TOP Magazine Edição 269

Page 1

pessoas / Esdras Saturnino, Gabily, Juh Mazzocco, Juliano, Laura Brito, Lucas Guedez, Lucas Rangel, Vanessa Lopes e Vivi / lifestyle / o que não pode faltar na casa da geração Z / a inteligência artificial está transformando o morar / moda / como escalam as tendências que surgem nas redes sociais? / diversidade na moda: faz bem até para os negócios / cultura / e-sports: o gigante mercado de game ainda tem muito a crescer

R$40,00
Lucas Rangel

CONCEBIDA PARA SUPERAR DESAFIOS

BMW F 850 GS PREMIUM PLUS

Enquanto os outros voltam, você continua. Chegou a hora de transformar obstáculos em possibilidades com uma BMW aventureira, versátil e resistente. A F 850 GS Premium Plus inclui o consagrado motor com dois cilindros paralelos de 853 cm³, 80 cv de potência a 6.250 rpm e uma infinidade de tecnologias para você aproveitar o máximo de cada aventura. Prepare-se para conquistar territórios on e off-road com o mais puro #SpiritOfGS

MAKE LIFE A RIDE

JUNTOS SALVAMOS VIDAS.
12 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Sumário 122 138 28 130 112 38

Geração Tiktok

Esdras Saturnino, Gabily, Juh Mazzocco, Juliano, Laura Brito, Lucas Guedez, Lucas Rangel, Vanessa Lopes e Vivi

Mundo TOP

A cor de 2023, Louis Vuitton anuncia parceria com Yayoi Kusama e Zidane é novo rosto da Montblanc

E-sports Mundo gamer: o que esperar desse mercado e quais os jogos mais populares atualmente

A casa da Gen-Z

Da jarra de abacaxi às assistentes virtuais: o que não pode faltar no lar dessa galera que une tecnologia ao itens da casa da vó

IA no décor Entenda como a tecnologia transforma o morar

Diversidade

Por que é tão importante para os negócios apostar na representatividade

#Lookdodia

As redes sociais ditam moda? Especialistas explicam como nascem as tendências e como a internet acelera o tempo de vida delas

13
38 PESSOAS CULTURA LIFESTYLE MODA
Sumário
20
130 28 138 112 122

Quem Fez

Marina Paschoal

Com uma expertise jornalística que encanta, Marina Paschoal é responsável por algumas das matérias que você lê nesta edição. Do digital ao impresso, ela passeia com maestria entre as diferentes linguagens e escreve do jeito que todo mundo gosta de ler: fácil e leve!

Com pensamento rápido, a mineira Mara Helena da Cruz organizou o dia a dia no estúdio Mundo TOP com muito carinho e leveza. A assistente de produção executiva encantou os convidados com simpatia e tornou os ensaios mais divertidos.

Ket

Maquiadora há 15 anos, Iza Ventura é a responsável por makes que realçam ainda mais a beleza de nossas estrelas da capa. Pelos corredores da redação, também desfilou seu bom humor e simpatia tão encantadores quanto seu tradicional delineado.

Multifacetada, Marley Galvão envereda, ao mesmo tempo, pelo universo da produção até a redação. Da planilha para o set, a jornalista assina entrevistas que abrilhantam nossas páginas, além da produção executiva do estúdio Mundo TOP Geração Tiktokers.

Talento que não se mede, Kethlyn Guimarães é a responsável pelos vídeos de bastidores dos ensaios de capa publicados no Instagram @topmagazine. Sem tempo ruim, era comum ver Ket deitada no chão para garantir a melhor imagem possível.

Mara Marley Galvão
14 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Colaboradores
Iza Ventura Um dos maiores nomes da fotografia nacional, Miro retratou com seu olhar único alguns dos maiores tiktokers do Brasil nesta edição especial de TOP Magazine.
15
Miro

Publisher

Claudio Mello

TOP Magazine | Studio Mundo TOP

Diretora de Redação: Julyana Oliveira

Redação: Renata Zanoni e Vivian Monicci

Diretora de Arte: Rosana Pereira

Assistente de Arte: Luana Jimenez

Assistente de Produção e Mídias Digitais: Diego Almeida

Estagiárias: Gabriela Haluli e Catharina Morais

Projeto Gráfico

Marcus Sulzbacher

Lilia Quinaud

Paulo Altieri

Fabiana Falcão

Colaboradores

Texto

Aline Melo, Carol Scolforo, Marina Paschoal, Marley Galvão, Simone Coelho

Foto Miro

Produção

Leandro Milan e Paula Giannaccari (Catering), Ana Ca’s Styling, Casa Conceito, Denner Viana, Gustavo 13, Iza Ventura, Jeane Souza, Kethlyn Guimarães, Lucas Bueno, Mara Helena da Cruz, Mark, Marley Galvão, Murilo Mauricio, Renan Morales, Tati Coelho

Tratamento de Imagens

Fujocka, JC Silva

Editora Todas as Culturas

Criativo: Bruno Souto

Gerência de Relacionamento: Carolina Alves

RP & Interface de Atendimento: Dianine Nunes

Financeiro: Marcela Valente

Circulação: Regiane Sampaio

Assessoria Jurídica: Bitelli Advogados

Impressão: R2 Produção Gráfica

Distribuição: Brancaleone

TOP Magazine é uma publicação da Editora Todas as Culturas Ltda.

Rua Pedroso Alvarenga, 691 - 14º Andar - Itaim Bibi - CEP 04531-011 - São Paulo/SP

Tel.: (11) 3074-7979

As matérias assinadas não expressam necessariamente a opinião da revista. A revista não se responsabiliza pelos preços informados, que podem sofrer alteração, nem pela disponibilidade dos produtos anunciados.

/topmagazineonline @topmagazine /topmagazine

16
TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Expediente

Mundo Top

UMA SELEÇÃO DE TUDO O QUE FAZ A DIFERENÇA SOBRE LIFESTYLE / CULTURA / DESIGN / FO

moda

Vale a pena ver de novo

Louis Vuitton e Yayoi Kusama apresentam a segunda coleção depois de dez anos de uma parceria bem-sucedida

A Louis Vuitton acaba de anunciar uma coleção em conjunto com a artista contemporânea japonesa Yayoi Kusama, admirada pela crítica e pelo público – e considerada uma das mais originais e importantes artistas de seu país. É a segunda vez que as duas se unem. Há dez anos, os pontos homogêneos coloriam com irreverência vestidos, sapatos e lenços da maison. Além da parceria cheia de personalidade, o que ficou marcado no imaginário dos amantes do mundo da moda foi a sobreposição da pintura à logo tão desejada da LV, ao melhor estilo das obras de arte pós-modernas.

O detalhe volta para esse novo encontro como celebração, só que um pouco diferente. Além das pinceladas cheias de graça aplicadas no couro, as bolsas, carteiras e necessaires ganham esferas metálicas costuradas unindo o belo trabalho de Nicolas Ghesquière, diretor criativo de coleções femininas da Louis Vuitton, ao da artista japonesa de 93 anos. A coleção foi revelada em peças selecionadas para o desfile Cruise 2023, que aconteceu na Califórnia em novembro de 2022, mas teve sua grand premiére no Art Basel Miami no início de dezembro. A coleção completa já está disponível nas lojas e site da maison.

20 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Cultura

TOGRAFIA / CINEMA

21

Com maestria e classe

Conferindo mais valor ao lema Você é o que te move, Zinédine Zidane é anunciado como o novo mark maker da Montblanc

De assinatura ele entende (e muito!). Dentro e fora do campo, Zinédine Zidane mostra sua visão analítica nas atitudes mais simples – um dos fatores que influenciaram a decisão da Montblanc em transformá-lo no novo rosto da marca. “Costumo levar uma bolsa com todas as minhas coisas, e sempre tenho uma caneta e papel dentro, porque gosto de anotar o que devo fazer. Se tenho uma ideia, eu logo coloco no papel”, revela. O hábito é compartilhado pela família. “Tenho várias cartas escritas à mão pelo meu pai que guardo com carinho”, completa o campeão mundial de 1998. Com um grau de concentração admirado para além das quatro linhas, Zidane é considerado uma lenda do futebol. Não à toa, é o novo rosto que estampará as campanhas da linha de fragrâncias mais vendida da Montblanc, a Legend, desenvolvida para aqueles que não buscam a glória em si, mas se esforçam para deixar sua marca com propósito. Movidas pelo lema da Montblanc, Você é o que te move, as peças publicitárias com a participação de Zidane destacam a importância da mobilidade física, psicológica e emocional cheias de boas metáforas. E quando questionado sobre o que o coloca em movimento, Zizou não titubeia.“Eu não sou uma pessoa complicada. O que me move é passar o tempo com as pessoas que gostam de mim. Durante a minha carreira, tive sorte de ter uma esposa que cuidou dos nossos quatro filhos. Eu não estava por perto tanto como eu gostaria. Então, meu prazer absoluto é poder estar no presente e seguir em frente.”

luxo
22 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Cultura Mundo Top
23

pantone

A vida é uma festa

A cor de 2023 da Pantone aponta para um ano de otimismo e combina o mundo físico ao virtual com elegância

O último trimestre do ano é sempre recheado de previsões de tendências sobre o que deve bombar nos próximos 12 meses. Dentre os estudos mais aguardados, está o da consultoria de cores Pantone.

Todo início de dezembro, a empresa anuncia a cor do ano seguinte. Para 2023, o tom escolhido foi o Viva Magenta (Pantone 18-1750) – descendente da família do vermelho. “Um matiz pouco convencional para tempos nada convencionais”, define o instituto.

Com o crescimento do metaverso, não é de se espantar que a tecnologia tenha influenciado na escolha. “Viva Magenta é uma cor híbrida, que confortavelmente alcança o físico e o virtual, evocativo de nosso mundo multidimensional”, descreve a Pantone.

Apesar de introduzir um “magentaverso” (com o perdão do trocadilho), o tom específico foi obtido diretamente na natureza. “Ele foi inspirado no vermelho do cochonilha, um dos mais preciosos corantes naturais assim como um dos mais fortes e brilhantes que o mundo já conheceu”, explica Leatrice Eiseman, diretora executiva do Pantone Color Institute.

A cor também busca oferecer otimismo e vigor – duas características mais do que necessárias após dois anos de pandemia. Pronto para ver o Viva Magenta brilhar na moda e decoração? Nós estamos!

24 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Cultura Mundo Top
25

Saúde e estética para

vdo seu sorriso nas clínicas odontológicas Omint. A gente faz isso por

Nas clínicas Omint Odonto e Estética, você conta com o que existe de mais avançado em tratamentos odontológicos e estéticos, com aquela qualidade e credibilidade que só uma marca que é referência em saúde pode oferecer. Agende uma consulta e venha conhecer nossos principais serviços: remodelação do sorriso (clareamento, restaurações estéticas, facetas de resina, laminados cerâmicos, lentes de contato, implantes dentários e plástica de gengiva), ortodontia, inclusive com Invisalign®, harmonização facial e muito mais.

São dois endereços abertos para todos os clientes Omint e particulares.

Unidade Vila Omint (CRO 40238)

Rua Franz Schubert, 33 - Jardim Paulistano - São Paulo - SP

Responsável técnico: Maurício Bellonzi Abissamra

Unidade Berrini (CRO 38955)

Rua James Joule, 92 - Berrini - São Paulo - SP

Responsável técnico: Milton Maluly Filho

Para agendamentos, ligue: (11) 2132-4003

VALET CORTESIA nas duas unidades

cuidar
@OMINTODONTOESTETICA

c ê .

Para saber mais, escaneie o QR Code.

Valor ao que é importante para você, por você.

28 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Lifestyle

O melhor dos dois mundos

OS JOVENS DA GERAÇÃO Z SÃO OS PRIMEIROS

NATIVOS DIGITAIS A CHEGAREM À VIDA ADULTA

– NASCERAM E CRESCERAM COM A INTERNET

E REDES SOCIAIS. AGORA, CHEGA A HORA DE COMEÇAREM A SAIR DA CASA DOS PAIS PARA

TEREM O PRÓPRIO LAR E ELES ESTÃO EM BUSCA

DE ESPAÇOS MODERNOS E TECNOLÓGICOS, MAS COM UM TOQUE DE CASA DE VÓ

29

Fechadura com leitor de digital. Lâmpadas ativadas pelo aplicativo antes mesmo de chegar em casa – ah, e o ar-condicionado também, por favor! Ao entrar, basta recitar alguns comandos e a TV está ligada. O timer para o jantar – já no fogão – também está rodando, e a assistente de voz avisa quando estiver pronto. Refeição servida: no clássico prato âmbar e com suco na jarra de abacaxi. Enquanto isso, a música toca na vitrola (mesmo que seja via bluetooth), ao lado da cristaleira de estilo provençal. Espera, como esses itens de casa de avó vieram parar neste cenário complexo e tecnológico? Pois bem, seja bem-vindo ao lar da geração Z.

Nascidos entre 1995 e 2010, esses jovens que cresceram em meio à era digital têm seu próprio modo de pensar, se vestir, trabalhar e – claro –morar. Ainda mais conectados que a geração anterior, são considerados os primeiros nativos digitais, mas tendem a valorizar itens considerados vintage e retrôs – e que trazem certo aconchego ou nostalgia. “O velho é diferente do antigo – o velho é anacrônico, não serve mais, está fora do seu tempo. Já o antigo tem memória afetiva, é gostoso, traz lembrança. Essa é uma geração que tenta incluir o vintage não só pela memória, mas por ser diferente, único”, acredita Maiara Faria, arquiteta do escritório que leva seu nome, em Curitiba, no Paraná. “É cool e romântico ao mesmo tempo. Acho que os pratos âmbar e os vinis herdados de família são alguns itens que me vêm à mente quando penso nessa geração”, completa.

O casal Guilherme Correia e Rafael França, mais conhecidos como Gui e Rafa na internet, são criadores de conteúdo de decoração e reformas nas redes sociais, e apesar de serem millennials, têm boa parte de seu público da geração Z. “O que fazemos questão de ter em casa é o que nos traz lembranças boas de pessoas e momentos! O último item que adquirimos foi o pinguim de geladeira da casa da avó do Rafa. É uma lembrança superlegal da família e acreditamos que são esses itens que trazem personalidade para a decoração”.

