TOP Magazine edição 248

Page 1

Luiza Possi

pessoas / luiza possi, na maternidade e na quarentena / o maestro joão carlos martins / a nutricionista mayra cardi / lifestyle / o mundo lamborghini por rafael espindola / perfis: stephanie kopenhagen e a médica dermatologista calu franco / benza, a nova cozinha do masterchef pablo oazen / four seasons new york / beleza / ensaio nu fashion: a bailarina do faustão natacha horana / cosméticos que desejamos / moda / radar trend / louis vuitton maison osaka midosuji / cultura / em ny com emily blunt e john krasinsky, estrelas de um lugar silencioso - parte II / as atrações do studio mundo top / a arte de raphael finok / a roqueira pitty + pôster

9 7 71 41 5 781 00 6

00248

R$ 17,00


N O V O R E N A U LT

PA R A A N O VA T E M P O R A D A DA SUA VIDA

Easy Link

Espelhamento de smartphone e câmeras multiview.

Novo Interior

Mais amplo, bonito e confortável.

Novo Design

Com rodas 17” diamantadas.


Bruno

Pedro

GAGLIASSO

ALONSO

renault.com.br

No trânsito, dê sentido à vida.


EVOLUÇÃO na máxima potência

honda.com.br/motos


*Três anos de garantia, sem limite de quilometragem. Honda Assistance com serviço gratuito por 3 anos, por todo o período da garantia do produto. A cobertura abrange o Brasil, Chile, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia.

No trânsito, dê sentido à vida.



KENDALL JENNER

CALVIN KLEIN.COM/BR


NOVO JAGUAR I-PACE

JÁ PODEMOS CHAMAR O FUTURO DE HOJE. VENHA CONHECÊ-LO.

O primeiro SUV 100% elétrico da Jaguar acaba de chegar ao Brasil. E além de oferecer total tranquilidade com cinco anos de manutenção básica e Assistência 24h inclusos no preço1, também garante o que nenhum outro carro tem: os prêmios de “Carro do Ano”, “Design do Ano” e “Carro Verde do Ano” obtidos no World Car Awards de 2019. Com 400 cv, torque instantâneo, 470 km de autonomia2 e aceleração de 0 a 100 km/h em 4,8 segundos, o Novo Jaguar I-PACE é tudo aquilo que você esperava do futuro. Visite uma de nossas concessionárias e venha conhecê-lo o quanto antes.

jaguarbrasil.com.br 1

Jaguar Care é para o JAGUAR I-PACE EV 400 SE Modelo 2020. O plano Jaguar Care inclui os seguintes itens de revisão básica: filtro de ar da cabine, fluído limpador do para-brisa, fluido de freio, tubo flexível dos freios dianteiros e traseiros (esquerdo e direito) e mão de obra para estes itens. Pacote válido para até 3 (três) revisões básicas


5 ANOS DE GARANTIA E MANUTENÇÃO INCLUSOS

#JaguarElectrifies

pelo período de 6 (seis) anos ou 105.000 km, o que ocorrer primeiro. As revisões devem ocorrer em intervalos de 24 (vinte e quatro) meses ou 34.000 km, o que ocorrer primeiro. O descumprimento ao plano de manutenção do veículo cancela o plano. 2Dados obtidos durante testes no ciclo WLTP.



COLCCI.COM @COLCCIOFICIAL




TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Sumário 14

68

76

102

114 46

30

120

84


15

CULTURA

MODA

BELEZA

LIFESTYLE

PESSOAS

Sumário 30

40

46

Profissão

Mayra Cardi

Luiza Possi

O maestro João Carlos Martins se impõe um novo desafio: voltar a tocar piano graças às luvas biônicas que lhe devolveram os movimentos dos dedos

De Anitta a Larissa Manoela, conheça a nutricionista que cria programas de emagrecimento para várias celebridades

Ela tem quase 20 anos de carreira, dez álbuns lançados e uma coleção de prêmios na estante. Aos 35 anos, a cantora, compositora – e mãe – se reinventa em plena quarentena

68

114

Perfil

Gastronomia

A PR Stephanie Kopenhagen, o presidente do Lamborghini Club Brazil Rafael Espindola e a médica dermatologista Calu Franco

Vencedor do MasterChef Profissionais, Pablo Oazen destrincha sua carreira desde a passagem por casas renomadas da Europa até seu atual Benza, em São Paulo

120

150

Ensaio Nu

TOP Beauty

A bailarina do Faustão Natacha Horana por Luca Pucci

Tudo que você precisa saber — e ter — para cuidar da pele, cabelo e até dar um up no visual

22

152

Mundo TOP

TOP Trend

Louis Vuitton Maison Osaka Midosuji e tudo o que está na moda no mundo da arte, gastronomia, decoração, hotelaria e muito mais…

Tudo que há de novo na moda você fica sabendo aqui!

94

102

138

Música

Um Lugar Silencioso Parte 2

Arte

Toda a irreverência e o rock’n’roll de Pitty + pôster

Fomos a nova York entrevistar o casal de estrelas Emily Blunt e John Krasinski. Eles contaram tudo sobre o novo suspense...

Raphael Finok exibe sua arte de inspirações realistas

144 #AoVivoNaTOP Confira os artistas que abrilhantaram nosso Studio Mundo TOP com lives que você assiste na íntegra no IGTV @topmagazine




TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Colaboradores

18

Quem Fez Eliseu Santana Eliseu foi responsável por embelezar as gatas da top, o queridíssimo maquiador assinou a beleza da Stephanie Kopenhagem, Calu e ensaio nu com Natasha Horana.

Fábio Salles Nosso queridíssimo fotógrafo Fábio Salles foi o responsável pelos cliques dos artistas que recebemos no Studio Mundo TOP.

João Luiz Vieira Com 30 anos na carreira de comunicação, sendo 20 deles no jornalismo, João Luiz Vieira é pósgraduado em Projetos Culturais e Educação Sexual. Nesta edição o jornalista nos inspira com suas palavras sobre Natacha Horana.

Renata Bonvino Renata Bonvino é stylist, figurista, especialista imagem de moda e comunicação visual. Parceira de longa data da Top Magazine, nesta edição Renata deixou o ensaio nu ainda mais sensual com seu toque de moda.

Rodrigo Grilo O jornalista, biógrafo e documentarista conta a emocionante história do maestro João Carlos Martins na seção Profissão.


19

Publisher Claudio Mello Secretária Executiva Carolina Kawamura Redação TOP Magazine | Studio Mundo TOP Diretora de Conteúdo: Melissa Lenz Diretora de Arte: Rosana Pereira Assistente de Mídias Sociais e Produção Studio: Diego Almeida Revisão Geral: Letícia Ippolito Projeto Gráfico Marcus Sulzbacher Lilia Quinaud Paulo Altieri Fabiana Falcão Colaboradores Texto Bárbara Souza, Carla Ferraz, Gabriela Del Carmen, João Luiz Vieira, Rodrigo Grilo, Simone Blanes, Vivian Monicci Foto Fábio Salles, Gustavo Lacerda, Luca Pucci, Pupin&Deleu e Sergio Caddah Produção Alessandra Braga, Amanda Beraldi, Andre Anjos, Cesar Cortinove, David Albuquerque, Diego Tofolo, Dri Campos, Eliseu Santana, Fernando Batista, Gil Alves, Iris, Jessica Andrade, Luana Jimenez, Monica Santana, Renata Bonvino, Tiago Francisco, Virginia Barbosa, Yanthi Brignol Tratamento de Imagens Fujocka Creative Images, JC Silva Editora Todas as Culturas Diretores de Criação: Lucas Buléd e Ricardo Polinesio Gerência Financeira: Thiago Alves e Cezar R. Cruz Gerência de Relacionamento: Carolina Alves Produção Executiva: Camila Battistetti RP & Interface de Atendimento: Dianine Nunes Analista Financeira: Regiane Sampaio Assessoria Jurídica: Bitelli Advogados Pré-Impressão: Editora Gráfica Nywgraf Distribuição: Dinap S.A. Top Magazine é uma publicação da Editora Todas As Culturas Ltda. Rua Pedroso Alvarenga, 691 - 14º Andar - Itaim Bibi - Cep 04531-011 - São Paulo/SP Tel.: (11) 3074 7979 As matérias assinadas não expressam necessariamente a opinião da revista. A revista não se responsabiliza pelos preços informados, que podem sofrer alteração, nem pela disponibilidade dos produtos anunciados. /topmagazineonline

