Revista Alavanca - MCC - ABR/MAI/JUN 2020

Page 1

PROFETAS SÃO AQUELES QUE SE DEIXAM ABRAÇAR PELO SENHOR. “ABRAÇAR O SENHOR, PARA ABRAÇAR A ESPERANÇA” .

PAPA FRANCISCO



Editorial

ressuscitar, a cada dia, uma relação nova e íntima, de qualidade, com Cristo, e nos identificar com seu projeto, nesta realidade que estamos vivendo. Somos chamados a proclamar, neste tempo, distanciados socialmente, mas unidos profundamente pelo Espírito Santo, que existem sim aqueles que acreditam na solidariedade, acreditam na esperança, acreditam no amor e acreditam que existe alguém que oferta ao mundo o “caminho, a verdade e a vida”, pois este alguém transformou nossas vidas, e tem um nome: Jesus Cristo. Compartilhar a ressurreição de Cristo é aprender a “dar a vida”, a encher de vida e de esperança a realidade que enfrentamos, não sem olhar para a cruz, mas acreditando que quem venceu a cruz, está ao nosso lado para que juntos, nós e Ele, vençamos qualquer ferida, cansaço e dor. Como os discípulos em Emaús, nos coloquemos ao lado de Cristo para caminhar e vencer, dia após dia, este momento, com a certeza de que não estamos sozinhos nesta caminhada e, assim, possamos reavivar nossa capacidade de amar e reavivar nossas formas de manifestar o amor. .

“A ressurreição de Jesus nos diz que a última palavra não cabe à morte, mas à vida. Ressuscitando o Filho unigênito, Deus Pai manifestou em plenitude seu amor e a sua misericórdia para a humanidade de todos os tempos.” “Se Cristo ressuscitou, é possível olhar com confiança para todo evento da nossa existência, inclusive os mais difíceis e repletos de angústia e de incerteza”, disse o Pontífice no dia 13 de Abril de 2020

C

aros irmãos e irmãs, este editorial está sendo escrito em tempos de distanciamento social, face à pandemia do Covid-19, mas, também e mais importante, vivemos o Tempo Pascal, o tempo da esperança, da vida nova! Encontrar e viver o Cristo ressuscitado, cheio de vida e de força inspiradora, nos leva a fortalecer nossas comunidades, nossos grupos, setores diocesanos, GED’s, GER’s e GEN, colocando-O no centro de todas nossas atividades. É necessário nos mantermos unidos na oração e na esperança, porque sabemos que “onde dois ou mais estiverem reunidos estarei no meio deles”. Somos chamados a nos desinstalar, a deixarmos para trás uma fé estagnada e rotineira, para

O Ressuscitado vive entre nós! Aleluia! Decolores! Viva a vida! Wladimir Comassetto Coordenador do Grupo Executivo Nacional

wfbcomassetto@gmail.com 3

ABRIL | MAIO | JUNHO DE 2020


NOSSA CAPA O verdadeiro profeta não se acomoda, não se cansa, pois sempre encontra a forma de anunciar a menagem de Deus nas realidades que vive. Este é um dos ensinamentos que o Papa Francisco nos transmitiu na histórica benção Urbi et Orbi na Basílica de São Pedro, no dia 27 de março de 2020. Somos chamados a abraçar a esperança do Ressuscitado para, com ela, profetizar e transformar os ambientes.

Expediente Jornalista Responsável Giulia Micheli Pozzobon - MTB/RS 18.496 Editores Wladimir Francisco Barros Comassetto Artigos Adair J. Batista Andressa Collet Corinto Luis do Nascimento Arruda Lucília Alves Cunha Padre Francisco Luis Bianchin Padre José Gilberto Beraldo Padre José Roberto Ferrari Padre Wagner Luis Gomes Thaís Lara Vinícius Raposo Wladimir Francisco Barros Comassetto

NESTA EDIÇÃO

06

PALAVRA DO PAPA

Marketing e Vendas Grupo Executivo Nacional Publicidade e Assinaturas Grupo Executivo Nacional Revista Alavanca É uma publicação trimestral do Movimento de Cursilhos de Cristandade do Brasil

20

VOCÊ JA LEU?

GEN - Grupo Executivo Nacional Coordenador Wladimir Francisco Barros Comassetto Vice-Coordenador Corinto Luiz do Nascimento Arruda Assessor Eclesiástico Nacional Pe. José Roberto Ferrari Vice-Assessor Eclesiástico Nacional Pe. Wagner Luis Gomes Assessores Eclesiásticos Adjunto Pe. Valcir Baronchello Endereço Rua Domingos de Moraes, 1334 Conjunto 07 - Vila Mariana São Paulo (SP) - CEP 04010-200

28

IGREJA NAS CASAS

Críticas e Sugestões  (11) 5571 7009 gen-alavanca@cursilho.org.br www.cursilho.org.br Projeto Gráfico e Diagramação Ideias e Mídias - Juarez Rodolpho Revisão Dizy Ayala Impressão Gráfica Pallotti - Santa Maria (RS) www.graficapallotti.com.br Circulação Nacional ISSN 2178-5333

SEÇÕES

03

Editorial

05

Reflexão

08

Formação

10

Carta ao MCC

14

Pandemia

16

Entrevista

18

Fala Jovem

24

Festa Junina

26

Clima de Jubileu

30

Eventos

34

Memória

37

Hora da Reflexão

cursilho.org.br facebook.com/mccbrasil

twitter.com/mccbrasil


REFLEXÃO

Maio, mês dedicado a Maria

N

uma cultura da pós verdade, de ideologia liquida, sem pilares fortes e sólidos, destruidora dos valores da família e da sociedade, às drogas, ao álcool, à não esperança no futuro; os papais que estão desempregados; das mamães que sentem todo o peso de sua missão educativa; dos idosos que correm o risco de não conseguirem a terminarem os seus dias com a devida e merecida dignidade; os doentes e aqueles que são portadores de necessidades especiais que muitas vezes se sentem abandonados esquecidos. Nós te pedimos, Rainha do céu s da terra, de interceder por nós junto ao teu filho Jesus Cristo, para que nos conceda a Graça de uma mudança de vida, do modo de pensar e agir, mude o nosso coração, e nos faça atentos às necessidades dos outros e nos converta ao bem. Ó virgem Santa, neste mês de maio dedicado a ti, queremos viver como uma EUCARISTIA – grande sacrifício (sacro-fare)de ação de graças, tornar sagrado todas as coisas que nos pertence, toda a nossa realidade existencial, para sermos os Santos deste tempo, PROFETAS capazes de anunciar com coragem e denunciar com misericórdia. O nosso coração espera todas estas graças na certeza da tua potente intercessão. Amém!

este artigo, queremos homenagear Maria que, durante o mês de maio, é devotamente reverenciada pelos milhões de fiéis espalhados pelo mundo todo, num gesto simples, mas significativo. Na recitação da Ave Maria, nas palavras pronunciadas pelo Anjo Gabriel quando veio anunciar à Maria que Ela seria a mãe do Salvador Jesus Cristo, oração que vem denominada como rosário, coleção de rosas ou lugar das rosas. A cada Ave Maria rezada, seria uma rosa depositada aos seus pés e, como sabemos, o mês de maio na Europa é o mês das flores, na primavera, época em que os roseirais estão floridos, em plena vitalidade. Por isso, maio passou a ser o mês dedicado à Maria. Mas, a homenagem que queremos deixar à Maria, neste artigo, se faz em forma de oração. São tempos difíceis e como Maria sempre soube atravessar tempos difíceis, com serenidade e confiança em Deus, queremos pedir a Ela que interceda junto ao seu filho, Jesus Cristo, por nós pecadores.

ORAÇÃO A NOSSA SENHORA. Virgem Santíssima, rainha das famílias, aos teus pés estamos, para apresentar todos os nossos sofrimentos, as dores, as esperanças que habitam nossas casas. Muitas vezes nos sentimos sozinhos neste mundo que se esqueceu dos valores do respeito, da honestidade, do acolhimento e da condivisão. Temos a sensação do falimento, e que não daremos conta de suportar tais dificuldades que a cada dia se fazem presente diante de nós, mas estamos aqui, com confiança em tua ajuda, assim como os discípulos, com os quais atendestes a realização da promessa de Jesus Cristo teu filho, de enviar o Consolador, paraclito (advogado) aquele que sussurra no ouvido aquilo que devemos fazer. Depositamos debaixo do teu manto acolhedor as crianças, dons preciosos e fragilíssimos; os jovens, expostos aos gravíssimos perigos de

Pe. JOSÉ ROBERTO FERRARI ASSESSOR ECLESIÁSTICO NACIONAL DO MCC

5

ABRIL | MAIO | JUNHO DE 2020


PALAVRA DO PAPA

a defesa da vida não é ideologia, é uma realidade humana. “O Evangelho da Vida”, este foi o sugestivo título da mensagem do Papa Francisco para todos nós.

Em 25 de Março de 2020, na Solenidade da Anunciação do Senhor e dos 25 anos da Encíclica Evangelium Vitae, de São João Paulo II.

ABRIL | MAIO | JUNHO DE 2020

Realizada, mais uma vez, na “modalidade coronavírus”, na Biblioteca Apostólica, o Pontífice deu uma pausa nas catequeses sobre as bem-aventuranças para recordar, neste dia 25, a Solenidade da Anunciação do Senhor e os 25 anos da Encíclica Evangelium Vitae, de São João Paulo II.

6


Contexto de pandemia que ameaça a vida “O elo entre a Anunciação e o ‘Evangelho da vida’ é íntimo e profundo, como destacou São João Paulo II na Encíclica”, ressaltou o Papa. E hoje, “nos encontramos a relançar este ensinamento no contexto de uma pandemia que ameaça a vida humana e a economia mundial”. Como todo anúncio evangélico, prosseguiu o Pontífice, também este deve ser, antes de tudo, testemunhado. “E penso com gratidão ao testemunho silencioso de tantas pessoas que, de várias maneiras, estão se sacrificando a serviço dos doentes, dos idosos, de quem é só e mais indigente. Colocam em prática o Evangelho da vida, como Maria que, ao acolher o anúncio do anjo, foi ajudar a prima Isabel”.

A ameaça à vida repercute no coração da Igreja, não é ideologia A vida que somos chamados a promover e defender não é um conceito abstrato, salientou o Papa, mas se manifesta sempre numa pessoa em carne e osso. E toda ameaça à dignidade e a vidas humanas repercute no coração da Igreja, nas suas “vísceras” maternas. “A defesa da vida para a Igreja não é uma ideologia, mas uma realidade humana. Envolve todos os cristãos. Porque são cristãos, são humanos. Não é uma ideologia”. E as ameaças existem, desde novas formas de escravidão às legislações que nem sempre tutelam a vida mais vulnerável. “A mensagem da Encíclica Evangelium Vitae, portanto, é mais do que nunca atual”, disse Francisco.

