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Alerta para as sementes de soja esverdeadas
SEMENTE DE SOJA ESVERDEADA EFEITOS SOBRE A SUA QUALIDADE FISIOLÓGICA
José de Barros França-Neto Fernando Augusto Henning Francisco Carlos Krzyzanowski
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Pesquisadores da Embrapa Soja
Produzir semente de soja de elevada qualidade é um desafio para o setor sementeiro, principalmen te em regiões tropicais e subtropicais. Nessas regiões, a produção desse insu mo só é possível mediante a adoção de técnicas especiais.
A não utilização dessas técnicas pode rá resultar na produção de semente com qualidade inferior que, caso seja semeada, resultará em severos problemas com a im plementação da lavoura e em possíveis reduções de produtividade. Produzir se mente de soja de elevada qualidade tem sido restringido pelas condições climá ticas desfavoráveis nessas regiões.
Na safra 2019/20, em diversas regi ões brasileiras, principalmente no Rio Grande do Sul, Oeste de Santa Cata rina e do Paraná, Sul de São Paulo e do Mato Grosso do Sul, tem sido relatada a ocorrência de elevados índices de se mentes de soja esverdeadas, em alguns casos superiores a 50%.
Esse fato deveu-se à ocorrência de seca associada a elevadas temperaturas nas fases de enchimento de grãos e em pré-colheita, que resultaram na morte prematura das plantas e na maturação forçada das sementes. Com isso, as duas principais enzimas associadas à degrada ção da clorofila, magnésio quelatase e clorofilase foram desativadas, culminando na produção de altos níveis de sementes esverdeadas.
Mais causas
Além de seca, outros fatores contribuem para a produção de sementes esverdeadas em soja. Diversas doenças, quando mal manejadas, podem resul tar nesse problema. Como por exemplo, pode-se mencionar a fusariose (causa
Fotos José B. França-Neto
da pelo fungo Fusarium solani f. sp. glycines/Fusarium tucumaniae), a podridão radicular causada por macrofomina (Ma crophomina phaseolina), doenças do colmo, como o cancro da haste (Phomopsis phaseoli f. sp. meridionalis.) e doenças fo liares, como a ferrugem asiática da soja (Phakopsora pachurhizi).
O intenso ataque de insetos, princi palmente de percevejos sugadores, pode resultar no aparecimento desse proble ma.
O manejo inadequado de lavouras de soja também pode resultar na produção de semente esverdeada. A distribuição inadequada de calcário ou de fertilizan tes pode ocasionar problemas de maturação desuniforme, o que, por sua vez, resultará na colheita de semente imatu ra e esverdeada, mesclada com semente amarela e madura.
Outra prática que pode resultar nesse problema é a dessecação em pré-colhei ta. A semente esverdeada também poderá ocorrer caso o dessecante seja aplicado
antes do estádio ideal (ponto de maturidade fisiológica – R7), ou quando a sua aplicação é realizada para corrigir situa ções em que exista desuniformidade de maturação de plantas.
Genética
Além desses fatores, deve-se levar em consideração a suscetibilidade genética dos genótipos de soja utilizados, uma vez que existem cultivares de soja que são mais suscetíveis que outros à expressão do problema.
A expressão do problema de semen tes esverdeadas estará condicionada à ocorrência desses tipos de estresses bi óticos ou abióticos e será mais intensa, caso associada com elevadas temperatu ras.
Sementes com coloração intensa da cor verde ou mesmo esverdeadas geral mente apresentam elevados índices de deterioração, o que pode levar à redução da germinação e do vigor em lotes de se mentes de soja: quanto maior o índice de sementes esverdeadas, menores serão a sua germinação e o vigor.
Sementes esverdeadas recém-colhi das podem até germinar, mas têm o seu vigor significativamente reduzido. Após três a quatro meses de armazenagem em condições não climatizadas, a germina ção das sementes esverdeadas será próxima de zero.
Pesquisas
Dados de pesquisa da Embrapa Soja em conjunto com a UFLA (Universida de Federal de Lavras) sugerem que em pré-colheita, níveis de até 9,0% de se mentes esverdeadas poderão ser tolerados; logicamente, o ideal seria ter 0,0% do problema.
A remoção de sementes esverdeadas de um lote pode ser realizada por equi pamentos selecionadores de cores que, apesar de caros, removem grande parte dessas sementes esverdeadas. Existem no mercado diversas marcas e modelos des ses equipamentos, que fazem a separação com base em uma, duas ou três cores e têm a capacidade de produção variando de 60 kg.h -1 a 5,0 t.h -1 .
Além disso, por serem menores, a classificação por tamanho das semen tes pode resultar em melhoria da qualidade fisiológica do lote de semente,
Sementes esverdeadas, à esquerda, e saudáveis, à direita
pois a maior concentração de sementes esverdeadas ocorrerá nas menores clas ses de tamanho, que poderão ser descartadas. As sementes das classes maiores, por terem um menor percentual desse problema, tenderão a apresentar me lhor germinação e vigor.
A separadora em espiral também pode auxiliar na remoção de sementes es verdeadas do lote de sementes, uma vez que muitas dessas sementes apresentam - -se deformadas ou alongadas. Entretanto, a utilização da mesa de gravidade não é eficaz na remoção de semente esverdea da dos lotes de semente.
Armazenagem
Em situações em que o produtor de sementes se vê forçado a armazenar lo tes de sementes com esse tipo de problema (logicamente em baixos níveis), sugere-se armazená-las em condições cli matizadas (10 - 15ºC, 60% UR), pois isso preservará a qualidade das mesmas du rante o armazenamento.
