TOP Magazine Edição 256

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Ricardo Amorim

pessoas / Ricardo Amorim: conselhos, previsões e anseios do especialista em finanças / Marcos Brandão e a arte de gerenciar talentos / mágica e ilusão de ótica no trabalho explosivo de Fabian Oefner / lifestyle / velocidade e alta performance sobre duas rodas / Camboja: relato de uma paixão / a história da Ferrari / carros coloridos só para quem tem ousadia e personalidade / moda / 100 anos de Chanel N°5 / o luxo atemporal da nova coleção da Bvlgari / beleza / a fórmula do sucesso da brasileiríssima Creamy / cultura / um livro sobre savoir-vivre, o fim de La Casa de Papel e a moda do luxo sustentável

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No trânsito, sua responsabilidade salva vidas.


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Sumário 10

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MODA

LIFESTYLE

PESSOAS

Sumário 44

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Capa

Marcos Brandão

Fabian Oefner

Ricardo Amorim faz previsões do setor econômico

Uma entrevista com o empresário de alguns dos maiores talentos do Brasil sobre gestão de carreira, redes sociais e os novos negócios ocasionados pela pandemia

Mágica e ilusão de ótica pelas lentes do trabalho explosivo do talentoso fotógrafo suíço

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Bikes

Camboja

A História da Ferrari

Carros Coloridos

Cada dia mais obrigatórias na cena urbana das grandes cidades, as bicicletas hoje aliam velocidade, performance e alta tecnologia sobre duas rodas

O relato apaixonado do diretor Luigi Dias sobre sua jornada de conexão com o Camboja, seu povo, sua cultura e seus sabores

A mágica de Enzo Ferrari para transformar sua pequena fábrica de esportivos em uma marca de renome desejada mundialmente

Cores fortes e tons pouco convencionais imprimem a personalidade e a ousadia de donos de super máquinas

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Chanel N°5

Bvlgari

O centenário do perfume mais famoso do mundo dá margem à um série de celebrações

A nova coleção Magnifica, da casa italiana, é uma ode à tradição artesanal e atemporal da grife joalheira

CULTURA

BELEZA

28 Creamy Acessível, inteligente e versátil, a marca de cosméticos brasileira que chegou para ficar

16 Mundo TOP O jogo do savoir-vivre em livro, a última temporada da Casa de Papel, luxo sustentável em alta e Havaianas para reciclar

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Colaboradores

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Quem Fez Miro Mestre da fotografia, ele empresta seu olhar e assinatura para nosso ensaio de capa com Ricardo Amorim

Milton Castanheira Há mais de 12 anos trabalha com o visual de celebridades e acredita que moda é um artifício de expressão artística. Nessa edição, assina o styling do ensaio de capa com Ricardo Amorim.

Ana Ana Maquiadora atuante no mercado publicitário há mais de cinco anos, Ana tem colaborado com editoriais na TOP. Nesta edição, ela assina o beauty de nossa capa.

Feco Hamburger É fotógrafo, artista e professor. Possui obras na Pinacoteca do Estado de São Paulo e na Coleção Itaú de Fotografia Brasileira. Nesta edição, ele retrata uma emocionante aventura de canoagem pelo Rio Jaguari, em Minas Gerais


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Publisher Claudio Mello

TOP Magazine | Studio Mundo TOP Editoras: Renata Zanoni e Vivian Monicci Editora convidada: Nathalia Hein Diretora de Arte: Rosana Pereira Assistente de Produção e de Mídias Digitais: Diego Almeida Projeto Gráfico Marcus Sulzbacher Lilia Quinaud Paulo Altieri Fabiana Falcão Colaboradores Texto Doris Bicudo, Feco Hamburger, Kike Martins da Costa, Luana Jimenez, Nathalia Hein, Roberto Marks Foto Fabian Ofean, Feco Hamburger, Luigi Dias, Miro Tratamento de imagem de capa Fujoka Editora Todas as Culturas Diretores Criativo: Bruno Souto e Lucas Buled Gerência de Relacionamento: Carolina Alves Produção Executiva: Camila Battistetti RP & Interface de Atendimento: Dianine Nunes Secretária Executiva: Carolina Kawamura Financeiro: Marcela Valente Circulação: Regiane Sampaio Assessoria Jurídica: Bitelli Advogados Pré-Impressão: Leograf Gráfica e Editora TOP Magazine é uma publicação da Editora Todas as Culturas Ltda. Rua Pedroso Alvarenga, 691 - 14º Andar - Itaim Bibi - Cep 04531-011 - São Paulo/SP Tel.: (11) 3074 7979 As matérias assinadas não expressam necessariamente a opinião da revista. A revista não se responsabiliza pelos preços informados, que podem sofrer alteração, nem pela disponibilidade dos produtos anunciados. /topmagazineonline

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Mundo Top UMA SELEÇÃO DE TUDO O QUE ESTÁ ACONTECENDO NO UNIVERSO DE LIFESTYLE / MODA / comportamento

A arte da etiqueta Livro O Savoir-Vivre É Um Jogo, de Geneviève d’Angenstein, chega ao Brasil A etiqueta francesa vai muito além de um conjunto de regras rigorosas a serem seguidas. Não adianta ter um grande conhecimento dos códigos comportamentais esperados pela sociedade e não saber sua história e o porquê de exercê-los. É com base nisso que Geneviève d’Angenstein – antropóloga e especialista em savoirvivre social e profissional e fundadora da escola Business Étiquette Paris, na França – ensina em seu livro O Savoir-Vivre É Um Jogo, que a arte da etiqueta tem muito mais complexidades do que se pensa. A obra mostra como a arte de viver em sociedade depende muito de como nos colocamos e nos mostramos. A autora defende que sem generosidade, a polidez e a cortesia tornam-se artificiais, e que saber o contexto histórico e antropológico do savoir-vivre ( a “arte de saber viver”, em tradução livre) é essencial para uma boa condução do seu dia a dia nos ambientes de trabalho e relações profissionais com colegas, clientes, reuniões e entrevistas de emprego. Dessa forma, Geneviève traz os diferentes olhares sobre o termo savoir-vivre e sua origem na França de Luís XIV, mostrando como os princípios seguem relevantes e aplicáveis para o século XXI, começando pelo respeito por si mesmo, o respeito ao outro e o equilíbrio entre os sensos de hierarquia e igualdade. Lançado originalmente em 2012, o livro ganhou este ano sua versão em português pela editora Sulin. Tem ilustrações exclusivas para a versão brasileira, feitas pela artista francesa Inès de Chefdebien, que ficou conhecida por seus trabalhos no ateliê do designer Jean-Charles de Castelbajac, e nas lojas de departamentos Le Bon Marché e Galeries Lafayette. Mais informações: editorasulina.com.br


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ENTRETENIMENTO / SUSTENTABILIDADE E MAIS


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Mundo Top


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série

O fim do maior roubo da história Última temporada de La Casa de Papel chega à Netflix em setembro e dezembro A série que parou o Brasil e o mundo vai chegar ao fim! Fenômeno internacional, La Casa de Papel conquistou milhares de espectadores que acompanharam os planos e aventuras dos criminosos mais amados da Espanha, no maior roubo da história. A quinta e última temporada traz o capítulo final dessa jornada, narrando o desfecho da missão no Banco da Espanha, conforme

forças que La Banda nunca teve que enfrentar antes entram no jogo e fazem o assalto virar uma guerra. Serão dez episódios divididos em dois volumes: a primeira parte da temporada terá foco em ação, com um ar tenso e agressivo, já que os personagens têm que lidar com situações extremas e inimigos poderosos. Na segunda parte, vamos ver como os membros de La Banda foram afetados emocionalmente pelos acontecimentos e como eles vão resolver essas relações, descobrindo seus destinos finais e fechando a despedida em um tom sentimental. A Netflix anunciou que o primeiro volume será lançado no dia 3 de setembro, enquanto o segundo chegará à plataforma no dia 3 de dezembro. Juntam-se ao elenco os atores Miguel Ángel Silvestre (que virou queridinho do Brasil como o personagem Lito, na série Sense8) e Patrick Criado. Mais informações: netflix.com.br


Mundo Top

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moda

Luxo sustentável Etiqueta Única e Iguatemi 365 lançam parceria Apesar de vivermos em uma sociedade baseada no consumo desenfreado, o público está cada vez mais consciente, principalmente no ramo da moda e do luxo. Assim, surgem empresas, iniciativas e projetos que trabalham para promover uma economia colaborativa e circular. Um exemplo disso é o Etiqueta Única, portal online de revenda de artigos de luxo originais seminovos, que conta com uma curadoria que verifica a autenticidade do produto, incentivando um consumo responsável e de acordo com a moda sustentável. Em parceria com o e-commerce Iguatemi 365, o Etiqueta Única oferece um benefício especial: o cliente que vender um produto em sua plataforma terá a opção de converter o valor de sua venda com adicional de 10% em créditos para compras dentro do marketplace virtual do Iguatemi. A ação tem como objetivo incentivar o desapego de peças que estão paradas, gerando rotatividade e estimulando um mercado mais racional. A funcionalidade entrou em vigor em junho deste ano e não tem data para acabar. “Fazer parte da construção de um ecossistema de consumo mais consciente, a partir da moda circular, é fundamental. Com essa parceria, estamos unindo a nossa credibilidade dentro do mercado de second hand com a tradicionalidade do Iguatemi, resultando em um aumento da conversão de compra através de um ciclo mais sustentável”, compartilha Nelson Barros, idealizador do Etiqueta Única. Mais informações: etiquetaunica.com.br


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moda

Descarte consciente Havaianas cria projeto que dá destino sustentável às sandálias Não há nada mais brasileiro do que os chinelos Havaianas. Não importa o estado, situação econômica, gosto musical ou estilo pessoal: é muito difícil encontrar um brasileiro que não tenha uma Havaianas. E levando em consideração o número de calçados que isso representa, surge uma dúvida: para onde esses chinelos vão quando os jogamos fora? Foi pensando nisso que a marca desenvolveu um programa que trabalha em cima da economia circular e reaproveita esses produtos, dando um destino responsável e adequado para eles após o descarte. Chamada ReCiclo, a iniciativa faz parte do Plano de Sustentabilidade da Havaianas e disponibiliza urnas de coleta de calçados usados em suas lojas, oferecendo uma solução fácil para consumirmos de forma mais consciente. A ação é feita em parceria com a Trashin, uma startup especializada em gestão de resíduos e responsável por coletar as peças e encaminhar para empresas de reciclagem, com uma rota logística projetada para ser carbono zero. Os chinelos em mau estado são

encaminhados para centros de processamento onde são transformados em novos produtos, como pneus e tapetes para playground. Já os em bom estado, passam por uma etapa de esterilização e são doados para o Instituto Tiago Camilo, que leva o aprendizado por meio da cultura e do esporte para periferias de São Paulo. As urnas para o descarte dos calçados foram colocadas em lojas da Havaianas em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Ilha Grande e lojas internacionais da Europa, América do Norte e Ásia.

