Arquitetura
decoração
Design
Arte...
Ano XIV Nº 94 distribuição gratuita W W W . R E V I ST A S I M . C O M . BR
KITSCH OU POP Conheça o que é estilo e tendência em 2014
S I M ! 94
Diretor Executivo Márcio Sena (marciodesena@gmail.com)
50 EXPRESSÃO E COR
pág.
lu c a s o l i v e i r a
Coordenação Gráfica e Editorial Patrícia Marinho (patriciamarinho@globo.com) Felipe Mendonça (felipe.bezerra@globo.com)
REDAÇÃO / DESIGN / FOTOGRAFIA Patrícia Calife (patriciacalife.sim@gmail.com) Erika Valença Beth Oliveira Edi Souza Germana Telles Weslley Leal
z e z i n h o e t u r i b i o s a n to s c r i a m at m o s f e r a k i t s c h pa r a o b a r mi g u é
Rápidas
Norte da Mata
As novidades da seção Fique Por Dentro
14
Jardineira
divulgação
Ping-pong
60 Projeto victor muzzi
Mercado A tendência das cordas náuticas e do retrô
Casa Amarela
Operações Comerciais Márcio Sena (marciodesena@globo.com) Eliane Guerra (81) 9536.7969 (comercial@revistasim.com.br)
Apartamento destaca a arte
Espaço corporativo com conceito design
74 Mostra
SIM! é uma publicação bimestral da TOTALLE EDIÇÕES LTDA
GREG
GREG
84
Revisão Fabiana Barboza (fabiana_barboza@globo.com)
A poética inquietante de Shiko
Carlos Mélo e a Bienal do Barro em Caruraru
44
Greg Lucas Oliveira Victor Muzzi Arquiteto Colaborador Alexandre Mesquita (mesquitaita@gmail.com)
36 Arte
Jardins A diversidade verde da Atmosphera
20
Diego Pires Davi Gomes Sara Rangel
As rabecas de Ferreiros
Saiba mais sobre os girassóis
16
danilo galvão
08
28
Artefacto Beach & Country 2014
Capa 94
pág.
Delícias
Redação | Comercial R. Rio Real, 49 - Ipsep - Recife - PE CEP 51.190-420 redacao@revistasim.com.br comercial@revistasim.com.br Fone / Fax: (81) 3039.2220
GREg
Os textos e artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da revista.
4
foto de lucas oliveira com detalhe do bar migué
A estética das criações de Agnes Farkasvölgyi
EDITORIAL
Esta edição da Revista SIM! Destaca-se pela sua diversidade. Está repleta de conteúdos independentes e assuntos que traduzem a ebulição criativa pela qual o cenário local e nacional vem passando e, claro, nossa redação (impossível ser diferente!). Algumas novidades invadem as páginas a seguir, como a coluna Jardinaria, assinada pela jornalista apaixonada por flores de Tita de Paula, e as dicas de objetos de cozinha que complementam a seção Delícias. Em Mercado também inovamos, trazendo as principais tendências apontadas por lojistas e arquitetos. E na coluna Jardins, Marcelo Kozmhinsky conversa com Rodrigo Ferreira, diretor da sementeira Atmosphera, um verdadeiro paraíso verde com 15 ha e mais de 600 espécies diferentes de plantas. O número 94 de nossa publicação marca ainda o início de uma matéria seriada, acompanhando o projeto Norte da Mata, que pretende desvendar os tesouros escondidos nas diferentes cidades da região da Zona da Mata pernambucana e que continua no blog homônimo hospedado em nosso site. A matéria de capa traz o imperdível projeto de um bar/pub criado pela dupla Turibio e Zezinho Santos, que apresenta um trabalho inovador para o estilo de seu escritório. Ainda falando em projeto, Silvana Gondim mostra um compacto apartamento pensado para abrigar o rico acervo de arte do proprietário, resultando num ambiente pessoal e alegre. E como não falar do importante texto sobre a carreira do arquiteto Marco Antonio Borsoi?! Em conversa com a SIM! ele revelou as principais referências e falou de seus projetos favoritos. Na Ping-pong, Carlos Mélo fala sobre a I Bienal do Barro de Caruau, evento que reuniu 16 artistas de todo o País e da cena de Caruaru que vai além da referência de Mestre Vitalino. Em Design, um passeio pela descolada Casa Amarela, um coletivo com conceito coworking tão em voga atualmente. E os temas não acabam por aí... Ainda conferimos a primeira edição da Mostra Artefacto Beach & Coutry, que reuniu dez ambientes de renomados profissionais; a seção Arte trouxe o trabalho do inquieto Shiko com seus desenhos inspirados em HQs, rock e literatura. Não perca tempo, leia a SIM! Patricia Calife
2
G REG
victor m u z z i
1
3
1. Descontração marca a visita da SIM! ao Casamarela 2. Silvana Gondim projetou um espaço super personalizado para Murilo Cavalcanti
G REG
3. A repórter Germana Telles ajuda no ensaio fotográfico de Carlos Mélo
6
1
2
3
4
8
Marca exclusiva da Casapronta, a proposta da linha Sessenta, de Jacqueline Terpins, é unir a função clássica com a possibilidade de utilização como divisórias de ambientes. São estantes práticas, com “dupla face”, podendo apresentar prateleiras ou armários de acordo com a necessidade do usuário.
fotos : div u lgação
fique por dentro
Casapronta Fone: (81) 3465.0010 www.casapronta.com.br
A Poltrona Splash da Zuhaus Design, com desenho assinado pelos gaúchos Reni e Rodrigo Delazzeri, está disponível em 80 opções de tecido. A peça ressalta as formas orgânicas e valoriza o descanso e o conforto.
Em uma parceria inédita com a DuPont Corian, a Ornare acaba de lançar carregadores sem fio para smartphones e tablets que podem ser efetivamente integrados a bancadas de banheiro e cozinha. A linha ganha também a recarga sem fio para superfícies utilizadas em mobiliários.
Os porcelanatos esmaltados Tecnogrés agora têm impressão em alta definição HD, que agrega uma fidelidade de imagem 20 vezes mais definida. Eles trazem diferentes padrões e texturas de pedras, patchwork, fibras ou tecidos, entre outros.
Zuhaus Design Fone: (81) 3127.3310 www.zuhausdesign.com.br
Ornare Fone: (81) 3204.9888 www.ornare.com.br
Tecnogrés Fone: (81) 3797.2626 www.tecnogres.com.br
Villa Naro Fone: (81) 3974.6400 www.villanaro.com.br
1
2
3
4
10
A Marcenaria São Benedito apresenta a linha São Benedito Concept, que reúne cerca de 20 móveis New Art, em madeira de demolição e madeira laqueada e ilustrações feitas a mão por artistas convidados. As peças “Alice em Oz” contam com o planejamento criativo do ator e empresário Jayme Matarazzo e ilustração de Ana Clara Coutinho.
fotos : div u lgação
fique por dentro
Marcenaria São Benedito Fone: (11) 4781.6091 www.marcenariasaobenedito.com.br
A A.Carneiro Home & Office lança a coleção de papéis de parede Multiverse, da marca Glamora, desenhada pelo egípcio Karim Rashid. Apresenta padrões geométricos diversos, cuja concepção é utilizar o sentido contemporâneo de ilustração. O produto é feito de materiais não poluentes, permitindo sua reciclagem.
A.Carneiro Home & Office Fone: (81) 3081.9192 www.acarneirohome.com.br
Tidelli Fone: (81) 3040.4660 www.tidelli.com.br
Poltrona Pão de Açúcar, da Tidelli, com desenho by Manuel Bandeira, traduz a leveza das linhas curvas da natureza, remetendo ao morro Pão de Açúcar, ícone da Cidade Maravilhosa.
A produtora de vidros impressos Saint-Gobain Glass apresenta ao mercado seu mais recente lançamento, o SGG Pixarena, com textura suave, remetendo ao desenho das nuvens. O produto é ideal para projetos arrojados.
Saint-Gobain Glass Fone: (13) 2138.1600 www.saint-gobain.com.br
fique por dentro
Nova coleção Bertolucci
fotos : div u lgação
1
Luminárias articuláveis, multifuncionais e sustentáveis dão o tom à Coleção 2014 da marca, que chega com peças desenvolvidas pela Oficina Bertolucci em conjunto com os artesãos da fábrica, buscando inspiração na brasilidade e no resgate da cultura e da tradição do design nacional. A coleção, exclusividade DaLuz em Pernambuco, é composta pelas linhas Berimbau, Oito, Ibira refletor, Berloque pingente e Mube.
1
2
3
4
5
12
Berloque Pingente por Ana Strumpf – Inspirados nos pingentes das joalherias e produzidos em versão mini, podendo ser utilizados solitários ou em grupos de diversas maneiras diferentes, devido ao tamanho reduzido. Transportado para as luminárias da Bertolucci por meio do olhar criativo e delicado da designer Ana Strumpf.
2
Ibira Refletor – A linha Ibira possui como característica a grande possibilidade de movimentos das articulações. Leva ao mercado produtos essenciais, carregados de inovação. Destaca-se pelas formas e detalhes presentes no sistema de molas aparentes que direcionam o foco de luz conforme a necessidade.
3
4
Mube – As luminárias Mube foram criadas em homenagem ao Museu Brasileiro de Escultura de São Paulo. Trazem arrojadas linhas retas horizontais, em que o destaque nos pendentes fica por conta do desenho essencial do cilindro de baixa altura e da economia de formas. Oito – Caracterizada pelo design simples e complexidade dos detalhes, as luminárias da linha Oito contam com três tamanhos e com o seu volume simples e achatado, podendo ser utilizadas em diferentes ambientes. Totalmente sustentável, é produzida integralmente em madeira. Berimbau – Pela sua versatilidade, foi chamada com o nome do instrumento musical de corda de origem africana. Proporciona interação entre o usuário e a peça, gerada pela variedade de inclinações e posições para um único produto. Disponível nas versões abajur, coluna e pendente.