Prejuízos
Em suma, foi relatado que a ocor nais de maturação e pré-colheita, rência do esverdeamento da semente produzem altos índices de semen de soja prejudica a sua qualidade fi tes verdes, menores e mais leves. siológica, e que a sua presença interA morte prematura de plantas fere negativamente na germinação e causada por doenças como a fu no vigor do lote. sariose e macrofomina, como re
Diversos estresses bióticos e abi sultado do mau manejo do solo, óticos que ocorrem durante a fase fitambém resulta em sementes es nal de maturação e pré-colheita das verdeadas. sementes são responsáveis pela ex Informações adicionais podem pressão do problema. ser obtidas na Circular Técnica 91
A intensidade de ocorrência de “Semente esverdeada de soja: cau semente verde é afetada tanto pelo sas e efeitos sobre o desempenho figenótipo como por condições cli siológico”, que pode ser baixada dimáticas desfavoráveis. Plantas de retamente do site da Embrapa Soja soja submetidas a condições de es (www.embrapa.br/soja/publica tresse hídrico e térmico, nas fases fições).
66% DA SEMENTE DE SOJA É TRATADA NA INDÚSTRIA
Momesso
Daniele Brandstetter Rodrigues
Engenheira agrônoma e doutora em Ciência e Tecnologia de Sementes ufpelbrandstetter@hotmail.com
Erica Camila Zielinski
Engenheira agrônoma e mestranda em Produção Vegetal – Universidade Federal do Paraná (UFPR) ericacamilazielinski@gmail.com
Daniela Andrade
Engenheira agrônoma e mestra em Fitotecnia daniela.agronomia@hotmail.com
Osucesso na implantação de uma lavoura está associado à quali dade da semente utilizada, bem como à proteção que ela recebe. Dessa forma, para um bom estabelecimento e desenvolvimento da semente é necessá rio que esta seja protegida de microrganismos e insetos que possam danificá-la.
Por isso o tratamento de sementes é um dos fatores essenciais para a obten ção de uma lavoura uniforme e, consequentemente, de alta produtividade.
Primeiramente, é importante desta car que o tratamento de sementes de soja ocorre em duas modalidades atualmente, que são o chamado on farm, realizado di retamente na fazenda, e o tratamento industrial de sementes (TSI).
Entre um e outro
Existem diferenças significativas no tratamento entre estas duas modalida des. No tratamento de sementes on farm o nível de precisão e tecnologia, a prio pri, é inferior ao TSI, devido à dificuldade de realizar a dosagem correta dos produtos e uma cobertura uniforme da semente, além de oferecer maiores ris cos à saúde.
No entanto, esse tipo de tratamento oferece ao produtor o critério de escolha dos produtos a serem utilizados. Já o tipo TSI tem a grande vantagem ter um nível de tecnologia agregado, podendo ser re alizado no pré-ensaque, antes do armazenamento ou no momento da entrega das sementes ao produtor.
A maioria da comercialização de se mentes de soja é feita com TSI incluso, possivelmente pelos seguintes benefícios: proteção às sementes e plântulas contra fungos de solo, evitar o desenvolvimen to de epidemias no campo, maior precisão do volume de calda e na dose de produtos por unidade de semente, me lhor cobertura da semente com o produto químico (uniformização), menor risco de intoxicação dos operadores e maiores rendimentos por hora.
Além do mais, alguns produtores pre ferem adquirir as sementes já tratadas (TSI), por agregar maior praticidade ao sistema produtivo, afirmando-se o porquê da maior quantidade de sementes trata das serem oriundas do tratamento industrial ao invés do on farm.
Benefícios do tratamento de sementes
O tratamento de sementes, atualmente, é de vital importância para o controle de doenças e insetos que tanto acometem as plantas no seu desenvolvimento ini cial. Alguns produtos, inclusive, expressam efeitos aditivos benéficos na garantia da expressão do vigor no estabelecimen to das culturas.
Ainda, o tratamento inúmeras vezes contribui para que o produtor postergue pulverizações, então, o TSI acaba sendo, de fato, efetuado por parte dos agricul tores em virtude da sua eficácia sistêmica e efeito residual após semeadura.
Culturas beneficiadas
As culturas que atualmente utilizam o tratamento químico de sementes no
Brasil são: mais de 90% de soja, milho e algodão, mais de 70% de trigo e mais de 50% de arroz (Peske e Platzen, 2019).
Manejo
Para a implantação do tratamento de sementes industrial, é necessário ter uma estrutura específica, com máquinas espe cializadas para realização do tratamento.
O processo consiste na utilização de sementes testadas, dentro dos padrões de qualidade estabelecidos, nas quais são adicionados os produtos do trata mento, como fungicida e inseticida diluídos em água, acrescidos de corante e polímero. Caso sejam utilizados orga nismos biológicos no processo, os mesmos são adicionados separadamente da calda, quase na hora do plantio.
Para a aplicação do TSI, as semen tes passam por uma esteira que realiza a correção do peso com a dosagem que deve ser aplicada e os produtos são adicionados por meio de jatos dirigidos,
Momesso
permitindo uniformidade de distribui ção do produto.
Após esse processo, pode ser reali zada adição de pó secante, com o intuito de deixar a semente mais uniforme e lisa para a etapa de plantio. Após o tra tamento, outra etapa de testes é realizada nos lotes tratados, visando verificar se o processo e os produtos utilizados não afetaram a qualidade da semente.
Caso aprovado, a semente estará pronta para a comercialização.
Produtividade
Considerando a produtividade da propriedade, o TSI possibilita maior agi lidade para o produtor no momento do plantio, visto que as sementes já chegam prontas, tornando o processo mais rá -
pido e produtivo, sendo necessário menor dispêndio de tempo e equipamentos, possibilitando maior assertividade na ja nela produtiva.