Mais informações: havaianas.com.br




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Moda

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O auge da excelência e beleza INTITULADA MAGNÍFICA, A NOVA COLEÇÃO 2021 DA BVLGARI RESPLENDE O MELHOR DO ARTESANATO DA MAISON ROMANA


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Moda 26


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Por Luana Jimenez fotos Divulgação

3 min

Arte, perfeição e preciosidade: são essas as palavras que definem a nova coleção de alta joalheria e relógios high-end da Bvlgari, denominada Magnifica. A marca faz uma ode à tradição artesanal e ao esplendor atemporal da casa, e homenageia a imponência feminina e o aspecto eterno da cidade de Roma. O evento de lançamento ocorreu em Milão e apresentou os 350 itens que compõem a coleção. Capital italiana do luxo e da moda, a cidade foi escolhida pela primeira vez para sediar o desfile, como homenagem à luta e recuperação do local, que teve um dos piores cenários da pandemia de Covid-19 da Europa. Com mais de 60 designs e 122 peças inéditas, todas criadas artesanalmente e com exemplares que levaram até 2500 horas de trabalho para serem finalizados, é a coleção mais preciosa já feita pela Bvlgari em seus 137 anos de existência. Dessa forma, Magnifica também é um tributo à história da técnica artesanal de alto nível e à perícia e experiência dos profissionais da Maison romana. Dentre os destaques, o protagonista é o colar Imperial Spinel, que apresenta um espinélio raro de 131,24 quilates originário do Tajiquistão, o quarto no mundo em peso de quilates, ficando atrás apenas dos que foram colocados nas coroas imperiais russa e britânica. O colar Mediterranean Queen, por sua vez, possui cinco Turmalinas Paraíba, totalizando cerca de 500 quilates das gemas mais raras do mundo, que existem em uma proporção de uma turmalina para cada dez mil diamantes. A Bvlgari é mundialmente conhecida por seu compromisso na concepção de peças atemporais, e esse aspecto não foi diferente nesta coleção. A Magnifica honra o caráter moderno e, ao mesmo tempo, carrega em si toda a história da casa, em peças versáteis em termos estéticos e técnicos. Exemplo disso é o colar Ruby Metamorphosis, que pode ser ajustado e usado em comprimentos, estilos e formas variados, com até nove combinações diferentes. A coleção também fez uma homenagem à artista italiana Artemisia Gentileschi, que foi pioneira na quebra dos padrões e mudou a forma como as mulheres eram vistas no mundo das artes. A pintora barroca foi musa de joias que destacam diferentes faces do seu trabalho, como o colar Baroque Spiral, inspirado no interesse da artista pela geometria complexa dos espirais; e o colar Prodigious Colour, que fundiu algumas das marcas estilísticas mais distintas da Bvlgari com o uso ousado de cores que Artemisia apresentou em suas obras.

A nova coleção é uma ode à tradição artesanal e ao esplendor atemporal da casa Bvlgari


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Beleza

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Skincare para todos CONHEÇA A CREAMY, MARCA DE CUIDADOS COM A PELE 100% BRASILEIRA QUE ESTÁ REVOLUCIONANDO O MERCADO COM FÓRMULAS INTELIGENTES E PREÇO ACESSÍVEL


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Beleza

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Por Vivian Monicci fotos Divulgação

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Apesar de ser o maior órgão do corpo humano, a pele nem sempre recebe a necessária atenção. É com foco nesta questão que a Creamy Skincare desenvolveu uma linha de produtos para descomplicar o skincare e torná-lo mais acessível. A marca de cuidados com a pele 100% brasileira, cruelty-free e vegan-friendly foi lançada em 2019 pelo médico dermatologista Luiz Romancini, que observou em seu consultório a dificuldade de seus pacientes para manter uma boa rotina de skincare, por conta dos preços elevados dos produtos existentes no mercado. Em especial, os elaborados com alfa-hidroxiácidos, ácidos naturais derivados principalmente de plantas e frutas, que promovem a esfoliação química da pele. “Os primeiros lançamentos da marca foram os alfa-hidroxiácidos por serem ingredientes seguros, que trazem o efeito pretendido em curto prazo. Além de o processo de renovação celular proporcionado pelos ácidos ser acelerado e ter um efeito anti-aging a longo prazo, eles trazem muitos outros benefícios como controle de oleosidade, poros, acne e manchas”, explica Romancini. Ideal para todos os tipos de pele e faixas etárias, não demorou muito para a Creamy estourar nas redes sociais e se firmar no mercado. Já em 2020, com apenas um ano, os produtos chegavam e logo esgotavam no e-commerce oficial da marca. A fila de espera chegou a 100 mil pessoas. O motivo de tamanha revolução? “Trazemos fórmulas com combinações inteligentes de ativos que entregam o melhor resultado esperado para um cosmético. E tudo isso por um valor superacessível”, afirma Romancini. De fato, se levarmos em consideração as concentrações das substâncias em cada produto, os preços surpreendem, variando de R$ 59 a R$ 79. Hoje, a marca já soma mais de 400 mil seguidores no Instagram (@creamyskincare_) e conta com um público consumidor fiel e ansioso por suas novidades. A família de produtos também cresceu e passou de dois para cinco. São eles: Ácido Mandélico, que clareia manchas, hidrata e oferece brilho e firmeza; Ácido Glicólico, que hidrata e uniformiza a pele, melhorando cor, textura e reduzindo poros; Ácido Lático, o mais suave dos ácidos para renovar e hidratar a pele; Vitamina C, um anti-idade de ação prolongada que protege contra os radicais livres e luz solar; e o lançamento mais recente, Ácido Tranexâmico, que previne, clareia e uniformiza o tom da pele. “Dispensamos sensoriais e fragrâncias e trazemos fórmulas minimalistas que focam no efeito desejado. Além disso, nossas embalagens possuem design diferenciado e são seguras para prolongar a eficácia e durabilidade da fórmula e práticas de uso”, conta Romancini. A marca também apoia a reciclagem de embalagem e tem o selo EuReciclo. “Selecionamos os fornecedores cuidadosamente, pois matérias-primas de qualidade são uma de nossas prioridades, com impacto direto na performance dos produtos. Fazemos rigoroso controle de qualidade dos recebidos, sendo muito precisos na tarefa de dosar a concentração ideal dos ativos. Além disso, cuidamos da interação e sinergia entre os ingredientes, para criar uma fórmula verdadeiramente equilibrada. Cada etapa de produção é pensada e respeitada para criar o Creamy perfeito”, completa o médico. Mas é claro que por trás deste enorme sucesso existe também uma estratégia de marketing inteligente que ajudou a alavancar o negócio de forma natural. “Começamos apenas com dois produtos para tratamento (Ácido Glicólico e Ácido Mandélico) e sem grandes investimentos em mídia. Temos muita confiança em nossos produtos, por isso optamos por seguir de forma mais orgânica para que o nosso público testasse as fórmulas e conhecesse a marca através de resenhas espontâneas e imparciais. Felizmente a estratégia funcionou e o boca a boca foi, e ainda é, muito forte na divulgação da nossa marca”, explica Gabriel Beleze, cofundador da Creamy e fundador da Skelt Cosmetics. O empresário afirma também que o mercado de beleza está crescendo muito e percebe que os consumidores estão cada vez mais informados sobre ingredientes. Com base nisso, indica o próximo passo da marca: tentar a expansão internacional.

Ideal para todas as idades e tipos de pele, não demorou para a Creamy estourar nas redes e se firmar no mercado

As mentes por trás da Creamy: Luiz Romancini e Gabriel Beleze, os fundadores, e Henrique Beleze, COO do grupo Skelt


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Moda

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100 vezes Chanel N°5 AO CELEBRAR O CENTENÁRIO DE SEU LANÇAMENTO, O PERFUME MAIS FAMOSO DO MUNDO GANHA COLEÇÃO DE JOIAS, EXPOSIÇÕES E REMONTA AO FEMINISMO DE VANGUARDA E A VEIA TRANSGRESSORA QUE PERMEOU A VIDA E AS CRIAÇÕES DE COCO CHANEL


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Por Nathalia Hein fotos Divulgação | Chanel

O Chanel N°5 faz 100 anos como o perfume mais vendido no mundo: um frasco é comercializado a cada 30 segundos

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O centenário do perfume mais famoso do mundo vale muitas celebrações. A maior delas acontece em torno do lançamento de uma coleção de joias dedicada aos 100 anos da fragrância. “As peças foram concebidas como uma viagem pelos meandros olfativos da alma do perfume, desde a arquitetura do frasco até a explosão olfativa”, explica Patrice Leguéreau, chefe de criação da divisão de joias da Chanel. Ao todo, 123 peças compõem a coleção N°5; a principal delas, no entanto, não estará à venda. Trata-se do colar 55,55, cuja peça central é um diamante D (incolor) com lapidação octogonal que remete ao frasco do perfume e tem exatos 55,55 quilates. A pedra é rodeada por 104 diamantes redondos e 42 diamantes baguete, além dos diamantes em forma de pera em cascata em formatos diferentes, todos cortados à mão. Dedicada exclusivamente a exaltar a efeméride, a peça ganhará exposição no endereço da grife dedicada à alta-joalheria, na Place Vendôme, em Paris, e depois seguirá para o acervo do Patrimoine Chanel. O perfume faz 100 anos como o mais vendido do mundo, com um frasco comercializado a cada 30 segundos no planeta, uma média de meio milhão de vidros por ano, movimentando U$100 milhões no período. de mulher para mulher A história do Chanel N°5 remonta à da própria Maison, ou melhor, do nome por trás da grife. Gabrielle Chanel sempre agiu na vanguarda da cena francesa, responsável por derrubar padrões e desconstruir conceitos desde que lançou sua marca, em 1910. Não é de se espantar que tenha sido ela também a primeira costureira do mundo a encomendar um perfume para sua grife.


Ao perfumista franco-russo Ernest Beaux, encomendou uma “fragrância artificial como um vestido, algo feito à mão”, palavras da própria Coco. No briefing, ela ainda pedia um aroma composto que fosse o balanço perfeito entre o cheiro das moças ricas da sociedade parisiense - que usavam perfumes florais, porém sem personalidade- e o das prostitutas dos cabarés franceses, com odores sensuais, porém muito fortes. Foi a primeira vez que um perfume foi pensado por uma mulher para outras mulheres. Beaux partiu, então para uma série de experiências que resultaram em dez fragrâncias. Ao provar todas elas, Coco escolheu a de número 5, que além de maio, jasmin, ylang-ylang e sândalos, continha uma inédita alta porcentagem de aldeídos (grupo de compostos orgânicos caracterizados pela presença do grupo carbonila com odor irritante, mas agradável ao olfato à medida que o número de carbonos aumenta). A ousadia não ficou restrita à fragrância. Inspirado pelas linhas dos frascos de toilette Charvet (a camisaria mais antiga do mundo), a garrafa do Chanel N°5 era uma versão minimalista dos vidros rebuscados da década de 1920. Feito em vidro transparente com as bordas chanfradas, tornouse um ícone da elegância simples, mas cheio de referências. O frasco era arrematado pela rolha em feitio de diamante (também remetendo ao formato da Place Vendôme).

