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Solo bioativo e agricultura sustentável

SOLO BIOATIVO

AGRICULTURA SUSTENTÁVEL – PARTE I

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Claudinei Kappes

Renato Passos Brandão

Gerente do Deptº Agronômico

Erika Carla da Silveira

Supervisora de Desenvolvimento de Mercado

Nesta e nas próximas edições da Campo & Negócios Grãos, se rão abordadas a importância do solo - base da produção agrícola. Até o presente momento, a produção agrícola está conseguindo atender as necessida des da humanidade. Nas últimas décadas, as inovações tecnológicas como variedades cada vez mais produtivas, uso de fertilizantes, defensivos agrícolas, irriga ção e o cultivo intensivo do solo, permitiu ganhos expressivos na produtividade das culturas.

Entretanto, é um sistema produtivo que demanda grande quantidade de ener gia e capital, exercendo enorme pressão nos recursos naturais. Portanto, torna-se necessário a introdução de modificações nos sistemas de produção com ênfase no uso dos conhecimentos em microbiologia do solo. Vários desses processos microbio lógicos são explorados comercialmente, enquanto outros estão em fase avançada de desenvolvimento tecnológico.

Impactos da microbiologia

A fixação biológica do nitrogênio atmosférico e a coinoculação represen tam um dos maiores impactos da microbiologia na produção agrícola nacional e mundial, com substancial redução no consumo de fertilizantes nitrogena dos.

A inoculação de gramíneas com o Azospirillum brasilense permite um apor te de nitrogênio nos sistemas agrícolas mas principalmente o estímulo ao desenvol vimento radicular e vegetativo das plantas via síntese de fitohormônios.

Atualmente, o controle biológico de pragas e doenças com microrganismos é uma realidade. O uso de biodefensi vos formulados com microrganismos vem crescendo em taxas muito superio res aos defensivos agrícolas tradicionais.

O conhecimento dos fatores que afe tam a biomassa do solo e como manejá-la será o diferencial de uma agricultura economicamente e ecologicamente sustentável.

Solo – base dos sistemas de produção agrícola

O solo, juntamente com a água, representa o principal recurso natural para a existência da humanidade. O solo é a base de todos os sistemas de produção de alimentos, fibras, produtos florestais e agroenergia e outros bens, que susten tam de maneira direta ou indireta a vida na Terra (Siqueira e Franco, 1988).

O solo abriga a maior biodiversi dade biológica do planeta. É também o maior filtro e o principal tanque de ar mazenamento de água doce do mundo (Mendes et al., 2018).

O que é o solo?

A palavra solo origina-se do latim solum e significa suporte ou superfície ou base do chão, sendo popularmente co nhecido como terra.

Não há um conceito único de solo. Adquire significados específicos de acor do com a finalidade e a formação dos profissionais envolvidos no seu manejo.

Para um geólogo, é o produto do in temperismo físico e químico das rochas, situado na parte superficial do manto de intemperismo. É o material rochoso de composto.

Para um engenheiro civil, é todo ma terial da crosta terrestre que não oferecesse resistência à escavação mecânica e que perdesse totalmente toda resistência, quando em contato com a água. É o ali cerce para a construção de nossas casas, indústrias, hospitais, cidades e estradas (Mendes et al., 2018).

O Sistema Brasileiro de Classifi cação de Solos define solo como sendo uma coleção de corpos naturais, consti tuídos por partes sólidas, líquidas e gasosas, tridimensionais, dinâmicas, formadas por materiais minerais e orgânicos, que ocupa a maior parte do manto su perficial das extensões continentais do nosso planeta, contém matéria viva e pode ser vegetado na natureza onde ocorre e, eventualmente, ter sido modifi cado por interferências antrópicas (Reichert et al., 2017).

Para um produtor agrícola, o solo é o local onde realiza o cultivo das culturas anuais e perenes, ou seja, é o local que re tira o seu sustento.

Portanto, o solo é a base de todos os sistemas de produção de alimentos, fi bras, produtos florestais e agroenergia.

Solo ideal para a agricultura

Um solo mineral, próximo à superfície, com condições ótimas para o crescimento de plantas, apresenta, aproximadamente, 25% do espaço ocupado pela fase gasosa, 25% pela fase líquida e 50% pela sólida, sendo 47 a 48% de minerais e cerca de 2 a 3% de matéria orgânica. Em con dições especiais, por exemplo em solos de baixadas, pode atingir 5% ou mais de ma téria orgânica (Novais e Mello, 2007).

