Recrio

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SETE DE SETEMBRO – UNI7 GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO

RECRIO ANTONIA GISELE LESSA HASHIMOTO Orientador: Me. Herbert de Vasconcelos Rocha Fortaleza - 2020


RECRIO


FÁBRICA E OFICINA CRIATIVA DE RECICLAGEM EM FORTALEZA


CENTRO UNIVERSITÁRIO SETE DE SETEMBRO – UNI7 GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO

RECRIO

FORTALEZA - CE DEZEMBRO/2020


ANTONIA GISELE LESSA HASHIMOTO

RECRIO

Tra b a l h o d e c o n c l u s ã o d e c u r s o apresentado ao Centro Universitário 7 de Setembro como requisito parcial para a obtenção de título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientador: Me. Herbert de Vasconcelos Rocha

FORTALEZA - CE DEZEMBRO/2020



ANTONIA GISELE LESSA HASHIMOTO

RECRIO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Fortaleza como requisito à obtenção do título de Arquiteta e Urbanista. Aprovada em: ___/___/___.

____________________________________

Antonia Gisele Lessa Hashimoto BANCA EXAMINADORA ____________________________________ Me. Herbert de Vasconcelos Rocha (Orientador) Centro Universitário 7 de Setembro – Uni7

____________________________________ Me. André Araújo Almeida (Examinador)

____________________________________ Me. Tayene Oliveira Parente (Examinadora)

Centro Universitário 7 de Setembro – Uni7

Centro Universitário Estácio do Ceará

____________________________________ Me. Jober José de Souza Pinto (Examinador)

____________________________________ Dra. Maria Águeda Pontes Caminha Muniz

Centro Universitário 7 de Setembro – Uni7

Centro Universitário 7 de Setembro – Uni7 Coordenadora do Curso



Aos meus pais, JosÊ Makoto e Maria das Graças.


RESUMO A quantidade de lixo produzida diariamente e seu descarte incorreto são fatores que prejudicam o meio ambiente. O plástico está entre os resíduos mais descartados e é um dos que possui mais tempo de degradação, ficando em torno de 400 anos sobre a superfície terrestre. A reciclagem surgiu para amenizar os impactos do lixo causados ao meio ambiente, sendo de extrema importância para a atualidade. A RECRIO, composta por uma fábrica e uma oficina, surge como uma alternativa para auxiliar o processo de reciclagem de plásticos no município de Fortaleza. Através da Fábrica, o plástico já utilizado e descartado pela população e industrias será usado para a confecção de novos produtos, reintroduzindo-o no ciclo produtivo. Já a Oficina irá trabalhar a criatividade dos usuários. Por meio de cursos, a intenção é que possam ser desenvolvidos protótipos para a fábrica e embalagens para os produtos, podendo ser uma fonte de renda extra para os criadores, além de outras atividades que possam estimular a educação ambiental da população. Palavras-chave: Reciclagem. Plástico. Fábrica. Criatividade. Fortaleza.

ABSTRACT The amount of daily waste produced and its incorrect disposal are factors that harm the environment. Plastic is among the most discarded wastes and it's one of those with the longest degradation time, remaining around 400 years on earth's surface. Recycling has been developed to mitigate the impacts of waste caused to the environment, becoming extremely important for the actuality. RECRIO, as a factory and a workshop, comes up as an alternative to assist the plastic recycling process in the city of Fortaleza. Through the Factory, the plastic already used and discarded by population and industries will be used to craft new products, reintroducing it into the production cycle. The Workshop will work on the creative part of the users. Through craft courses, the development of prototypes and packages of products can be augmented, which can be a source of extra income for creators, in addition to other activities that can stimulate the environmental education of the population. Keywords: Recycling. Plastic. Factory. Creativity. Fortaleza.


AGRADECIMENTOS Aos meus pais, cuja existências são fundamentais em minha vida. Minha mãe, Graça, por toda a educação e apoio que me deu durante a minha vida e ao meu pai Makoto que, mesmo longe, morando em outro país, se fez presente e pôde me proporcionar uma educação de qualidade, sempre me incentivando a estudar acima de qualquer coisa. Ao meu namorado, Yuri, que me deu todo o suporte nesse processo, me ajudando e me tranquilizando em momentos de estresse, além de me dar todo o carinho e atenção. Às minhas amigas, que desde a escola me alegram diariamente e contribuem para que todo o processo do Trabalho de Conclusão de Curso seja menos exaustivo: Jéssica, Victória, Geovana, Nayana e Fabrilly. Aos meus amigos, que fiz durante a minha graduação, e que espero levar para a vida, que tanto alegram meus dias e os tornam leves, além de compartilharmos experiências, conhecimentos e momentos. Aos meus professores da UNI7, pelos valiosos ensinamentos que me foram passados durante esses anos e pela profissional que irei me tornar. Ao meu orientador, Prof. Me. Herbert Rocha, por ter me aceitado como orientanda e ter demonstrado interesse no tema desde o primeiro momento. Sempre disposto a me ensinar sobre o assunto abordado e me oferecendo sugestões de melhoria, ideias e orientações, mesmo em finais de semana. Minha gratidão a todos que, de alguma forma, me auxiliaram nesse processo.


lista de figuras Figura 1 - Fluxo Logístico da Reciclagem. 36 Figura 2 – Prioridade no Gerenciamento de Resíduos. 37 Figura 3 - Abrangência da Coleta Seletiva. 38 Figura 4 - Nível de Conscientização da População Brasileira em Relação a Questão Ambiental. 38 Figura 5 - Materiais Coletados e Comercializados Pelas Organizações. 45 Figura 6 – Modelo de Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos de Fortaleza. 49 Figura 7 – Participação Das Regiões No Faturamento Da Comercialização De Plásticos Em 2018. 60 Figura 8 – Preço Médio Praticado Na Comercialização De Plásticos Em 2018. 61 Figura 9 – Tecnopet. 68 Figura 10 – Produtos Tecnopet (bloco em PET, piso em PET e fibra em PET). 69 Figura 11 – A Fábrica Tecnopet. 69 Figura 12 - Galpão Tecnopet. 69 Figura 13 – Grendene Sobral. 70 Figura 14 – Planta Baixa 3 - Grendene Sobral. 71 Figura 15 – Fábrica Grendene. 72 Figura 16 – Escola de Artes e Oficios Thomaz Pompeu Sobrinho. 73 Figura 17 – Planta Subsolo Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho. 74 Figura 18 – Planta Térreo Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho. 74 Figura 19 – Planta Pavimento Superior Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho. 75 Figura 20 – Planta Implantação Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho. 75 Figura 21 - Símbolo Ciclo. 80 Figura 22 – Fachada Te Oro. 80 Figura 23 – Fachada Principal Te Oro. 81 Figura 24 – Planta Baixa Te Oro. 81 Figura 25 – Planta Baixa Trumpf Chicago. 82 Figura 26 – Skywalk da Fábrica Trumpf. 83 Figura 27 – Corte da Fábrica Trumpf Chicago. 83 Figura 28 – Representação esquemática The Farm Of 38º 30º. 84 Figura 29 - The Farm Of 38º 30º. 84 Figura 30 - Mapa Localização. 88 Figura 31 – Estudo Locacional Carlito Pamplona. 89 Figura 32 – Estudo Locacional Perimetral – Trecho Sul. 89


Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura

33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67

- Estudo Locacional Antônio Bezerra. 90 - Localização do Terreno. 92 - Bairros do terreno e entorno. 93 - Sistema Viário e Mobilidade. 94 - Uso do Solo. 95 - ZEDUS. 96 - ZEIS. 98 – Condicionantes Ambientais do Terreno. 99 - Frente Principal do Terreno na Av. Fco Sá. 100 – Evolução do Conceito. 104 – Croquis. 104 – Estudo Preliminar de Volumetria. 105 - Fluxograma. 109 - Setorização Térreo Fábrica. 110 - Setorização Pav. Superior Fábrica. 111 - Setorização Oficina. 111 - Situação Atual do Terreno. 115 - Padrões para Loteamento. 115 - Planta de Situação. 116 - Fachada 01. 134 - Fachada 02. 135 - Fachada 03. 136 - Fachada 04. 137 - Fachada 05. 138 - Fachada 06. 139 - Perspectiva 01. 140 - Perspectiva 02. 141 - Perspectiva 03. 142 - Perspectiva 04. 143 - Perspectiva 05. 144 - Perspectiva 06. 145 - Perspectiva 07. 146 - Perspectiva 08. 147 - Perspectiva 09. 148 - Perspectiva 10. 149


lista de gráficos Gráfico 1 - Índice de Cobertura da Coleta de RSU (%). 43 Gráfico 2 - Volume Total Coletados Por Material Pelas Cooperativas e Associações Acompanhadas pela ANCAT em 2017 e 2018 (toneladas). 46 Gráfico 3 - Preço Médio dos Materiais (R$/Kg). 46 Gráfico 4 – Geração e Coleta de RSU no Nordeste em 2017 e 2018 (toneladas). 47 Gráfico 5 – Composição gravimétrica média dos resíduos sólidos domiciliares do Município de Fortaleza. 48 Gráfico 6 – Infraestrutura programada para a Coleta Seletiva. 50 Gráfico 7 – Consumo Mundial de Plástico. 59 Gráfico 8 – Volume Coletado dos Resíduos de Plásticos em 2017 e 2018. 59 Gráfico 9 – Faturamento Total Das Organizações Acompanhadas Pela ANCAT Por Material, 2017 E 2018 (Mil R$, Nominais). 59

lista de tabelas Tabela Tabela Tabela Tabela Tabela Tabela

1 2 3 4 5 6

- Tempo de Decomposição dos Materiais. 41 - Quantidade de RSU Coletados nas Regiões e no Brasil. 43 – Composição Média no Município de Fortaleza. 62 – Parâmetros Urbanos da Ocupação. 92 – Parâmetros Urbanos da Ocupação – Lote Fábrica. 117 – Parâmetros Urbanos da Ocupação – Lote Social e Oficina. 117

lista de quadros Quadro Quadro Quadro Quadro Quadro Quadro

1 2 3 4 5 6

– Principais aditivos usados na fabricação de plásticos e sua função. 56 – Exemplos de aplicação e de reciclagem das resinas plásticas. 57 – Materiais Recicláveis por Associação. 63 - Análise para estudo locacional. 91 - Programa de Necessidades Fábrica. 108 – Programa de Necessidades Oficina. 108



SUMÁRIO 03 INTRODUÇÃO 19 JUSTIFICATIVA 20 OBJETIVOS 21

ESTUDO DE CASO 67 TECNOPET - FORTALEZA 68

Geral 21

GRENDENE - SOBRAL 70

Específicos 21

ESCOLA DE ARTES E OFÍCIOS THOMAZ POMPEU SOBRINHO 73

METODOLOGIA 21

01

04

O LIXO E A RECICLAGEM

REFERÊNCIAS PROJETUAIS 79

25

A RECICLAGEM E SEUS BENEFÍCIOS 33

CICLO 80

TIPOS DE RESÍDUOS 39

TE ORO 80

O LIXO E A RECICLAGEM NO BRASIL 42

TRUMPF CHICAGO 82

O LIXO E A RECICLAGEM EM FORTALEZA 47

THE FARM OF 38º 30º 83

02

05

O PLÁSTICO 53

estudo locacional

TIPOS DE PLÁSTICO 55 CONSUMO E RECICLAGEM DE RESÍDUOS PLÁSTICOS NO BRASIL 58 OS AGENTES DA RECICLAGEM DE RESÍDUOS PLÁSTICOS EM FORTALEZA 62

87


06

08

premissas projetuais

CONSIDERAÇÕES FINAIS 151

103

ESTUDO PRELIMINAR DO PROJETO 104 PARTIDO ARQUITETÔNICO 106 PROGRAMA DE NECESSIDADES 106 FLUXOGRAMA 109 SETORIZAÇÃO 110

07 O PROJETO

09 113

CONCEITO 114 SITUAÇÃO E COBERTA 114 IMPLANTAÇÃO 118 PLANTA PAV. TÉRREO - FÁBRICA 120 PLANTA 1º PAV - FÁBRICA 122 PLANTA PAV. TÉRREO - OFICINA 124 PLANTA MALHA ESTRUTURAL 126 CORTES 128 FACHADAS 133 PERSPECTIVAS 140

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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introdução


O presente trabalho propõe o projeto RECRIO – Fábrica e Oficina Criativa de Reciclagem. A RECRIO foi pensada como um projeto arquitetônico que reúne um equipamento voltado à fabricação de utensílios a partir de material plástico reciclado e uma oficina como anexo para estimular a criatividade e desenvolver a educação ambiental na população. Trata-se de uma Fábrica de Reciclagem de resíduos plásticos e uma Oficina Criativa localizadas no bairro Carlito Pamplona, próximo ao Centro do município de Fortaleza.

justificativa Ao amanhecer, no dia seguinte aos eventos da Praia de Iracema, é comum ver as pessoas caminhando em meio ao lixo em um dos cartões postais de Fortaleza, até que profissionais da limpeza cheguem para recolher o que fica sobre a orla e rua. Percebe-se os impactos ambientais que um dia de evento causa quando nem todos os resíduos são recolhidos, sobrando alguns que se enterram sob a areia e que depois acabam sendo levados pelas ondas, prejudicando a vida marinha. Este caso, de uma metrópole como Fortaleza, é exemplar da problemática da carência de ações efetivas para mitigar os impactos da geração e descarte de resíduos urbanos. Toda a quantidade de lixo descartada é consequência da sociedade consumista.

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Ademais, a falta de educação sobre o descarte correto de resíduos faz com que grande parte do que poderia ser reciclado acabe indo para locais inapropriados. É comum ainda o pensamento de que apenas uma garrafa PET ou um canudo plástico descartado de forma irregular, não fará diferença para o tamanho do problema. E assim, as cidades e mares ficam repletas de lixos. Atualmente, várias cidades brasileiras já proibiram a venda e distribuição de canudos plásticos. De acordo com Albuquerque (2019), a Lei Municipal de nº 0.957/2019 entra em vigor em Fortaleza a partir do mês de abril de 2020 e começa a proibir o fornecimento de canudos plásticos para os estabelecimentos de prestação de serviços, tais como: hotéis, lanchonetes, bares, barracas de praia, entre outros. Um dos motivos é devido ao descarte inadequado desses resíduos. Uma vez no mar, muitos animais podem confundir os pequenos resíduos com alimentos e ingerir, causandolhes a morte. Somente proibir a venda e distribuição de canudos plásticos não irá sanar os problemas em relação ao lixo plástico. A cidade de Fortaleza ainda precisa evoluir muito no quesito reciclagem e descarte correto de resíduos sólidos. Há na cidade algumas unidades de Ecopontos, onde moradores e catadores podem levar resíduos como: plásticos, vidros, metais, papelão, óleo de cozinha, restos de poda, móveis e


estofados velhos; e trocar por descontos na conta de energia. Dentre os resíduos sólidos mais descartados e com menor capacidade de reintegração à natureza estão os plásticos. Pensando nisso, a fábrica de reciclagem é fundamental para o tratamento de resíduos plásticos. A RECRIO seria responsável por reciclar um material que, descartado de forma inadequada, demora centenas de anos para se decompor. Além da Fábrica que irá atuar com a transformação dos resíduos plásticos descartados em novos utensílios plásticos, reciclando-os, há a Oficina Criativa, que será utilizada pela população através de cursos que estimulem a criatividade, onde podem ser desenvolvidos protótipos para a Fábrica, estimulando assim a educação ambiental.

OBJETIVOS GERAL O proposto trabalho tem por objetivo a elaboração de um projeto arquitetônico de fábrica de reciclagem e uma oficina criativa para a cidade de Fortaleza.

ESPECIFÍCOS - No Capítulo 1 será analisada a nossa relação com o lixo na história, como isso nos afeta e como podemos mitigar os impactos causados a natureza, informando a importância da reciclagem e os seus benefícios. - O Capítulo 2 será sobre o plástico e

como ocorre sua reciclagem. - Nos Estudos de Caso, capítulo 3°, iremos analisar projetos que estejam voltados para o mesmo tema e, através deles, elaborar um programa de necessidades, exposto no capítulo 4, compatível com as intenções de projeto, como: acessibilidade, sustentabilidade e uma construção limpa. - O capítulo 4 tratará sobre o projeto arquitetônico da fábrica de reciclagem e da oficina criativa.

METODOLOGIA Inicialmente, o desenvolvimento do trabalho foi através de revisão bibliográfica, consultando livros na biblioteca da SEMACE – Superintendência Estadual do Meio Ambiente e através de pesquisas na internet. Entrevistas seriam agendadas com profissionais de sustentabilidade e reciclagem para enriquecer a pesquisa bibliográfica com indicação de literatura e sites bem como, subsidiar a etapa seguinte que é a de estudo de caso. Porém, com a situação atual da COVID-19 e com o isolamento social, esta etapa foi prejudicada. Antes do início da quarentena, como medida preventiva da doença, a visita a um dos estudos de caso pôde ser realizada. Para elaborar o programa de necessidades, foram necessárias pesquisas a respeito do funcionamento de fábricas recicladoras, além da utilização de um documento elaborado e autorizado pelo

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escritório especializado em projetos industriais Aurion Arquitetura. Para o programa de necessidades da Oficina Criativa, a Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho foi essencial para definir o que poderia ser colocado no projeto. Após a análise, o programa de necessidades foi definido. Para finalizar essa etapa, foi feito o estudo locacional com base na área estipulada do programa de necessidades, seguindo a Lei Complementar n° 236/2017 de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo de Fortaleza, que determina diretrizes para arquitetura industrial. Através das diretrizes da Lei Complementar, foi utilizado o site Google Earth para avaliar os possíveis locais para o projeto que estivessem dentro dos critérios estipulados tanto pela Lei quanto pela autora. Uma vez definido o Programa de Necessidades, o local, e feito o diagnóstico do entorno, foi necessário buscar por referências arquitetônicas para o conceito e partido do projeto RECRIO. Com as etapas anteriores feitas, o projeto arquitetônico foi desenvolvido em caráter de Estudo Preliminar a partir de croquis conceituais para depois utilizar programas, como o AutoCad para a confecção das plantas e cortes, SketchUp para a confecção da maquete eletrônica, V-Ray para a renderização das imagens e Photoshop para pós-produção da arte final.

