REVISTA ALAVANCA 4º TRIMESTRE - OUT-DEZ 2021

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OUTUBRO | NOVEMBRO | DEZEMBRO DE 2021


Acesse o site oficial do Movimento de Cursilhos de Cristandade do Brasil

És um projeto do Pai: tua missão é fermentar do Evangelho este momento da história!

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Editorial fios e chegamos à conclusão: estamos vivendo um momento único para evangelizar, um momento único, na história, para apresentar o rosto do Cristo aos ambientes, aos irmãos e irmãs. Somos chamados a buscar a VACINA contra o comodismo, contra o “sofá” e, vacinados, somos chamados a semear, ou poderíamos parafrasear, – somos chamados a espalhar alguns vírus, que podem transformar vidas, são eles: o vírus da esperança, da alegria, da misericórdia, da caridade transformadora. Para esta semeadura, temos de viver a cultura do encontro, encontrar formas de não perdermos o essencial, encontrar formas de viver o amor, de realizar experiências profundas de encontro com Jesus Cristo, ele que é “caminho, verdade e vida”. Que em 2022, nossa oração, formação e ação nos permitam estes encontros profundos com Jesus Cristo, os quais nos impulsionam a ir ao encontro de cada irmão e irmã e, assim, sejamos Profetas rumo ao Jubileu – “onde todos somos irmãos”.

ESTAMOS ENCERRANDO 2021, ANO EM QUE PEREGRINAMOS POR MOMENTOS ÚNICOS DE APRENDIZAGEM. FOMOS COMO QUE EMPURRADOS A VIVER EM UM AMBIENTE MUITO CONHECIDO, MAS POUCO EXPLORADO, O AMBIENTE VIRTUAL. FOMOS CHAMADOS A BUSCAR ALTERNATIVAS PARA MANTER ALGO QUE É ESSENCIAL NO MOVIMENTO DE CURSILHOS DE CRISTANDADE, A AMIZADE. Quando a maioria esperava um retorno expressivo de atividades presenciais, tivemos que continuar em atividades virtuais, para as Assembleias Regionais e Diocesanas, Escolas Vivenciais, Encontros Regionais para Jovens, encontros de formação e muitos, muitos momentos de oração. No ambiente virtual, aprendemos muito, mas, também, fortalecemos o entendimento de que não podemos viver sem o abraço, sem o sorriso, sem o olhar e a palavra próxima de cada irmão e irmã. Em uma formação em Guarapuava (PR), um irmão, na conclusão de um trabalho em grupo, me falou: “somos um movimento de relações” e, complemento, que de preferência, de forma presencial. A pandemia nos causou, e está causando, muito sofrimento. Também nos trouxe muitos desa-

Decolores! Viva a vida! Feliz e abençoado Natal! Feliz e abençoado 2022!

WLADIMIR COMASSETTO Coordenador do Grupo Executivo Nacional

 wfbcomassetto@gmail.com

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NOSSA CAPA OUTUBRO | NOVEMBRO | DEZEMBRO DE 2021

Expediente Jornalista Responsável Giulia Micheli Pozzobon - MTB/RS 18.496 Editor Wladimir Francisco Barros Comassetto Artigos Adair José Batista Corinto Luiz Arruda do Nascimento Daiana Cristina Buzzo Lucília Alves Cunha Padre Francisco Luis Bianchin Padre José Roberto Ferrari Padre José Gilberto Beraldo Padre Wagner Luis Gomes Wladimir Francisco Barros Comassetto

NESTA EDIÇÃO

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Tal é o estilo de Deus: proximidade, compaixão e ternura. É isto que nos é pedido hoje”.

Marketing e Vendas Grupo Executivo Nacional Publicidade e Assinaturas Grupo Executivo Nacional Revista Alavanca É uma publicação trimestral do Movimento de Cursilhos de Cristandade do Brasil GEN - Grupo Executivo Nacional Coordenador Wladimir Francisco Barros Comassetto

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Como Viver o Natal em Tempo de Pandemia

Vice-Coordenador Corinto Luiz do Nascimento Arruda Assessor Eclesiástico Nacional Pe. José Roberto Ferrari Vice-Assessor Eclesiástico Nacional Pe. Wagner Luis Gomes Assessor Eclesiástico Adjunto Pe. Valcir Baronchello Endereço Rua Domingos de Moraes, 1334 Conjunto 07 - Vila Mariana São Paulo (SP) - CEP 04010-200 Críticas e Sugestões  (11) 5571 7009 gen-alavanca@cursilho.org.br www.cursilho.org.br Projeto Gráfico e Diagramação ideiasemidias.com.br Revisão Dizy Ayala

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Sementes do Reino

O presépio de Belém reflete sua luz sobre o mundo, uma luz que tem no Papa Francisco um testemunho vivo. O Papa nos pede e mostra com a sua vida que pedir ao Senhor: “Vinde”, determina compromisso, especialmente com aqueles que estão nas periferias existenciais. Cada cursilhista está sendo chamado a viver o “Vinde, Senhor Jesus, vem!” Semeando ternura, alegria e esperança e, assim, mostrar a humanidade que a estrela continua acesa em nossos corações.

SEÇÕES

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Editorial

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Reflexão

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Palavra do Novo Coordenador

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Formação

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49ª Assembleia Nacional MCC

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Poema aos Jovens

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Testemunho

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Sinodalidade

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São Paulo, Apóstolo

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Fala Jovem

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Memória

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Testemunhos de Amor

Circulação Nacional

cursilho brasil

ISSN 2178-5333

mccbrasil


REFLEXÃO

Ano

C

hegamos a mais um ano jubilar. Jubileu de diamante! Os últimos dez anos foram marcados por um grande crescimento da consciência de nosso carisma, do sentido do ver, discernir e agir, da importância da amizade, do valor da evangelização dos ambientes, tudo isso enriquecido pelos recentes documentos da Igreja, em especial, os do Papa Francisco, com suas Exortações e Cartas. Assim sendo, vamos dar uma refrescada em nossa memória: concluído o jubileu de ouro, propomo-nos a reavivar o nosso carisma, compreendendo-o, vivendo-o e assumindo-o, de forma mais clara e efetiva. Para isso, procuramos aprofundar o método do Cursilho, a estratégia e a finalidade com o objetivo de ter mais visibilidade e presença em nossos ambientes. Percebemos então, a necessidade de investir numa sólida formação humana, bíblica e teológica para fazer frente aos desafios da realidade atual. No entanto, tomamos consciência de que a formação precisa estar a serviço da evangelização, o que nos levou a sair em estado de missionariedade, porém, não só fazendo missão, mas sendo missão no local onde estamos, trabalhamos e vivemos. Analisando atentamente, vimos que não basta sermos missão no mundo de hoje, mas sermos protagonistas na missionariedade, particularmente, as leigas e leigos, em seus ambientes, pois estamos numa sociedade líquida e da pós-verdade, que exige um claro testemunho missionário. Daí nasceu a necessidade forte de espiritualidade para resistirmos e enfrentarmos desafios dessa sociedade laicizada e concluímos que não seria possível evangelizar essa socieda-

de, se não fosse de forma comunitária, com forte cunho de comunhão fraterna. Foi, justamente, dentro desse contexto que irrompeu a pandemia do Coronavírus, que nos deixou perplexos e, inicialmente, perdidos. Graças às luzes do Divino Espírito Santo, aos poucos, fomos nos reinventando. Buscamos fazer do MCC um caminho de santificação, à luz da Exortação Gaudete et Exultate, do Papa Francisco, percorrendo o caminho de santificação, tendo como lema: “sede misericordiosos como vosso Pai do céu é misericordioso” (Lc.6,36), o que nos diz que a misericórdia é fio condutor e condição da santidade. Nessa caminhada, fomos nos aproximando do Jubileu de Diamante do MCC e percebemos, mais uma vez, que a realidade de hoje, de um novo tempo, de uma nova época, exige que sejamos profetas da alegria, da esperança, da amizade, da vida e da vida comunitária. Enfim, os dias voam e se aproximam do jubileu e nós somos convidados para, todos juntos, num só sentimento de gratidão, de fé e de profunda esperança, vivermos todos os dias, todos os atos, todas as atitudes com espírito jubilar. Creio que a pandemia que nos roubou tantas coisas, não nos roubou a Esperança e a vontade de viver. Precisamos, sim, recuperar a alegria do encontro, o valor da vida presencial e a força do profetismo cristão. Falemos jubileu, respiremos jubileu, vivamos jubileu!