@Boris Lipnitzki | Roger-Viollet

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Coco queria uma fragância que fosse o balanço perfeito entre o aroma das damas parisiense e os das prostitutas francesas Em sentido horário, a partir da seta: em 1985, Andy Warhol desenhou uma serie cujo objeto era o frasco icônico; Coco Chanel e o bailarino Serge Lifar, em 1937; e a estilista, em 1936, em clique de Boris Lipnitzki


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A garrafa original, de 1921, trazia um “C” no selo de cera preta no gargalo, logotipo que foi substituído pelo brasão com os Cs entrelaçados da grife – referenciando os motivos geométricos de vitrais da capela do Mosteiro de Aubazine, onde Chanel passou sua infância. A peça, sob a supervisão e olhar vanguardista de Gabrielle, mais uma vez desconstruía padrões exagerados da época em prol de uma versão mais atemporal e sóbria. Foi, inclusive, alvo de uma reinterpretação criada por Andy Warhol em uma série de quadros que estampavam o perfume em 1985, imprimindo-o como um ícone da Pop Art. A história do perfume, alçado à categoria de ícone inimitável na cena olfativa, se alinha a todas as tendências do século 20, com seu status de fenômeno cultural global endossado por grandes personagens. Primeiro foi a própria Mademoiselle Chanel, ao estrelar a campanha publicitária do perfume, em 1937, na revista Harper’s Bazaar USA. Depois foi Marilyn Monroe nos anos 1950, ao revelar que, para dormir, “vestia” apenas duas gotas da fragrância. Depois disso, outras musas como Catherine Deneuve e Nicole Kidman serviram como embaixadoras do perfume em campanhas históricas da marca. O único rosto masculino do Chanel N°5 em 100 anos de história foi Brad Pitt, em 2012. A atual estrela do perfume é a atriz Marion Cottilard, que com seu irresistível “je ne sais quoi” estrela o novo filme da campanha, no qual dança sobre a lua e deixa impressa em sua superfície a silhueta do frasco.


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O perfume foi alçado à categoria de ícone inimitável na cena olfativa Em sentido horário, a partir da seta: Nicole Kidman posa como embaixadora da fragrância em campanha de 2004; Catherine Deneuve também foi embaixadora da marca; Brad Pitt, o primeiro homem a estrelar uma campanha do clássico perfume; Marion Cotillard, atual estrela do Chanel N°5; e Marilyn Monroe que, nos anos 1950, imortalizou a fragrância ao declarar que a única coisa que usava para dormir eram “duas gotinhas de Chanel N°5”


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RICARDO AMORIM FAZ PREVISÕES DO SETOR ECONÔMICO, ENSINA E DÁ DICAS DE EDUCAÇÃO FINANCEIRA EM PALESTRAS, CURSOS, LIVROS E NAS REDES SOCIAIS E SE DESTACA COMO UM DOS PRINCIPAIS INFLUENCIADORES DE ECONOMIA DO BRASIL. TUDO ISSO SEM PERDER A TERNURA DE UM OTIMISTA MOVIDO PELA PAIXÃO PELA VIDA E PELA FÉ NO SER HUMANO Por Nathalia Hein Fotos Miro Styling Milton Castanheira Beleza Ana Ana

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Blusa e casaco Brunelo Cuccinelli Calça e bota Ricardo Almeida Anel Júlio Okubo


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Ricardo Amorim

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Quando começou a cursar a faculdade de economia, Ricardo Amorim ainda tinha dúvidas sobre a carreira que gostaria de seguir. Curioso e incansável, pensou em ser professor, atleta, médico geneticista, físico, jornalista e administrador. Mal podia imaginar que, pouco mais de duas décadas depois, se tornaria um dos nomes mais conceituados e uma das principais referências em assuntos econômicos no Brasil. Palestrante, autor, apresentador, mentor, gestor de investimentos, empreendedor e influencer de economia mais destacado do setor – ele foi considerado a pessoa mais influente do mundo no Linkedin e soma quase um milhão de seguidores no Instagram –, Amorim é também um otimista inveterado, embora não deixe que isso interfira em seu radar e em suas previsões precisas do cenário econômico do Brasil e do mundo. Ao se aproximar do grande público através de sua atuação nas redes, percebeu uma nova vocação. “O que eu busco é tentar empoderar as pessoas para construírem os futuros e as vidas que elas gostariam de ter”, diz ele que, para concretizar esse sonho, planeja lançar um grandioso e ousado projeto de educação, onde um dos pilares principais será a oferta de educação financeira para os brasileiros. “Isso é uma das coisas que vai ter que acontecer se a gente quiser mudar o país”, afirma. Como você se tornou economista? Foi uma vocação ou uma escolha focada em uma carreira? Não fui eu que escolhi a economia, foi a economia que me escolheu. Eu tinha muitas dúvidas sobre qual carreira seguir.

Meu pai conversou comigo e falou que já que eu não sabia o que queria fazer, deveria estudar economia porque era a mais ampla de todas as opções, e sempre poderia me servir em vários setores diferentes. Eu fui fazer faculdade sem saber realmente o que eu queria, mas comecei a gostar e logo fui trabalhar na área. Segui por esse caminho e sempre gostei muito. Quem você considera sua grande inspiração? Eu tenho várias inspirações em áreas diferentes. Gandhi e Martin Luther King são duas referências que me inspiram muito, por mostrarem a capacidade da gente influenciar e mudar o mundo de formas inesperadas e que não necessariamente exijam conflitos. Uma busca de somar e não de dividir. Warren Buffett me inspira demais com essa postura de manter quem ele sempre foi, mesmo depois de se tornar um dos caras mais ricos do mundo. Também vejo muita sabedoria na forma como ele lida com várias questões práticas, particularmente no mundo dos negócios. Elon Musk e Richard Branson são duas inspirações pela ousadia e determinação com que cumprem seus objetivos. Eu adoro esporte e também tenho várias referências: o Ayrton Senna foi uma grande inspiração e na natação, que eu pratiquei por muitos anos, o Michael Phelps, maior medalhista da história. Quem é o Ricardo Amorim longe das redes sociais, das palestras e do mundo econômico? O que você gosta de fazer, sua rotina, seus prazeres? É interessante como a gente se sente

“Mais do que tudo, sou um curioso, acredito que essa seja minha grande missão na vida: ajudar a empoderar as pessoas com relação a seus sonhos”


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Full look Ricardo Almeida


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Full look Ricardo Almeida


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muito próximo das pessoas a partir da imagem pública delas, que na verdade representa só um pedaço da vida, e esse é o meu caso também. Então, a televisão, as palestras e redes sociais são apenas uma parte da minha vida. Eu diria que a menor parte de quem eu sou, no sentido de que, para mim, o mais importante são meus filhos, antes de mais nada, minha esposa, família e amigos. Esse lado da vida pessoal é cada dia mais importante, tem um peso maior e quero cada vez me dedicar mais a isso. Também sou um cara com um milhão de interesses diferentes. Faço esporte desde sempre, já pratiquei praticamente de tudo um pouco, adoro todo tipo de natureza, viajar (já estive em quase 80 países diferentes), conhecer novos lugares e culturas, e experimento qualquer comida diferente. Mais do que tudo acho que sou um grande curioso e alguém muito interessado no ser humano. Acredito que essa seja minha grande missão na vida: ajudar a empoderar as pessoas com relação a seus sonhos. E como acredita que pode se dar esse empoderamento? Bom, através das três áreas que mais me interesso, do ponto de vista profissional, que são economia, finanças e investimentos, empreendedorismo e inovação. O que os três têm um comum é possibilitar que as pessoas construam suas próprias trajetórias de vida. Do ponto de vista de economia e finanças, eu sempre digo que quem não consegue dominar bem o lado financeiro na vida, acaba tendo que planejar a vida para pagar as contas. E aí o dinheiro acaba virando um mestre e não um servo se você não souber colocar o dinheiro para trabalhar por você, você vai ter que trabalhar por ele. No lado do empreendedorismo, a mesma coisa: ninguém tem que ter

um negócio ou empreender no sentido clássico, mas tem que ter uma atitude empreendedora em relação à vida, à carreira e ao trabalho, trabalhar com algo onde sua alma está. No quesito inovação, a mesma coisa: ela tira os limites antes aceitos, faz buscar soluções novas para problemas velhos com os quais nos acostumamos e aceitamos. Inovação é a forma de construir um futuro melhor do que o presente e o passado. O que eu busco é tentar empoderar as pessoas para construírem o futuros e a vida que elas gostariam de ter. De acordo com levantamento recente da Universidade Johns Hopkins, você é o segundo brasileiro no ranking mundial de comentaristas de economia mais influentes. Como encara esta responsabilidade? Como você se tornou uma das pessoas mais influentes do mundo econômico? Stan Lee, criador do Homem-Aranha, eternizou a seguinte frase: “com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”. Eu acho que ser um influenciador em qualquer área traz grandes responsabilidades, porque acabamos ajudando pessoas a construírem sua própria forma de ver o mundo - e tem que ser uma ajuda, não uma imposição. Uma das coisas que tento fazer é educar as pessoas sobre como a economia, o mundo da inovação e dos negócios funciona, porque isso transfere o poder para cada uma, dá a capacidade de tomar melhores decisões, poderem ser mais felizes, construírem vidas mais legais. Isso para mim é ao mesmo tempo sensacional e uma grande responsabilidade. Eu nunca busquei por isso, foi acontecendo naturalmente: acredito que as grandes coisas da vida acontecem como consequência, não como uma busca.