5 Bertolucci Fone: (11) 3873.2879 www.bertolucci.com.br DaLuz Iluminação Fone: (81) 3465.9433 www.daluziluminacao.com.br
flores
Girassol Flor simboliza felicidade, sucesso e acompanha trajetória do sol
F
iquei pensando na flor que eu escolheria para minha primeira coluna aqui na Revista SIM!. Queria algo que passasse entusiasmo e alegria, assim como a minha, por estar fazendo parte da revista a partir desta edição (oba!). Bom, não demorou muito para eu optar por uma espécie muito especial e de grande preferência popular: o girassol
14
(Helianthus annuus). Quer mais energia do que a espécie conhecida como a “Flor do Sol”? Ela recebe esse nome por acompanhar sua trajetória, do nascente ao poente, comportamento vegetal chamado de heliotropismo. Como não ficar doido por uma planta que, para muitos, simboliza a felicidade, o sucesso, a energia, a sorte e, de quebra, ainda é tão bela e exuberante? Essa flor, da família da Asteraceae, teve origem nas Américas (há controvérsias sobre o local de procedência, que pode
Tita de Paula Designer floral, paisagista e jardineira www.donajardineira.com.br (81) 3036.6314
estar nos Estados Unidos e no México ou no Peru) e era cultivada pelos povos indígenas para alimentação. Pode atingir dois metros de altura (uma ótima opção para uma cerca-viva). O seu grande valor ornamental, as novas técnicas de cultivo e o melhoramento genético possibilitaram o surgimento de novas versões, mais compactas e que também ficam ótimas em vasos. E nem é preciso muito: coloque de cinco a dez girassóis em um recipiente e veja o lindo efeito que dá! Engana-se quem pensa que o girassol serve apenas para decorar: suas sementes são usadas para a produção de óleo de cozinha, de farinha, de biodiesel, na alimentação de pássaros e também na
Va n G o g h / Z w ö l f S o n n e n b l u m e n i n e i n e r Va s e
Girassóis em vasos eram um tema recorrente na obra de Van Gogh. No total, são quarto quadros em que ele utilizou a cor de que mais gostava (o amarelo) para expressar sua conexão com a natureza.
fabricação de perfumes, lubrificantes, sabonetes e a fibra existente no caule pode ser usada para fabricar até papel. Já na arte, não tem como não citar um dos quadros mais famosos do pintor Van Gogh, no qual é o protagonista. Indo além, o músico Alceu Valença e os grupos Ira e Cidade Negra se inspiraram nele para compor suas canções. É, o girassol só encanta e ilumina. Para a planta, luz direta do sol, por pelo menos quatro horas, um solo bem drenado e enriquecido com matéria orgânica são cuidados essenciais. O girassol pode ser plantado até em quintais, diretamente no solo, de preferência em céu aberto, mas também pode ser cultivado em estufas. Por ser anual, recomenda-se o replantio a cada ano. Quer fazer um teste? Coloque três sementes em uma cavidade (lembrando que ele possui raízes profundas). Irrigue uma vez por semana. Boa sorte!
“Um girassol nos teus cabelos Batom vermelho, girassol Morena, flor do desejo Ah, teu cheiro em meu lençol!” Alceu Valença
CURIOSIDADE A Mitologia Grega apresenta uma lenda que explica o aparecimento da flor girassol. Clítia, ou Clície, era uma ninfa que estava apaixonada por Hélio, o deus do Sol. Quando este a trocou por Leucotéia, Clície começou a enfraquecer. Ela ficava sentada no chão frio, sem comer e sem beber, se alimentando apenas das suas próprias lágrimas. Enquanto o Sol estava no céu, Clície não desviava dele o seu olhar nem por um segundo, mas durante a noite, o seu rosto se virava para o chão, continuando então a chorar. Com o passar do tempo, os seus pés ganharam raízes, sua face se transformou em uma flor e ela continou seguindo o Sol. A Mitologia Grega conta que assim nasceu o primeiro girassol. fotos: artkot/shut terstock .com , belchonock /dep ositphotos .com , marilyna /dep ositphotos .com , Olga Danylenko/shut tersto ck .com
15
jardins
Marcelo Kozmhinsky Agrônomo e paisagista www.raiplantas.com marckoz@hotmail.com (81) 9146.7721
O melhor caminho para o jardim Planeje bem, saiba onde implantar e o que é preciso para mantê-lo saudável Fotos: Victor Muzzi
G
eralmente, o paisagismo é a última etapa de uma obra, quando a casa está pronta para ser habitada. Nessa fase, os recursos financeiros previstos normalmente estão no limite, talvez por isso a impressão de ser caro. Na verdade, com a finalização, a personalização e o aconchego de um paisagismo bem planejado, que traduza o gosto e o jeito dos seus habitantes, fazem toda a diferença nos resultados alcançados. Mesmo um pequeno jardim pode ser muito atrativo, se bem planejado. Antes de partir para a execução do projeto, há que se saber muito bem onde ele será implantado, qual a sua intenção ao fazê-lo e, principalmente, o que será preciso para mantê-lo saudável e com longa vida útil, afinal, o jardim não é algo estático, ele fica mais bonito com o passar do tempo. Para tanto, bons parceiros são os melhores aliados. Com acesso a bons fornecedores,
16
encontramos plantas saudáveis, com custos reduzidos, diferenciadas no mercado, previsão de orçamento e garantia de entrega no prazo estabelecido e com porte adequado.
ao esperado. A troca é constante entre a sementeira, os arquitetos e paisagistas, oferecendo novidades e buscando as novas tendências do mercado cada vez mais exigente.
Rodrigo Ferreira, diretor administrativo da Atmosphera, sementeira há 30 anos nesse mercado, tem dicas preciosas, para arquitetos, paisagistas e público final. A empresa impressiona pelo tamanho (15 ha), organização, variedade de espécies (mais de 600) e o entendimento do que é preciso na hora de pensar um jardim – em pequenos, médios e grandes projetos.
Atestamos, em nosso cotidiano, que esse trabalho com as sementeiras facilita realmente o caminho de quem está criando um jardim. É geralmente o melhor acesso à maior variedade de espécies, para cada tipo de ambiente e teor de insolação, evitando problemas futuros como doenças ou crescimento inesperado das plantas. O jardim bem planejado precisa ter um traço definido, que o identifique dentro de uma leitura paisagística com estética pré-definida. Num jardim, é essencial saber combinar as plantas, formas, texturas e cores, juntamente com outros elementos, como água, piso, mobiliário, tudo com muita harmonia.
Para Rodrigo, o paisagismo tem sido cada vez mais requisitado, por trazer bem-estar e melhorar o meio ambiente, e a parceria com arquitetos, paisagistas e clientes tem proporcionado a criação de espaços harmoniosos e equilibrados. O trabalho ganha mais significado, segundo ele, quando tudo corresponde
Ainda segundo Rodrigo, uma das primeiras perguntas feitas é: queremos plantas
O jardim pode ter função arquitetônica, como delimitador de ambientes, servindo como quebra-vento ou criando barreiras visuais e físicas de sol, sombra ou meia-sombra? Se o que se projeta é um jardim ao sol (na praia), a indicação são plantas resistentes à maresia, ao vento e à exposição constante ao calor e à luz. No campo, também é preciso escolher espécies adequadas conforme a intensidade solar, os ventos e as necessidades hídricas. Existe grande procura por vegetação que pode ser usada como cerca viva, delimitando ambientes, além de exercer bem a função decorativa. Há também a possibilidade de um jardim oferecer retorno sustentável, quando inserido um pomar ou uma horta. A opinião de Rodrigo é de que, além de frutos comestíveis, esse tipo de planta ainda oferece belas flores, possibilitando o contato das crianças, que descobrem de onde vêm e como
se desenvolvem flores, frutas, ervas, temperos e legumes. Boas indicações para o nosso clima que podem causar um efeito decorativo surpreendente são a Laranja Kikan, Pìtanga, Acerola e Jaboticaba. É importante destacar a importância educativa que essas plantas propiciam.
R o d r i g o F e r r e i r a , d a At m o s p h e r a , d e s ta c a a im p o r tâ n c i a d e m a n t e r u m j a r d im e m c a s a
No mais, uma visita a lugares como a Atmosphera, além de representar o caminho para o melhor resultado no seu projeto, certamente resulta em grandes descobertas, tanto para os profissionais da área, que encontram sementes, plantas de pequeno e grande porte, quanto para o público final, em visitas informais. Lembrando que, após a implantação do projeto, o tempo de vida do seu jardim depende do cuidado que ele receberá.
17
jardins
Opções de plantas de sol: Acalifa Vermelha (Chapéu de Couro); Ficus Rasteiro; Palmeira Bismark (Palmeira Azul); Icsora Gigante Rosa; Saneviéra Cilíndrica (Lança de São Jorge); Cistácia Variegote; Melindrão; Alfinete; Oliveira.
e s c o va d e m a c a c o ( t r e pa d e i r a )
l a n ç a d e s ã o j o r g e , ta m b é m v i v e m u i to t e m p o n a s o m b r a
p i tó s p o r o
Opções de plantas de sombra e meia-sombra: Jiboias; Filodendros Roxos; Imbés; Marantes Rosa-Listradas; Cipós de Uva; Singônios; Fitônias; Bromélias; Pândaros; Patas de Elefante; Palmeiras Azuis.
samambaia
dinheiro em penca
si n g ô n i o
Atmosphera Fone: (81) 3543-2298 www.atmosphera-pe.com.br
18
PING-PONG
Carlos MÊlo: um provocador Idealizador da Bienal do Barro fala sobre o movimento lançado para resgatar a arte em Caruaru Por: Germana Telles Fotos: Greg
20
P
ernambucano de Riacho das Almas e radicado em Caruaru, Carlos Mélo possui formação e pesquisa nos ramos da arte e da filosofia, além de desenvolver uma atividade artística regular, de âmbito nacional e internacional. A Revista SIM! foi conferir seu projeto mais recente, a Bienal do Barro “Água mole em pedra dura”. O evento provocou a população e os artistas locais com oficinas e exposições na histórica Fábrica Caroá e no SESC, com obras de 16 artistas de todo o País. Por lá, a inquietação e a força de uma Bienal em seus primeiros passos — propondo a discussão da presença do barro na arte contemporânea— e o que ela pode acrescentar à cultura e ao povo do Agreste.
