http://www.institutowerneck.com
INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA DE CRUZEIRO C U R S O DE ESPECIALIZAÇÃO EM ORTODONTIA
TRACIONAMENTO ORTODÔNTICO-CIRÚRGICO DE CANINO SUPERIOR IMPACTADO: REVISÃO DE LITERATURA
GRAZIELA BORGES MARINO
Monografia apresentada ao Instituto de Ensino e Pesquisa de Cruzeiro, como parte dos requisitos para obtenção ao título de Especialista em Ortodontia.
Cruzeiro 2008
http://www.institutowerneck.com
http://www.institutowerneck.com INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA DE CRUZEIRO C U R S O DE ESPECIALIZAÇÃO EM ORTODONTIA
TRACIONAMENTO ORTODÔNTICO-CIRÚRGICO DE CANINO SUPERIOR IMPACTADO: REVISÃO DE LITERATURA
GRAZIELA BORGES MARINO
Monografia apresentada ao Instituto de Ensino e Pesquisa de Cruzeiro, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista em Ortodontia. Orientador:
Prof.
Dr.
Eduardo César
Werneck.
Cruzeiro 2008
http://www.institutowerneck.com
Ficha elaborada pela Biblioteca do IEPC
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E
DIVULGAÇÃO TOTAL OU
PARCIAL DESTE
TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE E COMUNICADA AO AUTOR A REFERÊNCIA DA CITAÇÃO.
Cruzeiro,
/
/
Assinatura: e-mail: grazielamarino@hotmail.com
FOLHA DE APROVAÇÃO
Marino, G. B. Tracionamento ortodôntico- cirúrgico de canino superior impactado: revisão de literatura. [Monografia de Especialização]. Cruzeiro: Instituto de Ensino e Pesquisa de Cruzeiro; 2008.
Cruzeiro,
/
/
Banca Examinadora
1) Prof(a). Dr(a).: Julgamento:
Assinatura:
2) Prof(a). Dr(a).: Julgamento:
Assinatura:
3) Prof(a). Dr(a).: Julgamento:
Assinatura:
Dedicatória
Dedico este Trabalho
À Deus, pelo dom da existência, pois sem Ele não estaria aqui. Aos meus pais, que me deram a vida e me ensinou vivê-la com dignidade. Ao meu namorado, pelo apoio me dando força para não desistir das tarefas do dia a dia.
Agradecimentos especiais
Amor e humildade Nós viveremos, universo afora, Trazendo dentro d'alma a vida acesa No ritmo da luz da Natureza, Que é a eterna vibração da eterna aurora. A dor, somente a dor nos aprimora, Nos caminhos da prova e da aspereza, Elevando a nossa alma na grandeza Da grande claridade redentora. Somos os lutadores peregrinos, Sonhando pela estrada dos destinos, Um castelo de paz, ventura e glórias. Sabemos do passado envolto em ruínas Que a luz do amor e as rudes disciplinas, São as chaves das últimas vitórias. Raul de Leoni (psicografado em 1936)
Agradeço às amigas Mara Bonafé e Luciana Marino, pela força que me impulsionou a chegar até aqui. Aos colegas do curso de especialização. Aos funcionários do Instituto de Ensino e Pesquisa de Cruzeiro.
Agradecimentos
Ao Professor Eduardo César Werneck, pela paciência e dedicação que me orientou neste trabalho. Ao Professor Ronaldo Bastos pelos ensinamentos nas clínicas de ortodontia.
Marino, G. B. Tracionamento ortodôntico- cirúrgico de canino superior impactado: revisão de literatura. [Monografia de Especialização]. Instituto de Ensino e Pesquisa de Cruzeiro, 2008.