Isto deve ser anunciado sempre novamente, com a coragem da palavra e a coragem das ações”.

Para além das emergências, como esta que estamos vivendo, se trata de agir no plano cultural e educativo para transmitir às futuras gerações a atitude da solidariedade, do cuidado e do acolhimento.

Francisco, então, concluiu com o apelo feito pelo santo polonês, 25 anos atrás: “Respeita, defende, ama e serve a vida, cada vida humana! Unicamente por esta estrada, encontrarás justiça, progresso, verdadeira liberdade, paz e felicidade!”.

“Queridos irmãos e irmãs, toda vida humana, única e irrepetível, constitui um valor inestimável. 7

ABRIL | MAIO | JUNHO DE 2020


FORMAÇÃO

Medo de profetizar?

Recordo-me de uma canção do Padre Zezinho: “Quando me chamaste eu falei que eu tinha medo...” Muitas vezes esse medo nos acompanha... para algumas pessoas, ele se faz tão presente e tão constante até que a pessoa desista da missão!

ramado. Depois de 27 dias de hospital, retornei para casa, mas não a reconheci, eu olhava cada canto, mas tudo era muito estranho para mim. Quem me visitava sempre fazia um comentário sobre “deixar as viagens... deixar as Formações...” e eu, mesmo sem entender direito, sempre respondia, “Deus é que sabe o que quer de mim”. Chegou o dia da Assembleia Nacional, fui com meu esposo. Para minha alegria, fui surpreendida pelo apoio do GEN, nas pessoas de Wladimir e Corinto, (a quem expresso minha profunda gratidão!), que disseram que ainda contavam com minha contribuição para o MCC do Brasil. Voltei pra casa radiante: “Novamente no caminho da Missão!”. Medo? Sim, tive muito medo, medo de errar, medo de não corresponder, medo, meu Senhor, de não ter a mesma competência... Mas acima de tudo confiei na graça de Deus: “Senhor, se tu me chamas, eu quero te seguir...”. E assim, estou novamente no caminho da missão, mais devagar, mas estou indo. Ainda tenho algumas limitações, mas confio que o milagre da cura completa está vindo a cada dia, a cada hora, é um processo, talvez, lento pra mim, mas é o tempo de Deus! Entenda bem isso, uma coisa é participar de um Movimento de louvor, adoração e convivência fraterna, outra coisa é sentir na alma a ânsia de profetizar! Deus que tudo vê, tudo rege e tudo sabe, pode não enviar luzes, sonhos e revelações imediatas, conforme o tempo que marcamos...

Continua a música: • Quando me enviaste, eu falei que eu tinha medo • Medo, meu Senhor de não corresponder • Me tranquilizaste ao contar-me o teu segredo • Já disseste a tantos que não tivessem medo • Quando tu nos chamas, Chamas pra valer. Quando Ele chama já vai dando os instrumentos, a força, a sabedoria, a coragem. Ele vem junto a tantas sementes que nos manda semear, mas se a gente teimar em fazer tudo sozinho, Ele respeita nossa decisão... Se quisermos ir sozinhos, Ele nos aguardará mais na frente! Sabemos que Jesus é a verdade e o caminho para aquele que foi chamado. Ele jamais abandona aquele que Ele mesmo chamou. Portanto, confiemos em Jesus, Ele irá conosco, se resolvermos prosseguir, por mais desculpas que dermos, Ele dará um jeito de nos conduzir. Alguns meses atrás, passei pela experiência de um AVC Hemorrágico, seguido de uma craniotomia descompressiva, para drenar o sangue derABRIL | MAIO | JUNHO DE 2020

8


Pode até não nos fazer revelações e nos dar o dom da cura, mesmo assim podemos ser escolhidos para anunciar, para sermos, se não profetas, seremos uma seta apontando caminhos de santificação. No mínimo, sejamos caridosos, cuidemos dos pobres e necessitados, saiamos em busca dos perdidos do Caminho, dos afastados de seu Batismo, dos que vivem na periferia da fé. Dessa forma nossa missão já estará de bom tamanho. Podemos ser chamados a profetizar no sofrimento, nos conflitos, podemos ser chamados a profetizar em famílias que se desentendem, e sermos pontes que ligam, que religam, podemos superar conflitos, sem sermos violentos e sem expor ninguém, sem querer determinar a vida dos outros. Podemos nos corrigir, enquanto corrigimos pessoas. Como nos ensina São Paulo, admitir que errou no passado e, por isso, tinha muito que corrigir em si mesmo. Paulo podia corrigir os outros porque aceitou ser corrigido. Um profeta cristão para os dias de hoje, estuda, lê, reflete e vive a Palavra Sagrada, os documentos da nossa Igreja e segue as palavras dos papas que tentaram atualizar as pregações para a atualidade do nosso tempo, com os desafios de hoje. O profeta, cristão, católico, cursilhista, conhece a bibliografia do Movimento de Cursilhos com as lentes da Igreja no Brasil, buscando ser instrumento de Evangelização para jovens e adultos com o qual a Igreja pode contar. Me recordo das palavras de Papa Francisco: “Deixar-nos surpreender por Deus, conservar sempre a esperança e viver na alegria!” Profetas nem agressivos nem bonzinhos. Agressivos não servimos a Deus, bonzinhos demais, não educamos na fé, não prosperamos nas intempéries, não vencemos desafios. Parece mais fácil ao bonzinho permanecer em cima do muro, querendo agradar a todos e não desagradar a ninguém. E, debaixo desta ponte, poderão passar águas limpas e sujas. O profeta Ezequiel fala de lábios paroleiros (Ez 36,3). Falam bonito, mas não dizem a verdade. Agradam, mas não ensinam o que deve ser ensinado ou anunciado. Deixemos que a Palavra do Senhor venha a nós: “Vai pois, agora, e eu estarei com a tua boca e te ensinarei o que hás de falar!” (Ex 4,12). “Precisamos ser profetas em nossa família, testemunhando a fé que professamos com nossas atitudes e gestos. Nosso jeito de pensar e agir

dizem mais do que palavras. Mostram que nosso coração não está vazio. Às vezes, os adultos de uma família falam demais e, pior, falam muito alto, gritam achando que assim serão ouvidos e atendidos! Que ilusão, por vezes, o silêncio ou as poucas palavras serenas e firmes, valem mais que centenas de gritos e gestos bruscos, sinalizando uma raiva incontida” (Meu Quarto dia, até o fim Lucília - página 67). Meu esforço diário para construir santidade e construir ação profética tem como referência: Leitura orante da Bíblia, a Oração, a Sagrada Eucaristia, a comunidade e a partilha: o agir cristão, a ação profética! (Conferir em “Meu Quarto Dia, até o fim, Parte I e II). Vamos pensar juntos:  Que tipo de profeta estou sendo em meus ambientes?  O que ando postando nas redes sociais?  Quais são as ações proféticas que tenho praticado em minha comunidade?  Aceito com respeito e maturidade as orientações da Igreja?  Conheço algum Documento Eclesial? Qual ou Quais?  Conheço, realmente o Movimento de Cursilhos? Sei o que ele propõe, conheço suas luzes e suas sombras? Sei onde, como e quando colaborar? Não cansar nunca de fazer o bem! “Ao negligenciar os seus deveres temporais, o cristão negligencia os seus deveres para com o próximo e com o próprio Deus e coloca em perigo sua salvação eterna” (GS, 43) Creio que profeta é aquele que se arrisca a dizer o que deve ser dito, olha para VER a realidade, pensa; ora para DISCERNIR o que deve ser feito, abrindo caminhos para o seguimento no amanhã de seu povo, sua família, sua comunidade e para aqueles que ainda não se encontraram com o Mestre e, longe dele, estão como “ovelhas sem pastor” (Mc 6,34).

Lucília Alves Cunha Mestre em Ciências da Religião Membro do Grupo de Apoio do GEN e GER C/O

9

ABRIL | MAIO | JUNHO DE 2020


CARTA AO MCC

Carta

ao MCC (249ª)

“Eu lhes darei um só coração e infundirei neles um espírito novo. Extrairei do seu corpo o coração de pedra e lhes darei um coração de carne, de modo que andem seguindo minhas leis, observem e pratiquem meus preceitos. Assim serão o meu povo e eu serei o seu Deus” (Ez 11,19-20). “Vi, então, um novo céu e uma nova terra. Pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe....Ele enxugará toda lágrima dos seus olhos. A morte não existirá mais e não haverá mais luto, nem grito, nem dor, porque as coisas anteriores passaram. Aquele que está sentado no trono disse ‘Eis que faço novas todas as coisas’.” (Ap 21,1;4-5).

C

aríssimos irmãos e irmãs, leitores e leitoras dessas Cartas Mensais, em tempos de “quarentena”, que a Paz do Cristo Ressuscitado esteja nos corações e nas vidas de todos vocês! Estamos vivendo tempos difíceis e diferentes. Nossa “normalidade” foi varrida como um furacão e acumularam-se, em nossas mentes, uma enxurrada de per-

guntas para as quais não encontramos respostas – pelo menos não nos canais diários que nos trazem toda sorte de informações. Uma dessas perguntas diz respeito, precisamente, à possibilidade de que aquela “normalidade” seja ou não recuperada. “O mundo será diferente depois disto”. É sobre esta repetida afirmação nos tempos atuais, inclusive pelo Papa Francisco, que antropólogos, sociólogos,

Carta ao MCC (249ª) ABRIL | MAIO | JUNHO DE 2020

10


filósofos e outros, estão levantando questionamentos e previsões. Todas as nossas atuais realidades, muitas delas positivas, outras bastante negativas, são encaradas como uma “crise global”. Caso haja interesse, cada um faça suas próprias pesquisas e busque suas próprias interpretações. Agora, em três momentos, proponho, ainda que em forma de perguntas mesmo para facilitar sua interiorização, uma breve reflexão sobre o momento presente e futuro à luz da Palavra de Deus, no Antigo como no Novo Testamento. Pois “Lâmpada para meus passos é tua palavra e luz no meu caminho” (Sl 119, 105). 1. No que e como o mundo e o seu “mundinho” pessoal serão diferentes? Nos momentos nem sempre muito tranquilos da nossa quarentena, recebendo uma avalanche de notícias, pudemos, quem sabe, projetar nosso futuro pessoal a partir de duas atitudes diametralmente opostas: a) Você será mais solidário, mais sensível, mais próximo, mais generoso, mais caritativo como nos pede Jesus – “... Amarás teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22,39b) – e como resposta ao que está-se revelando, neste tempo: a “solidariedade universal”. Pergunta: como há ou houve uma “pandemia” haverá, em contrapartida, uma “pansolidariedade”? Exemplos admiráveis não faltaram sobre os quais podemos pautar nossas futuras atitudes. Atitudes como as dos que já viveram o que é “ter um coração de carne”! Sem falar do heroísmo de alguns que ousaram chegar ao extremo, como o exemplo, até emocionante, do sacerdote italiano idoso, Giuseppe Berardelli, de Bérgamo (Itália), infectado pelo coronavírus que, entubado, no leito de uma UTI, ofegante, tira o aparelho que o ajudava a respirar, e pede para que o ponham no rosto de uma pessoa mais jovem que, a seu lado, ofegante também, já estava