Carlos Mélo Fone: (81) 9955.2323 carlosmeloart@hotmail.com
É uma vontade de ‘acertar as contas com o passado’, não apenas no que diz respeito ao legado dos mestres Vitalino e Galdino, mas do que possibilitou a criação da identidade cultural do Agreste
21
PING-PONG Revista SIM! — Há 70 anos não há como dissociar Caruaru e o barro, desde a “descoberta” de Vitalino e Galdino. A I Bienal do Barro do Brasil quer “redescobrir” essas pessoas e mostrar a arte local? O que este evento pretende? Carlos Mélo — Assim como o cangaço está para o Sertão e o maracatu para a Zona da Mata, o barro está para o Agreste. O anagrama da palavra agreste é resgate. Esta primeira edição veio de uma ideia dividida com amigos durante muitos anos. É um “acerto de contas com o passado”, não apenas com o legado dos mestres Vitalino e Galdino, mas com o que possibilitou a criação da identidade cultural do Agreste: o barro. Queremos lançar um olhar contemporâneo sobre ele, proporcionar uma discussão sobre a região, as origens, as tradições. Queremos que a população descubra e ocupe, por exemplo, espaços como este galpão de 1930 da Fábrica Caroá, que tem importância histórica tão volumosa quanto o Alto do Moura. SIM! — Qual a importância da Fábrica Caroá para a Bienal?
CM — Total, a Fábrica trouxe embasamento histórico da mais alta contribuição. Os artistas do evento entraram em contato com a história do lugar, por meio de fotografias, das informações sobre a retirada da fibra do caroá e a trajetória da fábrica. Ficaram espantados com o fato de este local ser subutilizado como um estacionamento. Carros ocupam um lugar histórico, um absurdo! Este espaço abriga a Fundação de Cultura de Caruaru e deveria estar permanentemente sendo utilizado para esse fim. O barro é o ponto de partida para chamar a atenção para questões assim e a arte contemporânea é um terreno fértil para acender novos interesses. Por isso, insistimos também no material educativo – com informações sobre as exposições, a história do barro, glossários e fontes de pesquisa. Enfim, oferecemos tudo que o visitante precisa para ser inserido na temática, para o entendimento do que acontece na cidade e do que pretendemos a partir de agora. SIM! — Como essa ideia começou a tomar forma? CM — Uma das minhas obras traz um
contorcionismo semântico, numa palavra com três possibilidades, articulando o corpo (o trabalho), o barro (a região) e o oco (projetos). A partir deste anagrama, vislumbrei produzir a Bienal, trabalhando esses três elementos. Nosso evento fundamenta e ativa assuntos de interesse universal como o corpo, o lugar e a natureza, como uma espécie de espelho, cujos reflexos não tenho ainda a noção de alcance. Sei, porém, que o primeiro passo foi dado, colocamos luz sobre a realidade atual das artes na região e geramos movimento. A Bienal nasce sob o signo da continuidade e eu acredito na força da origem natural das coisas. SIM! — Como você define a arte contemporânea e como ela foi inserida no universo do barro, especificamente em Caruaru? CM — A arte contemporânea é ativadora da liberdade. Ela possibilita experimentar temas e formas libertadoras das ideias do artista. Vejo como uma porta que foi aberta e trouxe suportes para o artista criar como lhe convém, seja no papel, no barro, na cerâmica, por meio de intervenções... Há algum tempo, não uso mais o termo “arte contemporânea” e, sim, “arte atual”, porque ela já não dá mais conta de ser atual. A ideia da Bienal é lançar um “olhar contemporâneo”, mas isso não significa usar formas estranhas sobre o barro. Pernambuco possui um vasto acervo de artistas que transformam o barro em obras de arte, como em Tracunhaém e no Alto do Moura. Lá os artistas são conhecidos nacionalmente, porém, poucos são reconhecidos
Entenda o Anagrama Contorcionismo semântico articula o corpo (o trabalho), o barro (a região) e o oco (projetos). A partir deste anagrama, Carlos Mélo vislumbrou a Bienal, trabalhando esses três elementos.
22
“Honra ao Mérito”, de Márcio Almeida. Tijolos pendurados dão a ideia de medalhas e mostram a fragilidade do poder, com a iminência de caírem ao chão (Foto: Greg/Revista SIM!). Demais artistas que participaram da Bienal: Armando Queiroz, Clarissa Campello, Daniel Murgel, Deyson Gilbert, Ivan Grilo, Jared Domicio, Jorge Soledar, José Paulo, José Rufino, Laerte Ramos, Leila Danziger, Luísa Nóbrega, Marcio Almeida, Marcone Moreira, Nadam Guerra e Presciliana Nobre.
CM — O mercado não se restringe a feiras. Trazer artistas e público de todas as partes do País a Caruaru é uma forma de ativar a cena, já que essas pessoas vêm visitar a Bienal e acabam subindo o Alto do Moura, conhecendo a produção local, comprando e divulgando. Os artistas convidados passaram por uma residência no Alto, para produzir um material mais íntimo com a região. Eles buscaram a matéria-prima – o barro – no Vale do Ipojuca. Quando saíram da cidade, além das peças produzidas, levaram o modo de fazer, o estilo, a história e um novo olhar sobre o que se faz aqui. Isso trará novas visitas, novas intervenções de quem vem de fora. Quem fica passa a olhar de outro modo para si mesmo, para a sua arte, estimulando novas criações, causando rebuliço, provocando (nosso objetivo maior).
CM — Além desses artistas, a Bienal trouxe o Núcleo Histórico (no SESC), onde foram exibidas as fotos do francês Pierre Verger, de Vitalino, sua família e Caruaru (1947). É a primeira vez que são exibidas na cidade, após quase setenta anos. Unimos isso aos trabalhos de uma artista alagoana residente no Alto do Moura, engajada no resgate da arte e da essência cultural da cidade, Presciliana Nobre. Ela produziu uma garrafa de cerveja, em barro, do seu tamanho, com ícones que representam as raízes locais e seus questionamentos e colocou-a numa esquina do bairro. A peça mostra o incômodo gerado pela distorção das festas populares e do próprio Alto do Moura. Durante as festas juninas, turistas mal percebem o valor artístico do lugar. Veem shows e bares espalhados pelas ruas. A instalação de Presciliana, na Bienal, com várias garrafinhas em barro suspensas ao lado das fotos de Verger traduziram bem essa chamada, para o olhar sobre a cidade. Esse questionamento é nosso: por que deixamos isso acontecer? Por que não retomamos? Vamos deixar que tudo desapareça?
SIM! — Como a Bienal do Barro proporcionou um elo entre Vitalino e Galdino, o que se faz hoje e o que se espera resgatar?
SIM! — O que mais lhe incomodou e o que mais lhe estimulou a ir em frente no processo de criação deste evento?
pela população local. Queremos que as pessoas percebam que não é preciso buscar lá fora o que já fazemos aqui, e muito bem feito. SIM! — De que forma um evento como este abre portas para o mercado?
CM — Caruaru é uma cidade cosmopolita, erguida por três pilares que contextualizam de forma superficial: o artesanato, o forró e a feira. A cidade ficou 20 anos sem cinema e está carente de artistas visuais, a não ser os do Alto do Moura. Como uma cidade que ficou conhecida internacionalmente pela veia artística negligencia por tantos anos as artes visuais? Era preciso fazer um levantamento dos sintomas e ir em busca de novos caminhos. Cheguei em Caruaru há dois anos com o projeto da Bienal aprovado pelo Funcultura, a partir da Lei Rouanet, o que, porém, não afastou os obstáculos. Não vim em busca de dinheiro, vim em busca de oportunidade para realizar o projeto. SIM! — E que resultados você espera ter colhido até lá? CM — Nossa ideia é que a Bienal dialogue fortemente com a comunidade e não seja apenas mais um evento cultural, porque há muitas questões a serem tratadas. Queremos que ela se estabeleça e provoque coisas novas, boas e fortes. A meta é criar condições para que os artistas busquem novas proposições e tenham um cenário a favor, vendo também brotar nesse campo e nesse tempo novos valores.
Continua www.revistasim.com.br Mais sobre a proposta da Bienal
23
24
Oleira da arte Presciliana Nobre fixa residência no Alto do Moura, bebendo das fontes de Vitalino e Galdino Por: Germana Telles Fotos: Greg
Na página ao lado: A garrafa Locs — figurativa e enigmática, seguindo o estilo da cerâmica local — traz bandeiras de São João na cor preta e dois ouroboros (símbolos de renovação representando duas cobras engolindo a própria cauda)
Atelier Presciliana Nobre Fone: (81) 9868.2440
N
ão há como ficar imune a Vitalino e Galdino estando no Alto do Moura”. Essa é uma das certezas que a vivência local trouxe à artista plástica Presciliana Nobre. Alagoana do município de Ipanema, moradora do Alto do Moura há dois anos e apaixonada pelo barro, a artista aproveitou sua trajetória dedicada à pesquisa, reflexão e experimentação em cerâmica para lançar uma provocação. Na instalação batizada de Locs, ela reflete sobre o fazer artesanal no bairro de importância histórico-cultural, onde os mestres citados acima plantaram sementes que criaram raízes profundas e onde ela também escolheu produzir e viver. O trabalho de Presciliana teve início quando ainda era uma criança e criava suas peças em cera de abelha. Aos poucos, foi escolhendo e sendo escolhida pelo barro. “Estudei durante dez anos. Hoje vejo claramente, em tudo o que faço, a presença dos dois mestres. O barro me trouxe aqui. Mas não sou herdeira da arte popular, não estou no circuito de arte contemporânea, minha intenção é o aprofundamento da pesquisa em cerâmica popular primitiva com olhar no local. O que vi aqui, no entanto, me incomodou bastante. É difícil ver o São João, que seria um espaço iconográfico vivo da alma e da arte desse povo, sendo completamente deturpado e o Alto do Moura sendo vendido à cultura de massa”, diz. Em seu atelier, Presciliana segue os estilos de Vitalino e Galdino, em peças moldadas no barro e finalizadas no forno instalado no quintal. Entre as obras características da artista, os pinguins de geladeira são uma releitura do modo de produção e montagem dos bonecos (múltiplos) imortalizados pelo mestre Vitalino, trazendo as cores e os grafismos típicos da pintura contemporânea local. Com a marca Tüz, cria produtos feitos artesanalmente, com o compromisso de serem múltiplos enquanto nascidos um a um. “Inicialmente a Tüz marca objetos cerâmicos, feitos de forma primitiva refinada, em torno fixo e giratório, trazendo assim objetos simples, funcionais e úteis”, explica.
