SOLUÇÕES A gestão da cultura e a sustentabilidade dos museus AÇÃO SOCIAL Orquestra dos Meninos do Coque dá o tom da cidadania ESTILO DE VIDA Ary Diniz: as lições de um empreendedor da educação
museu do estado de pernambuco
editorial
o que uma revista deve ser?
A
presente edição marca a passagem de um ciclo de nossa revista. Estamos promovendo a transição editorial, que marca a conclusão de uma etapa e o começo de outra. Em 2002, após uma memorável campanha institucional realizada no ano anterior, o tema Recife Antigo Recife Moderno foi escolhido para dar nome a uma publicação que servisse ao mesmo instante como veículo de informação e elo entre a Moura Dubeux e a sociedade. Além dos lançamentos e das novidades do mercado imobiliário, a publicação oferece, desde então, a valorização da arquitetura clássica encontrada em prédios históricos do Recife. Em apenas cinco anos, foi construída uma história de sucesso que nos anima a seguir em frente, pois agora deparamonos com novos desafios. Do desenvolvimento sustentável de Pernambuco, ampliamos a visão para o futuro. Em um
primeiro instante, a Região Nordeste é o nosso destino. A busca do equilíbrio entre o antigo e o moderno, que caracterizou a fase recifense da publicação, vai continuar como traço característico de nossos artigos e reportagens. A diversidade de temas, abordagens e pontos de vista, no entanto, será o maior diferencial dessa nova fase, tendo como objeto das pautas a história, a cultura e a dinâmica urbana de outros centros, além da capital pernambucana. E mais: serão abordados assuntos e soluções comuns à economia e à cultura nordestinas. Quando relemos as edições anteriores da revista para definir o novo nome, vimos que o conteúdo refletia cada passo da Moura Dubeux em sua trajetória. Para acompanhar a expansão geográfica e de produtos da companhia, tínhamos que pensar em um nome que em si resumisse o momento atual e o futuro. Assim, a revista Recife Antigo Recife Moderno passará a se chamar, a partir do próximo número, Plural. E por que plural? Plural é abrangente. A vida das pessoas é plural. É feita de educação, cultura, moda, gastronomia, decoração, informática, arquitetura, ciências... O mundo é plural. Cada país com seu idioma, cada região com seu sotaque, com seu dialeto. Ser plural é ter visão macro. Conhecer profundamente suas raízes e expandir seus horizontes. É ter capacidade de respeitar a cultura local de cada região e conseguir se comunicar. É escrever plural em português e saber que vai ser entendido em inglês, espanhol e alemão. Como diz seu antônimo, plural é uma palavra singular. Porque para ser singular, antes de tudo, é necessário ser plural. Tudo o que uma revista deve ser.
Marcos Roberto Dubeux
06 Ano 5 - Edição 16 - Dezembro de 2007 A revista Recife Antigo Recife Moderno é uma publicação trimestral da Moura Dubeux Engenharia. MOURA DUBEUX ENGENHARIA Av. Domingos Ferreira, 467 10º, 11º, 12º e 13º andares, Boa Viagem, Recife-PE. Fone: (81) 3087.8000 - www.mouradubeux.com.br Diretoria Editorial Aluísio J. Moura Dubeux Gustavo J. Moura Dubeux Marcos J. Moura Dubeux Marcos Roberto Moura Dubeux Editor Geral Marcos Roberto Moura Dubeux mrd@mouradubeux.com.br Editor Executivo Fábio Lucas (DRT/PE 2428) fabiolucas@uol.com.br Coordenação e Atendimento Comercial Bruno Perrelli bruno@mouradubeux.com.br Coolaborador Editorial Marcos Alencar Textos Carlyle Paes Barreto Fábio Lucas Joana Rodrigues Júlia Nogueira de Almeida Paula Perrelli Roberta Jungmann Colaboradores desta edição Francisco Cunha Margot Monteiro Maria do Amparo Pessoa Ferraz Verônica Machado Projeto Gráfico: G Design Comunicação Diagramação Felipe Duque felipe@mouradubeux.com.br Fotografia Agência Renata Victor Fotografics Revisão Laércio Lutibergue e Solange Lutibergue Tradução David Jonh Hunt (Inglês) Impressão: Gráfica Flamar Tiragem: 8 mil exemplares Tiragem auditada por Macdata Processamento de Dados *Os artigos divulgados não refletem necessáriamente a opinião desta revista. *Os projetos imobiliários apresentados podem sofrer alterações após sua divulgação. A Revista Recife Antigo Recife Moderno foi feita pensando em você. Participe das próximas edições enviando suas críticas, sugestões e assuntos de seu interesse para o e-mail da nossa redação, o faleconosco@mouradubeux.com.br. Contamos com a sua colaboração.
Sumário 06 Recife Antigo A história e os novos caminhos do Museu do Estado
12 Soluções Problemas enfrentados em Pernambuco e o papel dos museus na sociedade contemporânea
18 Recife Moderno Edifícios Engenho Guimarães e Engenho Casa Forte
20 Artigo: Desemprego Tecnológico
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Marcos Alencar defende uma visão política que minimize o impacto da tecnologia sobre os postos de trabalho
22 De Pernambuco para o Mundo O artesanato fez a fama do Alto do Moura, em Caruaru
28 Ação Social A música de crianças do Coque encanta o Recife
32 Gastronomia Pratos perfeitos para a estação das flores, e a expansão do vinho em Pernambuco
36 Estilo de Vida: Ary Diniz O fundador do Colégio e da Faculdade Boa Viagem e seus ensinamentos
40 Decoração Material para superfícies sólidas da Corian agrega tecnologia e funcionalidade a todos os ambientes
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46 Do Mundo para Pernambuco As maravilhas da Índia, por Verônica Machado
51 Condomínio: Dia de Mudança A necessidade de segurança aprimora os serviços ofertados pela indústria de transporte de bens
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56 Bairros: Setúbal O crescimento e o amor dos moradores pela “localidade de Boa Viagem”
60 Recife Moderno II Beach Class Residence é inovação no mercado
62 Clube do Corretor Moura Dubeux
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Premiação é reconhecimento aos profissionais do mercado imobiliário
66 Mercado: Destino Nordeste Pré-lançamentos em Natal e Fortaleza marcam a expansão da Moura Dubeux na região
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70 Gestão Hoje Especial Crescimento econômico da China desperta a curiosidade de empresários pernambucanos
72 Andamento das Obras
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recife antigo
o museu de pernambuco Desde 1940 em um casarão localizado na esquina da Rua Amélia com a Av. Rui Barbosa, o Museu do Estado abriga três séculos e meio de arte pernambucana Maria do Amparo Pessoa Ferraz Fotos: Renata Victor
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conhecido Palacete da Ponte d’Uchoa, a casa da Avenida Rui Barbosa, nº 960, no bairro das Graças, na cidade do Recife, esquina com a Rua Amélia, é entre nós um marco da expansão da cidade do Recife, da construção civil e da arquitetura do século XIX. A casa tem atravessado mais de um século naquele endereço. Construída para ser a residência de Dr. Augusto Frederico de Oliveira, irmão do Barão de Beberibe, Francisco Antônio de Oliveira, ela abriga desde 1940 o Museu do Estado de Pernambuco. Um registro marcante de sua importância no cenário urbano é a litogravura datada de 1878, feita nas oficinas de Francisco Henrique Carls, um alemão que chegou ao Recife em 1859 e aqui permaneceu até a morte, em 15 de setembro de 1909. O ano de sua chegada ao Recife coincide com o ano de inauguração da Fábrica de Gás e do sistema subterrâneo de distribuição de gás para iluminação pública das vias e suprimento das edificações, com objetivo de iluminação predial, de cocção e produção de vapor para máquinas motrizes. Esse sistema foi construído pelos ingleses, que venceram a licitação realizada em 1856. Observando a litogravura do Palacete da Ponte d’Uchoa vêse que ostentava, já em 1878, luminárias a gás nos terraços e no jardim. No começo do século XX, o prédio foi modificado com o acréscimo do segundo pavimento. E em 1951, para abrigar o crescente acervo do Museu do Estado, foi construído o prédio anexo. O Museu do Estado de Pernambuco foi criado em 24 de agosto de 1928, pela Lei Estadual nº 1919, que
autorizava o governador Estácio Coimbra a criar a Inspetoria Estadual de Monumentos e um Museu Histórico e de Arte Antiga. De 1930 a 1933, o museu foi instalado na cúpula do Palácio da Justiça, sendo então desativado, e todo o seu acervo passou à guarda da Biblioteca Pública do Estado até 1940. Em 10 de maio de 1940, com o Decreto nº 491, o museu foi recriado e então instalado na sua atual sede. Atualmente, seu acervo tem obras dos séculos XVII, XVIII, XIX
Antiga residência de dr. Augusto Frederico de Oliveira,filho do Barão de Beberibe,atualmente Museu do Estado. Litografia colorida,19,9x31,4cm. de F.H.Carls. Desenho de Luís Krauss,1878
e XX, tombadas por lei federal, compreendendo doações do Estado, de colecionadores e o conjunto de obras premiadas nos salões do Estado, obras essas representativas da história da arte pernambucana. Marcando o século XVII, o acervo mostra obras de Frans Post; enquanto do XVIII nos chegam três quadros, de autoria desconhecida, recife antigo RECIFE MODERNO 07
referentes às Batalhas das Tabocas e dos Guararapes, datados de 1709, procedentes do antigo Paço Municipal de Olinda. O século XIX está bastante retratado nas pinturas do pernambucano Teles Júnior (1851–1914) e em inúmeras litogravuras de F. H. Carls, Luís Adam Cornell Krauss, Luís Schlappriz e Emil Bauch. Suas cerca de 12 mil peças são agrupadas como armaria, arqueologia, antropologia, numismática, mobiliário, iconografia, imaginária, jóias, porcelanas e artes plásticas. Há muito que se deleitar e aprender sobre Pernambuco e o Brasil naquele endereço recifense. Agende uma visita. Você não vai se arrepender.
Espaço Cícero Dias, anexo do Museu: administração, auditório, espaços expositivos de longa duração e temporárias
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Maria do Amparo Pessoa Ferraz é Mestre Historiadora.
artigo
novos caminhos para o Museu do Estado Guardar e preservar não é esconder e esquecer. Ao contrário: quanto mais se mostra e se interage com o passado, mais se têm condições de zelar pela identidade cultural Margot Monteiro Fotos: Renata Victor
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Unesco, na década de 1970, por intermédio do Conselho Internacional de Museus (Icom), elaborou um conceito mundialmente aceito (até hoje colocado em prática pelos mais importantes museus do mundo), segundo o qual as atribuições de um museu devem estar identificadas com as expectativas da comunidade e servir aos interesses públicos. Os museus deveriam representar as maneiras de as sociedades humanas exporem o seu passado e a compreensão do seu presente, bem como as diversas maneiras de expor a sua cultura material, os processos de preservação, concepção do patrimônio público e as infinitas possibilidades de formação do ser na sociedade. Enfim, os museus são espaços que mostram, em seu acervo e coleções, as relações sociais que os homens estabelecem entre si e com a natureza em diferentes culturas ao longo do tempo. Um museu é, por excelência, a instituição que tem como função conservar o patrimônio cultural de um determinado povo, manter e valorizar sua identidade. Entretanto, guardar e preservar não é esconder e esquecer
nos depósitos o seu passado. Ao contrário: quanto mais mostramos e interagimos com as peças, mais temos condições de zelar, justamente porque as conhecemos e lhesdamos o devido valor. A importância do museu está no fato de o homem ser o criador de sua própria história. O museu se torna então um meio de comunicação entre o homem, seu passado e presente, estabelecendo um dialogo entre observador e objeto observado. É um convite e estímulo ao raciocino,
porque o observador tratará de responder ou pesquisar o objeto despertado. A imaginação, faculdade espiritual que surge necessariamente á frente de todo testemunho do passado e do presente devido à ação do raciocíni, será a semente plantada no campo do conhecimento e formação de uma sociedade. Ao longo do tempo, os museus têm sido considerados instrumentos pedagógicos na formação de estudantes em diferentes níveis. Na realidade, o museu existe para
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proteger o patrimônio histórico e cultural da comunidade e estimulála a conhecer seu passado para a construção de um futuro melhor. Como podemos nos tornar melhores e trilhar o caminho da evolução se não aprendemos com os erros e acertos do passado? Entretanto, apesar da consciência da importância dos museus e da preservação do patrimônio cultural de nossa sociedade, enfrentamos graves problemas para sua sobrevivência. Atualmente o caminho para um museu sustentável está atrelado à participação do empresariado, da iniciativa privada e do poder público. Um museu dinâmico demanda a participação da comunidade como um todo, como universidades, escolas, turismo e, por que não, lazer. Introduzir o museu como lazer é um trabalho árduo. Representa torná-lo agradável para encontros, conversas e comercialização de produtos ligados à arte. Desde o Renascimento, temos exemplos de grandes mecenas, que com seus incentivos, foram responsáveis por novos rumos da arte e da cultura, como Lorenzo dei Medici, que transformou Florença em um centro de arte, cultura e ciência. Inúmeros artistas trabalhavam sob a sua égide (patrocínio financeiro). Monumentos 10 recife antigo RECIFE MODERNO
e bibliotecas foram construídos e até hoje são exemplos de beleza e esplendor. A história está plena de grandes empreendimentos que se mantiveram até os nossos dias devido a pessoas que criaram e foram coadjuvantes no processo criativo. O Museu do Estado de Pernambuco (Mepe) tem um dos mais ricos acervos, obras raras que testemunharam a formação do Brasil, além de ser o museu mais antigo de Pernambuco. No entanto, apesar de toda essa riqueza, é urgente a necessidade de recursos para a conservação do patrimônio, inclusive da edificação. Devido à multiplicidade de instituições, existe uma pulverização de recursos que poderiam ser
Margot Monteiro é diretora do Museu do Estado de Pernambuco
destinados a acervos de real importância. Hoje o Mepe e outros museus encontram-se com dificuldades para poder realizar o seu propósito de museu. Carecemos atualmente do vigor de empreendimentos que mostrem o potencial humano e uma visão contemporânea onde o empresariado e o Estado dêem as mãos em um mesmo objetivo: o bem comum.
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soluções
o desafio do tempo Baixa visitação, instalações deficientes e falta de recursos são os principais problemas enfrentados pelos museus pernambucanos Joana Rodrigues Fotos: Neca Lucena e divulgação
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reservar a história e a cultura de uma geração, guardar os seus ideais, transmitir os seus desejos e expor as suas fraquezas. Os museus abrigam as partes que reconstroem o todo de uma época ou constroem a perspectiva de um tempo que está por vir. São lugares para falar de sonhos e de fatos, expressos por formas, sons, cores e texturas. Em todo o mundo, os museus adquiriram status de destino turístico, tornando-se, muitas vezes, tão ou mais importantes que monumentos históricos e paisagens naturais. Não se vai a Paris sem visitar o Louvre ou a Nova Iorque sem visitar o Metropolitan. Isso porque, nesses que são dois dos maiores museus do mundo, pode-se encontrar a história da humanidade narrada pelas mãos de seus artistas. Quando os olhos voltam-se para a realidade brasileira, no entanto, o cenário é mais austero. Segundo pesquisa realizada pelo Ministério da Cultura (MinC), 70% dos brasileiros nunca entraram em um museu. Nessa pesquisa estão também incluídos os museus que não lidam com arte no seu conceito original, mas com a história dos objetos, como os museus do carro, museus da moeda, museus da moda, entre outros. Mesmo assim, num grupo de dez pessoas, sete nunca visitaram o “templo das musas”, significado etimológico da palavra grega mouseîon. No Brasil, de acordo com informações do Sistema Brasileiro de Museus (SBM), órgão criado para intermediar as relações entre os museus e as instituições relacionadas a eles, dos 2.400 museus cadastrados, 69% estão nas Regiões Sul e Sudeste. A percentagem contrasta com os 19,6% do Nordeste. Nessa região, o ranking quantitativo de museus cadastrados pela mesma instituição indica que
a Bahia figura na primeira posição, seguida pelo Ceará em segundo e Pernambuco em terceiro lugar. Alguns dos principais museus de Pernambuco passam por dificuldades para manutenção de sua estrutura física e conservação do acervo. São obras que aguardam restauração e casarões históricos que esperam por projetos de modernização. Já há algum tempo, o Museu do Estado de Pernambuco, sediado no antigo casarão do Barão de Beberibe, na Avenida Rui Barbosa, vem enfrentando esse problema. Muitas obras armazenadas estão ameaçadas pela ação do tempo e a velocidade com que o museu consegue providenciar a restauração não acompanha a urgência da deterioração. Segundo Margot Monteiro, diretora da instituição, “algumas obras correm o risco de ser perdidas pela falta de condicionamento adequado”. O Museu do Estado tem uma coleção respeitada de mobiliário, em que se destacam as peças de madeira marajoara assinadas por Francisco Béranger, louças e porcelanas portuguesas e orientais dos séculos XVII e XVIII, pertencentes às dinastias Ming e Ching, painéis a óleo com o tema da Insurreição Pernambucana, datados de 1709, entre outras obras de valor inestimável para a preservação da história do Estado. Por ser o Museu do Estado um rico
Acervo do Museu do Estado é diversificado e as peças precisam de constante cuidado
acervo de arte indígena, que, por sua delicadeza, precisa de atenção especial, a administração se preocupa com a possibilidade de que essas e outras peças sejam perdidas devido à falta de recursos para contornar o seu desgaste natural. Fechado para reformas ou “parado no tempo” - Ainda mais grave é a situação em que se encontra o Museu de Arte Contemporânea (MAC), com sede em Olinda. Localizado na Rua 13 de Maio é um dos cartõespostais da cidade e tem um acervo com cerca de 1.170 obras, que inclui coleções de Abelardo Rodrigues, Dorian Gray, José Telles Jr., Vicente do Rego Monteiro, Portinari, Assis Chateaubriand, entre outros. Hoje o MAC está fechado para reformas estruturais. De acordo com Luciana Azevedo, diretora da Fundarpe, a paralisação do museu foi fundamental, uma vez que o mau estado de conservação de sua estrutura física chegou a causar riscos ao acervo e aos próprios visitantes. Segundo as previsões da Funarte, o museu deve ser reaberto a visitação ainda em dezembro deste ano. Também o Museu da Cidade do Recife enfrenta problemas. Hoje já sem grande destaque no cenário recife antigo RECIFE MODERNO 13
artístico da cidade, não atrai um público significativo para visitação ao Forte das Cinco Pontas, onde está localizado. Para o historiador Leonardo Dantas, seu acervo é fundamental para reconstruir a história da cidade. “O problema é que a exposição não é renovada e o museu permanece parado no tempo”, diz. Além da falta de infra-estrutura e da má conservação das obras que abrigam, não existe nos museus pernambucanos uma política sistemática de renovação do acervo. A aquisição de novas peças se dá, em geral, de forma pontual, quando surgem oportunidades específicas de adquirir coleções. O acervo do MAC é um exemplo de como isso é prejudicial para o desenvolvimento artístico do estado. Ele e o Museu de Arte de São Paulo (Masp) foram fundados na mesma época e pela mesma pessoa, o jornalista e empresário Assis Chateaubriant, que doou parte de sua coleção às duas instituições. O Masp é hoje um dos mais importantes museus de arte moderna do país, com acervo que compreende obras da escola italiana, como Rafael, Botticelli e Bellini, de pintores espanhóis, como Velásquez e Goya, e impressionistas franceses, como Renoir, Manet, Monet, Cézanne e Degas, para não citar outros grandes nomes da história da pintura. Enquanto o MAC segue fechado pelo estado crítico em que se encontravam suas instalações e acervo. Cristiana Tejo, atual diretora do Museu
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de arte Moderna Aloísio Magalhães (Mamam), chama atenção para a ausência dessa política de aquisição de acervo no Estado. “Nós estamos sempre à beira de perder coleções, porque não temos verba para comprar”, diz. Hoje, o Mamam busca recursos para adquirir obras de Paulo Bruscky, reconhecido como um dos mais importantes artistas locais dos anos 60 e 70. Ele vai realizar uma grande exposição em São Paulo ainda este ano e as obras estarão à venda. “O nosso grande medo é que elas sejam compradas por um museu de São Paulo”, confessa Cristiana Tejo, acrescentando que o Mamam encaminhou um projeto para compra das obras e agora espera resposta.
