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Artigo: Quanto a empresa suporta de custo de capital?

Sérgio Eustáquio Pires,

Professor associado da Fundação Dom Cabral e consultor na área de Finanças

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Quanto a empresa suporta de custo de capital?

Especialmente em tempos de crise, de recessão da atividade econômica, como o que estamos atravessando, muitas empresas necessitam buscar financiamentos bancários para manter suas atividades em funcionamento, os chamados “empréstimos para capital de giro”.

Algumas, tendo como foco apenas o curto prazo, a necessidade urgente do recurso, não calculam se o empréstimo bancário vai realmente ajudar ou complicar ainda mais a situação da empresa, em médio e longo prazos.

Muitas vezes, o empréstimo captado resolve os problemas de curto prazo, e a empresa consegue pagar seus compromissos imediatos, ficando com a sensação de que a situação financeira foi resolvida. No entanto, quando chega o momento de amortizar o financiamento contraído, a situação financeira volta a se complicar.

Para captar financiamento, a empresa deve calcular, primeiro, sua capacidade de pagamento, tanto em relação ao custo do empréstimo quanto ao prazo de pagamento.

No que diz respeito ao prazo de pagamento, pode-se dizer, de modo geral, que, quanto mais longo, melhor. Se houver carência para começar a amortizar o principal, quanto maior for esse prazo de carência, melhor. Quanto ao custo, a empresa precisa, antes, calcular a sua taxa de retorno operacional.

No mercado financeiro é comum se dizer que os juros estão altos, que os juros estão baixos – ou o se usarem expressões como “juros caros” e “juros baratos”. Mas o que é “juro caro”? O que é “juro barato”?

Nesta crise da Covid-19, os governos, tanto na esfera federal quanto na estadual, lançaram várias linhas de crédito, na tentativa de ajudar as empresas a superarem este momento de recessão na economia mundial. Falou-se muito em “empréstimos com taxas convidativas”; “financiamentos com juros baixos” e coisas do gênero.

No número anterior desta revista, a partir da página 12, foi publicada uma matéria sobre algumas linhas de crédito disponibilizadas pelo Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) para o setor de combustíveis. A matéria cita linhas de crédito com juros de 0,91% ao mês, que, capitalizados anualmente, equivalem a uma taxa anual de 11,48%. Pergunto: 11,48% de juros ao ano é caro ou barato?

Respondo: dinheiro caro ou barato é relativo! O custo de um mesmo financiamento pode ser baixo para a empresa A, mas pode ser muito alto para a empresa B. Ou seja, a taxa de juros é alta ou baixa, o dinheiro é caro ou barato, para cada empresa, porque o custo de capital precisa ser comparado com a taxa de retorno operacional e com a capacidade de pagamento de cada empresa.

Como calcular, então, quanto uma empresa pode pagar de juros? Qual é a taxa máxima de juros que a empresa pode suportar?

A resposta está no cálculo de um indicador chamado Return On Invested Capital (ROIC), ou, no Brasil, Retorno sobre o Capital Investido. Temos, em português, esse mesmo indicador, com o nome de Retorno sobre o Capital Empregado (ROCE).

Esse indicador é obtido da seguinte forma:

ROCE = LUCRO OPERACIONAL* ATIVO ECONÔMICO

*Para empresas do Lucro Real, esse lucro operacional deve ser ajustado com a tributação do Imposto de Renda. Lucro Operacional é o resultado operacional, o resultado da atividade-fim do posto, sem considerar receitas e despesas financeiras e outras receitas e despesas não operacionais.

Na Demonstração de Resultados do posto, temos:

RECEITA OPERACIONAL BRUTA (-) TRIBUTOS SOBRE A RECEITA RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA (-) CUSTO DOS PRODUTOS VENDIDOS/SERVIÇOS PRESTADOS LUCRO BRUTO (-) DEPESAS COMERCIAIS (-) DESPESAS ADMINISTRATIVAS E GERAIS (-) OUTRAS DESPESAS OPERACIONAIS (-) DEPRECIAÇÃO

LUCRO OPERACIONAL

E o que vem a ser “Ativo Econômico”?

Ativo Econômico é o capital total investido na empresa, sendo uma parte no curto prazo (Necessidade de Capital de Giro) e outra parte no longo prazo (infraestrutura operacional), com o objetivo de gerar o Lucro Operacional.

