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Apresentação Ducati MotoGP

Ducati Lenovo Team Diretor-geral: Luigi «Gigi» Dall'Igna Diretor desportivo: Paolo Ciabatti Pilotos: Francesco Bagnaia #63 e Jack Miller #43 Chefes de mecânicos: Marco Ventura (Francesco Bagnaia) e Michele Perugini (Jack Miller) Piloto de teste: Michele Pirro

Ducati Desmosedici GP21 Motor: V4 Cilindrada: 1.000 centímetros cúbicos Potência máxima: Superior a 250cv Velocidade máxima: Superior a 350km/h Transmissão: Seamless, caixa de seis velocidades Quadro: Alumínio, dupla trave Suspensão: Öhlins à frente e atrás Braço oscilante: em fibra de carbono Travões: Brembo Peso mínimo: 157kg

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DUCATI LENOVO TEAM

Renovação total com «sangue novo» na Ducati

A ÚNICA EQUIPA DE FÁBRICA DO MOTOGP A OPERAR UMA REVOLUÇÃO NA SUA DUPLA DE PILOTOS PARA 2021 É A DUCATI TEAM. APOSTANDO NUM ALINHAMENTO JOVEM E PROMISSOR, PROMOVEU FRANCESCO BAGNAIA E JACK MILLER, QUE NOS ÚLTIMOS DOIS ANOS DERAM NAS VISTAS NA SATÉLITE PRAMAC RACING. O OBJETIVO É CLARO: ATACAR OS TÍTULOS.

TEXTO: SIMON PATTERSON / FOTOS: GIGI SOLDANO/MILAGRO

Atemporada de 2021 marca o começo de uma nova fase na existência da Ducati no Mundial de MotoGP. Na época em que se completam 18 anos do ingresso na classe rainha – que aconteceu em 2003 – a equipa de Borgo Panigale operou mudanças com o objetivo claro de regressar aos títulos de pilotos e de construir um projeto de longo prazo. E, além disso, defende o campeonato de construtores conquistado em 2020. Para trás ficam dois anos de um line-up totalmente italiano. Andrea Dovizioso foi protagonista desde 2013 a 2020, sendo responsável frequentemente pelos melhores resultados da Ducati. Foi mesmo vice-campeão entre 2017 e 2019, constituindo-se como principal opositor de Marc Márquez. No ano passado foi o quarto classificado e não foi capaz de lutar pelo título numa campanha dura para o construtor, mas mesmo assim foi o melhor da Ducati. Porém, deu-se a cisão entre o #04 e o construtor, num fim de trajetória com alguma polémica à mistura

e que não terá sido propriamente amigável – pelo que se entende das declarações de ambas as partes. Também saiu Danilo Petrucci, que em 2019 e 2020 não foi capaz de confirmar na Ducati as exibições promissoras feitas na satélite Pramac Racing. Como aconteceu com Jorge Lorenzo, a paciência da Ducati esgotou ainda a meio da segunda época e a solução do #9 foi rumar à Tech3 KTM Factory Racing para 2021. Porque em cada lugar que fica em aberto alguém tem de entrar, a Ducati elegeu dois novos pilotos que já conhece bem. Depois de chegar à Pramac em 2018, Miller conseguiu provar a sua valia uma e outra vez, com diversos pódios e por vezes ficando mesmo à frente de todas as outras Ducati – como fez com os segundos lugares nas últimas duas rondas de 2020. Aos 26 anos, Miller é o terceiro australiano na equipa de Borgo Panigale depois de Troy Bayliss e de Casey Stoner – responsável pelo único título de pilotos, em 2007. Do outro lado da garagem reside Francesco Bagnaia. Uma das grandes promessas do motociclismo italiano, foi campeão de Moto2 em 2018, ao qual se seguiram duas épocas na Pramac no MotoGP. Lá, apesar de uma certa irregularidade e inconstância, fez o suficiente para convencer a Ducati a apostar em si – em especial no ano passado, apesar dos muitos abandonos, conseguiu estar na disputa por alguns pódios, conquistando o segundo lugar no GP d San Marino.