“Ser um influenciador traz grandes responsabilidades, porque acabamos ajudando pessoas a construírem sua própria forma de ver o mundo”


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Quando foi criado, o slogan do Instagram era “compartilhar paixões”. Hoje, porém, o que mais se vê na rede são pessoas vendendo realidades inalcançáveis ou discutindo sem respeitar a opinião do outro. Como você vê o futuro das redes sociais? Quando surgiu o Instagram, eu demorei muito para entrar, pois achava que não tinha nada pra transmitir através de fotografias. Mas quando abriu para vídeos, entrei e acabei me rendendo à essa rede social, que hoje é uma das minhas preferidas - a minha favorita é o Linkedin onde, aliás, sou mais influente do mundo (com exceção de chineses e japoneses). Eu considero um problema as pessoas usarem as redes para mostrar uma versão editada das suas vidas, porque quem segue essas pessoas perde a clareza e acaba comparando sua própria realidade com “melhores momentos editados das vidas dos outros”, e isso é uma receita para a infelicidade. O segundo problema que eu vejo é que as redes criaram bolhas de pessoas que pensam igual, sem querer entender nada além daquilo. E a partir disso as pessoas passaram a ser antagônicas, agressivas e com incapacidade de ouvir o outro e ver o outro lado da questão. Essas duas coisas me preocupam demais e acho que são os dois lados negativos das redes. Você é um liberal tradicional que acredita no mercado e na individualidade das pessoas. De que forma você acha que a educação financeira poderia ser levada à população mais jovem, de maneira que o brasileiro se torne mais interessado e lúcido com relação ao universo da economia, seus reflexos na vida cotidiana e mitos? Uma coisa que precisa ficar clara é que eu acredito que liberalismo econômico é importante, em primeiro lugar, para ajudar a gerar mais riqueza e para que ela seja mais bem utilizada para gerar

mais oportunidades para todos. Eu não acho que liberalismo absoluto seja a solução em lugar nenhum do mundo, mas acho que, sem dúvida nenhuma, no caso do Brasil, há excesso de presença do Estado, o que gera uma deturpação onde muita gente tem como objetivo ser próximo de quem controla o controla e passa a “mamar nele”. Isso distorce todo funcionamento da economia brasileira e empobrece a sociedade. Mas isso não significa que eu não ache que a gente deva ter o Estado atuando para garantir oportunidades e educação básica para todos. Aliás, se ele está em tudo, por que não faz o pouco que e deveria fazer bem feito? Esse é o grande defeito. A educação financeira é fundamental, não apenas para melhorar diretamente a vida de cada um dos brasileiros, mas para melhorar o país. Tanto que pretendo lançar, em breve, um projeto grandioso de educação em que um dos pilares fundamentais será oferta de educação financeira de qualidade para os brasileiros, porque se a gente quer mudar o país, isso é uma das coisas que vai ter que acontecer. O objetivo é mudar essa realidade e devolver aos brasileiros a posição de motoristas de suas próprias vidas e do destino do país como um todo. A retomada econômica do Brasil está mais positiva do que se esperava. Se você fosse Ministro da Economia por um dia, qual seria sua principal ação? Em geral, a equipe econômica do atual governo tem feito um bom trabalho, em particular em resposta à pandemia, os resultados econômicos vêm sendo bons e só não foram melhores em função da péssima condução do Brasil no combate à própria pandemia, o que acabou encarecendo demais os custos para reativar a economia. Onde eu acho que a equipe econômica vem errando, basicamente, é

“Pretendo lançar um projeto grandioso de educação em que um dos pilares fundamentais será a oferta de educação financeira de qualidade para os brasileiros”


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na reforma tributária. A proposta enviada ao governo pelo congresso veio com um monte de problemas graves. O primeiro deles é que a ideia da reforma tributária é exatamente pelo tamanho dos gastos públicos pós-pandemia. O que aconteceu é que o governo gastou um dinheiro que não tinha. E parte desses gastos vem sendo incorporada de forma permanente, em particular com uma parte maior de gastos sociais, e esse dinheiro precisa ser pago de alguma forma. A forma correta de fazer isso seria cortando gastos públicos de forma agressiva do outro lado – e uma coisa importante para isso é a reforma administrativa. O Brasil já é um dos países emergentes que mais cobra impostos e está aumentando mais ainda essas taxas. Por conta disso, há algumas coisas no projeto que criam problemas graves, como a tributação sobre dividendos, um crime, porque basicamente o que ela vai fazer é reduzir a rentabilidade do investimento. Quando você reduz a rentabilidade do investimento, o investimento vai para outro lugar (onde a rentabilidade é maior) e isso pode matar o nosso ecossistema de inovação que vinha crescendo muito bem nos últimos anos, com perspectivas fantásticas. Tem gente do próprio setor dizendo que as empresas vão passar a investir em outros países e vão levar com elas empregos. O resultado vai ser um país com menos empregos, menos renda. Em resumo, é uma medida que empobrece os brasileiros. Não é o caminho. Se eu fosse Ministro da Economia por um dia, mudaria radicalmente. Eu expandiria a proposta de reforma administrativa e exigiria apoio do presidente junto ao congresso para que seja a primeira coisa aprovada e, segundo, eu expandiria

o programa de privatizações e dava mais competitividade e eficiência para a economia brasileira. Ainda, com os recursos arrecadados, sobraria espaço para fazer uma reforma administrativa que reduzisse o total de impostos pagos no Brasil e não aumentasse, como é a proposta atual. A pandemia trouxe algo de positivo para nosso país? O que aprendemos nesse período? Ainda é muito cedo para saber quais vão ser as consequências de longo prazo da pandemia no Brasil. Eu espero que sim, que possa haver algumas muito positivas, não só no Brasil, mas no mundo. Uma das coisas que o mundo ganhou foi dar mais importância aos valores essencialmente humanos. A questão do meio ambiente, o combate ao racismo, a inclusão e diversidade são temas que ganharam um impulso forte por conta da pandemia e isso é positivo. Acho que se formos capazes de aproveitar essas lições, talvez esse período tão duro seja visto como um marco importante no futuro, de aprendizados. Falando um pouco sobre o cenário eleitoral de 2022, você vê viabilidade política de uma terceira via sólida e quais seriam as ideias centrais dela - considerando que seus atuais membros são bastante pulverizados e diferentes entre si? Acho prematuro falar sobre a viabilidade de uma terceira via, mas hoje parece muito pequena. Daqui até as eleições muita coisa pode acontecer. Parece haver uma polarização muito grande entre Lula e Bolsonaro. Mas há coisas que podem mudar esse cenário pros dois lados. Independente disso tudo, o que eu acredito é que a terceira via precisaria representar

“Uma das coisas que o mundo ganhou com a pandemia foi dar mais importância aos valores essencialmente humanos"

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novidade. Em outras palavras, a gente precisaria de uma renovação verdadeira, alguém que possa, ao mesmo tempo, unir o país, que está dividido, e que tenha capacidade de dialogar e conciliar com adversários e não separar mais. Temos motivos para ser otimistas? Qual sua análise sobre a situação do Brasil a médio prazo? O que vai determinar se temos ou não razões para sermos otimistas com o futuro do Brasil é o que nós todos fizermos. Enquanto o brasileiro continuar esperando um salvador da pátria que vai resolver todos os problemas e que vai se comportar em relação à classe política como um torcedor de futebol que escolhe um determinado time, a gente não tem razão para ser otimista. Agora, se os brasileiros começarem a se responsabilizar por serem a mudança que a gente quer do país – em outra palavras, que todos nós cobremos todos os políticos, independentemente de preferências políticas, - eu acho que a gente pode ser otimista a médio e longo prazo no Brasil. Sem isso, imaginar um processo sustentado de melhorar fica muito mais complicado. Empreender no Brasil é... Um enorme desafio... Empreender não é fácil em lugar nenhum do mundo. É sempre um desafio tentar construir algo útil, importante, interessante, e se fosse óbvio, todo mundo fazia. Mas no

Produção Executiva Camila Battistetti

Assistente de fotografia Victor Juliano

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Brasil temos desafios específicos, uma disponibilidade limitada de capital para financiamento – um problema que está diminuindo, felizmente-, uma carga tributaria altíssima e uma burocracia brutal e desnecessária. Isso faz com que o empreendedor no Brasil em vez de focar no negócio, em melhorar o produto, o serviço e inovar, fique gastando tempo tendo que entender uma legislação conflitante, cheia de armadilhas. Uma mensagem de Ricardo Amorim aos leitores do Mundo TOP - sedentos por boas notícias... O Brasil e o mundo estão longe de serem ideais, mas uma coisa que pouca gente tem se dado conta é que, pra quem te vontade de impactar, deixar sua marca, a gente está vivendo a época de mais oportunidades que o mundo já ofereceu. O desenvolvimento de novas tecnologias importantes (inteligência artificial, 5G, realidade virtual, realidade aumentada, blockchain, etc) possibilita uma reconstrução da nossa forma de viver, de ser e de gerar negócios como a gente nunca teve. A mesma coisa vale para o aspecto social: a sociedade está passando por transformações gigantescas. Meu grande recado é: tome as rédeas da sua vida, saiba que é possível fazer, não aceite limitações imposta pelos outros ou pelas suas condições iniciais. A gente precisa se responsabilizar pelo que a gente pode fazer tanto coletivamente como individualmente.


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Encantador de estrelas EMPRESÁRIO DE ALGUNS DOS MAIORES TALENTOS DO BRASIL, MARCOS BRANDÃO EXPLICA COMO AS MÍDIAS SOCIAIS E A PANDEMIA CRIARAM NOVAS OPORTUNIDADES DE COMUNICAR E FAZER NEGÓCIOS


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Por Nathalia Hein fotos Divulgação

Lidar com a fama nunca foi um desafio para Marcos Brandão. O empresário de nomes como Marina Ruy Barbosa e Giovanna Antonelli se acostumou desde muito cedo ao universo das celebridades. Seus pais sempre tiveram amigos famosos e ter figuras públicas em seu convívio tornou-se algo corriqueiro. À frente da House Entertainment há 22 anos, Brandão não deixou que as redes sociais tirassem o foco do trabalho de seus talentos. Ao contrário, viu em novos canais oportunidades e novas formas de criar conteúdo e fazer negócios. “Talvez esse seja o grande segredo desse novo mercado: entender que o público quer consumir conteúdos construídos por pessoas e as marcas estão começando a entender a importância dessa humanização”, explica ele que, morando na Califórnia com a família, gerencia seus clientes com olhar atento. Na entrevista a seguir, ele conta como administra seus talentos e como as mídias sociais e a pandemia mudaram – para melhor – a forma de comunicar. Como aconteceu sua aproximação com o segmento do entretenimento e talentos? Os artistas sempre fizeram parte da minha vida. Desde a minha infância, lembro que meus pais eram amigos de algumas personalidades públicas que, inclusive, frequentavam nossa casa. Acho que por isso sempre tratei com artistas de uma forma muito natural. Eu me formei em Direito, comecei a trabalhar no mercado financeiro. Depois, acabei buscando a área de entretenimento e fui trabalhar com o

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Sérgio D’Antino em 1999. Nessa mesma época, fiz um MBA de administração esportiva na FGV e comecei a cuidar da área de consultoria jurídica de direito esportivo do escritório. Após um ano, houve uma reestruturação na empresa e eu assumi o agenciamento da filial da D’Antino no Rio de Janeiro – quando o ator Reynaldo Gianecchini entrou na agência e estava prestes a realizar seu primeiro papel na TV, na novela Laços de Família. E a ideia para criar a House, como aconteceu? Trabalhei na D’Antino durante cinco anos e, no processo, ajudei a implantar a D’antino Agentes Portugal. Em 2004, fundei a House. De lá para cá, já são 22 anos neste mercado e tive a oportunidade de representar grandes artistas. Atualmente, agenciamos personalidades como Glória Maria, Giovanna Antonelli, Marina Ruy Barbosa, Gabriela Prioli, Didi Wagner, Daniel de Oliveira, Samantha Schmütz e Edmilson Filho, entre outros artistas. De que forma a mudança brusca causada pelas redes sociais, com exposição do dia a dia e da intimidade das celebridades – antes apenas vista em revistas e sites especializados – impactou o mercado? As redes sociais trouxeram proximidade, visibilidade e acesso para as pessoas de um modo geral. Isso também inclui as celebridades que, por estarem em evidência, transformaram seus perfis nas redes sociais em grandes canais de mídia – acessando diretamente um grande número de pessoas, o que antes