RESUMO Os caninos são elementos extremamente
relevantes
na
arcada dentária,
justificando-se pela grande importância estética e funcional. A incidência da impactação de caninos superiores é um fato que acontece freqüentemente, principalmente na região palatina. Técnicas cirúrgicas juntamente com tratamento ortodônticos são bastante utilizados para o correto posicionamento na arcada dentária. Este trabalho têm como objetivo mostrar, através de uma revisão de literatura, as principais técnicas ortodônticas- cirúrgicas para tracionamento de caninos impactados. Palavras-chave: 1. Caninos impactados. 2. Dente impactado-cirurgia. 3. Ortodontia corretiva.
Marino, G. B. Traction surgical- orthodontic, of maxillary canine impacted: review of literature. [Monograph of expertise]. Institute for Teaching and Research of Cruzeiro, 2008.
ABSTRACT The canines are elements extremely relevants at the dental arcade, it justified by the wide stetic and functional importance. The incidence of impaction of maxillary canines is a fact that happens often, especially in the palate. Surgical techniques together with orthodontic treatment are a lote used for the correct positionament at the dental arcade This project are intended to show, through of a revision of literature, the principalr technics surgical- orthodontic for traction of canines impacted. Key words: 1. Canines impaction. 2. Impacted tooth-surgery. 3. Orthodontic correction.
LISTA DE FIGURAS
P-
Figura 1
Radiografia panorâmica
42
Figura 2 -
Radiografia oclusal
44
Figura 3 -
Aspecto clínico
45
Figura 4 -
Recobrimento com cimento cirúrgico
45
Figura 5 -
Remoção do cimento cirúrgico e visualização da exposição cirúrgica conservadora
46
Figura 6 -
Tracionamento do canino permanente com elástico em cadeia
46
Figura 7 -
Aspecto clínico final
47
Figura 8 -
Radiografia panorâmica
47
Figura 9 -
Posição do encaixe de tração
48
Figura 10-
Gancho de encaixe do cantilever
48
Figura 1 1 -
Encaixar o cantilever. Aguardar a exposição do canino incluso
49
Figura 12 -
Aspecto clínico com vista oclusal
49
Figura 13 -
Exposição da coroa do canino impactado
50
Figura 14 -
Fotopolimerização do acessório colado no canino impactado
50
Figura 15-
Sutura e recobrimento do dente
51
Figura 16-
Cantilever sem ativação
52
Figura 17-
Retração do canino incluso
53
SUMÁRIO
P-
1. INTRODUÇÃO
01
2. REVISÃO DE LITERATURA
04
3. PROPOSIÇÃO
10
4. CASO CLÍNICO
12
5. DISCUSSÃO
22
6. CONCLUSÃO
26
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
28
INTRODUÇÃO
Introdução 1
2
INTRODUÇÃO
Impactação de dentes são aqueles considerados com uma erupção retardada ou então quando não se espera irromper totalmente, baseando-se na avaliação clínica e radiográfica. A retenção dental é um problema cada vez mais freqüente e muitos fatores concorrem para que isto ocorra, dentre os quais podem ser considerados o crescimento da caixa craniana em detrimento dos maxilares, a dieta cada vez menos exigente do aparelho estomatognático e a consciência de uma Odontologia preventiva, em que o paciente não mais sofre mutilações em seu período de infância e adolescência, adentrando a idade adulta com todos os elementos dentários no arco, podendo assim gerar falta de espaço. Na prática odontológica a impactação dental é freqüentemente encontrada, sendo os dentes que mais comumente sofrem impactação nos adultos e adolescentes os terceiros molares e nas crianças os caninos superiores VASCONCELLOS et ai, 2003. De acordo com RICHARDSON E RUSSEL, 2000, a incidência de impactação de caninos superiores deve ocorrer em 1-2 % na população, na maioria das vezes espera-se que o dentista conheça os sinais e sintomas destas condições. A detecção precoce de caninos impactados pode reduzir o tempo de tratamento, complexidade, complicações e custo. Inicialmente, os pacientes devem ser examinados pela idade de 8 ou 9 anos, a fim de determinar se o canino é deslocado de uma posição normal no alvéolo e avaliar o potencial de impactação. O clínico pode investigar a presença e a posição da cúspide usando 3 simples métodos: inspeção visual, palpação e radiografia. Diagnosticada
a
impactação
do
canino,
pode-se
considerar
várias
possibilidades de tratamento, de acordo com C A P P E L E T T E et ai (2008): 1) Não tratar o caso se o paciente assim o desejar, no entanto, devemos fazer o acompanhamento para o controle de alguma condição patológica;
Introdução
3
2) autotransplante do canino; Se um dente está severamente impactado, o autotransplante é uma possibilidade de tratamento. A reabsorção externa da raiz é a maior causa de fracasso. Aproximadamente 2/3 dos dentes transplantados são funcionais por 5 anos, mas apenas cerca de 1/3 fica retido por 10 anos; 3) extração do canino impactado e movimentação do pré-molar para o seu espaço; 4) extração do canino e osteotomia para movimentar todo o segmento posterior; 5) restabelecimento da oclusão por meio de prótese; a extração dificilmente é considerada, exceto em raros casos, tais como canino anquilosado, com reabsorção externa ou interna, severa impactação ou dilaceração; 6) exposição cirúrgica e tracionamento ortodôntico.
