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Cascudinho em poedeiras comerciais

Osetor avícola enfrenta desafios em termos de garantia da saúde das aves e por consequência, da saúde dos consumidores. A in festação de aves por insetos, como o cascudinho (Alphitobius diaperi nus) é um fator preocupante, pois este pode transmitir uma série de doenças às aves. Algumas dessas condições incluem enterite necró tica, causada por Clostridium perfringens, que afeta principalmente aves jovens e as bactérias Escheri chia coli e Salmonella typhimurium. Os insetos liberam esses microrganismos por meio das fezes, o que pode causar contaminação du rante o período de criação.

Além da transmissão de doenças, os cascudinhos podem reduzir a produtividade das aves, pois estas demostraram sinais de estresse, co mo a alta vocalização. As aves, ao ingerirem os adultos, podem sofrer danos causados pelos élitros, lesio nando o trato gastrointestinal e deixando-o vulnerável à entrada de patógenos comprometendo, assim, a digestão e absorção dos nutrientes.

Levando-se em consideração a composição do exoesqueleto do cascudinho, que contém quitina, um polímero linear de unidades b- (1-4) N-acetil-d-glucosamina, po lissacarídeo do exoesqueleto do artrópode indigesto por animais monogástricos, que pode reduzir a digestibilidade da proteína em po edeiras, podendo portanto, comprometer a conversão alimentar das aves.

As condições ambientais em que as aves são criadas são favorá veis ao desenvolvimento de artrópodes como o cascudinho. Esses insetos são considerados altamente dependentes das condições am bientais para sua proliferação. A cama e os excrementos das aves fornecem condições com alta umi dade e temperatura, o que favorece a adaptação do cascudinho, permi tindo que sobreviva por um longo período se a umidade e a tempera tura do ar forem baixas. Portanto, controlar esses insetos é essencial.

Além do impacto na saúde ani mal, a infestação por cascudinhos gera perdas econômicas devido aos danos causados às instalações, pois durante a fase larval, esses insetos formam túneis no material de iso lamento e na proteção térmica que podem comprometer as condições ambientais das aves.

Ciclo de vida do cascudinho

É de fundamental importância o conhecimento das variações po pulacionais e distribuição espacial desses insetos para o controle ade quado por parte do estabelecimento, variando de forma heterogênea com maior percentual de larvas, pupas e adultos sob os comedou ros, o que também depende de condições relacionadas à tempera tura, disponibilidade de substrato e umidade.

O Alphitobius diaperinus (Pan zer, 1797) (Coleoptera: Tenebrionidae) ou cascudinho apresenta um ciclo de vida bastante rápido. Tem origem africana e foi introduzido aos aviários, provavelmente, por meio de rações contaminadas. O ciclo biológico do cascudinho se completa em aproximadamente 55 dias, em temperatura de 27°C e 80% de umidade relativa. Após cinco dias da postura, eclode de cada ovo uma larva esbranquiçada, com 1,5mm de comprimento. A fa se larval estende-se por 38 dias, onde as larvas passam por até 11 estágios de desenvolvimento. Após a fase larval, sofrem ecdise e em pupam por cinco dias, emergindo adultos de coloração branca, que, após quatro dias, adquirem colora ção característica (marrom). Os adultos começam a se reproduzir 20 dias após a emergência.

O ciclo biológico desse inseto está diretamente relacionado à temperatura, sendo constatado que em temperaturas próximas a 31ºC há maior desenvolvimento das fases imaturas e grande sobre vivência. Em temperaturas próximas a 22ºC foi observado que o tempo de desenvolvimento das fa

Além da transmissão de doenças, os cascudinhos podem reduzir a produtividade das aves, pois estas demostraram sinais de estresse, como a alta vocalização

As aves, ao ingerirem os adultos, podem sofrer danos causados pelos élitros, lesionando o trato gastrointestinal e deixando-o vulnerável à entrada de patógenos comprometendo, assim, a digestão e absorção dos nutrientes

ses do inseto é alto, com baixa sobrevivência. Já em temperaturas mais baixas, inferiores a 16,5ºC, não se observa crescimento das fa ses imaturas, o que é importante para a redução da população geral.

O hábito de vida dos insetos adultos é noturno, onde buscam fazer galerias subterrâneas, em ma deira ou postes dos aviários para completar o seu ciclo de vida, cau sando danos e perdas estruturais aos galpões.