11

quase sufocado pelo vírus... e fechou os olhos para o abraço acolhedor do Pai misericordioso! b) Você poderá ser como aquele que, já acomodado no seu isolamento obrigatório, insensível e instalado no seu bem-estar, mergulhou ainda mais profundamente no seu egoísmo e individualismo – “ainda bem que não é comigo” – e endureceu ainda mais o seu “coração de pedra” tornando-o sempre mais injusto, menos caridoso, ou mais carregado de ódio. Pergunta: não seremos tocados pelo que Deus diz ao profeta Ezequiel: “Extrairei do seu corpo o coração de pedra e lhes darei um coração de carne”, o que faria do Criador o primeiro “cardiologista” a fazer um “transplante” para dar vida nova à sua criatura? 2. Nossa Igreja, Povo de Deus, como poderá ser “depois disto”? Torna-se inevitável essa pergunta à que tentam responder teólogos e pastoralistas. Quase todos, senão todos, concordam em que nossa Santa Igreja voltará à simplicidade e autenticidade das primeiras comunidades cristãs, portanto deverá procurar voltar ao essencial. Imagem de uma nova Igreja? Quem não se recorda, até emocionado, daquela visão de um ancião, meio trôpego, despojado, simplesmente vestido de branco, atravessan-

ABRIL | MAIO | JUNHO DE 2020


do, sozinho, a imensa Praça de São Pedro, em Roma, numa tarde chuvosa, para dar sua bênção à cidade e ao mundo? Será essa a imagem de uma nova Igreja, despojada de eminências e excelências, de capas magnas, de casulas e estolas douradas e caríssimas, de vestes esquisitas e fora de época? E também de mitras e báculos que insinuam muito mais dominação e distanciamento, impondo uma Igreja de doutrina e não de acolhimento, aproximação e misericórdia? E nossas celebrações litúrgicas – muitas vezes apresentadas numa linguagem quase incompreensível – contarão ainda com a presença física dos católicos que se acostumaram, durante o tempo de quarentena a “assistir” em casa às celebrações pela tela da TV ou por outros meios de comunicação social? Providencial iniciativa para uma situação excepcional, reconheça-se! Mas não será para muitos fiéis mais cômodo permanecer em casa usufruindo, ainda, dos benefícios pastorais da quarentena? Ou ainda terão paciência para suportar demoradas e enfadonhas homilias declamadas mais para anjos do que para homens e mulheres pé no chão, que vieram à igreja, em muitos casos, somente para cumprir a obrigação de “assistir à missa aos domingos e festas de guarda”, só para não cair em “pecado mortal”? Finalmente, “depois disto”, depois que um vírus quase insignificante no tamanho, mas mortífero em poder igualou, sem distinção, homens e mulheres, ricos e pobres, jovens e anciãos, uma nova Igreja restituirá a mesma dignidade, os mesmos direitos de que gozam os homens e também às mulheres? Lembro que, há poucos dias, o Papa Francisco relançou a Comissão para debater o diaconato feminino! O que pensar sobre isso? “Vi, então, um novo céu e uma nova terra. Pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe...”

ABRIL | MAIO | JUNHO DE 2020

3. Movimentos, comunidades, associações eclesiais, como serão “depois disto”? Cada uma dessas organizações eclesiais existem e se identificam pelo seu carisma e por seus objetivos. Umas são mais antigas; outras de inspiração mais recente. Diante de uma revisão honesta e criteriosa, que iniciativas deverá cada uma delas tomar, que compromissos irão assumir agora na nova Igreja “em saída”? O Papa Francisco usa com frequência um termo que pode ajudar a traçar um projeto e pô-lo em prática. Esse termo ele o traduz por “criatividade”! MCC: agora desejo dirigir uma breve consideração de maneira especial ao Movimento de Cursilhos de Cristandade, cuja Direção Nacional delegou-me a missão de redigir estas Cartas mensais – o que venho fazendo desde setembro de 1999. Convido-os a repensar o termo “cristandade” empregado na sua identificação. Como todos sabem, ou deveriam saber, “cristandade” é um termo que tem sua origem na época pré-medieval, denotando poder e dominação e, conforme a mentalidade daquela época, conluio com o poder de reis e imperadores. Apenas participantes do MCC (“ad intra”) aceitam ainda essa caracterização, enquanto bispos, padres, leigos e leigas (“ad extra”) veem-na como retrógrada, anacrônica

12


e defasada. Ouçamos o que nos diz o próprio Papa Francisco: “Já não estamos na cristandade” (Discurso à Cúria Romana, 21/12/2019). E, em outro momento, estimula os movimentos eclesiais e, portanto, também o MCC com palavras encorajadoras e ousadas: “A humanidade chama, interpela e provoca, isto é, chama a sair para fora e não temer a mudança” (Discurso aos Movimentos de Igreja). Chama-se a isso CRIATIVIDADE! Finalmente, caríssimos leitores e leitoras do MCC, com meu pedido de desculpas por ter-me alongado mais do que de costume, deixo-lhes com uma, quem sabe, incômoda indagação final: não seria este um providencial momento para que o Movimento de Cursilhos de Cristandade presente pelo mundo e através do seu Organismo Mundial (OMCC) dê a este “novo modo de ser Igreja” um precioso e corajoso testemunho de comunhão e participação? Testemunho esse concretizado na renúncia à sua identificação tradicional, deixando que se substitua o seu “coração de pedra” – CRISTANDADE – por aquele “coração de carne” anunciado pelo profeta Ezequiel e profunda-

mente enraizado na sua original, mas sempre atual e inspirada definição, e preservando fielmente seu carisma? De agora em diante, por que não ser identificado como um MOVIMENTO DE VIDA CRISTÃ E EVANGELIZAÇÃO? Ou por alguma outra expressão encontrada sob a iluminação do Espírito Santo? Não indicaria esse gesto que o Movimento está aberto para voltar ao essencial? Pois “Vi, então, um novo céu e uma nova terra. Pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe.... porque as coisas anteriores passaram. Aquele que está sentado no trono disse ’Eis que faço novas todas as coisas.’ Com meu abraço ainda mais carinhoso e fraterno, despeço-me.

Pe. José Gilberto Beraldo Equipe Sacerdotal do Grupo Executivo Nacional

jberaldo79@gmail.com

“Todas as Cartas Mensais escritas pelo Pe. Beraldo podem ser encontradas no site do MCC, através do seguinte link: www.cursilho.org.br/index.php/cartas-mensais

13

ABRIL | MAIO | JUNHO DE 2020


PANDEMIA

Acordamos em 2020 com uma notícia assustadora de que fora isolado na China um vírus que causava uma pneumonia virótica fatal. O vírus isolado foi o SARSCoV2 (Severe Acute Respiratory Syndrome – CoronaVirus2) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) alcunhou a doença por ele transmitida como CoViD-19, (CoronaVirus Disease 2019), identificada em 31 de dezembro de 2019.

T

rata-se, realmente, de uma virose de alta transmissibilidade que pode causar desde um resfriado comum, até mesmo a Síndrome da Angústia Respiratória Grave (SARS). Este grupo de vírus já havia sido identificado em humanos em 1937, mas somente em 1965, graças aos recursos da microscopia, é que foi viABRIL | MAIO | JUNHO DE 2020

sualizada sua forma similar a de uma coroa, daí a designação de coronavírus. No entanto, o sequenciamento genético deste vírus comprovou tratar-se de uma mutação virótica, daí o nome Novo Coranavírus. Postula-se que o morcego chinês seja o hospedeiro deste vírus e, por isso, os seres humanos ainda não dispõem de uma defesa imunológica específica, ou seja, anticorpos contra o mesmo, pois somente agora é que se estabeleceu este primeiro contato. Vivenciamos, então, uma epidemia virótica surgida na China, com epicentro na cidade de Wuhan, se alastrando e transformando-se, rapidamente, em uma pandemia que assola todo o planeta. Os vírus são seres incompletos que precisam de uma célula viva para sua reprodução, e estes carregam material genético, RNA (ácido ribonucleico), neste caso do coronavírus, que é injetado na célula hospedeira e, assim, sequestra o seu núcleo, gerenciado uma replicação virótica contínua, até a destruição da própria célula, com liberação dos novos vírus gerados. Por se tratar de um vírus novo, ainda não se dispõe de vacina e nem medicamentos antivirais específicos. E, por isso, precisamos saber como nos prevenir.

14


INFORMAÇÃO E PREVENÇÃO No momento, a informação é a melhor forma de prevenção. Sabemos que o vírus poderá nos contaminar através da penetração direta pelas mucosas da boca, nariz e olhos. E que uma vez instalado em nosso organismo, só podemos contar com nossas defesas imunológicas naturais. Embora, já estejam sendo testadas de forma “off label” algumas medicações como cloroquina, hidroxicloroquina e a administração de plasma retirado de pacientes que se recuperaram da Covid-19, ainda não há uma comprovação científica de consenso. COMPORTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO DA VIROSE CoViD-19 Os dados epidemiológicos mundiais apontam para um acometimento rápido da população, estando em maior risco idosos acima dos 60 anos de idade e que apresentem comorbidades associadas. Estes pacientes podem desenvolver, com maior frequência, a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), a qual necessita de tratamento intensivo com intubação e instalação de respiração artificial, através de ventilador mecânico. O risco atual é de ocorrer uma transmissão em velocidade muito acelerada, gerando um grande número de pacientes de alta complexidade, que necessitarão de respirador artificial, todos ao mesmo tempo, o que provocaria uma saturação dos centros médicos de tratamento, uma vez que esses não possuem número suficiente de máquinas de suporte respiratório. MEDIDAS DE PROTEÇÃO Algumas atitudes devem ser assumidas pela população, visando a prevenção de uma contaminação em massa. A utilização de Equipamento de Proteção Individual (EPI) deve ser adotada por todos os profissionais de saúde que estejam lidando diretamente com estes pacientes. As pessoas devem manter o Distanciamento Social e, quando necessitarem de circulação, precisarão assumir medidas protetivas como higienização das mãos com água e sabão, prolongadamente (20 segundos), para destruir a cápsula proteica 15

do vírus ou uso de álcool gel, sempre que mantiverem contatos suspeitos de contaminação. O uso de máscara facial, cirúrgica ou da N95 está indicado mesmo sem testagem viral, quando a pessoa necessitar sair do Isolamento Social e esteja apresentando sintomas e sinais gripais: febre, coriza, tosse e dor de garganta. E, caso haja surgimento de dificuldade respiratória, há a necessidade urgente de buscar atendimento médico. Alguns cuidados de prevenção são essenciais: deve-se manter distância de outras pessoas além de um metro, evitar tocar nas mucosas da boca, nariz e olhos com as mãos não higienizadas e também não compartilhar fômites (objetos pessoais). Por isso, indica-se o Isolamento Social (horizontal ou vertical) com a intenção de achatar a curva da velocidade de transmissão da doença. MUDANÇA DE PARADIGMA NO COMPORTAMENTO HUMANO Esta virose despertou nas pessoas um sentimento de pânico geral, mas, ao mesmo tempo, vem resgatando a reflexão do verdadeiro SENTIDO DA VIDA. Na quarentena, estamos dispondo de tempo oportuno para uma convivência mais fraterna e já percebemos inclusive uma sutil indicação de mudança de valores, pois aparentamos até menos preocupação com o impacto do prejuízo econômico iminente. Assim, como São Paulo Apóstolo foi o “Inculturador do Evangelho”, junto aos gentios, precisamos também ser profetas da denúncia do ultraje aos ecossistemas naturais do planeta. E, diante desta realidade em que vivemos, devemos também ser arautos do anúncio de que podemos ajudar, começando por transformar nossos ambientes e assim contribuir para criação de um mundo mais justo, com menos desigualdade social e maior sentimento de fraternidade entre as pessoas. Talvez, estejamos aprendendo mais pela dor que pelo amor, mas mesmo assim ainda há tempo para um recomeço.