Em campo
Grande número de microrganismos fitopatogênicos podem ser transmitidos pelas sementes e, como consequência des sas implicações, ocorre redução da produtividade e aumento do custo de produção para o controle dessas doenças.
Vários exemplos podem corroborar a importância do emprego de semen tes sadias e os riscos advindos do emprego de sementes portadoras de agentes patogênicos.
No caso específico da soja, de acor do com posicionamento da Embrapa, as doenças mais relevantes de transmissão e introdução via sementes na proprie dade são o cancro-da-haste (Diaporthe phaseolorum f. sp. meridionalis) e o mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum), podendo ser causado pela ausência e/ ou inadequação de tratamentos de se mentes.
Considerando os princípios de con trole de doenças, o tratamento de sementes com defensivos se enquadra em dois deles: a erradicação e a proteção/preven ção. O tratamento de sementes com fungicidas e inseticidas pode prevenir ou retardar a disseminação desses patógenos.
Entretanto, o manejo integrado das doenças da soja consiste em aplicar prá ticas conjuntas necessárias à obtenção de uma lavoura sadia.
Erros
Deve-se tomar cuidado com os pacotes de tratamento de sementes, quanto ao TSI ou on farm, porque pode ser utilizada uma grande quantidade de pro dutos na mesma semente, como a combinação de fungicidas, inseticidas, inoculantes, micronutrientes, nematicidas, reguladores de crescimento e políme ros, que podem provocar fitotoxicidade às sementes devido ao excesso de produ tos que talvez nem sejam necessários à realidade daquele produtor.
O efeito fitotóxico do tratamen to pode afetar a qualidade fisiológica das sementes, diminuir a germinação e a emergência de plântulas, por pro vocar engrossamento, encurtamento, rigidez e fissuras longitudinais em hipo cótilos, retardamento do desenvolvimento vegetativo da parte aérea das plantas, e em algumas situações a presença de mul tibrotamento no nó cotiledonar, reduzindo assim o estabelecimento e a produtividade da cultura.
Uma maneira de evitar esses efei tos seria a compra de sementes tratadas com certificado de garantia de qualida de pela empresa que oferta o produto. E, caso o produtor opte pelo tratamento on farm, deve procurar auxílio e suporte de um agrônomo para a operação ser realiza da com qualidade e sem excessos.
S h u t t e r s t o c k
Investimento x retorno
Segundo dados de Richetti e Goulart (2018), o custo do tratamen to de sementes de soja gira em torno de R$ 46,53/ha, atualmente representando 1,48% do custo total da produção de soja. O TS caracteriza-se como um ‘seguro barato’ que o agri cultor faz previamente à implantação de sua lavoura.
Com vistas à possível necessida de de ressemeadura, por exemplo, a segurança que as sementes tratadas agregam é determinante, já que a ne cessidade de semear novamente uma mesma área pode custar 11,34% a mais.
O custo-benefício se traduz tam bém no fato de que o retorno benéfico é verificado em curto prazo, ou seja, no bom estabelecimento inicial, que tanto contribui para altas pro dutividades na colheita, e durante a condução das lavouras, na ausência da necessidade de aplicações pulve rizadas.
PIRATARIA DE SEMENTES O QUE O FUTURO NOS RESERVA?
Giovana Cândida Marques Juliano Henrique Alves de Sousa Carvalho Eliseu de Sousa
Graduandos em Agronomia – IF Goiano - Campus Morrinhos
Brenda Ventura de Lima
Mestra em Agronomia - IF Goiano - Campus Morrinhos
Rodrigo Vieira da Silva
Engenheiro agrônomo, doutor em Fitopatologia e professor – IF Goiano Campus Morrinhos rodrigo.silva@ifgoiano.edu.br
Asemente constitui-se o principal insumo agrícola adquirido pelo produtor rural, onde encontra-se todo o potencial genético de uma deter minada espécie vegetal. A máxima produtividade agrícola é determinada pela carga genética contida no material pro pagativo.
A semente comercial é produzida dentro de padrões rigorosos de qualida de que garantem o melhor desempenho no campo, otimizando os benefícios de outros insumos e táticas de manejo.
A qualidade e vigor podem ser vis tos nas denominadas sementes certificadas, em que a certificação tem por fundamento preservar a identidade genética das cultivares, garantindo que a semente comprada é realmente aquela que consta na embalagem.
Portanto, o produtor não deve arris car o seu negócio comprando sementes pirateadas no mercado paralelo, que são de qualidade duvidosa e ilegais, deixan do-o sujeito a penalidades jurídicas.
A certificação de mudas e sementes no mercado nacional é um processo tra balhoso, delicado e muito criterioso. Este é realizado e coordenado pelo Ministé rio da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que exige e impõe que as entidades interessadas atendam uma série de requisitos para o registro de uma semente legal, visando a garan tia de qualidade das mudas e sementes no mercado brasileiro.
Não confunda
Para uma melhor compreensão sobre este tema, é importante explicar alguns conceitos básicos, tal qual a diferença en tre sementes piratas e salvas. Existe uma prática assegurada pela legislação fede ral, a qual permite que o produtor reserve parte da produção de sua safra para destinar à semeadura de suas próprias e próximas lavouras, denominada técni ca de “sementes salvas”.
Contudo, para que o produtor pos sa realizar a técnica de “salvar sementes”, também é necessário seguir certas nor mas impostas pelo MAPA.
Para assegurar a técnica, o agricultor deve, ao comprar as sementes, solicitar a nota fiscal e o certificado de semen tes e mudas. Em seguida, as áreas desti
Fernando Gomes
nadas a “salvar sementes” devem ser inscritas e declaradas junto ao Ministério da Agricultura.
