente. Eu queria que ela gostasse de mim. — Você tem um ótimo gosto, Liam, — ela piscou para mim. — Ele herdou isso de mim, — ela disse, voltando a cuidar do fogão. — Você gosta de bacon e ovos, Kinsley? Tenho alguns bolinhos no forno também. — Quanto mais ela falava, mais notei seu leve sotaque Inglês adicionado ao seu charme. — Amo todos os alimentos do café da manhã, — eu disse, batendo no meu estômago. Ela sorriu para mim novamente e então eu finalmente olhei para Liam. Ele estava encostado na geladeira com um sorriso brincalhão. Pisquei e mostrei a língua para ele, voltando para a mãe dele. — Você precisa de ajuda com alguma coisa? Sou muito boa com ovos. Espere, deixe-me reformular isso, às vezes eu posso mexer os ovos sem queimálos, — ofereci.


— Você poderia fazer um pouco de café? Eu estava enchendo o pote quando vocês entraram, — ela respondeu. Imediatamente comecei o café, enquanto Liam pegava o creme de leite e açúcar. — Por quanto tempo você ficará na cidade, mãe? — Ele perguntou, atirando o braço sobre o ombro dela de brincadeira. Ela o olhou e enxotou-o para que ela pudesse virar o bacon. — Bem, eu deveria estar aqui ontem à tarde para ver o seu jogo, mas meu voo atrasou, — ela bufou e jogou a mão no ar, como se dissesse, essas companhias aéreas malditas. — Então agora eu só tenho três dias antes de ir para casa. — Você não perdeu nada de especial, eu juro, — Liam assegurou. — Aplaudi extremamente alto quando ele marcou o gol, Sra. Wilder. — Pisquei, e os dois riram. — Bem, desde que você estava lá, provavelmente ele não sentiu minha falta, — ela brincou, empilhando os ovos e bacons em um prato grande. Eu coloquei a mesa e Liam colocou uma garrafa de suco de laranja. — Vocês dois precisam comer, vocês são atletas e precisam de combustível. Especialmente você, Kinsley. Você parece só pele e osso, — ela disse, empurrando os ovos no meu prato. — Juro que como muito. Apenas corro todos os dias. — Dei de ombros e comecei a morder meu bacon. Liam me deu um sorriso tranquilizador e estendeu a mão para segurar meu joelho debaixo da mesa. Acho que todos os pais têm instintos para engordar seus filhos. Minha avó sempre empurrava os biscoitos na minha garganta sempre que nós íamos lá para férias. Se eu tivesse biscoitos empurrados goela abaixo em todos os lugares que eu ia... — Bem, vocês dois são um casal bastante atlético, — sua mãe sorriu e mastigou seu café da manhã, olhando para nós com admiração. Não tinha ideia de


como ela agia normalmente, mas até agora me senti como se esta reunião estivesse indo muito melhor do que o esperado. — Bom dia, vizinhos indecentes! Arrumem suas partes indiscretas, Becca em cena! — A voz de Becca soou quando a porta dos fundos abriu. Liam riu enquanto eu escondia meu rosto atrás da minha xícara de café. Eu lhe daria um golpe de karatê para cortar suas partes indiscretas logo que estivéssemos sozinhas. Um momento depois, Penn e ela entraram na cozinha como se fossem donos do lugar. — Oh, oops! — Becca exclamou, cobrindo a boca com a mão ao perceber seu erro. — Trata-se de um café da manhã em família? — Ela perguntou, fazendo uma pausa, no que Penn quase esbarrou nela. — Ignore o que eu disse sobre a... A Sra. Wilder empurrou sua cadeira e a cortou. Ela provavelmente não queria ouvir mais sobre as partes indiscretas do filho. — Não, não! Junte-se a nós! Você deve ser amiga de Penn, — sua mãe disse, levantando-se para cumprimentar Becca. Elas apertaram as mãos enquanto Becca tentava cobrir o rosto de vergonha. Hah. — Ei vizinhos. — Sorri, levantando para pegar os pratos. Felizmente a Sra. Wilder preparara muita comida, e logo nós cinco estávamos sentados ao redor da mesa comendo e conversando. Só tentei chutar Becca nas canelas duas vezes por baixo da mesa. — Então meninas, vocês jogam no mesmo time? — A Sra. Wilder perguntou a Becca e eu. — Sim, senhora. — Sorri para Becca, que estava no meio do caminho de uma mordida grande em seu café. — Eles devem recrutar apenas as bonitas, — ela proclamou, fazendo-nos corar. Os meninos concordaram enfaticamente. Revirei os olhos para Liam e ele apenas deu de ombros, como se não tivesse escolha.


— Bem, Kinsley foi recrutada por que sentiram pena dela, — Becca brincou. — Você sabe por ser... — ela pausou e fez o gesto universal para doido. Eu a espetei com o garfo. — Becca, na verdade, é a gestora da equipe. Ela só me entrega água quando eu preciso e limpa minhas camisas suadas — Brinquei com um sorriso insolente. Becca me deu um olhar mordaz e segurou o garfo de uma forma que fez parecer que ela estava me lançando um pássaro42. — Na verdade, temos um jogo esta semana, a minha mãe estará na cidade para assistir, — eu disse, voltando-me para a Sra. Wilder, que ria de nossa pequena briga. — Oh, que divertido! Vamos torcer para que seu voo não se atrase como o meu. Eu ri. — Bem, é um voo curto de Denver, por isso não seria muito ruim. — Qual o dia do seu jogo? — Terça-feira, — eu disse, percebendo que estava a apenas dois dias de distância. Como o tempo poderia voar tão rapidamente? Eu não podia acreditar que tinha apenas dois dias até o meu primeiro jogo, bem, tecnicamente, era um amistoso, mas ainda assim a mídia estaria lá, pronta para me levantar ou me deixar mal. Ela bateu palmas de alegria. — Não vou para Londres até quarta-feira de manhã! Eu estarei no jogo, sentada na seção das fãs de Kinsley e Becca. Liam balançou a cabeça, mas estava com um sorriso feliz. — Mãe, talvez Kinsley não queira o seu bumbum Inglês lá. Você é muito agitada em eventos esportivos.

42 Fazer um sinal muito educado, levantando o dedo médio em relação a alguém, a fim de mostrar que você está zangado com eles


Ela olhou para seu filho com uma expressão exagerada de descrença. — Bobagem! Só fui expulsa de um dos seus jogos, mas esse árbitro claramente não atualizava seus medicamentos há anos. Você não pode me culpar. Becca e eu piramos. — Você pode definitivamente ir, se quiser. É às 4:00 da tarde, no estádio da ULA, — expliquei. — Bem, está resolvido, — ela disse, se levantando. — Agora vocês terminem para que possamos ir fazer algo divertido. Se ficarmos por aqui, eu vou cair no sono. O fuso horário já está me pegando. Fizemos o que nos foi dito, colocamos o resto do nosso café da manhã em nossas bocas e fomos para o carro de Liam.

— Assim, você e Penn voltaram ao normal? — Perguntei logo que saímos da casa de Liam depois do jantar. Passamos o dia fazendo compras em Malibu com a Sra. Wilder. Tentei manter uma estreita vigilância sobre Penn e Becca o tempo todo, mas não poderia dizer o quanto eles trabalharam a noite anterior. Eles pareciam melhor, mas ela ainda parecia ter a última palavra. Ele andava ao lado e atrás dela enquanto ela procurava por roupas, e ela se esquivara de suas mãos e lhe dera uma piscadela que escondia segundas intenções, pareciam jogar um joguinho de gato e rato. Becca revirou os olhos. — Se por normal você quer dizer completamente disfuncional, então sim. Eu ri e abaixei o som. — Ele me pediu para ir a casa dele depois do jogo, então segui em meu próprio carro e disse que ficaria por 30 minutos. Obviamente, isso não funcionou muito bem. Ele explicou tudo. Assim como você sugeriu, a cadela da ex-namorada


o beijou, o que não o desculpa completamente, mas ele jurou que a superou, ele finalmente a vê pelo que ela é, e deixou bem claro para ela que seguiu em frente. — Pelo menos ela não estava no jogo de sábado, — eu disse, lembrando quão confiante e convencida ela parecia quando saímos do evento na sexta-feira. — Sim, eu o ouvi deixar uma mensagem para o chefe de equipe dizendo que ela foi efetivamente banida da seção de agora até para sempre. Cobri minha risada com a mão. — Maldição. Ele deve falar sério. Ela assentiu com a cabeça, mas manteve sua atenção na estrada à frente. — Ele me pediu para ser namorada dele, para tornar oficial, mas eu disse que precisava de um pouco mais de tempo. Isso foi surpreendente. Duvido que Penn teve muitas meninas o recusando. — Ele não parecia muito desencorajado por isso hoje, — brinquei, relembrando toda a atenção que ele deu a ela. Ela sorriu. — Juro que não estou brincando com ele. É só que na sexta à noite foi terrível e não posso simplesmente esquecer tudo isso em 24 horas. Acho que isso teria duas coisas boas: abrandar as coisas e certificar se realmente queremos isso. Estreitei os olhos, pensativa. — Então, você não tem certeza se quer ficar com ele? Seus olhos se focaram em mim rapidamente. — Oh, eu cortaria o meu braço direito para estar com ele, mas ele não precisa saber disso. — Becca! Você é uma pequena provocadora. — Oh, por favor! Ele merece. Ele precisa saber o que ele tem. Eu ri e peguei meu telefone para verificar minhas mensagens quando Becca ligou a música.


Liam: Minha mãe desmaiou assim que vocês saíram. Kinsley: Ela não pode evitar. Liam: Ela não parava de falar sobre você. Ela estava praticamente murmurando seu nome quando adormeceu. Kinsley: Acho que estou te deixando por ela. Preciso de um parceiro mais experiente ;) Liam: Volte e vou te mostrar o quanto sou experiente. Kinsley: Becca dirigindo... não posso fazer isso... Liam: Ela realmente gostou de você. Não consigo imaginar por que... Kinsley: Pode ser por causa de um número qualquer de meus talentos. Será que ela me ouviu assobiar? Sou boa nisso. Liam: Eu podia assobiá-la no chão. Kinsley: O que isso significa? Você me mataria com o seu assobio? Liam: Você deveria repassar suas expressões idiomáticas43. Kinsley: Talvez você possa me ensinar? Serei a aluna. Você tem uma régua? Liam: Kinsley... — Uhh, Kinsley, — Becca interrompeu a minha sessão de mensagens de texto com um tom de medo. Olhei para cima para descobrir que entrávamos na nossa rua... mas era quase impossível de manobrar em direção a nossa casa. Vans da imprensa estavam estacionadas na frente com paparazzi ao lado deles. — Que diabos? Eles estão apenas esperando do lado de fora da nossa casa? — Perguntei, deslizando o telefone na minha bolsa e me levantando para ver melhor. No segundo em que as equipes de notícias viram o carro de Becca,

43 O trocadilho em inglês é em relação ao sexo oral.


entraram em ação. Paparazzi tiraram suas lentes e ajustaram o zoom em frente ao para-brisa. Becca desacelerou o carro o suficiente para não bater em nenhum deles, mas eles estavam se aproximando demais. Se estivesse no limite de velocidade, ela teria derrubado alguns deles. — Por que eles estão aqui? — Becca estalou, virando o carro para a garagem. Os paparazzi não nos seguiram para a propriedade privada, mas me virei para encontrá-los alinhados à beira da rua como uma fileira de abutres. — Vamos entrar depressa e descobrir isso, ok? — Peguei minha bolsa e a usei para proteger o meu rosto enquanto corria para a porta. Becca correu ao meu lado e não paramos até estarmos lá dentro em segurança, com a porta trancada atrás de nós. — Eles gritavam nossos nomes, Kinsley, — Becca disse com uma voz vazia, encostando-se à porta. — Eles estiveram aqui o dia todo, — Emily disse. Erguemos os olhos e a encontramos descendo as escadas com algumas das nossas companheiras de equipe a reboque. — Você está falando sério? Eles não têm nada melhor para fazer do que acampar na frente da nossa casa? — Perguntei, passando a mão pelo meu cabelo. Emily parou no último degrau. Sua expressão era sombria e suas sobrancelhas estavam fortemente franzidas. — Você não sabe, não é? — Ela perguntou. Conduzi o meu olhar em direção aos olhos dela. — Saber o quê? Ela franziu a testa e apontou para o grande sofá colocado em nossa sala de estar. — Vamos lá. Vamos sentar. Não é grande coisa, mas você simplesmente vai querer ouvir tudo primeiro.


Becca e eu a seguimos até o sofá conforme o meu coração acelerava no meu peito. Eu podia senti-lo lutando para ser ouvido, assim apertei minha mão contra ele, tentando me acalmar. — O que diabos está acontecendo? — Perguntei, andando na frente do sofá. — Tara foi para a mídia. Ela rodou a história da pior maneira possível, e Liam e você são a maior novidade no país do momento. Eu podia sentir o sangue escorrer do meu rosto. — Espera? O quê? — Tara vazou a história de você namorar o treinador Wilder. A mídia está tendo um dia de campo, contando a história como se ele estivesse tirando vantagem de você e estão fazendo você parecer a bad girl do futebol. Como se quisesse seduzir o seu treinador ou alguma coisa. — Foda-se! Você tem que estar brincando comigo. Essa garota não tem nada para fazer além de tentar arruinar a minha vida? Eu estava além da raiva, me inclinando em direção a raiva cega. Ela não podia me deixar em paz. Eu deveria ter percebido que ela não havia acabado de me atormentar. — E você tem certeza de que foi Tara? — Becca perguntou de seu lugar no sofá. Ainda não havia pensado em perguntar. Emily apertou os lábios. — O nome dela surgiu com a história uma e outra vez. Não era como se ela pedisse para ser uma fonte anônima. Ela foi entrevistada e a foto dela foi adicionada a história. — Isso é besteira! — Gritei, pensando nas meninas que queriam um autógrafo ontem. Eu era um modelo para essas meninas, e agora eu era igual a todas as outras celebridades idiotas arrastando seus próprios nomes no meio da lama. Eu não queria ser como elas. Não queria ser a bad girl do futebol. Eu queria ser conhecida por minhas habilidades, e não por com quem eu estava dormindo. — Tara pode ir se foder, — expliquei, movendo-me em direção às escadas.