Adair J. Batista Médico Urologista – Uberlândia – MG Equipe Grupo Apoio ao GEN

adaircursilho@globo.com ABRIL | MAIO | JUNHO DE 2020


ENTREVISTA

Vinícius Raposo Representante Jovem da Macrorregião Sudeste Representante Jovem no GEN

Como iniciou sua caminhada dentro do MCC? Para responder a esta pergunta, primeiro devo destacar que nasci em Sete Lagoas (MG) e, aos dez anos de idade, me mudei com minha família para Uberlândia (MG). Nas minhas férias sempre passava com meus tios e primos em minha cidade natal. Em 2012, comecei meus estudos na Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e, neste mesmo ano, houve uma greve nas universidades federais de todo o país. Sendo assim, fui para minha cidade e fiquei na casa de minha madrinha, Lourdinha Raposo. Ela coordenaria o 6º Cursilho Misto para Jovens da Diocese de Sete Lagoas e eu, com dezoito anos, fui convidado por ela e suas amigas (Ilka e Virgínia) para viver esta experiência.

dia. Além disso, fui criado em duas religiões, e após viver a experiência do Cursilho e descobrir a importância da formação em minha vida, muita coisa se consolidou e muitas dúvidas foram sanadas, e assim, decidi livremente, por abraçar a fé católica.

Como foi o início de sua caminhada no pós-cursilho? Enquanto eu vivia meu Cursilho, estava sendo realizada uma AR do meu GER, na qual representantes do GED de Sete Lagoas, conseguiram o contato de membros do GED de Uberlândia, para que eu pudesse vivenciar meu pós-cursilho nesta cidade. Em Uberlândia, comecei a organizar uma EV para os jovens cursilhistas sob o amparo de pessoas muito importantes, as quais destaco o Adair e a Ione. Como não havia um representante jovem no meu GED, eu assumi esta função em 2013. No ano seguinte, como em meu GER também não havia um representante regional, assumi esta missão.

Agora, em 2020, você está finalizando sua função como Representante da Macrorregião Sudeste e no GEN. Como você enxerga estes seus três últimos anos?

E o que o cursilho significou para você? Depois de muita reflexão, notei que, muitas vezes, não me sentia como o filho pródigo, mas como o filho mais velho. Identifiquei-me mais a ele porque eu era aquele que estava na casa do Pai, sem me dar conta de quão bom era poder desfrutar, ininterruptamente, de sua misericórABRIL | MAIO | JUNHO DE 2020

Em 2016, fui escolhido para ser o representante da Macrorregião Sudeste, para continuar a exercer a missão que estava sendo conduzida 16


brilhantemente pelo Fábio Siqueira, do GED de Franca. No 8º ENJC, tomei a posse para esta função e, além disso, confiaram em mim para continuar o maravilhoso trabalho, que estava sendo realizado pela Jaqueline Carrijo (GED de Jataí), como Representante Jovem no GEN. Nestes anos, tive a oportunidade de ir a todas as regiões do Brasil e fiquei cada vez mais esperançoso por constatar quantos jovens exemplares temos em cada rincão de nosso país. Fiz novos laços de amizade e fortaleci laços antigos. Fui acolhido por pessoas maravilhosas e pude viver experiências que levarei para sempre.

Como é o trabalho com os outros Representantes Jovens das Macrorregiões? Para mim, é uma graça conviver e fortalecer cada vez mais os laços de irmandade com o Allan (Sul), Ricardo (Norte), Thaís (Centro-Oeste) e Thiago (Nordeste). Sempre dizemos, entre nós, que não somos cinco, mas somos um. De fato, é isto mesmo, pois não trabalhamos sozinhos, cada um tem um papel fundamental para o bem de todo o trabalho com a juventude. Além de representarmos todos os jovens cursilhistas do Brasil nas ANs, com direito a voz e voto, produzimos, sob orientação do GEN, os subsídios a serem trabalhados nos encontros regionais, macrorregionais e nacionais para jovens cursilhistas. Estamos atentos à caminhada do MCC naquele triênio e aos Documentos da Igreja para que possamos caminhar sempre em plena unidade.

na Pastoral Juvenil, da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB. Este é um trabalho que desenvolverei em conjunto com a Mariana Ignácio do TLC e demais membros da Pastoral Juvenil. Também vejo como um motivo de orgulho para todo o MCC do Brasil, demonstrando sua sintonia com a Igreja do Brasil

Em 2020, teremos o 9º Encontro Nacional para Jovens Cursilhistas, como você vê este encontro? Da mesma maneira que ter participado do 7º ENJC, em Apucarana (PR), e do 8º ENJC, em Belo Horizonte (MG), foram grandes marcos em minha vida, tenho a certeza que o 9º ENJC, em Brasília, ficará marcado para sempre na vida de todos os participantes. Juntos, refletiremos sobre o papel do jovem cursilhista e como assumir sua condição de PROFETA neste caminho de santificação. Será um momento de troca de experiências com jovens de todo o Brasil, reafirmaremos que jovens e adultos devem caminhar juntos, celebraremos a nossa caminhada. Além disso, serão empossados os novos Representantes da Macrorregiões e conheceremos quem será o(a) novo(a) Representante Jovem no GEN. Portanto, querido jovem cursilhista, não perca a oportunidade de participar desta maravilhosa experiência. Esperamos você!

Recentemente, você recebeu o convite para participar da Coordenação Nacional da Pastoral Juvenil da CNBB. Como foi? Recebi este convite com grande alegria, uma vez que, além de poder representar os jovens cursilhistas do Brasil, também estarei representando todas as juventudes dos movimentos católicos 17

ABRIL | MAIO | JUNHO DE 2020


FALA JOVEM

9º Encontro Nacional para Jovens Cursilhistas Brasília, DF | 2020

Olá, querido irmão(ã) cursilhista. De colores! Viva a Vida! Meu nome é Thaís e atuo como representante jovem da Macrorregião Centro-Oeste. É com imensa alegria que me dirijo a você. Já ouviu falar em ERJC? EMJC? ENJC? Se sim, vamos relembrar?! Se não, continue comigo que te explico.

A

Juventude Cursilhista tem a oportunidade de viver um ciclo de encontros para jovens, que se divide em: Encontro Regional para Jovens Cursilhistas, Encontro de Macrorregião para Jovens Cursilhistas e o Encontro Nacional para Jovens Cursilhistas. No ano de 2018, demos início a esse ciclo de encontros com os Encontros Regionais, nos quais os

ABRIL | MAIO | JUNHO DE 2020

24 regionais deste país foram guiados pelo Tema: Jovem Leigo, Vocação e Missão; e o Lema: Vós sois o sal da Terra e Luz do Mundo (Mt 5,13-14). Nessa oportunidade, pudemos entender o que é vocação e missão, e como isso tem a ver com nossas vidas de jovens leigos, pois naquele ano celebrava-se o Ano Nacional do Laicato. Por esse chamado universal ao amor e à santidade, em 2019, com fundamento na Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate, os Encontros de Macrorregiões trabalharam o Tema: “Santos ao pé da porta” e o Lema: “Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,36). A essência dessa santidade ao pé da porta, dessa santidade construída na normal forma de vida social e profissional, cresce com pequenos e simples gestos. Buscar viver a “santidade ao pé da porta” é procurar ficar, intimamente, ligado ao Senhor no mundo, tornando este um espaço cada vez mais repleto de relações fraternas e que apontam para os valores do Evangelho e da vida. E, para fechar esse ciclo de encontros, em 2020, será a vez de vivenciarmos o 9º Encontro Nacional para Jovens Cursilhistas à luz do Tema: Jovens cursilhistas: verdadeiros profetas da mudança e Lema “Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,36).

18


Para falar um pouco sobre como foi a experiência do último ENJC, divido este espaço com a jovem cursilhista Aline Santos, do Regional Centro-Oeste, anfitrião do próximo encontro, que também nos deixa um convite:

ALINE SANTOS

Cursilhista do Regional Centro-Oeste

“O Encontro Nacional me deu a oportunidade de conhecer jovens de várias regiões, culturas, estilos e jeitos diferentes, mas todos estavam ali em prol de um único objetivo: adquirir mais conhecimento sobre o Movimento de Cursilhos, sobre Jesus Cristo e também sobre nós mesmos; alimentamos o nosso compromisso como cursilhistas de participar e de conhecer tudo que diz respeito ao Movimento e também de trazer o nosso aprendizado para o nosso GED. Venha você também participar do próximo Encontro Nacional que será em 2020, na cidade de Brasília, onde você terá a oportunidade de conhecer novas pessoas e de adquirir mais conhecimentos”. Como disse a jovem Aline, é chegado o momento de participarmos do 9º ENJC, a ser realizado em Brasília (DF). Portanto, querido(a) irmão(ã) cursilhista, quero convidá-lo(a) para estarmos juntos neste momento e celebrarmos o fechamento de um ciclo.

Thaís Lara

Av. Floriano Peixoto, 735 – Uberlândia – MG | (34) 3235-4050

Representante Jovem da Macrorregião Centro-Oeste.

19

ABRIL | MAIO | JUNHO DE 2020


VOCÊ JÁ LEU?

Os principais desafios da comunicação digital para a pastoral Internet é uma realidade que faz parte da vida cotidiana, não é uma opção, mas um fato. A rede hoje se apresenta como uma conexão das experiências humanas. Não como um instrumento.