Pe. Francisco Luis Bianchin (Pe. Xiko) ASSESSOR REFERENCIAL PARA FORMAÇÃO

 gen-pexiko@cursilho.org.br OUTUBRO | NOVEMBRO | DEZEMBRO DE 2021

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NOVO TRIÊNIO 2022-2024

PALAVRA DO NOVO COORDENADOR Caríssimos irmãos cursilhistas,

ESTAMOS INICIANDO, JUNTAMENTE COM O CORINTO, UM NOVO MANDATO NA COORDENAÇÃO DO GRUPO EXECUTIVO NACIONAL, TRIÊNIO 2022-24. OS DESAFIOS SÃO GRANDES, OS TEMPOS SÃO DIFÍCEIS, POIS ESTAMOS AINDA AUSCULTANDO OS ESTERTORES CRUÉIS DA PANDEMIA. Nessa gestão, temos a alegria de ter o nosso irmão Corinto como vice e vocês conhecem muito bem a força testemunhal e evangelizadora deste pequeno grande homem. Sua vida é pautada por sempre servir ao MCC e todos nós conhecemos muito dos seus talentos, dentre eles, o domínio da didática e pedagogia, tão importantes nesta missão de sermos formadores e multiplicadores dos fundamentos do MCC. E todos esses seus dons foram aperfeiçoados nos diversos cargos que exerceu durante sua sólida carreira profissional. Continuando nossa apresentação, visando, também, darmos testemunho de nossos ambientes, digo que sou médico urologista formado há

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38 anos, iniciei minha formação acadêmica na faculdade de Medicina de Pouso Alegre, MG (1977) e, depois, fui transferido para a Universidade Federal de Uberlândia, onde me especializei em Cirurgia Geral e Urologia (1987). Mas, a grande transformação em minha vida aconteceu, mesmo, em setembro de 2001, onde fui convidado pelos padrinhos Divino e Silvana a vivenciar o cursilho de número 102, da Diocese de Uberlândia (MG). Foi neste cursilho que pude fazer os três encontros: com Cristo, comigo mesmo e com os irmãos, recebendo o anúncio de Jesus Cristo de forma querigmática e vivencial. E, a

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2022-2024 partir daí, me engajei no movimento, passando a ocupar todos os níveis de sua estrutura: coordenador diocesano, regional e, agora, me coloco a disposição para servir em nível nacional. Neste momento da transição de coordenação, temos muito a agradecer à coordenação anterior: Wladimir Comasseto e Corinto Arruda, os quais conduziram o MCC com muita sabedoria e santidade em um dos períodos de maiores dificuldades na história do movimento. Graças a eles, o movimento manteve-se unido a nível nacional e, também, caminhou em passos largos, além-fronteiras, aproximando-se e

integrando-se, ainda mais, ao Grupo Latino-americano de Cursilhos de Cristandade. Junto a isso, estamos respirando o envolvente clima natalino, que nos recorda o nascimento do menino Jesus, nosso salvador. Desejamos que Ele permaneça iluminando as famílias de todos vocês e que continuemos caminhando juntos nas mesmas estradas, rumo ao Jubileu de sessenta anos no Brasil. DeColores! Adair J. Batista Coordenador Nacional MCC (2022-24)

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PALAVRA DO PAPA

Tal é o estilo de Deus: proximidade, compaixão e ternura. É isto que nos é pedido hoje”. momento assim, de total obscuridade, que há de vir o Filho do Homem (cf. Mc 13,26); e agora já se podem contemplar os sinais da sua vinda, como quando deduzimos que o verão está próximo, por ver que a figueira começa a cobrir-se de folhas (cf. Mc 13, 28). Deste modo, o Evangelho ajuda-nos a ler a história, captando dois aspectos dela: as dores de hoje e a esperança de amanhã. Por um lado, evocam-se todas as dolorosas contradições em que a realidade humana vive imersa, em cada tempo; por outro, há o futuro de salvação que a espera, isto é, o encontro com o Senhor que vem para

NA HOMILIA DO DIA 14 DE NOVEMBRO DE 2021, DIA MUNDIAL DOS POBRES, O PAPA FRANCISCO NOS OFERTOU ESTA BELA REFLEXÃO:

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s imagens utilizadas por Jesus, na primeira parte do Evangelho de hoje, deixam-nos apreensivos: o sol escurece, a lua deixa de dar claridade, as estrelas caem e as forças celestes são abaladas (cf. Mc 13,24-25). Mas, pouco depois, o Senhor abre à esperança: será num

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nos libertar de todo o mal. Vejamos estes dois aspetos, com o olhar de Jesus. O primeiro aspeto: a dor de hoje. Vivemos numa história marcada por tribulações, violências, sofrimentos e injustiças, à espera duma libertação que parece nunca mais chegar. E os feridos, oprimidos e, às vezes, esmagados por tudo isso são, sobretudo, os pobres, os elos mais frágeis da cadeia. O Dia Mundial dos Pobres, que estamos a celebrar, pede-nos que não viremos a cara para o outro lado, não tenhamos medo de olhar de perto o sofrimento dos mais vulnreráveis, para os quais aparece muito atual o Evangelho de hoje: o sol da sua vida é, frequentemente, obscurecido pela solidão, a lua das suas expetativas apaga-se; as estrelas dos seus sonhos caíram na resignação e acaba abalada a sua própria existência. Tudo isto por causa da pobreza a que, muitas vezes, se veem constrangidos, vítimas da injustiça e da desigualdade duma sociedade do descarte, que corre apressada sem os ver e, sem escrúpulos, os abandona ao seu destino. Em contrapartida, existe o segundo aspecto: a esperança de amanhã. Jesus quer abrir-nos à esperança, arrancar-nos da angústia e do medo, à vista da dor do mundo. Para isso, assegura-

nos: ao mesmo tempo que o sol se obscurece e tudo parece cair é, precisamente, quando Ele se faz vizinho a nós. Nos gemidos da nossa dolorosa história, há um futuro de salvação que começa a germinar por entre os dramas da história. A esperança de amanhã floresce na dor de hoje. Sim, a salvação de Deus não é só uma promessa reservada para o além, mas cresce, já agora, dentro da nossa história ferida – todos temos o coração enfermo –, abre caminho por entre as opressões e injustiças do mundo. Precisamente, no meio do lamento dos pobres, o Reino de Deus desabrocha como as folhas tenras duma árvore e conduz a história para a meta, para o encontro final com o Senhor, o Rei do Universo que nos libertará definitivamente. Chegados aqui, perguntemo-nos: Que se nos pede, a nós cristãos, face a esta realidade? Pede-se-nos para nutrir a esperança de amanhã, curando a dor de hoje. Estão interligados: se tu não caminhas curando as dores de hoje, dificilmente, terás a esperança de amanhã. De fato, a esperança que nasce do Evangelho não consiste em esperar, passivamente, por um amanhã em que as coisas hão de correr melhor – isto não é

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possível –, mas em tornar concreta, hoje, a promessa de salvação de Deus: hoje, cada dia... De fato, a esperança cristã não é o ditoso otimismo, antes, diria o otimismo adolescente, de quem espera que as coisas mudem e, entretanto, continua a ocupar-se da vida própria, mas é construir dia a dia, com gestos concretos, o Reino do amor, da justiça e da fraternidade que Jesus inaugurou. Por exemplo, a esperança cristã não foi semeada pelo leviatã e o sacerdote que passaram ao lado daquele homem ferido pelos ladrões. Foi semeada por um estranho, por um samaritano que parou e realizou a ação (cf. Lc 10, 30-35). E hoje é como se a Igreja nos dissesse: ‘‘Para e semeia esperança na pobreza. Aproxima-te dos pobres e semeia esperança». A esperança daquela pessoa, a tua esperança e a esperança da Igreja. A nós, nos é pedido isto: ser, entre as ruínas quotidianas do mundo, construtores incansáveis de esperança; ser luz enquanto o sol se obscurece; ser testemunhas de compaixão, enquanto ao redor reina a distração; ser amorosos e atentos, na indiferença generalizada. Testemunhas de compaixão. Nunca poderemos fazer o bem, sem passar pela compaixão. Quando muito, faremos coisas boas, mas que não atingem a via cristã, porque não tocam o coração. Aquilo que nos faz