Sementes ilegais, ou mais conheci das como sementes pirateadas, não possuem quaisquer garantias de procedência e qualidade do material propagativo, pois não atendem os requisitos e nem os pa drões de qualidade estabelecidos durante a produção.
Vale ressaltar que a prática de comer cialização de sementes sem registro é crime e está sujeita a penalidades legais. A pirataria de sementes é um mal para os diferentes segmentos do cenário brasi leiro de agricultura, pois a falta do devido recolhimento dos royalties prejudica de forma direta o incentivo a pesquisas de instituições públicas e privadas.
Os prejuízos decorrentes do comér cio de sementes piratas vão além dos rombos fiscais, pois o registro de semen tes também garante o controle fitossanitário de determinadas doenças que causam grandes prejuízos aos agricultores e ao País.
Vantagens de uma semente certificada
Sementes certificadas asseguram ao produtor muito mais que alta taxa de ger minação e vigor, pois garantem a sanidade das plantas, além de uma população adequada de plantas por unidade de área de produção.
Atualmente, sabe-se que existem microrganismos causadores de importantes doenças de plantas que podem ser disse minados por meio de sementes, a saber: fungos, bactérias, vírus e nematoides.
A série de exigências no registro de sementes para comércio legal garante, pelos rigorosos processos de fiscaliza ção, um produto de qualidade. Assegura ao produtor que a cultivar semeada será a mesma que lhe foi garantida na ven da e que a semeadura estará livre de doenças e patógenos disseminados via sementes.
A principal consequência desta prá tica ilegal é a redução na produtividade e qualidade da produção, o que acarre ta em sérios prejuízos ao produtor rural. Ademais, as sementes pirateadas são veículos de disseminação de fungos, ne matoides e outros agentes causadores de doenças de plantas.
Assim, aumentam as chances de pro blemas fitossanitários e o custo de produção. Todo este transtorno pode ser evitado com o emprego de sementes certificadas adquiridas de empresas idôneas.
Regiões mais afetadas
O problema com a pirataria de sementes é um mal nacional, de modo que não se restringe a uma região, pois atinge todos os Estados da Federação. A ouvi doria da Associação Brasileira dos Produtores de Sementes (Abrasem) recebe ao menos uma denúncia de pirataria de sementes por semana. E o respon sável por aplicar sanções a quem realiza o comércio irregular de sementes é o MAPA.
Outro perigo associado é a movi mentação de pragas entre regiões, países e até continentes, elevando o risco de entrada de pragas quarentenárias no País. A título de exemplo, a figura a seguir apresenta as estatísticas de oito principais espécies cultivadas no terri tório brasileiro.
Destaca-se o problema mais críti co na cultura do feijoeiro, onde estima- -se que apenas 20% das sementes possuem certificação. Dentre os principais motivos, cita-se a dificuldade de produ ção de suas sementes em grande escala, a demanda imprevisível e ausência de uma cadeia produtiva estruturada, fatos que são entraves à produção de semen tes certificadas de feijão no Brasil.
Riscos da pirataria
O produtor, quando utiliza uma semente pirateada, coloca em risco a sua produção, pois pode disseminar pragas, doenças e plantas daninhas.
Além disso, as sementes comerciali zadas ilegalmente não possuem nenhum tipo de controle de qualidade, e muitas vezes não apresentam atributos básicos para serem comercializadas conforme a lei estabelece.
Podem apresentar também baixa ger minação, comprometendo o estabelecimento da cultura, e ao comprar uma se
Figura 1. Taxa de emprego de sementes de algumas culturas de importância agrícola no Brasil durante cinco safras
Taxa de utilização de sementes certificadas (/ ) 0 20 40 60 80 100 Algodão Feijão Sorgo
2009/10 2010/11 Arroz sequeiro Milho Trigo Arroz irrigado Soja
2011/12 Safra avaliada 2012/13 2013/14
Miriam Lins
mente sem garantia de procedência quem mais perde é o próprio produtor.
Vale ressaltar que geralmente a se mente é um dos insumos mais baratos dentro dos custos de produção, não ul trapassando 5%, de modo que não vale a pena se arriscar com sementes piratas. Muitas vezes o produtor faz uso destas sementes por falta de conhecimento.
Prejuízos
Na pirataria, pode conter no lote misturas de cultivares, o que prejudica o manejo, por causa da diferença de ciclos vegetativos entre as cultivares.
Este fator provoca uma diminuição na produção, tanto quantitativa quan to qualitativamente. Além disso, pode ocorrer a disseminação de sementes de plantas daninhas entre as lavouras, difi cultando o controle e aumentando o uso de agrotóxicos, o que eleva os custos de produção.
A presença de partículas de solo causa a disseminação de patógenos, inclusive nematoides, podendo causar a condenação do campo.
Geralmente, ocorrem falhas no esta belecimento da cultura e perda de produtividade, sem contar a necessidade de mais aplicações de agroquímicos.
Sementes com baixa germinação e vi gor podem não emergir no campo. Quando isso ocorre, o produtor pode se deparar com falha no estabelecimento da cultura, tendo perda na produção.
Sementes piratas não contêm as tec nologias garantidas por sementes registradas e certificadas conforme a lei, podendo ocorrer misturas e comprometer toda a produção.
Vale a pena?
Ressalta-se a adoção de sementes piratas com ênfase no ditado popular “o barato sai caro”, pois os produtores que adquirem sementes ilegais, além de co locarem em risco a própria produção, o fazem também com seu sustento.
Quem realiza esta prática infringe leis de âmbito nacional, a Lei de Proteção de Cultivares e de Sementes e Mudas, po dendo ser indiciado e condenado a pagar multas que chegam a 125% do valor do produto apreendido.