REVISÃO DE LITERATURA
Revisão de literatura 2
5
REVISÃO DE LITERATURA
De acordo com WISTH, NORDEVAL & BOE (1976) demonstraram uma abordagem cirúrgica que consiste em abrir o espaço necessário para a fixação imediata de um dispositivo para receber a força ortodôntica. JACOBY (1979) afirma que a operação necessária sobre o dente impactado é simples e menos traumática.
A força exercida sobre o dente é vertical, sem
comprimir o dente impactado em direção as adjacentes raízes, é um sistema em que o dente é tracionado pela ação de uma mola, chamada assim de mola balística, que libera uma força contínua, pela ativação por meio de seu longo eixo. O canino, após a exposição cirúrgica, recebe um dispositivo na face lingual, que será o acessório de ligação para a complementação do sistema de tracionamento. PURICELLI (1987) apresentou a técnica chamada de apicotomia, que tem sido utilizada com sucesso durante os últimos vinte anos em casos de trauma com dilaceração dos caninos superiores ou raízes anquilosadas apicalmente. Este método envolve cirurgia de fratura do ápice radicular, seguido de ortodontia tração corono-radicular da região. WILLIAMS em (1991) recomenda a remoção precoce dos caninos decíduos, fazendo com que estes guiem os caninos permanentes, antes será feito um exame clínico de palpação para certificar que não existe uma elevação no palato ou na região vestibular, fazendo assim a intervenção por volta dos oito anos de idade. KOHAVI et al. (1984) avaliaram a saúde periodontal de caninos impactados submetidos a exposição cirúrgica, conservadora ou não. Os autores concluíram que uma exposição cirúrgica mais conservadora associada a aplicação de forças ortodônticas leves são mais benéficas ao periodonto, minimizando a perda de osso alveolar de suporte e injúrias ao dente durante o tracionamento. SAAD NETO ei al. (1985) preferem recobrir o canino incluso com retalho mucoperiostal ao invés da exposição cirúrgica da coroa ao meio bucal, dando ênfase para as técnicas de colagem direta com tela ortodôntica e resina composta. Nos casos de inclusões retroalveolares profundas realizam transfixação junto à borda incisai da coroa do canino, afirmam que a ulectomia, geralmente, ocasiona a formação bolsas periodontais, sendo freqüente a ocorrência de recessões gengivais.