“As redes sociais permitiram que o artista pudesse ter controle criativo sobre a mensagem e a narrativa – um processo que os aproximou do seu público”


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Em sentido horário, a partir da seta: Flavia Brandão, Lais Bartoli e Rita Seabra, Sócias de Brandão na House Entertainment


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somente era possível através dos meios de comunicação tradicionais (TV, jornais, revistas). Esta mudança de consumo gerada pelas plataformas digitais tornou possível ao artista criar conteúdos inéditos e diversificados para suas plataformas, aumentando e potencializando as oportunidades de negócios. As redes sociais também permitiram que eles pudessem ter controle criativo sobre a mensagem e a narrativa – um processo que os aproximou do seu público e criou conexões genuínas e duradouras. Quem determina a curadoria de “exposição” de cada um dos seus agenciados em suas redes sociais pessoais? Quais são os crivos? Entendemos que cada um dos nossos clientes tem suas particularidades e, por isso, temos um time específico de profissionais para atendê-los na House. Também temos parceiros estratégicos que nos dão apoio para construir essa curadoria de maneira que faça sentido para o talento, como assessoria de imprensa, agência de conteúdo digital, roteiristas, produtores, filmmaker, fotógrafos, maquiadores, etc. O envolvimento da House e deste time de profissionais nas postagens variam de acordo com o tipo de conteúdo a ser postado, sempre de forma colaborativa e nunca “determinando” o que o cliente deve ou não fazer. Respeitar e manter a essência, os valores e a espontaneidade dos talentos é fundamental para criar um conteúdo de qualidade que se conecte com a audiência de forma verdadeira e relevante. Sobre potencializar talentos e transformálos nos próprios canais de comunicação: como funciona essa dinâmica?

Potencializar talentos é usar as suas próprias histórias, experiências e gostos pessoais a seu favor – e não o contrário. Tradicionalmente, o mercado costumava impor certas narrativas e roteiros, na esperança do artista se encaixar naquela realidade fabricada. Hoje, defendemos a importância do processo inverso: entender o que faz sentido para o talento dentro daquele contexto e, se houver compatibilidade e verdade na mensagem, criar uma parceria onde o artista possa dar a sua perspectiva e seu olhar sobre determinado assunto. Esse “controle” sobre a narrativa transforma as mídias sociais em canais de comunicação únicos e personalizados, onde existe uma audiência que busca um conteúdo criado sob a ótica daquele talento. Talvez esse seja o grande segredo desse novo mercado: entender que o público quer consumir conteúdos construídos por pessoas, e as marcas estão começando a entender a importância dessa humanização. Na sua opinião profissional, quais os prós e contras da onda avassaladora de influencers e youtubers? E seu impacto no trabalho de talentos consagrados? Eu vejo artistas consagrados, youtubers e influencers, todos dentro do mesmo grupo: “talentos”. Estas nomenclaturas foram criadas como forma de atrelar a pessoa a uma determinada plataforma, mas, na verdade, todos eles se destacam pelo seu talento e capacidade. Também acredito que o mercado sempre consumiu e se espelhou em pessoas: antes, eram as celebridades de Hollywood; hoje, são pessoas mais próximas da nossa realidade. Influencers – no sentido de pessoas que influenciam –

“Potencializar talentos é sobre usar suas histórias, experiências e gostos pessoais a seu favor - e não o contrário”


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Em sentido horário, a partir da seta: Samantha Schmütz em evento do banco Santander; Gabriela Prioli, Embaixadora da Yves Saint Laurent Beauty; Giovanna Antonelli, em parceria com a marca Trusse; Glória Maria apresentando a live Unilever Talks


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sempre existiram, mas eram “consumidos” de outras formas. Na essência, pessoas são movidas e inspiradas por pessoas, e isso não vai mudar. Como isso impactou diretamente o seu trabalho? Os influencers são os fios condutores que conectam a audiência com o seu interesse final. O que está acontecendo é que o peso e a relevância das plataformas de mídia estão mudando, levando o eixo dos negócios na mesma direção. Novas portas geram novas oportunidades, mas também dividem a atenção do espectador. Os prós e contras estão associados à capacidade destes talentos de se adaptarem as novas mídias e continuarem sendo relevantes no seu segmento dentro destas novas plataformas. Nós trabalhamos com diversos talentos, entre eles artistas já consagrados que estão sabendo se posicionar e trafegar bem nas plataformas digitais – o impacto destas mudanças têm sido positivo e abre ainda mais o leque de negócios da agência. A pandemia restringiu shows, gravações, eventos. Como vocês mantiveram o ritmo e ainda aumentaram contratos diante de tantos impedimentos?

Se, por um lado, a pandemia atrapalhou e restringiu muitas coisas que necessitavam da presença física, por outro, acelerou em dez anos ou mais a evolução da cultura digital. Todos nós temos familiares e pessoas próximas que nunca tinham feito uma vídeo conferência ou uma compra online. Hoje, esse cenário mudou completamente! As pessoas se familiarizando ou já estão totalmente adaptadas a este novo mundo. Essa migração fez aumentar muito a demanda e o interesse por palestras e cursos online, aplicativos e novos formatos de ações publicitárias. O mundo se abriu ainda mais para a vida digital e aprendeu novas formas de manter a conexão entre pessoas. A necessidade de consumir conteúdo e entretenimento não desapareceu, apenas se transformou. Durante esse período, nós trabalhamos muito dentro deste novo formato online. Também utilizamos este tempo de pausa dos artistas para desenvolver alguns projetos de conteúdo e gravar alguns pilotos. É como qualquer mercado: o importante é se adaptar à nova realidade, saber identificar oportunidades e lidar com as limitações e desafios.

“Com a pandemia, o mundo se abriu ainda mais para a vida digital e aprendeu novas formas de manter a conexão entre as pessoas. O consumo se transformou dentro desse novo formato online”


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Marina Ruy Barbosa, em campanha da collab de sua grife, Ginger, com a Schutz


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Look do dia OS CARROS COLORIDOS IMPRIMEM A PERSONALIDADE DE SEUS DONOS: DO MAIS EXAGERADO AO MAIS COOL. OBJETO DE DESEJO DE COLECIONADORES, ELES SÃO CAPAZES DE TRANSFORMAR SONHOS EM REALIDADE Texto Doris Bicudo fotos Divulgação

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Uma característica de nós, humanos, é a de ter opinião. Eu, pessoalmente, tenho uma análise para tudo. E todos, na maioria das vezes. Difícil mesmo é voltar atrás. Quando surgiu a pauta de fazer uma matéria sobre carros coloridos fiquei entusiasmadíssima. ‘Vou falar mal’, pensei. Dar pinta por aí dentro de um possante de cor vibrante na minha cabeça é como ir a uma festa vestida de outro tom que não seja o preto. Aos meus amigos fashionistas peço desculpas mas mudei meu conceito depois de iniciar minha pesquisa sobre o tema. Oh céus, quem diria... Vamos começar pelo vermelho. Cor linda para batons e esmaltes e também para um Ferrari. Adoro “Ferraris” assim como Chanel. Já visitei até a fábrica em Maranello, na Itália. Fiquei impressionada como os carros são construídos em um paralelo entre o mais sofisticado da tecnologia com o artesanal. São tantas as opções para o comprador customizar seu carro que não saberia por onde começar. Ah, também amei os uniformes dos mecânicos: calça e camisa caqui. Alguns ainda arrematavam o look com um lencinho amarrado no pescoço. Luxo total. Descobri também que Janis Joplin foi a feliz proprietária de um Porsche 356 C, 1965, devidamente customizado por seu amigo Dave Richards. Até então, a única ligação com o setor automobilístico que dava conta que a roqueira tinha era do desejo por um Mercedes-Benz que ela implorava a Deus em uma canção. Também fiquei sabendo que os ladrões não são capazes de roubar um carro colorido. Por motivos óbvios. Já imaginou cruzar com alguém na


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Fiquei sabendo que ladrões não são capazes de roubar um carro colorido. Por motivos óbvios. Já imaginou cruzar com alguém na rua e ouvir que viu sua Ferrari amarela rumo ao desmanche?


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rua e ouvir que viu sua Ferrari “amarelo gema de ovo rumo ao desmanche? Por falar em gema de ovo, vamos dar uma popularizada, voltar ao tempo e deparar com o Brasília amarelo. Confesso que tive uma. Digo também que nunca me senti muito à vontade dentro dele. Escolhas que a vida faz para a gente sem se preocupar muito com a nossa opinião. Os esportivos que me desculpem, mas os tons fortes, na minha opinião, só valem para os Porsches e Ferraris. Em contrapartida, caem superbem para os utilitários. Se fosse comprar um 4x4 não hesitaria em escolher um verde-folha ou um azul-celeste, que ornam com as aventuras radicais. Para mim, carro colorido é como um All Star: só pode ser usado aos finais de semana ou nas férias. No mais, o pretinho básico – ou cinza metálico – é a opção. Vamos combinar que o seu sedã premium não tem nada a ver com a casa de praia. Assim como não é o caso chegar em uma festa black-tie a bordo de um carro que não é de luxo. Certo? Duas regras de conduta para as quais não existem exceções. Quantas vezes você, paulistano ou de outras cidades, já ergueu a mão para um carro branco que não fosse táxi? Eu, inúmeras. Mas não podemos generalizar o fato como um vexame urbano já que o branco – assim como o prata – é preferência nacional. Pesquisa aponta que as tonalidades foram as mais populares de 2014. O preto, coitado, amargou apenas 13% das escolhas. Enquanto os vermelhos e azuis ficaram com 8% e 2%, simultaneamente. Na Europa o branco também predomina com 25% e o preto, em segundo lugar, com 15%. Já nos Estados Unidos os vermelhos, azuis e verdes continuam predominando entre os modelos esportivos. Mas você que faz a linha conservadora quiser se arriscar a novas experiências pode customizar seu possante como bem entender. Acaba de ser lançada uma tinta spray que depois de seca faz uma camada emborracha sobre a pintura de seu carro. E sem danificá-la, segundo o fabricante. O produto chama-se Mundial Prime e cada lata pode ser comprada por R$ 40, aproximadamente. Uma latinha, vale lembrar, não chega a render quase nada. As customizações, por sinal, podem ser muito perigosas e não são imunes a micos. Imagina no primeiro encontro deparar com um carro ornamentado com a bandeira do time do coração? Dele, é claro. Mas como as coisas não estão fáceis para ninguém, a Rolls-Royce se prepara para entregar a maior venda de sua história: 30 unidades customizadas – ao gosto do comprador – do Phanton Extended Wheelbase vendidas de uma vez só para o empresário chinês Stephen Hung. Os automóveis farão parte da frota do hotel que ele deve inaugurar em 2016, em Macau. O luxo está estimado em US$ 20 milhões. Seguindo a linha carro-ostentação, o milionário árabe Humaid Abdalla ALbuqaish adora mostrar em seu Instagram suas duas paixões: animais ferozes e carros de luxo. Leões e tigres interagem com Ferraris vermelhos e Lamborghinis amarelos em total intimidade. Não importa o preço do sonho o que vale é realizá-lo. De um Fusca cor de rosa a um modelo de luxo criado sob medida, os adoradores de carros coloridos fazem parte de um seleto grupo que imprimem suas personalidades de uma forma simples e direta: com apenas um olhar podemos definir o quanto vaidosos eles são de suas máquinas. Exibicionistas? Talvez. Mas, como a gente, apaixonados por carros...