POTENCIAL PARA FAZER O PLENO DE TÍTULOS

Indissociável da Ducati no motociclismo de competição, Gigi Dall'Igna permanece de «pedra e cal» como diretor-geral da Ducati Corse. No evento de apresentação, o italiano sublinhou o potencial dos pilotos e deu conta da sua enorme confiança nas possibilidades de êxitos: ‘O arranque de uma nova temporada é sempre um momento especial e este ano ainda mais, pois temos uma equipa completamente nova. Temos dois pilotos novos connosco, o Jack Miller e Pecco Bagnaia. Ambos têm um talento extraordinário, são jovens, mas já com muita experiência na nossa moto. Têm grande potencial e creio que juntos podemos lutar não só pelo título de pilotos como defender o de construtores que ganhámos em 2020. As regras não nos deixam alterar alguns componentes da moto. Ainda assim, durante o inverno melhorámos outras coisas na moto e melhorámos os índices competitivos da moto. Estamos prontos para a nova temporada’. Esta temporada fica marcada pelo congelamento do desenvolvimento dos motores, mas mesmo assim Dall'Igna acredita que onde foi possível mexer, deverão existir ganhos: ‘Decerto há algumas partes da moto que estão congeladas, como por exemplo o motor. Na aerodinâmica nem tudo está congela-

Dall'Igna sonha com o pleno de títulos.

do, porque podes introduzir uma evolução durante o ano e todos podem decidir quando introduzir a nova especificação. Por isso, seguramente não podemos fazer nada no motor, mas no chassis e também na aerodinâmica podemos trabalhar um pouco’. Outro dos fatores adversos ao desenvolvimento é o facto de a pré-época ter ficado limitada ao Losail International Circuit no Qatar, habitualmente favorável à Ducati. Sobre isso, Dall'Igna comentou em conferência de imprensa: ‘Seguramente testar só numa pista não é o melhor para desenvolver a moto. Isso é certo e não é o melhor testar numa pista em que normalmente a tua moto rende muito bem. Por isso, seguramente o Qatar não é a melhor pista de testes para a nova pista. Mas é a única opção que podemos ter e temos de tentar fazer o melhor com o que podemos fazer. O que posso dizer é que seguramente durante 2020 percebemos o que temos de fazer de forma a melhorar a configuração da moto. Mas é claro que temos de testar antes de ter a certeza que este é o caminho’.

CONFIANÇA MÁXIMA NOS PILOTOS

Com Bagnaia e Miller nas fileiras, a Ducati tem uma dupla de pilotos forte, sólida, que já conhece e que já se conhecem bem entre si – depois de dois anos juntos na Pramac. Para o diretor desportivo Paolo Ciabatti, a combinação de ambos é ideal para a Ducati: ‘O Jack não só é um piloto muito talentoso, como também tem uma personalidade muito forte. Tenho a certeza que será também interessante para vocês porque ele diz o que pensa e é uma ótima pessoa. Acho que temos uma boa combinação entre os dois. O Pecco não fala tanto como o Jack, mas acho que é um bom misto e

Francesco Bagnaia chega a um ponto alto da carreira. vamos divertir-nos este ano, também fora da pista’. Sobre Bagnaia, Ciabatti destacou a maturidade apesar da tenra idade: ‘O Pecco já é mais maduro do que os seus 24 anos, por isso o facto de ele já ter ganho um título mundial e de, no ano passado, ter feito grandes coisas mesmo tendo atingido o fundo com o acidente, significa que ele enfrentou as maiores difi-

culdades para um piloto. Disse-lhe que o difícil é manter-se focado durante dez meses por ano. Acordar todas as manhãs, querer alcançar aquele resultado. Depois, ir para a cama à noite, pensando sempre nesse resultado. Isso é o mais difícil’. Já no entender de Dall'Igna, Miller tem uma personalidade que é importante para bons resultados, sem esquecer que Bagnaia é igualmente frontal: ‘O Jack tem sem dúvida uma personalidade muito forte e acho que isto é importante para um piloto que quer alcançar bons resultados. Acho que trabalhámos muito bem com ele nos últimos três anos, conhecemo-lo muito bem e ele conhece-nos muito bem. Creio que podemos trabalhar muito bem em conjunto. Mas o Pecco também diz sempre o que pensa e julgo que é importante, porque temos de dizer o que pensamos para desenvolver a moto. Estou muito feliz se o piloto me disser a verdade’.