Revisão de literatura
6
ERICSON E KUROL (1988) concluíram que a conduta cirúrgica para remoção do canino impactado pode variar sendo que a correção espontânea é bem mais desfavorável com o aumento da idade, podendo variar desde nenhum tratamento ou então uma técnica cirúrgica conservadora. De acordo com Fournier et al. (apud RODRIGUES; TAVANO, 1991) consiste em fazer uma pequena perfuração atravessando o ângulo incisai do dente, permitindo que um fio ortodôntico fosse amarrado ao mesmo e fixado com resina acrílica ou composta. Há a desvantagem de, posteriormente, o dente necessitar de tratamento restaurador, além do risco de exposições pulpares acidentais. A técnica do laço foi bastante empregada antes do advento da colagem de bráquetes, consiste em laçar o dente empregando fio ortodôntico que é torcido adaptando assim à região cervical da coroa facilitando a tração. PROFFIT em 1993 preconizou que antes da colagem direta, um pino ou parafuso podia ser posicionado na coroa do dente não irrompido e, em circunstâncias especiais, isso permanece como alternativa ou então um fio de ligadura pode ser colocado ao redor do acessório antes do retalho ser posicionado e suturado. A tração ortodôntica para trazer o dente impactado para o arco deve começar o mais cedo possível após a cirurgia ou, não sendo possível, não demorar mais que 2 ou 3 semanas. M C S H E R R Y (1996) afirmou que a impactação dos caninos superiores permanentes é quase tão comum como impactação do terceiro molar. A probabilidade de ser capaz de alinhar um desses dentes com o resto da dentição depende de uma série de fatores, como a saúde bucal, esquelético e variação da morfologia da raz adjacente. NOGUEIRA et al. (1997) concluíram, que a remoção cirúrgica do canino retido é mais favorável, principalmente, nos casos onde não há espaço entre o incisivo lateral e o primeiro pré-molar. Relataram também outras condutas orto-cirúrgicas como a ulectomia (remoção da fibromucosa mantendo o campo aberto) ou a exposição cirúrgica para adaptação de acessórios ortodônticos para tracionamento do canino em campo fechado, utilizando telas como acessório de pequena espessura
que
promove
menos
irritação
aos
tecidos
adjacentes.
SHAPIRA E KUFTINEC (1998) relataram que a impactação dos caninos superiores permanentes ocorre aproximadamente de 1 a 3% da população sendo
Revisão de literatura
7
que é mais freqüente em mulheres e a melhor hora para intervir é na idade entre 9 e 10 anos, quando o canino começa a trajetória para sua posição habitual. RICHARDSON E R U S S E L (2000) afirmaram a incidência de impactação de caninos superiores devem ocorrer em 1-2 % na população, na maioria das vezes espera-se que o dentista conheça os sinais e sintomas destas condições. A detecção precoce de caninos impactados maxilar pode reduzir o tempo de tratamento, complexidade, complicações e custo. Idealmente, os pacientes devem ser examinados pela idade de 8 ou 9 anos, a fim de determinar se o canino é deslocado de uma posição normal no alvéolo e avaliar o potencial de impactação. A exposição cirúrgica da coroa pode ser limitada utilizando a técnica do ataque ácido, fazendo com o que o dente em questão não sofra problemas periodontais nem infecções agudas ou crônicas comparados com dentes que se irromperam naturalmente. Os principais problemas associados com este método são: a dificuldade de higienização e o desconforto da ferida QUIRYNEN et al. (2000). TANAKA et al. (2000) concluíram, uma vez diagnosticada a impactação, deve-se optar por: nada fazer se o paciente assim o desejar, auto- transplantação, exodontia do canino e movimentação dos pré-molares para a posição deste, restabelecimento da oclusão por meio de prótese, exposição cirúrgica e tratamento ortodôntico para movimentar o dente para linha de oclusão. Esta última opção tem se mostrado eficiente, principalmente quando bem diagnosticada e realizada por meio da técnica adequada. Segundo ALMEIDA et al. (2001), no período de transição da dentadura mista para a permanente poderão ocorrer os problemas de impactações dentárias. As impactações dos caninos superiores manifestam-se em 2% da população, como resultado dos desvios da seqüência normal do desenvolvimento da oclusão. Quando não
diagnosticadas,
ou
tratadas
inadequadamente
podem
resultar
no
desenvolvimento de problemas, tais como: más oclusões, reabsorções de dentes adjacentes e formações císticas. FRANK E LONG (2002) descreveram duas técnicas para exposição de dentes impactados: aberta (consiste na abertura de uma janela cirúrgica com a remoção de osso, expondo assim o dente ao meio bucal) e a fechada (realizando um retalho e um túnel ósseo direcionado no dente, recobrindo com o retalho novamente). Os autores alegaram que, na técnica da exposição aberta, têm-se o maior controle
