Rev equina 63 Degustação

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ANO 11 - Nº 63 - JANEIRO / FEVEREIRO 2016

A Revista do Médico Veterinário • www.revistavetequina.com.br

• Quimioterapia antineoplásica associada ao bloqueio perineural neurolítico no tratamento de carcinoma de células escamosas na face de um equino • Pomada à base de Sulfanilamida e Óleo de Fígado de Bacalhau favorece a cicatrização de feridas cutâneas em equino • Bem-estar e estereotipias em equinos estabulados • Estudo retrospectivo em clínica e cirurgia de equinos do Hospital Veterinário da Universidade Anhembi Morumbi (2009 a 2014)

Odontologia equina:

• Rachadura em cascos: uma nova terapêutica

APOIO:



SUMÁRIO

ANO 11 - Nº 63 - JANEIRO / FEVEREIRO 2016

• Quimioterapia antineoplásica associada ao bloqueio perineural neurolítico no tratamento de carcinoma de células escamosas na face de um equino (Página 4) • Pomada à base de Sulfanilamida e Óleo de Fígado de Bacalhau favorece a cicatrização de feridas cutâneas em equino (Página 10) • Bem-estar e estereotipias em equinos estabulados (Página 14) FOTO CAPA: Arquivo pessoal do autor

• Estudo retrospectivo em clínica e cirurgia de equinos do Hospital Veterinário da Universidade Anhembi Morumbi no período de 2009 a 2014 (página 22)

FOTO DESTAQUE: Marcelo Miranda

• Agronegócio: Evolução do crédito rural para equinocultura (Página 34)

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• Ortopedia Equina: Treinamento de Imagens Respostas (Página 36) • Odontologia Equina: Abscesso apical (página 40) www.passoapasso.org.br

• Na ponta dos Cascos: Rachaduras em cascos: uma nova terapêutica (Página 44)

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NORMAS PARA PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS NA REVISTA BRASILEIRA DE MEDICINA EQUINA 1. REVISTA BRASILEIRA DE MEDICINA EQUINA (ISSN 1809-2063) - publica artigos Científicos, Revisões Bibliográficas, Relatos de Casos e/ou Procedimentos e Comunicações Curtas, referentes à área de Equinocultura e Medicina de Equídeos, que deverão ser destinados com exclusividade. 2. Os artigos Científicos, Revisões, Relatos e Comunicações curtas devem ser encaminhados via eletrônica para o e-mail: (revista.equina@gmail.com) e editados em idioma Português. Todas as linhas deverão ser numeradas e paginadas no lado inferior direito. O trabalho deverá ser digitado em tamanho A4 (21,0 x 29,0 cm) com, no máximo, 25 linhas por página em espaço duplo, com margens superior, inferior, esquerda e direita em 2,5 cm, fonte Times New Roman, corpo 12. O máximo de páginas será 15 para artigo científico, 25 para revisão bibliográfica, 15 para relatos de caso e 10 para comunicações curtas, não incluindo tabelas, gráficos e figuras. Figuras, gráficos e tabelas devem ser disponibilizados ao final do texto, sendo que não poderão ultrapassar as margens e nem estar com apresentação paisagem. 3. O artigo Científico deverá conter os seguintes tópicos: Título, Resumo e Unitermos (em Português, Inglês e Espanhol); Introdução; Material e Métodos; Resultados e Discussão; Conclusão e Referências. Agradecimento e Apresentação; Fontes de Aquisição; Informe Verbal; Comitê de Ética e Biossegurança devem aparecer antes das Referências. Pesquisa envolvendo seres humanos e animais obrigatoriamente devem apresentar parecer de aprovação de um comitê de ética institucional já na submissão (Modelo .doc, .pdf). 4. A Revisão Bibliográfica deverá conter os seguintes tópicos: Título, Resumo e Unitermos (em Português, Inglês e Espanhol); Introdução; Desenvolvimento (pode ser dividido em sub-títulos conforme necessidade e avaliação editorial); Conclusão ou Considerações Finais; e Referências. Agradecimento e Apresentação; Fontes de Aquisição e Informe Verbal devem aparecer antes das Referências. 5. O Relato de Caso e/ou Procedimento deverá conter os seguintes tópicos: Título, Resumo e Unitermos (em Português, Inglês e Espanhol); Introdução; Relato de Caso ou Relato de Procedimento; Discussão (que pode ser unida a conclusão); Conclusão e Referências. Agradecimento e Apresentação; Fontes de Aquisição e Informe Verbal devem aparecer antes das Referências.

6. A comunicação curta deverá conter os seguintes tópicos: Título, Resumo e Unitermos (em Português, Inglês e Espanhol); Texto (sem subdivisão, porém com introdução; metodologia; resultados e discussão e conclusão; podendo conter tabelas ou figuras); Referências. Agradecimento e Apresentação; Fontes de Aquisição e Informe Verbal; Comitê de Ética e Biossegurança devem aparecer antes das referências. Pesquisa envolvendo seres humanos e animais obrigatoriamente devem apresentar parecer de aprovação de um comitê de ética institucional já na submissão. (Modelo .doc, .pdf). 7. As citações dos autores, no texto, deverão ser feitas no sistema numérico e sobrescritos, como descrito no item 6.2. da ABNR 10520, conforme exemplo: “As doenças da úvea são as enfermidades mais diagnosticadas nessa espécie, com prevalência de até 50%15”. “Segundo Reichmann et al.15 (2008), as doenças da úvea são as enfermidades mais diagnosticadas nessa espécie, com prevalência de até 50%”. No texto pode citar-se até 2 autores, se mais, utilizar “et al.” Exemplo: Thomassian e Alves (2010). Neste sistema, a indicação da fonte é feita por uma numeração única e consecutiva, em algarismos arábicos, remetendo à lista de referências ao final do artigo, na mesma ordem em que aparecem no texto. Não se inicia a numeração das citações a cada página. As citações de diversos documentos de um mesmo autor, publicados num mesmo ano, são distinguidas pelo acréscimo de letras minúsculas, em ordem alfabética, após a data e sem espacejamento, conforme a lista de Referências. Exemplo: De acordo com Silva11 (2011a). 8. As Referências deverão ser efetuadas no estilo ABNT (NBR 6023/ 2002) conforme normas próprias da revista. 8.1. Citação de livro: AUER, J.A.; STICK, J.A. Equine Surgery. Philadelphia: W.B. Saunders,1999, 2.ed., 937p. TOKARNIA, C.H. et al. (Mais de dois autores) Plantas tóxicas da Amazônia a bovinos e outros herbívoros. Manaus: INPA, 1979, 95p. 8.2. Capítulo de livro com autoria: GORBAMAN, A. A comparative pathology of thyroid. In: HAZARD, J.B.; SMITH, D.E. The thyroid. Baltimore: Williams & Wilkins, 1964, cap.2, p.32-48. 8.3. Capítulo de livro sem autoria: COCHRAN, W.C. The estimation of sample size. In: ______. Sampling techniques. 3.ed., New York: John Willey, 1977, cap.4, p.72-90. 8.4. Artigo completo: PHILLIPS, A.W.; COURTENAY, J.S.; RUSTON,

R.D.H. et al. Plasmapheresis of horses by extracorporal circulation of blood. Research Veterinary Science, v.16, n.1, p.35-39, 1974. 8.5. Resumos: FONSECA, F.A.; GODOY, R.F.; XIMENES, F.H.B. et al. Pleuropneumonia em equino por passagem de sonda nasogástrica por via errática. Anais XI Conf. Anual Abraveq, Revista Brasileira de Medicina Equina, Supl., v.29, p.243-44, 2010. 8.6. Tese, dissertação: ESCODRO, P.B. Avaliação da eficácia e segurança clínica de uma formulação neurolítica injetável para uso perineural em equinos. 2011. 147f. Tese (doutorado) - Instituto de Química e Biotecnologia. Universidade Federal de Alagoas. ALVES, A.L.G. Avaliação clínica, ultrassonográfica, macroscópica e histológica do ligamento acessório do músculo flexor digital profundo (ligamento carpiano inferior) pós-desmotomia experimental em equinos. 1994. 86 f. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia. Universidade Estadual Paulista. 8.7. Boletim: ROGIK, F.A. Indústria da lactose. São Paulo: Departamento de Produção Animal, 1942. 20p. (Boletim Técnico, 20). 8.8. Informação verbal: Identificada no próprio texto logo após a informação, através da expressão entre parênteses. Exemplo: ...são achados descritos por Vieira (1991 - Informe verbal). Ao final do texto, antes das Referências Bibliográficas, citar o endereço completo do autor (incluir e-mail), e/ou local, evento, data e tipo de apresentação na qual foi emitida a informação. 8.9. Documentos eletrônicos: MATERA, J.M. Afecções cirúrgicas da coluna vertebral: análise sobre as possibilidades do tratamento cirúrgico. São Paulo: Departamento de Cirurgia, FMVZ-USP, 1997, 1 CD. GRIFON, D.M. Artroscopic diagnosis of elbow displasia. In: WORLD SMALL ANIMAL VETERINARY CONGRESS, 31., 2006, Prague, Czech Republic. Proceedings… Prague: WSAVA, 2006, p.630-636. Acessado em 12 fev. 2007. Online. Disponível em: http://www.ivis.org/ proceedings/wsava/2006/lecture22/Griffon1.pdf?LA=1. 9. Os conceitos e afirmações contidos nos artigos serão de inteira responsabilidade do(s) autor(es). 10. Os artigos serão publicados em ordem de aprovação. 11. Os artigos não aprovados serão arquivados havendo, no entanto, o encaminhamento de uma justificativa pelo indeferimento. 12. Em caso de dúvida, consultar os volumes já publicados antes de dirigir-se à Comissão Editorial.

