Voz de fala: a luta por igualdade das mulheres nas cozinhas
Speaking voice: the fight for women’s equality in the kitchen
RESUMO
Este estudo buscou apresentar a luta cotidiana feminina por igualdade nas cozinhas, fazendo um panorama geral dos papéis ocupados pelas mulheres dentro da família e da sociedade ao longo das últimas décadas, a definição da divisão sexual do trabalho no contexto geral e na gastronomia, além das expressões sexo frágil, machismo e teto de vidro, entre outros. A metodologia utilizada foi baseada em uma revisão bibliográfica sobre os conceitos abordados, e o estudo apoiado em dois livros: “Fominismo” e “Mulheres Incríveis”. É evidenciada a discriminação e limitação que a maioria das mulheres ainda sofre ao longo de sua carreira profissional. Assim, discutir os tabus que se formaram ao longo dos anos sobre esse tema, possibilita análises mais profundas não sendo ignorado o direito a voz de fala feminino.
RESUMO GRÁFICO
Palavras-chave: Gastronomia, mulher, luta e direitos iguais.
APLICABILIDADE
Ampliar o olhar para uma causa delicada e urgente e incentivar a luta por igualdade de gênero, não sendo ignorado o direito a voz de fala das mulheres.
[1] Introdução
Voz de fala é o termo utilizado no presente trabalho para explicar como muitas vezes as mulheres são ignoradas e não são ouvidas dentro das cozinhas. Para as autoras, significa que as mulheres falam, mas a sua voz não é ouvida, é como se elas nem estivessem no mesmo ambiente, já que suas ideias e posicionamentos são totalmente desprezados em muitas situações. Ela pode estar gritando, mas a sua voz nunca esteve ali.
A luta por igualdade das mulheres é antiga, os primeiros eventos surgiram na Inglaterra e na França durante a Revolução francesa. Nos dias de hoje essa luta ganhou cada vez mais força, sendo uma luta de todas (SIQUEIRA & SAMPARO, 2017).
Com a chegada das mulheres ao mercado de trabalho, a desigualdade que existia veio à tona com mais força, e a inferiorização da mulher acabou ficando mais evidente. Diferença salarial e teto de vidro fazem parte da realidade de muitas. Nas cozinhas, mulheres também sofrem muito preconceito e a divisão sexual do trabalho é muito presente (DUPONT, 2017).
[2] Metodologia
O referente trabalho apresenta uma revisão bibliográfica sobre a luta por igualdade das mulheres nas cozinhas, traçando uma linha cronológica com pontos cruciais para o entendimento desde tema. Para o desenvolvimento da pesquisa foram utilizadas as bases de dados eletrônicas SciELO e Medline/PubMed, no site de busca Google Acadêmico, busca manual em periódicos brasileiros não indexados, busca específica por autores e em livros clássicos da área. As palavras-chaves utilizadas, de forma combinada ou isolada, foram: Gastronomia, mulher, luta e direitos iguais. Não foi determinado um período de tempo específico de publicação para a busca e utilização de trabalhos na revisão. Foram utilizados no presente estudo tanto artigos originais quanto de revisão.
[3] Resultados e interpretações
[3.1] Por que a mulher é considerada sexo frágil?
Para entender de onde surgiu essa inferiorização feminina é importante compreender a diferença entre sexo e gênero. Em 1972, os sexólogos Anke Ehrhardt e John Money determinaram que sexo estaria ligado a fins biológicos e gênero a identidade de cada pessoa (GUARDIERO, 2022). A percepção de gênero foi muito influenciada pelo patriarcalismo e segundo a teoria aristotélica a mulher era apenas uma matéria passiva. Para Hipócrates a espécie humana era dividida em duas classes: uma forte: o masculino; e, uma fraca: o feminino (COSTA, 2020). Ainda atualmente, se perpetua a visão que o homem é ‘provedor’ e a mulher a ‘cuidadora’. A sociedade, de maneira geral, tem a ideia de que a mulher é a força de trabalho secundário, sempre ligando elas a família e atribuindo seus sonhos a isso. Na maioria das vezes inferiorizando as mulheres, diminuindo sua força e aumentando sua fragilidade (DUPONT, 2017). Psicanalistas apontam outra teoria para sexo e gênero. Segundo Sartre e Freud, tudo é sexualidade e por meio dela se entende qual gênero e identidade se tem (SIQUEIRA & SAMPARO, 2017).
