NA REVENDA
Nº 126 – Março 2020
Dinheiro virtual Pouco a pouco, novas formas de pagamento caem no gosto dos consumidores, mas é preciso ficar atento à escolha do dispositivo
A
lgo aparentemente inofensivo, uma única transação eletrônica para pagamento de combustível custou ao Posto Enseada Azul, em Justinópolis, R$ 260 mil, um prejuízo considerável especialmente para quem lida com margens tão apertadas como é o caso da Revenda. Era 2017, ano em que um dos primeiros casos do golpe da maquininha de cartão – artimanha usada por bandidos para transferir a terceiros o custo de um abastecimento – foi registrado em Minas. “Só percebemos 15 dias depois”, ainda lamenta o revendedor Anderson Luiz Jota. Até hoje a adquirente tenta reaver o valor na Justiça. Sérgio Pereira, dono do Posto Wap, passou por situação idêntica. Ele conta que levou quase um mês para perceber o golpe. “Não conseguíamos entender o porque da diferença que aparecia no caixa todos os
dias. Quando vimos, já era tarde”, diz o empresário, que, após registrar uma ocorrência policial, teve o valor restituído pela adquirente. O Minaspetro ainda registra casos de golpes com o uso de maquininhas de cartão, ainda que em menor número do que há alguns anos. O problema, entretanto, aponta para uma questão a que o revendedor precisa estar atento: que modelo usar, TEF ou POS? Muitos empresários sequer sabem a diferença entre os dois equipamentos (veja infográfico na página ao lado). Eles, de fato, são parecidos, por isso é preciso conhecer as características essenciais de cada um. E, à medida que as formas de pagamento evoluem, é igualmente importante que o revendedor esteja atento e treine sua equipe para quando as novas tecnologias estiverem definitivamente incorporadas à rotina dos postos.
Controle e conferência Muitos postos recebem de diversas adquirentes mensalmente. Quando o setor administrativo da Revenda acessa o sistema, é difícil saber se os repasses estão corretos, pois para cada empresa há uma negociação, um contrato e taxas diferentes. Por mais que o revendedor mantenha controle, é impossível ter certeza que as transferências estão adequadas. Para isso, recomenda-se a contratação de uma empresa responsável por conciliar valores. Elas possuem sistemas próprios que permitem diagnosticar erros nos repasses e verificar também se o que foi acordado contratualmente com o revendedor está sendo cumprido. “O dono de posto, muitas vezes, não vê o que foi assinado e percebe que está perdendo dinheiro”, explica Píndaro Lutero, diretor da Conciliadora. Ele dá um exemplo: um cliente de sua empresa pagava para a Goody Card R$ 0,36 por transação e ainda mais R$ 15,78 a cada DOC realizado. O revendedor sentia falta do dinheiro no final do mês e não sabia que o problema eram as taxas cobradas, que estavam previstas em contrato. Situação semelhante é vivida por postos que recebem cartão-frota. A Vale Card, por exemplo, negocia as taxas separadamente para cada frotista. Quando o revendedor tenta fazer o controle, acaba se perdendo, porque um repasse é diferente do outro, mesmo sendo da mesma bandeira. Devido ao volume de transações e à complexidade do sistema, é normal erros dessa natureza acontecerem. O ideal é mesmo a contratação de uma empresa especializada, que, por ter acesso a todas as vendas do estabelecimento, pode apurar o valor total a ser recebido e identificar divergências na transação.
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