A maior parte das verbas destinadas aos museus brasileiros parte dos cofres públicos O caminho mais comum, no entanto, é fazer essas aquisições através de doações. A direção do museu procura os artistas e expressa o interesse por determinada obra, mas, conta a diretora, muitas vezes não recebe exatamente a peça que gostaria porque aquela é, em geral, a mais interessante e o artista não se propõe a doar. O museu acaba recebendo uma obra menos significativa, o que diminui seu “poder de fogo”.
O MAC, em Olinda, tem dificuldades para manter o acervo e as instalações
Alternativas de gestão - Para contornar o problema da falta de recursos, a solução encontrada por muitas instituições é a participação da sociedade civil nas associações de amigos dos museus. Trata-se de entidades sem fins lucrativos que auxiliam os museus nas questões administrativas e de captação de recursos, seja para adquirir novas obras, seja para reformas ou planejamento de novas exposições. Ainda assim, a maior parte das verbas destinadas aos museus brasileiros vem dos cofres públicos. Quando as sociedades de amigos dos museus empenham-se em captar recursos, elas o fazem com base em leis de incentivo à cultura, como a Lei Rouanet. Nos casos de parceria, ainda são primordialmente empresas públicas que fecham contratos, e a iniciativa privada permanece afastada desse processo. “A Petrobras nos apóia bastante, o Banco do Brasil também, mas empresa mesmo é muito difícil”, comenta a diretora do Mamam. Atualmente, a biblioteca do Museu do Estado passa por uma restauração também com o apoio do Banco do Brasil. As direções dos museus não identificam interesse da iniciativa privada em apoiar os projetos e queixam-se da falta de visão cultural do empresariado. Por outro lado, a baixa visitação das instituições de arte e, conseqüentemente, a pouca
visibilidade que a marca conseguiria alcançar desencorajam possíveis patrocinadores. O Mamam tem uma freqüência anual de cerca de 12 mil visitantes, um número pequeno se comparado a outros museus de arte contemporânea do país. Cristiana Tejo, contudo, acredita que o alcance do museu não pode ser medido por números. “Como o público de arte contemporânea ainda é pequeno, os investidores pensam que não vão ter retorno, mas o que eles não entendem é que podem vir a ter no futuro porque este seria um investimento na educação”, diz. A discussão sobre os motivos que levam à baixa visitação das instituições de arte diverge em vários aspectos, dependendo do foco da análise. Contudo, um dos erros comuns ao se abordar o tema é falar dos museus como locais elitistas e antidemocráticos, pois eles se encontrariam distantes das classes mais pobres. Nos museus pernambucanos, assim como em todo o Brasil, o público visitante é majoritariamente composto por escolas e, especialmente, por escolas públicas, que participam de programas em que instituições de ensino e de arte agendam visitas periódicas e monitoradas. Tais programas são fundamentais para manutenção desse público, mas a problemática da baixa visitação tem raízes mais profundas. Para o historiador Leonardo Dantas, que dirigiu o Museu do Estado e o MAC, além de ter assumido a Secretaria
de Cultura entre 1973 e 1979 e hoje prestar consultoria para o Instituto Ricardo Brennand, o que leva à baixa visitação dos museus em Pernambuco é, por um lado, a falta de informação. Segundo ele, “nosso povo não é educado para as artes, para a história e, por isso, há um grande desinteresse pelo passado de Pernambuco”. Por outro lado, os museus não têm condições de atrair visitantes. “É caro manter um museu, porque você tem que mantê-lo com bons monitores, boas informações, mas também ir atrás do público”, complementa o historiador.
“Nosso povo não é educado para as artes, para a história” Segundo Margot Monteiro, para atrair esse público espontâneo que está distante das salas de exposição, falta uma forte estratégia de marketing direcionada aos turistas e ao cidadão. Para o primeiro grupo, seria necessário suprir as lacunas de infra-estrutura e material sobre as mostras. Um turista que chega hoje ao Estado dificilmente é encaminhado às instituições de arte e, quando isso acontece, não encontra material explicativo no seu idioma nem é guiado por um instrutor com conhecimentos em outras línguas, por exemplo. Já para atrair o cidadão comum, a sugestão seria criar uma atmosfera cultural que buscasse uma integração
Para Cristiana Tejo (esq.), do MAMAM, o público de arte contemporânea ainda é pequeno
da sociedade ao cotidiano do museu. Isso poderia ser alcançado com cursos, área de lazer, biblioteca ativa, promoção de eventos, entre tantas outras ações que dinamizariam a vida dos museus. Acervo de colecionador - Em Pernambuco, o Instituto Ricardo Brennand tem uma freqüência que o coloca junto aos cinco museus mais visitados do país. Por mês, uma média de 17.100 pessoas passeiam pelos jardins e corredores do museu, observando a coleção particular do industrial Ricardo Brennand. Fazem parte do acervo 18 quadros do pintor holandês Franz Post – a maior coleção particular desse artista –, uma exposição sobre arte brasileira no século XIX, com os grandes nomes da missão francesa representados, além de uma coleção de armas brancas com mais de três mil peças. Segundo Leonardo Dantas, a instituição adquiriu no mês de agosto duas peças da Roma Antiga, século II, para se juntar ao sarcófago do século I que já fazia parte da coleção. O Instituto recebeu a escultura de uma matrona e de um pretor romano. “É o acervo de um colecionador e o colecionador está sempre querendo recife antigo RECIFE MODERNO 15
O Instituto Ricardo Brennand é um dos cinco museus mais visitados no Brasil
mais”, comenta, ao falar sobre a constante renovação da coleção. Além de uma política sistemática de aquisição de novas peças, a instituição está localizada em um castelo construído no bairro da Várzea, o que, por si só, já atrai visitantes. O instituto é dotado de uma infra-estrutura agradável, com climatização e iluminação pensadas não apenas para conservar as obras, mas também para trazer o maior bem-estar aos visitantes. O resultado reflete-se no público. Por se tratar de um instituto particular e mantido por seu patrono, contudo, é difícil fazer a comparação entre ele e as demais instituições públicas do Estado. É uma luta desleal, já que não existe o problema central da falta de recursos. À pergunta se existe um museu público brasileiro que possa servir como exemplo de instituição bem-sucedida, Cristiana Tejo, do Mamam, responde citando a Pinacoteca do Estado de São Paulo. “Eu vou constantemente a São Paulo e percebo que as pessoas se sentem mais orgulhosas dos museus que têm”. Para ela, “isso se reflete na própria elite, que adota os museus, e eles se tornam símbolos de status e de dignidade”. 16 recife antigo RECIFE MODERNO
A Pinacoteca tem hoje uma média de visitação de 35 mil pessoas por mês. No seu acervo, de cerca de 4 mil peças, encontram-se obras de artistas como Candido Portinari, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Anita Malfatti e Victor Brecheret. Depois da reforma geral por que passou em meados da década de 90, quando teve seus salões e telhado restaurados, pátios internos cobertos e foi instalada uma iluminação específica, a instituição já trouxe à cidade exposições de peso, como as que realizou com obras do espanhol Joan Miró e do escultor francês Auguste Rodin.
“O incentivo deve ser pensado a longo prazo, de forma ampla” De acordo com Taisa Palhares, curadora da instituição, a Pinacoteca não é auto-sustentável, dependendo da injeção direta de recursos do Estado. De sua verba total, 52% correspondem ao contrato de gestão com a Secretaria de Cultura do Estado; 40,8% a patrocínios, em sua maioria pela Lei Rouanet; 4% à bilheteria; e 3,2% à venda de suvenires e catálogos. Com esses recursos, a Pinacoteca tem uma política de aquisição de acervo, de cuidados básicos com manutenção, conservação e restauro, além do trabalho de pesquisa e documentação das obras. Para aperfeiçoar o funcionamento de
um museu, são muitos os caminhos, e o diagnóstico depende de cada caso. Porém, para a curadora, “é preciso que o poder público compreenda que, sem a manutenção de um corpo técnico especializado, bem remunerado e com plano de carreira e formação nenhuma instituição funciona”. Ou seja, apenas receber recursos de leis de incentivo à cultura para exposições temporárias não seria suficiente para melhorar o desempenho das instituições. “O incentivo deve ser pensado a longo prazo, de forma ampla e não apenas em forma de patrocínio para exposições”, complementa. Se a visibilidade de mostras, exposições e produções artísticas pernambucanas é restrita dentro do próprio Estado, a repercussão desses eventos em outras regiões é ainda menor. “Às vezes sabemos mais do que acontece em centros internacionais, como Londres, Paris ou Nova Iorque, do que em Recife ou Salvador”, comenta Taisa Palhares. Numa cidade com 1,5 milhão de habitantes como o Recife, sem contar o seu entorno, não faltam pessoas interessadas em arte ou, simplesmente, à procura de um entretenimento educativo para o fim de semana. Para atrair esse público espontâneo, no entanto, são necessários investimentos não só em bens materiais, mas também em bens imateriais. No impasse entre museus carentes de recursos e a ausência de patrocinadores, alguém terá que dar o primeiro passo.
recife moderno
na tranqüilidade de Casa Forte
Edifícios Engenho Guimarães e Engenho Casa Forte valorizam ainda mais a moradia no bairro mais nobre da Zona Norte Carlyle Paes Barreto Ilustrações: MV3D
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epois do grande sucesso do Engenho do Prata, Casa Forte volta a receber dois empreendimentos de alto padrão: o Engenho Guimarães e o Engenho Casa Forte, ambos nas imediações da Estrada das Ubaias. O duplo lançamento da Moura Dubeux atinge a todas as necessidades dos clientes cativos. Um dos prédios é de quatro quartos e o outro, de três quartos. Ambos têm praticamente a mesma infra-estrutura e equipamentos de lazer e ficam bem próximos um do outro. O grande atrativo dos lançamentos são a localização e a área em comum. O Engenho Guimarães tem acesso pela Estrada do Encanamento e pela Rua Dr. Genaro Guimarães, enquanto o Engenho Casa Forte, quase defronte, fica entre a Dr. Genaro e a Rua Raimundo Frexeiras. “O que mais chama atenção é a tranqüilidade do lugar. Fica numa área central e pacata”, diz a arquiteta Raíssa Falcão. “Você tem a comodidade de Casa Forte sem o estresse, o barulho da Av. 17 de Agosto”, acrescenta. Realmente a localização é privilegiada. Uma área repleta de verde, sem trânsito, mas bem próxima de supermercados, shopping, bons colégios, clube, 18 recife antigo RECIFE MODERNO
Edf. Engenho Casa Forte
cinemas e cursos de línguas. Sem falar no Parque da Jaqueira. Com duas plantas, uma de 156m2 e outra de 159m2, o Engenho Guimarães possui quatro quartos, todos suítes. São duas vagas na garagem, 33 pavimentos-tipo, dois apartamentos por andar, sala para dois ambientes, varanda, copacozinha, dependência de serviço completa e três elevadores, sendo dois sociais. Já o Engenho Casa Forte é mais enxuto. Os três quartos, com uma suíte, têm 107m2. E oferece basicamente o mesmo padrão: duas vagas na garagem, dependência completa, varanda, copa-cozinha, sala para dois ambientes e dois elevadores sociais e um de serviço. São três apartamentos por andar, em 35 pavimentos-tipo. “O normal de apartamentos de três quartos é que eles sejam acanhados. Mas o produto da Moura Dubeux é grande. A área de lazer é generosa, com muito verde e com a taxa de condomínio barata”, diz o gerente comercial da construtora, Tony Vasconcelos. “Se fosse um carro, o Engenho Casa Forte seria um compacto premium. Seria um A3, enquanto o Engenho Guimarães seria um A4”, comparou, referindo-se aos modelos de luxo da montadora alemã Audi.
Ed. Engenho Guimarães
Ed. Engenho Casa Forte
33 pavimentos-tipo 2 apartamentos por andar 156m² ou 159m² de área por apartamento 4 suítes Sala para dois ambientes Varanda Dependência completa para empregada 3 elevadores (2 sociais) 2 vagas na garagem Área de lazer com piscina, deck infantil, fitness, quadra, salão, espaço gourmet, jardim e playground
35 pavimentos-tipo 3 apartamentos por andar 107 m² de área por apartamento 3 quartos (1 suíte) Sala para dois ambientes Varanda Dependência completa para empregada 3 elevadores (2 sociais) 2 vagas na garagem Área de lazer com piscina, deck infantil, fitness, quadra, salão, espaço gourmet, jardim e playground
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artigo
Desenvolvimento tecnológico x desemprego Atualmente, a tecnologia pode atender a mais demanda sem contratar ninguém, sem aumentar o efetivo humano e os postos de trabalho Marcos Alencar Ilustração: Divulgação
E
m todo o mundo, muito se comenta a respeito das causas do desemprego, problema que aflige milhões de trabalhadores, causando péssimas conseqüências para humanidade. Citaria como causas mais comuns e visíveis a ausência de emprego, a miséria e a criminalidade. O incentivo governamental, a flexibilização das leis trabalhistas para quem emprega e um embate mais permanente com a concorrência desleal imposta pelo fenômeno da globalização são alguns dos possíveis caminhos a serem trilhados. Mas será que é só isso que impede o surgimento de mais emprego? Infelizmente não. Existe um inimigo oculto, mais robusto, que vem atuando contra o crescimento dos níveis de emprego, desconhecido pela maioria da população, que é o denominado “desemprego tecnológico”. É evidente que não somos contrários à esse tipo de desenvolvimento, pois ele proporciona muitos benefícios indiretos, além do conforto e praticidade. Mas não podemos esquecer que, por trás desses enormes benefícios, existem conseqüências maléficas. Basta perguntarmos a nós mesmos o que seria da humanidade sem todo o 20 recife antigo RECIFE MODERNO
aparato tecnológico de hoje, desde situações mais corriqueiras, como fazer uma ligação via telefone celular, enviar um e-mail, fazer uma transação bancária, sem falar do conteúdo de informação disponibilizada na internet, do uso de palmtops, notebooks, entre outras ferramentas. Imagine, por exemplo, quantos trabalhadores não perderam o emprego ou deixaram de trabalhar como empregados no segmento da vigilância patrimonial, diante da invasão das câmeras, que trabalham associadas a modernos sistemas de gravação. E os vários estacionamentos de veículos em grandes metrópoles de países desenvolvidos, que funcionam com um único operador, muitas vezes a distância? E os operários robôs das linhas de produção nas indústrias?
O aprendizado de novos ofícios e técnicas é a salvação para os “sem-empregos” Podemos citar ainda os avanços da tecnologia da informação (TI), que, associados às novas técnicas gerenciais, tornam inúteis várias funções burocráticas que antes eram imprescindíveis para controle e gerenciamento das empresas; e os call centers eletrônicos, que
dispensam a existência de qualquer telefonista (a exemplo do telefone 03111102 da cidade de São Paulo), e uma voz eletrônica conversa com o usuário, respondendo às mais variadas perguntas? Todas essas ações praticadas por esse “inimigo oculto” estão sendo ignoradas pela classe política, que deveria também estar desenvolvendo estratégias de ação para minimizar tais conseqüências, pois o caminho percorrido é sem volta e bastante atrativo. As categorias profissionais que mais sentem esse fenômeno são as mais qualificadas, pois suprimem toda uma cadeia de profissionais, em busca da já conhecida redução de custos de produção. Com a rede mundial de computadores, acessada por ligações gratuitas ou extremamente baratas, seguras, que permitem transferir o trabalho de elaboração de software, análises financeiras, contábeis, de diagnósticos por imagens, etc., permitindo até a administração de fábricas a distância, é sem sombra de dúvidas uma ameaça. O caos que se projeta é preocupante. Se olharmos anos atrás, durante a Revolução Industrial, quando houve um impacto imediato, mesmo depois superado, pois toda a cadeia produtiva exigia muitos empregados, a máquina era ainda operada pelo homem. O aumento da produtividade
fazia os preços caír e a demanda crescer. E para atendê-la era preciso contratar mais gente. Mas isso pode estar perto de acabar. Atualmente, a tecnologia pode atender a mais demanda sem contratar ninguém, sem aumentar o efetivo humano e os postos de trabalho. Como pôde ser percebido, as novas tecnologias não substituem apenas os operários braçais, como também os mais especializados e pertencentes à hierarquia média das burocracias das empresas. Essas mais qualificadas, por sua vez, perdem o emprego e passam a disputar as vagas dos menos qualificados, e assim por diante. Os mais humildes são empurrados para fora do mercado, aumentando o contingente dos “excluídos”. Os reflexos não param por aí. É importante lembrar que os produtos fabricados nessas condições, em larga escala, precisam de excesso de demanda, e com menos pessoas empregadas e recebendo salários constantes, comprometese a compra do que se produz. A imprensa americana já aponta sinais de cansaço do consumo, diante do enfraquecimento da classe média mundial. A cada dia surgem mais ricos e mais pobres, esvaziando-se o
meio da pirâmide social. Os especialistas sobre o tema presumem que a única saída é repensar os conceitos da economia e não a política direta de reivindicação de interesses. Os trabalhadores devem lutar pela posse dos conhecimentos tecnológicos, que são a verdadeira fonte de poder da empresa capitalista da “nova economia”. O aprendizado de novos ofícios e técnicas é a salvação para os “sem-emprego”. Os ramos a serem explorados devem ser aqueles que ainda exigem o capital emocional, que os seres humanos detêm. É difícil imaginarmos a sensibilidade de um professor ao ministrar uma aula para seus alunos sendo substituída pelo computador, bem como um advogado eletrônico sustentando, perante um tribunal, os interesses dos seus clientes, ou um
computador psicólogo a entender as crises do seu paciente. Essas áreas, tidas como humanas, ainda tendem a sobreviver, diante da falta de interesse de adequação das máquinas, pois nesses segmentos profissionais o homem quer ser servido pelo homem. Idem na gastronomia e no artesanato. Enfim, cada dia mais será cobrado do profissional empregado um “talento único”. Apesar dos pesares, não podemos esquecer que empregos não se criam por decreto nem por imposições ditatoriais, mas sim por empresas e novos negócios. Esse ainda é o melhor caminho a se trilhar.