Revisão de literatura
8
sobre a movimentação, mas na maioria dos casos, pode ocorrer recessões gengivais e comprometimento com a saúde periodontais, já na técnica fechada a chance de ocorrer problemas periodontais é bem menor. Grande parte dos caninos superiores inclusos que necessitam tracionamento se encontram palatinamente aos incisivos laterais e centrais, tornando difícil sua trajetória diretamente ao arco na vestibular. BASTOS (2003) afirmou que nestes casos é necessária a exposição da coroa do canino para possibilitar uma melhor visualização da trajetória de tração, evitando o contato de sua coroa com a raiz do incisivo lateral. Uma das opções é a confecção de um cantilever encaixado no tubo lingual dos primeiros molares. V A S C O N E L O S et al. (2003), verificaram que os dentes mais freqüentemente impactados foram, pela ordem, terceiros molares inferiores, terceiros molares superiores, supranumerários, caninos superiores, segundos pré-molares superiores, seguidos dos segundos molares superiores, incisivos centrais superiores, segundos pré-molares inferiores e segundos molares inferiores em número bem inferior. Em 530 radiografias não ocorreu retenção do primeiro molar superior e inferior, primeiro pré-molar superior e inferior, canino inferior, incisivo lateral superior e inferior e incisivo central inferior. CALLÁ E CUFFARI (2004) concluíram que o tratamento convencional para caninos superiores retidos consiste na associação de procedimentos cirúrgicos e ortodônticos, os quais requerem muito tempo de tratamento. Os transplantes autógenos de caninos têm merecido maior confiabilidade por sua técnica e resultados, tornando-se um procedimento alternativo para o tratamento dessa anomalia. MAAHS E BERTHOLD (2004) concordaram que o tratamento para caninos superiores permanentes impactados depende principalmente de sua localização, existindo várias opções, desde a interceptação até a exodontia, sendo que quando o diagnóstico precoce não foi realizado a melhor opção de tratamento seria a exposição cirúrgica com colagem de acessório e tracionamento ortodôntico. CAOVILLA (2005) concluiu que a impactação do canino ocorre mais no gênero feminino, o diagnóstico desta alteração é mais freqüentemente na faixa etária entre 10 e 14 anos e que 82% dos casos estavam por palatina e 91% posicionado por mesial de forma unilateral, sendo assim o diagnóstico precoce pode
Revisão de literatura
9
evitar que a retenção dos caninos traga transtornos ao paciente aumentando a eficácia do tratamento. MARTINS et al. (2005) preconizaram que o estabelecimento e a padronização de métodos de localização de caninos não irrompidos auxilia no plano de tratamento. A comparação com os aspectos de normalidade possibilita maior quantidade de abordagens conservadoras. Na impactação dentária, o correto diagnóstico proporciona melhora no acesso cirúrgico, diminui tempo clínico e garante mais precisão na aplicação de forças durante a mecânica de tracionamento. MARZOLA et al. (2006) afirmaram que quando o acesso for por vestibular a tábua óssea deverá ser exposta e o dente poderá estar visível para a adaptação do acessório ortodôntico, o esmalte é condicionado o acessório colado com adesivo ortodôntico. O comprometimento gengival é bem menor quando a coroa do canino estiver próximo do rebordo alveolar. Por isso, o fio ortodôntico deverá ser deixado exatamente sobre a margem oclusal do rebordo alveolar. PITT et al. (2006) concluíram que o canino impactado quando encontrado na posição horizontal são mais difíceis de serem girados e tem um pior prognóstico de alinhamento, a idade do paciente também dificulta, ou seja, pacientes mais velhos requer mais tempo de tratamento, a altura vertical e localização buco- palatal também são fatores que determinam a dificuldade de se ter um bom alinhamento dos caninos. CORRÊA E B A R B O S A (2007) afirmam que quanto mais cedo for descoberto o problema melhor será a prevenção de injúrias ao dente impactado e a escolha correta da técnica cirúrgica depende da posição em que se encontra o dente podendo realizar o procedimento com aparelhagem fixa ou removível. De acordo com C A P P E L L E T T E era/. (2008) em casos de caninos impactados no palato.a proposta é fazer a tração em 3 tempos, ou seja, verticalização, posicionamento e extrusão, evitando que força de ancoragem seja exercida sobre os incisivos na primeira fase, utilizando-se a ancoragem lingual. O uso de fios leves proporciona uma movimentação mais segura, utilizado assim os fios TMA que aceitam a construção de alças e apresentam memória.
