“Sou a favor dos direitos dos animais e dos direitos humanos. Essa é a proposta de um ser humano íntegro.” Abraham Lincoln
Alexander Gardner / Wikimedia Commons
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MUNDO DOS ANIMAIS
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Belezas Selv
Foto-reportagem
belos animais p cional.
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Guardiões d
Os dois homen
acidente nuclea
vida, ficaram pa
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Abandono d
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Produção / Ed Carlos Gandra
Autores nesta Carlos Gandra,
Contactar o Mu geral@mundod Fotografia de capa: “Street Cat” por Nick Papakyriazis
© 2015 Mundo
A Revista Mundo dos Animais é uma publicação digital gratuita. Sinta-se livre para a dist ou qualquer outro meio online, desde que nenhum dos conteúdos seja de alguma forma acedidas gratuitamente em http://www.mundodosanimais.pt/revista/
NOTA EDITORIAL
vagens que nos Passam ao Lado
m que desafia a conhecer alguns dos mais
portugueses, em especial da avifauna na-
dos Animais em Fukushima
ns que recusaram ser evacuados após o
ar de Fukushima e, arriscando a própria
ara cuidar dos animais.
de Animais
tões relacionadas com o flagelo da socie-
abandono de animais, em especial durante
como as formas de o prevenir.
dição / Design
edição , Sara Bastos e Tânia Araújo
undo dos Animais dosanimais.pt dos Animais
tribuir esta edição por email, twitter, blog a alterado. Todas as edições podem ser
Após um longo hiatus, a Revista Mundo dos Animais voltou. Quem acompanha o projeto pode constatar que dedicamos a quase totalidade do tempo ao nosso site. Fizemos um redesign, alteramos a estrutura dos artigos de cima a baixo e apostamos forte em redor de uma missão única: inspirar pessoas a cuidar melhor dos animais. O papel da Revista no meio dessa restruturação foi... esperar. Esperar e perceber se realmente tinha um papel, se as pessoas sentiam falta dela, se o Mundo dos Animais sentia falta dela. A resposta foi positiva em ambos os casos. Este tempo de paragem também nos permitiu refletir sobre o que fizemos de melhor e de pior nas edições anteriores e com isso, efetuar algumas alterações na publicação que se refletem já neste número: edições mais pequenas e leves do ponto de vista do número de artigos, letra maior, periodicidade menor (passa a ser mensal, pela primeira vez na história desta revista) e uma aposta ainda maior na área visual. O formato, esse continuará a ser PDF. Simplesmente existem coisas que não precisam ser alteradas. A Revista Mundo dos Animais voltou. Desfrute desta edição! Carlos Gandra
Duas gaivotas-tridáctila (Rissa tridactyla) numa escarpa acima do Mar do Norte perto de Craster em Northumberland, Inglaterra. A gaivota-tridáctila é uma ave que pode ser observada em Portugal. Anita Nicholson / Alamy
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Uma fêmea de lutung-prateado (Trachypithecus cristatus) com o seu filhote, nascido há menos de um mês. Os bebés destes primatas nascem laranjinhas e só adquirem o padrão escuro dos adultos entre os 3 e os 5 meses de idade. As mães tomam conta dos filhotes até aos 18 meses, mas deixam de mamar por volta dos 12. NPL / REX Shutterstock
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Veterinários e voluntários da I limpar um pelicano atingido pe Terça-feira, 19 de Maio, no Es Pelo menos oitenta mil litros d da costa do Pacífico.
Chris Carlson / Associated Pre
International Bird Rescue tentam elo derrame de petr贸leo da passada stado norte-americano da Calif贸rnia. de petr贸leo foram derramados ao longo
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Um dos quatro bebĂŠs de leopardo-nebuloso nascidos no Point Defiance Zoo and Aquarium, no Estado de Washington, EUA. Point Defiance Zoo and Aquarium
Um bebĂŠ gorila de uma subespĂŠcie (Gorilla gorilla gorilla) do gorilado-ocidente (Gorilla gorilla), nascido no Taronga Zoo. Mark Kolbe / Getty Images
Uma nova espécie de lesma-do-mar (Phyllodesmium acanthorhinum), selecionada pelo comité internacional de taxonomistas da ESF para o top 10 das novas espécies de 2015. Esta lesma de cor e padrão excecionalmente belo pode ser um “elo perdido” entre as lesmas-do-mar que se alimentam de hidroides e as que se especializaram em corais. A espécie mede entre 17 e 28 milímetros e vive nas ilhas japonesas. Robert Bolland
Patos a caminhar num dos corredores criados especialmente para eles, à semelhança das ciclovias para as bicicletas. Será que podemos chamar-lhes patovias? A iniciativa está a ser realizada nas cidades de Londres, Manchester e Birmingham e pretende encorajar as pessoas a tomar atenção aos animais que também utilizam os caminhos. Estes corredores têm silhuetas de patos pintados no chão para incentivar a partilha do espaço com os animais. Getty Images
Chapim-real (Parus major) É um dos maiores chapim que habitam as nossas florestas e jardins.