Marcos Alencar é advogado trabalhista.
recife antigo RECIFE MODERNO 21
de pernambuco para o mundo
a arte das mãos do Agreste Maior centro de artes figurativas das Américas, segundo a Unesco, o Alto do Moura, em Caruaru, mostra a beleza da cultura nordestina Paula Perrelli Fotos: Renata Victor
A
s mãos de simples artesãos são protagonistas de uma história de arte popular. Calejadas, hábeis, rápidas, minuciosas e firmes, elas têm o dom de transformar o barro do chão em objetos de rara beleza, retratando os costumes, a cultura e as cores da região. Mãos que se encontram aos 22 recife antigo RECIFE MODERNO
montes em um bairro de Caruaru, no Agreste pernambucano. Trata-se do Alto do Moura. Segundo a Associação dos Artesãos em Barro e Moradores do Alto do Moura, a região teve seu início na formação de um povoado, na época, com poucas casinhas pobres, à beira do Rio Ipojuca. Era chamado
de Bernardo. Foi quando a família Moura, vindo de outras terras, construiu alguns casebres na parte alta do morro. Aos poucos, o local passou a ser chamado Alto dos Mouras, até que toda a região ficou conhecida por Alto do Moura. Localizada em região montanhosa de vegetação de caatinga, a
Trabalho de Marliete Rodrigues
localidade dista apenas sete
cujas paredes são todas de barro.
quilômetros do Centro da cidade e
Por dia, é visitado por uma média de
representa hoje o maior aglomerado
100 pessoas.
brasileiro de artistas oleiros, ou seja,
Os temas predominantemente rurais
pessoas que se dedicam à produção
são legados de Mestre Vitalino,
de obras com o barro. Contabilizam-
que, para criar as peças, inspirou-
se em torno de 200 artesãos que
se nas cenas do povo simples que
sobrevivem apenas dessa arte. É
o rodeava. “Era o que ele gostava
considerado também, pela Unesco,
mesmo de fazer. Meu pai seguiu
o maior centro de artes figurativas
essa linha e hoje só produz peças
das Américas.
retratando o cotidiano do sertanejo.
O seu ambiente urbano é marcado
É uma arte rústica que não leva
por lojas de artesanato, instaladas
pintura”, explicou Emanuel Vitalino,
em casarios antigos, e por bares
artesão desde os 9 anos, neto do
e restaurantes, que servem as
mestre e filho do único herdeiro, que
iguarias do bode, seja ele assado
ainda trabalha com barro. Severino
ou cozido. A produção de peças
Vitalino, aos 67 anos, permanece em
utilitárias e figurativas se tornou
seu ofício. Seus irmãos, seis no total,
muito conhecida no mundo todo
abandonaram o trabalho por estarem
principalmente pela fama dos
idosos e não terem condições de
mestres Vitalino e Galdino.
prosseguir com a tradição.
Ambos tiveram suas casas
“Todos viraram artesãos, mas
transformadas em museu. O
pararam porque precisavam
Memorial Mestre Galdino é um deles.
descansar. Meu pai é o único que
O acervo remonta a trajetória de um
ainda está na ativa”, confirmou
dos artistas de grande destaque da
Emanuel Vitalino. Também artesão,
arte local. Também conhecido pela
o neto de Mestre Vitalino se dedica
poesia popular, Manoel Galdino
hoje a um filão de vendas: as
desenvolveu temas totalmente
bonecas de barro. Muito usadas
diferentes dos abordados pelos
como peça de decoração para
outros ceramistas de sua época,
residências, as obras podem vir
com destaque para o surrealismo,
em forma de dondoca, negras com
explorado em suas peças. Aberta de
cabelos de arame e africanas. “É
terça a sábado, recebe visitantes de
hoje o que está vendendo mais”,
todas as partes do mundo.
justifica o artista.
Já a Casa de Mestre Vitalino também é parada obrigatória na visita ao Alto
Barro de gerações -
do Moura. Reunindo fotos familiares
Incontestavelmente, a arte do barro
e objetos pessoais do artesão, o
atravessa gerações. A artista Marliete
local abriga a memória desse ícone
Rodrigues, 50 anos, tem uma
da cultura caruaruense. Construída
árvore genealógica de dar inveja a
em 1959, a casa serviu de residência
qualquer mortal. Seu pai, um dos
para Vitalino até a sua morte, em
primeiros seguidores de Vitalino, é
1963. Em 1971, criou-se o museu,
Zé Caboclo. Seu tio, Manuel Dócio, é
Severino é filho do Mestre Vitalino, e mantém a tradição do ofício; como Marliete Rodrigues (acima), filha de Zé Caboclo
recife antigo RECIFE MODERNO 23
outro artesão muito reconhecido na região. “São oito irmãos artesãos, 18 sobrinhos e 10 sobrinhos-netos que vivem do barro. Eu mesma comecei aos 6 anos”, contabiliza. Marliete conta que sua especialidade são as miniaturas. Detalhes e cores são com ela mesma. “Já passei 20 dias fazendo apenas uma cena. É o caso de uma quadrilha junina completa, que vem com 16 casais. Mas o que gosto mesmo na minha arte são as cores. Uso desde a brilhosa até a fosca e confesso que minha diversão é descobrir cores novas”, revela a artesã, que reconhece o poder da criatividade na feição do barro.
“Temos uma responsabilidade muito grande de não deixar essa obra de arte morrer”
Em tempos de pujança, a obra de arte produzida no Alto do Moura é exportada para países da Europa. Há alguns anos, o artesão Luís Antônio produziu 600 fuscas coloridos para exportar para a França. A encomenda fez tanto sucesso, que hoje o artesão prefere trabalhar dessa forma. Produz arte por encomenda. Segundo a esposa, Odete do Nascimento, 62 anos, que também é artesã, é a maneira mais segura de trabalhar na região. “Temos nossos fregueses que estão encomendando peças. Graças a Deus não temos problemas
“O mais importante em um artista
de dinheiro. Sobrevivemos todos do
é buscar a combinação de cores e
barro”, explicou. As peças podem
inventar sempre, nunca ter a idéia
variar de R$ 5 a R$ 5 mil.
de que já sabe muito. Todo dia é um
Segundo Odete, o barro pertence
momento para aprender”, aconselha.
a um terreno em São Caetano,
Ela diz que não conseguiria viver
município próximo de Caruaru, doado
sem o seu trabalho e se orgulha de
pelo Governo do Estado com o
fazer parte do Alto do Moura. “Tenho
objetivo de perpetuar a arte. A cada
preocupação conosco, pois temos
dois meses, Luís Antônio recebe a
uma responsabilidade muito grande
carga de um pequeno caminhão.
de não deixar essa obra de arte
Esse material dá conta da produção
morrer”, diz. A artesã confessa que
da família do casal, com dez filhos,
os tempos não estão dos melhores
todos artesãos. “É uma terapia
para o artesanato, mas espera que a
de vida maravilhosa. Eu amo meu
sorte retome o seu lugar. “As vendas
trabalho”, exalta a artista do Alto do
estão paradas”, lamenta.
Moura.
24 recife antigo RECIFE MODERNO
Luiz Antônio (acima) prefere a produção por encomenda; e mais uma obra ganha forma nas mãos de Severino Vitalino
from pernambuco to the world
art by the hands of the Agreste The biggest center of pottery art in the form of figures in the Americas (according to Unesco), the Alto do Moura in Caruaru, illustrates the beauty of Northeastern culture Translation: David Jonh Hunt
T
he hands of simple handicraftsmen are central figures in the history of popular art. Hardened, skilled, fast, meticulous and firm, they have the talent to transform clay in the ground into objects of rare beauty, portraying the habits, culture and colors of the region. Hands that join in abundance in a district of Caruaru, in the arid countryside of Pernambuco. It is the Alto do Moura - a plateau. According to the Pottery Artisan Association and to the residents of Alto do Moura, the region was born of a settlement which at the time had a few tatty houses along the banks of the Ipojuca river. It was called Bernardo. This was when the Moura family came from afar and built hovels on the high part of the plateau. Bit by bit the place became known as Alto dos Mouras and over time the whole area was given the name. Located in a mountainous region and covered in brushwood vegetation, this area is only seven kilometers from the city centre which today is considered the largest concentration of Brazilian pottery artists: those who are dedicated to producing works of art out of clay. There are around 200 artists who make a living from their work. The area is considered by Unesco to be the largest center of pottery art in the form of figures in the Americas. The urban environment is lined with handicraft stores, installed in old terrace houses, along with bars and restaurants that serve goat delicacies, cooked or roasted. The production of utilities and figurative pieces has become well-known around the world mostly due to the fame of masters Vitalino’s and Galdino. The houses of both are now museums. The Master Galdino Memorial is one to them. This heritage recounts the trajectory of one of the most respected and renowned local artists. Also known for popular verse, Manoel Galdino developed themes which were completely
different from those raised by the potters of his day, surrealism being explored in his work. Open from Tuesday to Saturday, visitors come from all over the world. Master Vitalino’s house is also a must for any visitor to Alto do Moura. Housing family photos and some of the handicraftsman’s personal possessions, the site shelters the memory of this Caruaruense cultural icon. Built in 1959, the house served as residence for Vitalino until his death in 1963. The museum, whose walls are made from clay, was opened in 1971 and is visited by around 100 people a day. Rural issues are predominant in Master Vitalino’s legacy and it was from the simple folk who he was surrounded with that he found the inspiration for his works of art. “It was what he really liked doing. My father followed this path and today only produces pieces that portray day to day life in the countryside.” “It is a rustic art form that remains unpainted,” explains Emanuel Vitalino, handicraftsman since the age of 9, grandson of the Master and son of the only offspring. Still working with clay at 67, Severino Vitalino remains loyal to his profession. His brothers, all six of them, have retired due to their age and difficulties in keeping the tradition alive. “All of them became handicraftsmen, but stopped because they needed the rest. My father is the only one who’s still active”, says Emanuel Vitalino. Also a handicraftsman, Master Vitalino’s grandson today dedicates his time to meeting the demand for a large number clay figure sales. Widely used as decorative ornaments in houses this art can come in the form of a dondoca (a type of female playboy), African and black figures with hair made from wire. “That’s what’s selling most nowadays,” claims the artist. Generations of Clay - Unquestionably, clay
art transcends generations. Fifty-year-old artist Marliete Rodrigues has a family tree that any mere mortal would be envious of. Her father, one of Vitalino’s first followers, is Zé Caboclo. Her uncle, Manuel Dócio, is another handicraftsman who is well-known in the region. “I’ve got 8 craftsmen brothers, 18 nephews and 10 grandnephews who make a living from clay. I myself started when I was 8,” she says. Marliete says her specialty is miniatures. Detail and colour is what she knows. “I once spent 20 days making just one scene. It was a northeastern folklore barn dance group complete with 16 couples. But what I really like about my art are the colours. I use glossy and opaque paints and I have to come clean and confess that I really enjoy discovering new colours,” the artist reveals as one who knows the importance and power of creativity on the character of clay. “The most important part of an artist’s work is in the quest for the right combination of colors and to always invent, never believing that you know more than you actually do. Every day is a learning experience.” She says that she would not be able to live without her work and that she is proud to be a part of Alto do Moura. “I do worry. We have a great responsibility to not let this art work die out,” she says. This craftswoman confesses that times are not the best for handicraft, but she hops that lady luck will once again shine her light. “Sales are very slow,” she laments. In times of exuberance, the works of art produced at Alto do Moura are exported to countries in Europe. A few years ago the craftsman Luís Antonio produced 600 VW Beetles for export to France. The order was so successful that today the artisan prefers to work this way: producing art on a made to order basis. According to his wife Odete do Nascimento (62), who is also a craft artist, it’s the best way to work in the region. “We have customers who order pieces. Thank God we don’t have any money problems. We all make a living from clay,” she explains. The pieces can vary in price from R$5 to R$5,000. Odete tells us that the clay comes from an area of land in São Caetano (a municipality near Caruaru) donated by the state authorities and aimed at promoting this art form. Every two months Luís Antonio gets a small lorry load of clay. The material covers the couple’s and their ten children’s needs: all of them are crafters. “It’s a wonderful form of life therapy. I love my work,” the Alto do Moura artist exclaims.
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responsabilidade
orquestra de vida Projeto que alia música e cidadania muda o cotidiano de meninos e meninas do Coque, uma das comunidades mais carentes do Recife Júlia Nogueira de Almeida Fotos: Renata Victor
P
ara quem é recifense ou conhece bem a cidade, seria difícil imaginar, há alguns anos, a existência de uma escola de música clássica na comunidade do Coque, umas das mais carentes e violentas do Grande Recife – sem qualquer tradição musical erudita e famosa pela condição de extrema 28 recife antigo RECIFE MODERNO
vulnerabilidade social a que estão expostos seus habitantes. Portanto, não é estranho que muita gente considere improvável reunir, na mesma localidade, formação musical de qualidade e educação básica para crianças e jovens – elementos que destoam do cenário de violência, tráfico de drogas, fome, pobreza
e quase todo tipo de carência da comunidade, localizada na Ilha Joana Bezerra, uma área estratégica do Recife, entre o Centro e a Zona Sul. Desde agosto do ano passado, essa realidade começou a mudar, graças a um projeto social ousado. O nome do projeto é Orquestra Criança Cidadã dos Meninos do Coque, que fez sua primeira apresentação pública no dia 20 de agosto de 2006, na sede do Complexo Industrial Portuário de Suape, a 40 quilômetros do Recife, para uma platéia de autoridades e empresários. A orquestra é fruto da iniciativa de um grupo de pessoas que tem como representante o juiz pernambucano e coordenador do projeto, João José da Rocha Targino - uma daquelas pessoas que não ficam à espera de uma solução pública para um problema que é de todos. E é uma das iniciativas apoiadas pela Associação Brasileira
Primeiros acordes - O pequeno Felipe Ferreira, 8 anos, ao violino
da Criança Cidadã (ABCC), presidida pelo desembargador Nildo Nery, com sede no Tribunal de Justiça de Pernambuco. Com foco na profissionalização dos jovens que forma, a orquestra atende, de segunda a sábado, 100 crianças e adolescentes, sendo 75 meninos e 25 meninas, com idade de 6 a 15 anos, que aprendem a lidar com instrumentos clássicos, como viola, violino, violoncelo e contrabaixo. A escolha dos instrumentos de corda não é aleatória. Eles foram privilegiados visando dar maiores chances de empregabilidade aos músicos a longo prazo, uma vez que quase 70% de uma orquestra sinfônica é formada por esse tipo de instrumento. Na sede da orquestra, construída pelo Exército dentro do 7º Depósito de Suprimentos (DSUP), na Cabanga, também há espaço para assistência psicológica, três refeições diárias, reforço escolar, noções de educação básica, higiene e até de etiqueta. Sempre que possível, quando há apoio, organizam-se passeios a parques, teatros, museus e outros equipamentos culturais para os alunos do projeto. Na orquestra, o lema é “disciplina, aproveitamento e humildade’. E todo mundo segue à risca. Todas as atividades são oferecidas sem nenhum custo aos alunos e ainda há ajudas esporádicas às famílias dos jovens músicos, a exemplo da doação de cestas básicas. Os pais também participam ativamente do projeto e seu acompanhamento é essencial para o progresso dos filhos. De acordo com o coordenador musical da orquestra, o maestro Cussy de Almeida, que conta com o suporte de professores e monitores,
a linha de ensino adotada é uma adaptação do método Suzuki (muito usado em países da Europa, Estados Unidos, Japão e Austrália) à realidade de países de Terceiro Mundo, mundo como o nosso.
Para fazer parte da orquestra é preciso estar em dia com a escola e ter boas notas Cussy de Almeida explica que, em seu formato tradicional, o método Suzuki preconiza que os pais freqüentem as aulas de música junto com os filhos para depois treinar com eles toda a teoria das lições em casa. “Passei muitos anos pesquisando uma maneira de adaptar o método até conseguir o formato que temos hoje. Muitos pais ainda têm preconceito porque não vêem a música como um caminho para a profissionalização dos filhos. Mesmo assim, o sucesso desta adaptação é pleno, o progresso dos meninos é notável e eu fico muito gratificado com isso”, afirma. Em dia com a escola - De acordo com o coordenador João José da Rocha Targino, além de morar no
Coque, para fazer parte da orquestra é preciso estar em dia com a escola e ter boas notas: a idéia é que o jovem estude pela manhã ou à tarde e, no turno em que não teria nada para fazer em casa ou na rua, participe das atividades do projeto. “Outro cuidado nosso é a preocupação em inserir os pais ou responsáveis pela criança nesse processo de educação. Com isso, acabamos por promover uma mudança geral na estrutura das famílias e da própria comunidade, graças ao grande poder de irradiação dos meninos”, explica. Estima-se que, diretamente, o projeto beneficie cerca de 500 pessoas somente nas famílias dos alunos. Se forem incluídas as indiretamente beneficiadas e os parceiros da iniciativa, chega-se a mais de 2,5 mil pessoas. A mudança relatada pelo coordenador pode ser traduzida no tamanho da fila de espera de crianças que aguardam uma vaga para entrar na Orquestra. A demanda é diária. No último teste, realizado em 27 de junho, havia 58 crianças na disputa por cinco vagas. Targino diz que, como o objetivo da Orquestra Criança Cidadã dos Meninos do Coque é fazer a formação musical dos jovens em cinco anos, não sobram vagas de um ano para outro – a não ser que recife antigo RECIFE MODERNO 29
Em família - Os irmãos Rafael Felipe, de 14 anos, e a irmã, Bianca Karolyne, 10, aprendizes da música
Mestre - João Batista, de 80 anos, domina a arte da Lutheria desde 1950
haja algum desligamento de aluno por indisciplina, não-adaptação ou mudança do bairro – o que é raro. Não se trata de uma iniciativa meramente filantrópica, tampouco assistencialista. Para ingressar, as crianças passam por testes de aptidão musical. Como o que se pretende é formar profissionais para o mercado, quem não tem jeito para a coisa não fica. A auxiliar de serviços gerais Rosana Maria da Silva, de 28 anos, teve sorte. Seus dois filhos, Robson, 9 anos, e Rilkson, 8, conseguiram uma 30 recife antigo RECIFE MODERNO
vaga na orquestra logo no início das atividades do projeto. “Dei graças a Deus por termos conseguido. Depois da orquestra, os meninos mudaram o comportamento e até sonham em um dia comprar uma casa grande para nós”, diz ela. Outro caso de irmãos que tocam juntos é o de Bianca Karolyne, 10 anos, e Rafael Felipe, 14. O primeiro a entrar no projeto foi Felipe, que, mesmo sem qualquer garantia de que a irmã seria aprovada no teste de aptidão musical, começou a ensinar-lhe algumas noções de violino em casa. “Quando surgiu a oportunidade, eu vim e fiz o teste. Aqui, além de ler partitura, a gente aprende as quatro operações matemáticas e tem reforço nas tarefas da escola”, explica Bianca, a caçula de olhos grandes e curiosos. Outra mãe de aluno, Ângela Maria de Souza, 37 anos, mãe de Kedson, 11, relata as mudanças observadas no comportamento do filho após o ingresso no projeto: “Antes da orquestra ele vivia brincando na rua e, quando estava em casa, só queria saber de televisão. Hoje ele não falta às aulas de música de jeito nenhum e se tornou um menino mais calmo. Todos os dias ele se acorda cedo sozinho para chegar ao projeto pontualmente às sete horas. Nem preciso mais ficar chamando”, conta.