Nascidos entre 1995 e 2010, esses jovens que cresceram em meio à era digital têm seu próprio modo de pensar, se vestir, trabalhar e – claro – morar
30 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Lifestyle
31
32 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Lifestyle

Pov: casa de Instagram

Uma das coisas mais importantes sobre essa geração é o olhar apurado e refinado para a decoração, e a importância de ter uma casa impecável – ou, em outras palavras: uma casa instagramável. Não, você não leu errado: ins-ta-gra-má-vel. O que isso significa, na prática, é que tudo nessa casa deve ser compartilhável nas redes sociais, precisa ser bonito e ter boa estética. Tudo isso precisa estar alinhado ao conforto e bem-estar também, pois a experiência é importantíssima para esses jovens. Para se ter ideia, o termo “instagramável” cresceu em 210% em um período de apenas 12 meses, segundo um levantamento feito pelo Google neste ano. Esse interesse não veio sozinho, não. O aumento da busca veio acompanhado pelos termos “espaço”, “parede” e “decoração”. Isso prova que, cada vez mais, esses jovens heavy users de redes sociais estão preocupados com o que sai bem na foto, mesmo quando esse registro é feito dentro de casa. “Acredito, inclusive, que este é um caminho contrário: eles não criam espaços instagramáveis de propósito. Por serem quem são, os espaços se tornam instagramáveis. O termo surgiu com eles, é um resultado nítido de que o design que criam é legal, divertido, bonito e, portanto, passível de fotografar sem esforço”, Maiara acredita. Para Gui e Rafa, essa busca pela casa de redes sociais surgiu para muita gente que vive os tempos atuais, e não apenas os jovens. “Antigamente as famílias guardavam itens bonitos para quando recebiam visitas, mas hoje, com a facilidade de acesso aos celulares, a gente pode compartilhar tudo isso com qualquer pessoa. Após a pandemia, ter uma parede bonita se tornou uma condição para quem faz reuniões online ou dá aulas, por exemplo”.

Quem são? O que comem? Como vivem?

A chamada geração Z é formada por jovens que têm, atualmente, até 27 anos. Por crescerem em um mundo completamente diferente dos pais, que se desenvolveram em épocas analógicas, esse grupo têm aspirações, gostos e comportamentos particulares, mesmo que tragam também influências de gerações anteriores. “Eles são muito antenados em tendências de decoração, e são preocupados em transformar seus ambientes em algo inspirador e com muita personalidade, mas sem gastar muito”, acreditam Gui e Rafa.

33
Cada vez mais, esses jovens heavy users de redes sociais estão preocupados com o que sai bem na foto, mesmo quando esse registro é feito dentro de casa

O sonho da casa própria faz parte da vida de 91% dos jovens entre 21 e 24 anos, segundo o Censo QuintoAndar de Moradia, pesquisa realizada entre a empresa e o Instituto Datafolha em 2021. Destes, 89% consideram o lar como o lugar favorito, e 68% diz que é onde passam o maior tempo do dia. De encontro com essa pesquisa, um estudo da MindMiners mostrou que quando o assunto é “itens mais importantes para o futuro”, esses jovens elegem três, nesta ordem: casa, educação e plano de saúde. Mas, calma – não é qualquer tipo de casa. O que realmente importa para eles é onde, o que tem no entorno e qual a infraestrutura.

“Os aspectos que consideramos importantes em um imóvel são iluminação natural e localização, já que a vida fica muito mais prática quando o seu entorno está de acordo com as suas necessidades. Você consegue viver melhor quando tem um acesso facilitado ao comércio, ao trabalho, e quando a sua região está abastecida de pontos de cultura, esporte, educação e saúde”, contam Gui e Rafa. Para a arquiteta, esse comportamento está ligado à globalização e à influência da internet.

O velho e o novo em harmonia

Receber e compartilhar é muito importante para os jovens, por isso, a ideia de ter um ambiente social agradável esteticamente e que seja aconchegante. Consequentemente, tendem a se preocupar mais com a decoração, mas sem deixar o aconchego de fora. Na prática, querem se sentir bem dentro de casa, mas a beleza desse lar também tem influência sobre esse sentimento de bem-estar. “Eles querem uma casa boa o suficiente para trabalharem nela, com excelente localização, e ao mesmo tempo, poderem receber os amigos”, define Maiara. Então, não se assuste se ao conhecer a casa de algum primo jovem, você se depare com um letreiro néon que fica piscando ao lado de uma peça que era de sua tia-avó; ou ver uma assistente de voz com “roupinha” de tricô, por exemplo. “Nós tentamos sempre deixar qualquer espaço com a nossa cara, para conseguir chamar até os aluguéis de lar. E a nossa dica para misturar os dois universos – o vintage ou retrô ao moderno – é não ter medo de ousar, porque o contraste é muito legal!”, acredita o casal.

34 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Lifestyle
“Eles querem uma casa boa o suficiente para trabalharem nela, com excelente localização, e ao mesmo tempo, poderem receber os amigos”
35

Beleza que viraliza tem nome.

Queremos nos tornar, cada dia mais, um hub de conteúdo e uma referência em buscas de beleza dentro do app. O universo de beleza todo mundo vê no Boti – e pode ter certeza que você vai ver também.

@oboticario
38 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Vanessa Lopes

V

COM 27 MILHÕES DE SEGUIDORES SOMENTE NO TIKTOK, VANESSA LOPES CONQUISTOU FÃS COM SUAS COREOGRAFIAS. PERNAMBUCANA DE CORAÇÃO, MAS

NATURAL DE BRASÍLIA, ELA TRANSBORDA NATURALIDADE

AO FALAR DE SUA CARREIRA COMO INFLUENCIADORA

DIGITAL, DAS RELAÇÕES COM FAMOSOS, DA SUA NOVA

ROTINA EM SÃO PAULO E DE UM EPISÓDIO NADA

AGRADÁVEL QUE VIVEU QUANDO FOI DURAMENTE CRITICADA EM PÚBLICO

Por Marley Galvão Fotos Miro Tratamento de imagem Fujocka Styling Mark Beleza Iza Ventura 5 min
39
Blazer Amar de Amarante Body Cartel 011 Meias Lupo Salto Schutz
40 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Vanessa Lopes
Aneis Bea Bongiasca

Dona de uma simpatia ímpar, Vanessa Lopes mal chegou na redação da TOP Magazine e já estava enturmada com a equipe, falando sobre a aula de muay thai que começou a praticar recentemente. De sorriso fácil e largo, a influenciadora encara a rotina agitada com naturalidade, mas nem sempre foi assim. Determinada, a tiktoker conta como sua vida mudou nestes dois anos de estrelato.

Desde quando você está fazendo muay thai?

Cara, comecei porque a minha maquiadora namora um professor de muay thai. Ela já estava há meses pedindo para eu fazer uma aula com ele só para ver. Ela dizia que iria amar. Eu falava, mano não vai dar certo, eu com minhas unhas grandes, e não tenho tempo para isso. Mas na primeira aula fiquei apaixonada. Sempre amei esporte, fiz a minha vida inteira. Fiz tudo, natação, basquete, fui do time de vôlei, de basquete, fiz sapateado, dança contemporânea, hip hop, jazz, balé, ginástica rítmica... Meus pais sempre me obrigaram a fazer esporte.

Cantar era um sonho?

Um dos meus sonhos sempre foi trabalhar com arte, cantando ou dançando, ou até atuando, porque eu já fiz teatro musical. Sempre fui apaixonada por musicais, por dança, por arte em geral. Só que nunca acreditei que pudesse trabalhar com isso. E aí, do nada, explodi na internet. Então, foi a oportunidade da minha vida, porque já tinha desistido há muito tempo. Já havia começado a minha faculdade de propaganda e marketing.

Você interrompeu a faculdade?

Tranquei. Fiz só seis meses. Comecei a estourar e foi quando conversei sério com

meu pai. Ele sempre foi muito atento, muito tranquilo e maravilhoso. Ele sempre falou: eu não me importo com o que você faz da sua vida, só quero que seja a melhor, que você se esforce para ser a sua melhor versão a cada dia. Falei para ele que não estava conseguindo conciliar o trabalho e as viagens com a faculdade. Ele entendeu e me apoiou.

Então, você seguiu o conselho do seu pai? Depois que aprendi a seguir o conselho dele minha vida é outra. Vi que ele realmente estava lá por mim, que era a única pessoa na face da terra que eu realmente podia confiar.

Você tem 27 milhões de seguidores no TikTok aos 21 anos. Tem medo de ser cancelada?

Quando aconteceu aquela tragédia em Recife com as fortes chuvas demorei um tempinho pra me posicionar por motivos pessoais e caíram matando em cima de mim e de outras pessoas. Só que comecei a receber ameaças de morte, muita gente falando que eu era egoísta, que não ligava pra ninguém, que não ligava mais para as pessoas da minha cidade. Morei a vida inteira em Recife e acho que isso foi o que mais me abalou, porque sabia que isso não era verdade, entendeu? Tenho muito orgulho da minha cidade, e minha família ainda está lá, meus amigos ainda estão lá. E tudo o que foi dito me abalou muito. E já estava numa época em que não aguentava mais. O tanto de hate todo dia, acho que isso foi a gota d’água. E aí, o que aconteceu? Eu simplesmente sumi. Não conseguia gravar nada. Realmente tive um surto e não sumi só da internet, como sumi pra todo mundo ao redor. Eu me tranquei no quarto e fiquei lá.

41
“Meu pai sempre falou: eu não me importo com o que você faz da sua vida, só quero que seja a melhor, que você se esforce para ser a sua melhor versão a cada dia”

Como você superou esta história?

Meus pais simplesmente pegaram um voo e apareceram na minha casa. Eles conseguiram me tirar do quarto, ficaram comigo, me fizeram companhia. Assistimos filmes, e tentaram fazer eu esquecer a história. Meu pai até tentou me encorajar um pouco a gravar, mas não adiantava. Quando eles começaram a me deixar, comecei a voltar ao normal.

Depois desse episódio você mudou a forma como encara as redes sociais?

Vi que aquilo ali era um negócio passageiro. Fiz uma tempestade num copo d’água, fui cancelada, como sempre era, mas eu me avalio muito por aquilo. As pessoas acabam esquecendo rápido com a internet. Uma semana depois todo mundo que estava me ameaçando e falando um monte de coisa, já estava criticando outra pessoa e ameaçando outra pessoa.

Era um sonho vir para São Paulo?

A mudança para São Paulo foi em função da carreira. Nunca foi um sonho. Até porque o estilo de vida aqui não tem nada a ver com o meu. São Paulo é muito festa, trabalho, festa, trabalho. Eu tinha outro estilo de vida, de praia, de jogar vôlei com meus amigos ou de andar pela avenida de skate. Quando mudei, fiquei muito chocada, inclusive com o estilo de roupa, porque eu andava de biquíni, short. Mal usava maquiagem, minhas amigas mal sabiam passar um rímel. Quando comecei a trabalhar com internet, passei a me preocupar com roupa, maquiagem, com a imagem, porque é uma pressão muito grande. A história da roupa foi a que mais sofri hate. E é um hate que nunca acaba.

Foi nesta fase que você ganhou o título de rainha da pegação?

Fui rainha da pegação no meu meio, com

influenciadores, amigos da internet. Só comecei a ir para o meio dos cantores, jogadores depois. E não me arrependo de nada. Vivi o momento que tinha que viver, fiz amigos que tive que fazer, consegui dançar com todo mundo que tinha meta de dançar e subir no palco. Peguei muita gente também. Agora estou numa fase em que já não consigo mais ser assim.

Você namorou com Medina e com o Neymar?

Uma das coisas que mais me pegaram foi quando me relacionaram a homens. Em todos os lugares, as pessoas só perguntavam deles. Ai eu pensava, tanto esforço para ter um nome, pra fazer conteúdo, para ser uma das melhores do meu ramo e só falavam dos caras. Isso é um negócio que chateia muito. Eu quero ter minha própria história. Postei com o Neymar, mas nunca fiquei com ele, mas não importa quantas vezes eu diga isso, ninguém vai acreditar.

Hoje você é mais discreta quando fica com alguém?

Sim. Ninguém sabe... (risos). Um dia postaram que eu estava ficando com o Gui Araújo, mas ele estava com uma menina e eu com outra menina. Eram dois casais. E o cara foi lá e postou isso, tudo mentira.

Quem é Vanessa?

Vanessa é uma pessoa ainda meio confusa e assustada com o que está acontecendo com a carreira. Muito grata pela família e pela carreira. Sou muito dedicada ao que faço. Sou frágil, embora eu tente me colocar como forte nas redes sociais. Sou muito sentimental, tenho muitos medos, mas ao mesmo tempo consigo manipular meus sentimentos para poder ser profissional. Isso é uma qualidade e ao mesmo tempo um defeito.

“Quando comecei a trabalhar com internet, passei a me preocupar com roupa, maquiagem, com a imagem, porque é uma pressão muito grande”
42 TOP
EDIÇÃO 269 Vanessa Lopes
MAGAZINE
43
44 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Vanessa Lopes

“Uma das coisas que mais me pegaram foi quando me relacionaram a homens. Em todos os lugares, as pessoas só perguntavam deles. Ai eu pensava, tanto esforço para ter um nome, pra fazer conteúdo, para ser uma das melhores do meu ramo e só falavam dos caras”

Assessoria de
FT Estratégias 45
imprensa

Veja a vida por um outro ângulo

Imagens meramente ilustrativas. Habilitado para a tecnologia 5G. A velocidade real pode variar, dependendo do país, da operadora e/ou do ambiente do usuário. Verifique com a sua operadora a disponibilidade para mais detalhes. É possível notar um vinco no centro da tela principal, que é uma característica natural do smartphone. A dobradiça suporta o modo Flex em ângulos entre 75° e 115°. Para a sua conveniência, esse modo também pode ser ativado antes ou depois dessa faixa de ângulos. Recomendamos manter o celular imóvel durante o modo Flex. Alguns aplicativos podem não suportar o modo Flex. O Snapdragon é um produto da marca Qualcomm Technologies, Inc. e/ou suas subsidiárias.

48 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Lucas Rangel

LCOM APENAS 25 ANOS ELE SE TORNOU UM DOS MAIORES EMPRESÁRIOS DA INTERNET, E TUDO COMEÇOU EM UMA REDE SOCIAL JÁ EXTINTA, COM UM VÍDEO SIMPLES, CORRENDO ATRÁS DE UM POMBO NA RUA

Por Carol Scolforo Fotos Miro Tratamento de imagem Fujocka Beleza Murilo Mauricio Cabelo Casa Conceito 5 min
49
50 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Lucas Rangel

“Sou extremamente sem-noção”, avisa Lucas Rangel de cara a quem o segue. Com 25 anos, ele acumula números volumosos na internet. Faz graça para 62 milhões de seguidores, quase 20 milhões deles no TikTok @lucasranngel. Poderia ser só isso, mas ele não se conteve ao mundo online: fez uma carreira sedimentada no off-line, onde tudo o que toca vira ouro também. Se Lucas Rangel fez sucesso após correr atrás de um pombo na internet em 2013, hoje é o influencer “de milhões” que está até no Metaverso – e revelou tudo o que está acontecendo à TOP, nesta entrevista.

