TOP Magazine Edição 271

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Munhoz & Mariano

STUDIO MUNDO TOP | VW / pessoas / Bruna Viola, Day & Lara, Felipe Araújo, Israel Novaes, Luiza Martins, Munhoz & Mariano e Paula Mattos dividem a trajetória até o sucesso / Bruninho & Davi, Diego & Junior e Felipe & Rodrigo contam as expectativas para o cenário musical / cultura / o coração do Brasil pulsa no ritmo sertanejo / moda / o retorno das western boots / lifestyle / Amarok: a musa inspiradora / a revolução do gim

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12 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 271 Sumário 134 30 124 102 40

Na companhia dos fãs

Bruna Viola, Day & Lara, Felipe Araújo, Israel Novaes, Luiza Martins, Munhoz & Mariano e Paula Mattos contam os desafios, conquistas e sonhos ao viver da música.

Mundo TOP

Andy Warhol aos olhos de Steve Schapiro, os detalhes da Heritage Sideboard, a reinvenção de Ingenieur SL by IWC, exposições imersivas e o conceito afável da culinária do Lá na Cozinha.

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Western Boots

Da roda de moda de viola para às passarelas, as “botas de cowboy” estão entre as tendências outono-inverno 2023. Listamos as mais incríveis da temporada.

Refúgio no Pantanal

A Caiman é um dos símbolos quando a ideia é hospedagem de alto padrão e sustentabilidade.

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A vida do sertanejo

Bruninho & Davi, Diego & Junior e Felipe & Rodrigo contam a trajetória, as experiências, e as expectativas para o futuro da música sertaneja.

Coração do Brasil

Uma linha do tempo completa sobre a história de sucesso da música sertaneja no Brasil. Empresários do mundo da música mostram como o ritmo conquistou o país.

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Companheira de estrada

Alguns dos artistas convidados para esta edição da TOP Magazine pegaram carona na picape mais potente do Brasil, a Amarok. Conheça este veículo poderoso.

#Gim

Quase tão popular quanto o chá inglês, o gim se reinventou. Agora, cede à criatividade da mixologia e faz parte obrigatória dos cardápios de drink em todo o mundo.

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40 PESSOAS CULTURA MODA LIFESTYLE STUDIO MUNDO TOP
Sumário

Quem Fez

Camila Lourenço

Apaixonada por conhecer a história de vida de outras pessoas, Camila Lourenço começou a trabalhar no jornalismo há 10 anos e escolheu a reportagem como profissão. Camila conversou com os nossos artistas convidados para esta edição.

Jornalista, apaixonada por cultura, música, moda, gastronomia, tendências, design, arquitetura, viagens, gatinhos e grandes festivais de música. Sempre em busca de novidades e com a mente cheia de boas ideias, atenta ao que acontece, tendo a comunicação como essência e expressão de si.

Maquiadora há 15 anos, Iza Ventura é a responsável por makes que realçam ainda mais a beleza de nossas estrelas da capa. Pelos corredores da redação, também desfilou seu bom humor e simpatia tão encantadores quanto seu tradicional delineado.

Marcos Rozen atua no jornalismo automotivo desde 1994. Escreveu para as principais publicações do segmento, como Autoesporte, Quatro Rodas, Jornal do Carro, além de Veja e GQ. Em 2017, fundou o Museu da Imprensa Automotiva e, em 2022, o site Use Elétrico.

Camila Borba Marcos Rozen
14 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 271 Colaboradores
Iza Ventura

Um dos maiores nomes da fotografia nacional, Miro retratou com seu olhar único alguns dos nomes mais importantes da música sertaneja nesta edição especial de TOP Magazine.

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Miro

Publisher

Claudio Mello

TOP Magazine | Studio Mundo TOP

Redação: Renata Zanoni

Editora Multiplataformas: Emilia Jurach

Diretora de Arte: Rosana Pereira

Assistente de Arte: Luana Jimenez

Produção executiva: Jeane Souza

Assistente de Produção: Diego Almeida

Estagiária: Gabriela Haluli

Projeto Gráfico

Marcus Sulzbacher

Lilia Quinaud

Paulo Altieri

Fabiana Falcão

Colaboradores

Texto

Camila Borba, Camila Lourenço, Marcos Rozen

Edição

Brenda Iung e Rodrigo Sigmura

Foto

Miro

Produção

Leandro Milan e Paula Giannaccari (Catering), Dani Longuine, Diogo Macedo, Gabriel dos Santos, Giulia Kisser, Iza Ventura, Jessica Arnhold, Karen Fachi, Kethlyn Guimarães

Tratamento de Imagens

Fujoka, JC Silva

Editora Todas as Culturas

Gerência de Projetos: Camila Polido

Criativo: Bruno Souto

Gerência de Relacionamento: Carolina Alves

RP & Interface de Atendimento: Dianine Nunes

Financeiro: Marcela Valente

Circulação: Regiane Sampaio

Assessoria Jurídica: Bitelli Advogados

Impressão: R2 Produção Gráfica

Distribuição: Brancaleone

TOP Magazine é uma publicação da Editora Todas as Culturas Ltda. Rua Pedroso Alvarenga, 691 - 14º Andar - Itaim Bibi - CEP 04531-011 - São Paulo/SP Tel.: (11) 3074-7979

As matérias assinadas não expressam necessariamente a opinião da revista. A revista não se responsabiliza pelos preços informados, que podem sofrer alteração, nem pela disponibilidade dos produtos anunciados.

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Mundo Top

UMA SELEÇÃO DE TUDO O QUE FAZ A DIFERENÇA SOBRE LIFESTYLE / CULTURA / DESIGN / FO

fotografia

Revelando Warhol

Um olhar íntimo sobre o universo do artista e seu círculo de amigos pelas lentes de Steve Schapiro

Andy Warhol and Friends é um livro de fotografia de Steve Schapiro que documenta a vida e a obra do artista pop Andy Warhol, bem como as pessoas que o cercavam no lendário estúdio chamado “The Factory”. Considerado um dos artistas mais icônicos do século XX, ele ficou famoso por suas obras que abordavam a cultura pop e o consumismo – como as latas de sopa Campbell e os retratos de Marilyn Monroe.

20 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 271 Cultura

TOGRAFIA / CINEMA

Steve Schapiro, aclamado fotógrafo americano, teve a rara oportunidade de passar um tempo com Warhol e seus amigos durante a década de 1960. Em seu livro, Schapiro captura momentos íntimos e marcantes, tanto de Warhol quanto de outras figuras importantes da época, como Edie Sedgwick, Lou Reed e Nico. Publicado pela renomada editora Taschen – conhecida por suas edições de alta qualidade em arte e fotografia

– o livro oferece uma visão única da vida e do ambiente artístico que cercava Warhol, mostrando não apenas o processo criativo do artista, mas também a efervescência cultural de Nova York naquela época. As fotografias de Schapiro nos permitem viajar no tempo e ter uma visão mais profunda da vida de Warhol e das pessoas que fizeram parte de sua história. +infos: taschen.com

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Heritage Sideboard design

O aparador da empresa de design Boca do Lobo é uma obra-prima que celebra a tradição portuguesa

O Heritage Sideboard é um magnífico legado português. Revestido de azulejos –tradicionais peças de cerâmica pintadas à mão e uma das formas de arte mais representativas da cultura portuguesa –, o aparador arquitetônico retrata diferentes cenas da era dos descobrimentos do país. Séculos de história são reunidos em um único painel final, e cada camada é acentuada por espelhos verticais nas superfícies laterais.

O convite para percorrer esse rico legado continua quando se abrem as duas portas, revelando um interior revestido em folha de ouro brilhante, enquanto um acabamento de ornamento clássico remete ao interior de igrejas e edifícios opulentos. Em cada uma das duas divisões individuais do aparador, é possível observar uma prateleira de vidro transparente. Uma peça de destaque que pode ocupar o centro das atenções nas salas mais elegantes, pois seu verso também é totalmente pintado à mão. Uma longa tradição de personalização e exclusividade para criar peças de design únicas e inigualáveis, oferecendo um toque de sofisticação e história a qualquer ambiente.

+infos: bocadolobo.com/en/ limited-edition/sideboards/heritage/

22 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 271 Cultura
Mundo Top

relógio

Ingenieur Reinventado

O retorno triunfal do clássico IWC com a assinatura de Gérald Genta

A IWC resgatou o clássico Ingenieur de 1976, assinado por Gérald Genta, em um contexto em que o design integrado ganha força. A marca, fundada por um americano e com linhas emblemáticas associadas a diversos países, destaca-se por sua essência germânica. O relançamento do Ingenieur SL em 2023 apresenta diferenças em relação à geração anterior e à concorrência atual. O modelo, concebido para profissionais que lidam com campos magnéticos, teve diferentes versões ao longo dos anos. A terceira geração foi cuidadosamente planejada e representa um marco no catálogo da IWC.

+infos: iwc.com.br

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exposição

Revivendo um gênio

Mostra imersiva aproxima público da obra de Pablo Picasso

Imagine Picasso é uma exposição única que celebra os 50 anos da morte do famoso artista espanhol. A mostra, que passou por diversos países com sucesso de público, fica até 18 de junho no MorumbiShopping. A exposição foi criada por Annabelle Mauger e Julien Baron, com colaboração da historiadora de arte Androula Michaël e do arquiteto Rudy Ricciotti. Por meio do conceito Image Totale, as obras são projetadas em multisuperfícies, proporcionando uma experiência multissensorial e aproximando o visitante da arte de Picasso. A exposição combina cenografia e trilha sonora permitindo ao público explorar a obra do gênio espanhol de maneira inovadora.

Os diretores criadores também foram responsáveis por exposições de sucesso como Imagine Van Gogh e Imagine

Monet, e contam que a mostra tem como objetivo tornar a obra de Picasso acessível a todos, independentemente da idade, da cultura ou da língua. A exposição busca capturar a “desorganização” do ateliê do artista, usando projeções em vídeo para democratizar sua arte e permitir que o público explore detalhes de seu trabalho de maneira inovadora.

Pablo Diego José Francisco de Paula Juan Nepomuceno Cipriano de la Santísima Trinidad Ruiz y Picasso apresentou sua primeira pintura aos 15 anos. Ele adorava cachorros – especialmente seu dachshund Lump.

Ao longo de 78 anos de carreira, produziu mais de 120 mil obras de arte, trabalhando rapidamente e, às vezes, sem rascunho prévio.

+infos: imagine-picasso.com

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uísque

Jack Daniel’s e McLaren celebram parceria

Edição limitada homenageia fundadores e chega ao Brasil no segundo semestre

Celebrando a estreia da Jack Daniel’s na Fórmula 1 como patrocinadora da McLaren, as duas marcas se uniram para lançar uma edição limitada do famoso Tennessee Whiskey. O produto apresenta rótulo e embalagem comemorativos homenageando seus fundadores, Mr. Jack Daniel e Bruce McLaren.

A garrafa para a McLaren Racing é baseada no Jack Daniel’s Old Nº07, um dos uísques mais conhecidos do mundo, distribuído em mais de 170 países. A bebida, com 40% de teor alcoólico, mantém a proporção clássica de

grãos do Tennessee Whisky: 80% de milho, 8% de centeio e 12% de cevada maltada.

Sophia Angelis, VP Sênior e Diretora Global da Jack Daniel’s, expressa entusiasmo com a parceria, destacando o espírito compartilhado de independência, autenticidade e ousadia das marcas. Louise McEwen, diretora executiva de marca e marketing da McLaren Racing, também está animada com o lançamento, reforçando a ambição conjunta de colocar os fãs no centro das ações. Ela vê a edição limitada como uma forma efetiva de celebrar o 60º aniversário da McLaren, compartilhando a lembrança dos notáveis fundadores com os fãs.

O McLaren x Jack Daniel’s Tennesse Whiskey estará disponível em mercados selecionados dos países que recebem a corrida, incluindo o Brasil no segundo semestre de 2023.

+infos: jackdaniels.com

Mundo Top
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TOP MAGAZINE EDIÇÃO
Cultura

Existe um termo muito popular dentro do mundo da gastronomia que é usado nos quatro cantos desse mundo: “comfort food”, que casa bem com esta citação do Mia Couto que usei como título desta coluna. Eu prefiro simplesmente “Cozinha Afetiva”, afinal, poucas coisas no mundo têm o poder de nos abraçar como a comida feita com carinho e amor. Carimbo de afeto.

As memórias têm sabores. Quem é que um dia poderia discordar disso? Quantas lembranças e sabores vêm junto quando pensamos naqueles almoços de família: o caos reinava na mesa, todo mundo pedindo, ao mesmo tempo, o único saleiro?

Leandro Milan e Paula Giannaccari são os criadores por trás do Lá Na Cozinha, empresa desenvolvida para criar soluções para o mercado de Alimentos & Bebidas, com frentes de atuação em setores da área de eventos, treinamentos e consultorias, desenvolvimento de produtos para o Food Service, cardápios e locação de cozinha.

Pois é, alguns sabores ficam na memória, e memórias ficam nos sabores! Mas a verdade é que nunca conseguimos recriar esses momentos: você pode chegar perto, mas nunca igualar. Existe o sabor e o “carimbo” do sabor em você. Isso tudo sempre será um conjunto de fatores: o vinho pode ser o mesmo, mas nunca será o mesmo clima, as mesmas pessoas, a mesma atmosfera, o mesmo ânimo... e por aí vai! Você pode, inclusive, repetir aquele vinho maravilhoso

daquela noite magnífica e se decepcionar com o sabor que virá com ele. Mas, é claro! O dia de hoje não é exatamente aquele que você viveu dias atrás. E essa é a grande mágica por trás das memórias afetivas que são carregadas de sabores. É sempre a soma de tudo: pessoas, comida, temperatura, humor e lugar. Mas a marca daquele sabor em você… ah, isso sim, é eterno! A gastronomia afetiva toca a nossa alma. E ela não se resume apenas às comidas das nossas avós e mães. Também está presente na alta gastronomia (como se comida de vó não fosse alta gastronomia, né?!). Não estou falando de padrões Michelin. Estou falando de sabor, capricho, técnica e cuidado, aquelas coisas indispensáveis para um cozinheiro entregar na sua

cozinha quando está preparando uma refeição para alguém, mesmo que esse alguém seja, na maioria das vezes, um desconhecido. A comida carrega nossa energia, alimenta nosso corpo e nutre nossa mente. Se junto com tudo isso ainda carimbar a nossa alma com um sabor marcante, aí então terá cumprido o seu papel mais essencial. Minha mãe, por exemplo, tem gosto de torta de limão. Quando eu era pequena, minha mãe fazia torta de limão nos eventos de família. Hoje, eu tenho no cardápio do Lá na Cozinha um rocambole de limão com mirtilos. Não é a torta de limão da minha mãe. É certo que não. Mas a sobremesa de limão e os cheiros me transportam imediatamente para um lugar confortável e seguro. E a minha esperança é que quem consuma sinta esse carinho.

Todo mundo tem esse carimbo de afetos e sabores. Até mesmo quem pensa que não. É por isso que esta coluna é sobre isso: gastronomia afetiva e tortas de limão!

Seja bem-vindo (a)!

+infos: lanacozinha.com.br @lanacozinha.oficial

A emoção por trás dos sabores inesquecíveis
Cozinhar é um modo de amar os outros
coluna
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A CELEBRAÇÃO DO AGORA

NO TRÂNSITO, ESCOLHA A VIDA.
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O coração do Brasil pulsa no ritmo da música sertaneja

COMO O ESTILO MUSICAL CONQUISTOU O BRASIL E SE TORNOU UM SÍMBOLO CULTURAL PRESENTE NA HISTÓRIA HÁ MAIS DE 100 ANOS

Por Camila Borba Fotos Reprodução 5 min 31

Antes mesmo do sertanejo ser a preferência musical do brasileiro, ele já fazia parte da história do país. Há quase 100 anos, entre as décadas de 1920 e 1930, o Brasil era predominantemente agrário e a indústria do entretenimento ainda era pequena e totalmente dependente da popularização do rádio.

Com a economia baseada na exportação de café, borracha e cacau, a industrialização estava começando a se desenvolver, mas ainda era incipiente e concentrada em poucas regiões do país, como São Paulo e Rio de Janeiro. Nesse contexto rural e ainda em desenvolvimento, as músicas feitas em diferentes regiões do interior do país começaram a chamar a atenção das pessoas que viviam também nos grandes centros.