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EDITORIAL

Herdeiros de Hipócrates É comum ouvirmos lamentações sobre as dificuldades e problemas enfrentados pelo Brasil. Nos diagnósticos mais sérios e responsáveis, observa-se a necessidade de maior produtividade e educação de qualidade. Na equideocultura não é diferente. Preocupa, e muito, encontrar atitudes que vão no sentido contrário à solução desses problemas. Um exemplo recente ilustra bem essa situação. O uso da equitação em atividades terapêuticas é milenar. Hipócrates (460-377 a.C.) e Asclepíodes (124-40 a.C.), por exemplo, já falavam do uso da equitação para tratamento de insônia, epilepsia e paralisia. Bem mais recente, mas há mais de um século (em 1901), o Hospital Ortopédico de Oswentry, na Inglaterra, adotou a terapia com uso de cavalos em seus tratamentos. Apesar de toda essa tradição, uma equipe da Universidade de São Paulo, com quinze anos de tradição e sucesso nesse tipo de terapia, foi impedida de ministrar curso com a utilização da palavra "equoterapia", pois a mesma encontra-se registrada no INPI. Isso mesmo, o nome de uma terapia milenar está registrada como marca de uma entidade brasileira, dificultando a difusão de conhecimento, a educação de excelência e a melhora da qualidade e produtividade dos centros que trabalham com terapias associadas ao uso de equinos. As mudanças no Brasil precisam ser bem maiores que muitos pensam, mais profundas em suas instituições. Mas, com o trabalho e dedicação daqueles realmente preocupados com a equideocultura, ainda poderemos ter um futuro promissor para o mais nobre dos animais, inclusive na sua mais nobre atividade. Roberto Arruda de Souza Lima Professor da ESALQ/USP raslima@usp.br www.arruda.pro.br

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•3 FOTOS E IMAGENS: MONTADAS E ADAPTADAS PELO AUTOR


Quimioterapia antineoplásica associada ao bloqueio perineural neurolítico no tratamento de de Células Escamosas na face de um equino FOTO: ARQUIVO PESSOAL DOS AUTORES

“Antineoplasic chemotherapy associated with perineural neurolitic infiltration for treatment of head squamous cell carcinoma in an equine” “Quimioterapia antineoplásica asociada con infiltración perineural neurolítico en tratamiento del carcinoma de células escamosas en la cabeza de un caballo”

RESUMO: O carcinoma de células escamosas (CCE) é uma neoplasia comum em diversas espécies animais, sendo que nos equinos frequentemente acomete o epitélio escamoso da cabeça, olhos, anexos e genitais. A recidiva após excisão cirúrgica isolada é bastante comum, sendo utilizadas terapias complementares como crioterapia, uso adjuvante de anti-inflamatórios não esteróides (piroxicam), hipertermia ou quimioterapia intralesional (5-fluouracil, cisplatina e mitomicina C). Este trabalho tem por objetivo relatar o caso de uma égua Quarto de Milha de 11 anos acometida com carcinoma de células escamosas na face, tratada através de duas formas distintas de quimioterpia, a sistêmica utilizando um sal metálico (cisplatina), e local de forma intralesional com a mitomicina C (MMC), além de bloqueio perineural com cloreto de amônio 2%, buscando analgesia e melhora da qualidade de vida do paciente. A utilização de quimioterapia intralesional (MMC) e sistêmica (cisplatina intravenosa na dose de 1 mg/kg), associada a excisão cirúrgica não foram eficazes para regressão do CCE na face do equino tratado, além do fármaco cloreto de amônio 2% ser efetivo como agente neurolítico com duração aproximada de efeito de 35 dias. Unitermos: pele, neoplasia, cisplatina, cloreto de amônio Maria Raquel Correia Barros (raquel-01ufal@hotmail.com) M.V., Pesquisadora Voluntária do Grupo de Extensão e Pesquisa em Equídeos da Universidade Federal de Alagoas (GRUPEQUI-UFAL) Pierre Barnabé Escodro*, (pierre.escodro@vicosa.ufal.br) Fernando Wiecheteck Souza, (wiecheteck@hotmail.com) Márcia Kikuio Notomi (marcia.notomi@vicosa.ufal.br) Professores Adjuntos do Curso de Medicina Veterinária UFAL e Pesquisadores GRUPEQUI-UFAL Diogo Alexandre Tenório Mata, (diogo.alexandret@hotmail.com) Aline Mayara Silva de Lima, (alinemayara_al@hotmail.com) Rayanne C.M. Nascimento, (rayanecmedeiros@hotmail.com) Yane Fernandes Moreira (yanemoreira4@gmail.com) Alunos de Medicina Veterinária UFAL e bolsistas do GRUPEQUI-UFAL * Autor para correspondência

4•

ABSTRACT: The squamous cell carcinoma (SCC) is a common neoplasia in several animal species, and in horses often affects the squamous epithelium of the head, eyes, genitals and attachments. Recurrence after surgical excision alone is very common and are used complementary therapies such as cryotherapy, piroxicam, hyperthermia or intralesional chemotherapy with 5-fluorouracil, cisplatin and mitomycin C. This paper aims to report the case of a Quarter Horse mare of 11 years affected with squamous cell carcinoma on the face, where it was used systemic chemotherapy with cisplatin and local mitomycin C (MMC), and perineural blockade with ammonium chloride 2% aiming analgesia and increased patient quality of life. The use of intralesional chemotherapy (MMC) and systemic (intravenous cisplatin at a dose of 1 mg / kg), associated with surgical excision were not effective for regression of OHC on the face of the treated horse, addition of ammonium chloride drug 2% is effective as a neurolitic agent lasting about 35 days effect. Keywords: skin, neoplasia, cisplatin, ammonium chloride RESUMEN: El carcinoma de células escamosas (CCE) es un cáncer común en varias especies animales, y en los caballos con frecuencia afecta el epitelio escamoso de la cabeza, los ojos y los genitales. La recurrencia después de la escisión quirúrgica sola es bastante común y se utilizan terapias complementarias como la crioterapia, piroxicam, hipertermia o quimioterapia intralesional con 5-fluorouracilo, cisplatino y mitomicina C. Este trabajo tiene como objetivo informar sobre el caso de una yegua Cuarto de Milla de 11 años afectada con carcinoma de células escamosas en la cabeza, donde se utilizó la quimioterapia sistémica con cisplatino y mitomicina C local (MMC), y el bloqueo perineural con cloruro de amonio 2% en busca de la analgesia y el aumento de la calidad de vida del paciente. El uso de quimioterapia intralesional (MMC) y sistémica (cisplatino por vía intravenosa a una dosis de 1 mg / kg), asociada con la escisión quirúrgica no fueron eficaces para la regresión de CCE en la cabeza del caballo tratado y la adición de drogas de cloruro de amonio 2% es eficaz como agente neurolítico com aproximadamente 35 días de efecto. Palabras clave: piel, neoplasia, cisplatino, cloruro de amonio


Relato de Caso Uma fêmea da raça Quarto de Milha, com 11 anos de idade, pesando 438 kg, doadora de embriões, foi encaminhada ao Ambulatório do Grupo de Pesquisa e Extensão em Equídeos da Universidade Federal de Alagoas (GRUPEQUI-UFAL), apresentando ferida granulomatosa extensa, infiltrada, dolorosa e fétida na região lateral direita de

cabeça, envolvendo bochechas, lábios e narinas. Este animal havia sido diagnosticado com carcinoma espinocelular (CCE), através de exame histopatológico, e foi previamente submetido a exérese tumoral isolada há cerca de 30 dias (Figuras 1 e 2). Ainda durante a anamnese, coletou-se a informação que a lesão havia surgido há aproximadamente 90 dias, com crescimento rápido, dificuldade de preensão alimentar, muita dor local e emagrecimento progressivo.

FOTO: ARQUIVO PESSOAL DOS AUTORES

se de tecidos normais no pós-tratamento; e a outra através do contato com direto através do uso de uma sonda, que pode ser adotada conforme a localização do CCE. As vantagens do uso da crioterapia podem ser relatadas pela redução da formação do tecido cicatricial, dor reduzida no pós-operatório, ocorrência menor de hemorragia, redução do custo para o proprietário e menor período de convalescença hospitalar17,19. A quimioterapia é outra forma alternativa e eficaz de tratamento para CCE, sendo que os fármacos intratumorais mais utilizados em equinos são a cisplatina, que possui a característica de não causar necrose nos tecidos adjacentes, porém apresenta casos de resistência em humanos2; e a Mitomicina C, também utilizada na Medicina no tratamento de neoplasias na face, tendo como principal função impossibilitar a síntese de DNA, além de inibir a migração de células e produção extracelular1,22 . Outro tratamento utilizado em equinos é o piroxicam, anti-inflamatório não esteroidal inibidor específico de cicloxigenase (COX), com alta atividade antineoplásica por intervir no desenvolvimento tumoral, através da indução da apoptose das células cancerígenas, vetando a angiogênese e promovendo o aumento do sistema imune perante a inibição da síntese de prostaglandina E23,7,23,24. Independente do tratamento de escolha pera CCE, o prognóstico é reservado, pois na maioria dos casos ocorre recidivas, com uma incidência relevante dependendo da localização e tratamento utilizado36. Apesar de ser uma neoplasia invasiva e com alta taxa de recidiva, raramente são observadas metástases. Porém, a dor e sua predisposição a estar localizado na cabeça, aumentam os casos onde a eutanásia é indicada12,15,28,32. Este trabalho tem por objetivo relatar o caso de um equino com carcinoma de células escamosas na face, onde foi utilizado quimioterapia sistêmica com cisplatina e local com mitomicina C, além de bloqueio perineural com cloreto de amônio 2%, buscando analgesia e melhora da qualidade de vida do paciente.