Certificação como garantia
A semente certificada é fruto de tecnologia, portanto, o melhoramento genético e a pesquisa são colocados em vulnerabilidade.
As instituições de pesquisa que de senvolvem variedades melhoradas, adaptadas a diferentes regiões, solos ou épocas de plantio e que garantem ótimas produ tividades ficam no prejuízo quando o produtor adquire sementes ilegais, pois não pagam os royalties a quem de direito.
Além disso, o País deixa de arreca dar impostos que geram receitas para o governo investir em melhorias para a nação.
A produtividade e, consequentemen te, a produção das culturas agronômicas crescem a cada ano no Brasil e grande parte deste sucesso deve-se à qualidade das sementes melhoradas geneticamen te, de modo que a semente certificada se torna um insumo básico em qual quer produção agrícola e uma das soluções para alimentar a crescente população mundial.
Uma semente sadia e com alto po tencial genético é uma importante ferramenta no manejo integrado de doenças de plantas, visando a produção de grãos de alta qualidade fitossanitária, essencial para a sustentabilidade da agricultura moderna.
Portanto, o produtor rural não deve arriscar o seu negócio adquirindo semen tes pirateadas.
PRAGAS QUE ATACAM AS RAÍZES DO MILHO
Jéssica E. R. Gorri1
gorrijer@gmail.com
Maria Clezia dos Santos
mariaclezia.stos@gmail.com
Rodrigo Donizete Faria
rdfaria13@gmail.com
Flávia Galvan Tedesco
flaviagtedesco@gmail.com
Roque de Carvalho Dias
roquediasagro@gmail.com Doutorando em Proteção de Plantas – UNESP/Botucatu
Os insetos-praga podem atacar as sementes e as raízes do milho após a semeadura, e como con sequência, reduzir o número de plantas na área cultivada e o potencial produ tivo da lavoura. Como parte do ciclo de vida desses insetos é no solo, a detec ção e o emprego de medidas são dificultados.
As principais pragas que atacam as sementes e raízes do milho são: corós (Eutheola humilis, Dyscinetus dubius, Ste nocrates sp, Liogenys sp., Diloboderus abderus (Coleoptera)); percevejo castanho-da-raiz (Scaptocoris castaneum, Atarsocoris brachiariae (Hemiptera)); larva-alfine te (Diabrotica spp. (Coleoptera)); larva-arame (Conoderus spp., Melanotus spp. (Coleoptera)) e o cupim-rizófago (Pro cornitermes triacife (Isoptera)).
Apesar de serem encontrados duran te todo o ciclo da cultura, os danos mais severos são na fase inicial de desenvolvi mento.
Essas pragas são polífagas, ou seja, se alimentam de várias espécies de plan tas, sejam elas cultivadas ou não. No entanto, vale ressaltar que a importância desses insetos varia de acordo com o lo cal, ano e sistema de cultivo.
Para reduzir as perdas econômicas causadas pelas pragas, o monitoramento é uma ferramenta fundamental para a to mada de decisão e deve ser realizado desde o início ao final do cultivo.
Prejuízos
Em decorrência da alimentação, os insetos-praga que atacam as sementes e raízes afetam diretamente a germinação e o desenvolvimento das plantas.
Hercules Diniz Campos
O prejuízo é resultado de altas in festações, uma vez que o estande final de plantas é comprometido.
As perdas causadas pela larva-alfine te variam entre 10 e 13%, e podem atingir 20% pelo ataque do coró. Para a larva- -arame e o cupim-rizófago, as perdas são acentuadas (não estimadas).
No geral, os sintomas causados pe los insetos-praga que atacam sementes e raízes se assemelham e são visuali zados na fase inicial da cultura, em reboleiras.
Corós
As larvas se alimentam das raízes das plantas e ocasionam redução no desen volvimento, amarelecimento das folhas e murcha, e em ocasiões severas, a morte.
Percevejo castanho-da-raiz
Os sintomas são decorrentes da sucção contínua da seiva nas raízes, provocados por ninfas e adultos.
As plantas atacadas apresentam de senvolvimento inferior ao restante das
plantas, amarelecimento das folhas e murcha.
Larva-alfinete
As larvas se alimentam das raízes adventícias e ocasionam redução na absorção de água, nutrientes e tombamento das plantas, conhecido como “pescoço de ganso”.
Larva-arame
As larvas atacam sementes e raízes e ocasionam sintomas de deficiência nu tricional e falta de sustentação das plantas.
Cupim-rizófago
Os insetos podem atacar as sementes, impedindo a germinação. Nas raízes causam descortiçamento das camadas externas e as plantas ficam amareladas, murcham e morrem.
Controle e inovações
A utilização de inseticidas sintéticos para o controle dos percevejos é uma tá tica comprovadamente eficaz. Pode-se empregar como prevenção a aplicação de inseticidas antes da implantação da cultura, principalmente em sistemas de adoção do plantio direto e uso do trata mento de sementes industrial (TSI) com inseticidas sistêmicos.
Também destaca-se a pulverização terrestre de inseticidas em pós-emergên cia da cultura. Os principais princípios ativos para o controle de percevejos-fi tófagos em milho são: cipermitrina, tia
Ataque de percevejo ao milho
Pioneer Sementes
metoxam, acetamiprido, fenpropaprina, lambda-cialotrina, clotianidida, bifen trina, dinotefuram e acefato.
O controle da larva-alfinete, larva - -arame, corós; percevejos-castanhos e cupins é realizado principalmente de for ma preventiva, utilizando-se a aplicação de inseticidas sintéticos granulados e lí quidos nas linhas de plantio, especialmente em áreas de plantio direto.