Com sons de violão, viola caipira, sanfona e bateria aliados a vozes que geralmente possuem um timbre grave e rouco, muitas vezes em duetos ou em harmonias, as letras das músicas sertanejas contam histórias e narrativas em uma linguagem normalmente muito simples e direta, que retratam temas ligados à vida no campo, amor, saudade, religiosidade e a luta pela sobrevivência.

O Brasil é um país de dimensões continentais, e o sertanejo representa uma grande parcela do consumo da música no país. Para Bruno Vieira, head da Amazon Music no Brasil, o ritmo faz parte da cultura brasileira, veio do agronegócio e do lifestyle do interior e hoje se reflete no país inteiro, com a sua simplicidade, verdade e autenticidade de suas letras que traduzem o dia a dia do povo.

“As pessoas se identificam com as letras que falam de amor, traição, festas, paqueras, sofrimento. O sertanejo abarca esses sentimentos e é uma música de fácil absorção. O brasileiro quer se divertir, rir dos problemas, e o sertanejo traz isso”, ressalta Vieira. Devido à grande diversidade de culturas encontradas em solo brasileiro, o gênero musical sertanejo é repleto de subgêneros que estão em constante evolução e possuem diferentes realidades. Já faz mais de um século que ela foi criada e conquistou de norte a sul do Brasil, passando por diferentes eras. Gustavo Alonso, historiador, professor e autor do livro Cowboys do Asfalto: Música sertaneja e modernização brasileira acredita que uma das coisas mais importantes que a música sertaneja fez para o Brasil foi abrir esse diálogo na música brasileira com gêneros mais massivos. “Ela não é um gênero, ela é um guarda-chuva de subgêneros. Diferentemente da Bossa Nova ou do Forró, que são gêneros únicos. O sertanejo vai agregando outras sonoridades e estéticas e isso faz com que ele se modifique e também explique sua popularidade”, pontua Alonso.

“Ela não é um gênero, ela é um guarda-chuva de subgêneros. Diferentemente da Bossa Nova ou do Forró, que são gêneros únicos. O sertanejo vai agregando outras sonoridades e estéticas e isso faz com que ela se modifique e também explique sua popularidade”
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Em sentido horário, a partir da seta: Léo Canhoto & Robertinho; Inezita Barroso no Viola Minha Viola; Sula Miranda; Cascatinha & Inhana; João Paulo & Daniel, Chitãozinho & Xororó; Leandro & Leonardo

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As diferentes batidas de um mesmo ritmo

O sertanejo raiz ou caipira veio da moda de viola cantada por Tião Carreiro & Pardinho, que usavam um instrumento de 10 cordas que conferia à batida da música um som mais estridente e único. Entre os anos 1980 a 1990, o sertanejo romântico ganhou um lugar especial no coração dos apaixonados com seus arranjos mais simples, que às vezes ganhavam a inserção de outros instrumentos como teclado e acordeão.

As letras românticas tinham apelo popular e falavam sobre temas como amor, traição, saudade e separação, e tinham um ritmo mais lento, o que combinava com as vozes afinadas dos cantores da época, como Chitãozinho & Xororó, Leandro & Leonardo e Zezé di Camargo & Luciano.

O início dos anos 2000 foram marcados pelo sertanejo universitário, que permanece pulsante até agora. Com instrumentação moderna com guitarra elétrica, teclado e bateria em composição com as letras mais animadas e dançantes, as melodias são norteadas com temas que vão de festas às histórias de amor.

A música caipira começa a ser registrada em discos no Brasil.

Surgimento da moda de viola e das primeiras duplas sertanejas, tendo Cornélio Pires como o difusor da cultura caipira pelo Brasil.

Consolidação do fenômeno “dupla sertaneja”, com o sucesso de Tonico & Tinoco.

“As pessoas se identificam com as letras que falam de amor, traição, festas, paqueras, sofrimento. O sertanejo abarca esses sentimentos e é uma música de fácil absorção. O brasileiro quer se divertir, rir dos problemas, e o sertanejo traz isso”
DÉCADA DE 1920 DÉCADA DE 1910 DÉCADA DE 1930
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É também nessa época que as coreografias e performances mais elaboradas começam a ser parte fundamental dos shows de música sertaneja. Luzes, fogos de artifício, telões de LED e danças sincronizadas são tão importantes quanto a presença do cantor no palco. Outro ponto para destacar é que agora o pano de fundo das músicas não são só a roça, mas sim o ambiente urbano e jovem. Jorge & Mateus, Gusttavo Lima, Luan Santana, Fernando & Sorocaba e Michel Teló são artistas que representam bem essa geração. Não podemos deixar de fora as mulheres, Maiara & Maraisa e a eterna Marília Mendonça, que após anos e anos, conquistaram um espaço importante em um gênero musical que era majoritariamente formado por homens, e o “feminejo” ganha cada vez mais força no cenário. Caroline Rodrigues é assessora de comunicação, cresceu acompanhando alguns cantores sertanejos pelo Brasil. A profissional se incomoda com o machismo presente nas músicas sertanejas e fica feliz com a presença cada vez mais massiva das mulheres como artistas. Como consumidora do ritmo, ela entende que essa mudança é uma oportunidade para ampliar a temática das músicas. “Deixei naturalmente de ouvir muitos artistas sertanejos homens, pois as letras não faziam mais sentido para mim e, quando percebi, estava ouvindo muito mais as mulheres. O sertanejo é um gênero que sempre se adaptou e eu espero que daqui para frente também se adapte ao movimento de uma sociedade menos machista”, evidencia Caroline.

Aparecimento de grandes nomes como Mário Zan, Cascatinha & Inhana e Raul Torres & Florêncio.

DÉCADA DE 1940

DÉCADA DE 1950

Consagração da dupla sertaneja como um dos principais gêneros da música brasileira, com a popularidade de artistas como Tião Carreiro & Pardinho e Tonico & Tinoco.

Surgimento da Jovem

Guarda e da música sertaneja romântica, com nomes como Sérgio Reis e a dupla Léo Canhoto & Robertinho.

DÉCADA DE 1960

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O tum-tum do futuro

Um novo subgênero do sertanejo é construído a cada dia e, atualmente, temos ouvido músicas com uma roupagem mais eletrônica, mudança necessária para o ritmo continuar em primeiro lugar e se manter em evidência na cultura brasileira.

O sertanejo continua entre os gêneros que mais se expandem no Brasil. E o público que o consome – diferente dos anos 1980 e 1990, quando era concentrado nos adultos – cresce cada vez mais na Geração Z, na faixa etária de 8 a 23 anos, segundo dados da pesquisa Datafolha de julho de 2022, realizada em 12 capitais brasileiras. Vieira afirma com convicção que o sertanejo não é mais um movimento do interior, é do país inteiro, é o novo pop. O maior símbolo dessa adaptação é o que hoje conhecemos como “agronejo”. “Eu produzo a comida do país, eu não tenho vergonha de usar botina”, o sertanejo virou, acima de tudo, um lifestyle.

“O ritmo se adaptou ao funk, com o ‘funknejo’; às novas gerações, com o sertanejo universitário; e até mesmo ao pop, com parcerias com Luísa Sonza e Anitta, por exemplo. Como falei, o sertanejo hoje é a nova música pop do Brasil.”

Fortalecimento da música sertaneja com a popularidade de artistas como Chitãozinho & Xororó, Milionário 7 José Rico, e Leandro & Leonardo.

DÉCADA DE 1970

DÉCADA DE 1980

O sucesso nas rádios expande o prestígio do gênero para as emissoras de TV. Zezé di Camargo & Luciano, João Paulo & Daniel, Leandro & Leonardo, contribuíram para que o estilo crescesse com o público geral. O programa de televisão Viola, Minha Viola, de Inezita Barroso, se tornou referência para os amantes da música caipira do país. Nomes como Roberta e Sula Miranda agregam vozes femininas no ritmo que era majoritariamente masculino.

O tom romântico se tornou sucesso absoluto nas vozes de duplas. O projeto “Amigos” foi formado pelos cantores brasileiros Leandro e Leonardo, Chitãozinho e Xororó e Zezé Di Camargo e Luciano, que se uniram em 1995 para um especial de TV e, devido ao sucesso, decidiram continuar como um grupo musical. O legado do Amigos se tornou referência para muitos artistas.

DÉCADA DE 1990

“O sertanejo é um gênero que sempre se adaptou e eu espero que daqui para frente também se adapte ao movimento de uma sociedade menos machista”
36 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 271 Cultura

O sertanejo universitário se popularizou nos anos 2000, caracterizado por letras mais românticas e baladas dançantes, influenciadas pelo pop e rock.

Alguns artistas importantes surgiram e consolidaram suas carreiras nesse período, como Bruno & Marrone, Jorge & Mateus, Luan Santana, Fernando & Sorocaba, Gusttavo Lima, entre outros.

A década começou com muitas incertezas devido à pandemia do Covid-19, que impactou significativamente a indústria musical como um todo. No entanto, a música sertaneja se mostrou resiliente e continuou a evoluir e se adaptar aos desafios apresentados, com a realização de shows online e transmissões ao vivo. O cenário sertanejo continua em transformação, e nomes como Ana Castela, Lauana Prado, João Gomes e Diego & Victor Hugo estão entre os mais ouvidos nos últimos anos.

DÉCADA DE 2000 DÉCADA DE 2020

DÉCADA DE 2010

Algumas das principais tendências incluíram a incorporação de elementos de outros gêneros musicais (em especial o pop) e a popularização de artistas solo. Subgêneros como o “feminejo” crescem com artistas como Marília Mendonça e Maiara & Maraisa. O aumento na utilização das mídias sociais para divulgação da música permitiram aos artistas se conectar em com seu público de forma mais direta e eficaz.

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40 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 271 Bruna Viola

BRUNA VIOLA, QUE APRENDEU A TOCAR O

BINSTRUMENTO AINDA CRIANÇA, PLANEJA ESPECIAL PARA COMEMORAR DUAS DÉCADAS DE CARREIRA

Por Camila Lourenço Fotos Miro Tratamento de imagem Fujocka Beleza Giulia Kisser 5 min
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Aos 11 anos, Bruna ganhou a sua primeira viola e não é difícil entender que o amor da cantora pelo instrumento só aumentou. Em pouco tempo, a pequena violeira já se apresentava em encontros musicais e chamava a atenção dos amantes do sertanejo raiz.

Em 2015, Bruna, que incorporou o artístico Viola ao nome, lançou o álbum Sem Fronteiras , que traz a música Se Você Voltar , parceria da cantora com a dupla César Menotti & Fabiano. Sucesso de público, a consagração do trabalho veio com a vitória de um Grammy Latino como Melhor Álbum de Música de Raízes Brasileiras com o Melodias do Sertão

Em 2021, a artista mostrou a sua versatilidade ao interpretar uma das protagonistas do filme Sistema Bruto. O enredo mostra afinidade com a música Mulher do Agro, que foi gravada por Bruna Viola para reforçar a mensagem de que as mulheres podem fazer e gostar do que quiserem. Atualmente, a artista prepara um novo show para a turnê que celebrará os 20 anos de sua carreira. Bruna Viola pretende lançar músicas inéditas e fazer regravações para o novo projeto – chamado “De Cuiabá pro Brasil”.

Como surgiu o projeto De Cuiabá pro Brasil? Essa é uma música que o João Carreiro compôs e que gravamos juntos. Eu acho esse nome muito forte, então batizei a nova turnê e o DVD em comemoração aos meus 20 anos de carreira assim. O álbum mostra dois lados meus. O primeiro lado é a Bruna que saiu de Cuiabá e foi can-

tar pelo Brasil. E o segundo valoriza algo que gosto de colocar em meus shows: uma mistura de estilo. Eu não toco só moda de viola. Então, tem músicas de várias regiões do Brasil. Para esse projeto de comemoração, vamos lançar músicas inéditas e fazer regravações também, tanto de músicas minhas como de outros artistas.

Você começou cedo. Já queria ser cantora? Não, foi acontecendo naturalmente. Eu queria ser médica veterinária, isso veio antes da viola. Com sete anos, fui morar em uma fazenda no Mato Grosso do Sul e eu via as pessoas trabalhando com boi e cavalo. É uma profissão dos deuses para mim. Mas comecei a carreira artística aos 11 anos. Quando cheguei aos 18, eu já tinha participado de novela, tinha disco gravado, estava fazendo show e rodando com a equipe. Mesmo assim, eu entrei na faculdade, porque queria ser veterinária. Só que eu estava em uma fase muito boa da minha carreira, trabalhando muito, vivia na estrada, fazia mais de 18 shows por mês. E a Medicina Veterinária é um curso puxado, você tem que se dedicar, ficava difícil, cansativo. Eu ia para a estrada com os livros, estudava, voltava de show, parava direto na faculdade. E eu tive que escolher uma das duas paixões da minha vida. Como a música já estava ali, eu tinha o meu dinheiro, o meu carro e pagava a faculdade com o dinheiro dos shows, eu pensei: “vou ter que abrir mão da Medicina Veterinária”. E, agora, já vou fazer 20 anos de carreira.

42 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 271 Bruna Viola
“O sucesso é a resposta do trabalho que você fez certo, é consequência. E eu colhi frutos assim de ganhar Grammy Latino, de ter música na novela. É muito gratificante”
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44 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 271 Bruna Viola

O que você sentiu quando ouviu a sua música pela primeira vez em uma novela?

É legal demais. Eu ficava filmando a TV para mandar para todo mundo. É incrível a sensação. Eu não imaginaria. Não era algo que eu almejava, porque a minha carreira é assim: eu gosto de trabalhar, de cantar, tocar violão, fazer shows, ganhar o meu dinheiro. Nunca tive aquele negócio: “eu preciso fazer sucesso”. Porque o sucesso é a resposta do trabalho que você fez certo, é consequência. E eu colhi frutos assim de ganhar Grammy Latino, de ter música na novela. É muito gratificante. Sou muito grata a Deus por tudo o que a minha carreira me trouxe. E grata a todas as pessoas que sempre acreditaram e aos fãs que conquistei.

Se pudesse dar um conselho para a Bruna do início, o que você diria?

A minha carreira é muito incrível e eu sou uma pessoa realizada, mas qualquer profissão tem os prós e contras. Eu tive que abrir mão de datas comemorativas em família, aniversário de mãe, de pai, essas coisinhas que geram memórias. Porque a música é trabalhosa, a gente fica muito tempo na estrada. Alguns momentos doem um pouco. Mas eu sou feliz, gosto demais. Ninguém me obrigou a estar aqui. Então o que eu queria falar para a Bruna é: “vai tocando a sua violinha, que você vai chegar feliz lá na frente, você vai ver que vai dar certo”.

Você teve alguns encontros com a Inezita Barroso. Como foram?

Tive a oportunidade de conhecer a Inezita quando eu tinha 11 anos, em um encontro

de violeiros, no interior do Mato Grosso. Minha mãe me apresentou e ela me atendeu com o maior carinho do mundo, no camarim de um show dela. Com o tempo, minha carreira foi crescendo e comecei a participar de programas de TV e rádio. Um dia, recebi o convite para ir ao Viola, minha Viola. E eu achei o máximo. Era o meu segundo encontro com a Inezita, anos depois de conhecê-la. E ela lembrou e falou: “você é aquela violeirinha que a sua mãe levou no camarim para tirar foto comigo”. Nossa, foi incrível! Jamais achei que ela fosse lembrar de mim. Foi um momento muito feliz e importante com a Inezita. Guardo com muito amor no coração.

De onde veio a inspiração para Mulher do Agro ?

Apesar da música falar da mulher do agro, o recado é para todas as mulheres, de todos os lugares do mundo e profissões. É uma forma de dar força para nós corrermos atrás e mostrarmos que somos firmes e fortes. A mulher pode estar onde quiser e fazer o que quiser com excelência. Há muitos anos a gente vem lutando para isso. Na música sertaneja também, com Roberta Miranda, Inezita Barroso e toda a mulherada que lutou muito para ter espaço. A gente só consegue falar: “gratidão”, porque elas tiveram que ser firmes, sabe? Encarar muito homem, bater no peito e na mesa. E foram abrindo portas. Eu sou de uma geração bem depois dessa. Imagine, por exemplo, a Inezita Barroso. Os violeiros eram todos homens. E ela foi na contramão, tocando viola caipira, falando que ia para o boteco e voltava carregada por dois soldados. É

“Eu tive que abrir mão de datas comemorativas em família, aniversário de mãe, de pai, essas coisinhas que geram memórias. Porque a música é trabalhosa, a gente fica muito tempo na estrada. Alguns momentos doem um pouco”
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uma luta diária para nós mulheres, mas as portas se abrem cada vez mais. Estamos conquistando nosso espaço e merecemos reconhecimento.