Figura 1: Aspecto da ferida no momento de chegada do animal. Ferida granulomatosa extensa com áreas sugestivas de necrose e corrimento nasal unilateral

FOTO: ARQUIVO PESSOAL DOS AUTORES

Introdução O carcinoma de células escamosas (CCE) é uma neoplasia comum em diversas espécies animais, sendo que nos equinos frequentemente acomete o epitélio escamoso da cabeça, olhos, anexos e genitais4,24,27,33,34. Quando se apresenta sob a forma cutânea, geralmente a principal causa é a irradiação solar nas áreas mais desprovidas de pigmentação8,12,36. As células do CCE podem ser diferenciadas histologicamente, apresentam-se como células pleomórficas de forma moderada ou severa, com nucléolos múltiplos e evidentes, além de camada espessa de cromatina e pérolas queratinizadas5,27. Os principais métodos diagnósticos são: exame clínico, citologia aspirativa por agulha fina (CAAF) e exame histopatológico27,31. A terapia utilizada para o tratamento do CCE vai de acordo com a região afetada pela neoplasia. O mais comumente utilizado é a excisão cirúrgica do tumor com uma margem de segurança alta, contudo procedimentos complementares associados ao pós-cirúrgico estão sendo cada vez mais difundias no tratamento do CEE, incluindo terapias fotodinâmicas, crioterapia, ablação por laser de dióxido de carbono (CO2), radiofrequência35, hipertermia13, terapia por radiação e quimioterapia intralesional, principalmente 5-fluouracil, cisplatina e mitomicina C 6,11,18,21,29. A remoção cirúrgica da neoplasia de forma isolada, sem quaisquer terapias adjuvantes associadas, pode ser curativa em casos onde os tumores são únicos, pequenos e bem delimitados no tecido em questão, desde que a extirpação cirúrgica alcance margens de segurança livres de células tumorais. Mesmo assim, a recidiva após excisão cirúrgica isolada é bastante comum, principalmente em regiões em que não haja tecido suficiente para remoções com margem de segurança confiável6,16. Quando realizada a técnica de biópsia excesional, adjunto a outra terapia, como crioterapia, hipertermia ou quimioterapia, o prognóstico do paciente melhora e diminui-se a taxa de morbidade20,26,35. Uma das alternativas de tratamento é a crioterapia onde os principais componentes são nitrogênio líquido, óxido nitroso ou CO2 para atingir células tumorais, com temperaturas entre -20 C° e -40 C°14,25. Existem duas formas de aplicação da crioterapia, um através do uso do criospray, que garante dano no tecido tumoral, porém devido à elevada diminuição de temperatura, pode resultar em úlceras, despigmentação e necro-

Figura 2: Aspecto da ferida após tricotomia, limpeza e debridamento no momento da chegada do animal ao GRUPEQUI-UFAL ...............................................................................

O animal apresentava hipersensibilidade aumentada ao toque na região da ferida na face durante o exame físico. Foram instituídos curativos locais diários com clorexidine degermante, pomada de papaina 2% e elaborou-se o protocolo de quimioterapia antineoplásica. A quimioterapia preconizada foi mitomicina C na dose de 10 mg intralesional a cada 72 horas, num total de 3 administrações. Diluia-se o fármaco em 20 mL de solução salina a 0,9 %, sendo que 10 mL era •5


Figura 3: Aspecto da ferida após 45 dias do início do trata (seta vermelha) e perda tecidual na comissura labial (seta preta)

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Tabela1: Valores médios do eritrograma, leucograma, proteínas totais, fibrinogênio plasmático, ureia e creatinina do equino com CCE: momentos 24 horas antes das sessões de quimioterapia (Pré M) e 48 horas após (M 48), sendo M1, M2 e M3 a primeira, segunda e terceira sessão respectivamente, com intervalo entre aplicações de 15 dias, utilizando-se cisplatina (1 mg/kg/IV) Parâmetros

Pré M1

M1 48

Pré M2

M2 48

Pré M3

M3 48

Hemácias (X 106/mm3)

7,61

6,38

5,66

4,85

4,99

5,7

Hemoglobina (g/dL)

12,8

10,6

8,7

7,2

8,5

9,8

Volume Globular (%)

39,5

32,6

28,4

24,5

26,3

30,4

52

51,1

50,2

50,7

52,9

53,5

CHCM (g/dL)

32,4

32,5

30,6

29,3

32,2

32,2

PLT (X 10³/L)

154

184

124

253

192

253

Leucócitos (mil/mm³)

13,4

10

16,8

8,2

13,4

10,9

Monócitos (mil/mm³)

0,3

0,4

0,7

0,6

0,5

0,6

Linfócitos (mil/mm3)

1,8

2,4

2,3

2,7

2,7

4,7

Linfócitos Atípicos( mil/mm³)

0

1,3

2,37

3,48

4,14

Linf Típicos(mil/mm³)

0

1,1

0,33

0,13

0,22

Granulócitos(mil/mm³)

11,3

7,2

14

4,9

10,2

7,9

Basófilos (mil/mm³)

0

0

0

0

0,13

0

Eosinófilos (mil/mm³)

0

0,6

0,2

0,16

0,13

0

11,26

8,1

13,8

5,00

5,9

6,21

0

0

0

0

1,35

0,11

PPT (g/dL)

6,6

6,4

6,0

6.0

6.2

6.2

Fibrinogênio (mg/l)

200

400

100

400

200

400

Ureia (g/dl)

1,0

1,2

1,3

1,2

1,5

1,3

Creatinina (g/dl)

247

245

224

238

240

258

VCM (µ3)

Segmentados (mil/mm³)) Bastonetes (mil/mm³)

VCM = Volume corpuscular médio • HCM = Hemoglobina corpuscular média • CHCM = Concentração de hemoglobina corpuscular média

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instilado sobre a área da lesão, conforme Shields et al. (2002) citaram em humanos e Malala, Knottenbelt e McKane (2012) relataram em equinos; e 10 mL era infiltrado no subcutâneo, paralelamente as bordas da ferida, de maneira que atingisse todo o perímetro da lesão. Além disso, de forma experimental, e após a autorização prévia do proprietário, foram realizadas aplicações intravenosas quinzenais de cisplatina (dose de 1 mg/kg diluído em 500 mL de solução salina 0,9%), sendo estas divididas no seguinte esquema (M1: 1ª aplicação, M2: 15 dias após a 1ª; M3: 30 dias após a 1ª), num total de 3 administrações. Vinte quatro horas antes das sessões de quimioterapia em cada momento momentos (Pré-M1; Pré-M2; PréM3) eram realizados exames de eritrograma, leucograma, mensuração de proteínas totais, fibrinogênio plasmático e bioquímico sérico para função renal (ureia e creatinina), devido ao potencial nefrotóxico do fármaco, seguida de infusão de 5 litros de Ringer com Lactato. Após 48 horas do procedimento, novos exames foram realizados (M1- 48; M2-48; M3-48) (Tabela 1). Após as três sessões de quimioterapia, observouse aumento de extensão e sensibilidade local a ferida, e áreas de formação de granulação e de tecido necrótico (Figura 3). Após 50 dias do início do tratamento o animal foi submetido à excisão cirúrgica da massa tumoral remanescente, sob anestesia geral, e utilizou-se a aplicação de nitrogênio líquido ao final do procedimento. No pós-operatório, os curativos continuaram a ser realizados três vezes ao dia, além da administração do cetoprofeno (2 mg/kg/IV/ SID/5 dias) e enrofloxacina (5 mg/kg/IM/ SID/7 dias).