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01 O LIXO E A RECICLAGEM


A temática do lixo na sociedade vai ser abordada com base na obra de Eigenheer, “Lixo: a limpeza urbana através dos tempos” (2009), onde, a partir de um breve histórico do lixo na antiguidade, será possível compreender melhor como ocorreu a problemática que está presente no cotidiano até hoje. Emílio Maciel Eigenheer, com base no site Escavador (2020), é filósofo, mestre e doutor em educação e professor, atuando em áreas de pesquisas voltadas ao lixo e educação ambiental. Eigenheer (2009), no início de sua obra, comenta sobre o hábito de querer afastar os dejetos e o lixo de nós e que, além de ser uma prática comum, o ser humano já nasce com esse sentido de limpeza. Para ele, isso também ocorre no mundo animal. Com base em estudos arqueológicos, hoje [2009] é possível afirmar que na pré-história já se queimava lixo, supostamente para eliminar o mau cheiro, e se segregavam cinzas e ossos em locais pré-determinados. Isto indicaria que desde tempos bastante remotos há dificuldade em se conviver com restos que cheiram mal” (EIGENHEER, 2009, p.16).

um crescimento elevado e precisaram desenvolver métodos para tratar seus lixos e dejetos, que contribuíram para decisões f u t u ra s e m o u t r o s l o c a i s . O autor afirma que não há como expor com precisão como ocorria o processo de tratamento com os dejetos e o lixo na antiguidade, e nem sobre as características desse lixo pois séculos se passaram de práticas diversas em cidades que surgiram e desapareceram ao longo dos anos, houve a diversidade de povos e culturas, as variações climáticas, tipos de solo, fontes de água e até mesmo a distribuição de riquezas e a religião interferiram. Eigenheer (2009) cita algumas civilizações antigas e como era tratada a questão dos dejetos em cada uma. Ele inicia com a civilização dos Sumérios e, nas demais, como os Babilônios, Assírios e Hindus. A prática é muito semelhante em relação aos dejetos (águas servidas como: banho, limpeza doméstica, etc.). Além de conhecer a irrigação, os sumérios desenvolveram cidades complexas, centradas nos templos, onde ficava a administração que organizava o seu abastecimento e

Eigenheer (2009) expõe que muitos autores costumam discutir o lixo a partir da Idade Média, mas que o lixo na antiguidade foi essencial para entender os primeiros indícios da limpeza urbana. As cidades de Ur, Atenas, Tebas, Roma, entre outras, tiveram

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desabastecimento. Os sacerdotes eram responsáveis pela água e a limpeza da cidade. Este é um fato que merece, desde já, ser destacado, na medida em que mostra que a questão do lixo e dos dejetos não deve ser vista


sempre a partir de uma ótica negativa

Determinem um local fora do

notadamente quanto a sua gestão.

acampamento onde se possa evacuar.

Conheciam toaletes e locais de banho

Como parte do seu equipamento,

nas casas. Canos de barro eram usados

tenham algo com que cavar e, quando

para escoamento de águas servidas,

evacuarem, façam um buraco e

enviadas para canais maiores. Não há

cubram as fezes. Pois o Senhor, o seu

informações precisas a respeito de

Deus, anda pelo seu acampamento

quem tinha acesso a tais benefícios e

para protegê-los e entregar a vocês os

quem mantinha o funcionamento do

seus inimigos. O acampamento terá

sistema (EIGENHEER, 2009, p.26).

que ser santo, para que Ele não veja no meio de vocês alguma coisa

A partir da civilização Egípcia, Eigenheer (2009) começa a mencionar sobre o lixo e o que era feito com ele, além de falar também sobre os dejetos, salientando que desde 3000 a.C. já haviam sistemas de irrigação, preservado por prisioneiros, para aproveitar as águas provenientes das inundações do rio Nilo e que os canais serviam tanto para a irrigação quanto para coletar águas servidas. É notório que as civilizações tinham uma preocupação maior com as águas servidas do que com o lixo, pois, segundo o autor, naquela época, o lixo era composto basicamente por resíduos orgânicos que poderiam ser facilmente aproveitados para a alimentação de animais. Em relação aos Israelitas, o autor cita: “Pela decisiva influência na civilização ocidental cristã, é importante olhar a questão do lixo e dos dejetos entre os israelitas. Enquanto nômades, havia entre eles regras p a ra a m a n u t e n ç ã o d a l i m p e z a d o s acampamentos” (EIGENHEER, 2009, p.28).

desagradável e se afaste de vocês (BÍBLIA, DT 23:12-14).

Como citado acima, na Bíblia foram relatadas algumas preocupações em relação aos dejetos e o hábito de afastá-lo por conta do mau cheiro e, até mesmo, por ser algo impuro e que pudesse afastar a divindade entre eles. O crescimento das cidades desenvolveu-se entre os israelitas e, consequentemente, os problemas relacionados surgiram, como a falta de tratamento dos dejetos e do lixo. Segundo Eigenheer (2009), devido a esse desenvolvimento da vida urbana, foi preciso construir, aos poucos, canais para escoar águas de chuva e águas servidas [dejetos]. A Grécia antiga, também citada por Eigenheer (2009), era conhecida por fazer captação de águas servidas e pela canalização da água. “Há indicações de que no palácio de Minos, em Cnossos, existia toilete com água corrente para levar as fezes.

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Também se separavam águas de uso geral e de toiletes” (EIGENHEER, 2009, p. 30). Sobre Roma, Eigenheer (2009) e Benévolo (1997) compartilham pensamentos semelhantes e que se complementam. Benévolo (1997), comenta sobre o crescimento de Roma onde viveram cerca de 700.000 a 1000.000 habitantes até o século III d.C., sendo considerada a maior aglomeração humana até hoje [1997] no mundo ocidental. Para Eigenheer (2009), Roma teve muitas conquistas em relação ao urbanismo e higiene daquela época. Com o tamanho da cidade, era necessário ter abastecimento de água e, consequentemente, a captação dessa água após o uso. Roma conseguiu ter das fontes até as distribuições de água, com 420km de extensão. Em relação a captação das águas servidas e do lixo, Benévolo (1997) comenta sobre os esgotos feitos no século VI a.C. e que foram ampliados para melhorar o sistema de recolhimento de dejetos. O autor também salienta que esses serviços públicos de higiene eram tão abundantes que compensavam a falta de serviços privados na maioria das residências. Abaixo, é notório o quanto os dois autores compartilham informações semelhantes: Em contrapartida ao colossal esforço de abastecimento de água foi também,

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como já dito, desenvolvido paulatinamente um sistema de escoamento de águas servidas com a construção de uma rede de canais que as levavam para o rio Tibre. [...] Era originalmente aberta; aos poucos foi sendo alargada, e novos canais lhe foram sendo conectados (EIGENHEER, 2009, p.34).

Eigenheer (2009) destaca a importância que os romanos tiveram ao desenvolver e conservar uma infraestrutura de ruas e estradas para a limpeza urbana. E que, até hoje, é um aspecto fundamental para a limpeza urbana. Benévolo (1997) também ressalta a importância que as ruas tiveram e que devido ao crescimento populacional, foi necessário que houvesse um controle de quem transitava pelas ruas. Durante o dia, apenas empresários, em sua maioria, comerciantes, poderiam usar as vias e, à noite, outros carros poderiam transitar livremente. Outro fator importante é de que as ruas deveriam ser limpas pelos donos das casas aos arredores. Entretanto, na Idade Média, Eigenheer (2009) cita que a queda do Império Romano fez com que as conquistas sanitárias de Roma decaíssem. E, apesar da tentativa sem sucesso de restituir os canais. Acredita-se que a incidência de epidemias daquela época, foi devido a não conservação dos sistemas desses canais e das águas.


Em várias cidades italianas, por essa época, foram estabelecidas normas para destinação de dejetos e carcaças de animais, e para criação de animais nos limites urbanos. Tenta-se retomar

das cidades. O autor Sennett (2003), também comenta sobre a obra de William Harvey e o quanto ela foi importante para outras pesquisas a respeito do corpo humano.

a pavimentação e a eliminação de águas paradas. Proíbem-se a

Os elos entre a cidade e a nova

destinação inadequada de dejetos por

anatomia estabeleceram-se quando os

carroceiros, o lançamento de lixo e

herdeiros de Harvey e de Willis

fezes nas ruas e o uso da água das

aplicaram suas descobertas à pele.

chuvas (enxurrada) como meio de se

Devemos ao médico Ernst Platner a

livrar de lixo e dejetos, que

primeira analogia clara da circulação

provocavam o entupimento de canais

(sangue e impulsos nervosos) com a

(EIGENHEER, 2009, p.43).

experiência ambiental. Nos 1700, Platner dizia que ar é como sangue,

Eigenheer (2009) sintetiza que no final da Idade Média, mesmo havendo calçamento somente nas ruas e praças principais, o calçamento foi fundamental para que houvesse o movimento de carroças. Em 1340, na cidade de Praga, surge o primeiro serviço de coleta de lixo e limpeza das vias com o auxílio das carroças. As inovações na limpeza urbana aconteceram de forma lentamente nas cidades europeias e na maioria delas, não houve sucesso. Eigenheer (2009) cita a obra de William Harvey (1578-1657), De motu cordis (1628), que aborda o sistema circulatório do sangue ao ser bombeado, por todo o corpo, pelo coração. Essa obra, além de trazer uma perspectiva até então não descrita corretamente, trouxe também uma nova visão a respeito do corpo humano e da saúde pública, afetando até mesmo a configuração

devendo percorrer o corpo, e a pele é a membrana que lhe permite respirar. Sujeira, segundo Platner, era o inimigo número um da pele. Conforme a citação do historiador Alain Corbin, ele sustentava que a imundície, obstruindo os poros, "retinha os humores do excremento, favorecia a fermentação e putrefação das substâncias; pior, facilitava a reabsorção dos dejetos que cobriam a pele". A entrada do ar através da epiderme conferia um significado secular à palavra "impuro". Mais do que uma mancha na alma — consequência de desastre moral — impureza significava pele suja, devido à experiência humana social (SENNETT, 2003, p.218).

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Dessa forma, uma nova perspectiva a respeito da sujeira instalou-se naquela época. Sennett (2003) comenta os impactos que esses estudos causaram à sociedade e como transformaram as cidades. A limpeza urbana começou a ter relevância a partir de 1740, onde os grandes centros começaram a drenar buracos cheios de fezes e urina e canalizaram para esgotos subterrâneos, deixando as ruas mais limpas. E todas essas mudanças foram acompanhadas por várias Leis de Saúde Pública. Segundo Eigenheer (2009), apesar de todas as medidas tomadas, os resultados não foram os melhores, pois era necessário não somente a continuidade como a universalidade dos serviços e as propostas eram difíceis de implementar pois haviam dificuldades financeiras, logísticas, educacionais e sócio-políticas. Só na segunda metade do século XIX é que se presenciaram modificações substanciais na limpeza urbana, inclusive em aspectos técnicos. Isto se

Eigenheer (2009) aponta que no final do século XIX, a teoria microbiana das doenças fez com que houvesse uma grande mudança na visão da saúde pública e na atenção em relação aos dejetos. Surge então uma preocupação com a qualidade da água e com a separação de lixo e esgoto. A partir desse momento, o autor cita as incineradoras que surgiram a partir de 1875, iniciando pela cidade de Londres. Em 1895 surge o modelo de usina de triagem e, logo após, a coleta seletiva. Em 1900 a Inglaterra já possuía mais de 100 incineradoras. Entretanto, Eigenheer (2009) salienta que: [...] apesar das inovações e do aperfeiçoamento da limpeza urbana que ocorrem, e mesmo com o uso de incineradores, unidades de triagem e de reaproveitamento do lixo, a questão da destinação final continua muito precária, inclusive na Europa, até a segunda metade do século XX. Quase sempre, quando coletado, o destino do lixo era o mar, os rios e áreas limítrofes.

deveu em parte ao surgimento da Revolução Industrial, que trouxe em

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Na Inglaterra e nos Estados Unidos, na

seu bojo um acelerado crescimento

primeira metade do século XX,

urbano, com graves implicações

procurou-se dar destino mais

habitacionais e sanitárias. Foram

adequado ao lixo. O procedimento

necessárias medidas para amenizar

conhecido como “controlled tipping”

não só a triste situação dos bairros

consistia em formar canteiros com lixo

operários como a pressão sobre áreas

de 2m50cm de altura e 7m50cm de

mais nobres da cidade (peste,

comprimento. Eram então cobertos

contaminação das águas, etc.)

com terra no topo e nas laterais, e

(EIGENHEER, 2009, p.70).

depois gramados. Nos Estados Unidos


o lixo era depositado nos “sanitary

o lixo era depositado nos “sanitary

landfills”. Utilizavam-se depressões de

landfills”. Utilizavam-se depressões de

terrenos para depositar o lixo, que era

terrenos para depositar o lixo, que era

então recoberto com terra. Evitavam-

então recoberto com terra. Evitavam-

se com isto moscas, fogo, cheiro etc.

se com isto moscas, fogo, cheiro etc.

Os atuais aterros sanitários que

Os atuais aterros sanitários que

pressupõem impermeabilização do

pressupõem impermeabilização do

solo a ser usado, tratamento do

solo a ser usado, tratamento do

chorume e dos gases, recobrimento e

chorume e dos gases, recobrimento e

posterior paisagismo, só surgiram na

posterior paisagismo, só surgiram na

segunda metade do século X

segunda metade do século X

(EIGENHEER, 2009, p.71).

(EIGENHEER, 2009, p.71).

Depois, Eigenheer (2009) cita a questão do lixo no Brasil, mais precisamente na cidade do Rio de Janeiro, pois para ele, o país se desenvolveu de forma desigual e muitas cidades não possuem informações sobre a limpeza urbana no princípio. O Rio de Janeiro, foi uma das cidades mais antigas além de ter sido capital da colônia, do Império e da República, onde suas conquistas e dificuldades foram representativas em relação as encontradas no país.

Depois, Eigenheer (2009) cita a questão do lixo no Brasil, mais precisamente na cidade do Rio de Janeiro, pois para ele, o país se desenvolveu de forma desigual e muitas cidades não possuem informações sobre a limpeza urbana no princípio. O Rio de Janeiro, foi uma das cidades mais antigas além de ter sido capital da colônia, do Império e da República, onde suas conquistas e dificuldades foram representativas em relação as encontradas no país.

Um fator marcante na limpeza urbana

Um fator marcante na limpeza urbana

do Rio de Janeiro foi a implantação de

do Rio de Janeiro foi a implantação de

um sistema de esgoto na cidade, em

um sistema de esgoto na cidade, em

1864, através de uma companhia

1864, através de uma companhia

inglesa [...], pelo menos em parte da

inglesa [...], pelo menos em parte da

cidade. Isto possibilitou uma

cidade. Isto possibilitou uma

especialização na limpeza urbana,

especialização na limpeza urbana,

voltada propriamente para o lixo

voltada propriamente para o lixo

(EIGENHEER, 2009, p.102).

(EIGENHEER, 2009, p.102).

31


Segundo Eigenheer (2009) em 1895, houve a construção de um forno para queimar o lixo, em Manguinhos, porém a experiência não teve sucesso. Em 1907, o mesmo assunto foi retomado e seguiu até 1960. O autor comenta que o Brasil, ao longo do século XX, procurou implementar novas técnicas a respeito do lixo. Houve a incineração, usinas de triagem e compostagem, na qual as usinas de triagem serviriam para reciclar alguns materiais, enquanto os orgânicos seriam utilizados para a compostagem. Porém, as usinas de triagem não obtinham resultados satisfatórios semelhantes a outros países, como a Alemanha, que sempre foi referência em relação ao lixo. Eigenheer (2009), aborda também a questão da coleta seletiva que surgiu no país primeiramente em 1985, em um bairro de Niterói. Em 1988 a cidade de Curitiba se torna a primeira cidade a possuir esse sistema e em 2009, mais de 200 cidades possuíam a coleta seletiva implantada. Um problema apontando por Eigenheer (2009) em relação a como o Brasil trata o seu lixo, é o fato do brasileiro não estar acostumado a pagar pelos serviços de limpeza, como acontece em outros países. No caso da incineração com geração de energia, seria necessário que se arcasse com os custos. O despreparo da população ou, até mesmo, a falta de costume em ter que pagar para dar uma destinação correta ao seu lixo é

32

comentada por Carvalho B. (1984) que expõe esse pensamento tardio que houve nas cidades: [...] nem todas as cidades nascem, como devem, de um planejamento regional, que suas circulações não funcionam, que seus zoneamentos são aliados incondicionais da contaminação da água e da poluição da atmosfera, que são desorganizadas, ruidosas e poeirentas e que não existem fixados, em seus habitantes, nem ao menos os fundamentos de uma educação ecológica (CARVALHO B, 1984, p.183).

Lima (2004) sintetiza o problema apontando dois fatores responsáveis pela gestão do lixo urbano: Sumariamente, podemos dizer que o lixo urbano resulta da atividade diária do homem em sociedade e que os fatores principais que regem sua origem e produção são, basicamente, dois: o aumento populacional e a intensidade da industrialização. Observando o comportamento destes fatores ao longo do tempo, podemos verificar que existem fortes interações entre eles. Por exemplo, o aumento populacional exige maior incremento na produção de alimentos e bens de consumo direto. A tentativa de atender esta demanda faz com que o homem


transforme cada vez mais matériasprimas em produtos acabados, gerando, assim, maiores quantidades de resíduos que, dispostos inadequadamente, comprometem o meio ambiente. Assim sendo, o processo de industrialização constitui-

pagar pelos serviços de limpeza, caso contrário, talvez a questão do lixo fosse vista com outros olhos pela população, já que estariam pagando e contribuindo para uma destinação correta do lixo. Atualmente, grande parte da destinação do lixo vai para aterros controlados e lixões.

se num dos fatores principais da origem e produção de lixo (LIMA, 1991, p.266).

Em referência ao que foi citado anteriormente por Lima (2004), o aumento populacional e a intensidade da industrialização, até hoje, são problemas que desencadeiam o aumento da quantidade de lixo. Em 2018, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais – ABRELPE (2019), o Brasil gerou 79 milhões de toneladas de lixo, onde 72,7 milhões foram coletados. 43,3 milhões de toneladas tiveram uma destinação adequada em aterros sanitários, o restante, 29,5 milhões de toneladas de Resíduos Sólidos Urbanos foram para lixões ou aterros controlados, onde não há um conjunto de sistemas e medidas necessários para proteger a saúde da população e o meio ambiente contra danos e degradações. A problemática do lixo está presente desde a antiguidade no cotidiano das pessoas e o aumento populacional junto a industrialização, propiciou o aumento da quantidade de resíduos produzidos. O Brasil, infelizmente, não possui a cultura do cidadão

a reciclagem e seus benefícios Neste tópico será abordada a questão da reciclagem e os benefícios que ela proporciona além da diferença entre lixo e resíduos e alternativas que auxiliam a reciclagem, como a logística reversa e o princípio dos 3R's (Reduzir, Reutilizar e Reciclar). Para a definição do termo reciclar e informações sobre o lixo, serão utilizados dados de Brasil (2016a) e (2008) disponíveis no site do Ministério do Meio Ambiente. As autoras Anna Maria Brasil e Fátima Santos – Brasil A. e Santos (2004) – contextualizam os benefícios da reciclagem e a Associação Nacional dos Carroceiros e Catadores de Materiais Recicláveis (ANCAT) reforça os benefícios além de disponibilizar dados a respeito da reciclagem no Brasil. A ANCAT apoia a organização social e econômica de catadores, promovendo ações e projetos direcionados a qualificação e fortalecimento da economia dessa categoria. De acordo com Brasil (2016a), o termo reciclar significa reintroduzir no ciclo

33


produtivo, ou seja, é o processo de converter aquilo que já foi utilizado um dia e que foi descartado em algo útil novamente. Como citado anteriormente por Eigenheer (2009), na antiguidade já havia o pensamento de reutilização, quando o lixo orgânico das residências era utilizado para alimentar animais. O ser humano explora diariamente diversos recursos naturais e causa diversos problemas ambientais que se agravam com o descarte inadequado de resíduos. A reciclagem veio como um meio de amenizar esses problemas. De acordo com Brasil A. e Santos (2004) a reciclagem traz vários benefícios para o meio ambiente e para a sociedade. São eles: a melhoria da qualidade de vida e da limpeza nas cidades e, consequentemente, a questão de saúde pública; a diminuição da contaminação do solo, do ar, da água e de alimentos; a geração de novas fontes de renda; a economia de energia e matérias-primas e a formação de uma consciência ecológica/educação ambiental. O Brasil ainda está atrasado em relação a reciclagem. A falta de educação ambiental para entender a importância de preservar o meio ambiente e de como preservar é um dos principais fatores que contribuem para a situação atual. Para Rodrigues e Cavinatto (1997), a maior aliada da reciclagem é a coleta seletiva. E para tal acontecer é necessária uma boa orientação para que as pessoas separem corretamente em suas

