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ANO 11 - Nº 64 - MARÇO / ABRIL 2016
LAMINITE crônica em asinino: relato de caso
• Tenossinovite infecciosa no tendão extensor carpo radial por dermatobiose em potro da raça Quarto de Milha: relato de caso • Fratura de cartilagem alar da falange distal calcificada: ralato de caso • Ortopedia Equina: Verdades, mitos, ética e controversas dos Neurolíticos • Odontologia Equina: Fraturas idiopáticas dos pré-molares e molares • Agronomia: Potencialidades do turismo equestre - uma resenha • Utilização de propofol em equinos: revisão de literatura • IRAP: Proteína Antagonista de Receptor de Interleucina-1 APOIO:
SUMÁRIO
ANO 11 - Nº 64 - MARÇO / ABRIL 2016
• Laminite crônica em asinino: relato de caso (Página 4) • Tenossinovite infecciosa no tendão extensor carpo radial por dermatobiose em potro da raça Quarto de Milha: relato de caso (Página 12) • Fratura de cartilagem alar da falange distal calcificada: relato de caso (Página 16) • IRAP: Proteína Antagonista de Receptor de Interleucina-1 (Página 20)
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FOTO CAPA: Flávia Nesi Maria (2015) FOTO DESTAQUE: Arquivo pessoal (2015)
• Utilização de Propofol em equinos: revisão de literatura (Página 24) • Gestão Empresarial: Além das competências técnicas do médico veterinário (Página 28) • Agronegócio: Potencialidades do turismo equestre: uma resenha (Página 30)
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• Odontologia Equina: Fraturas idiopáticas dos pré-molares e molares (página 32) www.passoapasso.org.br
• Ortopedia Equina: Verdades, mitos, ética e controversas dos Neurolíticos (Página 38)
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NORMAS PARA PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS NA REVISTA BRASILEIRA DE MEDICINA EQUINA 1. REVISTA BRASILEIRA DE MEDICINA EQUINA (ISSN 1809-2063) - publica artigos Científicos, Revisões Bibliográficas, Relatos de Casos e/ou Procedimentos e Comunicações Curtas, referentes à área de Equinocultura e Medicina de Equídeos, que deverão ser destinados com exclusividade. 2. Os artigos Científicos, Revisões, Relatos e Comunicações curtas devem ser encaminhados via eletrônica para o e-mail: (revista.equina@gmail.com) e editados em idioma Português. Todas as linhas deverão ser numeradas e paginadas no lado inferior direito. O trabalho deverá ser digitado em tamanho A4 (21,0 x 29,0 cm) com, no máximo, 25 linhas por página em espaço duplo, com margens superior, inferior, esquerda e direita em 2,5 cm, fonte Times New Roman, corpo 12. O máximo de páginas será 15 para artigo científico, 25 para revisão bibliográfica, 15 para relatos de caso e 10 para comunicações curtas, não incluindo tabelas, gráficos e figuras. Figuras, gráficos e tabelas devem ser disponibilizados ao final do texto, sendo que não poderão ultrapassar as margens e nem estar com apresentação paisagem. 3. O artigo Científico deverá conter os seguintes tópicos: Título, Resumo e Unitermos (em Português, Inglês e Espanhol); Introdução; Material e Métodos; Resultados e Discussão; Conclusão e Referências. Agradecimento e Apresentação; Fontes de Aquisição; Informe Verbal; Comitê de Ética e Biossegurança devem aparecer antes das Referências. Pesquisa envolvendo seres humanos e animais obrigatoriamente devem apresentar parecer de aprovação de um comitê de ética institucional já na submissão (Modelo .doc, .pdf). 4. A Revisão Bibliográfica deverá conter os seguintes tópicos: Título, Resumo e Unitermos (em Português, Inglês e Espanhol); Introdução; Desenvolvimento (pode ser dividido em sub-títulos conforme necessidade e avaliação editorial); Conclusão ou Considerações Finais; e Referências. Agradecimento e Apresentação; Fontes de Aquisição e Informe Verbal devem aparecer antes das Referências. 5. O Relato de Caso e/ou Procedimento deverá conter os seguintes tópicos: Título, Resumo e Unitermos (em Português, Inglês e Espanhol); Introdução; Relato de Caso ou Relato de Procedimento; Discussão (que pode ser unida a conclusão); Conclusão e Referências. Agradecimento e Apresentação; Fontes de Aquisição e Informe Verbal devem aparecer antes das Referências.
6. A comunicação curta deverá conter os seguintes tópicos: Título, Resumo e Unitermos (em Português, Inglês e Espanhol); Texto (sem subdivisão, porém com introdução; metodologia; resultados e discussão e conclusão; podendo conter tabelas ou figuras); Referências. Agradecimento e Apresentação; Fontes de Aquisição e Informe Verbal; Comitê de Ética e Biossegurança devem aparecer antes das referências. Pesquisa envolvendo seres humanos e animais obrigatoriamente devem apresentar parecer de aprovação de um comitê de ética institucional já na submissão. (Modelo .doc, .pdf). 7. As citações dos autores, no texto, deverão ser feitas no sistema numérico e sobrescritos, como descrito no item 6.2. da ABNR 10520, conforme exemplo: “As doenças da úvea são as enfermidades mais diagnosticadas nessa espécie, com prevalência de até 50%15”. “Segundo Reichmann et al.15 (2008), as doenças da úvea são as enfermidades mais diagnosticadas nessa espécie, com prevalência de até 50%”. No texto pode citar-se até 2 autores, se mais, utilizar “et al.” Exemplo: Thomassian e Alves (2010). Neste sistema, a indicação da fonte é feita por uma numeração única e consecutiva, em algarismos arábicos, remetendo à lista de referências ao final do artigo, na mesma ordem em que aparecem no texto. Não se inicia a numeração das citações a cada página. As citações de diversos documentos de um mesmo autor, publicados num mesmo ano, são distinguidas pelo acréscimo de letras minúsculas, em ordem alfabética, após a data e sem espacejamento, conforme a lista de Referências. Exemplo: De acordo com Silva11 (2011a). 8. As Referências deverão ser efetuadas no estilo ABNT (NBR 6023/ 2002) conforme normas próprias da revista. 8.1. Citação de livro: AUER, J.A.; STICK, J.A. Equine Surgery. Philadelphia: W.B. Saunders,1999, 2.ed., 937p. TOKARNIA, C.H. et al. (Mais de dois autores) Plantas tóxicas da Amazônia a bovinos e outros herbívoros. Manaus: INPA, 1979, 95p. 8.2. Capítulo de livro com autoria: GORBAMAN, A. A comparative pathology of thyroid. In: HAZARD, J.B.; SMITH, D.E. The thyroid. Baltimore: Williams & Wilkins, 1964, cap.2, p.32-48. 8.3. Capítulo de livro sem autoria: COCHRAN, W.C. The estimation of sample size. In: ______. Sampling techniques. 3.ed., New York: John Willey, 1977, cap.4, p.72-90. 8.4. Artigo completo: PHILLIPS, A.W.; COURTENAY, J.S.; RUSTON,
R.D.H. et al. Plasmapheresis of horses by extracorporal circulation of blood. Research Veterinary Science, v.16, n.1, p.35-39, 1974. 8.5. Resumos: FONSECA, F.A.; GODOY, R.F.; XIMENES, F.H.B. et al. Pleuropneumonia em equino por passagem de sonda nasogástrica por via errática. Anais XI Conf. Anual Abraveq, Revista Brasileira de Medicina Equina, Supl., v.29, p.243-44, 2010. 8.6. Tese, dissertação: ESCODRO, P.B. Avaliação da eficácia e segurança clínica de uma formulação neurolítica injetável para uso perineural em equinos. 2011. 147f. Tese (doutorado) - Instituto de Química e Biotecnologia. Universidade Federal de Alagoas. ALVES, A.L.G. Avaliação clínica, ultrassonográfica, macroscópica e histológica do ligamento acessório do músculo flexor digital profundo (ligamento carpiano inferior) pós-desmotomia experimental em equinos. 1994. 86 f. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia. Universidade Estadual Paulista. 8.7. Boletim: ROGIK, F.A. Indústria da lactose. São Paulo: Departamento de Produção Animal, 1942. 20p. (Boletim Técnico, 20). 8.8. Informação verbal: Identificada no próprio texto logo após a informação, através da expressão entre parênteses. Exemplo: ...são achados descritos por Vieira (1991 - Informe verbal). Ao final do texto, antes das Referências Bibliográficas, citar o endereço completo do autor (incluir e-mail), e/ou local, evento, data e tipo de apresentação na qual foi emitida a informação. 8.9. Documentos eletrônicos: MATERA, J.M. Afecções cirúrgicas da coluna vertebral: análise sobre as possibilidades do tratamento cirúrgico. São Paulo: Departamento de Cirurgia, FMVZ-USP, 1997, 1 CD. GRIFON, D.M. Artroscopic diagnosis of elbow displasia. In: WORLD SMALL ANIMAL VETERINARY CONGRESS, 31., 2006, Prague, Czech Republic. Proceedings… Prague: WSAVA, 2006, p.630-636. Acessado em 12 fev. 2007. Online. Disponível em: http://www.ivis.org/ proceedings/wsava/2006/lecture22/Griffon1.pdf?LA=1. 9. Os conceitos e afirmações contidos nos artigos serão de inteira responsabilidade do(s) autor(es). 10. Os artigos serão publicados em ordem de aprovação. 11. Os artigos não aprovados serão arquivados havendo, no entanto, o encaminhamento de uma justificativa pelo indeferimento. 12. Em caso de dúvida, consultar os volumes já publicados antes de dirigir-se à Comissão Editorial.
