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Serra do Divisor: um Brasil profundo

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Glossário

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As estradas desafiadoras, a natureza viva com cachoeiras e mirantes de tirar o fôlego, as crenças locais e muitas outras descobertas nesta aventura até o Parque Nacional da Serra do Divisor, no Acre

O que têm em comum um piloto de uma das companhias aéreas mais conhecidas no Brasil, que viaja o mundo inteiro; um professor e empresário; um servidor público e pastor evangélico; um fotógrafo de Campos do Jordão; e um jornalista de Atibaia? Certamente o gosto pela aventura e pelo inusitado. Os cinco se encontraram em Rio Branco, capital do Acre, para se juntar aos demais expedicionários para uma viagem em busca de experiências únicas, numa região que abriga uma das maiores biodiversidades do planeta e seguramente a mais preservada da Amazônia brasileira: a Serra do Divisor.

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A viagem já começa com um desafio: são dez horas de estrada, com trechos que exigem atenção e perícia pela malconservada BR 364 até Cruzeiro do Sul. Mas à medida que avançam no percurso, parece que um mundo novo se abre. Os participantes ainda não sabem onde isso vai dar, mas já estão adorando o caminho, porque a bordo de uma

Biodiversidades Do Planeta

moto potente e de excepcional suspensão como a Africa Twin, tudo fica mais fácil.

A performance da motocicleta e a beleza da paisagem amazônica salvam!

A logística é trabalhosa. Saíram de Rio Branco, rumo a Cruzeiro do Sul, distante 640 km da capital acreana. No meio do caminho, uma parada estratégica para almoço no balneário Dois Irmãos, à margem da BR 364, no município de Tarauacá. Desde Cruzeiro do Sul, “capital” da região do Vale do Juruá, ainda se percorre 35 km por estrada asfaltada até o município de Mâncio Lima, às margens do rio Japiim, um paraná do rio Moa, caminho até o local desejado.

E até lá são nove horas de barco para chegar, enfim, a um lugar de tamanha beleza e diferente de tudo o que você já viu: o Parque Nacional da Serra do Divisor. O local, no interior do Acre, é uma unidade de conservação e o ponto mais ocidental do Brasil, atrai olhares do mundo todo por ter, em seus 837 mil hectares preservados, a beleza e a diversidade de pássaros, borboletas, árvores endêmicas e cachoeiras.

Viagem estruturada e segura

Esse é o 4º maior parque nacional brasileiro e possui uma comunidade muito consciente do seu valor, incluindo etnias indígenas em seu entorno, Puyanawa, Naua e Nukini, que são completamente integradas às famílias ribeirinhas que vivem ao longo do rio Moa.

O trajeto até o Parque é feito em barco com motor de rabeta, muito utilizado na região por conseguir ultrapassar obstáculos como árvores caídas sobre o leito e bancos de areia nas partes rasas do rio. E o coração já acelera logo na partida, numa emocionante sequência de curvas em meio à floresta de várzea com a beleza do sinuoso rio Japiim, as águas escuras do Moa, a rica e verde floresta e um céu azul intenso compondo um cenário peculiar. “Já viajei muito pelo mundo, mas nada se compara a esse lugar. Foi algo fascinante e inesperado, isso se equipara ao que vi em Machu Picchu, no Taj Mahal e muito além do que vi na Rota 66, é uma força turística muito grande. Mas é essencial ter pessoas capacitadas para conduzir essa aventura com muita segurança”, diz o jornalista Cícero Lima, 62 anos, que escreve para revis- tas e sites especializados de São Paulo.

E Cícero tem razão. Ir à Serra do Divisor é um sonho, que se não for feito com segurança, moto adequada e acompanhado de pessoas com vasto conhecimento da região, pode virar um pesadelo.

O roteiro faz parte do programa Honda RedRider e para Serra do Divisor já foram realizadas duas expedições com total de 29 participantes. “Pela quarta vez no Acre e pela primeira vez participando do Honda RedRider, posso dizer que esse é um programa de experiências que abre um horizonte muito grande entre a moto e o piloto. Para começar, dificilmente alguém iria sozinho nos lugares onde estivemos. O Parque Nacional é muito raro e acho que o turismo de aventura tem que estar calcado na segurança, e tivemos todo o suporte que precisávamos”, relatou Cicero.

Os viajantes visitaram todos os lugares propostos, como a APA do rio Croa, pontos turísticos da cidade de Cruzeiro do Sul, balneário no Igarapé Preto, as comunidades indígenas de Puyanawa e Nukini, e os atrativos do Parque Nacional da Serra do Divisor no rio Moa (mirante e as cachoeiras do Ar Condicionado, Pirapora, do Amor, Buraco da Central e Caverna do Edson).

E qual é o diferencial da Africa Twin? Para o fotógrafo paulista e piloto Marcelo Vigneron, 61 anos, a facilidade de condução em diferentes tipos de pisos, terrenos e condições atmosféricas é fundamental. “Em relação à Expedição RedRider Amazônia, apesar de conhecer várias estradas, dessa vez fui a um lugar que nunca havia ido por terra, e esse trajeto de 1.500 km até o parque a bordo das motos Africa Twin foi bastante interessante”.