Becca pulou do sofá. — Kinsley, você vai... Levantei minha mão. — Vou ligar para minha mãe e ver se a equipe de RP do meu pai já está trabalhando nisso ou não. Assim que cheguei lá em cima, eu abri meu laptop e procurei as notícias. Artigo após artigo apareceu, cada um pior do que o último. Vagabunda de futebol era o nome do pior artigo, postado por um blog lascivo, o qual metade da América parecia amar navegar diariamente. Não tive tempo de deixar minha raiva ferver. Tara pensou que ela estava brincando com uma novata inocente, mas não me rebaixaria ao nível dela. Ela queria que eu brigasse em resposta e falasse merdas sobre ela na mídia, porque dessa forma ela poderia cavalgar na fama também. Eu mostraria a ela fazendo exatamente o oposto. Não deixaria isso afetar meu jogo de futebol. Não deixaria isso afetar meu relacionamento com Liam. E tenho a profunda certeza que não perderia um pouco de sono por aquela valentona. Liguei para minha mãe assim que fechei a porta e expliquei tudo para ela. — Não se preocupe. Eu já estava lidando com isso esta manhã. Não queria notificá-la no caso de que conseguíssemos sair disso enquanto você ficava no escuro, — ela explicou. — Podemos processá-la por calúnia? — Perguntei, andando no meu quarto. — Bem, tecnicamente, os fatos que ela expôs eram verdadeiros, embora distorcidos em uma luz muito negativa. Não podemos controlar o que as pessoas fazem com a história na mídia social. As pessoas querem um banho de sangue... Eles querem caluniar Liam e você porque algumas pessoas se destacam dilacerando os outros. Balancei a cabeça e mordi meu lábio. — Eu deveria ter sido mais esperta quanto a isso. Eu sabia que ela faria algo assim. Eu deveria ter dado uma declaração antes dela.


— Não adianta se preocupar com isso agora, Kinsley, — minha mãe argumentou, tentando me acalmar. — Mãe, eu não posso nem sair da minha casa! Há paparazzi alinhados lá fora! — Chegarei aí amanhã e já reservei um hotel com segurança top. Você ficará comigo amanhã à noite e nós vamos ter a segurança em seu jogo para que possa se concentrar no que é importante. Suspirei ao ouvir os detalhes que ela já estabelecera. Ficar em um hotel com a minha mãe parecia exatamente o que eu precisava. Eu queria fingir que nada disso estava acontecendo. Uma vez que fizemos os planos para o dia seguinte, eu desliguei e mandei uma mensagem para Liam. Kinsley: FODA-SE TARA. Liam: Ouvi sobre isso. Liguei pra minha agente + RP. Kinsley: Sinto muito. O telefone tocou na minha mão com o nome de Liam piscando na tela. Assim que atendi, uma voz rouca inundou a linha. — Não se atreva a pedir desculpas. Vamos passar por isso, — Liam murmurou. Eu já sentia falta dele. Por que eu escolhi voltar em vez de passar a noite com ele? — Eu sei. Odeio que a nossa relação pareça causar tanto dano. — Não dou a mínima para o que o mundo pensa, Kinsley. Estou muito feliz com você. Estou focado no que é importante. Você e futebol. Isso é tudo que eu preciso.


Sorri, apesar das circunstâncias, recordando o que senti ao adormecer em seus braços na noite anterior. Ele estava certo. Preciso me concentrar no que era importante e ignorar o resto. — Ok. Minha mãe chega à cidade amanhã e eu ficarei no hotel com ela durante os próximos dois dias. — Essa é uma ideia inteligente. Mande-me uma mensagem do hotel e eu terei um guarda de segurança lá também. Não discuti. Sua voz estava comandando e eu sabia que ele se sentiria melhor se eu concordasse. — Ok. Ligue para a sua agente e fale com ela, — eu disse, caindo de costas na cama. — Ok... e Kins, — ele fez uma pausa e o ouvi tomar uma respiração profunda, — eu realmente me importo com você. Fechei os olhos e absorvi ao máximo suas palavras. Eu o amava então. Claro, eu amava esse cara que enfrentaria o mundo por mim sem pedir nada em troca. Bem, além de minha mortal vida amorosa. — Eu sei. Nós passaremos por isso. Bons sonhos, — sussurrei antes de desligar. Era muito cedo para declarações de amor e eu não ousaria dizer algo durante uma conversa que tinha alguma coisa a ver com Tara. Eu esperaria por um momento muito melhor do que esse. Como a próxima vez em que estivesse cavalgando pelo campo, nua sobre cavalo.


Capítulo 27 Minha mãe me garantiu que o comunicado a imprensa foi enviado na noite de domingo, mas a mídia ainda estava implacável na segunda-feira. Havia um grupo de paparazzi esperando por mim do lado de fora da casa, fazendo perguntas e tirando fotos quando saí para o treino na segunda de manhã. Fomos forçadas a treinar em uma instalação interna, numa rua abaixo do nosso campo habitual. A treinadora Davis pediu que eu ficasse depois do treino e explicou que ela e a equipe estavam comigo. Ela disse que a faculdade enviou seu próprio comunicado a imprensa limpando meu nome e condenando Tara como uma puta conivente. Tudo bem, talvez essa não seja a citação correta, mas ainda assim, a treinadora Davis estava do meu lado e ela não ia desistir de mim ainda. Eu comia com minha mãe na segunda-feira à noite quando meu telefone tocou. O sorriso com covinhas de Liam iluminou a tela e senti meu coração vibrar. — Ei baby, — respondi com uma voz cansada. — Ei, você está no hotel? — Ele perguntou enquanto sons de rua soavam em segundo plano. — Sim, minha mãe e eu pedimos serviço de quarto. — Bom ok, eu estarei aí em um segundo. Olhei para o meu robe e percebi que ainda tinha o cabelo molhado do meu banho. — Ah... sim... bem, o vejo em um segundo, — eu disse, olhando para a minha mãe.


— Liam está chegando. Acho que ele já poderia estar aqui, na verdade, — eu admiti com um sorriso tímido. As sobrancelhas da minha mãe dispararam. — Conhecerei o infame Liam Wilder. Que emocionante, — ela piscou, e depois deu outra mordida em sua refeição. Poucos minutos depois, uma batida suave soou à nossa porta e fui atender. Assim que virei a maçaneta inalei o perfume dele. Ele acabara de vir do treino, assim seu corpo era uma mistura de suor e almíscar. Era estranhamente sedutor e quase pulei em cima dele no corredor, especialmente após abrir a porta e ver sua aparência. Seu cabelo castanho claro estava rebelde e sexy, o calção de futebol exibia seu bronzeado, suas pernas tonificadas, e sua camisa de treino se agarrava ao peito duro. Desvendei um sorriso e dei um salto, jogando meus braços em volta do pescoço dele. O segurança do lado de fora de nossa porta limpou a garganta e comecei a rir. Esqueci que ele estava lá. Principalmente porque as pessoas normais não têm seguranças. — Bem, olá para você também. — Liam sorriu e se inclinou para me dar um beijo. Assim que se afastou, seus olhos percorreram por cima do meu ombro para encontrar minha mãe, que se levantara para cumprimentá-lo. Tirei minhas mãos de seu pescoço e dei um passo atrás, olhando pra ela. Eu sabia que ele estava comparando o quão semelhantes éramos naquele momento. Ela tinha o mesmo cabelo castanho escuro que eu, mas o dela tinha um corte curto e repicado. Tínhamos a mesma constituição, embora eu tivesse um pouco mais de músculos enquanto ela era um pouco mais alta e mais ágil. Sorri assistindo ela analisar Liam. — Não posso acreditar que finalmente estou conhecendo você, — ela sorriu, estendendo a mão. — Sou Lydia.


Ele apertou a mão dela e pensei ter visto um pouco de cor em sua bochecha completamente bronzeada. — Olá, Sra. Bryant. — Minha filha encheu meu ouvido sobre você nas últimas semanas, — ela admitiu, e então era eu com as bochechas coradas. O olhar simpático de Liam deslizou em direção a mim. — Ela está exagerando, dificilmente falo de você. — Pisquei. Liam olhou para a minha mãe com um meio sorriso insolente. — Ouvir isso não é surpreendente. Sua filha está totalmente apaixonada por mim, Sra Bryant. Ela não me disse ainda, mas dirá em breve. Fiquei de boca aberta. Não, ela caiu no chão e ficou ali sentada enquanto eu olhava para Liam. Minha mãe riu e olhou em minha direção com um sorriso. Eu não podia acreditar que ele acabara de dizer isso assim... Sem rodeios. E droga, ele poderia me ler tão facilmente? — Nossa. Você parece bastante confiante sobre isso, Liam, — minha mãe brincou, apontando em direção à mesa para que pudéssemos terminar de comer. Liam deu de ombros e eu podia sentir seu penetrante olhar em mim. — Eu li que Mark Twain disse que tudo o que você precisa para ter sucesso na vida é ignorância e confiança. Kinsley pode atestar: eu tenho os dois. Eu ri. — Você pode ler? Ele me lançou uma piscadela brincalhona antes da minha mãe mencionar: — Você sabe que é exatamente como era quando conheci o pai de Kinsley. Acho que nós namoramos por um mês antes dele me pedir em casamento. Mas éramos jovens e imprudentes, apenas dezenove anos na época. Tossi e tentei ignorar o fato de que Liam ainda me observava. Esqueci do fato de que a minha mãe casara com a minha idade. Eu não poderia imaginar. Como alguém encontraria tempo? Eu tentava ir para as Olimpíadas, não planejar vestidos de dama de honra.


— Bem, tenha certeza mãe, você não terá uma noiva adolescente em suas mãos. — Eu finalmente encontrei a minha voz e sorri para ela. Liam deu de ombros. — Você acabou de completar dezenove anos. Temos cerca de 300 dias para mudar isso. Minha boca caiu novamente e me virei para encará-lo. — Você não pode estar falando sério agora. Ele sorriu e balançou a cabeça. — Não, mas falava sério sobre a coisa do amor. Eu atirei-lhe um olhar mordaz e depois peguei meu prato com as batatas fritas que sobraram e entreguei a ele. — Tem certeza que você acabou? — Perguntou ele, apertando minha cintura, alegremente. Golpeei a mão dele, mas se minha mãe não estivesse nos observando, eu o teria derrubado na cama e o beijado loucamente. — Aham. Coma. Você acabou de sair do treino? — Sim. Estou exausto. Não ficarei muito tempo, só queria ter certeza que estava tudo bem. — E queria me conhecer, — minha mãe interveio com um sorriso que parecia exatamente como o meu. A maçã definitivamente não cai longe da árvore. Liam riu. — É claro. Eu vim principalmente para conhecer sua mãe. Foi uma reflexão tardia. — Ele piscou e fiz uma cara de brava. Ele engoliu a última batata frita e colocou o prato na mesa. — É melhor eu ir para casa ou dormirei aqui mesmo. Fiz uma careta, não estando pronta para deixá-lo ir tão cedo. — Posso leválo lá em baixo?


— Não vestida desse jeito, — ele observou, e percebi que ainda estava com o meu roupão. — Que tal jantar após o jogo de amanhã com nossas mães? Minha mãe quer vê-la novamente antes de ir para Londres, — ele observou, caminhando em direção à porta. Bati palmas e minha mãe concordou antes que eu tivesse tempo de responder. — Isso soa muito bem. Ele se curvou para beijar minha bochecha e depois murmurou em meu ouvido para que minha mãe não pudesse ouvir. — Eu torcerei por você amanhã, Kins. — A voz dele deslizou sobre meu rosto e apertando os lábios, assenti com a cabeça. Nossos olhos se encontraram e absorvi o último momento de estar perto dele. Porcaria. Eu estava pronta para isso? Aos 19 anos alguém está preparado para dar o seu coração? Eu ainda não estava tentando conhecer o meu coração? Seus gostos, e os seus desgostos? Liam era mais velho e provavelmente havia provado toda uma infinidade de meninas antes de pousar em mim. Quando fechei a porta do hotel, senti uma sensação de vazio na boca do estômago com o conhecimento que chegava a minha cabeça. Estar com um atleta famoso é a coisa mais distante de um relacionamento normal e saudável. Eu não queria os holofotes ou o estrelato, e estar com Liam significa aceitar tudo o que viesse junto com ele. Adios, coração. Foi um prazer conhecer você.


— Vocês trabalharam duro para este momento, e todas vocês precisam se lembrar que isso é um treino. Mantenham-se calmas e focadas em executar jogadas limpas. Este é um jogo simples, então vamos chegar lá e mostrar a eles o que temos! Minha equipe estava de pé atrás da porta do estádio. Vestimos nossos novos uniformes azul bebê, nos aquecemos e entramos para uma última conversa motivacional antes do jogo começar. Eu podia sentir meu nervosismo se formando, mas tentei esmagá-lo. Becca e eu começávamos no jogo de hoje. Emily não foi escolhida para começar, mas sabia que ela ainda teria muitas oportunidades no jogo. Todas nós teríamos. O ponto do jogo de hoje era o de se acostumar a jogar como uma equipe, não para uma de nós brilharmos mais do que as outras. Becca agarrou meu ombro e sorri nervosamente. — Wildcats no três, — a treinadora Davis instruiu, e a contagem regressiva começou. — Wildcats! — Todas nós gritamos em uníssono, em seguida, a porta foi aberta e corremos para o campo. Era um dia bonito em LA. O sol brilhava e a maioria da poluição da manhã acabara, a temperatura estava quente e convidativa. Eu já suava em nosso aquecimento, mas me senti bem. Isso é o que eu realmente amava. Eu vivia para o jogo de futebol; esses completos 90 minutos alimentavam meu corpo como nada mais na vida. Corri ao lado de Becca em direção à linha lateral e olhei para as arquibancadas encontrando minha mãe sentada ao lado da senhora Wilder. Elas pareciam bonitas sentadas ao lado uma da outra, como se fossem amigas há anos. Acenei para elas enquanto elas gritavam tanto para Becca quanto pra mim. Não vi Liam ainda, mas sabia que provavelmente ele ainda estava no treino. Havia muitas pessoas acumuladas na cabine da mídia, muito mais do que deveria ter para um jogo de futebol feminino de pré-temporada. Revirei os olhos e ignorei. Havia agitação suficiente neste jogo sem o stress de meus fracassos sendo estampados na Internet.


Sofie e nossa co-capitã deram um passo à frente para fazerem o sorteio, e depois que entramos em campo fomos aplaudidas por fãs. Marquei a minha posição e balancei os braços, tentando soltar os músculos e acalmar minha respiração. Era normal sentir-se nervosa antes de um jogo, especialmente desde que há meses eu não jogava um jogo oficial, mas estes nervos tinham vida própria. Eu me inclinei e agarrei meus joelhos, me centrando no momento. Porém, os meios de comunicação contariam suas histórias, por isso não havia razão para se estressar com isso. Meus olhos se voltaram para as gramas dobradas sob a minha chuteira enquanto a minha determinação começou a florescer. Este era o meu jogo. A mídia não podia me tocar aqui. O árbitro soprou o apito e num piscar de olhos, o jogo começou. Nós perdemos o sorteio, mas não demorou muito até que nossas defensoras assumissem o controle da bola e avançassem. Tudo caiu em sincronia como deveria. Trabalhei da minha maneira no espaço aberto para que Becca pudesse me passar a bola. Seu passe bateu-me no peito, e fiz uma rápida troca de bola, escapando de algumas defensoras. Eu estava no meu elemento, cortando através de duplas e me esquivando das sequências, e então passei a bola para a jogadora seguinte. No intervalo nós estávamos de três, e eu me sentia confiante. Atuei bem até agora e minha resistência mal foi testada. Todas as corridas tarde da noite e treinos extras me recompensavam. Corri para a beira do campo e quando cheguei à lateral, eu olhei para cima para encontrar Liam encostado à cerca do campo. Ele parecia tão suado quanto eu. Acho que ele correu do treino, em vez de tomar banho. Quando me viu olhar para ele, ele abaixou a cabeça e me mandou um sorriso confiante. Não havia necessidade de chamar mais atenção do que isso, especialmente com as lentes da mídia apontada diretamente para nós. Dei uma piscadela rápida e virei para a minha equipe a tempo de pegar a treinadora Davis acenando para que nos aproximássemos.


