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Balanço do setor de postura no primeiro semestre de 2020

Balanço do setor de postura no primeiro semestre de 2020 Players do mercado comentam o momento vivido pelo setor neste histórico primeiro semestre

Como todos os setores, a produção de ovos do Brasil viveu as oscilações do qua dro epidêmico global. Logo no início da crise, a demanda por produtos impulsionou os preços do segmento.

De acordo com Ricardo Santin, Diretor Executivo da Associação Bra sileira de Produção de Proteína Animal (ABPA), o mercado se reacomodou, deu sinais de estabilização, mas agora deve viver novos impulsos. “Os mesmos fatores que influencia rão o consumo de frango, devem impulsionar o consumo de ovos, que neste ano alcançará 240 unidades por ano. Mais acessível das proteí nas de origem animal, o ovo tem uma vantagem inquestionável sobre os cárneos, especialmente quando vemos uma retração no poder de compra da população. O quadro econômico deficitário deverá ditar o impulso de consumo de produtos mais baratos nas gôndolas. O ovo, que já é protagonista, deverá aumen tar ainda mais a sua presença no mercado interno”, explicou

Segundo Leandro Pinto, Diretor do Grupo Mantiqueira, maior pro dutor de ovos da América Latina, o país estava em um momento de alta nas vendas, início de um período tradicionalmente favorável ao au mento do consumo de ovos, a quaresma, quando foi decretada a pandemia. “O nosso produto, o ovo, pela sua praticidade, saudabilidade, por estar presente à mesa das mais diferentes classes econômicas, sua situação de mercado, não foi deveras impactado pela crise sanitária”, ex plicou Pinto. “Foi um momento de alta dos insumos, preços elevadíssi mos da soja, farelo de soja e milho, além do alto valor do dólar, o que dificultava as nossas compras de produtos como vitaminas e outros insumos importados. Vínhamos em um momento de pressão de custo”, destacou.

Leandro Pinto explicou que mes mo diante de todo o cenário exposto

Bottura, APA “Diante dos problemas enfrentados pela pandemia do novo coronavírus foi feito um ajuste de distribuição”

Ricardo Santin, ABPA “No exterior, não há sinais de abertura de novos mercados no curto prazo. As vendas para os Emirados Árabes Unidos seguirão em destaque. Mas a demanda brasileira deverá desestimular a intenção de venda do produto para o mercado internacional”.

Leandro Pinto, Grupo Mantiqueira “Para esse segundo semestre, a luta será grande, mas o empreendedor é acima de um tudo um otimista. Sou muito otimista pelo nosso país”

Hand, AVES-ASES “Afetado da mesma forma que os demais segmentos de proteína animal, o segmento de ovos também enfrentou entraves relacionados aos altos custos com os insumos de produção, mas conseguiu manter seus preços finais com retornos que não chegaram gerar prejuízos ao produtor”

Santos, ASGAV-SIPARGS setor busca ajustes também no Rio Grande do Sul.

neste primeiro semestre, o Grupo Mantiqueira fechou o primeiro se mestre de forma positiva. “Mantivemos nossos investimentos em mais duas granjas para a produção de ovos advindos de galinhas livres, nas cidades de Cabrália Paulista e Lorena, ambas no estado de São Pau lo. Somente conseguimos porque mantivemos o foco na produção de ovos. Esse é o nosso negócio!”, disse. “Procuramos manter nossos colabo radores (2.100) em segurança e quero aqui, prestar minha homenagem à minha equipe. Tenho um profun do e sincero agradecimento a todos! Foram guerreiros. Mantiveram-se na ‘linha de guerra’. Na batalha e em dados momentos, tínhamos que ‘freiá-los’ para que se mantivessem em segurança. Jamais se abstiveram da luta, o que me deu, repito, um profundo orgulho da minha equi pe”, afirmou Leandro Pinto.