BELEZAS SELVAGENS
que nos passam ao lado
por Tânia Araújo
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Bico-de-lacre (Estrilda astrild) É uma ave exótica originária da África subsariana, introduzida em Portugal na década de 1970, tendo estabelecido uma significativa população selvagem no país.
BELEZAS SELVAGENS
S
empre tive uma enorme paixão por animais, sejam domésticos ou selvagens. Mas até há alguns anos atrás, acreditava que os magníficos e belíssimos animais que via nos documentários de vida selvagem existiam apenas em países longínquos.
Foi graças à fotografia que acabei por explorar a vida selvagem que me rodeia e descobrir que também em terras lusitanas (e em alguns casos bem perto de minha casa) vivem animais selvagens belíssimos e que não imaginava ter por perto. O mesmo se passa certamente com a maioria das pessoas, que convive diariamente com animais de rara beleza e que, pelos hábitos discretos destes animais ou por distração, mal se apercebe desta extraordinária fauna.
Desafio todos a conhecerem alguns dos mais belos animais que vivem no nosso país ou que nos visitam sazonalmente e a estarem mais atentos da próxima vez que passarem por um jardim, às margens de um rio ou uma floresta perto das vossas casas, porque ficarão agradavelmente surpreendidos com as descobertas que poderão fazer!
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Borboleta-azul (Polyommatus icarus) A borboleta-azul comum ĂŠ uma pequena borboleta que voa de Maio a Setembro e cuja parte superior das asas do macho apresenta um belo azul brilhante.
Doninha (Mustela nivalis) A doninha é o mais pequeno dos carnívoros da nossa fauna que, embora difícil de ver, habita em todo o nosso país.
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Pica-pau-malhado-grande (Dendrocopos major) É uma espécie típica de zonas florestais que pousa nos troncos das árvores, onde se alimenta.
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Escrevedeira-de-garganta-preta (Emberiza cirlus) ร uma ave residente em Portugal facilmente identificรกvel pelas riscas pretas e amarelas na cabeรงa.
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Abelharuco-comum (Merops apiaster) O abelharuco-comum ĂŠ uma ave estival em Portugal, conferindo um toque exĂłtico ao nosso VerĂŁo com sua plumagem colorida.
Guarda-rios (Alcedo atthis) Muitas vezes observado como um raio azul a sobrevoar cursos de ĂĄgua, o guarda-rios ĂŠ uma das aves mais coloridas da avifauna portuguesa.
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Chapim-azul (Parus caeruleus) Podemos encontrar facilmente este pequeno e colorido chapim em locais onde existam árvores, inclusivamente em jardins urbanos. Dom-fafe (Pyrrhula pyrrhula) O dom fafe é uma ave discreta e difícil de observar, embora o macho tenha uma plumagem colorida e vistosa, predominante de um laranja vivo.
Acompanhe os trabalhos fotográficos da Tânia: - Website (http://www.taniaaraujo.com/) - Blog (http://ondeomeuolharseperde.blogspot.pt/) - Flickr (http://www.flickr.com/photos/taniaraujo11_pj/)
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OS GUARDIÕES DOS ANIMAIS EM FUKUSHIMA por Sara Bastos
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aoto Matsumura e Keigo Sakamoto provavelmente não se conhecem, mas têm muito em comum: são os guardiões dos animais de Fukushima, a província japonesa vítima do maior acidente nuclear desde Chernobil e onde ninguém quer – ou pode – viver.