@topmagazine

/topmagazine


JUSTIN BIEBER

JUSTIN BIEBER

CALVINKLEIN.COM.BR CALVIN KLEIN.COM/BR



TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Moda

22

Mundo Top UMA SELEÇÃO DE TUDO O QUE INTERESSA SOBRE FOTOGRAFIA / DESTINOS / DESIGN /

fotografia

Humanos, animais e o meio ambiente Livro de fotografias de Steve McCurry Conhecido por seus trabalhos para a National Geographic, o prestigiado fotógrafo Steve McCurry ficou conhecido internacionalmente pelo registro da famosa foto de Sharbat Gula, a menina afegã que perdeu os pais durante o bombardeio soviético ao Afeganistão. Em seu último livro, Animals, o estadunidense traz o complexo relacionamento de diferentes animais ao redor do mundo com os seres humanos e o meio ambiente. As imagens contam mil histórias pelas lentes do artista, passando da Ásia à América do Sul, dos

Estados Unidos à Europa. Uma verdadeira homenagem às criaturas que compartilham o nosso planeta: cavalos de corrida em um telhado de Hong Kong, elefantes da Tailândia, cães de grife de Beverly Hills, camelos pegos no fogo cruzado durante a primeira Guerra do Golfo, um pastor paquistanês alimentando sua cabra e diversos outros retratos feitos ao longo das viagens do fotógrafo. O livro, publicado em setembro de 2019 pela editora Taschen, está à venda em duas edições artísticas assinadas e limitadas. taschen.com


23

GASTRONOMIA / MODA E MUITO MAIS


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Moda

24

turismo

#FSTakeYourTime Para voltar a viver experiências extraordinárias em New York Se uma ida a Nova York já provocava aquela sensação de “eu gostaria de ter aproveitado melhor”, imagine como será a próxima. Para quem deseja garantir mais conforto, bem-estar e acesso à muita arte e arquitetura na Big Apple, uma dica é o Four Seasons Hotel New York Downtown. Situado no coração de Tribeca, em Lower Manhattan, em uma das mais altas torres residenciais de Manhattan, o hotel ocupa os primeiros 24 andares do edifício de 84 andares projetado por Robert A.M. Stern Architects. Bastam nove minutos de caminhada para se chegar ao Wall Street, World Trade Center e

à deslumbrante estação Oculus, do arquiteto espanhol Santiago Calatrava. Ainda nos arredores é possível acessar o reduto de design no Soho, o agito noturno do Meatpacking District e a tranquilidade da orla do rio Hudson. Mas para quem preferir ficar de quarentena dentro do Four Seasons New York Downtown, há três experiências únicas, que podem durar de 1 minuto, uma hora ou até um dia: “Serviço de quarto”, com refeição personalizada pelo chef executivo (Itinerário de 1 minuto); Terapia com um dos curadores do Spa (Itinerário de 1 hora); Uma noite na suíte Royal, no 24º andar, com café da manhã regado a champanhe após festa com os amigos em jantar privado no Royal Palace. Na agenda para as próximas cinco horas e meia: uma indulgente experiência no spa para duas pessoas (Itinerário de 1 dia). Gostou? Então agenda: fourseasons.com/newyorkdowntown/


25

decoração

Efeito floral Patricia Vaks revela as tendências para 2020

A decoradora carioca Patrícia Vaks, responsável pela decoração das festas mais sofisticadas do eixo Rio-SP, já realizou mais de 400 projetos para clientes como a atriz Marina Ruy Barbosa e a apresentadora Angélica. Para 2020, ela aposta em decorações com forte influência futurista e muita tecnologia, elementos que despertam os sentidos e cores sóbrias, com tons de madeira, cobre e cinza. Acredita que ornamentações florais ainda estarão presentes, mas com nuances monocromáticas, ao contrário das festas multicoloridas. Outra forte tendência é a utilização de objetos construídos com materiais de diferentes tipos de metais, ferro, acrílico e madeira. Para as festas de debutante, uma linha semelhante. A maior tendência é o uso da tecnologia, por meio de luzes e tubos de LED, neon e projeções mapeadas na parede, além do palco, destacado pela forte iluminação, onde os convidados se concentram na maior parte do evento. instagram.com/ patriciavaks


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Moda

26

moda

Luxo no Japão Louis Vuitton inaugura maison exclusiva no país oriental Idealizada em colaboração com os arquitetos Jun Aoki e Peter Marino, o elegante prédio da Louis Vuitton Maison Osaka Midosuji é inspirado na cultura da região. O design da fachada homenageia os higakikaisen, antigas embarcações japonesas. As redes de metal dão a impressão de o edifício ser um grande navio flutuando na água com suas velas onduladas, sensação marítima que também aparece no interior, com os solos de madeira relembrando deques. Em relação à gastronomia, o prédio traz o Le Café V, em um espaçoso terraço, acompanhado de um bar de coquetéis e menu selecionado pelo renomado chef Yosuke Suga. Ao lado do café está o Sugalabo V, restaurante de estilo speakeasy, escondido atrás de uma porta, para uma experiência gastronômica bastante intimista. louisvuitton.com


27

interiores

Design com estilo Projeto brasileiro vira referência na produção de arte de metal A Steel Head Design é uma empresa especializada na produção de obras de arte em metais materializadas em uma infinidade de peças. Criada em 2010, suas esculturas, escadas, fachadas e mobílias originais vêm conquistando arquitetos, designers, engenheiros, celebridades e artistas ao redor do Brasil. Comandada pelos sócios Ricardo e Simone Costa, a marca já é uma referência no ramo de mobiliário brasileiro. steelheadesign.com.br

Cozinha mediterrânea francesa Situada no Jardim Paulista, a sofisticada mansão vitoriana surge como um restaurante que reúne alta gastronomia, bar e members club. “É uma viagem no tempo. O Maison Antonella nasceu do desejo de resgatar a efervescência da Belle Époque”, explica Marco Bordon, um dos sócios da casa. Para isso, o espaço traz esculturas, lareiras, decorações florais, abajures e velas, recuperando o romantismo clássico. No menu, assinado pelo chef Mack Novais, os destaques são o coquetel de camarões e o arroz de polvo malandrinho. instagram.com/antonellamaison

gastronomia

Casa Europa Espaço traz a cozinha clássica italiana a São Paulo Localizada no Jardim Paulistano, a Casa Europa mistura cozinha, bar e mercado, trazendo o melhor da típica e tradicional gastronomia italiana. Recentemente, passou por uma renovação de cardápio, carta de vinhos e ambiente, agora em tons mais rústicos e descontraídos. Assinado pelo chef Gerson Campelo, o menu inclui opções de frutos do mar, massas artesanais, bruschettas e saladas, além das deliciosas sobremesas. O espaço também pode ser reservado para a realização de eventos. casaeuropa.com.br




TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Pessoas

30

Profissão: Maestro João Carlos Martins CHAMADO DE “O INDOMÁVEL” PELO NEW YORK TIMES, O MUNDIALMENTE CONHECIDO MAESTRO BRASILEIRO AGORA SE IMPÕE UM NOVO DESAFIO: VOLTAR A TOCAR PIANO GRAÇAS ÀS LUVAS BIÔNICAS QUE LHE DEVOLVERAM NÃO SÓ OS MOVIMENTOS DOS DEDOS, MAS SUA GRANDE PAIXÃO. “A REGÊNCIA MUDOU MINHA VIDA, MAS A MINHA TERAPIA SE DÁ NO PIANO”


31


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Pessoas

32

Por Rodrigo Grilo Fotos Gustavo Lacerda

5 min

“Você não quer me ver tocar, não?” Foi assim que João Carlos Gandra da Silva Martins deu por encerrado o papo com a TOP Magazine. A interpelação, no momento em que se encontrava praticamente estirado no confortável sofá da sala de seu apartamento projetado de forma a lembrar um piano de cauda, poderia soar estranha não fosse o fato de esse paulistano de 79 anos estar, há pouco mais de um mês, em lua de mel com o piano. Como consequência de acidentes que resultaram em 24 cirurgias, muitas delas para manter vivo o movimento de suas mãos, fazia 22 anos que o pianista e maestro João Carlos Martins, como é mundialmente conhecido, não dedilhava o teclado a partir dos dez dedos. “Foi em 25 de junho de 1998, em Londres, ao lado da Royal Philharmonic Orchestra, que eu toquei com todos os dedos pela última vez”, diz ele, caprichando na precisão e se debruçando sobre o Petrof, piano de cauda fabricado na antiga Tchecoslováquia que impera em sua sala, para um showzinho particular. A retomada da parceria com o instrumento que o tornou um dos maiores intérpretes do compositor alemão Johann Sebastian Bach (1685-1750) foi registrada pela primeira vez em um vídeo postado pelo maestro em sua conta no Facebook, em 24 de dezembro passado. Algo que só foi possível graças a um par de luvas biônicas — engendradas a partir de neoprene e peças feitas em impressora 3D — que ganhou de presente de Natal de Ubiratan Bizarro Costa, designer industrial automotivo e professor de desenho. “As luvas atuam na flexão dos dedos. Há hastes que funcionam como molas sobre cada um deles. Dessa forma, quando o maestro aperta as teclas do piano, as hastes flexíveis puxam seus dedos para cima, para a posição normal,”, explica Ubiratan, que levou cinco meses para finalizar o protótipo. As luvas e o retorno do maestro ao instrumento tiveram repercussão instantânea em cerca de 180 veículos de comunicação mundo afora, como o New York Times, Le Figaro e Daily Mail. E são o capítulo mais recente de uma saga vivida por João Carlos Martins, que teve início com seu pai José Martins, em Braga, no norte de Portugal, em 1908. Durante o trajeto que percorria para chegar à gráfica onde trabalhava, José, então com 10 anos, tinha costume de parar em frente a uma janela para apreciar a aula de uma professora de piano. Certo dia, a pianista o abordou: “Se você quiser, eu o ensino a tocar”. Três dias antes da aula de estreia, porém, a prensa da gráfica decepou o dedo mínimo da mão direita do garoto e pôs fim a um sonho. Ascenção meteórica Quatro décadas mais tarde, e já vivendo no Brasil, José Martins adquiriu um piano para que os cinco filhos passassem a tocar. Em seis meses, o caçula, João Carlos Martins, então com 8 anos, faria o seu primeiro concerto e venceria um concurso, no qual fora inscrito pelo pai, para executar obras de Bach. “A meta dele era que eu me tornasse um dos maiores intérpretes de Bach no mundo”, afirma o maestro, recordando que a casa da família chegou a ser morada de sete pianos. “Todos os irmãos tocaram o instrumento, como o Ives (Gandra Martins, um dos maiores tributaristas do país) e o José Eduardo, com quem gravei um CD.” Entre os Martins, a diversão sempre tinha um ambiente cultural como pano de fundo. “O meu pai colocava discos na vitrola, toda noite,

“Estudo como tivesse 8 anos, três horas por dia. E, dia após dia, sinto que melhoro. Quero ver se consigo voltar a tocar profissionalmente”


33


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Pessoas 34


35

“A minha terapia se dá no piano. Ele é o meu irmão, o filho, o pai mais próximo de mim. Ficou um cadáver no meu peito quando parei de tocá-lo. Estou, agora, tentando revivê-lo graças às luvas biônicas”

para que a gente acertasse o nome do compositor. Tínhamos também de apresentar a ele um resumo do livro que estávamos lendo e frequentávamos museus e teatros”, conta o maestro, que ainda se dedicava a praticar futebol, outra de suas paixões, na rua com os vizinhos. “Meu pai foi um disciplinador, mas não déspota.” Ainda menino, porém, ele tomou para si essa característica de José e dedicava seis horas por dia para estudar o instrumento ao lado de José Kliass, russo radicado no Brasil e um dos grandes nomes da música clássica. O pontapé inicial da carreira nacional se deu aos 13 anos. Dois anos mais tarde, tocaria 96 peças de Bach — e quatro recitais — no Theatro Municipal de São Paulo. Tudo de cor, como frisa ele, que, hoje, tem decoradas 400 composições do músico alemão. Aos 18, começaria a descortinar uma carreira internacional. E aí, conforme suas palavras, a vida dos sonhos chegou de vez: “Eu rodava o mundo em turnês, tocava pra valer, fazia 21 notas por segundo, uma loucura”. Sua estreia, aos 20 anos, a convite da então primeira-dama dos Estados Unidos, Eleanor Roosevelt, no Carnegie Hall, lendária casa de espetáculos de Nova York, foi um dos lances flamejantes de uma carreira marcada por tantos outros feitos, como o ocorrido em 1961, quando nem mesmo a Guerra Fria que colocava em colisão Estados Unidos e Cuba impediu que o jovem brasileiro fosse recebido, em um intervalo de uma semana, pelo líder cubano Fidel Castro e John Kennedy, presidente dos Estados Unidos, para apresentações em cada um dos países governados por eles. “Até os 25 anos, a minha carreira fluiu como eu havia planejado. Vivia um sonho concretizado atrás do outro”, diz. Mas, cinco anos depois, começaria o calvário de acidentes que o forçou a encarar duas longas pausas na carreira e, mais tarde, o obrigaria a por um ponto final em seu relacionamento com o piano — até, claro, o dia em que as luvas biônicas desembarcaram como presente de Natal, em 2019. Pausas no piano João Carlos Martins encontrava-se em Nova York quando aceitou o convite feito pela Portuguesa de Desportos, seu clube do coração, para completar um dos times durante um treino, no Central Park. Em um lance, desequilibrou-se e caiu sobre uma pedra, que provocou uma perfuração na altura do cotovelo e lesionou o nervo ulnar, que tem a função de dar a sensibilidade do quinto dedo (mínimo) e da borda interna do quarto (anular). Com três dedos atrofiados como consequência do acidente, o pianista passou a usar dedeiras de aço em suas apresentações. Em muitos concertos, no entanto, essa adaptação pressionava tanto seus dedos que o sangue escorria pelo teclado. “Nesse período, li, pela primeira vez, uma crítica negativa à minha performance, no New York Times”, recordase. “Eu sentia que não estava no mesmo nível de sempre e disse ao meu empresário que daria um tempo na carreira de pianista.” De volta ao Brasil, após atuar no setor financeiro e investir na Bolsa de Valores, agenciou uma luta do boxeador Éder Jofre — que viria a recuperar o título mundial, em 1973, no embate contra o cubano José Legra — na condição de empresário do Galinho de Ouro. “Assim que o juiz levantou a mão do Éder, pensei: ‘Se ele conseguiu recuperar o título, eu tenho de recomeçar a tocar piano’.” Cinco anos mais tarde, lá estava João Carlos Martins no Carnegie Hall. E novamente em grande forma: estudava até 12 horas por dia, encarava apresentações mundo afora e começou a gravar a obra completa de Bach.