Pai presente - Apesar de a maior parte dos responsáveis pelas crianças em contato com a orquestra ser as mães, tias e avós, alguns pais também se engajam e fazem questão de acompanhar de perto o desenvolvimento musical e escolar dos filhos. É o caso de Ronaldo Cruz, 29 anos, vigilante de uma empresa de segurança privada, que, sempre que pode, acompanha Ronald, 9 anos, às aulas de violino na orquestra. “Durante a semana, por causa do trabalho, fica mais difícil eu vir, mas todo sábado faço questão”, conta. A maestrina Cármen Lúcia Amorim e o professor de violino Diogo Vasconcelos concordam ao comentar a evolução no nível de interesse, aprendizagem, comprometimento e comportamento dos alunos. “Na orquestra, muitos meninos e meninas desenvolveram verdadeira paixão pela música. Alguns se esforçam bastante e progridem muito, mas o mais importante é que aqui eles aprendem a seguir o caminho correto da vida, ter boa índole e respeitar os colegas”, dizem os profissionais. Além do amor à causa, do talento, da competência e da paciência de todos os profissionais envolvidos, o sucesso do projeto da Orquestra Criança Cidadã dos Meninos do Coque se deve a uma variável sem a qual não seria possível seguir em frente: o apoio e a adesão da comunidade. Um personagem que pode ser apontado como símbolo dessa interação entre os idealizadores da orquestra e a comunidade é André Luiz de Oliveira, 48 anos, presidente do Conselho de Moradores do Coque e voz ativa entre as lideranças da localidade. André é secretário da orquestra e responsável por fazer o elo entre o
Infra-estrutura é boa, mas faltam recursos O custo mensal de manutenção do projeto Orquestra Criança Cidadã dos Meninos do Coque é de R$ 100 mil. Apesar do apoio de empresas da iniciativa privada, como Chesf, CNI, Celpe e Copergás, os recursos são insuficientes para manter a infraestrutura de cinco salas de aula, um auditório, uma sala para manutenção de instrumentos (luteria), secretaria, projeto e os moradores do Coque. Muitas vezes cabe a ele a tarefa de apaziguar os ânimos de mães ansiosas por uma vaga para os filhos. “Um exemplo concreto disso são os pais que batiam nos filhos quando eles faziam alguma coisa errada. Depois de muito esclarecimento, hoje eles já entendem que bater não adianta, que é melhor conversar. Tem também a história do casal que estava para se separar, mas que mudou de idéia depois que o filho começou conosco. Esse tipo de coisas são as nossas vitórias”, comemora. Maestro de sonhos – Outra figura fundamental na história da orquestra e na vida dos meninos e meninas atendidos por ela é o maestro Cussy de Almeida, uma mistura de padrinho, amigo e professor rigoroso, que, todo sábado, chega para um ensaio que entra tarde adentro. Nesses ensaios, é curioso observar que, mesmo com a disciplina e o rigor próprios de quem tem 66 anos de profissão (ele começou ao piano, aos 5 anos de idade), o maestro Cussy de Almeida não perde a ternura e, como um aluno que se inicia na técnica, observa atento, vibra e sorri junto com a turma diante de um solo impecável de um dos
pupilos ao violino. “Esses meninos são de um sucesso assombroso. Em todos esses anos de carreira, nunca vi nada parecido com alunos que têm pouco mais de um ano de prática. Hoje, o desenvolvimento deles é equivalente ao de alunos com mais de dois anos de aulas”, repete, confessando-se envaidecido e orgulhoso. O ensaio é uma festa para olhos e ouvidos. Mesmo prendendo o riso nervoso diante da reprimenda do professor, ao final de cada execução, os jovens músicos sorriem de satisfação (e alívio) diante da aprovação do maestro. Nesse momento, já não são apenas professor e alunos. São cúmplices na arte que os aproxima. “Essas crianças estão irremediavelmente inoculadas pelo vírus da arte. Esta orquestra é a prova de que, quando se quer, se faz”, arremata o maestro.
sala de estar, espaços para reforço escolar e atendimento psicológico e banheiros. De acordo com o juiz João José da Rocha Targino, uma das principais dificuldades é o fato de não haver uma fonte de custeio permanente para o projeto. Mesmo assim, segundo ele, as empresas interessadas em colaborar podem fazer doações ou ainda destinar recursos para a orquestra por meio do Fundo Estadual da Criança e do Adolescente. Neste caso, 1% do que é pago pelas empresas a título de Imposto de Renda é diretamente destinado à orquestra, sem nenhum ônus para a doadora. Para pessoas físicas, o limite dessa contribuição sobre o Imposto de Renda é de 6%. Alguns jovens do projeto já
Serviço: Orquestra Criança Cidadã dos Meninos do Coque Conta corrente para captação de recursos: Banco do Brasil, agência 1850-3, conta 10674-7 Mais informações: Tel.: 3428.7600
orquestracriancacidada@gmail.com
começam a ser convidados para se apresentar em festas e eventos particulares. Entre os planos do projeto estão a possibilidade de abrir uma nova turma em 2009 (caso haja recursos disponíveis para isso) e a criação de um telecentro de informática com dez computadores doados pelo Banco do Brasil. recife antigo RECIFE MODERNO 31
gastronomia
vinhos no Nordeste: mercado em expansão Para atender à demanda e à disseminação da cultura do vinho, a oferta de marcas nacionais e importadas de qualidade cresce rapidamente Joana Rodrigues Fotos: Inês Campelo e Renata Victor
N
o final do século XIX, o escritor francês Alexandre Dumas (filho) afirmava que “o vinho é a parte intelectual da refeição”. A frase entrou para a história e ainda hoje é freqüentemente retomada pelos apreciadores de um bom vinho. Isso se deve não só ao fato de essa bebida carregar uma carga cultural e trazer consigo histórias de uma região e de uma época, mas também por ser impossível saber tudo sobre a complexa e saborosa arte da degustação. No Brasil, a cultura do vinho só há pouco tempo começou a se infiltrar e a tocar grande parte da sociedade. O maître e sommelier Otoniel Abílio da Costa, que hoje trabalha no Wiella Bistrô, conta que, antes da década de 70, a cultura do vinho estava muito distante da realidade brasileira devido aos preços abusivos que se praticavam. “Não se pode cobrar 300% em cima de um produto, como os restaurantes faziam naquela época”, lembra. Devido ao alto custo, o consumo de vinho era reduzido e as adegas não tinham a rotatividade necessária para gerar lucro, o que possibilitaria a aquisição de novos rótulos e o aumento da capacidade de armazenamento. Hoje a realidade é outra. Apesar de o consumo per capita no Brasil permanecer estável, a demanda por vinhos secos e de qualidade vem aumentando. “Atualmente o mercado de vinhos no Recife está me animando muito. As pessoas estão dando preferência ao vinho e também está crescendo a procura por cursos, palestras, etc. As casas preocupam-se
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em contratar chefes e sommeliers de outras regiões para virem para cá”, confirma Otoniel da Costa. O vinho atualmente é um ótimo negócio e a produção nacional vem crescendo em quantidade e qualidade. O sommelier, porém, ainda acha que o consumo no país está muito orientado pelo status, o que prejudica os vinhos nacionais. De acordo com essa perspectiva, as pessoas acham que, ao tomar um vinho estrangeiro, estão tomando um vinho melhor, “mas aqui temos produtos de muito boa qualidade”, argumenta Otoniel. “O Brasil produz espumantes maravilhosos e eles deveriam até ser mais bebidos por nós, porque nosso clima tropical requer uma bebida com frescor”, acrescenta o maître e sommelier. No Nordeste, as empresas que trabalham com a distribuição de vinhos ainda enfrentam alguns desafios em relação ao mercado. Segundo Fabrício Navarro, representante da Ingá Distribuidora, muitos daqueles que estão neste ramo não dispensam à bebida os cuidados de que ela necessita para conservar as suas características originais. “Trabalhar com vinho é complicado porque, por
exemplo, nós estamos investindo num depósito pra 300 mil garrafas, todo climatizado, umidificado, enquanto tem concorrente por aí que trata o vinho de qualquer forma, que não respeita o produto”, diz. Concedendo ou não a atenção necessária ao vinho, as empresas lançam seus produtos no mercado e confiam no ainda grande desconhecimento do público consumidor. Só há um mercado desenvolvido e profissionalizado quando os consumidores são também apreciadores. Em Pernambuco, a Associação Brasileira de Sommeliers (ABS) já oferece cursos que vão do básico, indicado para os leigos na arte da degustação, aos específicos e direcionados a profissionais da área. Fabrício Navarro é vice-presidente da instituição e encoraja a procura por esses cursos. “O vinho abre um leque de relacionamentos absurdamente grande. Quem procura vinho procura cultura, informação”, incentiva. O curso básico, de dois meses, custa em média R$ 300. Um investimento inicial para quem, como Alexandre Dumas, acredita que não há uma boa mesa sem um bom vinho.
1.
sabor de primavera 1. A creperia Montmartre é um
Prato bem servido e indicado para
cebolinha picados. Acompanha
pedaço de Paris no bairro de Casa
os amantes da carne que querem
uma salada de folhas temperadas
Forte. Cada crepe leva o nome de
experimentar um bom crepe.
com azeite oriental, feito com azeite, vinagre balsâmico, pasta de soja,
uma estação de metrô da Cidade Luz, e o charme, sem luxo, lembra
2. O bairro do Espinheiro ganhou,
os pequenos bistrôs franceses. A
em março, mais um espaço que
qualidade dos crepes é garantida
reforça a aura charmosa da região.
3. O restaurante Frida une o charme
pelo bom gosto dos chefs Cecília
Ambientado em um casarão dos
contemporâneo à sempre bem-vinda
Montenegro e Patrick Lamarié, que,
anos 1940, o Villa une um espaço
culinária mexicana. Um exemplo
nesta edição da RARM, indicam o
aconchegante – com iluminação
disso é o Frida al mare, receita
la defense. Com finas tiras de filé,
intimista e decoração elegante
do chef Leando Ricardo. O prato
rodelinhas de batata, cogumelos de
– às receitas do prestigiado chef
é comemorativo dos 100 anos de
Paris refogados, queijo emental e
Joca Pontes. O prato desta edição
Frida Kahlo – pintora mexicana que
creme de iogurte, o crepe é fechado
é um convite a esse universo
empresta o nome ao estabelecimento
e, por cima, uma pequena salada de
gastronômico. A omelete felicidade
– e sua receita, à base de camarões
alface-americana, rúcula e tomate
tem recheio de pimentão e abobrinha
assados e servidos sobre galletas
seco faz o acompanhamento.
assados, cogumelo shitake e
crocantes de risoto. Para dar o
cebola picadinha e gengibre.
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2.
toque final, adiciona-se funduta de queijo, feita com quatro tipos de queijo ralado que vão ao fogo até se fundirem. Além do maravilhoso sabor, o Frida al mare reserva uma surpresa para os interessados. Quem degustá-lo levará como lembrança um prato de porcelana pintado à mão.
3.
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Serviço: Associação Brasileira de Sommeliers - Pernambuco (ABSPE) http://www.abs-pe.com.br/ Tel.: (81) 3463.8242 Ingá Distribuidora Tel.: (81) 3326.3858 Wiella Bistrô Av. Domingos Ferreira, 1274, lj. 14 a 16, Boa Viagem. Tel.: (81) 3463.3108
Montmartre Rua Alfredo Fernandes, 61, Casa Forte Tel.: (81) 3268.7278 Villa Rua da Hora, 330, Espinheiro - Recife Tel.: (81) 3426.2902 Frida Rua Capitão Rebelinho, 434, Pina Recife Tel.: (81) 3326.8266
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estilo de vida
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as lições de Ary Diniz O fundador do Colégio e da Faculdade Boa Viagem é um exemplo de educador bem-sucedido Roberta Jungmann Fotos: Leonardo Felipe
E
mbora seja hoje um dos maiores empresários da educação de Pernambuco, Ary Diniz, fundador do Colégio e Faculdade Boa Viagem, gosta mesmo é de ser reconhecido como professor. Tudo começou quando, como capitão, esse carioca, que fez a Academia Militar da Agulhas Negras, foi transferido para o Recife. Aqui começou a lecionar no Colégio Militar. De 1965 a 1968 esteve no CPOR e, a seguir, como não poderia mais continuar a carreira militar, deixou o Exército e abraçou-se ao magistério. O grande salto de sua vida profissional ocorreu no dia 8 de dezembro de 1967, quando decidiu fundar o Colégio Boa Viagem. Na década de 60, o bairro era carente de escolas privadas. Deu certo. Com a enchente de 1975, muitas pessoas se mudaram para Boa Viagem e o colégio, que inicialmente tinha 89 alunos e funcionava apenas da primeira à quarta série primária, logo cresceu. Hoje, são 3 mil alunos, que ocupam um complexo educacional de 13 mil metros quadrados. Sem falar na Faculdade Boa Viagem, criada em 1999, em poucos anos respeitada como um dos maiores complexos educacionais de nível superior do Estado. A nova sede da FBV, no Ipsep, tem 27 mil metros quadrados, sendo 11 mil metros
quadrados de área construída, e ainda ocupa área no Paço Alfândega. O maior orgulho do professor Ary, no entanto, é saber que o colégio e a faculdade educam mais de 8 mil pessoas, além de gerar 700 empregos diretos e, como ele faz questão de salientar, sem nenhum processo na Justiça do Trabalho. Casado com Januária Sampaio Diniz desde 1961, é pai de cinco filhos, quatro dos quais trabalham com ele no grupo educacional: Thereza Helena (médica e diretora da Faculdade de Medicina da FBV), Ary Júnior (engenheiro civil e diretor financeiro), George (pedagogo e diretor administrativo) e Rodrigo Diniz (administrador e diretor de marketing). A filha Karla Patrícia já faleceu, mas Ary não se esquece de lembrar dela com muito carinho e a quem atribui o fato de hoje ser uma pessoa mais espiritualista. Ary e Januária têm sete netos, com quem o avô gosta de brincar ao redor da piscina. Mesmo com jeito durão de militar, Ary confessa ser um avô carinhoso. O carioca, que aportou em 1958 no Recife, considera-se hoje mais pernambucano que muitos pernambucanos. Um fato reconhecido pela Câmara Municipal do Recife e pela Assembléia Legislativa de Pernambuco, que lhe concederam, respectivamente,
os títulos de Cidadão do Recife e Cidadão Pernambucano. Os dois diplomas estão devidamente emoldurados em seu escritório do Colégio Boa Viagem, e ele os exibe com orgulho. Apesar de amar Pernambuco, não esquece o Rio de Janeiro, onde tem família, grande número de amigos e um apartamento na Barra da Tijuca, que lhe permite ir à Cidade Maravilhosa pelo menos quatro vezes por ano. Viajar ao exterior é uma de suas paixões. À Europa já foi mais de dez vezes e perdeu as contas de quantas esteve nos EUA, uma vez que todos os seus filhos fizeram especialização na terra do Tio Sam.
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Regularmente redige artigos para jornais e, nos últimos cinco anos, já publicou dois livros, com coletânea desses artigos. Quando não está no trabalho nem escrevendo, Ary gosta mesmo é de curtir sua casa de praia nos Carneiros e passear de lancha. Ele afirma: “Na distância da praia e mais perto do horizonte, sinto-me mais próximo a Deus”.
mais espiritualista após a morte de minha filha”.
Eu sou: “Mais que tudo um professor”.
Nela não pode faltar: “Paz, compreensão e lugar para ouvir uma boa música”.
Ser um educador é: “Preparar pessoas em prol do crescimento do país, tendo em vista que o crescimento de qualquer nação depende da educação do seu povo”.
Para relaxar: “Meditação, ler um bom livro ou escrever”. Lugar para morar: “Recife”.
conhecimentos”.
Minha casa é: “Agradável, confortável e muito sadia”.
E um bom aluno: “Aquele que é responsável pelos seus deveres, pois ser estudante é a sua profissão”.
Meu cantinho favorito na casa é: “A piscina, onde faço ginástica, converso com amigos e brinco com os netos”.
Meu maior bem: “A família”. Férias ideais: “No Rio ou na Europa (Roma, Paris e Madri)”.
Pecado da gula: “Macarronada ao molho funghi do Buongustaio, com um bom vinho”.
Sempre me dou ao luxo de: “Procurar refletir e meditar”.
Lugar em Pernambuco: “Recife e a Praia dos Carneiros”.
Livro de cabeceira: “Todos devem ler The Secret (O Segredo), de Rhonda Byrne. Fala sobre o poder da mente”.
Sobre religião: “Sou católico e freqüentador das missas dominicais do CBV”.
Um presente inesquecível: “O nascimento dos meus filhos”.
O time do coração: “No Recife, Náutico. No Rio, Flamengo”.
Sempre me esqueço de: “Algo que não construí certo ou de algo que fiz errado”.
Quem é destaque na educação: “Paulo Freire. Não é à toa que nossa biblioteca leva o nome dele”.
Nunca me esqueço: “De estar sempre devotado a Deus. Tornei-me
Um bom professor é: “Aquele que sabe transmitir seus
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Admirador de Paulo Freire, Ary Diniz acredita que a educação é o melhor caminho para o desenvolvimento
A educação no Estado merece nota: “Infelizmente nota 4. Parece que agora os governantes estão percebendo a necessidade de maior investimento na aprendizagem”. O sistema de cotas nas universidades é: “Justo desde que os cotistas tenham condições de acompanhar o ensino superior para que, depois, não sofram preconceitos dos próprios colegas na faculdade”. O ensino privado no Brasil: “É mais aceitável que o público. Um exemplo é o vestibular em que 80% dos aprovados vêm da rede privada. As exceções são o Colégio Militar e o Colégio de Aplicação”. E o ensino público: “Muito deficiente. Mas é uma questão de vontade política. Tudo no Brasil é assim”. Uma lição de vida: “Quem tem mais, mais e mais sempre deve se preocupar com aqueles que têm menos, menos e menos”.