Naoto Matsumura
De onde os animais não tiveram como fugir. Muitos foram deixados para trás acorrentados e morreram de fome. Com a missão de salvar o máximo número de animais possível, Naoto Matsumura, agricultor, recusou ser evacuado da cidade de Tomioka (situada a
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menos de 20 quilómetros da central nuclear de Fukushima) e é agora o único habitante dessa cidade fantasma, juntamente com dezenas de vacas, porcos, gatos, cães e até um pónei e duas avestruzes. Keigo Sakamoto, que trabalhava em instituições de apoio a
deficientes mentais, também recusou ser evacuado após o acidente nuclear e permaneceu na cidade de Naraha, a sul de Fukushima, onde cuida e alimenta mais de 500 animais abandonados, incluindo os seus 21 cães.
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Para além do risco de vida que ambos enfrentam, ao habitar zonas altamente radioativas, não têm electricidade ou água potável e tiveram de improvisar com painéis solares e geradores para conseguirem iluminação, refrigeração dos alimentos, cozinhar e acesso à Internet. Naoto tem uma página no Facebook e Keigo conseguiu um pequeno subsídio estatal para o ajudar na tarefa de cuidar dos animais: todas as segundas e sextas viaja até à cidade de Iwaki onde se abastece. Para conseguir alimentar todos os animais necessita de cerca de uma tonelada de comida por mês. A maioria dos cães que Keigo alimenta afastaram-se do contacto humano e ficaram pouco sociáveis. Mas há um “especial”, a quem Keigo chamou de Atom (“Átomo” em português), por ter nascido pouco tempo antes do desastre nuclear. Quando Naoto recusou ser evacuado e ficou para trás, fê-lo principalmente pelos seus animais. Mas cedo se apercebeu que existiam muitos mais animais a precisar de ajuda, vários deles fechados e sem acesso a comida ou água. Centenas de vacas morreram desta forma.
Keigo Sakamoto fotografado por David Guttenfeld
der / AP / National Geographic
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Naoto conta que uma das cenas mais tristes que presenciou foi de uma vaca, que estava pele e osso, a afastar o seu bezerro que queria desesperadamente amamentar-se. Atordoado pela fome, o bezerro afastou-se a chorar e agarrou-se a um pedaço de palha, como se fosse uma teta da mãe. Morreram os dois.
GUARDIÕES DOS ANIMAIS EM FUKUSHIMA
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Japan Time
es
GUARDIÕES DOS ANIMAIS EM FUKUSHIMA
Naoto chegou a salvar um cão que se encontrava preso dentro de um celeiro há quase ano e meio. Durante todo esse tempo alimentou-se da carne apodrecida do gado que tinha morrido à fome. Sobreviveu, sabe Deus como, até Naoto o encontrar no Verão de 2012, como se imagina num estado lastimoso. Naoto resgatou-o e assim que o cachorro começou a recuperar, chamou-lhe Kiseki (“Milagre” em português). “Quando fui alimentar os meus cães, os cães da vizinhança ficaram doidos. Fui verificar e encontrei-os acorrentados. Toda a gente foi embora a pensar que iriam voltar em poucos dias, penso eu. A partir desse momento comecei a alimentar todos os cães e gatos. Não podiam esperar, começavam logo a latir quando ouviam a minha carrinha. Para todo o lado que eu fui havia algum cão a latir. Como se dissessem ‘tenho sede’ ou ‘não temos comida’. Comecei então as minhas rotinas diárias.”
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“Não há vizinhos. Sou o único aqui e estou para ficar.” Keigo Sakamoto
Damir Sakoji / Reuters
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“Disseram-me que não devo ficar doente nos próximos 30 ou 40 anos. Provavelmente já estarei morto nessa altura de qualquer das formas, então não me podia importar menos com isso.” Naoto Matsumura
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governo japonês começou a evacuação de todos os residentes próximos da Central Nuclear de Fukushima dia 11 de Março de 2011, expandindo a área nos dias seguintes até 45 quilómetros de distância. Para acalmar a população, o governo passou a mensagem de que seria uma evacuação temporária e dentro de dias estariam de volta. Muitos animais ficaram assim para trás, com reservas de comida e água que os donos acreditaram ser suficientes. Aqueles que se recusaram a deixar os animais para trás, enfrentaram diversos problemas. As autoridades recusaram-se a alojar animais até cerca de 3 meses depois, quando criaram um abrigo para o efeito. Muitos dos refugiados tiveram de esconder os seus animais dentro de carros e até mesmo ficar com eles nas viaturas, pois não podiam entrar nos abrigos.