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tocar o coração, é a compaixão: aproximamo-nos, sentimos compaixão e realizamos atos de ternura. Tal é o estilo de Deus: proximidade, compaixão e ternura. É isto que nos é pedido hoje. Recentemente, voltou-me à mente aquilo que costumava repetir D. Tonino Bello, um bispo próximo dos pobres: “Não podemos limitar-nos a esperar, devemos organizar a esperança”. Se a nossa esperança não se traduzir em opções e gestos concretos de atenção, justiça, solidariedade, cuidado da casa comum, não poderão ser aliviados os sofrimentos dos pobres, não poderá ser modificada a economia do descarte que os obriga a viver à margem, não poderão florescer, de novo, os seus anseios. Compete-nos, especialmente a nós cristãos, organizar a esperança – é uma linda expressão, esta de Tonino Bello: organizar a esperança –, traduzi-la, diariamente, em vida concreta nas relações humanas, no compromisso sociopolítico. Isto faz-me pensar no trabalho que fazem tantos cristãos com as obras de caridade, no trabalho da Esmolaria Apostólica... Que é que se faz lá? Organiza-se a esperança. Não se dá uma moeda; organiza-se a esperança. Esta é uma dinâmica que hoje nos pede a Igreja.

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Hoje, Jesus oferece-nos uma imagem simples e, ao mesmo tempo, sugestiva da esperança: é a imagem das folhas da figueira, que desabrocham sem fazer ruído, assinalando que o verão está próximo. E estas folhas aparecem – sublinha Jesus –, quando o ramo se torna tenro (cf. Mc 13, 28). Irmãos, irmãs, aqui está a palavra que faz germinar a esperança no mundo e que alivia a dor dos pobres: a ternura. Compaixão que te leva à ternura. Depende de nós superar o fechamento, a rigidez interior, que é a tentação de hoje, dos “restauracionistas” que querem uma Igreja ordenada e rígida: isto não é do Espírito Santo. Devemos superar isto e fazer germinar, nesta rigidez, a esperança. E depende de nós, também, vencer a tentação de nos ocuparmos, apenas, com os nossos problemas, para nos enternecermos à vista dos dramas do mundo, compadecendo-nos da dor. À semelhança das folhas tenras da árvore, somos chamados a absorver a poluição que nos rodeia e transformá-la em bem: não adianta falar dos problemas, polemizar, escandalizar-nos… (isto, todos o sabemos fazer!); o que adianta é imitar as folhas que, sem chamar a atenção todos os dias, transformam o ar poluído em ar puro. Jesus quer-nos «conver-

sores de bem»: pessoas que, imersas no ar pesado que todos respiram, respondem ao mal com o bem (cf. Rm 12, 21). Pessoas que agem: partilham o pão com os famintos, trabalham pela justiça, elevam os pobres e devolvem-lhes a sua dignidade, como fez aquele samaritano. É bela, é evangélica, é jovem uma Igreja que sai de si mesma e, como Jesus, anuncia a boa nova aos pobres (cf. Lc 4, 18). Repito o último adjetivo: é jovem uma Igreja assim; a juventude de semear esperança. Esta é uma Igreja profética, que diz, com a sua presença, aos corações desanimados e aos descartados do mundo: «Coragem, o Senhor está próximo! Também para ti há um verão que desabrocha no coração do inverno. Mesmo da tua dor, pode ressurgir esperança». Irmãos e irmãs, levemos ao mundo este olhar de esperança. Levemo-lo com ternura aos pobres, aproximando-nos deles, com compaixão, sem os julgar – julgados, seremos nós –. Porque lá, junto deles, junto dos pobres, está Jesus; porque lá, neles, está Jesus, que nos espera.

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FORMAÇÃO

Tudo é graça,

Deus nos conduz “Assim, aproximemo-nos do trono da graça com toda a confiança, a fim de recebermos a misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento da necessidade” Hb 4,16. Encontramos graça porque Jesus é misericordioso conosco. Perseverar é encontrar a Graça, portanto não podemos deixar de lutar, os desafios existem para serem superados. Me vem agora, na memória, o exemplo de Santa Mônica, mãe de Santo Agostinho, que, em seus tempos de rebeldia, foi motivo de muitas lágrimas e muitas orações de sua santa mãe, que perseverou em busca da graça que pedia a Deus, para a conversão de seu amado filho. Ela perseverou em oração durante 28 anos, até que a graça acontece e se realiza. Ela alcança a graça: Agostinho é tocado pela Graça, se converteu, foi grande bispo, tornou-se doutor da Igreja, grande santo, considerado por muitos como grande patriarca da Igreja. Às vezes, a graça não é alcançada no mesmo momento que pedimos, mas ela chega depois, chega no tempo de Deus e não no nosso. O importante é não desistirmos, quando buscamos uma graça, precisamos perseverar nessa busca. Quem persevera não desiste! Caminhar com Jesus é nossa meta... Evangelizar ambientes é nosso carisma... Não permitir que o mundo nos roube a alegria de anunciar Jesus... Não deixar que nos roubem a esperança de que esse tempo nebuloso vai passar... Não descuidar das oportunidades de criarmos laços de fraterniOUTUBRO | NOVEMBRO | DEZEMBRO DE 2021

dade, amizade cristã, pois somos todos irmãos... São para nós caminhos de perseverança para o alcance da Graça que buscamos: ver esse mundo mais humano e mais cristão; mais justo e mais solidário! Sejamos perseverantes na fé, firmes na missão evangelizadora e transformadora que a Igreja e o Movimento de Cursilhos nos convocam... Quanto bem, quanta graça já alcançamos: quase dois anos que o coronavírus nos assusta, nos reprime, nos isola e nos afasta de tudo e de todos, mas estamos aqui, indo mais devagar, mas estamos indo... Conseguimos realizar muitas coisas, apesar de todos os percalços, apesar de todos os desafios, porque a graça de Deus é grande, é maior que nossos medos... nossas dúvidas... nossas dores e decepções. Tudo isso é graça, é benção que chega, dia após dia, em cada pequena oportunidade. Ela se manifesta, às vezes, sutilmente e só vamos percebê-la no final de um tempo. Como podemos discernir agora, chegamos ao final de mais um ano, mesmo que tenhamos perdido muitos parentes, amigos, irmãos de caminhada, temos certeza da grande Graça, pois, com Deus, a vida não morre jamais! Para aqueles que partiram, tendo suas vidas ceifadas por esse vírus cruel e mortal, temos certeza que alcançaram o prêmio da bem-aventurança... Nós, que continuamos aqui, buscamos a força, a alegria, o ânimo que nos impulsionam a

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caminhar. Somos parte de uma pequena porção da humanidade que avança, que cria e recria, que inventa e reinventa, que primeireia a esperança de reconstruir um mundo melhor! Nossa imensa gratidão a todos e todas que conosco caminharam mais esse ano pelas páginas da Revista Alavanca; através do ambiente virtual com inúmeras lives formativas, informativas e reflexivas, descortinando, reconhecendo, aprendendo e ensinando o valor desse novo areópago que se faz, para o MCC. Um ambiente no qual devemos, também, testemunhar Jesus Cristo, ressuscitado, vivo e atuante no meio de nós. Com a graça de Deus, que nos conduz, esperamos um

novo tempo, onde tudo há de ser melhor e, até que esse tempo chegue, continuamos unidos na mesma fé, desejando que: Nada te perturbe, nada te espante, Tudo passa, Deus não muda, A paciência tudo alcança; Quem a Deus tem, nada lhe falta: Só Deus basta. (Santa Tereza D’Avilia)

Lucília Alves Cunha Mestre em Ciências da Religião Membro do Grupo de Apoio do GEN e GER C/O

SEJAMOS PERSEVERANTES NA FÉ, FIRMES NA MISSÃO EVANGELIZADORA E TRANSFORMADORA QUE A IGREJA E O MOVIMENTO DE CURSILHOS NOS CONVOCAM...