Para funcionar normalmente, o posto precisa investir recursos no curto prazo para financiar seus clientes (vendas por meio de cartão, convênios com empresas etc.) e ainda para manter estoques de combustíveis nos tanques, de óleo, filtros e outros materiais e de produtos para a loja de conveniência.

Paralelamente, o posto recebe financiamento de “fornecedores operacionais”, ou seja, aqueles que estão diretamente ligados à sua atividade-fim, como, por exemplo, as distribuidoras (que concedem prazo para pagamento do combustível), os fornecedores de óleo, filtros e outros materiais (que vendem a prazo), alguns fornecedores de bebidas e outros produtos vendidos na loja de conveniência, os funcionários (que trabalham o mês inteiro para receber no quinto dia útil do mês subsequente) e o governo (que concede prazo para recolhimento de tributos como ISS, PIS, Cofins e outros).

A diferença entre o valor que o posto precisa aplicar e o que ele recebe de financiamentos desses fornecedores operacionais é o que se chama de Necessidade de Capital de Giro (NCG).

Além disso, para funcionar, o posto precisa aplicar recursos no longo prazo, em infraestrutura, como bombas de combustível, móveis, máquinas e equipamentos, computadores e outros. Esses investimentos de longo prazo são classificados pela contabilidade no grupo Ativo Não Circulante, no balanço patrimonial, que registra as aplicações de longo prazo, com mais de um ano para resgate.

O valor total da Necessidade de Capital de Giro, mais o valor total do Ativo Não Circulante, é igual ao valor do Ativo Econômico, que vem a ser o valor total de capital investido pelo posto para gerar resultado operacional.

No exemplo abaixo, tomamos, por hipótese, um posto com uma galonagem de 280.000 litros/mês, com valor de venda a R$ 4,00/litro e os seguintes custos: - Custo do combustível: R$ 3,40/litro. - Impostos: 7% sobre a receita. - Taxas de cartão de crédito: 3% sobre a receita. - Gastos fixos totais: R$ 40.000,00/mês - Custo de financiamentos bancários de curto prazo: 1,2% ao mês. - O posto mantém estoques para 7 dias e paga o combustível com 15 dias. - As vendas se dão por meio de cartão, com prazo para recebimento de 30 dias.

Neste exemplo, o ROIC do posto, com base nos valores acumulados ao final do mês 2, seria:

Lucro Operacional = R$ 27.000,00 (R$ 13.500,00 nos meses 1 e 2).

Ativo Econômico:

Ativo Não Circulante = R$ 295.000,00 (+) Necessidade de Capital de Giro = R$ 174.667,00 (=) Total do Ativo Econômico = R$ 469.667,00

ROIC = R$ 27.000,00 / R$ 469.667,00 = 5,75%.

Isso quer dizer que o custo máximo de capital (próprio e de terceiros) que esse posto suporta é de 5,75%.

Tomando, por hipótese, que esse cálculo tenha sido feito com base em um demonstrativo anual, a taxa máxima de custo do financiamento não poderia ser maior do 5,75% ao ano. Tomando como exemplo a linha oferecida pelo BDMG, com custo de 11,48% ao ano, se o posto tomasse esse financiamento, sua situação financeira, em médio e longo prazos, ficaria pior.

Se o custo de capital for inferior ao ROIC, o empréstimo ajudará o posto a alavancar suas atividades, proporcionando aos seus proprietários remuneração no capital por eles investido acima da remuneração que eles teriam se estivessem utilizando apenas recursos próprios. É o que se chama, em finanças, de “alavancagem financeira”.

Veja a demonstração de resultados e o balanço patrimonial do posto na planilha, utilizando o QR Code ao lado.

Tudo mudou

A chegada da pandemia alterou a forma de viver e consumir da sociedade; o que as empresas devem fazer para se adequarem aos novos parâmetros de normalidade?

Se você não se deparou ainda com a nova terminologia que dá título a esta edição da revista, prepare-se, porque ela estará a cada dia mais presente em nossas vidas no pós-pandemia. Pode-se definir o “novo normal” como uma forma inédita de pensar da população desde que a Covid-19 foi anunciada. É dado como certo que as pessoas vão mudar seus hábitos. Para o mercado varejista, isso é importante, porque o consumidor terá novas preocupações ao fazer uma compra. E os postos de combustíveis também precisam ficar atentos.