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casas o que pode ser reciclado, como: papel, vidro, metais e plásticos. Saber a diferença entre lixo e resíduo já pode ser um passo para o início da reciclagem. Carvalho B. (1984) afirma que conceituar resíduo não é simples, pois entre as suas características está o seu abandono pelo proprietário e sua inutilidade. Brasil (2008) aponta o lixo como tudo aquilo que é descartado, não possui mais utilidade e que é composto por resíduos que necessitam de cuidados diferentes. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (2004) NBR 10.004:2004 define resíduos sólidos e semissólidos os resultantes de atividades industriais, domésticas, comerciais, hospitalar, agrícolas, entre outros. Todos os resíduos sólidos são classificados de acordo com as suas características. De acordo com Brasil (2008) o lixo pode ser classificado de várias formas e o seu descarte depende desta classificação. Inicialmente pode-se classificar como lixo seco ou úmido. Sendo o seco composto por m a t e r i a i s p o t e n c i a l m e n t e r e c i c l á ve i s (plásticos, papel, vidro, lata, etc.) e o úmido composto por materiais orgânicos como sobras de alimentos. Os resíduos podem ser classificados também quanto à periculosidade em Classe I e Classe II, onde são os perigosos e os não perigosos, respectivamente e, por último, podem ser classificados de acordo com a origem dos resíduos, como: domiciliar, comercial,


público, de serviços de saúde, industrial, agrícola e entulho, além dos lixos eletrônicos que são encontrados entre os demais. Além da falta de conscientização em relação ao descarte dos lixos domésticos, há também os lixos industriais, os resíduos de construção civil, lixos hospitalares, entre outros. Não falta somente conscientização, falta atitude da população em mudar o cenário atual. Um dos meios que surgiu para diminuir os impactos do lixo no meio ambiente, foi o princípio dos 3R's e Brasil (2008) conceitua muito bem este princípio:

Segundo Oliveira e Filho (2019), é importante aplicar o princípio dos 3R's antes da eliminação de um resíduo e examinar sua capacidade de redução, reutilização e reciclagem, sempre na tentativa de minimizar os danos sobre o meio ambiente. Para Pereira (2013) existem mais R's que envolvem o consumo e descarte consciente para alcançar o desperdício zero. Repensar a sua maneira de usar e consumir; é a reciclagem mental da população para o uso econômico e o descarte ecológico dos bens; Recusar o que é supérfluo, ou mesmo mais nocivo

Um caminho para a solução dos

ao meio ambiente; Reduzir o Lixão, nas

problemas relacionados com o lixo é

rampas e monturos onde são

apontado pelo Princípio dos Três Erres

a c u m u l a d o s . [ . . . ] Re u t i l i z a r o s

(3R's) – reduzir, reutilizar e reciclar.

vasilhames e depósitos que ainda têm

Fa t o r e s a s s o c i a d o s c o m e s t e s princípios devem ser considerados, como o ideal de prevenção e nãogeração de resíduos, somados à adoção de padrões de consumo sustentável, visando poupar os recursos naturais e conter o desperdício. Reduzir significa consumir menos produtos e preferir aqueles que ofereçam menor potencial de geração

serventia. Baldes, latas e bombonas, tambores e tonéis têm grandes e muitas utilidades, nos vários tipos de artesanato. Um artesão criativo faz maravilhas com as garrafas PET; Retornar à fonte produtora, para reuso imediato. [...] Embalagens de eletrônicos podem ser abertas e desmontadas sem rasgá-las, ficando

de resíduos e tenham maior

prontas para um novo uso. [...]

durabilidade. Reutilizar é, por exemplo,

Reformar um móvel custa pouco e vale

usar novamente as embalagens [...].

muito para quem não tem. [...]

Reciclar envolve a transformação dos

Reciclar, isto é, reindustrializar. O

materiais, por exemplo fabricar um

plástico, o papel e o metal voltam ao

produto a partir de um material usado

ciclo industrial (PEREIRA, 2013, p. 74).

(BRASIL, 2008).

35


Além da coleta seletiva e do princípio dos 3 (ou 7R's), há também a logística reversa que tem auxiliado muito o processo de reciclagem. A ANCAT (2019) explica que a logística reversa (LR) é um conjunto de ações que faz com que o resíduo, após ser consumido, retorne a cadeia produtiva substituindo a matéria-prima virgem. Nesse conjunto de ações estão incluídas etapas que vão desde a coleta dos resíduos e triagem até a destinação adequada (reutilização, reciclagem ou compostagem). [...] Com isso, a LR busca, principalmente, diminuir os resíduos depositados nos aterros sanitários ou

matérias-primas. A reciclagem é essencial no fluxo da LR, pois é a responsável por transformar os resíduos novamente em matéria-prima através de um conjunto de técnicas pelas quais os materiais, que seriam descartados, são desviados e processados para serem usados como matéria-prima na manufatura de novos produtos, seja na mesma cadeia produtiva ou em outra (ANCAT, 2019, p. 08).

Abaixo é possível compreender melhor como ocorre o fluxo logístico da reciclagem e como cada agente contribui:

lixões, e reduzir a extração de

Figura 1 - Fluxo Logístico da Reciclagem Fonte: ANCAT (2019).

36


A ANCAT (2019) ressalta os benefícios d a r e c i c l a g e m q u e j á f o ra m c i t a d o s anteriormente por Brasil A. e Santos (2004) e sintetiza cada um: a. Minimiza a exploração de recursos naturais: “um dos principais efeitos positivos ao meio ambiente da LR e reciclagem é a redução da extração de recursos naturais para a produção de novos produtos [...]” (ANCAT, 2019, p.10). b. Reduz poluição do solo, água e ar: ANCAT (2019) explica que a LR e essa redução da poluição é devido a diminuição da produção dos materiais e do descarte i n a d e q u a d o d o s r e s í d u o s , consequentemente, não é necessário a expansão de aterros e o gasto público diminui. c. Suaviza as emissões de gases do efeito estufa: ANCAT (2019) argumenta que as emissões de gases do efeito estufa são suavizadas devido à redução na produção de materiais virgens, como plásticos, vidro, aço e alumínio. A redução também acontece na emissão dos gases na extração de matéria prima para confeccionar os materiais virgens, sem deixar de mencionar a redução de gases emitidos durantes a decomposição desses materiais nos locais de descarte de resíduos. d. Reduz o custo de produção: “[...] o uso de material reciclado como matériaprima pode gerar redução no custo de produção de novos produtos” (ANCAT, 2019, p.10). e. Geração de renda: ANCAT (2019)

sintetiza a redução de custo na produção de novos produtos e a geração de trabalho no ramo da reciclagem com venda de materiais reciclados, força de trabalho para a coleta, transporte e triagem do material. A ANCAT (2019) cita que a Lei Federal 12.305/2010, que fundou a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), mudou de forma significativa o tratamento da problemática de resíduos sólidos no país. Para a PNRS a gestão deve seguir uma ordem de prioridade, como mostra a figura abaixo: MELHOR

NÃO GERAÇÃO REDUÇÃO REUSO RECICLAGEM TRATAMENTO DISPOSIÇÃO FINAL PIOR Figura 2 – Prioridade no Gerenciamento de Resíduos Fonte: ANCAT (2019).

A ANCAT (2019) salienta que as cooperativas e associações de catadores de materiais recicláveis são de extrema importância em várias etapas da logística reversa: coleta, transporte, triagem, prébeneficiamento e destinação final adequada para cada material, principalmente à reciclagem.

37


Dois problemas apontados pela ANCAT (2019) em relação a gestão de resíduos sólidos no Brasil são: o baixo nível de infraestrutura com abrangência da coleta seletiva e o nível de conscientização que a população tem em relação a questão ambiental. ANCAT (2019) reforça que, apesar da cobertura de coleta pública no país ser alta, atendendo 91% dos municípios, grande parte dos resíduos é destinado a locais inadequados ambientalmente. Essa parte contabiliza 29 milhões de toneladas, aproximadamente 41% do total de resíduos coletados em 2017, e que foram descartados em lixões ou aterros controlados, onde não há medidas necessárias para proteger o meio ambiente. Em relação a coleta seletiva, a ANCAT (2019) cita que apenas 22% dos municípios do Brasil possuem coleta seletiva pública e que aproximadamente 15% dos municípios possuem pelo menos uma cooperativa ou associação de catadores de materiais recicláveis com inventivo público. Como visto ao lado, apenas 8% de todo o território nordestino tem acesso a coleta seletiva. Sendo a região brasileira com menor índice de Coleta Seletiva, enquanto a região Sul e Sudeste lidera nesse aspecto. A respeito do nível de conscientização da população em relação a questão ambiental, a ANCAT (2019) expôs uma pesquisa feita pelo IBOPE em 2018, como vemos na figura ao lado:

38

Nordeste 8%

Norte 8%

Centro-Oeste 17%

Sul 48%

Sudeste 37%

Figura 3 - Abrangência da Coleta Seletiva Fonte: ANCAT (2019), editado pela autora.

98%

66%

Enxergam a reciclagem como algo importante para o futuro

Sabem pouco ou nada sobre coleta seletiva

39%

81%

Não separam o lixo orgânico do reciclável

Sabem pouco ou nada sobre Cooperativas de Reciclagem

Figura 4 - Nível de Conscientização da População Brasileira em Relação a Questão Ambiental Fonte: ANCAT (2019), editado pela autora.


Com essa pesquisa, fica claro que a grande maioria sabe a importância da reciclagem, mas não são todos que praticam. Pouco menos da metade dos entrevistados não separam o lixo orgânico do reciclável e outra grande maioria sabe pouco ou nada sobre a coleta seletiva ou sobre cooperativas de reciclagem. A reciclagem possui vários benefícios, entre eles: a minimização da exploração de recursos naturais, a redução da poluição do solo, da água e do ar, a suavização da emissão de gases do efeito estufa, a redução no custo de produção de novos produtos e a geração de renda para quem trabalha com a reciclagem. Sabendo da importância da reciclagem e de como uma parte significativa da população não contribui para este bem, as cooperativas e associações de catadores desempenham papéis de extrema importância nesse setor, pois atuam em várias etapas da logística reversa, contribuindo para a eficiência da reciclagem no país.

TIPOS DE RESÍDUOS As embalagens de produtos estão em maioria entre os inúmeros resíduos eliminados diariamente pela população. Sabe-se que cada mercadoria possui uma embalagem de identificação, que diz muito sobre determinado produto, e Pires (2002) confirma isso:

O crescimento da população mundial provoca um aumento no consumo de produtos agrícolas e industriais, cujas embalagens cada vez mais incidentes sobre estes produtos, contribuem para o aumento da geração de lixo. Em muitos casos, a sofisticação da embalagem é utilizada como “ M a r k e t i n g ”, p a r a e s t i m u l a r o consumo. A beleza e o volume da embalagem estão associados à qualidade do produto (PIRES, 2002, p.50).

Entre os resíduos descartados de forma irregular, os mais comuns são os papéis, metais, vidros, plásticos, entre outros. Com base em Grippi (2001), segue um breve contexto dos principais resíduos reciclados, seguindo a ordem: papel, metais, vidros e plásticos. Acrescentando, Grippi (2001) cita que a reciclagem do papel é tão antiga quanto sua própria descoberta no ano 105 d.C. Desde aquela época, os papéis usados eram convertidos em polpa para gerar papel novamente, porém de menor qualidade, mas de ótima economia para os padrões da época. Na era contemporânea, papéis e papelão vem sendo reciclados pelas grandes fábricas de embalagens. A demanda produziu quantidade suficiente de papel para justificar o investimento em equipamentos para preparar o material a ser negociado com sucateiros. Na medida em que o interesse

39


pela reciclagem aumentou, cresceu também a quantidade de caixas feitas com material reciclado. Uma tonelada de aparas pode evitar o corte de dez a doze árvores provenientes de plantações comerciais.

ano. Após quinze anos, esse mesmo volume era reciclado por dia. Os avanços tecnológicos ajudaram a desenvolver o mercado. [...] Há 25 anos [1976], com um

[...] Existe uma perspectiva histórica

quilograma de alumínio reciclado, era

de que no Brasil a reciclagem do papel

possível fazer 42 latas de 350ml. Hoje

tenha se iniciado com o advento da

[2001] a indústria consegue produzir

industrialização, após a década de

62 latas com a mesma quantidade de

1920, tendo sido ainda o papel o

material, com aumento da

primeiro tipo de material a ser

produtividade de 47%. As campanhas

reciclado. Ao longo dos anos, o papel

de coleta se multiplicaram e

mostrou-se como uma fonte acessível

atualmente uma dezena de milhões de

de matéria-prima limpa para

pessoas na América do Sul, incluindo o

fabricação de mais papel, quando

Brasil, participam ativamente dos

devidamente reciclado. Dada a esta

programas de coleta das latas de

reutilização, muitas árvores têm sido

alumínio (GRIPPI, 2001, p.166).

poupadas [...] (GRIPPI, 2001, p.166).

A fabricação de papéis com uso de aparas gasta de 10 a 50 vezes menos água que no processo tradicional, que usa celulose virgem, além de reduzir o consumo de energia pela metade (GRIPPI, 2001). Já o aço utilizado para a confecção de latas, segundo Grippi (2001), surgiu na década de 1930 nos Estados Unidos e, no Brasil, em 1945, com o início de produção da Cia. Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda-RJ. O mesmo autor afirma que as latas de alumínio surgiram também nos Estados Unidos em 1963. As atividades de reciclagem começaram em 1968, retornando à fabricação meia tonelada de alumínio por

40

De acordo com Grippi (2001), o vidro aparentemente foi descoberto ocasionalmente há 4 mil anos por navegadores fenícios. Eles se depararam com o surgimento do vidro por conta da junção do calor, da areia, do salitre e do calcário no momento em que fizeram uma fogueira na praia. Em pouco tempo a indústria vidreira se desenvolveu, mas sua coleta seletiva só começou na década de 1960 nos Estados Unidos, que em 2001 contava com 6 mil pontos de recebimento de embalagens de vidro. No Brasil, a primeira iniciativa organizada surgiu em 1966, no interior de São Paulo. Em 1986, a Associação Técnica Brasileira das Indústrias de Vidro (ABIVIDRO)


equipamentos e mão de obra para a

lançou um programa nacional de coleta que, em 2001 envolvia 7 milhões de pessoas em 25 cidades brasileiras. Em relação ao plástico, Grippi (2001) menciona que o inglês Alexander Parkes fabricou o primeiro plástico em 1862. Não demorou muito para que o plástico se tornasse um dos maiores fenômenos da era industrial, dando mais durabilidade e leveza aos produtos. Existem vários tipos de plástico. A maioria não é biodegradável e, por isso, tornou-se alvo de críticas quanto ao seu descarte inadequado em aterros que crescem junto com a explosão populacional. A grande variedade de resíduos gerados traz consigo a identificação de vários problemas que o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos – PMGIRS (2012) de Fortaleza expõe em seu relatório:

c o l e t a , t ra n s p o r t e , t ra n s b o r d o, tratamento e disposição final dos resíduos; baixa participação da população na coleta seletiva de materiais recicláveis; falta de recursos financeiros provenientes de taxas e tarifas

tendo

em

vista

a

sustentabilidade dos sistemas de limpeza urbana; a cultura que a responsabilidade de “pagar a conta do lixo” é da Prefeitura; falta de programa efetivo e bem detalhado de Educação Ambiental voltado para os resíduos sólidos, e Inexistência de conhecimento técnico, financeiro e gerencial de programas de compostagem, vermicompostagem, bioenergia, entre outros (PMGIRS, 2012, p.30).

Uma análise detalhada das diferentes tipologias de resíduos sólidos gerados nos municípios, especificamente nas áreas urbanas, nos encaminha para a identificação de vários problemas relacionados aos mesmos. Destacamse alguns como: crescimento das

É importante salientar outro problema relacionado aos resíduos: o tempo de decomposição. Brasil (2016b) fala sobre o tempo que cada resíduo leva para se decompor na natureza. Material

Tempo de Decomposição na Natureza

geração de resíduos produzidos

Papel

3 a 6 meses

diariamente pelos habitantes;

Tecidos

6 meses a 1 ano

Metal

Mais de 100 anos

Alumínio

Mais de 200 anos

Plástico

Mais de 400 anos

Vidro

Mais de 1000 anos

populações urbanas; crescimento da

aumento da cultura dos descartáveis; distanciamento cada vez maior dos centros urbanos aos locais de tratamento e/ou disposição final; aumento dos custos operacionais dos

Tabela 1 - Tempo de Decomposição dos Materiais Fonte: BRASIL (2016b).

41


Como visto na tabela, há materiais com o tempo de decomposição relativamente rápido, como o papel e o tecido, podendo ser menos prejudiciais ao meio ambiente. Já os demais, principalmente os plásticos e vidros, possuem uma quantidade de tempo muito alta e, consequentemente, são mais prejudiciais a natureza, ainda mais se forem descartados de forma irregular. Dos locais onde são encontradas grandes quantidades de plástico, estão as praias e oceano. De acordo com Araújo e Costa (2003), o descuidado com a destinação do lixo resulta no lixo marinho, muitas vezes até proposital. O fato que explica esse acontecimento é devido a quantidade de pessoas que vivem próximos a zona costeira e, consequentemente, a quantidade de resíduos gerados que são descartados de forma irregular e que acabam sendo levados pelos ventos até o mar. Entre os problemas relacionados ao lixo em geral nas praias e mares, Araújo e Costa (2003) ressaltam que o acúmulo desse lixo nas praias faz com que fungos, vírus e bactérias se desenvolvam e causem doenças. Os autores também apontam os prejuízos que são causados devido a resíduos plásticos que danificam os materiais de quem pesca artesanalmente, além dos causados a vida marinha por materiais plásticos ou outros derivados do petróleo, como apontam a seguir:

42

Do ponto de vista oceanográfico, os problemas são ainda maiores. No caso da fauna marinha, o lixo causa diversos t ra n s t o r n o s : g a r ra f a s e o u t r o s recipientes podem aprisionar pequenos animais e plástico e isopor são confundidos com alimento e ingeridos inadvertidamente por peixes, aves, répteis e mamíferos, que quase s e m p r e m o r r e m , e m g e ra l p o r obstrução do aparelho digestivo. Vários estudos científicos constataram a mortalidade de peixes, aves, tartarugas marinhas, golfinhos e baleias por ingestão de lixo marinho (ARAÚJO E COSTA, 2003, p66).

O tempo que o resíduo plástico demora a se decompor pode durar aproximadamente 400 anos, tempo suficiente para prejudicar de forma significativa a vida marinha – se descartado de forma irregular. Por isso a importância de se preocupar com a destinação correta dos resíduos em geral.

o lixo e a reciclagem no brasil Como citado anteriormente, baseado em Eingenheer (2009), a problemática do lixo no Brasil ocorreu a partir de 1976 com a contratação de uma empresa para a limpeza urbana do Rio de Janeiro. Desde então, houveram muitas mudanças em relação a quantidade e tipo de lixo que é produzido


fatores que vêm gerando um lixo muito diferente daquele que as cidades brasileiras produziam há quarenta anos. O lixo atual é diferente em quantidade e qualidade, em volume e em composição (CALDERONI, 2003).