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Pessoas

36

O excesso de estudos e a maneira como voltou a tocar culminaram, porém, no surgimento de uma lesão por esforço repetitivo (LER). Cirurgias e sessões de fisioterapia obrigaram-no a encarar uma nova pausa na carreira, que seria retomada em 1993 junto à continuação da gravação da obra de Bach. Três anos mais tarde, em Sófia, na Bulgária, João Carlos Martins recebeu um duro golpe na cabeça ao reagir a um assalto, o que afetou os movimentos de sua mão direita. A dor que sentia no local cresceu de tal forma que a solução foi autorizar os médicos a cortarem o nervo da mão. Seis meses depois, o brasileiro se reinventou e realizava concertos na Europa apenas com a mão esquerda. “Dizem que sou exemplo de superação. Na real, é a teimosia que explica tudo”, diverte-se. Em 2003, descobriu um tumor benigno, em forma de um calo, sobre os nervos entre o terceiro e quarto dedos da mão esquerda. Ao extirpá-lo, Martins também perdeu definitivamente os movimentos desse membro. De pianista a maestro Foi assim que o pianista teimoso que insistia em peripécias apenas com uma das mãos saiu de cena definitivamente, para dar lugar à regência. Mas um novo desafio logo se apresentou: virar as páginas dos concertos com a agilidade necessária e segurar a batuta, durante as apresentações. Sem outra alternativa, memorizou nota por nota. “A regência mudou a minha vida”, diz o maestro, que foi chamado de “o indomável” em uma crítica feita pelo The New York Times. Não à toa, sua saga foi parar no cinema. Em 2017, João, o Maestro, ganhou as telonas com Alexandre Nero no papel principal. Hoje, por meio da Orquestra Filarmônica Bachiana Sesi-SP, fundada por ele, em 2006, João Carlos Martins lidera uma campanha pela democratização e popularização da música clássica. Já foram realizados mais de 1.700 concertos, com ele à frente, no Brasil e exterior. “Tocamos em favelas ou na Fundação Casa do mesmo jeito que nos apresentamos na Sala São Paulo”, afirma. Mais ainda: o Orquestrando o Brasil, plataforma digital que oferece capacitação para regentes e músicos e ferramenta que dissemina conteúdos e troca de conhecimentos, reúne mais de 500 orquestras parceiras. “A regência, para além da relação que eu tinha com um instrumento musical, fez com que eu assumisse também uma responsabilidade social. Meu ofício agora é para deixar um legado”, afirma Martins, que já estabeleceu um novo desafio: com a chegada das luvas biônicas, voltou a ser um pianista dedicado. “Estudo como tivesse 8 anos, três horas por dia. E, dia após dia, sinto que melhoro. Quero ver se consigo voltar a tocar profissionalmente”, diz. Claro que não se deixa levar pela ilusão de dedilhar o teclado como antigamente, mas não quer fazer feio em um compromisso já agendado para outubro deste ano: uma apresentação no Carnegie Hall em comemoração aos 60 anos em que, lá, o então prodígio pianista brasileiro tocou pela primeira vez. “A minha terapia se dá no piano. Ele é o meu irmão, o filho, o pai mais próximo de mim. Ficou um cadáver no meu peito quando parei de tocá-lo. Estou, agora, tentando revivê-lo graças às luvas biônicas.”

“Dizem que sou exemplo de superação. Na real, é a teimosia que explica tudo”


37




TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Pessoas 40


41

Mente Sã, Corpo São CONHEÇA OS MÉTODOS DE MAYRA CARDI, QUE AJUDOU CENTENAS DE CELEBRIDADES A PERDEREM PESO E AGORA GANHA A ATENÇÃO DE GRÁVIDAS E FUTURAS MAMÃES

Por Carla Ferraz Fotos Divulgação @mayracardi

3 min

Mayra Cardi é mãe, influenciadora, musa fitness, nutricionista, empresária. Mas o que a fez realmente crescer e aparecer no mundo das celebridades foram seu lado coach e os projetos de emagrecimento online como o Seca Você, Comando e Crie Você. Como? Simples: por suas mãos, estrelas como Anitta, Simone, Simaria, Larissa Manoela, Ludmilla, Cleo, Sorocaba (da dupla Fernando e Sorocaba) e as irmãs Maiara e Maraisa conseguiram perder peso. “Eu acertei no timing de lançamento, exatamente quando as pessoas começaram a entender como é possível se cuidar através da internet. São programas com estruturas únicas e complexas, que podem ajudar muito, já que são desenvolvidos de forma personalizada”, diz Mayra, que ainda atende clientes do mundo inteiro, dos Estados Unidos ao Japão. O primeiro método criado pela morena foi o Seca Você, com o intuito inicial de ajudar pessoas com dificuldades de emagrecer por causas emocionais. Elaborado por ela, nutricionistas e chefs de cozinha, traz cardápios com receitas saudáveis e saborosas, que podem incluir massas, strogonoffs e até musses, coisas que ninguém imagina poder comer e, ao mesmo tempo, emagrecer. “Quando criei esse método, eu estava nesse processo e acabava comendo só frango e batata-doce. Mas vi que poderia ser diferente se contasse com o envolvimento de uma equipe e um centro de apoio. Até porque se parasse a dieta, engordava de novo”, conta ela, que, na verdade, percebeu por experiência própria que o emagrecimento está muito ligado à “cabeça”. “Questões mal resolvidas e problemas internos nos fazem comer demais”, atesta Mayra, que pouco tempo depois criou o segundo projeto, Comando, baseado em treinamentos para estimular as pessoas a se movimentarem com exercícios e técnicas que acionam o “poder” de conseguir emagrecer através de um objetivo traçado de acordo com sua linha emocional. Tudo absolutamente estudado e pensado. Como são métodos que podem ser feitos de maneira remota, acompanhados por uma assessoria online, acabaram chamando a atenção de celebridades que não conseguem seguir uma dieta pela falta de rotina. Em especial, com acompanhamento mais próximo, em que uma equipe formada por oito médicos, nutricionistas e chefs de cozinha vai até eles, para realizar um estudo comportamental, e passa a acompanhá-los de perto no dia a dia, com serviços que vão desde servir um prato de três em três horas a ajudar em um treino. “A Anitta é um exemplo disso. Ela executou esse programa, emagreceu e mudou sua forma de enxergar a vida, passou a entender mais as coisas ao seu redor. Para mim, essa é a parte mais importante, ver de perto o desenvolvimento pessoal e acompanhar o poder que o projeto tem em ampliar os horizontes de quem o faz”, avalia. O negócio dá tão certo que cada vez mais tem gerado curiosidade e interesse nas pessoas. A procura de grávidas, por exemplo, aumentou bastante nos

“Eu acertei no timing de lançamento, exatamente quando as pessoas começaram a entender como é possível se cuidar através da internet”