Portanto, o solo é constituído por três fases: sólida, líquida e gasosa (Figura 1).

Microbiota do solo

O solo não é simplesmente uma massa de detritos inertes, resultante do intemperismo físico e químico das rochas e dos restos vegetais e animais.

É um sistema muito dinâmico e he terogêneo, descontinuado e estruturado, representando um excelente habitat mi crobiano para uma vasta e diversificada comunidade de organismos (Siqueira e Franco, 1988).

Os microrganismos ocupam em tor no de 0,5% do espaço poroso do solo. Porém, essa porcentagem aumenta sig nificativamente na camada do solo próximo à superfície das raízes das plantas, denominada de solo rizosférico devido ao aumento na disponibilidade de car bono orgânico prontamente disponível (Moreira e Siqueira, 2006).

As comunidades de organismos mi cro e macroscópicos que habitam o solo, principalmente os microrganismos, re alizam atividades imprescindíveis para a manutenção e sobrevivência das co munidades vegetais e animais (Moreira e Siqueira, 2006). Posteriormente, vamos abordar os processos que ocorrem no solo com a interferência dos micror ganismos.

Louis Pasteur, cientista francês, de finiu em uma frase a importância dos microrganismos do solo:

“O papel dos infinitamente pequenos é infinitamente grande”.

A microbiota do solo é representada pelas bactérias, fungos, actinomicetos, algas e microfaunas. A densidade dos microrganismos no solo varia em fun ção de características edáficas e climáticas de cada ambiente.

Figura 1. Composição volumétrica média de um solo com boa estrutura (Novais e Mello, 2007).

Matéria orgânica 2 a 3% Minerais 47 a 48%

Água 25% Ar 25%

Miriam Lins

Tabela 1. Biomassa e densidade dos microrganismos do solo (Adaptado de Siqueira, 1988).

Microrganismos Bactérias Fungos Actinomicetos Algas Protozoários Nematoides Densidade populacional

Nº/ha 10 20 a 10 28 10 14 a 10 16 10 15 a 10 17 10 14 a 10 15 10 12 a 10 16 10 9 a 10 10

Biomassa

kg/ha % peso/solo 100 a 4.000 0,100 400 a 5.000 0,100 0,2 a 4.000 0,010 7 a 500 0,005 15 a 150 0,005 2 a 100 0,001

Os dados na tabela 1 são apenas referências. De maneira geral, as bactérias representam o grupo mais numeroso. Entretanto, os fungos constituem a maior parcela da biomassa microbia na do solo.

Bactérias

Constituem o grupo de microrganismos mais numerosos no solo, embora representem apenas entre 25 e 30% da biomassa microbiana total dos solos agrícolas. Os solos com pH neutro ou alcalino, com elevado teor de matéria orgânica e com maior teor de umidade são aqueles que possuem a maior densi dade de bactérias.

As bactérias do gênero Bacillus, entre outras, possuem a característica de for marem endósporos. São esporos de resistência que surge quando as con dições ambientais são desfavoráveis para o seu desenvolvimento. Na for mação dos endósporos ocorre uma redução no metabolismo celular (Brandão, 1988).

As bactérias estão envolvidas em vá rios processos no solo, como: a. Decomposição da matéria orgâ nica e ciclagem de nutrientes; b. Fixação biológica de nitrogênio; c. Produção de substâncias que esti mulam o crescimento das plantas; d. Ação antagônica aos patógenos; e. Transformações bioquímicas espe cíficas, tais como: nitrificação, desnitrificação, oxidação e redução do S e elementos metálicos; f. Solubilização de fosfatos.

Figura 2. Fotos ilustrativas do gênero Bacillus (Fonte: Biosoja).

Figura 3. Fotos ilustrativas do Trichoderma asperellum (Fonte: Priscila A. Martins).

Fungos

São microrganismos em sua maioria filamentosos. Embora não sejam predo minantes em termos numéricos, representam 70 a 80% da biomassa microbiana da maioria dos solos (Brandão, 1992).

A maior densidade de fungos ocor re em solos com altos teores de matéria orgânica e ambientes com maior umi dade. Ocorrem predominantemente em solos ácidos, onde sofrem menor com petição, pois as bactérias e actinomicetos são favorecidos por valores de pH do solo e pH na faixa neutra a alcalina (Brandão, 1992).