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EDITORIAL
Rastreando oportunidades Em 2013, preocupados com as competições que ocorreriam em outubro daquele ano na Europa, houve uma reunião com o então ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Antônio Andrade, solicitando a implantação da rastreabilidade nos equinos. Seria uma forma de tranquilizar a União Europeia quanto à sanidade de nossos animais, permitindo o trânsito deles no velho continente. A rastreabilidade permite conhecer a história do produto através de informação documentada, registrada. Com a rastreabilidade é possível identificar causas de incidentes e obter informações sobre características e locais por onde o animal passou. Assim é possível verificar a autenticidade de informações e auxiliar em ações voltadas à defesa animal. Entre os benefícios da rastreabilidade, contribui para melhorar a administração da cadeia produtiva e fornecer dados para estudos epidemiológicos. Os custos de implantação da rastreabilidade são baixos, não sendo, portanto, uma justificativa para não implementação. Se for resgatada a experiência ocorrida com o início da rastreabilidade no gado bovino no Brasil, nota-se que ela é bastante vantajosa. O preço do produto bovino elevou 3,57% por arroba. Espera-se que produto – potro, égua, garanhão, animal de tração, o que for – também será valorizado caso haja rastreabilidade. Para academia, os ganhos seriam relevantes, face à disponibilidade de novos dados que poderiam ser coletados através do sistema. O debate sobre rastreabilidade não está encerrado, ao contrário, necessita ser resgatado. Isto de forma criteriosa, para que ocorra sustentabilidade, inclusive financeira, das propostas e projetos referentes ao tema. A medicina veterinária pera equinos seria uma grande ganhadora com a rastreabilidade e melhor conhecimento de nosso plantel. Roberto Arruda de Souza Lima Professor da ESALQ/USP raslima@usp.br www.arruda.pro.br
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crônica em asinino: relato de caso “Chronic laminitis in asinine: report case” FOTO: FLÁVIA NESI MARIA, 2015
“Laminitis crónica en asnal: reporte de un caso”
Flávia Nesi Maria*, (flavianesim@yahoo.com.br) Caroline Cella Geron Residentes em Clínica Médica, Cirúrgica, Reprodução e Obstetrícia de Animais de Produção e Equídeos (Universidade Estadual do Norte do Paraná) Maicon Alan Paiva dos Santos Médico Veterinário (CRMV/PR 13.128) Cláudia Yurika Tamehiro Professora Adjuvante da Universidade Estadual do Norte do Paraná Francisco Armando Azevedo de Souza Professor Adjunto da Universidade Estadual do Norte do Paraná * Autora para correspondência
RESUMO: A laminite crônica é uma afecção caracterizada pela inflamação das lâminas do casco a qual é causada pela degeneração aguda das lâminas sensitivas primárias e secundárias, e em consequência ocasiona a rotação ou afundamento da falange distal. O objetivo deste trabalho foi relatar o caso de um asinino, da raça Pêga, com cinco anos de idade, macho, utilizado para reprodução, o qual apresentou sinais de claudicação e dor, permanecendo em decúbito esternal em grande parte do dia. Durante o exame físico pode-se constatar lesão na coroa do casco com presença de secreção purulenta e andar característico de “pisar em ovos”. O diagnóstico foi realizado através da anamnese e sinais clínicos e confirmado pela radiografia. O tratamento realizado apresentou-se eficaz e com uma ótima recuperação, podendo assim o animal voltar as suas atividades normalmente. Unitermos: inflamação, lâminas, casco, rotação ABSTRACT: Chronic laminitis is a condition characterized by inflammation of the hoof blade which is caused by acute degeneration of sensitive primary and secondary blades, and consequently causes rotation or collapse of the distal phalanx. The objective of this study was to report the case of a donkey, breed Pêga, five years old, male, used for breeding, which showed signs of lameness and pain, staying in sternal recumbency in great part of the day. During the physical exam could be observed a damage to the coronary band with purulent discharge and a characteristic walk of “walk on eggshells”. The diagnosis was made by history and clinical signs and confirmed by radiography. The treatment proved to be effective and with a great recovery, so the animal could return its activities normally. Keywords: inflammation, blades, hoof, rotation RESUMEN: Laminitis crónica es una condición caracterizada por la inflamación de la cuchilla de casco que es causada por la degeneración aguda de cuchillas sensoriales primarias y secundarias, y en consecuencia provoca la rotación o el colapso de la falange distal. El objetivo de este estudio fue reportar el caso de un burro, Pêga, con cinco años de edad, de sexo masculino utilizado para la cría, que mostró signos de cojera y dolor, permaneciendo en decúbito esternal durante gran parte del día. Durante el examen físico se puede observar daños en la corona con secreción purulenta y paseo característico “caminar sobre cáscaras de huevo”. El diagnóstico se realizó por la historia y los signos clínicos y confirmada por radiografía. El tratamiento mostró ser efectivo y una gran recuperación, porque el animal puede regresar a sus actividades normales. Palabras clave: inflamación, cuchillas, rotación, casco
Introdução A laminite ou pododermatite asséptica é a inflamação do aparelho suspensivo laminar do casco dos equídeos ou asininos1. A qual é causada pela degeneração aguda das lâminas sensitivas primárias e secundárias, e em consequência ocasiona a rotação ou afundamento da falange distal. Apesar de mais comum nos equinos as espécies acometidas por esta enfermidades também incluem, asininos, suínos e ruminantes2,3,4,5. Existem vários fatores clínicos causadores da laminite, porém os mais usuais são as doenças associa4•
das à sepse e endotoxemia, o excesso de peso colocado em um membro devido a uma lesão no membro oposto, doenças metabólicas como a doença de Cushing e a síndrome metabólica equina (SME), incluindo a laminite associada ao pasto, no entanto a mais estudada e relatada é a laminite associada à sepse e endotoxemia6. Comumente sequela de distúrbios digestivos e de outros distúrbios causadores de endotoxemia e elaboração de mediadores inflamatórios, como as doenças sistêmicas de torção de cólon, cólica, diarreia, enterite, pleuropeneumonia e metrite séptica2,3.