Como começou sua trajetória na internet?

O primeiro post que gravei foi correndo atrás de um pombo. Era engraçadinho até, eu me dava mal e as pessoas gostaram. Nem sei onde está esse vídeo hoje. Comecei com vídeos aleatórios assim no Vine e depois criei personagens. As minhas outras redes eram pessoais, estamos falando de 2013. Tinha apenas Facebook na época.

Mas estamos falando de um garoto de 16 anos que viralizou, né?

Isso. De início fazia por diversão mesmo, não tinha referências. Fui descobrindo a profissão com a experiência inteira, fui pioneiro mesmo. Usava o Vine para criar e postar meus vídeos. Não era um instagramer ou facebooker ativo. Morria de vergonha, aliás. Um dia estava na escola e uma pessoa falou que viu um vídeo meu. Fiquei pensando como tinha chegado nela, com muita vergonha. Aos poucos entendi que não precisava ter vergonha e que as pessoas gostavam. Isso foi no período do Ensino Médio e eu não sabia que curso faria. Então foi muito importante me encontrar dessa forma.

Você acabou fazendo algum curso? Não. Nem faculdade e nem curso sobre meu trabalho. Ontem mesmo encontrei a Bianca Andrade [Boca Rosa] em um evento e comentei que chegamos à internet “quando tudo era mato”. Rimos muito.

Vocês apostaram sem saber se daria certo. Como foi que a primeira marca te procurou?

Foi até rápido, pois a Copa foi no ano seguinte, em 2014. As pessoas estavam descobrindo o Vine. Uma marca de refrigerantes me procurou para fazer um vídeo. Foi uma coisa linear, sabe? Fui evoluindo junto com as mídias, sem me perder, o que é ótimo. Houve o dia em que uma pessoa me parou no avião e pediu para tirar uma foto. Fiquei morrendo de vergonha, meu pai diz que fiquei vermelho na hora. Não sabia lidar com isso.

O Vine ficou pra trás. Como ficou isso na sua cabeça?

O Vine morreu. Era uma plataforma dentro do Twitter e fui percebendo que o próprio Twitter não investia mais nele. Não oferecia suporte quando alguma coisa dava errado, nem havia evento, como geralmente as grandes mídias fazem. Percebemos que não ia pra frente. Fui para o Youtube. A rede social parou de existir totalmente e foi bem chato. Parecia que eu tinha um feeling de que ia acontecer.

Então teve um feeling…Aproveitando o momento “mago das previsões”, o que acha que vem aí nos próximos movimentos da internet?

É muito louco isso porque sempre defendo estar em todas as plataformas. Como vi uma rede social que morreu, digo às pessoas para não se apegarem e não cons-

51
“Houve o dia em que uma pessoa me parou no avião e pediu para tirar uma foto. Fiquei morrendo de vergonha, meu pai diz que fiquei vermelho na hora. Não sabia lidar com isso”

truírem tudo em um terreno que não é seu. Gosto muito do Tiktok, que inclusive é o mesmo formato do Reels, mas o Instagram continua sendo a principal rede – é um cartão de visitas onde as pessoas descobrem quem é você. Ele é a bola da vez ainda.

Mas ainda não é seu terreno próprio. Qual é esse terreno?

Seria criar uma rede minha (risos). Um site. Ta até antigo falar de site, mas o meu grupo tem. Bom, tenho minha agência e ela é física, minha linha de skincare é outra vertente do meu trabalho. Na internet dificilmente você vai ter algo completamente seu. Sempre está hospedado na casa de alguém. É como se estivesse num Airbnb, e as pessoas podem te tirar de lá quando quiserem.

Qual o tamanho da sua equipe para estar em todas as plataformas?

Hoje estou no Facebook, no Instagram, Youtube, Twitter, site da empresa, estou por todo canto. Tenho trauma porque estava no Vine e ele morreu. Não quer dizer que posto muito em todas, mas semanalmente apareço em todas elas. Devo ter em torno de quatro a cinco pessoas na equipe que ficam com as demandas que surgem, mas há os outros braços da empresa, edição de vídeo, colaboradores envolvidos. Mas na criação de conteúdo das mídias são oito pessoas trabalhando.

Sobre o Metaverso, que agora é uma aposta sua: como chegou lá?

Foi uma experiência de 2022. O Metaverso é uma tendência global. Acredito muito que a gente precisa se reinventar e evoluir de tempos em tempos. Pessoas que trabalham com internet muitas vezes têm

medo de evoluir e se limitam muito. E é aí que mora o perigo, porque a internet é rápida demais. Enquanto você está pensando, tem alguém fazendo. O metaverso foi isso. Estava acompanhando e é um investimento bem alto, tive que convencer a empresa de que valia a pena entrar. Eles embarcam comigo. Temos feito campanhas incríveis e elogiadas com o Luks, que é meu avatar, no metaverso. Estamos construindo uma nova vertente de publicidade. As publicidades vão ser feitas por nossos avatares. É uma língua universal.

Quais os planos para lá? Recomenda ao seu público entrar? Sou apaixonado por tecnologia. Então se é algo que você gosta, vale a pena. Senão, vale esperar. Estamos fazendo parte dessa construção, é uma movimentação que vai tornar mais fácil para outras pessoas entrarem no futuro. É uma tendência real que vai acontecer. O metaverso não é essa loucura que as pessoas pensam, é simplesmente a forma como vamos interagir na internet futuramente. Se um dia enviamos SMS para as pessoas e agora fazemos videochamadas, no futuro faremos essas coisas de outro jeito. Quando lançamos o Luks tinha gente que dizia que era o anticristo (risos)...não, gente. É o avanço da tecnologia. Mas não penso em investir em terra agora, mas quero continuar a explorar porque me divirto.

Onde está o Luks agora?

Fui até descobrir o que é o Luks, não é fácil mesmo entender como tudo funciona, ainda é tudo muito novo. São vários arquivos que dentro de um programa se tornam código privativo. É muito complexo. No futuro vai ser mais fácil entender.

“Na internet dificilmente você vai ter algo completamente seu. Sempre está hospedado na casa de alguém. É como se estivesse num Airbnb”
52 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Lucas Rangel
53
54 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Lucas Rangel

Voltemos à vida real então. Como está o lado empreendedor do Lucas? Que braços tem no grupo?

No grupo temos uma empresa que cuida de publicidades globais, atuando nos EUA, temos a agência de influenciadores no edifício em BH e tem a Estúdio e Filme, que cuida do audiovisual – o filme que lançamos com a Netflix, por exemplo e os reality shows e tem a minha marca pessoal. Agora chegou a linha de skincare, que é uma sociedade com um laboratório. São quatro empresas. Dedico mais força e presença à agência, pois é o braço de influência e marketing e publicidade. É muito legal essa questão de estar em um prédio dedicado a isso. Depois que ele surgiu, tive uma experiência maior com o empreendedorismo. Antes não queria ficar preso a números e estratégias. Hoje sinto que como criador de conteúdo tenho que entender isso também. A GKay está com a gente agora. É uma experiência louca.

Você tem 25 anos e pode sonhar com o que quiser. Qual o sonho atual?

Ter minha casa pronta, porque quero muito esse espaço. A vida adulta inteira, desde os 17 anos, morei em prédio. Minha infância e adolescência foram em casa. Sempre senti vontade de ter espaço, grama, piscina…quando realizei, fiquei louco…quero ir logo pra lá. Fica em Belo Horizonte, MG.

Qual foi o momento mais sem noção da vida? Tive muitos momentos sem noção. Meu Deus…e sou ruim de memória. Tem umas coisas que a vida mesmo me prega. A vida é sem noção, né? Teve uma história de que

fui comprar um boné da Balenciaga em Nova York. A gente sempre acha que está em Sex and the City quando está naquela cidade. GKay e meu namorado estavam nessa viagem. Sete horas depois de passar o dia andando na rua, os seguidores pediram para mostrar o boné que eu tinha comprado. Abri e a caixa estava vazia. Pensei que tinha sido roubado. Deixei aquela sacola em vários lugares durante o dia. Deixo mesmo, aliás, deixei esses dias o celular no balcão do aeroporto e só vi quando cheguei ao Raio-X.

Mas voltando a Nova York, pensei: talvez tenham me dado a caixa errada. Voltamos à loja e expliquei à atendente. Ela olhou pra mim meio desconfiada, mas foi checar. Falaram com a vendedora que tinha feito a venda e ela trocou as sacolas mesmo. Ela disse que tinha ficado apreensiva. Imagina se eu tivesse ido para o aeroporto? Na mesma noite esqueci minha carteira no restaurante e nem vi. Ainda bem que ela tinha rastreador nela e encontrei. Falo que parece que o celular comeu uma parte da minha cabeça (risos).

E sua rotina é louca ou tem folga às vezes? A maioria das vezes é um surto. As coisas são encaixadas e confirmadas comigo. Quando tenho viagem preciso avisar um mês antes, mas não se tem muito controle. Tive uma crise de ansiedade por causa do trabalho, outro dia. Demora para encontrar nosso equilíbrio, pois a cabeça é nosso trabalho. Passei a ter esse cuidado e esse foco. Tirei as notificações do celular. Entro no whatsapp toda hora, sim, mas não pipocam notificações mais e isso é vida.

“O metaverso não é essa loucura que as pessoas pensam, é simplesmente a forma como vamos interagir na internet futuramente”
Assistente de beleza
Denner Viana
Assessoria de imprensa
55
Camila Soares
56 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Gabily

CANTORA E INFLUENCER, ELA COMANDOU UM DOS HITS DA COPA DO MUNDO E FALA COM SINCERIDADE SOBRE FAMA, DANCINHAS E SUCESSO

G 57
Por Carol Scolforo Fotos Miro Tratamento de imagem Fujocka Styling Ana Ca’s Styling Beleza Renan Morales e Iza Ventura 5 min
Baraldi 58 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Gabily
Look

Gabriela Batista, ou Gabily (@gabilyofc), se você é um dos 2.7 milhões que a seguem no TikTok, começou cedo a cantar. Tinha três anos e já se apresentava na igreja. Corta para 24 anos depois: aos 27, a carioca emplaca seus hits no estilo funk pop, fala o que pensa e dança o que quer. “Mantenho minha fé, minha religião, mas sem seguir padrões impostos pelos outros.” Assumidamente viciada em trabalho, ela não descansa – e nem liga. Veja por que nesta entrevista.

Como foi o começo da sua carreira?

Canto desde os três anos no gospel. Vendia CDs na igreja. Com a separação dos meus pais deixamos de frequentar a igreja e comecei a gostar muito de funk pop. Depois que ouvi a música Tremendo Vacilão, da Perlla, comecei a criar um grande amor por esse estilo musical. Em 2015 comecei minha carreira no meio secular [como os evangélicos se referem a estilos fora do meio cristão]. Anitta estava surgindo…fui a um show de um grupo de pagode e sempre chamavam uma pessoa no palco para cantar. Subi, cantei e uma amiga gravou. Pronto, aquilo viralizou. Várias pessoas disseram que era pra eu seguir carreira e comecei a gravar e soltar na internet.

E quando você se tornou Gabily, de fato?

Gabily virei no fim de 2016, 2017. Na época, minha mãe mostrou músicas fora da igreja, me apaixonei e comecei a cantar outros estilos musicais. Antes só ouvia coisas da igreja Assembleia de Deus, que era muito rígida. Cantava músicas gospel em um palco que era compartilhado com outras pessoas, para evangelizar e levar

uma palavra de esperança. Ainda assim, o pastor me punia, dizendo que não era para estar no mesmo palco que pessoas que não eram da igreja. Ao meu ver, Jesus andou com pessoas que não eram religiosas e evangelizou, então, pra mim não tinha nada a ver essa proibição. Quando ele começou a praticar isso, percebi que não era a mesma coisa que Deus dizia.

O que acha disso?

Tive total apoio dos meus pais para cantar no meio secular. As pessoas levaram o cristianismo para um extremismo muito ruim. A igreja tem que ser um lugar de acolhimento. Decidi cantar e sempre manter meus princípios, continuo sendo cristã, mas cantando e fazendo o que amo. Oro com a minha equipe antes de tudo, posto isso nas redes, mas não sigo mais alguns padrões que as pessoas estipularam.

Quando considera seu primeiro sucesso?

Em 2017 gravei um single com a Ludmilla, o que foi bem legal. Mas a chavinha virou mesmo dois anos atrás, quando gravei a música Bilhete Premiado , com Kevin o Chris.

E Chapadinha, um dos hits da Copa do Mundo de 2022, como surgiu? Costumo estudar os temas do ano para criar músicas. Estava conversando com o CEO da minha empresa e precisávamos fazer uma música para a Copa. Surgiu a ideia de envolver Neymar e Vini. E tive a ideia de chamar Vanessa (Lopes). Conheço Neymar há quase cinco anos, a gente se tornou muito amigo e a galera até já esqueceu isso de affair. É um grande

59
“Mas eu penso que não tenho que aturar desaforo só porque sou artista. Muitas vezes me desanima ver que as pessoas estão mais para esse lado do que para o bem”

amigo hoje e nunca imaginei que teria a amizade dele. Graças a Deus isso de affair passou. As pessoas sempre levam ele para um lado injusto, sabe? Ele tem qualidades que o público prefere não ver, e ninguém dá holofotes, porque o negativo rende mais pra quem quer criticar.

E sobre haters: como lida com eles?

Hoje lido de maneira tranquila, mas às vezes dou alfinetadas. Tem uma equipe por trás e eles me ajudam, avisam para não responder. Mas eu penso que não tenho que aturar desaforo só porque sou artista. Muitas vezes me desanima ver que as pessoas estão mais para esse lado do que para o bem.

Na sua rotina, como você prioriza a si mesma?

Eu não me priorizo em momento algum. Sou viciada em trabalho. A qualquer lugar que vou, vou a trabalho, nunca para me divertir mesmo. Só quando deito pra ver uma série, ou algo assim, no fim do meu dia.

Como é sua relação com a moda?

Tenho stylist. Mas antigamente eu não tinha mesmo bom gosto. Fui descobrindo que não precisava de exageros para ser bonita. Criei uma identidade através disso, hoje uso coisas muito largas, calça e bermudão, por exemplo. Mudei bem meu estilo, estou mais street, largadona e amo.

Como você se divide entre a cantora e a influencer?

Uma complementa a outra. Não tenho final de semana, sigo a agenda. Tem semanas corridas e outras mais tranquilas.

Que objetivos vão te mover em 2023?