“Tudo vai mudar. Principalmente nós, mineiros, que somos conhecidos por sermos calorosos e hospitaleiros, vamos ter que alterar esse hábito. Estamos mais receosos com relação ao contato pessoal, e isso vai se refletir, obrigatoriamente, no consumo”, prevê Elton de Mattos Silva, professor de Gestão Estratégica de Mercado da Fundação Dom Cabral (FDC). Nesse contexto, o mercado varejista será fortemente impactado. As transações comerciais realizadas pela internet, que já eram uma realidade e vinham crescendo à medida que a digitalização se expandia, prometem ser as protagonistas do varejo no pós-pandemia. Em 2019, elas já haviam aumentado 22,7% em relação ao ano anterior, e o faturamento alcançou R$ 75,1 bilhões – vale lembrar, em meio a uma ainda tímida recuperação econômica no Brasil.

É claro que esse resultado não engloba a venda de combustível, mas é possível observar tendências do mercado digital que podem ser aplicadas à Revenda. De acordo com o professor, o “novo normal” evidenciará outro conceito que já aparecia em universidades e grandes corporações, o “customer centric”. Trata-se de colocar o cliente em primeiro lugar e fazer com que sua experiência de consumo seja positiva, mesmo após a conclusão da compra.

Ainda segundo o especialista, os programas de fidelidade das companhias distribuidoras serão aliados estratégicos do posto. Isso porque será necessário conhecer bem o cliente, entender suas preferências e saber qual é o seu padrão de consumo. Em outras palavras, será preciso ter a noção exata do perfil de quem está entrando na pista de abastecimento, o que inclui nome, idade, local de moradia e inúmeras outras informações que auxiliarão o empresário a ofertar um pós-venda que seja capaz de convencer o consumidor a comprar não apenas combustível. Esses dados já eram identificados como um dos maiores ativos do mercado e, depois do início da pandemia, passaram a ter valor redobrado. “As ferramentas digitais vão fazer o empresário entender as várias personas que entram em seu negócio e suas peculiaridades. A partir daí, será possível adequar o atendimento a cada cliente”, comenta Elton.

CONEXÃO COM O PÚBLICO

Identificadas as características de cada cliente, será preciso criar mecanismos para estar em permanente contato com ele. Por isso, a comunicação se tornou um setor estratégico para as corporações. O que se observa durante a pandemia é que, mesmo com as operações comprometidas – principalmente o setor de eventos e entretenimento –, as empresas têm se preocupado em manter uma conexão com seu público. O elo precisou ser mantido, e a plataforma utilizada para isso, essencialmente, têm sido as redes sociais. Se o cliente não desgruda os olhos do smartphone, é lá que a marca da empresa precisa estar visível. Trata-se de resgatar a velha máxima que adverte para o fato de que “quem não é visto não é lembrado”. E, quando a sociedade voltar ao mínimo de normalidade, aquele cliente vai se lembrar de quem esteve presente em sua vida durante o

isolamento. “Essa crise do coronavírus nos deu duas certezas: uma é que a empresa precisa dialogar com seu público de forma criativa, utilizando os canais que estão em evidência hoje (redes sociais) – não é porque a empresa parou que a ‘conversa’ com o cliente deve ser interrompida; o outro fato é o papel da tecnologia, que passou a atuar de forma muito intensa nesse processo. Com as pessoas mais distanciadas, o ambiente digital é a bola da vez”, afirma Sérgio Arreguy, coordenador do curso de Comunicação Social da Universidade Fumec. De acordo com ele, uma nova ordem mundial está sendo gerada. Qual será? Ainda não se sabe, mas a sociedade está em processo de consolidação do que será considerado o “novo normal”. É óbvio que os parâmetros de consumo mudaram e as corporações terão que se adequar para sobreviver. A certeza que fica é que, mesmo com o distanciamento, o homem é um ser social e continuará vivendo em sociedade. O que vai mudar, obrigatoriamente, é a forma de coexistência da espécie humana, que – diversos especialistas têm apontado – não será mais a mesma após o coronavírus.