Para estudo a doença é dividida em três estágios: a fase do desenvolvimento, que corresponde ao período em que o animal que sofre de uma doença está em risco de desenvolver laminite, antes mesmo do aparecimento de sinais clínicos, a fase aguda que corresponde ao aparecimento de sinais clínicos, mas sem evidencias de deslocamento da falange distal na radiografia, e a fase crônica que se refere ao período em que o deslocamento da falange distal já ocorreu. Esta fase apresenta a maior amplitude de apresentações clínicas, pois variam de cavalos que apresentam as lâminas epidérmicas instáveis por estarem sofrendo o processo de deslocamento da falange distal com o desencadeamento da doença, até cavalos que já passaram há anos pela causa inicial da doença e já possuem lâminas epidérmicas estáveis, porém claudicação crônica devido ao deslocamento da falange distal7,6. Em cavalos a laminite aguda algumas vezes é observada após mudanças da alimentação, ingestão excessiva de água gelada após exercícios ou alimentação com alto teor de carboidratos2. Todos os cascos podem ser acometidos, porém os membros anteriores são mais afetados. A doença é raramente unilateral, exceto em casos nos quais a laminite se desenvolve devido à claudicação acentuada no membro contralateral ou a patadas repetidas3,8. Nos casos graves é evidente a recusa do animal em se movimentar ou levantar um casco, quando se consegue o andar é incoordenado e cambaleante, e o animal evidencia dor intensa. Neste estágio há expressão de ansiedade, acompanhada por fasciculação muscular, sudorese, aumento da frequência cardíaca, respiração rápida e superficial, bem com hipertermia moderada3,8. Nota-se postura característica com os quatro membros posicionados a frente da sua disposição normal, cabeça baixa e dorso arqueado. Alguns equinos podem permanecer deitados por um longo período. Pode ocorrer uma separação brusca da parede e das lâminas e o casco apresenta-se solto com exsudação na região coronária3,5. Estes sintomas indicam que a terceira falange se deslocou distalmente com relação à muralha do casco, grave rotação ou afundamento da falange, resultando em um prognóstico grave2. Nos estágios crônicos da doença a parede do casco abre-se e desenvolvem-se sulcos horizontais pronunciados. A perda da integridade da sola e a ruptura da linha branca podem favorecer a instalação de infecções das lâminas degeneradas. A infecção
pode envolver o osso podal, causando osteomielite podal séptica3 e ainda há possibilidade de constatar conformação anormal dos membros, sola achatada e a muralha do casco mostrar sintomas de crescimento desigual2,9. Para o diagnóstico os sinais clínicos são muito típicos, e o exame radiográfico ajuda na confirmação desta condição10,11. Mas pelo fato da laminite frequentemente se desenvolver secundariamente a um processo de doença primária, é fundamental avaliar todo o cavalo para identificar quaisquer fatores predisponentes que necessitam de tratamento12. Os exames com a pinça de casco revelam sensibilidade sobre a sola e na pinça, e batidas aplicadas na muralha do casco ao nível da pinça, podem produzir dor2. As radiografias devem ser obtidas ao primeiro sinal de laminite aguda. Deve-se fazer uma posição lateromedial (LM) e outra dorsopalmar (DP)13. Dyson 12 (2003); O’Grady e Parks 14 (2008); Weaver e Barakzai15 (2010) citam que marcadores radiodensos podem ser colocados sobre a face dorsal da parede do casco (com a sua extremidade proximal na banda coronária) e na sola (no ápice da ranilha) porque isto ajuda a estabelecer a orientação da falange distal dentro do casco e a sua posição em relação à banda coronária, facilitando a medição do ângulo de rotação do osso podal e a distância do afundamento. O exame radiográfico em casos brandos pode não revelar alterações na posição do osso podal. Em casos graves e avançados mostram rotação evidente do osso podal no interior do casco, com uma inclinação na face mais distal da terceira falange em direção à sola do casco. O deslocamento do osso podal em direção à sola do casco é visível em aproximadamente 25% dos casos2,3. Não existe um tratamento eficaz que impeça o desencadeamento da laminite, por isso para uma recuperação completa deve ser iniciado antes da rotação da falange distal, o tratamento visa à prevenção da rotação, devendo ser indicado nas primeiras 12 horas após o inicio da claudicação, pois os primeiros sintomas de rotação podem ser observados em radiografias realizadas em um período de 48 horas16. Em geral, os objetivos da terapia incluem o alívio da dor nos pés e dar apoio às áreas estruturalmente estáveis do casco a fim de evitar mais danos aos tecidos17. Agentes anti-inflamatórios não esteroides são utilizados como tratamento, sendo a fenilbutazona o mais recomendado no iní-
cio da síndrome, pode ser administrado na dose de 4,4 mg/kg por via intravenosa, em seguida este agente é administrado na dose de 2,2 mg/kg. O flunexin meglumine é administrado concomitantemente durante os primeiros dias. Antibióticos podem ser indicados em casos graves, para redução do risco de infecção secundária. O DMSO também pode ser administrado por via intravenosa na dose de 1g/kg, com solução salina a 10%2,3,5. A acetilpromazina é um vasodilatador potente e induz a vasodilatação periférica, o qual auxilia no tratamento da laminite, sua administração é por via intramuscular de 0,01 a 0,05 mg/kg a cada 12 horas. A administração de heparina, anticoagulante, também é eficaz porque evita a formação de microtrombos no interior do casco3,5. Apesar de Svendsen18 (1999) afirmar que as ferraduras em formato de coração e os suportes para a ranilha não são recomendados para jumentos devido a algumas diferenças relativas na anatomia da ranilha e a terceira falange o ferrageamento e casqueamento são indicados para correção da deformidade córnea; proteger as áreas dolorosas da sola e parede do casco do contato direto com o solo, prevenindo a lesão tecidual e a rotação da falange distal; fornecer suporte para os pés e facilitar a dinâmica do passo5. Relato de Caso Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Estadual do Norte do Paraná, um asinino, da raça Pêga, com cinco anos de idade, macho, utilizado para reprodução, pesando 320 kg com histórico de lesão do membro anterior direito na região da escápula e na coroa do casco. O proprietário relatou que fazia 15 dias que o animal encontrava-se claudicando e ficava muito tempo deitado. Na propriedade foi realizada a aplicação de flunexin e D500 por cinco dias, não soube informar a quantidade, mas relatou melhora com a estabilização do quadro. O animal alimentava-se de napier picado em um dia e no outro de quirera, o proprietário não soube mensurar a quantidade quando questionado apenas informou que era bastante. No exame físico o animal apresentou frequência cardíaca de 60 bpm que corresponde à taquicardia, já os outros parâmetros vitais encontravam-se dentro da normalidade. Notou-se durante o internamento que o animal permanecia grande parte do tempo deitado ou parado na mesma posição (Figura 1). •5
FOTO: FLÁVIA NESI MARIA, 2015 FONTE: CAROLINE CELLA GERON, 2015
Figura 1: Animal em estação poupando o membro anterior direito do solo
Figura 2 : A) Rotação de terceira falange em membro anterior direito (seta). B) Reabsorção da terceira falange em membro anterior direito (setas)
........................................................................................................................................... E ao exame específico do sistema locomotor, observou-se nos membros anteriores dor a palpação na região acima da coroa do casco, aumento da temperatura e presença de pulso forte, além de descolamento do casco do membro anterior direito com presença de secreção purulenta, relutância ao movimentar-se, andar arqueado com a cabeça baixa e presença de claudicação grau quatro, semelhante a “caminhar pisando em ovos”. Como exame complementar foi realizado radiografia nas projeções lateromedial 6•
(LM) e dorsoproximal-palmarodistal oblíqua (DPr-PaDiO) as quais se pode avaliar rotação e reabsorção óssea da terceira falange no membro anterior direito (Figura 2) confirmando dessa forma o diagnóstico de laminite crônica. Na escápula onde era a queixa do proprietário não foi encontrado alteração. A conduta inicial foi realizar compressa de gelo no membro afetado, SID, durante três dias, pedilúvio com permanganato de potássio, por quinze minutos, SID, durante três dias, limpeza e aplicação tópica de
Alantol® nas escoriações, aplicação de fenilbutazona 4,4 mg/kg SID, IV durante cinco dias e 2,2 mg/kg, SID, IV, durante sete dias, omeprazol pasta, SID, VO, durante 10 dias, acepromazina 1% 0,02 mg/kg, SID, IM, durante 10 dias, heparina 40 UI/kg, BID, SC durante 10 dias e penicilina 40.000 UI/kg, SID, IM, durante 3 dias. O animal também passou a receber alimentação apenas composta de pasto e feno de alfafa, além de ser acomodado em baia com cama macia. Após 18 de internamento o animal não apresentou mais sinais clínicos de laminite e os parâmetros fisiológicos encontravamse dentro da normalidade. Com a alta foi recomendado ao responsável a realização de casqueamento para correção da rotação de falange e ferrageamento terapêutico com a ferradura oval ou invertida, repouso de 180 dias em baia com cama macia, além de não utilizar mais o animal para trabalho ou longas caminhadas em terrenos duros. Em contato com o proprietário, após dois meses da alta, ele relatou que realizou os procedimentos recomendados e o animal encontrava-se em ótima recuperação superando as expectativas. Discussão O número de relatos referentes à laminite em asininos é raro, porém segundo Silva, et al.4 (2014) foi possível observar que as alterações no posicionamento da falange distal em asininos com laminite segue os mesmos padrões das alterações encontradas em equinos. As três principais apresentações de laminite são aquelas que estão associadas com sepse bacteriana, associadas a distúrbios metabólicos ou endócrinos, e aquelas associadas com concussão excessiva ou peso excessivo. A sobrecarga de carboidratos está associada à sepse bacteriana6 e equinos que recebem rotineiramente em seu manejo alimentar grãos ou rações concentradas com altos níveis de carboidratos são particularmente susceptíveis de desenvolver graves quadros de laminite5. Causa determinante observada neste caso. De acordo com Day19 (2007) súbitas mudanças na dieta causam mudanças na proporção de diferentes populações bacterianas no intestino grosso de equinos, pôneis e jumentos e se as modificações envolvem a multiplicação dos tipos errados de bactérias ou são muito extremas e muito repentinas, pode haver libertação de endotoxinas, as quais podem provocar o efeito prejudicial nos vasos sanguíneos dos membros. As dietas que incentivam a fermentação