Cascudinhos em poedeiras comerciais

A avicultura nacional enfrenta uma série de desafios, sendo um dos mais relevantes, e com forte repercussão na saúde pública, ga rantir a saúde das aves e consequentemente dos consumidores. No caso do controle dos cascudi nhos em poedeiras comerciais, normalmente, os inseticidas são empregados, entretanto, há muita dificuldade na aplicação, pois po de haver intoxicação das aves e contaminação dos ovos, necessi tando, portanto, de vazio sanitário para seu emprego.

O cascudinho em sua fase adul ta, é uma das principais pragas que acometem o setor de produção de frangos de corte, podendo ocorrer excepcionalmente em grandes po pulações de poedeiras criadas em sistema de gaiolas. O controle de larvas de cascudinhos neste tipo de sistema é difícil, devido em par te, ao tempo em que as excretas acumulam embaixo das gaiolas, quando não há um sistema auto mático para a retirada. Em algumas criações as excretas são acumuladas por tempo superior a um ano, sendo um ambiente propício para o desenvolvimento dos cascu dinhos.

O monitoramento das popula ções de artrópodes em aviários é um procedimento que deve ser adotado dentro do programa de manejo, independente da estraté gia utilizada para o controle. Em pesquisa desenvolvida por Pinto et al. (2007) em Pelotas, RS, os auto res observaram que o cascudinho foi a espécie mais capturada entre os coleópteros (89,65%), resultado este semelhante ao encontrado por Aagesen (1988) que observou uma presença bastante acentuada, prin cipalmente de larvas desse coleóptero, em excremento de aves, em aviários de Bastos, SP.

Sugere-se que as excretas sejam removidas de forma constante com o intuito de controlar o cascudi nho, principalmente nos meses mais quentes do ano. Embora o ha bitat principal do besouro sejam as excretas com ou sem cama incor porada, os cascudinhos escalam paredes e pilares e além de com prometerem o bem-estar e a sanidade das aves, causam danos nos materiais de isolamento térmico das instalações.

Em poedeiras comercias a apli cação de pesticidas nas instalações é dificultada, pois as aves são cria das por um longo período, podendo chegar a dois anos, em uma mesma instalação. Além disso, existe o fato de possível contami nação dos ovos de consumo, o que inviabiliza a aplicação de alguns produtos. Somado a isso tem-se o acúmulo de excretas, citado ante riormente, o que favorece o desenvolvimento do cascudinho.

Em estudo conduzido com poe deiras comerciais, os autores utilizaram barreiras, feitas com tiras de polietileno tereflalato (PET) e ocorreu uma redução de 90% de cascudinhos devido a instalação destas barreiras. Portanto, a barrei ra pode ser uma ferramenta útil para impedir que um grande nú mero de besouros atinja, tanto a instalação, quanto as aves, no en tanto, a limpeza regular deve ser feita.

Não foram encontrados estudos para o controle de cascudinhos em criações do tipo cage-free ou free - -range, o que indica um gargalo para o desenvolvimento de pesqui sas relacionadas a este tema.

As referências podem ser soli citadas ao autor correspondente

Biosseguridade, uma ferramenta de prevenção e saúde

10 passos importantes para obter qualidade na produção de ovos em pequena escala de produção

Autores

Sabrina Castilho Duarte

Pesquisadora da Embrapa Suínos e Aves Sanidade Avícola

Teresa Herr Viola

Pesquisadora da Embrapa Meio-Norte Avicultura

Diego Menezes de Brito

Auditor Fiscal Federal Agropecuário Departamento de Saúde Animal - DSA/SDA/MAPA

Biosseguridade é uma combinação de procedimentos visando prevenir, controlar e/ ou gerenciar riscos de exposi ção de doenças aos animais. Sua utilização independe do tamanho do sistema produtivo, sendo assim, pe quenos produtores também podem e devem fazer uso dessas informações técnicas para agregar saúde ao plan tel e melhorar sua produtividade, pois esses procedimentos indepen dem do tamanho da produção.

Em regiões como o semiárido bra sileiro, a produção animal é predominantemente de base familiar, dessas, mais de 85% das propriedades pos suem criação de aves, na modalidade de pequena produção (Sá et al., 2005).

O Ministério da Agricultura, Pe cuária e Abastecimento (MAPA) possui normativas e orientações para procedimentos de biosseguridade, contempladas na Instrução Normati va MAPA nº 56, de 4 de dezembro de 2007 que estabelece os procedimen tos para registro, fiscalização e controle de estabelecimentos avícolas de reprodução, comerciais e de ensino ou pesquisa. Entretanto, excluem-se da obrigatoriedade do registro os es tabelecimentos avícolas que possuam até 1.000 (mil) aves, desde que as aves, seus produtos e subprodutos se jam destinados a comércios locais intramunicipais e municípios adjacentes.