A segunda metade passou rapidamente, e tirando uma ou outra colisão com uma defensora da outra equipe, eu joguei um jogo estelar. Parecia uma corrida, saímos desse campo com uma vitória da pré-temporada em nossa cintura. A treinadora Davis estava orgulhosa de nós e notei que Becca e Emily jogaram muito também.

Eu

sabia

que

se

nos

mantivéssemos

assim,

definitivamente

caminharíamos para o campeonato nacional. Tomei banho rapidamente e coloquei um novo par de calças e uma regata que coloquei na minha bolsa. — Alguma de vocês quer vir jantar com a gente? — Perguntei a Emily e Becca quando saímos do vestiário. — Não, Penn vai me pegar, — disse Becca. — Tenho um encontro no Skype, — Emily piscou. Ela e seu namorado provavelmente mantinham o Skype no mundo dos negócios, mas não poderia culpá-los. Eu faria a mesma coisa se Liam morasse do outro lado do país. — Tudo bem, eu verei vocês mais tarde, então! — Acenei ao nos separamos. Elas seguiram em direção ao estacionamento e me virei para encontrar a minha pequena torcida esperando por mim na base das arquibancadas. Não pude evitar o sorriso em meu rosto com a visão. — Lá está ela! — A Sra. Wilder aplaudiu, jogando as mãos no ar. Eu ri e balancei a cabeça quando todos me aplaudiram ruidosamente. Eles realmente faziam disso tudo um grande negócio. — Para alguém que odeia ser o centro das atenções vocês com certeza sabem como colocar a atenção sobre mim, — brinquei, andando até o grupo e abraçando minha mãe de lado. Ela me apertou com força antes de me soltar. Um brilhante flash de câmera pegou toda a troca, momentaneamente me cegando. — Tudo bem, tudo bem. Vamos comer e apenas falar sobre a jogadora de futebol estelar que você é enquanto caminhamos para o carro, — minha mãe prometeu.


Eu me sentia alegre no grupo, mas as endorfinas do jogo começaram a sair assim que me lembrei das câmeras. Era completamente impossível ignorar os paparazzi; embora eu tentasse empurrar a presença deles para a parte de trás da minha mente. Não procurei o meu nome na internet desde a noite de alguns dias atrás, mas sabia que não estava melhorando. Enquanto Liam e eu estivéssemos juntos, eu estaria na frente dos holofotes, e eu precisava considerar se estava fazendo a coisa certa. Eu colocava muito em jogo por um cara que estava, provavelmente, tão disposto a comprometer-se com um relacionamento quanto George Clooney.


Capítulo 28 Quinta à noite, eu estava de pé na cozinha de Liam, fazendo o jantar. Ambas as nossas mães viajaram no dia anterior, e finalmente teríamos algum tempo sozinhos. Ele deveria chegar do treino a qualquer minuto, e é por isso que eu me movia ao redor da casa como uma louca tentando finalizar tudo. Eu estava fazendo lasanha e uma salada, seguindo a receita dada pela minha mãe. Minha primeira ideia foi me cobrir em rolos de sushi e deixar Liam comê-los em cima de mim, mas Becca disse que não queria imaginar minha bunda toda vez que pedisse um California Roll. Muito amiga ela era. Joguei cranberries e nozes em cima da salada, e coloquei a lasanha no forno assim que Liam abriu a porta dos fundos. Hora de começar. Fechei o forno e virei para vê-lo de pé na porta. Ele havia tomado banho depois do treino e vestia calça jeans desgastada e uma camiseta branca. Sorri para o meu próprio guarda-roupa. Eu colocara um par de jeans skinny, sabendo que o deixaria louco, e uma blusa azul com decote em v, a qual era confortável e sexy. Seu cabelo ainda estava úmido do banho e ele arqueara uma sobrancelha sexy com a visão diante dele. — Estou preparando uma festa, — anunciei com um floreio da minha mão. — Eu vejo isso. Cheira incrível, — elogiou, largando a bolsa de treino e chaves sobre a mesa e vindo em direção a mim. — Gosto tanto dessa visão. — A bagunça? — Perguntei, olhando para o queijo, a massa, e a tábua de corte com tomates e cebolas picadas. Havia molho de tomate derramado sobre o


balcão também. Será que, na verdade, eu conseguira colocar algo na maldita lasanha? Ele se aproximou ainda mais, se posicionando bem atrás de mim para que pudesse envolver seus braços em volta da minha cintura. — Não. Você na minha casa quando eu chego do treino, — ele respondeu, provocando uma onda de arrepios. — Foi divertido, como se eu estivesse brincando de casinha na cozinha de alguém. — Dei de ombros. — Juro que limparei tudo isso. Ele riu e me virou, colocando minhas costas no balcão. — Nós vamos limpar. O que tem no forno? — Lasanha, — respondi, sentindo seus lábios brevemente fazerem contato com o meu pescoço. Foi o suficiente para provocar um gemido suave. — Quanto tempo nós temos até que esteja pronta? Levantei uma sobrancelha enquanto suas mãos foram para debaixo da minha camisa. — Cerca de uma hora. Acabei de colocar. Um sorriso sedutor apareceu nos lábios dele e de repente eu sabia que estava em apuros. — Bem, eu tive quase uma semana inteira sem chegar a tocá-la, e gostaria de fazer isso, — ele disse, levantando minha camisa e deslizando as mãos para cima, sobre meus seios. Ergui os braços acima da minha cabeça e lancei-lhe um sorriso diabólico quando ele tirou minha camisa e jogou-a sobre a mesa da cozinha. Seu olhar se desviou para o bico dos meus seios que espreitavam no meu sutiã preto e seus olhos ligeiramente se estreitaram com a visão diante dele. Bate aqui, Victoria Secret. Abaixei minhas mãos para abrir a calça jeans e a empurrei pelas longas pernas tonificadas. Tudo nele era digno de adoração, mas aquelas pernas de futebol


faziam proezas ao meu brilho sexual. Deixei minhas mãos derivarem sobre as coxas, observando-o endurecer sob sua cueca boxer preta. Ele era cada grama de homem, e observando o seu corpo, eu percebi que queria ser completamente tomada por ele. Ele puxou a camisa sobre a cabeça e estendeu a mão para envolver meus bíceps, puxando-me para ficar de pé. Não tive tempo de ficar totalmente erguida e sua mão já mergulhava na frente da minha calça jeans. Ele abriu o zíper e seu dedo se afundou em mim. Fiquei de boca aberta, mas nenhum som escapou. Ele lentamente retirou o dedo antes de afundar em mim novamente. — Isso é o que eu tenho sonhado a semana toda, — ele murmurou, se inclinando para roubar um beijo. Seus lábios estavam famintos e exigentes; ele possuía a minha boca e tentei me segurar, mas ele oprimia meus sentidos. Ele continuou deslizando dentro e fora de mim, lentamente no início, mas depois acelerou. Senti-me rastejar em direção a um orgasmo assim que seu polegar começou a girar círculos suaves. Ele tinha mãos magistrais e a ponta do polegar poderia ser a minha parte favorita de todo o seu corpo. Ele retirou sua boca da minha assim que seus dedos aceleraram o ritmo. Ele se inclinou para trás e assistiu minhas reações ao que ele estava fazendo como se fosse um voyeur. Parecia pecaminosamente sexy tê-lo me assistindo gozar. Lambi meus lábios, tentando umedecer a carne seca assim que um arrepio me percorreu. — Goza para mim, baby. Deixe-me ver você. Meus olhos azuis encontraram seu olhar cinza e uma faísca incendiou dentro de mim. Gozei ao redor dos seus dedos, encostando-me ao balcão e gemendo o nome dele uma e outra vez. Não havia tempo para se recuperar. Eu ainda sentia os ecos do orgasmo enquanto tirava minha calça e calcinha e me virei para que os meus ossos do quadril encontrassem o balcão. Ele abriu o meu sutiã e empurrou tudo de lado no balcão para que houvesse espaço para mim.


— Santo, — sussurrei ao senti-lo se empurrar contra a minha carne exposta. Nunca tive um homem me tomando do jeito que ele fez. Ele não pedia permissão. Quando fazíamos amor, explorávamos um ao outro, meu corpo pertencia a ele como se ele tivesse os direitos exclusivos dele. — Curve-se para frente, baby. Fiquei boquiaberta ao seu comando sexy, mas, no entanto, senti-me inclinar. A fria bancada de granito pressionou contra os meus seios, mas não me esquivei das leves picadas. Estava muito ocupada concentrando-me em seus dedos espalhando a minha entrada e valorizando minha beleza. Ele gemeu atrás de mim e então ficou de joelhos para usar a língua. Mordi meu lábio, mas gemidos suaves ainda me escaparam. Meus dedos seguraram a borda do balcão enquanto ele me lambia lentamente, arrastando a língua da base da minha entrada e voltando. Ele usou as mãos para abrir minhas pernas ainda mais, revelando cada grama da minha carne para ele. Pensei que minhas mãos quebrariam a borda do granito. Eu segurava com tanta força. — Você é a coisa mais sexy que eu já coloquei os olhos, — ele praguejou, me acariciando para cima e para baixo. Levantei minha cabeça do balcão e virei para vê-lo se tocando com uma mão enquanto me explorava com a outra. Deus, eu queria essa imagem gravada em minha memória para sempre. — Você já foi fodida desta forma antes? — Ele perguntou com um olhar controlador. Suas palavras eram sombrias, mas despertou algo dentro de mim que precisava ouvi-las. Amei sua fácil confiança. Seu absoluto domínio da situação. Balancei a cabeça negativamente e ele arrastou seu olhar para os meus olhos. — Segure o balcão, — ele instruiu, tirando a cueca boxer. Ele estava duro e latejante. Eu poderia lembrar exatamente como ele me fez sentir quando esteve dentro de mim na última vez que transamos: como se meu corpo não conseguisse decidir se ele estava acabando comigo ou me recompondo. Eu não me importava.


Precisava dele dentro de mim de novo ou gritaria. Talvez eu fosse acabar gritando de qualquer forma. Ele desenrolou um preservativo e posicionou-se novamente atrás de mim. Uma mão agarrou fortemente o meu quadril, a outra em volta do meu pescoço para que eu não pudesse me afastar dele. Apreciei o apoio. Minha cabeça começou a se sentir pesada, mas com a mão lá, eu poderia vê-lo enfiar em mim lentamente no início, e em um impulso rápido, eu o senti completamente dentro de mim, me abrindo e me colidindo com meu mundo. — Oh meu Deus, Liam, — gemi quando ele entrou em mim, não se movendo no começo, mas me deixando me acostumar com o tamanho dele. Seus olhos estavam dilatados em luxúria e cada uma de suas feições parecia ainda mais acentuada e mais no controle do que o habitual. Seu rosto barbeado deu lugar a sua forte linha da mandíbula, as maçãs do rosto esculpidas, e seus lábios perfeitamente carnudos. Ele lentamente se retirou e estremeci. Mal podia recuperar o fôlego e a posição em que ele me colocou não ajudava. Em seguida, ele empurrou novamente, forte, e gritei. Foi puro êxtase. Era tudo o que ele precisava. Ele apertou seus braços na minha cintura e começou a bater em mim por trás. Meu corpo balançou no granito com cada estocada de seus quadris. Seus movimentos eram tão rápidos e controlados. Não havia tempo para processar cada impulso antes que viesse o próximo. Ele me fodia em todos os sentidos da palavra e senti meu corpo florescer com luxúria e desejo. Ele pegou uma das minhas pernas e a empurrou para o balcão. O movimento enviou um prato para a borda e ele caiu no chão com um estrondo alto. Nenhum de nós se importou, e Liam continuou seduzindo meu corpo. Ele me puxou para cima a fim de que o meu corpo estivesse pressionado contra ele. Sua mão envolveu a minha garganta, e virei para roubar um beijo. A língua dele encontrou a minha enquanto meus quadris saltaram de volta para ele.


Os primeiros choques do orgasmo correram através de mim e de repente eu precisava gozar. Eu estava na horizontal e não poderia me deixar cair. — Oh, não pare. Não pare, — implorei, seus quadris encontrando os meus. Mesmo enfiando em mim rápido e forte, seus movimentos eram calculados e suaves, como se usasse seus quadris para me envolver. — Foda-se, — eu gemi quando um impulso particularmente sedutor esfregou diretamente contra um feixe de nervos sensíveis. Segurei a parte de trás do pescoço dele enquanto um orgasmo me ultrapassava. Meu estômago tremeu e ele gemeu com voz rouca no meu ouvido, prolongando ainda mais meu prazer. Ele gozou logo depois de mim. E estremeceu tempo suficiente. Conforme ele se derramava em mim, eu estremeci e os sentimentos ameaçaram me consumir. — Liam! — Parecia muito, como se meu corpo não sobreviveria a delícia do nosso amor. Ele alimentava o meu desejo, balançando os quadris em mim até nós dois cairmos aos pedaços no chão da cozinha. Nossos corpos caíram no chão e caí em cima dele com um incontrolável riso delirante. — Falo seriamente, nem sequer é justo. Como as mulheres se afastam de você? — Perguntei enquanto minha cabeça repousava sobre o peito dele. — Elas não fazem, — brincou, fazendo meu coração parar. Suas palavras eram para ser uma piada, mas eu sabia que estavam muito longe disso. Elas não fazem. Que porra é essa que eu estava pensando, me apaixonando por um cara como ele? Nem dois meses se passaram e eu estava xingando toda a ala masculina. Eu não poderia ter encontrado um rapaz simpático e humilde, que tinha a minha idade e não fizesse sexo como se fosse a missão de sua vida? Quão estúpida eu era para colocar meu coração na linha pela terceira vez?