As tecnologias de comunicação estão criando um ambiente digital no qual o homem se informa, conhece o mundo, estabelece e mantém vivas as relações, contribuindo para definir também uma forma de habitar e organizar o planeta, guiando e inspirando os comportamentos individuais, familiares e sociais. Para alguns, “O ambiente digital não é um mundo paralelo ou puramente virtual, mas é parte da realidade diária de muitos, especialmente dos mais jovens” (Bento XVI). A evangelização não pode desconsiderar essa realidade. ABRIL | MAIO | JUNHO DE 2020

Gostaria, portanto, de apresentar aqui seis desafios importantes que a comunicação digital coloca em nossa pastoral, considerando, como escreveu Bento XVI, que “as redes sociais se alimentam de aspirações enraizadas no coração do homem”.

1. Da pastoral da resposta à pastoral da pergunta Vivemos bombardeados por mensagens, sofrendo um excesso de informação, a chamada sobrecarga de informações. O problema de hoje não é encontrar o significado da mensagem, mas decodificá-lo, isto é, reconhecê-lo como importante e significativo para mim, com base nas múltiplas respostas recebidas. No tempo dos motores de busca, as respostas estão ao alcance da mão, em todos os lugares. E é por isso que hoje é tão importante não tanto dar respostas. Todos dão respostas! “O professor não precisa dar nenhuma resposta porque as respostas estão em todos os lugares” (Sugata Mitra, 20


professora de Tecnologia Educacional da Universidade de Newcastle). Hoje, é importante reconhecer as perguntas importantes, as fundamentais. E fazer de tal maneira que a nossa vida esteja aberta, que Deus ainda possa nos falar. O anúncio cristão, hoje, corre o risco de apresentar uma mensagem colocada ao lado de outras, uma resposta entre muitas outras. Em vez de apresentar o Evangelho como o livro que contém todas as respostas, é necessário aprender a apresentá-lo como o livro que contém todas as perguntas certas. A grande palavra que devemos descobrir é, então, um conhecimento antigo do vocabulário cristão: discernimento espiritual, o que significa reconhecer entre as muitas respostas que recebemos hoje, questões importantes, verdadeiras e fundamentais. É um trabalho complexo e requer grande sensibilidade espiritual. “Você nunca precisa responder a perguntas que ninguém pergunta” (Evangelii Gaudium, 155). A Igreja sabe como se envolver com as questões e dúvidas dos homens? Sabe como despertar as questões irreprimíveis do coração, sobre o sentido da vida? É necessário saber como se inserir no diálogo com os homens e mulheres de hoje, para entender suas expectativas, dúvidas e esperanças. Fiquei impressionado com o fato de que o Papa Francisco, respondendo a uma pergunta feita por um jornalista no voo que o levava de Tel Aviv para Roma, disse: “Não sei se me aproximei um pouco da sua inquietude…”

2. Da pastoral centrada nos conteúdos para a pastoral centrada nas pessoas: Hoje, o modo de entrega de conteúdo também está mudando. Estamos testemunhando o colapso das programações. Até pouco tempo atrás, a MTV (Televisão Musical), entre os jovens, era considerada uma estação de “culto”. Agora está sofrendo uma crise ou, se quisermos, uma transformação do que foi uma vez uma emissora de um número notável de músicas apresentadas pela VJ em um reality show, com séries de televisão direcionadas principalmente ao público adolescente e adulto jovem. Os jovens, de fato, talvez gostem da música na internet e não há mais razões para apreciá-la na 21

TV. A TV é um ruído de fundo, o zumbido do mundo. Se aos jovens for permitida a escolha, a TV raramente encontra um lugar em seus quartos. Hoje, por outro lado, o assistir implica na seleção e na possibilidade de comentários e interações. Em esta possibilidadem é dada por uma rede social como o YouTube. A fé parece participar dessa lógica. As programações são substituídas por pesquisas pessoais e pelos conteúdos sempre acessíveis na rede. O catecismo era uma forma de apresentar, de maneira ordenada, coerente e marcada, os conteúdos da fé. Num momento em que as programações estão em crise, esta maneira de apresentar a fé está em crise. Quais os desafios que tudo isso coloca na fé e sua comunicação? Como podemos fazer para que a Igreja não se torne um contêiner para acessar como uma televisão que “fala” sem se comunicar? Um caminho para responder a esta pergunta é encontrado em uma passagem de Mons. Claudio Maria Celli, presidente do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, em sua apresentação no Sínodo dos Bispos sobre a Nova Evangelização: “a hierarquia eclesiástica, bem como a hierarquia política e social, devem encontrar novas formas de elaborar sua própria comunicação, para que sua contribuição para este fórum receba atenção adequada. Estamos aprendendo a superar o modelo do púlpito e a assembleia que escuta por respeito a nossa posição. Somos obrigados a nos expressar de forma a envolver e convencer outros que, por sua vez, compartilhem nossas ideias com seus amigos, “seguidores” ou parceiros de diálogo. A vida da Igreja é chamada a assumir uma forma cada vez mais comunicativa e participativa.

3. Da pastoral da transmissão à pastoral da testemunha: A verdadeira novidade do ambiente digital está na sua natureza de rede social, isto é, no fato de que permite não apenas o crescimento da relação entre eu e você, mas também o crescimento das minhas e tuas relações. Na rede, não só as pessoas e os conteúdos que são demonstrados, mas também os seus relacionamentos. Comunicar, portanto, não significa transmitir, mas compartilhar. ABRIL | MAIO | JUNHO DE 2020


A sociedade digital não é pensável e compreensível somente através de seus conteúdos. Não só coisas, mas “pessoas” e, acima de tudo, relacionamentos: a troca de conteúdos que ocorre nas relações entre pessoas. A base relacional do conhecimento na web é radical. É bem compreendido, portanto, quão importante é o testemunho. E este é um aspecto determinante. Hoje, o homem na rede confia em opiniões sob a forma de testemunho. Pense em livrarias digitais ou lojas de música. Mas os exemplos podem ser multiplicados: os conteúdos são apresentados sempre na forma do usuário que fez “fortuna” e o significado das redes sociais. A lógica das redes sociais nos faz compreender, melhor do que antes, que o conteúdo compartilhado está sempre intimamente ligado à pessoa que o comunica. Na verdade, não há informações “neutras” nesta rede, o homem sempre está diretamente envolvido no que ele comunica. Nesse sentido, o cristão que vive imerso nas redes sociais é chamado a uma autenticidade de vida muito exigente. Ela toca diretamente ao valor de sua capacidade de comunicação. De fato, Bento XVI escreveu em sua Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações de 2011: “Quando a informação é trocada, as pessoas compartilham a si mesmas, sua visão do mundo, suas esperanças e seus ideais”. O documento de Aparecida nº 145, declarou claramente: “A missão não se limita a um programa ou projeto, mas em compartilhar a experiência do encontro com Cristo, para testemunhar e anunciar de pessoa para pessoa, de comunidade para comunidade, e da Igreja para todos os fins do mundo (cfe. At 1,8) “. A fé, portanto, não é apenas “transmitida”, mas acima de tudo pode despertar no encontro pessoal, nas relações autênticas. O documento de Aparecida, nº 489, mesmo tendo sido escrito antes do nascimento das redes sociais, já afirmava: “os sites podem reforçar e estimular o intercâmbio de experiências e informações que intensificam a prática religiosa através de acompanhamentos e orientações“.

4. Da pastoral da propaganda à pastoral da proximidade: Evangelizar não significa fazer “propaganda” do Evangelho. A Igreja na web é chamada não a ABRIL | MAIO | JUNHO DE 2020

uma emissão de conteúdos religiosos, mas, sim, a “compartilhar” o Evangelho. E para o Papa Francisco, esse compartilhamento é amplo. Ele escreve claramente: “A internet pode oferecer maiores possibilidades de encontro e solidariedade entre todos; e isso é bom, é um dom de Deus“. O Papa parece ler na web o sinal de um dom e de uma vocação da humanidade para estar unida e conectada. Revive, graças às novas tecnologias da comunicação, “o desafio de descobrir e transmitir a mística de viver juntos, misturar, encontrar-nos, tomar nossos braços, de nos apoiar, de participar dessa maré um tanto caótica que pode se converter numa verdadeira experiência de fraternidade, em uma caravana solidária, em uma santa peregrinação” (EG, 87). Na Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações 2014, o Papa Francisco definiu o poder da “mídia” como “proximidade”. Como se manifesta o ser próximo no novo ambiente criado pelas tecnologias digitais? O Papa Francisco, falando aos comunicadores em 2002, escolheu a parábola do Bom Samaritano, como a imagem de referência do comunicador.

5. Da pastoral das ideias à pastoral da narração:  As fotos “etiquetadas”, “georeferenciadas”,

colocadas no momento exato em que foram compartilhadas, são o álbum fotográfico ao vivo de nossas vidas.  Nossos tweets ou atualizações de status no Facebook e as postagens de nossos blogs, contém nossos pensamentos, mas também nossos estados emocionais.  Livrarias on-line e outras lojas, têm indícios de nossos gostos, nossas escolhas, nossas aquisições e, às vezes, também nossos comentários.  Vídeos do YouTube criam em fragmentos, o filme de nossas vidas, a partir de nossos próprios vídeos ou por aqueles de nossos amigos. O streaming de nossas vidas não é construído apenas com o que enviamos à rede, mas também por aquilo que curtimos, pelo que enfatizamos ou compartilhamos para com os outros e também, graças ao botão “eu curto”, a nossos seguidores e nossos amigos. A experiência compartilhada nas redes sociais é o oposto do que acontecia nos dias de Robert 22


Musil que escreveu: “a probabilidade de aprender a partir do jornal é uma experiência extraordinária e muito maior que a de vivê-la pessoalmente”. Hoje, no entanto, as redes sociais oferecem a oportunidade de tornar a experiência vivida subjetivamente mais significativa, graças a publicações e aos compartilhamentos em uma rede de relacionamentos. As notícias dos jornais não estão relacionadas a mim e, em certo sentido, acabam sendo percebidas como menos “extraordinárias” ou menos interessantes. A rede é uma oportunidade, porque narrar, em qualquer caso, é restaurar os assuntos do conhecimento para a densidade simbólica e experiencial do mundo. E hoje, o desejo de narração dentro dos laços e relacionamentos é muito nutrido. A narrativa na rede pode ser, sim, individualista e autorreferencial, mas também pode ser polifônica e aberta. Interessante neste propósito, é a possibilidade de adicionar material compartilhado em diferentes redes sociais em plataformas como: Spotify, que permite a interconexão com o Twitter, Facebook, Flickr, YouTube e abre-os para compartilhamento. Na base está a consciência de que cada um de nós é um “link vivo”. A interatividade é a figura radical desse “lifestreaming”.