O MINASPETRO E O “NOVO NORMAL”

Para instituições que já estavam alinhadas às novas tendências, a virada para uma nova era digital não foi problemática. Antes mesmo do início da pandemia, o Minaspetro, por exemplo, já estava em fase de conclusão da reforma de seu auditório, que incluiu investimentos em equipamentos de audiovisual para realizar transmissões ao vivo via plataformas de streaming. Para se ter uma ideia, o último evento transmitido da sede (uma palestra da área trabalhista) contou com a presença virtual de mais de 600 pessoas. Todo o aparato se mostra ainda mais útil agora, quando eventos online são mais que uma realidade, mas uma necessidade (confira mais detalhes na página 22).

Decretada a pandemia, o Minaspetro se adequou rapidamente para manter o funcionamento pleno das atividades, a despeito do fechamento do comércio em Belo Horizonte. Com o suporte da empresa responsável pela área de TI, todos os colaboradores passaram a trabalhar remotamente, o que garantiu a segurança da equipe. O Departamento Jurídico não foi em nenhum momento prejudicado. As adequações fizeram com que todos os advogados passassem a acessar de suas casas o sistema utilizado internamente, e a qualidade das consultorias dadas aos revendedores, principalmente no atual momento de crise, tem sido mantida.

Os telefones também foram ajustados. Cada colaborador instalou um aplicativo, no próprio smartphone, que dá a possibilidade de transferir ligações para os destinatários finais. Ou seja, se um revendedor entra em contato com o Minaspetro por meio do telefone fixo, é possível que a telefonista transfira a chamada para o funcionário que vai atendê-lo, mesmo que ele não esteja na sede.

Bons exemplos em Minas

O Posto Serena, no bairro Betânia, em Belo Horizonte, dobrou as vendas da conveniência durante a pandemia

Proprietário de quatro postos em Minas Gerais, o empresário Carlos Eduardo Campolina avalia que o momento exige criatividade e conexão com os clientes para os pequenos empreendedores conseguirem mitigar os efeitos da crise. “A chave é descobrir quais são as novas necessidades que surgem em tempos de coronavírus”, declara.

Pensando nisso, ele implementou o serviço de delivery nas lojas de conveniências de três postos. “Já que o isolamento social impede as pessoas de vir até o nosso negócio, a solução é irmos até elas. Na loja do bairro Betânia, em Belo Horizonte, por exemplo, conseguimos dobrar o faturamento com a implantação do delivery”, comenta. Entre os produtos que fazem sucesso com a clientela, ele destaca o famoso pão de queijo caseiro comercializado na loja.

Carlos Guimarães, presidente do Minaspetro, explica que estar alinhado às tendências digitais e adotar uma rotina inovadora têm sido preocupações constantes da atual gestão. “O Minaspetro é uma instituição de mais de 60 anos, mas seguimos motivados a inovar. O resultado veio agora, quando a pandemia não prejudicou nossa operação. E os revendedores perceberam o valor do nosso trabalho. A prova disso é que, mesmo com todas as dificuldades financeiras geradas pela crise, não temos registrado cancelamento massivo de associações ou inadimplência. Isso mostra que o revendedor sabe que estamos ao seu lado nos piores momentos e que estaremos ainda mais fortes quando isso passar.”

Mesmo durante a pandemia, o Minaspetro não deixou de primar pela inovação e seguir tendências. As lives, solução encontrada para a realização de reuniões, debates, entrevistas, palestras e shows, foram incorporadas ao cotidiano do Sindicato, para que, em parceria com a Fundação Dom Cabral, os revendedores sigam informados sobre o cenário atual do mercado. Os dois eventos virtuais realizados no período foram acompanhados por mais de 600 pessoas.

O que muda no “novo normal”

PARÂMETROS DE HIGIENE Lavar as mãos com frequência e usar máscaras serão ações cotidianas ainda por muito tempo.

HOME OFFICE As empresas perceberam que é possível que muitos colaboradores trabalhem de forma remota sem prejudicar o andamento dos processos, o que reduzirá deslocamentos nas grandes cidades.

DELIVERY Os restaurantes tiveram que se adequar, e a entrega de comida em casa tomou uma proporção nunca antes imaginada. O delivery não é mais uma exclusividade do setor alimentício. O cliente percebeu o valor da entrega em domicílio, e a nova demanda exigirá esse tipo de serviço para todos os itens. Inclusive, revendedores estão utilizando plataformas digitais para comercialização de produtos da loja de conveniência.