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decoração
tecnologia para qualquer ambiente Material desenvolvido pela Dupont deixa as cozinhas e chega aos outros espaços da casa com os mesmos padrões de funcionalidade e requinte Júlia Nogueira de Almeida Fotos: Divulgação
H
á algum tempo, as inovações (ou invenções) concebidas por cientistas e pesquisadores deixaram de ser exclusividade dos ambientes acadêmicos ou de profissões especializadas e já não são desconhecidas do grande público. Ainda considerados novidades, mas incorporados ao gosto e ao cotidiano de gente comum, os tecidos inteligentes foram inventados para confeccionar roupas especiais 40 recife antigo RECIFE MODERNO
para astronautas e são exemplo de inovação que saiu dos laboratórios para ganhar o mercado. O mesmo pode ser dito sobre os fornos de microondas, a tecnologia GPS de rastreamento por satélite, a Coca-Cola e até o jeans. Todos esses produtos tiveram seu objetivo inicial adaptado, ou completamente modificado, para atender à evolução da sociedade e às novas exigências do mercado global. Mas por que estamos falando de tudo isso? Para explicar melhor, usando exemplos já conhecidos, como o
Corian Solid Surfaces está entrando na ambientação de residências e empresas sintonizadas com o que há de mais moderno em matéria de novas tecnologias aplicadas à decoração. De alto valor agregado, Corian é o nome de uma superfície sólida inovadora de alta performance, muito resistente e pioneira no mundo. Resultado da mistura de resinas acrílicas com minerais naturais, é adequado para a confecção de bancadas, mesas, cubas e balcões de cozinha, além de móveis e revestimentos de paredes. Por ser
À esquerda o showroom da Desiderato em São Paulo; À direita, lavatório Foglio (by Ricardo Antonio) e o Hotel Sofitel de Florianópolis
muito resistente, maciço e durável, o Corian é usado até em barcos. Devido à sua alta adaptação a múltiplos usos, o produto também atende a demandas específicas de hospitais, laboratórios, restaurantes e redes fast-food, além de ser uma exigência indispensável das donas de casa norte-americanas e européias. Tanto nos EUA quanto na Europa, ter pelo menos um balcão ou bancada de Corian na cozinha é quase tão essencial quanto uma geladeira. Sem exageros. Mas isso não é exclusividade ou privilégio do mercado estrangeiro. Por aqui, a novidade já pode ser encontrada na nova loja da Desiderato em São Paulo, recém-inaugurada no imóvel de número 1158 da Alameda Gabriel Monteiro da Silva, no Jardim Paulistano. Em breve, também poderá ser conferida no showroom da marca, em Boa Viagem, Recife. Nos dois endereços, os clientes serão atendidos por uma equipe treinada e totalmente capacitada para desenvolver todo tipo de solução em Corian, aplicada a móveis de alto padrão. Isso é possível graças à parceria firmada entre a Desiderato e a Brascor Countertops, processadora de Corian autorizada pela DuPont. A Desiderato, empresa especializada em móveis modulares de alto padrão, investe em tecnologia e inovação e sempre busca a satisfação dos clientes. Para isso, estabelece parcerias com empresas que se alinham ao seu padrão. “Daí a decisão de se aliar a um fornecedor que justifica essa necessidade dos nossos clientes mais exigentes”, explica Lulu Dubeux Paranhos, integrante da Desiderato. “A Desiderato está realmente surpreendendo quanto à sua qualidade, inovação e seu toque de ousadia. Elementos essenciais no mercado de hoje e que estão à mostra no showroom da marca em São Paulo, com uma loja de presença e muito bom gosto”, declara a diretora
comercial da processadora Brascor, Elaine de Souza. Antes de falar mais sobre o Corian e tudo o que pode ser feito a partir dele, vale contar, de forma breve, como esse produto, concebido pelos cientistas da DuPont (maior indústria química do mundo), foi parar nas mostras, lojas e revistas de decoração de todo o mundo como exemplo de funcionalidade, beleza e estética em design e arquitetura de interiores. Resistência em vários usos - O Corian surgiu a partir da necessidade de um material altamente resistente, para uso interno da indústria DuPont, em 1963. Com o tempo, percebeuse que a solução encontrada pelos cientistas poderia ser adotada em outros usos e diferentes aplicações para clientes comuns. Assim, quatro
anos mais tarde, o Corian foi lançado para o consumidor final, nos EUA. O produto chegou ao Brasil em 1989, mas só se tornou conhecido quase dez anos depois. Hoje, já existem diversas empresas que processam e vendem o material, e seu uso vem aumentando, principalmente na ambientação e decoração de interiores. No Nordeste, o produto ainda é novidade, mas, a cada ano, o Corian ganha mais espaço nos projetos arquitetônicos de alto padrão, revelando-se um referencial nos segmentos de arquitetura e construção, como produto durável, de fácil manutenção e excelente relação custo-benefício, além de uma série de vantagens estéticas e funcionais, se comparado a outros materiais. A parceria entre a Desiderato e a Brascor também promete difundir ainda mais o recife antigo RECIFE MODERNO 41
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Em cima uma cozinha residencial em Balneário Camboriú e em baixo outra em Blumenau
produto no mercado local. Um aspecto importante a destacar é que a DuPont é detentora do registro da marca Corian. Portanto, aviso aos consumidores de primeira viagem: se é Corian, é da DuPont. No entanto, após o sucesso do produto, como tudo que dá certo no mercado, surgiram outras empresas que desenvolveram materiais semelhantes, para o mesmo tipo de uso, mas com outros nomes. Ainda assim, como é comum acontecer com outros produtos famosos e apreciados por muita gente, a marca Corian tornou-se tão forte que virou substantivo comum. No Brasil, a empresa catarinense Brascor Countertops processa e vende Corian Solid Surfaces no Brasil com o aval da DuPont. A Brascor atua principalmente nas Regiões Sul e Sudeste do país e começa a investir 44 recife antigo RECIFE MODERNO
no promissor mercado do Nordeste. Iniciada nos Estados Unidos há dez anos, a empresa entrou no mercado brasileiro há cinco anos e atualmente é considerada uma das mais experientes processadoras do país. Cores e textura - Graças à sua versatilidade, o Corian é um verdadeiro curinga da decoração moderna. À primeira vista, o material chama atenção pela estética clean e pelo toque, que remete a suavidade e firmeza. No entanto, Corian não é nem pedra nem madeira, plástico ou resina – ou talvez, aparentemente, um pouco de todos eles. O Corian é fabricado em placas de tamanho-padrão ou como adesivo, mas não chega direto às lojas. Sua comercialização é intermediada por empresas autorizadas pelo
fabricante, chamadas processadoras, que recebem as placas brutas e as transformam em produtos acabados. São essas empresas que cortam, moldam e montam as peças de acordo com o gosto do cliente. As processadoras são treinadas, credenciadas e têm sua atuação constantemente monitorada pelo fabricante. Essas empresas também devem disponibilizar equipes treinadas por muito tempo, para o correto manuseio do material. Muitas vezes, dependendo do tipo e principalmente do tamanho, as peças são montadas dentro da casa ou da empresa dos clientes. Sobre a montagem, Elaine de Souza explica que, quando submetido a altas temperaturas, o Corian torna-se flexível (termomoldagem). Por isso, pode tomar formas variadas, como colunas cilíndricas, luminárias, cubas para banheiro, aparadores, peças e objetos de decoração, luminárias e até acessórios, como apoios de panela para balcão. Uma aplicação bastante específica do Corian ocorre em áreas de esterilização, na confecção de cantos com ângulos arredondados e sem emendas para quinas de paredes de hospitais e laboratórios. O acabamento curvado evita o acúmulo de sujeiras invisíveis e a proliferação de bactérias nesses ambientes – exigência internacional para controle de infecção hospitalar. A maleabilidade do material também interfere no custo final do produto para o consumidor. “Por ser um material muito versátil, não é possível calcular o preço simplesmente pelo metro quadrado do produto. O valor varia de acordo com o tipo de uso e com o trabalho a ser feito em cada peça”, explica Elaine. Fatores como a cor escolhida e o local de instalação também interferem no custo. Portanto, quanto mais trabalhada, moldada, esculpida, cortada ou emendada for a peça, mais alto será
Por que escolher Corian o seu custo. Isso explica a diferença de valores entre peças mais retas (chapadas) ou mais trabalhadas – ainda que, para fazer ambas, se utilize exatamente a mesma metragem do produto. Estética arrojada - Por ter aparência monolítica, o Corian permite um acabamento fino e perfeito. Mesmo quando a peça a ser confeccionada é muito grande, sendo necessário emendar mais de uma placa do material, essa ligação fica absolutamente imperceptível, dando a impressão de ser uma peça única. Não por acaso, está entre os materiais preferidos de designers do mundo todo, que, com ele, executam suas idéias inovadoras de forma ideal. O resultado é moderno, arrojado, atual e de muito bom gosto. De acordo com a definição do fabricante, os novos padrões de cores de Corian lançados no final de 2006 “traduzem uma estética neutra, inspirada nos tons da arquitetura urbana, e respondem aos atuais desejos de cores relaxantes, combinadas com detalhes intensos”. De fato, a multiplicidade de cores que podem ser usadas é enorme. No Brasil, há disponibilidade para pronta entrega em 12 variações de bege, cinza, marrom e vermelho, além dos clássicos preto e branco. As opções foram selecionadas a partir de uma pesquisa que buscou identificar os tons mais usados na decoração de cozinhas brasileiras. Clientes mais exigentes e que não tiverem problemas em desembolsar um pouco mais podem solicitar o produto em cores personalizadas, sob encomenda. Segundo Elaine de Souza, grandes redes de hotéis e hospitais podem encomendar lotes exclusivos e com cores únicas, que remetem à identidade de suas marcas no mercado. Exemplo disso é o hotel Sofitel de Florianópolis (SC)
− o primeiro da rede em toda a América Latina a utilizar Corian em seus apartamentos − e a rede de lanchonetes Bobs. Os dois projetos foram executados pela Brascor. Ao lado da pluralidade de cores, também é possível optar pelo acabamento, que pode ser fosco, semibrilho ou em alto brilho. Quem é mais clássico ou prefere uma manutenção mais prática deve optar pelo acabamento fosco, mais fácil de recuperar em casos de riscos ou arranhões (mais detalhes no boxe). Há ainda o tipo translúcido, próprio para utilização em luminárias. Outra vantagem é que, por ser não poroso, o Corian é à prova de manchas - mesmo aquelas mais difíceis - como as de vinho tinto ou esmalte vermelho. Em comparação a uma peça de mármore, por exemplo, se deixados por algum tempo em contato com a pedra, na maioria dos casos, esses produtos causam manchas irreversíveis, ou que só saem com polimento. Com o Corian, isso não acontece.
O Corian® é um material monolítico (inteiro), sem emendas (quando necessárias, são imperceptíveis e não acumulam sujeira). É bem mais resistente que mármore ou granito. É ecologicamente correto, pois, como substitui o revestimento de mármore, granito ou madeira, evita o desmatamento ilegal, ajuda a preservar o meio ambiente e as reservas minerais, que são um recurso finito e não renovável. É um material durável, fácil de limpar e não poroso (livre de contaminação por microorganismos e odores). Não oferece riscos à saúde, de acordo com portaria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da Food and Drug Administration (FDA), além de outros órgãos internacionais. Não mancha (nem mesmo com esmalte ou vinho tinto), não queima nem perde a cor. É moderno, arrojado, versátil e permite acabamento perfeito em qualquer aplicação. Disponível em várias cores, em tons modernos, uniformes e que agradam ao gosto do consumidor brasileiro. Além disso, também pode ser feito em cores personalizadas, sob encomenda. Efeito fosco ou brilhoso. No caso da opção fosca, é possível remover aranhões ou riscos com o lado verde (mais grosso) de uma esponja comum para lavar pratos.
Serviço
Brascor Countertops (48) 3622.3964 (SC) | www.brascor.net
Totalmente recuperável em caso de danos. Tem garantia de dez anos, com assistência de manutenção permanente da Brascor no próprio local do reparo (empresa ou residência do cliente).
Mais Informações sobre Corian: 0800.171715 (Tele DuPont – ligação gratuita) | www.corian.com.br
Se bem conservado, dura a vida toda.
Desiderato (81) 3463.1855 | (11) 3061.9898 www.desiderato.com.br
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do mundo para pernambuco
incredible Índia Antiga rota das sedas e especiarias revela um país deslumbrante de grande riqueza cultural Verônica Machado Fotos: Acervo pessoal e divulgação
“
Incredible Índia” é a expressão usada pelo departamento de turismo indiano, e é verdade, a Índia é incrível! Assim como o Brasil, a Índia é um país-continente. Tem 3 milhões de km², distribuídos por 21 Estados, que abrigam uma população de mais de 1 bilhão de pessoas – é a segunda maior nação do planeta. Possui, além do hindi e do inglês, mais 21 idiomas oficiais e mais de 800 dialetos. Sem falar nos 8 milhões de deuses! 46 recife antigo RECIFE MODERNO
A idéia de conhecer a Índia surgiu há dois anos. Conversando com uma amiga em Nova Iorque sobre meditação e yoga, descobri o Osho Meditation Resort, um centro de meditação conhecido internacionalmente, onde passam nomes badalados e não badalados, todos à procura de um descanso para a mente, localizado em Puna, a aproximadamente 300 km de Mumbai, antiga Bombaim. Decidi que conheceria o tal Osho e depois faria
um tour pela antiga “rota das sedas e especiarias”, tão comentada nas nossas aulas de história do antigo segundo grau. Quem lembra? Início de projeto, reservas feitas, um pit stop de civilização ocidental em Londres por quatro dias, e então seguimos, minha irmã e eu, direto para Mumbai. Depois de 11 horas de vôo, em uma viagem puxada, a chegada é marcante! Desembarcar na Índia é como voltar no tempo. O aeroporto de Mumbai, apesar de receber vôos das maiores companhias que fazem a rota da Ásia, lembra o Aeroporto dos Guararapes quando eu tinha 5 anos e ia esperar meus pais, com aqueles grandes ventiladores de ferro nas paredes, igual ao que minha avó chama de “tufão”. No desembarque
Victoria Terminal. Um milhão de pessoas por dia
internacional, após os procedimentos de praxe de passaporte e alfândega, a primeira imagem é chocante: aquela parede de pessoas com placas de nomes – pois ninguém quer chegar à Índia sem transfer ou carro particular... Por quê? Porque é assustador: a mão é inglesa, a rua é um caos, pessoas simplesmente atravessam sem se preocupar com os carros e todo mundo buzina! Aprendemos ao longo do roteiro que em todos os ônibus, caminhões, etc. está escrito “horn please – buzine por favor” nos parachoques. Coisas desta Incredible Índia! Com o espírito renovado após um merecido repouso de dez dias no Osho Meditation Resort, assunto para o próximo capitulo, fomos curtir uma das cidades mais populosas do país. Com 18 milhões de habitantes, Mumbai fica à beira do Mar da Arábia, e os prédios à beira-mar ainda são quase todos da colonização inglesa, muitos caindo aos pedaços. Infelizmente a manutenção em vários dos edifícios em toda a Índia, independente de serem públicos ou privados, não é bem feita.
Mumbai, muito colorida e vibrante, é a porta de entrada do dinheiro O que as pessoas querem ver na Índia? A riqueza da arquitetura de seus monumentos, trabalhos manuais, jóias, lugares místicos, evitando ver e conviver com a pobreza. Dificilmente se embrenham em roteiros longos e exóticos de carro como o nosso, pelo interior. Foram 40 dias de carro, avião, trem, andando para cima e para baixo, entrando em todas as cidades pelo caminho. O motorista que contratamos, Mr. Vishnu – homenagem ao Lord Vishnu, deus
da preservação do Universo – todo dia fazia um ritual de purificação do carro com incenso na mão direita em movimentos circulares, afastando os maus espíritos. A área nobre de Mumbai, Malabar Hill, fica em torno de um parque, com edifícios de apartamentos com 400 m², onde os ricos “de berço” preferem morar. Mais até do que em Nova Déli, a capital. Nesse parque, há um cemitério pársi, chamado de “Torres do Silêncio”, onde o cadáver é colocado em um fosso ao ar livre, do jeito que veio ao mundo, e a natureza se encarrega de decompor. Pode parecer bárbaro, mas é uma forma como qualquer outra de voltar para o lugar de onde se veio. Chamar isso de “atraso” é uma visão preconceituosa. Mumbai, muito colorida e vibrante, é a porta de entrada do dinheiro. A Índia hoje é um mercado em crescimento vertiginoso, em todos os sentidos. A exemplo da China e Rússia, foi lançada no mês passado a VOGUE Índia. Não precisamos explicar porque, não é? Além da tradição de moradia dos ricos, também é lá que se localiza Bollywood, a Hollywood Indiana, onde se lança muito mais filmes do que na versão americana. Pena que não chegamos a visitar o lugar e, por incrível que pareça, até nas pequeninas cidades tem um cineminha velhinho. A riqueza está a olhos vistos, por toda parte. Visitamos um templo muito simples que tinha portas maravilhosamente trabalhadas, em prata, em que se vêem a figura de Buda e uma série de inscritos, contraste com a simplicidade do local. Dentro dos templos, existem sempre muitas flores. Também visitamos o Victoria Terminal, estação de trem com estrutura vitoriana, patrimônio da Unesco, por onde passam um milhão
Mulher nas ruas de Kumbalaghr e porta de prata em Mumbai
de pessoas – por dia! Na Índia, um dos costumes é lavar a roupa fora de casa. O Estado fornece a água, o material de limpeza, e quem lava são os homens, em tanques públicos. Quando fomos assistir, era domingo, não tinha muito movimento, mas pelas cordas deu para imaginar a quantidade de roupa lavada naquele lugar. As lavanderias públicas são um serviço financiado pelo Estado, mas os trabalhadores recebem o pagamento diretamente do cliente. Outra coisa muito interessante é recife antigo RECIFE MODERNO 47
como os rickshaws, lambretas de três rodas usadas como táxi, são iguais aos táxis de qualquer outra cidade grande como Nova Iorque ou Londres: na hora da chuva, não se acha um desocupado! Nos rickshaws as viagens são bem baratinhas, as mais longas pagamos 2 ou 3 dólares, diferente dos carros fechados, bem mais caros. Outra belíssima atração em Mumbai é o portão de entrada para os caçadores de especiarias e dos colonizadores. Trata-se do Gateway of India, o principal porto da exBombaim. Passamos três dias em Mumbai e saímos de avião para o Rajastão, seguindo a rota das sedas. O Rajastão é um Estado equivalente à Bahia, riquíssimo em monumentos, cidades históricas, sedas, jóias e artesanato manuais. Começamos por Kumbhalgarh, uma região pouquíssimo visitada, mas onde está a segunda maior muralha do mundo, construída para defender os marajás das invasões dos bárbaros. O marajá morava num castelo e a comunidade logo embaixo. O interessante é que a parede da muralha tem o formato de pata de elefante, com a base redonda e a passarela interna, uma largura enorme, para passagem dos guerreiros com armas de proteção. Como em toda cidade, existem vários templos dentro das muralhas. Visitamos lá o templo do meu deus favorito - entre os oito milhões de deuses, claro que eu tenho um: Ganesha, que é meio homem, meio 48 recife antigo RECIFE MODERNO
elefante, o deus da prosperidade. Ficamos num hotel perto da cidade muito charmoso, todo construído de pedra, lembrando um forte. Com em média 40 apartamentos, serviço impecável boa estrutura: ar-condicionado, aquecedor, piscina, restaurante e apresentações de danças típicas à noite. A beleza das mulheres, como sempre, é algo espetacular: vestem-se com sáris, pulseiras nos dois braços, brincos e piercing no nariz, diariamente, no meio da rua e no trabalho. Tudo muito simples e colorido. A massagista aiurvédica do hotel me atendeu sem tirar uma das varias pulseiras que estava usando!