6. Uma pastoral atenta à interioridade e interatividade A vida espiritual do homem contemporâneo certamente é tocada pelo mundo em que as pessoas descobrem e vivem a dinâmica da internet, que são interativas e imersivas. O homem que tem um certo hábito com a experiência na Internet, na verdade, parece mais disposto à interação do que à interiorização. E, em geral, a “interioridade” é sinônimo de profundidade, enquanto a “interatividade” é, muitas vezes, sinônimo de superficialidade. Estamos condenados à superficialidade? É possível combinar profundidade e interatividade? O desafio é muito grande. Substancialmente, podemos ver que o homem de hoje, acostumado à interatividade, internaliza as experiências, se é capaz de criar com elas um 23

relacionamento vivo e não puramente passivo, receptivo. O homem de hoje concebe como válidas as experiências nas quais sua “participação” e seu envolvimento são solicitados. Atualmente, a profundidade se conjuga com uma imersão em uma verdadeira e própria “realidade virtual”. Na web, entendido como um lugar antropológico, não há “profundidade” para explorar, mas “nós” para navegar e conectar uns com os outros, de forma fixa. O que parece “superficial” é apenas proceder de uma forma, talvez inesperada e não prevista, de um nó para o outro. A espiritualidade do homem contemporâneo é muito sensível a essas experiências... ”A superfície em vez da profundidade, a velocidade em vez da reflexão, as sequências em vez da análise, o surf em vez do aprofundamento, a comunicação em vez da expressão, a multitarefa em vez da especialização”. Qual será a espiritualidade das pessoas cujo “modus cogitandi” está na fase de “mutação” devido a sua vida no ambiente digital? Uma maneira de evitar essa perda é evitar uma interação de contraste muito rápida, a superficialidade com a internalização. A rede, certamente, não é privada de ambiguidades e utopias. Em qualquer caso, a sociedade fundada em redes de conexão começa a colocar desafios verdadeiramente significativos, tanto para o cuidado pastoral quanto para a compreensão da fé cristã, com base em sua linguagem de expressão. Os desafios são exigentes. Nossa tarefa também.

In: http://www.cyberteologia.it/2014/11/le-6-grandi-sfide-dellacomunicazione-digitale-alla-pastorale/. Acessado em 10 de Março de 2020. Artigo publicado nos Roteiros de Escolas Vivenciais e Assembleias do Movimento de Cursilhos de Cristandade do Brasil. Cursilhista: sujeito eclesial, protagonista de transformação de ambiente, pp 45-51, 2018. ABRIL | MAIO | JUNHO DE 2020


FESTA JUNINA

XOTE, XAXADO, BAIÃO!

A Festa de São João é uma das principais festas do Brasi e sua importância se reflete em vários segmentos como cultura e economia.

N

ada retrata mais o Nordeste do que as Festas Juninas. Apesar de conhecida, principalmente, como Festa de São João, os festejos homenageiam três santos católicos: Santo Antônio (no dia 13 de junho), São João Batista (dia 24) e São Pedro (dia 29). De acordo com Luís da Câmara Cascudo (1969), as festas juninas tinham um caráter familiar e envolto em uma atmosfera ritualística, permeada por aspectos religiosos e míticos. Mas, engana-se quem pensa que a origem das comemorações aconteceu no Brasil. O costume de comemorar essa época do ano (solstício de verão) é anterior à era cristã e está ligada à colheita de alimentos na Europa. Os portugueses trouxeram a festa para o Brasil durante a colonização, a partir dos Jesuítas, intencionando atrair os índios. ABRIL | MAIO | JUNHO DE 2020

“Olha pro céu, meu amor

Vê como ele está lindo Olha praquele balão multicor Como no céu vai sumindo”. (Luiz Gonzaga)

Com o decorrer do tempo, as festas juninas (ou caipiras como acontece no sul e sudeste do país) foram adquirindo características brasileiras como a comida, as danças, a música e o vestuário, e, consequentemente, cada região brasileira apresenta pequenos detalhes que são particulares. No Norte, por exemplo, o momento mais esperado do mês de junho é a disputa entre os grupos Boi Garantido (vermelho) e Boi Caprichoso (azul), no Bumbódromo de Parintins. As festividades no Centro Oeste, além da quadrilha e dos pratos típicos, acontecem ao som da Polca e ao gostinho da sopa paraguaia. O maior destaque no Sul são as comidas típicas, onde se destacam arroz de-carreteiro, feijão-mexido e pinhão cozido na água ou assado na brasa; além de milho assado, pipoca, cocada, canjica etc. No Sudeste Brasileiro, uma 24


boa festa junina tem que ter quadrilhas infantis e adultas, com casamentos e encenações cômicas do mundo caipira, com padre, noivo fujão e pai da noiva bravo. Porém, é realmente no Nordeste que acontecem as maiores festas. Para o nordestino, esse período é o retrato da alma nordestina, onde são expressas suas raízes e tradições culturais, desde as comidas à base de milho, o colorido da chita até o som inebriante do Forró. Quem nunca se pegou cantarolando Asa Branca de Luís Gonzaga? É, os Festejos não são apenas importantes no contexto cultural do Nordeste, como também no econômico. Desde 1987, a festa está incluída no calendário turístico do Brasil, a partir do “Maior São João do Mundo” de Campina Grande (PB). Em Caruaru (PE), apesar de iniciativas populares desde a década de 1970, o formato atual da festa na “Capital do Forró”, é da década de 1990. E foi justamente a partir desse período que as cidades começaram a disputar o título de maior e melhor festa do mundo. De acordo com o Ministério do Turismo (2019), somente em Caruaru e Campina Grande, o público somado chegou a 5 milhões. Ainda, segundo o Ministério, Campina Grande, recebeu um incremento econômico de R$ 240 milhões e, em Caruaru, o faturamento ficou em R$ 200 milhões. Em Mossoró (RN), outra conhecida festa, os eventos de maior destaque são o Pingo do Meio Dia e o espetáculo teatral Chuvas de Bala no País de Mossoró. Segundo dados da prefeitura, a injeção da economia em 2019, foi de 90 milhões de reais. O fato é que os festejos juninos no nordeste, a cada ano, ganha mais destaque no coração de seu povo e ganha mais representatividade no cenário turístico do País e isso acontece pela capacidade do nordestino se reinventar, como explicou o Prof. Dr. Luís Custódio da Silva: há todo um processo de ressignificação por parte daqueles que

25

estão empenhados na dinâmica cultural dessas festas. Então se você ainda não curtiu a Festa Junina, “vamos simbora!”. Cabe ressaltar que, em tempos de pandemia. vale comemorar a Festa Junina no íntimo de seu lar junto a sua família, podendo incrementar o cardápio com as deliciosas comidas típicas dessa época e com isso, dar um colorido especial a esse tempo de isolamento social.

Antônia Katia Pinheiro de Medeiros Coordenadora GER NE 2

ABRIL | MAIO | JUNHO DE 2020


CLIMA DE JUBILEU

Clima de Jubileu

É

muito mais que apenas participar de encontros, congressos ou ultreias festivas. É muito mais: é tempo de repensar o carisma e reassumir nosso compromisso de ser cristãos, sal, fermento e luz na terra.

Caros irmãos e irmãs cursilhistas, é tempo de jubileu, de reflexão, de revisão de vida.

ABRIL | MAIO | JUNHO DE 2020

Este jubileu é um período especial para revisar como estamos pondo em prática o carisma e os objetivos do movimento, assumindo no dia a dia aquilo que ouvimos e vivemos nos três inesquecíveis e maravilhosos dias do nosso cursilho, talvez os mais marcantes da história de nossa vida pessoal e comunitária.

26


Para que em 2022 possamos bem celebrá-lo, precisamos ter o cuidado de viver a nossa vocação, a cada dia, com simplicidade, dando o melhor de nós, vivendo o tripé que o cursilho propõe como meio de perseverança. Cultivar em nós, em nossas famílias e comunidades, não apenas atos de oração, mas uma cultura de oração, sendo pessoas que vivem e agem com Deus e por Deus. Sermos cristãos que sabem recitar fórmulas de oração, mas que, além disso, sabem ouvir, escutar, falar para experimentar a presença amorosa de Deus, em Jesus Cristo, na força de seu Espírito Santo. Como está a nossa vida de oração? Como estamos rezando? Como antes do cursilho ou mudou? Prepararemos o jubileu se no dia a dia exercitarmos nossa vida de estudo, se procurarmos crescer na formação em todas as dimensões de nossa vida, com uma formação permanente, sendo capaz de ver os sinais dos tempos à luz da palavra de Deus, dos documentos da Igreja, do testemunho dos santos que vivem em nossos dias e em nossas comunidades, porém, não basta perceber ou ver a realidade, faz-se necessário um sé-

27

rio discernimento para que nosso caminhar seja coerente com nosso carisma. Então, como temos feito o “ver” de nossa realidade? Temos feito um “discernimento” à luz do Evangelho? Revisar constantemente nosso modo de agir proposto por Jesus, anunciado no cursilho e repassado em nossas Assembleias Nacionais, Regionais e Diocesanas é também uma forma de preparação para o jubileu. Um agir tendo como marca a misericórdia, um agir que não é campanha, mas permanente, com a consciência de que não fazemos missão, mas somos missão. Reflitamos juntos: como está o nosso “agir”? Enfim, pensemos neste tripé, nestas reflexões para, se necessário, melhorarmos nosso agir para viver intensamente este tempo de jubileu! Decolores!

Pe. Francisco Luis Bianchin (Pe. Xiko) ASSESSOR REFERENCIAL PARA FORMAÇÃO

gen-pexiko@cursilho.org.br

ABRIL | MAIO | JUNHO DE 2020


IGREJA NAS CASAS

Igreja das casas, das janelas, das redes sociais, da TV a mensagem de fé em tempos de coronavírus

B

asta convidar para a oração e a comunidade católica se reúne, mesmo que a distancia. Com o isolamento social para conter a difusão do Covid-19, o que se dissemina é a criatividade dos sacerdotes, já elogiada pelo Papa, para fazer chegar a mensagem de Cristo a todos os fiéis.

As iniciativas para levar a Palavra de Deus para dentro de casa têm se intensificado, a começar pelo Papa Francisco que, diariamente, leva a sua mensagem através das mídias digitais, ao celebrar a missa na Capela da Casa Santa Marta. Em especial, na quarta-feira (25), unido a todos os cristãos do mundo, o Pontífice rezou a oração do Pai-Nosso ao meio-dia, hora italiana (8h, no horário de BraABRIL | MAIO | JUNHO DE 2020

sília). O convite tem sido reforçado por paróquias de várias partes do Brasil, para que se programem recitando a oração simultaneamente.