O setor de postura comercial do Espírito Santo também vem presen ciando as tensões vividas com a covid-19, não com a mesma intensidade vivida com a criação de codornas, que foi drasticamente afetada e che gou a uma redução que cerca de 70% no estado, mas sendo necessário pas sar por ajustes. É o que explicou Nélio Hand, Diretor Executivo da Associação dos Avicultores do Espírito Santo e da Associação de Suinocul tores do Espírito Santo (AVES-ASES). Hand aponta que a produção de ovos de galinha teve que readequar parte de sua oferta de ovos, disponi bilizando maior volume de produto para o varejo, adaptando embala gens e tomando medidas de redirecionamento de produto diretamente ao consumidor, especialmente aque le que era enviado para a indústria, que, por sua vez, prevê que continu ará sendo afetada no segundo semestre, deixando prejudicados os volumes de ovo processado. “Resul tado do grande momento em que vive a proteína, que em 2019 alcançou a marca de 230 ovos per capita no Brasil e que, certamente, está muito presente no dia a dia da população. O produtor, por sua vez, segue o mo

Marco de Almeida - Diretor América do Sul da Hendrix Genetics “O ovo é um alimento de inigualável qualidade para a nutrição humana e com baixo custo. Em nossa ótica, a pandemia viral impulsionou o setor a melhorar a visibilidade do produto”

mento com cuidado para que possa continuar mantendo a sua produ ção, já que as incertezas ainda estão presentes na economia”, disse Nélio Hand.

Em São Paulo, segundo José Ro berto Bottura, Diretor Técnico da Associação Paulista de Avicultura, diante dos problemas enfrentados pela pandemia do novo coronavírus foi feito um ajuste de distribuição, dos restaurantes e lanchonetes para a venda direta através dos supermer cados. “Em um primeiro momento, até mesmo o tão tradicional “carro do ovo” teve suas vendas impacta das. Mas essas dificuldades já foram amenizadas. Acredito que teremos um segundo semestre mais positi vo”, explicou.

Marco de Almeida destaca ainda que a pandemia do novo coronavirus é, sem dúvida, um dos maiores desafios dos últimos tempos, com desdobramentos e impactos ainda imensuráveis

O ovo foi, no início da pande mia, o reforço dos estoques de alimentos da população, versátil e base para muitas refeições, registrou in tensa procura nos meses de março/ abril ocasionando esvaziamento das prateleiras também no Rio Grande do Sul.

Segundo José Eduardo dos Santos – Diretor Executivo da Associação Gaúcha de Avicultura ASGAV e do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas no Estado RS – SIPARGS, a lei da oferta e procura veio à tona e houve alta significativa nos preços. “No entanto, logo o setor normali zou a logística de abastecimento e os preços voltaram a um patamar de equilíbrio”, disse.

De acordo com Marco de Almei da - Diretor América do Sul da Hendrix Genetics, o setor de postura fechou o ano de 2019 com a perspectiva de crescimento, o qual era esperado pela empresa. “Para 2020 a Hendrix tinha uma visão promissora face os indicativos econômicos. Num primeiro momento, o impacto da pandemia no início deste ano, aque ceu o mercado nacional de ovos, por esta razão, o setor precisou repensar algumas estratégias para o período de crise e, consequentemente para o pós-crise. Com a forte demanda de consumo de ovos no primeiro se mestre de 2020, os produtores também captaram melhores negócios e retomaram projetos e investimentos até então paralisados. A avicultura de postura, como toda a cadeia do agronegócio não pára e, tomando ações bem estruturadas durante este período crítico, ela sairá mais forta lecida desta crise”, afirmou Almeida.

Marco de Almeida destaca ainda que a pandemia do novo coronavi rus é, sem dúvida, um dos maiores desafios dos últimos tempos, com desdobramentos e impactos ainda imensuráveis. “No entanto, mesmo em meio a essa crise sem preceden tes, há setores como o agronegócio, que até certo ponto, serão impacta dos de forma menos grave se comparado à outros setores da economia. O ovo é um alimento de inigualável qualidade para a nutrição humana e com baixo custo. Em nos sa ótica, a pandemia viral impulsionou o setor a melhorar a visibilidade do produto “ovo”. Isso tanto pela facilidade de aquisição quanto pelo alto valor biológico e nutricio nal que consolida uma melhor condição de saúde e uma resposta imunológica superior do consumidor frente a um desafio viral”, disse. “Estamos otimistas com a atividade e no crescente consumo de ovos no Brasil. Entendemos que, mesmo ocorrendo uma segunda onda de crise, não só sanitária, mas também econômica, ainda produzimos o ali mento proteico mais acessível para a população. Tal fato nos assegura uma posição relativamente estável e ao mesmo tempo promissora na economia nacional”, finalizou.

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