A divisão entre sexo e gênero não pode ser vista apenas de forma biológica ou pela psicanálise, é necessário lembrar fatos históricos da humanidade, “[...] a sociedade humana é uma antiphysis: ela não sofre passivamente a presença da Natureza, ela retoma em mãos”. Para Engels, o contrataste de gêneros se dá pelo histórico do trabalho, dividindo assim o masculino do feminino. O homem se tornou senhor dos escravos e das mulheres, prejudicando-as de forma brusca (FELDEN, 2018).
Estudos feitos por historiadores mostram que no início da pré-história as mulheres eram líderes importantes, pois eram responsáveis pela maternidade suprindo a necessidade de povoamento, mesmo a força sendo um divisor no histórico de trabalho as mulheres eram vistas como figuras insubstituíveis para o sistema matriarcal. O homem era responsável pela proteção e não conhecia seu papel na concepção (GUERRA, 2021).
Os homens entenderam a partir da domesticação animal e analisando os cios das fêmeas, partos e o período gestacional que eram imprescindíveis na concepção
e que sem eles as mulheres não povoariam. A partir disso o poder feminino foi diminuindo e os homens se tornando cada vez mais controladores e superiores. Isso marcou o fim do sistema matriarcal e deu início ao sistema patriarcado (RODRIGUES et al., 2022).
Patriarcado é o poder de dominação que os homens têm sobre as mulheres, é um sistema autoritário, que obriga que as mulheres sejam submissas, e que obedeçam às ordens. As mulheres por muito tempo foram vistas como propriedade dos homens sem nenhum tipo de direito assegurado por poder de escolha (HIRATA, 2018).
[3.2] Divisão sexual do trabalho
O termo ‘trabalho de cuidados” não é muito utilizado na linguagem brasileira, ele é mais conhecido na latino-americana. Este termo é utilizado para falar de forma mais abrangente o que seria o “trabalho doméstico”. O trabalho doméstico se caracteriza por cuidados com a casa, organizar, cozinhar, lavar, passar, cuidar dos filhos, idosos. O trabalho de cuidados engloba tudo isso e mais a criação dos membros família, educação, cuidados externos como levar ao médico, buscar na escola (FEDERAL; SILVEIRA; TITO, 2008).
O trabalho de cuidados na maioria das vezes é realizado por uma mulher e isso caracteriza a divisão sexual do trabalho. Mesmo com muita luta ao longo dos anos para ingressarem no mercado de trabalho as mulheres ainda não conseguiram se libertar das obrigações domésticas. Muitas mulheres exercem diariamente jornadas de trabalho tripla; trabalho profissional, o trabalho de cuidados e a busca por capacitação profissional (ROSA, 2020). Lamute-Brisson (2013) afirma que o cuidado é, portanto, o conjunto de atividades, processos e relacionamentos de pessoa para pessoa através dos quais (todos) os seres humanos são direta ou indiretamente produzidos e mantidos, na vida cotidiana ou em uma base ad hoc, material e psicologicamente, bem como cognitivamente, intergeracionalmente e escala intrageracional. Ela é composta por estruturas sociais, normas e representações atuais e contribui, de uma forma ou de outra, para reproduzi-las e, eventualmente, modificá-las. Ainda atualmente, se perpetua a visão que o homem é o ‘provedor’ e a mulher a ‘cuidadora’. A sociedade tem a ideia de que a mulher é a força de trabalho secundário, sempre ligando elas a família e atribuindo seus sonhos a isso. Na maioria das vezes inferiorizando as mulheres, diminuindo sua força e aumentando sua fragilidade (CUNHA, 2018). Sobretudo pelas históricas dificuldades que tendem a lhes remeter para uma situação de subalternidade ímpar na esfera laborativa e, que concorrem para que suas ocupações sejam vistas como sendo como complementares, portanto, de menor prestígio social, salários inferiores aos homens no exercício da mesma
função, etc (DIAS, 2007).