Segundo a ABRELPE (2019), entre 2017 e 2018 a geração de resíduos sólidos urbanos no Brasil chegou a 216.629 toneladas por dia. Constatando que, em média, cada brasileiro gerou mais de 1 quilo de resíduo por dia. A tabela abaixo mostra o quantitativo de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) coletados nas regiões do Brasil:

Região

2017 RSU Total (ton./dia)

População 2018

2018 RSU Total (ton./dia)

Norte

12.705

18.182.253

13.069

Nordeste

43.871

56.760.780

43.763

Centro-Oeste

14.406

16.085.885

14.941

Sudeste

103.741

87.711.946

105.977

Sul

21.327

29.754.036

21.561

Brasil

196.050

208.494.900

199.311

Brasil

Norte

Nordeste CentroOeste

95,09 95,46

consumo das pessoas trouxeram

98,06 98,07

mesmo tempo as mudanças de

92,83 93,78

crescimento acelerado das cidades e ao

79,06 81,08

mudou muito o seu tipo de lixo. O

81,27 81,31

[...] Nos últimos vinte anos, o Brasil

Como dito anteriormente, a geração de resíduos sólidos urbanos totalizou 216.629 toneladas por dia. Entretanto, na tabela acima, o total coletado no país foi de 196.050 toneladas por dia, uma diferença de pouco mais de 20 toneladas que foram geradas diariamente e que não foram coletadas. É importante mencionar que a Região Nordeste é segunda maior coletora de RSU do Brasil, porém tem uma baixa proporção de lixo coletado por população, onde no Sudeste é de 1,21 toneladas/dia/mil habitantes e no Nordeste é de 0,77 toneladas/dia/mil habitantes. A ABRELPE (2019) compara a cobertura percentual de coleta de RSU nas 5 regiões do país, entre os anos 2017 e 2018. O Nordeste, mesmo sendo a segunda região do país que mais produz RSU, ficou em última colocação na cobertura de coleta, como podemos ver abaixo: 91,24 92,01

diariamente e Calderoni (2003) aborda essa questão em sua obra.

Sudeste

Sul

2017 2018

Tabela 2 - Quantidade de RSU Coletados nas Regiões e no Brasil Fonte: ABRELPE (2019).

Gráfico 1 - Índice de Cobertura da Coleta de RSU (%) Fonte: ABRELPE (2019).

43


Após coletado, o lixo possui três destinações distintas. De acordo com Brasil (2016c), existem os lixões, aterros controlados e aterros sanitários. Os lixões não possuem nenhuma forma de controle, enquanto os aterros controlados possuem um certo controle, mas sem nenhuma garantia de adequação ambiental. Já os aterros sanitários possuem impermeabilização no solo para que nenhuma substância possa contaminá-lo ou atingir os lençóis freáticos, além do solo ser nivelado e o processo de decomposição ser monitorado. Em relação a destinação final do lixo no Brasil, a ABRELPE (2019) expôs em seu relatório que das 72,7 milhões de toneladas que foram coletadas no Brasil em 2018, 59,5% foram destinados de forma correta em aterros sanitários. Porém, os lixões e aterros controlados receberam, respectivamente, 23% e 17,5%, mostrando que eles possuem uma participação significativa na destinação de resíduos do país e que estão presentes em todas as regiões, recebendo mais de 80 mil toneladas de resíduos por dia, possuindo alto índice de poluição ambiental e impactos negativos à saúde. De acordo com o PMGIRS (2012), o manuseio de resíduos sólidos no país, é feito por meio de serviços de limpeza urbana como as coletas, transporte e a destinação final desses resíduos. Existem também outros meios de limpeza comuns como a varrição, limpeza das praias, capinagem e outros.

44

Apesar de o percentual de resíduos coletados ter crescido em todas as regiões entre 2017 e 2018, os investimentos na coleta e nos demais serviços de limpeza urbana recuaram. Na coleta foram aplicados R$ 10 bilhões por ano (média de R$ 4 por habitante ao mês). A tendência de queda mostrou um pouco mais de força no Sul (queda de 2,0%) e no Sudeste (1,5%). Os aportes tiveram ligeira alta no Centro-Oeste (1,2%) e no Norte (1,4%). Contudo, mesmo nessas duas regiões, se for considerado o aumento da população, o investimento per capita ficou estável. No país, o declínio foi de 1,47%. Quando se consideram outros serviços (varrição, limpeza e manutenção de parques e jardins, limpeza de córregos...), a queda é mais expressiva: 2,17% no Brasil (2,54% no índice per capita) (ABRELPE, 2019, p. 19).

A ABRELPE (2019) comenta que com a diminuição dos investimentos na área houve a queda na quantidade de vagas no setor de aproximadamente 1,4% em relação ao ano anterior. Em relação a reciclagem, a política da logística reversa é o que tem auxiliado na reciclagem do Brasil. O Compromisso Empresarial Para Reciclagem, CEMPRE (2019) foi criado em 1992 com o intuito de promover o gerenciamento de resíduos


urbanos e o acesso a informações sobre o tema, e está à frente de projetos que visam o aumento da reciclagem no país. No decorrer dos anos, o CEMPRE conscientizou empresas a desenhar um modelo de reciclagem que posteriormente foi reconhecido pela legislação brasileira.

ANCAT (2019), expõe em seu relatório diversos tipos de resíduos que são coletados por associações e cooperativas de catadores. Os resíduos foram divididos em 6 categorias diferentes e em subcategorias, onde cada uma possui um valor de comercialização diferente.

A Lei 12.305/10 instituiu princípios básicos, como o conceito de responsabilidade compartilhada, em que as soluções para os resíduos urbanos é um desafio do poder público, consumidores e empresas. Além

PAPÉIS

PLÁSTICOS

jornal papelão papel branco outros papéis

PET PVC PEAD PEBD outros plásticos

obrigar o fim dos lixões, a lei estabelece

ALUMÍNIO latas e outros resíduos

a obrigatoriedade da logística reversa, que é o conjunto de ações destinadas à coleta e recuperação dos resíduos recicláveis para retorno como matériaprima à indústria. Para colocá-la em prática, a legislação prevê, como instrumento jurídico, a formalização de

OUTROS METAIS

VIDRO

sucata cobre outros metais

branco colorido outros vidros

OUTROS MATERIAIS orgânicos e componantes eletrônicos

acordos setoriais entre empresas e governo federal, contendo um compromisso com plano de ação,

Figura 5 - Materiais Coletados e Comercializados Pelas Organizações. Fonte: ANCAT (2019).

objetivos e metas (CEMPRE, 2019, p.21).

O CEMPRE (2019), afirma que no Acordo Setorial para Embalagens em Geral foi estabelecida uma junção de empresas e de organizações da iniciativa privada, tendo como objetivo unir forças para a eficácia do sistema de logística reversa. Auxiliando na logística reversa, a

A ANCAT (2019) também revela a porcentagem dos materiais coletados pelas cooperativas e associações de catadores. O papel predomina tanto na coleta pelas associações e cooperativas acompanhadas pela ANCAT, como pela coleta seletiva. Abaixo, o gráfico mostra a porcentagem de materiais coletados pelas cooperativas e associações nos anos de 2017 e 2018:

45


52,742 43,571

diferenças, aliadas às forças de mercado de oferta e demanda dos materiais para reciclagem, explicam a desigualdade nos preços médios de

2018 Gráfico 2 - Volume Total Coletados Por Material Pelas Cooperativas e Associações Acompanhadas pela ANCAT em 2017 e 2018 (toneladas) Fonte: ANCAT (2019).

3,66

Papéis Plásticos Vidros Outros Alumínio Orgânicos Metais e Outros Materiais 2017

Em relação aos valores dos materiais vendidos pelas organizações de catadores que são acompanhadas pela ANCAT, a ANCAT (2019) exibe um gráfico com os valores e salienta que esse valor é, geralmente, para intermediadores e não é o valor final pago pelas indústrias de reciclagem. Ou seja, o gráfico a seguir mostra um valor abaixo do que as indústrias de reciclagem pagam.

para as recicladoras (fábricas e indústrias que são responsáveis pela

Vidro

Papéis

reciclagem do material). Devido a diversidade na composição física e química dos materiais, cada um demanda um processo de reciclagem,

0,41 0,64

0,34 0,51

0,33 0,36

coletados e separados, são enviados

0,21 0,11

O s d i ve r s o s r e s í d u o s , u m a ve z

3,02

Como mostra o gráfico, no ano de 2018 houve uma queda em relação aos materiais que foram coletados. Depois dos papéis, os plásticos são os materiais mais descartados e coletados. A ANCAT (2019) fala sobre o processo depois da coleta desses materiais:

1,07 1,00

587 528

625 434

5,892 4,469

10,015 6,738

14,442 11,308

cada material (ANCAT, 2019, p. 27).

Outros Orgânicos Plásticos Alumínio Metais e Outros Materiais

2017 2018 Gráfico 3 - Preço Médio dos Materiais (R$/Kg) Fonte: ANCAT (2019).

que possuem cadeias produtivas, estruturas de custos, logísticas reversas dos materiais e tipo de produto final distintos. Essas

46

Analisando os dois gráficos acima, podemos observar que o alumínio, apesar de possuir maior valor, é um dos menos


Gráfico 4 – Geração e Coleta de RSU no Nordeste em 2017 e 2018 (toneladas) Fonte: ABRELPE (2019).

Segundo a ABRELPE (2019), o Nordeste foi a região que obteve menor índice de cobertura de coleta de RSU no país. Os 1.794 municípios da região geraram 53.975 toneladas de resíduos em 2018. Do total, foram coletados 81,1%. A ABRELPE (2019) também comenta sobre a quantidade de resíduos que vão para aterros controlados e lixões – locais que podem causar poluição ambiental com danos à saúde da população.

A ABRELPE (2019) em seu relatório anual, expôs dados de todas regiões. Analisando as informações já ditas aqui sobre o Nordeste, ele possui a segunda maior geração de resíduos no país devido ser a segunda região com maior população. Em relação a geração de resíduos per capita, ele se encontra em 3º lugar, sendo liderado pelo Sul e Norte e seguido pelo Centro-Oeste e Sudeste.

53,975

43,763

o lixo e a reciclagem em fortaleza

Geração de RSU

48,871

São 6 toneladas a cada 10, ou seja, mais de 28 mil toneladas por dia. A geração de resíduos e a coleta diminuíram no ano de 2018 em relação ao ano de 2017. A ABRELPE (2019) fez um gráfico comparando os dois anos, como pode-se ver abaixo: 55,492

coletados. O papel, que possui o maior volume nas coletas, é um dos que tem menor valor. Já o plástico está em segunda colocação tanto no volume quanto no valor. A ANCAT (2019) mostra em seu relatório que o papel, mesmo com um dos menores valores, está em primeiro lugar no faturamento total das organizações, seguido do plástico. Os dois somam mais de 84% do valor de comercialização desses materiais. A reciclagem no Brasil, tem o auxílio da ANCAT que contribui de forma positiva na logística reversa do país. Como visto, os gráficos revelam toneladas de resíduos que são coletados anualmente e que possuem uma destinação correta. O esperado é que a população consuma e descarte menos, para que os impactos no meio ambiente sejam mínimos. Enquanto esses números não diminuem, a logística reversa tem auxiliado muito o meio ambiente.

Coleta de RSU

2017 2018

47


O PMGIRS (2012), expõe um estudo feito pela empresa Tramitty para o CONPAM – Conselho de Políticas de Gestão do Meio Ambiente, do Governo do Ceará, que prevê para 2032 a geração de Resíduos Sólidos Domiciliares de Fortaleza, Caucaia, Aquiraz, Eusébio e São Gonçalo do Amarante, em 4.047,3 toneladas por dia, a de Resíduos de Construção Civil em 2. 833,1 t/dia e Resíduos de Serviço de Saúde em 21,8 t/dia. Os dados mais atuais, do ano de 2015, revelam que “a cidade de Fortaleza tem a produção média de resíduos sólidos de 145 mil ton/mês e, deste total, 54 mil ton/mês são de resíduos sólidos domiciliares” (CARVALHO M. 2016 apud ECOFOR). Em relação aos resíduos descartados diariamente em residências, a cidade de Fortaleza, segundo o PMGIRS (2012), é atendida, em sua grande maioria, pelo sistema convencional porta a porta, recebendo os resíduos em sacos plásticos que são encaminhados ao aterro sanitário por meio dos veículos compactadores. O PMGIRS (2012) afirma que as coletas domiciliares de Fortaleza são feitas pela ECOFOR Ambiental e que, de acordo com o contrato, a empresa deve recolher de todas as residências do perímetro urbano e recebe o valor por tonelada de resíduos coletados. O PMGIRS (2012) aponta que os dados mais recentes sobre a situação de coleta de resíduos domiciliares em Fortaleza, são de 2010 e que 98,75% dos domicílios são atendidos pela coleta. Abaixo é possível ver

48

os tipos de resíduos encontrados no lixo doméstico.

Plástico

Vidro

Fraldas

Papel e Papelão

Metais

Restos de Alimentos

Rejeitos

Outros

Gráfico 5 – Composição gravimétrica média dos resíduos sólidos domiciliares do Município de Fortaleza.

Fonte: PMGIRS (2012) apud Sanetal, 2012 editado pela autora.

Como visto no gráfico 5, os rejeitos e restos de alimento predominam entre os resíduos sólidos domiciliares de Fortaleza. Após eles, o plástico é o material mais descartado entre papéis, vidros e metais. Carvalho M. (2016) relata que o município de Fortaleza, entre 2006 e 2016, aumentou a população em 8,26% enquanto a produção de resíduos cresceu quase 125%. Ou seja, a produção de resíduos aumentou 15


dos serviços executados, mediante taxas

vezes mais do que a população. A figura a seguir, mostra o modelo de gestão descentralizada presente no município de Fortaleza em 2012, pouco antes da gestão do atual Prefeito Roberto Claudio. Não foram encontrados modelos mais recentes. Como visto na figura 6, a Prefeitura de Fortaleza fez parceria com as empresas citadas, onde cada uma possui uma atribuição diferente.

materiais potencialmente recicláveis.

Os serviços de coleta, transporte e

Ainda, a falta de um programa bem

disposição final dos RSU prestados aos

estruturado para coleta dos resíduos de

domicílios e pequenos comércios e

origem orgânica, para em conjunto com o

prestadores

são

material proveniente da podação, capina e

subvencionados com recursos

roçagem constituírem um sistema de

orçamentários municipais, uma vez que

compostagem, vermicompostagem ou

não são lançadas taxas e/ou tarifas para

bioenergia comprometem um melhor

ressarcimento desses serviços. Os grandes

desempenho do sistema de gestão

geradores comerciais, prestadores de

atualmente instituído em Fortaleza

serviços e indústrias pagam pela execução

(PMGIRS, 2012, p. 51).

de

serviços

Prefeitura Municipal de Fortaleza

SEFIN Secretaria Municipal de Finanças {C}

Conselho Gestor

{E}

na população a falta de cooperação, parceria e cidadania em relação aos serviços de limpeza urbana, haja visto os vários “pontos de lixo” espalhados por toda a cidade. Outro fator importante é a falta de um programa bem definido e estruturado para a coleta seletiva dos

(ARLIMP) (ARFOR) ACFOR - Autarquia de Regulação, Fiscalização e Controle de Serviços Públicos de Saneamento Ambiental de Fortaleza

{A}

SEMAM Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Controle Urbano

FUNLIMP Fundo Municipal de Limpeza

especiais. A gratuidade dos serviços gera

{D}

{B}

{J}

Secretarias Executivas Regionais (SER) (I a VI e SERCEFOR) {F}

EMLURB Empresa Municipal de Limpeza Urbanização

Marquise SA

{H}

ECOFOR Ambiental

{I}

{G}

Figura 6 – Modelo de Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos de Fortaleza. Fonte: PMGIRS (2012) apud Sanetal.

49


Segundo o PMGIRS (2012) após a coleta dos resíduos, eles são levados ao Aterro Sanitário Metropolitano Oeste de Caucaia – ASMOC, onde até 1998 somente Caucaia utilizava e Fortaleza passou a utilizar também. Localizado à margem esquerda da BR-020, o ASMOC possui uma área de 123,2 ha, sendo 78,47 ha utilizados para o aterramento de resíduos. Em relação a coleta seletiva, Fortaleza só possui em alguns bairros. Segundo a Marquise [201-] o projeto piloto está sendo testado somente nos bairros: Aldeota, Dionísio Torres e Meireles, com coletas semanalmente em dias e horários diferentes. Após a coleta, os resíduos são levados para galpões de triagem das associações de catadores da cidade. Em Fortaleza, a Coleta Seletiva deverá ser desenvolvida como instrumento capaz de melhorar as condições de

três

eixos

de

atuações

interdependentes: EIXO 1: Sensibilização, Educação Ambiental e Normatização; EIXO 2: Estruturação da Coleta Seletiva comunitária sistemática; EIXO 3: Ações de beneficiamento através de reciclagem (PMGIRS, 2012).

SEMAM Planejamento Normatização

SER’S Controle Monitoramento

limpeza da cidade, desenvolver a preservação e a educação ambiental, gerar emprego e renda aos trabalhadores da coleta, prébeneficiamento, comercialização e industrialização dos materiais recicláveis feita em parceria com a sociedade civil organizada e a iniciativa privada, em busca da inclusão social dos mesmos (PMGIRS, 2012). As ações do Programa de Coleta Seletiva da SEMAM, agrupam-se em

50

Associações Cooperativas Execução Remuneração pelos serviços prestados Gráfico 6 – Infraestrutura programada para a Coleta Seletiva Fonte: PMGIRS (2012) apud SEMAM.


Como visto, os projetos para a Coleta Seletiva em Fortaleza não são novos e, até hoje, ainda é um projeto piloto, atendendo somente três bairros, enquanto os demais resíduos são coletados diariamente por meio dos veículos compactadores e levados ao ASMOC. Se a Coletiva Seletiva estivesse presente em mais bairros, os resultados em relação a reciclagem seriam mais positivos e os impactos da disposição final dos resíduos nos aterros seriam minimizados.

51



02 O PLÁSTICO


Miranda (2010) afirma que a origem da palavra plástico vem do grego plastikós e que significa aquilo que pode ser moldado. O autor continua sua afirmação dizendo que os plásticos são feitos a partir da polimerização – reação química que origina os polímeros – ou da multiplicação artificial de carbono que estão presentes nas correntes moleculares de compostos orgânicos como derivados de petróleo ou de outras substâncias naturais. Para entender melhor, Piatti (2005) sintetiza bem o que é necessário para a fabricação do plástico. É necessário utilizar como matéria-prima substâncias que são extraídas principalmente por meio do petróleo. Essas substâncias são denominadas de monômeros. Piatti (2005) explica que o petróleo é formado por vários compostos orgânicos misturados e que através de um processo de destilação fragmentada do óleo cru, que ocorre nas refinarias, são obtidas as frações. Entre elas estão: a nafta, a gasolina, o piche, o óleo diesel, o querosene, os óleos lubrificantes, o gás liquefeito, as graxas parafínicas.

vez, são transformados nos chamados petroquímicos finos, tais como polietileno, polipropileno, policloreto de vinila etc. Na etapa subsequente, os petroquímicos finos são modificados quimicamente ou transformados em produtos de consumo (PIATTI, 2005).