Visando subsidiar critérios para a pequena escala de produção, o Minis tério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Embrapa produziram uma cartilha com orientações básicas para pequenos criadores de aves (até mil animais). As medidas foram propostas e discutidas por um grupo de colaboradores em reunião técnica realizada em setembro e ou tubro de 2019, na Embrapa Agroindústria de Alimentos, no Rio de Janeiro, com Auditores Fiscais Federais Agropecuários da Divisão de Sanida de das Aves do Departamento de Saúde do Animal (DSAv/CAT/Cgsa/DSA/ SDA/Mapa), Embrapa, Órgãos Execu tores de Sanidade Agropecuária, instituições de Ensino, setor privado e outros. A publicação, denominada “Recomendações básicas de biossegu ridade para pequena escala de produção avícola” pode ser acessada no link: http://ainfo.cnptia.embrapa.br/ digital/bitstream/item/211892/1/Fo lheto-Biosseguridade.pdf, que também pode ser acessado pela página do Programa Nacional de Sanidade Avícola (PNSA) no portal do MAPA https://www.gov.br/agricultura/pt - -br/assuntos/sanidade-animal-e-ve

Figura 1. Itens básicos de biosseguridade para prevenção de doenças nas aves e promoção de saúde

getal/saude-animal/programas-de- -saude-animal/pnsa. Outros materiais recomendados também foram produzidos pela Embrapa Meio Norte e podem ser acessados no link: (www. embrapa.br/meio-norte/galinha-cai pira).

A adoção de práticas de biossegu ridade no manejo produtivo, algumas delas muito simples, diminuem a entrada ou proliferação de agentes contaminantes. Abaixo, apresenta mos algumas condições básicas que podem contribuir com a prevenção e sucesso da atividade de produção de ovos em pequena escala de produção (Figura 1).

1. Isolamento do sistema de produção e das aves

Em primeiro lugar, deve-se buscar o isolamento das aves. É muito importante que o galinheiro seja instalado separado e afastado da re sidência e de outros sistemas de produção. O aviário também precisa estar o mais distante possível de sí tios de aves migratórias, zoológicos, abatedouros, fábricas de ração, esta belecimentos de comercialização de aves vivas, locais com aglomerações de aves, aterros sanitários, estabele cimentos de compostagem de dejetos e de resíduos de origem aviária. O produtor deve cercar o sistema de produção com cercas de altura mí nima de um metro, essa medida visa evitar a entrada de animais no am biente dedicado às galinhas. É importante que o produtor coloque avisos de “entrada proibida”, que podem ser elaborados manualmen te.. Todas essas medidas ajudam a evitar a entrada de pessoas, de aves silvestres ou de outros animais no

Em primeiro lugar, deve-se buscar o isolamento das aves. É muito importante que o galinheiro seja instalado separadoe afastado da residência e de outros sistemas de produção

Visando subsidiar critérios para a pequena escala de produção, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Embrapa produziram uma cartilha com orientações básicas para pequenos criadores de aves (até mil animais)

sistema de produção, o que automaticamente reduz a possibilidade de entrada de patógenos, seja por meio de portadores ou de forma carreada, sendo assim, quanto maior o isola mento do galinheiro, seja ele geográfico ou do acesso de pessoas, mais seguro o sistema de produção estará.

2. Procedimentos relacionados a área externa do sistema de produção

O produtor deve evitar o plantio de árvores frutíferas ou de qualquer tipo de vegetação que possa atrair aves silvestres nos piquetes e nas imediações do galinheiro. Também é essencial retirar entulhos e tudo que for desnecessário em volta do galinheiro. Entulhos e coisas sem uso amontoadas servem de abrigos para roedores e outras pragas, por isso deve-se manter a vegetação ao redor da área de criação aparada e livre de acúmulo de materiais. Além disso, a remoção de atrativos para aves silvestres nas proximidades é importante para evitar fonte de con taminação das aves livres que podem transmitir doenças ao plantel.