25
26
NORTE DA MATA
28
Imersão na Mata Norte de Pernambuco Especial desvenda cultura e arte de vários municípios da região ferreiros
Por: Beth Oliveira Fotos: Danilo Galvão
I
ntitulado “Norte da Mata”, o projeto do fotógrafo Danilo Galvão e do jornalista André Soares percorrerá algumas cidades da Mata Norte pernambucana em busca da cultura e tradição de cada lugar. “Isso partiu de uma inquietação de André, então fomos conhecer a cidade de Ferreiros. Lá, conversamos com algumas pessoas e fizemos os registros em apenas um dia”, conta Danilo.
Média de 11.437 habitantes Aproximadamente 78 km do Recife Próximo dos municípios de Camutanga, Timbaúba, Juripiranga e Itambé Tem como principal atividade econômica a agroindústria açucareira A Festa da Rabeca acontece no mês de outubro
O especial irá a alguns municípios para desvendar aspectos e mestres que se destacam em cada lugar. Sendo assim, o segundo destino será a cidade de Tracunhaém, que possui origem indígena e tem como principal exponente o barro. A terceira parada está programada para Carpina, onde a dupla conhecerá de perto a pesca artesanal. O resultado dessas andanças poderá ser conferido no blog (www.nortedamata.revistasim.com.br) do projeto, hospedado no site da SIM!, que trará imagens, textos e vídeos.
29
NORTE DA MATA
30
A rabeca de Ferreiros Design e arte são referência para a Mata Norte Apesar da tradição cultural na produção de rabecas, a cidade vivencia, talvez, um processo de esquecimento. Apenas dois luthiers — mestres que confeccionam instrumentos musicais — Zé de Nininha e Jorge da Rebeca, mantêm o ofício e não há mais nenhum rabequeiro vivo por lá para repassar o saber de tocar o instrumento. Essas e outras questões ganham aprofundamento no blog do projeto que será vinculado ao site da Revista SIM!. Além de instrumento musical, ela pode, e por que não, ser um objeto
de design. Feita com diversas madeiras, em especial a de mulungu, a de Ferreiros é referência em toda a região da Mata Norte. É o que afirma o mestre Zé de Nininha: “Já vi rabeca de muitos lugares e com muitos sons, mas a de Ferreiros é diferente”, conta. Marceneiro por profissão, Zé aprendeu a confeccionar a peça sozinho. “Ninguém nunca pegou na minha mão pra fazer uma rabeca. Eu que fui botando na minha cabeça que se eu fosse fazer eu fazia”, diz. Apesar de ser procurado por essa arte, é da feitura de móveis que vive e sustenta sua família.
NORTE DA MATA
Já Jorge da Rabeca, que trabalha na construção civil, foi o pioneiro em desenvolver o instrumento feito com bambu. Como não tem acesso às ferramentas adequadas, desenvolve seus próprios artefatos para esculpir as madeiras que encontra. “A de bambu tem um som diferente das outras”, afirma. Com uma visão mais atual, se utiliza da dificuldade de encontrar material para criar. “Vez em quando faço
Danilo Galvão olhocoooletivo@gmail.com
32
ela marchetada de praiba com cedro”, diz. É reinventando a tradição que o mestre tem inovado em sua produção.” Zé disse que ia fazer a de bambu e me atravessei na frente dele”, conta. Apesar de algumas divergências, no tocante aos estilos tradicional e contemporâneo, Jorge e Zé de Nininha são colegas e ainda resistem no ofício, embora não sobrevivam da venda deste produto da cultura popular.
André Soares andre.jorna@gmail.com
arte
A poética inquietadora de Shiko Ilustrador usa referências dos quadrinhos, do rock e da literatura em seus trabalhos Por: Beth Oliveira Fotos: Reprodução
Filho de pai mecânico e mãe costureira, passou boa parte da infância e da adolescência no interior paraibano. “Meu avô dizia que a mecânica era a arte do meu pai e quando comecei a desenhar ele dizia que eu tinha essa ciência”,
36
brinca. Foi desde criança, junto com os amigos, que entrou em contato com o suporte mais desenvolvido por ele até hoje, mesmo depois tendo imergido no graffiti e em outras linguagens visuais. Histórias em quadrinhos, literatura e música sempre fizeram parte da vida de Shiko. Referências que inspiram a sua plural e intensa produção. Não tendo feito nenhum curso de desenho ou pintura, começou a criar fanzines ainda na adolescência. A biblioteca da cidade era ponto de encontro para a criação dos “zines”. “Foi lá que comecei a ter mais contato com a literatura e a gente desenhava nas mesas da biblioteca”, relembra. Autodidata, ele conta que até hoje mantém as mesmas referências. “Cartaz de
V I CTOR M UZZ I
N
ascido em Patos, cidade do Sertão da Paraíba, Shiko não se considera um artista plástico. Para ele, desenhar é um ofício que exige exercício constante. “Não sei se pela origem sertaneja, mas não tenho essa aura mais glamurosa da pessoa que precisa do seu momento de inspiração. Vou para a prancheta e desenho, não é uma coisa que demande uma estrutura externa para propiciar aquele momento mágico, é trabalho”, afirma.
arte
Vou para a prancheta e desenho, não é uma coisa que demande uma estrutura externa para propiciar aquele momento mágico, é trabalho show, camiseta de banda, tatuagem e capas de livros eram referências artísticas e continuam sendo. Digo que o que mais me influencia é a literatura. Um amigo de lá da cidade fez uma pesquisa e resgatou os ‘zines’ que a gente fazia, tem adaptação de Augusto dos Anjos e de Moacir Scliar”, conta. Aos 15 anos, integrou um estúdio de ilustração em Brasília, quando conheceu a pintura acrílica e há dois anos, em Florença, passou a ter mais contato com pintura a óleo. Inquieto, há vários suportes que ele simplesmente não deixa de experimentar. “Por exemplo, embora grafite muito pouco, não consigo não fazê-lo. Sou um grafiteiro iniciante e meu volume ainda é pequeno. Sempre estou fazendo quadrinho, mesmo que seja pouco e não esteja publicando, mas estou produzindo. Assim como ilustração publicitária e de livros e a pintura. Para mim, há um diálogo entre elas. Tudo começa no desenho, por isso o termo artista plástico me incomoda. Sou desenhista, às vezes pintor, às vezes grafiteiro”, argumenta. O uso de diversas linguagens vem da necessidade de expressar questões que cabem em algumas delas, mas não é bem explícita em outras. Entre as temáticas que atraem a sua atenção, estão o movimento punk, o comunismo e a anarquia, por exemplo. “Tem um elemento político que está presente desde o começo. Vivíamos ali naquela sociedade sertaneja, muito católica, machista e preconceituosa com tudo. Então, tinha uma necessidade de afirmar que eu não participava disso, uma necessidade de romper”, reflete.
38
Na página anterior, Masai; Acima: Setembro e Locasun; Na página ao lado, Mangá
arte Atualmente, Shiko tem desenvolvido uma série inédita na qual explora a figura feminina aplicando água e nanquim. De seus desenhos, indica um que ressalta a simplicidade.” É um retrato de mulher negra encarando a pessoa que tá olhando o desenho. Não tem muita informação, narrativa ou história, mas o olhar dela para mim diz demais. Expus ele na Casa do Cachorro Preto e coloquei um valor muito caro, porque não tinha a menor intenção de me desfazer dele. No primeiro dia da exposição um cara comprou e disse que era exatamente daquela maneira que a mãe olhava para ele”, diz. Entre os trabalhos que o destacaram nacionalmente está a releitura do HQ Piteco de Mauricio de Sousa. Produção que trouxe desafios. “No início foi bem difícil, pois os elementos que achava fundamentais eram justamente os que eu tinha que passar longe. Levei muito tempo para encontrar a forma de como criar, então pensei em algo que envolvesse a linguagem e a criação da sociedade. Quando me dei conta, criei algo parecido com o que penso, mantive a coisa da Tuga querer ter uma relação com o Piteco, mas ela não se submete a esse papel”, pontua.
O termo artista plástico me incomoda. Sou desenhista, às vezes pintor, às vezes grafiteiro
Shiko chicodeleite@gmail.com
Continua www.revistasim.com.br Mais trabalhos criativos de Shiko
40
Acima: Preto02 e releitura do HQ Piteco, de Mauricio de Sousa
MERCADO
44
Cordas náuticas Por: Beth Oliveira Fotos: Lucas Oliveira
A
Tidelli destaca o colorido no mobiliário. “As cordas náuticas vieram para ficar, já que as fibras em polietileno só permitem tons mais neutros. Enquanto isso, a corda traz cor, alegria e luz para os ambientes. Somos pioneiros nesse trabalho e agora trouxemos uma cartela de cores ainda maior. Nossos clientes têm solicitado esse tipo de mobiliário também pela sua resistência e elegância”, conta Patrícia de Oliveira, gerente da Tidelli. Projeto Segundo a arquiteta Vanja Calazans, que aplicou o elemento numa varanda à beira-mar, esta é uma solução que se aproxima ao estilo natural. “Para mim, a corda náutica é tendência porque também é aconchegante e agradável, além de resistente”, explica. Neste trabalho, ela usou mobiliários em tom bordô para sugerir um espaço gourmet. “A ideia era chamar para uma noite de queijos e vinhos, por exemplo”, afirma Vanja, que privilegiou a contemplação da vista. E acrescenta: “Usar móveis de áreas externas em varandas é uma forma de transformar o local em terceiro ambiente do apartamento, em substituição ao quintal existente em casa” finaliza.
