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Aminoácidos eliminam estresse na soja

AMINOÁCIDOS ELIMINAM ESTRESSE NAS PLANTAS

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Éder Jr de Oliveira Zampar Bruna Cristina de Andrade

andradebruna2020@gmail.com Engenheiros agrônomos e mestrandos em Proteção de Plantas - UEM

Priscila Angelotti Zampar

Engenheira agrônoma e doutoranda em Proteção de Plantas-UEM

Vítor Rodrigues Cordioli

Graduando em Agronomia – UEM e estagiário em Solos e Nutrição de Plantas O glutamato pode ser considerado um aminoácido fundamental, pois ele serve como base de for mação para outros, como arginina, prolina, glutamina e aspartato, além de ser forma dor da molécula de clorofila e auxiliar na nodulação e fixação do nitrogênio (Taiz; Zeiger,2013). A arginina participa da síntese de ci tocinina, tendo uma forte ação rejuvenescedora nas plantas, promovendo o crescimento radicular e podendo atuar na síntese de poliaminas que promovem um papel de defesa contra estresses (Forde; Lea, 2007).

A prolina atua na síntese de defesa antioxidante, amplificando a tolerância a estresses, aumentando o teor de açúca res e a reserva de carboidratos, além da regulação osmótica da planta (Teixei ra,2017).

O triptofano atua na divisão celular, sendo um dos precursores hormonais do ácido indolacético, agente de defesa químico e promovendo a atração de se res polinizadores.

A metionina, precursora de hormô nios como o etileno, responsável pela maturação dos frutos, melhora a assimilação de nitratos. A metionina é sintetizada a partir do aspartato, assim como a lisina e a treonina (Bryan, 1990).

A fenilalanina está relacionada com o metabolismo secundário, produção de lignina (juntamente com a tirosina) e fla vonoides. É um composto intermediário na biossíntese de compostos fenólicos.

A tirosina, assim como a fenilalani na, faz parte da rota do ácido chiquímico, sendo um fornecedor de energia no ciclo de Krebs, doando seu grupo OH fenólico, que atua como receptor de gru pos fosfato (Teixeira,2017).

Resultados com aminoácidos

cana-de-açúcar. Este aminoácido, adicionado na solução nutritiva, substitui uma pequena fração do nitrogênio, apresen tando forte efeito positivo no crescimento da cana.

A presença de arginina estimulou o desenvolvimento das células de cana em meio de cultura (Nickell; Kortschak, 1964).

A aplicação de molibdênio junta mente com aminoácidos na safra 2016/17 pode acarretar em incrementos de produ tividade na soja de até 16%, segundo o professor Dr. Evandro Binotto Fagan, do Centro Universitário de Patos de Minas (Unipam).

Foltran et al. (1990), com o objetivo de avaliar a adição de aminoácidos via fo liar na produção de hortaliças, realizaram experimento utilizando misturas em di ferentes concentrações de um produto comercial, onde verificaram diferenças significativas em relação à testemunha para a alface.

Malavolta (1980) referiu-se a traba

lhos próprios, demonstrando que a exigência de S no tomateiro poderia ser suprida por meio do fornecimento de metionina e cisteína, dois aminoácidos que contêm o elemento.

Nas pesquisas, Lima et al. (2009) mostram que a aplicação de ureia em conjunto com aminoácidos resulta no aumento do teor de proteínas em plan tas jovens de milho (Zea mays). Esse aumento do teor de proteínas é encontrado tanto na parte aérea como radicular das plantas.

Em estudo, Karam et al. (2010) ob servaram que a aplicação de aminoácido potássico, sete dias após a pulverização de doses elevadas de um herbicida da família das sulfonilureas, também conferiu poder de recuperação às plan tas de milho.

De forma resumida, Serciloto e Cas tro (2005) observaram que a aplicação de aminoácidos (1.000 mg L -1 ) pode reverter os sintomas causados pela aplicação de glifosato em feijoeiro.