Os fungos atuam como decompo sitores de resíduos vegetais e animais depositados no solo. Formam relações simbióticas mutualistas denominadas de micorrizas melhorando a eficiência das plantas na utilização dos fertilizan tes fosfatados (Siqueira e Franco, 1988).

São também importantes agentes de controle biológico de outros fungos e nematoides fitopatogênicos. O Tri choderma spp. é um fungo filamentoso, comumente chamado de bolor ou mofo, de crescimento rápido e micélios esver deados (Figura 3). Além de promotor de crescimento de plantas, atua no con trole de doenças causadas por fungos de solo, causadores de podridões e mur chas - Fusarium, Rhizoctonia, Sclerotinia, Verticillium, Phytophthora, Pythium, entre outros.

Actinomicetos

O termo actinomiceto não tem significado taxonômico. Representam um grupo bastante heterogêneo de micror ganismos com características de fungos e bactérias. Sua presença no solo pode ser detectada pela produção de substân cias voláteis com cheiro rançoso característico, que emanam dos solos recém arados (Siqueira e Franco, 1988).

São mais abundantes em solos se cos e quentes, e menos comuns em solos turfosos e encharcados.

Representam uma pequena propor ção da microbiota do solo. Entretanto, desempenham papel importante na de gradação de substâncias normalmente não decompostas por fungos e bactérias, como fenóis, quitina, humus e parafina.

Produzem antibióticos atuando no equilíbrio microbiológico do solo. São agentes de controle biológico de fungos e bactérias fitopatogênicos.

Solo bioativo

O solo é muito mais do que partículas sólidas com espaços ocupados pelo ar e água. Os chineses têm um provérbio muito antigo:

“O solo é a mãe de todas as coisas”.

Ana Maria Primavesi, engenheira agrônoma e pesquisadora de agroecolo gia e agricultura orgânica, afirmava que o solo era um organismo vivo e não era um simples suporte para as nossas estra das, residências ou mesmo para as atividades agrícolas.

Segundo Voisin, pesquisador fran cês, o solo não é apenas um suporte inerte para as plantas, mas representa um organismo vivo em contínua evolu ção. As plantas por meio dos exsudatos radiculares modificam o solo notadamente na camada sob influência das raízes denominada de rizosfera.

Em 1904, Hiltner, pesquisador ale mão usou pela primeira vez o termo rizosfera para definir a região do solo afetada intensamente pelos exsudados radiculares. É uma região do solo com uma alta atividade microbiológica total mente diferente do solo adjacente (Cardoso e Freitas, 1988).

Considerações finais

A atividade agrícola, sem sombra de dúvida, é a atividade mais importante re alizada pela humanidade.

Sem uma agricultura produtiva não seria possível manter uma população em constante crescimento. Nos países da Ásia, Índia, China, Taiwan e Coréia do Sul, a demanda de alimentos e proteína animal é superior ao crescimento popu lacional mundial denotando o aumento da renda per capita.

Entretanto, a agricultura moderna baseada no monocultivo, causa um de sequilíbrio no meio ambiente. A sim

plificação das espécies vegetais leva à instabilidade da microbiota do solo, in fluenciando na incidência de pragas e doenças nas culturas de interesse co mercial.

Portanto, o futuro da agricultura tropical passa necessariamente por um conhecimento dos microrganismos do solo e seus benefícios nos sistemas agrí colas e como restabelecer a diversidade da população microbiana.

A pesquisadora Ana Maria Prima vesi sempre enfatizou a importância de analisarmos os fatores de produção em um contexto mais amplo. Somente as análises das suas relações recíprocas, po dem elucidar muitos sintomas aparentemente incompreensíveis.

Quer saber mais?

Para mais informações, consulte o site do Grupo Vittia – www.vittia.com.br, nossos representantes comerciais ou os profissionais do Departamento Agro nômico.

NITRATO DE CÁLCIO E MAP NO FEIJOEIRO IRRIGADO

Arnon Higor Leitão

arnonhigorleitao2@gmail.com

Gabriel Antônio Camargo de Moura

gacmagronomia@hotmail.com Graduandos em Engenharia Agronômica - Centro Universitário Sudoeste Paulista (UNIFSP)

Bruno Novaes Menezes Martins

Engenheiro agrônomo, doutor em Horticultura e professor - UNIFSP brunonovaes17@hotmail.com

Acultura do feijoeiro apresenta grande importância econômi ca no cenário agrícola brasileiro. Entretanto, as produtividades estão bem abaixo do potencial expresso pela cul tura. Diante desse panorama, inúmeras tecnologias têm sido desenvolvidas com o intuito de alcançar ganhos expressi vos de produtividade, a maior parte direcionada à nutrição mineral e fisiologia vegetal.

