Revista Minaspetro 147 - Fevereiro de 2022

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Nº 147 – Fevereiro 2022

ARTIGO

Arquivo pessoal

Os carros elétricos vão acabar com os postos de gasolina?

Roberto James Especialista em comportamento do consumidor @canaldoerrejota Canal do ErreJota

A possibilidade de ter um carro que não precise parar num posto de gasolina para abastecer parece o sonho de qualquer consumidor. É evidente que não se trata de uma ação tão simples assim, mas essa “liberdade do petróleo” é o que mais atrai o consumidor brasileiro a ser atraído para trocar um motor a combustão pelo silencioso elétrico. Dentro da cabeça do consumidor ter que abastecer um carro nos dias de hoje é perda de tempo e sofrimento finan-

ceiro. As altas de petróleo cada vez mais impulsionam o consumidor a simpatizar pelo carro elétrico. Por ser mais barato? Não! Simplesmente porque o consumidor não tem ideia de quanto gastaria por um tanque cheio de energia elétrica do seu novo possante. O discurso que impulsiona o carro elétrico pelo mundo é o ambientalista. Deixar de queimar carbono e usar um veículo que não emite gases poluentes é algo que além de bom torna-se necessário a cada dia. Se esse ponto realmente impulsiona os veículos elétricos então o discurso é vago, porque não se sabe ainda o que será feito com as milhares de baterias que serão descartadas e como ter a certeza de que a energia elétrica gerada para abastecer o amigo da natureza foi concebida sem queimar carbono? A bateria, origem da energia e o custo desconhecido do tanque cheio. Estes três pontos assombram a possibilidade da troca da frota no mundo evidenciando que ainda falta muito tempo para essa nova tecnologia ficar a ponto de substituir o petróleo. Não só por causa das questões ambientais, pois seria muito hipócrita usar carros elétricos que são abastecidos com energia gerada de combustíveis fósseis. O desafio da indústria está posto: tempo de recarga, destino das baterias, fonte de energia limpa e renovável, assim como convencer o consumidor que o quilowatt da energia será bem mais barato que o litro da gasolina refinada.

QUEM REALMENTE QUER O CARRO ELÉTRICO E POR QUÊ? Os países que mais incentivam o carro elétrico temem a dependência do petróleo e não enxergam no etanol um substituto razoavelmente capaz de suprir a demanda. Por trás do discurso ambiental está o interesse de nações de se verem livres da dependência estratégica do ouro negro e assim necessitam da popularização da produção do elétrico como forma de impulsionar a indústria para que os custos sejam reduzidos. Países que tem petróleo, mas já estão de olho no futuro, enxergam nos carros elétricos um suporte de transição energética. Já os países não produtores se seguram nos discursos ambientais como forma de trazer para o bem das nações o debate de transição da combustão para a eletricidade. Muitos interesses envolvidos, mas que refletem bem o poder da mídia e informação. O carro elétrico já é uma realidade. Vários países têm incentivado sua produção, empresas tem instalado carregadores em locais públicos como forma de tornar viável o deslocamento e tudo caminha para uma grande aceitação e mudança de comportamento do consumidor. Quem geralmente defende o carro elétrico está pautado no discurso ambiental e na possibilidade de economia. A pergunta é: Será vantajoso para o Brasil que tem estoques de petróleo, energia renovável como a da cana de açúcar, trocar de energia para movimentar os veículos? Será que os governadores dos estados já sabem que terão

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