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MCC

COMO VIVER O Natal EM TEMPO DE PANDEMIA? Queridos irmãos e irmãs em Cristo. Santo Natal de 2021...

Neste tempo de pandemia que a humanidade está atravessando, estamos tendo a oportunidade de colocarmos muitas coisas nos seu devido lugar, como, por exemplo, tomarmos consciência da vulnerabilidade da realidade existencial. Nossos olhos têm sido testemunhas de que o dinheiro não faz nenhuma diferença diante da doença e que somos todos iguais. Assim como a flor do campo, que de manhã está linda e viçosa, à tarde é cortada e jogada fora, assim também pode acontecer conosco.

A

través deste veículo de comunicação, a Revista Alavanca, estamos chegando até você para uma pequena reflexão sobre esta festa tão importante na vida de cada um de nós Cristãos. Muito temos falado sobre o risco de vivermos este momento rico em espiritualidade de forma superficial e confundi-lo com uma festa, meramente, humana com significados apenas, materiais e de consumo. Uma das causas deste desvio, que temos buscado em uma serie de situações, é o próprio consumismo. Quer dizer, uma sensação de que o dinheiro é responsável pelo bom êxito de um momento de confraternização e de encontro entre parentes e amigos. Por isso, a necessidade da troca de presentes, de modo que quanto mais caro for o presente, mais importante é a pessoa que o oferece. Ao ponto de fazer o momento da troca de “dons” se tornar o foco das atenções, ficando em segundo ou terceiro plano aquele que é o verdadeiro motivo da festa, o nascimento do Menino Deus. Isso porque, após a distribuição dos presentes, temos ainda a comida, a bebida, as roupas a serem observadas etc.

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Por isso, queridos irmãos e irmãs, é tempo de revermos os nossos comportamentos e buscarmos na Luz da Palavra de Deus e no discernimento que nos vem do Espírito Santo, aquele entendimento do que somos, realmente, e valorizarmos aquilo que nos faz crescer como filhos do mesmo Pai. E no Menino que nasce na humildade da manjedoura, somos todos irmãos e somos todos importantes, independentemente de valores terrenos. Não dá mais para vivermos na superficialidade, não é tempo disso, precisamos colher o momento (kayrós) e entrarmos na gratuidade. Tudo é graça, fruto do Amor de Deus Pai por nós.

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Desta consciência, nasce a alegria verdadeira do Dom de nos oferecermos uns aos outros, como verdadeiro presente, e sentirmos no coração o desejo de nos doarmos, sempre mais, em benefício dos menos favorecidos e dos vitimados, nas mais variadas formas de sofrimentos causados pela pandemia. Como é gostoso experimentarmos esta vida nova que nos é oferecida pelo Amor misericordioso do Pai, no Menino Deus que assume a fragilidade da nossa humanidade como Sol nascente que vem para dissipar as trevas do pecado, que impede os filhos de verem, com clareza, aquilo que, realmente, nos faz crescer espiritualmente. Como é gostoso sentir no coração aquela alegria que vem do Espírito Santo, alegria que nasce de um amor gratuito, manifestado a todos em proporção, exatamente, igual, porque é um amor sem medida. Assim, podemos perceber e viver a experiência de que somos todos, verdadeiramente, irmãos, sem nenhuma distinção de raça, cor ou posição social. Que o Cristo veio para libertar e salvar a todos da escravidão do engano, de darmos ênfase e importância para as coisas que passam e, assim, desvalorizarmos aquelas que não passam, valores eternos. O profeta Isaías nos coloca diante desta realidade, durante o tempo de Advento, através das leituras proclamadas, que Aquele que vem é bendito e nos trará a Paz e a Justiça, e nos libertará de toda opressão. “Fortalecei as mãos enfraquecidas e firmai os joelhos debilitados. Dizei às pessoas

deprimidas: Criai ânimo, não tenhais medo. Então se abrirá os olhos dos cegos e se descerrarão os ouvidos dos surdos (Is. 35,3-4a.5). Você, meu irmão, você, minha irmã cursilhista, deixe o Espírito Santo de Deus trabalhar em vós, para que possamos viver este NATAL, como um verdadeiro Dom de Deus, cumprindo a promessa de nos revigorar. Assim, poderemos cumprir a nossa feliz e privilegiada missão de evangelizarmos os ambientes e levarmos esta alegria para muitos irmãos, que em tempos difíceis, perderam a esperança e a alegria. Que o Senhor nos conceda a graça de deixarmos expandir em nós esta MARIA, capaz de gerar a vida gratuitamente. Que a Virgem interceda por nós, auxiliando-nos em nossa caminhada. Que São Paulo Apóstolo, nosso celestial patrono, esteja sempre ao nosso lado, dando-nos aquela coragem que ele sempre teve em enfrentar os perigos e as dificuldades na missão. Aquela total confiança que o Senhor não abandona seus filhos e que somos servidores na construção do Reino, mas o construtor é sempre ELE, nosso Pai e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, o qual queremos acolher com alegria neste Santo Natal. Decolores e viva a vida.

Pe. JOSÉ ROBERTO FERRARI ASSESSOR ECLESIÁSTICO NACIONAL DO MCC

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49ª ASSEMBLEIA NACIONAL

49ª ASSEMBLEIA NACIONAL DO MOVIMENTO DE CURSILHOS DE CRISTANDADE DO BRASIL

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o período de 18 a 21 de novembro de 2021, estiveram reunidos em Brasília (DF), 81 (oitenta e um) cursilhistas, os quais representaram todas as estruturas de serviço do movimento. O reencontro presencial foi marcado por muita responsabilidade, muito cuidado com o outro, mas não faltou a alegria e o entusiasmo que tanto motivam os cursilhistas para a caminhada. As reflexões foram feitas a partir do Avaliar, seguindo pelo VER-DISCERNIR e AGIR, culminando com a escolha do Tema, Lema e Dimensão para 2022, que vão alicerçar toda a caminhada rumo ao Jubileu de Diamante. Marcante foi a reflexão de Dom Leomar Brustolin, Arcebispo da Arquidiocese de Santa Maria (RS), com o tema: “Discernir - Igreja no Pós-Pandemia - Eclesialidade e Sinodalidade”. Entre os momentos significativos, partilhamos a eleição da nova Coordenação e escolha dos Assessores Eclesiásticos do Grupo Executivo Nacional para o período de 2022-2024: Lista tríplice de Assessores encaminhada à CNBB para nomeação

Coordenador Adair José Batista

Pe. José Roberto Ferrari Pe. Wagner Luís Gomes Pe. Flávio Augusto Forte Melo

Vice-Coordenador Corinto Luiz do Nascimento Arruda

Na reflexão do AGIR, o Assessor Eclesiástico Nacional, Pe. José Roberto Ferrari, apresentou as propostas do Tema, Lema e Dimensão para 2022, os quais foram aprovados por unanimidade: Tema: Sinodalidade na Missão do MCC Lema: Preservar a Unidade do Espírito (Ef 4,3) e Praticar a Verdade em Amor (Ef 4,15) Dimensão: “Profetas Rumo ao Jubileu Onde Todos Somos Irmãos” Da esquerda para a direita: Wladimir, Adair (novo Coordenador do GEN) e Pe. José Roberto Ferrari, Assessor Eclesiástico Nacional. Clique no QR-Code ao lado e acesse as fotos do 49ª ASSEMBLEIA NACIONAL OUTUBRO | NOVEMBRO | DEZEMBRO DE 2021

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POEMA AOS JOVENS

ambiente de incertezas, terreno fértil para missão Juventude, tempo de desafios constantes, Hormônios à flor da pele, escolhas e desafios a todo instante. Cada dia uma nova descoberta! Jovens estudantes, universitários, À busca de emprego, de salário, E nesta jornada infinita, Desejam ser protagonistas.