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Grupos de proteção animal começaram inicialmente a tentar alimentar os animais que foram deixados para trás, até serem impedidos de voltarem a aceder aos locais afetados pela radiação. Ainda assim, conseguiram salvar cerca de 1.500 cães e gatos enquanto tiveram acesso. Após algumas filmagens perturbadoras terem escapado para os media, o governo japonês proibiu definitivamente qualquer acesso por partes dos grupos de defesa animal e chegou mesmo a prender dois voluntários, Hiroshi e Leo Hoshi, a 28 de Janeiro de 2012. A família Hoshi, ás suas custas, já tinha salvo cerca de 200 animais. Keigo Sakamoto e Naoto Matsumura são os “desordeiros” que ficaram e os salva-vidas de todos os animais que não tiveram como sair das cidades. São os guardiões dos animais de Fukushima.
Veja mais fotografias no Mundo dos Animais: http://www.mundodosanimais.pt/ajuda-animal/guardioesanimais-fukushima/
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COMO AS FÉRIAS E A FALTA DE PLANEAMENTO DESPOLETAM O
ABANDONO DE ANIMAIS por Carlos Gandra
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Neha Viswanathan / Flickr
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Ding Yuin Shan / Flickr
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s animais não são mobília. Não são brinquedos, objetos descartáveis ou decoração velha. Os animais não se podem deitar fora quando já não precisamos deles, quando nos estão a incomodar ou quando se tornam um peso que não previmos. Todo o ambiente que rodeia um animal o afeta emocionalmente (e fisicamente), pelo que é preciso ter um grande cuidado, respeito e consideração por eles. Pela vida deles. No entanto acabam abandonados, todos os dias aparecem novos casos. Em Portugal, foram abandonados 30 mil animais só em 2013, um número que duplicou em cinco anos (fonte). O Brasil tem mais de 30 milhões de animais abandonados (fonte), com um aumento de abandonos que chega aos 70% durante as férias (fonte). Os números são explícitos e falam por si próprios, mas a pergunta que fica é… como é possível abandonar assim os animais?
No Mundo dos Animais procuramos sempre abordar de uma forma moderada o conceito de amigo dos animais. Não fazemos comparações, por exemplo, o valor de uma vida humana ao valor da vida de um animal (e muito menos entramos pela misantropia). Mas a ciência tem comprovado o que o bom senso há muitos nos dizia através das palavras de Jeremy Bentham – “Não importa se os animais são incapazes ou não de pensar. O que importa é que são capazes de sofrer”. Neste artigo vamos abordar várias questões relacionadas com o abandono, em especial durante as férias que é o período em que os números disparam por completo, bem como as formas de o prevenir. Já ouviu certamente dizer que a prevenção é o melhor remédio e neste caso, não é diferente. O abandono combate-se não abandonando. Demasiado óbvio e mais fácil escrever do que concretizar, seguramente.
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Contudo, o planeamento (antes) e a mentalidade correta na relação com os animais (durante) podem ser a chave que tanto desejamos encontrar para resolver este flagelo da nossa sociedade (depois). Um flagelo que nos deveria deixar envergonhados enquanto animais racionais e espécie civilizada. Temos as armas para o fazer.
NÃO DESCUIDE O PLANEAMENTO
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s animais sentem e sofrem em medidas muito iguais a nós próprios: o que lhe dói a si, também dói a eles e isso aplica-se tanto a um pontapé (físico), como ao sentimento da solidão (emocional), como à agonia da não ter o que comer (sobrevivência). Os animais são todos os anos vistos como um problema quando as famílias planeiam as suas férias. Os canis ficam sobrelotados e a grande maioria dos animais que neles são recolhidos acabam eutanasiados em poucos dias. Morrem.
Embora nem só as férias sirvam de pretexto para abandonar um animal, uma larga percentagem dos abandonos poderia ser evitada com um pouco de consciencialização e planeamento.