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intestinal incorreta e possuem maior risco de desenvolver laminite são aquelas que contêm açúcar prontamente disponível, pois contêm uma alta proporção de carboidratos que incentiva proliferação das bactérias erradas dentro do intestino. Isso porque durante sobrecarga de grãos o Streptococcus bovis (S. bovis) é o principal microorganismo responsável pela rápida fermentação de carboidratos em ácido láctico no intestino grosso. E na presença de substrato virtualmente ilimitado a população de S. bovis aumenta exponencialmente, possivelmente, S. bovis e um número de outras bactérias produzem fatores que desencadeiam laminite e conseguem cruzar a barreira mucosa do intestino grosso entrando na circulação sanguínea. Esses fatores atacam a membranas basais por todo o corpo, mas eles só causam prejuízos significativos às membranas basais lamelares por causa da relação singular do equídeos com o suporte de peso20. No caso descrito neste relato além de o animal receber uma dieta com grande quantidade de carboidratos, como a quirera, sua alimentação tinha mudança repentina, favorecendo a condição de laminite de acordo com as afirmações de Pollit20 (2003), Day19 (2007) e Stashak6 (2007), pois o proprietário fornecia napier picado durante um dia e no outro fornecia grande quantidade de quirera. Durante a execução do exame físico e exame específico verificou-se taquicardia, dor a palpação na região acima da coroa do casco, aumento da temperatura e presença de pulso, relutância ao movimentar-se, descolamento do casco do membro anterior direito com presença de secreção purulenta, andar arqueado com a cabeça baixa e claudicação grau quatro. Todas estas características coincidem com as descritas por Radostitis, et al.3 (2000) e Thomassian, et al.5 (2000), até o fato que todos cascos podem ser acometidos, porém há maior incidência nos membros anteriores3. Para o exame radiográfico da região distal dos membros, Parks21 (2009) indica que se devem incluir pelo menos três projeções, uma lateromedial, uma dorsopalmar, e uma dorsopalmar oblíqua. As projeções realizadas neste caso estão de acordo com as indicadas. E segundo Weaver e Barakzai 15 (2010) a posição Lateromedial (LM) possibilita uma visão ótima para avaliar o deslocamento da falange distal em laminite. Pollitt11 (2008) também afirma que além de rotação, a falange distal deve ser examinada na radiografia para verificar a remodela8•
ção óssea, fraturas na margem distal, osteólise e osteomielite. Estas modificações têm várias semanas para desenvolver-se após o início da laminite e quando presentes indicam que o cavalo está na fase crônica. Através dessas informações pôde-se confirmar o diagnóstico pela realização do exame radiográfico no qual se observou rotação, reabsorção e remodelação óssea da terceira falange no membro anterior direito (Figura 2). O tratamento médico recomendado, para os casos de laminite, deve ser destinado à analgesia e suporte adequado ao casco, baseado nos sinais clínicos que o animal apresenta e podem ser utilizados, fluidos intravenosos, antibióticos parenterais, medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) principalmente a fenilbutazona, flunexim meglumine ou cetoprofeno, soros hiperimunes ou plasma. Outros tratamentos preventivos incluem a heparina, aspirina, vasodilatadores como a acepromazina, crioterapia, casqueamento e ferrageamento corretivo, além da colocação do animal em uma baia com cama alta e fornecimento apenas de forragem/fibra na sua alimentação22,20,23,24,25,11. Belknap23 (2006) ainda relata que o tratamento sistêmico nos casos crônicos é essencialmente a analgesia que consistirá principalmente de terapia com fenilbutazona com doses de longo prazo, AINE de eleição utilizado durante o tratamento. E Moyer et al25 (2008) citam o uso da heparina por demonstrar melhora nos sinais de laminite causadas por sobrecarga de carboidratos, fato que desencadeou o desenvolvimento de laminite neste caso, Os medicamentos, doses e vias de administração utilizadas estão de acordo com as apresentadas nos trabalhos de Eades et al22 (2002), Pollitt20 (2003) e Moyer et al25 (2008). Apesar de ser descrito por Radostits, et al.3 (2000) que não existe tratamento eficaz para laminite crônica, neste relato foi utilizado fenilbutazona, flunexin meglumine, acepromazina, heparina, antibiótico e crioterapia que surtiram um resultado positivo, além do esperado. Segundo Previatti 26 (2012), a crioterapia como forma de profilaxia e terapêutica na laminite aguda visa diminuir a atividade metabólica e no relato apresentado demonstrou bastante eficácia. Foi recomendado ao proprietário a realização de casqueamento terapêutico e ferreageamento, além de repouso em baia com cama macia por 180 dias. Pois equinos com laminite traumática devem ser mantidos em
repouso em baia com cama espessa de areia ou maravalha de madeira macia3. O cuidado essencial com os cascos é o casqueamento e ferrageamento terapêutico. Ao considerar este cuidado há três objetivos para a terapia: estabilizar a falange distal dentro da cápsula do casco, controlar a dor, e incentivar o crescimento novo do casco para assumir a relação mais normal possível à falange distal14,27. Segundo Stashak6 (2006) a colocação de ferraduras tem um papel importante no tratamento da laminite, ela é projetada para dar pressão na ranilha, suportando assim a falange distal, a qual deve ser colocada cobrindo pelo menos dois terços do comprimento da ranilha. Porém Svendsen18 (1999) não recomenda o uso de ferraduras em coração e suportes para a ranilha em jumentos devido às diferenças relativas na anatomia da ranilha e da terceira falange, radiograficamente o ponto da ranilha está localizado aproximadamente 2 cm atrás da terceira falange, de modo que o seu apoio ou as ferraduras antes mencionadas agravariam a rotação, portanto se recomenda apenas o suporte da sola. E por isso neste caso foi indicado que o animal recebesse uma ferradura oval ou invertida. Conclusão Este relato de caso demonstra que a laminite crônica afeta tanto equinos como asininos, porém a bibliografia desta enfermidade em asininos é escassa e normalmente utiliza-se o mesmo tratamento para as duas espécies. O diagnóstico foi possível através do exame físico, anamnese e sinais patognomônicos desta doença, mas a radiografia foi fundamental para fechar o diagnóstico e constatar a rotação de falange e sua cronicidade. O tratamento realizado neste caso teve o resultado além do almejado, com total estabilização da condição apresentada pelo animal. ® Referências 1. CASTELIJNS, H. The laminitic/Foundered Horse, Better Shodor Barefoot? Proceedings of the 12th Congress on Equine and Medicine Surgery. Geneva, Suíça, p.115-118, 2012. 2. LINFORD, R.L. Laminite (aguamento). In: SMITH, B.P. Tratado de Medicina Veterinária Interna de Grandes Animais: Moléstias de Equinos, Bovinos, Ovinos e Caprinos. São Paulo, Manole, v.2, p.1149-1159, 1993. 3. RADOSTITS, O.M.; GAY, C.C.; BLOOD, D.C.; HINCHCLIFF, K.W. Clínica Veterinária. Um tratado de Doenças dos Bovinos, Ovinos, Suínos,
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Caprinos e Equinos. Laminite. 9.ed., p.1633-1638, 2000. 4. SILVA, B.E.B.; LIMA, A.P.; PAIVA, F.D.; JUNIOR, A.C.C.L.; DOUSA, T.M. Avaliação das alterações radiográficas da pododermatite asséptica difusa (laminite) crônica em um jumento - Relato de caso. IV Simpósio Internacional de Diagnóstico por Imagem Veterinário, Belo Horizonte, p.53-55, 2014. 5. THOMASSIAN, A.; NICOLETII, J.L.M.; HUSSNI, C.A.; ALVES, A.L.G. Patofisiologia e tratamento da pododermatite asséptica difusa nos equinos - (Laminite equina). Rev. Educ. contin. CRMV-SP, São Paulo, v.3, faz.2, p.16-29, 2000. 6. STASHAK, T.S. Lameness in the Extremities. Adams and Stashack’s Lameness in Horses, 6.ed., Wiley-Blackwell, 2011. 7. FRALEY, B.T. Treatment Options for Acute and Chronic Laminitis. Proceeding of the NAVC North American Veterinary Conference. Orlando, Florida. Jan., p.121-122, 2007. 8. PINTO, L.F.; ALMEIDA, B.M. Abordagem Hometerápica em Caso Clínico de Laminite em Equinos. Homeopatia Brasileira, v.7, n.2, p.55-59, 2001. 9. VERONEZI, G.; GANTHOUS, E.; JUNIOR, O.P.S.; ZAPPA, V. Laminite Equina. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária. Ano VI, n.11, 2008. 10. FÜRST, A.E; LISCHER, C.J. Foot. In: AUER, J.A.; STICK, J.A. Equine Surgery. 4.ed., Editora St. Louis, Missouri. Saunders, p.1294, 2012. 11. POLLITT, C.C. Chronic Laminitis, the Hidden Danger. Proceedings of the European Society of Veterinary Orthopaedics and Traumatology. Mu-
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nich, Germany. Sep., p.273-276, 2008. 12. DYSON, S.J. Diagnosis of Laminitis. In: ROSS, M.W.; DYSON, S.J. Diagnosis and Management of Lameness in the Horse. Missouri. Saunders, p.329, 2003. 13. STASHAK, T.S. Claudicação em Equinos, Segundo Adams; 5.ed., Editora Roca, São Paulo, p.603618, 2006. 14. O’GRADY, S.E.; PARKS, A. Farriery Options for Acute and Chronic Laminitis. Proceedings of the 54th Annual Convention of the American Association of Equine Practitioners. San Diego, California. Dec., p.354-363, 2008. 15. WEAVER, M.; BARAKZAI, S. Handbook of Equine Radiography. Editora Saunders, p.20, 2010. 16. STASHAK, T.S. Claudicação em Equinos, Segundo Adams, 4.ed., Editora Roca, São Paulo, p.50351, 1994. 17. HUNT, R.J. Management of Chronic Laminitis. Proceedings of the 12th International Congress of the World Equine Veterinary Association - WEVA. Hyderabad, India. Nov. 2011. 18. SVENDSEN, E.D. Manual Profesional Del Burro. 3.ed., Editora Whittet Books. México. p.78, 1999. 19. DAY, C. Laminitis. Alternative Veterinary Medicine Centre - Article WS130/07, 2007. 20. POLLITT, C.C. Laminitis. In: ROSS, M.W.; DYSON, S.J. Diagnosis and Management of Lameness in the Horse. Missouri. Saunders, 2003. 21. PARKS, A. Acute and Chronic Laminitis - An Overview. Proceedings of the American Associati-
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no tendão extensor carpo radial por Dermatobiose em potro da raça Quarto de Milha: relato de caso
FONTE: ARQUIVO PESSOAL (2015)
“Infectious tenosynovitis the tendon extender radial carpal by dermatobiosis in Quarter Horse foal: case report” “Tenosinovitis infecciosa del tendón extensor del carpo radial por dermatobiosis en el Barrio El potro del caballo: presentación de un caso”
Figura 1: Imagem préoperatória do potro relatado no caso clínico cirúrgico ...............................................