Entender essas realidades e conhecer seus ambientes, Que sejamos evangelizadores eloquentes, Para que o reino de Deus se lhes apresente. Essa tarefa exige ousadia! Conheça sua realidade, Se preciso, use gíria! E aí meu irmão, meu fechamento, O que se passa em sua cabeça nesse momento? As palavras muito formais, para essa tarefa não é eficaz!

São dúvidas constantes: Fico em casa ou vou pra festa? Com essa roupa ou aquela? Posto no Facebook ou no Instagram? Uso hashtags ou não? Affs, na cabeça um turbilhão!

Apresente-lhe a alegria do evangelho, Dance, cante, sorria, vista-se de alegria, E não seja “velho”! Mostre-lhe, com entusiasmo, o carisma do nosso movimento, Fermentar os ambientes com a alegria do Evangelho. Ser o sal na vida da pessoa que caminha sem vida e para baixo, E luz, para iluminar aqueles que vivem cabisbaixos.

O que devo seguir? O mundo, aparentemente atraente, Das baladas animadas e das batidas envolventes? Luzes coloridas, esqueminhas, paqueras e holofotes, Lance perfume, êxtase, bebidas quentes, As dúvidas, sempre presentes!

Lembrem-se do hino do Jubileu de Ouro do nosso movimento, Pois a vida quer estar presente em todo lugar, em todo momento. Cristo foi quem deu a vida para me salvar, aí de mim se eu não evangelizar! Decolores, Viva a vida, e vamos caminhar, Há muita vida a beira do caminho para resgatar! O Espírito Santo soprou, O Cursilho criou, missionário eu sou!

Ou sigo o Cristo, das renúncias, Do pé no chão! Que olha o outro com compaixão? Que nos pede para sermos os últimos, Que nos pede para agirmos com misericórdia, E ao irmão dar um pouco de carinho, amizade e pão? Em meio a tantas dúvidas e desafios, De questionamentos e vazios que o jovem enfrenta, É preciso, enquanto Católicos Cursilhistas,

Autor Cleriston Barbi Queiroz GED Cáceres (MT.)

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SEMENTES DO REINO

Sementes

do Reino

la contada por Jesus podemos analisar o terreno sob dois aspectos. O primeiro, no que se refere à pessoa, e o outro, no que se refere às circunstâncias em que vivem as pessoas.

Que tipo de terreno sou eu? Quem lê a parábola não consegue evitar uma referência a si mesmo: Afinal, que tipo de terreno sou eu? Não é uma tarefa fácil essa de conhecer-se a si mesmo, ou seja, de explorar o próprio terreno. Nossa natural inclinação é achar que somos sempre um terreno favorável à germinação da semente. Entretanto, somos invadidos com frequência por grandes quantidades de “elementos estranhos”, que fazem de nós mesmos, enquanto terreno, com perdão da comparação, verdadeiros “lixões”! Meios de comunicação, como a internet, por exemplo, pródigos em informações desencontradas, fake news, mentiras, falsas interpretações fora de contexto, nos tornam confusos ou, pior, influenciados pelo “lixo” que é despejado no nosso terreno. Diante dessa enxurrada de “lixo”, faz-se urgente uma completa limpeza do nosso terreno para que a semente o encontre preparado para produzir “cinquenta”, “sessenta” ou, o que seria o ideal, “cem” por cento dos frutos esperados pelo divino semeador!

Introdução Prosseguindo com nossas reflexões sobre a parábola do semeador (Lc 8,5-8), depois de examinar a semente que ele pretende plantar, e de aprender sobre sua identidade, precisamos ver quais os tipos de terreno que receberão a semente.

O terreno da semeadura A semente (Palavra = Jesus) nasce no coração misericordioso do Pai e o terreno é o destino do plantio da semente. Jesus faz referência tanto à semente que é semeada, quanto ao tipo de terreno que a acolhe. Bem conheciam o terreno seus discípulos e as multidões que O procuravam. Nos dias de hoje, quem vive nas cidades ou zonas urbanas, dificilmente, pode imaginar como são os terrenos destinados ao plantio e suas diversidades. Dependendo do terreno, a semente germinará ou não; produzirá frutos ou não. Na parábo-

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Em que tipo de terreno eu, semeador como Jesus, estou lançando a semente do Reino?

somos, podemos nos deparar com perguntas bem incômodas... a) Sou como um solícito lavrador, atento à preparação do terreno da minha vida, pela minha constante conversão, para receber a semente da Palavra de Deus? b) Através do meu testemunho de solidariedade, de acolhida, de amor fraterno, de perdão, posso quantificar a produção de minha semeadura? c) Conheço suficientemente bem o terreno no qual pretendo lançar a semente do evangelho de Jesus?

Para viver, intensamente, a missão que nos foi confiada é urgente conhecermos o terreno ou os terrenos em que pisamos e nos quais devemos lançar as sementes do Reino. Tantos são os terrenos quantos são os ambientes e, portanto, torna-se necessário conhecer melhor tais ambientes. A começar pela família, tão instável e superficial, hoje, tornando-se, assim, mais vítima do que construtora da “sociedade líquida” (como hoje é chamada, por estudiosos como Zigmunt Bauman), que não sabe quais são seus valores e aonde quer chegar... Terrenos que se estendem pelos ambientes profissional, social e, até, religioso. Ainda que não haja identificação ou visibilidade do semeador, como tal, somos chamados a ser fermento, sal e luz. Com o testemunho de vida e no silêncio de uma ação transformadora, vamos lavrando aqueles terrenos, a fim de que a semente neles lançada produza os frutos do Reino de Deus: solidariedade, justiça, perdão, compreensão, auxilio mútuo e tantos outros.

Pe. José Gilberto Beraldo Equipe Sacerdotal do Grupo Executivo Nacional

 jberaldo79@gmail.com

Questionando... Ao separar alguns minutos de nossa vida tão agitada para nos questionar sobre que terreno

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TESTEMUNHO

Um atendimento que testemunha o

No início de 2019, face o pedido de saída de um dos funcionários, o GEN teve de construir um processo de contratação para suprir a lacuna. Escolhemos uma empresa de Recursos Humanos para encontrar aquela pessoa que melhor se enquadraria no perfil para nossa empresa. Dentre os quase seiscentos currículos enviados, selecionamos três, os quais entrevistamos via Skype, pela distância e custos. Desta seleção, contratamos Jesiel Gomes, uma pessoa que desde o início passou a buscar conhecer a administração do GEN. Veio a pandemia e com ela o corte de custos e a necessidade de demitirmos um funcionário. O que ficaria, deveria assumir as atividades totais do escritório que, embora reduzidas, ainda eram inúmeras. Mês a mês, sozinho no escritório, pois a equipe do GEN não podia ir verificar o que ocorria, São Paulo era um local de alta contaminação da Covid, sem deixar de citar , aeroportos e rodoviárias, aviões e ônibus, ficamos limitados a contatos por e-mail, WhatsApp e telefone. A preocupação aumentou e o escritório teve de ser fechado por determinação do condomínio. Jesiel, então, assume o cargo, com dedicação, entusiasmo e coloca à disposição do GEN inúmeras qualidades, como o trabalho abnegado e home office. Ao voltar, disponibiliza seus conhecimentos em criações de artes para produtos da loja virtual, posts para Instagram, Facebook e site do MCC. Pouco a pouco, foi organizando o que precisava ser melhorado OUTUBRO | NOVEMBRO | DEZEMBRO DE 2021

e colocando todos os seus dons a serviço de um emprego. Este menino não para, inclusive, fez contatos para recolher produtos recicláveis para limpeza da sala a ser alugada para ajudar nas finanças do GEN. Não bastasse todas estas qualidades, acredito que temos de ressaltar a sua capacidade de prestar um bom atendimento e a perspicácia em resolver problemas. Hoje, contamos com esta pessoa que nos cativou, não somente como funcionário, mas como amigo. O consideramos um testemunho de alegria e confesso que sequer perguntei sua religião, isso não importa, pois o seu testemunho, a sua forma de ser, a dignidade com que valoriza o trabalho, nos fala que tu, Jesiel, és uma pessoa de Deus. Muito obrigado por tudo que tens feito. Feliz e abençoado Natal, Feliz e abençoado 2022 a você e sua família! Na paz, Decolores ! Viva a vida! 20