Novidade

Um produto à base de aminoácidos foi capaz de aumentar a tolerância con tra a infecção de patógenos por meio da ativação da defesa vegetal. Foi observa do que a aplicação foliar do produto (que também continha macro e micronutrien tes) reduziu a infecção pela bactéria Pseudomonas syringae pv. Maculicola em folhas de Arabdopsis thaliana (Igarashi et al., 2010), uma espécie vegetal muito uti lizada em estudos acadêmicos.

Segundo Lambais (2011), a utilização da adubação foliar com produtos à base de aminoácidos livres mostrou-se eficaz nos aspectos metabólicos para a cultura de soja, por meio da influência na ativida de da nitrato-redutase (NR) e glutamina sintetase (GS), bem como no aumento da concentração de proteínas totais solúveis (PTS) no tecido foliar.

Os produtos à base de aminoácidos livres na formulação comprovaram uma ação anti-estressante nas plantas de soja em função da aplicação de glifosato.

Resultados

Segundo Coelho, as aplicações foliares dos aminoácidos complexados com fertilizantes, nos estádios de de senvolvimento vegetativo de 4, 7 e 10 folhas, apresentaram efeitos si milares e significativos na produtividade do milho. Comparado ao tratamento controle, a aplicação fo liar desses aminoácidos proporcionou um aumento médio de 22% (1.500 kg/ha) na produtividade de grãos.

Castro, 2013, verificou efeitos positivos no cafeeiro com a utiliza ção de aminoácidos, influenciando o número médio de grãos, que foi su perior em plantas tratadas, promovendo o aumento da produção média de café em relação aos demais tratamentos.

Verificou-se que a aplicação de uma gota da solução de aminoáci dos marcados sobre uma folha de soja possibilitou a absorção e trans locação dos diversos aminoácidos e nutrientes para o interior da planta, com velocidades e direções diferen tes (Kursanov, 1961).

AGRICULTURA DE PRECISÃO

SISTEMA DE GESTÃO ASSERTIVO

Jéssica Luana de Freitas

Graduanda em Agronomia - Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS - Vacaria) e estagiária na Drones For Agro jessica.freitas@drones4agro.com.br

Felipe Floriano Motta

Graduando em Agronomia - IFRS felipe.agroifrs2017@gmail.com

Gerarda Beatriz Pinto da Silva

Engenheira agrônoma, doutora e CTO em Drones For Agro gerarda.silva@drones4agro.com.br

Com a rápida evolução da agricultura, principalmente no pós revolução verde, as propriedades rurais passaram por um processo de grande es pecialização de suas atividades, impulsionadas pela maior demanda por alimentos e aumento da competitividade entre os ramos do agronegócio.

Nesse contexto, surgiu a necessidade de aliar as novas tecnologias que o merca do dispunha a fim de aumentar a eficiência/produtividade das fazendas.

Muito utilizada em países de alta tec nologia, a Agricultura de Precisão (AP) é uma importante ferramenta para aumen tar a eficiência das propriedades rurais e, consequentemente, sua rentabilidade.

Mas o que é AP? Agricultura de pre cisão é um sistema de gestão agrícola que considera a variabilidade espacial da la voura, seja ela do solo ou da cultura. Ao contrário da agricultura convencio nal, em que manejos e doses médias de insumos são aplicadas uniformemente em todo o campo, na AP os insumos são aplicados de forma variada e direcionada, de acordo com a demanda local, em cada porção da área, aliando, assim, mais sus tentabilidade e rentabilidade aos cultivos.

Acessível a todos os produtores

As tecnologias voltadas para a AP são acessíveis a todos os produtores ru rais, uma vez que existem diversos meios de adotar a AP nas propriedades agríco las, sejam elas de pequeno, médio e/ou grande porte.