A maternidade parece colaborar para a desigualdade, pois muitas empresas preferem contratar homens e pagam salários menores para mulheres porque entendem que elas atrapalham e sobrecarregam o mercado de trabalho, não podendo viajar caso necessite, a própria licença maternidade, faltar trabalho para cuidar dos filhos ou familiares (MUNIZ E VENEROSO, 2019).
Muitas vezes as mulheres acabam aceitando trabalhos mais simples para conseguirem dar conta de tudo que precisam fazer, empresas se aproveitam desta vulnerabilidade para aumentar a exploração e mão de obra barata (SILVA, 2019). Os menores salários pagos à mulher constituíam a causa maior que determinava essa preferência pelo elemento feminino. O Estado, não intervindo nas relações jurídicas de trabalho, permitia, com a sua omissão, toda sorte de explorações. Nenhuma limitação da jornada de trabalho, idênticas exigências dos empregadores quanto às mulheres e homens, indistintamente, insensibilidade diante da maternidade e dos problemas que pode acarretar à mulher, quer quanto às condições pessoais, quer quanto às responsabilidades de amamentação e cuidados dos filhos em idade de amamentação (NASCIMENTO, 2011).
Em uma análise geral na área da gastronomia, é bastante evidente a divisão sexual do trabalho: mulheres geralmente ficam responsáveis pelas saladas e confeitaria, enquanto os homens assumem o preparo das carnes, lidam nas grelhas ou churrasqueiras. Mulheres são associadas a confeitaria por se tratar de um trabalho mais ‘leve’, delicado e detalhista. Outro ponto importante, é o poder de superioridade e força que os homens têm, que remete à segurança de que, em muitas situações, só eles conseguem fazer determinadas atividades justamente por serem homens, impedindo as mulheres de ao menos tentar realizar tal tarefa (SANTOS, 2019).
[3.3] Lugar de mulher é na cozinha, mas por que não em restaurantes?
Sempre se ouviu falar que cozinha é lugar de mulher, que elas dominam a casa, cozinham para a família e transmitem amor no alimento (GICOVATE, 2020; FERREIRA E WAYNE, 2018). Mas, quando se fala em gastronomia, técnicas mais elaboradas e cargos de poder ocupados em grandes restaurantes a predominância masculina é nítida. Historicamente a culinária doméstica é considerada feminina, as mulheres ficavam em casa cuidando dos afazeres domésticos, dos filhos, enquanto os homens trabalhavam fora e traziam o sustento da família, criando o título que lugar de mulher é na cozinha (CARVALHO E SORLINO, 2017). Assim, as mulheres que antes eram vistas como essenciais nas cozinhas, perdem comple-
tamente seu valor e seu conhecimento adquirido de experiências diárias. Pois, o sexo masculino que antes não tinha contato nenhum com a cozinha, dominando-a hoje, é valorizado ao extremo pois está assumindo algo totalmente novo (RESENDE & MELO, 2016).
Com o passar do tempo e o ingresso das mulheres no mercado de trabalho, a desigualdade de gênero foi ficando mais evidente (FERRAZZA, 2019). Um ponto importante a ressaltar é que muitas vezes as mulheres são a maioria nos restaurantes como cozinheiras, mas quem domina a função de chef é o homem. Muitos nem conseguem imaginar, mas por traz de um chef masculino está uma legião de mulheres cozinhando. Outro ponto curioso é que a palavra “CHEF” só existe no gênero masculino. Historicamente, as mulheres não são valorizadas nas cozinhas porque perante a sociedade patriarcal, cozinhar é uma obrigação designadas a elas. O brilho do profissionalismo, fica direcionado ao homem, porque o sexo masculino é relacionado à força, superioridade e inteligência. O ato de cozinhar não se define por gênero, sexo ou classe. Todos têm total direito de tornarem-se cozinheiros e por mérito assumirem cargos importantes (FERREIRA & WAYNE, 2018).
Uma pesquisa realizada pela PNDA (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) no ano de 2019, concluiu que 96% mulheres lideram as cozinhas domésticas (PNDA, 2019). Em 2023 um estudo do Chef Pencil identificou que apenas 7% das cozinhas profissionais renomadas são comandadas por mulheres. Para se ter um melhor panorama sobre a presença das mulheres em cozinhas profissionais, essa pesquisa analisou dados de 2.286 restaurantes com estrelas Michelin de 16 países, e a da lista dos melhores restaurantes do mundo que é divulgada anualmente no “The World’s 50 Best” (CHEF PENCIL, 2023).
