MORFEMA | CASAS DO POVO
MORFEMA
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revista de ensaios sobre o espaço
CASAS DO POVO
Casa há muitas, povos também. Talvez existam tantas casas quanto povos, ou tantos povos quanto casas. Talvez existam casas que contém demasiados povos, povos que habitem casas a menos. Entre uns e outros não sabemos qual a balança que define os equilíbrios. Muito menos o porquê da relação entre casas e povos: se a primeira é pele, caverna, devir ou conforto do segundo, ou apenas coisa, que se usa e gasta, deixa-se ruir, fazse outra. Qual a relação entre estes elementos, não partimos de certezas, a não ser a de que existem relações, juntas num molho, forte de imanências. Começamos por desatar o molho. Acção de dispersão, cada pau contar-nos-á da sua história. Dos povos, pessoas, comunidades, grupos, sociedades, nações, deuses. Riscos na terra, plantas, fachadas, movimentos, aglomerados, monumentos, cidades ou viadutos e autoestradas. Entre uns e outros, como o trapezista, se revelará fio que surge de um universo de intimidades tensionadas, entre carne e pedra, entre credo e planta. Deste universo vamos tirar as linhas com que atar o molho de novo, entre casas e povos, povos e casas. 1