NOS PASSOS DE STONER (E CORSER), MILLER VISA TÍTULOS

Jack Miller torna-se este ano no terceiro australiano a representar a Ducati no MotoGP. Troy Corser esteve no início do projeto em 2003 e, mais tarde, chegou Casey Stoner para ser campeão em 2007. Um legado ao qual o #43 tentará dar sequência este ano, confessando em conferência de imprensa que é particularmente especial saber deste passado do seu país na Ducati: ‘Acho que não é só a Ducati que quer australianos, acho que toda a gente quer australianos, certo? [risos]. É um bocado estranho porque não há muitos pilotos australianos e haver três na Ducati em tão pouco tempo é um pouco bizarro, mas para mim foi muito motivador crescer a ver pilotos como o Troy e o Casey a ganharem com estas cores, acho que tem um significado extra especial para mim porque foi algo que me acompanhou enquanto crescia, a admirá-los’. Sem sentir pressão extra devido aos seus compatriotas que foram lendas da Ducati, Miller reconheceu também a sua «dívida» para com a Ducati: ‘A Ducati deu-me as ferramentas para melhorar, Nunca é fácil e nos

@ GIGI SOLDANO/MILAGRO

JACK MILLER

Nome completo: Jack Peter Miller Naturalidade e nacionalidade: Townsville; Austrália Data de nascimento: 18 de junho de 1995 (26 anos) Dorsal: #43 Classificação final em 2020: 7.º, 132 pontos Equipa em 2020: Pramac Racing Estreia nos Mundiais: GP da Alemanha de 2011, 125cc (resultado: abandono) Estreia no MotoGP: GP do Qatar de 2015 (resultado: abandono) Primeira vitória em Mundiais: GP do Qatar de 2014, Moto3 Primeira vitória em MotoGP: GP dos Países Baixos de 2017 Títulos: Zero Equipas anteriores: RZT Racing, Caretta Technology (125c/Moto3), Red Bull KTM Ajo (Moto3), LCR Honda (MotoGP, 2015), EG 0,0 Marc VDS (MotoGP, 2016 e 2017), Pramac Racing (MotoGP, 2018 a 2020) últimos três anos estive sempre com contratos de um ano foi o que foi...isso ajuda a que tenhas de provar o teu valor. Isso ajudou-me a crescer e a ganhar a maturidade que me permite ser o piloto que sou hoje em dia. Ganhar mais experiência também ajuda, deixar de ser uma criança. A Ducati deu-me tudo para continuar a crescer como piloto. Na Ducati, se te fores dando bem e lhes mostrares que estás bem eles ajudam-te a evoluir’. Chegando à Ducati depois de uma das melhores campanhas da sua carreira, que terminou com dois segundos lugares nas últimas duas corridas, Miller sente ter conseguido voltar a aliar consistência e velocidade, esperando dar seguimento em 2021: ‘Especialmente na época passada conseguimos juntar todo. Tivemos ritmo e velocidade nos anos anteriores, mas talvez a consistência não tenha sido um dos meus pontos mais fortes. Tínhamos sempre algumas rondas sem pontos. Mas na temporada passada conseguimos ter só um abandono por erro meu, tivemos azar algumas vezes, mas conseguimos ter essa mentalidade de voltar ao que eu fui no passado em diferentes categorias, trazer de volta essa consistência. Quando a velocidade existe, senteste suficientemente confortável e então podes trabalhar noutras coisas. Tivemos alguns problemas no ano passado, especialmente no começo da época com os pneus, tentar fazêlos funcionar, mas com a minha pilotagem e a forma como abordava o fim de semana consegui ultrapassar este problema’.