O tratamento de sementes industrial (TSI) é eficiente para controlar os corós e cupins, mas para larva-alfinete e per cevejo-castanho apresenta-se ineficiente, pois o período residual é baixo, durando de 15 a 25 dias.
Em adição à utilização de cultivares transgênicas que expressam a proteína Cry3Bb, é uma alternativa eficaz para o controle da larva-alfinete, sendo que a pulverização de formulados do fungo entomopatogênico Metarhizium aniso pliae apresenta eficiência no controle do percevejo-castanho.
Para o controle dos cupins, uma téc nica recentemente implantada é o uso de iscas-armadilhas de papelão, em que a es tratégia está relacionada à transmissão de compostos químicos e/ou microbianos das armadilhas.
Falhas
As falhas no controle dos insetos subterrâneos acontecem antes da implantação da cultura. As técnicas de controle para os principais insetos-praga que ata cam as sementes e raízes do milho são semelhantes, entretanto, há algumas ex ceções que fazem diferença para o controle ser efetivo.
A seguir, listamos alguns dos princi pais erros e sugestões de como não cometê-los:
Não realizar monitoramento da
área: o monitoramento é realizado para identificar as pragas que estão presentes e podem ocasionar danos futuros. Para um
ARAXÁ - MG (34) 3664-5959 Av. Ministro Olavo Drumond, 135 Bairro São Geraldo - CEP: 38180 -084 SÃO GOTARDO - MG (34) 3671-6655 Rodovia MG 235, KM 89, 693 Zona Rural - CEP: 38800-000 PATROCÍNIO - MG
(34) 3831-9094 Av. Faria Pereira, 220 Bairro Morada do Sol - CEP: 38740-000
correto monitoramento focando pragas subterrâneas é necessário fazer amostra gens de solo de 20 a 30 cm de profundidade, além de ter um bom conhecimento de todas as fases da praga. Esta prática é recomendada para corós, percevejos e vaquinha.
Preparo inadequado do solo: em propriedades que não estabeleçam o plan tio direto, o preparo do solo é fundamental para reduzir as populações de pragas que atacam as raízes do milho. O uso de aração e gradagem pode exercer contro
Corós, atacando raiz do milho
Fundação Chapadão
le cultural, pois esmaga e expõe as pragas aos inimigos naturais. Esta prática é recomendada para corós, percevejos e vaquinha.
Escolha incorreta do tratamento de
semente com inseticidas: o tratamento de sementes só será efetivo com o gru po certo de inseticidas, como citado no tópico. Antes de fazer a escolha e com pra do tratamento de sementes, é necessário realizar um monitoramento prévio na área e conhecer os insetos-praga que estão presentes.
Escolha incorreta de variedades Bt
com proteína específica: em conjunto com o tratamento de sementes, focan do estender a proteção das plantas por mais de 25 dias após o plantio, a esco lha correta da variedade de milho transgênico (Bt) é essencial, pois é necessário escolher variedades específicas não ape nas para lagartas, mas também para coleópteros (coró e larva-alfinete), como é o caso das variedades com proteínas Cry3Bb.
Não adoção da pulverização de in
seticidas em sulco: o tratamento de sementes com inseticida é promissor e muito utilizado em sistemas conserva cionistas, entretanto, para a larva-alfinete e percevejos não tem se mostrado uma tática eficiente. Nestes casos, a pulverização em sulcos tem auxiliado os produtores.
Para saber se é conveniente utili zar a pulverização em sulco, o produtor deverá proceder o monitoramento e acompanhamento da área. Isso de terminará se é necessário a aplicação preventiva ou até mesmo uma pulveri zação de controle, o que ocorre quando se encontra percevejos próximo à raiz da planta.
Custos envolvidos
Estimativas para controlar 1) Controle biológico
Fungos entomopatogênico para o percevejocastanho.
Metarhizium anisopliae (produto comercial) 2 L p.c./ha, volume de calda de 50L para tratamento no sulco e 200 L para pulverização aérea.
A primeira aplicação é realizada no sulco de semeadura e complementar de sete a 14 dias após a emergência da cultura.
*Custo de controle = em torno de R$ 450,00/ha
2) Controle químico:
Grupo químico dos principais inseticidas sintéticos para tratamento via aplicação no sulco de semeadura. - Clorpirifós - Thiamethoxam - Fipronil
As aplicações dos ingredientes ativos são direcionadas ao sulco de semeadura, antes ou durante o plantio. As formulações devem seguir especificamente a bula de cada produto.
*Custo de controle = média em torno de R$
150,00/ha Estimativas para prevenir 1) Controle químico:
a) Grupo químico dos principais inseticidas sintéticos para tratamento industrial de sementes (TSI) registrados para a praga: - Fipronil - Imidacloprid - Thiamethoxam - Thiodicarb - Clorthianidin
Os produtos são para tratamento de sementes. As aplicações devem serem realizadas antes da iniciação do plantio na área, seguindo todas as recomendações descritas na bula.
*Custo de controle = em torno de R$ 60,00/ha b) Grupo químico dos principais inseticidas sintéticos para tratamento via aplicação no sulco de semeadura. - Clorpirifós - Thiamethoxam - Fipronil
As aplicações dos ingredientes ativos são direcionadas ao sulco de semeadura, antes ou durante o plantio. As formulações devem seguir especificamente a bula de cada produto.
*Custo de controle = média em torno de R$ 150,00/ha.