Os esportivos que me desculpem, mas os tons fortes, na minha opinião, só valem para os Porsches e Ferraris. Em contrapartida, caem superbem para os utilitários


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Equilíbrio e movimento SEIS MIL ANOS SEPARAM A INVENÇÃO DA RODA DOS PROTÓTIPOS DA BICICLETA. HOJE, VELOCIDADE E ALTA TECNOLOGIA ESTÃO EQUILIBRADAS EM DUAS RODAS Texto e Fotos Feco Hamburger Edição Claudia Berkhout

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O fascínio pela bicicleta muitas vezes começa como uma brincadeira de criança, um aprendizado que, segundo o ditado, nunca se esquece. O fato é que andar de bicicleta é uma operação lúdica e também complexa: mobiliza nossos reflexos com equilíbrio, movimento e velocidade. Aliando o corpo à tecnologia, a bicicleta é a máquina de transporte mais eficiente do ponto de vista energético que o homem já produziu. A distância percorrida por consumo de calorias é exemplar. Não por acaso, Pequim, Tóquio e Amsterdã são metrópoles cuja paisagem é preenchida por ciclistas e suas máquinas. O Brasil parece seguir nesse caminho, com a magrela tornando-se cada vez mais presente em nosso dia a dia. Até mesmo nas polêmicas conversas sobre políticas públicas. Se para alguns o ciclismo é sinônimo de mobilidade sustentável, para outros é também esporte. O contato com a natureza e com a adrenalina,


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além dos evidentes benefícios para a saúde, estão presentes em suas diversas modalidades: ciclismo de estrada, mountain bike, BMX, downhill, freestyle, ciclismo de pista, entre outros. Em comum, o desafio e a superação dos limites e obstáculos. É curioso notar que cerca de 6 mil anos separam a invenção da roda dos primeiros protótipos da bicicleta, no século 19. Hoje, 200 anos depois dos primeiros modelos rudimentares, eficiência e alta tecnologia estão equilibradas em suas duas rodas. Haja visto a Olímpiada do Rio de Janeiro, em que mais de 20 recordes foram estabelecidos nas várias provas do ciclismo. Materiais sofisticados como a fibra de carbono e o titânio, bem como tecnologias da indústria aeroespacial, são cada vez mais comuns nas máquinas de ponta: recursos como suspensão inteligente


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Nas descidas, o ciclista experiente atinge velocidades superiores a 120 km/h. Já nas subidas, dá-lhe pernas e pulmão


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e ciclocomputadores que fornecem informações insuspeitas como potência, cadência, altimetria, além, claro, de velocidade e GPS. Os acessórios também acompanham a batida, com capacetes aerodinâmicos, sapatilhas que aumentam o grau de segurança e desempenho, luvas com sinalizadores e óculos com realidade aumentada por aplicativos específicos. Mas por trás da máquina ainda está o elemento humano. Ariane Malohlava é prova disso. Para ela, pedalar é exercício de liberdade. Formada em educação física, Ariane ainda é triatleta e mais que uma assessora esportiva. Criadora e diretora técnica de As Corredeiras, uma equipe feminina, ela madruga em cima da bike com humor impressionante. Nos treinos leva sua turma para cima e para baixo com atenção, respeito e rigor. Afinal, não é fácil completar em segurança uma prova com mais de 100 km de extensão como o L’Étape Brasil, que caminha para a terceira edição. Com o selo do famoso Tour de France, a prova tem reunido na região de Cunha mais de 2 mil ciclistas amadores, desafiando as longas subidas e descidas das serras do Mar e da Bocaina, na divisa dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Nas descidas, o ciclista experiente pode atingir velocidades superiores a 120 km/h. Já nas subidas, dá-lhe pernas e pulmão. Não por acaso, já foram flagrados no circuito internacional ciclistas que simplesmente embutiram clandestinamente motores elétricos dentro do quadro da bicicleta. Aliás, cada vez mais podemos ver bikes elétricas desafiando as subidas e o trânsito de São Paulo. O ciclista amador Egisto Betti pratica o esporte há quase três décadas, e o entusiasmo só aumenta. “O ciclismo é um esporte que reúne tudo que eu gosto: adrenalina, natureza, tecnologia, além de permitir percorrer grandes distâncias e, principalmente, conhecer gente de todos os tipos.” Produtor e sócio da produtora Paranoid, Egisto treina de quatro a cinco vezes por semana, antes de ir para o trabalho. Viaja pelo Brasil e pelo mundo para praticar o cicloturismo e participar de provas. Serra da Canastra, Estrada Real, Provença e Utah são alguns dos lugares que conheceu a bordo de uma magrela. Exemplo de conquista tecnológica e interação homem/máquina, a bicicleta insiste em evocar o encanto da infância. Talvez por aliar autonomia e equilíbrio. Ao mesmo tempo, superar distâncias cada vez maiores em tempos cada vez mais curtos ou atingir velocidades improváveis são desafios que mobilizam o ciclista esportista. No entanto, se de um lado túneis de vento são utilizados no aperfeiçoamento das máquinas, nada substitui o prazer do simples vento na cara.

Se de um lado túneis de vento são utilizados no aperfeiçoamento das máquinas, nada substitui o prazer do simples vento na cara


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Segredo do sucesso

A MÁGICA DE ENZO FERRARI PARA TRANSFORMAR SUA PEQUENA FÁBRICA DE ESPORTIVOS EM UMA MARCA DE RENOME DESEJADA MUNDIALMENTE


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Por Roberto Marks fotos Divulgação

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Há mais de 70 anos, a Ferrari lançava seu primeiro modelo, o 125 C Sport, um roadster (conversível de dois lugares) de linhas bastante rústicas, até bem simplórias. Foi projetado especificamente para corridas. Este, por sinal, sempre foi o objetivo primordial da fábrica baseada na comuna de Maranello, província de Modena, Itália, e que viria a se tornar um ícone do automobilismo. Toda sua trajetória de sucesso será contada a partir nesta edição de TOP Magazine. Em suas memórias, Enzo Ferrari costumava lembrar que puramente o acaso acabou por transformá-lo em construtor de carros e, como consequência, personagem importante na história do automóvel. Ele afirmava que nunca imaginou concretamente ter uma fábrica e se não fosse “forçado” a se desligar da Alfa Romeo, em 1938, bem provavelmente se “aposentaria” após uma longa trajetória de bons serviços prestados à marca milanesa. Trata-se de uma das muitas curiosidades sobre esse personagem mítico que se definia apenas como “um agitador de homens e ideias”. Não tinha formação técnica e nunca projetou um carro, mas acabou sendo reconhecido como construtor de belos e desejados modelos esportivos. A paixão pelas corridas de automóveis foi a motivação que o guiou por toda sua vida. Uma paixão que começou quando tinha dez anos de idade ao assistir uma corrida em Bolonha. Piloto da poderosa equipe Alfa Romeo na década de 1920, juntamente com nomes famosos da época como Antonio Ascari, Giuseppe Campari e Ugo Sivocci, Enzo foi aos poucos deixando de pilotar para assumir funções do outro lado do “muro” como organizador e chefe de equipe, além de também atuar na área comercial da Alfa. As mortes na pista de Ascari e, principalmente, do seu grande amigo Sivocci devem ter influenciado nessa mudança, apesar de nunca admitir isso de forma direta em suas memórias.

Em suas memórias, Enzo Ferrari lembrava que foi puramente o acaso que o transformou em construtor de carros

Em sentido horário, a partir da seta: O jovem Enzo Ferrari foi piloto da poderosa equipe Alfa Romeo na década de 1920. A mecânica refinada já se destacava no motor V-12 desenhado por Gioachino Colombo, com bloco e cabeçote em alumínio


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Em sentido horário, a partir da seta: Os primeiros modelos da marca eram basicamente carros de corrida adquiridos por pilotos diletantes. Em dez participações, a Ferrari venceu oito vezes a Mille Miglia. Ao lado o modelo 340 MM, ganhador da edição de 1953


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A Mille Miglia foi um domínio da Ferrari, mas também palco de uma tragédia

Bem-articulado e bom negociante, conseguiu convencer um grupo de amigos a apoiá-lo financeiramente na fundação da Scuderia Ferrari, em 1929, mas continuou vinculado à Alfa Romeo. O empreendimento tinha a finalidade de apoiar pilotos independentes, que corriam com modelos Alfa, e também atuou em competições de motos. Com a estatização da fábrica de Milão, nos anos 1930, a Scuderia passou a representar oficialmente a Alfa Romeo nas pistas até ser incorporada pela própria marca, em 1937. Um desentendimento com o espanhol Wifredo Ricart, na época chefe de engenharia da Alfa Romeo, forçou seu desligamento da fábrica milanesa. No acordo de rescisão de contrato, em 1938, ficou proibido de usar seu próprio nome em qualquer outro negócio pelos cinco anos seguintes. Em compensação, com a indenização recebida pôde fundar a “Auto Avio Costruzioni”, em 1939, especializada no desenvolvimento de projetos e construção de automóveis e aviões. Nas instalações originais da Scuderia, em Modena, Ferrari criou seu primeiro modelo, o Auto Avio 815, que na verdade não passava de um “eteceterini” (derivado), pois utilizava basicamente mecânica Fiat. Mesmo assim, de maneira bastante original, projetou um oito-cilindros em linha, de 1,5 litro, a partir da junção de dois motores de quatro cilindros do sedã Fiat 508C. Duas unidades foram construídas para participar da Mille Miglia de 1940. Apesar de liderarem boa parte da competição na sua categoria, ambos abandonaram a prova. Um deles era pilotado por Alberto Ascari, filho de Antonio. A Segunda Guerra Mundial interrompeu as atividades automobilísticas, mas possibilitou a empresa se capitalizar e desenvolver know-how fabricando máquinas operatrizes e peças de avião. Isso permitiu a construção de novas instalações em Maranello inauguradas em 1943, ao mesmo tempo em que a fábrica se especializou na moldagem de componentes em alumínio para aviões, o que se tornaria seu grande trunfo após a guerra. Na mesma ocasião, pôde utilizar seu sobrenome novamente, incorporado à denominação da empresa. Passou a ser Auto Avio Costruzioni Ferrari, até 1957, quando se denominou apenas Auto Costruzioni Ferrari. Na primeira fase das atividades, depois da guerra, o foco foram basicamente as corridas, e os primeiros carros se caracterizavam por acabamento rústico, típico de competição. Mas a mecânica era refinada principalmente no que se referia ao motor V-12 desenhado por Gioachino Colombo, com bloco e cabeçote em alumínio. Essa foi uma orientação de Enzo, admirador dessa configuração, que proporcionava não só potência específica superior, mas também um ronco inigualável. O sucesso nas pistas alimentou a mítica do Cavallino Rampante, símbolo da marca (homenagem ao piloto de aviões Francesco Baracca, herói da Primeira Guerra Mundial, morto em combate em 1918). Começou a cativar admiradores pelo mundo, apesar da produção bastante reduzida e preços astronômicos fazerem de seus modelos esportivos uma exclusividade. Mas para os “tifosi” (torcedores), isso nunca teve importância, como definia o próprio Enzo: “Um Ferrari não se compra, não se possui. Um Ferrari se admira e deseja, assim como a uma mulher e, se possível, tenta-se conquistá-la”.