Meu sonho é cantar e ser conhecida no país inteiro. Para o ano que vem vou lançar um projeto muito especial e exclusivo, que vai ser visto no país todo. Estou juntando uma galera muito legal para trazer uma coisa bem inovadora. Vou poder mostrar minha versatilidade na música. Ainda não posso contar o que é, só posso dizer que é muito inovador.

E quanto ao TikTok, faz alguma coisa diferente das outras mídias? Gravo as dancinhas, faço os vídeos e posto lá, à mesma medida com que movimento Instagram e Facebook. Tudo é feito e postado em todas as minhas redes.

Quantas pessoas tem na sua equipe? Mais ou menos umas 80 pessoas trabalhando. É uma empresa com muitos setores, como qualquer outra. É grande mesmo (risos).

O que você vê que as conquistas da sua carreira trouxeram para sua vida? De conquistas materiais, ter um carro top, de luxo, uma casa boa pra morar…

“Eu não me priorizo em momento algum. Sou viciada em trabalho. A qualquer lugar que vou, vou a trabalho, nunca para me divertir mesmo”
60 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Gabily
61
62 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Gabily

coisas que sempre quis e consegui. Mas na minha carreira, eu me apresentei no Multishow e foi muito legal. Ainda tenho bastante coisa pra gravar, pra fazer. O que minha carreira mais me proporcionou foram viagens: Maldivas, Europa, Estados Unidos, tantos lugares. Se não fosse meu trabalho jamais atravessaria essas fronteiras todas.

Quem é ícone pra você? Pode ir longe? Beyoncé. Aqui, Anitta, Luísa [Sonza]…aliás, ela sofreu um massacre. Em algumas situações da minha vida, eu me vejo parecidas com ela. As pessoas falam no pejorativo de mim, sabe? Gravei com os Quebradeiras, a música Unidunitê, e hoje eles têm três sucessos enormes no TikTok e ninguém falou nada. Quando gravei com Vanessa (Lopes), que é maior que eu, disseram “ah, é porque é a Vanessa Lopes que estourou”. Quando apareço com alguém maior, estou me aproveitando. Ninguém sabe o que eu sou para ela, o que a nossa amizade acrescenta. Isso me entristece muito.

Por quê?

Geralmente aparecem especulações e sempre me calo. Especulações do tipo “fontes dizem que fulana acha isso de Gabily”...e eu não posso ir lá e falar sobre especulação, imagina se eu faço isso. Uma hora a verdade aparece. Já me colocaram muito nesse lugar – porque ando com gente grande. Sou amiga do Vinicius Junior, por exemplo, desde que ele jogava no Flamengo. Quando ele virou jogador de time europeu, as pessoas começaram a falar que era affair, isso e aquilo. Nada a ver. Por isso eu só trabalho e não falo nada.

E quem é a Gabily?

Sou muito quieta na verdade. Imaginam que eu pego geral, mas não pego ninguém, sou chata e não tenho troca sexual há oito meses. Resguardo muito meu corpo, sou demissexual. Não bebo álcool, nunca nem experimentei. Sou feliz e alegre, simpática e isso confunde as pessoas. Sou aberta e as pessoas julgam. Mas sempre fui assim, aquela pessoa que anda com nerd e com os bagunceiros, que transita em todos os lugares na escola, sabe?

“Resguardo muito meu corpo, sou demissexual. Não bebo álcool, nunca nem experimentei. Sou feliz e alegre, simpática”
Produção de moda Lucas Bueno
63
Assessoria de imprensa Nicolas Villano
64 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Vivi

V

BONITA, RICA E FAMOSA. A INFLUENCIADORA DIGITAL

VIVI WANDERLEY É O QUE MUITAS MENINAS NA SUA

IDADE QUEREM SER. EM SUAS REDES SOCIAIS, COM

MAIS DE 14 MILHÕES DE SEGUIDORES, ELA MOSTRA OS

BASTIDORES DA VIDA DE IT GIRL

Por Marley Galvão Fotos Miro Tratamento de imagem Fujocka Styling Mark Beleza Iza Ventura 5 min
65
Brinco Zara Macacão Zara Bota Shein 66 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Vivi

Com jeito meigo e discreto, a influenciadora digital e cantora Vivi Wanderley, de 21 anos, é herdeira de uma das maiores fortunas do país – seu pai, Walduck Wanderley, é fundador da empreiteira Cowan. Em sua rotina recheada de festas, viagens e muitos passeios, tudo vira conteúdo para seus perfis nas redes sociais, mas longe das câmeras, mostra ser uma garota tímida. Nesta entrevista, Vivi fala dos sonhos de ter uma família, do namoro com o influenciador Juliano e das coisas que a fazem feliz, além, é claro, dos projetos profissionais.

Conta como foi o começo dessa história: apesar de ter apenas 21 anos, você já tem seis anos de carreira como influenciadora. Como começou?

Antes de tudo, eu queria ser estilista porque desenho. Ou pintora. Essas eram minhas metas. Mas eu tinha uma vontade, no fundo do meu coração, de ser cantora também. Mas pensava: acho que quando terminar a escola, vou ser pintora. E fazia até aula. Em 2016, foi quando comecei a sentir vontade de trabalhar com a internet. Conheci algumas pessoas daqui de São Paulo e pensei: “nossa, acho que é isso que eu quero”. E me apaixonei pelo mundo da internet. Passei a postar conteúdo de maquiagem e teve uma época também que era muito forte aquelas fotos tumblr. E aí, eu ia muito para [a aba] explorar [do Instagram]. Fazia fotos bem produzidas e seguia muitos perfis de meninas que eu achava lindas, que eram it girls.

Você queria ser uma it girl?

Sim, queria. Postava minhas coisas e comecei a ganhar seguidores. Em 2018, eu

bati o meu primeiro milhão com dois anos de internet – antes era bem mais difícil ganhar seguidores. E aí comecei a querer mudar para São Paulo por causa do trabalho, mas ainda estudava. Em 2019 consegui vim pra cá, quando finalizei meus estudos.

E como é que foi essa mudança?

Eu morava com meus pais em Belo Horizonte. Com minha mãe, na verdade, mas meu pai mora perto. Também vivi boa parte da minha vida com a minha avó paterna. Minha mãe sempre me apoiou a ser influenciadora, mas minha família, da parte do meu pai, odiava. Falava que era muita exposição, já até fiquei sem celular. Porque eu abri meu instagram e muita gente começou a me seguir. Meu pai ficou desesperado. “Não, não gosto que se exponha.” Mas aí deu certo, virou trabalho.

E hoje, tudo bem com ele?

Agora que deu certo, sim. Ele fica mostrando para os amigos dele. Aqui, minha filha. Ele começou a levar a sério quando eu tinha uns 3 milhões de seguidores. Acho que foi em 2020. “Nossa, realmente dá dinheiro, é uma carreira, é um trabalho”, ele falou. Agora ele sempre me apoia, tem orgulho.

Seu pai é do ramo da construção. Ele queria que você trabalhasse com os negócios dele? Nunca, eu não sei de nada. Minha família é mais tradicional, os homens que trabalham com isso. Ele sempre deu liberdade pra eu trabalhar com o que quisesse e sempre dizia que me apoiaria. E depois que percebeu que era um trabalho, sempre me apoiou.

67
“Um dia quero ter uma marca de roupa. Desenho minhas próprias roupas. Na Farofa da GKay desenhei todos os meus abadás”

Que tipo de desenho você fazia?

Gosto de desenhar roupa, sempre gostei de desenhar roupa e pessoas. Mas nem posto os desenhos. Um dia quero ter uma marca de roupa. Desenho minhas próprias roupas. Na Farofa da GKay desenhei todos os meus abadás.

Qual era o seu objetivo quando começou a enxergar a internet como uma carreira?

Não sei. Não era por dinheiro, era porque gostava mesmo, gostava de compartilhar minha vida com as pessoas, de ter essa interação com muita gente.

Hoje se sente realizada?

Muito, muito, muito realizada. Acho que a parte mais difícil é a privacidade e também quando as pessoas julgam pelo que vêem por fora, mas não te conhecem. Julgam pelo que acham e não pelo o que você realmente é.

É mais racional ou impulsiva?

Já fui muito impulsiva, mas eu mudei com a terapia, que ajuda bastante.

Já teve críticas que não soube lidar?

Antes eu não lidava muito bem porque eu queria agradar todo mundo. Mas se você for pensar assim, nem Jesus agradou a todos. Então, quem sou eu, uma mera mortal, pra agradar todo mundo? Tem gente que simplesmente não vai gostar e aí não tem o que fazer. Eu tento pensar

desse jeito e está tudo bem. Voltei pra terapia justamente por trabalhar com a internet porque é muito difícil. Receber uma enxurrada de críticas todos os dias não é fácil.

E sobre a vida amorosa. Você é uma pessoa romântica?

Sou romântica, não aguento ficar solteira, não gosto. Eu gosto de namorar, de ter uma pessoa só. Já tive fase da minha vida, aquela da adolescência, que tem a pegação. Mas eu sou muito romântica, quero uma pessoa só pra mim, pra dormir todo dia agarradinho. Sempre quis casar, sempre foi um sonho, e ter filhos. Queria ter quatro, mas acho que agora quero ter uns dois.

Já viajou bastante?

Sim. E o lugar que mais gostei foi a Grécia. Pra mim foi um sonho, já fui duas vezes. Não canso de dizer que é o melhor lugar do mundo. Também gosto de ir para os Estados Unidos.

Como você projeta a sua carreira?

Eu brinco que sou a “Barbie Multifunções”, que eu quero ser tudo. Por exemplo, vou começar a lançar as minhas músicas, porque gosto muito de cantar. Sempre cantei, desde criança. Então, um dos meus sonhos é ter uma carreira de cantora de sucesso. [Na época da entrevista, Vivi ainda não tinha lançado seu clipe Playground, que estreou no início de dezembro.]

“Acho que a parte mais difícil é a privacidade e também quando as pessoas julgam pelo que vêem por fora, mas não te conhecem”
68 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Vivi
69
70 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Vivi
“Eu sou muito romântica, quero uma pessoa só pra mim, pra dormir todo dia agarradinho. Sempre quis casar, sempre foi um sonho, e ter filhos”
71
Assessoria de imprensa Gabriella Medina, Leo Franco e Chango
72 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Juliano

J

DANÇARINO, EXTROVERTIDO E DE BEM COM A VIDA. O

INFLUENCIADOR DIGITAL JULIANO FLOSS NASCEU EM PINHALZINHO, INTERIOR DE SANTA CATARINA. DEIXOU PARA

TRÁS A VIDA PACATA E HOJE OSTENTA UM PERFIL COM

MAIS DE 11 MILHÕES DE SEGUIDORES NO TIKTOK E MAIS DE 4 MILHÕES NO INSTAGRAM. AO LADO DA NAMORADA VIVI, TAMBÉM INFLUENCIADORA, ELE PASSOU A TER UMA VIDA

AGITADA, REPLETA DE VIAGENS MUNDO AFORA

Por Marley Galvão Fotos Miro Tratamento de imagem Fujocka Styling Gustavo 13 Beleza Iza Ventura 5 min
73
Look Prada, Pace e Zara 74 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Juliano

Com 18 anos, o influenciador Juliano Floss viu sua vida mudar totalmente. Ele dança desde os sete anos e, apesar de ser extrovertido e falante hoje, era um menino mais tímido. Começou a dançar e foi se soltando até decidir fazer um vídeo e postar na internet. Era um post engraçado sobre fio e aparelho dental. Foi dormir e no dia seguinte viu sua conta chegar aos 20 mil seguidores. Empolgado, resolveu seguir a carreira de influenciador. Hoje, ele fala com alegria dos sonhos conquistados, como morar sozinho, e dos planos para os próximos anos

Quando você estourou nas redes sociais?

Eu não tinha seguidores ainda. Fiz um vídeo em cinco minutos e nem estava dançando, era de comédia, falando sobre aparelho dental, nada com nada. Postei e fui dormir. Quando acordei, no outro dia, estava com uns 20 mil seguidores e o vídeo estava com um milhão de visualizações. Então, continuei, fui na onda. Quando voltou a escola e foi voltando ao normal [depois da pandemia], eu estava com mais de um milhão de seguidores. Foi uma loucura.

E sobre dança?

O segundo foi um vídeo meu dançando. Foram mil visualizações. Então, espera aí, eu não estou tão famoso quanto eu achava que estava. Mas me deu um gás, daí eu continuei. Naquela época, não tinha muitos meninos dançarinos no TikTok.

Aí acho que chamou a atenção da galera. Foi quando comecei a seguir o nicho da dança que deu certo para mim. E passei a gravar vídeos todos os dias.

Tem alguma história engraçada ou inusitada depois que virou influenciador?

A mais engraçada eu não lembro, mas

aconteceu um negócio muito louco esses dias quando estava lá no Sul. Levei a Vivi para ver a minha família e a gente estava em um jogo da Chapecoense. O jogo mais assistido do ano, 20 mil pessoas. Foi a primeira vez que lotou o estádio. E veio muita gente tirar foto. Aí, veio um cara mais velho e ele olhou para mim e falou: “eu sou seu primo”. Só que nunca vi ninguém com esse sobrenome. Daí, ele mostrou o RG. Explicou que ele era de segundo grau e que a gente nunca tinha se visto por que ele era de outra cidade. E encontrou por conta da descendência alemã. Nossa família fazia fio dental, floss significa fio dental, e ele falou que as famílias antigas tradicionais da Alemanha criavam o sobrenome a partir das coisas que faziam. Eu achei muito louco. Mas é algo que eu não saberia se não fosse a internet, por exemplo, porque ele nunca viria até mim.

Você vai estrear uma peça. Além do teatro, o que você mais tem vontade de fazer?

Cantar, só que é uma coisa que depende muito de mim. Agora estou montando um estúdio lá em casa e estou aprendendo a caminhar neste processo. As pessoas sempre têm um jantar, um almoço de família em um domingo, um churrasco, aí tocam um pagode. Sempre observei que a maioria das pessoas canta, até quem não sabe. Eu nunca fui uma pessoa que cantou, em nenhum desses momentos, então nunca tive o costume de mostrar a voz. Nem eu reconheço a minha voz, ela engrossou muito também, nesse meio tempo.

Você está com algum projeto para 2023?

Eu quero também ser mais influente na moda. Agora estou começando a trabalhar minha imagem de verdade, porque nesse meio tempo, só deixei fluir. Essa roupa que estou usando hoje, foi a que

75
“Não tinha muitos meninos dançarinos no TikTok. Aí acho que chamou a atenção da galera. Foi quando comecei a seguir o nicho da dança que deu certo para mim”

o cara (stylist) pensou pra mim. Antigamente, eu só pegaria uma roupa que ficaria legalzinha. Então, quero muito poder trabalhar com marcas nacionais, e daqui três anos já projeto trabalhar com internacionais, tipo, Prada, marcas assim.