PROPOSIÇÃO
Proposição 3
PROPOSIÇÃO
O presente estudo tem como objetivo apresentar uma revisão da literatura sobre os caninos superiores impactados, elucidando de maneira sucinta o tracionamento ortodôntico-cirúrgico.
11
CASO CLÍNICO
Caso ClĂnico 13
Canino superior impactado palatinamente e verticalmente
Figura 01: Radiografia panorâmica
Figura 02: Radiografia oclusal
Caso Clínico
14
Figura 03: Aspecto clínico e ausência dos caninos superiores permanentes
Figura 04: Recobrimento com cimento cirúrgico
Caso Clínico
15
Figura 05: Remoção do cimento cirúrgico e visualização da exposição cirúrgica conservadora.
Figura 06: Tracionamento do canino permanente com elástico em cadeia em direção ao espaço deixado pela exodontia do canino decíduo (não foi possível a colagem
de
um
espontaneamente).
acessório
ortodôntico
no
dente
13,
que
erupcionou
Caso Clínico
16
Figura 07: Aspecto clínico final com os caninos superiores permanentes posicionados na linha de oclusão
Cantilever para tracionamento de caninos palatinamente
Figura 08: Radiografia panorâmica
Caso Clínico
17
Figura 09: Posição do encaixe de tração
Figura 10: Gancho de encaixe do cantilever tem que ficar 10 mm abaixo do gancho de amarrilho que está colocado no canino incluso.
Caso Clínico
18
Figura 11: Encaixar o cantilever. Aguardar a exposição do canino incluso, tracionar com amarrilho metálico no sentido distai até que se permita a movimentação direta à vestibular sem tocar na raiz do incisivo lateral.
Figura 12: Aspecto clínico com vista oclusal.
Caso Clínico
Figura 13: Exposição da coroa do canino impactado
Figura 14: Fotopolimerização do acessório colado no canino impactado.
19
Caso Clínico
Figura 15: Sutura e recobrimento do dente.
Figura 16: Cantilever sem ativação.