Piatti (2005) relata que para a formação do plástico é preciso a utilização de polímeros e para se obter esse material é necessária uma reação chamada de polimerização que é a transformação química onde as pequenas moléculas chamadas de monômeros juntam-se e formam moléculas gigantes, chamadas de macromoléculas. Quanto maiores as macromoléculas, melhores suas propriedades mecânicas que, por possuírem cadeias muito longas, elas se entrelaçam e formam um emaranhado que interage fortemente. Por esse motivo, há a grande resistência dos polímeros, possibilitando a fabricação de móveis, peças automotivas e peças para a construção civil. Dependendo dos monômeros e das

A fração da qual são obtidos os monômeros é a nafta, que submetida a um processo de craqueamento térmico (aquecimento na presença de catalisadores), dá origem a várias

se obter uma enorme variedade de polímeros com propriedades específicas e que servem às mais diferentes aplicações. [...] De acordo com seu comportamento mecânico, os

substâncias, entre elas, etileno,

polímeros podem ser classificados

propileno, butadieno, buteno,

como elastômeros, fibras, plásticos

isobutileno,

rígidos ou plásticos flexíveis (PIATTI,

denominados

petroquímicos básicos. Estes, por sua

54

condições de reação utilizados, pode-

2005).


De acordo com Calderoni (2003), a contribuição do plástico para a viabilidade econômica da reciclagem de lixo em geral é potencialmente muito elevada, sobretudo em função da economia de matéria-prima que proporciona. Entretanto, apresenta uma relação preço-volume desfavorável, razão pela qual não é considerado tão atrativo para carrinheiros e catadores, aspecto em que se assemelha à lata de aço, embora no caso desta, a baixa atratividade decorra da insatisfatória relação preço-peso. Segundo o estudo feito pelo Fundo Mundial para a Natureza - WWF (2019), atualmente, o Brasil é o 4º país do mundo que mais gera lixo plástico, gerando mais de 11 milhões de toneladas por ano, ficando atrás dos Estados Unidos, China e Índia. Entretanto, EUA, China e Índia reciclam, respectivamente, 34%, 21% e 5% dos resíduos plásticos que produzem, enquanto o Brasil recicla apenas 1,28% desses resíduos. Uma pesquisa feita também pelo WWF (2019), aponta que mais de 104 milhões de toneladas de plásticos irão poluir os ecossistemas até 2030, se nenhuma mudança acontecer na relação entre o homem e o material e seu descarte.

TIPOS DE PLÁSTICO É perceptível que nem todos os plásticos são iguais. Segundo Piatti (2005), da mesma forma que se usa metal para se referir a ouro ou ferro, a palavra plástico também não se refere a um único material.

Piatti (2005) diz que os plásticos podem ser divididos em dois grupos: Termoplástico e Termorrígido. O Termoplástico possui capacidade de amolecer e fluir quando é aquecido, facilitando a moldagem e podendo aderir ao formato desejado. Já o Termorrígido ocorre quando, no processo de polimerização, há ligações cruzadas entre cadeias. Isso torna o plástico rígido e não reciclável. Uma outra vantagem é que as resinas p lás t ic as p o d em s er fac ilmen t e misturadas com outras substâncias que podem lhes conferir novas propriedades, sendo possível alterar cor, cheiro, elasticidade, resistência a impactos, resistência ao calor e à luz etc., ampliando as possibilidades de aplicações. Estas substâncias são denominadas aditivos (PIATTI, 2005).

Na próxima página, o Quadro 1 mostra os principais aditivos e funções. Como dito anteriormente, pode-se obter uma variedade imensa de polímeros com propriedades diversas, devido aos monômeros e condições de reação utilizados. Segundo Calderoni (2003), dentre as resinas termoplásticas utilizadas para a produção de plásticos no Brasil, as principais são: PEBD (Polietileno de Baixa Densidade); PEAD ( Po l i e t i l e n o d e A l t a D e n s i d a d e ) ; P S (Poliestireno); PVC (Policloreto de Vinila); PP (Polipropileno); e PET (Polietilenotereftalato). A utilização dos vários tipos de resinas segue a finalidade de cada um dos produtos fabricados.

55


Aditivo

Função

Plastificante

Aumentar a flexibilidade

Estabilizante Térimico

Evitar a decomposição por aquecimento

Estabilizante UV

Evitar a decomposição causada por raios UV solares

Retardador de Chamas

Reduzir a inflamabilidade

Lubrificante

Reduzir a viscosidade Aumentar a resistência ao desgaste por abrasão e reduzir o custo do

Carga

material

Antioxidante

Minimizar a oxidação provocada por oxigênio e ozônio atmosféricos

Pigmentos

Conferir a cor desejada

Antiestático

Evitar eletrização por atrito

Aromatizante

Conferir odores desejados. Mascarar odores indesejados

Biocida

Inibir a degradação por micro-organismos Quadro 1 – Principais aditivos usados na fabricação de plásticos e sua função. Fonte: Piatti (2005).

Resina

Aplicação

1

Garrafas para refrigerante, água, óleo comestível, molho para salada, antisséptico bucal, xampu.

Fibra para carpete, tecido, vassoura, embalagem de produtos de limpeza, acessórios diversos.

Garrafas para iogurte, suco, leite, produtos de limpeza, potes para sorvete, frascos para xampu.

Frascos para produtos de limpeza, óleo para motor, tubulação de esgoto, conduite.

F i l m e s e s t i r á v e i s , b e r ç o s p a ra biscoitos, frascos para antisséptico bucal, xampu, produtos de higiene pessoal, blister

Mangueira para jardim, tubulação de esgoto, cones de tráfego, cabos.

Filme encolhível, embalagem flexível para leite, iogurte, saquinhos de compras, frascos squeezable.

Envelopes, filmes, sacos, sacos para lixo, tubulação para irrigação.

PET

2 pead

3 Pvc

4 pebd

56

Reciclagem


5 PP

6 pS

7 OUTROS

Potes para margarina, sorvete, tampas, rótulos, copos descartáveis, embalagem para biscoitos, xampu.

Envelopes, filmes, sacos, sacos para lixo, tubulação para irrigação.

Copos descartáveis, pratos descartáveis, pote para iogurte, bandejas, embalagem para ovos, acolchoamento.

Placas para isolamento térmico, acessórios para escritório, bandejas.

Embalagem multicamada para biscoitos e salgadinhos, mamadeiras, CD, DVD, utilidades domésticas.

Madeira plástica, reciclagem energética.

Quadro 2 – Exemplos de aplicação e de reciclagem das resinas Fonte: Coltro, Gasparino e Queiroz (2008) editado pela autora.

Sobre os símbolos mostrados no quadro 2, Coltro, Gasparino e Queiroz (2008) explicam o porquê da simbologia:

revalorização (COLTRO, GASPARINO E QUEIROZ, 2008, p. 119). Apesar de ser mais utilizado para a

Muitos produtos feitos de materiais

identificação de embalagens plásticas,

plásticos apresentam um código de

este sistema também deveria ser

identificação da resina, normalmente

aplicado a outros produtos de plástico,

um número de 1 a 7 dentro de um

tais como pastas, capas, envelopes,

triângulo de três setas e sob o mesmo

canetas, bandejas, cadeiras, bancos,

uma abreviatura, cujo objetivo é

va s o s , p e ç a s d e e q u i p a m e n t o s

indicar o tipo particular de plástico do

eletrônicos,

qual o produto é feito. Este código

acolchoamento e outros inúmeros

normalmente é colocado na base do

produtos de plástico utilizados pela

recipiente ou no verso da embalagem

sociedade, com a finalidade de facilitar

que contém o produto (no caso de material flexível). Os códigos de identificação têm por objetivo facilitar a

sistemas

de

a l o g í s t i c a r e v e r s a ( C O LT R O , GASPARINO E QUEIROZ, 2008, p. 120).

recuperação dos recipientes plásticos descartados com o resíduo sólido

Em relação ao que pode ser feito

urbano, uma vez que auxiliam sua

com o plástico reciclado, no quadro 2 é

separação e posterior reciclagem e

possível ver alguns exemplos. Segundo

57


Santos, Agnelli e Manrich (2004) não há legislação específica para os materiais reciclados, mas eles são tratados impondo os mesmos critérios de pureza e controle que um material virgem teria, não podendo afetar a saúde dos consumidores. A Anvisa - Agência Nacional de Vigilância Sanitária (2016) determina alguns critérios para plástico reciclado em contato com alimentos abaixo: A reciclagem de PET pode gerar dois tipos de materiais: o PET reciclado e o PET-PCR grau alimentício. A diferença entre estes dois materiais é que o PETPCR grau alimentício passa por um processo validado de descontaminação durante a reciclagem e, portanto, pode ser autorizado para uso em contato direto com alimentos após avaliação da Anvisa. Como regra geral, é proibida a utilização de materiais plásticos procedentes de embalagens, fragmentos de objetos, plásticos reciclados ou já utilizados na elaboração de embalagens e equipamentos destinados a entrar em contato com alimento [...] Esta proibição, no entanto, não se aplica ao material obtido de plásticos não contaminados nem degradados que são reprocessados no mesmo processo de transformação que o originou (scrap

58

ou aparas de processo). No entanto, a Resolução n. 105/1999 estabelece ainda que a autoridade sanitária competente poderá estudar processos tecnológicos específicos de obtenção de resinas a partir de materiais recicláveis (ANVISA, 2016).

Ou seja, o plástico reciclado pode ser utilizado em produtos alimentícios desde que seja o PET-PCR grau alimentício e atenda os critérios da Anvisa. Em relação aos demais tipos de produto, como hospitalares, por exemplo, não foram encontradas nenhuma informação sobre o uso de plástico reciclado. Em relação ao tempo de decomposição, a tabela 1 mostra que o plástico dura cerca de 400 anos para se decompor. Não se sabe ao certo a quantidade de tempo exata que cada item plástico demora para se decompor, algumas pesquisas apontaram entre 100 e 400 anos dependendo do tipo de plástico e do objeto. Entretanto, o mais importante da informação é saber que o plástico é um dos resíduos sólidos de maior tempo de decomposição.

CONSUMO E RECICLAGEM DE RESÍDUOS PLÁSTICOS NO BRASIL Calderoni (2003) afirma que, no mundo, o consumo de plásticos vem crescendo a taxas muito elevadas. De um total de 6 milhões de toneladas consumidas


14.442

16.000

14.000

11.308

em 1960, nos primórdios da introdução desde produto, passou-se para 27 milhões de toneladas em 1970; 53 milhões de toneladas em 1980; 93 milhões de toneladas em 1990; chegando-se a 110 milhões de toneladas em 1994.

12.000

120 10.000

100 80

8.000

60 40

627 263 TOTAL PLÁSTICOS

2018

PLÁSTICOS MISTURADOS

2017

OUTROS PLÁSTICOS

PP

0

PET

Gráfico 8 – Volume Coletado dos Resíduos de Plásticos em 2017 e 2018 Fonte: ABRELPE (2019).

2017

242 339

1.889 1.589

2018 2.140 740

No gráfico 2, onde mostra os resíduos coletados pelas associações e cooperativas de catadores, o plástico ficou em segundo lugar, ficando atrás do papel. A quantidade de plástico coletado em 2018 chegou a 11.308 toneladas. O gráfico 8, mostra os diversos tipos de plásticos encontrados nesse volume de 11.308 toneladas. Os resíduos PETS foram os mais coletados entre os demais. Percebe-se uma queda de coletas de resíduos plásticos de 2017 para 2018, mas não foi possível saber o motivo. Como mostrado no gráfico 3, o material plástico é vendido pelo segundo maior valor entre os demais resíduos, ficando atrás somente do alumínio. No gráfico 9 podemos ver quanto as organizações acompanhadas pela ANCAT faturam:

2.000

17.472 15.783

Gráfico 7 – Consumo Mundial de Plástico Fonte: Calderoni (2003), editado pela autora.

1557 1302

Milhões de Tonelada

1404 2002

4.000

1.998 2.298

1994

1820 3110

1990

PEAD

1980

2693 3535

1970

PEBD

1960

15.435 11.253

0

3208 4230

6.000

20

Papéis Plásticos Vidros Outros Alumínio Orgânicos Metais e Outros Materiais Gráfico 9 – Faturamento Total Das Organizações Acompanhadas Pela ANCAT Por Material, 2017 E 2018 (Mil R$, Nominais) Fonte: ANCAT (2019).

59


Os papéis lideram no faturamento total das organizações acompanhadas pela ANCAT, seguido pelos resíduos plásticos. Proporcionalmente, o número de papéis coletados é, aproximadamente, 3,7 maior que a quantidade de plástico e, mesmo assim, o valor arrecadado com resíduos plásticos conseguiu chegar bem próximo do valor arrecadado com papéis. Os resíduos plásticos representaram

do valor de plásticos comercializados em 2018 e foram os únicos que tiveram preço médio superior ao valor analisado no gráfico 3, com R$ 1,41/kg. Os outros resíduos foram comercializados com um preço médio inferior a R$ 1,00/kg, com exceção do PEAD que foi comercializado a R$ 1,14/kg. Abaixo, as figuras 7 e 8 mostram, respectivamente, as regiões do país com a porcentagem de faturamento e o preço médio cobrado em cada local.

38% do valor comercializado em 2017 e 2018, atrás apenas dos papéis. A participação da região Sul no f a t u ra m e n t o t o t a l d o s r e s í d u o s

Nordeste 13%

Norte 5%

plásticos em 2018 foi de 30%, superior à representatividade da região na comercialização de outros materiais em termos de valor. A região Nordeste, por sua vez, apresentou participação menor na comercialização dos plásticos

Centro-Oeste 9%

do que a sua representatividade média no faturamento de todos os resíduos, 13% e 17%, respectivamente. As

Sul 30%

Sudeste 43%

transações efetuadas na região Sudeste destes resíduos foram as que apresentaram maior preço, em torno de 16% acima da média do país, sendo

Figura 7 – Participação Das Regiões No Faturamento Da Comercialização De Plásticos Em 2018 Fonte: ANCAT (2019).

84% maior que na região Norte (que apresentou o menor preço médio no Brasil) em 2018” (ANCAT, 2019, p. 30).

Segundo a ANCAT (2019) e como vimos no gráfico 8, o PET, por ser o principal tipo de plástico coletado, representou mais de 40%

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As regiões Sul e Sudeste mostram-se a frente também no faturamento de comercialização de plásticos no ano de 2018, deixando a região Nordeste em terceira colocação com apenas 13% de participação no faturamento.


[...] um dos efeitos positivos para o Nordeste R$ 1,03

Norte R$ 0,63

meio ambiente da reciclagem é a mitigação das emissões dos gases do efeito estufa, chamados de CO2 equivalentes (CO2e - agregado de gases que contribuem com as mudanças climáticas). A redução das emissões ocorre CO2 e tanto de forma

Centro-Oeste R$ 0,88 Média Nacional R$ 1,00

direta como de forma indireta. Efeito direto: Redução da geração de gases emitidos durante decomposição dos

Sul R$ 0,92

Sudeste R$ 1,16

materiais nos locais de descarte dos resíduos sólidos (no caso do papel e papelão). Efeito indireto: Mitiga as emissões de gases do efeito estufa pela

Figura 8 – Preço Médio Praticado Na Comercialização De Plásticos Em 2018 Fonte: ANCAT (2019).

redução da produção dos materiais v i r g e n s ( p l á s t i c o, v i d r o, a ç o e alumínio), a qual é intensiva em

Na figura 8 vemos que, o Sudeste é líder tanto no faturamento quanto no valor em que os resíduos são vendidos. O Sul, em segundo lugar no faturamento, perde a colocação para o Nordeste no preço médio praticado na comercialização dos plásticos. O Centro-Oeste e o Norte são as regiões que estão em desvantagem em relação as demais. Com base nas informações coletadas, é notório que as regiões Sul e Sudeste possuem uma gestão melhor que as demais em relação ao lixo e reciclagem. Com bons números, em toneladas, coletados pelas associações e cooperativas acompanhadas pela ANCAT (2019), a mesma salienta outros efeitos positivos para o meio ambiente por meio da reciclagem:

energia (ANCAT, 2019, p 40).

A ANCAT (2019) estima que, em 2018, o volume recuperado pela atividade das c o o p e ra t i va s e a s s o c i a ç õ e s q u e s ã o acompanhadas pela ANCAT seja de 29 mil toneladas de CO². Isso ocorre pois houve a diminuição da confecção de materiais virgens. “[...] o material que mais colaborou para essa redução foi o plástico (43% das emissões mitigadas totais), em decorrência do volume de plástico coletado nos anos analisados” (ANCAT, 2019, p.40). Os plásticos que não são coletados pelas associações ou, até mesmo, pela coleta porta a porta, podem gerar danos ao meio ambiente e animais, como Oliveira (2012) comenta:

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Quantidades importantes de resíduos plásticos, muitas vezes microscópicos devido a sua degradação incompleta, têm se acumulado nos aterros e no meio ambiente, causando danos ambientais e problemas relacionados à gestão desses resíduos. Tais danos podem ser a liberação de tóxicos para o meio ambiente (plastificantes e outros aditivos), a ingestão de plásticos por organismos, causando muitas vezes a sua morte, ou a simples presença de resíduos, impactando visualmente o ambiente (OLIVEIRA, 2012 apud HOPEWELL, DVORAK, KOSIOR, p.91).

Por isso a importância do plástico para a reciclagem do país, já que atua desde a redução dos impactos ao meio ambiente a geração de renda para catadores. Além de reduzir drasticamente a emissão de CO₂ devido a diminuição da confecção de matéria virgem e diminuir o impacto negativo na vida marinha, onde há uma quantidade relativamente alta de lixo, o plástico é o segundo maior no faturamento das associações e cooperativas, gerando renda para os profissionais da catação.

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OS AGENTES DA RECICLAGEM DE RESÍDUOS PLÁSTICOS EM FORTALEZA De acordo com o gráfico 5, o plástico é o material reciclável mais presente nos resíduos domiciliares de Fortaleza. Na tabela 3, podemos ver os tipos de plástico e a porcentagem presente no lixo coletado do município pelas empresas de limpeza contratadas. Material

Média

PET

1,1%

Plástico Rígido

3,1%

Plástico Filme

10,9%

Tabela 3 – Composição Média no Município de Fortaleza Fonte: PMGIRS (2012) editada pela autora.

Os dados sobre a reciclagem de plástico no município não são muitos. É fato que existem algumas empresas voltadas para a reciclagem de plástico, como a Tecnopet que será analisada posteriormente no estudo de caso e que trabalha confeccionando fibras de PET para a confecção de produtos diversos. Há também o projeto Recicla Fortaleza, no qual a Prefeitura de Fortaleza (2020a) explica que o cidadão pode obter descontos na conta de energia através da troca de materiais recicláveis. O desconto ocorre quando o morador leva seu material reciclável a um ponto de coleta – Ecoponto – para


pesagem. O valor é calculado usando o peso e o valor de cada material. O valor final é descontado da conta de energia. No PMGIRS (2012) consta que, o município de Fortaleza possui aproximadamente entre 6 a 8 mil catadores de materiais recicláveis. Esses catadores estão presentes em ruas, mercados, feiras e em associações ou cooperativas, vivendo da venda destes materiais. Trabalham de forma muito semelhante aos que trabalham em lixões, pois precisam coletar em pontos de lixo, abrir sacolas para retirar o que pode ser reciclado, vivendo em condições insalubres. O PMGIRS (2012) apresenta uma análise sobre o perfil das Associações e Grupos de catadores de materiais recicláveis onde dos 367 catadores associados, 56% são mulheres e 44% homens, ou seja, 207 Nome da Associação Ascajan Ascores Maravilha Aran Brisamar Grupo Dom Lustosa Socrelp Viva A Vida Raio De Sol Rosa Virginia Parque Santa Rosa Rosalina Quintino Cunha Ucajir 05 Associações - Serviluz, Santos Dias, Coobverde, Reciclando Vidas, Trapeiro De Emaús TOTAL PARCIAL

mulheres e 160 homens. O nível de escolaridade da maioria é somente o 1º grau incompleto e a renda mensal varia entre R$ 45,00 e R$ 600,00. Nas ruas da cidade, é possível observar com frequência os catadores e, segundo o PMGIRS (2012) isso ocorre devido à falta de planejamento dos programas de Coleta Seletiva. Apenas a minoria está nas associações ou cooperativas. A maioria encontra-se trabalhando para deposeiros – muitas vezes donos dos carrinhos – e o material é vendido a eles por um preço abaixo do valor de mercado. No quadro 3, é possível observar as associações de Fortaleza, a quantidade recebida por dia, o número de associados e a média de quantidade x pessoas recebidas diariamente.