Você também abriu caminho para as mulheres na viola. Como é isso para você?

Eu me tornei referência há 20 anos, quando comecei. Eu era a única menininha tocando viola caipira nos encontros de violeiros. Era tudo homem. Minha carreira foi crescendo e eu fui virando referência. Hoje, o tanto de menina que eu vejo tocando viola é incrível. Nos lugares em que faço show pelo Brasil, eu recebo no hotel, nos camarins. Elas fazem participações comigo no palco. Nos últimos anos, foi

muito gratificante ver o tanto de meninas que apareceram tocando viola caipira, que tinham o meu trabalho como referência.

Como foi atuar em um filme?

Sistema Bruto é uma comédia de ação, que foi mais um desafio para a minha vida, porque eu nunca tinha atuado. As duas vezes em que eu participei de novelas foi tocando e cantando, então não conta. Na primeira semana de gravação, eu já contracenava com o Jackson Antunes. Bateu um nervosismo, mas foi a melhor coisa que eles fizeram, porque o Jackson é um ser humano incrível. Ele me deixou muito calma e tranquila. Foi incrível. Eu gostei de atuar, é uma experiência legal.

“Apesar da música falar da mulher do agro, o recado é para todas as mulheres, de todos os lugares do mundo e profissões. A mulher pode estar onde quiser e fazer o que quiser com excelência”
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Assessoria de imprensa Novita Comunicação
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CONHEÇA A EMOCIONANTE HISTÓRIA DE COMO DAY E LARA SE ENCONTRARAM EM GOIÂNIA, ESCREVENDO MÚSICAS PARA OUTROS ARTISTAS, ATÉ PERCEBEREM...

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... QUE PODERIAM FORMAR UMA DUPLA SERTANEJA

EXCEPCIONAL, CONQUISTANDO RAPIDAMENTE O

RECONHECIMENTO NO CENÁRIO MUSICAL

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Quem olha a sinergia de Day & Lara nos palcos nem imagina que o começo das duas na música foi tão diferente. Enquanto Dayane (Day) cantava gospel, Lara fazia dupla sertaneja com o irmão.

Em Goiânia, o caminho das duas se cruzou pela composição e seguiram juntas escrevendo músicas para outros artistas por alguns meses. Incentivadas por profissionais do mercado musical, as artistas perceberam que tinham a oportunidade de formar uma dupla sertaneja de sucesso: Day & Lara.

Em 2016, primeiro ano de carreira, as coisas aconteceram rápido: o lançamento da primeira música, a gravação de DVD, o início da agenda de shows e, para finalizar com chave de ouro, uma indicação ao Grammy Latino. Com seis anos de estrada, Day & Lara somam 4 DVDs, 5 Singles e 1 EP.

Em 2022, a dupla gravou Respeita as Braba, primeiro projeto após a decisão de gerir a própria carreira. O audiovisual conta com 12 músicas e participações de Murilo Huff, Clayton e Romário e Felipe Araújo.

Vocês começaram compondo juntas. Como se conheceram?

Em 2015, nós duas estávamos morando em Goiânia. Um dia, um compositor me chamou para compor e chamou a Day também. E deu certo! Foi instantânea a nossa amizade, a química, a conexão e nós éramos as duas meninas do grupo, né? Porque sempre são mais homens na composição. Desde então, nós nos unimos bastante e começamos a compor juntas. Quando íamos apresentar as músicas para os artistas, as pessoas falavam: “vocês deveriam fazer dupla”, mas nós não pensávamos nisso. A Day veio do gospel e cantava solo, eu tinha uma dupla com o meu irmão. Dez meses depois, nós decidimos nos juntar e deu mais que certo.

E qual foi a reação do irmão?

No começo, foi bem difícil. Toda mudança gera desconforto, ainda porque envolvia família e muitos anos cantando juntos, né? Mas, depois de um tempo, ele entendeu, viu que também era o meu sonho, então não significava que eu estava deixando ele de lado, eu estava aproveitando uma oportunidade que surgiu. O movimento do sertanejo feminino, na época, estava em alta. Minha família sempre me apoiou, independente de qualquer situação.

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E como foi no começo da dupla?

Foi uma desconstrução, mas desde o começo demos o nosso melhor pra fazer tudo acontecer da melhor forma. Sempre vimos com muita responsabilidade o fato de termos escolhido viver do mesmo sonho. Não tem como existir Day e Lara sem Day e sem Lara, sem as nossas verdades, sem nossas opiniões, então somos uma soma, nos completamos. A gente costuma dizer que: “na dupla, somos um CNPJ composto por duas pessoas CPF”. Ou seja, nós somos seres humanos separados além daquilo que construímos juntas. Respeitamos muito a dualidade e a individualidade de cada uma.

Em 2020, vocês passaram a gerir a carreira de vocês. Por que vocês tomaram essa decisão?

A gestão da carreira caiu no nosso colo e a gente entende e respeita que tudo o que foi feito antes foi necessário para que, hoje, pudéssemos colocar em prática tudo o que a gente sabe. Apesar de ter sido doloroso para todo mundo, o período de pandemia foi importante, porque estudamos, nos preparamos, pudemos nos dedicar. E, quando se trata de uma dupla, é necessário enxergar que a sua música é um produto, o mercado é uma prateleira e as pessoas são os consumidores. Entendemos isso e começamos a valorizar o nosso trabalho, a imagem, a marca e isso também faz parte da estratégia de gestão. E é importante dizer que não estamos fa-

zendo nada sozinhas. A nossa equipe ajuda a fazer tudo isso conosco.

De onde veio a inspiração para o Respeita as Braba?

Precisávamos de um projeto, na nossa gestão, que não passasse rápido. Um trabalho que durasse um ano para sentirmos o que o público estava querendo. Então olhamos as composições guardadas e gravamos. E o mais legal do conceito desse DVD é que não é sobre ser brava, é sobre ser braba. Nós quisemos representar todas as mulheres, porque só de ser mulher, ela já é braba. As mulheres passam dificuldades com o machismo em todas as profissões, quando são descredibilizadas e inferiorizadas. A gente quis trazer essa bandeira. E porque, por a gente não se encaixar no que muitas pessoas queriam, colocavam o defeito de “ser braba, de ser doida”, então respeita as brabas. E é muito importante a gente falar, porque braba você não precisa ser brava, grossa e rude. É sobre o respeito mútuo, independente de qualquer coisa. E, acima de tudo, não é nem sobre ser braba, é sobre o “respeita”.

Sobre o sertanejo e o machismo, vocês, hoje, enxergam um avanço?

O meio sertanejo é muito masculino, né? Mesmo na composição, as mulheres são só 7% no mercado. Se for pensar, no início dos anos 2000, o público consumia um determinado tipo de música e os compositores faziam músicas para esse públi-

“Nós quisemos representar todas as mulheres, porque só de ser mulher, ela já é braba. As mulheres passam dificuldades com o machismo em todas as profissões, quando são descredibilizadas e inferiorizadas. A gente quis trazer essa bandeira”
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co. Hoje, você pode perceber que o público está consumindo outras falas, então fazemos músicas para esse público. Você pode perceber que a mulher começou a chamar a atenção no sertanejo com músicas agressivas. Foi necessário. Eu falo que a gente tem muita honra de ter vivido na época Marília Mendonça. Porque, as mulheres da nossa geração precisaram gritar para serem ouvidas. “Iêêê, infiel, eu quero ver você morar no motel”, “Não sei se dou na cara dela ou bato em você”. E, agora, acho que a gente não precisa gritar tanto, isso já é uma conquista: ser ouvida sem ter que gritar.

Day, você tem Zezé Di Camargo & Luciano na família. Isso ajudou, no sentido de pegar dicas, ou gerou alguma insegurança com as expectativas? Como eles moravam em São Paulo e iam pouco para Goiânia, a nossa relação, quando nos encontrávamos, era mais familiar do que de trabalho. Então, eu fico honrada quando eles falam nas entrevistas que o que eu e a Lara estamos construindo é mérito nosso, porque, de fato, eu não tive portas abertas pelo nome, pelo contrário. Conselhos foram esporádicos,

mas eu enxergo que a história deles já é um conselho. E o meu avô Chico, depois da minha mãe, foi o meu maior incentivador. No dia em que eu nasci, ele me deu um violão e falou assim: “essa menina vai inventar de cantar”. Ele acreditava que eu tinha que falar inglês, então pagava o curso. Ele me deu a primeira guitarra com 15 anos. Quando eu decidi cantar gospel e fazer um CD, ele foi comigo no estúdio. Quando a gente fez a dupla, ele falava que não era dupla, era duo. Ele tinha que ouvir a segunda voz para aprovar.

Quais sonhos na música vocês ainda querem realizar?

Vários. A gente tem o sonho de ser novamente indicada para o Grammy Latino. Também sonhamos em levar a nossa voz e a nossa música para mais pessoas no Brasil e, quem sabe, até fora. Temos vontade de fazer projetos com mais mulheres e reunir vários estilos de música. De gravar um DVD em São Paulo e Curitiba, que foram regiões que abraçaram a gente nesse tempo todo. Mas a gente já vive o nosso sonho, né? O que vier, daqui em diante, vai continuar sendo incrível.

“O movimento do sertanejo feminino, na época, estava em alta. Minha família sempre me apoiou, independente de qualquer situação” - Lara
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Assessoria de imprensa Novita Comunicação Comunicação e Marketing Jéssica Mussauer
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COM TANTOS TRABALHOS E HITS LANÇADOS, ENGANA-SE QUEM PENSA QUE FELIPE ARAÚJO JÁ

ATINGIU TODAS AS METAS DA CARREIRA

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Por Camila Lourenço Fotos Miro Tratamento de Imagem Fujocka Beleza Iza Ventura 5 min
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Tido como um verdadeiro sucesso em todo o Brasil, Felipe Araújo é conhecido por ter lançado vários hits, que emplacaram nas rádios e nas paradas de plataformas digitais. Dentre eles, estão Espaçosa Demais, Mentira, Chave Cópia, Amor da sua Cama e Ainda Sou Tão Seu.

O cantor já mostrou a sua versatilidade na música ao fazer parcerias com artistas de outros ritmos – como na música Atrasadinha, com Ferrugem, lançada em 2018. Felipe voltou a investir no “pagonejo” ao lançar Clube do Araújo, projeto que mistura três paixões do artista: sertanejo, pagode e futebol.

Atualmente, ele trabalha na divulgação de Esquenta Dois. O trabalho audiovisual foi gravado em 2022 em Goiânia e traz o single Despedida de Sofrimento

Nesta entrevista, o artista relembra a infância, fala sobre a carreira e revela alguns gostos e sonhos. Confira:

Qual foi a inspiração do projeto Esquenta Dois?

Esse é o segundo volume de um projeto que eu gravei em 2018. Foi mais intimista, feito em um bar. Trouxe aquela nostalgia da minha carreira, de quando eu tocava em bares de Goiânia. Em 2018, o trabalho deu muito certo, tinha Ainda Sou Tão Seu, uma música que tocou bastante. E o Esquenta Dois é trazer um pouco daquilo para o cenário atual da minha carreira. Eu sou muito apaixonado pelo sertanejo porque ele está no meu sangue desde sempre. E o Esquenta é mais sertanejo,

porque a minha marca está nele mas, na minha carreira, eu sempre gostei de fazer misturas. Igual Atrasadinha, que tem uma pegada de pagode. Eu lancei o Clube do Araújo, com participação de grandes artistas do pagode também. Já tive músicas com Ludmilla, com Léo Santana. E o Esquenta Dois, por mais que ele tenha a participação do MC Hariel em uma das faixas, é um projeto mais sertanejo. Até no cenário e no conceito, ele traz a pegada de bar, das pessoas estarem ali tomando uma [cerveja], curtindo. Eu acho bem legal esse formato. Mesmo no repertório, eu quis escolher músicas que as pessoas fossem ouvir e se identificar, mas também curtir na resenha com os amigos ou em um bar com a galera.

Como é transitar por outros ritmos?

Tudo acontece de forma muito natural. Quando estou pensando no repertório para um novo projeto, me dedico demais. Componho bastante, ouço muitas músicas e geralmente deixo os compositores bem livres para mandarem o que acharem legal. Vários amigos compõem para o sertanejo mas, às vezes, passeiam pelo pagode ou pela música nordestina. E, na hora que vou escolher, tem um um padrão do que eu gosto de ouvir, o que eu imagino que as pessoas vão se identificar. Porém, sempre escolho as músicas que me tocam mais, que fazem a minha pele arrepiar. Então, muitas vezes aparecem músicas que têm elementos de outros estilos no meio desse processo.

“Tudo acontece de forma muito natural. Quando estou pensando no repertório para um novo projeto, me dedico demais. Componho bastante, ouço muitas músicas e geralmente deixo os compositores bem livres para mandarem o que acharem legal”
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Sobre o que você mais gosta de cantar?

Eu sempre gosto de falar de amor, de elementos que acontecem em relacionamentos… Por mais que, às vezes, sejam músicas de sofrimento ou de superação, de sair para esquecer uma pessoa e beber, e tudo mais. Porém, sempre é sobre um relacionamento e sobre amor. Eu sou uma pessoa que gosta de ouvir músicas românticas porque, para mim, as que falam de amor são atemporais. Minhas músicas preferidas, das que eu já gravei, são de mensagens mais positivas. Eu adoro ouvir sofrência, sobre uma pessoa que está tentando superar também. Mas eu tenho um carinho maior por canções que são declarações de amor, sobre um relacionamento que está dando certo… igual Espaçosa Demais ou Atrasadinha , que é o começo de um relacionamento.

Você é romântico?

Eu sou. Naturalmente, eu tento fazer o melhor possível todos os dias. Acho que ser romântico é tratar bem, com respeito, carinho e amor a pessoa que está do nosso lado. Eu gosto de um jantarzinho romântico, mas também gosto de sair com a minha namorada e com os meus amigos. Eu nunca fiz uma loucura de amor, de mandar mil flores, por exemplo.

Como foi a sua infância em Goiânia?

Minha infância foi muito cercada pela música porque, quando nasci, o meu irmão já cantava em shoppings, com nove anos. Quando eu fiz uns cinco anos, o Cristiano já começou a cantar em bar, então eu ia com o meu pai assistir. E lá tem a Pecuária de Goiânia, que é um momento do ano em que tocam os maiores artistas

do sertanejo. Eu esperava um ano inteiro para chegar aquele momento. E a música, na minha família, é muito viva. Desde os meus bisavós, que tinham dupla sertaneja, os meus avós, tios, meu pai e meu irmão… Então, a música sempre esteve presente na minha vida.

Em que momento você pensou: “consegui chegar lá”?

Na verdade, eu sempre busco mais, chegar em outro lugar, dobrar a meta e ter um objetivo maior. Mas, com certeza, quando eu gravei o meu primeiro DVD, em 2016, a A Mala é Falsa fez um baita sucesso. Acho que foi a primeira música que o Brasil inteiro conheceu da minha carreira. Tocar em várias cidades e ver as pessoas cantando com muita força. Foi a primeira vez que eu pude experimentar essa sensação. Ali, um sonho foi realizado na minha vida. De lá para cá, outras músicas vieram e várias vezes isso aconteceu. E é muito importante para mim, muito gratificante, mas eu espero poder alcançar muito mais.

O que você ainda quer realizar?

Minha meta é trabalhar o projeto atual, ver as músicas na boca da galera, porque eu trabalhei bastante durante muitos meses para que o ele acontecesse. São músicas que eu acredito demais, que escolhi para tocar o coração das pessoas. Então, hoje, a minha meta é fazer com que esse projeto bombe. E, graças a Deus, já está bombando. Porém, a minha principal meta de vida, na carreira, é poder, daqui a 20 ou 30 anos, olhar para trás e ver que houve outros artistas que se inspiraram em mim e na minha trajetória assim como

“A música, na minha família, é muito viva. Desde os meus bisavós, que tinham dupla sertaneja, os meus avós, tios, meu pai e meu irmão… Então, a música sempre esteve presente na minha vida”
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eu me inspirei nos meus ídolos, como Zezé Di Camargo & Luciano, Bruno & Marrone, Leandro & Leonardo. Lá em 2050, quero ver que pude fazer história.

Tem alguma música que te emociona ainda hoje?