Além de variedade de trançados, os mobiliários ganham
Tidelli
Vanja Calazans
releitura com o
Fone: (81) 3040.4660 www.tidelli.com.br
Fone: (81) 3465.1198
colorido das cordas
www.facebook.com/vanjacalazanselucyanacosta.arq
45
MERCADO
46
O retrô permanece C
om inspiração em peças do passado, surgem novos elementos de decoração. Esse estilo, chamado retrô, é a tendência do momento. “Móveis com essa referência, a exemplo do armário inspirado num rádio antigo, se combinados à multifuncionalidade de uma banqueta em madeira, são pedidas inteligentes.
Por: Beth Oliveira Fotos: Greg / Lucas Oliveira
“Acredito que elementos contemporâneos que simulam couro também são a aposta. As cores claras e o contraste suave de prata, como no papel de parede xadrez, estão bem em alta na decoração”, explica o lojista Kilder Menezes. Projeto Tony Jordão utiliza conceitos que embasam a escolha dos produtos da Kilder Menezes. “O retrô está em alta há algum tempo. Móveis com releitura das décadas de 50, 60 e 70 não serão ultrapassados. Neste projeto, como o apartamento é pequeno, apliquei mobiliário nesse estilo, mas com dupla função e menores proporções”, ressalta. Na sala de 47 m², o arquiteto usou o papel de parede by Kilder Menezes inspirado no xadrez e no animal print extraídos das passarelas. “Na parede dei ênfase à textura do papel e optei por uma disposição de objetos de forma mais largada. Isso também é tendência”, pontua.
Mesa retrô ganha diferentes grafismos, sem deixar de lado o passado
Kilder Menezes
Tony Jordão
Fone: (81) 3326.0525
Fone: (81) 9922.4444
www.kildermenezes.com.br
www.arquimais.com.br
47
#eudi
gosim @revista_sim /RevistaSIM.br
capa
Projeto comercial une elementos distintos numa perspectiva conjunta Por: Weslley Leal Fotos: Lucas Oliveira
U
m mosaico harmônico. Pode ser definido assim o projeto assinado pelos arquitetos Turíbio e Zezinho Santos, que dialoga com referências estéticas distintas para o bar Migué, no bairro do Parnamirim. “A ideia era manter o layout original da casa e trazer um pouco da atmosfera underground e urbana, sem perder o contato com a natureza”, conta Turíbio, apontando para as intervenções artísticas, executadas pelo grafiteiro Léo Arem, do Coletivo 33 Crew na casa.
Santos&Santos Arquitetura Fones: (81) 3081.5900 www.santosesantosarquitetura.com.br
50
51
projeto
Logo na entrada, surpreende o jardim vertical greenwall da Ecogreen, com sete metros de altura, instalado na fachada. Ainda na parte externa, destaca-se a ‘gaiola’ de eucaliptos, montada em torno de uma mangueira, cujas folhas se depositam numa película de vidro laminado, que proporciona ambientação mais intimista para o espaço sobre deck montável
52
em madeira. A área ganha ainda contornos circenses por meio de filas de luzes incandescentes, que ficam acesas durante a noite. “Por se tratar de um bairro bem arborizado, procuramos reforçar essa questão do ‘verde’, por meio dos eucaliptos, que se comunicam com o aspecto natural da mangueira e do jardim”, explica.
Releituras de objetos arquitetônicos e de decoração são marcas registradas nesse trabalho. Um desses elementos é o cobogó, pintado de amarelo na entrada, que, diferentemente de outras composições, foi vedado por dentro, não integrando as duas áreas da casa. A preocupação foi isolar o espaço interno, já que ele faz as vezes de balada a partir de certo horário do funcionamento do bar. Não à toa, a entrada dos clientes é feita por trás, onde ficam os sanitários e a antecâmara acústica, ambos marcados por uma ambientação descontraída com direito a quadros iluminados, idealizados pelo estúdio de design Mooz, e um fliperama no banheiro masculino. Neste último, sobressai a iluminação, desenvolvida pelo próprio escritório de arquitetura, e para os espelhos com aspecto deteriorado. Turíbio comenta que alguns dos objetos foram adquiridos já com avarias, em outros casos, os itens passaram por intervenções para que ganhassem aparência de desgaste.
Releituras de objetos arquitetônicos e de decoração são marcas do projeto
53
projeto
A parte interna do lugar é a prova de que kitsch e brega são perspectivas diferentes. O termo, de origem alemã, que ganhou sentido de falsificação por pintores do século 19, e que com frequência ganha conotação pejorativa, define bem a base da ambientação elaborada para o Migué. Mobiliário e objetos garimpados de antiquários e lojas de rua, resultados também das viagens dos proprietários do lugar — como o boneco E.T., o relógio de ponto, os cavalos de carrossel, presos em uma das paredes do bar —, compõem o ambiente de maneira desordenada. O contraste fica por conta de peças sofisticadas, como as cadeiras em metal assinadas por Philippe Starck. “O que mais gosto nesse projeto é a irreverência, a liberdade de quebrar tabus que ele proporciona. Vejo muito de mim aqui. Seja pelos neons ou pelo que está escrito, foi possível representar o que as pessoas muitas vezes não gostam de ouvir”, defende Zezinho.
Ponto interessante do projeto são as mesas de centro, com caixas de vidro, que expõem capas de vinis e recortes de revista
54
55
projeto
O que mais gosto nesse projeto é a irreverência, a liberdade de quebrar tabus que ele proporciona (Turibio)
56
“A ideia é sugerir essa atmosfera de amontoado de coisas. A referência é não ter referência fixa, mas uma mistura de influências”, ressalta Turíbio. Ele complementa que a ideia de um layout flexível resgata a atmosfera das residências. “É uma casa que está pronta, mas nunca completa. Sempre em constante modificação”. Ainda no interior, vale destacar o sofá Boca, em fibra e pintura automotiva – inspirado no desenho presente numa obra do surrealista Salvador Dalí nos anos 1930 –, vendido pela loja paulista Maria Jovem. Chamam atenção o carpete com estampa de couro de vaca e o sofá surrado, com motivo do Reino Unido, que apresenta intervenção em grafite do 33 Crew. Os neons instala-
dos nas paredes comungam do espaço com o painel da Dell Anno e a tela que ressalta o elemento feminino, também pintada pelo grafiteiro Arem. Ponto interessante do projeto são as mesas de centro, com caixas de madeira e tampo de vidro, que expõem capas de vinis e recortes de revista, desconstruindo a formalidade natural da madeira, ainda presente nas poltronas da Desmobilia. As banquetas amarelas e pretas, em metal, presentes na área do bar e na parte externa, fazem referência a uma estética industrial. “A perspectiva de ter móveis de tamanhos diferentes reforça essa ideia de assimetria, de realocação do espaço”, defendem os arquitetos.
57
projeto
Em tempo, a iluminação ĂŠ construĂda com spots de luz, que ora promovem um ambiente bem iluminado, ora satisfazem a atmosfera de penumbra do lugar, que conta ainda com luzes dimerizadas nos nichos do bar, alternando entre cores em determinado momento da noite.
58
59
projeto
Morar Projeto de Silvana Gondim com pequenas medidas foi pensado para ressaltar obras de artistas renomados Por: Beth Oliveira Fotos: Victor Muzzi
O
apartamento foi inteiramente planejado para um cliente que queria mudar de vida e trocou sua residência de 180 m² para restritos 70 m². Sendo assim, a arquiteta Silvana Gondim criou um ambiente intimista que reflete a personalidade do proprietário, trazendo um décor sofisticado, mas com inspirações rústicas e aconchegantes. “Meu cliente brinca que está de ‘volta ao futuro’. Pois, quando chegou de Cabrobó, Sertão de Pernambuco, ele morou na Boa Vista e agora retorna ao mesmo bairro”, comenta.
A’S Arquitetura Fone: (81) 3445.3744 | 3236.6281 asarquit@gmail.com
60
61
projeto
O uso da madeira de demolição no mobiliário e tons mais neutros refletem aconchego no lugar. Também fica perceptível em quase todos os ambientes — entre eles sala, quarto, cozinha — a aplicação de pinturas, esculturas e cerâmicas. “Diria que este apartamento é voltado para a arte e o artesanato. Selecionamos as obras pelas quais ele tinha um
62
carinho mais especial e trouxemos para cá, pois a coleção inteira não caberia aqui”, argumenta. Na sala, a estante com nichos, executada pela Florense, é um dos pontos altos. “Os espaços foram pensados para colocar as obras de arte. Tirei partido do amarelo e dessa cor de terra, que, não sei porquê, me lembram muito Cabrobó.
Fiz uma releitura do Sertão. Para mim é o que ele é, um sertanejo com um banho de cidade e nunca vai deixar de ser. A alma dele é nordestina e sertaneja”, conceitua. Também é possível encontrar peças de artistas consolidados no ambiente, que traz nomes como João Câmara, Roberto Ploeg, Romero Andrade Lima, Ana Veloso, Manoel Eudócio e Irineia, em fases bem expressivas.
63
projeto
Para realçar o colorido das peças, a proposta foi usar o branco nas paredes, deixando o projeto o mais neutro possível
Um dos nichos ressalta a coleção Beijo, formada pelo proprietário, que uniu trabalhos exclusivos de vários artistas, como Silvana, de Alagoas, Adelaide, da Paraíba, e até uma artesã colombiana. Para realçar o colorido das peças, a proposta foi usar o branco nas paredes, deixando o projeto o mais neutro possível. Os planejados da Florense harmonizam com a madeira maciça da mesa. A poltrona da Casapronta foi repaginada e recebeu tecido em couro vermelho da Maria Casa.