Após 7 dias da cirurgia optou-se pelo bloqueio perineural, pois o paciente apresentava uma sensibilidade dolorosa exacerbada a manipulação da ferida cirúrgica. Para tal, utilizou-se o cloreto de amônio 2%*, dos nervos maxilar e mandibular, realizado com o animal sob sedação de cloridrato de xilazina (0,7 mg/kg), através da identificação nervosa com neurolocalizador e infiltração de 10 mL em cada nervo, utilizando cateter 16G para o nervo maxilar (Figura 4) e agulha epidural de 18 cm para o mandibular. A avaliação de sensibilidade foi realizada através de análise do comportamento do animal e sensibilidade à palpação sobre a ferida. A dor diminuiu a partir de 24 horas dos bloqueios, obtendo efeito máximo a * Vetepin®: Vetnil Ind. e Com. de Produtos Veterinários Ltda - Louveira, SP


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Figura 4: Bloqueio perineural com cloreto de amônio 2%, visando analgesia e incremento da qualidade de vida da paciente ..............................................................................................................................................................

partir do 4º dia e indo até o 35º dia. A sensibilidade retornou a partir do divertículo nasal até as bochechas, sendo que no 40º dia houve necessidade de retomar a contenção mecânica inicial. Assim, com 50 dias repetiu-se a técnica para os bloqueios neurolíticos utilizando o mesmo fármaco (cloreto de amônio 2%). Com 60 dias de recuperação pós-cirúrgica, o animal retornou para a propriedade, com perda maior de massa tecidual labial, mas alimentado-se bem, valores hematimétricos dentro da normalidade e sem sinais de desconforto. Com 4 meses de recuperação, o animal tinha gerado embrião e a ferida estava estável, porém sem regressão e havendo a necessidade de curativos diários. Discussão No relato de caso nota-se que a exérese de CCE isolada não apresentou resultados satisfatórios, sendo necessário o uso de quimioterapia intralesional com mitomicina C (MMC), que segundo Malala, Knottenbelt e McKAne (2012) apresentou sucesso em cavalos com CCE ocular em 6 de 8 casos de maneira isolada; e em sete em nove casos associando o fármaco com a exérese cirúrgica. Concomitantemente ao uso intralesional de MMC, utilizou-se cisplatina sistêmica com adequação/extrapolação de doses, levando em conta peso e custos de tratamento. O objetivo principal do uso da cisplatina foi obter os resultados satisfatórios de citorredução citados em humanos, que nos casos de CCE utilizam de forma maci-

ça a cisplatina (isolada ou associada a radioterapia)35. O resultado obtido não foi o de citorredução e sim de formação de tecido necrótico, aumentando a extensão da ferida, mostrando pouca efetividade da cisplatina na dose de 1 mg/kg a cada 15 dias associada ao uso intralesional de MMC. No entanto, após a cirurgia não ocorreu aumento de dimensão da área neoplásica ou metástase evidente, o que sugere que a quimioterapia associada à cirurgia pode ter estacionado o processo de metástase e crescimento tumoral. Ainda, após 48 horas da administração intravenosa de cisplatina, nos três momentos, ocorreu leucopenia, aumento de fibrinogênio e não houve alterações dignas de nota para ureia e creatinina sérica (Tabela 1), mostrando segurança clínica dos fármacos em animais hígidos, porém necessitando de mais estudos para indicação cotidiana. O fator de maior complicação durante o tratamento foi a exacerbação da dor no local após as sessões de quimioterapia, que foi maximizada e inviabilizou os curativos após a excisão cirúrgica. Na tentativa de minimizar tal complicação buscou-se utilizar cloreto de amônio 2%, fármaco neurolítico de média ação utilizado em nervos digitais palmares de equinos9, porém sem citação na literatura de uso em bloqueio de nervos mandibulares e maxilares. Para bloqueio dos nervos foi utilizado referências anatômicas já utilizadas com resultados anestésicos sa-

tisfatórios em exploração cirúrgica de cabeça de equinos em posição quadrupedal, como o citado por Escodro et al.10 (2013), que realizou com sucesso trepanação óssea e extração de dois molares e um pré-molar em equino, com utilização de bloqueio anestésico perineural maxilar. Os bloqueios neurolíticos mandibular e maxilar foram eficazes por mais de 30 dias, sendo repetidos após esse período para minimização da dor e efetivação da alta médica. Há a necessidade de mais pesquisas sobre os bloqueios neurolíticos dos nervos da cabeça, avaliando tempo de ação e complicações. Neurolíticos alcoólicos poderiam ter sido utilizados pelo maior tempo de ação, porém não foram devido aos altos índices de neurites e fibroses9. Conclusão A partir do relato de caso conclui-se: • A utilização de quimioterapia intralesional (MMC) e sistêmica (cisplatina intravenosa na dose de 1 mg/kg), associada a excisão cirúrgica não foram eficazes para regressão do CCE na face do equino tratado, porém sugerem que podem estacionar lesões em graus avançados. • O fármaco cloreto de amônio 2% foi efetivo como agente neurolítico nos nervos maxilar e mandibular do animal tratado, com tempo de latência máxima de 4 dias e duração aproximada de efeito de 35 dias. ® AGRADECIMENTOS • Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo financiamento de bolsas de iniciação e produtividade. • À Vetnil pelo apoio na pesquisa com neurolíticos na medicina veterinária brasileira.

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Pomada à base de

SULFANILAMIDA e ÓLEO DE FÍGADO DE BACALHAU favorece a cicatrização de feridas cutâneas em equino

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“Ointment composed by sulfanilamide and cod liver oil favours the healing process of cutaneous wounds in horse” “Pomada compuesta por sulfanilamida y aceite de hígado de bacalao favorece la cicatrización de heridas cutáneas en caballo”

RESUMO: O objetivo deste trabalho foi relatar o processo de cicatrização em uma égua afetada por duas feridas na escápula esquerda. Para o tratamento foi utilizada uma pomada constituída por sulfanilamida, óxido de zinco, cânfora e óleo de fígado de bacalhau (POMADOL®). Foi aplicada duas vezes por dia durante 30 dias. Observou-se a evolução em 30 dias, as feridas mostraram pouco tecido de granulação e baixa infecção, o que facilitou a cicatrização em curto período. Concluímos que o uso desta pomada é eficaz no tratamento de feridas por segunda intenção extensa e contaminada, com boa evolução no processo de cicatrização. Unitermos: cavalo, feridas, pomada, pomadol

Felipe de Almeida Nascimento (phelipe_nascimento@hotmail.com) Zootecnista, mestrando em Zootecnia na Fac. de Ciências Agrária e Vet. (UNESP) - Jaboticabal, SP

ABSTRACT: The aim of this study was to report the healing processon a mare affected by two wounds on the left scapula. For the treatment was used ointment composed by sulfanilamide, zinc oxide, camphor and cod liver oil (POMADOL®). Applied twice a day for 30 days. It was observed the evolution in 30 days and they showed little granulation tissue and low infection, which facilitated the healing in short period. We concluded that the use this ointment product proved to be effective to treat of wounds for secondary intention extensive and contaminated, with good healing process evolution. Keywords: horse, wound, ointment, pomadol

Pedro Victor de Luna Freire Oliveira (pvo.vet@hotmail.com) M.V., Mestrando em Biotecnologia Animal pela Fac. de Med. Vet. e Zootecnia (UNESP) - Botucatu, SP

RESUMEN: El objetivo de este estudio fue relata el proceso de cicatrización en una yegua de, que sufrió un heridas el antímero izquierdo. Para el tratamiento de las heridas se optó por el uso de la pomada POMADOL® a base de sulfanilamida, oxido de zinc, alcanfor y aceite de hígado de bacalao. A partir de los resultados observados donde es posible notar la evolución de la lesiónen 30 días. Se destaca que durante el tratamiento, las heridas presentaron poco tejido de granulación y la infección se mantuvo controlada lo que facilitó la reparación tecidual en corto periódo de tiempo. Se concluye que el uso de la pomada utilizada fue eficaz en el tratamiento de heridas por segunda intención extensas y contaminadas, presentando buena evolución cicatricial. Palabras clave: caballo, heridas, pomada, pomadol

Ives Charlie da Silva* (charliesilva4@hotmail.com) M.V., Mestre, e Doutorando em Med. Vet. Fac. de Ciências Agrária e Vet. (UNESP) - Jaboticabal, SP Marco Antonio de Andrade Belo Prof. Dr. do Depto. de Med. Vet. Preventiva da Univ. Est. Paulista Júlio de Mesquita Filho - Jaboticabal, SP

Gabriel Augusto Sandoval (gabriel.sandoval@ucbvet.com) M.V., Especialista em Reproducão pelo Instituto Qualittas e MBA pela FGV e Gerente de Novos Negócios da UCBVET Saúde Animal Moacir Marchiori Filho (moacir@ucbvet.com) M.V., Doutor em Med. Veterinária Preventiva - USP, SP e Diretor técnico e qualidade da UCBVET Saúde Animal Marcelo de Luna Freire de Oliveira (marcelo.luna.oliveira@usp.br) M.V., e Mestrando pela Fac. de Zootecnia e Engenharia de Alimentos - USP / Pirassununga, SP José Victor de Oliveira (victorjol@hotmail.com) Pesquisador APTA-Colina/SP, M.V. e Mestre em Reprod. Animal pela Fac. de Med. Vet. e Zootecnia - UNESP - Botucatu, SP * Autor para correspondência

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Introdução Os ferimentos cutâneos em equinos são frequentes na clínica de grandes animais. A partir de um estudo retrospectivo dos casos clínicos registrados no hospital veterinário da Universidade de Pelotas/RS, foi registrado incidência de (37%) em afecções cutâneas entre os equinos atendidos4. Destes, 63% eram relativas a lesões que variaram entre lacerações, perfurações, incisões e contusões. As lesões de pele representam uma das mais frequentes ocorrências na clínica de equídeos, e é alvo de estudos por interesses clínicos, científicos e econômicos4. O processo de cicatrização natural de regeneração em equinos é dividido em cinco fases: coagulação, inflamação, proliferação, contração da ferida e remodelação5,9. Após o aparecimento da ferida, a coagulação é marcada como início do processo, nessa fase são liberadas substancias vasoativas, proteínas adesivas e fatores de crescimento e proteases12. Com intuito de cessar a hemorragia, mediadores químicos causam vasoconstrição. Em seguida, instala-se a vasodilatação e migração de células de defesa. Ainda nesta etapa ocorre a secreção de proteases como hialuronidase. Já na proliferação é movida pela reepitelização, fibroplasia e neovascularização. A neovascularização verificada nesta fase fornece metabólitos e oxigênio para nutrir o tecido de reparação que prolifera na área lesionada. Neste momento, se estabelece o tecido de granulação, que é produzido três a quatro dias após a indução da lesão como um passo intermediário entre o desenvolvimento da malha formada por fibrina/fibronectina e a reestruturação de colágeno, sabe-se que os maiores entraves na cicatrização de equinos estão relacionados ao excesso de tecido de granulação, que de certa forma prejudica a recuperação2. A classificação da cicatrização deve levar em conta três aspectos básicos: contaminação, grau de exposição e localização, classificação mais aceita é feita de acordo com o grau de contaminação8. Desta forma as lesões podem ser limpas, contaminadas e sujas ou infectadas. Existem duas formas pelas quais uma ferida pode cicatrizar que dependem da quantidade de tecido lesado ou danificado e da presença ou não de infecção10.