A oração, silêncio, gratidão e súplica Neste período de Quaresma, como lembra Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e primeiro vice-presidente da CNBB, “a oração é o reconhecimento da experiência pessoal do cuidado amoroso de Deus em Jesus Cristo. Ela é silêncio, palavras de gratidão e súplica”. No contexto da pandemia do Covid-19, “quer ser um caminho para conduzir todos ao encontro da Vida”. Dom José Gislon, presidente da CNBB Sul 3, reforça a necessidade de intensificar as orações “por 28


Rosário Virtual Lançado pelo Vaticano, torna-se mais um passo na missão de levar o catolicismo para as gerações mais jovens. O rosário inteligente permite rezar usando um aplicativo

todas as vítimas dessa enfermidade, bem como por todos os profissionais da saúde que se esforçam por combater a disseminação dessa grave ameaça à vida de tantas pessoas, especialmente dos mais idosos”.

Sacerdote faz atendimento por WhatsApp Em contextos regionais, no sul do Brasil, as dioceses têm usado de criatividade para levar a mensagem de Deus a seus fiéis. Na Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, em Gramado(RS), o Pe. Sésio está fazendo atendimentos, em horários pré-estabelecidos, através de chamadas em vídeo pelo WhatsApp, sempre de terça a domingo, das 9h às 11h e das 14h às 18h. Através da página no Facebook, a paróquia orienta que seja “um momento breve e objetivo”

para uma troca de mensagens sobre a Palavra de Deus e também para receber uma bênção, dando a oportunidade para que vários fiéis possam também utilizar essa ferramenta.

Da Igreja das casas à Igreja das janelas Já na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Bairro Bela Vista, em Erechim (RS), o projeto “Igreja das Casas”, que reunia na mesma sala grupos de famílias e de vizinhos do mesmo bairro para a oração, foi para outro canto da casa. Todas as noites, às 21h, a comunidade é convidada pra ir à janela rezar um Pai-Nosso. “Foi bonito demais ler no WhatsApp: ‘‘pessoas que eu nem conheço da vizinhança também estão nos acompanhando na oração’’, comentou o Pe. Maicon Malacarne, que acrescentou nas suas redes sociais: “O vírus ativa nossa solidariedade e nossa criatividade. O cotidiano é feito de felicidades e tragédias. No meio disso tudo, vamos despertando a espiritualidade. É como se fosse um óculos que nos ajuda a viver mais humanamente. Junto com a oração tem tanta coisa bonita – conviver, partilhar, encontrar-se mesmo nas distâncias. Isso é Igreja. Por isso, desde o início, é Igreja das Casas. Nestes dias, talvez, sejamos: Igreja das janelas”.

Andressa Collet in https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2020-03/coronavirusmensagem-fe-igreja-casas-janelas-redes-sociais-tv.html. Acessado em 25 de Março de 2020.

29

ABRIL | MAIO | JUNHO DE 2020


36ª ASSEMBLEIA REGIONAL DO GER LESTE 2 MG 1

EVENTOS

37ª ASSEMBLEIA REGIONAL DO GER NE 2 - MACEIÓ (AL) A 37ª Assembleia Geral do Grupo Executivo Regional Nordeste 2 do MCC, foi realizada na Arquidiocese de Maceió (AL), no período de 13 a 15 de março de 2020. Estiveram presentes cem cursilhistas, pertencentes aos GEDs dos Estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas.

A Assembleia foi prestigiada por mais de cem cursilhistas do Regional, que durante três dias receberam o conteúdo e o aprofundamento do subsídio da dimensão “Profetismo Como Caminho à Santificação”, tendo como representante do GEN o Pe. José Roberto Ferrari. A Assembleia deste ano teve caráter eletivo, sendo que o escrutínio apontou: José Renis de Carvalho e Adair J. Batista como coordenador e vice, respectivamente, para o mandato trienal 2021-23.

2ª ASSEMBLEIA REGIONAL DO GER NE 3/2 - ITABUNA (BA) A 2ª AR do GER NE 3/2 ocorreu na Diocese de Itabuna (BA), onde estiveram presentes em torno de oitenta cursilhistas de seis Dioceses.

Av. Getúlio Vargas, 801 - Uberlândia, MG | (34) 3236-2300 adairurocenter@globo.com

ABRIL | MAIO | JUNHO DE 2020

30


ASSEMBLEIA REGIONAL DO GER NE 5 N 3

40ª ASSEMBLEIA REGIONAL DO GER OESTE 2

A AR DO GER NE 5 N 3 foi realizada na Diocese de Tocantinópolis, no município de Araguaína. Estiverem presentes dois GEDs: Imperatriz e Tocantinópolis, este representado pelos Cursilhistas de Araguaína.

A cidade de Campo Verde, Diocese de Primaverado Leste e Paranatinga, Mato Grosso, sediou a Assembleia Regional de 13 a 15 de março de 2020. Reuniram-se mais de oitenta cursilhistas, em um clima fraterno, durante os três dias do evento. A Celebração Eucarística do domingo foi realizada na Igreja Matriz Nossa Senhora de Fátima, e foi transmitida pela internet para toda a região, sendo presidida pelo Pe. José Roberto Ferrari. Esta Assembleia foi eletiva, indicando: Luzilene da Silva Oliveira Martins (Leni) como Coordenadora, Andréia Giseli Bagatto Battiston do Lago, Vice-Coordenadora e como Assessor Eclesiástico Regional, Padre Lidiomar Gonçalves dos Santos, para o triênio 2021-23.

38ª ASSEMBLEIA REGIONAL DO GER SUL 3 RS 2 A 38ª AR do GER Sul 3 RS 2 ocorreu na Diocese de Santa Cruz do Sul (RS), onde estiveram presentes cerca de oitenta cursilhistas de sete Dioceses.

Rua Santos Dumont, 497 - Uberlândia - MG | (34) 3236-0056

31

ABRIL | MAIO | JUNHO DE 2020


38ª ASSEMBLEIA REGIONAL LESTE 1

A 38ª Assembleia Regional Leste 1 aconteceu entre os dias 13 e 15 de março na Chácara Pentagna, Diocese de Valença - RJ, com a presença confirmada de 109 cursilhistas. O Espírito Santo nos guiou no discernimento do tema e lema na dimensão “Profetismo como caminho à santificação”, brilhantemente conduzido pela nossa irmã Maristela Mansi (GEN), assim como as homilias dos Assessores Eclesiásticos, Padre Daniel Félix de Duque de Caxias e Padre Daniel Santos de Nova Iguaçu, que nos inspiraram profundas reflexões. Ficou claríssimo para nós que o mundo nunca esteve tão necessitado do carisma do MCC e que devemos ser verdadeiros profetas da esperança e da misericórdia em nossos ambientes. Decolores!!! Viva a Vida!!!

ABRIL | MAIO | JUNHO DE 2020

3º ENCONTRO REGIONAL PARA ASSESSORES ECLESIÁSTICOS DO GER LESTE 2 MG 1

Estiveram reunimos na cidade de Uberaba, (MG) nos dias 06 e 07 de fevereiro, doze sacerdotes do Regional Leste 2 MG 1. O encontro foi conduzido pelo Assessor Nacional do Movimento de Cursilhos de Cristandade do Brasil, Pe. José Roberto Ferrari. Entre os presentes esteve o Arcebispo Metropolitano Dom Paulo Mendes Peixoto, referencial no Leste 2 (CNBB) das Comunidades Eclesiais Missionárias (CEM) e Pastoral da Criança. A experiência de realizar o Encontro Regional para Assessores Eclesiásticos, alternadamente ao Encontro Nacional, tem sido profícua por manter a unidade e aproximação entre o clero e os leigos.

32


AR GER SUL 1 APARECIDA

37ª ASSEMBLEIA REGIONAL GER SUL 2 - PR 1 - UNIÃO DA VITÓRIA

36ª AR GER - SUL 4

38ª AR GER SUL 3 RS 1 CAXIAS DO SUL (RS)

ASSEMBLEIA REGIONAL AR GER SUL 1 - BOTUCATU (SP)

33

ABRIL | MAIO | JUNHO DE 2020


MEMÓRIA

O

através do seu ‘‘SIM’’ pode promover justiça e felicidade para todos. (conf. O Cursilho por dentro)

Movimento de Cursilhos de Cristandade, desde o seu início na Espanha, tem por ‘‘finalidade última’’ a fermentação de Evangelho nos ambientes. Os ambientes sempre foram alvo da ‘‘ação evangelizadora’’, pois se visa a Pastoral Ambiental. Por sua vez, o ser humano é dotado de inteligência, personalidade, afetividade, vontade e liberdade, que dá sentido à sua vida; é um ser único e não vive sozinho, portanto, vive em comunidade.

Por ser ‘‘construtor da história’’ e, consequentemente, ‘‘construtor da sociedade’’, mediante o seu livre arbítrio, pode ter um sentido maior – pessoal e comunitário – que ABRIL | MAIO | JUNHO DE 2020

Para manter a dinâmica de conversão, o MCC conta com uma metodologia composta de três tempos: Pré-cursilho, Cursilho e Pós-cursilho, associada à prática do método: VER-DISCERNIRAGIR; com base no tripé: oração, formação e ação.

Buscando a memória do MCC no “IDEÁRIO” – edição de 1972 – vemos quão necessário se faz rever a metodologia nos dias atuais, onde os desafios são constantes diante dessa cultura líquida onde impera a Pós-verdade. Faz-se necessário ‘‘aguçar a percepção da realidade’’. 34


No capítulo 2, o livro fala sobre “Vertebrar a Cristandade” e enfatiza o papel do MCC - “ser um método para dar, àqueles que vivem, a ‘vivência do fundamental cristão’ e, assim, conseguir a ´vertebração da cristandade’”. O livro enfatiza que nós cursilhistas somos vértebras nos ambientes em que atuamos. Vértebras são ossos que compõem a nossa coluna vertebral. E Cristo é a ‘Cabeça’, a ‘Pedra Angular’ que dá sustentação ao MCC. Porém, todo osso precisa de carne - testemunho do Evangelho nosso Carisma.

No capítulo 6, apresenta o Pré-cursilho como imperativo e a necessidade de “Estudar a panorâmica do lugar” (ambiente); “Localizar os ambientes que influem na cristandade e na vida de seus membros”; “Penetrar no ambiente, fazendo amigos para fazer amigos de Cristo” e “Lançar a cristianização progressiva”, visando o bem comum, ou seja, a ‘comunidade’. Esse deveria ser o objetivo do Pré nos dias atuais. E quando se fala do primeiro tempo, o Pré não se resume a uma equipe apenas, mas à participação de todos os cursilhistas. 35

O capítulo 9, O Cursilho. Testemunho de vida cristã, dá-nos uma ideia de que os Cursilhos não desenvolvem um padrão para que o homem e a mulher se encontrem com Deus. A eficácia do cursilho está no testemunho coerente com a mensagem e usa a expressão “varrer os obstáculos”, que geralmente frustram o indivíduo – o pecado. O Ideário faz alusão ao responsável de Cursilho, que é uma testemunha e que deve viver a vida da Igreja... e complementaria hoje com sendo... uma ‘Igreja em Saída’. Nesse capítulo, alerta-nos que o testemunho pessoal é importante, mas de igual valor - o testemunho comunitário. Mais uma vez mostra-nos o valor da vivência comunitária.