E como está a carreira de influenciador? Estou ganhando bem. Eu era adolescente, o dinheiro que eu tinha não era meu, era dos meus pais. Há dois anos eu vendi bolos de pote por dois meses para conseguir fazer a minha primeira viagem para a Europa. O valor do dinheiro mudou muito. Isso me assustou também esse ano, eu nem vejo mais quanto pago no Uber, por exemplo. Lá em Chapecó, você não gasta mais que R$ 50 para ir para qualquer lugar. Nunca passei por sofrimento nenhum, meus pais sempre me deram tudo. Tinha bolsa na escola, mas era a melhor escola, nunca passei fome, nada de mal, mas o valor do dinheiro mudou muito.

Qual a sensação de ser dono do próprio nariz? Porque quando você tem essa independência financeira, você também é quem decide.

Eu acho libertador, é legal, sabe? Agora estou montando meu apartamento e sempre quis ter um espacinho meu. Minha sala parece um quarto, porque tem um monte de coisa e dá pra ver que é um jovenzinho, bola de basquete, coisas assim. Essa liberdade de poder montar, por exemplo, minha casa, meu apartamento é muito legal.

Qual é o seu maior sonho de consumo?

Meu sonho de consumo eu já consegui: era comprar um carro pro meu pai. Era esse desde criancinha. Porque a gente ia pra escola, e a minha condição era muito diferente. Os caras que estudavam lá iam

de Porsche, e eu estava lá com a Paraty do meu pai. Pensava: “Nossa, eu queria que meu pai tivesse um carrão”. Meu pai sempre foi uma pessoa muito presente. Ele largava o que estava fazendo e ia me buscar. Então, sempre dei muito valor para o carro dele, porque ele sempre me levou pra tudo quanto é lugar.

E seu pai trabalha com o quê?

Ele é gerente de uma empresa que trabalha com aquarismo. Lá em casa, a gente já teve raia, já teve aquário marinho… A gente tem o filme inteiro do Nemo lá. Tem o Nemo, a Dory, a casinha deles.

E você tem aquário em casa hoje? Não, mas eu queria. Só que é muito trabalho pra cuidar, e se tivesse um aquário, queria ter aquele marinho, com muita cor, que tem a Dory, Nemo… Mas pra cuidar é muita grana e investimento.

E sobre a relação com a Vivi? Pensam em casar?

Nem f*dendo (risos). Daqui uns quatro a cinco anos. Vamos ver como é que vai ser. A gente fala, vamos casar… bom, se tudo der certo. E está dando, né, amor? [se dirige a Vivi que está na mesma sala]. A gente vai ter dois filhos, ela quer que se chame Caetana, mas não vai acontecer isso, porque Caetana é muito feio.

Você viajou muito neste último ano, para onde foi?

Nossa, eu não era muito de viajar. Quando morava em Chapecó, eu ficava mais lá mesmo. Eu ia muito para Florianópolis, mas esse ano a gente foi, meu Deus, para uns 60 lugares. A gente foi para Bahia, Belo Horizonte, Grécia, Punta Cana. Mas gostei mais da Grécia.

“Há dois anos eu vendi bolos de pote por dois meses para conseguir fazer a minha primeira viagem para a Europa”
76 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Juliano
77
78 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Juliano
79
“Meu sonho de consumo eu já consegui: era comprar um carro pro meu pai. Era esse desde criancinha”
80 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Juh Mazzocco

COM APENAS 18

JANOS ELA JÁ SE DEPAROU COM

FÃS CHORANDO AO ENCONTRÁ-LA PELAS RUAS DE CONCÓRDIA, CIDADE NO INTERIOR DE SANTA CATARINA

ONDE NASCEU E CRESCEU. FILHA DE EMPRESÁRIO E DENTISTA, JUH MAZZOCCO, QUE TEM MAIS DE 8,7 MILHÕES DE SEGUIDORES NO TIKTOK, DECIDIU NÃO SEGUIR A CARREIRA DOS PAIS E INVESTIU NO DIGITAL

Por Marley Galvão Fotos Miro Tratamento de imagem Fujocka Beleza Iza Ventura 5 min
81
82 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Juh Mazzocco

Apesar da pouca idade, Júlia Mazzocco Guerra já sabe muito bem aonde quer chegar. O objetivo é pavimentar a carreira como influencer digital e ganhar muito dinheiro com isso. Com o apoio dos pais, Juh já planeja seu futuro, mas não esquece de se divertir durante a trajetória.

Você tem 17 anos e já tem uma carreira. O que acha sobre isso?

Sou muito persistente no que faço. Um exemplo disso foi quando comecei a gravar vídeos. Desde o primeiro, nunca mais parei. Por mais que eu esteja mal, nunca deixo de postar stories. Sei que é errado, porque, às vezes, posso ter chorado e posto mesmo assim, mas se não fizer fico pior ainda. Acho que sou inútil porque não fiz o que tinha que fazer. Os meus fãs me cobram, sabe? Eles me mandam mensagem, e eu gosto de fazer a coisa certa.

Com a carreira de influenciadora você deixou de lado os estudos ou segue firme? Não, terminei [o ensino médio] agora e com minha nota do Enem do ano passado vou estudar na PUC, vou fazer Publicidade e Propaganda.

Mas já pensava nesta área antes de ser influenciadora?

Não, não queria fazer. Nunca pensei. Pois todas as pessoas diziam: “quero fazer medicina, quero fazer isso ou aquilo”, e eu nunca tive algo que queria. Desde pequena queria ser famosa, se é que você me entende... Aí, eu nunca pensei em um trabalho que gostaria de ter a não ser este, tanto que me esforcei pra fazer isso, por que era o que eu realmente queria, mas como ter um diploma é importante, escolhi Publicidade

e Propaganda, porque é o que mais se associa a esta vida de influenciador.

Seu pai é empresário e sua mãe dentista. Nunca pensou em seguir algum desses caminhos?

Não. Minha mãe sempre quis que eu e minha irmã fôssemos dentista para ela dar o consultório dela para uma de nós, mas não rolou.

E quando começou a postar e a fazer sucesso, qual foi a reação dos seus pais? Eu comecei a postar na pandemia. Fiquei em casa o tempo todo e não tinha nada pra fazer, então comecei a postar e meus pais não levavam muito a sério. Mas quando passou a ser trabalho… quando, por exemplo, chegou o primeiro recebido na minha casa, umas roupas, minha mãe não acreditou. Ela achou o máximo. Até hoje quando chega um recebido ela fica falando: “pega o recebido!”.

Depois que você começou a ter milhares de seguidores, eles encararam isso como uma carreira?

Eles encaram como uma carreira. Principalmente, quando eu estourei e várias agências entraram em contato. Neste momento minha mãe e meu pai fizeram reuniões com as agências até escolher uma, que é a que estou hoje. Eles enxergam como um trabalho, como algo que irei fazer pelo resto da minha vida. E está dando certo, né?

Qual foi o primeiro vídeo que você postou que estourou? E qual foi sua reação?

Foi um vídeo meu e da minha prima. Eu gravei por um ano e sempre postava no

83
“Sou muito persistente no que faço. Um exemplo disso foi quando comecei a gravar vídeos. Desde o primeiro, nunca mais parei”

TikTok. Um ou outro vídeo viralizava, com até 100 mil curtidas. Aí, teve uma vez que eu chamei minha prima pra gravar um vídeo de passinho, de corpo inteiro, porque antes era só da cintura pra cima. Então, quando postei de corpo inteiro, teve 3 milhões de curtidas e ganhei muitos seguidores. A partir disso, a gente só gravava assim, porque estava dando certo. Todo vídeo passou a ter um milhão de curtidas. E fiquei pensando: “aí, meu Deus, está acontecendo...”. Começaram a me reconhecer na rua. É muito louco, sabe?

E como era essa sensação, de ser reconhecida?

Agora eu me acostumei, mas tinha gente que chorava quando vinha falar comigo e eu ficava pensando: “como assim, sou só eu”. Não entendia porque as pessoas ficavam tão eufóricas. Mas adoro isso. Tem uns fãs que são muito fofos sabe, fico muito feliz.

Você tem o objetivo de ter uma carreira artística?

Já fiz vocal, mas eu abandonei. Não estava gostando, mas acho que estou mais para ser atriz. Já fiz aula de teatro também. Hoje não estou fazendo, pois mudei de cidade, mas eu gosto bastante. Tenho vontade de fazer algum filme ou alguma novela.

Onde você passou sua infância?

Em Concórdia, uma cidade pequena de Santa Catarina, com uns 80 mil habitantes. Dou graças a Deus que tive minha infância lá, porque é um lugar muito seguro. Sempre fiz tudo a pé, saía com meus amigos, ia pra festa à noite. Não é o tipo de lugar que precisa de Uber.

Você pratica algum esporte?

Sim, atualmente eu jogo futevôlei, mas durante dez anos eu nadei, era nadadora. Parei quando comecei a estourar na internet… Ah, faço aula de dança também. Quis focar mais na dança por conta dos vídeos e parei de nadar.

Sente falta de nadar?

Olha, eu gostava muito de competir, porque tinha muitos amigos, mas odiava treinar. Como meus pais nadam também, meu pai faz triathlon, eles sempre quiseram que eu nadasse, mas nunca gostei tanto. Era mais pelas pessoas que eu conhecia. Era um parto ir para o treino.

Um sonho?

Eu tenho vontade de ter muito dinheiro para que eu possa viajar e comprar o que quiser sem me preocupar com nada.

E você acha que com a carreira de influencer consegue realizar seu sonho?

Espero que sim.

“Tinha gente que chorava quando vinha falar comigo e eu ficava pensando: ‘como assim, sou só eu’. Não entendia porque as pessoas ficavam tão eufóricas. Mas adoro isso”
84 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Juh Mazzocco
85
86 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Juh Mazzocco
Assessoria de
FT Estratégias 87
“Eu tenho vontade de ter muito dinheiro para que eu possa viajar e comprar o que quiser sem me preocupar com nada”
imprensa

AOS 28 ANOS, A INFLUENCIADORA DIGITAL, QUE JÁ CONTABILIZA NOVE ANOS DE CARREIRA E 5,5 MILHÕES DE SEGUIDORES, NÃO ABRE MÃO DE SUAS RAÍZES E USA A INTERNET PARA MOSTRAR TODA A FORÇA E A CRIATIVIDADE QUE VEM DA ORIGEM NORDESTINA

L 88 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Laura Brito
Por Marley Galvão Fotos Miro Tratamento de imagem Fujocka Beleza Tati Coelho 5 min
89
90 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Laura Brito

Determinada a entrar nas redes sociais, mas sem saber como, Laura Brito, 28, apostou no que mais sabia fazer para iniciar sua carreira como influenciadora: a customização. Com garra e sabendo muito bem aonde quer chegar, a recifense demorou oito anos para realizar o sonho de morar em São Paulo. Abriu mão de um casamento de dez anos, arrumou as malas e resolveu correr atrás de seus sonhos. Hoje, feliz com o rumo da vida e da profissão, ela fala sobre a saudade da família, de uma comida que ama, o cuscuz, e das dificuldades, mas garante que não troca a rotina atual pelo anonimato.

Você começou na internet com a customização, fala um pouco sobre esse início. Começou há nove anos. Bom, na verdade foi há mais tempo. A customização já estava inserida na minha vida e na da minha família, que sempre transformou peças. Eu era muito magrinha quando era pequena e as roupas não ficavam boas, então, minha mãe transformava. A gente sempre dava um jeito para tudo. Como sempre quis entrar na internet, mas não tinha condições financeiras, pensei que poderia falar sobre customização. As pessoas da minha vida real perguntavam de onde era a roupa que eu estava usando e respondia que eu tinha feito, tinha customizado. Então, pensei em começar com maquiagem, só que eu não sabia fazer e nem tinha, e aí resolvi levar a customização para a internet.

Qual seu primeiro vídeo que viralizou?

Foi a customização do meu quarto. Usei papel sulfite para decorar as paredes porque iria começar a gravar os vídeos. A ideia não era customizar só roupa, mas tudo. O segundo foi sobre maquiagem. Eu não sabia me maquiar. Não tinha isso em casa. Mas queria, sempre fui apaixonada. Aí, resolvi fazer um vídeo sobre maquiagem. Foi cômi-

co porque não sabia fazer. Depois aprendi.

Você é de Recife e faz questão de manter suas origens bem fortes, por quê?

O Nordeste traz muita força e criatividade. A gente tem que criar porque muitas vezes é a única alternativa para nossa vida. A gente tem que enxergar uma coisa boa mesmo numa situação ruim. Era adolescente que não tinha muitas condições e às vezes eu ficava triste por não ter as coisas que eu queria, só que passei a transformar tudo.

Como foi sua infância?

Foi uma infância muito feliz. Eu adorava que tinha duas casas. A gente era muito unido. Meus pais souberam administrar a separação. Eu e meus irmãos não temos trauma por causa da separação deles.

Você separou recentemente. Quanto tempo ficou casada, como era?

Foram dez anos. Seis de namoro e quatro de casada. Sou geminiana nata, criativa, comunicativa, hiperativa, livre. Me senti presa. A separação foi um momento difícil da minha vida. Depois que me separei, eu me reconheci. A vida é movimento. Se você parar para ver minha carreira, vai ver que tem um movimento absurdo. Comecei com customização, fui para maquiagem, fiz vários trabalhos, apresentei, fiz muita coisa e graças a Deus que eu tenho essa personalidade para poder conseguir passar anos com credibilidade na internet, que entra e sai gente, e eu permaneço lá, crescendo.

A internet te libertou?

Sim, ela te dá vários caminhos, várias possibilidades. Eu já era uma pessoa que enxergava possibilidade em tudo. Eu não sabia onde ela iria me levar, mas sabia que iria a algum lugar. Eu era tímida, não sabia muito bem o que fazer diante da câmera, me sentia

91
“A gente tem que criar porque muitas vezes é a única alternativa para nossa vida. A gente tem que enxergar uma coisa boa mesmo numa situação ruim”

insegura e tinha muita vergonha. Mas muitas pessoas me apoiaram desde o começo. Então, as pessoas que estavam me assistindo iam me dando mais segurança. Quando vi que estavam gostando, que estava feliz, que aquilo me fazia feliz, tive certeza de que era o caminho que queria seguir.

Você lembra qual foi a primeira peça que customizou?

Fiz um cropped customizando um short de academia. Isso viralizou. Como não ia na academia, usei a peça.

Mas porque você tinha roupa de academia se você não ia?