O cultivo de feijão irrigado apresen ta como vantagens, entre outras, a alta produtividade das lavouras, a redução de riscos, a colocação do produto no merca do em épocas não convencionais, além de possibilitar a produção de sementes de melhor qualidade.

Na implantação da cultura, alguns requisitos devem ser levados em consi deração, como clima e solo, fatores esses que podem limitar a produção em deter minadas regiões. Locais com temperaturas médias fora da faixa de 18 - 30°C e solos com excesso de umidade são exem plos dessas limitações.

Interferência hídrica

A cultura pode ser afetada tanto pela deficiência hídrica como pelo excesso de água no solo. Todas as fases de desenvol vimento da planta são sensíveis a estes estresses, os quais comprometem o rendimento da lavoura.

Vale ressaltar que a planta possui um sistema radicular superficial, sendo con siderada, para a irrigação, a profundidade de 60 cm de solo.

O consumo de água da cultura varia com o estádio de desenvolvimento, cul tivar e com as condições climáticas locais. Nos Estados de GO, MG, SP, ES e RJ o consumo total de água pela plan ta varia de 300 a 500 mm por ciclo. O maior consumo diário no ciclo do feijo eiro é na fase de floração e enchimento

Luize Hess

de vagens, e chega a 6,0 mm/dia em al guns destes estádios.

No feijoeiro, o momento de fazer a irrigação e a quantidade de água a aplicar devem ser determinados pelo irrigante para melhor manejo. Isto possibilita al cançar melhor rendimento da cultura e, em algumas vezes, diminuir o custo de produção.

Adubação foliar

Além disso, a produtividade da cultura pode ser incrementada com a adubação foliar de nutrientes, que são elementos requeridos em pequena quantidade e, em caso de possível deficiência na cultura, pode limitar a produtividade.

Em trabalhos preliminares realizados na Embrapa Cerrados, Embrapa Arroz e Feijão e fazendas, em parceria com con sultores e produtores na região do Cerrado, a adubação foliar com cálcio, nitrogênio e fósforo (nitrato de cálcio e MAP) para a cultura do feijão tem se mostrado bastante promissora.

O objetivo principal é a suplemen tação nos estádios vegetativos e a complementação no estádio reprodutivo da lavoura.

Nitrato de cálcio

O nitrato de cálcio é a fonte de cálcio mais solúvel e prontamente disponível para as plantas, sendo uma das principais justificativas para o seu uso.

Este fertilizante não perde nitrogê nio por volatilização da amônia, nem acidifica o solo, pois já é o produto final da transformação do nitrogênio (ureia amônio NH 4+ nitrato NO 3- ).

Entretanto, poderá perder nitrogê nio por volatilização em condição de falta de oxigênio no solo, onde ocorre saturação hídrica, seja por efeito de chuvas ou irrigação.

Essa perda ocorre pelo processo de nominado de desnitrificação, no qual o nitrato é reduzido por meio da ação de microrganismos a N 2 O ou N 2 , que são gases perdidos para a atmosfera, sendo o primeiro considerado um dos gases res ponsáveis pelo efeito estufa.

No entanto, a maior fonte de perdas de nitrato (NO 3- ) é caracterizada pelo processo de lixiviação, devido à maioria dos solos brasileiros apresentarem mais cargas negativas do que cargas positivas.

A retenção do NO 3- nos solos ocorre por ligação eletrostática, ou seja, carga positiva atrai carga negativa, ou vice-versa.

Caso o balanço de cargas seja nega tivo, podemos concluir que existem poucas cargas positivas para que o NO 3- se ligue, o que irá favorecer a perda por li xiviação.

Além disso, o adubo fornece uma quantidade considerável de cálcio, sen do o elemento responsável por diversas funções na planta, dentre elas:

Participa da divisão celular, portanto, apresenta interferência direta no cresci mento de meristemas apicais, desenvolvimento de raiz, germinação do grão de pólen e crescimento do tubo polínico.

É componente estrutural da lamela média, na forma de pectatos de Ca, os quais possuem ação cimentante, unin do firmemente as paredes celulares. Portanto, possui influência na integridade da membrana e proteção do conteúdo celu lar.