64
“Ele foi dono de bares e boates de sucesso. Por isso, a mudança pessoal trouxe essa coisa da casa mais intimista, voltada para o descanso. Ou seja, era outra casa e outra vida. Então, ele pediu a cozinha americana e uma sala sem TV, em que pudesse ficar lendo e contemplando as obras da sua coleção”, explica Silvana. Outra exigência respeitada pela arquiteta foi a acessibilidade, já que a irmã do proprietário é cadeirante. “A sala tem poucos móveis e em todas as circulações dá para passar uma cadeira de rodas”, ressalta.
O cliente participou de tudo. Inclusive, trouxe os prendedores da Colômbia para mostrar como queria no guarda-roupa
A pedido do cliente, o quarto deveria ser funcional e ter tudo à mão. “Ele não queria armário porque preferia todas as roupas e acessórios expostos, de maneira que ele pudesse ver. Então, eu fiz apenas uma porta para colocar o espelho e deixar espaço para objetos mais íntimos”, esclarece. Sendo assim, a arquiteta criou um closet com prendedores trazidos da Colômbia. A divisão entre os dois ambientes fica por conta do painel da TV. No lugar, obras do artista George
Barbosa realçam na parede branca. Para arrematar, o projeto luminotécnico do apartamento teve como tônica a funcionalidade. Silvana argumenta que criou uma iluminação de efeito, possibilitando cenários diferentes e valorizando as obras. “Predominam lâmpadas amarelas e eu apliquei dicroicas de LED e lâmpadas frias econômicas no mesmo tom”, pontua. Todo o mobiliário foi executado pela Florense e o projeto de iluminação pelo Empório da Luz.
65
projeto
Marco antonio
BOR SOI Por: Weslley Leal Foto: Lucas Oliveira Fotos dos projetos: Arquivo Pessoal
A
os sessenta anos, Marco Antonio Gil Borsoi defende que a arquitetura é, assim como outras modalidades, uma expressão artística. “O pensamento arquitetônico é voltado para a prestação de serviços e é, ao mesmo tempo, o reflexo da cultura de uma sociedade. Meu pai defendia que a arquitetura é a beleza milimetricamente construída. Eu complemento, me baseando em Mies van der Rohe*, de que a forma é muito mais um processo de destilação do que de inspiração da arquitetura”, finca. Marco Antonio é filho de um dos maiores representantes da arquitetura moderna no Brasil, Acácio Gil Borsoi. Com o pai, assimilou o gosto pela arte das edificações e desenvolveu projetos, como o do Conjunto Habitacional do Caçote (Ignez Andreazza), na Estância/PE, finalizado nos anos 80. A obra foi concebida para ser o maior
condomínio fechado da América Latina, abrigando uma média de dez mil habitantes. O trabalho para a Assembleia Legislativa do Piauí, realizado em 1984, juntamente com a arquiteta Janete Costa, é mais um que leva a assinatura conjunta dos Borsoi. À frente das atividades do pai no Recife, desde 1988, quando este retornou ao Rio de Janeiro, Marco dirige o escritório. Presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil em Pernambuco (IAB-PE), de 1996 a 2001, Antonio defende que o órgão teve papel fundamental para o retorno da democracia ao País. “Produzíamos periódicos dentro da sede da instituição, que foram importantes na retomada do Estado de Direito no Brasil”, ratifica. Segundo o arquiteto, a boa arquitetura é aquela que valoriza não só a estética, mas a funcionalidade, respaldada nos anseios da sociedade“, finaliza.
RAIO X Formação: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Bienal de São Paulo (1990) VI Seminário de Arquitetura Latino-Americana, em Caracas (1993)
Anos dedicados à arquitetura: 47
Suas referências na arquitetura: Museu Brasileiro da Escultura (MuBE/ SP), de Paulo Mendes da Rocha; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), de Affonso Eduardo Reidy; Fórum de Teresina/PI, de Acácio Gil Borsoi.
Projetos executados: mais de 50 Premiações de destaque: Concurso da Igreja Evangélica Assembleia de Deus (2012)
* Ludwig Mies van der Rohe foi um arquiteto alemão, professor em Bauhaus e tido como um dos principais nomes da arquitetura do século 20.
68
Assembleia Legislativa do Piauí (Projeto realizado em parceria com Acácio Gil Borsoi e Janete Costa em 1984)
A boa arquitetura é aquela que valoriza não só a estética, mas a funcionalidade, respaldada nos anseios da sociedade
69
projeto
Residencial Joel Queiroz Localizado na Avenida Boa Viagem, ao lado do Parque Dona Lindú, o projeto, de 2011 e em fase de finalização, aposta numa tipologia de edifício alto e funciona como moldura urbana para o empreendimento assinado por Oscar Niemeyer. Com um apartamento de 270 m² por andar, o edifício possui janelas amplas de 2 m de largura, com estrutura em vidro e alumínio, materiais presentes também nas paredes laterais de 5 m de largura, permitindo uma visualização privilegiada do Parque, além de melhor ventilação e iluminação natural dos pavimentos. A planta com caráter triangular frontal faz referência à de um navio, que corta o oceano. As janelas posicionadas na sala de estar buscam integrar as áreas interna e externa. Os dormitórios voltam-se tanto para a orla quanto para o Dona Lindu.
70
IEAD – Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco A ser fixada na Av. Mário Melo, no bairro de Santo Amaro, no Recife-PE, o projeto, desenvolvido em 2012, está previsto para o segundo semestre de 2014. O templo e edifício garagem, concebidos para celebrar o centenário da Instituição religiosa em Pernambuco, buscam resgatar as origens bíblicas, por meio do emprego de materiais como o alabastro. A pedra, com luminosidade característica, será combinada à iluminação artificial - sustentável em LED - para reforçar a mística da casa. O lugar contará ainda com tratamento acústico, executado pelo arquiteto em parceria com o escritório de Berenice Fraga (Recife-PE) e a empresa Audium (Salvador-BA). Com capacidade prevista para 26.500 pessoas, o edifício terá uma rampa de acesso, que proporcionará maior interação do público. Destaque para o foyer na fachada do prédio, que terá vidros de alta performance de 9 m de altura para isolamento acústico e controle
de temperatura em até 40%, além de automação para controle de energia e reaproveitamento de água. A construção, com ampla volumetria e altura de um prédio de dez andares, terá galerias montadas em pés direitos altos, permitindo que a circulação do público seja mais eficiente.
71
projeto
Paiva Home Stay Localizado em Barra de Jangada, Jaboatão dos Guararapes-PE, o projeto, iniciado em 2011 e atualmente em fase de obra, apresenta oito apartamentos por pavimento, com 36 m² e 43 m². O flat residencial tem composição plástica diferenciada, marcada por uma viga de borda, e sublinha a nova paisagem do bairro, que ganha ar contemporâneo. A fachada lateral em vidro contrasta com a porção de peitoris de listras brancas, promovendo uma maior iluminação natural e uma visão ampla da praia a partir dos quartos. Segundo o arquiteto, a construção faz referência ao início da instalação dos residenciais na orla de Boa Viagem.
72
FAV – Fundação Altino Ventura Situado na Iputinga, Zona Oeste do Recife/PE, o projeto, iniciado em 2011, conta com a primeira fase (Bloco 02) já concluída. Sua estrutura em concreto armado revestido com porcelanato, apresenta layout de ‘ilhas suspensas’ interligadas, com fachadas em vidro — que favorecem a iluminação natural e a ventilação cruzada dessas áreas onde funcionará o atendimento ao público. A modulação do prédio proporciona uma boa circulação geral, por meio de grandes vãos que facilitam o acesso da população atendida aos consultórios, intercalados por salas ampliadas. Com entrada imponente, a planta faz referência aos aeroportos, com grandes espaços de espera e fluxo de pessoas.
Marco Antonio Borsoi Arquiteto Fone: (81) 3465.4311 | (81) 8841.7052 marcoantonio.borsoi@gmail.com
73
decoração
MOSTRA ARTEFACTO Por: Weslley Leal Fotos: Greg Partindo da perspectiva Beach & Country (Praia e Campo), a Mostra Artefacto apresentou dez ambientes concebidos por profissionais desafiados a montar espaços distintos com itens promocionais da casa. “Consideramos esta a primeira edição da
Mostra, já que agora foi pensada para dar visibilidade ao produto Artefacto/ Conceito, que reúne na loja do Recife as duas marcas da empresa – a Artefacto e a Artefacto Beach&Country”, explicam Miguel Fernandes, Wair de Paula e Eduardo Machado, sócios da
loja. “Queremos desmistificar a ideia de liquidação desarrumada. Dessa forma, propomos ambientes com os itens, que, apesar de estarem com preços abaixo da tabela, conservam a mesma qualidade dos produtos sob encomenda”.
Ana Paula Cascão Fone: (81) 3033.6900 anapaulacascao.com.br
Vitrine Superior – Ana Paula Cascão Unir sofisticação e alegria. Essa foi a proposta de Ana Paula para o seu ambiente. Tudo gira em torno da cadeira longe Bloom, que, segundo ela, enche o espaço de vida, cor e forma e, ao mesmo tempo, imprime tom atemporal. Aliada aos nichos - que receberam prateleiras e foram revestidos por papeis de parede, A3 Design, para ganhar profundidade – a “poltrona flor” reina absoluta, ao lado da cortina marroquina e dos objetos da Bianco Quiaro. O toque rústico fica por conta dos baús em madeira, da Artefacto.
74
Sala do Rapaz – Anderson Lula Aragão
Anderson Lula Aragão Fone: (81) 3088.5080 andersonlulaaragao.blogspot.com.br
A atmosfera de um viajante é a inspiração do ambiente. Nele, o arquiteto procurou imprimir a ideia de fragmentos de viagens em harmonia com estilo e personalidade. O papel de parede branco da A3 Design retrata tijolos aparentes e compõem o cenário. Junto ao mobiliário em madeira, peças de artesanato, como o banco onça vindo de Tracunhaém, máscaras e estampas com motivos étnicos, nas almofadas e no banco. A iluminação indireta é complementada pelas luminárias de teto com rodas de bicicleta prateadas e laranjas.