3. Procedimentos para o acesso de pessoas ao galinheiro

Não deve ser permitido o acesso de pessoas que não fazem parte do sistema de produção. Vizinhos e co nhecidos curiosos podem, sem saber, trazer patógenos nas roupas, sapatos, mãos ou corpo. Se porven tura, for necessária a entrada de pessoas por alguma razão, a exemplo: médico veterinário, extensionista, técnicos do Serviço Veterinário Ofi cial, técnicos para atividades de manutenção do galinheiro, entrega de insumos ou outro motivo justificá vel; a pessoa preferencialmente não poderá ter visitado outra produção avícola nos últimos 3 dias, edeve-se separar uma roupa limpa de uso temporário para sua entrada. Quan do não houver troca de calçados para entrar na área de criação, deve-se dispor de estrutura para sua limpeza (exemplos pedilúvios com cal ou de sinfetante). Após a realização do trabalho, colocar a roupa usada em um recipiente de roupas sujas sen doa sua reutilização não permitida antes de sua limpeza e higieniza ção. Roupas usadas nas atividades relacionadas à criação e manejo das aves devem ser lavadas separada mente das demais roupas da casa do produtor.

O produtor deve solicitar as pes soas, antes do acesso ao galinheiro, o preenchimento do caderno de re gistro de controle de trânsito de pessoas e veículos, onde possa ser registrado de onde a pessoa vem, se teve contato com outras aves, ou se apre sentou febre ou gripe recentemente.

Atualmente, com a pandemia da COVID-19, percebemos como é fácil a transmissão de vírus por meio do trânsito de pessoas.

4. Origem das aves e cuidados com as aves jovens

As aves precisam ser saudáveis e ter origem rastreável. Tudo precisa começar bem para evoluir bem. Por tanto, para colocar as aves para produzir, deve-se buscar adquirir as aves a partir de incubatório ou granjas registradas no Serviço Vete rinário Oficial (SVO) acompanhadas de guia de transporte animal (GTA), ou de agropecuárias cadas tradas e acompanhadas de nota fiscal, ou de registros de nascimentos ocorridos no próprio estabeleci mento. É muito perigoso adquirir ave sem origem segura, pois, sem saber, o produtor pode trazer aves doentes para seu sistema de produ ção. As aves devem ser obrigatoriamente vacinadas contra doença de Marek nos incubatórios, antes da expedição das aves de um dia (soli citar comprovante de vacinação ao fornecedor das aves). Caso ocorra debicagem das aves, obedecer às bo as práticas de produção e critérios de bem-estar animal.

Ao introduzir uma ou mais aves num plantel já existente, quando necessário ao manejo adotado, é importante que essas aves permane

Figura 2.

Telamento de galinheiro com estrutura de vedação tapando frestas

çam em uma instalação separada e distante dos galpões, por no míni mo 40 dias para a verificação de ocorrência de doenças e para ade quada vacinação e medicação das aves antes de introduzi-las no plantel.

5. Estrutura do galinheiro

O galinheiro deve ser telado com malha que impeça a entrada de aves e pequenos roedores (Figura 2). To das as frestas e orifícios nas paredes e telhados devem ser vedados para impedir a entrada de aves de vida li vre. Dentro dessa estrutura devem ser colocados os comedouros, bebe douros, poleiros e ninhos. Os equipamentos no interior do galinheiro devem ser de fácil higienização. Pró ximo ao galinheiro, é importante a presença de pia ou estrutura que permita a higienização das mãos de todos as pessoas que manipulam as aves e ovos. Segundo Silva et. al. (2015) a estrutura do aviário depen de da região, devido a adaptações necessárias ao clima local.

6. Manejo das aves

As aves de produção devem ser alojadas em ambiente limpo e higie nizado. No interior do galinheiro, a densidade máxima prevista é de sete aves por metro quadrado. Fornecer poleiros, bebedouros e comedouros em quantidade adequada ao núme ro de aves e adotar mecanismos que evitem que as galinhas durmam nos ninhos, para evitar acúmulo de fe zes em cima ou dentro do ninho. Os poleiros devem ser instalados para o conforto das aves e devem ter estru tura roliça, para evitar que machuquem suas patas. Os comedouros e bebedouros não devem ser coloca dos embaixo dos poleiros, para evitar acúmulo de sujeiras e contaminação pelas fezes das aves.

Lembrar que a maioria das doen ças podem ser prevenidas por meio de vacinação e de uma alimentação balanceada fornecida à vontade. Re comenda-se a vacinação contra doença de Newcastle de aves com vida produtiva acima de 70 dias ou com acesso a piquetes, e a utilização de outras vacinas que podem evitar o surgimento de doenças, conforme o manual de cada linhagem.