• Primeira intenção: é o tipo de cicatrização que ocorre quando suas bordas estão próximas, havendo perda mínima de tecido, ausência de infecção e mínimo edema. A formação de tecido de granulação não é visível. • Segunda intenção: neste tipo de cicatrização ocorre perda excessiva de tecido com a presença ou não de infecção. A aproximação primária das bordas não é possível. As feridas são deixadas abertas e se fecharão por meio de contração e epitelização. As feridas abertas que se fecham por segunda intenção demandam mais tempo para cicatrizar, quando comparadas com as de primeira intenção, uma vez que não há aproximação das bordas. Além disso, necessitam de grande formação de tecido de granulação no preenchimento do espaço morto até que a contração e a epitelização aconteçam. A cicatrização por segunda intenção nos membros em equinos pode ser lenta e complicada13. O tratamento de feridas de segunda intenção é comumente utilizado na prática veterinária. Em relação à conduta clínica, a cicatrização por segunda intenção é recomendada em função do tempo decorrido, do grau de infecção e da perda de tecido lesado6. Existem várias formulações tópicas de auxílio na reparação de feridas visando acelerar o processo de epitelização, para prevenir infecções e promover a cicatrização da ferida. Relata-se a seguir um caso com os benefícios clínicos do uso tópico de pomada à base de sulfalinamida, associada ao óleo de fígado de bacalhau, óxido de zinco e cânfora, na evolução da reparação de feridas. A combinação dos componentes é justificada pois a sulfanilamida, apresenta atividade bacteriostática, o óxido de zinco, tem propriedades de degradar tecidos necróticos e aumentar a taxa de retração de feridas até a camada hipodérmica. O óleo de fígado de bacalhau é rico em vitamina A e D e ácidos graxos insaturados, importantes para hidratar a pele e auxiliar na cicatrização. A cânfora possui ação analgésica, antisséptica e antipruriginosa. Descrição do Caso Este relato é baseado no acompanhamento do caso de uma fêmea equina de cor castanho, situada em Colina/SP. A égua é utilizada na lida diária com bovinos, pesando 400 kg, da raça Mangalarga, com idade

aproximada de dez anos, é mantida em piquetes de Tifton e Tanzânia, e suplementada com 2,0 kg/dia de concentrado (milho triturado e soja) e sal mineral à vontade. O atendimento veterinário deveu-se a um acidente – chifrada de vaca – na lida dentro do curral. Na anamnese verificou-se que o animal apresentava lacerações na região medial do antebraço esquerdo. Após a tranquilização com xilazina 10% e limpeza da ferida, visualizou-se duas feridas causadas por chifrada no antímero esquerdo. A primeira foi na porção cranial e ventral em forma de “v”, com o vértice para baixo, e com extensão de aproximadamente 20 centímetros. A outra laceração, com cerca de 10 cm de largura e 15 cm de extensão, sentido vertical, estava localizada ventralmente em relação a primeira (Figura 1A e 1B). Realizou-se ampla tricotomia ao redor da área afetada. Foi feita lavagem com soro fisiológico 0,9% e posterior desinfecção com clorexidina a 2%. Soluções tópicas a base de clorexidina são frequentemente utilizadas no tratamento de feridas, com potente ação antibacteriana7. A ferida foi classificada segundo Romatowski11 como limpa-contaminada, sem comprometer a musculatura e grandes vasos. Com intuito em reduzir os espaços mortos, a musculatura e tecidos conjuntivos foram aproximados por sutura com categute® espessura 3-0, e externamente, tentou-se a aproximação das bordas contendo pele, através de sutura com pontos simples com fio de nylon de 0,50 mm (Figura 1C). Aplicou-se um antibiótico a base de associação de penicilinas com estreptomicina e solução de diclofenaco de sódico como diluente por via intramuscular profunda. A dose utilizada, foi calculada baseada na quantidade dos penicilâmicos (20.000 UI/ kg), por sete dias consecutivos, conforme estudo11. Administrou-se também soro antitetânico na dose de 10.000 UI via intramuscular de forma preventiva. Para o tratamento das feridas optou-se pelo direcionamento da cicatrização por segunda intenção. Foi utilizada uma pomada a base de sulfanilamida, óxido de zinco, cânfora e óleo de fígado de bacalhau, com curativos duas vezes ao dia, durante 30 dias. As figuras 1D e 1E ilustram a redução das dimensões dos dois ferimentos, durante o tratamento, onde é possível observar a evolução da lesão em 30 dias. • 11


B

D

E

C

F

Figura 1: Evolução do processo cicatricial de ferida cutânea em equino tratada com pomada a base de sulfanilamida e óleo de fígado de bacalhau. (A) Ferida por chifrada; (B) Limpeza e tricotomia do local da ferida para início do tratamento. Processo de cicatrização 14 dias (C), 30 dias (D) e 61 dias (E) após o início do tratamento. (F) Recuperação total da ferida 84 dias após o acidente ...........................................................................................................................................................................................................................................................

As observações macroscópicas da reparação foram realizadas diariamente, por 60 dias e o animal foi acompanhado até 84 dias pós-acidente. Destaca-se que durante o tratamento, as feridas apresentaram pouco tecido de granulação e a infecção manteve-se controlada o que facilitou a reparação tecidual em um curto período de tempo. No estudo de Kietzmann4 verificou-se que, quando se associa o óleo de fígado de bacalhau com óxido de zinco, ocorre uma reação sinérgica entre as substâncias intensificando o poder de cicatrização.

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5. FAZIO, M.J.; ZITELLI, J.Á.; GOSLEN, J.B. Cicatrização de feridas. In: COLEMAN III, W.P.; HANKE, C.W.; ALT, T.H.; ASKEN, S. Cirurgia Cosmética Princípios e Técnicas. Rio deJaneiro: Revinter, 2.ed., p.23-28, 2000.

1. AGREN, M.S.; CHVAPI, M.; FRANZÉN, L.

6. HUSSNI, C.A.; GIANINI, C.G.; ALVES, A.L.G.; NICOLETTI, L.M.; THOMASSIAN, A.; CROCCI,

Conclusão A partir dos resultados observados neste relato de caso, conclui-se que a utilização do POMADOL® (UCBVET - Saúde Animal) mostrou-se eficaz no tratamento de feridas por segunda intenção extensas e contaminadas, apresentando boa evolução cicatricial. ®

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9. MANDELBAUM, S.H. e SANTIS, E.P.D. Cicatrização: conceitos atuais e recursos auxiliares - Parte 1. Anais Brasileiros de Dermatologia. Rio de Janeiro v.78, 4, Julho/Agosto, 2003.

11. ROMATOWSKI, J. (1989). Prevention and control of surgical wound infection. Journal of the American Veterinary Medical Association, 194, p.107-112.

13. WILMINK, J.M.; VAN WEEREN, P.R.; STOLK, P.W.T.H. Differences in second-intention wound healing between horses and ponies: histological aspects. Equine Veterinary Journal, p.31-61, 1999.

FOTOS: ARQUIVO PESSOAL DOS AUTORES

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em equinos estabulados “Well-being and stereotipies in stabled horses”

RESUMO: O bem-estar animal é muito importante para a criação de equinos, pois mostra como melhorar o desempenho do animal sem diminuir sua saúde e qualidade de vida. Com o passar dos anos, a criação de cavalos foi ficando mais intensiva, obrigando a diminuir o espaço de viver destes animais, e lhes ocasionando problemas como as estereotipias ou vícios estabulares. Este trabalho tem como objetivo descrever alternativas para a prevenção do desenvolvimento de anomalias comportamentais em equinos criados em condições intensivas; relatar aspectos do comportamento equino quando em condições de vida livre; identificar os vícios mais frequentes observados em equinos estabulados e após analisar o uso correto das instalações e equipamentos, visando o bem-estar do animal. Unitermos: comportamento animal, bem-estar, vícios comportamentais ABSTRACT: Animal well-being is very important for equine breeding industry, because it is reated to how to improve the animal´s performance, without harm its health and life quality. Nowadays, equine industry has become more intensive, making the animals space smaller; thus bringing problems as stereotypes or stable vices. The aim of this work was to describe alternatives to prevent the development of behavioral anomalies, in horses intensively bred; to discuss aspects of equine behaviour when living free; to identify the most frequent vices observed in stabled horses, and to analyze correct use of housing and equipments, aiming to the animals well-being. Keywords: animal behaviour, well being, vices RESUMEN: El bienestar animal es muy importante para la crianza de los equinos, pues acerca de este tópico siempre hay como mejorar la performance del animal sin diminuir su calidad de vida y salud. La equinocultura se ha tornado más intensiva, obligando a tornar menor el espacio de estos animales, y trayendo así, problemas como las estereotipias o vicios estabulares. Este trabajo tiene como objetivo describir alternativas para la prevención de anomalías comportamentales en equinos criados em condiciones intensivas; relatar aspectos del comportamiento equino en condiciones de vida livre; identificar los vicios más frequentes observados en equinos estabulados; y analizar la utilización correcta de las instalaciones y equipamientos, previendo el bienestar del animal. Palabras claves: comportamiento animal, bienestar, vícios comportamentales