SINODALIDADE

SINODALIDADE

Um caminho que só se faz possível na Comunhão Com a Igreja e como Igreja somos chamados a rever nossa vida e nossa caminhada. Essa revisão sincera e profunda deve nos levar a uma mudança de mentalidade, conversão do coração, que nos permita voltar à essência da Igreja, a nossa missão que consiste na Comunhão plena, com Deus e com nossos irmãos e irmãs!

distanciando dos verdadeiros valores, tais como: o amor, a humildade, a solidariedade, a comunhão e a paz. Vivendo na sociedade líquida, onde tudo é passageiro, perdemos tudo aquilo que realmente é necessário para uma vida seguramente feliz. E é claro que isso se reflete na vida eclesial, na missão e na comunhão, causando, assim, privilégios, egoísmo, disputas, busca por aparência e do impor-se perante os outros. Em outras palavras, o fortalecimento do “EU”: eu posso, eu faço, eu quero assim, de modo que a Igreja, as pessoas e o mundo tem que ser do jeito que eu quero!

Há muito tempo, diante de tudo que vivemos, percebemos que a humanidade, principalmente os discípulos e missionários do Senhor, foram se

Vivendo em um tempo onde o tripé que sustenta a sociedade é o Individualismo, o Materialismo e o Hedonismo, somos convocados a OUTUBRO | NOVEMBRO | DEZEMBRO DE 2021

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É preciso, ainda, ter a certeza de que, nesta vida, nada somos, apenas estamos! Nosso destino é o céu, o encontro com Deus, a salvação, isto é, uma felicidade que não passa. É tempo de escuta fraterna, de diálogo, condições que nos unem e nos levam a caminhar juntos. Sinodalidade nada mais é do que o desejo e a coragem do povo de Deus de participar na vida e missão da Igreja, pois não vamos à Igreja, mas somos a Igreja. Quantos cristãos, membros de Equipes, Pastorais, Missionários são tomados por ideologias, imersos na sua verdade, tendo atitudes contrárias ao verdadeiro discípulo, achando que críticas, ódio, discórdia, cada vez mais distantes do amor e da misericórdia, podem sustentar nossa vida de fé e de colaboradores na construção de um mundo melhor, enquanto, na verdade, só estamos alimentando a autossuficiência e o egoísmo! Sinodalidade é a forma clara do nosso caminhar, em plena e

descer desse pedestal e colocar os pés no chão, sobretudo, depois de uma pandemia que, mais do que tudo, nos mostrou que aparência, bens materiais, poder e arrogância não podem assegurar nossa vida, sendo que esta foi, é e sempre será nosso Bem Maior. Nos momentos mais difíceis da vida, nessa pandemia principalmente, fomos conclamados a perceber o que realmente importa: o amor, a família, a saúde, a paz, a comunhão, a fé e a presença de Deus no dia a dia, para vencermos todas as tribulações e decepções! Sendo assim, o Santo Padre, Papa Francisco convoca um Sínodo, onde a Igreja é chamada a repensar sua caminhada, sua missão e seu discipulado, deixando o Espírito Santo ocupar seu lugar nos corações e iluminar a vida de todos para um reencontro com Jesus ressuscitado e presente em nossa caminhada. Bem como, também, termos humildade e o dom da escuta, do diálogo, do respeito, da fé e da caridade.

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essencial, ao verdadeiro sentido da vida: o amor que gera comunhão e nos permite sentir alegria ao caminhar juntos. Precisamos nos desarmar de nós mesmos, do negativismo, do egoísmo e de tantos “ismos” que nos distanciam do ser cristão, do ser Igreja, do ser irmão, do ser uma só família. Hoje, focamos mais nas críticas, no apontar os erros dos outros do que no se aproximar, perdoar, amar e ver que todos têm suas qualidades. Sinodalidade é percorrer o caminho juntos, como uma só família, como a Palavra sempre nos lembra: “Todos vós sois irmãos” (Mt 23,1-2) e, como tal, devemos ser a esperança do mundo pós moderno!

verdadeira comunhão, até o repouso final, como nos aponta Hb 3,7:44,44. Somos o povo de Deus. Povo que caminha com o impulso do Espírito Santo rumo à Santidade, nossa vocação comum, assumindo a identidade que recebemos no batismo. É tempo de escuta, diálogo, abertura de coração, de mudança de Vida! É tempo de voltarmos à verdade, que é Cristo, cabeça da Igreja. É tempo de abandonarmos os contravalores que nos impedem de caminhar com Deus, com os irmãos, firmes na missão! Pois somente no verdadeiro diálogo experimentamos o amor, o respeito, a confiança, a caridade, a verdadeira amizade e o serviço! É preciso viver a unidade na diversidade. É preciso voltar ao

Pe. Wagner Luis Gomes Vice-Assessor Eclesiástico Nacional

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SÃO PAULO, APÓSTOLO

Seguir o modelo de São Paulo

COM ALEGRIA, ESCOLHEMOS, PARA 2022, O TEMA: SINODALIDADE NA MISSÃO DO MCC, E QUEREMOS VIVÊLO COMO SÃO PAULO VIVEU.

a participação de todos, como povo de Deus na vida e na missão da Igreja. O texto propõe um exercício, o qual cada cursilhista é chamado a aprofundar, para entender e viver o tema que escolhemos percorrer em 2022. No documento da Comissão Teológica Internacional, intitulado “A sinodalidade na vida e na missão da Igreja”, em seu capítulo 1, apresenta o tema na Escritura, na Tradição e na História. São Paulo Apóstolo, juntamente com toda a Igreja de Jerusalém, diante de alguns impasses na missão junto aos gentios, vivem um momento único de discernimento da vontade do Senhor ressuscitado (At 15). A Assembleia se reúne prontamente e segue uma vivaz e aberta discussão onde todos são ouvidos, todos são atores no processo, ainda que de forma diversa, todos tem seu papel e sua contribuição. Todos estão abertos à escuta do Espírito Santo, refletindo com fidelidade ao Evangelho, e, ao final, o testemunho da ação de Deus se mostra pelo discernimento comunitário, que leva ao consenso para o serviço da missão evangelizadora da Igreja. Como cita o Nº 22: “O desenvolvimento do Concílio de Jerusalém mostra, de maneira viva, o caminho do povo de Deus como realidade compaginada e articulada em que cada um possui

O

Papa Francisco nos conclama: “O caminho da sinodalidade é o caminho que Deus espera da Igreja do Terceiro Milênio”. O Papa nos ensina como definir e ver a Sinodalidade: “A sinodalidade, nesse contexto eclesiológico, indica o específico modus vivendi et operandi da Igreja povo de Deus que manifesta e realiza concretamente o ser comunhão no caminhar juntos, no reunir-se em assembleia e no participar ativamente de todos os seus membros em sua missão evangelizadora. Somos chamados a viver o comprometimento e a participação como povo de Deus na vida e na missão da Igreja”. Neste texto, queremos enfatizar o modelo de São Paulo, nosso patrono celestial, o que ele viveu e escreveu sobre o “caminhar juntos”, o comprometimento, a corresponsabilidade e