Ana Claudia Venério Bardini (anaclaudiabardini2@hotmail.com) Acadêmica de Med. Vet. do Centro Universitário Barriga Verde/ UNIBAVE - SC Murilo Farias Rodrigues (mf_rodrigues009@yahoo.com.br) Prof. Mestre do Curso de Med. Vet. do Centro Universitário Barriga Verde/UNIBAVE - SC William Timboni Teixeira* (williamtimboni@hotmail.com) M.V., Esp. Equiservice Veterinária Ltda - Clínica e Central de Reprodução Equina - SC Luiz Fernando Schuch (luizfschuch@hotmail.com) Prof. Especialista do Curso de Med. Vet. da Univ. do Sul de Santa Catarina/UNISUL - SC Guilherme Vilvert Jr. (guilhermejr.mv@hotmail.com) Prof. Especialista do Curso de Med. Vet. da Fund. Univ. Regional de Blumenau/FURB - SC * Autor para correspondência
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RESUMO: Relata-se um caso de tenossinovite infecciosa no tendão extensor carpo radial por dermatobiose (Dermatobia hominis) em um potro da raça Quarto de Milha. A queixa principal era aumento de volume na região dorsal da articulação do carpo no membro anterior esquerdo, com dor e calor. Realizada avaliação e tratamento clínico instituído pelo médico veterinário, não houve melhora no quadro. Com base no histórico e sinais clínicos juntamente com o exame complementar ultrassonográfico foi diagnosticada a afecção tenossinovite infecciosa, assim optou-se pelo tratamento cirúrgico. Após quarenta e cinco dias do ato cirúrgico não evidenciou processo inflamatório na região tendínea manipulada cirurgicamente. Unitermos: Tenossinovite séptica, bainha tendínea, dermatobiose, Dermatobia hominis ABSTRACT: We report a case of infectious tenosynovitis in extensor tendon carpi radial by dermatobiosis (Dermotobia hominis) in a foal Quarter Mile race. The main complaint was swelling in the dorsal region of the carpal joint on the left forelimb, with pain and heat. Held assessment and clinical treatment by the veterinarian, there was no improvement in picture. Based on the history and clinical signs along with the complementary sonographic examination was diagnosed infectious tenosynovitis condition, so we opted for surgical treatment. After forty-fifth day of surgery showed no inflammation in the tendon area surgically manipulated. Keywords: Septic tenosynovitis, tendon sheath, dermatobiosis, Dermatobia hominis RESUMEN: Presentamos un caso de tenosinovitis infecciosa en el tendón extensor del carpo radial por dermatobiosis (Dermatobia hominis) en una carrera potro Cuarto de Milla. La queja principal fue la hinchazón en la región dorsal del carpo en la extremidad anterior izquierda, con dolor y calor. La evaluación y el tratamiento clínico en manos de un veterinario, no hubo mejoría en la imagen. Sobre la base de la historia y los signos clínicos junto con el examen de ultrasonido adicional fue diagnosticado tenosinovitis infecciosa, así que optamos por el tratamiento quirúrgico. Después de cuarenta y cinco días de la cirugía no mostró inflamación en el área del tendón manipulado quirúrgicamente. Palabras clave: Tenosinovitis séptico, vaina del tendón, dermatobiosis, Dermatobia hominis
Introdução A tenossinovite popularmente conhecida como “ova” é uma inflamação da membrana sinovial da bainha tendínea com comprometimento da camada fibrosa associada1,2,4,8. Segundo Barnabé1 (2004) as bainhas tendíneas (BTs) são sacos fechados revestidos por membrana sinovial que secretam líquido sinovial (LS). São encontradas circundando os tendões sempre que há aumento de fricção ou mudan-
ça de direção na tração dos mesmos sobre uma articulação. As bainhas tendíneas possuem como funções proteger o tendão por ela envolvido da pressão restritiva e fricção durante os movimentos de flexão e extensão dos membros, bem como propiciar uma superfície uniforme que contenha líquido internamente com a função de auxiliar a estrutura tendínea, desempenhar ações de contração e relaxamento sem
pousando sobre folhas até que a postura dos ovos seja iminente, quando captura um inseto (em geral um mosquito) no qual fixa um lote até de 25 ovos na parte inferior do tórax ou abdome. Enquanto está fixada a esse hospedeiro transportador, a larva de primeiro estágio (L1) se desenvolve dentro do ovo por volta de uma semana, mas não eclode até que o inseto pouse em um animal de sangue quente para se alimentar. As L1(s) eclodem em resposta ao aumento súbito da temperatura gerado pelo corpo do hospedeiro, penetram então na pele (em geral através da abertura feita pelo transportador) e migram para o tecido subcutâneo, onde se desenvolvem até larva de terceiro estágio (L3) e respiram através de uma perfuração cutânea3,9. As larvas não se deslocam e após uma semana de parasitismo, a larva aumenta em oito vezes o seu tamanho, podendo permanecer por até 40 dias ou mais na pele do hospedeiro, crescendo de forma contí-
nua. Os pequenos espinhos que recobrem o corpo da larva causam incômodos e dor ao hospedeiro quando o berne se movimenta na região instalada. Caso a larva morra antes de terminar seu ciclo, o orifício por onde havia respiração fecha e o nódulo presente sob a pele pode ser absorvido ou não pelo organismo do hospedeiro3,5,9. Relato de Caso O relato trata-se de um potro da raça Quarto de Milha, linhagem de trabalho, com um ano e seis meses de idade (Figura 1) que tinha queixa principal de um aumento de volume na região dorso lateral da articulação do carpo de membro anterior esquerdo (MAE) (Figura 2). Na avaliação clínica e do aparelho locomotor não apresentava claudicação no membro afetado. Manifestava dor ao movimento de flexão das articulações rádio-cárpica, intercárpica e carpo metacárpica, ou seja, havia limitação no
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FONTE: ARQUIVO PESSOAL (2015)
comprometimento de suas fibras. O problema na tenossinovite manifesta-se pela distensão da bainha tendínea pela efusão sinovial, que se apresentam comumente como um aumento de volume flutuante devido à hipersecreção de líquido sinovial, discretamente quente e dolorosa na forma aguda, e sem calor e dor na forma crônica1,7,8,10. Essas inflamações geralmente são produzidas por trabalhos exagerados e exercícios inadequados e extenuantes, associados ou não a defeitos de aprumos. As principais bainhas tendinosas atingidas são das regiões cárpica, pré-cárpica, dos sesamoides proximais, társica, pré-társica, cuneana, calcânea, metacarpo falangeana e metatarso falangeana2,4,8,10. Existem vários tipos de tenossinovite nos equinos, sendo estas classificadas como: idiopática, aguda, crônica e séptica (infecciosa). No presente relato a causa da tenossinovite foi séptica, esta é caracterizada por intensa efusão sinovial, dor, calor, inchaço, claudicação grave e com produção de líquido sinovial supurativo. Como em artrite séptica, a tenossinovite séptica pode resultar de infecção hematógena, iatrogênica ou trauma (perfurações e lacerações)2,8. O processo inflamatório grave causa deposição de fibrina que pode progredir rapidamente para formação de aderências. Além disso, enzimas lisossomais liberadas pelo processo inflamatório podem digerir a substância tendínea. Segundo Stashak8 (2006) o diagnóstico é confirmado pela análise do líquido sinovial. O líquido pode ser serosanguinolento ou purulento. A concentração de proteína estará acima de 3g/dL e a contagem de leucócitos é em geral acima de 30.000/ mm3. Além disso, para o auxílio da confirmação do diagnóstico pode ser realizado o exame complementar ultrassonográfico que permite uma avaliação mais detalhada das estruturas tendíneas, ligamentosas e superfícies ósseas6,7,11. A ocorrência de tenossinovite no potro do presente relato foi de causa infecciosa por dermatobiose. De acordo com Bowman3 & Taylor9 (2010) esta é uma infecção causada pela larva da mosca Dermatobia hominis, conhecida no Brasil pelo nome popular de “mosca varejeira”. Desenvolvese no tecido subcutâneo de diversos mamíferos domésticos e animais silvestres, assim como também nos seres humanos e muitos tipos de aves. A mosca adulta não se alimenta, sua nutrição é derivada de reservas acumuladas durante o estágio de larva. A fêmea tem hábitos sedentários, re-
Figura 2: Imagem indicando aumento de volume na região dorso lateral da articulação do carpo de membro anterior esquerdo - MAE (seta amarela)
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Figura 3: Imagens do exame complementar ultrassonográfico. a) Tendão extensor carpo radial aspecto longitudinal evidenciando o “berne” na região subcutânea. b) Bainha e tendão extensor carpo radial no aspecto longitudinal demonstrando o alojamento do “berne” dentro da bainha tendínea e formação de aderências. c) Tendão extensor carpo radial no aspecto transversal evidenciando o “berne” na região dorsal e externa a bainha tendínea
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arco do passo ao se locomover, especificamente ao trote e galope. Na palpação direta do aumento de volume na região cárpica evidenciou presença de uma bolsa formada na bainha tendínea do tendão extensor carpo radial com aspecto flutuante e presença de líquido em seu interior. Na região de formação da bolsa apresentava aumento de temperatura. Como tratamento inicial o médico veterinário clínico optou pela drenagem do líquido contido na bainha tendínea (tenocentese) e infiltração de corticosteroide (triancinolona) e pomadas antiflogísticas e anti-inflamatórias com objetivo de reduzir o processo inflamatório da bainha afetada. Nos primeiros três dias após o início do tratamento houve evolução do quadro clínico e diminuição do processo inflamatório regional. No sexto dia após os procedimentos terapêuticos realizados iniciou a formação novamente do aumento de volume na região dorsal da articulação do carpo com retorno da sensibilidade no movimento de flexão articular. Com o retorno dos sinais clínicos o médico veterinário clínico optou pela realização do exame complementar ultrassonográfico da bainha tendínea e do tendão extensor carpo radial. No exame ultrassonográfico evidenciou a presença de duas imagens com ecogenicidade distintas da região escaneada (Figura 3). Na primeira delas (Figura 3a e 3c) a região dorsal e externa da bainha tendínea foi detectado uma estrutura circular de aproximadamente 10 mm de comprimento por 5 mm de largura com bordas anecoicas e em seu interior áreas de hiper e hipoecogenicidade, estrutura esta semelhante a um “berne” alojado no subcutâneo da região lateral ao tendão extensor carpo radial. Na segunda imagem (Figura 3b) observou uma estrutura novamente circular (aproximadamente 5 mm de comprimento e 2 mm largura) com regiões hipo e hiperanecoicas internamente a bainha tendínea do tendão extensor carpo radial. A estrutura semelhante a outro “berne” apresentou com aspecto de aderência na bainha tendínea e no tendão citado anteriormente. Também nesta imagem pode perceber acúmulo de líquido (área anecoica) na bainha tendínea. Após a realização do exame complementar ultrassonográfico em conjunto com a avaliação clínica específica do aparelho locomotor confirmou o diagnóstico de tenossinovite com dermatobiose na bainha tendínea do tendão extensor carpo radial. Com dados coletados na avaliação clínica e do exame ultrassonográfico optou-se pelo tratamento cirúrgico.