A beleza das mulheres, como sempre, é algo espetacular Seguimos para Ranakpur, um conjunto de templos e também um dos locais sagrados no Rajastão. Mais um deslumbramento! São vários templos pequenos, paredes em “sand stone”, uma pedra tipo arenito esculpidas com figuras humanas em cenas do cotidiano, deuses e animais, sendo o maior templo construído todo de mármore, com 1.444 colunas, cada uma esculpida e trabalhada de uma forma diferente. Seguindo o roteiro a próxima parada é a maravilhosa Udaipur, uma das mais ricas e românticas cidades nesta fascinante viagem. O marajá
Gateway of India em Mumbai e o trabalho da senhora do Rajastão
que governava a cidade possuía quatro palácios. O mais famoso deles, construído dentro de um lago artificial e hoje pertencente ao grupo Tata e faz parte da cadeia TAJ de hotéis de luxo, atual proprietária do Pierre em Nova Iorque. Logo atrás do Lake Palace está o Palácio das Concubinas e erguendo-se no centro da cidade encontra-se o City Palace, onde, em uma das paredes, foi esculpido um sol banhado em ouro e raios de turquesa, para que mesmo nas monções, quando quase não se vê o céu, continuasse sendo adorado pela população. O Lake Palace, a propósito, foi cenário de um dos filmes de James Bond, o agente 007. As recepcionistas em seus lindos saris e os homens vestidos de brâmanes, mordomos e garçons servindo o café da manhã a alguns hospedes no jardim interno entre palmeiras, ao som suave da melodia de uma flauta, torna o ambiente ainda mais mágico. É como se voltasse no tempo, e você fosse o marajá ou a marahani. Novamente esta Incrível Índia! Seguindo viagem, parada em Jodhpur: conhecida como “Cidade
De cima para baixo, o templo de Ganesha, o interior do Lake Palace e o deserto de Thar
Azul”, com todas as casinhas pintadas neste tom, um costume ligado ao sistema de castas dos hindus. Aqueles pertencentes às castas superiores tinham as casas em azul para que as pessoas de castas inferiores nem sequer tocassem nas paredes, discriminação mesmo. Hoje o costume sobrevive mais pelo romantismo, apesar de ainda existirem os Dalits, ou “intocáveis”. Chegamos ao deserto de Thar, em Jaisalmer, fronteira com o Paquistão. Apesar do clima moderado durante o dia e muito frio à noite, as vestes das mulheres ainda impressionam, são lindos sáris, os braços cheios de pulseiras, para ir buscar água! Fizemos um safári de camelo pelas dunas, como na Idade Média. As crianças já se comunicam em inglês, que se tornou a língua oficial, na tentativa de integrar uma nação com tantos dialetos. No centro de Jaisalmer, vemos vacas no meio da rua, as lojas de tecidos e joalharias sempre abertas, templos também por todo lado. De repente vislumbramos uma cena típica da Índia: um ônibus lotado, com os homens no teto e as mulheres sentadas dentro do veículo.
É como se voltasse no tempo, e você fosse o marajá ou a marahani
O traje do noivo, como manda a tradição, de cores bege, dourado e vermelho, e vem montado em um cavalo ricamente ornamentado. Antigamente as famílias mais ricas usavam elefantes. A noiva aguarda em um salão e só aparece para a festa após a cerimônia religiosa, com suas vestes vermelhas e douradas e jóias de princesa. A ultima das cidades que formava essa maravilhosa rota, e a mais badalada, é Jaipur, com seus grandes joalheiros. Com cerca de 5 milhões de habitantes, é muito antiga, e é chamada de “Cidade Rosa”. Mas vamos deixá-la para a segunda parte dessa incrível viagem – que inclui ainda o deslumbrante Taj Mahal – para as páginas da próxima edição. Depois de um verdadeiro banquete para os olhos, concordamos: a Índia é “incredible”. Não há o que discutir!
Seguimos para Bikhaner e no antigo palácio do marajá local novamente vimos portas de prata maciça, azulejos vindos da Europa, uma riqueza deslumbrante. Uma das características peculiares dos indianos é como adoram os casamentos e convidam todos os amigos e conhecidos. No hotel que estávamos participamos por acaso de parte da festa, vimos o cortejo do noivo, os convidados todos muito bem vestidos, os saris maravilhosos. recife antigo RECIFE MODERNO 49
50 recife antigo RECIFE MODERNO
condomínio
hoje é dia de mudança “... transporte de bens, e os valores e as histórias de vida...” Júlia Nogueira de Almeida Fotos: Tânia Collier
I
magine o que é perder, de uma vez só, praticamente todos os seus pertences, itens de alto valor material como móveis, eletrodomésticos, roupas, peças de arte, computador e instrumento musical. Além de objetos de inestimável valor sentimental que jamais poderão ser recuperados: fitas de vídeo e fotografias dos filhos pequenos, quadros, uma árvore de Natal e um santuário antigo. Foi o que aconteceu com a educadora aposentada Sineide Moraes, de 57 anos, moradora do Derby. Para aumentar ainda mais a “carga” de dramaticidade deste transtorno que mais parece coisa de novela, tudo aconteceu às vésperas do Natal de 2003, quando ela e o marido se preparavam para voltar ao Recife após uma temporada de dois anos morando em São Paulo. O caminhão que trazia a mudança da família para Pernambuco era alto demais e acabou batendo em fios de alta-tensão na rua, poucos metros depois de ter saído do edifício onde ela morava, na Alameda Lorena. Por causa do curto-circuito, o veículo pegou fogo e o resultado foi uma perda de 80% de toda a mudança. Os bombeiros foram acionados e ninguém ficou ferido. Por sorte, o carro dos Moraes, que estava abastecido, não seguiu no caminhão. Isso evitou um acidente bem maior, que poderia ter resultado numa explosão. O prejuízo só não foi ainda maior porque dona Sineide lembrou-se de fazer o seguro dos bens. “Na realidade, eu nem sabia que existia seguro para mudança. Foi um funcionário da empresa que me alertou sobre a importância de listar e atribuir valores a tudo o que eu estava trazendo”, explica. Apesar do cuidado, a pressa de voltar para casa e a certeza de que ”nada de errado poderia ocorrer” fez a família se esquecer de declarar certos itens recife antigo RECIFE MODERNO 51
Sineide Moraes perdeu 80% da mudança; o manuseio de obras de arte (à direita) requer cuidado redobrado
– sem contar a dificuldade de atribuir valor de mercado a alguns objetos. O deslize aparentemente pequeno custou caro, uma vez que, segundo ela, o seguro não foi suficiente para cobrir os custos que teve para começar tudo de novo, praticamente do zero. Na lista de itens perdidos de dona Sineide figuravam coisas como home theater, colchões, um teclado, roupas de quatro pessoas e vários ternos completos que o marido usava para trabalhar. “Foi chocante, um verdadeiro pesadelo. Estávamos perto do Natal e ficamos sem roupas. Tivemos que comprar tudo correndo. Usamos tanto o cartão de crédito que as empresas administradoras ligaram para checar se os cartões tinham sido roubados”, lembra. Preço da tranqüilidade - O que aconteceu com a pedagoga Sineide Moraes é uma exceção. O caso é raro, mas deixa uma lição importante sobre um item primordial, algumas vezes negligenciado: o seguro da mudança, que, usualmente, é obrigatório e igual a 1% do valor total dos bens declarados pelo próprio cliente. O mecanismo é semelhante ao seguro de carro: a gente não quer que nada aconteça, mas é sempre bom prevenir o pior e se garantir para o caso de extravio ou acidente. Não se trata de caução. Ao final da mudança, o valor pago não é
52 recife antigo RECIFE MODERNO
devolvido, mas, em caso de sinistros como o de Dona Sineide, é repassado integralmente para cobrir custos de perdas com incêndio e roubo. É o preço da tranqüilidade. A reportagem da Recife Antigo Recife Moderno consultou quatro transportadoras de médio e grande porte com atuação em Pernambuco. Todas elas trabalham com seguro. A transportadora Granero tem 42 anos de existência e conta com 53 filiais espalhadas em todo o país, que funcionam como um diferencial para evitar terceirizações. Outra de grande porte é a Lusitana, fundada em 1921 e hoje com 85 anos de mercado. A transportadora oferece serviços de mudanças internacionais, embalagens e guarda-móveis, mas ainda não tem sede em Pernambuco. Com bases em São Paulo e Salvador (BA), a Lusitana procura um local adequado para instalar um depósito aqui. Existem dois tipos de mudança: a de aproveitamento e a direta. A primeira é quando, no mesmo caminhão, seguem duas ou até três mudanças diferentes numa mesma viagem. É indicada para quem quer pagar menos, tem pouca coisa para levar ou não está muito preocupado com prazos. Nesse caso, o tempo médio de espera é de 10 a 20 dias para mudanças interestaduais. Uma desvantagem: como o intervalo é maior, os móveis e objetos acabam, inevitavelmente, sendo muito manuseados. Entram no caminhão, são descarregados no depósito e só então embarcam novamente. Mesmo com todos os cuidados no manuseio e na embalagem, o risco de avarias aumenta.
Já a mudança direta é exclusiva, não há compartilhamento de espaço e pode chegar a custar cerca de 30% a 40% a mais. Em compensação, chega mais rápido. Dependendo do destino e das condições climáticas (chuvas geralmente atrasam a chegada da carga), o prazo médio para a entrega em outro Estado é de cinco a seis dias, podendo variar um pouco ou até mesmo ser antecipado, de acordo, também, com o estado de conservação das estradas. Nos dois casos, dizem as empresas, a qualidade do serviço é a mesma. O preço é calculado por metro cúbico de espaço a ser ocupado no caminhão. Mesmo assim, é recomendável conhecer as instalações da empresa que, durante alguns dias, vai transportar boa parte de sua vida. Lembre-se também de checar se a transportadora a ser contratada dispõe de frota de caminhões e quadro de funcionários próprios. Esse pode ser um indicativo a mais sobre da idoneidade da companhia. No caso da Granero e da Newlar (empresa pernambucana com 30 anos de mercado), os próprios atendentes convidam o cliente a ir até lá para conferir o serviço de perto. A rotina das mudanças inclui um criterioso trabalho de proteção, encaixotamento e etiquetagem de móveis e objetos de todos os tipos e tamanhos. O material usado nas embalagens pode ser bem sofisticado. Desde papelão, papel de seda e outros revestimentos especiais contra choque e poeira, até o plásticobolha, engradados e estruturas mais firmes para tampos de mesa.
O custo dos materiais para embalagem é um dos principais itens do preço cobrado pelas empresas
Preços - Para efeito de ilustração, após um rápido cálculo, a Newlar Mudanças (que, além de Pernambuco, tem representantes em São Paulo e Brasília), informou que o custo de uma mudança de pequeno a médio porte (leia-se de um casal sem filhos, residente em um apartamento de dois quartos) do Recife para Brasília (DF) varia entre R$ 3 mil e R$ 4 mil (em caso de aproveitamento) ou de R$ 5 mil a R$ 6 mil (mudança exclusiva). No nosso caso, o valor ficou em R$ 1.800, mas o orçamento não informava se a mudança seria exclusiva ou de aproveitamento. Também entramos em contato com a Mister Mudanças, de Jaboatão dos Guararapes, exclusivamente pela internet. A proposta enviada pela empresa por e-mail destaca que a Mister possui estrutura administrativa e operacional em o todo território nacional e conta com uma extensa lista de clientes, entre eles alguns dos mais importantes grupos empresariais do país. A suposta mudança teria como destino a cidade de São Paulo, a um custo de R$ 5.100, fora o seguro. Também para São Paulo, a Lusitana cobra R$ 4.850, já com o valor da apólice incluso. Numa outra simulação com a Mister, a mudança do mesmo casal sem filhos (com móveis e eletrodomésticos suficientes para ocupar uma área de 23m³) seguiria para um destino bem mais próximo: João Pessoa (PB). No caso, o valor da mudança seria R$ 2.000, sem incluir o valor do seguro. Para as mudanças particulares, geralmente o pagamento é feito com cartão de crédito. Já para as empresariais existe opção de fatura por boleto bancário. É certo que, além do valor e da quantidade de itens a serem transportados, a distância entre origem e destino é fator preponderante para definição do orçamento. O tipo de objeto a ser levado também pode encarecer o valor da proposta. Afinal, embalar
cristais exige mais habilidade e maior quantidade de papéis de proteção, além de outros artigos feitos de materiais mais resistentes. Quem quer se programar deve lembrar que as propostas repassadas pelas empresas são válidas por 30 dias e que os valores estão sujeitos à variação do preço do combustível (diesel) para o caminhão. Aliás, uma alternativa prática e eficiente é a solicitação de orçamento pela internet, no sites das empresas. A Mister, a Lusitana e a Newlar foram rápidas e deram retorno por e-mail, em até 24 horas. Para fazer um cadastro no site da Granero, é preciso informar endereço completo (com CEP) da nova residência para concluir a solicitação virtual.
Empresas que possuem depósito próprio oferecem ainda o serviço complementar de armazenagem de mudanças Depois da confirmação do cadastro, as empresas agendam a visita de um funcionário até a casa dos clientes, para conferir pessoalmente o material a ser transportado. É essa visita que define o custo que o cliente terá. Geralmente, as empresas de mudanças não se responsabilizam pelo transporte de armas de fogo, jóias, máquinas
fotográficas e filmadoras, dinheiro, talões de cheque, cartões de crédito, documentos de valor e semelhantes. Explosivos, ácidos, venenos e outros produtos corrosivos ou químicos em geral são proibidos. Percurso entre bairros - Para as mudanças dentro da mesma cidade, ou entre bairros da Região Metropolitana, o procedimento é similar ao adotado nas rotas entre cidades ou Estados mais distantes. O que muda é o prazo, claro. O orçamento também será calculado com base no volume e nas características dos itens a serem carregados – às vezes, uma mudança com uma pequena quantidade de objetos frágeis sai mais cara do que uma de porte maior, mas que não demande tanto zelo de manuseio. Quem tem experiência nesse mercado, aliás, avisa que o que torna o serviço aparentemente dispendioso é o alto custo dos materiais de embalagem, além da contratação de mão-de-obra especializada. Ao contrário das mudanças interestaduais, a extensão do percurso que o caminhão vai fazer é irrelevante e não pesa no custo final. “Quando o cliente está apenas mudando de bairro, nós conseguimos visitar tanto a casa de onde ele está saindo quanto o novo lar. Esse reconhecimento adianta muito nosso trabalho. Assim, já é possível identificar onde cada coisa vai ficar”, explica o gerente comercial da Newlar Mudanças, Carlos Egídio de Barros. recife antigo RECIFE MODERNO 53
O site www.guiademudancas.com.br oferece um espaço exclusivo com dicas semanais do consultor Maurício Fernandes, especialista no assunto. São recomendações bem simples, mas muito úteis para quem vai se mudar. Confira algumas: Um detalhe curioso apontado por Egídio é que geralmente a mudança para apartamento sai mais cara do que para uma casa. Aqui, o que conta é o andar: quanto mais alto o andar escolhido, mais alto também será o valor do orçamento. Ele explica: Quanto mais alto o andar do cliente, mais demoramos esperando o elevador ou subindo com os móveis pela escada, sem contar os casos que demandam içamento. Por isso, para nós, não importa a distância. Para a empresa, é menos trabalhoso sair com uma mudança de um apartamento de Piedade para uma casa num condomínio em Aldeia do que entre dois apartamentos em bairros bem próximos, como Casa Forte e Apipucos. Um fator que pode atrasar uma mudança, mesmo de pequeno porte, são as restrições impostas pelos condomínios. “A maioria dos prédios adota normas rígidas de horários permitidos para descarregar mudanças. Antigamente, até dava para terminar uma mudança no mesmo dia, indo até as dez, onze horas da noite. Hoje isso não é mais possível. Cobrávamos por hora, mas tivemos que nos adaptar”, informa. Em geral, segundo o gerente comercial da Newlar, uma mudança de médio a grande porte leva cerca de três dias para ser concluída. Muitas vezes, se a quantidade de móveis e eletrodomésticos for grande, os pertences do cliente precisam pernoitar no depósito da empresa (que conta com vigilância 24 horas), para depois seguir até a casa nova. Para uma família morando num imóvel de três ou quatro quartos que vai mudar apenas de bairro, o valor do serviço fica em torno de R$ 1.500 a R$ 2 mil. Empresas que possuem depósito próprio oferecem ainda o serviço complementar de armazenagem de mudanças, caso o cliente precise 54 recife antigo RECIFE MODERNO
Planejamento: Lembre-se de que mudar de endereço demora bem menos que esperar pela construção do seu imóvel, mas requer tanto planejamento e organização quanto uma obra. Pesquise, mas não se prenda somente ao preço. Antes de fechar com uma determinada transportadora, o consumidor deve solicitar orçamento a algumas empresas, mas o custo não deve ser a única variante a pesar nessa decisão. Animais longe do caminhão: No dia da mudança, deixe os animais de estimação em um hotelzinho ou com alguém que possa cuidar deles. Na “hora H”, aquele ditado que diz que uma pessoa está mais perdida que cachorro em dia de mudança tem lá seu fundo de verdade. Faxina geral: Livre-se dos pertences inúteis. Aproveite a mudança e faça uma reciclagem geral, mande embora tudo aquilo em que você não mexe há algum tempo, jogue fora brinquedos quebrados, listas telefônicas antigas, etc. Aproveite também para doar roupas e livros que não servem mais. Eles podem ser úteis para outras pessoas. Alimentos: Pelo menos uma semana antes da mudança, não compre alimentos perecíveis em quantidade. Isso ajudará a reduzir o número de caixas
de mais tempo para (re)organizar a vida em outra cidade. A Granero dá 30 dias do serviço como cortesia. A partir do segundo mês, o valor é de R$ 20 por metro cúbico. A Newlar cobra uma taxa a partir de R$ 300 por mês, dependendo da área ocupada. Grandes grupos empresariais, com elevado número de filiais e funcionários lotados em diversos Estados do país, costumam manter uma conta permanente com as empresas especializadas em armazenagem e guarda-móveis. O serviço tem sido cada vez mais utilizado, principalmente por profissionais acostumados a se mudar muito por causa do trabalho.