2) Variedade resistente (tecnologia VT PRO 3):
Saco 15 kg (60 mil sementes) = R$ 450,00
Ubyfol
UBYFOL OBTÉM CERTIFICAÇÃO DE
SISTEMAS DA GESTÃO AMBIENTAL
Muitas empresas do agronegócio observadas ações para redução de aspec trabalho em julho de 2019 e em abril brasileiro a cada dia se preocu tos e resíduos gerados. “Muitos resultadeste ano foi realizada a auditoria certi pam mais com as questões lidos já foram obtidos no processo de ficadora. “Foi uma experiência incomgadas ao meio ambiente. Estar antenada implementação da ISO 14001:2015, parável poder liderar mais um processo com essa tendência mundial é fundamen como redução de utilização de 12% da de certificação da Ubyfol, que valida o tal para as marcas, principalmente frente energia elétrica, redução de 50% de pa comprometimento que a empresa tem aos clientes e o setor. pel gerado e de 53% de copos descare a consciência de que o crescimento
A Ubyfol, multinacional especializa táveis consumidos até março de 2020”, contínuo só é possível quando é respal da em desenvolvimento de produtos esexplica Letícia. dado por uma estrutura de gestão bem peciais com macro e micronutrientes, deu Outros projetos foram iniciados e consolidada”, finaliza Letícia. um importante passo nesse sentido, e aca os resultados serão validados ao lon ba de conquistar a importante certificago de 2020, que trarão novos resultados ção da ISO 14001:2015 - Sistemas da de redução de desperdícios e de custos Gestão Ambiental. operacionais. A coordenadora de laboratório, Le tícia Alberto, responsável por todo anConfiança Ubyfol damento do processo, conta que esta é Multinacional brasileira com sede uma conquista que consolida o traba Além disso, a certificação permiem Uberaba (MG), a Ubyfol, des lho que vem sendo realizado na Ubyte que haja um aumento de credibilidade 1985, desenvolve produtos espefol, de estruturação do seu sistema de de da Ubyfol perante o cliente, de forma ciais, com macro e micronutrientes, gestão, que agora, com essa certificação que este será capaz de ampliar a sua per para todas as culturas agrícolas. Pos se estende também ao meio ambiente, cepção das responsabilidades da empresui um portfólio completo, com proalém de seu compromisso com a qualida sa não só no que tange os seus produtos dutos de alta concentração, não sendo de. “Temos apresentado um crescimene a qualidade dos mesmos, mas no impac nocivos ao meio ambiente, oferecen to significativo e a certificação contribui to que estes possam gerar ao meio amdo ao mercado uma nutrição foliar de diretamente para isso, fazendo parte das biente e para a sociedade. “A certificação máxima performance e garantia de estratégias da empresa e incorporando o representa, ainda, além de todas as van altas produtividades. conceito de sustentabilidade ao seu es tagens citadas diretamente relacionaCom profissionais especializados, copo”, destaca a profissional. das ao meio ambiente e estruturação da possui assistência técnica de qualida
Resultados na prática empresa, um destaque da Ubyfol peran te seus concorrentes de mercado”, aponde, com processos de vendas consultivos e bem estruturados, além de um ta a coordenadora de laboratório. relacionamento diferenciado. Con
A nova certificação gerou melhorias O processo de certificação exige tem sulte www.ubyfol.com. nos processos internos da Ubyfol, sendo po e dedicação. A empresa deu início ao
O PAPEL DOS AMINOÁCIDOS E SUA IMPORTÂNCIA PARA A AGRICULTURA
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Conhecer a cultura, suas demandas fisiológicas e energéticas a cada estágio fenológico é estratégia eficiente para se alcançar a máxima expressão do potencial produtivo
Bruno Neves Ribeiro
Engenheiro agrônomo, mestre e coordenador de Pesquisa & Desenvolvimento - Kimberlit Agrociências
Willian Batista-Silva
DSc., engenheiro agrônomo, analista de Pesquisa & Desenvolvimento - Kimberlit Agrociências
As plantas são consideradas organismos sésseis e, portanto, não podem se mover, e como estra tégia de sobrevivência, desenvolveram complexos mecanismos capazes de lidar com as mudanças impostas ao longo de seu ciclo.
Oscilações nas condições ambien tais, tais como temperaturas extremas, deficiência hídrica, alagamento e salini dade afetam consideravelmente a produtividade. Adicionalmente, a presença de pragas e doenças contribui negati vamente para o aumento dos danos e, consequentemente, influenciam negati vamente na expressão do potencial produtivo das culturas.
Esses efeitos passam a ser mais agra vados em sucessões de safras, estando sujeitos ao desequilíbrio nutricional e suscetíveis às pressões impostas por pragas e doenças advindas do cultivo anterior.
Diante de um cenário desafiador, o conhecimento e entendimento da fisiologia vegetal passaram a ser considerados uma nova estratégia para auxiliar na busca do aumento de produtividade.
A tecnologia em melhoramento ge nético e os avanços no cenário da biologia molecular, associados à pesquisa e desenvolvimento de produtos que visam o estímulo fisiológico de plantas, propor cionam aos agricultores melhores rendimentos em produtividade.
Por isso, é vital conhecer as etapas do desenvolvimento das culturas, bem como dos mecanismos fisiológicos associados às respostas das plantas aos estímulos exó genos, de modo a potencializar a máxima capacidade produtiva das culturas de interesse econômico.
Aminoácidos x desenvolvimento das plantas
Os aminoácidos são substâncias orgânicas usadas principalmente para a síntese de proteínas. Entretanto, essas substâncias orgânicas também são fontes de nutrien tes, ativadores do metabolismo das plantas, bem como fornecedores de esqueletos de carbono para inúmeras vias metabóli cas, incluindo o metabolismo secundário e hormonal.
Também são usados como substra tos respiratórios sob deficiência de carbono (queda da fotossíntese), contribuindo para a produção de energia para as plantas na forma de Adenosina Trifos fato (ATP) (Figura 1, Batista-Silva et al., 2019).