Kg/dia

Nº de Associados

Kg/pessoa x dia

2.355 525 569 196 1.249 184 1.108 75 394 605 208 --264 180

73 20 05 31 34 10 40 05 25 11 08 25 04 12

32,26 26,25 113,80 6,32 36,73 18,40 27,70 15,00 15,76 55,00 26,00 --66,00 15,00

1.671

64

26,11

9.583

367

26,11

Quadro 3 – Materiais Recicláveis por Associação Fonte: PMGIRS (2012).

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O Plano Municipal de Gestão Integral de Resíduos Sólidos – PMGIRS ressalta a importância da venda dos resíduos reciclados: “Um aspecto extremamente importante na coleta seletiva de resíduos sólidos para a reciclagem é a comercialização dos materiais. A venda dos materiais é parte fundamental de todo o processo, pois garante o escoamento do material coletado e armazenado” (PMGIRS, 2012). O PMGIRS (2012) explica que é necessário conhecer o mercado dos produtos recicláveis e como acontece no processo de ve n d a . P r i m e i ra m e n t e , o s c a t a d o r e s autônomos vendem os materiais para depósitos e estes vendem aos aparistas, que vendem às industrias recicladora. Situação semelhante acontece com as associações e cooperativas de catadores, que também possuem atravessadores que reduzem o preço de compra para lucrar mais, aumentando seu preço de venda as indústrias recicladoras. Em relação as empresas que atuam no setor de reciclagem, o Anuário do Setor de Reciclagem do Ceará, produzido pela IEL-CE em 2016, mostra que há 259 negócios de reciclagem em Fortaleza, totalizando 292 com os municípios de Caucaia, Eusébio, Maracanaú, Maranguape, Pacatuba, Aquiraz e Guaiuba. De acordo com a IEL (2016) dos 292 negócios, apenas 16 são recicladores, enquanto 156 são microdeposeiros, 92 são deposeiros e o restante se divide em

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associações, cooperativas, transformador, e grupo organizado. A IEL (2016) também mostra que 83,6% dos negócios entrevistados citam o plástico como material mais coletado e, entre os tipos de plástico, estão o PET, FILME e o PVC. Todos os dados fornecidos pela IEL (2016) foram decorrentes de entrevistas com os proprietários das empresas voltadas a reciclagem. Um dos resultados apontados foi a falta de apoio do governo e de órgãos públicos, além da dificuldade e das exigências para se obter alvará de funcionamento, licença da SEMACE e demais documentos com a prefeitura. N o s i t e d a C E M P R E , é p o s s í ve l pesquisar as empresas que compram e vendem materiais para reciclagem de acordo com a cidade. No município de Fortaleza, Maracanaú, Eusébio, Messejana, entre outros, segundo o CEMPRE (2020) as empresas que trabalham com a compra de plástico são: Starplast Plásticos Ltda, Starpet Indústria De Reciclagem, Sopet Ind. Com. e Exp. De Reciclados Ltda, Rt - Plásticos Industriais Ltda., Reciclagem Global, Recicladora São José, Infil Plásticos, Idealplast-Termoplastico Do Brasil Ltda e Ambiental Fenix Reciclagem. Pesquisando as empresas à parte, não foi possível encontrar muitas informações a respeito. Acredita-se que possam existir mais empresas e que não estão cadastradas no banco de dados da CEMPRE.


Como visto, o papel dos catadores na reciclagem é de extrema importância. Entretanto, é um trabalho que em certos casos torna-se insalubre e o retorno financeiro aos catadores não é alto. A queixa de muitos é a falta de apoio do governo e de órgãos públicos, fazendo com que muitos fiquem sem incentivo.

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03 ESTUDOS DE CASO


Para definir o programa de necessidades dos projetos, foram necessários alguns estudos de caso para compreender melhor como funcionam as empresas que trabalham com reciclagem e os locais que estimulam e trabalham com a criatividade. Foram escolhidos três locais: Tecnopet, Grendene e a Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho (EAOTPS). A escolha da Tecnopet ocorreu por conta do trabalho que eles realizam com o PET reciclado, confeccionando a fibra de PET, que pode ser utilizada para confeccionar diversos produtos. A Grendene foi escolhida por conta do seu processo industrial, ao utilizar um plástico que poderá ser 100% reciclado depois e também devido a sua responsabilidade ambiental. Já a EAOTPS possui um segmento semelhante ao que será ofertado na Oficina Criativa da RECRIO, oferecendo cursos gratuitos de artesanato a população.

TECNOPET - FORTALEZA A Tecnopet é uma empresa do ramo de reciclagem, localizada em Pacatuba - CE, próximo a Fortaleza. Focada na reciclagem de PET, a empresa recebe, de algumas fábricas, embalagens de produtos que são trituradas para depois serem transformada em fibra de PET. Em visita feita in loco em março de 2020, foi possível compreender os diversos tipos de produtos que podem ser feitos a partir da fibra de PET, que vão desde a confecção de acolchoados a modulares para a construção de residências. Abaixo, é possível observar alguns dos produtos disponíveis na empresa como os modulares, pisos que imitam mármore e palha de pet como substituição da palha de aço que é comumente usada para limpeza doméstica.

Figura 9 – Tecnopet Fonte: Tecnopet S/A.

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Figura 10 – Produtos Tecnopet (bloco em PET, piso em PET e fibra em PET) Fonte: Tecnopet S/A editada pela autora.

Dentre as diversas qualidades da fibra de PET, a Tecnopet ressalta que: não absorve umidade, não mofa e nem cria fungos, é imune a pragas como cupins, é resistente a corrosão, possui conformo térmico e acústico, é auto extinguível, ou seja, o fogo se extingue sem necessidade de ser apagado, além de ser hipoalergênico. Na visita foi possível observar que a fábrica em si possui três volumes. Mas apenas o maior estava em funcionamento e possuía os equipamentos necessários para a produção da fibra e dos modulares. Em um dos outros volumes funciona o escritório, mas devido a topografia do local e também por ser próximo a um lago, com as chuvas o local fica inundado e sem uso. Na figura ao lado é possível observar os três volumes e o maior, marcado pela cor rosa, é o galpão utilizado para a confecção das fibras de PET. A visita só ocorreu ao galpão da fábrica, um local amplo e sem divisões de ambientes. Nele continha a máquina responsável por transformar o PET em fibra e outros

Figura 11 – A Fábrica Tecnopet Fonte: Google Earth, editada pela autora.

Figura 12 – Galpão Tecnopet Fonte: Tecnopet S/A.

equipamentos que estavam sendo utilizados para a confecção de blocos de PET. A escolha da Tecnopet como estudo de caso se deu pela simplicidade do local e pela divisão de setores, sendo o galpão um local amplo e sem divisões e as demais funções separadas em outros dois blocos. Além da forma como a empresa transforma o PET em uma fibra que poderá ser matériaprima para diversos produtos.

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GRENDENE - SOBRAL A Grendene é uma empresa brasileira do ramo de calçados e dona de várias marcas do mesmo setor. Com sede em Sobral-CE o seu diferencial está em diminuir o seu impacto no meio ambiente. Segundo a marca todos os calçados são veganos e feitos com materiais 100% recicláveis e com até 30% de material reciclado na sua composição.

A escolha da Grendene como estudo de caso ocorreu por seu processo industrial, ao utilizar plástico reciclado para a confecção de seus calçados e os mesmos serem 100% recicláveis após o uso; como ela se responsabiliza pelos impactos gerados ao meio ambiente e está sempre buscando diminuí-los, além do layout da fábrica, que segue um fluxo desde a matéria-prima até o produto acabado.

Figura 13 – Grendene Sobral Fonte: Google Earth editado pela autora.

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Figura 14 – Planta Baixa 3 - Grendene Sobral Fonte: Herbert Rocha.

A Grendene (2020) demonstra preocupação com os impactos gerados ao meio ambiente e tenta diminuir o que possa prejudicá-lo. Em 2011 foi iniciada a Jornada de Desenvolvimento Sustentável da Grendene, na qual o objetivo era melhorar a forma de se fazer os produtos. No mesmo ano foram implantadas estações de tratamento de efluentes de baixo custo, mas com muita eficácia, para tratar os efluentes da fábrica além da redução de desperdício de água. De acordo com a Grendene (2020)

também foi colocado em prática a coleta seletiva e a redução de geração de resíduos nos processos de fabricação. E em 2012 foram iniciadas metas para a redução do consumo de energia, água e geração de resíduos. É notório ver o quanto a empresa se preocupa em reduzir seu consumo geral e atua de forma que o impacto ao meio ambiente seja sempre reduzido. Segundo a empresa, já foram reduzidos 31% do consumo de água, que é utilizado para a

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fabricação de cada par de calçados, o equivalente a 400.000m³ de água. A meta é que todo o efluente gerado possa ser tratado e reutilizado. A marca Grendene (2020) também afirma o compromisso com a eficiência energética. A fábrica localizada em Sobral possui uma usina solar onde 85% da energia utilizada é proveniente de energia renovável. A empresa também se preocupou com a quantidade de energia que era utilizada para confeccionar um par de calçado e reduziu o valor em 13%. Em relação a geração de resíduos, a Grendene (2020) afirma que reduziu o equivalente ao peso de 9.200 carros

populares. Já na reciclagem, a marca pretende aumentar o percentual de 30% de material reciclado utilizado na fabricação dos calçados e afirma reutilizar os resíduos de PVC que são utilizados para a confecção dos calçados na fábrica, não deixando que sejam descartados. O que eles não conseguem reciclar, são encaminhados a outras empresas especializadas. A forma como a Grendene se importa com as questões ambientais deveria ser normal entre as empresas da atualidade. Se todos agissem da mesma forma, os impactos causados ao meio ambiente seriam reduzidos de forma significativa, gerando benefícios a todos.

Figura 15 – Fábrica Grendene Fonte: Diário do Nordeste.

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ESCOLA DE ARTES E OFÍCIOS THOMAZ POMPEU SOBRINHO A Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho (EAOTPS) está situada em um palacete na cidade de Fortaleza – CE, no bairro Jacarecanga e atua desde 2002 oferecendo cursos de artesanato gratuitos à população. Segundo a EAOTPS (2020), no início da Escola, as atividades eram voltadas a conservação do patrimônio cultural material, mas, atualmente, ela oferece diversos cursos

de artesanato e ao final de cada curso o aluno já está apto a criar e comercializar produtos diversos e exclusivos. Os cursos são ofertados todos os anos e as vagas são limitadas devido a capacidade do local. C o m o r e l a t a d o p e l a E A OT P S (2020), o palacete era de Thomaz Pompeu Sobrinho onde viveu com sua família. Em estilo Art Noveau, demorou 5 anos para ser construído, de 1924 a 1929. Hoje, administrada pela Dragão do Mar, sedia a escola e foi restaurada pela primeira turma do c u r s o d e Re s t a u r a ç ã o e Pa t r i m ô n i o Arquitetônico.

Figura 16 – Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho Fonte: EAOTPS.

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Figura 17 – Planta Subsolo Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho Fonte: Larissa Lourenço.

Figura 17 – Planta Térreo Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho Fonte: Larissa Lourenço.

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Figura 19 – Planta Pavimento Superior Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho Fonte: Larissa Lourenço.

Figura 20 – Planta Implantação Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho Fonte: Larissa Lourenço.

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O setor de serviço está predominantemente no subsolo com banheiros, almoxarifados e depósitos. Além da circulação para os outros pavimentos através de escada e elevador. Já no térreo, estão presentes a biblioteca, recepção, loja, refeitório, copa e ilha digital, sendo um andar tanto para serviço quanto para os alunos utilizarem. No pavimento superior, há duas salas de aula, banheiros e salas administrativas. É um programa de necessidades simples pois os ambientes que já existiam foram aproveitados e adaptados para se tornarem salas de aula, salas de exposição, ateliês, biblioteca, entre outros. Na implantação pode-se observar o estacionamento e os ateliês que são abertos para uma área verde de convivência. O palacete, rico em memórias e de enorme valor histórico, foi o lugar ideal para a Escola, pois proporciona a população, a formação e capacitação em artes e ofícios do setor criativo além de oferecer oportunidades e conhecimento. A Oficina Criativa funcionaria da mesma forma que a EAOTPS, oferecendo cursos gratuitos a população para estimular a criatividade com o uso de plástico reciclável e desenvolver a educação ambiental. Além dos ambientes que se adequam ao programa de necessidades da Oficina, sendo eles: salas de aulas, sala de exposição, ateliês e, até mesmo a biblioteca, que na Oficina poderia funcionar como incentivo a Educação

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Ambiental além de auxiliar o processo criativo através de obras bibliográficas.


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04 REFERÊNCIAS PROJETUAIS


CICLO

TE ORO

O projeto RECRIO possui uma temática relacionada ao ciclo do plástico através da sua reciclagem, processo no qual o plástico já utilizado e descartado é reintroduzido novamente no cotidiano da população através dos utensílios plásticos feitos pela f á b r i c a R E C R I O. Po r e s s e m o t i vo, a simbologia do ciclo será utilizada como referência para a planta do edifício. Carvalho (2019) relata que este símbolo significa o reuso e sustentabilidade, a utilização dos subprodutos gerados (resíduos) nas diversas cadeias produtivas existentes na nossa sociedade. Estes subprodutos são então reintroduzidos no ciclo, representado na Figura 31, com a finalidade de se consumir menos recursos naturais e visar um ambiente mais sustentável.

Localizado em Nova Zelândia, o Te Oro, segundo o Archdaily (2017a), é um centro criativo voltado a jovens de duas comunidades: Glen Innes e Panmure. “Seu propósito é fomentar a criatividade das culturas locais, compartilhando conhecimento e criando um sentido de orgulho e identidade como catalizador para a renovação social” (ARCHDAILY, 2017a).

Figura 22 – Fachada Te Oro Fonte: Archdaily.

Figura 21 – Símbolo Ciclo Fonte: PNGwing.

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O Archdaily (2017a) relata que o projeto foi feito em 2015 pelos arquitetos da Archmedia, com área total de 1485m² e teve como fabricantes o Alucobond e Framerite. No projeto, houve uma preocupação ambiental em relação à energia e uso da água, além da preocupação com o conforto térmico. O centro criativo possui toda a superfície da cobertura feita com painéis fotovoltaicos que somam 256 unidades. Também há a coleta de águas pluviais,


reduzindo o consumo de água de outras fontes e outras preocupações como duplo envidraçamento e iluminação LED, auxiliando na redução de custos.

Figura 23 – Fachada Principal Te Oro Fonte: Archdaily.

O uso da madeira e de grandes esquadrias de vidro são fatores que trazem a sensação de transparência do que acontece no local, onde quem passa consegue

visualizar o interior do edifício e se encantar, despertando a curiosidade de visitar e utilizar o espaço. A planta baixa com curvas suaves e com grandes espaços livres ajudam a enfatizar o propósito do local. [...] Te Oro é interpretado pela comunidade de muitas maneiras um lugar tradicional de aprendizagem e ensino; um bosque de árvores; uma criatura antropomórfica, uma enorme casa na árvore ou um instrumento musical. Em todas estas interpretações, Te Oro conserva seu sentido de ser completamente específico para suas pessoas, seu lugar e seu tempo (ARCHDAILY, 2017a).

Figura 24 – Planta Baixa Te Oro Fonte: Archdaily.

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A forma como a planta curva foi resolvida, deixando as circulações amplas, a volumetria moderna, a preocupação com a sustentabilidade e o conforto térmico, foram os motivos pelo qual o Te Oro foi escolhido como projeto de referência. Todos os pontos citados poderão auxiliar no projeto da RECRIO, principalmente a planta curva que será utilizada tanto na Fábrica quanto na Oficina.

TRUMPF CHICAGO Projeto do escritório de arquitetura Barkow Leibinger, a Trumpf Chicago é, segundo o Archdaily (2018), uma fábrica inteligente construída pela empresa alemã

TRUMPF, que combina manufatura e espaço de exposições. O local funciona como um centro de apresentação e vendas onde o processo produtivo faz parte da apresentação. O empreendimento, do ano de 2017, possui uma área de 5295m² e pé-direito variando de 4,5 a 13 metros. Com elementos semelhantes ao Te Oro, a madeira, o vidro e o aço estão presentes nesse projeto. Os grandes painéis envidraçados de 12 metros de altura trazem a mesma sensação de transparência do projeto anterior e mostram bem o estilo industrial da Fábrica. A Figura 35 representa a planta baixa do projeto.

Figura 25 – Planta Baixa Trumpf Chicago Fonte: Archdaily.

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Outro fator que chama atenção é comentado pelo site Archdaily (2018), no qual a sala de exposição é sustentada por treliças metálicas que foram cortadas a laser para servirem como uma ponte que percorre a estrutura da coberta, permitindo que os visitantes possam observar a estrutura e o espaço.

Figura 26 – Skywalk da Fábrica Trumpf Fonte: Archdaily.

Archdaily (2018) explica como é a divisão da fábrica. São dois volumes, um para o espaço expositivo, onde o processo de fabricação é exposto, e o outro o escritório da Fábrica. Na figura abaixo, é possível observar o corte da edificação, como ocorre a sua divisão e como funciona a passarela sobre as treliças metálicas.

A estrutura metálica da Trumpf será referência para o projeto da RECRIO, com suas treliças, além da coberta inclinada, pé direito com variações e da forma como houve a divisão dos serviços em dois volumes.

the farm of 38º 30º A The Farm Of 38º 30º é, de acordo com o site Archdaily (2017b), uma fábrica de lacticínios situada em Afyonkarahisar, na Turquia. O seu nome é devido a coordenadas geográficas do local em que está inserida. De forma circular, o edifício se abre para um pátio interno verde e possui uma coberta que dá continuidade ao formato circular, mesmo quando não há mais alvenaria sob ela. Projeto dos escritórios Slash Architects e Arkison Architects, a fábrica de lacticínios, elaborada em 2016, que conta com 800m² e construída pelos fabricantes Kasso e Çuhadaroğlu Aluminium. Segundo o Archdaily (2017b), possui os ambientes organizados de acordo com as etapas de produção, todos voltados para o pátio central, onde são realizados alguns eventos. Devido ao material da fachada, todos os processos de produção no interior da fábrica podem ser observados por quem está ao pátio.

Figura 27 – Corte da Fábrica Trumpf Chicago Fonte: Archdaily.

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Figura 28 – Representação esquemática The Farm Of 38º 30º Fonte: Archdaily.

O Archdaily (2017b) também comenta a sobre a coberta possuir alturas distintas em alguns pontos, atingindo pouca altura em ambientes que necessitam de um pé direito mais baixo e atingindo a altura máxima na entrada.

Figura 29 - The Farm Of 38º 30º Fonte: Archdaily.