Eu ri com o pensamento. Isso não era verdade. Nunca coloquei meu coração na linha com Trey e Josh como eu estava fazendo agora com Liam. Liam não era algo que você escolhe fazer ou não fazer; ele era como um vírus, invadindo seu sistema e criando raízes sem a sua permissão. Ele fazia isso com todas as mulheres nos Estados Unidos e, infelizmente, eu não era diferente. Eu me empurrei do chão e dei um sorrisinho antes de ir em direção ao banheiro para me lavar antes do jantar. — Kins? — Ele perguntou, levantando e jogando fora o preservativo. Acenei e continuei andando. Senti as lágrimas queimarem na borda dos meus olhos e me dei conta de que essa revelação imediatamente depois de fazer amor foi uma má jogada da minha parte. Sempre me senti um pouco mais vulnerável após orgasmos alucinantes. Talvez eu só precisasse de alguns minutos para me recompor. Eu podia sentir a presença dele atrás de mim e sabia que ele me pegaria antes que eu chegasse ao chuveiro. Acelerei meu ritmo enquanto caminhava para o banheiro. Então vi o banheiro independente e corri para ele. Ele não podia me acompanhar lá. Tranquei a porta e me afundei no assento dobrável com a cabeça em minhas mãos. Ele não bateu imediatamente. Talvez quisesse me dar a chance de me acalmar, ou talvez pensasse que eu realmente usava as instalações. Mas quando não saí mesmo depois de ter me lavado, permanecendo lá dentro por mais alguns minutos, sua voz flutuou através da madeira maciça. — Kins, você está bem? — Ele perguntou com tanta sinceridade que só fez minhas lágrimas ficarem ainda mais difíceis de cessar. — Sim... apenas me recompondo, — respondi honestamente. — Você poderia se recompor comigo? O que há de errado, querida? — Eu podia ouvir seu corpo deslizar na parede ao lado da porta e sabia que ele não ia ceder até que eu saísse.


— Você será honesto comigo se eu te perguntar uma coisa? Completamente honesto? — Perguntei, aproximando-me da porta e descansando minha testa contra ela. — Sim. Apenas me diga o que está acontecendo. E nós vamos consertar. Respirei fundo e preparei o meu coração para a resposta errada. — Estou sendo ingênua confiando em você? Sério, Liam, você tem que ser honesto comigo, eu posso lidar com a verdade... O que eu não posso lidar é estar em outro relacionamento com um cara que não me respeita o suficiente para ser honesto. Ele suspirou do outro lado da porta. — Kins, traga seu traseiro pra fora desse banheiro e fale comigo cara a cara. Apertei meus lábios, aborrecida, mas virei a maçaneta e abri a porta. Ele ainda estava gloriosamente nu, sentado no chão, olhando para mim com olhos sinceros. Assim que abri um pouco a porta, ele estendeu a mão, e empurrou a porta, abrindo-a completamente. Pulei um pouco, mas ele balançou a cabeça como se quisesse me acalmar. —... eu não sou Josh e não vou te machucar, eu estava brincando na cozinha. Sou apenas um cara normal, Kinsley. Quero o que qualquer outro cara quer: ter uma namorada que ele ama e que o ame. Quero que haja confiança entre nós, e quero que sejamos abertos um com o outro. Não chegamos a esse ponto ainda. E sei que preciso trabalhar para desfazer a porcaria que os outros caras fizeram com você, mas, por favor, não me expulse. Não posso mudar o passado, Kinsley. Balancei a cabeça e finalmente senti as lágrimas escorrerem pelo meu rosto.


— Senti medo e me senti vulnerável deitada no chão da cozinha com você. Você poderia puxar o tapete de debaixo de mim sempre que você sentir que... sempre que estiver pronto para seguir em frente. Ele estendeu a mão e puxou minha mão, de modo que desabei no colo dele. Nossa pele estava pressionada, quente e suada do nosso amor, mas adorei todas essas coisas. — Eu te amo, Kinsley Bryant. Eu te amo porque você não tem medo de ir atrás do seu sonho. Eu te amo porque você teve a coragem de me pedir para lhe mostrar minhas tatuagens quando nem sequer me conhecia. Eu te amo porque você é tão talentosa e humilde. Você recebeu este dom imenso e se esforça todos os dias para se tornar ainda melhor. Você é inspiradora e eu te amo. Por favor, acredite nisso. Olhei para o seu peito esculpido, subindo e descendo, e deixei suas palavras se aprofundarem. Depois de alguns momentos, eu finalmente olhei para cima e dei um sorrisinho. — Você não disse nada sobre o meu balanço ou meu raciocínio rápido... — ele começou a rir e balançou a cabeça, mas eu continuei apesar do meu riso. — Ou os meus talentos incríveis no quarto, ou meu estelar assobiiiiiiooo. — Ele começou a me fazer cócegas e eu não podia falar com o meu riso. Precisei usar toda minha força para afastá-lo. — Ahhh, PARE Liam Wilder. Agora mesmo! — Exigi, embora ele não se importasse com meu tom irritado. Ele me levantou do chão e me levou ao chuveiro, depositando-nos sob a água quente. Ele continuou me segurando, deixando a água correr sobre nós dois. — Aliás, eu tomo pílulas e estou limpa, sabe... se da próxima vez quiser...? Ele me beijou antes que eu pudesse continuar. — Fiz exames antes de começarmos a namorar, então sim, sem mais preservativos. Sorri para ele. — Perfeito. Vamos novamente.


Ele riu e jogou água em mim. — Você é insaciável, mas eu te amo, — ele murmurou, beijando meus lábios. — Eu amo você, — ele disse de novo, beijando cada uma das minhas bochechas. Quando abri minha boca para dizer a ele que eu o amava muito, ele roubou meu fôlego com um beijo e nunca tive a chance. Acho que o bobo sorrateiro fez isso de propósito.


Capítulo 29 — Tem certeza que é uma boa ideia olhar para isso? — Becca perguntou quando nós nos amontoamos sobre o computador na minha cama. Eu finalmente veria o que era dito sobre mim. Sabia que era uma má ideia, mas a curiosidade estava me corroendo e eu precisava saber. — Não, isso é uma péssima ideia, mas desde que já fechei as cortinas e tranquei as portas, não temos escolha. — É... não é assim que funciona, Kinsley, — Becca riu. — Não há escolha, Becca! — Acrescentei dramaticamente. — Seja como for, esquisita. Minha vida foi completamente virada de cabeça para baixo nas últimas semanas. Eu costumava levar minha antiga vida organizadamente. Ir ao supermercado, ao treino, comer, e não poderia mais fazer nada disso sem um grupo de fotógrafos perseguindo cada movimento meu. E eu nem fazia nada de interessante! Se eu estivesse saindo de clubes às 02:00 com pó branco espanado no meu nariz, com certeza, talvez eu faria um Instagram, mas levar bolsas para o meu carro não parecia interessante para mim. É por isso que eu precisava ver o que eles postavam – porque eu ainda era tão interessante? Becca digitou um dos principais sites de fofocas de celebridades e o esperamos carregar. As primeiras histórias eram sobre celebridades reais fazendo coisas que eram realmente semi-interessantes: traições, festas, e gastando seu dinheiro frivolamente.


Então, meu nome apareceu e abaixo dele havia uma foto de Liam e eu andando de mãos dadas saindo do Starbucks. Eu estava preparada para o pior, por isso, quando vi Queridinho Casal do Futebol Americano, abaixo da foto, eu engasguei. Eles claramente falavam da pessoa errada; essa foto nem sequer mostrava os detalhes reais da situação. Sob meus óculos de sol da moda eu estava sem maquiagem, eles achavam que meu cabelo estava na moda, porque eu ainda não o lavara naquele dia, e havia uma mancha de café na frente da minha camisa, a qual o site claramente tirou no photoshop. Eu sorria para Liam porque ele tirava sarro de mim por ser desajeitada com o meu café. Sério, nós estávamos felizes e éramos um casal, mas tão longe de ser algo próximo de, Queridinhos Americanos... eles entediam tudo errado. Becca desceu para a seção de comentários e é aí que toda a verdadeira controvérsia estava abrigada. Havia milhares e milhares de comentários sobre se eu era boa o suficiente / quente o suficiente / legal o suficiente / elegante o suficiente para namorar Liam Wilder. Becca não me deixou lê-los por muito tempo, mas os comentários que eu tive tempo para ler me despedaçaram. Algumas das reivindicações eram demasiadamente ridículas para não ignorar. Ele deveria estar com uma loira. -- Ele deveria estar com uma republicana. -- Ele deveria namorar alguém judeu. — Uau. As pessoas são realmente opinativas sobre os hábitos de Liam de namoro. Tipo, super opinativas. Por que elas se importam se eu uso certo tipo de xampu? — Comentei enquanto Becca entrava em outro site. — Provavelmente para se certificar de que você não use um xampu que testa seus produtos em animais. Elas disseram que não querem que Liam namore alguém que maltrate os animais. Oh bom Deus. Não estive matando macacos por aqui. O próximo site que ela abriu tinha uma foto de Liam e eu na praia, perto da casa dele. Lembrei-me de ver os paparazzi naquele dia e Liam querer entrar, mas eu não ia deixá-los estragar a nossa tarde. Agora, eu gostaria de ter escutado. Ver


o meu corpo em um biquíni espalhado pela Internet provocou algo estranhamente pessoal. As fotografias não estavam nem perto de serem pornográficas, mas parecia que eu deveria ter uma opinião a dizer se eles fossem usar fotos de mim em um biquíni ou não. Não ajuda que Liam esfregava loção nas minhas costas, e a atração entre nós era clara, mesmo através da tela do computador. Se tivesse um clipe de áudio ao lado da foto eu certamente estaria gemendo. — Você quer continuar? — Becca perguntou, me olhando cuidadosamente. — Só um pouco mais, — eu disse, sabendo que o sentimento que se afundara no meu estômago estava lá para ficar, mesmo se eu parasse de olhar agora. Eu deveria ter parado. Por que diabos eu não parei. Os próximos sites iam claramente para um ângulo diferente. Todos falaram sobre a polêmica que Tara trouxe aos holofotes: Liam me namorar quando era o meu treinador, nossa diferença de idade, o seu passado mulherengo, a sedução dele comigo. Tudo isso era completa mentira. Apesar disso, a mídia, em sua maioria, falou negligentemente sobre o passado dele, e ainda doía saber que algumas pessoas me julgavam com base nesta informação. E não apenas algumas pessoas, milhares de pessoas que não me conheciam. Fiquei surpresa ao encontrar um bom número de novos comentários de Tara. Parecia que as ameaças dos advogados de meu pai não a calaram e me enfureceu saber que ela ainda estava vomitando suas mentiras. — Vou falar com ela, — eu disse, saindo da cama. Becca se sentou, as sobrancelhas erguidas em estado de choque. — Quem? Tara? — Sim, — eu disse, estendendo a mão para o meu telefone. Ainda tinha o número dela salvo desde quando ela estava no time de futebol.


— Ligue para Liam primeiro, ele gostaria de saber, — disse Becca, se levantando e saindo do quarto para me dar um pouco de privacidade. Fiz um gesto que seria apenas um segundo. Ela acenou de volta como se estivesse se masturbando. Becca, nunca muda. Achei que Liam ainda poderia estar no treino, mas quando ele atendeu, meu estômago afundou. Merda, eu deixaria uma mensagem vaga sobre estar sozinha... agora eu realmente tinha que ser honesta. — Ei baby, eu acabei de sair do campo. O que foi? — Sua voz era suave e quase apagava toda a minha raiva de Tara. Mas não era bem assim. — Ei. Acho que vou ligar para Tara e ver se ela quer me encontrar para um café ou algo assim... O silêncio pairou sobre a linha telefônica e o ouvi brincando com as chaves e entrando no carro. — Por que você iria querer fazer isso? Respirei fundo, recolhendo meus pensamentos em frases coerentes. — Porque ela ainda está lá fora, liderando uma campanha de ódio contra mim, e talvez se nós nos encontrarmos e conversarmos, alguma coisa entre nós possa ser resolvida. Ela, obviamente, não atendeu aos meus pais, mas talvez eu possa descobrir porque ela está fazendo isso. — Por atenção, Kinsley. Ela quer ser o centro das atenções e você sabe disso. Ela não pode chegar lá por conta própria, por isso ela está arrastando o seu nome junto com ela. Suspirei. — Bem, eu ainda acho que poderia ajudar. Ele ligou seu carro antes de responder. — Não vou impedir você, mas gostaria que você fosse durante o dia e em algum lugar que tenha uma multidão. — Ela não é uma assassina, Liam.


— Talvez não, mas ela é comprovadamente insana, e prefiro não ter de me preocupar com a sua segurança, — ele suspirou. — Ainda acho que é uma má ideia... Andei pelo meu quarto, pensando em um plano. — Ok. Prometo fazer isso, e vou avisá-lo. Ok? — Certo. Ligue-me mais tarde. Queria que você estivesse na minha casa quando chegasse. Sorri contra a tela do telefone. — Eu sei, mas Becca e eu prometemos passar algum tempo juntas hoje. Amanhã eu sou toda sua, — prometi. — Tudo bem, te amo. Boa sorte, — ele disse, e desligou. Meu coração ainda acelerava toda vez que ele dizia essas palavras. Eu estava contando. Essa foi a décima vez que ele disse isso para mim e ainda não parecia real. A próxima chamada telefônica não seria tão fácil. Percorri meus contatos até chegar no T. O nome de Tara era o primeiro e pressionei ligar antes que tivesse tempo para voltar atrás. Cada toque parecia durar uma vida inteira, e me perguntei se ela realmente atenderia ou não. Então o telefone recebeu a ligação. — Kinsley Bryant. — Ela arrastou o meu nome como se fosse algo nojento preso ao fundo do sapato. — Tara. Oi. Você tem um segundo para conversar? Ela suspirou com um ar exacerbado. — Na verdade não, mas já estou ouvindo, então o que quer? Mantenha a calma. Mantenha a calma. — Ok, bem, na verdade, eu liguei para ver se você me encontraria para um café amanhã. — Por que diabos eu iria querer fazer isso? Você me expulsou da equipe de futebol da ULA porque não pôde manter seus hormônios lascivos em segredo.


Tudo bem. Então, ela não teve um transplante de personalidade desde nossa última conversa. Pena. — Tara, eu acho que nós duas sabemos que você quer se encontrar comigo tanto quanto eu preciso me encontrar com você. Pense nas fotos que eles terão de nós duas. Até me sento na área externa para que eles peguem bem o seu rosto. Eu estava sendo uma cadela, mas ambas eram neste momento. — Você acha que essa merda é divertida, Kinsley. Vou encontrá-la amanhã, mas só porque eu quero ver essa expressão idiota em seu rosto uma última vez. — Ótimo. Deixarei você escolher o lugar. Vamos nos encontrar em torno das três. — Então eu desliguei antes que ela pudesse protestar. Expressão idiota? Fiz uma pausa por um momento, percebendo o que eu acabara de fazer a mim mesma e, instantaneamente, lamentando-o. — Becca! — Gritei, e um segundo mais tarde, ouvi seus passos no corredor. Quando ela abriu a porta, eu me virei para encará-la com uma voz solene. — Vou me encontrar com o diabo amanhã, às 3 horas. Becca estreitou os olhos, assentiu com a cabeça, e entrou no meu quarto. — Bem, eu acho que é melhor ver o resto de Game of Thrones hoje à noite, apenas no caso de você ser morta.