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um lugar e um papel específicos (1Cor 12,12-17; Rm 12,4-5, Ef 4,4)”. Como cita Carlos Mesters , que o Concílio releu, atualizou a vida da Igreja e chegou à conclusão: “É pela graça do Senhor Jesus que acreditamos ser salvos”(At 15,11). São Paulo não considera o Concílio somente um papel, ou um acordo, ele compreende que a forma sinodal de ser Igreja faz parte da vida e da missão da Igreja. A sinodalidade da Igreja, o “caminhar juntos”, a “corresponsabilidade” são enfatizadas por São Paulo quando esclarece que todos gozam da mesma dignidade em virtude do batismo, e conclamava: “Exorto-vos a levardes uma vida digna da vocação que recebestes” (Ef 4,1), a vida digna é ser corresponsável na Igreja vivendo sua vocação, sendo instrumento de Deus no mundo, vivendo o chamado de Deus, a vocação recebida. Quem viveu a experiência do cursilho tem consciência que o que dá sentido a sua vida é encontrar-se com Deus, abrir a porta do coração e servir ao Reino de Deus, com alegria e júbilo. De forma resumida, dar sentido à vida é viver o chamado de Deus, por nossa vocação recebida no Batismo, somos corresponsáveis quando vivemos nosso Batismo. Incorporados a Cristo pelo Batismo, todos constituem o povo de Deus e, portanto, são chamados, convocados para a participação na totalidade da missão de Cristo e da Igreja, com a consciência de que a vocação pessoal ou as circunstâncias da vida possam impor alguma especialização. Outra perspectiva sinodal que São Paulo nos apresenta é a imagem da Igreja como “Corpo de Cristo” ou, como ele também fala muitas vezes, – “estar em Cristo”. Neste prisma, o Papa Francisco nos fala: “Todos, portanto, são corresponsáveis pela vida e pela missão da comunidade e todos são chamados a operar segundo a lei da mútua solidariedade no respeito dos específicos ministérios e carismas, enquanto cada um desses obtém a sua energia do único Senhor (1 Cor 15,45). A participação no Corpo de Cristo com a consciência da diversidade e complementariedade são descritas na Exortação Apostólica Christifidelis Laici:

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dalidade como ele, de acordo com os critérios de atuação do MCC (IFMCC, 79): amizade, sinceridade, normalidade, liberdade e alegria. Mesters afirma que grande parte dos problemas eram pela transição , hoje, também vivemos a transição para uma Igreja “em saída”, a Igreja da misericórdia, da dignidade para todos e onde todos somos irmãos. Paulo foi instrumento da transição do Povo de Deus. Que nossas reflexões, em 2022, nos conduzam para sermos corresponsáveis, não perguntado o que é a Igreja, mas quem é a Igreja e, juntos, possamos apresentar a misericórdia, a ternura e amor de Deus a todos. Façamos da Eucaristia a nossa força para o caminho sinodal (47,48): “A comunhão com o Corpo e o Sangue de Cristo faz com que, “apesar de sermos muitos, sejamos um só Pão e um só Corpo, pois todos participamos de um só Pão” (1Cor 11,17). […] O Senhor derrama o seu Espírito em todo lugar e em todo tempo sobre o povo de Deus para torná-lo participante da sua vida, nutrindo-o com a Eucaristia e guiando-o em comunhão sinodal. “Ser verdadeiramente sinodal é, portanto, avançar em harmonia sob o impulso do Espírito Santo”. Decolores, viva a vida!

“A comunhão eclesial configura-se, mais precisamente, como uma comunhão ‘‘orgânica’’, análoga a de um corpo vivo e operante: ela, de fato, caracteriza-se pela presença simultânea da diversidade e da complementariedade das vocações e condições de vida, dos ministérios, carismas e responsabilidades. Graças a essa diversidade e complementariedade, cada fiel leigo encontra-se em relação com todo o corpo e dá-lhe o seu próprio contributo. […] A comunhão eclesial é, portanto, um dom, um grande dom do Espírito Santo, que os fiéis leigos são chamados a acolher com gratidão e, ao mesmo tempo, a viver com profundo sentido de responsabilidade. Isso é concretamente realizado através da sua participação na vida e na missão da Igreja, a cujo serviço os fiéis leigos colocam os seus variados e complementares ministérios e carismas. Paulo assumiu sua responsabilidade, viveu e conheceu a experiência das diversas comunidades que fundou e acompanhou. Estas tinham tantos problemas quanto muitas das nossas hoje, aqui e agora. No livro dos Atos dos Apóstolos, nos capítulos 2, 4 e 5, São Lucas apresenta uma contextualização das comunidades da época. Dificuldades muitas, desânimo jamais, as comunidades cresciam e eram um novo modo de ser Povo de Deus. Como São Paulo buscava solucionar os problemas, com muito diálogo, com honestidade, podemos aqui citar pistas para vivermos a sino-

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WLADIMIR COMASSETTO Coordenador do Grupo Executivo Nacional

 wfbcomassetto@gmail.com

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FALA JOVEM

2° Encontro para Jovens do grupo Latino-americano No dia 27 de novembro, aconteceu o 2° Encontro para Jovens do Grupo Latino-americano, o GLCC. Com a participação de dezoito países, tivemos 25 jovens cursilhistas representando o Movimento de Cursilhos de Cristandade do Brasil. Destes, tivemos a participação de dois jovens que nos ajudaram com a tradução, o que permitiu uma melhor compreensão nos diálogos. O encontro foi maravilhoso e o Brasil se colocou à disposição para acolher a próxima edição.

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Encontros Regionais para Jovens Cursilhistas Este ano foi marcado pelos Encontros Regionais para Jovens Cursilhistas que, a princípio, seriam todos de forma online, mas, com a graça de Deus, tivemos alguns de forma presencial. O encontro foi voltado para a Formação e Reflexão para com os nossos jovens. Tendo como tema: Jovens Profetas, Rostos da Amizade e da Fraternidade. Ressaltando a importância de uma verdadeira amizade e amor com os nossos irmãos. Um dos assuntos que trabalhamos foi a encíclica Fratelli Tutti, do nosso querido Papa Francisco, que é riquíssima e nos passa uma grande formação. Os encontros ganhavam uma frase específica, criada pelos jovens e a criatividade deles foi o que mais me surpreendeu. Em algumas dessas fotos, estão as frases, que serão lembradas todas as vezes que nos referirmos aos encontros. Ano que vem é o ano dos encontros de Macros e já estamos a todo vapor, preparando tudo com muito amor e carinho.

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49ª ASSEMBLEIA NACIONAL MCC tunidade de participar fizeram grande proveito de tudo. A união e o entusiasmo dos jovens tornaram a AN muito mais feliz, mostrando a força jovem do cursilhista.

Aconteceu em novembro, a 49° Assembleia Nacional do Movimento de Cursilhos de Cristandade do Brasil em Brasília, que, por conta da pandemia, contou com um número um pouco restrito de jovens. Porém, os que tiveram a opor-

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Daiana Cristina Buzo Representante Jovem da Macro Região Sudeste e Representante Jovem no GEN.

Av. Getúlio Vargas, 801 - Uberlândia, MG | (34) 3236-2300 adairurocenter@globo.com

Av. Floriano Peixoto, 735 – Uberlândia (MG) | (34) 3235-4050

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MEMÓRIA

OS CURSILHOS SE RENOVAM Saudações Decolores!

ganizado, já faz parte de uma sociedade perfeita, humana e sobrenatural, que é a Igreja”... “Os Cursilhos são uma obra da Igreja, nascida na Igreja e para a Igreja”. Dom Hervás completou o seu pensamento sobre os Cursilhos e a perseverança ‐ “O cristão dos primeiros tempos comparecia fielmente à assembleia dos irmãos, adorava a Deus nas funções do culto centradas no sacrifício Eucarístico, ou a Palavra divina dos lábios dos apóstolos e de seus sucessores e participava ativa e conscientemente na Comunhão Sacramental e Eucarística e na comunhão espiritual com os membros do Corpo Místico de Cristo. Tudo isto, que vale para qualquer cristão, tem uma aplicação concreta para os que fizeram os Cursilhos de Cristandade. Os Cursilhos estão concebidos, por sua própria essência e desde o Cursilho, propriamente dito, em função da perseverança e da projeção do cristão no meio ambiente que nos rodeia”. Essas palavras de Dom Hervás, vem consolidar o papel do cursilhista independente de tempo, pois são atuais. “A evangelização dos indivíduos e dos ambientes, a promoção integral da pessoa humana, catequese, unidade na Igreja, liturgia, comunidades cristãs, são metas que estão em quase todos os planos de Pastoral de Conjunto e entram no âmbito do Movimento de Cursilhos. Pode, portanto, colaborar sem sair de sua essência e método, usando todas as suas fases de Pré-cursilho, Cursilho e Pós‐cursilho para seguir o objetivo”. “Mentalizar para que todos tenham consciência da ação organizada da Igreja para realizar sua missão, aqui e agora, o que não é forçar os cursilhistas a entrarem nesta ou naquela associação. Todos devem sentir‐se Igreja e todos devem sentir‐se comprometidos a realizar sua missão. O Cursilho não pode ser um Escritório de colocação, mas, também, não podemos deixá‐los às cegas, desconhecendo o planejamento da Igreja e todo o esforço para melhor ordenar, de maneira plena e