Os aminoácidos estão diretamente envolvidos em diferentes processos ce lulares e seus níveis endógenos são regulados por vias complexas de síntese e catabolismo, influenciados também pela síntese e degradação das proteínas.
Embora as plantas sejam capazes de sintetizar os aminoácidos para atender as mais diversas funções fisiológicas, a su plementação exógena em áreas agrícolas é considerada uma estratégia inteligen te para estimular o incremento da produtividade, bem como fonte de alívio ao estresse hídrico, salino, térmico ou a al tas intensidades luminosas, uma vez que a energia previamente direcionada para a manutenção do ‘turnover’ dessas molé culas orgânicas pode, agora, ser utilizada para manutenção celular e de crescimento (Figura 1).
Vale salientar que as plantas reque rem quantidades específicas de aminoácidos ao longo de seu ciclo. Portanto, o conhecimento de suas funções é de suma importância para que se possa obter a melhor performance.
Além disso, vale ressaltar que os ami noácidos são substâncias orgânicas ca-
Figura 1. Representação esquemática do papel dos aminoácidos em diversos efeitos fisiológicos nas plantas
Aminoácidos
Pro
- BCAA -
Leu Iso Val
- Aromáticos -
Met Cys Lys Tyr Phe Trp Glu Gln
Metabolismo do N
Osmoprotetor
Absorção de água e sais minerais
mCTE/TCA
ATP
Crescimento/ manutenção
Metabolismo secundário
Defesa vegetal
IAA
Raiz
Clorofila/ fotossíntese
pazes de quelatizar cátions, bem como aumentar a absorção e o transporte de diferentes nutrientes em todas as par tes das plantas.
Isto ocorre baseado na velocidade de penetração via cutícula, o que favorece a penetração desses nutrientes, uma vez que a carga iônica do metal está neutralizada, suprindo a planta desses nutrientes efi cientemente.
Absorção
Assim como na absorção de macro e micronutrientes, os aminoácidos podem ser absorvidos pelo sistema radicular e pelas folhas, caules e ramos. No sistema radicular, a absorção para o interior das células acontece via transportadores es pecíficos que estão associados ao gasto de energia para o carregamento para o interior das células (Tegeder and Rents ch, 2010).
Já a penetração dessas moléculas via folhas, caules e ramos ocorre após se rem rompidas as duas barreiras na lâmina foliar, como a cutícula e posteriormente via membrana.
Desse modo, cerca de 25% dos ami noácidos aplicados às plantas, após um dia, já estão incorporados ao metabolis mo vegetal como se fossem sintetizados pela planta e já contribuem para o pro cesso de crescimento e desenvolvimento (Stiegler et al., 2008; Tegeder and Rentsh, 2010).
Os aminoácidos como aliviadores do estresse são explicados pelo fato de grupos específicos de aminoácidos serem usados diretamente na mitocôndria durante o processo respiratório (Figura 1).
Pesquisas
Aminoácidos como os de cadeia ramificada (Leucina, Isoleucina e Valina), assim como os aromáticos (Tirosina, Trip tofano e Fenilalanina), lisina e os sulfurosos, como cistina e metionina, são completamente oxidados, liberando elétrons diretamente na cadeia transportadora de elétrons, contribuindo para a sínte se de energia na forma de ATP - molécula de adenosina trifosfato e fontes de nutrientes como o enxofre (Figura1, Araújo et al., 2011; Hildebrandt, 2018).
Esses processos são comumente acio nados quando estresses induzem uma limitação fotossintética e reduções nos níveis de carboidratos, fonte energéti ca, afetando diretamente o crescimento e acúmulo de biomassa na forma de folhas ou órgãos reprodutivos, como os grãos, frutos, raízes, etc.
Além disso, estudos têm mostrado que a aplicação exógena de aminoáci dos aumenta a tolerância das plantas a diversos estresses abióticos (hídrico, tér mico, luz e outros) e, no seu conjunto de funções, os aminoácidos garantem a ex celência nos processos fisiológicos (Figura 1).
Também, estas aplicações modulam os níveis hormonais celulares, uma vez que o triptofano e metionina são pre cursores dos hormônios auxina e etileno, respectivamente (Taiz & Zeiger, 2010).
Deste modo, a absorção desses hor mônios irá induzir a formação de raízes e melhorar o estabelecimento das plan tas.
Adicionalmente, a auxina aumenta a manutenção do meristema apical cauli nar, gerando novas estruturas vegetativas e reprodutivas (Figura 1).
A aplicação de aminoácidos aumen ta a entrada de carbono no sistema das plantas, acelerando a recuperação dos efeitos deletérios provocados pelo uso de herbicidas (glifosato), por viabilizar a conversão de fotoassimilados e estru turas funcionais.
Já a classe dos aminoácidos aromá ticos confere proteção contra ataques de pragas e patógenos, uma vez que tam bém fazem parte da via de síntese de diversos compostos presentes no metabolismo secundário, como grupos fenólicos (ácido cinâmico, ácido cafeico, flavonas e ácidas cumárico) e que são utilizados muitas das vezes como compostos de de fesa das plantas (Figura 1). Além disso, são importantes em respostas físicas pós - -formados, como a participação de síntese das ligninas nos vegetais.
Os aminoácidos, portanto, proporcio nam sistemas produtivos mais equilibrados, uma vez que estão intimamente relacionados à excelência do metabolismo das plantas cultivadas.
Nesse cenário, a Kimberlit Agroci ências tangibiliza o uso de aminoácidos na agricultura por meio do fornecimen to de fertilizantes líquidos e sólidos de alto padrão de qualidade e que são aditi vados com exclusiva composição de aminoácidos.