O centro de Los Angeles estava movimentado no dia seguinte, então eu tive que estacionar a algumas ruas de distância. O café que Tara escolheu estava quase vazio, o que tornou fácil achar o cabelo loiro brilhante assim que me aproximei do assento ao ar livre.


Eu estava brincando sobre sentar do lado de fora para que os paparazzi pudessem nos fotografar, mas, aparentemente, Tara não podia deixar passar essa oportunidade de ouro. Deixou-me bem feliz que Becca havia ajudado a enrolar meu liso cabelo castanho. Escolhemos um vestido leve de algodão, cachecol de verão e meu favorito par de sapatos de grife. Pela primeira vez, os paparazzi tirariam fotos de mim quando eu não estava um lixo depois do treino. — Oi Tara. — Sorri para ela quando cheguei. Ela percorria seu iPhone, sem dúvida pesquisando-se, então não viu minha chegada. No segundo que ouviu a minha voz, seus ouvidos se animaram e ela desviou o olhar cruel para mim. Tara era a principal razão para eu não julgar um livro pela capa. Ela era linda e dócil. Suas feições doces mascaravam tanta insanidade abaixo delas; e eu não consegui descobrir como ela se tornou a cadela que era. — Olá, Kinsley. Por favor, sente-se. Achei que ela realmente seria educada. — Você está bloqueando o sol e estou tentando conseguir um bronzeado enquanto resolvemos isso. Ou não tão educada. — Certo, — eu disse, me deslocando para sentar no assento em frente a ela e colocando minha bolsa no colo. Peguei meu celular e me assegurei que o altofalante estivesse de frente para ela antes de soltá-lo casualmente no meu colo. — Como tem passado, Tara? — Perguntei. — Corta o lixo. O que você quer? Ela realmente não faria isso fácil. Cruzei as mãos no meu colo. — Quero pedir desculpas pela maneira como agi. Eu nunca deveria ter começado a namorar Liam enquanto ele era o nosso treinador e se eu tivesse pensado melhor em minhas ações, você não teria sido expulsa da equipe.


Meu pedido de desculpas era claramente a última coisa que ela esperava, porque me olhava com um olhar penetrante. — Oh, por favor. Qualquer uma de nós poderia ter namorado Liam. Você foi apenas a primeira a abrir as pernas. Então, não acho que você é tão poderosa porque o chupou na casa do campo e agora pensa que é realmente a namorada dele. Eu podia sentir minhas sobrancelhas irem em direção ao meu cabelo. Uau, eu acho que nós realmente não nos escondemos tão bem como eu pensava. Ceeeerttoooo, então. Plano B. — Bem, se não está com raiva de mim sobre essas coisas, eu estou um pouco confusa porque você ainda me persegue na imprensa. Já vi várias citações suas destinadas diretamente a mim. Ela revirou os olhos e recostou-se na cadeira como se estivesse entediada com a conversa. — Faço o que eu tenho que fazer para ficar a vista do público. Dei uma pausa na porcaria do futebol e agora eu tenho um pouco mais de tempo para me dedicar a minha carreira. — Sua carreira? — Perguntei, tentando manter minha atitude simples. — Modelo e atriz, — ela respondeu monotonamente, como se eu fosse uma idiota chorona por ter que perguntar. — Oh, isso é incrível. Acho que seria ótima nisso. — E falo sério. Ela era dramática, louca e bonita. Qual a melhor pessoa a ser escalada como vilã em filmes do que uma pessoa que realmente fazia o papel na vida real? — Obrigada, mas não me importo com a sua opinião. Balancei a cabeça e mudei o meu olhar para a rua por um momento. Flashes me chamaram a atenção e me lembraram sobre a tarefa à mão.


— Então, se você está se concentrando em sua carreira agora, talvez possamos chegar a um entendimento... — comecei. — E o que poderia ser? — Ela levantou a sobrancelha com um olhar incrédulo. — Você precisa parar de encontrar a fama me arrastando para a lama. A história vai desaparecer e, eventualmente, as pessoas verão através dela. Para não mencionar que as pessoas vão perceber que eu sou realmente muito chata e que não se importam com o que eu como no almoço ou como tomo meu café. Isso não durará para sempre e por isso não há razão para prolongar o inevitável. Um sorriso perverso se espalhou por seus lábios. — Kinsley. A beleza da liberdade de expressão neste país é que eu posso dizer o que eu quiser, quando quiser. Se eu quiser continuar dizendo a imprensa mentiras sobre você, então eu vou, porque realmente não dou a mínima para você ou Liam. Eu me preocupo em crescer. Então, toda essa conversa é um desperdício colossal de seu tempo. Na verdade, nesse momento eu acho que falar de você para a imprensa é ainda mais divertido, porque agora eu sei que está te incomodando. Honestamente, Kinsley, você deixa tudo muito mais fácil. Admito que uma pequena parte de mim tinha esperança de que Tara espaireceria e mudaria seu jeito. Os outros 99% de mim tinha orgulho do fato de que eu estava certa em planejar tudo desde o início. Inclinei para frente e coloquei o telefone em cima da mesa para que Tara pudesse ver a tela de gravação. Então pausei e olhei para ela com um sorriso confiante. — Sabe, você acha que é tão brilhante, Tara, mas o que você está fazendo é contra a lei. — Oh, por favor, eu adoraria ver você tentar levar isso ao tribunal. Eu ri e vi sua fachada perfeita começar a se quebrar. — Não. Não planejo processar você. Não dou a mínima para o seu dinheiro. Estou atrás da opinião


pública. Você vê, ontem eu me encontrei com um advogado e entrei com uma ordem de restrição contra você. Delineei todos os fatos que aconteceram sobre os seus trotes e assédio moral, e então pedi para as outras companheiras de equipe e a treinadora Davis reforçarem a minha história. Isso era uma completa mentira, mas ela realmente acreditou. Sua máscara tinha uma rachadura gigante bem no meio. — Mas, ainda assim, eu pensei que não seria o suficiente para você, Tara, porque vamos encarar a verdade, você é a cadela mais psicótica que eu já conheci. Então marquei esse encontro hoje para que pudesse gravar você confessando e dizendo a mídia que foi tudo em nome de se tornar uma estrela. Ela zombou. — Kinsley, você acha que me derrotou, mas não tem ideia de com quem está lidando. — Ninguém gosta de uma valentona, Tara, e agora eu tenho a prova. Então, se você vomitar mais uma coisa sobre mim na imprensa, eu vou liberar a gravação e vamos ver o que a América decide sobre isso. — Eles vão assumir que é falsa, — ela protestou, ainda agarrando seu ar confiante. — Talvez, mas a sua voz é muito conhecida. E sabe o que é engraçado sobre a mídia? Eles querem a história mais interessante. Então, qual história você acha que seria mais interessante? Qual você considera que venderá muitas revistas? Uma manchete com: Kinsley Bryant ainda treina futebol... ou enlouquecida exjogadora ULA de Futebol persegue e intimida a queridinha da América? Eu não era a queridinha da América, não chegava nem perto, mas ela não precisava saber disso. Um grande silêncio se instalou entre nós e eu sabia que finalmente acabara com ela. Embora ligeiramente desestabilizada, Tara ainda era bastante inteligente e sabia que eu a pegara.


— Eu poderia simplesmente dar o troco em você, com alguma coisa duas vezes pior. Revelarei mais detalhes sobre você e Liam, — ela disse, se agarrando a sua última esperança. — Você poderia, ou poderíamos parar todo esse show agora. Você pode ficar com um pouco de sua dignidade e eu poderia esquecer que ainda tenho essa gravação, — eu disse, pegando o telefone da mesa e colocando-o na bolsa. — Você é tão conspiradora quanto eu, — ela cuspiu, empurrando sua cadeira de metal e raspando contra o concreto. — Talvez eu seja. Ou talvez minhas garras tenham saído quando alguém me encurralou em um canto, — sugeri com um tom uniforme. Não fazia ideia de qual caminho ela escolheria, mas tive a sensação de que minha conversa a incomodou. Ela se levantou para ir, lançando um último olhar diabólico em minha direção antes de ir embora. As lentes dos paparazzi foram à loucura e permaneci ali por um momento, repassando os últimos minutos em minha mente, antes de pegar o meu telefone e ligar para Becca. — Kinsley! Como foi? Você está viva ou me liga do outro lado? — Perguntou Becca, logo que atendeu. Joguei minha cabeça para trás e ri, sentindo-me instantaneamente mais leve agora que o meu confronto acabara. — Acho realmente que ela vai recuar agora, Bec. Não saberei com certeza até que o tempo passe, mas ela seria uma idiota se não seguisse em frente e esquecesse isso. — Acredito que sim. Olhei para o tempo. — Ei, eu ligo para você quando chegar à casa de Liam. Ele está no treino e quero chegar antes dele. — Por quê?


— Você não quer saber, — eu ri. — Oh meu Deus, hein. Você gosta de esperar por ele nua na cama ou algo assim? — Becca! Pare! Precisamos ter limites, — eu ri, levantando e pegando minha bolsa. Ela não conseguia parar de rir do outro lado do telefone. — Deixe-me saber como você faz isso. — Então ela pensou melhor. — Pensando bem, não me diga nada sobre isso. — Ha-ha. Eu te vejo no treino de amanhã. Desliguei o telefone justo quando um flash de câmera cegou meus olhos. Pisquei, tentando aliviar as manchas escuras na minha visão, e olhei para cima para encontrar um homem bem em frente à minha mesa. Normalmente, os paparazzi mantinham distância, de modo a parecer respeitosos, mas esse cara parecia não obedecer a essa regra. Sua barba era grande e despenteada, e seus olhos eram selvagens. Eu podia ver o suor escorrendo pela testa quando se inclinou mais perto. Quase abri minha boca para dizer algo a ele, mas eu já estava de pé, então decidi deixá-lo e entrar no meu carro. Girei em meus pés e saí, mas o cara chegou antes de mim. Ele caminhou ao meu lado, continuamente tirando fotos, então eu precisei levantar a minha mão para bloquear seus flashs. — Por favor, se afaste. Você está muito perto... isso é ridículo. — Só faço o meu trabalho, — ele deu de ombros e continuou andando na minha frente, seus flashes, um após o outro, momentaneamente me cegando. Odiava ainda o fato do meu carro estar estacionado a algumas ruas de distância. Cruzei os braços e mantive a cabeça baixa, mas isso não o impediu. Assim que estávamos longe do café, ele começou a fazer uma pergunta atrás da outra.


— Você está namorando Liam Wilder? Dormiu com ele? — Não responderei nenhuma de suas perguntas, — respondi, tentando contorná-lo, mas ele era implacável. — Você gostou de saber que ele era o seu treinador quando o conheceu? Ele tirou sua virgindade? — Você precisa me deixar em paz! — Gritei, e acelerei. Suas perguntas eram cruéis e grosseiras. Elas fizeram a minha pele se arrepiar e abracei a mim mesma. O homem continuou correndo atrás de mim e foi aí que percebi quão incomuns eram seus movimentos. Esse cara estava claramente drogado ou bêbado. Nenhuma pessoa normal agiria assim. — Ei! Apenas me dê uma foto princesa, porra, — disse ele, estendendo a mão e agarrando o meu braço com os dedos suados. Instantaneamente recuei, tentando sair do seu alcance, mas eu tinha muita força. Quando ele me soltou, eu voei para trás e bati meu cotovelo e cabeça no concreto. Dor perfurou a parte de trás da minha cabeça enquanto eu gritava. Estrelas dançaram em minha visão por um breve segundo enquanto fechava os olhos, esperando a dor diminuir. Puta merda. Ele me agarrou. Levantando, tentei pegar meu rumo. Eu não deveria ter me levantado tão rápido com um ferimento na cabeça, mas a minha fuga ou luta instintivamente assumiram e eu sabia que não poderia simplesmente ficar ali. O homem já vinha em minha direção novamente, então alcancei meu celular e tentei ignorar os vislumbres de sangue em meus braços. — Vou ligar para o 911 se não me deixar em paz, — gritei com a voz trêmula quando seus olhos escuros encontraram os meus. — Ei! Deixe-a em paz! Deixe-a! — Uma doce voz gritou atrás dele. Pisquei, tentando limpar minha visão. Um grupo de mulheres acabara de sair de uma loja


próxima e provavelmente viram tudo que aconteceu. Uma delas já estava no telefone celular. — Vou chamar a polícia, — ela disse. O homem instantaneamente empurrou a câmera na bolsa e passou correndo por mim. — Querida, você está bem? — Uma das mulheres perguntou, virando-se para mim com uma expressão triste. Tentei responder, mas ao invés disso eu apenas balancei a cabeça enquanto as lágrimas escorriam pelo meu rosto. A mulher ligou para a polícia e dei os detalhes sobre a aparência do homem enquanto elas se aglomeravam ao redor de mim e acariciavam minhas costas. Elas me acalmaram o suficiente para que eu pudesse falar frases coerentes com o oficial. Depois que eles pegaram tudo o que precisavam, agradeci as mulheres pela ajuda e protestei quando elas tentaram me levar para o meu carro. Ainda era plena luz do dia em West LA, ninguém além de um paparazzo drogado prestaria atenção em mim. No segundo em que entrei no carro, eu liguei para Liam e as lágrimas voltaram. — Kins, uma boa notícia, eu saí do treino um pouco mais cedo. Já tomei banho e estava prestes a ir para casa. Eu fungava no telefone, tentando me acalmar o suficiente para falar com ele. — Kinsley? Baby? O que há de errado? — Sua voz ficou mais assustada e exigente enquanto minhas lágrimas me impediam de responder. — Kinsley... Você está bem? Você está ferida? — Liam, — eu comecei, dando um grande suspiro. — Eu caminhava para o meu carro e havia um cara tentando tirar uma foto minha. Ele me pegou e caí para trás e bati minha cabeça... — O quê? Onde você está?


— Não é ruim. — Levantei a mão e senti meu couro cabeludo, não percebendo que eu estava sangrando no meu pescoço. — Oh, eu acho que talvez seja ruim. Não sei. — Kinsley... Onde você está? — Ele perguntou de novo com um tom mais agudo. — West LA, perto do Sunset. — Você está segura? — Estou no carro com as portas trancadas. — Não se mova. Vou pegar você. Preciso ligar para o 911? — Não! Não, eu estou bem. Já falei com a polícia. Eu só... isso me assustou. — Ok. Você está bem. Fique no telefone comigo. Estou a apenas cinco minutos. Coloquei minha cabeça contra o assento e fechei os olhos, deixando o som da respiração dele acalmar o meu irregular ritmo cardíaco.