[3.4] Machismo
Observa-se, também, que o machismo está presente nas cozinhas, e de uma forma tão natural, que acaba não recebendo a devida atenção. Há relatos de que, em alguns locais, as mulheres diariamente convivem com esse mal, sendo atacadas, criticadas, diminuídas por seus colegas. Entretanto, muitos ainda, dizem que o machismo não existe e que as mulheres são muito sensíveis (BOUAZZOUANI, 2019). Segundo Viana (2021), nas cozinhas existe mais machismo que comida, triste realidade. A proporção que ele vem tomando é alta e cada vez mais mulheres sofrem e precisam lutar para provarem que são boas e que sabem muito bem trabalhar em uma cozinha. A causa principal do machismo nas cozinhas é a ideia de superioridade masculina criando um mundo só deles dentro da cozinha e dificultando que as mulheres trabalhem normalmente (OLIVEIRA & SANTOS, 2021). “É preciso se fundir ao cenário, e, quando o cenário é
machista, isso significa “adotar um comportamento masculino”. O simples fato de não ser homem expõe a represálias.” (BOUAZZOUANI, 2019).
Em 2022 uma pesquisa foi realizada no Brasil, sendo o primeiro estudo nacional sobre Representação de mulheres na cozinha, realizado pelo Ipsos, centro de pesquisa e de inteligência de mercado, a pedido da marca de cerveja Stella Artois. Nele apareceram dados que lamentavelmente não surpreendem, pois, já se era o esperado, mas que com certeza são muito chocantes. 46% das profissionais concordam que a maior parte de chefs renomados são do sexo masculino, pois eles possuem mais oportunidades de trabalho, e 33% entendem que não conseguem crescer na gastronomia, por não serem ouvidas pelos chefs homens. Justamente por isso que um terço das profissionais já consideraram a troca de profissão por falta de oportunidade (IPSOS, 2022).
Como desfazer a cultura machista e misógina que reina na cozinha”? Na verdade, esta responsabilidade cabe logicamente a sua geração, a dos chefs de trinta a quarenta anos, a geração que forma os próximos cozinheiros. Evitar a todo custo legitimar ou perpetuar as violências machistas de suas primeiras experiências é garantir a extinção dessa cultura virilista (BOUAZZOUANI, 2019, p 29).
Os concursos e prêmios relacionados a gastronomia o número de homens sempre é esmagador comparado as mulheres. O guia Michelin é criticado em cada edição pelo número de mulheres que recebem a tão cobiçada estrela, o programa Chef´s Table também já recebeu críticas por dedicar apenas cinco episódios para chefs mulheres no total de vinte três, em 2013 a revista Times dedicou o mês de novembro aos “deuses da cozinha”, três homens estamparam a capa. Em todas as áreas esse tipo de preconceito acontece, é uma luta diária e por mais críticas que sejam realizadas não se nota uma melhora nas edições seguintes ou uma valorização feminina (VENTURINI & GODOY, 2017).
A participante do reality MasterChef Profissionais, Dayse Paparoto, foi vítima ao longo do programa de menosprezo, piadas e boicote por seus colegas homens; “pega a vassoura e varre o chão” “trabalhar com uma mulher na cozinha é um pouco mais delicado, vamos ser realistas, elas são mais frágeis” foram algumas das críticas que a participante ouviu durante os episódios. Ao final do programa, Paparoto foi escolhida pelo júri especializado e levou para casa o troféu de campeã (ABRAS, 2019).
[3.5] Assédio moral e sexual nas cozinhas
O assédio dentro das cozinhas é muito comum, ainda mais com o aumento dessa profissão nos últimos anos. Posturas rígidas, gritos, pressão, cobrança excessiva são
consideradas por muitos como normalidade (MARIM & MACHADO, 2021). Uma atenção maior precisa ser dada para as mulheres, que acabam sendo mais atingidas por esse tipo de situação, mas sempre sendo disfarçado de brincadeira. Essas ‘brincadeiras’ só comprovam como a cozinha, na maioria das vezes, se torna um espaço hostil para as mulheres, tratando com naturalidade e tons sarcásticos, comentários maldosos e violências verbais (BRIGUGLIO, 2019).