Melhora a nodulação na fixação biológica de N, pois está ligado ao encurvamento do pelo radicular por meio da indução à divisão celular juntamente com o ácido indol-acético na parte superior do pelo radicular, o que faz com que este se curve e facilite a infecção pelas bactérias fixadoras.

MAP

Um dos principais problemas do fósforo nos solos brasileiros é a formação do fósforo não-lábil (não disponível), res ponsável pela maior parte do fósforo inorgânico do solo. É representado por compostos insolúveis e que só lentamen te podem se transformar em fosfatos lábeis.

As plantas absorvem fósforo da so lução do solo. Sob esse ponto de vista, o único fósforo imediatamente disponível, a um dado momento, seria aquele em so lução. No entanto, os teores de fósforo existentes na solução do solo são, frequentemente, muito baixos.

De qualquer maneira, é bastante cla ro que deve haver constante reposição do fósforo em solução, o que se dá por meio da dissolução do fosfato lábil, que está em equilíbrio com o fosfato em solução.

O fósforo solúvel, de fertilizante ou exposição natural ao tempo, reage com argila, ferro e componentes de alumínio no solo e é convertido em formas me nos disponíveis pelo processo de fixação do fósforo.

Em decorrência desse processo de fi xação, as plantações raramente absorvem

Shutterstock mais de 20% do fósforo do fertilizante durante a primeira estação de plantação após a aplicação.

Este fósforo fixo residual permane ce na zona de raízes e vai estar disponível de forma lenta para as futuras plantações.

Vários fatores podem influenciar na eficácia do fósforo aplicado ao solo, como o tipo de fertilizante, o método de apli cação, a quantidade, atributos referentes ao solo, como o pH, umidade, teor de argila, teor de cálcio e formas de Fe.

Com base na necessidade requeri da pela cultura se estabelece a fonte a ser utilizada. Por exemplo, se há necessidade de aplicação de N para a cultura, o MAP (fosfato monoamônico) é uma fonte in teressante a ser usada, devido a conter (11%) de nitrogênio na sua composição.

Por outro lado, a aplicação de MAP é mais vantajosa por ter uma concentra ção de P 2 O 5 elevado, quando comparado à maioria dos outros fertilizantes fosfata dos, necessitando de uma menor dose a ser aplicada por área, otimizando a prá tica operacional.

Financeiramente, oferece uma maior concentração do nutriente por um me nor valor.

Ressalta-se, ainda, que o fósforo é o nutriente responsável pelo metabolismo da planta, dinâmica energética, consti

tuinte das moléculas de ATP (molécula responsável pela transferência energéti ca dentro da planta) e constituinte também dos fosfolipídeos que compõem a membrana plasmática das células (Taiz; Zeiger, 2006).

Diante do exposto, sua aplicação no solo é muito importante para manuten ção de altas produtividades da cultura do feijão.

Manejo

O feijoeiro é uma cultura exigente em termos nutricionais e bastante eficiente em absorver e utilizar os nutrientes con tidos no solo, principalmente nitrogênio, potássio, cálcio, fósforo e magnésio.

Segundo Rosolem e Marubayashi (1994), a absorção de nitrogênio ocor re praticamente durante todo o ciclo da cultura, mas a época de maior exigência ocorre dos 35 aos 50 dias da emergên cia da planta, coincidindo com a época do florescimento.

Já a época de maior velocidade de absorção de fósforo está entre 30 até os 55 dias da emergência, ou seja, desde o estádio fisiológico anterior ao apareci mento dos botões florais até o final do florescimento, quando já existem algu mas vagens formadas.

Portanto, com base na análise do solo, recomenda-se a quantidade de fer tilizante necessário. O modo mais tradicional da aplicação da adubação é via solo, utilizando adubos sólidos ou em aplica ções via fertirrigação.

Como a parte aérea das plantas tem a capacidade de absorver água e nutrien tes, a prática da adubação foliar se torna viável e eficiente. Caso a planta mostre deficiência após o florescimento, a apli cação via foliar se justificaria.

Resultados reais

A utilização do nitrato de cálcio e MAP tem garantindo ganhos produti vos expressivos para a cultura do feijoeiro da ordem de 15 a 50% na sua produtividade.

Muitas experiências demonstram que a adubação de solo é mais lenta, e a adu bação foliar, ao contrário, é mais rápida. Em geral, os nutrientes aplicados às fo lhas são absorvidos com muita rapidez, assim como também são translocados para todas as partes do vegetal.