Capítulo 30 — Eu cheguei. Aguenta, baby, — disse Liam. Abri os olhos e olhei pelo espelho retrovisor, vendo-o saltar de seu carro para chegar até mim. Abri a porta na mesma hora em que ele deu a volta para o lado do motorista. Consegui vencer minhas lágrimas enquanto estava no telefone com ele, mas agora que ele estava aqui em pessoa, me abraçando, eu senti toda a emoção voltar. Ele apertou a mão no meu pescoço, me trouxe em seu peito, e me segurou por um momento, me silenciando e esfregando minhas costas com a outra mão. — Você está bem. Você está bem, — ele repetia até que meu choro abrandou e eu apenas fungava — Você ainda está sangrando, precisamos ver isso, — disse Liam, puxando sua mão e vendo o sangue. Eu teria enjoado se não estivesse preocupada que poderia precisar de pontos. — Você está ferida em outro lugar? — Ele perguntou, olhando-me de cima a baixo. No início, a adrenalina em minhas veias me impediu de perceber qualquer dor, mas agora eu percebi que tinha alguns arranhões e contusões. Meu cotovelo ainda sangrava e a mão que eu usara para me firmar também estava raspada. — Apenas alguns cortes pequenos, — respondi, — mas minha cabeça dói. Liam apertou a mandíbula e assentiu. — Vamos, — ele disse, se estendendo para pegar minha bolsa e então me levantando do assento. Ele me amparou enquanto caminhávamos em direção ao carro dele. Meus pés funcionavam muito bem, mas eu sabia que ele estava tão assustado quanto eu ficara há poucos minutos. Talvez isso o faça se sentir melhor.


Paramos em uma clínica de emergência no caminho para a casa dele e eles me deram seis pontos na parte de trás do meu couro cabeludo. Explicaram que ferimentos na cabeça sangram muito mais do que outros ferimentos, mas ainda precisava tomar cuidado com quaisquer sintomas de uma concussão. Enquanto eu era limpa, Liam ligou para a treinadora Davis e explicou o que aconteceu e que eu ficaria fora do treino amanhã e mantê-la-ia informada. Honestamente, uma vez que os arranhões e tudo mais foi limpo, eu voltei ao carro de Liam e conforme seguia para a casa, eu me senti muito melhor. Exausta, mas melhor. Ficamos em silêncio a maior parte do caminho para a casa dele. Liam estava com a mão no meu joelho, e olhava para mim ou apertava seus dedos para ter certeza de que eu estava acordada. Acho que me senti cansada de tanto chorar. Geralmente eu era mais forte com o meu limiar de dor. Afinal, o futebol era um esporte intenso, mas muito da emoção e lágrimas eram resultados do abuso verbal do homem, em vez das lesões. — Continuo ouvindo a voz do homem, — admiti quando estávamos a poucos minutos da casa de Liam. — Ele pediu uma foto? — Liam perguntou, olhando-me com cautela. — Ele exigia uma foto... mas também estava fazendo perguntas muito pessoais sobre nós. Perguntou se você tirou minha virgindade e se eu gostava que você fosse meu treinador... você sabe... A mão de Liam agarrou o volante mais fortemente e eu sabia que a minha confissão não caiu bem pra ele. Porém, eu precisava dizer a ele, as palavras do paparazzo foram nojentas. Não queria mantê-las comigo e deixá-las apodrecer. — Isso não acontecerá novamente. Vou me certificar disso. Você me ouviu, Kinsley? Nunca o deixarei se aproximar de você, — Liam atirou severamente.


Balancei a cabeça e olhei pela janela. Liam não poderia ficar comigo o tempo todo, mas acreditava que ele me manteria segura enquanto pudesse, e isso era tudo o que importava. Quando chegamos a casa dele, ele me ajudou a sair do carro e me levou direto para o banheiro. Eu me inclinei contra a pia e ele lentamente me ajudou a sair do vestido, sutiã e calcinha. Seu toque era suave e moderado contra a minha pele, e suspirei, o deixando segurar meu peso. Ele preparou um banho quente de espuma, e me colocou lá dentro, suavemente. Quando eu estava confortável deitada nas bolhas, ele beijou a minha cabeça e se dirigiu para a porta do banheiro. — Lave-se. Começarei a fazer o jantar, — ele disse com um sorriso tenso. Entretanto, eu sabia que ele não havia superado os acontecimentos do dia; mas nem eu tinha. — Liam... — eu disse, chamando a atenção dele. Ele virou na porta, e por um breve momento, me deixei levar por seus belos traços: os doces lábios, o nariz reto, o queixo cortado. — Eu te amo. Ele fechou os olhos por um breve momento, como se digerindo minhas palavras, e então sorriu, olhando para mim. — Eu também te amo. Foi durante o jantar que Liam me pediu para morar com ele. Eu acabara de colocar uma porção de espaguete na boca quando ele disse pura e simplesmente, — More comigo. Meu coração parou por um momento, e terminei de mastigar. Então olhei para ele como se ele fosse louco. — Aqui? — Perguntei. — Não importa onde. Se não gosta desta casa, nós vamos encontrar outra. Não era realmente isso o que eu queria dizer, mas eu não conseguia assimilar o seu pedido.


— Estamos namorando há dois meses, — eu disse, como se talvez ele tivesse esquecido. — Dois e meio, na verdade, mas isso não importa. — É por causa do que aconteceu hoje? — Perguntei, colocando o garfo na borda do prato. Ele suspirou. — Tem um pouco a ver com isso. Eu queria você aqui comigo desde o início. Nós temos essas agendas lotadas e apenas faria mais sentido se vivermos juntos. Quando não estou trabalhando ou treinando, eu quero estar com você. — Mas, — eu não poderia sequer colocar todos os meus protestos em uma lista coerente. Eu era muito jovem, precisava viver na casa com as outras novatas, eu perderia Becca, meus pais pirariam, e nosso relacionamento ainda era tão fresco. Quaisquer dessas razões eram válidas, mas sabia que não elas seriam boas o suficiente para Liam, e para ser honesta, uma parte de mim – uma grande parte de mim – pensava que elas não eram boas também. — Posso pensar nisso? — Perguntei com um tom suave. Seu olhar me estudou, memorizando minhas feições. — Claro. É uma grande decisão. — E você tem 100% de certeza disso? Você não se arrependerá amanhã? A borda da boca dele levantou em direção ao céu e ele balançou a cabeça. — Não, de modo que você não pode usar isso como desculpa. Sorri e depois dei outra garfada no espaguete, na esperança de fazer uma pausa na conversa até que minha cabeça não estivesse doendo. Terminamos de jantar e ele lavou tudo rapidamente, enquanto fui deitar. Eu amava a cama de Liam. Era enorme em todos os sentidos, com muitos travesseiros e cobertores suaves e delicados que ficavam sobrepostos em cima do outro. Eu me


sentia pequena quando me deitava nela, e na maioria das vezes eu nunca queria sair. Poucos minutos depois, ele entrou carregando dois Ibuprofeno e um copo de água. — Aqui, tome estes antes de dormir ou acordará se sentindo mal, — ele disse, entregando-me as pílulas. — Tudo bem se eu dormir? — Perguntei, com medo de ainda poder ter uma concussão. Liam assentiu e afastou meu cabelo do meu rosto. — O médico disse que você poderia dormir normalmente. Engoli as pílulas enquanto Liam atravessava o quarto para colocar seu pijama. Ele puxou a camisa e jogou no cesto de roupa suja, e por um momento eu mal podia respirar. Era uma visão que eu nunca me acostumaria: pele bronzeada cobrindo músculos próprios de um atleta profissional. Eu amava cada cume e nem sequer me preocupei em me afastar quando ele virou e me encontrou encarando. — Você deveria estar dormindo, — ele brincou, tirando sua calça jeans e jogando-a de lado para que pudesse colocar sua calça de dormir. Meus olhos percorreram a frente dele, bebendo a visão dele e tentando acalmar meus furiosos hormônios. Eu estava cansada e ferida, você pensaria que seria o suficiente para dormir, mas infelizmente nada poderia me desligar de Liam. — Você está fazendo impossível eu dormir, — eu disse com um sorriso atrevido. Sentei-me, os cobertores cobrindo minhas longas pernas cruzadas nos tornozelos. Minha camisa de dormir mal atingia o topo das minhas coxas e o olhar de Liam se arrastou para baixo, em seguida, voltou para mim. Ele caminhou lentamente em direção à cama, esquecendo as calças de dormir. Eu já podia ver sua ereção crescente e espessa sob a cueca e lambi os meus lábios em antecipação dos próximos minutos.


— Como você se sente? — Liam perguntou, olhando para mim com um ar travesso. — Bem, — respondi. Teria que levar um tiro para me tirar do jogo nesse momento. — E seus pés? Como estão? — Ele perguntou, me acariciando com os dedos e palmas das mãos debaixo dos meus pés, massageando suavemente minhas solas. Senti um pouco de cócegas, mas ele não se demorou tempo suficiente para me fazer rir. Assim que balancei a cabeça, ele se moveu para minhas pernas. — E seus tornozelos? Estão bem? — Seus olhos escureceram, ficaram mais intensos, e senti minha respiração acelerar. — Estão bem, — eu disse, separando um pouco minhas pernas para que ele soubesse que eu queria que ele continuasse. Ele roçou os meus joelhos e massageou suavemente. — Suas coxas estão feridas? — Ele perguntou, deslizando os dedos ao longo da minha perna e empurrando a camisa pra cima da minha calcinha. Sua respiração bateu na carne dentro da minha coxa e meu estômago tremeu em resposta. A forma como seus dedos cavaram suavemente em minha pele me fez choramingar. Ele sequer se aproximara de seu objetivo final e eu já estava perto de enlouquecer. — Liam, isso é tão bom, — eu gemi conforme seus polegares avançavam mais para cima da minha coxa. Eu podia sentir sua ereção contra minha perna e precisei morder o lábio para não suplicar para ele se apressar. Eu não queria apressá-lo, não quando seu toque ia apagando cada pedaço de tristeza e dor do meu dia. — Isso faz você se sentir melhor, baby? — Ele perguntou assim que seu dedo deslizou para a parte externa da minha calcinha. Arqueei meu pescoço e choraminguei em direção ao teto do quarto. Minha ferida doeu um pouco, mas a dor não era nada comparada ao prazer decorrente de seu dedo.


— Sim, isso me faz sentir... ahh bem, — minha voz quebrou no meio do caminho quando ele empurrou minha calcinha de lado. — Deite-se e abra as pernas para mim. Não quero que você se mova. Você deveria descansar, — ele disse pouco antes de sua boca se pressionar contra mim. Ele me disse para ficar quieta, mas não disse nada sobre agarrar seu cabelo e gemer para ele continuar. Eu não poderia deixar de girar meus quadris e me mexer para que sua boca atingisse o ângulo perfeito. Seus dedos e boca trabalharam conjuntamente para me levar à beira do esquecimento. Assisti o ritmo sedutor de seus dedos deslizarem dentro e fora de mim por um momento antes das sensações se tornarem demais e eu ter que fechar os olhos. Mais dois golpes e os meus dedos estavam enrolando e eu gritava o nome dele sem um pingo de inibição. Ele deslizou para cima e sorriu pecaminosamente para mim quando se apoiou sobre os joelhos. Sua cueca foi tirada e jogada de lado em segundos, e então ele sentou contra mim com suave tranquilidade. — Isso será lento e suave, Kinsley, — ele prometeu, pressionando em mim delicadamente. Eu não estava acostumada com a versão devagar-e-suave de sua vida amorosa, mas tinha suas vantagens, como quando a boca dele encontrou a minha enquanto ele deslizava dentro de mim. Lento e delicioso. Foi o suficiente para fazer minha cabeça girar. Eu sabia que ele também estava ficando selvagem. Ele se manteve por cima e envolvi minhas pequenas mãos em seus bíceps, sentindo o seu poder e peso acima de mim. Seus quadris fizeram sua mágica e eu me alegrava por quão maravilhoso era fazer amor com ele. Relaxei e tentei me agarrar em cada delicioso impulso, até que nós dois estávamos gozando e murmurando os nomes um do outro. Nossas vozes se misturaram enquanto ele me beijava e sussurrava eu te amo no meu ouvido. Não me lembro de pegar no sono, mas em algum momento no meio da noite, a minha medicação para a dor perdeu o efeito, o suficiente para me abalar e me acordar. A dor latejante se estabeleceu como uma nuvem nebulosa. Enquanto eu esperava as novas pílulas fazerem efeito, eu repassava as últimas 24 horas. Mesmo


que Tara recuasse, nada poderia mudar, ou será que eu não estaria exposta na imprensa, independente do motivo? Se eu fizesse parte da equipe olímpica estaria no centro das atenções, mas o fato de Liam estar interessado em mim me tornou muito mais interessante para o resto da América também. Suspirei e tentei afastar os pensamentos negativos. A cama afundou ao meu redor quando Liam virou e me puxou para mais perto de seu corpo adormecido. Ele fez isso inconscientemente, e não pude deixar de sorrir. Talvez até mesmo se a mídia não se acalmasse, eu estaria bem. Eu poderia me acostumar com isso, assim como todas as outras pessoas que escolheram ter uma carreira pública. E se não, eu faria Liam comprar uma ilha particular para mim. Hmm, talvez fosse a melhor opção. Eu proibiria calças na ilha. Somente cuecas boxers Calvin Klein.


Capítulo 31 Liam e eu ainda não havíamos conseguido sair da cama quando seu celular tocou na manhã seguinte. Não era cedo, quase onze horas, mas desde que eu não ia ao treino, aproveitamos o tempo livre. Vamos apenas dizer que nesse ponto eu me sentia completamente derrotada por orgasmos. Acho que isso é o que você sente quando chega ao nirvana. Então, sim, Dalai Lama, eu estou com você. Estávamos assistindo a TV de manhã e tomando o café quando ele estendeu a mão para atender ao telefone zumbindo. Ele falou Penn, para mim, então balancei a cabeça e continuei comendo. Desculpe, mas ninguém é mais importante do que panquecas de mirtilo. — O que foi? Ela está bem, eu sei que Becca estava preocupada, mas ela levou pontos e está se curando – ela já chamou a polícia, mas vou forçá-la a morar comigo – não é o momento perfeito, idiota, obrigado por seu apoio – sim, ela está bem aqui, segura. Ele estendeu o telefone para mim, — Penn quer falar com você. Franzi as sobrancelhas, mas peguei o telefone. O que Penn precisava dizer que ele não poderia simplesmente dizer a Liam? — Ei Penn, — eu disse, segurando o telefone em meu ouvido e continuando a cortar minhas panquecas com a mão livre. Prioridades. — Kinsley, eu estou feliz que você esteja se sentindo melhor. Sorri. — Eu também. Embora você devesse ver o outro cara. Penn riu. — Ah, sim, você deu a ele um olho roxo? — Sim. Não se preocupe.