20
Caso Clínico
Figura 17: Retração do canino incluso
21
DISCUSSÃO
Discussão 5
23
DISCUSSÃO
Demonstra-se, na literatura pertinente, que quanto mais cedo for descoberto a inclusão dentária melhor será a prevenção de injúrias ao dente impactado sendo que a detecção precoce de caninos impactados superiores pode reduzir o tempo de tratamento, complexidade e custo. Idealmente, os pacientes devem ser examinados pela idade de oito ou nove anos, a fim de determinar se o canino é deslocado de uma posição normal no alvéolo e avaliar o potencial de impactação de acordo com os autores CORRÊA E B A R B O S A (2007), RICHARDSON e R U S S E L (2000), SHAPIRA E KUFTINEC (1998) e que alguns autores como MC S H E R R Y (1996) e V A S C O N C E L O S et al. (2003), afirmaram que a impactação dos caninos superiores permanentes é comum, e que os dentes mais freqüentemente impactados foram, pela
ordem,
terceiros
molares
inferiores,
terceiros
molares
superiores,
supranumerários e caninos superiores. De acordo com RICHARDSON E R U S S E L (2000), SHAPIRA E KUFTINEC (1998) e ALMEIDA et al. (2001), a incidência de impactação de caninos superiores deve ocorrer em 1-2% na população, e que segundo CAOVILLA (2005) impactação do canino ocorre mais no gênero feminino e que o diagnóstico desta alteração é mais freqüentemente encontrada na faixa etária entre 10 e 14 anos, sendo que 82% encontram-se por palatina e 91% posicionado por mesial de forma unilateral, sendo assim, o diagnóstico precoce pode evitar que a retenção dos caninos traga transtornos ao paciente aumentando a eficácia do tratamento, concordando com MARTINS ei al., (2005) em que o estabelecimento e a padronização de métodos de localização de caninos não irrompidos auxilia no plano de tratamento e o correto diagnóstico proporciona melhora no acesso cirúrgico, diminui tempo clínico e garante mais precisão na aplicação de forças durante a mecânica de tracionamento. WILLIANS (1991) recomenda a remoção precoce dos caninos decíduos, fazendo com que estes guiem os caninos permanentes já ERICSON E KUROL (1988) discordam concluindo que a conduta cirúrgica para remoção do canino impactado pode variar sendo que a correção espontânea é bem mais desfavorável com o aumento da idade, podendo variar desde nenhum tratamento ou então uma técnica cirúrgica conservadora. MAAHS E BERTHOLD (2004) e PITT et al (2006)
Discussão
24
concordaram que o tratamento para caninos superiores permanentes impactados depende principalmente de sua localização, quando encontrado na posição horizontal são mais difíceis de serem girados e tem um pior prognóstico de alinhamento, MARZOLA et al (2006) afirmaram que quando o canino estiver por vestibular a tábua óssea deverá ser exposta e o dente poderá estar visível para a adaptação do acessório ortodôntico, o esmalte é condicionado o acessório colado com adesivo ortodôntico. O comprometimento gengival é bem menor quando a coroa do canino estiver próximo do rebordo alveolar. Os autores WISTH, NORDERVAL & BOE (1976), QUIRYNEN et al. (2000) e FRANK E LONG (2002) concordaram que exposição cirúrgica da coroa pode ser limitada utilizando a técnica do ataque ácido, fazendo com o que o dente em questão não sofra problemas periodontais nem infecções agudas ou crônicas comparados com dentes que se irromperam naturalmente. Os autores alegaram que, na técnica da exposição aberta, têm-se o maior controle sobre a movimentação, mas, na maioria dos casos, podem ocorrer recessões gengivais e comprometimento com a saúde periodontais, concordando com NOGUEIRA ei al. (1997) que relata outras condutas orto-cirúrgicas como a ulectomia (remoção da fibromucosa mantendo o campo aberto) e discordando com SAAD NETO et al. (1985) afirmam que a ulectomia, geralmente, ocasiona a formação bolsas periodontais, sendo freqüente a ocorrência de recessões gengivais. SAAD NETO et a/.(1985), Nogueira et al. (1997), FRANK E LONG (2002) preferem recobrir o canino incluso com retalho mucoperiostal ao invés da exposição cirúrgica da coroa ao meio bucal, utilizando telas como acessório de pequena espessura que promove menos irritação aos tecidos adjacentes, sendo que na técnica fechada a chance de ocorrer problemas periodontais é bem menor, já Proffit em 1993 afirmou que antes da colagem direta, um pino ou parafuso podia ser posicionado na coroa do dente não irrompido e, em circunstâncias especiais, isso permanece como alternativa ou então um fio de ligadura pode ser colocado ao redor do acessório antes do retalho ser posicionado e suturado.