Os nutrientes disponibilizados atu am de duas formas: a primeira é na suplementação nos estádios vegetativos, promovendo o aumento da absorção do nutriente no solo por meio de estímulos com as adubações foliares, adquirindo maior desenvolvimento das raízes.

A segunda forma de atuação se dá no início do estádio reprodutivo até a matu ração, promovendo a diminuição da atividade radicular e a absorção do nutriente, havendo uma grande translocação da folha para a semente na sua formação.

Portanto, a adubação via foliar pode rá repor os nutrientes nas folhas, mantendo por maior tempo a taxa de fotossíntese, refletindo de forma positiva na produtividade do feijão.

A velocidade de absorção foliar de nutrientes é variável de nutriente para nutriente. O insucesso da prática não se deve aos problemas relacionados à pe netração cuticular e utilização do nutriente pela planta, mas sim às quantidades que devem ser aplicadas, o que inviabiliza o processo.

As aplicações foliares devem ser re alizadas com muito cuidado para evitar injúrias, de modo que o nutriente seja bem aproveitado pela planta.

Devem ser evitadas as aspersões gros seiras que formam gotículas grandes, de modo que não ocorra escorrimento da so lução, desperdiçando nutrientes e promovendo a lavagem que retira os nutrientes das folhas.

Portanto, as pulverizações devem ser

Luize Hess

uniformes, em pequenas gotículas, garantindo um melhor recobrimento.

Uma das estratégias que se pode utilizar é o equipamento correto, como o uso de bicos que apresentam um pe queno espectro de gotas, permitindo um bom recobrimento da superfície fo liar, evitando assim o escorrimento que, além da perda do produto, pode causar fitotoxidez.

Aplicação de doses erradas de fertilizantes

Provavelmente, este erro é um dos mais periódicos e costuma ocorrer tan to no excesso quanto na falta, que certamente causarão problemas ao desenvolvimento da cultura.

É preciso ressaltar que, na planta, existem três tipos de interações entre os nutrientes: antagonismo (efeito negativo), inibição (efeito negativo) e sinergismo (efeito positivo).

O antagonismo pode ocorrer pela presença de um nutriente que diminui a absorção de outro, gerando prejuí zos à planta, enquanto a inibição ocorre quando a presença de um nutriente em excesso diminui (inibe) a absorção de outro.

Já o sinergismo representa a presença de um elemento químico que favorece a absorção de um outro, proporcionando efeito benéfico para a planta.

Por isso, por muitas vezes o produ tor aplica mais fertilizante que o necessário em busca de maior produção, mas o excesso de alguns nutrientes pode di minuir a absorção de outro, que inclusive já pode estar presente no solo.

Além disso, o uso em excesso de adu bos, principalmente com N, P e K e o uso indiscriminado de corretivos de acidez acarretam prejuízos à cultura, que mui tas vezes passam despercebidos, como o aumento de doenças foliares, estresse sa lino que afeta a produtividade, perda de nutrientes no solo por lixiviação e o des balanço de nutrientes, gerando problemas fisiológicos e nutricionais.

Aplicar fertilizantes sem se preocupar com a fase da cultura

Em muitos sistemas de produção são aplicadas as mesmas fórmulas de fertili zantes nos diferentes estádios de desenvolvimento da cultura, sem nenhuma

Sebastião José de Araújo

preocupação com as necessidades específicas da planta.

A exigência nutricional da cultura va ria ao longo do ciclo, intensificando-se no florescimento, seguida pela formação e crescimento dos frutos. O conhecimento da marcha de absorção de nutrientes pe las culturas pode fornecer subsídios para uma aplicação racional de fertilizantes, implicando na redução dos custos de produção e melhor aproveitamento dos fertilizantes pela planta, podendo gerar também aumento de produtividade.

Além disso, com o uso da marcha de absorção evita-se uma possível deficiên cia ou consumo de luxo de algum nutriente pela planta.

Portanto, é importante sabermos que cada fase de desenvolvimento da planta precisa de um conjunto de nutrientes em específico.

Custo-benefício

O custo da técnica dependerá da fonte a ser empregada e da quanti dade necessária para suprir a exigência nutricional da cultura, levando-se em conta as perdas no ambiente de cultivo.

Dentre as áreas que o produtor tende a economizar está a adubação - quando isso não é feito com crité rios rigorosos, resulta em queda na produtividade, o que leva ao aumen to no custo de produção.

Neste sentido, pode-se utilizar como complemento o material or gânico disponível nas proximidades da área de produção, tanto de ori gem vegetal como animal.

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