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Pessoas

42

últimos anos. “É claro que elas não podem emagrecer, mas nos procuram justamente na intenção de se manter saudáveis durante a gestação. São nove meses em que você precisa entregar nutrientes e vitaminas para que seu filho se desenvolva bem”, diz Mayra, mãe de dois filhos com 18 anos de diferença — Lucas, de 19 anos, e Sophia, de 1. “Com a gravidez da minha filha, comecei a expandir meu conteúdo e abraçar as gestantes que são carentes de conhecimentos nutricionais.” Daí nasceu mais um projeto, dessa vez focado nas grávidas, que une uma equipe de 16 profissionais, entre obstetras e nutricionistas gestacionais, para dar apoio às gestantes e futuras mamães, que desejavam engravidar. E não é que o número de mulheres que engravidaram ao longo do programa aumentou? “A Simone, da dupla Simone e Simaria, está fazendo este tratamento comigo. Assim que ela fez os exames, logo percebemos alterações por problemas de sono e falta de rotina. Estamos fazendo o procedimento em conjunto, toda a equipe está cuidando dela para engravidar”, conta a life coach. “A alimentação é tudo. E com os hormônios, todo o corpo sente a diferença. Assim como os outros, esse projeto também mira no bom funcionamento da saúde mental e física. É o segredo para nos mantermos vivos, bem e sempre produtivos.” Com a febre em torno de seus ensinamentos, Mayra já pensa nos próximos passos: quer montar espaços físicos para aplicar os tratamentos. Algo como um spa, só que voltado à didática dos seus programas. “Se começar a abrir mais coisas, posso perder a qualidade, então vou ampliar o que já faço, mas com mais foco e conhecimento”, diz. E completa: “Quando você trabalha por amor ao ser humano, pensando no melhor, faz a diferença. Nossos clientes são tratados de uma forma especial para uma transformação que vem de dentro para fora. Tudo é possível se feito com amor como eu faço”.

“Quando criei esse método, eu estava nesse processo comendo só frango e batatadoce. Mas vi que poderia ser diferente se contasse com um centro de apoio”


43




TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Luiza Possi 46


L

ELA TEM QUASE 20 ANOS DE CARREIRA, DEZ ÁLBUNS LANÇADOS E UMA COLEÇÃO DE PRÊMIOS NA ESTANTE. FILHA DE UM PRODUTOR MUSICAL COM UMA DAS MAIORES ARTISTAS DA MPB, ELA PODERIA TER FICADO NA COLA DELES, MAS PREFERIU SEGUIR SUA PRÓPRIA ESTRELA. AOS 35 ANOS, A CANTORA, COMPOSITORA, EMPRESÁRIA – E MÃE – LUIZA POSSI SE REINVENTA EM PLENA QUARENTENA. VEM SABER

Entrevista Gabriela Del Carmen e Simone Blanes Edição Melissa Lenz Fotos Pupin&Deleu Styling Cesar Cortinove Beleza Virginia Barbosa 7 min @luizapossi

/luizapossi

47


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Luiza Possi

48

Ser cantora não foi um sonho de infância. Eu queria ser psicóloga, queria ser juíza. Mas tudo foi acontecendo naturalmente. A primeira vez que subi no palco foi no sarau da minha escola. Foi bem incrível, senti uma coisa inédita. Aí percebi que aquilo era legal, comecei a ter mais bandas, levar isso mais a sério. Abri o show do Skank, participei de muita coisa antes de gravar meu primeiro disco (Eu Sou Assim, 2002). Quando tinha uns 15 anos [depois de se apresentar no Programa do Jô, em 2001], as gravadoras começaram a ligar para a minha mãe, queriam me contratar, e foi aí que dei o start. Eu gravava e fazia o terceiro colegial ao mesmo tempo, era uma loucura! Fazia lição no estúdio, chegava em casa e comia miojo para dormir rápido. Nasce uma estrela Acho que ninguém esperava que a filha da Zizi Possi se lançaria como uma estrela teen pop. Isso foi legal, porque já de cara eu disse que não estava na cola da minha mãe. As pessoas falam dela com muito carinho, respeito e acho ótimo. Mas meu caminho sempre foi muito diferente do dela. Eu tinha uns 13 anos quando escrevi a minha primeira música, Tão da Lua, que abre o meu sétimo álbum (Sobre Amor e o Tempo, 2013). Trabalhar na gravadora (Indie Records) ao lado do meu pai (Líber Gadelha) foi bem difícil e legal ao mesmo tempo. É complicado discutir na carreira e ficar tudo bem na vida familiar, é melhor não expor a relação a isso. A filha virou mãezona Ela me transformou em uma pessoa mais compassiva e amorosa. Percebi que é tão intenso essa história de ser mãe, que todas as dores e prazeres valem a pena. Você ganha um senso de responsabilidade, ao mesmo tempo que tem medo que as coisas aconteçam, passa a usar outros sentidos, menos racionais e mais instintivos, vira um bicho! Eu sou uma mãezona do meu filho. Muita gente acha que não, eu também não sabia se seria, mas sou! De ficar junto, curtir, trocar fralda, ficar o tempo inteiro, cuidar, botar para dormir, e não perder a paciência, sabe? Tenho muita paciência e compaixão com ele. O Lucca me ensinou a sorrir e a ser feliz. O que mudou foi essa coisa do corpo, e é muito bom esse desprendimento, essa liberdade de não ter pressa de voltar, de saber que é natural e, se não voltar mais, está tudo bem. Já emagreci os 25 quilos da gravidez, mas mesmo antes eu comia, transava, me sentia sexy, e ok.

“Ninguém esperava que a filha da Zizi Possi se lançaria como uma estrela teen pop. Isso foi legal, porque já de cara eu disse que não estava na cola da minha mãe”


49

Luiza Possi Veste Diesel


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Luiza Possi 50

Luiza Possi

Tops de Tricot Ocksa


51

Luiza ao vivo e reinventada Este é um novo momento para mim e estou me reinventando com as lives. Elas estão indo muito bem, o que está sendo bom tanto para a cabeça quanto para as economias. Não estou mais parada como no início da quarentena, quando ninguém sabia muito o que iria acontecer. Mas, claro, tudo o que faço é pensando nas novas regras de saúde e higiene e com o mínimo de pessoas por perto. Hoje em dia é preciso ter um olhar mais cuidadoso sobre todas as coisas. A nova realidade É engraçado pensar que um dia antes de tudo isso estourar eu ainda estava fazendo show, com aquela alegria e, de repente, tudo mudou. E todas as pessoas tiveram que tomar decisões imediatas, repensar valores, mudar. Quando saiu a notícia da pandemia, lembro de falar com a minha empresária pelo telefone e perguntar se ela achava que os contratantes cancelariam os shows. Ela disse que não. Mas não deu dez minutos, ligaram do escritório avisando que todos estavam sendo cancelados ao mesmo tempo, inclusive o eu que estava indo fazer naquele momento. Mal cheguei ao teatro, tive que voltar. Foram mais quatro horas de carro, e quando cheguei ao aeroporto, vi várias pessoas de máscaras... Foi muito difícil de cair a ficha. Nunca, jamais pensei vivenciar algo parecido. Me sinto em um filme, uma série de ficção científica que vai acabar a qualquer momento. O vírus de cada um Acho que o corona é um vírus individual, que tem esse efeito de trazer à tona muitas coisas que estavam escondidas debaixo do tapete. Nessa crise toda é fato que não cabem mais certas coisas. É como parar a espécie porque já estão fazendo muita besteira, e os efeitos nas cidades já começam a aparecer. Acho que vai ser uma lição de humildade coletiva. E para quem não quer entender ou aprender, sinceramente, não tenho a menor paciência. A situação já é difícil e ainda ter que convencer a pessoa, não dá! Ele está trazendo um aprendizado sobre o que realmente é importante. Sinto esse clima das pessoas entenderem que podem falar, parar de empurrar as coisas com a barriga, sair do armário politicamente falando. Acho que vai transformar todo mundo, não dá para ter aquela alegria o tempo todo. Pode ter uma depressão coletiva, mas tem o lado da solidariedade que é muito bonito.