É importante lembrar que se de ve criar apenas uma espécie de ave, pois criações com mistura de dife rentes grupos de aves e em diferentes idades na mesma instalação promovem maior disseminação de patógenos, assim como proporcionam um inadequado fornecimento de ração para cada espécie e/ou fase de criação, entre outras desvantagens, como prejuízo na regulagem da al tura dos comedouros e bebedouros.

Para evitar a ocorrência de doen ças, deve-se evitar a criação de outras espécies como patos, marrecos ou perus, dentro ou próximo ao ga linheiro. Se o produtor, porventura, observar que existe uma ou poucas

aves doentes no galinheiro, deve retirar esta ou estas aves, submetê- -la(s) ao local de quarentena para tratamento, ou até mesmo eliminá - -la(s). A detecção precoce de uma ave doente pode limitar o impacto de um surto de doença e permitir um retorno mais rápido à normali dade. Se for necessário tratamento de parte do lote, em situações espe cíficas, deve ser realizado em uma área separada do grupo de aves sau dáveis. Só aves saudáveis devem ser mantidas no galinheiro, pois um micro-organismo pode rapidamente se espalhar por todas as aves se as aves doentes forem mantidas entre as saudáveis. Aves mortas ou doen tes podem estar infectadas e, por isso, devem ser consideradas um risco. Portanto, se houver alta mortalidade (maior ou igual a 10% em um período de até 72 horas ou com au mento súbito e significativo), ou queda significativa na produção de ovos e/ou aparecimento de ovos malformados associados a sinais nervosos e respiratórios acentuados em um grande número de aves, NO TIFICAR IMEDIATAMENTE o Serviço Veterinário Oficial do seu estado. Importante manter o registro de controle de medicamentos, rações e desinfetantes utilizados no sistema de produção.

7. Procedimentos importantes para manejo de piquetes

Se as aves tiverem acesso a áreas livres (piquetes), esta área deve ser cercada. É importante que o produ tor busque realizar rotação dos piquetes, sempre que possível, nas criações de aves em semiconfina mento. Lembrar que as galinhas não podem ter acesso a lagos, po ças ou tanques de água nos piquetes. Evitar que os piquetes sejam dispostos em locais de acúmulo de água em períodos de chuva.

8. Cuidados com alimentação e água

Fornecer água e alimentos (ração e vegetais) apenas dentro do galinheiro. A ração deve ser arma zenada em recipientes fechados e em local adequado, de modo a evi tar incidência de raios solares, chuvas, umidade, e o acesso de ro edores e pragas. A água precisa ser armazenada em local sombreado e tampado, evitando acúmulo de su jeiras e aquecimento. Os cuidados necessários a estes insumos podem evitar muitas doenças. Comedou ros e bebedouros devem ser constituídos de materiais que permitam uma fácil higienização e devem ser realizadas limpezas regulares (Figura 3).. Se o produtor precisar armazenar sacos com milho ou outros insumos, deve manter os alimentos em embalagens sempre fechadas, mantidos em cima de es trados, longe de paredes e em local com controle de roedores. O pro dutor só deve usar matéria-prima de origem segura e conhecida na alimentação das aves, ese fornecer alimentação complementar ou al ternativa, esta deve ser preferencialmente produzida na própria propriedade ou ser de origem se gura e garantida e armazenada adequadamente.

Figura 3.

A manutenção e limpeza de comedouros e bebedouros deve ser um procedimento periódico e dedicado. (Fonte: Embrapa Meio Norte)

A água precisa estar livre de microrganismos, para isso, manter a caixa d ́água de abastecimento da propriedade sempre tampada, em local sombreado, e realizar limpeza e higienização, no mínimo, a cada seis meses. A água de bebida das aves deve ser continuamente clora da. Água sem cloro só pode ser fornecida às aves quando do fornecimento de medicações, vacinações e uso de aditivos que apresentem es ta necessidade. Se a água não vier de fonte segura, pode carrear mui tos patógenos e contribuir com a manutenção de doenças nas aves. Nunca fornecer água proveniente de lagos, rios ou açudes diretamen te para as aves sem o prévio tratamento (cloração) e, de preferência, utilizar água proveniente de nas centes protegidas do acesso de outros animais ou pessoas. Deve-se buscar proteger a água de bebida das aves de possíveis contamina ções ambientais.