Atualmente, existem diversas em presas e startups envolvidas no agronegócio brasileiro, as quais desenvolvem ferramentas e serviços que visam maximizar a produtividade das lavouras, integran do tecnologia à produção vegetal. Desta forma, nos últimos anos ocorreu o ba rateamento da AP, tornando-a acessível aos mais diversos públicos.

De modo geral, podemos dizer que a AP pode tratar de diferentes componen tes do ciclo produtivo, atuando desde análises qualitativas do solo até o uso de insumos e fertilizantes de modo pontual. Isso

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quer dizer que as aplicações de produtos químicos e/ou fertilizantes podem ser re alizadas em taxas variáveis.

Entretanto, este caso em específico é direcionado a médios e grandes produto res, que disponham de maquinário especializado para este fim.

Além disso, é necessário ter em mente que, para garantir que as cultivares expres sem todo o seu potencial produtivo, faz- -se necessário que diversos fatores atuem em sincronia.

Partindo do pressuposto de que as áreas de cultivos apresentam diferentes características químicas e físicas, alguns serviços dentro da AP buscam contribuir para garantir a rentabilidade do produ tor, uniformizando ao máximo as áreas da lavoura.

Sensoriamento remoto

Uma ferramenta que tem ganhado atenção de pequenos e médios produto res nas últimas décadas é o sensoriamento remoto. Esta tecnologia auxilia no moni toramento de áreas de lavoura, utilizando

os mecanismos da AP.

Os métodos mais empregados en volvem a utilização de sensores embarcados em satélites, como o Landsat 8 e Sentinel 2, e em drones/VANT’s.

Essa tecnologia tem como objetivo gerar mapas ou índices de toda a área cultivada, os quais servem como indica dores da sanidade vegetal, umidade do solo, biomassa, etc.

Manejo

Devido ao crescimento populacional acelerado, a produção de alimentos re quer gestão, precisão e proteção ao meio ambiente. Desta forma, existem diversas formas de se implantar a AP, sendo um dos primeiros passos para a adequação das propriedades rurais aos modelos de gestão, levando em consideração a im portância de se conhecer todos os processos que ocorrem ‘dentro da porteira’ para mensurar a viabilidade dos culti vos.

Somente desta forma o produtor terá a noção real de onde ele precisa evoluir, ou seja, onde estão ocorrendo as maiores perdas de eficiência e produção. No campo, a AP pode ser implantada nas mais diversas técnicas de manejo, indo desde análises georreferenciadas de solo, adoção de curvas de nível, plan tio utilizando semeadoras com corte de secção, implementação de sistemas de posicionamento global (GPS) nos ma quinários agrícolas, monitoramento via drones e/ou satélites, etc.

Deste modo, todos os agricultores das mais variadas culturas podem fazer uso da tecnologia para agregar produti vidade às suas lavouras.

De posse dessas informações, os pro dutores podem, por exemplo, realizar análises de solo georreferenciadas a fim de gerar grids de aplicação de fertilizantes em taxas variáveis.

Além disso, a partir dos mapas gera dos de NDVI (Normalized Difference Vegetation Index) é possível a verifica ção do estado fitossanitário da lavoura, gerar mapas de aplicação nitrogenada direcionados para locais com baixa co bertura vegetal, etc.

Mais produtividade

O uso da AP está fortemente associado à constante evolução das estruturas genéticas das cultivares voltadas à produtividade, permitindo que os agricul tores potencializem de forma significativa a sua produtividade. Segundo dados do IBGE, a produção de soja cresceu cerca de 123% entre as safras 2006 e 2017, ape sar de a área produtiva não ter aumentado no mesmo ritmo.

Grande parte deste incremento de ve-se às tecnologias transgênicas atuando nas cultivares mais modernas e às estratégias de AP cada vez mais presen tes nas lavouras.