Sim, tem algumas como A Mala é Falsa. É a primeira música do meu show, mas sempre me emociono. Eu não choro sempre, mas me emociona, porque eu vejo ali um resultado que foi alcançado. Eu tenho um carinho muito grande por ela. Quando canto Atrasadinha, também tenho a mesma sensação. De outros artistas, algumas me emocionam de arrepiar, como Zezé Di Camargo & Luciano. A melodia de Indiferença, que é uma das minhas preferidas da vida, mexe muito comigo. Ela me atinge na alma.

Dos shows que você fez até hoje, qual foi o mais marcante?

Gosto de responder com o primeiro que vem na minha cabeça. E, agora, veio o show de Barretos, em 2019. Foi a realização de um sonho de infância. Eu sempre sonhei em estar lá, no meio da plateia

mesmo. Quando comecei a cantar, o sonho passou a ser tocar ali, em Barretos. E, em 2019, pude realizar o sonho de tocar no palco principal do Rodeio de Barretos, o maior do mundo, para mais de 80 mil pessoas. Foi uma noite surreal. Eu estava muito inspirado naquele dia.

Com quem você ainda quer fazer uma parceria?

Eu tenho muita vontade de, um dia, poder tocar uma música com o Slash. Tipo ele tocando Patience e eu cantando. Seria perfeito.

O que você gosta de fazer quando tem um tempo livre?

Eu faço várias coisas. Gosto de ver filmes, sou apaixonado por cinema. O meu preferido é Interestelar, do Nolan. Choro toda vez. E assisto uma vez por mês, porque toda vez eu tenho um entendimento melhor. Eu me emociono porque é uma mensagem de amor muito puro e genuíno. Eu também gosto de ler bastante e adoro cozinhar, é uma terapia para mim. Ainda, gosto de jogar bola durante a semana lá em casa quando estou em Goiânia.

“A minha principal meta de vida, na carreira, é poder, daqui a 20 ou 30 anos, olhar para trás e ver que houve outros artistas que se inspiraram em mim e na minha trajetória assim como eu me inspirei nos meus ídolos”
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Assessoria de imprensa Guilherme Nascimento
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ICONHECIDO PELA MÚSICA VEM NI MIM DODGE

RAM, ISRAEL NOVAES DESTACA A CULTURA

NORDESTINA E NORTISTA EM SUAS CANÇÕES

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Por Camila Lourenço Fotos Miro Tratamento de imagem Fujocka Beleza Iza Ventura 5 min

Natural de Breves, cidade do Pará, Israel Novaes cresceu rodeado pela música. Em casa, o artista via o avô, a mãe e os irmãos cantarem diariamente.

Sem pensar, porém, que seguiria uma carreira como cantor, Israel se mudou para Goiânia para cursar Direito. Na época, ele escreveu a música que o faria ficar conhecido nacionalmente no sertanejo: Vem Ni Mim Dodge Ram, que foi lançada no fim de 2011 e estourou no ano seguinte.

O hit fez o artista tocar nos quatro cantos do Brasil e, em, realizar a primeira turnê internacional. No mesmo ano, Israel Novaes gravou Ao Vivo em Goiânia, o primeiro DVD de sua carreira.

Por gostar de misturar ritmos musicais, o paraense ficou conhecido por juntar o sertanejo com o arrocha. Além de cantor, Israel Novaes também é compositor e tem músicas de sucesso gravadas por artistas como Cristiano Araújo e Humberto & Ronaldo.

Em 2023, o artista lançou a música Minha Mulher Não Deixa e participou da faixa Amor à Dois, ao lado de Mateus & Fabrício.

Desde criança você gostava de música?

A música era algo natural em casa, desde os meus avós. O meu avô toca todos os instrumentos. Minha mãe também sabe tocar e foi ela que me passou as primeiras notas. E eu cresci em um ambiente de igreja, então tinha bastante música também. Mas, por mais que eu gostasse, não é simples se apresentar em uma re -

união religiosa. É um ambiente que, por tantas pessoas cantarem, às vezes é muito mais crítico do que só chegar em um lugar e tentar cantar. Então, eu observava aquilo e pensava: “será que consigo fazer?” Quando eu tinha uns sete anos, eu peguei um playback e ensaiei muito. No dia de me apresentar, eu errei a entrada e fiquei cantando meio atravessado. Nada deu certo e eu parei no meio, porque estava com muita vergonha. Eu acho que a minha relação com a música foi muito mais uma vontade. Tudo é prática e continuidade. Com isso, chega um momento em que as coisas vão fluindo. Depois desse episódio, eu fui tentando outras vezes e alguma coisa começou a sobressair. As pessoas começaram a observar. Meu pai, inclusive. E ele sempre falava que meu irmão cantava muito e era dedicado, mas que existia algo que tocava as pessoas na forma como eu me entregava. Quando eu tinha 12 anos, uma tia começou a me convidar: “vem cantar aqui na cidade”. E eu fui progredindo nessas fases de adolescência e juventude.

Em qual momento você começou a compor? Comecei o meu processo criativo no ambiente da escola, com uns 16 anos. Eu era magro e o meu rosto não tinha crescido, então a orelha ficava um pouco aberta. Eu sofria muito bullying. Para me livrar, passei a fazer paródias, porque o pessoal ria e me esquecia. Mas, depois, eu pensei: “se eu coloco letra em uma melodia que não é

“Comecei o meu processo criativo na escola, com uns 16 anos. (...) Eu sofria muito bullying. Para me livrar, passei a fazer paródias, porque o pessoal ria e me esquecia”
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minha, por que eu não crio as minhas próprias músicas?” Nesse momento, eu tive umas aulas sobre música. Aprendi sobre as teorias e também sobre música brasileira. Minha mente foi se abrindo para a questão de poder criar. A primeira música que escrevi foi para o município competir em um concurso regional. Entrei na música assim.

Como foi a história por trás de Vem Ni Mim Dodge Ram ?

Eu entendia que a música era algo que eu era apaixonado e tentava ter espaço. Eu ainda fazia as minhas letras, mas, quando eu mostrava para algumas pessoas, elas achavam meio diferente. Imagina, eu sou paraense e os meus avós são do Maranhão e do Ceará. Depois, fui para Goiás para fazer faculdade de Direito. Era muita mistura. Talvez isso tenha sido o grande responsável por eu acontecer como artista. E aconteceu muito rápido. Foi coisa de uns dois meses. Antes de acontecer, eu liguei para o meu pai e disse: “eu estou fazendo faculdade, mas estou sentindo que alguma coisa muito forte vai acontecer no meio da música”. E então ele foi comigo para eu gravar um CD de demonstração, com voz e violão. Eu achava que assim iria conseguir vender algumas composições. Gravamos algumas músicas e, um dia antes do Caldas Country Festival, nós soltamos a Vem Ni Mim Dodge Ram. Em pouco tempo, ela bombou ali na região e jogou para o Brasil inteiro, porque é um festival muito conhecido. E foi curioso, porque

a composição foi feita meio de brincadeira, quando eu estava na faculdade. Ali, a gente via o pessoal indo para Caldas aos fins de semana. Então, todo mundo imaginava ter uma lancha ou jet ski para colocar na para de trás do carro e ir para lá. Mas o meu universo era muito distante, então eu escrevi sobre uma realidade em que eu não estava inserido, como se eu fosse parte dele.

Qual foi a sensação de ouvir a sua música no rádio pela primeira vez?

Lembro exatamente do dia. Eu estava em Goiânia, no carro, saindo do setor universitário. Eu ouvi o apresentador falando: “essa música é de Israel Novaes com Gusttavo Lima”. Porque, depois, o Gusttavo participou dela. Eu pensei: “só do meu nome estar ao lado do nome do Gusttavo Lima, eu existo no mundo da música”. E foi muito bom sentir que eu fazia parte disso.

E como foi lidar com a fama?

Tudo aconteceu muito rápido, não deu nem tempo de entender direito, na época. Ainda mais porque eu não esperava, por exemplo, eu não levava aquela vida de tocar em bar e tal. Quando a minha música explodiu, eu ficava me perguntando se algum sertanejo que eu era fã sabia que eu existia. E, depois, eu comecei a fazer 25 shows por mês, então eu não tive tempo de viver esse lado da fama. Eu era muito jovem e sentia medo de causar uma grande decepção ou vacilar. Eu me sentia responsável pelas

“Eu sou paraense e os meus avós são do Maranhão e do Ceará. Depois, fui fazer faculdade de direito em Goiás. Era muita mistura. Talvez isso tenha sido o grande responsável por eu acontecer como artista”
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pessoas que me ouviam e tinha receio de passar um exemplo errado. Você é conhecido por misturar sertanejo com outros ritmos. Você gosta dessa liberdade para criar?

A música sertaneja tem o poder de pegar características de outros ritmos e continuar sendo sertanejo. E eu respiro música, independentemente de qual seja, então foi muito natural. Se eu estou compondo uma música, por exemplo, e sinto que é um arrocha, eu crio um arrocha. Só que, com o tempo, começaram a perguntar o motivo de eu ter saído desse ritmo musical. Primeiro, porque eu não sou só arrocha. Isso foi algo que, naquele momento, veio. E também porque comecei a achar tudo muito igual. Quando vem um movimento forte na música, é natural aparecerem mais pessoas fazendo aquilo. E vieram outros artistas na linha do que eu fazia. Mas existe preguiça musical, que é você achar que é receita

e jogar dentro. Então até as notas eram as mesmas, era uma repetição. E vou ser sincero, quando me perguntavam, eu ficava com vergonha de dizer: “eu sou responsável pelo começo disso”. Então comecei a gravar outras coisas e tentei me desligar um pouco. Eu não queria apagar a minha história, mas prefiro que esteja marcado nela até aquele momento, porque depois virou outra coisa.

Quais são as suas inspirações musicais? Tem vários artistas que admiro por características específicas. Gosto de ouvir sertanejo raiz. Sou apaixonado em Chitãozinho & Xororó e, Zezé Di Camargo & Luciano. Até arrepio. E eu gosto de ritmo. O Nordeste tem muito. Pode até não ser conhecido, mas você ouve e fica: “que coisa legal!” Gosto de Aviões do Forró. E também Wesley Safadão, que, na época, era Garota Safada, aquela musicalidade de metais.

“Com o tempo, começaram a perguntar o motivo de eu ter saído desse ritmo musical. Primeiro, porque eu não sou só arrocha. Isso foi algo que, naquele momento, veio. E também porque comecei a achar tudo muito igual”
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CONHECIDA PELA DUPLA COM MAURÍLIO, LUIZA

MARTINS VOLTA AOS PALCOS EM CARREIRA SOLO E EMOCIONA FÃS COM GRAVAÇÃO DO DVD CONTINUA

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Por Camila Lourenço Fotos Miro Tratamento de imagem Fujocka Beleza Iza Ventura 5 min

A voz rouca é uma das características mais marcantes e inconfundíveis de Luiza Martins. Nascida em Belo Horizonte, desde pequena já sabia que gostava de música. A mãe, percebendo o dom da filha, a incentivou. Aos 17 anos, Luiza já se apresentava em bares e eventos.

Após conhecer Maurílio, no Maranhão, ela deixou a carreira solo para virar dupla sertaneja. O sucesso nacional dos dois veio com S de Saudade, em parceria com Zé Neto & Cristiano. A música, gravada em outubro de 2019, viralizou, iniciando uma nova fase na carreira da dupla.

Porém, em dezembro de 2021, Maurílio faleceu após sofrer uma tromboembolia pulmonar. O momento difícil fez com que Luiza, que havia perdido não só a dupla como um grande amigo, cogitasse desistir da música.

A volta aos palcos veio após passar pelo processo de luto e contar com a ajuda dos fãs. A cantora também entendeu que realizar os projetos que tinha com Maurílio era uma forma de honrar a vida dele.

Para firmar a nova fase, Luiza decidiu gravar o primeiro projeto solo. Em setembro de 2022, a cantora registrou o DVD Continua, em Brasília. As faixas estão sendo lançadas em EPs ao longo de 2023.

Sobre o DVD Continua, como foi produzir o projeto e de onde veio a inspiração para as músicas?

Incrível. Foi a primeira vez em que botei a mão na massa para fazer a produção de um DVD. A gravação foi em Brasília, que tinha sido a cidade que eu e o Maurílio tínhamos escolhido juntos. É um lugar que sempre recebeu a gente muito bem. E foi um DVD emocionante. As pessoas

estavam engajadas no que estava acontecendo em cima do palco. Foi um trabalho muito querido, quase que um filho para mim, sabe? É um projeto que eu tenho orgulho de ver sendo lançado e na boca da galera.

Quando você descobriu que era uma cantora?

Quando eu era bem pequena, eu já gostava de cantar, mas eu tinha muita vergonha. E eu sempre fui uma criança musical, eu batucava nas mesas, nas paredes. Minha mãe viu isso em mim e sempre me incentivou. Primeiro, ela me colocou para fazer aula de teclado. Aí não senti que era minha vibe e pedi para fazer aula de violão. Comecei e me apaixonei. Eu tinha uns 11 anos. Aos 17, um amigo que cantava me chamou para subir no palco. Eu quase morri de vergonha, mas fui. Nesse dia me convidaram para cantar em um casamento e fui contratada para cantar nesse bar. Desde então, nunca trabalhei com outra coisa. E foi quando comecei a me profissionalizar na música, era o meu sustento, o que me dava condições de ajudar a minha família.

Como você formou a dupla com o Maurílio? Nasci em Belo Horizonte e morei em vários lugares. Em determinado momento, uma tia, que morava em Imperatriz, no Maranhão, falou: “por que você não vem aqui ver como é? Não é um lugar tão grande, mas é promissor. À noite, acontece muito show”. E eu fui para ficar uma semana, só que me apaixonei e nunca mais voltei. Conheci o Maurílio na noite. Ele tocava com outras bandas, fazendo violão e segunda voz. Um dia, eu

“Foi um DVD emocionante. As pessoas estavam engajadas no que estava acontecendo em cima do palco. É um projeto que eu tenho orgulho de ver sendo lançado e na boca da galera”
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estava fazendo um show em um barzinho e ele estava sentado sozinho. Falei: “vem cá, toca uma música comigo”. Ele subiu e cantamos juntos. Depois desse dia, nós fizemos uns vídeos, postamos nas redes e começou a viralizar na região onde a gente morava. Até que sentei e falei: “cara, vamos seguir como dupla?”. E eu lembro que o nosso medo, no começo, era que fosse uma coisa muito séria, sabe? Então pensamos: “vamos levar isso numa boa”. E assim a gente foi. Começamos a fazer voz e violão. Às vezes, a gente tocava cajon também. E fomos dando sequência até encontrar uma pessoa que ajudou aqui, outra que ajudou ali. Aí gravamos e foi um longo caminho. Juntos fizemos coisas muito legais, então valeu a pena. Foi muito importante o que tivemos.

E a partida dele pegou todo mundo de surpresa. O que te deu força nesse período e te trouxe de volta para a música?

Acho que foi uma vontade muito grande de realizar o que pensamos juntos. O Maurílio era um cara que me dava muita força, isso ficou marcado para mim. Então é como se eu quisesse honrar ele, a gente, a nossa história, tudo o que vivemos. E eu vivi muito o meu luto. Acho que isso me ajudou bastante. Vivi o meu processo, chorei o que eu tinha para chorar. Eu sumi, me isolei e só realmente comecei a pensar nas coisas quando comecei a me sentir um pouco mais pronta.

Como é ser uma mulher na indústria da música?

Agradeço muito a quem veio antes, sabe? Eu valorizo muito o trabalho que a Marília Mendonça fez, Maiara & Maraisa,

Simone & Simaria e todo mundo que veio na sequência. Porque eu acho que o mercado vê como concorrência, a gente vê como fortalecimento do segmento das mulheres. Neste ano, por exemplo, em uma semana o top cinco das rádios do Brasil foi dominado por mulheres e isso me deixou muito feliz, porque isso quer dizer que tem alguma coisa grande acontecendo, né? E eu acho que, aos poucos, essas coisas estão mudando. Estamos pegando um lugar que, de fato, sempre foi nosso. Mostrando que não tem nada de frágil na gente, nada que deixe a desejar, pelo contrário. Então a mulherada está com força total. E é curioso que mesmo a Marília não estando aqui fisicamente, ela está fazendo esse movimento de novo. Eu nunca vi uma pessoa tão presente sem estar presente.