O SONHO ITALIANO DE BAGNAIA

Desde que Valentino Rossi entrou na Ducati em 2011, a equipa tem tido sempre pelo menos um piloto italiano nas suas fileiras. A época de 2021 dá continuidade à tendência, agora com a chegada de Francesco Bagnaia. O campeão mundial de Moto2 de 2018 é uma das grandes promessas do motociclismo italiano, tendo dado mostras de aptidões para lutar no topo ao longo dos seus dois primeiros anos no MotoGP. No entanto, faltou-lhe claramente experiência e consistência. E o #63 chega reforçado por um período complicado que atravessou no ano passado, quando se lesionou antes de tomada a decisão do alinhamento da Ducati, o que lhe

FRANCESCO BAGNAIA

Nome completo: Francesco Bagnaia Naturalidade e nacionalidade: Turim; Italiana Data de nascimento: 14 de janeiro de 1997 (24 anos) Dorsal: #63 Classificação final em 2020: 16.º, 47 pontos Equipa em 2020: Pramac Racing Estreia nos Mundiais: GP do Qatar de 2013, Moto3 (resultado: 23.º) Estreia no MotoGP: GP do Qatar de 2019 (resultado: abandono) Primeira vitória em Mundiais: GP dos Países Baixos de 2016, Moto3 Primeira vitória em MotoGP: Sem vitórias (melhor resultado: 2.º no GP de San Marino de 2020) Títulos: Um (Moto2, 2018) Equipas anteriores: San Carlo Team Italia, Sky Racing Team VR46, Pull&Bear Aspar Mahindra (Moto3), Sky Racing Team VR46 (Moto2), Pramac Racing (MotoGP, 2019 e 2020) provocou uma reação forte como confessou em conferência de imprensa: ‘Uma coisa que puxou muito por mim durante a recuperação foi o medo de perder o lugar de fábrica porque estava em casa a ver o [Johann] Zarco no pódio e eu em casa. Eu sabia que o meu potencial era muito alto e estava a tentar voltar em Misano para demonstrar o que vivi em Jerez, e também com o meu treinador fiz um trabalho muito bom no meu físico e também na mentalidade. Cheguei a Misano com dores, mas muito forte mentalmente, convencido que era possível chegar lá e lutar pelas primeiras posições’. A ideia de Bagnaia é manter a mentalidade em 2021: ‘Tentarei ter esta mentalidade todo este ano. Não é assim tão fácil porque tens de dar 120 por cento toda a época – que é algo que todos os pilotos deviam fazer, mas foi muito difícil para mim fazer no ano passado. Talvez por causa da pressão de fraturar a tíbia, voltar, estava muito cansado mentalmente. Por isso tento fazer o que fiz no ano passado antes de Misano e gostaria de ser competitivo todo a época como no ano passado nesse período’. Depois dos problemas de 2019 e de 2020, Bagnaia sabe que há um aspeto em particular que tem de melhorar, e trabalhou nele, segundo garantiu: ‘O problema foi a temperatura. Quando encontrámos temperaturas altas fui sempre rápido e competitivo. Mas, depois, quando encontrámos temperaturas baixas como em Aragão comecei a ter dificuldades. Foi sobretudo a sensação com a dianteira porque estava a cair sem atacar e foi muito importante para o meu estilo de pilotagem. Por isso é uma coisa em que tenho de trabalhar e em que já trabalhei durante este inverno, a concentração e o ataque também quando temos temperaturas mais baixas’. No evento de apresentação, o italiano traçou em linhas gerais aquilo que quer da sua passagem pela Ducati: ‘Esta será uma época importante para mim porque pela primeira vez vou vestir as cores de uma equipa oficial. Estou orgulhoso por ter atingido este objetivo, mas agora quero mirar metas ainda maiores. Estar aqui foi sempre o meu sonho, o de integrar a equipa oficial da Ducati. Vou dar o meu melhor para não defraudar expetativas. Tenho a certeza de que tenho de ser competitivo desde o início para sonhar em grande’.

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