SERVIÇO Granero - 3462.4191 e 3461.1309 www.granero.com.br Lusitana - 0800.161627 (ligação gratuita, direto com a matriz em SP) www.lusitana.com.br Newlar - 3339.2433 e 3339.4318 www.newlar.com.br Mister - 3461.1995 e 3341.2165 www.mistermudancas.com.br Sobre gestão e transporte de documentos: www.metropolitan.com.br
recife antigo RECIFE MODERNO 55
bairros
setúbal: com cara de bairro A “localidade de Boa Viagem”, segundo a denominação oficial, ganha personalidade e cresce junto com o sentimento de identificação dos moradores Paula Perrelli Fotos: Inês Campelo e Cecilia de Sá Pereira
E
ngana-se quem pensa que Setúbal é apenas mais uma área urbana espremida entre os bairros de Boa Viagem, no Recife, e Piedade, em Jaboatão dos Guararapes. A cada dia, a área vem ganhando personalidade e ocupando um espaço privilegiado 56 recife antigo RECIFE MODERNO
na cidade. Uma de suas moradoras mais antigas, Maria Leda Suassuna, 63 anos, não teme em dizer que a grande poesia da região é que ela consegue ser independente de tudo ao seu redor sem perder o ar bucólico. Há mais de 30 anos habitando em Setúbal, Leda revela que acompanhou seu crescimento desde o que chama de tenra infância.
“Quando vim morar aqui, havia apenas três casas e as residências da comunidade do Borborema. Setúbal cresceu ordenadamente, sem se transformar num tumor urbano, pois preserva ainda a beleza das suas ruas, o oxigênio das suas árvores e oferece todo e qualquer serviço que você pode pensar em precisar”, resume a psicóloga clínica, que há pouco mais de três anos transformou sua mansão numa casa de festas personalizadas. Ela argumenta que Setúbal se impõe no Recife, tendo criado identidade própria. “Acho que temos de morar em locais que são fáceis de nos identificar. Eu não me vejo em outra região. Até me mudei uma época, achando que seria mais conveniente, mas me arrependi e voltei para cá. Daqui não saio mais”, avisou Leda. Uma das vantagens do bairro, na opinião dela, é ser bem servido de estrutura viária.
Há mais de 30 anos em Setúbal, Maria Leda Suassuna gosta do ar bucólico do bairro, que se mantém em ruas arborizadas
Segundo o Atlas do Recife, organizado por técnicos da Prefeitura Municipal, Setúbal é servido por quatro principais vias. A delimitação da área abrange as avenidas Barão de Souza Leão e Visconde de Jequitinhonha, além das ruas Sá e Souza e Baltazar Passos. A Rua Setúbal, por sua vez, é outro ponto importante para a localização viária. Entre as duas vias onde se trafega no mesmo sentido, está o Canal de Setúbal. “Temos sorte, pois estamos quadriculados por avenidas iluminadas. Isso facilita a segurança do bairro, que não é lá essas coisas”, destacou a moradora.
Setúbal receberá nos próximos meses um grande parque em um terreno à beira-mar Embora a Prefeitura do Recife não considere Setúbal um bairro, mas uma localidade de Boa Viagem, o historiador Leonardo Dantas esclarece a origem do nome dado à região. De acordo com um dos trechos de seu artigo Arruando por Boa Viagem, a povoação da Boa Viagem teve início no século XVII, devido à existência de algumas vendas que serviam de local de descanso dos viajantes que por ali transitavam vindos do caminho do sul da Capitania de Pernambuco. “Uma dessas vendas era de propriedade de Manuel Fernandes Setúbal, nome atualmente relembrado na denominação do trecho hoje compreendido pelo bairro do Setúbal”, explica o texto. Está explicado também o nome dado ao Canal de Setúbal. “Todo o canal é recoberto por árvores. Costumo dizer sempre que somos o pulmão da Zona Sul”, arrematou Leda Suassuna.
Parque Dona Lindu - Com projeto lançado recentemente, Setúbal receberá nos próximos meses um grande parque em um terreno à beira-mar. O mar é, inclusive, um dos charmes desse novo equipamento urbano, que teve o risco do renomado arquiteto Oscar Niemayer. Ocupando 60% do terreno de 33 mil metros quadrados, a área verde será o centro das atenções do Parque Dona Lindu. O projeto cria um espaço que harmoniza as reivindicações dos moradores com as necessidades de uma capital cosmopolita como o Recife. Os equipamentos de lazer incluem quadra esportiva, rampa de skate, parque infantil, ciclovia e pista recife antigo RECIFE MODERNO 57
de cooper. Além disso, o projeto contém áreas para atividades físicas e convivência de adultos e crianças. Um pavilhão para exposições, teatro e restaurante completam a idéia. Antes pertencente à Aeronáutica, o local foi integralmente cedido ao município. Além de preservar o meio ambiente e melhorar a qualidade de vida da população, o Parque Dona Lindu terá cerca de 3,6 mil metros quadrados destinados aos equipamentos públicos de lazer solicitados pela população e pouco menos de 9 mil metros quadrados que serão ocupados pelo teatro, pavilhão para exposição, administração do parque, restaurante, lojas e pátio. Para a jornalista Josilene Barbosa, o parque vai garantir muita diversão para toda a família. Moradora de Setúbal há pouco tempo, ela tem três filhos que estão animados com a possibilidade de brincar na nova área que será construída na região. “Sou a maior defensora de Setúbal, pois é um local maravilhoso, que ficará melhor ainda depois do Parque Dona Lindu. Será mais uma opção para os meus meninos, que só contam com o playground do prédio, com a praia e com o parquinho da escola.” Antes, Josilene morava em Boa Viagem, mas diz que não sente falta da movimentação daquele bairro. “Eu não preciso me deslocar mais de dez minutos, pois tenho tudo por perto”, diz ela. 58 recife antigo RECIFE MODERNO
Vocação residencial - De acordo com o último censo do IBGE, realizado no ano de 2000, Setúbal contava com 24,5 mil moradores, espalhados por mais de sete mil residências. Numa área como dois quilômetros quadrados, é possível notar como se trata de uma região residencial. Prova disso é o mais novo pré-lançamento da Moura Dubeux Engenharia. O Edifício Hilson Mota será mais uma opção de moradia em Setúbal. O empreendimento terá 29 pavimentostipo e cobertura duplex, com área privativa de 160 metros quadrados. Localizado entre a Avenida Visconde de Jequitinhonha e a Rua Baltazar Passos, nas imediações do Parque Dona Lindu, o edifício terá quatro quartos (sendo duas suítes), varanda e sala para três ambientes. O cliente poderá fazer adequações nos cômodos durante a fase de construção, como aumentar o número de suítes e criar uma área para escritório. Segundo o gerente comercial da Moura Dubeux, Tony Vasconcelos, a previsão é que cada comprador use projetos de arquitetura particulares. “O prédio também vai oferecer área de lazer completa, com piscinas adulta e infantil, espaço gourmet, sala de ginástica, salão de festas e minicampo, além de três elevadores, guarita de segurança e poço artesiano”, completa.
Acima, a área onde será construído o Parque Dona Lindu; e a fotomontagem do Ed. Hilson de Azevedo Mota, que será construído próximo ao novo parque
recife antigo RECIFE MODERNO 59
recife moderno
Tem novidade na bandeira Beach Class
Beach Class Residence será o quarto empreendimento da marca, com a oportunidade de moradia em dois quartos e custo reduzido de condomínio Carlyle Paes Barreto Ilustrações: MV3D
E
m um dos metros quadrados mais valorizados do NorteNordeste e na área que mais se
expande comercialmente no Recife, a Moura Dubeux está lançando seu quarto empreendimento da bandeira Beach Class: o Residence. E com um conceito novo, em relação aos três anteriores. O Beach Class Residence, na Avenida Boa Viagem, dentro da região denominada Complexo Pina, abre a possibilidade de moradia para uma família pequena, com a opção de dois quartos, ao contrário dos Beach Class Internacional e Suítes, ambos em Boa Viagem, e de Muro Alto, concebido para ser casa de veraneio de luxo. Com a concepção de dois quartos, sendo uma suíte mais um banheiro social, o Residence permite a utilização mais ampla que a de um flat. “É o melhor dos mundos. Há a
60 recife antigo RECIFE MODERNO
comodidade de um flat com o espaço de um apartamento dois-quartos”, destaca o gerente comercial da Moura Dubeux, Tony Vasconcelos. O conceito de “planta total” permite ainda ao investidor ampliar o quarto ou a sala. E deixar o espaço com a sua cara. São quatro opções de planta, que variam entre 47m² e 53m². Todos com sala para dois ambientes, suíte, cozinha e área de serviço. Os maiores têm ainda banheiro social ou lavabo e mais um quarto. A área em comum é completa. Há piscina com deck, sauna, fitness center, salão de festas, bar, terraços coberto e ao ar livre, além de coffee shop. E tudo isso de frente para o mar. É um empreendimento para residir com conforto e infra-estrtutura. E numa área nobre, que é a Avenida Boa Viagem. A infra-estrutura foi planejada para que o custo de manutenção fosse o menor possível. “Por isso retiramos a lavanderia e o restaurante”, ressalta Tony. “Até porque nas proximidades há vários. E com isso o valor do
Ed. Beach Class Residence
condomínio cai muito. Enquanto a mensalidade de um flat fica em
35 pavimentos-tipo
torno de R$ 600, o Beach Class
4 apartamentos por andar
Residence vai custar cerca de R$
4 opções de planta, com área por apartamento
200”, acrescenta.
de 47m2 a 53m2
A gestão também ter caráter diferente. Ao contrário do pool, que funcionou nos primeiros empreendimentos Beach Class,
2 quartos (1 suíte) Sala para dois ambientes Área de serviço 3 elevadores Vaga na garagem
haverá uma administradora
Área de lazer com piscina, deck, sauna, fitness
responsável pela administração do
center, salão de festas, bar, terraços coberto e
Beach Class Residence.
ao ar livre, coffee shop.
recife antigo RECIFE MODERNO 61
destaque
festa de profissionalismo Clube do Corretor Moura Dubeux premia melhores desempenhos e investe em profissionais motivados como estratégia de negócio Joana Rodrigues Fotos: Fotografics
O
corretor de imóveis tem papel fundamental para o fechamento de um negócio no ramo da construção. É através dele que o cliente conhece a marca, a qualidade e o comprometimento da empresa. Reconhecendo a importância desses profissionais para a estrutura do seu negócio, a Moura Dubeux organiza periodicamente o Clube do Corretor. Foi o que aconteceu no último dia 30 de julho, quando o evento premiou os melhores desempenhos nas categorias corretora, grupo e individual, além de categorias específicas como captação de áreas e avaliadores. Para Marcos Dubeux,
62 recife antigo RECIFE MODERNO
o Clube do Corretor “é uma festa que os corretores merecem e uma maneira de incentivá-los”, já que a cada edição do evento eles se motivam e melhoram ainda mais os seus resultados. “Os corretores são a peça-chave do negócio de construção imobiliária. Então, quanto mais a gente fizer isso, mais eles vão estar juntos da gente. E isso é muito importante para a empresa”, lembra. Nesta edição, a Eduardo Feitosa ficou com o primeiro lugar na categoria corretora, conquistando o tricampeonato. “Isso mexe com o brio da gente, mostra o carinho que eles têm com o mercado e com os corretores de imóveis”, diz Henrique
Feitosa, diretor comercial da empresa. Para ele, a Moura Dubeux vem há algum tempo se destacando no mercado com uma proposta diferenciada. “Os projetos são muito bem elaborados e o tratamento ao cliente é espetacular. A nossa meta é ter o cliente satisfeito com a venda e o índice de aprovação dos clientes Moura Dubeux é de 99,9%, para não dizer 100%.”
Roberto Cavalcanti, que ganhou um carro 0 km
De cima para baixo: Ana Lúcia, avaliadores premiados, o grupo AWM e Maria de Jesus
Na categoria grupos quem
meses. Serão entregues oito
conquistou o prêmio foi a AWN,
empreendimentos no Recife até o
sigla formada pelas iniciais de Ana
final deste ano, o que corresponde
Lúcia, Wilson e Miguel. Pelo sucesso
a quase metade das 18 obras que
nas vendas de apartamentos
serão finalizadas pela empresa em
Moura Dubeux, eles ganharam
todas as praças em que trabalha, ou
computador, impressora e câmera
seja, Pernambuco, Rio Grande do
digital, equipamentos fundamentais
Norte, Ceará, Alagoas e Bahia.
para o seu dia-a-dia de trabalho. E
No bairro de Boa Viagem,
Ana Lúcia ainda foi além. Garantiu
aproveitando a valorização por que
também o primeiro lugar na
passará a área próxima ao Parque
categoria individual e ganhou uma
Dona Lindu, a empresa lança os
tevê de LCD 32’’. Segundo ela, a
edifícios Parque Avenida e Parque
Moura Dubeux é uma “construtora
do Mar. O primeiro com 3 quartos,
nota 10 para se trabalhar”. “Ano
sendo 1 suíte e 2 vagas de garagem.
passado eu ganhei o mesmo prêmio
O segundo com a opção entre 3
e cada vez eu tenho mais empenho”,
quartos, sendo 1 suíte, ou 2 quartos,
afirma.
sendo 1 suíte, mais 2 vagas de
Quando lhe perguntaram o que
garagem. Ambos serão localizados
conta mais na hora de vender um
de frente para o mar, assim como o
apartamento, Ana Lúcia é enfática:
Edifício Adelmar da Costa Carvalho,
“A credibilidade da empresa. A
mais um lançamento da Moura
Moura Dubeux é tida como a
Dubeux. Com área que varia entre
Brastemp daqui do Recife. Então é
175 m² e 110 m² e na altura da
ótimo vender seus produtos porque
Rua Ribeiro de Brito, ele contará
o mercado aceita muito bem”.
com 4 ou 3 suítes e 3 ou 2 vagas,
O ponto alto da noite ficou por conta
dependendo do apartamento.
do último prêmio, um Palio Fire 0
O Beach Class Residence é outra
km, que foi sorteado entre todos os
novidade com vista para o mar que
corretores presentes. Nesta edição,
tem uma proposta diferenciada.
a sorte grande ficou com Roberto
Localizado na Avenida Boa Viagem,
Cavalcanti, que, ao receber as
o flat carrega em seu nome a
chaves, se disse ao mesmo tempo
qualidade da linha Beach Class de
feliz e surpreso. “Para mim o prêmio
hotéis, flats e resorts. Com ampla
foi um grande estímulo, mas esta
área de lazer que inclui piscina com
festa, por si só, já é muito importante
deck, sauna, academia de ginástica
para todos nós”, acrescentou.
e salão de festas, entre outros atrativos, oferece ainda serviços
Lançamentos - Além de um espaço
como locação e coffee shop.
para premiação e motivação dos
Ainda na linha de grandes
corretores, o Clube é também
lançamentos na Zona Sul da cidade,
uma oportunidade de conhecer
a Moura Dubeux apresenta os
em primeira mão os lançamentos
edifícios Hilson de Azevedo Mota
imobiliários que a Moura Dubeux
e Wanda Mota, que aproveitam
prepara para os próximos
a valorização imobiliária de recife antigo RECIFE MODERNO 63
Gustavo Dubeux ressaltou a importância dos corretores e falou dos lançamentos previstos para os próximos meses.
expectativas de clientes, vendo o que poderia melhorar, e, seguindo esse caminho, vai se renovando sempre”. Ana Lúcia, ganhadora
Setúbal. O primeiro prédio com 4 quartos, sendo 2 suítes, e 3 vagas de garagem. O segundo com 2 quartos, sendo 1 suíte, e 2 vagas de garagem. Na Rua dos Navegantes, o Edifício Antônio Pereira também será entregue com apartamentos de 145 m², 4 suites e 3 vagas de garagem. Já na Zona Norte da cidade, é o bairro de Casa Forte que ganha dois novos edifícios: o Engenho Guimarães, com unidades cuja área varia entre 159m2 e 156 m² e contam com 4 quartos, sendo 2 suítes, e 2 vagas de garagem, e o Engenho Casa Forte, com área de 107 m², 3 quartos, sendo 1 suíte, e 2 vagas de garagem.
nos prêmios grupo e individual de vendas, também se disse entusiasmada com as novidades. “Eu acho que os prédios Engenho Guimarães e Engenho Casa Forte vão ser um sucesso total”, afirma. Nesta edição do Clube do Corretor, realizada no Restaurante Boi Preto, a Moura Dubeux enfatizou a importância dos 4 “P”, que são a base do seu plano de trabalho: produto, praça, preço e pessoas.
“Os corretores são tão importantes quanto os clientes”, disse Marcos Dubeux
Para finalizar os lançamentos Moura Dubeux 2007, o Empresarial
Conhecer cada um desses
A próxima edição do Clube do
Jopin, com arquitetura arrojada e
pontos é indispensável para o
Corretor está prevista para fevereiro,
localizado na Avenida Antônio de
desenvolvimento da empresa. E é
quando serão apresentados os
Góes, foi apresentado à platéia
nessa ideologia de investimento
lançamentos esperados para 2008
de corretores, que elogiou os
no capital humano que o Clube do
e serão feitas as premiações das
lançamentos.
Corretor está inserido. Segundo
vendas efetuadas neste meio-
Segundo Henrique Feitosa, “o
Marcos Dubeux, “os corretores
tempo. Com o compromisso de
empresarial e todos os outros
são tão importantes quanto o
colocar sempre o corretor Moura
prédios estão muito bem estudados
cliente, porque eles são o elo
Dubeux em primeiro lugar, a
e com plantas muito boas”. Para
entre os clientes e a empresa”.
empresa prossegue acreditando
ele, “a equipe da MD trabalha bem
Essa importância foi demonstrada
que profissional motivado é o
os produtos, procurando saber as
durante todo o evento.
primeiro passo para o sucesso.