9. Cuidados com o ambiente de produção e ovos

Diariamente, o produtor deve remover restos de alimentos no pi so do galinheiro. O galinheiro deve ser forrado com cama de aviário de material inerte, sem odor, que ab sorva adequadamente a umidade e fezes das aves, como, por exemplo, maravalha e casca de arroz. A ca ma molhada deve ser retirada e não se deve permitir que as aves bebam de poças d ́água nos piquetes (co brir com cal, areia ou pedriscos). Manter o ninho sempre limpo, e trocar o forro no máximo a cada 15 dias, ou sempre que sujar. Preferen cialmente, o ninho deve possuir cama que evite as galinhas de cis carem, para garantir que o fundo sempre esteja forrado (Figura 4). Se houver reuso de cama no galinhei ro, o produtor deve tratar a cama e destinar corretamente conforme a legislação. Controlar roedores e ou tras pragas, como baratas e moscas na propriedade. Realizar limpeza e desinfecção do galinheiro a cada intervalo entre lotes.

Coletar os ovos no mínimo quatro vezes por dia dos ninhos. Dispor de uma área para triagem e seleção dos ovos. Antes de manipular os ovos para realizar a separação de ovos limpos e sujos e classificação, deve-se limpar e higienizar as mãos.

10. Manejo de dejetos

Carcaças de aves mortas podem ser fontes de infecção e, portanto, devem ser retiradas imediatamente do interior do galinheiro dentro de recipientes com tampa até serem le vadas para a composteira. Limpar e desinfetar os recipientes de manu tenção temporária de aves mortas depois da retirada e transporte das carcaças.

O tratamento do esterco (excre tas das aves) deve ser feito em área específica para esta atividade e lon ge das aves. Neste local não devem ser permitidos acesso de animais e deve ser limitado o acesso de pesso as. Realizar o tratamento adequado dos dejetos antes de utilizá-los como adubo, principalmente em situações de doenças no lote. Pode ser realiza do compostagem ou outro método que garanta a inativação de patóge

Figura 4.

Ninhos devem ser limpos e vistoriados periodicamente pelo produtor. (Fonte: Embrapa Meio Norte)

A adoção de medidas que fortaleçam a sanidade na produção favorece a obtenção de um produto inócuo e seguro, garantindo a saúde dos consumidores e fortalecendo o sistema de produção

nos, por período mínimo de 45 dias ou até que ocorra decomposição do material. Isso é importante para evi tar a disseminação de doenças no ambiente da granja. Recomenda-se que se o adubo gerado pelos dejetos de galinhas for utilizado nos pique tes de acesso às aves, só deve ser permitido o acesso das aves no local após o período médio de 60 dias, se possível.

Importância da biosseguridade na pequena escala de produção

A adoção de medidas que fortaleçam a sanidade na produção favorece a obtenção de um produto inócuo e seguro, garantindo a saú de dos consumidores e fortalecendo o sistema de produção. O produtor e todas as pessoas envolvidas na produção devem buscar o trei namento contínuo: Só faz bem quem continuamente aprimora a compreensão do que se deve fazer. Compreender quais os pontos de maior risco na atividade e quais as medidas de manejo que podem ge rar maior conforto para as aves é importante para obter melhores re sultados na produção.

Os produtores devem manter os documentos separados por lotes em pasta organizada e em local de fácil acesso (nota fiscal, GTA, certificado sanitários das matrizes, registro do incubatório ou da granja de recria de origem das aves). Manter o regis tro da entrada e saída de pessoas, dos nascimentos ocorridos no pró prio estabelecimento, de vacinas e medicamentos utilizados; de con trole de pragas (aplicação, monitoramento e verificação de eficácia), e de material de limpeza e higieniza ção.. Manter atualizado o contato do médico veterinário responsável e do escritório local do SVO (Serviço Veterinário Oficial)

Os consumidores, cada vez mais, buscam consumir produtos oriun dos de sistemas de produção que ofereçam além da qualidade do que é produzido (requisito essencial), e que disponham de aves mantidas em condições adequadas de bem - -estar, neste aspecto, a pequena escala de produção, ao agregar qualidade e bem estar, pode atender a um nicho de mercado que já está estabelecido e tende a crescer conti nuamente. Qualquer atividade exige dedicação e contínuos investimentos, e agregar bem-estar e boa sanidade não é diferente, entretan to, já existem inúmeros produtores que mostram que é possível essa produção ser realizada e agregada em seu valor comercial. É necessá rio que este seja um objetivo contínuo a ser atingido, pois quando praticado, tem demonstrado, além das melhorias de manejo, de bem estar e de sanidade das aves produzidas, um retorno financeiro satisfatório diante da obtenção de aves menos propicias a enfermidades.

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