Figura 4: Imagem evidenciando o potro em decúbito lateral no trans-cirúrgico .....................................................................................................................................................................
Para o tratamento cirúrgico foi realizado um exame sanguíneo prévio (hemograma completo) para avaliação do estado clínico do animal que iria ser submetido a uma anestesia geral inalatória. No procedimento anestésico foi utilizado xylazina 10% para medicação pré-anestésica, a indução foi realizada com éter gliceril guaiacol (EGG) e ketamina e a manutenção com anestésico inalatório isoflurano. O potro foi reposicionado na mesa cirúrgica em decúbito lateral direito (Figura 4) devido ajuste da posição do membro anterior esquerdo para o procedimento cirúrgico. Tomou cuidados de antissepsia na região a ser explorada cirurgicamente. A técnica cirúrgica desenvolvida nesta
caso clínico teve por objetivo a abertura da bainha tendínea do presente tendão extensor com a finalidade de exploração e tenotomia parcial devido as aderências formadas na junção do parasita com a fibra tendínea. Ao início do procedimento cirúrgico realizou duas incisões de pele (Figura 5a e 5b) (aproximadamente 80 mm) na região afetada, uma na porção medial e outra na porção lateral e dorsalmente a bainha tendínea do tendão extensor carpo radial. Após as incisões de pele foi realizado a divulsão dos tecidos conjuntivos adjacentes e na incisão lateral processou a abertura da bainha tendínea para exploração a retirada da estrutura (berne) interna a ela. Como o “berne” estava aderido à bainha o tendão foi
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cando no estágio larval deste parasita que é realizado no hospedeiro. Este controle proporciona redução dos prejuízos na produção, entretanto deixa resíduos no ambiente e nos animais. Os produtos químicos podem ser aplicados no dorso do animal, podendo ser através de banhos, nas formas parenteral, subcutânea e oral. O caso clínico abordado devido ser o único relato descrito no Brasil e raro a localização do “berne” na bainha tendínea e sem respostas ao tratamento clínico tornou-se um desafio para a equipe cirúrgica, porém a associação nas condutas clínicas e cirúrgicas adotadas no presente caso beneficiou na resolução completa do problema relatado. ®
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Figura 5: Imagens do trans-cirúrgico. a) Imagem evidenciando o “berne” alojado no interior da bainha tendínea do tendão extensor carpo radial. b) Imagem demonstrando o “berne” na região medial e subcutânea. c) “Bernes” retirados no procedimento cirúrgico. d) Suturas de pele nas incisões medial e lateral .....................................................................................................................................................................
seccionado em conjunto com um “flap” do tecido tendíneo (Figura 5c - seta), porém sem comprometimento do mesmo para sua função. Após a retirada dos “bernes” realizou a drenagem do líquido em excesso da bainha tendínea e administrou em seu interior de 24 mg de triancinolona, com o objetivo de prevenir e reduzir o processo inflamatório da região manipulada cirurgicamente. Foi realizada sutura da bainha tendínea em padrão contínuo com fio absorvível nº 3-0 e sutura de pele com fio inabsorvível nº 0 (Figura 5d). Como conduta terapêutica no pós-operatório foi utilizado como antibiótico cloridrato de ceftiofur (3 mg/kg) por sete dias e analgésico e anti-inflamatório fenilbutazona (4,4 mg/kg) por cinco dias e realizado curativos diários com bandagem. Como tratamento de suporte e fisioterápico no quinto dia de pós-operatório iniciou-se caminhadas diárias (30 minutos) com o animal. Em nenhum momento no pós-cirúrgico o potro apresentou claudicação. A retirada da sutura de pele foi realizada no décimo dia após o procedimento cirúrgico e o presente animal teve alta clínica e cirúrgica no décimo quinto dia. A recomendação repassada ao
proprietário foi de manter o potro em baia por mais 20 dias e continuar realizando caminhadas diárias. Na reavaliação clínica após 45 dias do ato cirúrgico não evidenciou processo inflamatório na região operada e não manifestou sensibilidade dolorosa no movimento de flexão da articulação do carpo. Discussão e Conclusão As afecções das bainhas tendíneas dos equinos ainda são pouco estudadas, embora já tenham sido descritos vários tipos de tenossinovites e diversos autores tenham relatado suas graves implicações e consequências4,5,8. A dificuldade de cura de cavidades cronicamente infectadas, que respondem pobremente à irrigação e drenagem geram um prognóstico de recuperação reservado ou desfavorável, este pode se tornar favorável exclusivamente quando se inicia uma conduta terapêutica precoce11. Na América Central e Sul a larva Dermatobia hominis representa uma praga de extrema importância para os mamíferos domésticos. Sendo assim, é importante a prevenção, realizando o controle da mosca, podendo ser feito através de produtos químicos, fo-
FONTE: ARQUIVO PESSOAL (2015)
AGRADECIMENTOS: Agradecemos a equipe cirúrgica do Hospital Veterinário do UNIBAVE
Referências 1. BARNABÉ, P.A.; CATTELAN, J.W.; CADIOLI, F.A. Anatomofisiologia da bainha tendínea sinovial digital dos equinos. Ciência Rural, Santa Maria, v.34, n.2, p.619-623, mar. 2004. 2. BERTONE, A.L. Infectious tenosynovitis. Veterinary Clinics of North America: Equine Practice, Philadelphia, v.11, n.2, p.163-176, 1995. 3. BOWMAN, D.D. Parasitologia Veterinária, 9.ed., Rio de Janeiro: Elsevier, 2010, 432p. 4. HARDY, J. Diseases of soft tissue. In: Kobluk, C.N.; Ames, T.R.; Geor, R.J. The Horse: Diseases and Clinical Management. Philadelphia: Saunders, 1995, cap.38, p.791-814. 5. HONNAS, C.M. et al. Septic tenosynovitis in horses: 25 cases (1983-1989). Journal of American Veterinary Medical Association, Schaumburg, v.199, n.11, p.1616-1622, 1991. 6. McILWRAITH, C.W. Synovial fluid analysis in the diagnosis of equine joint disease. Equine Practice, Santa Barbara, v.2, n.2, p.44-48, 1980. 7. NIXON, A.J. Musculoskeletal disorders of the feet and tendons. In: White II, N.A.; Moore, J.N. Current Practice of Equine Surgery. Philadelphia: Lippincott, 1990, cap.88, p.451-455. 8. STASHAK, T.S. Claudicação em Equinos: Segundo Adams, 5.ed., São Paulo: Roca, 2006, 1112p. 9. TAYLOR, M.A.; COOP, R.l.; WALL, R.l. Parasitologia Veterinária. 3.ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010, 742p. 10. VAN PELT, R.W. Tenosynovitis in the horse. J Am Vet Med Assoc 1969; 154; 1022. 11. WALLACE, C.E. Chronic tendosynovitis of the extensor carpi radial is tendon in the horse. Aust Vet J, 1972, 48, 585p.