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Além da planta curva que também será utilizada na RECRIO, a The Farm Of 38º 30º possui etapas de produção que são representadas em planta através da divisão dos ambientes, onde um fluxo é seguido desde a recepção dos visitantes até a sala de degustação, produção e câmara fria. Há outros fatores em comum com os outros projetos citados anteriormente, como o uso do vidro para transparência na fabricação do produto, cobertas inclinadas e a planta curva.


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05 ESTUDO LOCACIONAL


Se tratando de uma Fábrica de utensílios domésticos feitos a partir de plástico reciclado, a Lei Complementar nº 236 de Uso Parcelamento do Solo, disponibilizado pela Prefeitura de Fortaleza (2017), caracteriza o projeto como atividade de fabricação de artefatos de matérias plásticas de uso pessoal e doméstico, reforçado ou não com fibra de vidro. Com a atividade definida e com base em áreas construídas estimadas, considerando uma taxa de ocupação de aproximadamente 30%, tendo em vista que atividades industriais não são permitidas em todos os bairros, de acordo com a Lei de Parcelamento Uso e Ocupação do Solo (LPUOS), pode-se chegar a uma demanda de

terreno localizado em três Zonas Especiais de Dinamização Urbanística e Socioeconômica (ZEDUS). No estudo foram selecionadas algumas possíveis localidades de acordo com a LPUOS e, através desses locais, foram pontuadas vantagens e desvantagens de cada. Por conta de o projeto abranger Fábrica e Oficina, questões como a acessibilidade e a proximidade de áreas residenciais foram importantes para a decisão. É possível ver no mapa de Fortaleza os três bairros onde foram analisados os terrenos para a RECRIO. Na figura 31, a análise inicia com o bairro Carlito Pamplona, onde possui a ZEDUS de mesmo nome.

Carlito Pamplona

N Antº Bezerra

Passaré (Perimetral)

Figura 30 - Mapa Localização Fonte: Produção autoral.

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Figura 31 – Estudo Locacional Carlito Pamplona Fonte: Google Earth editado pela autora.

O terreno localizado na ZEDUS Carlito Pamplona possui muitas qualidades, entre elas estão: a sua proximidade com o centro do município de Fortaleza, a presença de dois tipos de ZEIS dentro do raio analisado de 500m, a variedade de linhas de ônibus e a linha férrea que poderá ser utilizada para auxiliar tanto a chegada de matéria-prima quanto a expedição dos produtos fabricados. Também foram analisados alguns pontos negativos como: a insuficiência de ciclofaixas, já que a única existente não chega ao terreno; o tamanho do terreno, com aproximadamente 80.000m², tornando-se uma barreira dentro do raio analisado; e o

passeio insuficiente e inseguro para a população.

Figura 32 – Estudo Locacional Perimetral – Trecho Sul Fonte: Google Earth editado pela autora.

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Apesar de ser uma ótima localização para a Fábrica, bem servido em transporte público, com ciclofaixas próximo ao terreno, e em uma área com vocação industrial, o local, com aproximadamente 149.000m², não seria o ideal para o propósito da oficina. Pois, distante da área central de Fortaleza e em um local pouco residencial, a oficina não desempenharia o seu papel com muito sucesso. Próximo ao Terminal do Antônio Bezerra e de vias importantes como a Mister

Hull (Via Expressa), o terreno exposto abaixo, com aproximadamente 38.500m², possui várias qualidades, porém deixa a desejar em alguns quesitos, além de possuir um fator importante como a sua alta densidade de arborização, podendo comprometer seu ativo ambiental, caso a Fábrica e a Oficina viessem a ser implantada no terreno. No Quadro 4, foram expostos todos os pontos positivos e negativos encontrados dentro do raio analisado de 500m nos três terrenos.

Figura 33 – Estudo Locacional Antônio Bezerra Fonte: Google Earth editado pela autora.

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Pontos Positivos

ZEDUS

CARLITO PAMPLONA

Ÿ Bem servido em transporte público. Ÿ Presença de Ecoponto para auxiliar na matéria-prima da Fábrica. Ÿ Bairro predominantemente residencial. Ÿ Presença de ZEIS (público alvo da Oficina). Ÿ Área Industrial compatível com a Fábrica. Ÿ Via Férrea possibilitando tanto o recebimento de matéria-prima quanto o fornecimento de produtos da Fábrica. Ÿ Em frente a av. Francisco Sá, uma importante via Arterial que conecta o centro da cidade ao lado oeste.

Ÿ Ÿ PERIMETRAL Ÿ (trecho sul) Ÿ

ANTÔNIO BEZERRA

Pontos Negativos

Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ

Ÿ Não há acesso ao terreno por meio de ciclofaixas ou ciclovias. Ÿ Passeio desconfortável e inseguro. Ÿ Terreno muito grande.

Bem servido em transporte público. Área com vocação industrial. Em frente a uma via Expressa. Presença de ciclofaixas.

Ÿ Nenhuma ZEIS próxima Ÿ Área não muito favorável para a Oficina, por não ser tão central e possuir mais industrias. Ÿ Ausência de Via Férrea. Ÿ Terreno muito grande.

Bem servido em transporte público. 1 km do Terminal do Antônio Bezerra. Bairro comercial e residencial. Via Férrea possibilitando tanto o recebimento de matéria-prima quanto o fornecimento de produtos da Fábrica

Ÿ Nenhuma ZEIS próxima. Ÿ Nenhum Ecoponto próximo. Ÿ Terreno densamente arborizado, onde a implantação industrial poderia comprometer o ativo ambiental.

Quadro 4 – Análise para estudo locacional Fonte: Elaborado pela autora.

A partir da análise, a ZEDUS Carlito Pamplona foi escolhida. Após a escolha, pôde-se obter os parâmetros urbanísticos para a ocupação levando em consideração o uso da Fábrica.

Parâmetros Urbanos da Ocupação Subgrupo

Grupo: Industrial Atividade

Fabricação de artefatos de matérias Industrias plásticas de uso pessoal e Adequadas ao doméstico, reforçado ou não com Meio Urbano fibra de vidro

Classe 4

Vagas de Estacionamento 1 vaga/ 100m² por área de construção computável

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Parâmetros Urbanos da Ocupação Recuos (via arterial I) Taxa de permabilidade Taxa de ocupação

Frente (m)

10,00

Fundo (m)

10,00

Lateral (m)

10,00

45% Solo Subsolo

Índice de aproveitamento

Básico 3,00

Altura máxima da edificação

72m

Dimensões mínimas do lote

30% 60%

Testada (m)

5,00

Profundidade (m)

25,00

O terreno escolhido abrigava a antiga Industria Iracema de castanhas de caju, em frente a também antiga Fábrica Brasil Oiticica que, de acordo com Nobre (2010), o nome do bairro Carlito Pamplona foi devido ao diretor de compra e vendas de matéria-prima da Fábrica Brasil Oiticica. Com a escolha do terreno, o diagnóstico do seu entorno foi feito utilizando um raio de 500m, onde foram analisados aspectos como: sistema viário, transporte público, uso do solo, bairros e zonas especiais. A Figura 24 identifica o terreno e a área a ser analisada.

Área mínima (m²) 125,00

Tabela 4 – Parâmetros Urbanos da Ocupação Fonte: Prefeitura de Fortaleza (2017) editada pela autora.

Figura 34 - Localização do Terreno Fonte: Google Earth, editada pela autora.

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A área em análise abriga três bairros: Carlito Pamplona, Monte Castelo e Jacarecanga e o terreno está situado ao bairro Carlito Pamplona. De acordo com dados da Secretaria de Finanças (SEFIN) de 2015, disponibilizados pela Fortaleza em Mapas (2020b), o bairro Carlito Pamplona possui 29.055 habitantes e a renda média é de R$ 427,39; o bairro Monte Castelo possui 13.210 habitantes e renda média de R$ 611,47 e o bairro Jacarecanga com 13.940 habitantes e renda média de R$ 649,33.

Figura 35 – Bairros do terreno e entorno Fonte: Google Earth, editada pela autora.

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Em relação ao Sistema Viário, a maior frente do terreno está situada às margens da Avenida Francisco Sá, uma Via Arterial de tipo 1. As fachadas situadas a Oeste e Sul estão para Vias Coletoras e as demais são Vias Locais. É possível observar no mapa abaixo a presença significativa de paradas de ônibus na Via Arterial 1 – Av. Francisco Sá; e na Via Coletora – Rua Naturalista Feijó. Apesar da quantidade de paradas de ônibus situadas na avenida Francisco Sá ser

menor que na rua Naturalista Feijó, a variedade de linhas da Via Arterial é bem superior, com 11 linhas, enquanto a Via Coletora possui somente 3 linhas. Em relação a ciclofaixa, a região carece de espaços destinados a ciclistas. Apenas um trecho de ciclofaixa foi encontrado, ligando a avenida Francisco Sá à rua Naturalista Feijó, dando continuidade fora do raio em estudo até pouco depois da Avenida Bezerra de Menezes.

Figura 36 - Sistema Viário e Mobilidade Fonte: Google Earth, editada pela autora.

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A predominância de área residencial pode ser vista no mapa da Figura 37. Entretanto, na maioria das quadras, há, pelo menos, algum tipo de comércio ou uso misto. São aspectos que movimentam tanto a economia do bairro quanto às ruas, podendo trazer mais segurança para os moradores.

Outro fator a ser notado é a presença de industrias, em que esta área é conhecida por ser um polo industrial. Também foram encontradas escolas, posto de saúde, praças e igrejas. Ou seja, apesar de ser um local com indústrias, também é altamente residencial, sendo um aspecto importante para o projeto.

Figura 37 - Uso do Solo Fonte: Google Earth, editada pela autora.

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A Prefeitura de Fortaleza (2017) explica na LPUOS o que são as Zonas Especiais de Dinamização Urbanística e Socioeconômica (ZEDUS). “São porções do território destinadas à implantação e/ou intensificação de atividades sociais e econômicas, com respeito à diversidade local, e visando ao atendimento do princípio da sustentabilidade” (Prefeitura de Fortaleza, 2017). Portanto, são locais onde há a intenção de aumentar o crescimento socioeconômico.

A Prefeitura de Fortaleza (2017) também salienta outros aspectos que a ZEDUS tem como objetivo, que são: a instalação de atividades econômicas em glebas que são consideradas vazias ou subutilizadas, a melhoria de condições de mobilidade e acessibilidade do espaço através de projeto urbanísticos, a requalificação urbanística, entre outros. A Figura 38 demonstra um seguimento da ZEDUS do bairro Carlito Pamplona na área em análise.

Figura 38 - ZEDUS Fonte: Google Earth, editada pela autora.

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De acordo com a Prefeitura de Fortaleza (2020c), as ZEIS são áreas que necessitam de um tratamento específico com a finalidade de regular o uso e ocupação do solo daquele local.

habitacionais, públicos ou privados, que estejam parcialmente urbanizados, ocupados por população de baixa renda, destinados à regularização fundiária e urbanística; Zonas Especiais de Interesse Social 3

As Zonas Especiais de Interesse Social

(ZEIS 3) - são compostas de áreas

consistem em um instrumento

dotadas de infraestrutura, com

urbanístico regulatório que incide

concentração de terrenos não

sobre assentamentos precários ou

edificados ou imóveis subutilizados ou

áreas para a produção de novas

não utilizados, devendo ser destinadas

moradias, prevendo parâmetros

à implementação de empreendimentos

urbanísticos específicos visando a

habitacionais de interesse social, bem

predominância do uso habitacional de

como aos demais usos válidos para a

interesse social (PREFEITURA DE

Zona onde estiverem localizadas, a

FORTALEZA, 2020c).

partir de elaboração de plano específico (PREFEITURA DE FORTALEZA, 2017, p.

Existem três tipos de ZEIS e, destes, dois estão presentes na área em estudo. O tipo 2 e 3, no qual a Prefeitura de Fortaleza (2017) afirma que:

7 e 8).

Zonas Especiais de Interesse Social 1 (ZEIS 1) - são compostas por assentamentos irregulares com ocupação desordenada, em áreas públicas ou particulares, constituídos por população de baixa renda, precários do ponto de vista urbanístico e habitacional, destinados à regularização fundiária, urbanística e a m b i e n t a l ; Zo n a s E s p e c i a i s d e Interesse Social 2 (ZEIS 2) - são compostas por loteamentos clandestinos ou irregulares e conjuntos

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Figura 39 - ZEIS Fonte: Google Earth, editada pela autora.

Um dos fatores que influenciam a implantação da edificação e a disposição dos ambientes, podendo proporcionar um maior conforto térmico em relação a ventilação e insolação, é o estudo da predominância dos ventos e o posicionamento solar. Percebe-se que no terreno estudado, a ventilação predominante vem da região leste e sudeste, sendo mais fraca na região sul. O lado leste também é contemplado com o sol nascente. Por conta do dimensionamento do

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terreno, a maior fachada encontra-se ao norte e as menores nas demais orientações. A decisão de projeto será a partir dessas análises.


Figura 40 – Condicionantes Ambientais do Terreno Fonte: Google Earth, editada pela autora.

Atualmente, a Fábrica que estava localizada no terreno escolhido foi demolida e o mesmo encontra-se sem uso. Através do Google Earth, é possível observar que o grande paredão formado para a avenida Francisco Sá deixa o local inseguro, com acúmulo de lixo no passeio, que também é pequeno, irregular e perigoso, devido a concentração de veículos que passam pelo local. A antiga Industria Iracema era localizada ao lado esquerdo da avenida

Francisco Sá, e a Fábrica Brasil Oiticica, ao lado direito. Na Figura 30 é possível observar as duas fábricas e como o passeio de ambas é insuficiente e inseguro para os pedestres que passam pelo local.

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Figura 41 - Frente Principal do Terreno na Av. Fco Sá. Fonte: Google Earth

A frente do terreno escolhido mostra como o local é uma grande barreira, dificultando o acesso às residências, que encontram-se ao sul do terreno. Além da grande barreira, é um local pouco iluminado à noite, trazendo insegurança para os moradores e para quem precisa passar pelo local.

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06 PREMISSAS PROJETUAIS


ESTUDO PRELIMINAR DO PROJETO O ciclo, no projeto da RECRIO, vem para salientar a vida útil do plástico quando este é reciclado e torna-se útil novamente. Inicialmente, o estudo ocorreu com evolução do conceito. A partir do símbolo do ciclo, algumas alterações foram feitas para que houvesse um resultado satisfatório. Na figura 42 é possível acompanhar a evolução conceitual.

Utilizando também as referências projetuais, foram feitos os croquis da RECRIO. Na figura 43 é possível visualizar a evolução dos desenhos volumétricos. Nas três primeiras volumetrias, o bloco central seria o galpão da fábrica, mas houve um incômodo da autora em relação ao espaço fechado ao centro da edificação. O quarto estudo, um pouco diferente dos demais, mostra os dois volumes pouco maiores que os outros, sem os pilotis e mais distantes entre si.

Figura 42 – Evolução do Conceito Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 43 – Croquis Fonte: Fonte: Elaborado pela autora.

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No estudo preliminar feito na primeira etapa do Trabalho de Conclusão de Curso, a fábrica era composta por dois volumes. O primeiro volume, situado a frente, seria o setor administrativo juntamente com o setor de recursos humanos e setor médico. O segundo volume concentraria o galpão da fábrica com o refeitório, repouso e anexo de utilidades. A Oficina, naquele momento, seguia com a volumetria semelhante ao

segundo volume da fábrica. Na etapa seguinte, os volumes continuaram, porém, setorizados de forma diferente. Os estudos iniciais de volumetria constataram que o terreno é muito grande em relação ao projeto. A partir dessa análise, houve a decisão de lotear o terreno e dar continuidade as vias que eram interrompidas pelo espaço vazio.

Figura 44 – Estudo Preliminar de Volumetria Fonte: Google Earth, editado pela autora.

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PARTIDO ARQUITETÔNICO O projeto da Fábrica e Oficina Criativa RECRIO tem como premissa a integração de um equipamento de caráter industrial com anexo de um equipamento educacional e cultural, além da relação que terão com a cidade. C o m o p o n t o d e p a r t i d a p a ra a elaboração do projeto, foram determinados alguns princípios, tais como: a. Divisão de acessos e fluxo: por se tratar de dois equipamentos, os acessos precisam ser diferenciados por conta da movimentação de funcionários e veículos da fábrica. b. Divisão de setores: o galpão da fábrica juntamente com as atividades relacionadas ao seu perfeito funcionamento e confecção dos produtos (fluxo de produção, matéria-prima, expedição e administrativo) estarão agrupados no mesmo volume, deixando que os demais setores como recursos humanos e setor médico fiquem em outro volume. c. Conforto Ambiental: devido as altas temperaturas da cidade de Fortaleza, o projeto será pensado de forma que os ambientes não sejam prejudicados pela incidência solar com o uso de brises, e possam ser ventilados, principalmente, pela ventilação que entrará pela lateral da coberta. d. Integração interior-exterior: a premissa é de que o convidado possa

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presenciar o processo de reciclagem do plástico na confecção dos produtos na Fábrica sem ter a necessidade de entrar na edificação, podendo contemplar através da fachada em vidro voltada para um pátio interno. e. Estrutura Metálica: tomando por base a referência projetual da fábrica Trumpf, a estrutura metálica visível é um dos partidos visto que, por conta dos equipamentos utilizados, é necessário grandes vãos que são facilmente vencidos com a estrutura metálica. f. Construção sustentável: será priorizado o uso de pré-moldados de concreto, reduzindo os resíduos de construção civil, o uso de painéis fotovoltaicos para o uso de energia solar, o reaproveitamento de águas pluviais e de arcondicionado para uso em descargas de banheiro, entre outros. panhar a evolução conceitual.

PROGRAMA DE NECESSIDADES A partir da análise dos Estudos de Caso e do documento disponibilizado pelo escritório Aurion Arquitetura, o programa de necessidades foi criado, estabelecendo os ambientes, seus usos, dimensões e setores. Para a cozinha, foi necessário um minicurso de cozinhas industriais onde todos os aspectos fundamentais para projetá-la foram passados. Os vestiários também


ADMINISTRATIVO

Setor

Ambiente Financeiro Direção Compra 1 Compra 2 Marketing Reunião 1 Reunião 2 Reunião 3 Vendas P.C.P Supervisão Copa T.I WC Feminino WC Masculino WC P.N.E ÁREA TOTAL

Área (m²) 26.92 27.00 12.37 12.11 36.98 17.23 17.17 24.82 26.96 12.41 12.33 33.79 36 25.84 22.27 7.35 351.55

RECURSOS HUMANOS Setor SETOR MÉDICO

PROGRAMA DE NECESSIDADES FÁBRICA

Setor

Setor

COZINHA

seguiram a NR-24, assim como alguns ambientes foram necessárias pesquisas para entender seus funcionamentos e para dimensioná-los corretamente. Foram elaborados dois programas: Fábrica e Oficina. O programa de necessidades da Fábrica foi setorizado em: Administrativo, RH, Setor Médico, Cozinha, Acesso de Funcionários, Produção e Social. Já a Oficina está dividida em: Administrativo, Re c e p ç ã o, B a n h e i r o s , E d u c a c i o n a l e Almoxarifado. Abaixo, nos Quadros 5 e 6, foram organizados todos os ambientes em seus respectivos setores e áreas.