“Estou cheia de filhotes em casa, então não falta coisa para fazer. É exaustivo. Adoro essas pessoas que falam: ah leia um livro na quarentena, vai maratonar uma série! (risos) Não dá, sou mãe!”


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Luiza Possi

52

“Minha personalidade é forte, tenho muito bom humor, ironia, garra e determinação. A minha independência me define”


53

Luiza Possi Tops de Tricot Ocksa Hotpant Haight Botas Carrano


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Luiza Possi

54

Luiza Possi Tops de Tricot Ocksa Hotpant Haight


55


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Luiza Possi

56

“O que mudou foi essa coisa do corpo, e é muito bom esse desprendimento de não ter pressa de voltar... Já emagreci os 25 quilos da gravidez, mas mesmo antes eu comia, transava, me sentia sexy, e ok”


57

Luiza Possi Blusa Fila


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Luiza Possi 58


59

“Nessas situações você percebe que pode morar em qualquer lugar, se adaptar, que pode e deve viver feliz, agora. Depois disso, poderemos tudo”


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Luiza Possi

60

“Acho que o corona é um vírus individual, que tem esse efeito de trazer à tona muitas coisas que estavam escondidas debaixo do tapete. Nessa crise toda é fato que não cabem mais certas coisas”


61

Luiza Possi Jaqueta Morena Rosa


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Luiza Possi 62

Luiza Possi

Jaqueta Morena Rosa


63

Novos hábitos Agora a gente deixa os sapatos lá fora e desinfeta tudo antes de entrar em casa: as mãos, os pés, as rodinhas do carrinho do pequeno... Tenho me forçado a tocar piano todos os dias e a aprender coisas novas. Não estou compondo, mas tenho tocado bastante. Também estou cheia de filhotes (da raça Schnauzer) em casa, então não falta coisa para fazer. É exaustivo. Adoro essas pessoas que falam: ah leia um livro na quarentena, vai maratonar uma série! (risos) Não dá, sou mãe! Nasce um disco Microfonado é um projeto acústico, só com o que pode ser microfonado, produzido pelo Rick Bonadio nessa minha volta ao estúdio Midas após tanto tempo. Tem Cielito Lindo, uma canção que a minha avó cantava para a minha mãe e estava na novela Salve-se Quem Puder (2020), a participação de Sérgio Britto (Amanhã Não se Sabe) e Vitor Kley (Vem Depressa). Quem me inspira Lulu Santos, Cássia Eller, Ella Fitzgerald, Etta James. Meus ídolos sempre foram Prince e Michael Jackson. Gosto de ouvir Haikaiss, Cacife Clandestino, Projota... Adoro rap nacional.

Do brilho ao pijama No palco estou sempre com muito brilho. Minha avó falava que para ir à televisão tinha que estar com brilho. Então uso sempre. Em casa fico de pijamas. Um dia eles já foram horríveis, hoje são bons e bonitos. Gosto de passar vitamina no rosto, creme nos olhos e hidratar os cabelos. Às vezes, uso batom. Medos estranhos Sempre tive muito medo de pombo, não sei dizer por quê. Dever ser de outras vidas. Arrependimentos tenho vários. Não sei dizer quais, mas já estou na terapia. Felizes para sempre? Não, não acredito. Acho que sempre vão ter altos e baixos, e é saudável que tenha. Felizes para sempre é muita utopia.

“No palco estou sempre com muito brilho. Minha avó falava que para ir à televisão tinha que estar com brilho. Então uso sempre. Em casa fico de pijamas”


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Luiza Possi

64

O que me define Minha personalidade é forte, tenho muito bom humor, ironia, garra e determinação. A minha independência me define. Acho que é a coisa mais importante da minha vida. Sempre fui assim. Eu sempre quis trabalhar para ninguém poder falar nada de mim, pagar meus rolês, fazer as minhas coisas. A sensação de dependência me dá claustrofobia. Não vivo sem... Meu filho. Choro de rir... Com meus músicos e meu marido. O que me irrita... Não tenho muita paciência para esperar. Adeus... Já me livrei de alguns velhos hábitos: beber leite, comer pão, fumar. Querer o bem Eu ajudo algumas instituições: Pequeno Príncipe, Experimente Nascer de Novo, que é das pessoas que vêm refugiadas da guerra para cá. Poder cuidar um pouco dos outros, além do nosso próprio umbigo, é importante. Quando isso tudo acabar... Acho que vamos ficar mais humanos, sentir o quanto somos frágeis e vulneráveis. E mais humildes. Quero cantar muito nesse mundo afora. E morar na praia. Por que não? Nessas situações você percebe que pode morar em qualquer lugar, se adaptar, que pode e deve viver feliz, agora. Depois disso, poderemos tudo.


65

Em sentido horário, a partir da seta: Luiza em casa com o maridão, o diretor da Globo Cris Dias; ela no look da quarentena; no momento do nascimento de Lucca; em cena com Gabriel Medina no clipe Lembra; o casal apaixonado; de pijamas com Lucca; o pequeno com sua máscara; em seu casamento com os pais, Líber Gadelha e Zizi Possi, em 2018




TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Lifestyle 68


69

Fantástica Tephy PRA LÁ DE DESCOLADA, STEPHANIE KOPENHAGEN SURPREENDE PELO CARISMA E AUTENTICIDADE. NÃO À TOA, É UMA DAS MAIS BADALADAS PRS DO MOMENTO! VEM SABER...


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Lifestyle 70


71

Por Simone Blanes Fotos Gustavo Lacerda Beleza Eliseu Santana @tephy_k

5 min

Ao olhar para Stephanie Kopenhagen, a primeira coisa que se repara em seu belo rosto são os longos cílios. “Minha mãe disse que na maternidade, todos diziam: ‘Veja os cílios dessa menina’”, conta, garantindo serem 100% naturais. Mas, ao conversar com ela, rapidamente percebe-se que tem um quê especial, muito além de sua beleza física que tanta vista faz, da academia ao Instagram. Inteligente? Sim, ela é. Carismática? Com certeza. Simpática? Não há dúvidas. Mas a palavra que melhor a define é autêntica. “Já me disseram isso”, diz, abrindo um largo sorriso, outro ponto forte de sua cativante personalidade. Resumindo: é impossível não se render aos encantos de Tephy — como é carinhosamente chamada por amigos e clientes da Skope Events PR, empresa de relações públicas que comanda há seis anos após, por puro talento, conseguir trocar uma promissora carreira no mercado financeiro nos Estados Unidos pela árdua tarefa de organizar e produzir festas. “Desde pequena, eu viajava com a família para Nova York, participava de acampamentos, me identificava com os americanos... Decidi então fazer a faculdade lá”, lembra a empresária, formada em administração de empresas e finanças pela Bentley University, em Boston. “Entrei no Banco Safra como analista assistente, mas conseguia clientes porque me dava bem com todo mundo. Minha chefe, às vezes, pedia que atendesse, porque sabia que conseguiria uma nova carteira batendo papo (risos). Sem contar as amigas: uma trabalhava na Michael Kors, outra na Vera Wang, a gente saía para passear na Quinta Avenida. Era uma delícia.” Nesse período, e talvez por influência dessas meninas, Tephy passou a ter vontade de se arriscar na moda, o que não demorou a acontecer: de volta ao Brasil, foi parar no Grupo Restoque. “Entrei no marketing da Le Lis Blanc, depois fui para a John John, mas, olha, trabalha-se muito. Com uma equipe, cuidava de 45 lojas em que fazíamos todo o planejamento e organização de eventos.” Foi ali que começou a se encontrar na área em que atua hoje com sua Skope. “Um amigo me pediu para organizar uma festa de 400 pessoas. Deu certo. Também trabalhei em branding de moda e beleza. Foi uma escola, mas tinha aquela coisa de ter algo meu”, diz a PR, que, paralelamente, dedicava-se a cursos de empreendedorismo no Insper e marketing digital na ESPM. “Pensei em montar algo com pets — tenho uma cachorrinha que amo demais, a Kiwi, uma chihuahua de 1,5 kg —, mas acabei seguindo com eventos.” A princípio, era produção; agora, é mais focada em mailing (convidar as pessoas), já que é extremamente bem relacionada. “Fiz os desfiles da Thelure, da Stella Jacintho, uma das minhas melhores amigas, tenho clientes fixos como o Laces and Hair e Lu Make Up e faço jobs com a Rafaela Pascowitch. Ela fica na parte de planejamento e propostas, e eu em mailing, algo que sou eu, diferentemente de produção, que depende de terceiros. É o que eu amo fazer”, avalia a PR, que trabalha em casa. “Já pensei em abrir escritório, mas relacionamento se faz fora. Eu me garanto ao vivo, sabe? E estou amando ter meus horários, rendo melhor de madrugada. Sou noturna, odeio acordar cedo. É um sofrimento, dói”, gargalha Tephy, que assume preferir trabalhar apenas na companhia de Kiwi. “Mas ela tem um problema: não é muito cordial (risos). Eu falo: sua mãe é supersimpática, você deveria ser mais boazinha.”