Quais sonhos você quer realizar? Tenho muitos sonhos. Vivo de sonhos. Acho que uma pessoa que não tem sonhos, ela não tem nada. Tenho muita vontade de ver um álbum meu na boca da galera, de chegar em um show e as pessoas saberem cantar tudo. Também tenho vontade de fazer um trabalho de regravação. Colocar várias músicas em uma nova roupagem, porque gosto muito de ouvir músicas mais antigas. Sou uma pessoa que gosta de todos os estilos, né? Meu carimbo é o sertanejo, mas gosto muito de tudo, então tenho vontade de dar umas “passeadas” por outros ritmos.

O que toca na sua playlist?

Tudo o que você puder imaginar. Minha playlist é completamente doida. Ouço muito Marília, muito mesmo. Porque

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“Eu acho que o mercado vê como concorrência, a gente vê como fortalecimento do segmento das mulheres”

eu sempre ouvi, não é de agora. Escuto bastante os álbuns antigos dela. Gosto de Jorge & Mateus, Alcione, Seu Jorge, Poesia Acústica. E também de axé, Saulo Fernandes, Banda Eva, Léo Santana. De tudo um pouco.

Tem algum artista que as pessoas ficariam surpresas de saber que você ouve?

Michael Bublé. Ouço pelo menos uma vez por semana. Gosto bastante de Billie Eilish também. Coisas que deixariam as pessoas surpresas, talvez isso. E eu sou alucinada por É o Tchan!

Você percebeu que as pessoas começaram a se identificar com você após saberem do seu namoro com a médica e influencer

Marcela Mc Gowan?

Eu não sabia o que era ser representatividade até eu me tornar uma. Quando eu e a Marcela falamos publicamente do nosso namoro, eu recebi muitas mensagens das pessoas falando: “Nossa, muito obrigada”, “Você está me dando muita força”, “Por causa de vocês, eu tive coragem de contar para a minha família”. Então, fui entendendo o que era ser uma representatividade, não só nessa questão da sexualidade, mas em todos os âmbitos da vida.

O que era ter diversidade nos segmentos e o que isso representava para cada pessoa. Então, sim, eu e a Marcela percebemos juntas que as pessoas se sentiam confortáveis em ter alguém que as representasse ali, sabe? Isso me deu até um lugar a mais no mundo. É como se a gente tivesse uma missão. Essa é a sensação que eu tenho. De que, por termos notoriedade, nós podemos normalizar isso na cabeça de pessoas que ainda não normalizaram. E ajudar as famílias a entenderem. É muito legal essa parte.

Eu já vi vocês falando que querem fazer uma festa de casamento. Qual a ideia?

A data é o único problema, porque a gente já imaginou tudo na cabeça, né? A gente queria casar em Caraíva, na Bahia, mas talvez o lugar não ajude tanto na logística. Então pode ser que seja uma praia perto de São Paulo, porque queremos casar na praia. A gente fala muito abertamente sobre o tema casamento, sabe? Porque tem uns casais que você sente dó, né? Uma das pessoas tipo (sic) “a gente vai casar” e a outra calada. Eu e a Marcela, não. Queremos casar. Porque já somos casadas, mas nós queremos a festa.

“Conheci o Maurílio na noite. Ele tocava com outras bandas, fazendo violão e segunda voz. Um dia, eu estava fazendo um show em um barzinho e ele estava sentado sozinho. Falei: ‘vem cá, toca uma música comigo’. Ele subiu e cantamos juntos”
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A DUPLA MUNHOZ & MARIANO CELEBRA A CARREIRA EM UM PROJETO QUE MISTURA REGRAVAÇÕES DE SUCESSOS COM FAIXAS INÉDITAS

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Por Camila Lourenço Fotos Miro Tratamento de imagem Fujocka Beleza Iza Ventura Styling Dani Longuine 5 min

Donos de hits que marcaram época – como Camaro Amarelo, Seu Bombeiro e Copo na Mão –, Munhoz & Mariano decidiram comemorar a carreira e presentear os fãs com um novo DVD intitulado 15 Anos de História. O trabalho relembra a trajetória da dupla com regravações de sucessos e também conta com músicas inéditas. Para o projeto, os artistas queriam algo que fosse moderno. Para isso, produziram o DVD com um palco tecnológico, repletos de luzes de LED e convidaram o balé do FitDance – que acompanhou os cantores em todas as faixas. Eles também convidaram Guilherme & Benuto, João Bosco & Vinicius, Yasmin Santos, Fred & Fabrício e GAAB para o novo desafio. Amigos de infância, Munhoz & Mariano formaram a dupla como um hobby – com o objetivo de divertir a família e os amigos –, mas isso também proporcionou a experiência de se apresentarem em botecos do Mato Grosso do Sul. Os dois ficaram conhecidos pelo jeito irreverente e pelas danças com rebolado. Nesta entrevista feita com eles, você confere mais do novo projeto e um balanço da trajetória.

Vocês estão com o especial dos 15 anos de carreira. Como foi fazer a produção do DVD?

Munhoz: Acho que esse foi ainda mais especial, porque eu sempre gostei da parte de produção musical e o Mariano é um grande compositor. Um dia, eu estava no estúdio e ele chegou e falou: “isso aqui ficou legal, mas eu queria mudar algumas coisas”. Eu respondi: “vamos fazer um negócio diferente. Você junta os compositores que são seus amigos, que são

referências no Brasil, e vai compor com eles. Pode deixar a parte de produção comigo”. Eu ficava dia e noite no estúdio. Enquanto isso, ele estava compondo. Nós fizemos tudo com a nossa cara. Essa divisão de responsabilidades e confiança no trabalho um do outro foi muito importante também nessa consagração dos 15 anos – assim como nosso time de empresários e toda a galera que ajuda a gente. E houve inovação em um projeto: trouxemos o balé do FitDance, o que deu uma modernidade. A aceitação nas plataformas está sendo muito bacana. Esse projeto tem um resgate de músicas da nossa origem, mas com nova roupagem.

São 15 anos de trajetória. Como escolher quais músicas regravar?

Munhoz: Com as regravações, foi mais natural, porque nós sabemos as músicas que tocaram e fizeram sucesso. Eu ligava e dizia: “o que você acha de colocar A Bela e o Fera?” Ele na hora falava: “essa nem pode ficar de fora”. Tiveram algumas outras que a gente pensou em regravar, só que não entraram. Mas pode ser que a gente faça isso de novo com músicas bem antigas, como nesse projeto, dando uma nova roupagem. A escolha das inéditas foi um consenso. Tínhamos um grupo para mandar as músicas e passar na seleção ou não. Foram feitas mais de mil composições para tirar as médias, além das que a gente ouviu de outros compositores. É um trabalho bem árduo.

Quais foram as músicas especiais do projeto?

Mariano: Duas músicas foram mais especiais. Uma delas é a Dois Palhaços que,

“Hoje o consumo está muito rápido. As músicas acabam ficando descartáveis. Essa quantidade de lançamentos diários dá uma ‘saturada’ no mercado, e isso acostuma as pessoas a quererem lançamentos todos os dias”
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depois de 18 anos pedindo, o Munhoz cantou como primeira voz. E também tem Derramando Lágrimas, que estava passando despercebida no projeto – porque nós estávamos com muitas músicas. Depois, o Ricardo, nosso sócio, falou: “vocês não estão prestando atenção, essa música é boa”. E eu fiquei com aquilo na cabeça. Cheguei em casa, fiz a guia da música e mandei para o Munhoz, por volta de duas horas da manhã. Ele estava no estúdio. Nos emocionamos, meio que choramos e dissemos: “é essa aí!” Além disso, houve a participação do João Bosco & Vinícius, que são grandes amigos. É uma canção bem especial.

A respeito da estratégia de lançamento, qual foi o impacto da internet no mercado da música?

Munhoz: Hoje o consumo está muito rápido. As músicas acabam ficando descartáveis. Essa quantidade de lançamentos diários dá uma “saturada” no mercado e isso acostuma as pessoas a quererem lançamentos todos os dias. Você lança uma música hoje e daqui a trinta dias ela já não é mais novidade. E nós pegamos todo o processo de transição do uso da rede social. Camaro Amarelo veio no comecinho do uso das plataformas digitais, então fluiu muito bem. Além disso, a participação do Mariano em um reality show nos ajudou a lidar com as ferramentas e usar isso a nosso favor. Não somos da geração internet, mas estamos indo bem.

Durante esses 15 anos, o que mudou na composição e escolha de repertório?

Munhoz: Vemos que, hoje em dia, as pes-

soas consomem músicas com mais conceito, com mais letra. Então, buscamos mais isso atualmente. Porque nós sempre fomos uma dupla irreverente. Desde a dança até as letras das músicas. Então, o público cobra muito isso de nós. O engraçado disso é que os nossos discos, desde o começo da carreira, sempre tiveram músicas românticas também. Porém, o que sempre se destacou – naquela época mais organicamente – foram as faixas irreverentes, de balada, com dancinha… só que sempre houve músicas mais “conceito” também e, hoje, estamos mais maduros e tentamos trazer um pouco mais desse lado.

Quando começaram, vocês imaginavam que chegariam tão longe?

Munhoz: Não, nunca. Na verdade, não existia essa intenção no começo, sabe? Quando começamos, era para tomar uma cervejinha no final de semana, reunir os amigos... somente na gravação do primeiro projeto, quando lotamos uma casa de shows, que nós pensamos: “opa, pode ser que dê certo esse negócio”. Aí sim, começamos a trabalhar mais profissionalmente. Então, no comecinho, nós nunca imaginaríamos comemorar 15 anos de carreira e ter toda essa bagagem.

É verdade que a história das danças sensuais foi um conselho da mãe do Mariano?

Mariano: É verdade. Nós sempre fomos muito tímidos, então, nas nossas apresentações, os dois ficavam segurando o violão ou parados com a mão no bolso. E a minha mãe foi nos assistir um dia. Depois, eu perguntei todo empolgado para ela: “mãe, o que a senhora achou?” Ela

“O que sempre se destacou (...) foram as faixas irreverentes, de balada, com dancinha… Só que sempre houve músicas mais ‘conceito’ também e, hoje, estamos mais maduros e tentamos trazer um pouco mais desse lado”
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disse: “filho, horrível. Muito ruim”. Aquilo foi um balde de água fria. Eu perguntei por que ela achava aquilo e ela rebateu: “meu filho, você tem que usar o sexo, você tem que mexer com as mulheres. O Elvis Presley mexia só o joelhinho e elas iam à loucura. Você tem que fazer isso!” Eu fiquei com aquilo na cabeça. Quando nós fomos fazer outro show, eu arrisquei uma rebolada e as meninas gritaram. E eu pensei: “não é que funciona?” Depois disso, começamos a fazer sempre as dancinhas.

Camaro Amarelo se tornou um hit nacional. Em algum momento, vocês cansaram de cantar a música?

Eu acho que não tem como. É muito engraçado porque, hoje, Camaro Amarelo é o encerramento do show. E a galera, do começo ao fim, fica pedindo a música. Quando a gente toca, é a mesma energia de 11 anos atrás. É surreal a potência que essa música tem. Eu não consigo explicar, de verdade. Quando a música saiu, era engraçado, porque nós começamos a ir

para o Rio de Janeiro, por causa de gravadoras. Íamos para a praia e o povo chamava: “ô, Camaro!” A música explodiu tanto na época que ela ficou acima de nós. Nós tivemos que fazer muitos trabalhos de televisão e divulgação para conseguir igualar a imagem da dupla com a música, porque muita gente conhecia, mas não sabia quem cantava.

Com quem vocês ainda gostariam de fazer uma parceria?

Tinha um sonho que, infelizmente, não dá para realizar mais: o de gravar com Milionário & José Rico. Mas, da velha guarda, eu diria Chitãozinho & Xororó. Se fosse da nova turma, Jorge & Mateus, que é uma dupla que a gente tem um respeito e uma amizade muito grande. No começo da carreira, eles abriram oportunidades para nós, nos convidaram para cantar em um show lá em Campo Grande (MS) – que é a nossa terra natal. Desde então, temos uma admiração muito grande por eles.

“A música [ Camaro Amarelo ] explodiu tanto na época que ela ficou acima de nós. Nós tivemos que fazer muito trabalho de televisão e divulgação para conseguir igualar a imagem da dupla com a música”
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A CANTORA E COMPOSITORA PAULISTA CONVERSOU COM A TOP SOBRE COMO SE CONSOLIDOU NO RAMO DA MÚSICA

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Por Redação Fotos Miro Tratamento de imagem Fujocka Beleza Gabriel dos Santos Styling Jessica Arnhold 5 min

Paula Mattos é uma cantora e compositora sertaneja brasileira. Nascida em em Campo Grande/MS, dia 16 de outubro de 1989, já demonstrava talento para a música desde criança e sempre sonhou em seguir carreira na área.

Em 2011 fui morar em londrina, onde trabalhei 2 anos como Backing Vocal da dupla Thaeme e Thiago, eles foram os primeiros a me dar a oportunidade de mostrar o meu trabalho, sou eternamente grata.

Em 2016 lancei meu primeiro DVD “Acústico Paula Mattos”, com participações de: “Munhoz e Mariano, Thaeme e Thiago e Zé Felipe. Desde então, Paula tem se consolidado como uma das principais cantoras e compositoras da música sertaneja, tendo lançado diversos singles de sucesso, como Rosa Amarela , Não Largo, Não Troco, Não Empresto , Que Sorte a Nossa e Amor de Fã

Meus principais sucessos são: Que sorte a nossa, Rosa Amarela, Eu já te amava e Nosso cúpido foi Deus.

Paula revelou sua sexualidade sendo homossexual, e casada com sua esposa há 11 anos.

Nesta entrevista, Paula enfatizou a importância do respeito e do combate à homofobia e falou sobre o trabalho por trás do Aleatórias 2 , seu último EP. Leia:

Como você descobriu a sua paixão pela música?

Acho que sempre existiu em mim uma paixão por música. Via meus tios cantando moda sertaneja, tocando sanfona nos churrascos de família e ficava encantada. Meu pai sempre foi o principal incentivador para seguir na carreira musical.

Quais são as suas principais influências musicais?

As minhas três maiores referências mu -

sicais são Zezé di Camargo & Luciano, Jorge & Mateus e Gusttavo Lima.

Como foi o processo de composição do seu último álbum? Qual foi a maior inspiração para compor as músicas desse EP?

Meu processo criativo vem de tudo quanto é lugar: enquanto estou em um avião, no banheiro, em casa… eu sempre preciso estar com o celular na mão para não perder a ideia. A minha inspiração vem muito do meu cotidiano, do que eu já vivi – mas também gosto de fazer músicas baseadas nas experiências das pessoas para que elas possam ouvir e se identificar com a história.

Qual é a sua música favorita do seu repertório e por quê?

A escolha das músicas para o Aleatórias , tanto o primeiro quanto o segundo – que lançamos em fevereiro de 2023 –, foi muito tranquilo. Escolhi músicas que eu gosto de cantar, com as quais me identifico e que senti que o público iria se identificar também. Mas há uma canção do segundo EP, Felizes pra sempre, que é uma composição só minha. Acredito que ela conecta as pessoas e transmite o que eu acredito, que é: no fundo, todos os solteiros estão em busca de alguém para a vida.

Como você equilibra sua vida pessoal e profissional como artista?

Eu comecei a morar no interior na pandemia, para ter mais qualidade de vida, mais tempo para compor e gravar.

Qual é a maior lição que você aprendeu até agora na sua carreira musical?

A maior lição que eu aprendi na minha carreira foi compreender que cada artista tem seu tempo. Às vezes, queremos

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“Meu processo criativo vem de tudo quanto é lugar: enquanto estou em um avião, no banheiro, em casa…”
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as coisas para ontem. Aprendi que temos que usar o tempo ao nosso favor, aproveitando cada momento e fazendo ele ser útil. Ele não deve ser uma tortura ou um fardo.

Como você lida com críticas negativas?

Eu tento sempre transformar as críticas em construções positivas para a minha carreira ou vida pessoal. Já estabeleci meu estilo musical e meus ideais de vida há muito tempo.

Qual é o conselho mais valioso que você já recebeu como artista?

O conselho mais valioso que recebi foi em 2017, quando eu tive a oportunidade de almoçar com a Anitta e nesse almoço ela me disse: “não tenha medo de ser você”. Isso foi um grande impulso para eu me assumir. E não é somente sobre a minha sexualidade, sabe? Mas também sobre aprender a falar “não” para as coisas que não me cabem. Sou grata demais a ela por isso.