Discussão
25
PURICELLI (1987) apresentou a técnica chamada de apicotomia, que tem sido utilizada com sucesso durante os últimos vinte anos em casos de trauma com dilaceração dos caninos superiores ou raízes anquilosadas apicalmente. Este método envolve cirurgia de fratura do ápice radicular, seguido de ortodontia tração corono-radicular da região. De acordo com BASTOS (2003) e C A P P E L L E T T E et al (2008) a proposta é fazer a tração em 3 tempos, ou seja, verticalização, posicionamento e extrusão, evitando que força de ancoragem seja exercida sobre os incisivos na primeira fase, utilizando-se a ancoragem lingual,
nestes casos a confecção de um cantilever
encaixado no tubo lingual dos primeiros molares será bastante efetiva. Conforme os autores a remoção cirúrgica do canino retido é mais favorável, principalmente, nos casos onde não há espaço entre o incisivo lateral e o primeiro pré-molar. Aexodontia do canino e movimentação dos pré-molares realizará por meio de próteses ou tratamento ortodôntico para movimentar o dente para linha de oclusão (NOGUEIRA ei al. (1997), TANAKA et al. (2000). Os transplantes autógenos de caninos têm merecido maior confiabilidade por sua técnica e resultados, tornando-se um procedimento alternativo para o tratamento dessa anomalia (CALLÁ E CUFFARI 2004). Outra técnica também descrita em nosso trabalho seria uma pequena perfuração atravessando o ângulo incisai do dente, permitindo que um fio ortodôntico fosse amarrado ao mesmo e fixado com resina acrílica ou composta. Há a desvantagem de, posteriormente, o dente necessitar de tratamento restaurador, além do risco de exposições pulpares acidentais ou então a técnica do laço empregada antes do advento da colagem de bráquetes, consiste em laçar o dente empregando fio ortodôntico que é torcido adaptando assim à região cervical da coroa facilitando a tração (Fournier ei al. (apud RODRIGUES; TAVANO, 1991). Já uma operação mais simples e menos traumática é a técnica da mola descrita por J A C O B Y (1979), que é um sistema em que o dente é tracionado pela ação de uma mola, chamada assim de mola balística, que libera uma força contínua, pela ativação por meio de seu longo eixo.
CONCLUSÕES
Conclusão
6
27
CONCLUSÕES
De acordo com a literatura revista, podemos concluir: 1. Quanto mais cedo for descoberto a impactação dos caninos superiores melhor será o tratamento; 2. Exposição cirúrgica dos caninos deve ser a mais conservadora possível; 3. Para a escolha da técnica de tracionamento ortodôntico-cirúrgico levase em conta a localização e posição em que o canino impactado se encontra; 4. Por fim a melhor técnica utilizada atualmente é a técnica fechada, cujo canino depois de colocado o artifício para a extrusão é recoberto com o retalho mucoperiostal, evitando problemas periodontais.
REFERÊNCIAS
Referências
REFERÊNCIAS
29
1
ALMEIDA, R. R.. et al. Abordagem da Impactação e/ou Irrupção Ectópica dos Caninos Permanentes: Considerações Gerais, Diagnósticos e Terapêutica. BASTOS, M. O. Cantilever para tracionamento de caninos inclusos palatinamente. Rev. Clín. Ortodon Dental Press, Maringá, v. 2, n. 1, p. 5-17 fev./mar.2003. CALLÀ, L. CUFFARI L. O que o ortodontista precisa saber para indicação de procedimentos cirúrgicos- ortodônticos em caninos retidos. JBO - J Bras Ortodon Ortop Facial v.9, n.53, p.466-73, 2004. CAOVILLA, Sharon Aparecida de Oliveira. Avaliação radiográfica da prevalência, localização e posicionamento de caninos superiores retidos. 2005. 37 p. (Dissertação - Mestrado em Odontologia). Universidade Vale do Rio Verde Unincor, Três Corações - MG. CORRÊA, V. M.; BARBOSA, F. I. Caninos superiores impactados: condutas cirúrgicas e ortodônticas. Medcenter artigo 16 nov. 2007. CAPPELLETTE,
M.; CAPPELLETTE Jr.,
M.;
FERNANDES,
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