75
decoração
Vitrine Principal – Guilherme Eustachio Neste ambiente, Guilherme fez referência ao tema da Mostra, numa interessante conexão de elementos praieiros e campestres espalhados pelo espaço, como o mobiliário de madeira e rico em trançados da Artefacto e as peças em metal na cor cinza que lembram o desenho de conchas marinhas. A composição lúdica, também característica do projeto, é alcançada principalmente pelos portais com iluminação própria, revestidos com papeis de parede Livre Decor, pelo carpete em escada, com listras em tons de cinza e bege, e pela mesa em metal com tampo de vidro da Artefacto.
Guilherme Eustachio Fone: (81) 3326.6160 www.guilhermeeustachio.com.br
76
Loft – Madalena Albuquerque e Newman Belo Naturalmente sofisticado, o lugar brinca com a dualidade de objetos novos (mobiliário Artefacto) e antigos, entre os quais, lustres da coleção pessoal do casal, além dos corais desidratados que enfeitam uma das paredes – marcada pelo papel de parede dourado da A3 Design. O ambiente divide-se em sala de estar, sala de jantar e mesa de apoio para drinks. O espelho redondo, do extinto Hotel Boa Viagem, agrega um caráter vintage, enquanto que os pedaços de madeira encaixados na parede ocre reforçam o dinamismo do espaço e integram-se com as cores do mobiliário exclusivo.
Madá Albuquerque Fone: (81) 3467.4618 madalenaalbuquerque@uol.com.br
77
decoração
Living – Mário Baô No Living, Mário Baô aposta em tons de dourado, presentes no papel de parede com motivos florais, listrados e adamascados da A3 Design, bem como nos objetos da Finni Conceito e Gabinete D. A escolha do mobiliário neutro, disposto simetricamente, busca o equilíbrio, já que a presença dos papéis de parede é bem forte em toda a sala. A iluminação indireta foi utilizada para valorizar os móveis e as peças de decoração, mantendo a harmonia visual do ambiente.
Mário Baô Fone: (81) 3327.3364 www.mariobao.com
78
Sala de estar no campo – Mônica Paes A contraposição de elementos rústicos e sofisticados é representada pelo mix de aço e vidro nas mesas laterais, bem como pelas fibras das poltronas e o aparador em madeira de demolição. Aqui, a concepção do espaço se deu a partir das cores das pinturas retratadas nas estampas das almofadas, no baú e no banco da Artefacto. O vaso vietnamita azul da Bianco Quiaro reforça as cores do ambiente e traz o verde para dentro do espaço interno.
Mônica Paes Fone: (81) 3325.1965 monicapaes@hotlink.com.br
79
decoração
Lounge praia – Nejaim e Azevedo Para compor o lounge, Márcia Nejaim e Suzana Azevedo se inspiraram no uso de cores e na ideia de fazer um espaço de praia revisitado, mais luminoso e sofisticado. Para tanto, as arquitetas quebraram o formalismo e a apostaram no uso do verde ácido em uma das paredes da sala de jantar. No mesmo espaço, chama a atenção a mesa em tampo de vidro e bases em acrílico e madeira de demolição, em perfeita integração com cadeiras em vime da Artefacto. Sobre a mesa, o lustre com cúpula em formato de abacaxi. Na sala de estar, a mesa de centro da Artefacto segue também a aposta ecologicamente correta, com o revestimento em madeira de demolição, onde estão inseridos objetos da Particolare.
Nejaim & Azevedo Fone: (81) 3326.6652 www.nejaimazevedo.com.br
80
Terraço – Mesquita e Neto Belém Na parte mais interna da loja fica o Terraço ambientado por Alexandre Mesquita e Neto Belém. A inspiração da dupla surgiu a partir da fonte da Bianco Quiaro e da ideia de contemplar os elementos da natureza. Para isso, o contraponto de duas cores: o ultravioleta Mystique, presente na parede, e o infravermelho do piso Revolution da Adroaldo, feito em resina de alta resistência. Completa o tom intimista do espaço o jardim vertical – assinado por Marcelo Kozmhinsky –, mobiliário da linha garden da Artefacto, nas cores bege, marrom e cinza, bem como uma escultura de Manoel Nunes no centro.
Alexandre Mesquita Fone: (81) 3039.3031 www.alexandremesquita.com.br
81
decoração
Home Office – Paulinho Sant’Ana e Ricardo Sales Moderno e descontraído, o espaço nas cores como uva, preto e verde ácido, traz papel de parede texturizado da A3 Design. A iluminação indireta é conjugada com as luminárias Tolomeo (de chão) da La Lampe e a sofisticada luminária Taj (de mesa) da Kartell. Outra característica é o uso de peças de arte popular de José Bezerra e Gil Vicente, papeis de Raul Córdula e quadro de Ricardo Sales, do acervo pessoal de Paulinho. O mobiliário, com cadeiras na cor beje e pés de madeira destacados, e a poltrona de couro com partes em metal da Artefacto, reforçam a sofisticação do lugar, que conta com piso em porcelanato italiano.
Paulinho Sant’Ana e Ricardo Sales Fones: (81) 9968.6253 / 8848.8523 paulinhosantana01@gmail.com sales.ricardo@gmail.com
82
Sala Íntima – Romero Duarte Fazendo referência ao estilo art déco, Romero trouxe para o seu ambiente um mix de cores, peças e objetos. A peça-chave é a cadeira estilo Dom José, mundialmente conhecida e reproduzida pela Artefacto, contrastando com as de desenho brasileiro, também da loja. Destaque para os quadros do artista plástico Gustavo Martins e as luminárias, que trazem traços orientais e africanos, reforçando o efeito visual. O tapete preto, de Adroaldo, imprime a dose certa de neutralidade ao espaço, que tem toque clássico com o pattern do papel de parede com motivos geométricos, da A3 Design – aplicado tanto no teto quanto na parede.
Romero Duarte Fone: (81) 3222.0971 www.romeroduarte.com.br
83
projeto
A COR da criatividade Casamarela co.working une descontração e serviços compartilhados na Zona Norte do Recife Por: Weslley Leal Fotos: Greg
C
oncebido em 1999 pelo designer de games norte-americano Bernie DeKoven para definir um trabalho colaborativo mediado por computador, o modelo de coworking se expandiu, ganhou novas áreas, entre as quais as que compõem a chamada Economia Criativa como moda, design, fotografia e gastronomia. Localizado num casarão no bairro de Casa Amarela, Zona Norte recifense, o Casamarela co.working é a mais nova empreitada pernambucana no que toca a esse estilo de negócio,
baseado no compartilhamento de serviços e espaço físico, o que, neste último aspecto, significa uma ambientação funcional e ímpar justamente por se ancorar no compartilhamento de ideias. Na parte externa do casarão, a arquitetura colonial é valorizada pelo amarelo dos portões de ferro, também presente no corrimão e nas molduras das janelas, que evocam o nome do Coletivo e do próprio bairro. As poltronas spun do designer inglês Thomas Heatherwick, posicionadas na entrada, chamam aten-
ção e quebram a ideia de formalidade, característica desse tipo de construção. Inaugurado em abril, o Coletivo é composto por oito empreendimentos: 30ideas, Agência Pavio, Calma Monga!, Combi, El Paso Café, Instituto Candela, Muma e Xodó Filmes. A iniciativa, encabeçada pela empresária Gabriela Fiuza (Calma Monga!), conserva a estrutura original do imóvel, apesar das intervenções na ambientação dos espaços, feitas pelos próprios moradores, sob orientação do arquiteto e designer Matheus Ximenes Pinho.
Em pé, da esquerda para A direita: Daniel Sultanum E João Penna (El Paso Café), Rafael Rodrigues (Xodó Filmes), Geisa Agrício (Agência Pavio), Vitor guedes (30ideas), Ivan Alecrim (Instituto Candela). Sentados; Joana Aquino E Rodrigo Coutinho (Agência Pavio), Matheus Ximenes (Muma), Samara Fernandes (Instituto Candela) gabriela fiuza (Calma Monga! | Combi) Rafael Borges (El Paso Café) Casamarela co.working Fone: (81) 9164.3564 | 9832.8056 www.facebook.com/casamarelaa
84
85
projeto
Logo ao chegar à casa, o visitante encontra a nova sede do Instituto Candela. Dirigida pelo fotógrafo Ivan Alecrim e a esposa Samara Fernandes, a escola de fotografia ocupa a antiga garagem do casarão. O esquema de puffs e as cadeiras suspensas dão o tom participativo dos cursos. “Passamos mais tempo aqui do que em casa. Na verdade, esta é a nossa segunda casa, por isso prezamos por um ambiente que transmita aconchego”, pontua Samara. A luz natural dos cobogós, com pele de vidro por dentro, permite uma integração com o ambiente externo, área utilizada como suporte para atividades fotográficas do Instituto. “A maior parte dos objetos daqui são dos próprios alunos, que deixam um pouco de si mesmos na escola”, conta Ivan, apontando para os livros na estante de metal no canto da sala.
Instituto Candela Fone: (81) 3031.6453 www.institutocandela.wordpress.com
86
À frente da loja virtual de móveis e peças de decoração, Muma, estão o arquiteto e designer Matheus Ximenes Pinho e o empresário Murilo Bernardes, que montaram o escritório, que também serve de vitrine para aos produtos da empresa, para atender os clientes presencialmente na antiga lavanderia do casarão. “Além de estarem disponíveis na loja colaborativa (Combi), nossos itens estão espalhados por praticamente todos os ambientes, incluindo aqui”, sinaliza Matheus.
Fazemos a compra dos produtos diretamente com os fabricantes, inclusive visitando lojas e ateliês, para oferecer itens exclusivos de alta qualidade a um custo acessível para o consumidor (Matheus Ximenes) Na sala, com 16m², o destaque vai para a Poltrona Proust branca, desenhada originalmente em 1978 pelo italiano Alessandro Mendini para o Palácio de Diamante na Itália e reformulada em polietileno pela Magis. Além dela, se sobressaem os bancos cloud, nas cores vermelha e azul, do designer brasiliense Humberto da Mata, feitos com trançado em tecido listrado, e o banco carta de baralho, de Gustavo Engelhardt.