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de cartilagem alar da falange distal calcificada: relato de caso “Fracture of ossified alar cartilage of the distal phalanx: case report” “Fractura de cartílago alar de la falange distal calcificada: reporte de un caso” Rodrigo Francisco de Salles* (rodrigo.f.desalles@gmail.com) Programa de aprimoramento profissional em clinica médica e cirúrgica de Grandes Animais. Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP Halim Atique Netto, Bruno Fornitano Cholfe, Guilherme Gonçalves F. Santos, Igor Augusto Andreta Paiola, João Morelli Junior, Docentes, Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP Betsabéia Heloisa G. Milani, Felipe de Oliveira Fraga, Gustavo Gonzales M. Corrêa, Luciana Clausen da Silva, Tarima Baratta Colla Programa de aprimoramento profissional em clínica médica e cirúrgica de Grandes Animais. Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP Stephanie Fernandez Docente, responsável pelo Laboratório de Diagnóstico por imagem - UNIRP * Autor para correspondência
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RESUMO: As cartilagens alares da falange distal, também chamadas de cartilagens laterais da falange distal, exercem funções de apoio e auxílio no retorno sanguíneo das regiões distais. Essas cartilagens podem calcificar devido vários fatores fisiológicos ou ambientais. A calcificação não causa nenhum problema ao animal, mas a fratura dessa cartilagem calcificada pode causar claudicação. O objetivo desse trabalho é mostrar alguns fatores que influenciam essa condição e um relato de caso de uma égua que apresentou fratura da cartilagem alar da falange distal. Unitermos: claudicação, equino, podal, radiografia ABSTRACT: The alar cartilages of the distal phalanx, also called lateral cartilages of the distal phalanx, perform support functions and assistant in blood return from distal regions. These cartilages can be ossified by many physiological or environmental factors. The ossification may cause no problem for the animal, but the fracture of the ossified cartilage may cause lameness. the objective of this work is to show some factors the influence this condition and a case report of a mare that presented fracture of ossified alar cartilage of distal phalanx. Keywords: lameness, equine, podal, radiography RESUMEN: Los cartílagos alares de la falange distal, también llamados cartílagos laterales de la falange distal, tienen funciones de apoyo y asistencia en el retorno de la sangre de las regiones distales. Estos cartílagos se calcifican debido a diversos factores fisiológicos o ambientales. La calcificación hay daño a los animales, pero las fracturas que calcifica dos cartílago puede causar cojera. El objetivo de este trabajo es mostrar algunos de los factores que influyen en esta condición y un reporte de caso de una yegua que presentó la fractura del cartílago alar de la falange distal. Palabras clave: cojera, equino, pie, radiografía
Introdução As cartilagens alares da falange distal são responsáveis pelo suporte na porção palmar/plantar do membro, dissipando as pressões de impacto com o solo e estão envolvidas com o retorno venoso do dígito. Essas cartilagens estão conectadas às estruturas adjacentes, como os coxins digitais, falanges proximais, médias e distais, e osso sesamoide distal por pequenos ligamentos3. Essas cartilagens contornam e dão continuidade aos processos palmares das falanges distais, ficam contra a parede interna do casco, mas suas bordas proximais são livres, subcutâneas e palpáveis de cada lado da articulação interfalângica proximal2. De acordo com Stashak (2006), a calcificação das cartilagens alares da falange distal é comum em algumas raças de equinos. Os membros torácicos parecem ser mais comumente envolvidos do que os membros pélvicos, e a importância clínica dessa condição é questionável.
Segundo Auer e Stick (2006), em cavalos pesados, essa condição é um achado radiográfico comum, sendo considerada até corriqueira no processo de envelhecimento. Entretanto, essa condição já foi encontrada em cavalos jovens que ainda não foram iniciados no trabalho. A calcificação da cartilagem alar da falange distal normalmente se inicia na base da cartilagem se estendendo proximalmente, ou pode se originar de centros separados de calcificação. Calcificação da cartilagem lateral é frequentemente mais extensa do que a medial, apesar da herdabilidade de calcificação em cavalos finlandeses (Finnhorses) é similar em ambas as cartilagens3. Essa afecção vem sendo estudada na Europa por 170 anos. Witte (1906) relatou a prevalência de 94% em cavalos de tração que trabalhavam caminhando e trotando em superfícies rígidas nas cidades. A alta herdabilidade dessa condição é bem conhecida em diferentes raças e o tradicional exame de casco pela
oblíquas (DLPM e DMPL). Dos 49 cavalos, 42 (86%) possuíam pelo menos uma alteração radiográfica, sendo que todos os 42 apresentavam calcificação das cartilagens alares da falange distal. Segundo Thomassian (1996), a osteíte da falange distal pode ocasionar a ossificação das cartilagens alares, que deprecia esteticamente o animal. Visualmente, um aumento de tamanho das dimensões lateral e medial da região da quartela pode ser reconhecido se o processo de ossificação for extenso. Se a ossificação envolver a extensão proximal da cartilagem, a palpação revelará uma firmeza óbvia da cartilagem. Essa calcificação pode acompanhar outras claudicações associadas com a região caudal dos talões e pode ser confundida como causa. Porém, essa dor pode se originar de projeções axiais das cartilagens ungueais que se estendem na direção da linha média e apresentam um abundante suprimento de nervos sensoriais8. A calcificação das cartilagens alares da falange distal normalmente é um achado radiográfico acidental, claudicação relacionada a essa calcificação é difícil de confirmar. Se a calcificação de estender à altura da articulação interfalângica proximal, pode ser associada a um encurtamento da passada no trote6,8.
É importante correlacionar os achados radiográficos com os sinais da dor. Foi relatado que fratura dessa cartilagem calcificada causa mais sinais de claudicação aguda. Porém, fraturas proximais dessas calcificações não devem ser confundidas com centros separados de calcificação. Pequenos fragmentos proximais podem ser removidos cirurgicamente, mas nenhuma tentativa deve ser feita para remoção de grandes fragmentos1,6,8. Um bloqueio perineural do nervo digital palmar deve aliviar os sinais de claudicação, se essa for a sua causa verdadeira8. Relato de Caso No dia 10/4/2014, foi atendido no hospital veterinário Dr. Halim Atiquedo Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP em São José do Rio Preto, uma égua de 4 anos da raça quarto de milha que era utilizada para provas de tambor, com queixa de claudicação no membro torácico direito. O proprietário relata não ter feito nenhum tipo de medicação e encaminhou o animal ao hospital veterinário assim que foi observada a claudicação Foi realizado exame de claudicação como é descrito por Stashak (2006), onde em repouso o animal não apresentou nenhuma anormalidade, mas apresentou elevação
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palpação, através do tempo vem sendo complementada pela radiografia, cintilografia e ressonância magnética4. O desenvolvimento precoce da cartilagem foi descrita por Bragulla (1999). Essa cartilagem é hialina ao nascimento, mas vão gradativamente se modificando em cartilagem fibrosa, essas cartilagens devem se adaptar à carga de trabalho, peso corpóreo e conformação, resultando em cartilagens mais extensivas. É sugerido que o tamanho do casco e do corpo, peso, carga de trabalho e ambiente são fatores relacionados à calcificação dessas cartilagens. Por décadas, associações de criadores de diferentes raças na Suécia e Noruega tem excluído garanhões com altas taxas de calcificação dessa cartilagem. Uma associação de criadores (Cavalos Ardenais), recentemente cessou a avaliação de calcificação de cartilagem alar da falange distal na avaliação de seus garanhões desde que Tullberg e Wattle (2008) mostraram que pelo menos 80% dos cavalos apresentavam calcificação dessa cartilagem, apesar dos 70 anos de seleção para diminuir esses índices na população. Além disso, foi demonstrado que a calcificação dessa cartilagem, a não ser que esteja fraturada, não causa claudicação nos Cavalos Ardenais4,5. Um estudo com 21 Finnhorses, Ruohoniemi et al (2004), sugere que 4 dos cavalos apresentaram calcificação de cartilagem alar da falange distal. Dyson e Nagy (2011), relatam importante associação entre a cartilagem extensamente calcificada a afecções em ligamento colateral e falange distal. Os autores propuseram que uma possível significância clínica dessa calcificação foi encontrada em 13% dos 462 casos. Um estudo realizado por Souza et al (2005), foram avaliados radiograficamente 49 cavalos, sendo 25 (51%) mestiços de Bretão, 21 (43%) da raça Mangalarga ou mestiços desta e 3 (6%) da raça Campolina, com idades entre 5 e 12 anos. Esses animais eram utilizados para cavalgadas recreativas, reprodução e trabalhos de campo. Os exames radiográficos foram realizados na região distal dos membros torácicos, a partir da articulação metacarpofalângica incluindo as interfalângicas proximal e distal, nas projeções Latero-medial, dorso-palmar e as
Figura 1: pode-se visibilizar ambas as cartilagens calcificadas, sendo a lateral com maior calcificação e linha sugestiva de fratura
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de cabeça no trote ao apoiar o membro torácico direito no solo. No pinçamento do casco o animal apresentou dor ao pinçar o terço central da ranilha junto do talão lateral do membro torácico esquerdo. Animal também apresentou dor nos teste de flexão das articulações interfalângicas e no teste da cunha. Optou-se pelos bloqueios anestésicos perineurais, onde se bloqueou a bursa do navicular e abaxial. No bloqueio da bursa do navicular houve pouca redução da dor, enquanto no bloqueio abaxial a dor diminuiu significativamente. Foi realizado exame radiográfico como é descrito por Thrall (2013), utilizando as projeções dorso-palmar e dorso-proximal palmarodistal (Figura 1) da região interfalângica, foi possível visibilizar radiopacidade em ambas as cartilagens colaterais da falange distal, indicando calcificação de ambas, e na cartilagem lateral foi visibilizado uma linha radiolucente, sugestiva de fratura. O osso sesamoide distal e falange distal não apresentaram nenhuma alteração que pudesse ser visibilizada.