1. INTRODUÇÃO A equinocultura atualmente preza pelo bem-estar animal, com a melhoria do manejo básico diário, sanitário e nutricional, adequando o mesmo para um melhor desempenho, evitando problemas como vícios, cólicas e estresse. Os equinos (Equus caballus) apresentam um repertório comportamental característico para sua espécie, o qual foi herdado da sua vida selvagem e adaptado com o passar dos anos14. Os animais desta espécie estão predispostos a apresentarem comportamentos não desejados com a mudança de habitat, dependendo das condições em que se encontram e manejos não adequados, os quais podem ser observados pelo aumento da frequência dos movimentos e da intensidade de diferentes ações11. Essas anormalidades de 14 •

comportamento fazem com que caia o rendimento do animal, devido ao estresse em que se encontram e às condições precárias de bem-estar. Para o equino estar confortável, deve-se manter a saúde, dieta balanceada e exercícios; além disto, é importante saber também que, muitas vezes, o animal está precisando de outras coisas além dessas básicas; para isso deve-se descobrir como o animal sente-se em relação ao que ocorre a sua volta8. A ajuda para manter o bem-estar está relacionada às cinco liberdades divulgadas pelo Conselho de Bem-estar de Animais de Produção, que diz que os equinos devem estar livres: de sede e fome, de desconforto para expressar um comportamento normal, de medo e estresse negativo, de dor, injúria e doença12.

FOTO: CLARISSA PIRES FERREIRA MACHADO

“Bienestar y estereotipias em equinos estabulados”

Figura 1: Sequência de fotos animal com oscilação ....................................................

Clarissa P. Ferreira Machado (clarissa_ferreira83@hotmail.com) Discente, Especialização em Produção Animal, UNIPAMPA Campus Dom Pedrito, RS Tisa Echevarria Leite (tisael@unipampa.edu.br) Docente, UNIPAMPA - Campus Dom Pedrito, RS Camila Machado da Silva (luna_alimac@hotmail.com) Médica-Veterinária, autônoma UFRGS - Porto Alegre, RS Leonardo Santos Fario (luna_alimac@hotmail.com) Discente, Graduação em Zootecnia, UNIPAMPA - Campus Dom Pedrito, RS Liana de Salles van der Linden (lianadesallesvdl@hotmail.com) Doutoranda do PPG em Medicina Animal - Equinos UFRGS - Porto Alegre, RS Adriana Pires Neves* (adripneves@yahoo.com.br) Docente, UNIPAMPA Campus Dom Pedrito e PPG em Medicina Animal - Equinos - UFRGS Porto Alegre, RS * Autora para correspondência


Devido a condições inadequadas de manejo ambiental e social, os equinos não são capazes de satisfazer suas necessidades, precisando de um estado motivacional muito alto, que pode trazer consequências como a aparição de comportamentos não desejados como os vícios estabulares. Isto vem a causar um estado de ansiedade e frustração crônicas, as qual afetam o estado de bem-estar do animal14. O esquecimento ou falta de conhecimento por parte dos técnicos, criadores e tratadores de como os equinos viviam naturalmente, faz com que cometam erros no confinamento desses animais, diminuindo demasiadamente o espaço de viver, limitando seus hábitos e convivência com outros animais, além do manejo inadequado e muitas vezes maus tratos. Isto no futuro ocasionará os vícios estabulares como: lignofagia, aerofagia, balanço de trem anterior, entre outros. O conhecimento de criação/produção de equinos, para a prevenção, sem dúvida alguma é a melhor solução para esses transtornos, pois a presença dos vícios está relacionada a distúrbios gastrointestinais e dentários, queda no desempenho do animal, danos às instalações e equipamentos. Os objetivos da realização deste trabalho são: descrever alternativas para a prevenção do desenvolvimento de anomalias comportamentais em equinos criados em condições intensivas; relatar aspectos do comportamento equino quando em condições de vida livre; identificar os vícios mais frequentes observados em equinos estabulados; e analisar o uso correto das instalações e equipamentos, visando o bem-estar do animal. 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA O cavalo é um animal que causa grande interesse ao homem, pois presta-lhe grandes serviços. Quando o cavalo foi retirado do campo e trazido para a cidade, havia amplos piquetes para movimentar-se e pastar, mas como o espaço para viver foi ficando cada vez menor, houve necessidade de confinar os animais em pequenas baias, acarretando modificações em seu comportamento, para melhor adaptação a esse novo espaço10. A equinocultura atualmente preza pelo bem-estar animal, como a melhoria do manejo (básico diário, sanitário e nutricional), adequando assim os animais para melhor desempenho nas atividades, evitando problemas como estresse, vício e cólica. Estas mudanças vêm ocorrendo devido ao papel que os cavalos desempenham nas atividades socioeconômicas10. Quando há preocupação com o bem-estar, há também com relação a aumento dos gastos (qualificação profissio-

nal, melhorias de equipamentos e infraestrutura), mas esquece de que se forem tomadas algumas medidas básicas de manejo, já se está melhorando a produção/criação, pois ocorrerá a melhoria ou aumento do desempenho animal e isso proporcionará lucros futuros. A cocheira é onde o equino passa a maior parte da sua vida, por isso deve estar em condições de conforto para receber este animal. A temperatura ótima deve ficar em torno de 15°C, sendo necessário que a interna, das cocheiras, varie como no meio externo, para que o animal não perca sua capacidade de termorregulação. A umidade do ar deve ficar em torno de 60-65%; as concentrações de gases e pó no ar devem variar entre 0,4-0,8 mg pó/m³; o teor de CO2 e amônia não devem exceder 0,2% e 5-10 mg/L, respectivamente. A uma circulação de ar deve ser satisfatória, para que possa ajudar na remoção do excesso de umidade. Os equinos no Brasil têm altura média em torno de 1,60 m, mas para poder alojar também os animais de até 1,70 m, sugere-se a utilização de cocheiras de 12,25 m² (3,5 por 3,5 m), e pé direito de 3,0 m1. A porta é um item de bastante importância, pois além da entrada e saída dos cavalos, muitas vezes é por ali que se socializa com outros animais; deve abrir para fora da baia. Sugere-se que seja dividida em duas folhas: a parte de baixo para contenção dos animais, e a de cima para promover contato com os outros cavalos, além de proporcionar uma melhor ventilação e iluminação. O piso deve ter declividade de até 2%, para a segurança do animal, além de facilitar a limpeza, escoamento da água e dejetos. A cama deve ser de material que proporcione bom acolchoamento, absorvente, não poeirento, não palatável ou abrasivo, proporcionar mais segurança ao animal, de fácil higienização, com disponibilidade no mercado e ter baixo custo1. 2.1. Comportamento e bem-estar Os equinos (Equus caballus) apresentam um repertório comportamental característico para sua espécie; entende-se por comportamento, as ações e reações do organismo frente ao meio ambiente com uma função determinada14. O cavalo selvagem vivia em grupos, e para sobreviver tinha que ir em busca de alimentos e água. Estas são duas características que não estão mais presentes no animal estabulado10. Por isso o animal precisa ter contato com outros, para que ele expresse seu comportamento real, não fique angustiado e estressado, o que poderá acarretar al-

guns problemas comportamentais. Os equídeos passam pouco tempo deitados, mesmo quando estão em liberdade e menos tempo ainda quando estão estabulados. O comportamento “deitado acordado” é um hábito noturno herdado dos animais selvagens, que por serem presas, sentiam-se seguros à noite desta forma, pois assim os predadores não os encontravam com facilidade, e caso encontrassem, os cavalos poderiam fugir rapidamente. Quando em liberdade, os equinos têm alimentação a base de fibras e passam em média 60% do tempo comendo e 40% em ócio10. Após a domesticação, o cavalo estabulado tem à sua disposição uma dieta, água, está protegido contra intempéries e predadores, vida reprodutiva controlada e reduzida a um curto tempo, além dos exercícios que são determinados a certo horário do dia8. O ambiente de cativeiro do cavalo domesticado é bastante diferente daquele durante o estágio de vida livre, pois as coisas essenciais para a vida do equino estão prontamente disponíveis e parte das suas atividades é determinadas pelo homem. Na natureza, sobrevivem os animais que têm o comportamento mais eficiente, pois conseguem manter-se vivos e reproduzirem ao máximo, tornando-se mais eficazes para dar continuidade a sua descendência8; já o equino estabulado pode apresentar problemas de bemestar e preocupações específicas de insatisfação por não estar no comando, que se apresenta em duas frentes: sua vida é controlada por outros a ponto de ficar frustrado por não obter o que necessita quando precisa; na outra, os mecanismos destinados a controlar determinados comportamentos não são mais apropriados porque o objetivo é atingido de maneira diferente8. Para o equino alcançar uma condição de bem-estar, deve-se ter cuidado com a saúde, dieta balanceada, exercícios, e saber que muitas vezes o animal está precisando de outras coisas além dessas básicas; é necessário descobrir como se sente em relação ao que ocorre a sua volta e a partir dessas informações fazer julgamentos éticos8. Para que o bem-estar possa ser comparado em situações diversas ou avaliado em uma específica, deve ser medido de forma objetiva, mas após ser verificada, tomam-se medidas éticas para resolve-las2. O bem-estar envolve a descoberta do fator, a ética animal (julgamento sobre a melhor alternativa), o fazer e o comportamento animal (como o equino vai expressar-se em relação ao meio em que está)8. Um dos maiores problemas é saber exatamente quanto o animal está sofrendo e, por • 15