— É bom saber que não devo mexer com você, mas ei, eu queria pedir a sua ajuda com Becca. Ele despertou meu interesse e olhei em direção a Liam para ver se ele sabia o que Penn estava falando. Ele deu de ombros. — Claro, claro. O que você precisa? — Bem, eu estou meio que inventando um plano elaborado para pedir a ela para ser minha namorada. Eu ri. — Vocês já não passaram disso? Vocês estão namorando tanto quanto Liam e eu. Penn gemeu: — Sim, mas é complicado. Você sabe que ela me recusou quando pedi há algumas semanas. Ela estava com medo que estivéssemos indo rápido demais e eu precisava trabalhar algumas coisas por fora, foi o que eu fiz. — Portanto, e agora? — Então, agora eu quero adicionar o título de namorado e fazê-lo de forma elaborada e contundente, de modo que se ela me recusar, ela se sentirá péssima. Eu não conseguia parar de rir. — Entããããooo, você está basicamente a deixando se sentir culpada para ser sua namorada. — Ei... o que tiver que fazer para ter o trabalho feito, — ele brincou. — Bem, definitivamente conte comigo, então. — Tudo bem, eu estou pensando em fazê-lo neste fim de semana. — Como a daqui dois dias? Ele riu. — É uma má ideia? Brinquei com o meu garfo. — Não. Nós apenas temos que ser criativos e rápidos. Ou você já pensou em alguma coisa?


— Quero fazer algo na praia, com rosas e velas. Sei que é super brega, mas quero fazer algo marcante, de modo que ela vá se lembrar. Eu estava tão feliz por Becca. Tão feliz que ela encontrou alguém como Penn, que queria ter todo esse trabalho só para ela. — Tudo bem, Liam e eu vamos fazer o que quiser... não posso esperar para ver a reação de Becca. Ele riu. — Ela vai pirar. Eu sei disso. — Ok, bem, eu voltarei para o meu café da manhã, mas falarei sobre isso com Liam e avisarei a você se eu tiver alguma boa ideia. — Parece bom, obrigado Kins, e espero que você se sinta melhor. Desliguei e entreguei o telefone para Liam. — Você ouviu isso? Ele sorriu e se inclinou para beijar minha bochecha. — Vamos fazer Penn comprar um iate para que possamos usá-lo sempre que quiser, — brincou. — Sim! Eu direi que ela só aceita barcos como presentes.

Passamos o resto da manhã inventando planos para que a armadilha de Penn para Becca fosse realmente impressionante. Decidimos que um helicóptero com o rosto de nós quatro na lateral realmente a faria querer dizer sim a ele. Infelizmente, Penn derrubou todas as nossas ideias extravagantes com frases como: vocês são ridículos; não, nós não precisamos comprar uma casa no Havaí para que Becca namore comigo, e parem de me ligar ou vou desligar meu telefone. Liam e eu achamos que foi um pobre julgamento da parte dele. Acho romântico, rosas e velas na praia, essa ideia teria que servir.


Durante o sábado, ficamos correndo para organizar tudo. Apanhamos morangos cobertos de chocolate e uma garrafa de Dom Perignon. Dirigimos procurando a perfeita pétala de rosa, porque não poderia ser apenas vermelha. Becca também adorava rosas amarelas, então Penn achou que precisava pegar tanto pétalas vermelhas quanto amarelas. Alerta casal de alto custo. No caminho de casa eu podia sentir Liam me olhando e olhando o relógio de vez em quando. Ele fez a minha pele corar sobre seu olhar sobre mim, mas não cedi ao desejo de encontrar seus olhos. Ele parecia ainda mais sério quanto a nós desde o incidente com o paparazzo. Ele me perguntou de manhã se eu havia pensado sobre ir morar com ele. Até discutimos isso com a treinadora Davis na sexta-feira. Ela estava preocupada sobre eu morar com ele tão cedo, mas concordou que a segurança na casa não era suficiente para alguém com a mídia em cima, como o meu caso. Era provavelmente mais seguro para as meninas que vivem na casa, assim como para mim, se eu pensasse em me mudar para algum lugar um pouco mais seguro. Quanto mais eu deixava a ideia ficar em minha mente ao longo dos últimos dois dias, mais eu queria jogar a precaução ao vento e fazer isso. Eu vi versões diferentes de Liam, mas ainda havia tantas que eu queria conhecer e descobrir. Eu queria o Liam do lanche à meia-noite com o cabelo desgrenhado. Eu queria o do sábado preguiçoso que nunca tirava seus pijamas, mas parecia adorável de qualquer maneira. O bastardo quente. A única razão pela qual eu hesitava era por causa de Becca e Emily. Era tão fácil ver uma a outra quando eu poderia literalmente gritar em frente ao nosso banheiro para chamar a atenção de Emily, e Becca ia ao meu quarto mais do que eu. Não queria me afastar delas ou o resto das meninas da minha equipe. Meus pensamentos foram interrompidos quando paramos em frente à casa de Liam. Eu teria tempo para tomar uma decisão mais tarde. Levei tudo pra dentro, e fui encontrar Penn, e que corria por aí como um homem selvagem. Você pensaria que ele estava a pedindo em casamento neste momento.


— Penn, sério, tudo dará certo, — eu disse, assim que o meu telefone tocou. Olhei para ver uma mensagem de Becca. Becca: Pirando um pouco. Penn tem agido estranho o dia todo. Ele ainda não ligou, mas me mandou uma mensagem dizendo que uma limusine esperava por mim do lado de fora. Isso é bom, certo? Kinsley: Sim! Não se preocupe!!! Larguei meu celular e fomos à praia para que pudéssemos resgatar Penn das suas funções. Ele foi para o chuveiro e deixou Liam e eu acendendo todas as velas. Não é grande coisa, certo? Errado. Quem pensou que velas em uma praia era romântico? Há essa força misteriosa na praia que nunca para. Os moradores se referem a ela como o vento, o responsável por foder o nosso plano. Portanto, não fomos capazes de acender uma vela, enquanto também tentávamos proteger toda a preparação antes de Becca aparecer. Isso foi, na verdade, muito mais difícil do que o esperado, considerando as gaivotas assumindo que as pétalas de rosa fossem algum tipo de alimento. Elas continuaram descendo e roubando pétalas, quase me enlouquecendo no processo e fazendo cocô em pelo menos três das velas apagadas. Desculpe Becca, espero que você goste de seu romance com um pouco de gripe aviária. — Você sabe que deve, pelo menos, pegar um desses morangos, — apontei. Liam riu. — Nós podemos fazer morangos cobertos de chocolate, querida. Minhas sobrancelhas se animaram. — Você tem os ingredientes? — Morangos, chocolate, e Kinsley, sim. — Ele piscou. Tremi ao pensar em chocolate derretido e Liam na mesma receita. Ainda tentava acender a primeira vela, quando Penn voltou para a praia. — Ela chega em cinco minutos! Vocês têm que ir! — Ele disse, apressandonos. Acenando, pegamos os isqueiros extras e o lixo e corremos para a varanda de Liam, sem explicar a falha fatal do plano dele. Ele descobriria isso em breve.


— ESPERE! ELAS NÃO ESTÃO ACESAS! — Ele gritou. Liam olhou em minha direção com um sorriso malicioso. — Corra! Não pensávamos em assistir a coisa toda, mas eu tinha que ver a reação de Becca quando ela chegasse. — Não quero ver por muito tempo. Parece que estamos invadindo a privacidade deles, — disse Liam, sentando-se ao meu lado na varanda. — Concordo. A mão de Liam acariciou minha perna e arrepios floresceram sob seu toque. Se ele continuasse, nós perderíamos a coisa toda. — Oh, ela chegou! — Liam disse, apontando para onde Becca saía da parte de trás da casa de Penn. Eu mal podia vê-la por entre os arbustos altos que delineavam a varanda de Liam. Ela usava o vestido azul e parecia absolutamente deslumbrante. O pôr do sol atrás da silhueta dela e seu cabelo loiro brilhante brilhavam contra o vibrante pano de fundo. Ela tirou os sapatos para poder andar na areia, e no segundo que viu a visão diante dela, suas mãos voaram para a boca e ela congelou. Lágrimas queimaram os cantos dos meus olhos enquanto eu observava seu passo mais perto do anel das velas apagadas. O braço de Liam estendeu sobre meus ombros e ele varreu a lágrima do meu rosto sem dizer uma palavra. Penn conversava com Becca, mas eu não conseguia ouvir o que ele dizia. Presumi que ele dizia o quanto ela significava para ele. Então ele parou seu discurso e Becca se jogou nos braços dele. Precisei lutar contra a vontade de torcer por eles. Eles finalmente conseguiam seu final feliz e eu sabia que eles mereciam. — Eu diria que isso foi um sim, você não acha? — Perguntou Liam. Penn e Becca estavam se beijando, o braço dele em torno da cintura dela, puxando-a contra ele com intensidade feroz. Era a nossa hora de sair. — Acho que sim, — eu disse com um sorriso gigante.


Liam espelhou meu sorriso e puxou-me para a porta de trás da sua casa. — E quanto a esses morangos cobertos de chocolate agora? — Ele perguntou quando eu terminei a minha taça de champanhe. — Que tal pular os morangos? — Perguntei com um olhar sugestivo.


Capítulo 32 Senti o impetuoso vento passar por mim enquanto eu me esforçava para pegar o ritmo. Eu estava batendo meus tempos anteriores, mas não era bom o suficiente. Meus passes precisavam ser mais rápidos e minhas habilidades precisavam ser perfeitamente afinadas se eu esperava entrar para a equipe olímpica. Eu treinei todos os dias, mais forte do que treinei em toda a minha vida, e sabia que tinha uma chance de lutar no sentido de conseguir um convite para os testes. Não havia uma mulher na América treinando mais forte do que eu. Becca se juntava a mim na maioria dos dias, e nós empurrávamos uma a outra além de nossos limites. Tudo caíra em uma rotina. Ela ficava hospedada na casa de Penn, em Malibu mais e mais vezes, e eu deixava minhas coisas na casa de Liam sempre que eu ficava lá. Nós íamos de carro para o treino juntas, ficávamos depois para continuar o treinamento, e depois voltávamos para Malibu. Liam e Penn chegavam em casa por volta do mesmo horário e jantávamos, saíamos juntos algumas vezes a cada semana. Oficialmente, não decidi morar com ele, mas parecia que eventualmente eu acordaria um dia e toda a minha porcaria estaria na casa dele. Liam achou que eu estava sendo furtiva, carregando várias coisas devagar para que eu não pudesse protestar. Um dia, ele abriu espaço de metade do seu closet. No próximo, eu tinha algumas gavetas no banheiro para deixar todas as minhas coisas. Amanhã, eu teria toalhas com monogramas e ele diria: Oh, estranho, como isso chegou aqui? Eu não encontrava energia para lutar com ele sobre isso. Eu começaria a faculdade em algumas semanas e teremos ainda menos tempo juntos, então fez sentido nós vivermos juntos. Acho que só gostava de fazê-lo se esforçar por isso um pouco. E sim, no dia em que eu cheguei em casa para encontrar uma enorme


quantidade de diferentes maquiagens e todo o tipo de produtos de chuveiro possíveis, eu sabia que sexo oral fazia que tudo valesse a pena. Shhh. — Tudo certo! — Becca gritou: — Estou exausta, isso é o suficiente por hoje. Terminei o meu exercício, passando correndo pela rede e respirando pesadamente. Descansei minhas mãos sobre minha cabeça enquanto começava a me acalmar. Não tínhamos muito tempo antes de termos que ir para casa e nos arrumarmos. Liam e Penn nos levariam para comer comida mexicana a fim de comemorar o fim do verão. Todos os nossos horários ficariam mais loucos nas próximas semanas. Eu queria começar a escola como planejado, ou espero receber a minha carta para a Associação de Futebol EUA qualquer dia me convidando para as eliminatórias olímpicas. Dedos cruzados. E talvez meus dedos dos pés, cotovelos, cílios, e as pernas também. — Vou comer todos os taquitos que eles têm no local, — Becca declarou quando saímos do campo. — Isso é nojento. Ela fez uma careta para mim. — Não se atreva a me julgar. Estou morrendo de fome. — Taquitos são pesados. Vamos pedir algo como dez pratos de nachos. — Essa é minha garota.

As próximas duas semanas passaram como se o tempo se movesse à velocidade de 4x4. Tudo além de futebol, Liam, meus amigos, e família caíram completamente no esquecimento. Esqueci o que era TV, não abri meu laptop, e juro que teias de aranha cercavam minha maquiagem e salto alto.


Mas amei cada segundo delas. Amei treinar ao lado de Liam depois que ambos terminamos nossos treinos em equipe. Ele me empurrava para me tornar melhor, e tentei fazer o mesmo por ele. Finalmente fiz a transição final para morar com ele e amei voltar para a casa dele todos os dias. Eu não conseguia sentir o momento exato em que nosso relacionamento começou a ser algo mais, mas uma noite, quando nos deitamos na cama comentando o nosso dia e abraçados, eu percebi que era isso. E foi. Enterrei meu rosto contra o peito dele e guardei os meus pensamentos para mim. Afinal de contas, nós estávamos juntos a apenas quatro meses, e eu ainda tinha dezenove anos... um bebê aos olhos da maioria das pessoas. Na manhã seguinte, acordei com o meu telefone vibrando no criado-mudo ao lado da cama de Liam. Rolei e acertei cegamente o dispositivo traidor, esperando em vão que os meus sentidos de aranha me ajudassem. Não, nada. Eu tive que realmente abrir os olhos como uma pessoa de verdade. O nome de Emily brilhou na tela e gemi antes de responder. — Emily? O que foi? — Perguntei com uma voz sonolenta. Por que diabos ela me ligava tão cedo? Eu a veria no treino em uma hora, de qualquer maneira. — Kinsley! Você recebeu uma carta! — Ela gritou para o alto-falante, tão alto que Liam se mexeu em seu sono ao meu lado. — O que você está falando? Minha mãe me manda coisas o tempo todo. Basta levar isso... — Não! Kinsley, você recebeu a carta. É da associação de futebol dos EUA. Não a abri, mas é um pacote e sei que é o seu convite! Essa frase me acordou como se eu acabasse de beber cinco doses de café expresso. Fiquei de boca aberta e meus dedos soltaram o fino telefone. Em câmera lenta eu o vi bater no piso de madeira.