Como você vê a evolução da sua carreira musical até agora?

É uma evolução muito bacana. Comecei a compor aos 12 anos de idade e, aos 15, já me apresentava um barzinho ou outro ali em Campo Grande (MS). Nessa época eu também comecei a gravar com alguns artistas da região. Sou muito grata pelos aprendizados que tive nessa época. Hoje, consigo viver do meu trabalho e amo o que faço. Meu maior desejo é que cada vez mais pessoas se identifiquem com as minhas músicas.

Quais são os desafios que você enfrenta como compositora e artista no cenário atual da música sertaneja? Como é ser uma mulher na indústria da música?

No início, passei por várias barreiras. Comecei muito nova. Até que as pessoas reconhecessem meu nome e meu trabalho, demorou um pouco. Hoje, no entanto, posso dizer que está muito melhor, muita gente me respeita e acredita no meu trabalho.

Como você espera que seu público receba o EP Aleatórias 2 e qual é o seu próximo passo na carreira musical?

Graças a Deus, o projeto Aleatórias trouxe bastante identificação com o meu público – e era isso que eu queria que acontecesse. Para 2023, já tem o meu DVD que se chama Elementos . Estou gravando ele em quatro partes, todas baseadas nos elementos da natureza. O Fogo e a Terra já foram gravados com participações mais do que especiais. Agora falta o Ar e, por último, a Água. Em breve, quero começar a trabalhar no lançamento desse DVD.

O que toca na sua playlist ?

Eu gosto de ouvir de tudo, do sertanejo raiz aos atuais do Top 50 do Spotify (risos). Mas também escuto muita música de outras vertentes, como rock, jazz, blues… acho que quanto mais diversificado meu repertório musical, mais inspirada eu fico para trabalhar – e criativa também. Juro que vai encontrar de tudo nas minhas playlists. Além de música sertaneja eu ouço mpb, pop pagode, samba e música internacional.

Com quem você gostaria de fazer uma parceria?

Ainda tem tanta gente (risos)... Mas no meu próximo projeto, o Elementos , vamos chegar com parcerias incríveis que eu tive a honra de realizar. Vou citar dois nomes como spoiler para vocês: Paula Fernandes e Yasmin Santos.

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“Para 2023, já tem o meu DVD que se chama Elementos. Estou gravando ele em quatro partes, todas baseadas nos elementos da natureza”
“Eu gosto de ouvir de tudo, do sertanejo raiz aos atuais do Top 50 do Spotify (risos). Mas também escuto muita música de outras vertentes.”
Assistente de beleza
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de imprensa Textos + Ideias
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A bota western customizada que a cantora Bruna Viola usou no ensaio de capa nesta edição

O retorno das Western Boots

DIRETAMENTE DOS ARMÁRIOS DOS COWBOYS, AS BOTAS CLÁSSICAS DOS FILMES DE BANG BANG SÃO A GRANDE TENDÊNCIA PARA LOOKS DE OUTONO-INVERNO 2023

Inspirada na estética do Velho Oeste norte-americano, as botas western fizeram muito sucesso nas décadas de 1960 a 1980. Com acabamentos de diferentes texturas, a peça se tornou queridinha das pessoas que são adeptas de um estilo mais folk, mas agora, voltam para mostrar que elas combinam com diferentes estilos e propostas de looks mais urbanos e modernos.

Os detalhes que caracterizam as western boots são elementos rústicos como vira externa mais pesada, salto inclinado, ponta afunilada e o couro texturizado ou lisos com acabamento atanado.

A designer Gabriela Nascimento, da Le Borô, marca catarinense de calçados que está conquistando as brasileiras por seus designs disruptivos e inovadores, afirma que as botas de cowboy nunca ficaram ausentes, elas agora só ganharam um novo olhar para a moda atual. “Eu mesma tenho uma western de python, que eu ganhei quando tinha uns 14 anos e jamais vou me desfazer dela, pois é uma peça clássica”, conta a designer.

Mariê Souza e Ribeiro, designer e consultora de moda e estilo, acredita que a grande dica é não deixar o visual muito caricato. “Composições com peças de tecidos mais leves, como vestidos, misturam texturas e deixam a combinação mais interessante e não tão country . Vale também sair do senso comum, usando ela com peças mais clássicas ou com alfaiataria, trazendo mais informação de moda de uma maneira original para o look ”, completa.

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Por Camila Borba* Fotos Divulgação 5 min

GANNI

Em preto e off-white, a bota com bordados da marca dinamarquesa GANNI, pautada pela gestão de gênero e sustentabilidade, tem comprimento midi, bico amendoado e salto cubano. É feita de 100% couro de bezerro e seu solado é de borracha. Essa bota possui Certificado Carbono Neutro, suas emissões de carbono produzidas foram calculadas, reduzidas e o valor residual compensado.

Bota cowboy de couro com pespontos, da GANNI (R$5.466). farfetch.com

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NK STORE

Feita de couro legítimo, a bota cowboy Nat, da NK Store, é feita com diferentes cores de couro, com recortes pespontados, bico fino, com solado e salto bloco em madeira. Uma opção divertida para trazer mais personalidade aos looks de outono/inverno.

Bota Couro Nat, da NK Store (R$1.516,36). nkstore.com.br

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SCHUTZ

Para chegar, chegando! A bota prateada de couro da Schutz é uma peça para quem gosta de looks mais ousados. Em cano médio e salto de 4 cm, ela possui detalhes feitos em bordado, deixando a bota com ainda mais personalidade. Fica incrível tanto com o básico jeans e camiseta, como em uma produção mais festa.

Bota Western S-Cicera com salto bloco e couro prata (R$ 1.050). schutz.com.br

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JOHN JOHN

Com uma pegada mais pesada, a bota em couro com cano médio, bico fino e salto western da John John possui passantes em metal e elástico lateral para facilitar seu calce. Uma bota cheia de estilo para quem busca uma opção que vai bem com visuais mais pesados.

Bota Western Cowboy Brighton, da John John (R$ 1.198). johnjohndenim.com.br

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AREZZO

Esse modelo western da Arezzo é em preto e snake de couro, com cano médio, bico fino e salto bloco fachete. Possui bordados nas laterais, um clássico do estilo texano. Não possui fechamento, mas tem puxadores laterais no cano para facilitar o calçamento. Esse modelo é um bom contraponto para looks que precisam de um charme a mais, como vestidos fluidos ou alfaiataria.

Bota Snake Couro Cano Médio Western Georgia, da Arezzo (R$ 699,90). arezzo.com.br

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LE BORÔ

A bota com chamas de fogo bordadas ao longo do sapato, possui apliques de cravos feitos de forma manual, biqueira e calcanheira de metal. Uma curiosidade: cada par leva mais de 8 horas para ser produzido. Um sapato realmente muito complexo e único. Envolto de arte, atitude e personalidade, clássicos da Le Borô.

Bota Fogo, da Le Borô (R$ 2.198). leboro.com.br

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Caiman: a joia do Pantanal

EXPERIÊNCIA ÚNICA DE LUXO E SUSTENTABILIDADE NO CORAÇÃO DO MATO GROSSO DO SUL

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Nas profundezas do Pantanal brasileiro, a Caiman serve como um luxuoso refúgio, reconhecida por sua excelência em hospitalidade e pela dedicação à conservação ambiental. Este oásis de beleza natural proporciona uma experiência única de imersão na fauna e flora pantaneiras, oferecendo confortáveis acomodações, deliciosa gastronomia regional e uma variedade de atividades ao ar livre.

Situada em Miranda, Mato Grosso do Sul, a fazenda encontra-se a 236 km de distância do aeroporto de Campo Grande. O acesso pode ser feito através de uma viagem de carro de aproximadamente quatro horas ou por um voo direto para a pista particular da propriedade, capaz de receber aeronaves de pequeno porte.

O conforto e luxo são marcas registradas da hospedagem. A pousada principal Casa Caiman possui 18 apartamentos com varanda, além de áreas de lazer como piscina, sauna, academia, deck para relaxamento ou leitura, salas de estar, lareira, redário e restaurante. Para os que buscam um ambiente mais privativo, as Villas Privativas são ideais, com a Cordilheira e a Baiazinha oferecendo cinco e seis quartos, respectivamente. A gastronomia é outro destaque, com pratos inspirados na culinária tradicional brasileira e elaborados a partir de ingredientes cultivados por pequenos produtores locais. As refeições estão inclusas no pacote de hospedagem, com exceção das bebidas alcoólicas e dos itens do snack bar. Os visitantes podem participar de uma gama de atividades, todas sob a orientação de guias de campo nativos e um guia bilíngue. Estão inclusas na diária atividades como safári, focagem noturna, canoagem e caminhadas. Há também atividades adicionais, como cavalgadas e observação de aves.

Ao escolher a Caiman como destino, os visitantes apoiam uma série de projetos de conservação, como o Onçafari, o Instituto Arara Azul, o Projeto Papagaio Verdadeiro e o mais recente o Projeto Tapirapé. Esse último em parceria com o Onçafari é dedicado à preservação das antas e através de habituação pretendem conhecer melhor a espécie e consequentemente protegê-las. Essas iniciativas atuam diretamente na preservação de espécies ameaçadas e na manutenção do ecossistema do Pantanal.

Finalmente, a fazenda faz parte da Brazilian Luxury Travel Association (BLTA), uma organização sem fins lucrativos que reúne os melhores hotéis e operadoras de turismo de luxo do Brasil, reafirmando o compromisso com a qualidade e a excelência em hospedagem.

+infos: caiman.com.br

A experiência Caiman: imersão na fauna e flora pantaneiras com conforto e sustentabilidade no Mato Grosso do Sul
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Um refúgio de luxo e conservação no coração do Pantanal brasileiro
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Belezas selvagens do Pantanal: um ecossistema

único repleto de aves majestosas, mamíferos imponentes e paisagens de tirar o fôlego que deslumbram os visitantes com sua grandiosidade e diversidade impressionantes

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Usina de força

PRESENÇA FREQUENTE NO CAMPO E NAS FAZENDAS, PICAPE VW AMAROK É A MAIS POTENTE DA CATEGORIA

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A VW Amarok é uma presença constante no dia a dia das fazendas e do campo em geral. Nas grandes feiras agrícolas como Agrishow (Ribeirão Preto – SP), Tecnoshow (Rio Verde – GO) e Expointer (Esteio – RS), por exemplo, o sucesso da picape é certo, com milhares de test-drives realizados em circuitos off-road absurdamente desafiadores e um número elevado de vendas fechadas no próprio evento.

A picape Volkswagen também já provou sua aptidão e valentia na terra em diversas expedições pelo Brasil e América do Sul, atravessando caminhos onde o que menos existia era... um caminho. Algumas destas expedições aconteceram no Pantanal, desbravando a região alagadiça por Poconé e Porto Jofre, no Mato Grosso; no Deserto do Atacama, saindo de Foz do Iguaçu, cruzando a Argentina e chegando ao Chile; além da Cordilheira dos Andes, explorando as trilhas percorridas algum tempo antes pelos competidores do Rally Dakar.

Não é à toa que a Amarok está constantemente no top-5 das picapes mais vendidas do segmento no Brasil, mantendo um desempenho constante e elevado. Além disso, o modelo foi eleito como uma das picapes que menos desvalorizam no mercado de usados. Isso é fruto de um projeto que levou cinco anos para ser desenvolvido e buscou superar todas as referências do mercado. Desde que foi lançada, mais de 800 mil picapes Amarok já foram vendidas em todo o mundo e rodam por ambientes tão inóspitos e diversos entre si como a Sibéria e os desertos africanos.

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A melhor da classe

Um dos grandes segredos da Amarok é o motor 3.0 V6 TDI (turbodiesel). Esse verdadeiro “canhão” nasceu com uma nova calibração da ECU (central eletrônica) do motor, fazendo com que ele saltasse de 225 cv para 258 cv, um ganho significativo de 15%, entregues entre 3.250 rpm e 4.000 rpm. Com ele, a Amarok ganhou o título de picape mais potente do Brasil.

Graças a este moderno motor, a aceleração de 0 a 100 km/h acontece em apenas 7,4 segundos, e a velocidade máxima chega a 190 km/h (limitada eletronicamente). São números de causar inveja a qualquer esportivo. Juntamente com este ganho de potência, o torque foi elevado significativamente, passando de já vigorosos 56,1 kgfm (550 Nm) para impressionantes 59,1 kfgm (580 Nm), incremento de 5%. Esta força está totalmente à disposição do motorista a partir de 1.400 RPM. Outro importante recurso da Amarok, em termos de performance, é a função Overboost, que permite, durante 10 segundos, que a picape ganhe 14 cv extras, elevando a potência total para 272 cv. Esta função está disponível quando o veículo está entre as velocidades de 50 km/h a

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Desde que foi lançada, mais de 800 mil picapes Amarok já foram vendidas em todo o mundo
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120 km/h, e se mostra ideal em várias situações como, por exemplo, uma ultrapassagem em subida com a caçamba totalmente carregada. Depois de utilizada, a função Overboost volta a estar disponível após cinco segundos. Outro ponto a favor é a transmissão automática de oito marchas, mais uma exclusividade na categoria: garante melhor eficiência no consumo de combustível, desempenho empolgante, condução mais confortável e mudanças de marcha suaves e rápidas. E mais – o câmbio permite ainda trocas manuais, seja pela alavanca ou por aletas atrás do volante, chamadas Shift Paddles.

A tração 4x4 é integral, denominada 4MOTION, que trabalha em conjunto com vários recursos eletrônicos (todos de série), como o ESC (Controle Eletrônico de Estabilidade), HDC (Hill Descent Control, ou Controle Automático de Descida), HSA (Hill Start Assist, ou Assistente para Partida em Subida), BAS (Sistema de Assistência à Frenagem), ASR (Controle de Tração) e EDS (Bloqueio Eletrônico do Diferencial).

Os freios são ABS com discos ventilados nas rodas traseiras e função off-road, que por meio de leves travamentos nas rodas promove um pequeno acúmulo de material à frente, maximizando a frenagem. Há ainda o sistema RBS, específico para melhorar a eficiência do freio em condições de chuva ou piso molhado.

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A Amarok traz também a luz de conversão estática, que amplia a área de iluminação em curvas, uma função particularmente útil durante a condução noturna em estradas secundárias: o farol de neblina ajuda a ampliar a visão do motorista quando a picape está em uma curva de baixa velocidade, acompanhando o movimento do volante para um lado ou para outro.

Outro recurso importante presente é o indicador de pressão dos pneus, que mede a pressão exata de cada pneu e avisa quando algum deles está com a pressão abaixo do recomendado – o que ajuda não só na segurança como também na economia de combustível.

Tal qual um SUV premium Independente de a caçamba estar cheia ou vazia, a Amarok V6 oferece sempre o mesmo rodar suave e confortável, típico de SUV premium. Como é possível? Isso se deve à enorme quantidade de recursos tecnológicos e equipamentos presentes no modelo, desenvolvidos para dar o máximo de conforto não apenas para o motorista, mas também para todos os ocupantes.

Na versão Extreme, a Amarok tem ar-condicionado digital Climatronic de duas zonas, bancos dianteiros com ajustes elétricos, câmera de ré, sensor de estacionamento dianteiro e traseiro, controle automático de velocidade, display multifuncional com computador de bordo, faróis bixênon com luz de condução diurna em LED e regulagem de altura, faróis de neblina com luz de conversão estática, indicação de pressão dos pneus, retrovisor interno eletrocrômico, retrovisores externos elétricos, aquecíveis e rebatíveis eletricamente, sensores de chuva e crepuscular, volante com regulagens de altura e profundidade e, ufa!, bancos, volante multifuncional, alavancas de câmbio e de freio de estacionamento revestidos parcialmente em couro.

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A Amarok acelera de 0 a 100 km/h em apenas 7,4 segundos, e a velocidade máxima só não ultrapassa 190 km/h por ser limitada eletronicamente
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Em conectividade, a central de infotainment Discover Media com AppConnect dá um show: conexão Bluetooth, entradas USB, SD-card (duas) e aux-in, sistema de navegação nativo e a utilíssima tecnologia de espelhamento de smartphone via Apple CarPlay e Android Auto. Rouba a cena em situações críticas fora de estrada o Display off-road, que fornece informações críticas para transpor os terrenos mais adversos: bússola, ângulo de direção das rodas e altímetro.