64 recife antigo RECIFE MODERNO
recife antigo RECIFE MODERNO 65
mercado
MD Natal - Av. Hermes da Fonseca, 1214, no Tirol
MD Fortaleza - Av. Santos Dumont, 2828, Loja 1, Aldeota
66 recife antigo RECIFE MODERNO
destino nordeste Carlyle Paes Barreto, Júlia Nogueira de Almeida e Fábio Lucas Fotos: Luís Souza, Clevisson e Zé Rosa
A Moura Dubeux dá partida na expansão regional com quatro empreendimentos na capital potiguar
A
noite de 26 de novembro foi especial para o mercado imobiliário do Rio Grande do Norte. A atriz Cláudia Raia, mestre-de-cerimônias, brincou com a relação entre a sua altura e o porte dos empreendimentos que seriam apresentados: “Acho que estou aqui por causa do meu tamanho”. Escolhida para estrelar a apresentação oficial da Moura Dubeux ao mercado potiguar, a atriz encantou o público de cerca de 600 convidados, entre os quais a governadora Wilma de Faria, que foram recebidos pela diretoria da Moura Dubeux na Olimpo Recepções. O evento serviu para contar um pouco a história da empresa pernambucana, e ainda como pré-lançamento dos quatro empreendimentos planejados para a cidade nesta primeira fase. A noite correu em grande estilo com a mostra em primeira mão da campanha publicitária que tem jingle assinado por Lula Queiroga. E foi encerrada no mesmo tom, com show de Zé Renato, ex-integrante do grupo Boca Livre. A receptividade foi excelente. “Queremos levar o nosso padrão de qualidade na gestão para os outros Estados, aos principais mercados da região”, disse o diretor Gustavo Dubeux. A expansão no Nordeste é fruto de um planejamento cauteloso que durou três anos de estudos de mercado. Depois de Natal e
A atriz Cláudia Raia comandou os eventos: com a diretoria da Moura Dubeux (acima) e com a governadora Wilma de Faria
recife antigo RECIFE MODERNO 67
O cantor e compositor Zé Renato (ex-Boca Livre) encerrou as festas; em Fortaleza (abaixo), o La Maison Dunas recebeu mais de 750 pessoas
sendo um deles com duas torres. Os prédios atendem a todos os tipos de público, pois as unidades apresentam áreas que variam de 55 metros quadrados a 210 metros quadrados. Os preços dos apartamentos oscilam de R$ 128 mil a R$ 657 mil, com plano de 240 meses (apenas 30% até as chaves). O Edifício Hanna Safieh, no bairro Petrópolis, terá 34 pavimentos com 5 apartamentos por andar, sendo 4 de 56 m² (2 quartos) e um de 82 m² (3 quartos). O Edf. Alameda Capim Macio, no charmoso bairro de Capim Macio, terá 20 pavimentos, com 3 apartamentos de 57 m², de dois quartos, por andar. O Edf. Soneto Pontengi com 28 pavimentos, 1 apartamento por andar, de 208 m², ficará também em Petrópolis, com uma vista privilegiada para o mar. No coração de Natal, em Lagoa Nova, ao lado do Shopping Midway, ficarão as torres Life, num terreno de aproximadamente 5 mil m², que vai possibilitar aos moradores uma ampla área de lazer. Cada torre contará com 26 pavimentos-tipo. Uma terá 2 apartamentos de 108 m² (3 suítes), e a outra 3 por andar, com áreas de 85 m² (3 quartos).
Fortaleza, será a vez de Maceió, São Luis e Salvador. “Na região em que o Brasil mais cresce, há uma forte demanda imobiliária tanto para o alto padrão, quanto para produtos mais econômicos e empreendimentos turísticos de segunda residência”, explicou Marcos Dubeux, diretor da MD Engenharia. “Estamos cientes do potencial imobiliário e da qualidade das construtoras locais”, ressaltou Marcos Dubeux. Estão programados 5 edifícios em Natal. Para a comercialização, a parceria com imobiliárias locais é a 68 recife antigo RECIFE MODERNO
estratégia adotada, de acordo com o superintendente regional, Fernando Amorim. “Inicialmente não existe exclusividade com nenhuma imobiliária específica. Estamos atuando junto a todas as principais imobiliárias”, informa Amorim. Na capital potiguar, entre os principais parceiros, estão a Procuradoria de Imóveis, Peres & Peres, ECM, Caio Fernandes, Abreu Imóveis, Baía Imóveis, Algarve Imóveis e NL Imóveis, entre outras. Pré-lançamentos - Em Natal, estão previstos quatro empreendimentos,
Um condomínio residencial com três torres e um empresarial foram prélançados na chegada da Moura Dubeux à capital cearense O lançamento da Moura Dubeux no Ceará foi no dia 29 de novembro e contou com a presença de mais de 750 pessoas no La Maison Dunas, com destaque para a maciça presença de empresários e corretores interessados na novidade para o mercado imobiliário cearense. O carisma da atriz Cláudia Raia, como mestre-de-cerimônias, e do cantor e
compositor Zé Renato, a exemplo da festa em Natal, contagiou o público de Fortaleza. “Estamos nos sentindo em casa”, chegou a dizer o diretor Aluísio Dubeux. Segundo Aluísio Dubeux, a empresa vai colaborar com a construção local, levando a experiência adquirida em mais de duas décadas em projetos de grande porte. Entre os exemplos de soluções tecnológicas, citou o conhecimento especializado em fundações complexas, possibilitado pelas condições adversas do solo do Recife. Para o superintendente regional, Fernando Amorim, a expansão nordestina é fundamental para a Moura Dubeux, e os mercados locais têm reagido de acordo com o esperado em um cenário econômico em ascensão. “Pelo fato de sermos nordestinos, fomos muito bem recebidos. A repercussão positiva e o alto índice de aceitação nesses mercados se traduzem no número de reservas e de pré-vendas já registrado em pouco tempo”, destaca Amorim. Sem exclusividade para a pré-venda, a participação de grandes imobiliárias
Edf. Soneto Potengi - Natal
Torres Life - Natal
tem sido essencial para o êxito dos empreendimentos. Em Fortaleza, firmaram parceria com a Moura Dubeux a Kalil Otoch, Immobilis, Luciano Cavalcante, César Rego Imóveis, entre outras. Pré-lançamentos - Em Fortaleza, um condomínio residencial com três torres e um edifício empresarial tiveram seu pré-lançamento. O Beach Class Colonial Residence será erguido na Praia de Iracema, em um terreno de 6,5 mil metros quadrados que abrigava um antigo hotel colonial. As três torres terão 21 pavimentos e mais três de garagem. O projeto é do arquiteto Luis Fiúza. Duas torres serão compostas de 269 unidades de dois quartos com área total de 56 metros quadrados. O apartamento é compacto, com suíte, varanda, sala, cozinha, banheiro social e área de serviço. O valor dos imóveis varia de R$ 184 mil a R$ 226 mil, com plano de 240 meses, 30% até as chaves e entrega da obra em três anos. Na terceira torre, serão quatro unidades residenciais por andar,
Empresarial Business Place - Fortaleza
com apartamentos de 112 metros quadrados, e o diferencial de oferecer várias opções de plantas à disposição dos clientes, com três ou quatro quartos, sala, cozinha e dependência completa. O comprador pode optar por ter três suítes no imóvel. Nos últimos andares, os apartamentos serão duplex, com área de 119 metros quadrados. Essa torre terá um total de 86 unidades. O valor do imóvel gira em torno dos R$ 420 mil, também com plano de 240 meses. O Empresarial Business Place será localizado na Av. Barão de Studart, no bairro de Meireles, bem perto da praia. O prédio de 19 andares terá 19 salas por andar e sete andares de garagem. Haverá 570 vagas, sendo uma por sala e 240 rotativas. A comercialização vai de salas de 30 m² a um andar inteiro, de 900 m², ao preço de R$ 4 mil o metro quadrado, com plano de 120 meses, 30% até as chaves. O escritório da Moura Dubeux em Fortaleza fica na Av. Santos Dumont, 2828, Loja 1, Aldeota, na conhecida Torre Santos Dumont. O telefone é (85) 3224-6015.
Beach Class Colonial Fortaleza
recife antigo RECIFE MODERNO 69
artigo
a CHINA SERÁ A PRÓXIMA POTÊNCIA MUNDIAL? Francisco Cunha Fotos: Tânia Collier e divulgação
T
udo o que diz respeito à China desperta muito o interesse das pessoas. Prova disso foi a grande repercussão que teve a recente Missão Empresarial do Nordeste do Brasil à China, promovida pela Federação do Comércio do Estado de Pernambuco. Foram mais de 120 empresários, parlamentares e executivos públicos, na sua maioria pernambucanos. Houve visitas programadas às cidades de Pequim, Xangai e Ningbo. Além disso, na volta, foram muitas as perguntas e demandas por palestras e debates solicitados por quem não teve oportunidade de ir com a comitiva. Por que tanta curiosidade? O presidente da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), maior empresa de geração de energia elétrica do Brasil, em palestra realizada em Pequim para os integrantes da missão e para os empresários chineses que participaram da rodada de negócios que se seguiu, dá uma pista quando destaca a importância do Brasil e da China no cenário internacional como grandes países: “Quando cruzamos os critérios de países com área superior a 5 milhões de km2, população acima de 150 milhões de habitantes e PIB maior que US$ 600 bilhões, só vamos encontrar no conjunto união dessas condições os EUA, a China e o Brasil.” Dilton da Conti Oliveira, presidente da Chesf
70 recife antigo RECIFE MODERNO
Talvez esteja aí um das razões da curiosidade. De certa forma, China e Brasil estão no mesmo barco das perplexidades relativas ao futuro, sobretudo em face do impressionante desempenho do gigante chinês, que cresce a taxas médias de 9,6% ao ano desde 1980 (o que significa, na prática, dobrar de tamanho a cada sete anos). Segundo as previsões dos economistas, mantidos os índices de crescimento verificados nos últimos anos, a China assumirá o 3º lugar em 2015, o 2º lugar em 2020 e o 1º lugar, à frente dos EUA, em 2040. E tudo isso dentro de um modelo batizado por Deng Xiaoping, o grande arquiteto das reformas da era pós-Mao Tsé-tung, de “economia socialista de mercado”, um misto de estímulo à concorrência e de forte intervenção estatal reguladora, e rebatizado por um dos participantes da Missão Empresarial, presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio do Recife (Sindilojas Recife): “É o comunismo de resultados.” Frederico Leal, presidente do Sindilojas Recife
Trata-se de um exemplo de pragmatismo que se vê estampado nas grandes cidades chinesas, seja no impressionante crescimento imobiliário e no desenvolvimento urbanístico de Pequim (que se prepara para sediar as Olimpíadas de 2008) e Xangai (que se prepara para sediar a Expo 2010), seja na espantosa proliferação de produtos “made in China”, de todos os tipos de qualidade, por todos os lugares e a preços espantosamente baixos. Um pragmatismo muito bem lembrado pelo engenheiro pernambucano Otávio Carvalheira, vice-presidente da Alcoa Xangai: “Não importa a cor do gato, desde que ele cace o rato.” Deng Xiaoping, 1979 Ou seja, não importa a cor do regime econômico, o que importa é se ele permite ou não, pragmaticamente, à China (o gato) superar o subdesenvolvimento (o rato). Pragmatismo que se traduz na grande competição interna entre fabricantes de produtos de todos os tipos e em
praticamente todos os setores de bens de consumo e intermediários. Só a Alcoa tem mais de trinta concorrentes chineses para os laminados de alumínio que produz em Xangai, o que chamou a atenção do presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado de Pernambuco (Simmepe). “Estou convencido de que a competitividade dos produtos chineses deve-se à enorme competição interna entre fabricantes e fornecedores.” Alexandre Valença, presidente do Simmepe A respeito desse impressionante crescimento, Alan Greenspan, que presidiu durante quase duas décadas o Federal Reserve (Fed), o Banco Central norte-americano, apelidado de “senhor mercado” pela imprensa norte-americana, disse, referindo-se ao boom da Bolsa de Xangai, que teve uma valorização de 130% em 2006 (Otávio Carvalheira revelou aos integrantes da missão visitantes da fábrica da Alcoa que o principal destino das buscas pela internet feitas pelos operários nas horas de folga são os sites de aplicações em bolsa), dando o tom do desafio econômico a ser enfrentado pela China: “É claramente insustentável. Em algum momento, haverá uma contração dramática.” Alan Greenspan, ex-presidente do Fed Além do desafio econômico, é possível identificar um outro bem nítido: se até agora o desenvolvimento vem tomando um caminho sem volta, com todas as implicações decorrentes. Para o diretor da Martorelli e Gouveia Advogados (MGA), o maior escritório de advocacia do Nordeste, ainda persiste uma questão bastante importante em relação ao futuro da experiência chinesa: “A dúvida que fica é se eles conseguirão fazer a transição ordenada para o regime de liberdades políticas. A União Soviética não conseguiu.”
João Humberto Martorelli, diretorgeral da MGA Para o estudioso inglês Anthony Saich, professor da Escola Kennedy de Governo da Universidade de Harvard, autor do livro “Governance and Politics of China”, o exemplo da União Soviética foi, inclusive, fundamental para a mudança chinesa. “A lição que Deng Xiaoping tirou disso foi que, se não mantivesse a economia crescendo, a China iria cair também.” Anthony Saich, Folha de S.Paulo, 30.7.2006. Visto a partir da perspectiva atual, o timing da mudança econômica feita pela China parece ter sido perfeito na medida em que impediu a fragmentação sofrida pela União Soviética e mantém o país unido pela crença na conquista da liderança mundial. Nesse particular, o crescimento passou a ser fiador político do regime. Ao que parece, há até agora um certo consentimento político, desde que o crescimento seja acelerado e mantenha viva a esperança de uma vida melhor para pelo menos os 800 milhões (quatro Brasis) de chineses que ainda vivem no campo (contra 500 milhões que já estão nas cidades) em condições muito precárias. Além desses dois, há um terceiro desafio muito importante: o desafio ambiental. Em 2006 a China ultrapassou os EUA como maior emissor de gases de efeito estufa do planeta. Segundo estudos feitos pela OCDE (espécie de clube dos países mais desenvolvidos do mundo), até 2020 a China terá 600 mil mortes prematuras em regiões urbanas e 20 milhões de casos de doenças respiratórias ao ano devido à poluição. O
custo total dos danos à saúde equivalerá a 13% do PIB. Uma situação tão preocupante que fez a sóbria publicação inglesa The Economist colocar tintas fortes em sua avaliação. “O desenvolvimento chinês constitui uma explosão econômica e uma implosão ecológica.” The Economist São três enormes desafios, portanto, que o fenômeno chinês mobiliza. E qualquer prognóstico em relação ao futuro tem que considerá-los seriamente. A economia agüenta? A política resiste? O ambiente suporta? Há uma forte tendência a responder “não” para cada uma dessas perguntas. Mas não nos esqueçamos de que a civilização chinesa tem pelo menos 5.000 anos de desenvolvimento contínuo e já resistiu a muita coisa durante todo esse tempo. Se resistir, e o mundo também, não há dúvidas de que será a próxima potência mundial.
Francisco Cunha é consultor de empresas e diretor da TGI Consultoria em Gestão.
recife antigo RECIFE MODERNO 71
ANDAMENTO DAS OBRAS
Teresa Novaes | Av. Boa Viagem
255
4 Qts / 4 Sts
03 e 04
Entregue
04
Luiza Ramos | Boa Viagem
82
3 Qts / 1 St
02
Entregue
05
Alameda dos Flamboyants | Torreão
188
4 Qts / 4 Sts
03
Entregue
06
Engenho Poeta | Caxangá
232
4 Qts / 4 Sts
04
Jan/08
07
Mário Saraiva | Boa Viagem
165
4 Qts / 2 Sts
02 e 03
Mar/08
08
Engenho Madalena | Madalena
200
4 Qts / 4 Sts
03
Jul/08
09
Antônio Espíndola | Rosarinho
150
4 Qts / 2 Sts
02
Dez/08
10
Reginaldo Araújo | Av. Boa Viagem
Dez/08
11
Morada dos Navegantes | Boa Viagem
12
241
4 Qts / 4 Sts
03
94/95/103
3 Qts / 2 Sts
02
Fev/09
Brennand Plaza | Av. Boa Viagem
412
4 Qts / 4 Sts
05
Jun/09
13
Clarice Roma | Boa Viagem
101
3 Qts / 1 St
02
Jun/09
14
Alameda dos Pinheiros | Boa Viagem
173
4 Qts / 2 Sts
02 e 03
Ago/09
15
Joanna Dhália | Boa Viagem
157 / 167
4 Qts / 4 Sts
02 e 03
Set/09
16
Zezé Cardoso | Boa Viagem
81
3 Qts / 1 St
02
Set/09
17
Alice Queiroz | Rosarinho
132
4 Qts / 2 Sts
02
Nov/09
18
Pier Maurício de Nassau | São José
247
4 Qts / 4 Sts
03
Dez/09
19
Pier Duarte Coelho | São José
247
4 Qts / 4 Sts
03
Dez/09
20
A. Trajano | Av. Boa Viagem
233
4 Qts / 4 Sts
03
Fev/10
21
Beach Class International | Boa Viagem
38/51/53/103
1Qt / 1 St
-
Mai/10
22
Maria Júlia | Pina
118
3 Qts / 1 St
02
Jul/10
23
Casa Rosada | Rosarinho
177
4 Qts / 4 Sts
03
Out/10
24
Mar Azul | Av. Boa Viagem
237
4 Qts / 4 St
03 e 04
Out/10
25
Enseada do Mar | Pina
160
4 Qts / 2 Sts
02 e 03
Jun/11
26
Jardins do Capibaribe | Graças
185
4 Qts / 2 Sts
03
Jul/11
Quartos/ Suítes
Vagas Garagem
Previsão de entrega
Nome
Área (m2)
27
Empresarial Jopin | Pina
281/289
-
08
-
28
Parque Avenida | Av. Boa Viagem
119/124
3 Qts / 1 St
02
-
29
Parque do Mar | Av. Boa Viagem
114/138/145
3 Qts / 1 ou 3 St
02
-
30
Adelmar da Costa Carvalho | Av. Boa Viagem
110 a 277
3 e 4 St
02/03/04
-
31
Antônio Pereira | Boa Viagem
154
4 Qts / 2 St
03
-
32
Engenho Guimarães | Casa Forte
156
4 Qts / 2 St
02
-
33
Engenho Casa Forte | Casa Forte
105
3 Qts / 1 St
02
-
34
Hilson de Azevedo Mota | Setúbal
164
4 Qts / 2 St
03
-
35
Vanda Mota | Setúbal
101
3 Qts / 1 St
02
-
36
Beach Class Residence | Av. Boa Viagem
47 a 54
1 e 2 Qts / 1 St
01
-
72 recife antigo RECIFE MODERNO
Entrega
Entregue
03
Entrega
Entregue
02
Acabamento
03
3 Qts / 1 St
Acabamento
4 Qts / 4 Sts
137
Alvenaria
257
Dolores Moura | Av. Boa Viagem
Alvenaria
Luiz Numeriano | Casa Forte
02
Estrutura
Previsão de entrega
Estrutura
Vagas Garagem
Fundação
Quartos/ Suítes
Fundação
Área (m2)
01
Item
Lançamentos«
Nome
Início das obras
Item
Início das obras
Construção«
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74 recife antigo RECIFE MODERNO