“Já pensei em abrir escritório, mas relacionamento se faz fora. Eu me garanto ao vivo, sabe? E estou amando ter meus horários”


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Lifestyle 72


73


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Lifestyle

74

Gostosuras e travessuras Um cliente que Tephy gostaria de atender? “A Kopenhagen. Se ainda fosse da minha família, com certeza, estaria lá. É uma marca grande, conhecida, adoraria estar no marketing de uma empresa de chocolate, criar, fazer campanha. E compro até hoje”, diz ela, que passou a infância na fábrica fundada pelo bisavô polonês David Kopenhagen, em 1928, enquanto o avô, Jaque Goldfinger, trabalhava. “Ele era supercriativo e meu bisavô abraçava todas as suas ideias. Me levava todo final de semana, tinha um bugue para andar por lá. E eu era popular na escola porque todos queriam conhecer a fábrica”, conta Tephy, que só dava o “bilhete dourado” a três amiguinhas. “E quando iam em casa? Enchiam as bolsas de chocolate”, relembra, sobre a marca vendida em 1994. “Muita gente não sabe que não é mais minha, eu que falo. Mas lembram de mim pelo sobrenome.” Algo que, na opinião da PR, ajuda e atrapalha. “Abre portas, mas tem aquelas pessoas que olham e dizem ‘ah, essa é a Kopenhagen’, não falam nem o meu nome, e isso me incomoda. Eu sou a Tephy.” E ponto. Não precisa dizer muita coisa. Simpática e carismática, transita bem em todas as tribos. “Tenho a turma das amigas mais largadas, das saradonas, das patricinhas, das peruas, das mais velhas... Sou assim, mais despachada. Quando faço um shooting, o que o fotógrafo mais diz é ‘fecha a perna’ (risos), porque sou relax mesmo. E não tento ser outra coisa.” Escorpiana, é uma mulher bastante intensa e apaixonada por maquiagem. “Meu hobby é make. Adoraria ter um canal, abrir uma marca ou mesmo ser uma influencer de beleza. Gosto tanto que comprei até uma penteadeira linda para ter lá todas as minhas maquiagens”, diz ela, fã de Mari Maria. “E sou daquela que coloca tudo, até mais cílios, e gigantes (risos). Acho essa coisa de maquiagem natural boring. Minhas amigas zoam, falam que saio parecendo uma drag queen, mas adoro”, conta a PR, que se produz até para treinar. “Vou para a aula de spinning de rímel. Quero me olhar no espelho e me ver linda, suada na bike”, sorri. “Também amo malhar. Treino todo dia, pesado, fico duas horas na musculação, só que adoro comer. Pior que saio da ginástica e vou no hambúrguer, chocolate, coxinha. Gosto de porcaria, de parar num posto e comprar um dogão, vê se pode?” Pois é, essa é Tephy. Como diria Coco Chanel: “Para ser insubstituível, precisa ser diferente.” E ela é.

“E sou daquela que coloca tudo, até mais cílios, e gigantes (risos). Acho essa coisa de maquiagem natural boring. Minhas amigas zoam, falam que saio parecendo uma drag queen, mas adoro”


75


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Lifestyle

76

O Mundo Lamborghini POR QUE A MONTADORA ITALIANA EXERCE TANTO FASCÍNIO? QUAL O SEGREDO DA PAIXÃO POR ESSES CARROS? E O QUE TEM DE MELHOR EM RELAÇÃO ÀS OUTRAS SUPERMÁQUINAS? ENTREVISTAMOS RAFAEL ESPINDOLA, EMBAIXADOR DA MARCA E PRESIDENTE DO LAMBORGHINI CLUB BRAZIL, PARA CONTAR TUDO A VOCÊ


77


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Lifestyle 78


79

Por Simone Blanes Fotos Gustavo Lacerda

5 min

@rafaespindola @lamborghiniclubbr

“Ver uma Ferrari na rua é legal, mas ver uma Lamborghini é mais”

“Eu nunca planejei entrar na indústria automotiva, mas sabia que um carro melhor poderia ser construído”, disse, certa vez, Ferruccio Lamborghini, fundador da marca de automóveis de luxo e alto desempenho criada na década de 1960, originalmente para concorrer com a Ferrari, e que hoje dispensa apresentações. Na ocasião, ele falava justamente de uma Ferrari, que, embora fosse seu favorito — o próprio assumiu que ao comprar seu primeiro modelo, um 250 GT, “esqueceu” os outros na garagem: um Jaguar, um Maserati, um Mercedes-Benz, um Lancia e um Alfa Romeo —, tinha problemas de embreagem. E como ele entendia de máquinas, já que era dono da fábrica de tratores Lamborghini Trattori — criada a partir de seu trabalho de manutenção dos veículos da Força Aérea Real Italiana, durante a Segunda Guerra Mundial, e que no final dos anos 50 ia muito bem —, resolveu ir pessoalmente a Maranello conversar com o poderoso chefão da Cavallino Rampante, Enzo Ferrari, que o recebeu dizendo: “Você pode ser capaz de conduzir um trator, mas jamais conseguirá conduzir uma Ferrari.” Obviamente Ferruccio não gostou nada e se impôs um desafio: criar um carro perfeito. Quatro meses depois da guerra declarada, em 1964, a Automobili Lamborghini Ambassador apresentava ao mundo o 350 GTV, primeiro esportivo da marca, seguido pelo icônico Miura, lançado em 1966. O resto é história! Não só da bem-sucedida montadora do touro dourado de Modena, que virou uma potência mundial de “supercarros”, mas também de um estilo de vida em torno dos amantes desses automóveis.“ É uma coisa surreal, mas ao mesmo tempo um pouco irracional. Ainda mais no Brasil, onde não tem muito cabimento ter uma Lamborghini, seja pelos problemas de segurança, infraestrutura ou impostos caríssimos. Mesmo assim, nada paga a emoção de chegar na sua garagem e vê-la lá. A única explicação para isso é paixão. Todos que têm uma Lamborghini seguem um lifestyle fora do padrão, e se você pensar, faz todo sentido, uma vez que a marca nunca foi mainstream”, explica Rafael Espindola, 27 anos, presidente do Lamborghini Club Brazil, clube exclusivo que reúne proprietários de modelos da marca em todo o território nacional e promove experiências automobilísticas singulares. “Ver uma Ferrari na rua é legal, mas ver uma Lamborghini é mais. É só bater o olho em uma que já mexe comigo”, completa o executivo do mercado financeiro, que até há pouco tempo tinha duas Lamborghinis na garagem: a recém-vendida Gallardo Superleggera, à qual deu o nome de Selina — “Era o meu xodó” —, e uma Aventador S Novitec — com motor V12 de 6.5 litros aspirado, 780 cv de potência, que faz dos 0 aos 100 km/h em 2,7 segundos e acelera até 350 km/h —, carinhosamente chamada de T-Rex. “É única no mundo, não tem preço. Tem um kit alemão produzido exclusivamente para o carro. No lado estético, contém diversas partes em fibra de carbono e rodas Vossen, é absurdo. Também tem os escapamentos, que o faz cuspir labaredas de um metro e produzir um ronco arrepiante”, conta ele, com brilho nos olhos. Mas, na real, qual a vantagem de ter uma Lamborghini e não uma Ferrari, uma McLaren ou um Porsche? “Em primeiro lugar é o design. Se analisar Porsche e Mclaren, por exemplo, em sua maioria são parecidos. Já a Lamborghini, se colocar dez modelos diferentes lado a lado, cada um terá traços bem específicos, como se fossem feitos à mão e tivessem uma alma diferente. Não é um carro feito para ser replicável ou produzido em escala”, avalia Rafael. “Outro ponto é a exclusividade.


