ARTIGO
Nº 129 – Junho 2020
Sérgio Eustáquio Pires, Professor associado da Fundação Dom Cabral e consultor na área de Finanças
Quanto a empresa suporta de custo de capital?
E
specialmente em tempos de crise, de recessão da atividade econômica, como o que estamos atravessando, muitas empresas necessitam buscar financiamentos bancários para manter suas atividades em funcionamento, os chamados “empréstimos para capital de giro”. Algumas, tendo como foco apenas o curto prazo, a necessidade urgente do recurso, não calculam se o empréstimo bancário vai realmente ajudar ou complicar ainda mais a situação da empresa, em médio e longo prazos. Muitas vezes, o empréstimo captado resolve os problemas de curto prazo, e a empresa consegue pagar seus compromissos imediatos, ficando com a sensação de que a situação financeira foi resolvida. No entanto, quando chega o momento de amortizar o financiamento contraído, a situação financeira volta a se complicar. Para captar financiamento, a empresa deve calcular, primeiro, sua capacidade de pagamento, tanto em relação ao custo do empréstimo quanto ao prazo de pagamento. No que diz respeito ao prazo de pagamento, pode-se dizer, de modo geral, que, quanto mais longo, melhor. Se houver carência para começar a amortizar o principal, quanto maior for esse prazo de carência, melhor. Quanto ao custo, a empresa precisa, antes, calcular a sua taxa de retorno operacional. No mercado financeiro é comum se dizer que os juros estão altos, que os juros estão baixos – ou o se usarem expressões como “juros caros” e “juros baratos”. Mas o que é “juro caro”? O que é “juro barato”?
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Nesta crise da Covid-19, os governos, tanto na esfera federal quanto na estadual, lançaram várias linhas de crédito, na tentativa de ajudar as empresas a superarem este momento de recessão na economia mundial. Falou-se muito em “empréstimos com taxas convidativas”; “financiamentos com juros baixos” e coisas do gênero. No número anterior desta revista, a partir da página 12, foi publicada uma matéria sobre algumas linhas de crédito disponibilizadas pelo Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) para o setor de combustíveis. A matéria cita linhas de crédito com juros de 0,91% ao mês, que, capitalizados anualmente, equivalem a uma taxa anual de 11,48%. Pergunto: 11,48% de juros ao ano é caro ou barato? Respondo: dinheiro caro ou barato é relativo! O custo de um mesmo financiamento pode ser baixo para a empresa A, mas pode ser muito alto para a empresa B. Ou seja, a taxa de juros é alta ou baixa, o dinheiro é caro ou barato, para cada empresa, porque o custo de capital precisa ser comparado com a taxa de retorno operacional e com a capacidade de pagamento de cada empresa. Como calcular, então, quanto uma empresa pode pagar de juros? Qual é a taxa máxima de juros que a empresa pode suportar? A resposta está no cálculo de um indicador chamado Return On Invested Capital (ROIC), ou, no Brasil, Retorno sobre o Capital Investido. Temos, em português, esse mesmo indicador, com o nome de Retorno sobre o Capital Empregado (ROCE).