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A produção dos cobiçados Grã-Turismo foi se ampliando conforme a marca se destacava nas pistas. E uma coisa alimentava a outra, já que a comercialização das berlinettas de rua possibilitava os pesados investimentos em competições. Não se pode esquecer que a parceria com o designer Pininfarina contribuiu diretamente para a marca se tornar um objeto de desejo. Por sinal, o termo berlinetta foi Enzo quem cunhou para denominar as pequenas berlinas (sedãs, em italiano) que fabricava. Apesar de charmosas e cativantes, não eram muito refinadas e nem um pouco confiáveis. Caprichosas, costumavam abandonar seus proprietários à própria sorte no meio do caminho. Exigentes, precisavam de cuidados constantes e caros na manutenção. Temperamentais, humilhavam aqueles que não tinham intimidade com “máquinas” de elevado desempenho. Mas isso não afetava em nada a demanda. Afinal, quem pretendia desfilar com belas e charmosas “companheiras” deveria estar preparado para tudo isso.


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No começo, o foco da Ferrari foram basicamente as corridas, e os carros tinham acabamento rústico, típico de competição Em sentido horário, a partir da seta: O primeiro modelo Ferrari, 125 C Sport, era um roadster de linhas simplórias e ainda não carregava o emblema do Cavallino Rampante. Em sua segunda participação em corrida, o modelo 125 C venceu o Grande Prêmio de Roma, no circuito Caracalla.


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Em 1960, quando virou sociedade anônima, passou a ser denominada oficialmente SEFAC – Società Esercizio Fabbriche Automobili e Corse. Na época surgiu uma piada no meio automobilístico italiano que definia SEFAC como Sempre Enzo Ferrari “Anche Cambiando” (também mudando). Antes disso, entretanto, a empresa enfrentou momentos tão gloriosos como tormentosos, com conquistas de vitórias memoráveis e acidentes fatais que marcaram sua trajetória. Morte do filho Ao mesmo tempo em que sofria com a agonia do filho primogênito, Alfredo — que morreu vítima de distrofia muscular, uma doença congênita, com apenas 24 anos de idade, em 1956 —, Enzo também foi acusado pela morte de diversos pilotos que correram com os carros de sua equipe. Nessa época, o automobilismo de competição era uma atividade muito perigosa. A começar por ninguém menos que Alberto Ascari. O bicampeão mundial de pilotos em 1952/1953, com Ferrari, sofreu um acidente fatal ao volante de um biposto 750 desta marca na pista de Monza, em 1955. Na época, Ascari já era piloto da Lancia, mas pediu para dar algumas voltas no carro que dividiria com Eugenio Castellotti numa prova de carros esporte. Depois, uma sequência sinistra vitimou o próprio Castellotti e Alfonso de Portago, em 1957, além de Luigi Musso e Peter Collins, em 1958, todos pilotos oficiais da Scuderia. O mais especulado foi o que vitimou o marquês espanhol Portago e seu acompanhante, o jornalista americano Ed Nelson, na Mille Miglia de 1957, além de mais nove espectadores. O jornal oficial do Vaticano, L’Osservatore Romano, chegou a comparar Ferrari ao deus mitológico Netuno, que enterrava os próprios filhos. Isso chocou Enzo, ainda abalado com a morte prematura do próprio filho. Também foi indiciado em um processo criminal, no qual acabou sendo absolvido posteriormente. No começo dos anos 1960, com pouco mais de 15 anos de atividades, já era marca admirada mundialmente. Chamou a atenção de ninguém menos do que Henry Ford II, neto do homem responsável pela popularização do automóvel. Ele não conseguia entender como uma fabriqueta localizada em região rural do norte da Itália e que, sofridamente, conseguia montar de um a dois carros por dia, ganhava proporcionalmente mais espaço e repercussão na imprensa do que a Ford, que produzia milhares de carros diariamente e gastava milhões de dólares em propaganda. Como ninguém lhe deu uma resposta convincente, Ford II embarcou no seu jato particular — na época, um dos poucos que podia desfrutar desta

Ferrari construiu modelos míticos. Um dos mais admirados é o 250 GTO — Gran Turismo Omologata — do começo dos anos 1960

O modelo GTO dominou as corridas de Gran Turismo na década de 1960, até aparecer o AC Cobra


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Em sentido horário, a partir da seta: O modelo 250 LM foi desenvolvido para destacar o domínio da Ferrari na tradicional corrida 24 Horas de Le Mans e venceu a prova em 1965. O 250 LM participou de diversas competições internacionais. Em Le Mans, um dos carros da Ferrari pegou fogo.

A Ferrari dominou as provas de longa duração na primeira metade da década de 1960 e obteve seis vitórias seguidas em Le Mans

exclusividade — e foi perguntar ao próprio Ferrari. Este costumava lembrar que, ao mesmo tempo em que ficou intrigado, também se sentiu lisonjeado com tão ilustre visitante, o neto de alguém que ele muito admirava. E quando Ford II lhe perguntou qual era o segredo de seu sucesso, o italiano saiu com uma de suas curiosas divagações: “Se eu comprar um Ford não vai interessar a ninguém, mas se Henry Ford II comprar um Ferrari, com certeza no dia seguinte vai ser notícia em todos os jornais”. O americano parece que gostou da resposta. Até resolveu fazer uma sondagem para adquirir a fábrica italiana. Bom negociante, Enzo não disse sim, nem não, mas que estudaria uma proposta, caso fosse interessante. Assim, firmou-se um acordo para uma comissão de auditores da Ford fazer uma avaliação completa da situação financeira da companhia e definir valores para a negociação. Mas o processo foi interrompido de forma abrupta. Como faziam muitas perguntas e não lhe davam nenhuma resposta, os auditores de Ford logo desagradaram Ferrari profundamente. Após um de seus ataques de fúria, mandou expulsá-los da fábrica, sem nenhuma cerimônia, e considerou a negociação encerrada. O que poucos sabem é que ficou muito irritado como uma nota publicada em uma popular revista americana, em junho de 1963, dando como favas contadas a compra pela Ford. Para ele, sua empresa não estava à venda. Segundo declarou na época, não era do dinheiro que precisava. Na verdade, pretendia fazer uma associação com um grande grupo para poder manter sua paixão viva pelas corridas. Isso também impediria que sua fábrica tivesse fim semelhante à da Bugatti, que teve de encerrar suas atividades após a Segunda Guerra Mundial, ou da Maserati, que mudou de dono e perdeu sua identidade. O sonho era conservar a marca viva, mesmo após sua morte.


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Plano de vingança A decisão de interromper as negociações de maneira unilateral irritou Henry Ford II tremendamente, que jurou “vendeta” e prometeu arrasar a Ferrari nas pistas. O executivo americano não economizou recursos e foi atrás de especialistas como o ex-piloto americano Carroll Shelby e o projetista inglês Eric Broadley, dono da fábrica de carros de corrida Lola, para desenvolver seu plano de vingança. Enquanto o projetista Tony Southgate desenvolvia na Lola o protótipo do Ford GT 40, Shelby já estava competindo em provas de carros esporte com um AC, rústico modelo esporte inglês projetado na década de 1950 no qual adaptou o motor Ford V-8 de 4,7 litros e o rebatizou como AC Cobra. Com o suporte da engenharia da fábrica americana, o projeto do AC foi modernizado e equipado com um monstruoso motor de 7 litros e 485 cv para ser inscrito no Campeonato Internacional de Construtores de Grã-Turismo de 1965. Na época, essa categoria era dominada pela Ferrari com o mítico modelo GTO, que tinha motor V-12 de 3 litros e 300 cv. Como viu que não teria nenhuma chance contra o “monstro” de Detroit, Enzo Ferrari apelou e ameaçou abandonar as competições, inclusive de Fórmula 1, como forma de pressionar a FIA (Federação Internacional do Automóvel) a


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“O sucesso nas pistas e a beleza dos carros fizeram a fama da Ferrari e provocaram a “inveja” de Henry Ford II

Os modelos 330 P3/4 são considerados dos mais belos carros de corrida já fabricados e enfrentaram os poderosos Ford GT 40


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não homologar o Cobra. Para ele, era um modelo híbrido e deveria competir em uma categoria específica: Força Livre. Como não teve sucesso, voltou-se contra a CSI (Comissão Esportiva Italiana) alegando que esta não lhe deu suporte na briga contra a FIA. Isso foi em setembro de 1964, logo após sua equipe ter vencido o GP da Itália e colocado o piloto inglês John Surtees na briga direta pelo título do Mundial de Fórmula 1. Como as duas últimas etapas desse campeonato seriam nos Estados Unidos e no México, Ferrari, em uma de suas ações teatrais, mandou inscrever os carros de sua equipe pelo N.A.R.T. (North American Racing Team), o importador oficial da marca na América. Em outra decisão ousada, também mandou pintar os monopostos de azul e branco, as cores oficiais dos Estados Unidos nas pistas. Uma exceção histórica ao vermelho tradicional. E, apesar de não vencer nenhum dos dois GPs, Surtees obteve dois segundos lugares somando os pontos necessários para se tornar campeão mundial de pilotos correndo com um Ferrari “americano”. Um golpe de mestre e que repercutiu espetacularmente na imprensa local. Pode-se imaginar o que Ford II deve ter achado disso...