O pacote Black Style deixa a picape ainda mais TOP: rodas de 20 polegadas com acabamento em preto brilhante, para-choque traseiro em preto fosco, grade dianteira com frisos em Black Glossy e cromado, espelhos retrovisores externos em Preto Ninja, estribos tubulares de aço em preto fosco, spoiler dianteiro em preto brilhante, frisos dos faróis de neblina em preto brilhante e detalhes de acabamento interno em preto brilhante. E além de tudo isso há... a caçamba! Ela tem o maior espaço da categoria: possui o maior vão livre entre caixas de rodas e a menor distância entre assoalho e solo. A capacidade volumétrica é de enormes 1.280 litros, e a Amarok pode carregar até 1,1 tonelada. A tampa traseira tem um exclusivo sistema de alívio de peso, que permite a abertura com menor esforço e maior segurança.

A picape média da VW conta ainda com engate removível para reboque, que aumenta a capacidade de carga e é uma ferramenta segura que oferece mais uma opção de transporte no dia a dia das propriedades rurais.

A segurança também fala mais alto: a Amarok tem sistema de estabilização de reboque, que atua junto com o ESC (controle eletrônico de estabilidade). Se em alguma situação o reboque ou trailer começar a oscilar, ou até mesmo iniciar um movimento de pêndulo com maior intensidade, essa tecnologia passa a atuar reduzindo o torque do motor e freando as rodas da picape e do reboque automaticamente até sua estabilização completa.

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A picape provou sua aptidão e valentia na terra em diversas expedições pelo Brasil e América do Sul, atravessando caminhos onde o que menos existia era um caminho

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A Revolução do Gim

UMA IMERSÃO NA HISTÓRIA, EXPLORANDO ESTILOS E DESVENDANDO AS TENDÊNCIAS

CONTEMPORÂNEAS DESSA BEBIDA CENTENÁRIA

O gim é uma bebida alcoólica destilada conhecida por seu sabor característico de zimbro e por ser a base de diversos coquetéis. Sua história começa no século XVII, na Holanda, mas suas raízes podem ser encontradas antes dessa data.

A sua origem está relacionada aos alquimistas medievais, que buscavam criar um elixir da vida e acabaram desenvolvendo a “Aqua Vitae” ou “água da vida”, que evoluiu ao longo dos séculos e ganhou o nome de genever – considerado o precursor do gim moderno.

O gim ganhou popularidade na Grã-Bretanha após os soldados britânicos entrarem em contato com o genever durante a Guerra dos Trinta Anos. Chamando-o de “Dutch Courage” (coragem holandesa), eles levaram o gosto pela bebida de volta à Inglaterra, país em que o gim começou a se tornar cada vez mais popular.

Por Redação Fotos Divulgação 5 min
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No século XVIII, a bebida atingiu níveis preocupantes de consumo na Grã-Bretanha, principalmente devido a políticas governamentais que encorajavam a produção e venda de destilados. Essa época ficou conhecida como “Gin Craze”, e levou o governo a promulgar a Lei do Gim, em 1736, reduzindo drasticamente o consumo.

A qualidade do gim melhorou no século XIX com a invenção do alambique de coluna, que permitia uma destilação mais eficiente e pura.

Nessa época, surgiu o estilo “London Dry Gin”, caracterizado por seu sabor mais seco e a predominância do zimbro.

Hoje, o gim é apreciado em todo o mundo por meio de inúmeras variedades e marcas disponíveis, como o Old Tom Gin, Plymouth Gin e o gim artesanal. Além disso, serve de base de muitos coquetéis clássicos, como gim tônica, o martini e o negroni.

Variedade

Algumas curiosidades sobre o gim incluem sua associação com a Marinha Real Britânica, que criou a gim tônica como uma forma de combater a malária, e o ginlet, outro coquetel clássico criado pelo cirurgião da corporação, Sir Thomas Ginlette, para prevenir o escorbuto.

Há, também, estilos regionais de gim, como o Mahón-Menorca, produzido na ilha de Menorca, Espanha, e o gim alemão Steinhäger, feito com zimbro colhido localmente e água pura da região de mesmo nome. Nas últimas décadas, os gims artesanais têm ganhado cada vez mais popularidade, com pequenos produtores experimentando novos ingredientes e técnicas, resultando em uma infinidade de bebidas inovadoras e distintas.

O gim, uma bebida destilada aromatizada principalmente com zimbro, tem uma história rica que remete ao século XVII, evoluindo ao longo dos anos e conquistando apreciadores em todo o mundo
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Algumas tendências e características marcantes do gim nos dias atuais incluem:

Gins artesanais: essas bebidas são produzidas em pequenos lotes, usando técnicas e ingredientes locais, o que permite ter um maior controle sobre a qualidade e o sabor. A experimentação com diferentes botânicos e processos de destilação tem resultado em uma ampla variedade de gins com sabores e aromas únicos.

Botânicos: os produtores de gim têm explorado uma grande variedade de botânicos além do zimbro, incluindo ervas, especiarias, flores, frutas e raízes. Esses ingredientes adicionam complexidade e profundidade aos sabores, criando uma experiência de degustação mais rica e diversificada.

Gins com sabor: esses gins são infundidos com sabores naturais, como frutas cítricas, pepino, flor de sabugueiro e até mesmo chás. Eles proporcionam uma nova dimensão ao gim e são frequentemente usados como base para coquetéis criativos.

Coquetéis: o gim tem sido a base de muitos coquetéis clássicos e contemporâneos. Bartenders de todo o mundo têm reinventado receitas tradicionais, como o Martini e o Gin Fizz, e criado novas combinações usando ingredientes locais e sazonais. A versatilidade da bebida a torna um ingrediente ideal para mixologia, permitindo infinitas possibilidades de sabores e apresentações.

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Destilarias e experiências: o interesse pelo gim tem levado ao surgimento de novas destilarias e à revitalização de algumas que são históricas. Muitas delas oferecem visitas guiadas, degustações e workshops, permitindo que os visitantes aprendam sobre o processo de destilação e experimentem diferentes drinques. Algumas destilarias até oferecem a oportunidade de criar seu próprio gim de forma personalizada.

Consumo consciente e sustentabilidade: a preocupação com a sustentabilidade e a responsabilidade social têm sido uma tendência importante na indústria do gim. Produtores têm se esforçado para reduzir o impacto ambiental de suas operações, utilizando ingredientes locais e sustentáveis, minimizando o desperdício e promovendo práticas de comércio justo.

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G&T Gin Bar

O G&T Gin Bar foi o primeiro bar especializado em gim no Brasil, inaugurado em 2016. A escolha se deu pelo constante crescimento no consumo da bebida aqui e mundialmente. Mostrou-se ser um sucesso e em 2018 mudou-se para a icônica Rua Oscar Freire. Atualmente, é o único gin bar em funcionamento no país com mais de 170 rótulos entre nacionais e importados.

Entrevistamos Valmir Júnior, sócio do G&T Gin Bar, sobre o estabelecimento e seu engajamento com a cultura do gim.

A empresa está se preparando para expandir a atuação, com a abertura de novos G&Ts pelo Brasil e inauguração de outros dois bares de coquetelaria na cidade de São Paulo. Adicionalmente, planejam lançar a própria marca de gim, fortalecendo ainda mais a conexão com o universo dessa bebida sofisticada.

Quais são os tipos de gins mais populares entre seus clientes? Como você seleciona os gins que oferece em seu bar?

O maior volume de vendas concentra-se nos drinques autorais, em especial o Tulum, que leva em sua receita lichia e pitaya e o Santorini, feito com limão siciliano, gengibre e mel. Selecionamos as marcas de gim após provas e testes por nossa equipe de bar, comandada pelo premiado mixologista Marcelo Serrano, criador da versão bra-

sileira da espuma de gengibre do drinque Moscow Mule.

Quais são os grandes produtores de gim no Brasil e como você os classificaria em relação à qualidade dos produtos do G&T Gin Bar? Há alguma marca específica que você recomenda para iniciantes na degustação de gim?

O Brasil está classificado entre os melhores gins do mundo, e conta com uma variedade de produtores que receberam medalhas de qualidade. Seríamos injustos ao citar apenas uma marca, pois temos muitos rótulos de excelente qualidade.

A cultura da gim tônica vem ganhando popularidade no Brasil. Como você personaliza seus drinques de gim para atender aos gostos e preferências de seus clientes?

Buscamos o equilíbrio entre sabores e aromas.

Como você escolhe os ingredientes e guarnições para acompanhar os seus coquetéis? Existe algum processo ou estratégia que você segue?

Cada gim possui sua particularidade, por isso analisamos suas notas mais pronunciadas para escolhermos os ingredientes que melhor se adequam a elas.

+infos: gtginbar.com.br | @gtginbar

“Os drinques mais populares são Tulum e Santorini, com ingredientes como lichia, pitaya, limão siciliano, gengibre e mel. O mixologista Marcelo Serrano escolheu as marcas de gim e criou a versão brasileira da espuma de gengibre do Moscow Mule”
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studio mundo top #

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NESTA EDIÇÃO, O STUDIO MUNDO TOP RECEBEU TRÊS NOMES QUE

REPRESENTAM AS NOVIDADES, EXPERIMENTAÇÕES E INOVAÇÕES

NO CENÁRIO DO SERTANEJO: BRUNINHO & DAVI, DIEGO & JUNIOR

E FELIPE & RODRIGO. OS ARTISTAS CONVERSARAM COM A TOP

SOBRE CARREIRA, PROJETOS, PARCERIAS E COMPOSIÇÕES -

VENHA CONFERIR!

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Música com maturidade

APÓS QUASE 14 ANOS DE HISTÓRIA, A DUPLA BRUNINHO

& DAVI FAZ UM BALANÇO DE SUA TRAJETÓRIA E REVELA PRÓXIMOS

PASSOS

Considerada uma das duplas mais relevantes de sua geração, Bruninho & Davi contam com uma trajetória marcada por hits. O que a maioria do público pode não saber é que a história dos amigos na música começou antes, em 2005. Naquele ano, os jovens integravam uma banda de pop rock, em Campo Grande (MS). Quando o grupo chegou ao fim, os dois passaram a se apresentar juntos em bares da capital sul-mato-grossense. Depois de uma mudança para São Paulo, Bruninho começou a trabalhar em um estúdio. Em sua festa de aniversário, com artistas do sertanejo presentes, ele cantou algumas músicas com o amigo, Davi. Foi quando os convidados perceberam o potencial e incentivaram a formação da dupla.

Juntos há quase 14 anos, Bruninho & Davi lançaram o último álbum em 2022. Não é uma Live traz canções inéditas e regravações de hits dos anos 1990 e 2000, mostrando a afinidade da dupla com diversos estilos musicais. Este ano, eles pretendem gravar um DVD e lançar um novo álbum. Leia a entrevista feita com Bruninho:

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Por Camila Lourenço Fotos Miro Tratamento de Imagem Fujocka Beleza Iza Ventura 5 min

Como vocês se conheceram?

A primeira vez que eu vi o Davi foi em um aniversário de 15 anos de uma amiga. Ele estava tocando teclado. Pensei: “esse menino com óculos do Harry Potter toca bem”. Me surpreendeu. Depois, alguém falou que ele não tocava teclado, mas sim guitarra. Fiquei: “uau!” Ele me conhecia de uma banda que eu fazia parte. Ele era fã. Quando o nosso antigo guitarrista se mudou de cidade, nós chamamos ele para tocar no lugar. Mas isso foi antes da dupla, em 2005. Porém, na banda, nós não cantávamos, só tocávamos.

Quando aconteceu a formação da dupla?

Nós saíamos juntos e, em festinhas, sempre aparecia alguém com um violão e nós cantávamos. Um dia, o Davi me ligou dizendo que tinha sido convidado para tocar em um bar e me chamou para cantar com ele. No repertório havia Lulu Santos, Kid Abelha, Skank, Cássia Eller e, também, sertanejo. Foi aí que passamos a cantar em outros bares. Depois que mudei para São Paulo, em um aniversário meu, o Michel Teló e o João Bosco foram. Eu e o Davi cantamos juntos e o pessoal falou “isso aí é dupla”. Um tempo depois, formamos oficialmente e estamos aí há quase 14 anos. Na época, o mercado estava querendo novidades – e eu tenho certeza que eles viram uma oportunidade naquele momento.

Vocês trabalharam vários ritmos ao longo da vida. Como escolheram o sertanejo? Foram vários fatores. Um deles é que somos de Campo Grande, então não seria um esforço tão grande para nós, pelo contrário. Na época de barzinho, tocávamos outros estilos, mas havia sertanejo tam-

bém. Isso contribuiu muito. Se não fôssemos de Campo Grande, talvez tivéssemos feito algo no pop. Quando viramos uma dupla, houve um conflito sobre como íamos nos vestir. No primeiro disco, usamos chapéu. Além disso, demoramos muitos anos para achar um repertório que fosse nosso, que não “ferisse” ninguém e que nos fizesse feliz.

Como parte do sertanejo universitário, vocês sentiram alguma resistência de quem é do “sertanejo raiz”?

“Apanhamos” muito no começo. Só cansaram de “bater” porque viram que não ligávamos. Foi um momento de muita transformação no sertanejo – e toda transformação gera desconforto. Quando estivermos com 60 anos, é possível que nós estejamos reclamando da galera nova que vai fazer algo no sertanejo com a qual não nos identificamos. Os fãs de Jorge & Mateus, que eram mais críticos, falavam que “isso não é sertanejo”. Quando conhecemos o Leonardo, ele disse: “gosto muito do trabalho de vocês”. Ou seja, o artista não ligava. Assim como nós não ligamos quando aparecem coisas diferentes, porque isso renova e traz pessoas diferentes para o nosso som. Várias pessoas do mercado musical compraram a nossa briga e falaram: “esses caras são diferentes”. Apostar no que é diferente é arriscado, mas, às vezes, dá muito certo. Fomos felizes na época e nunca pensamos desistir por causa disso. Na verdade, isso dava mais vontade [de continuar].

Em que momento vocês perceberam que tinham conquistado um lugar no sertanejo? Sentimos a virada de chave com o pri-

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“Quando viramos uma dupla, houve um conflito sobre como íamos nos vestir. No primeiro disco, usamos chapéu. Além disso, demoramos muitos anos para achar um repertório que fosse nosso”
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meiro DVD porque, até então, nós estávamos com aquele pensamento: “vamos viver isso que está acontecendo, porque pode acabar em algum momento”. A gente conseguiu fazer o DVD com dinheiro próprio e chamou os três maiores artistas do Brasil naquele momento. Eles foram por gostar de nós, não por um combinado de escritório. Então, gravamos, o povo cantou e ficou lotado. Não tínhamos assinado com ninguém e três gravadoras queriam. A partir daí, começamos a dividir o palco com Cristiano Araujo, Gusttavo Lima, Luan Santana e até com Jorge & Mateus. De certa forma, tudo aconteceu muito rápido e isso foi bom, porque nós estávamos ocupados. Então não houve tempo para aquilo “subir à cabeça”. Nós só estávamos vivendo.

De onde veio a ideia do Não é uma Live? Nós sempre quisemos regravar músicas de sucesso dos anos 1990 e 2000 porque mexeram com o nosso coração quando éramos mais novos. Foi difícil escolher o repertório, já que aquela época era um

“caldeirão” de sucessos. O nome do projeto foi justamente para contestar a continuação das lives. Nós sabemos que elas foram bem importantes com o início da pandemia, mas não tem nada que substitua o show presencial.

O que os fãs podem esperar de Bruninho & Davi?

Para 2023, nós vamos gravar um DVD de carreira de novo. Vai ser o quarto. Os outros são projetos, álbuns, EPs e, ao mesmo tempo, fazer um disco ao vivo, em Curitiba, no segundo semestre. Estamos felizes porque é um momento em que sabemos exatamente o que queremos. Esse tipo de coisa move muito a nossa dupla. Dá até um frio na barriga saber que, de novo, vamos fazer o melhor disco das nossas vidas. O diferencial desses novos projetos é que nós amadurecemos, estamos mais velhos. E o som acompanha isso. Isso transforma o olhar das pessoas sobre o artista. Porém, não quer dizer que vamos deixar de fazer música de balada.