Antes de adotar ou comprar um animal, pense duas vezes. Ou três. Antes de decidir adotar ou comprar um animal, deve colocar em cima da mesa, com a sua família (ou quem mais viva na mesma casa), todos os cenários possíveis. Para começar, as questões financeiras. Sobretudo nos dias que correm, com a crises económica a preencher as primeiras páginas dos jornais, esta tem de ser uma questão da máxima prioridade na hora de decidir avançar para a adoção de um animal. Cães e gatos necessitam de alimentação diária e cuidados veterinários imprescindíveis como a vacinação e desparasitação, já para não falar de problemas de saúde e acidentes, que
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Louis Abate / Flickr
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surjem sem avisar e cujos tratamentos são dispendiosos. É importante avaliar a estabilidade financeira e o impacto no orçamento que um animal pode causar. Aquele pensamento comum de onde comem três também comem quatro pode revelar-se perigoso. As férias, como já se viu, devem merecer uma atenção muito especial. Não deve deixar esse assunto para um depois vê-se, pois é meio caminho andado para não se ver nada de bom. Se o seu animal vai ser um fardo quando quiser fazer as férias, a atitude mais sensata é não o comprar nem o adotar. Se quer mesmo ter um animal, então pense antecipadamente num plano para deixar o animal em boas mãos, ou então escolher destinos de férias que aceitem animais e assim levá-lo junto. Não menos importante, o espaço. Se está a adotar ou comprar um cachorrinho bebé, tenha a noção de que ele vai crescer. Em alguns casos, vai crescer muito e tornar-se num animal grande e imponente, incompatível com a vida um apartamento por exemplo.
Se adquirir um cão de raça pura, pode precaver-se escolhendo um cão de raça pequena. Se estiver a adotar um cão sem raça definida e que ainda não seja adulto, pode crescer mais do que está à espera. A verdade é que muitas vezes os animais são abandonados por terem ficado grandes demais. Contacte um responsável ou voluntário em qualquer associação e protetora de animais e certamente terão casos destes para lhe contar. Ter um animal não é um direito, mas sim um luxo, que exige disponibilidade financeira, tempo livre, trabalho, preocupações e muita, muita responsabilidade. É um ser vivo que tem direitos constituídos, que tem sentimentos, que se afeiçoa aos seus donos. Mas é também um ser irracional, que não compreende o porquê de ser feliz durante alguns meses e depois ser despejado na rua, sem condições, sozinhos e praticamente condenado. Ninguém deve comprar ou adotar um animal sem condições para ficar com ele e dar-lhe os cuidados básicos, até ao fim da sua longevidade natural.
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E se gosta mesmo de animais ou pretende ajudar os animais abandonados, mas não tem condições para ficar com eles definitivamente, torne-se voluntário numa associação ou ofereça-se como FAT (Família de Acolhimento Temporário). A responsabilidade e a noção do que se pode ter ou não ter, é muito importante em toda a nossa vida.
NÃO ABANDONE OS SEUS ANIMAIS NAS FÉRIAS
E
não abandone nunca, evidentemente. O seu animal não merece ficar sozinho à mercê da (pouca) sorte. Tendo em conta as diversas opções disponíveis, a nível de serviços ou mesmo alguma criatividade pessoal, não existe qualquer justificação para abandonar os animais durante as férias, seja qual for a situação. Se prefere deixar o seu animal ao cuidado de outrem enquanto vai de férias, existem hotéis e
serviços de pet-sitting que tomam conta do seu animal e lhe proporcionam todos os cuidados necessários. Vamos abordar agora sucintamente estas soluções. Pet-sitting: Os pet-sitters são profissionais que se deslocam a sua casa para prestar todos os cuidados que o seu animal necessitar. Alimentam os animais, tratam da higiene, acompanham-nos
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Bhavishya Goel / Flickr
ao veterinário em caso de necessidade e, em particular os cães, podem levá-los aos seus passeios diários, não quebrando assim a rotina que já têm. Hotéis para animais: Uma solução alternativa aos pet-sitters. A diferença aqui é que o animal, em vez de ficar em casa, fica no hotel, recebendo igualmente todos os cuidados necessários. Visite os hotéis dedicados a animais próximos da sua área
de residência e informe-se sobre os serviços e condições dos mesmos: se incluem equipa veterinária, se o espaço tem boas condições para o animal, entre outros pormenores que certamente quererá ver assegurados ao seu amigo peludinho. Familiares, vizinhos e amigos: Esta pode ser a solução mais económica e não menos eficaz (dependendo, claro, das pessoas em causa).
leeno / Flickr
ABANDONO DE ANIMAIS
Imagine uma situação em que tanto você como o seu vizinho têm animais de estimação, e fazem férias em diferentes datas. O seu vizinho poderia tomar conta dos seus animais enquanto você e a sua família vão de férias, retribuindo depois ao cuidar dos animais dos seu vizinho quando for ele de férias.