Muitas mulheres evitam trabalhar em cozinhas ou não gostam justamente pelo medo de sofrer preconceito, discriminação. A cozinha a exige muita vontade, força e concentração e muitas vezes se ouve que é necessário trabalhar como um homem para conseguir aguentar a pressão. As mulheres que não se “masculinizam” parece estarem mais suscetíveis. O assédio sexual acompanha o trabalho de muitas mulheres diariamente, que é caracterizado como uma mão boba, um puxão de cabelo, tentativas de agarrar à força, cantadas, chantagens (ALVES, 2020).
Houve relatos de situações que mulheres são chantageadas a saírem com os seus chefs para conseguir subir de cargo ou para ganharem benefícios, ou assediadas com o intuito de desistirem de seus trabalhos e assim não conseguirem subir de cargo ou permanecerem trabalhando. Mais uma prova de inferiorização, mulheres acabam inúmeras vezes sendo tratadas como objetos sexuais nas cozinhas, sendo discriminadas com relação ao seu trabalho e principalmente “não servirem para chefiar” (SILVA et al, 2022).
Na mesma pesquisa conduzida pela Ipsos, 36% das mulheres que participaram afirmam que inúmeras chefs já foram vítimas de assédio sexual, moral e/ou já sofreram algum tipo de exposição a situações constrangedoras na cozinha. Quando se refere a mulheres na cozinha, os números vão além do preconceito. Cerca de 500 mulheres da área de gastronomia participaram do estudo, desde chefs, proprietárias a garçonetes (IPSOS, 2022).
[3.6] Teto de vidro
O panorama exposto acima evidencia um fenômeno social que afeta mulheres no mundo todo, o teto de vidro. O termo teto de vidro (glass ceiling) foi criado por Marilyn Loden, em 1978, durante um discurso nos Estados Unidos, para indicar simbolicamente uma barreira sutil e transparente, mas forte o suficiente para evitar a passagem das mulheres aos níveis hierárquicos mais elevados nas organizações onde trabalham ( CARVALHO NETO et al, 2010). São barreiras culturais, individuais e familiares que dificultam que mulheres alcancem posições de liderança ou consigam atingir altos cargos, isso ocorre por conta da hierarquia criada pela divisão sexual do trabalho ( CARVALHO NETO et
al, 2010; FERNADEZ, 2019).
Não são circunstâncias típicas dos países desenvolvidos, nem dos países em desenvolvimento, e nem mesmo dos países subdesenvolvidos, mas antes uma característica que, ao que tudo indica, é universal. E é a categoria do gênero, o referencial analítico que consegue explicar de modo convincente essas iniquidades, unindo mulheres provenientes de contextos tão diferentes enquanto sujeitos que sofrem o mesmo tipo de discriminação, em que pesem todas as diferenças e idiossincrasias em termos de raça/cor ou classe social dos diversos grupos a que pertencem (FERNADEZ, 2019). Isso é comum de acontecer na gastronomia, muitas mulheres são menosprezadas diariamente e não conseguem evoluir em seus cargos pelo simples fato de serem mulheres, e não por falta de competência (KATZ, 2021).
[4] Conclusão
A escolha dessa pesquisa surgiu da necessidade de falar sobre um tema que é tão atual e precisa de muita atenção. Foram abordados nesse artigo, divisão sexual do trabalho, machismo, assédio moral e sexual nas cozinhas, teto de vidro. A abordagem desse assunto possibilita análises mais profundas sobre a trajetória percorrida por mulheres ao longo da história que lutaram e continuam lutando pela causa e que descrevem em sua trajetória a dificuldade de valorização feminina. No Brasil, as chefs Manu Buffara, Helena Rizzo, Paola Carosella, Renata Vanzetto, Roberta Sudbrack, Renata Carvalho, Janaína Rueda e Bel Coelho são protagonistas de suas cozinhas e inspiram jovens mulheres que querem igualdade e respeito na cozinha profissional, se apropriando de seu direito a voz de fala. Infelizmente, representam uma pequena fração do mercado.
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