Encantos e mistérios

Conhecer o Brasil profundo é a proposta desta expedição. A Serra do Divisor foi o destino final, mas antes os expedicionários conheceram os pontos turísticos da cidade de Cruzeiro do Sul, presenciaram uma apresentação de um grupo local com danças indígenas e visitaram o rio Croa, um lugar onde predomina o verde da floresta e das inúmeras vitórias-régias, formando um impressionante tapete verde.

Em um dos trechos, percorreram 40 km de estrada de terra, visitaram a comunidade Puyanawa que recebeu carinhosamente os riders com roda de conversa, almoço tradicional, exposição de artesanato e, para os interessados, a medicina do rapé indígena.

Já na tribo Nukini, os riders foram recepcionados com música e dança, ressaltando a importância da conservação da floresta para a vida da comunidade e do planeta.

O rio Moa, cheio de curvas que abraçam o parque nacional, é uma beleza que merece registro. Na chamada cabeceira, cortando o cânion do Parque, o rio possui corredeiras, sendo a “avenida” dos pequenos barcos de rabeta utilizados para visitar os atrativos. São diversas cachoeiras, com riachos que deságuam direto no afluente e uma queda d’água um tanto inusitada, pois surgiu por uma interferência humana e se tornou um dos grandes atrativos da região: o Buraco Central, um ofurô maravilhoso, muito apreciado pelos banhistas.

A viagem é cheia de surpresas, diz o comandante da Latam, José Batista, 62 anos. Para ele, que é nascido no Acre, na cidade de Xapuri, a possibilidade de conhecer melhor seu Estado foi um presente. “Convivemos com as comunidades ribeirinhas, dormimos em uma pousada de selva, visitamos uma aldeia indígena e lá na Serra do Divisor tive o prazer de ver o nascer do sol sobre o tapete formado pela floresta preservada. Desde o Crôa, da experiência com a Ayahuasca, com o rapé, do bailado dos índios. É realmente um Bra- sil novo e diferente, fascinante e inesperado”, relembra o comandante.

Quem imagina que a Amazônia é só planície, se surpreende com a serra, que se destaca com sua cadeia de montanhas e suas cachoeiras que são de tirar o fôlego. O jornalista Paulo Andreolli, de Rondônia, não se fez de rogado e encarou uma das trilhas do local que tem aproximadamente um quilômetro. “Subimos nessa trilha para acessar o mirante da Serra. Uma viagem cheia de encantos e obstáculos, mas de uma beleza incrível”, comenta ele.

Do Mirante da Serra, você visualiza toda a imponência da Serra do Divisor e as terras peruanas, pois ali já é fronteira com o país. “Lembro do barqueiro que carregava um vasto conhecimento e manobrava seu barco com muita firmeza naquelas águas que nem sempre são serenas”, acrescenta Paulo. Cada curva do Rio tem suas belezas e seus perigos e fazer a viagem contando com uma infraestrutura de segurança faz toda a diferença.

Os povos amazônicos carregam uma sabedoria impressionante e entender um pouco do modo de viver de uma região tão inóspita é sempre um aprendizado para a vida.

Indiana Jones

O jornalista Cícero Lima diz que já viajou boa parte do mundo. Já subiu o Monte Fuji de moto, passou pela Índia e Estados Unidos, mas conta como ficou impressionado com a viagem ao Parque Nacional da Serra do Divisor. “Já viajei muito pelo mundo, mas essa viagem, a partir do momento em que você sobe no barco ali em Mâncio Lima, parece que você não está mais no Brasil, parece que está em outro país, em determinados momentos me sentia em um filme. Cada curva do rio mostra uma paisagem diferente, uma surpresa. Aqueles cortes de caminho são incríveis. Ele começa em um alagado, depois vai para área fértil, passando por barrancos, pelos pastos, encontrando as vilas, depois as tribos, lugares incríveis com a receptividades deles, e finalmente o rio sobe e começamos a entrar nas gargantas com pedras. Pareciam cenas de filmes do Indiana Jones . Me senti o próprio Indiana Jones nessa aventura, algo que só a moto propicia. Podemos sim chegar até lá de avião, mas de moto não tem preço. A cidade de Rio Branco, para nós do Sul do Brasil, já é uma coisa exótica, e você subir em direção à floresta, então, é fascinante”, conta ele.

Último pôr do sol do Brasil

“A experiência foi sensacional, muito acima de minhas expectativas iniciais. O que eu esperava? Um bom passeio de moto e uma caminhada por trilhas na floresta para ver de perto a fauna e a flora. O que eu vivenciei? Em primeiro lugar, convivi com motociclistas muito experientes e que têm uma in- finidade de histórias a respeito dos locais por onde passamos. Joguei dominó no meio da floresta e conheci pessoas que vivem no rio Croa e no alto do rio Moa. Sem essa experiência do RedRider, dificilmente eu iria conhecer tanto desse lugar que gosto muito. Saio daqui como se tivesse renascido”, afirma emocionado o piloto José Batista.

Agora só nos resta guardar energia para curtir e reservar uma das expedições RedRider de 2023. Quais os destinos? Façam suas apostas!

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