1
2
3
4
5
6
Confira uma seleção dos produtos, com seus respectivos designers, da Muma ao lado:
Muma Fone: (81) 4042.0004 www.muma.com.br
1 . P o lt r o n a BECA | A l e ss a n d r o M e n d i n i , 2 . C a d e i r a C a l i | Â n g e lo D u vo isi n , 3 . P u f f C o o k i e | E d u B o rto l a i , 4 . Ki t B e n to | H ly n u r At l a s o n , 5 . Va s o S k y p l a n t e r | Pat r i c k M o r r is , 6 . M e s a Am pa r o | B r u n o Fau c z
87
projeto Subindo as escadas, o El Paso Café torna o terraço tentador, com uma decoração marcada por mesas em madeira e cadeiras Cali coloridas, assinadas pelo designer catarinense Ângelo Duvoisin. O lugar é dirigido pelos
jovens João Penna, Daniel Sultanum e Rafael Borges, e serve delícias com quê nostálgico, leia-se o brownie preparado por Daniel para o café e que remete à infância dos donos. “Tudo que está no cardápio é fruto das nos-
sas experimentações de quando éramos crianças e nos metíamos a cozinhar nas férias”, conta João. “Tirando o nosso café, que é produzido pela Seleção do Mário, no Espírito Santo”, brinca.
El Paso Café Fone: (81) 9522.2480 www.facebook.com/cafeelpaso
A maior parte do pavimento superior é ocupada pela loja colaborativa Combi, idealizada pelas empresárias Gabriela Fiuza e Lianna Saraiva. Na parede do lado direito e no fundo da sala, foram posicionados nichos que expõem os produtos (acessórios, peças de design, ilustrações, vestuário) de dezessete marcas, entre as quais das próprias Calma Monga! e Muma. Na sala, chamam a atenção a mesa, feita com uma porta antiga. Os objetos, a escada em espiral e as paredes, pintadas de amarelo e azul, reforçam a descontração das marcas comercializadas na loja.
88
No segundo ambiente, um espaço foi dedicado exclusivamente às peças da Calma Monga!, demarcado pelo piso em revestimento quadriculado da Portobello. A área conta ainda com grade de pallet para exposição das peças da marca autoral de Fiuza, uma cristaleira original da primeira loja de “Gabi” e uma estante com terrários da designer floral Tita de Paula. “A ideia da Combi, assim como do próprio Coletivo, é de viabilizar o acesso do público a produtos e serviços, que comungam da mesma proposta criativa, de forma mais eficaz”, frisa Gabriela.
Combi | Calma Monga! Fone: (81) 3019.5207 www.calmamonga.tanlup.com
89
projeto
Ainda no piso superior, está a Xodó Filmes, uma produtora de vídeos capitaneada pelos jovens Rafael Rodrigues e Rafael Soares. A empresa surgiu em esquema home office em 2012. “Tudo começou como um hobby, até que uma amiga pediu para eu filmar o casamento dela. Fizemos de forma mais descontraída, mostrando os bastidores da cerimônia e os preparativos, baseados numa perspectiva inédita de cobertura”, conta Rodrigues. A descontração da sala se apresenta nas cores das cadeiras Cali e nas prateleiras embutidas, com objetos que remetem ao universo cinematográfico, dos próprios sócios. Destaque na iluminação para a luminária com formas geométricas, idealizada pela irmã de Rafael Rodrigues, Dorotéa Almeida.
Xodó Filmes Fone: (81) 8822.6347 contato@xodofilmes.com.br Em seguida, fica a Agência Pavio, dos empresários Geisa Agrício, Joana Aquino e Rodrigo Coutinho. A empresa é focada em consultoria de comunicação. O armário embutido amarelo mostarda quebra a formalidade do ambiente, enquanto o quadro de Raul Córdoba e as peças de artesanato da República Dominicana fazem referência à faceta cultural do empreendimento, que trabalha também com elaboração de projetos para artistas.
Agência Pavio Fone: (81) 3204.2665 www.agenciapavio.com
Para finalizar, a 30ideas, iniciativa especializada na elaboração de aplicações para celular e tablet (mobile). Dirigida pelos cientistas da computação Josemando Sobral e Vitor Guedes, a empresa conta com ambientação clean. A criatividade fica por conta de um armário embutido, cuja porta de correr serve de quadro branco para serem desenhados ideias e cronogramas para o desenvolvimento de aplicativos.
90
30ideias Fone: (81) 2122.1025 www.30ide.as
delícias
Arte que vai à mesa A alquimia de quem é chef e artista, não necessariamente nessa ordem
Por: Edi Souza Fotos: Greg
A
roupa colorida e o jeito expressivo revelam a originalidade da chef mineira Agnes Farkasvölgyi. Quando não está à frente dos eventos organizados pelo seu Bouquet Garni, no universo de casamentos e aniversários, faz questão de deixar a dolmã de lado para explorar uma gastronomia conceitual, numa verdadeira fusão dos sentidos. A base para tudo isso vem de sua formação em artes plásticas, física e gastronomia, que resultam num trabalho criativo observado de perto pela Revista SIM! durante sua passagem pela Casa de Olinda. Foi lá que a versátil protagonista deste Delícias apresentou as variedades de um cardápio com ênfase nas memórias afetivas. “A gastronomia é uma forma de acarinhar as pessoas e isso eu aprendi com minha avó, que aos 104 anos faz o que todo mundo da família gosta de comer”, explica. Segundo Agnes, o lado estético ganhou forças graças à sua trajetória no mundo artístico. “Quando larguei a atuação em física e trabalhei apenas no meu bufê, voltei a desenhar. Foi então que resolvi fazer o curso de belas artes e logo me vi traduzindo a arte no que eu fazia com a comida”, argumenta.
94
Agnes Farkasvölgyi Fone: (31) 3465.0101 www.agnesfarkasvolgyi.com.br
95
delícias Para se ter uma ideia dessa alquimia, um dos seus primeiros trabalhos em galeria foi no ano de 2005, com a criação de seis telas comestíveis inspiradas em Frida Kahlo, Van Gogh, Beatriz Milhazes e outros nomes. “É uma performance que, de algum modo, está ligada à minha personalidade”, diz. Por isso, uma simples opção de entrada ganha contorno artístico, a exemplo da pipoca com coco queimado, envolvido por papel e decorado com recortes no desenho de flor. “É uma ousadia que não tem pirotecnia e se utiliza de ingredientes comuns”, defende. É desse modo delicado que Agnes vem conquistando o público há mais de duas décadas. “Sou uma cozinheira que faz arte, não importa a ordem das coisas”, define. Na produção seguinte, ela de-
monstra ter atenção às cores para trazer ar exótico ao prato, traçando croquis bem antes do produto final chegar à mesa. “Trata-se de um sorbet de tomate com pesto rústico de limão, acrescido de coentro e castanha de caju, ingredientes bonitos e fáceis de encontrar”, conclui. “O estudo possibilita criar surpresas com a comida. Só quando você bota a ciência dentro do alimento é possível explorar a estética. Adoro utilizar queijo coalho, castanha e mandioca por conta da sua universalidade”, explica. Na hora de criar, a chef leva em conta a contraposição de textura, a maciez e a crocância como características que trarão uma experiência completa aos olhos e ao paladar.
Sorbet de tomate com molho pesto por Agnes Farkasvölgyi
Ingredientes:
Modo de preparo:
3 latas de tomates pellati ou 1 kg de tomates bem vermelhos 1 pepino japonês picado – sem casca 3 colheres de óleo de carvão 2 colheres de vinagre de vinho branco Temperos: pitadas de páprica doce e picante, pitada de sal
Junte todos os ingredientes no liquidificador e bata. Passe por uma peneira fina. Coloque na sorveteira e bata até engrossar. Leve ao congelador até a hora de servir. Bata novamente para que fique cremoso. Para quem não tem sorveteira: leve ao freezer e retire duas vezes para bater novamente. Deixe pelo menos uma noite para ficar bem gelado!
Pesto: 1 dente de alho ½ xícara de castanha de caju ou castanha do Pará 1 colher de raspas de limão ½ xícara de salsa fresca ½ xícara de azeite e 1/2 xícara de óleo de abacate Sal a gosto Wasabi em pó
96
Pesto: coloque as castanhas e o alho no almofariz e ‘amasse’ um pouco. Junte os óleos e depois a salsa. Salgue.
O estudo possibilita criar surpresas com a comida. Só quando você bota a ciência dentro do alimento é possível explorar a estética
delícias
Cozinha! Função e estilo aos objetos do dia a dia
1
2
3
4
98
A marca Emsa, produzida na Alemanha e disponível na Spicy, oferece uma garrafa térmica com ampola de vidro que mantém a temperatura de líquidos quentes por até 12 horas e frios por até 24h. A cor vibrante é para realçar o item, com sua tampa no sistema quick tip que permite ser acionada com apenas uma mão.
Spicy Fone: 0800 16 83 88 www.spicy.com.br
A Stand Mixer, da KitchenAid, é a “queridinha” dos chefs. Considerada ícone de design, o utensílio proporciona misturas rápidas e homogêneas. Sua tecnologia garante movimento planetário que alcança 59 pontos de contato com a lateral da tigela. A versatilidade permite acoplar acessórios úteis ao preparo de alimentos como sorvetes, massas e sucos.
KitchenAid: SAC: 4004.1759 www.kitchenaid.com.br
Para trazer informalidade à cozinha, a linha Head Chef reúne espátula, colher, copo de medidas e pincel – todos em silicone. Os formatos são inusitados e chamam atenção pelo design, pela cor e pelo estilo.
Preparar, cozinhar e servir o alimento em um mesmo produto. Essa é a proposta da Ceraflame, indústria catarinense que fabrica a Linha DUO+, com produtos acompanhados de tampa de cerâmica, formada por caçarolas e frigideiras em diversos tamanhos e cores.
CasaTua Presentes Fone: (81) 3040.1001 www.casatuapresentes.com.br
Ceraflame Fone: 0800 644 6444 www.ceraflame.com.br