FORMA DE CONSUMO A estimativa é que o e-commerce brasileiro tenha ganhado cerca de quatro milhões de novos clientes. De acordo com a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (Abcomm), com a pandemia, muitas pessoas compraram digitalmente pela primeira vez. Brinquedos (400%), artigos esportivos (200%) e cosméticos (80%) foram os segmentos que registraram as maiores altas.

Mais desconto na energia

Segunda etapa da parceria com a Cemig S!M garante economia de 25% a revendedores

Os revendedores que aderiram à parceria firmada pelo Minaspetro com a Cemig S!M, que garante um desconto de 25% na conta de energia, agora colhem os frutos da decisão em um momento em que cortar gastos se tornou estratégico. Conforme especialistas em gestão têm apontado, reduzir custos operacionais é a medida mais importante para dar sobrevida ao negócio durante a pandemia.

Devido ao sucesso alcançado na primeira etapa, a parceria foi mantida e está ainda mais atrativa para os revendedores. O primeiro diferencial é que o número de contratos não estará mais limitado. Na primeira etapa, realizada no ano passado, o Minaspetro adquiriu a capacidade de uma usina completa instalada na cidade de Manga, no Norte de Minas Gerais, suficiente para atender a 300 contratos – na época, outros 300 revendedores ficaram na fila à espera de novas vagas.

Já a nova fase se inicia sem um limite máximo de adesão, e os mesmos 25% de desconto na conta de energia estão garantidos. “O Minaspetro buscou uma alternativa para baixar os custos dos revendedores, e a energia elétrica é uma despesa mensal considerável. E o importante é que a parceria alcança também o empresário que tem um posto pequeno, e não apenas aquele que paga uma conta muito alta”, comenta Agostinho Cardoso, consultor de energia contratado pelo Minaspetro para conduzir a parceria.

Ele se refere à prerrogativa que dá direito a qualquer estabelecimento cujo consumo se situe acima de 500 kw mensais a aderir à iniciativa – a única condicionante é que o interessado seja associado à entidade por pelo menos dois anos, mesmo critério utilizado em 2019 para selecionar os participantes. Não por acaso a expectativa, vale lembrar, é que, até meados de 2021, a parceria com a Cemig S!M faça dobrar o número de filiados. E o plano do Minaspetro é, no futuro, construir uma usina própria para ofertar o benefício aos postos que não são atendidos pela regional da companhia energética mineira, além daqueles que não ultrapassam o piso de consumo exigido.

NA PONTA DO LÁPIS

Felipe Bretas é proprietário de uma rede de postos, e a conta de energia pesava no orçamento. Por esse motivo, ele aderiu à parceria no ano passado e já sente a diferença no final do mês. O revendedor abriu as contas de um dos estabelecimentos para a Revista Minaspetro, para compartilhar com os demais revendedores o benefício trazido pela parceria com a Cemig S!M.

Em fevereiro passado, ele gastou em um dos postos R$ 8.487,89 com o consumo de energia. Já em abril, somente em um dos postos, o empresário obteve um desconto de R$ 1.755,78.

A parceria com a Cemig S!M é um bom exemplo das políticas associativas nas quais o Minaspetro tem investido para beneficiar o setor e fortalecer os negócios. E a união dos revendedores em torno delas é fundamental para que o Sindicato atraia bons fornecedores com o intuito de que os postos mineiros obtenham melhores resultados.

Para ter mais informações sobre a parceria, entre em contato com o assessor comercial da sua região ou consulte o site do Minaspetro.

Demonstrativo do desconto mensal assegurado a revendedor que aderiu à iniciativa

O revendedor e a guerra do petróleo

O coronavírus deixou à margem o debate sobre o preço do barril, mas é preciso acompanhar as oscilações do mercado de forma ampla para que algumas tendências sejam apontadas

Oinício de março foi marcado por forte movimentação no mercado de combustíveis pela guerra travada entre Arábia Saudita e Rússia por conta do preço do petróleo. A instabilidade comercial fez com que o valor do combustível fóssil fosse negociado por índice abaixo de zero pela primeira vez na história. Com a escalada dos casos de coronavírus no mundo, o debate sobre o mercado de óleo acabou sendo ofuscado, mas não deixou de ser impactado.