Ambiente RH Psicólogo Recrutamento e Treinamento Depósito de E.P.I Departamento Pessoal Reuniões 1 Reuniões 2 Reuniões 3 Copa Arquivo Morto WC Feminino WC Masculino ÁREA TOTAL Ambiente Audiometria e Pronto Atendimento Consultório Médico ÁREA TOTAL Ambiente Vestiário Feminino Vestiário Masculino Recebimento Câmara Fria Carne Câmara Fria Vegetais Depósito Seco Pré-preparo de Carnes Pré-preparo de Vegetais + Cocção Higienização DML Lixo Refrigerado Refeitório ÁREA TOTAL

Área (m²) 9.22 13.30 40.59 14.45 9.10 7.13 7.02 31.17 37.17 14.42 26.95 24.57 235.09 Área (m²) 12.87 12.24 25.11 Área (m²) 15.13 14.06 52.69 7.02 5.44 10.70 6.78 83.84 27.28 4.83 3.83 122.30 353.90

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Setor

36.35 60.63 66.61 183.66 Área (m²) 155.73 49.58 155.86 49.84 748.93 70.89

Setor

Setor

35.63 70.80 123.77 22.17 25.73 7.38 25.84 22.27 7.35 1642.57 Área (m²)

SOCIAL E LAZER

Auditório 159.16 Lazer + 103.21 Foyer 262.37 ÁREA TOTAL BLOCO 01 (produção e adm) = 1.060,13 BLOCO 02 (cozinha, RH, setor médico, social e acesso funcionários = 933,87 ÁREA TOTAL SETOR FÁBRICA = 1.994,12 Quadro 5 – Programa de Necessidades Fábrica Fonte: Elaborado pela autora.

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ADMINISTRATIVO

9.70

Setor

RECEPÇÃO E EXPOSIÇÃO

10.35

PROGRAMA DE NECESSIDADES OFICINA

BANHEIROS

Vestiário Feminino P.N.E Vestiário Masculino P.N.E Controle de Acesso dos Funcionários Vestiário Feminino Vestiário Masculino ÁREA TOTAL Ambiente Almoxarifado Doca Almoxarifado Expedição Doca Expedição Produção Matrizaria Manutenção Mecânica Gerador Subestação Central de Utilidades WC Masculino 1 WC Feminino 1 WC P.N.E 1 WC Feminino 2 WC Masculino 2 WC P.N.E 2 ÁREA TOTAL Ambiente

Área (m²)

Setor EDUCACIONAL

PRODUÇÃO

Setor

Ambiente

Setor ALMOXARIFADO

ACESSO FUNCIONÁRIOS

Setor

Ambiente Sala da Direção Secretaria Reunião Sala dos Professores ÁREA TOTAL Ambiente

Área (m²) 24.82 25.00 25.00 64.63 139.45

ÁREA TOTAL

133.00

Ambiente WC Feminino WC Masculino WC P.N.E Fem. WC P.N.E Masc. ÁREA TOTAL

Área (m²) 36.27 24.78 9.77 10.35 81.17

Ambiente Sala de Aula 1 Sala de Aula 2 Ateliê 1 Ateliê 2 Ateliê 3 Biblioteca ÁREA TOTAL Ambiente

Área (m²) 64.59 64.63 50.90 50.90 50.35 75.70

ÁREA TOTAL

10.62

ÁREA TOTAL SETOR OFICINA =

Área (m²)

357.07 Área (m²)

721,31

Quadro 6 – Programa de Necessidades Oficina Fonte: Elaborado pela autora.


fluxograma OFICINA Para entender como funciona o processo de fabricação dos produtos confeccionados pela RECRIO, foi necessário a elaboração de um fluxograma. O processo vai desde a usina de reciclagem, que recebe o plástico e vende para a RECRIO confeccionar os produtos, até a sua expedição. No processo, a Oficina também participa através dos protótipos de produtos elaborado pelos alunos e das embalagens utilizadas para os produtos.

INSUMOS

PROCESSO INÍCIO

Usina de reciclagem

Desenvolve produto

Receber plástico reciclado moído Matriz

Injeta Eletricidade

Resfria Água gelada

Desmolda NÃO Aprova? SIM Acabamento Desenvolve Embalagem Vende

Embalagem

Embala

Expede

FIM

Figura 45 - Fluxograma Fonte: Elaborado pela autora.

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setorização Após o estudo dos fluxos, ambientes e necessidades, foi iniciado o estudo da setorização. Por conter dois blocos, a melhor

decisão foi destinar um bloco à linha de produção da Fábrica juntamente com as utilidades necessárias para o seu perfeito funcionamento e, no outro bloco, foram reunidos: cozinha industrial, lazer, RH, setor médico e controle de funcionários.

PRODUÇÃO COZINHA LAZER/FOYER RH SETOR MÉDICO CONTROLE DE FUNCIONÁRIOS

Figura 46 - Setorização Térreo Fábrica Fonte: Elaborado pela autora.

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Apenas no bloco da Fábrica há um pavimento superior. Nele está reunido todo o setor administrativo, juntamente com um mezanino voltado para a linha de produção, podendo ser um espaço para observador.

ADMINISTRAÇÃO

Figura 47 - Setorização Pav. Superior Fábrica Fonte: Elaborado pela autora.

Na Oficina, por ser um programa de necessidades compacto, todos os setores estão reunidos em um único bloco. Neste bloco foram reunidos: setor administrativo, banheiros, almoxarifado, recepção e o setor educacional.

ADMINISTRAÇÃO BANHEIROS ALMOXARIFADO RECEPÇÃO/EXPOSIÇÃO EDUCACIONAL

Figura 48 - Setorização Oficina Fonte: Elaborado pela autora.

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07 O PROJETO


CONCEITO Como uma forma de amenizar os impactos ambientais causados pelo descarte incorreto do plástico, a RECRIO consiste em uma Fábrica que utilizará plástico reciclado como matéria-prima para a fabricação de utensílios domésticos. Os processos para a construção da mesma, serão feitos de forma que os impactos causados a natureza sejam mínimos, prezando por uma construção limpa e reutilizando o máximo de recursos. A Oficina irá trabalhar a parte criativa de quem usufruir, sendo voltada ao design de produtos feitos a partir do plástico reciclado, podendo ser protótipos para os produtos da Fábrica, além das embalagens para os produtos. A Oficina também contará com salas de aulas direcionadas a educação ambiental. A proposta é que seja um espaço onde todos possam ver a importância de reciclar e que capacite as pessoas que trabalham no ramo da catação. O público alvo será, especialmente, os moradores do bairro Carlito e arredores que possuírem interesse em preservar o meio ambiente através de atitudes diárias em relação ao lixo e, principalmente, os profissionais da catação que poderão contribuir diretamente com a matéria-prima da Fábrica. A arquitetura adotada na RECRIO foi pensada de forma que não houvesse desperdício de materiais e que houvesse conforto térmico, sendo assim, a utilização de

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blocos de concreto pré-moldados foram uma opção viável para a Fábrica, além da estrutura metálica e da utilização de brises como elemento de fachada, servindo como proteção solar. O vidro também foi utilizado em alguns pontos para reforçar a ideia de transparência da Fábrica em relação a reciclagem no processo de fabricação dos produtos.

SITUAÇÃO E COBERTA O projeto RECRIO – Fábrica e Oficina Criativa de Reciclagem, situado na cidade de Fortaleza, inserido na ZEDUS Carlito Pamplona e no bairro de mesmo nome, está em um terreno cujo seu tamanho é desproporcional para o programa de necessidades estipulado da Fábrica. Devido ao tamanho do terreno não somente em relação ao projeto mas também no perímetro analisado, foi necessário que houvesse o seu loteamento. Atualmente, o local é uma barreira para a acessibilidade do bairro, visto que, existem ruas que são interrompidas pelo terreno, além da distância significativa que é necessário percorrer para acessar o que encontra-se ao sul do terreno. Na figura 49, vemos como o terreno encontra-se atualmente. Para o loteamento do terreno, a Lei de Parcelamento Uso e Ocupação do Solo determina algumas diretrizes. É necessário que: 18% seja destinada a áreas verdes, 5% a fundos de terras e 5% para área institucional.


Figura 49 - Situação Atual do Terreno. Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 50 - Padrões para Loteamento Fonte: LPUOS editado pela autora

Na planta de situação, é possível observar como se deu o loteamento da gleba e suas respectivas porcentagens. Ainda foi possível destinar uma parte do terreno para loteamentos e distribuir as áreas verdes aos arredores da Fábrica. Ao Norte, uma faixa verde de praça foi criada proporcionando uma experiência diferente para quem pretende visitar a Fábrica ou utilizar a Oficina, além de amenizar a temperatura do local e entorno e amenizar o trânsito para quem vai acessar a RECRIO. Também foi dada a continuidade das vias que já existiam e que eram interrompidas pelo terreno, permitindo a fluidez na acessibilidade do local, além das vias que foram ampliadas em largura.

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Figura 51 - Planta de Situação Fonte: Elaborado pela autora

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Por adequação às normas referente a Lei de Parcelamento Uso e Ocupação do Solo, foi necessária uma divisão de lotes dentro da quadra destinada ao projeto. Essa decisão projetual ocorreu para separar o lote com o bloco da Fábrica dos demais lotes. Dessa forma, existem dois Parâmetros Urbanísticos para a quadra. Parâmetros Urbanos da Ocupação Lote Fábrica Área Total do Lote 8.424m² Taxa de Ocupação do Solo 21.09% Taxa de Permeabilidade 66.92% Índice de Aproveitamento 0,26 Tabela 5 – Parâmetros Urbanos da Ocupação – Lote Fábrica Fonte: Elaborado pela autora

Parâmetros Urbanos da Ocupação Lote Social e Oficina Área Total do Lote 16.592m² Taxa de Ocupação do Solo 14.91% Taxa de Permeabilidade 59.18% Índice de Aproveitamento 0,25 Tabela 6 – Parâmetros Urbanos da Ocupação – Lote Social e Oficina Fonte: Elaborado pela autora

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IMPLANTAÇÃO A planta de implantação é de extrema importância para a elaboração de um projeto. É a partir dela que é possível visualizar como o edifício irá se comportar em relação ao terreno, como serão os acessos e espaços livres para convivência, porém, sempre tendo como foco a funcionalidade de atender o programa proposto. Na implantação da RECRIO possuem 4 acessos. Dois estão localizados na via ao norte e dois ao sul. O primeiro, situado na fachada norte na extremidade oeste, é um acesso exclusivo para caminhões se direcionarem às docas do almoxarifado e expedição da fábrica. O acesso pela Francisco Sá, se dá por uma área verde de forma que não prejudique o fluxo do trânsito. O segundo acesso, também localizado na fachada norte, porém na extremidade leste, é para veículos e visitantes. O acesso de veículos é direcionado ao estacionamento com 64 vagas para carros, 3 vagas para P.N.E., além das vagas para motos ou bicicletas. O acesso da fachada sul, na nova via proposta no novo parcelamento, situado na extremidade oeste, é exclusivo para o recebimento de alimentos para a cozinha e para a retirada de lixo orgânico refrigerado. Já o acesso na extremidade leste, é exclusivo de funcionários e visitantes. Os blocos curvos remetem à simbologia do ciclo do plástico ao ser reciclado e

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reintroduzido no ciclo produtivo novamente. A combinação dos blocos da fábrica se abre para um pátio interno com seus respectivos espelhos d'água e para duas áreas verdes presentes ao lado oeste e leste. As áreas verdes propostas, proporcionam um microclima na região, amenizando as altas temperaturas presentes no local. Além das áreas verdes, a edificação foi disposta no terreno de forma que a incidência solar não afetasse consideravelmente os ambientes.


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PLANTA PAV. TÉRREO FÁBRICA Para o bloco destinado à linha de produção da Fábrica (bloco norte), no pavimento térreo foram reunidos o que é necessário para o bom funcionamento da fábrica, como a central de utilidades, almoxarifado e expedição. O bloco com 1800m² no térreo possui duas entradas voltadas ao pátio central. Em u m a f a c h a d a d e v i d r o, a s e n t ra d a s direcionam-se internamente para as injetoras responsáveis em derreter o plástico e transformá-lo em um produto novo. Os ambientes foram organizados de forma que se seguisse uma linha de produção, indo desde o recebimento do material e seu armazenamento no almoxarifado, passando pelas injetoras e terminando na expedição. Também voltados a linha de produção e seu funcionamento, o projeto conta com: matrizaria equipada com monovia, responsável por fabricar novos moldes para as injetoras e a monovia para transportar os moldes grandes; subestação; gerador; central de utilidades com central de ar comprimido e água gelada com torres alpinas na área externa; manutenção mecânica; banheiros e o acesso ao pavimento superior. Para o bloco social (sul) com 1650m², foram reunidos os setores: RH, cozinha, controle de funcionários, lazer e setor

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médico. A cozinha industrial também foi planejada seguindo uma linha de produção, indo desde os vestiários dos funcionários, ao recebimento de mercadoria, armazenamento, cocção e higienização dos utensílios. O refeitório, ao lado da cozinha, possui capacidade para 88 pessoas simultaneamente, sendo projetado para três turnos de refeições, atendendo a estimativa de 160 funcionários da Fábrica e funcionários e alunos da Oficina. O espaço destinado a lazer e descanso dos funcionários, também torna-se foyer para eventos realizados no auditório, que possui capacidade para 95 pessoas. Ao lado do auditório, o setor de RH e setor médico estão presentes, juntamente com o controle de funcionários, no qual é o único acesso à Fábrica e demais setores.


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PLANTA 1 PAVIMENTO FÁBRICA O bloco norte é o único a conter pavimento superior. Neste pavimento está todo o setor administrativo juntamente com um mezanino direcionado à produção da Fábrica. O acesso ao pavimento está localizado na fachada norte, através de escada e elevador. Todas as salas administrativas, com exceção de áreas molhadas, foram projetadas para serem divisórias de fácil remoção, podendo aumentar ou diminuir espaços. As áreas molhadas e espaços que precisam de paredes em alvenaria foram reunidas ao leste, deixando todo o restante do espaço livre para as salas com divisórias.

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PLANTA PAV. TÉRREO OFICINA A Oficina possui um programa de necessidade simples, reunindo todos os ambientes em um único bloco. Este bloco possui setor administrativo, banheiros, recepção e setor educacional. Os banheiros foram estrategicamente localizados a leste, fazendo uma barreira contra a insolação no bloco. O setor administrativo possui: secretaria, sala de direção, sala dos professores e sala de reuniões. O setor educacional conta com: 2 salas de aula, 3 ateliês e 1 biblioteca voltada para educação ambiental. A grande recepção também torna-se espaço para exposições dos trabalhos realizados na RECRIO, como os protótipos confeccionados para a fábrica e outros produtos feitos em ateliê.

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PLANTA MALHA ESTRUTURAL Foram dimensionados para este projeto um conjunto de 75 pilares metálicos, perfil “I”, com dimensões 20x40 cm. O bloco da fábrica possui 33 pilares, onde o menor vão é de 9m e o maior vão é de 15m. O bloco social possui 28 pilares, com um vão de 18m, alcançado com o auxílio de treliças metálicas que serão abordadas mais adiante. A oficina possui apenas 14 pilares com um vão igual ao do bloco social, de 18 m. Sobre as alturas da edificação, o bloco da fábrica tem o primeiro pavimento com pédireito de 6,15 m e o segundo pavimento com 3,20 m, porém sua coberta atinge a altura máxima com 13,85 m. O bloco social e a oficina possuem pé-direito de 4 m e a coberta com 8,30 m em seu ponto máximo. As vigas principais são constituídas de treliças metálicas de 15 e 18 metros, para o bloco da fábrica e blocos social e oficina, respectivamente. No bloco da fábrica existem vigas secundárias em concreto armado para os pavimentos. As lajes dos blocos e oficina possuem 15 cm de altura, é do tipo maciça e é feita em concreto armado. A coberta é feita de telhas metálicas termoacústicas, visando diminuir a temperatura provinda dos raios solares e reduzir o ruído emitido pela fábrica para a vizinhança. A área da coberta do bloco da fábrica é de 1800 m², a área do bloco social é de 1650 m² e da oficina é de 826 m².

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CORTES Para melhor compreensão do projeto arquitetônico proposto para a RECRIO, foram determinados 10 cortes, sendo 7 nos blocos norte e sul e 3 no bloco da oficina. Além dos cortes, houve também a ampliação para detalhe da treliça.

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fachadas Tratando-se de um empreendimento com três blocos distintos, 6 fachadas foram feitas para melhor compreensão dos materiais utilizados, sendo 2 fachadas principais de cada bloco. O concreto pré-moldado foi utilizado como uma forma de diminuir a geração de entulho no processo da obra, amenizando os impactos que esse entulho causaria ao meio ambiente se fosse descartado de forma irregular. Os brises foram utilizados como estratégia para barrar a incidência solar nas edificações e também como elemento estético de fachada. O vidro foi utilizado apenas no bloco da linha de produção da fábrica, para que todo o processo de reciclagem possa ser visto por quem estiver no pátio entre os blocos, e na fachada sul da oficina, voltado para um jardim.

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Figura 52 - Fachada 01 Fonte: Elaborado pela autora.

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Figura 53 - Fachada 02 Fonte: Elaborado pela autora.

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Figura 54 - Fachada 03 Fonte: Elaborado pela autora.

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Figura 55 - Fachada 04 Fonte: Elaborado pela autora.

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Figura 56 - Fachada 05 Fonte: Elaborado pela autora.

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Figura 57 - Fachada 06 Fonte: Elaborado pela autora.

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perspectivas

Figura 58 - Perspectiva 01 Fonte: Elaborado pela autora.

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Figura 59 - Perspectiva 02 Fonte: Elaborado pela autora.

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Figura 60 - Perspectiva 03 Fonte: Elaborado pela autora.

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Figura 61 - Perspectiva 04 Fonte: Elaborado pela autora.

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Figura 62 - Perspectiva 05 Fonte: Elaborado pela autora.

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Figura 63 - Perspectiva 06 Fonte: Elaborado pela autora.

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Figura 64 - Perspectiva 07 Fonte: Elaborado pela autora.

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Figura 65 - Perspectiva 08 Fonte: Elaborado pela autora.

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Figura 66 - Perspectiva 09 Fonte: Elaborado pela autora.

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Figura 67 - Perspectiva 10 Fonte: Elaborado pela autora.

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08 consideraçþes finais


O estudo realizado durante um ano, teve como objetivo tomar conhecimento e compreender de forma aprofundada a respeito do tema escolhido, uma fábrica de reciclagem e uma oficina criativa também voltada à reciclagem, a ser elaborada no município de Fortaleza. Diante das análises e estudos feitos a respeito da reciclagem no Brasil e em Fortaleza, constatou-se que apesar de ser uma prática que muitos conhecem, poucos exercem. Não há somente falta de educação ambiental, mas também falta de educação em geral. A prática de jogar lixo nas ruas ainda é muito comum e, a partir da fundamentação teórica deste projeto, foi possível compreender como surgiu esta problemática ao longo dos anos e seus impactos causados desde então. O projeto arquitetônico elaborado é caracterizado por tirar do meio ambiente um dos resíduos que demoram mais tempo para se decompor e reciclá-lo, introduzindo-o novamente ao seu ciclo produtivo. A RECRIO é uma forma de amenizar os impactos gerados pelos resíduos plásticos descartados diariamente, tanto na fábrica quanto na oficina. Por fim, este trabalho é encerrado com extrema satisfação por tanto conhecimento adquirido ao longo do ano e pelo equipamento proposto, que reafirma todos os dias o quão necessário é para Fortaleza, assim como para outras localidades.

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A RECRIO conclui-se como uma contribuição social, por se tratar de um equipamento diferenciado no município, que além de sua importância para o meio ambiente, gera emprego para a população do bairro em que está inserida e se preocupa com o meio ambiente, tornando o espaço agradável, sensível e humano para acolher funcionários, catadores e demais usuários.


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09 referĂŞncias bibliogrĂĄficas


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