Porque toda segunda-feira a gente acha que vai começar, só que não começa...(risos). Virou uma ferramenta para customizar. Eu usava qualquer coisa. Até as roupas do meu pai.

E sobre os seguidores?

Eles são meu combustível. Eles são a nossa voz amplificada, maximizam o que você diz. Eles compram produtos que a gente fala, comentam sobre postagens, vão aos shows, teatro que você indica.

Então tem que ter muita responsabilidade com o que diz?

A gente tem uma voz muito grande na internet, alcança muitas pessoas, crianças, adolescentes. Tem que ter responsabilidade sobre o que fala, porque a gente está influenciando, fazendo parte de uma transformação das crianças que nos acompanham.

Era um sonho morar em São Paulo?

Sim, sempre foi um sonho morar aqui, porque sabia que ia conseguir alcançar ainda mais os meus sonhos. Vai completar um ano que mudei. Tinha medo de vir pra cá e perder minha essência, por isso demorei tanto tempo para mudar. Mas percebi que essa mudança me fortaleceu ainda mais.

Entendi que posso falar das minhas raízes, de onde vim e levantar ainda mais o nome do Nordeste. É um desafio morar em São Paulo, sozinha, longe da minha família, que sou muito apegada. Mas eles estão presentes e a tecnologia ajuda a ter eles por perto.

O que você já conquistou com o que ganhou? A parte mais importante que eu conquistei foi o fato de ter mudado a vida da minha família. Hoje sou uma base para eles e temos a segurança de que não vamos mais ficar preocupados em não ter dinheiro para pagar uma conta. Conseguir ajudar a minha família é a coisa mais importante que a carreira de influenciadora me deu. Ainda não tenho a minha casa própria, mas porque tudo é muito compartilhado com eles. E sou feliz por isso.

Embora tenha mais de 5 milhões de seguidores, a carreira de influenciadora é meio solitária. Você concorda?

Sim, mas não trocaria essa solidão pelo anonimato. E quando você começa a crescer, passa a ter equipe, então deixa de ser uma rotina tão solitária.

Quais são seus projetos?

Ter minha marca, provavelmente de roupa e de maquiagem. Viajar mais. Fui para Los Angeles, Nova York, mas ainda não conheci a Europa. No Brasil viajei bastante. Mas meu maior plano é ser feliz em meio a esse caos que é a internet, que tem essa cobrança, comparação. Não quero me esquecer, deixar de viver, de cuidar de mim. Também quero construir uma família, ter filhos.

E qual lugar mais gostou de conhecer? Noronha.

Laura, uma saudade da época que morou no Nordeste?

De cuscuz. Ele combina com tudo, carne, ovo, leite, legumes... eu amo.

“A separação foi um momento difícil da minha vida. Depois que me separei, eu me reconheci. A vida é movimento”
92 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Laura Brito
93
94 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Laura Brito
“Os seguidores são meu combustível. Eles são a nossa voz amplificada, maximizam o que você diz”
Assistente de beleza
Iza Ventura
95
Assessoria de imprensa Melina Tavares Comunicação

PARA O MULTITALENTO ESDRAS SATURNINO, CADA

PERSONAGEM É UM POUCO DE SI MESMO E TRAZ À

TONA CONFLITOS QUE TODOS PASSAM. COM HUMOR, CONHECIMENTO E LEVEZA, ELE EXPÕE SEUS PRÓPRIOS

TEMORES AOS SEGUIDORES E SÓ VEM GANHANDO ADEPTOS

E 96 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Esdras Saturnino
Por Marley Galvão Fotos Miro Tratamento de imagem Fujocka Beleza Iza Ventura 5 min
97
98 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Esdras Saturnino

Humorista, cantor, ator, compositor, criador de conteúdo e professor de música. Esdras Saturnino tem vários personagens e um deles virou sensação nas redes sociais nos últimos tempos: Arizózeles, um personagem pra lá de engraçado, que usa a imagem do filósofo Aristóteles para falar sobre temas do cotidiano. Avesso à vaidade, ele está mais empenhado em criar vínculo com seus milhares de seguidores do que atingir números estratosféricos e, para isso, aposta em uma relação afetiva com o público.

O bom menino que sempre olhou tudo ao seu redor resolveu abrir a boca e percebeu que o mundo ouviu o que ele tinha a dizer. Talvez esta frase seja um breve resumo de quem é Esdras, o influenciador que cresceu em um ambiente familiar equilibrado e onde a disciplina era uma das premissas. Não à toa, criou um perfil que prioriza o conteúdo focado em questões do cotidiano, em autoconhecimento, representatividade e humanidade. Para a TOP, ele conta um pouquinho sobre sua vida e sua carreira.

Nos vídeos é você ou um personagem?

Eu uso um personagem que me representa. Na maioria dos vídeos, estou falando o que está na minha cabeça. E penso: como o que estou dizendo pode impactar outra pessoa para ela se questionar se está vivendo as mesmas situações? Isso aconteceu, por exemplo, quando eu me perguntei se estava tudo bem comigo. Cada personagem retrata detalhes meus, uma etapa da minha vida. É uma representação de amor que eu recebi e quando mais precisava. Tenho bastante personagens, uns que já foram, os novos e o maior hoje é o Arizózeles, que eu brinco

com o pensamento alheio e faço com que as pessoas pensem com carinho em si. Ele tem o intuito do autocuidado. Ele mistura filósofos de épocas diferentes. Meu perfil é para as pessoas se sentirem livres, para que possam falar sobre o que sentem.

Você se afeta com os comentários?

Tenho um personagem japonês que representa os meus amigos asiáticos, a primeira aceitação que tive, que representa que essas pessoas me aceitaram do jeito que sou. Não ficavam falando sobre a minha cor, os meus traços, se minha canela é fina... Ainda comentam sobre a minha cor. Eu não sabia que isso estava me afetando muito. Escolhi ignorar e ser uma boa pessoa. Ajudar muito o próximo. Esdras é um nome bíblico, que significa aquele que socorre. Faço jus a este significado. E me sinto bem com isso.

Autocuidado tem a ver com autoestima, né?

Minha autoestima sempre foi baixa. Meu tratamento é muito sobre isso, faço terapia há dois anos. Falo muito sobre isso no meu perfil. Exatamente porque me falta, porque foi o que vivi sendo “a ovelha preta da sala”, essa expressão horrível foi destruindo quem eu sou, quem eu quero ser. Sou um menino que gosta de jogos, bastante afeminado, que vibra bastante.

E você atribui ao que a procura das marcas pelo seu perfil?

Acredito que pela humanidade que tento priorizar, do vínculo que criei com as pessoas. Não enxergo uma curtida, enxergo um ser humano. Não tenho um engajamento de milhões. E enxergo isso como a construção de uma pessoa preta em ascendência.

99
“Eu uso um personagem que me representa. Na maioria dos vídeos, estou falando o que está na minha cabeça. E penso: como o que estou dizendo pode impactar outra pessoa”

Você tem uma voz linda. Também estuda canto?

Comecei cantando na internet. Sou formado em música e sou professor de canto popular. Estudei violão popular e um pouco de violão erudito, então sei ler partitura (risos).

Com essa voz dá para ser dublador, locutor, já pensou nisso?

Tem projeto com essa história, sim. Sou apaixonado por isso. Acredito que meu mestrado de pesquisa vai ser: o que eu posso acrescentar para a sociedade com voz ou musicalmente ou autoconhecimento também.

Todo mundo pode ser cantor?

Sim, mas é o que sempre falo no meu perfil: o quão você está disposto a trabalhar sua musculatura vocal? A pessoa precisa abrir mão de algumas coisas. Eu não tomo água gelada, por exemplo, ou não bebo cerveja se for usar minha voz. Precisa ter disciplina

Sobre sua infância, teve uma educação muito disciplinada?

Não tem como dizer que sou uma pessoa regrada e disciplinada sem falar dos meus pais. Tenho bastante fé em Deus. Procuro ser uma pessoa muito obediente. Deus fala bastante comigo, mas quando chega no ame-te a si mesmo como ao próximo, é o meu grande dilema. É o meu conflito. Aí uso o perfil comedy para abordar com humor isso, e temas do cotidiano que as pessoas se identificam. Meu perfil é para as pessoas terem a sensação de casa e se sentirem à vontade.

Qual a sua melhor memória de infância?

O que vem na minha cabeça de preciosidade sou eu jogando Mega Drive pela primeira vez, uns seis ou sete anos. É uma das memórias mais gostosas que eu tenho. De estar entretido, de estar conectado com um personagem que eu me identifico.

Um cheiro de infância?

Batata. Amo batata de todo jeito. Fiz um teste de ancestralidade e descobri que minha maior porcentagem é da Angola e descobri também que lá eles fazem diversos pratos com batata. Fui pensando que é daí que vem essa paixão.

Essa consciência social vem de onde?

Acho que a pessoa já nasce com certos propósitos. E eu nasci um pouquinho diferente. Não chorei, fiquei observando, sou uma pessoa observadora e sempre fui assim. Era uma criança obediente, era calado... Agora, falo muito. Era o avesso do que sou hoje. Meus pais sempre falaram muito em ter uma estabilidade financeira.

Meu pai é professor de música e minha mãe tentou ser assistente social, mas acabou indo para os cuidados com o cabelo e é ela quem cuida dos meus.

Você é vaidoso?

Não. Passo semanas sem me olhar no espelho. Não penso muito nisso. Agora, a minha irmã Júlia, que se formou em moda, está dando algumas sugestões de como me vestir.

“Esdras é um nome bíblico, que significa aquele que socorre . Faço jus a este significado. E me sinto bem com isso”
100 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Esdras Saturnino
101
102 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Esdras Saturnino
103
“Meu perfil é para as pessoas terem a sensação de casa e se sentirem à vontade”

LSABE AQUELA PESSOA QUE É AMIGO ÍNTIMO DE CELEBRIDADES DO TIPO ANITTA E GKAY, QUE SABE TUDO O QUE ROLA NOS BASTIDORES, TEM MUITO HUMOR E HABILIDADE PARA QUEBRAR QUALQUER CLIMA TENSO?

ASSIM É LUCAS GUEDEZ. UM INFLUENCIADOR DIGITAL QUE CONQUISTOU MILHÕES DE SEGUIDORES FAZENDO GRAÇA

AO INTERAGIR COM A TV E MOSTRANDO A VIDA COMO ELA É

Por Marley Galvão Fotos Miro Tratamento de imagem Fujocka Beleza Iza Ventura 5 min
104 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Lucas Guedez
105
106 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Lucas Guedez

Tudo se torna engraçado ao lado dele. Do nada, uma frase, que a princípio poderia parecer mais formal, vira uma piada. Lucas Guedez, o influenciador digital, de 27 anos, que viu sua conta pular de 20 mil para 100 mil num piscar de olhos, é um virginiano bagunceiro. Gosta de estar com os amigos, fazer piada o tempo todo e adora comer – quando ganhou seu primeiro cachê de 10 mil reais com uma publicidade pensou em gastar tudo com lanche. Durante um ano juntou dinheiro e já realizou dois grandes sonhos: uma casa para os pais e um carrão, como ele mesmo diz. E apesar de não ter sido aceito quando souberam que era gay – na religião que seguem ser homossexual é pecado –, não pensa duas vezes quando o assunto é família, a ponto de lágrimas darem lugar à risada constante. Aqui ele conta sobre os perrengues quando saiu de casa, as relações amorosas e sobre sua a vida antes da fama e dos mais de 5 milhões de seguidores.

Você é uma pessoa organizada? Que deixa as roupas dobradas tudo igual?

Sim. Não...(risos). Gosto das roupas coloridas separadas, os tipos organizadas, mas é bagunçado. E se alguém mexer na minha bagunça eu fico doido, porque eu sei onde está cada coisa naquela bagunça.

Dizem que pessoas bagunceiras são inteligentes. Você se acha inteligente? Será? Mas eu me acho uma pessoa inteligente, sim. Sou meio lento. E tem aquela história de você ficar pensando muito uma coisa e acabar acreditando nela. Na época da escola, eu ficava pensando que eu era burro, então... mas as pessoas me acham inteligente. Eu também acho, pela criatividade que tenho para fazer piada, pela espontaneidade.

Também tem a história da inteligência emocional, de se relacionar bem com as pessoas. Sim, e eu amo. Eu gosto de conhecer pessoas, sair da minha bolha, que não são do meio. E sou fácil de lidar. Desde que saí da casa dos meus pais, eu trabalhei com o público.

Conta como foi essa saída da casa dos pais? Foi triste. Estava me descobrindo e por ter família muito religiosa, foi muito difícil sair do armário por causa das regras. Então, passei por muita dificuldade nesta época, com apenas 18 anos. Foi quando meu pai brigou comigo porque eu queria dormir na casa das minhas amigas. E aí, neste momento me chamou de veado pela primeira vez. Ouvir aquilo do meu pai foi horrível. Chorei muito.

E depois?

“Você não pode ser isso, vai para o inferno. Esse tipo de pessoa não é gente.” Ouvi muito isso da minha família. Aí, resolvi pegar minhas coisas e ir embora. Eu já trabalhava, tinha meu dinheirinho, fazia curso. Foi quando conheci meu primeiro namorado, que me ajudou muito. Tenho amigos que também me ajudaram muito. Uns até me pagavam a passagem de ônibus para ir na casa deles e fazer show. O cachê era a comida (risos).

E o seu cachê hoje está alto?

Está, mas podia estar mais alto...(risos). Mas, falando sério, mudou muito a minha vida. Assim como eu pude mudar a vida da minha família também. Quando comecei a ganhar dinheiro... isso porque eu ganhava 800 reais e na minha primeira publicidade eu ganhei dez mil reais. Eu nunca tive dez mil. Pensei, nossa estou milionário, vou gastar tudo com lanche.

107
“As pessoas me acham inteligente. Eu também acho, pela criatividade que tenho para fazer piada, pela espontaneidade”

Lembro que fiquei questionando como investir e guardar esse dinheiro. Então, comecei a juntar por um ano. Tenho só dois de internet. Queria dar uma casa para meus pais e dei, uma casa grande com quintal. Também tinha um sonho de comprar um carro e consegui. Um carrão, com teto solar, me sinto um homão dirigindo. Meu próximo sonho é comprar uma casa de descanso para meus pais no Nordeste, que meu pai é baiano. Uma casinha.

E quando você deu a casa para seus pais como foi?

Foi muito bom. E teve aquela história de quebrar o meu ego. Eu fui expulso de casa e agora vou ter que ajudar meus pais? E isso me deixou muito feliz. Minha mãe tem diabetes e é muito frágil e eu queria cuidar dela. Então, foi uma coisa assim, olha, ser gay não é um bicho de sete cabeças.

E trabalhava com o que antes de ser influenciador?