— Kinsley! Kinsley?! — Emily chamou pelo alto-falante. — PUTA MERDA! — Gritei e pulei da cama. — O quê? Kinsley, o que está acontecendo? — Liam sentou, esfregando os olhos e tentando juntar o despertador a estranha ligação. Eu estava muito ocupada dançando em torno do quarto para me importar por ter acordado a ele. — Liam! Recebi uma carta esta manhã, da Associação de Futebol dos EUA! Emily ligou... — Sim... Eu ainda estou aqui pelo jeito. — Ouvi a voz abafada pelo altofalante do telefone e comecei a rir. Corri e peguei o telefone. — Ah! Você pode levar a carta para o treino, Emily? Eu vou abrir lá. — Ok. Estou tão feliz por você! Vejo você daqui a pouco. — Obrigada Em. — Desliguei, soltei meu telefone no criado-mudo e lentamente virei para Liam. Ele estava sentado lá sem camisa e com o edredom em torno da cintura. Seu cabelo estava embaraçado em todas as direções, mas o sorriso dele me tirou a respiração. — Você conseguiu, — ele murmurou com uma voz áspera. Franzi meus lábios para acalmar minhas emoções. — Não sei se é realmente a carta. Poderia ser outra coisa. Ele baixou a cabeça e me deu um pequeno sorriso. — Baby, você conseguiu. Eles não se incomodam em enviar cartas de rejeição. Se você recebeu um pacote, é um convite. — Liam...


Seu sorriso se alargou, e ele empurrou os cobertores de seu corpo antes de chegar a mim. As pontas dos dedos dele agarraram minha cintura e gritei quando ele puxou meu corpo para o dele. — Você é incrível. — Ele sussurrou em meu ouvido enquanto prendia o meu corpo ao dele. Apoiei minhas mãos em seu peito para poder olhá-lo. O sorriso que ele mostrava era tão genuíno que eu tive que respirar rapidamente. — Tão incrível que provavelmente eu não possa namorar você. — Mmm... — ele murmurou, me puxando para mais perto para que eu pudesse sentir o estrondo no peito dele. — Você vai para o mercado? — Ele perguntou, antes de colocar um beijo bem atrás da minha orelha. Hah. Tentei pensar em uma única pessoa que eu poderia trocar até... vamos ver ... havia... não. Ninguém. Era Liam. Ele era a pessoa que me fazia rir mais alto no final do dia e desmaiar por mais tempo. Ele me mantinha no chão e eu gostava de sair com ele, conversar, treinar, e cozinhar, tanto quanto eu gostava de fazer sexo de-outro-mundo. Não, sério, falo de um primoroso tango na horizontal. Não havia negociação. Eu havia ganhado Liam Wilder. Deixei meu corpo cair sob o dele e sorri para o calor de seu pescoço. — Pensando bem, acho que ficarei aqui. Ele riu, me abraçando. — Estou tão orgulhoso de você, Kins. — Isso não parece real, — sussurrei no pescoço dele. Ele ficou quieto por um momento, e então, finalmente, respondeu: — Ela acreditava que podia, assim ela fez. — Ele me lembrava da tatuagem escrita abaixo do meu peito. A tatuagem que eu olhava todas as manhãs e resolvia trabalhar mais


do que no dia anterior, para me fazer ultrapassar os meus limites, porque, no fundo da minha mente eu achei que talvez eu fosse louca o suficiente para alcançar o meu sonho. E hoje, nesse exato momento, eu percebi que todo o trabalho realmente valeu a pena. — Eu consegui.


Epílogo Na véspera do meu aniversário de 20 anos eu me sentei em uma limusine de veludo, observando as luzes da cidade se misturando à medida que continuamos a dirigir em direção ao centro de Los Angeles. Então, muita coisa havia mudado no decorrer de um ano. Eu estava em um passeio de montanha-russa, ainda sem fim à vista. Becca e eu fomos convidadas para os testes da equipe olímpica, e para nossa surpresa, nós duas conseguimos passar na primeira rodada. E depois na segunda... e, finalmente, os nossos nomes estavam impressos no final do plantel Olímpico. Fomos, de longe, as mais jovens na equipe, e tivemos muito a provar ao longo dos últimos meses. Os treinos me desafiaram mentalmente e fisicamente, mas não cedi em um único momento. Precisei deixar a equipe de ULA e colocar a escola em pausa por um momento, mas nada disso importava. Eu queria jogar futebol e consegui meu sonho de competir em nível mundial. — Você já embalou tudo? — Becca perguntou, me tirando de meus pensamentos. Olhei dentro da limusine para encontrar ela e Emily me olhando com curiosidade. Dei de ombros. — Tenho que colocar algumas coisas de última hora, mas, sim, em sua maioria. Só preciso me lembrar de pegar meu passaporte. — Contanto que não fique muito louca em sua festa, você deve estar coerente o suficiente para estar bem na parte da manhã, — Emily riu. Sorri com a piada dela e pensei sobre o quanto Liam se esforçara nesta noite. Enquanto me preparava para deixar o país, Liam planejou uma festa de aniversário mais cedo para mim. Ele manteve todos os detalhes sob sete chaves, mesmo quando tentei seduzi-lo para arrancar dele. O cara não entregou nada, então passei


o dia sendo mimada por Emily e Becca, animada porque havia uma surpresa esperando por mim no final do passeio de limusine. — Acho que não vou beber muito, na verdade, — eu disse, olhando para o meu brilhante vestido vermelho. Era sedutor, de stretch, um grande decote, mangas e uma barra alargada. Ele era bastante curto, mas eu sabia que Liam não se importaria. — Sim, o mesmo aqui, — Becca concordou. Nós duas tivemos de eliminar qualquer coisa considerada não saudável de nossas dietas assim que entramos para a equipe. — Espere, então agora eu sou a mais louca de nós três? — Emily riu. Eu não podia deixar de sorrir enquanto pensava novamente na primeira noite, na qual eu arrastara Emily para a festa dos LA Stars. Pensei que precisava corrompê-la, mas, no final, nós três nos completamos mutuamente. Gosto de pensar que ela me deu um pouco de sua calma e eu lhe emprestei um pouco do meu lado selvagem. Becca apenas nos deu uma tonelada de contusões. — Oh, não se preocupe, nós vamos festejar com você quando voltarmos da Suécia. — Pisquei assim que a limusine parou do lado de fora de um clube da moda. Rapidamente, uma atendente correu para abrir a porta e nos escoltar para a passarela acarpetada. Levantei o olhar para observar a cena apresentada diante de mim. O clube era moderno, com lustrosas paredes brancas e heras entrelaçandose em torno de uma placa de ferro de meados do século, escrita Tiger Lily, o nome do clube. Velas penduradas substituíam a necessidade de iluminação interior, de modo que a atmosfera parecia mais intimista quando passamos pelas portas. Reconheci todas as minhas companheiras da ULA, bem como outros familiares e amigos. Havia alguns garotos do time do LA Stars e acenei quando vi Josh. Estávamos mais ou menos bem, e eu estava feliz o suficiente para esquecer o drama daqueles poucos meses.


Meus pais e os pais de Liam conversavam no centro da sala e apertei a mão no meu peito enquanto meu sorriso se espalhava ainda mais. Significava muito têlos todos lá, especialmente quando eu sabia quanto tempo era o voo de Londres para Los Angeles. No entanto, o melhor de tudo era o convidado de pé entre nossos pais, e uma vez que o vi, eu não conseguia impedir a minha felicidade de transbordar. Liam estava bonito como sempre, em um terno preto sob medida. Seu cabelo estava penteado para trás, de uma forma que destacava seus traços marcantes e rosto barbeado. Eu sabia que ele podia sentir o meu olhar sobre ele, porque olhou para cima assim que mordi meu lábio. Seus olhos cinzentos me prenderam no local e fiquei desarmada enquanto ele caminhava para mim. Seu sorriso se alargava a cada passo, e quando ele se aproximou, Becca e Emily se afastaram, aproveitando a oportunidade. — Lembre-me de nunca deixá-la usar vermelho, a menos que seja no nosso quarto, — ele sorriu, admirando a minha aparência com um ar confiante. — Gostou do vestido? — Eu amo a mulher com o vestido, — ele disse, segurando a minha mão. — Vamos lá, deixe-me falar com você a sós por um segundo. — Mas, eu não disse oi para os meus pais, — protestei sem entusiasmo. Haveria tempo de sobra para conversar com eles, agora eu queria arrancar este terno dele. — Eles entenderão, vamos lá, — ele disse, me puxando pelo clube e por um corredor lateral. Havia uma única porta preta no final, vigiada por um segurança que parecia corpulento. Liam acenou para o homem, e o segurança abriu a porta para que pudéssemos passar. Franzi as sobrancelhas, confusa. — Espere, aonde vamos? — Perguntei.


Liam olhou para mim com um sorriso malicioso, mas em vez de responder, ele me levou até uma escada escura. Pensei que acabaria em um segundo andar, talvez em um salão VIP ou algo assim, mas ao invés disso, ele empurrou uma pesada porta no topo da escada com um sinal gravado através dela, telhado. Luz penetrou no interior do corredor escuro, e, naquele momento, eu percebi que era algo muito mais importante do que um pequeno bate-papo. Engoli o nó na minha garganta enquanto ele continuava a empurrar a porta, e então minha respiração congelou em meus pulmões quando eu captei a visão diante de mim. Ele havia criado um pequeno pedaço do paraíso naquele telhado. Cordas de luzes cintilavam e dançavam no alto. Flores de todas as cores e variedade transbordavam em cada lado, sua fragrância fresca me envolvendo enquanto Liam pegava a minha mão e me puxava para fora. Fechei os olhos por um momento, me deixando levar e tentando acalmar meu coração acelerado. Quando os abri novamente, olhei em direção ao caminho de velas que nos levavam em direção ao centro do telhado, ao centro desse pequeno paraíso. É aí que nós paramos, onde os olhos escuros de Liam se prenderam nos meus. É aí que eu o vi ficar em um joelho e é aí que as minhas mãos voaram para o meu rosto enquanto eu tentava conter as lágrimas que ameaçavam transbordar. Não parecia real. Nada disso poderia ser real, porque então eu teria cada coisa que poderia ter sonhado. — Kinsley Bryant... — ele começou, enquanto as lágrimas escorriam pelo meu rosto. — Aos vinte e seis anos, eu nunca imaginei encontrar alguém com quem eu quisesse passar o resto da minha vida. Três meses antes de te conhecer, eu procurava a próxima emoção, a próxima festa, a próxima garota. E então entrei e encontrei você empoleirada na minha cozinha como a criatura mais confiante que já vi, e sabia que você seria um rastilho de pólvora. Você me desafiou desde o início e tentei resistir a você, mas sabia que, mesmo assim, eu não sairia sem você do meu lado.


Ele fez uma pausa e o vi lentamente engolir suas emoções. Liam Wilder, duro como prego, jogador de futebol, era, na verdade, o maior molenga que eu conhecia. — No ano passado eu vi você lutar por seus sonhos, e adorei poder estar ao seu lado a cada passo do caminho... Sua mão trêmula se abaixou para tirar uma pequena caixa preta do bolso de seu terno. — Liam... Seus olhos procuraram os meus e me afoguei na vulnerabilidade absoluta do momento. — Case-se comigo, — ele disse, abrindo a caixa cuidadosamente. Um suave soluço feliz entrou pela minha garganta. — Sou muito jovem, — protestei fracamente. Ele sorriu e balançou a cabeça com calma uma vez. — Case-se comigo, — ele disse de novo com tanta confiança que eu sabia que ele colocava meu coração sob seu feitiço. — Liam... — comecei, tentando acalmar minha mente. Ele me calou com outro aceno de cabeça. — Menti para você na primeira noite que conheci sua mãe. Franzi as sobrancelhas tentando lembrar sobre o que ele falava. — O quê? Como? — Naquela noite, eu disse que estava brincando sobre te pedir para se casar em 300 dias. Eu sabia que me casaria com você. Eu poderia ter pedido a você naquele momento, mas queria te dar tempo. Esperei 300 dias, mas não esperarei uma hora a mais.


— Sim. — Respondi em voz tão baixa que as palavras não passaram por meus dedos cobrindo minha boca. — Nós vamos levar o tempo que quiser. Podemos estar comprometidos até que você fique com noventa e nove anos e não consiga nem caminhar até o altar. Levarei você ou a empurrarei em uma cadeira de rodas. Apenas me diga que você se casará comigo. Outro soluço feliz rompeu minha barreira, e caí de joelhos na frente dele. — Liam, eu disse que sim. Sim. SIM! — Eu ri, jogando meus braços em volta do pescoço dele. Ele riu contra a minha garganta enquanto seus braços me puxaram forte. Eu sequer olhei para o anel. Isso me fazia louca? Eu teria aceitado um barbante amarrado em um nó se isso significava que eu me casaria com esse homem. Ele não quis me ouvir. — Eu quero vê-lo em você. Não demorou muito para encontrar um que eu sabia que você ia gostar, — ele disse, retraindo os braços e empurrando o anel no meu dedo. Eu mal podia manter a minha mão firme enquanto ele o deslizava, passando pela minha unha e por cima da minha junta. Era um simples diamante quadrado, arredondado em um lado. Parecia a combinação perfeita entre o delicado e ornamentado. — Você conseguiu, Wilder — Brinquei com uma piscadela, finalmente capaz de falar sem lágrimas. — Obrigado, Sra. Kinsley Wilder, — disse ele com um sorriso malicioso, testando meu futuro nome pela primeira vez. Apertei os olhos, brincando. — Hmm... e sobre Liam Bryant em vez disso? — Ei, — ele riu, me abraçando novamente.


— Não. Não, espere. Sr. Kinsley Bryant. Sim, eu gosto do som disso. — Você está sonhando. — Vamos lá, este é o século XXI, — brinquei. — Hum, — ele disse, acariciando meu pescoço para que seu perfume invadisse temporariamente a parte inteligente do meu cérebro. — Vamos escolher novos nomes juntos. Sorri. — Não estou ouvindo mais. Estou muito ocupada tentando contemplar o fato de que você realmente quer se casar comigo. — Acredite. — Diga-o, só mais uma vez, para parecer real. — Kinsley Grace Bryant, estupidamente louca, case-se comigo para que possamos fazer centenas de pequenos prodígios de futebol. Eu ri. — Feito.


Epílogo do Epílogo (Porque eu posso) Liam e eu ganhamos prata e bronze nos Jogos Olímpicos. Também ficamos conhecidos como o Casal Mais Bonito. O título foi autonomeado. Quando voltei a Los Angeles, eu tive algumas ofertas de várias equipes profissionais em todo o país, incluindo um clube em Los Angeles. Becca perdeu a virgindade com Penn na Vila Olímpica. Sim, os rumores sobre a vila são verdadeiros. Liam e eu tivemos que recusar um convite de um grupo de ginastas russas. Esta foi principalmente uma decisão geopolítica da minha parte. Emily e seu namorado sofreram um embaraçoso fiasco no Skype. Vamos apenas dizer que você pode querer manter sua camisa até confirmar que está chamando em vídeo o seu namorado e não os pais dele. FILHO DE PASTOR. Josh engravidou uma piranha e os bebês acabaram sendo merdinhas. Justiça seja feita. Tara acabou posando para Playboy e depois ganhou seu próprio reality show na TV. Eu o assisti religiosamente.


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