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Cuidados na colheita de grãos
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COLHEITA DO CAFÉ
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PRODUTORES DEVEM REDOBRAR OS CUIDADOS
Em tempos de pandemia pelo novo coronavírus (Covid-19), o cafeicultor precisa redobrar os cuidados para proteger os colaboradores
Acolheita de café começou em desinfetante todos os utensílios e equi todo o Brasil a partir da segun pamentos com solução clorada (900 ml da quinzena de maio. Segundo a de água para 100 ml de água sanitária) Companhia Nacional de Abastecimen e higienizar com álcool 70% as partes to (Conab), a estimativa da safra de café de contato direto com as mãos nas fer arábica e robusta no País deve variar de ramentas de trabalho, antes do início e 57,15 e 62,02 milhões de sacas, o que re ao final da atividade. A recomendação é presenta um aumento de 25,8% em comque ocorra o mais breve possível o reco paração ao volume colhido na temporada lhimento dos sacos com os frutos colhipassada. Cerca de 35% do café consumi dos, que devem ser mantidos abertos na do no mundo é produzido no Brasil. Teparte sombreada da planta. mos mais de 350 torrefadoras. No transporte dos trabalhadores,
Em tempos de pandemia pelo novo também deve-se retirar toda a sujeira e coronavírus (Covid-19), o cafeicultor pre borrifar antes e depois das viagens solu cisa redobrar os cuidados para proteger a ção de água com 1% de água sanitária ou vida de seus colaboradores e fazer a co peróxido de hidrogênio, além de dispo lheita deste importante produto para o nibilizar álcool 70% para limpeza das agro do País e do exterior. A colheita mãos dos trabalhadores, manter as ja do café é uma das atividades mais im nelas dos veículos abertas e a distância portantes na cafeicultura e normalmente de 1,5 m entre os passageiros. demanda bastante mão de obra e equi As orientações têm sido seguidas por pamentos para ser realizada em temDiogo Dias Teixeira de Macedo, da fa po hábil. zenda Recreio, que fez algumas adaptaOrientações e a saúde de seus colaboradores.
A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo produziu um manual de orientação e boas práticas contra a Covid-19, com dire cionamentos que podem ser adotados nas comunidades rurais, nas proprieda des e no dia a dia da produção. Sendo a colheita do café uma atividade essen cial, o produtor, de acordo com o manual, deve afastar os funcionários que apresen tem sintomas, como febre, tosse ou dificuldade para respirar e evitar ao máximo a presença de pessoas acima de 60 anos nos locais de trabalho.
O trabalhador deve manter as mãos limpas, as unhas cortadas e não fumar ou beber durante a atividade de colhei ta. Além disso, deve-se evitar compartilhar ferramentas de trabalho, como pás, enxadas, rastelos e peneiras, assim como garrafas de água e de café, e lavar com ções para garantir a colheita do produto
Na prática
Entre as iniciativas destacadas pelo cafeicultor da montanhosa região de São Sebastião da Grama (SP) está a contra tação de trabalhadores da própria cidade, em vez de pessoas do Norte de Minas Gerais, como vinha ocorrendo nos últimos anos, para evitar o trânsito e a aglomeração dos trabalhadores nos alo jamentos da fazenda. “No ano passado contratamos 45 trabalhadores de Minas Gerais, que ficavam hospedados na fa zenda. Optamos neste ano por contratar 30 pessoas, da própria cidade, para que eles durmam em suas casas, evi tando assim a aglomeração na propriedade”, explica.
Outra providência foi reforçar a ins talação de pias para lavagem das mãos dentro do ônibus e da propriedade. Os
trabalhadores também recebem álcool gel 70%, além de máscaras. “Os orientamos também, quando acabarem o trabalho, irem direto para suas casas e permanece rem por lá”, conta o produtor, que realiza 100% da sua colheita de forma manual, devido às condições de topografia da região em que está localizada sua pro priedade. A expectativa do produtor é que os 150 hectares de café plantados gerem 4.500 sacas de café.
André Cunha, sócio proprietário da Fazenda Bela Época, situada em Ribei rão Corrente, na região da Alta Mogiana, também tem tomado alguns cuidados no planejamento da colheita do café. Apesar de 90% da colheita em sua propriedade ser feita de forma mecâni ca, o produtor tem realizado treinamento na área de segurança do trabalho e entregado cartilhas para os trabalha dores.
Além disso, tem-se evitado o trans porte coletivo dos funcionários. Os trabalhos na fazenda estão sendo executados de forma mais isolada possível e estão sendo disponibilizados frascos de álcool 70% para assepsia das mãos.
Os veículos e tratores também estão sendo desinfetados e os trabalhadores que constam no grupo de risco foram coloca dos em férias.
“Esperamos não ter grandes impac tos na colheita que se aproxima, pelo fato da pequena necessidade de mão de obra em função do alto nível de mecanização na região da Alta Mogiana. Entretanto, podemos sim ter problemas no médio prazo, quanto à logística e comerciali zação de insumos e da própria produção, uma vez que muitos fertilizantes e defensivos agrícolas dependem de ma térias-primas importadas e nosso maior volume da produção de café tem outros muitos países como destino final”, afir ma.
Colheita do café
O pesquisador do Instituto Agronômico (IAC-APTA), Gerson Silva Giomo, explica que a colheita do café ocorre, normalmente, de maio a agosto, sendo que em algumas regiões paulistas, como na Alta Mogiana, há uma forte utili zação de máquinas, e em outras, como na região de São Sebastião da Grama e Divinolândia, a utilização é menos fre quente, devido às condições de topografia, que dificultam o uso de colheitadeiras.