Com recreação infantil, inclusive era no prédio do Whindersson [Nunes]. Ganhava uns 800 reais e gastava tudo com comida e roupa. Aí conheci meu namorado, que me ofereceu abrigo, me ajudou durante um ano, até eu me estabelecer. Ele era muito equilibrado e mudou a minha vida. Fiquei um ano sem falar com meus pais. Porque não tinha essa história de sentar na mesa e falar para eles: eu sou gay. Minha irmã que é hétero não sentou

na mesa para dizer: eu sou hétero. Então, não vou fazer isso. Não foi uma coisa que escolhi, foi uma coisa que aconteceu.

Você namorou com meninas antes disso? Sim, com filha do pastor. Nesta época não podia fazer “tcheca-tcheca”, se não tinha que casar. Só podia beijar, mas tinha beijo de língua, mãozinha... E era uma das regras que eu dava graças a Deus (risos). Quando eu fazia natação ficava excitado com os meninos, mas não entendia e reprimia isso. Fiquei na igreja até meus 20 anos.

Mas então te aceitaram na igreja?

Na verdade, parece que eles colocam uma venda. Minha mãe orava por mim, para eu me curar. Eles não queriam ver. Então era uma luta comigo mesmo. E foi muito difícil, especialmente assumir meu relacionamento com um homem.

Hoje tudo mudou. Você foi na Farofa da GKay. Teve muita coisa impublicável lá? Muita coisa... mas eu não participei de nada (risos). Nessa eu fiquei de boa, curti muito, porque todo mundo que foi para cantar eram meus amigos e fiquei muito feliz com isso. Uma festa que é muito grande, bizarra, e tinha Pabllo [Vittar], Luísa Sonza, Ivete [Sangalo], que agora é minha amiga, então curti muito, não saí do lado do palco e fiquei o tempo todo com a GKay, que é muito minha amiga, e as pessoas não largam dela.

“Na minha primeira publicidade eu ganhei dez mil reais. Eu nunca tive dez mil. Pensei, nossa estou milionário, vou gastar tudo com lanche”
108 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Lucas Guedez
109
110 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Lucas Guedez

“Queria dar uma casa para meus pais e dei, uma casa grande com quintal.

Também tinha um sonho de comprar um carro e consegui. Um carrão, com teto solar, me sinto um homão dirigindo”

111
Assessoria de imprensa Silvia Assessoria

Além da propaganda

DIVERSIDADE E INCLUSÃO REVERTEM EM GANHO FINANCEIRO

PARA EMPRESAS E MULTINACIONAIS DE BELEZA, MODA E VESTUÁRIO, APESAR DA DISPARIDADE ENTRE O DISCURSO E A PRÁTICA

112 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Moda
113

Você pode nunca ter assistido a um jogo de futebol americano, mas certamente ouviu falar do jogador Colin Kaepernick, boicotado pela NFL (National Football League) após iniciar um protesto contra o racismo e a violência policial, ajoelhando-se durante a execução do hino nacional. O gesto, reproduzido por colegas de time e adversários, foi considerado altamente ofensivo por parte do público norte-americano.

O caso ganhou ainda mais popularidade quando a Nike o colocou como protagonista da campanha Dream Crazy, causando furor nas redes sociais. Na época, circularam vídeos de críticos queimando produtos da marca, que manteve-se firme ao seu posicionamento. Em um primeiro momento, as ações da empresa caíram cerca de 3% na bolsa de valores, mas no ano seguinte, a Nike registrou um aumento de US$ 6 bilhões em valor de marca, além do crescimento de 31% nas vendas.

Este não é um caso isolado de retorno financeiro com a defesa e implementação da diversidade. Uma pesquisa realizada pela McKinsey & Company mostra que empresas com pluralidade étnica e racial têm 35% mais chances de ter rendimentos acima da média do setor na qual está inserida.

Os números estão diretamente ligados a uma crescente reivindicação da Geração Z (nascidos entre 1996 e 2010) por maior diversidade e inclusão. “Daqui para frente, a performance das empresas estará diretamente ligada a uma demanda geracional. E, quando a gente fala em diversidade, não estamos tratando de representar um ou outro grupo específico, mas de toda uma questão estrutural que alcança até mesmo os cargos de gestão das grandes empresas”, afirma Lilyam Berlim, professora de negócios e sustentabilidade na moda da ESPM Rio de Janeiro.

114 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Moda
Por Aline Melo Fotos Divulgação 5 min

Empresas com pluralidade étnica e racial têm 35% mais chances de ter rendimentos acima da média do setor na qual está inserida

115
116 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Moda

Um passo de cada vez Considerada empresa-modelo, a Natura ocupa o segundo lugar no ranking das 100 melhores empresas do mundo no quesito de Diversidade e Inclusão, segundo a Refinitiv. A pesquisa abrange 9 mil companhias de capital aberto, considerando quatro pilares: diversidade, inclusão, desenvolvimento de pessoas e notícias/controvérsias.

Um exemplo de seu forte posicionamento são as campanhas publicitárias de Dia dos Pais, estreladas por Thammy Miranda (2019), Thales Bretas (2020) e Mano Brown (2021). “Nossa motivação é ter coragem de falar do que é real, sem julgamentos sobre certo ou errado. Estamos tentando lidar, com delicadeza e sensibilidade, com esses temas para prestar um serviço”, afirma Maria Paula Fonseca, diretora global da marca. Apesar das críticas, as ações da companhia cresceram 10% logo após a primeira campanha, comprovando o apoio de investidores. No quesito de equidade racial, a pesquisa Todxs, realizada em parceria pela agência Heads e a ONU Mulheres, mostra que entre 2015 e 2021 o percentual de protagonistas mulheres negras nas campanhas publicitárias brasileiras subiu de 4% para 27%.

“A moda é um mercado que se apropria muito das referências e técnicas africanas e indígenas, mas não valoriza, evidencia e credibiliza essas construções. Para que a diversidade seja um imperativo é fundamental a

117
“Quando a gente fala em diversidade, não estamos tratando de representar um ou outro grupo específico, mas de toda uma questão estrutural que alcança até mesmo os cargos de gestão das grandes empresas”

presença dessas pessoas nos espaços criativos e pensantes. Não basta que elas sejam um mero símbolo do grupo no qual estão inseridas, elas precisam estar presentes na construção da narrativa. Cada um sabe da sua história e especificidades”, analisa Paloma Gervasio, coordenadora do Comitê Racial e de Diversidade do Fashion Revolution Brasil.

Essa foi a abordagem utilizada pela Pantys no lançamento de uma cueca absorvente para homens trans e pessoas não-binárias. “Na época, recebíamos muitos pedidos de produtos voltados para pessoas que menstruam, mas não se identificam como mulheres. Para entender as preferências deste público e agregar maior funcionalidade, o produto foi desenvolvido através de feedbacks e testes de usuários reais”, afirma Gabriela Marcotti, analista de sustentabilidade da marca.

Embora tenha sido um sucesso de vendas, as campanhas pautadas no público LGBTQIA+ ainda enfrentam forte oposição. Uma pesquisa realizada pelo Datafolha, entre 13 e 16 de dezembro de 2021, indica que 51% dos brasileiros concordam que comerciais com casais homossexuais deveriam ser proibidos para proteger as crianças. “Temos vários avanços, mas muitos retrocessos por uma questão política. Moda não é somente sobre roupas, moda é arte, cultura, expressão e também é política”, analisa Paloma.

“A gente pode até ver pretos e LGBTQIA+ nas campanhas, mas não vemos mulheres pretas gordas, cadeirantes, amputados, cegos, idosos... Ainda não vemos uma série de outros grupos que fazem parte do público consumidor, mas são invisíveis na publicidade”, complementa a professora Lilyam.

118 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Moda
119
“Moda não é somente sobre roupas, moda é arte, cultura, expressão e também é política”

Quem fez minhas roupas?

Com todas as devidas ressalvas, a publicidade brasileira não encontra-se tão defasada no quesito diversidade e inclusão quando comparada ao cenário mundial. O verdadeiro calcanhar de Aquiles está no dia a dia das empresas e em quem ocupa os cargos de gestão e produção.

“Pode não parecer, mas essa questão tem sido muito melhor trabalhada no marketing do que na vida pragmática. Quando você adentra o universo real da marca, ainda precisamos caminhar bastante. Tem muito oportunismo, sim, e a checagem disso é feita observando o quadro de funcionários de cada empresa”, diz Lilyam.

O Índice de Transparência da Moda, uma análise de 50 grandes marcas e varejistas brasileiras, mostrou que em 2021 apenas metade das empresas avaliadas divulgavam suas políticas de antidiscriminação e 38% as de diversidade e inclusão. Recentemente, vimos uma empresa de moda feminina, cujo slogan é “De Mulher pra Mulher”, apresentar uma diretoria executiva formada exclusivamente por homens.

“Essa inclusão e diversidade que estrela campanhas não aparece neste lugar do criar, administrar, gerir as empresas… O mercado da moda oferece muitas frentes de trabalho, mas esses grupos excluídos estão concentrados no chão de fábrica. Não estou desvalorizando este lugar, mas não podemos estar somente ali. Não é nem sobre potencializar o outro, mas ampliar vozes e auxiliá-lo a ser visto, porque já somos todos uma potência”, conclui Paloma.

“Não é nem sobre potencializar o outro, mas ampliar vozes e auxiliá-lo a ser visto, porque já somos todos uma potência”
120 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Moda
121
122 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Lifestyle

Trend alert

123
BARBIECORE, Y2K, PLUMAS… O CURTO CICLO DE VIDA DAS TENDÊNCIAS QUE BOMBAM NAS REDES SOCIAIS, COMO AS GRANDES VAREJISTAS DE MODA ENTRAM NESSA CONVERSA E O REAL IMPACTO NA CADEIA PRODUTIVA

Com estreia prevista para julho de 2023, o live-action Barbie já deu muito o que falar. Antes mesmo da primeira imagem de Margot Robbie caracterizada ser divulgada, os looks monocromáticos rosa pink dominaram os feeds e as vitrines de todo o mundo. O fenômeno que ficou conhecido como barbiecore é tudo, menos fútil.

Amparado pela tendência Y2K, que resgata símbolos nostálgicos da moda dos anos 2000, como o jeans de cintura baixa, cores vibrantes e muito brilho, o barbiecore é um excelente exemplo do poder das redes sociais como um canal de disseminação de tendências. Segundo o Google Trends, a busca pelo termo entrou em ascensão em junho de 2022, três meses após a grife Valentino tingir a passarela da Paris Fashion Week de rosa pink com sua coleção de outono-inverno.

“No mercado da moda, costumamos trabalhar com uma antecedência de dois a três anos, pois temos uma cadeia muito extensa antes de uma peça chegar à confecção. Quando algo estoura nas redes sociais, impulsionando a venda do produto, aquilo já foi decidido muito tempo antes e apresenta todo um estudo técnico por trás”, afirma Luciane Robic, diretora de marketing do IBModa e especialista em branding, comunicação e semiótica.

Do feed…

Se as redes sociais ainda não ditam (sozinhas) as tendências de moda, certamente, apresentam um papel fundamental na adesão de uma ou outra. Dados do Sprout Social indicam que 98% dos usuários pretendiam comprar ao menos um produto por meio de redes sociais ou influenciadores em 2022. Não à toa, as vendas do período por estes canais são estimadas em 992 bilhões de dólares.

124 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Lifestyle
Por Aline Melo Fotos Divulgação 5 min

“Quando algo estoura nas redes sociais, impulsionando a venda do produto, aquilo já foi decidido muito tempo antes e apresenta todo um estudo técnico por trás”

125
126 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Lifestyle

“Um estilo ou movimento que antes levaria de 1 a 2 anos para chegar ao público de massa, hoje, tem uma adesão observada em meses”, afirma Giovanna Bedinelli, especialista em tendências da WGSN, empresa líder em tendências de comportamento e consumo. Ela explica que toda curva de adesão a uma tendência acontece em etapas, por diferentes perfis de consumidores.

O primeiro perfil responsável por impulsionar esses movimentos são os inovadores, que representam em média 2,5% da população mundial. Normalmente, eles estão inseridos no universo da arte. “Em um primeiro momento, esses movimentos ainda são muito complexos para serem traduzidos em algo visual pelo restante da população. Os responsáveis por transformar essas tendências em algo mais palatável e influenciar sua chegada para outras camadas sociais são os Early Adopters ”, explica Giovanna.

Os Early Adopters são consumidores com um perfil mais propenso à experimentação e fornecimento de feedbacks, configurando o topo da cadeia de distribuição de uma tendência. Muitos deles atuam como influenciadores digitais nas principais redes sociais, com destaque para o TikTok.

Descartada a primeira impressão de um ambiente divertido e superficial, o TikTok provou-se uma poderosa ferramenta estratégica para impulsionar negócios. “Hoje, essa é a plataforma digital que as pessoas mais utilizam para decidir sobre a compra de um produto. Com a velocidade de compartilhamento e entrega de conteúdo, o TikTok pode ser considerado a principal forma de dissipar uma tendência emergente”, analisa Giovanna.

Às prateleiras

Diante de tamanho potencial, tanto o pequeno empreendedor, quanto as grandes redes de varejo foram obrigados a desenvolver estratégias de relacionamento, comunicação e venda para melhor posicionar os seus produtos nas redes sociais. Mas há quem dê um passo além para conquistar este mercado consumidor!

“Com todas as devidas ressalvas à rede de produção, visão e valores, a Shein desenvolveu um sistema muito poderoso de negócio. Não acho correto, mas aplaudo como ela faz essa gestão dos dados disponíveis nas redes sociais, visualizando uma tendência e entregando a peça em velocidade recorde”, admite Luciane.

127
Descartada a primeira impressão de um ambiente divertido e superficial, o TikTok provou-se uma poderosa ferramenta estratégica para impulsionar negócios

A utilização de plataformas e agências de previsão de tendências para antecipar a produção já é uma estratégia utilizada pelas marcas brasileiras, com destaque para o fast fashion. Em julho de 2021, a C&A causou alvoroço ao anunciar que lançaria pequenas coleções a cada 24 horas, pautadas em tendências efervescentes nas redes sociais.

“Ter isso na sua visão estratégica não é para qualquer um. Exige um aporte financeiro, tecnológico e de pessoas… Não sei nem se dá para falar em concepção de coleção neste contexto, é mais um lançamento de produto. Mesmo acelerada, a criação de moda, propriamente dita, exige mais assertividade para emplacar uma coleção”, analisa a diretora de MKT do IBModa.