isso, o estudo do bem-estar é importante, e a partir daí saber do que os cavalos gostam e o que é mais difícil enfrentar, para assim, facilitar a tomada de decisão. O comportamento e o bem-estar estão intimamente relacionados. Para saber se o cavalo está em bem-estar, deve-se avaliar seu comportamento8. Quando proporcionados adequadamente os desejos e as exigências do equino, tanto física como psicologicamente, é possível a satisfação do animal, ao realizar as tarefas que lhe foram impostas7. 2.2. Problemas comportamentais Com a mudança de habitat, as condições em que se encontra e manejos não adequados, os equinos podem apresentar comportamentos não desejados, que ocorrem com frequência dos movimentos e intensidade das ações diferentes do normal11. Essas anormalidades de comportamento fazem com que caia o rendimento do animal, devido ao estresse em que se encontra e a condição de bem-estar precário. Quando um comportamento indesejável e inútil se torna um mau hábito persistente e repetitivo, ele é chamado de comportamento estereotipado ou vício7. Muitas vezes, devido a condições inadequadas de manejo ambiental e social, os equinos precisam de um estado motivacional muito alto, o qual pode trazer consequências como a aparição de comportamentos não desejados como os vícios estabulares, causando um estado de ansiedade e frustração crônica, a qual afeta o bem-estar do animal14. Os cavalos usam os comportamentos estereotipados para amenizar algum sofrimento que estão passando; embora esses comportamentos só se desenvolvam quando há problemas com o meio ambiente, eles podem ainda persistir, mesmo que o equino seja provido de tudo o que necessita8. Deve-se ter cuidado na hora de avaliar o estado comportamental do animal, pois as estereotipias podem trazer-lhe danos, em relação ao seu rendimento seja reprodutivo, esportivo ou na sua saúde14. A frustração que ocorre devido ao não preenchimento das exigências ou desejos dos equinos, o tédio, a falta de ocupação ou interesse, constituem as causas da maioria dos vícios estabulares7. Quanto maiores e mais rápidas forem as restrições de liberdade, o isolamento, a diminuição no exercício e a duração do consumo de alimentos, maior será o risco de desenvolvimento e mais alta será a incidência dos vícios. Independente da causa de um vício, se ele continuar, pode ficar repetitivo até tornar-se uma fixação. A repetição pode ser tão contínua que ocorra uma fadiga, até mes16 •

mo uma exaustão e uma diminuição do consumo alimentar, da capacidade de desempenho, da condição corporal e/ou do peso7. Deve-se fazer todo o possível para não ocorrerem os vícios, ou achar soluções ou tratamento. O meio mais efetivo da interrupção de um vício é o conhecimento e a remoção da causa7. Se o equino estiver realizando o comportamento inadequado no momento em que estiver recebendo alguma coisa que goste ou deseja, deve-se parar de ofertar, para que ele não associe esse momento como uma recompensa para o vício realizado7. 3. MATERIAIS E MÉTODOS A metodologia usada foi a revisão bibliográfica, na qual foram discutidos assuntos como comportamento, manejos e bem-estar, e visitas a três instituições e a uma expofeira, nos municípios de Bagé e Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Foram feitas observações, fotografias e filmagens dos vícios mais frequentes. Estas informações foram obtidas durante as visitas realizadas no dia 14 de outubro de 2011 no município de Bagé, e de 4 a 6 de novembro de 2011 no município de Porto Alegre. Para este trabalho foi levado em conta a espécie equina, não relacionando os comportamentos indesejados a raça, sexo ou idade e sim o comportamento animal desde sua vida livre até os dias atuais. Através das observações feitas por duas pessoas e informações recebidas dos responsáveis pelos animais, pode-se ter conhecimento das instalações, manejo, alimentação e comportamento dos animais destes locais. Em Bagé foi visitado o Parque da Associação Rural onde estava ocorrendo a expofeira do município e os animais estavam estabulados para as provas, e outra instituição, onde encontravam-se equinos para prática de esportes equestres. No município de Porto Alegre foram visitadas duas instituições, onde os animais ficavam estabulados para práticas esportivas e treinos. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES Durante as visitas, notou-se que os animais eram bem alimentados e com boa sanidade, mas as estereotipias estão presentes. Foram presenciados os seguintes problemas nos estábulos: fechados demais, pouca ventilação, espaço e/ou tamanho inadequado, falta e/ou má qualidade da cama, entre outros; e também problemas relacionados ao animal; por exemplo, ficar estabulado por muito e/ou todo tempo e falta de convívio com outros animais. Também foram encontradas soluções interessantes que são propor-

cionadas aos animais para um melhor bemestar, como a hidroponia, que é uma alternativa para oferecer fibras ao animal onde não há espaço para o animal pastejar; uso de acessórios, janelas, entre outros. As estereotipias não trazem benefícios ao animal, pois este perde tempo e energia, o que pode trazer um custo para a saúde e bemestar do equino. Mas alguns autores afirmam que estes vícios podem trazer benefícios, pois o animal pode desenvolver esses comportamentos para suprir o que está faltando à sua volta, e obter uma melhora no bem-estar15. Entre as principais causas de estresse nos animais estão: ausência e/ou presença de cama, alojamento pequeno, alterações climáticas, esforço exagerado, nutrição inadequada e/ou ineficiente, falta de tranquilidade e contato com outros animais ou humanos7. Acredita-se que alguns animais apresentem algum comportamento quando estão sob estresse, de modo que estes sirvam para minimizar algum sofrimento. Como a resposta do animal a situações estressantes se manifesta por reações e/ou alterações comportamentais, ele pode conseguir modificar a situação através de uma adaptação por um comportamento correto, adequado, fazendo a diminuição da sua resposta fisiológica, caso contrário o comportamento pode-se tornar estereotipado10. Os distúrbios orais, quase sempre são motivados pelo tédio e falta e/ou insuficiência de fibra na dieta, já a aerofagia é relacionada ao tédio e frustração ocasionados pelo ócio10. 4.1. Estereotipias encontradas com mais frequência nas visitas 4.1.1. Oscilação Também chamado de balanço do trem anterior e dança do urso. O cavalo balança repetidamente o corpo jogando o peso de um lado para o outro (Figura 1) balançando a cabeça e o pescoço ao mesmo tempo; as patas são erguidas do chão como se estivesse caminhando, mas sem sair do lugar8. Dentro dos fatores de risco estão: o tipo de cama, horas de trabalho na semana, temperamento nervoso e o tipo de freio usado14. Este vício pode estar relacionado à convivência com outros animais, podendo ocorrer ao retirar algum companheiro e ele começar a apresentar esse problema, como em outros casos imitar aqueles que já apresentam14. Este é um problema que uma vez instalado é de difícil eliminação, mas pode ser amenizado com uso de barras de ferro para fechar a parte superior da porta ou janela da


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4.1.3. Caminhar pela baia O equino caminha em círculos dentro da cocheira, de maneira constante, podendo ser na mesma direção ou variando e se classifica como uma conduta estereotipada locomotora15. Dentro das possíveis causas está a hiperatividade do cavalo e a limitação de exercícios, falta de interagir com o meio ambiente e convívio com outros animais. Este vício pode trazer problemas clínicos como dores crônicas na coluna e desgastes nos cascos14. Para melhorar o problema pode-se dei18 •

4.1.4. Lignofagia Também conhecida por comer/morder cama/madeira. O cavalo prende pelos dentes frontais, geralmente o topo da porta ou do cocho, arqueia o pescoço, enquanto puxa e solta o objeto8. Os equinos tendem a consumir muito rápido a dieta quando esta é restrita em quantidade. Se restrita em fibras, os animais não conseguem se saciar, os que faz procurar mais alimento. Se estiver preso dentro de uma cocheira, vai começar a comer cama, cocho e madeira em busca de ter o que fazer e de fibras10. 4.2. Sugestões que podem ser inseridos nos criatórios e centros equestres para amenizar as esteriotipias e melhorar o bem-estar Em alguns locais visitados, eram utilizadas ferramentas e acessórios, assim como manejo diferenciado, para melhorar o conforto e bem-estar dos equinos, evitando e ajudando na prevenção dos vícios. Para evitar o estresse no restante do tempo, se não tiver como deixá-lo solto num potreiro, deve-se usar alternativas para que se distraia na cocheira, como por exemplo, uso de outro animal como ovelha; brinquedos como bola; acessórios para colocar sal/bloco mineral entre outras. As redes, suportes para o feno/pasto (Figura 3), assim como blocos minerais pendurados fazem com que o animal buscasse o alimento no local adequado, sem que precisasse baixar-se e procurar na cama, caso contrário pode se acostumar e começar a comer a cama, para busca do feno14. Uso do “Equiball”, que ajuda a distrair (Figura 4) o animal, impedindo que ele coma