Chegamos ao último módulo do livro. Nas edições anteriores apresentamos porque “Os cursilhos se renovam”. Ficou claro que os Cursilhos precisam se renovar sempre, diante de uma sociedade cada vez mais dinâmica e desafiadora. O autor afirma que a abordagem feita no livro tem como proposta analisar se o Movimento, por sua inserção na Pastoral, como proposta para os dias atuais ‐ a Pastoral Ambiental, deve modificar alguma de suas peças, ou se o Movimento, tal como o temos hoje, conservando o espírito dos fundadores e com todas as riquezas trazidas pelos encontros continentais e mundiais, mantém a flexibilidade de servir, dentro da finalidade, aos planos de Pastoral. Para poder chegar a algumas conclusões, faz‐ se necessário recapitular dois aspectos importantes sobre o Movimento: 1. Movimento de Cursilhos e a Pastoral. A pastoral é a ação apostólica de toda a Igreja, de todo Povo de Deus, considerando como hierarquia: sacerdotes, diáconos, religiosas, não esquecendo dos leigos, em cumprimento de sua missão. Em outras palavras: “Pastoral é a ação pascal da Igreja de hoje no mundo. É a totalidade das atividades da Igreja”. 2. Sentido eclesial do Movimento ‐ em Bogotá afirmou‐se solenemente: “Os Cursilhos são um Movimento de Igreja”. Essa afirmação quer nos dizer, em primeiro lugar, que os Cursilhos de Cristandade não são nem dos sacerdotes nem dos leigos, mas são um Movimento de sacerdotes e leigos, onde cada um ocupa seu lugar e tem suas funções próprias, segundo seus carismas. Recordemos algumas palavras de Dom Hervás: “Não se deve obrigar os cursilhistas, pelo fato de terem feito o Cursilho, a se incorporarem a uma determinada associação de fiéis. O batizado, pelo fato de seu batismo, já está associado, já está orOUTUBRO | NOVEMBRO | DEZEMBRO DE 2021

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Deve‐se evitar que ele esteja a serviço de alguma associação, congregação ou entidade religiosa. É uma obra “para fazer Igreja” (Paulo VI) e pertence à Igreja e depende do Bispo diocesano”. “Consideramos de grande importância que todos que passam por um Cursilho sejam conscientizados da necessidade de unir esforços na Igreja particular, para que haja unidade de ação nas metas comuns”. “O Pós‐cursilho pertence à Igreja. O Cursilhista, por isso, deve ter a consciência de que a Reunião de Grupo não é para viver ‘em estilo cursilhista’, mas é um instrumento para perseverar no ser cristão e um meio eficaz para iniciar sua vida comunitária”. “Não obstante, as Reuniões de Grupo e Ultreyas não devem desaparecer, mas, gradualmente, devem deixar de ser exclusividade para Cursilhista, até o dia em que os cristãos vivam de tal maneira em comunidades cristãs, que não seja necessário aos que passaram por um Cursilho reunirem‐se somente entre si, porque se reunirão com os irmãos, com os quais partilham o fundamental cristão”. Os pontos abordados no livro “Os Cursilhos se renovam”, faz‐nos rever a missão de servir com base nas diretrizes do nosso Movimento de Cursilhos de Cristandade do Brasil, bem como aguçar, cada vez mais, a percepção da realidade, para que se motive a criação de grupos de cristãos, na linguagem do MCC, Núcleo de Comunidade Ambiental ‐ NCA, cujo objetivo é debater as situações concretas que permeiam a sociedade e que carecem de uma ação transformadora. Agradeço os leitores, já que este espaço faz‐ nos rever a nossa caminhada como peregrinos a caminho da Casa do Pai. Fraternal abraço e sempre à disposição dos irmãos de caminhada.

adequada, a cooperação humana para a realização do plano divino”. “Cremos sinceramente que, em muitos lugares, o Movimento de Cursilhos se fechou em sua essência e método, mal entendidos, e não quis correr o risco de se comprometer com a Igreja peregrinante. Sentimo‐nos seguros dentro do Movimento e talvez não tenhamos querido sentir a experiência da insegurança dos que peregrinam confiando na ação do Espírito Santo. A Igreja pós‐conciliar confia no Espírito Santo e não se radicaliza”. “Pertence à essência dos Cursilhos ser Movimento e não associação, como foi vontade dos iniciadores e foi ratificado em todos os encontros.

Corinto Luiz do Nascimento Arruda Vice-Coordenador do Grupo Executivo Nacional OUTUBRO | NOVEMBRO | DEZEMBRO DE 2021

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TESTEMUNHOS DO AMOR E DO SERVIÇO AO REINO DE DEUS Sendo esta a última revista Alavanca desta gestão e como, em 2022, teremos nova coordenação, deixo uma mensagem de alegria, de entusiasmo e de agradecimento a todos que estiveram nesta coordenação do GEN-MCC. Fomos desafiados a enfrentar, sem qualquer desânimo, o momento da pandemia. Fomos desafiados a vencer as fronteiras das redes virtuais, dos inúmeros aplicativos para, primeiro, estarmos juntos e, na sequência, irmos ao encontro dos regionais e das dioceses em assembleias, escolas virtuais, encontros regionais para jovens e encontros de formação. Assim, o GEN caminhou, estávamos disponíveis, atentos e em formação constante para atender aos inúmeros pedidos de temas para todos os eventos. Vivemos experiências significativas, onde cada um colocou o seu talento à disposição, cada um viveu o que nos pede o Carisma do MCC - realizou sua vocação pessoal e comunitária. Particularmente, descobri amigos alegres, testemunhas de amor e serviço ao Reino de Deus, exemplos que iluminaram esta gestão e permitirão a passagem para a nova equipe, com muita organização e uma administração enxuta, já preparada para o ambiente virtual e, também, ao tão esperado retorno aos momentos presenciais. Agradeço a Deus por viver este período de coordenação, momento de crescimento na formação, na fé e na esperança. Como sempre falo, Deus tem sido muito bondoso e, realmente, ele foi muito amoroso, misericordioso para com toda nossa equipe. Agradecemos à Maria, nossa mãe Aparecida, pela intercessão terna junto a Cristo para que não faltasse a força do Espírito Santo em cada OUTUBRO | NOVEMBRO | DEZEMBRO DE 2021

decisão, em cada atividade, enfim, em todos os momentos. Agradecemos a São Paulo Apóstolo, por sua intercessão constante para que vivêssemos o carisma do MCC com intensidade, ousadia e criatividade. Obrigado a toda equipe, por cultivarmos algo que é a essência do MCC, a amizade e, assim, servirmos de maneira muito especial ao Senhor. • Corinto Luiz do Nascimento Arruda; • Padre José Roberto Ferrari; • Padre Wagner Luis Gomes; • Padre Valcir Baronchello; • João Gimenez Barciela Marques; • Adriano de Oliveira; • Roberto Leandro Alves; • Maristela Conz Pereira Mansi; • Angelo Curioletti Netto; • Daiana Buzzo; • Vinicius de Matos Brandão Raposo; • Adair José Batista; • Padre Francisco Luis Bianchin; • Padre José Gilberto Beraldo; • Lucilia Alves Cunha; • Gisele Colombari Gomes; • Marcelo Moura; • Antonia Katia Pinheiro de Medeiros Deus os proteja e ilumine! Decolores! Viva a vida!

DAIANA CRISTINA BUZZO LUCÍLIA ALVES CUNHA

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LANÇAMENTO LIVRO

2008-2015

Livros disponíveis na plataforma da Amazon

2016-2021



Profetas rumo ao Jubileu, onde todos somos irmãos!


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