Na dinâmica das redes sociais, quando uma peça chega ao mainstream, deixa de ser nova e perde o interesse dos Early Adopters, que seguem para uma nova tendência. “As plumas são um exemplo muito visível do que chamamos de hit da temporada, aquela tendência que explodiu, estava presente em todas as lojas para diversos públicos e agora é algo tido como saturado pelos consumidores”, relembra Giovanna. Este consumo e descarte desenfreado tem um impacto drástico para o terceiro mercado mais poluente do mundo, que emprega cerca de 2,7 milhões de brasileiros. “As questões de sustentabilidade social e ambiental estão cada vez mais no centro das decisões de compra, exigidas por um consumidor consciente do seu papel e das marcas com as quais se relaciona”, afirma Edmundo Lima, diretor executivo da ABVTEX (Associação Brasileira do Varejo Têxtil). Neste sentido, os varejistas ainda precisam descobrir como produzir coleções mais assertivas a partir da previsão de tendências.

128 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Lifestyle
“As questões de sustentabilidade social e ambiental estão cada vez mais no centro das decisões de compra”
129

Na dosponta dedos

SEJA NO MOBILE, NO CONSOLE OU NO PC, OS GAMES ESTÃO O TEMPO TODO NAS MÃOS DOS CONSUMIDORES FORMANDO UMA GRANDE E INCLUSIVA COMUNIDADE QUE CADA VEZ MAIS CONQUISTA ADEPTOS – INCLUSIVE AS MARCAS 130 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Cultura
131

Foi-se o tempo em que gamer era considerado aquele jovem nerd, introspectivo e que vivia trancado no quarto jogando videogame – espera, esse último trecho ainda é verdade, mas, em partes. “A comunidade gamer mudou muito ao longo dos anos e o estereótipo do nerd introvertido já não é mais real”, acredita Paulo Aguiar, CCO e sócio da 3C Gaming. E o mercado de e-sports reflete essa transformação e vem se desenvolvendo e se destacando como um player importante – para eventos, parcerias para marcas, e fama de influenciadores do meio. Para se ter ideia, a cada quatro brasileiros, três jogam videogames, segundo pesquisa da Game Brasil. Essa prática é a décima receita no ranking mundial com um total de US$ 2.7 bilhões, segundo Paulo, e é por isso que ele acredita que este universo deixou de ser considerado um nicho e tem se tornado algo ainda maior. “Os games representam

Por Marina Paschoal Fotos Divulgação 5 min
132 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Cultura
A cada quatro brasileiros, três jogam videogames. Essa prática é a décima receita no ranking mundial com um total de US$ 2.7 bilhões

um mercado importante e em constante crescimento no mundo e também no Brasil. Ele vai muito além de um perfil fechado de jogador ou dos jogos eletrônicos, mas abraça diversas idades, estilos e inclusive outras indústrias, como a de influenciadores. É justamente por toda essa popularização e crescimento de público que os games devem ser vistos como mainstream ”.

Prova disso é a mudança de vida que Lucio dos Santos Lima, mais conhecido como Cerol, nome de seu user, viveu. O atleta, que já trabalhou como frentista e motorista de aplicativo, viu tudo mudar em 2018, quando estourou e tornou-se um dos maiores streamers de Free Fire do Brasil. “Percebi a oportunidade quando o número de views nas minhas transmissões começaram a aumentar, o que abriu diversas portas para publicidade e parcerias com marcas”, ele lembra. Atualmente, Cerol é também co-fundador do Fluxo, uma organização de e-sports ao lado de Nobru, outro atleta e streamer de destaque.

133

Em sentido horário: o jogador e streamer de Free Fire, Nobru. O atleta de e-sports também é fundador da agência Fluxo, junto com o Cerol que aparece na foto acima. Ao lado, a equipe de LOL formada por Tay, Turtle, Jojo, Disamis, Onmeta e Hauz, da 3C Gaming. NoBru, Renan Philip, Jefão, Charles Faria e Gabriel Matt fundaram a Quest, o braço de conteúdo da 3C Gaming

134 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Cultura

Na onda do momento

Muitas marcas perceberam a oportunidade dentro do universo de games – e foi neste cenário que Paulo Aguiar e seus sócios – Renan Philip, Fernando Hamuche, Matt Pereira e Allan Fernandes – desenvolveram a 3C Gaming, que nasceu no final de 2020. “Somos uma agência especializada em games, que cria campanhas, novos negócios, eventos e outros projetos com diversos agentes desse ecossistema: talentos, marcas, publishers, plataformas e comunidades”, explica. Eles também gerenciam a carreira de alguns atletas, como Cerol e Nobru, além de administrar toda a operação do time Fluxo Esports. Em 2021, a empresa alcançou a marca de mais de R$70 milhões gerados em negócios para seus parceiros. “Acredito que isso é algo que veio para ficar. Em pouco mais de dois anos, na 3C já conseguimos conectar marcas como Ifood, Heineken, TikTok, Next, Casas Bahias, LG e muitas outras empresas em ações especiais voltadas para o mundo gamer. É um mercado que não se prende a um só jogo, estilo ou influenciador”, conta Paulo.

Para todo mundo e todos os gostos “Os e-sports não têm faixa etária ou gênero, qualquer um pode entrar e participar, mesmo que não seja jogando. Atualmente, grande parte da comunidade apenas assiste ao conteúdo. Por exemplo, muitos pais começam a ver as transmissões para entender o que os filhos assistem ou conversam”, explica Cerol.

A Newzoo, agência especializada em dados e insights da indústria, destacou as game personas no Brasil, sendo: 52% da comunidade joga e consome conteúdo, 3% só assiste a e-sports, e 25% apenas joga. E tem mais: as mulheres são tão apaixonadas por games quanto os homens! De acordo com a PGB, elas representam 51% dos jogadores no Brasil. “Elas assistem, torcem e jogam na mesma medida”, conta Paulo. “Mas, como em outros mercados, ainda há um caminho pela frente para termos igualdade, sobretudo quando falamos da categoria profissional e competitiva. Mas já vemos algumas iniciativas neste sentido, o que é muito importante”. E uma delas feita pela própria 3C Gaming, em parceria com o Banco Next, que desenvolveu o projeto Ela Faz o Game.

135
As mulheres são tão apaixonadas por games quanto os homens! Elas representam 51% dos jogadores no Brasil

Ganhando ou perdendo, o importante é participar

Essa máxima faz muito sentido neste universo, já que disputas – sejam elas oficiais ou amadoras – movimentam muita gente (e marcas). “Essas competições aceleram o segmento por envolver patrocinadores, grandes audiências acompanhando as partidas e premiações para os vencedores”, completa Paulo.

Na prática, campeonatos oficiais são aqueles criados por desenvolvedores, e os amadores, são competições independentes, que podem ser dirigidas por personalidades, como a CPN (Copa Nobru), que teve sua última edição durante a Brasil Game Show (BGS) – o maior encontro gamer da América Latina. Paulo e Cerol estiveram por lá, juntos, no stand Fluxo by LG. “Participar dessa edição da BGS foi muito importante para o Fluxo como organização. Fomos os únicos a ter um espaço próprio, com ativações e experiências exclusivas para os fãs e apaixonados por e-sports”, lembra Paulo.

O CCO da 3C Gaming ainda se emociona ao ver o crescimento do mercado e da comunidade. “ O mais legal é poder fazer parte da mudança, trazendo as marcas para esse universo de uma forma autêntica e realmente conectada com o que a comunidade espera”, conclui.

136 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Cultura
“Os e-sports não têm faixa etária ou gênero, qualquer um pode entrar e participar, mesmo que não seja jogando”

Must have do quarto gamer

Segundo Cerol, que além de atleta foi considerado o melhor streamer pelo Prêmio Esports Brasil, esses são os itens essenciais para criar um universo gamer particular:

1. pc gamer, teclado, mouse e headset “Pensando em um bom desempenho dentro do jogo”

2. cadeira gamer e mouse pad com apoio para o pulso “Para ter melhor ergonomia ao jogar”

3. cenário, boa iluminação, acústica legal e câmera “Se for investir em stream”

Top 5 games mais jogados

Em que devices os games são mais jogados no Brasil?

48,3% 23,3% 20%

Smartphone PC ou Notebook Console (videogame)

1 2 3 4 5

*Dados da Pesquisa Game Brasil, Go Gamers, SX Group, referentes ao Brasil

PUBG Battlegrounds

Número de usuários: 100 milhões

Plataforma: Playstation 4; Xbox One, PC e Mobile

Minecraft

Número de usuários: 95 milhões

Plataforma: Playstation 4; Xbox One, Switch e Mobile

Apex Legends

Número de usuários: 50 milhões

Plataforma: PlayStation4 e 5, Xbox One e Series X|S, Switch, PC e Mobile

Fortnite

Número de usuários: 45 milhões

Plataforma: PlayStation a partir do 4, Xbox a partir do One, Switch e Switch Lite, e Mobile

Counter Strike (CS)

Número de usuários: 35 milhões

Plataforma: Xbox e PC

*Dados de usuários segundo Forbes Tech

137

Alexa, apaga a luz!

COM A SMART TV COMO PORTA DE ENTRADA, BRASILEIROS PASSAM A INVESTIR MAIS EM DISPOSITIVOS INTELIGENTES PARA A CASA E ENXERGAR A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL COMO UM FACILITADOR DA VIDA COTIDIANA

138 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Lifestyle
139

O desespero de não encontrar a chave na bolsa após um longo dia de trabalho. A incômoda sensação de entrar em um forno ao chegar em casa no verão. A preguiça de levantar da cama para apagar a luz. Esses são apenas alguns exemplos de empecilhos cotidianos que poderiam facilmente ser resolvidos com inteligência artificial.

Quando falamos em casa conectada, ainda pode vir à cabeça uma antiga concepção sobre o tema, com aparelhos caros, completamente dispensáveis e robôs prestes a dominar o mundo. “Hoje, é possível comprar um device conectado simples para a casa com apenas 50 reais, como as lâmpadas e as tomadas inteligentes. Este é um primeiro passo comum na automação das casas brasileiras”, afirma Vitor Coelho, consultor sênior na WGSN Mindset, braço de consultoria da empresa líder em tendências de comportamento e consumo.

Um exemplo que apresenta excelente custo-benefício é a Smart TV, considerada o dispositivo inteligente mais popular no país. Uma pesquisa realizada pela Nielsen, em parceria com a MetaX, revela que 61% dos brasileiros já possuem uma smart TV em 2022. A maioria considera este dispositivo como o seu preferido para assistir a serviços de streaming, resultando em um tempo de uso médio de duas horas por dia.

“Quando paramos para pensar que dispositivos como a Smart TV também são considerados inteligentes, enxergamos um perfil bem mais amplo e democrático dos compradores de aparelhos conectados. Existem opções vistas com bons olhos, inclusive, pela classe C e por um público mais velho, como as caixas de som e as lâmpadas coloridas”, garante Vitor.

140 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Lifestyle
8,1 % dos brasileiros possuem dispositivos inteligentes em casa
141
142 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Lifestyle

Demandas do consumidor Embora o Brasil ainda apresente uma média mais tímida de consumidores de dispositivos inteligentes, quando comparado ao cenário mundial – 8,1% frente a 13,5% dos usuários de internet –, as marcas nacionais e internacionais estão atentas ao aumento de demanda. Reconfigurar a iluminação da casa, por exemplo, já não é um sonho tão distante. Tanto os famosos assistentes virtuais, como a Alexa da Amazon e o Assistente Google, quanto os keypads (controles inteligentes que funcionam como um painel de comando da automação da casa) oferecem a possibilidade de transformar um ambiente de trabalho em um espaço aconchegante, para relaxar ou receber, em poucos segundos. O isolamento social que acompanhou a pandemia nos últimos anos foi responsável por inúmeras mudanças no comportamento do consumidor, incluindo uma busca pela praticidade no cuidado da casa. “Há um desejo cada vez maior por automação das tarefas domésticas, o que explica o boom de venda de robôs aspiradores, por exemplo”, analisa o consultor da WGSN.

E não pense que a retomada da vida social que assistimos em 2022 tirou totalmente o foco da casa! O ano foi marcado pelo sucesso de dispositivos inteligentes que favorecem a socialização e o entretenimento, como os projetores, que permitem criar verdadeiros cinemas em casa, com uma qualidade nunca antes vista. Durante a Copa do Mundo, a venda de home theaters e projetores registrou um aumento de 92% quando comparado a setembro de 2021.

Em um cenário econômico desafiador, o mercado nacional também apresenta uma demanda significativa por produtos tecnológicos que agreguem eficiência energética, levando à economia nas contas fixas mensais.

143
“Há um desejo cada vez maior por automação das tarefas domésticas, o que explica o boom de venda de robôs aspiradores”

Desde o projeto

Para além da esfera cotidiana, a inteligência artificial revolucionou a forma de projetar residências e peças de mobiliário. É o caso do Estudio Guto Requena, que introduziu o design paramétrico no dia a dia do escritório. Este método utiliza algoritmos para criar novas formas, explorando limites e considerando as mais diversas variáveis, como relevo e comportamento dos materiais.

“Eu brinco que, hoje, tenho uma dificuldade enorme de pegar um lápis e desenhar. Estou muito mais interessado em crescer formas usando algoritmos”, revela o arquiteto e designer Guto Requena. “Tanto na arquitetura, como no design, começamos a ver uma estética nova, mais fluída, glóbica, que foge dos ângulos de 90º e está completamente vinculada ao design paramétrico”, completa.

Um exemplo é a poltrona Delírios, desenhada digitalmente utilizando uma programação paramétrica e, posteriormente, executada por um braço robótico em máquina CNC. “Finalmente, hoje, temos várias tecnologias de produção digital no Brasil que estão nos permitindo executar esses projetos”, garante Guto.

Nos projetos arquitetônicos do estúdio, a automação da casa ideal acontece através do cabeamento de rede. No apartamento do próprio arquiteto, por exemplo, são quase 3 km de cabos de rede dentro das paredes, com a finalidade de conectar todos os aparelhos, eletrodomésticos, sistemas de som e luz.

“Isso ainda tem um custo elevado, mas deve baratear com o tempo e se disseminar para mais lares brasileiros”, avalia o arquiteto. “Uma vez que tudo está cabeado, é possível utilizar comandos de voz, controles, celulares e criar uma infinidade de cenários. Você pode programar a casa para te despertar, receber, tocar música… A tendência é buscarmos cada vez mais por ambientes que dialoguem conosco e respondam a estímulos”, completa.

144 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269 Lifestyle
Poltrona Delírios, assinada pelo Estudio Guto Requena
145
“A tendência é buscarmos cada vez mais por ambientes que dialoguem conosco e respondam a estímulos”

Por Trás Desta Edição

Acesse nosso Instagram

TOP MAGAZINE EDIÇÃO 269
146
Backstage

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.