FOTO: ADRIANA PIRES NEVES

4.1.2. Aerofagia O equino fixa seus dentes incisivos superiores, em algum objeto (Figura 2), retraindo o seu corpo e contraindo os músculos do pescoço para que possa sugar o ar e nesse momento faz um ruído característico14. Em alguns casos os animais não fixam os dentes em objeto algum especialmente quando as superfícies utilizadas para tal vícios são eliminadas. Na medida em que vai evoluindo o quadro, o equino pode começar a lamber os objetos antes e depois da aerofagia15. Também pode ocorrer o desgaste dos dentes incisivos superiores, prejudicando o animal no pastoreio14. Dentro de alguns fatores que podem desencadear esse vício estão: o contato com outros cavalos, o tipo de cama (se for com fragmentos maiores de madeira, como a biruta, o animal pode usá-la para fixar os dentes e sugar o ar), e horas de pastoreio. Dentre os métodos que podem ser usados para controlar a aerofagia estão os mecânicos como coleiras e freios, cirúrgicos e terapêuticos14.

xar o cavalo contido, o uso de enriquecimento ambiental como abrir janelas entre as baias, outros animais e brinquedos, assim como obstáculos como cones e estacas14.

Figura 3: Suporte para feno ou pasto

FOTO: ADRIANA PIRES NEVES

cocheira para evitar o balanço da cabeça, uso de janelas no interior e até espelhos para o animal ter uma interação social14, além de oferecer ao animal mais períodos de liberdade para que satisfaça as suas necessidades.

Figura 4: “Equiball” pendurado na porta de uma baia

FOTO: ADRIANA PIRES NEVES

FOTO: CLARISSA PIRES FERREIRA MACHADO

Figura 2: Sequência de fotos - animal com aerofagia .....................................................................................................................................................................

cama ou madeira ou sugue ar; ameniza ou ajuda no tratamento dos vícios. Esse equipamento é uma bola que interage com o animal; alguns são apenas brinquedos, enquanto em outros podem ser colocados alimentos e minerais14. Uso de janelas, para melhor convívio entre os animais. Os animais quando estão estabulados, são mais curiosos, pelo fato de terem necessidade de contato visual com outros animais, ou mesmo seres humanos, para amenizarem o estresse e sofrimento. Mas deve-se ter cuidado com o tamanho adequado (Figura 5), mais ou menos do tamanho do animal, pela qual o companheiro possa enxergar grande parte do seu corpo. Também deve-se evitar colocar animais com certos tipos de estereotipias como oscilação e caminhar pela baia, vizinhos de outros que não apresentem esses vícios, pois podem aprender pela imitação10.

Figura 5: Janela maior entre baias ...........................................................................


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FOTOS: ADRIANA PIRES NEVES

Os equinos quando vivem com pouco ou sem contato com outros animais sofrem mais de estereotipias do que aqueles que têm maior contato10. Mesmo não tendo muito espaço para soltar os animais (Figura 6), eles devem ter um tempo para a convivência com outros cavalos. Pois é muito importante essa socialização para amenizarem o estresse e a frustração de ficar sozinhos e trancados8. O manejo em geral é essencial para o bem-estar, seja na limpeza do local, da cocheira ou da cama. Um local arborizado torna o clima ambiente mais adequado para o animal viver. Se não for possível ter árvores pode-se e deve-se usar outros meios para adequar o clima como exaustores e ventiladores.

Figura 6: Animais soltos para melhorar o bemestar ...............................................................................

4.3. Problemas que podem ser solucionados Usando o bom senso pode-se ter grandes melhorias no bem-estar dos cavalos, e 20 •

1. BRANDI, R.A.; TRIBUCCI, A.M.O.; FIORELLI, J. Projeto de cocheiras para equinos com vista ao bem-estar animal. Revista Brasileira de Medicina Equina, v.1, p.12-16, 2009. 2. BROOM, D.M.; MOLENTO, C.F.M. Bem-estar animal: conceito e questões relacionadas, revisão. Archives of Veterinary Science, v.9, n.2, p.1-11, 2004. 3. SILVA, D.D.; VASCO NETO, H.L.S.; ROSA, M.G.S. A necessidade de se praticar o bem-estar animal em competições equestres. Revista Brasileira de Medicina Equina, v.23, p.8-11, 2009. 4. GARCIA, H.A.C.; FURTADO, C.E.; SONCIN, M.R.S.P.; DANIEL, F.W.; WANDEMBRUCK, K. T.; POLIZEL, V.P.; TORRECILHAS, J.A. Interferência do intervalo de observação do etograma para determinação do comportamento de potros submetidos a início de cabresteamento e estabulagem. Revista Agrarian, Dourados, v.3, n.8, p.162-168, 2010. 5. GARCÍA, M.H.; BLANCO, F.P.; SERRANO, E.R. Etología aplicada, proteción y etnologia. Departamento de Produción Animal. Universidad de Córdoba, 2005. <http://www.uco.es/organiza/departamentos/prodanimal/economia/aula/img/pictorex/ 30_07_00_temario.PDF> Disponível em: 7 de Dezembro de 2011.

Figura 8: Baia com tamanho inadequado ao do animal

Figura 9: Baia sem cama ...............................................................................

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A maior parte dos equinos estabulados apresenta estereotipias, das mais diferentes

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FOTO: ADRIANA PIRES NEVES

FOTO: ADRIANA PIRES NEVES

Figura 7: Hidroponia ................................................................................

Referências

FOTO: CLARISSA PIRES FERREIRA MACHADO

4.2.1. Hidroponia As culturas hidropônicas consistem no desenvolvimento de plantas em meio inerte ou simplesmente em água (Figura 7), sem utilização de solo, mas com adição de soluções contendo todos os elementos nutritivos essenciais ao desenvolvimento da planta9. Este manejo, ajuda na oferta de fibras, em locais onde não existe a possibilidade de soltar os animais, e não tem a disposição espaço para plantar pastagens. O método da hidroponia não está diretamente relacionado com as estereotipias, mas indiretamente, pois alguns vícios estabulares podem ser desenvolvidos pela falta de fibras na dieta.

formas. As apresentadas neste trabalho foram as mais frequentes observadas nas visitas. A intensidade destes vícios pode ser devido ao excesso do confinamento, manejos errôneos e instalações inadequadas. Frisamos que a maioria das situações aqui apresentadas foi devidamente corrigida. Para uma melhora na produção e criação dos equinos, deve-se amenizar ou prevenir esses vícios com uma análise adequada dos manejos, instalações e comportamento do animal, para que produtores, profissionais e criadores possam alcançar melhor desempenho animal e da criação. ®

assim prevenindo vícios para melhorar o desempenho desses animais. O espaço inadequado (Figura 8) para o animal é prejudicial para seu desenvolvimento e bem-estar, pois o cavalo não consegue deitar, levantar ou virar-se, deixando-o frustrado, levando-o a apresentar problemas comportamentais. Para corrigir esse problema deve-se utilizar a correta medição da instalação. Caso não seja possível, sugere-se colocar animais menores em baias menores. Quando há galpões que não são mais usados para criar outras espécies, pode-se reutilizar essas instalações para novas criações, como para equinos, desde que se reforme e adapte adequadamente, tendo-se cuidado com tamanho da cocheira, bebedouro e comedouro, além de cuidados com pilares, ferros e madeiras que podem ficar mal colocados e causar acidentes com os animais1. Ao escolher o tipo de cama, primeiramente pensar no bem-estar do animal. O não uso da cama ou cama insuficiente (Figura 9) pode trazer vícios, pois o animal não consegue deitar e se sentir confortável; caso se deite, na hora de levantar vai se machucar, pelo fato de ser pesado e não ter alguma proteção no piso, que muitas vezes é de cimento. O não uso da cama também requer cuidados com a limpeza do piso, pois não ter a cama ocasiona a não absorção de urina e água7.

11. RIBEIRO, L.B.; FURTADO, C.E.; TONELLO, C.L.; BARBOSA, O.R.; BRANDI, R.A. Comportamento eqüino durante o período de ócio com dietas de diferentes qualidades nutricionais. Revista Caatinga, Mossoró, v.21, n.2, p.12-19, abril/junho 2008. 12. SILVA,D.D.; VASCO NETO, H.L.S.; ROSA, M.G.S. A necessidade de se praticar o bem-estar animal em competições equestres. Revista Brasileira de Medicina Equina, v.23, p.8-11, 2009. 13. SILVER, C. Tudo Sobre cavalos: um guia mundial de 200 raças. 3.ed., Livraria Martins Fontes Editora Ltda, 2000. 14. TADICH, T.A; ARAYA, O. Conductas no deseadas em eqüinos. Revisão bibliográfica, Arch Med Vet 42, 29-41, 2010. 15. WYNEKEN, C.W. Prevalencia y Descripción de Conductas Estereotipadas en Equinos Pura Sangre Inglés destinados a carrera En Chile. Memoria de Título presentada como parte de los requisitos para optar al título de médico veterinario. Universidad Austral de Chile, Facultad de Ciencias Veterinarias, Instituto de Ciencia Animal. Fecha de aprobación 31 de Marzo de 2010.


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