Caso o seu vizinho não tenha animais, pode sempre combinar outro tipo de retribuição. As vantagens neste caso, para além de poupança económica, passam por já conhecer a pessoa a quem vai confiar a vida dos seus animais.
NÃO SE ESQUEÇA QUE ELES PODEM IR CONSIGO
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á existem diversos parques de campismo e hotéis que permitem aos donos levar consigo os seus animais de estimação durante as férias. Isto abre mais um leque de opções e, as suas férias, não têm de significar uma separação do seu melhor amigo, nem sequer temporária. No entanto e como sempre, recomenda-se que a situação seja bem analisada, de preferência junto do veterinário dos
seus animais, que saberá melhor que ninguém que ambientes e que condições são as mais adequadas para cada caso. A viagem: Se for de viagem sem sair do país, o médico veterinário irá informá-lo acerca do melhor acondicionamento e recomendações para que o animal não sofra na deslocação. É importante que se informe pois diferentes animais têm diferentes necessidades e diferentes meios de transporte exigem diferentes cuidados.
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Caso viaje para outro país, deve ter sempre em atenção as leis desse mesmo país, que em alguns casos podem ser drasticamente diferentes no que diz respeito à documentação exigida, vacinação obrigatória e outros documentos. Ambiente estranho: É perfeitamente natural que o seu animal, de início, estranhe o novo ambiente, pois não conhece o local. Faça alguns passeios com ele (no caso de ser um cão), isso vai ajudar o animal a ambientar-se e ganhar confiança, pois está junto do dono, a pessoa neste mundo em quem mais confia. Evite deixar o seu animal sozinho num quarto ou numa tenda, em especial se ele ainda não se sentir seguro nesse novo ambiente. Cristopher Soto López / Flickr
NÃO FECHE OS OLHOS AO PROBLEMA
É
falsa a ideia de que um animal, se for abandonado, consegue desenrascar-se. Também é falsa a ideia de que alguém vai pegar no animal e levá-lo para sua casa. Não conte com isso. Não se pode socorrer da ideia do instinto selvagem pois se temos cães e gatos em casa, é precisamente porque estes foram domesticados. Serem fisicamente parecidos com os seus parentes selvagens não faz deles animais selvagens. Ulf Bodin / Flickr
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Elroy Serrao / Flickr
A escassez de alimento, de água, de abrigo e de segurança, deixa os animais com poucas hipóteses de sucesso. Já para não falar das doenças que podem contrair nas ruas e da reprodução, que leva ao nascimento de inúmeros animais sem teto. No caso do alimento, é necessário compreender que os instintos de caça praticamente não existem nos animais de estimação, sobretudo nos cães, pois foram habituados a receber a sua ração pronta e a horas sem necessidade de a procurar e lutar por ela. Os inúmeros animais recolhidos nas ruas em estado grave de subnutrição comprovam esta ideia. Alguns chegam a impressionar pelo seu aspeto físico debilitado, agonizados de fome, ficando difícil até salvar a vida do animal. A vida do animal. O cruzamento entre os animais abandonados nas ruas leva também ao nascimento de muitos bebés sem condições mínimas,
que são mais animais sem dono e sem qualquer tipo de cuidados básicos. Contribuem para o aumento descontrolado do número de animais errantes e o problema só se agrava. A própria saúde pública fica em risco, uma vez que os animais abandonados não estão (normalmente) vacinados nem desparasitados, além de se cruzarem e transmitirem doenças entre si. E necessário deixar de criar soluções pontuais para este ou aquele caso, uma vez que o problema deve ser resolvido de raiz: na casa de cada um de nós. A partir do momento em que as pessoas deixam de abandonar, tudo o que se segue é diferente. É melhor. Não compre, não adote e não tenha animais em casa, se não tiver as condições para cuidar deles até ao fim da sua longevidade natural. Você é a vida dos seus animais.
Leia mais no Mundo dos Animais: - Guia de Ajuda Animal - A Dimensão do Abandono de Animais
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