cesso natural de envelhecimento, mas também sofre influências de outros fatores, como peso do animal, conformação, tipo de trabalho e predisposição genética. Por ser um processo natural não deveria causar dor nem desconforto, a não ser que ocorra fratura. Essa fratura pode ser facilmente confundida clinicamente com outras afecções podais. Por isso a importância de uma suspeita a partir do exame físico onde o diagnóstico radiográfico corrobora com a confirmação do diagnóstico. ®
Foi prescrito tratamento como descrito por Auer e Stick (2006), que consiste em repouso, restrição de espaço e ferrageamento com ferradura fechada com o intuito de estabilizar o casco do animal. No dia 6/5/2014 o animal voltou ao hospital veterinário para retorno. Todos os exames realizados no dia 10/4/2014 foram repetidos, o animal não apresentou mais dor no pinçamento e a claudicação diminuiu consideravelmente. No exame radiográfico foi visibilizado calcificação da região fraturada (Figura 2). No dia 16/6/2014 o animal teve outro retorno, no qual não apresentou nenhum sinal de claudicação e foi liberado o seu retorno às atividades atléticas.
Referências 1. AUER, J.A.; STICK, J.A. Equine Surgery. Philadelphia: Saunders, 2006, 3.ed.
Conclusão
2. DYCE, K.M.; SACK, W.O.; WENSING, C.J.G. Tratado de Anatomia Veterinária. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1997, 2.ed.
A cartilagem alar da falange distal é uma estrutura de suma importância, pois ela realiza o preenchimento do casco ajudando no conforto do animal ao se locomover e é responsável em ajudar o retorno sanguíneo nas porções mais distais dos membros. Como vários estudos nos demonstraram, a calcificação dessa cartilagem é um pro-
3. DYSON, S.J.; MURRAY, R.C. Injuries Associates with Ossification of the Cartilages of the Foot. Proceedings of the Annual Convention of the AAEP, Baltimore, MD, USA, 1020. 4. HEDENSTROM, U.O.; OLSSON, U.; HOLM, A.W.; WATTLE, O.S. Ossification of Ungular Cartilages in Front Feet of Cold-Blooded Trotters - a Clinical Radiographic Evaluation of Development Over Time, Acta Veterinaria Scandinavica, 2014.
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5. HEDENSTROM, U.O.; WATTLE, O.S. Significance of Ossificated Ungular Cartilages Regarding the Performance of Cold-Blooded Trotters, Acta Veterinaria Scandinavica, 2014.
Figura 2: Radiografias do retorno, onde havia a fissura há ossificação .....................................................................................................................................................................
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6. ROSS, M.W.; DYSON, S.J. Diagnosis and Management of Lameness in the Horse. Missouri: Saunders, 2003. 7. SOUZA, P.C.; SOUZA, M.V.; ARANZALES, J.R.M. HADDAD, M.A. Achados radiográficos na região distal dos membros torácicos de eqüinos sem histórico de patologia locomotora. REVISTA CERES, Viçosa, MG: Universidade Federal de Viçosa, v.52, n.302, p.509-516, jul./ago. 2005. 8. STASHAK, T.S. Claudicação em Equinos. São Paulo: ROCCA, 5.ed., 2006. 9. THOMASSIAN, A. Enfermidades dos Cavalos. São Paulo: Livraria Varela Ltda., 3.ed., 1996. 10. THRALL, D.E. Textbook of Veterinary Diagnostic Radiology. Missouri: Saunders, 6.ed., 2013.
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Proteína Antagonista de Receptor de Interleucina-1 IRAP: Interleukin-1 receptor antagonist protein IRAP: Proteína antagonista del receptor de la interleuquina-1 Ana Paula Ackel Pinto Monteiro* (pittyamonteiro@gmail.com) Graduanda da Escola de Medicina Veterinária da Universidade Anhembi Morumbi - São Paulo Prof. Giancarlo Bonagura Docente, Med. Vet. Univ. Anhembi Morumbi, mestre em Ciências pela Univ. de São Paulo, pós-graduado em Sanidade dos Animais de Produção pela Univ. Est. Paulista (UNESP) e também em Med. Vet. Legal (INBRAPEC) * Autora para correspondência
RESUMO: A osteoartrite é uma doença que tem como característica a degeneração lenta e progressiva da cartilagem articular. Essa degeneração ocorre devido à um desequilíbrio dos condrócitos, causada por algum tipo de lesão, que causa produção de mediadores inflamatórios e catabólitos, como a interleucina-1, que uma vez amplificados causam destruição gradual da matriz da cartilagem. IRAP é um novo método que está sendo utilizado para tratamentos de osteoartrite, pois este interrompe o ciclo da inflamação, impede a degradação da matriz da cartilagem e traz conforto ao animal. Esta revisão de literatura estudou como o IRAP causa seu efeito benéfico, forma de obtenção, cuidados, e atuações do mesmo. Unitermos: osteoartrite, IRAP, interleucina, inflamação ABSTRACT: The osteoarthritis is a disease characterized by a slow and progressive articular cartilage degeneration. This degeneration happens due to an imbalance of the chondrocytes caused by lesion, and can result in inflammatory and catabolites mediators production, like interleukin-1, which cause gradual destruction in cartilage matrix when increased. A new method of treatment is beginning to be used: the IRAP (Interleukin Receptor Antagonist Protein) can interrupt inflammation cycle, prevent the cartilage matrix degradation, and allow some comfort to the animal. This literature review studied how IRAP cause its beneficial effect, way to obtain, care, and performances. Keywords: osteoarthritis, IRAP, interleukin, inflammation RESUMEN: La osteoartritis es una enfermidad cuyas características la degeneración lenta y progresiva de la cartílago articular. Esta degeneración se produce debido un desequilíbrio de los condrocitos, causada por algún tipo de lesión, lo que provoca la producción de catabolitos y mediadores inflamatorios, tales como interleuquina-1, una vez amplificada causa destrucción gradual de la matriz del cartílago. IRAP es un nuevo método que se utiliza tratamientos para la osteoartritis, ya que esto interrumpe el ciclo de la inflamación, prevenir la degradación de la matriz del cartílago y llevarla comodidad para el animal. Esta revisión del literatura, estudió como el IRAP provoca um efecto beneficioso, forme de obtener, los cuidados, e rendimento de lo miesmo. Palabras clave: osteoartritis, IRAP, interleuquin, inflamación
INTRODUÇÃO A cartilagem articular trata-se de uma das principais estruturas que compõe as articulações com grande amplitude de movimento. Esta tem a função de dissipar e transmitir forças que são aplicadas nas superfícies articulares, trabalhando como “amortecedor de choques”, e promovendo um deslizamento adequado das superfícies ósseas, evitando danos aos ossos subjacentes1. As lesões nas cartilagens são classificadas em diferentes graus, sendo o grau 0 uma cartilagem normal, e o grau 5 lesões mais profundas, com exposição do osso subcondral2. Por conta da condição avascular da cartilagem, a capacidade de cicatrização da mesma é limitada. A lesão concomitante a presença de mediadores inflamatórios, desencadeia uma cascata em que há destrui20 •
ção da matriz extracelular e diminuição da síntese de glicoproteínas pelos condrócitos, dando início ao processo catabólico e possibilitando a presença da doença articular degenerativa3. Alguns dos principais mediadores inflamatórios presentes neste processo catabólico são a interleucina-1 (IL-1) e o fator de necrose tumoral alfa (TNF- α), que podem causar liberação de metaloproteinases da matriz cartilaginosa, promovendo destruição da cartilagem articular, estimulação dos fibroblastos para a produção de colágeno tipo I e III, que não são naturais deste tecido, e diminuição na síntese de proteoglicanos e colágeno tipo II4. Com base na fisiopatologia da osteoartrite, idealizou-se a produção e utilização do IRAP, uma proteína com a capacidade de bloquear este processo inflamatório ocu-
pando os receptores de IL-1, portanto não permitindo seu efeito deletério, e dando a chance de haver equilíbrio entre os processos catabólicos e anabólicos dos condrócitos no ambiente intra-articular5. DESENVOLVIMENTO 1. Interleucina Quando uma lesão acontece, há primeiramente, ativação de células como macrófagos e monócitos, que são as principais fontes de produção da interleucina-1, e posteriormente esta síntese é feita também pelos fibroblastos e células endoteliais ativadas durante o processo. Portanto quando há injuria intra-articular, os níveis de interleucina-1 aumentam, juntamente com os de fator de necrose tumoral alfa, produzindo efeitos deletérios à articulação acometida6.