“O Estado de São Paulo tem mi grado, nos últimos anos, para uma colheita mecânica do café, com aumento expressivo do uso de colheitadeiras em todas as regiões com topografia fa vorável à mecanização. Isso é bastante interessante, principalmente neste mo mento, para os produtores de algumas regiões paulistas, que acabam não sen do tão afetados por conta da pandemia”, afirma.
A informação é confirmada pelo pes quisador do Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA), Celso Vegro, que afirma não haver estatísticas sobre a me canização do café em todos os Estados brasileiros. “Mas arrisco dizer que as la vouras submetidas à colheita mecânica atingem percentual majoritário em São Paulo, sendo que no Cerrado e na re gião da Mogiana, esse índice deva estar em praticamente 100% das propriedades”, analisa.
Giomo explica que no mês de maio, nem todos os grãos de café estão pron tos para serem colhidos, por isso, não deverá haver maiores problemas, do pon to de vista da maturação dos grãos, quanto ao atraso da colheita em algumas semanas, caso esta seja a estratégia adotada pelo cafeicultor. “O atraso curto pode ser até positivo em determinadas regiões, pois os grãos estarão em melhor grau de maturação e, consequentemente, te rão mais qualidade. Ocorre que a colheita é demorada, por isso, ainda mais com a restrição de aglomeração, deve ser uma estratégia bastante pensada pelo produ tor, para que o café não passe do ponto lá no final, caindo no chão, o que reduz o preço do produto”, explica.
Segundo o pesquisador do IAC, em abril começou a preparação do cafezal para a colheita, por isso, as recomenda ções de higiene e segurança também devem ser respeitadas.
“A partir de abril, o produtor que faz a colheita manual já começa o pro cesso de “arruação” do cafezal, retirando o mato da lavoura, para que no momento da colheita não haja perda de café que caiu no chão. Essas atividades também contam com a mão de obra de trabalhadores, que devem seguir as re comendações da propriedade para evitar a contaminação e disseminação da Covid-19”, afirma Giomo.
O’ Coffee
Marcelo André
Planejamento
Para Vegro, o momento é de planejamento e preparação, com a manutenção das máquinas e preparo do terreiro. “A Covid-19 traz uma im portante mudança para os cinturões produtores paulistas”, afirma.
Giomo lembra que o produtor também deve ter atenção no proces samento pós-colheita do café, principalmente durante a secagem, para preservar a qualidade do produto, es tando sempre atento quanto às recomendações que visam minimizar provável disseminação da Covid-19.
CAFÉ SUSTENTÁVEL
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PERSPECTIVAS SOBRE A PRODUÇÃO NO CENÁRIO ATUAL
Dalyse Toledo Castanheira
Doutora e professora - Universidade Federal de Viçosa (UFV) dalysecastanheira@hotmail.com
Daniel Soares Ferreira
Doutorando em Fitotecnia - UFV
Breno da Silva Dias
Graduando em Agronomia - UFV
OBrasil se destaca como maior produtor e exportador de café, além de ser o segundo maior consumidor, no entanto, no decorrer das décadas houve mudanças em relação às demandas dos consumidores. Tal com portamento ocorre como resposta às modificações que o mercado de café tem passado quanto à apreciação, negociação e filosofias de consumo.
Cresce a busca por cafés que se des tacam quanto ao sabor e aroma mais agradáveis, assim como pelas boas prá ticas agrícolas e o respeito ao meio ambiente.
Por onde começar?
De maneira geral, o café sustentável pode ser caracterizado como o produto que possui alto valor agregado em virtude das práticas agrícolas emprega das, que se comprometem a respeitar o equilíbrio ambiental, social e econômi co (considerados como os três pilares da sustentabilidade).
Para que seja reconhecida legalmen te e tenha seu devido valor, a cadeia produtiva do café sustentável deve seguir diversas exigências e estar enquadrada em determinados padrões.
Os sistemas sustentáveis de produção cafeeira consideram o uso racional dos recursos naturais, a produção com segu rança e qualidade, o ganho econômico, a integridade humana e o respeito ao am biente como um todo.
Impactos
É perceptível o impacto positivo que a produção de cafés especiais e sustentá veis tem no meio, haja vista o respeito ambiental, social e econômico, a julgar pela preservação dos recursos hídricos, da biodiversidade, da qualidade do solo e do ar e do cuidado com a valorização às pessoas ligadas diretamente à produ ção.
Outro ponto a ser ressaltado é a alta capacidade da lavoura em se manter está vel e com alta capacidade produtiva frente às variações climáticas, apresentando boa adaptação das mesmas às condições adversas da região.
Na cafeicultura sustentável a produ tividade do sistema tende a ser maior e os grãos podem possuir alto valor agre gado, devido aos cuidados/processos adotados e, sobretudo, da elevada qualidade de bebida que esses cafés podem apresentar.
Pesquisas
Estudos têm apontado para o surgimento de um mercado consu midor de café que se dispõe a maximizar o valor pago pelo produto em virtude das condições sustentá veis empregadas na propriedade rural, valorizando a origem do café e a forma com que foi produzido. As técnicas de produção do café sustentável como um todo carac terizam o diferencial desse sistema de cultivo. Em síntese, priorizam-se prá ticas agronômicas que contribuem para obtenção de altas produtivida des com qualidade e, ao mesmo tempo, maior eficiência no uso da água, na nutrição das plantas e no manejo de pragas, doenças e de plantas es pontâneas na lavoura.