O isolamento social imposto pela pandemia diminuiu consideravelmente a demanda e agravou ainda mais a situação das grandes petroleiras, que ficaram com os estoques abarrotados e precisaram reduzir a produção e ceder o que já estava disponível. A pandemia trouxe à tona um fato curioso: o normal seria que, com os preços baixos, a demanda pelo produto aumentasse, afinal, como os estoques estão cheios, a oferta estaria alta. A pandemia, contudo, reduziu drasticamente a demanda, o que foi ainda mais caótico para o mercado.

Diante do cenário de recessão, o revendedor se viu forçado a ajustar seu quadro de funcionários e ajustar os custos para sobreviver. Acompanhando a crise dos gigantes do petróleo pela imprensa e com tantos problemas internos para resolver no seu posto, o questionamento do empresário é na linha do jargão eternizado por Jair Bolsonaro – “E daí?” É importante que o revendedor, de acordo com Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) e especialista no mercado de combustíveis, entenda de forma geral o mercado para que ele trabalhe com o mínimo de previsibilidade. “O isolamento provocou uma queda brutal no consumo e uma inelasticidade no preço. Se o cara colocava a gasolina a x ou a 2x, ele iria vender exatamente o mesmo volume. Com a reabertura da economia, os postos vão começar a ganhar dinheiro, porque o preço do barril de petróleo não vai chegar a US$ 80 do dia para noite, vai subir gradativamente. A gasolina, em particular, acredito que terá um

crescimento grande no segundo semestre. Temos um cenário desenhado: com a descoberta de uma vacina e uma abertura gradual da economia, haverá uma explosão de consumo de combustível.”

Em meio a um cenário tão nebuloso, a projeção otimista de um especialista serve de motivação para seguir adiante e sustentar o negócio até que a economia reabra para que o mercado volte a ser forte e rentável para todos.

CENÁRIO GLOBAL

A guerra entre árabes e russos só foi cessada quando a Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep) e outras nações entraram em acordo para redução da produção em 9,7 milhões de barris por dia. O cenário atual é ainda de volatilidade, conforme avaliação de Adriano Pires, mas com uma tendência de elevação dos preços.

A subida do valor do barril, para ele, é consequência de três fatores, essencialmente – o acordo para a redução na produção, os estoques que começaram a cair e a projeção futura de consumo. “Petróleo funciona com a expectativa do mercado. Quando se vê uma expectativa de reabertura da economia norte-americana e europeia no verão, a leitura que se faz é que haverá um consumo acima do normal, principalmente porque as pessoas ainda vão evitar “Temos um cenário desenhado: com a descoberta de uma vacina e uma abertura gradual da economia, haverá uma explosão de consumo de combustível”

ADRIANO PIRES, DIRETOR DO CENTRO BRASILEIRO DE INFRAESTRUTURA (CBIE)

entrar em um avião, ou seja, vão viajar de carro.”

O especialista, no entanto, faz uma ressalva. “Se a economia reabrir e houver uma volta considerável do contágio, o baque será forte, e o preço do barril volta para US$ 20.”

O início de março foi marcado por forte movimentação no mercado de combustíveis pela guerra travada entre Arábia Saudita e Rússia por conta do preço do petróleo. A instabilidade comercial fez com que o valor do combustível fóssil fosse negociado por abaixo de zero pela primeira vez na história. Com o escalonar dos casos de coronavírus no mundo, o debate sobre o mercado de óleo acabou sendo ofuscado, mas não deixou de ser impactado.

A instabilidade do mercado de óleo fez com que algumas terminologias se tornassem populares na imprensa. Entre elas estão as definições utilizadas para o tipo de petróleo. Você sabe a diferença?

WTI

A sigla significa West Texas Intermediate. Trata-se do óleo comercializado na Bolsa de NY, que é extraído na região do Golfo do México. Ele é mais leve e pode ser refinado com mais facilidade, o que o torna mais valioso no mercado.

BRENT

Esse tipo de petróleo é comercializado, por sua vez, na Bolsa de Londres, sendo extraído no Mar do Norte (Oriente Médio), ditando os valores da commodity no mercado do Velho Continente.

macrovector / freepik

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