O capítulo 15, O Pós-cursilho. Perenidade e comunitariedade, enaltece o Pós como perene e comunitário: “porque o homem é um ser social, porque o cristianismo é eclesial e comunitário”. Enfatiza que a vivência cristã é recíproca, uma convivência fraterna. “É impossível conviver inteiramente, se não for com uns poucos: Reunião de Grupo. Devendo conjugar ambos os termos, pela interação dos grupos. Daí a Ultreia”. ABRIL | MAIO | JUNHO DE 2020


E por fim, o capítulo 17, A Reunião de Grupo é a chave do método do Cursilho, sendo que o mais importante da reunião é o próprio grupo. Por isso, deve-se insistir mais no grupo do que na mecânica da reunião. Alerta-nos que o grupo é um círculo... uma célula, e não apenas uma equipe; o grupo é mais vital que a equipe. O grupo é a inserção do ser cristão na vida, que parte do encontro e da amizade pessoal com Deus e se realiza na comunhão com os irmãos.

Trazendo para a nossa realidade, veremos que a Igreja faz menção à necessidade da criação de Comunidades Eclesiais Missionárias. (Doc 109-4) O MCC desde o seu início, apresenta o mesmo desafio, sob o título de Pequenas Comunidades de Fé - PCF’s ou Núcleo de Comunidades Ambientais - NCA’s... porque “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali eu estarei, no meio deles” (Mt 18,20).

Ser missão é outro ponto que deixa claro no Ideário – porque faz parte do Carisma do MCC, desde o seu início. Transformar a comunidade em Casa-Lar, tem um significado: ‘não podemos nos fechar em nós mesmos, e sim, gerar comunidades’, uma experiência divina... uma Construção de Deus (conf. Doc 109-4). “Um projeto do Pai que visa refletir e encarnar, num momento determinado da história, um aspecto do Evangelho” (GE-19), nos faz repensar a caminhada diante do cenário atual – a Cultura Líquida. Portanto, a criação de comunidades que atuem na sociedade como instrumento transformador é o principal objetivo no Pós-cursilho. Se a Igreja nos chama a sermos Santos, tem um motivo: “os Santos surpreendem, desinstalam, porque a sua vida os chama a sair da mediocridade tranquila e anestesiadora” (GE-138). Uma convocação nos é feita: Ser missão – jamais fazer missão. O entendimento de ser missionário somente ocorrerá “Quando o amor guiar o nosso pensar, guiará também o nosso agir”.

Corinto Luiz do Nascimento Arruda Vice-Coordenador do Grupo Executivo Nacional

Rafael Antunes Willemann Advogado - OAB-SC 40554 Especialista em Direito do Trabalho Causas: Trabalhistas, Previdenciarias, Medicamentos e Cíveis Fone: (48) 9667-5193 / 3622-3753 rafaelantuneswillemann@gmail.com

ABRIL | MAIO | JUNHO DE 2020

36


HORA DA REFLEXÃO

Maria nos ensina a sermos profetas da esperança e da confiança para mostrar ao mundo que a vontade de Deus para todos é que sejamos santos como Ele nosso Pai é Santo. E que todos podem chegar à Santidade, basta fazer a vontade de Deus!

C

aríssima família MCC, estamos vivendo nossa caminhada como Movimento Eclesial iluminados pelo tema do Profetismo como caminho à santificação. Sabemos que ao dar nosso SIM ao Senhor, que quis contar conosco, sua graça santificante nos fortalece em nossa missão, seja nos momentos de conquistas, seja também nos momentos exigentes e difíceis. E, acreditando nessa força que vem do alto, a qual somos chamados a anunciar ao mundo, não só com palavras, mas com o testemunho de vida, o que o Senhor nos pede: o Reino, a Salvação, o Amor, como sentido da vida, e a Fé, que nos motiva a chegar à realização plena. Maria, mãe de Deus e nossa mãe, nos ensina, com sua vida e atitudes, a sermos verdadeiros profetas da esperança e da vida em nossos ambientes e no mundo atual, tomado pela sombra da descrença e da desesperança, isto é, um mundo que, a cada dia, se distancia mais e mais da fé. Na atitude de fé de Maria, concentrou-se toda a esperança do Antigo Testamento na chegada de Jesus. Em Maria, se cumpre a longa história de fé do Antigo Testamento, com a narração de tantas mulheres fiéis a começar por Sara; mulheres que eram, juntamente com os patriarcas, o lugar onde a promessa de Deus se cumpria e a vida nova desabrochava. Como Abraão (nosso pai na fé), que deixou a sua terra, sua vida, seus sonhos pessoais, confiando na promessa de Deus, Maria abandonou-se com total confiança na palavra que o Anjo lhe anunciou, convertendo-se assim 37

em modelo e mãe dos crentes, ao profetizar uma nova vida para todos os homens e mulheres de boa vontade. Maria, exemplo incontestável de fé, acreditou que nada é impossível para Deus e tornou possível que o Verbo habitasse entre os homens e revelasse o rosto amoroso de Deus! Pela fé, Maria acolheu a vontade de Deus e acreditou que seria Mãe de Deus, na obediência da sua dedicação (Lc 1,38). Ao visitar Isabel, elevou o seu cântico de louvor ao Pai, pelas maravilhas que realizava, a quantos a Ele se confiavam e se mostrava profetiza da salvação para todos ( Lc 1,46-55). Com alegria e amor, deu à luz ao Filho de Deus, mantendo intacta a sua virgindade (cf. Lc 2,6-7). Confiando em José, seu Esposo, levou Jesus para o Egito, a fim de O salvar da perseguição de Herodes ( Mt 2,13-15). Com a mesma fé, seguiu o Senhor na sua pregação e permaneceu a seu lado mesmo no Gólgota, sendo a fiel profetiza, repito, não com palavras e gritos, mas com gestos inabaláveis de fé e de confiança (cf. Jo 19,25-27). Com essa mesma fé, Maria saboreou os frutos da ressurreição de Jesus e, conservando no coração a memória de tudo ABRIL | MAIO | JUNHO DE 2020


(Lc 2,19.51), transmitiu-a aos doze reunidos com Ela no Cenáculo, para receberem o Espírito Santo (At 1, 14; 2,1-4). A profetiza da vontade de Deus, Maria, viveu a fé numa existência plenamente humana, de uma mulher comum. Durante a sua vida terrena, Maria não foi poupada nem da experiência da dor, nem do cansaço do trabalho. Essa grande mulher do povo, que um dia prorrompeu em louvores a Jesus, exclamando: Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos que te amamentaram. Ao que o Senhor respondeu: Antes bem-aventurados os que escutam a palavra de Deus e a põem em prática. Era o elogio de sua Mãe, do seu fiat, do faça-se sincero, rendido, posto em prática até às últimas consequências, e que não se manifestou em ações aparentes e suntuosas, mas no sacrifício escondido e silencioso de cada dia, e com tudo que guardava pela fé no coração. Maria vive totalmente da e na relação com o Senhor; coloca-se em atitude de escuta e obediência, atenta e disposta a captar os sinais de Deus no caminho do seu povo; está inserida numa história de fé e de esperança nas promessas de Deus, que constitui o alicerce da sua existência como profetiza da esperança para todos. Pela fé, Maria adentrou no Mistério de Deus Uno e Trino, como não o foi dado a nenhuma criatura e, como mãe da nossa fé, nos fez participantes da sublime revelação do Pai. Maria profetiza do amor, nos ensina a estar totalmente abertos à vontade do Pai, ainda que seja no primeiro momento incompreensível. Na dor da Cruz, a fé e a confiança de Maria dão um fruto inesperado: um Deus que se revela no amor a todos. A nossa fragilidade não é e não pode ser obstáculo para a graça. Deus conta com ela, e por isso nos deu uma mãe, uma profetiza que nos chama a ser também profetas em nossos dias, com nossa fé e vivência da vontade do Senhor. Esta luta constante que os discípulos e profetas enfrentaram, todos nós, discípulos de Jesus e profetas do amor, devemos enfrentar com o exemplo, a força e o testemunho de Maria.

Na Anunciação, a resposta da Virgem resume sua fé como compromisso, como entrega, como vocação: Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra. Do mesmo modo, nós, os cristãos e cursilhistas, devemos viver voltados para Deus, pronunciando esse faça-se em mim segundo a tua palavra, do qual depende a fidelidade à vocação pessoal, única e intransferível em cada caso, e que nos fará cooperadores da obra de salvação, realizada por Deus em nós e no mundo inteiro, nos tornando também verdadeiros profetas em busca da santidade pessoal e, acima de tudo, mostrando com o testemunho de nossa vida em todos os ambientes, que a Santidade é um dom de Deus para todos aqueles e aquelas que, como Maria, renunciam às propostas do mundo para viver a vontade de Deus. Diante desse grande exemplo de fé, obediência, amor, humildade e abertura à vontade de Deus, devemos refletir nossa caminhada rumo à santidade e à salvação. Refletir, acima de tudo, sobre nosso SIM dado a Deus como Igreja, como cursilhistas, como discípulos – missionários – e como profetas do amor, da esperança, da alegria que realmente transforma os ambientes e o mundo em que vivemos. Maria nos ensina e nos mostra com sua vida que é possível, e ainda nos ensina o caminho, dizendo-nos: “façam tudo o que Ele vos disser”. O que acontece, muitas vezes, é que admiramos Maria, mas não aprendemos como ela a fazer a vontade do Pai; fazemos ao nosso modo e sempre damos um jeito de imperar nossa vontade, nossa opinião, nossa verdade. Para viver como verdadeiros filhos e filhas de Deus, propagadores do Evangelho, temos que seguir o exemplo de Maria, fazer com alegria e amor a vontade do Pai, que conta conosco todos os dias e em todos os lugares. Meu abraço amigo e minha benção a todos e até de repente. Hb 1,1-2; Gal 4, 4; Francisco, Carta enc. Lumen fidei, 29-VI2013, n. 58; Francisco, Carta enc. Lumen fidei, 29-VI-2013, n. 60.

Assim, em Maria, o caminho de fé do Antigo Testamento foi assumido no seguimento de Jesus e deixa-se transformar por Ele, entrando no olhar. ABRIL | MAIO | JUNHO DE 2020

Pe. Wagner Luis Gomes Vice-Assessor Eclesiástico Nacional

38



VERÃO 2020 BOMBINHAS/SC VOCÊ DE BEM COM A VIDA, À BEIRA-MAR EM BOMBINHAS Saiba mais em nosso site

www.viladocoral.com.br 47 3393 9000


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.