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A Ferrari participou de praticamente todo tipo de competição, inclusive da série norte-americana Can-Am

Desenvolvido tendo como base o 330 P4, o 612 Can-Am tinha motor de 6,2 litros e potência de 630 cv


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A jornada da minha vida

FOI EM PHNOM PENH, ÀS MARGENS DO RIO MEKONG, QUE O DIRETOR LUIGI DIAS DESCOBRIU O CORAÇÃO DO CAMBOJA. NO RELATO A SEGUIR, ELE CONTA COMO SE APAIXONOU PELO PAÍS, SEUS SABORES E SUA HISTÓRIA


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Texto e fotos Luigi Dias

É em Phnom Penh, às margens do Rio Mekong, que bate o coração do Camboja

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“Viajar para o Camboja e não visitar Phnom Penh é como ir para o Japão e não conhecer Tóquio.” A frase da minha esposa traduz de forma brilhante a sensação de ser apresentado à capital desse pequeno país do Sudeste Asiático. Hoje parece mais que óbvio colocar Phnom Penh na rota da sua viagem, uma vez que é nessa charmosa cidade, às margens do Rio Mekong, que bate o coração desse grande país. Phnom Penh está mais linda do que nunca, mais limpa e organizada; e, nos últimos cinco anos, vivenciou um aumento significativo de novos restaurantes e bares, alguns extremamente luxuosos e sofisticados, outros mais intimistas, mas todos originais. De qualquer forma, nossa jornada começou pelo norte do país. Siem Reap é a “Trancoso do Camboja”. Se você está familiarizado com o paraíso baiano, sabe do que estou falando: paz quando você precisa de paz, bagunça quando está a fim de bagunça. Além, é claro, de muita natureza e história antiga. Lembremos que o Camboja foi colônia francesa por décadas, e essa herança ainda se faz presente na arquitetura e, principalmente, na culinária do país. Ou seja, no café da manhã, acostume-se a uma deliciosa sopa de noodles de arroz, lado a lado com o melhor pain au chocolat da sua vida, ou um sanduíche de patê de porco com salada de apaia numa baguette crocante. É comum que turistas mais conservadores evitem estabelecimentos de rua e lugares mais populares na hora de fazer uma refeição. O que é uma grande besteira, na minha opinião. Vá por mim: jogue-se, aproveite e descubra novos e excitantes sabores, e encare Siem Reap como uma espécie de iniciação do que virá pela frente.


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Angkor Wat, Ta Prohm, Bayon...todo mundo tem um templo preferido. Alguns são mais acessíveis, outros ficam embrenhados em distantes florestas de matas verdejantes. Se tiver tempo e disposição, pegue um guia local que fale inglês ou espanhol e visite todos. Se for mais aventureiro, alugue uma bicicleta e faça sozinho o próprio roteiro. Não existe mistério para chegar no Camboja. Quinze dias é o tempo que considero ideal para conhecer diversas regiões do país de forma tranquila. Entre os meses de novembro e fevereiro, as chuvas são praticamente inexistentes, e as temperaturas ficam mais amenas, em torno dos 25ºC. Durante as monções pode chover muito, mas florestas e campos de arroz estão no auge da sua beleza, verdes e exuberantes. E como é baixa temporada, você ainda consegue melhores preços de estadia, com menos turistas na hora de visitar os templos. De Siem Reap você tem duas alternativas para ir até Phnom Penh. Uma delas é pegar um barco de rio francês, com espaçosas cabines e deck com bar e restaurante, e gastar dois dias descendo o Rio Tonlé Sap, ao lado de vilarejos ribeirinhos. Ou simplesmente pegar a estrada! Nessa minha terceira incursão pelo país, resolvemos ir de carro até Battambang, uma província a oeste de Siem Reap, numa viagem de quatro horas por lindas e bucólicas estradas ladeadas por arrozais infinitos. Battambang fica muito próxima à fronteira com a Tailândia — o que faz dessa província um destino único e bem interessante. As diferentes etnias da região vivem em perfeita harmonia nesse lugar, que é praticamente um museu vivo do Camboja colonial, com construções francesas ainda de pé — algumas intactas, em excelente estado. A enorme oferta de comida de rua (chinesa, tailandesa e cambojana) dará novas cores a essa etapa da

Quinze dias é o tempo que considero ideal para conhecer as diversas regiões do país de forma tranquila e criar intimidade com cada lugar


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A ilha tem vocação para sensibilizar e educar o público sobre as questões ambientais, sobretudo as marinhas


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viagem, que não deve durar mais do que dois dias para ser desfrutada. Saindo de carro até Phnom Penh você levará cerca de cinco horas. E cada minuto dessa viagem será especial — acredite. Logo na entrada da capital, você verá que a coisa muda de figura. Mais gente, mais carros, mais motos — Siem Reap e Battambang parecerão apenas um sonho distante depois que você cair nas garras de Phnom Penh, uma espécie de Copacabana da Ásia. Mas, apesar da ótima comida e dos bares inesquecíveis, é preciso fazer um passeio emocionante pelo centro de detenção S21 e os Campos da Morte. E tem mais, muito mais pra descobrir, entre templos e palácios. Seria Paris ou Istambul? Não, apenas Phnom Penh. O Camboja é um país budista, muito seguro e pacífico, e isso faz toda a diferença.

As feridas ainda abertas pelo passado recente de guerras não interfere no sorriso doce dos cambojanos


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Mas você começa a se apaixonar pelo Camboja muito antes de comprar a passagem, estudando a sua intrigante história antiga, o romantismo do período colonial francês e seu terrível passado recente de genocídios e guerras. Algumas feridas ainda estão abertas, mas o sorriso e a simpatia do povo cambojano não deixarão transparecer. Portanto, assista aos filmes, leia os livros, faça sua lição de casa antes de ir. Como Catherine Deuneuve em Indochina, ou o repórter de guerra Sydney Schanberg de Os Gritos do Silêncio, crie seu próprio personagem dentro desse filme, aproveite e viva intensamente e sem medo esse pequeno pedaço do mundo, que tem tudo para ser o lugar mais inesquecível da sua vida.


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Máquinas em desintegração IMAGENS PRODUZIDAS PELO FOTÓGRAFO SUÍÇO FABIAN OEFNER SIMULAM A EXPLOSÃO DE CARRÕES Texto Kike Martins da Costa Fotos Fabio Oefner

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“Minha ideia era capturar o exato instante em que um carro explode, só que esse momento nunca existiu”


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As imagens produzidas pelo fotógrafo suíço Fabian Oefner exploram as fronteiras entre tempo, espaço e realidade. Em seu estúdio, a 100 km de Nova York, na cidadezinha de Danbury, no estado de Connecticut, ele cria momentos ficcionais que parecem absolutamente reais, só que nada ali é exatamente o que se observa à primeira vista. Ao abrir e dissecar carrões como Ferraris, Porsches, Bugattis e Mercedes na série “Desintegrating”, ele monta digitalmente imagens que se assemelham a explosões e revela como essas máquinas são por dentro. “Minha ideia era capturar o exato momento em que um carro explode, só que, na verdade, esse momento nunca existiu”, resume Oefner. “Sinto um prazer único e inexplicável ao construir artificialmente um momento. Ter o poder de congelar o tempo, para mim, é algo fascinante e entorpecedor”, completa. Seu trabalho metódico exigiu que cada peça fosse fotografada individualmente, uma a uma, das maiores molas aos mais diminutos parafusos, para depois ser posicionada na tela do computador numa escalafobética composição que geraria essa impressão de desintegração, de desmontagem acontecendo na frente dos olhos de quem a observa. Cada foto é, na verdade, uma montagem composta por centenas de outras imagens meticulosamente produzidas. “Cada peça tinha de ser clicada numa perspectiva exata, para que ficasse perfeita na hora de formar a imagem final. Isso deu um trabalho enorme, e muitos desses componentes tinham de ser suspensos por agulhas, fios de nylon e cola para que a gente pudesse retratá-la da maneira correta”, conta o fotógrafo. Os primeiros trabalhos da série “Desintegrating” foram realizados nos anos de 2012 e 2013, a partir de miniaturas de modelos icônicos com o Mercedes-Benz 300 SLR Coupe 1954, Jaguar E-Type 1964 e Ford GT40 1969. Apesar de altamente inovadoras e impactantes, as imagens não resistiam a um olhar mais cuidadoso, que permitia notar que alguma engrenagem ou algum rolamento estava fora de escala. A exceção é a Ferrari 330 P4 1967, cuja composição (ou melhor, decomposição) transmitia uma incrível sensação de realismo. “Na primeira vez que exibi essas fotos, a maioria das pessoas acreditava


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que as imagens haviam sido registradas por uma câmera com um obturador absurdamente veloz. Mas a realidade é que o meu trabalho é exatamente o oposto disso. Cada imagem demorou meses para ser produzida. São, possivelmente, as mais lentas imagens em alta velocidade de todos os tempos”, ri o fotógrafo. Anos depois, em 2016-2017, Oefner lançou a série “Desintegrating 2”, que levou sua proposta a um outro patamar, bem mais aperfeiçoado e acurado. Não por acaso, nessa segunda leva os “modelos” que “posaram” para as fotos eram carros de verdade. Fazem parte dessa série as imagens do Maserati 250F 1957 e do Lamborghini Miura SV 1972, que tem uma história interessante. “Este foi o primeiro automóvel de verdade com o qual trabalhamos nessas séries. Um amigo


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“Ter o poder de congelar o tempo com as minhas imagens é algo facinante e entorpecedor”

meu conhecia um colecionador que estava prestes a restaurar seu Miura, e ele me ofereceu o carro para que eu pudesse fotografar cada uma das peças que seriam retiradas daquela relíquia. Foi complicado trabalhar fora do meu estúdio, em uma garagem na cidadezinha de Sant’Agata Bolognese, ao lado dos mecânicos desmontando o carro, em pleno verão italiano. No total, foram 1.500 fotos diferentes para compor a imagem final. Mas valeu. Ao final desse processo todo, eu havia descoberto todos os segredos daquele carro. Cada vez que vejo um modelo semelhante, eu olho para ele penso: ‘Te conheço, hein?’. Isso é muito engraçado, é como se tivéssemos ficado íntimos”, conta o fotógrafo.


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Em 2018, para celebrar os dez anos de um de seus motores de maior sucesso, a Audi contratou Oefner para “explodir” e “desintegrar” um lindo R8 V10. As elegantes linhas da frente do veículo, que aparecem intactas na foto, contrastam com os incontáveis componentes que aparecem caoticamente voando após a “explosão” engendrada pelo fotógrafo suíço. Como bem definiu Maximilian Büsser, fundador e curador da M.A.D. Gallery, que representa comercialmente Fabian Oefner, as obras do fotógrafo são exemplos perfeitos de que a engenharia e a mecânica podem gerar imagens poderosamente bonitas. “Enxergar esses carrões superesportivos assim fragmentados é algo que altera a nossa percepção das coisas. Isso é pura arte”, finaliza o fundador e curador da galeria, com sede em Genebra, na Suíça.


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As obras de Oefner são exemplos perfeitos de que a engenharia e a mecânica podem gerar imagens poderosamente bonitas


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Por Trás Desta Edição

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Backstage

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1. Banca no Itaim Bibi envelopada com nossa capa; 2. Jefferson Ferrarez, CEO da Mercedes-Benz Cars & Vans do Brasil; 3. Amos Genish do BTG Pactual com Pietro Labriola, presidente da TIM, e a TOP Sumô; 4. Camila, Miro, Ricardo Amorim, Ana e Milton no ensaio de capa; 5. André Baccarini, Superintendente Geral de Marketing do Banco Safra; 6. Leo Picon com a sua TOP Sumô; 7. Bruno Hohmann, VP Comercial e de Marketing da Renault Brasil; 8. Claudio Mello, Marcello Serpa e Andreas Heiniger com a incrível TOP Sumô em frente a banca mais bonita de São Paulo. 7

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