O ataque de pragas e doenças nas cul turas comerciais reduz consideravelmente a sua produtividade. Em se tratando da soja, a sua incidência compromete o de senvolvimento da cultura, pois conforme o nível de infestação, pode-se desencade ar uma série de problemas, como a desfolha precoce, fator que resulta na redução de fotoassimilados na planta que, conse quentemente, reduz a formação de vagens

Drones For Agro e o enchimento de grãos.

Sendo assim, se estes problemas pu derem ser detectados mais cedo, as ações de manejo serão mais rápidas e eficientes.

Desta forma, a utilização de drones no monitoramento das lavouras permi te que problemas sejam detectados antes mesmo que eles reduzam a produtividade. Isso ocorre devido à evolução dos sensores embarcados nos drones, os quais possibilitam a identificação de es tresses de modo pontual.

Em campo

A implementação de tecnologias de AP nas lavouras comerciais vem ganhan do força nos últimos anos, maximizando a lucratividade e produtividade. A utili zação de AP nos solos agrícolas é uma alternativa para uniformização da sua fertilidade, já que boa parte dos solos brasileiros apresenta elevada variabili dade espacial, o que influencia negativamente na produtividade das culturas, (acidez do solo, baixa saturação por ba ses e elevados teores de alumínio).

Desta forma, a coleta de dados e ge ração de mapas de fertilidade por meio da AP vem uniformizando estas áreas e elevando o teto produtivo.

Do mesmo modo, a utilização de AP no controle de plantas daninhas é outra alternativa, mesmo que ainda seja pou co conhecida por muitos agricultores. Por meio de voos com drones é possível a identificação das plantas daninhas e a sua distribuição no talhão, permitin do um manejo direcionado e mais assertivo.

Este método, associado aos pulveri zadores autopropelidos mais modernos, permite ao produtor inserir os mapas de aplicação, direcionando o herbicida no local preciso da distribuição da planta daninha e na quantidade exata.

Para facilitar esta operação, diversas empresas têm investido, inclusive, no desenvolvimento de drones de aplica ção, os quais têm o intuito de atingir locais de difícil acesso, como áreas de reflorestamento, por exemplo, otimizando o tempo, facilitando e reduzindo os ris cos eminentes nestes locais.

Dificuldades

A maior dificuldade encontrada para a popularização do uso da AP, atualmen

te, é a desinformação acerca das tecnologias existentes.

Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), tal desconhecimen to dificulta a análise e a interpretação das informações geradas para utilizá-las em tempo hábil.

Trabalho realizado na Universida de Federal de Pelotas (UFPel) revela que existe uma certa limitação na assimilação a respeito da tecnologia e seus benefícios por parte de produtores mais experien tes.

Em complemento, outro trabalho da USP/ESALQ destaca a complexidade do sistema, que necessita da compreensão de muita informação para a sua aplicação.

Neste contexto, as dificuldades rela cionadas ao acesso às informações poderiam ser contornadas com iniciativas público-privadas de disseminação de co nhecimento, como seminários, congressos e dias de campo, por exemplo.

Custo envolvido

O custo para se implementar ferramentas da AP pode variar de acordo com o objetivo do produtor, como por exem plo, o tipo de investimento que o produtor quer fazer na área, cultura a ser trabalhada, tamanho e relevo da propriedade, entre outros.

A aplicação de corretivos de solo em

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taxa variável já faz parte do calendário agrícola de inúmeros produtores brasilei ros. Devido à necessidade da complexação do Al³ + , empresas do agronegócio terceirizam os serviços com custos que variam de R$ 160,00 a R$ 200,00 por hectare.

No que diz respeito às culturas pro priamente ditas, o monitoramento da lavoura via imagem de drones e satélites tem custo variado de aproximadamente R$ 10,00 a R$ 50,00 por hectare.

Levando em consideração esses as pectos, entende-se que o custo está vinculado diretamente à necessidade do produtor e que estes alternam-se de acordo com a localização geográfica.

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