“O nome do projeto foi justamente para contestar a continuação das lives. Nós sabemos que elas foram bem importantes com o início da pandemia, mas não tem nada que substitua o show presencial”
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O sonho de 100 mil vozes

OS IRMÃOS MATO-GROSSENSES DIEGO E JUNIOR

JÁ FIZERAM PARCERIA COM GABRIEL DINIZ E HOJE

ESTÃO PRODUZINDO SEU PRIMEIRO DVD, QUE TERÁ PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS DE ARTISTAS DO SERTANEJO

A carreira de Diego & Junior começou como uma brincadeira, ainda na infância. Um dia, os irmãos cantaram algumas músicas para se divertir no karaokê e acabaram descobrindo uma nova paixão. Não demorou até que as pessoas em volta reparassem no talento dos irmãos. Inclusive o tio, que enxergou a oportunidade de colocar a dupla para se apresentar em uma festa de rodeio em Tangará da Serra, Mato Grosso. Depois desse dia, os dois começaram a investir no que viria a ser uma carreira no futuro: aulas de violão, piano e canto. Naturalmente, passaram a se apresentar em eventos e lugares da região.

Em 2005, foram selecionados para participar do quadro “Jovens Talentos”, do programa do Raul Gil. Com a aparição na televisão, a agenda de shows de Diego & Junior aumentou, fazendo a dupla tocar em todo o estado do Mato Grosso.

Com os anos, os cantores conquistaram marcos na carreira: a gravação do primeiro álbum, a parceria com Gabriel Diniz em Partiu Paris, a criação do “Boteco do Diego & Junior” (evento, em Recife, que ficou lotado), além dos shows de abertura para grandes artistas do sertanejo. Atualmente, os cantores planejam o maior projeto da trajetória musical: a gravação do primeiro DVD. Em entrevista à TOP Magazine, eles revelam o que estão preparando para o trabalho, além de contarem detalhes da carreira:

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Por Camila Lourenço Fotos Miro Tratamento de Imagem Fujocka Beleza Iza Ventura Styling Karen Fachi 5 min

Quando a carreira de vocês começou?

Tudo começou como uma brincadeira. A época em que éramos crianças foi o auge do karaokê. Você ia no restaurante ou no barzinho e sempre tinha um. Um dia, fomos na lanchonete que frequentávamos em Tangará da Serra (MT) e eles tinham um karaokê. Nós decidimos cantar de brincadeira, só que gostamos muito e passamos a fazer isso sempre. Em uma semana, íamos três ou quatro vezes. E as pessoas começaram a falar: “nossa, esses dois têm jeito”. É engraçado, porque nós tínhamos sete e onze anos. Enquanto a criançada ia para o parquinho brincar, a gente ia para o karaokê. Um certo dia, um tio, que tinha um programa de rádio, estava ajudando o pessoal a fazer uma festa de rodeio na cidade. E ele chegou para nós dois e falou: “por que vocês não montam uma dupla de verdade e tocam na festa?” Nós aceitamos. Foi bem maluco, porque nós éramos muito novos e havia cerca de 15 mil pessoas ali. Depois disso, decidimos que queríamos continuar e começamos a fazer aula de violão, piano e técnica vocal para estruturar o canto. Nós íamos para a escola e, aos fins de semana, fazíamos alguns shows.

Como foi a participação no Programa Raul Gil ?

Nós participamos do “Jovens Talentos” uns cinco anos depois. Para entrar, é preciso fazer teste com um maestro. Se cantar bem, você é aprovado e chamado para o programa. Nós viemos para a triagem e tinha criança cantando de tudo. Nós fizemos o teste e fomos aprovados. Na época, o quadro era muito forte, então nós passamos a ser chamados para fazer shows em lugares maiores. Tocamos no Mato Grosso inteiro. Nós éramos uma

dupla bem regional até então. Um dia, fomos convidados para abrir o show do Fernando & Sorocaba, em Cuiabá, no Dia do Trabalho. Havia 100 mil pessoas na plateia. Mas não tem só a parte boa, porque também já fizemos apresentações que não tinha ninguém, só os funcionários do lugar.

Em que momento vocês começaram a compor?

Foi muito natural, porque as duplas que a gente se inspira sempre escreveram. Então todo mundo falava: “vocês são cantores, mas precisam compor também”. Um dia, nós nos juntamos e começamos. Geralmente, no nosso processo de composição, nós fazemos primeiro a melodia. E quase todas as nossas músicas vieram de histórias que amigos contaram para a gente ou de algo que imaginamos.

Como aconteceu a parceria com o Gabriel

Diniz?

Primeiro, mostramos uma música bem romântica para ele. Foi curioso, porque não combinava tanto com ele, mas o Gabriel adorou e falou: “vamos gravar”. Depois, nós fizemos a Partiu Paris, que parece um reggaezinho, um sertanejo praiano. Quando ele ouviu, preferiu mudar. Nós gravamos e depois fizemos um clipe em Fernando de Noronha. Um tempo depois, aconteceu o acidente de avião que causou sua morte. Foi complicado. Nós gostávamos muito dele, éramos amigos. O Gabriel tinha uma das energias mais incríveis que já conhecemos.

Qual é o próximo projeto da dupla?

Estamos planejando o nosso primeiro DVD com composições nossas e de amigos – e também vamos fazer participações

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“Estamos planejando o nosso primeiro DVD. Estamos fazendo tudo do zero, trabalhando no pré, durante e pós. Vai ser o projeto mais bem preparado da nossa carreira”
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com artistas do sertanejo. Estamos fazendo tudo do zero, trabalhando no pré, durante e no pós. Vai ser o projeto mais bem preparado da nossa carreira. Nós vamos trabalhar com um produtor de renome no mercado, que já fez Jorge & Mateus, Zé Neto & Cristiano, Maiara & Maraisa… ele vai dirigir o projeto. O mais difícil é a escolha de repertório. Nós somos muito críticos com isso, queremos colocar músicas boas, pensamos bastante no que o público quer ouvir. Tentamos sempre balancear o lado comercial com a qualidade.

Vocês receberam algum conselho de outro artista?

Em Recife, nós conhecemos Henrique & Juliano. Eles iam gravar com o Dilsinho e nós fomos no camarim. Eles tinham acabado de gravar Liberdade Provisória, que foi uma das músicas mais famosas da dupla até hoje. E o Henrique disse: “sejam sempre quem vocês são. Não deixem que nada mude isso. O segredo está nisso: Não mudar para agradar. Porque, se vocês mudarem, vocês vão ser dois caras infelizes. Façam o que acreditam, que a hora de vocês vai chegar”. Foi muito emocionante, sobretudo porque nós admiramos eles.

Quais foram os momentos mais marcantes da carreira?

Tem vários. Quando mudamos para Recife, nós começamos a fazer muito show.

A gente tinha o nosso próprio evento, chamado “Boteco do Diego & Junior”. Acontecia às quintas-feiras, mas lotava. Outro momento que marcou foi o primeiro show que fizemos em São Paulo. Foi um evento para a Gol Linhas Aéreas. Porque existe essa ideia de que tudo acontece em São Paulo, os melhores estão aqui. Viemos com a banda toda há uns três anos. Só que os funcionários não queriam que o show acabasse. Era pra cantar uma hora e meia, durou três horas. Nós sentimos a aceitação. Foi muito bom.

Vocês também ficam juntos nas horas livres?

Se você deixar, a gente joga tênis junto o tempo todo. Foi o que salvou durante a pandemia, porque ficamos dois anos sem fazer show, sem trabalhar. Por isso, a gente fala que o tênis ajudou muito. Nós acordávamos naquela ansiedade: “quando vai voltar?” e descontávamos no esporte. Mas a gente também faz churrasco, toma cerveja. Nós sempre andamos um com o outro. Até o ano passado, a gente, inclusive, morava junto.

O que vocês sonham em realizar?

Nós não temos aquela coisa de querer fama. Na verdade, queremos que o nosso trabalho seja mais conhecido do que nós. Queremos chegar no show e ver 100 mil pessoas cantando a nossa música.

“Quando mudamos para Recife, nós começamos a fazer muito show. A gente tinha o nosso próprio evento, chamado ‘Boteco do Diego & Junior’. Acontecia às quintas-feiras, mas lotava”
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O humor e a simplicidade de Felipe & Rodrigo

CONHECIDOS PELA MÚSICA MÉDIA BOA, FELIPE & RODRIGO JÁ PENSAM NA GRAVAÇÃO DO SEGUNDO DVD

Antes de iniciarem a carreira juntos, Felipe & Rodrigo se conheceram quando se reuniram para compor Arranhão, sucesso na voz de Henrique & Juliano. Mas a conexão entre os dois foi instantânea e juntos decidiram formar uma dupla.

O que eles não imaginavam é que a primeira música de trabalho, chamada Média Boa, já seria um sucesso ao viralizar no TikTok. O hit obteve mais de 80 milhões de plays no Spotify e superou 30 milhões de visualizações no YouTube.

Gravado no interior de São Paulo, o primeiro DVD da dupla, No Sentimento, conta com 14 faixas. O projeto também tem a participação de Luan Santana, em Chip Novo, e de Fernando & Sorocaba, na faixa Beijo, Fumaça e Mentira.

Por Camila Lourenço Fotos Miro Tratamento de imagem Fujocka Beleza Iza Ventura 5 min
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Desde pequenos, vocês sempre gostaram de música?

Felipe: O meu avô é sanfoneiro. Ele me deu o primeiro violão. E, desde criança, eu ouvia música sertaneja. Quando fui para a faculdade, a música aflorou mais em mim e comecei a compor. Tomei uns chifres, né? Mais tarde, eu pensei: “acho que tenho talento para esse negócio”. Com o Rodrigo também. Toda a família tem uma veia musical muito forte. E foi bem parecido: Namoradinha, chifre, fez a primeira música aos 14 anos. Nós dois começamos na música pela composição e, agora, temos a dupla.

A dupla se formou quando vocês se juntaram para compor Arranhão?

Rodrigo: Tanto o grupo de composição do Felipe, quanto o meu, compunham para o Henrique, da dupla Henrique & Juliano. E ele sempre falava que nós todos deveríamos nos encontrar. Até que, um dia, eu chamei os meninos no Instagram. Estava perto da data de gravação do DVD da dupla e nós sabíamos que ainda faltavam algumas músicas, então fomos compor juntos. E a gente parecia amigo de infância. Escrevemos Arranhão para eles, que é a música mais tocada do Spotify no Brasil. E ali nasceu Felipe & Rodrigo também, porque depois disso, nós começamos a gravar umas guias juntos. Inclusive, nós dois e todo o nosso grupo começamos a nos encontrar direto para compor. Tivemos outros acertos, como Erro Planejado, do Luan Santana.

E como foi, na primeira música de trabalho, que é Média Boa, viralizar e fazer todo esse sucesso?

O pessoal que trabalha conosco falou: “tem três mil vídeos com a música no TikTok. Está explodindo”. E a gente ficou: “três mil vídeos? É pouco!”, porque estávamos comparando com o YouTube.

E começou a crescer muito, chegando ao ponto de ter dez mil vídeos por dia. Foi apenas quando vimos que Média Boa era a música mais viral do sertanejo, que entendemos a dimensão que estava tomando. E, depois do TikTok, Média Boa começou a migrar para o Instagram e para o Spotify. Com isso, a música tomou uma proporção ainda maior. Foi muito natural. Claro que a gente confiava na música, mas, por ser a primeira a ser lançada, a gente não esperava tudo isso.

Vocês têm letras engraçadas. Vocês gostam de cantar esse tipo de música?

Demais! Tanto que, no ensaio, Média Boa era a música que a gente mais gostava de passar. Nós inventamos um jeito diferente de cantar. Eu acho que reflete muito a nossa personalidade. Nós gostamos de brincar com as pessoas, de levar a vida de um jeito muito leve.

Como foi trabalhar no DVD No Sentimento?

Em primeiro lugar, nós escolhemos pessoas que acreditavam no projeto, pessoas que são como família para a gente. E, desde o início, a gente se preocupou muito com o repertório. Tinha uma pressão muito grande, porque fizemos 14 músicas do DVD do Henrique & Juliano e também Molhando o Volante, do Jorge & Mateus, e Ficha Limpa, do Gusttavo Lima. Todo mundo ficava assim: “o que vai ter no DVD deles? Porque eles acertaram muita coisa, mas será que, no próprio projeto, eles vão acertar?” Existia essa pressão, mas a gente só focou naquilo que a gente gostava de ouvir e queria escutar a galera cantando. Nós separamos o repertório por um ano. Inclusive, gravamos esse primeiro DVD e, no dia seguinte, nós já estávamos separando música para o segundo, que vamos gravar este ano, e já está pronto o repertório. Faltam uns três,

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“Nós escrevemos Arranhão para o Henrique & Juliano, que é a música mais tocada do Spotify no Brasil. E ali nasceu Felipe & Rodrigo também, porque, depois disso, nós começamos a gravar umas guias juntos”
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quatro meses para o DVD e a parte musical já está pronta.

E a seleção foi por tema ou pelas músicas que gostavam?

Nós fomos escolhendo as músicas que mais gostávamos e que também acreditávamos que o público ia curtir. E temos muito orgulho desse repertório. Se a gente pudesse escolher as 14 músicas de novo, seriam as mesmas, sem dúvidas. Foi bem legal o primeiro projeto. Tanto o processo de produção, de escolha, de gravação. Todo mundo fala: “vendo o DVD de vocês, parece que vocês cantam há muito tempo. Quem estava dirigindo?” Eu respondo: “ninguém. Soltaram o microfone na nossa mão e ‘vai’”. Nós ainda falamos para o Catatau, cenógrafo renomado responsável pelo DVD, antes de subir no palco: “vamos fazer uma oração, Catatau”, ele aceitou e nós pedimos para ele fazer. Ele respondeu: “eu nunca fiz!” E a gente: “então você vai fazer hoje”. E ele fez pela primeira vez, depois a gente subiu no palco, eu subi chorando. Mas foi tudo na emoção, no sentimento.

No DVD, tem parceria com Luan Santana e Fernando & Sorocaba. Como aconteceu?

O Luan Santana e o Fernando & Sorocaba sempre acreditaram muito em nós, foram as primeiras pessoas a nos dar a oportunidade. Então fazia muito sentido, porque eles são amigos além da música. Amigo de jogar videogame junto, de fazer um churrasco. O Luan meio que se convidou para o DVD. É que, por ser muito amigo, a gente ficava com vergonha de pedir. Um dia, eu estava no camarim do show de Luan, ele fez algumas perguntas sobre o nosso DVD e foi embora. Quando o Luan voltou, ele disse: “se for importante para vocês, eu participo do DVD”. Eu

comecei a chorar igual uma criança e falei: “pelo amor de Deus, Luan, como não é importante?” Ele respondeu: “então eu vou”. E eu saí ligando para todo mundo de madrugada. Com ele, gravamos Chip Novo, que o Luan já conhecia e também gostava. Para o Sorocaba, nós mandamos duas músicas. Ele falou: “eu gosto muito das duas, mas acho que vou mais na Beijo, Fumaça e Mentira”.

O TikTok tem um grande impacto na música. Para vocês, que são compositores, viralizar nele é uma consequência ou isso influencia quando vocês estão compondo? Para nós, foi consequência. A gente pensava que Média Boa tinha um potencial de viralizar, mas não fizemos com esse intuito. Em relação à composição, tudo o que a gente escreve é com 100% de foco na música. A gente não pensa em quem vai gravar, onde vai bombar, a gente faz. Mas claro que as mídias sociais e o TikTok influenciam muito. É só pegar o Top 50 do Spotify e ver. Hoje em dia, a gente pensa nisso na hora de escolher uma música, mas no processo de criação não.

O que os fãs podem esperar dos próximos projetos da dupla?

Estamos com uma responsabilidade grande, porque nos orgulhamos muito do repertório do primeiro DVD. Do audiovisual também. E tudo tem que ser melhor. Mas vai ser feito com o mesmo carinho e dedicação da primeira experiência. E, como a gente falou, o repertório está pronto, porém a gente escuta música até o último dia. Porque, até na semana da gravação, entra música. Por enquanto, estamos com umas doze faixas. E nós gostamos muito do segundo projeto; se bobear é mais forte do que o primeiro.

“Tinha uma pressão muito grande, porque nós fizemos 14 músicas do DVD do Henrique & Juliano e também Molhando o Volante, do Jorge & Mateus, e Ficha Limpa, do Gusttavo Lima. Todo mundo ficava assim: ‘o que vai ter no DVD deles?’”
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Acesse nosso Instagram ERRATA: na matéria de capa de Vivi Wanderley, na TOP Magazine Edição 269 - Geração TikTok, foi colocado erroneamente que o pai da influenciadora se chama Walduck Wanderley na quarta linha da matéria. O nome correto é Saulo Wanderley.

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