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Lifestyle

80

“Se colocar dez modelos diferentes lado a lado, cada um terá traços bem específicos, como se fossem feitos à mão e tivessem uma alma diferente”


81

Hoje, existem cerca de 300 unidades de Lamborghinis no Brasil. Ferraris tem quase mil, e Porsches, acredito que mais de 15 mil. Por isso, é mais rara, difícil de ver e ter. E, por fim, a esportividade e a emoção que o carro entrega. A agressividade é traço marcante e presente desde o ronco do carro até a aceleração e as trocas de marcha. Essas características fazem parte do DNA da Lamborghini e do Raging Bull, criado por Ferruccio para bater de frente com as marcas mais reconhecidas, principalmente a do Cavallino Rampante de Enzo. Por esses pontos, na minha opinião, a Lamborghini bate todas as outras.” Palavras de um rapaz que não é só um fã ardoroso da marca italiana, mas que sempre respirou automóveis: anda de kart desde a infância, sonhava em ser piloto e tem o pai, Elcio Espindola, como grande companheiro automotivo e dono de uma das maiores coleções de miniaturas de supercarros do país. Fora já ter visitado muitas fábricas automotivas mundo afora, incluindo Ferrari, Pagani e, claro, Lamborghini, na Itália, na qual esteve recentemente já como presidente do primeiro clube exclusivo da montadora na América Latina. “Realizei o meu sonho e do meu pai de dirigir um Fórmula 1 em Monza, e tivemos a oportunidade de jantar com o Valentino Balboni, o mais famoso piloto de testes da marca e fiel escudeiro de Ferruccio. Tem até um carro com o nome dele: Lamborghini Gallardo Valentino Balboni”, conta Espindola sobre o badalado collaudatore, atual embaixador e testemunha viva da história da montadora. “Eu tive sorte de testar um F1 em Monza há alguns anos. Naquele tempo, o som do motor Lamborghini F1 não era comparável com nenhum outro, uma grande emoção ainda viva em minhas memórias. Foi uma semana especial pelo fato de conhecer Rafael como presidente do Lamborghini Club Brazil e compartilhar essa nossa paixão”, diz Balboni em entrevista exclusiva à TOP Magazine. “Comecei na companhia em abril de 1968 como jovem mecânico e tive a sorte de conhecer Ferruccio, que sempre esteve na empresa entretendo os clientes enquanto estávamos concluindo a préentrega do Miura. Ele nos motivava com sorriso e boas atitudes. Seu caráter e personalidade ainda estão nos carros. A exclusividade era sua prioridade, e com ele aprendemos a representar a marca. Sou abençoado por ainda ser um de seus embaixadores, difundindo sua mentalidade e cultura automobilística. Eu estava no lugar e momento certo, e passei toda minha vida profissional nessa empresa, com devoção e paixão”, completa. Voltando a Espindola, e ainda falando da biografia da Lamborghini, ele endossa essa visão de Balboni. “A marca conseguiu manter esse DNA, diferentemente de outras montadoras que, para acompanhar o mercado, acabam desviando um pouco nesse aspecto e perdendo sua essência. Isso é fenomenal na Lamborghini”, atesta. O amigo e companheiro nessa viagem, Rafael Puglisi, também concorda: “O design da Lamborghini é impressionante. Sou apaixonado por carros e faz parte da minha caixinha de desejos. Uma Lambo é uma Lambo em qualquer lugar no mundo”, diz o dentista.


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Lifestyle

82

“Vi uma Murcielago pela primeira vez no filme Batman Begins e foi amor à primeira vista (...) Cheguei a ter uma na mesma cor na minha garagem — a Selina”


83

Batmóvel

Realmente não tem como não se encantar com as supermáquinas da Lamborghini. Só de ver — nas ruas, nos salões de automóveis, no cinema — já dá aquela vontade de ter ou ao menos dirigir uma. Ainda mais os aficcionados por carros: atire a primeira pedra quem não ficou morrendo de raiva de Leonardo di Caprio ao vê-lo destruir um Countach no longa O Lobo de Wall Street (2013) ou não sonhou estar no lugar de Christian Bale na trilogia de Batman só para dirigir o Murcielago Roadster e o Aventador de Bruce Wayne? O próprio Rafael Espindola confessa: foi esse carro do homem-morcego que o fez se apaixonar pela marca do touro. “Vi uma Murcielago pela primeira vez no filme Batman Begins (2005) e foi amor à primeira vista. E tive a oportunidade de ver uma do mesmo modelo e cor, ao vivo, no salão do automóvel de 2008. Após rever diversas vezes o filme e sonhar com aquilo, cheguei a ter uma na mesma cor na minha garagem — a Selina.” Depois veio a identificação com a história de Ferruccio, que considera insubstituível como rosto da montadora. “E tem a atração, né? É como quando a gente bate o olho em uma linda mulher e quer saber mais sobre ela. Com carro não é muito diferente, vê e se apaixona”, brinca ele, que em sua última visita à fábrica teve essa sensação com uma Lamborghini chamada Sesto Elemento.“É o meu sonho de consumo. Só existem 20 no mundo, inteira em fibra de carbono, inclusive a roda. Uma obra de arte que está no museu da Lamborghini, em Sant’Agata Bolognese. Fiquei emocionado quando me deixaram entrar nela, que de tão intocável tinha até teia de aranha”, conta. “Sinto que tudo isso é reflexo da minha paixão. Me tornar embaixador, assinar o contrato de oficialização do clube e ter esse aval da marca é uma das maiores alegrias da minha vida”, sorri Rafael, que hoje preside o maior e único clube oficialmente reconhecido pela Lamborghini na América Latina. Falando em admiradores da marca ialiana, aliás, são muitos os ilustres que não abrem mão de sua Lamborghini: Cristiano Ronaldo, Justin Bieber, 50 Cent, Seu Jorge, Eduardo Costa, Gusttavo Lima e Kanye West são fãs confessos. Assim como aqueles que não medem esforços — e dinheiro — para arrematar um clássico como a Lamborghini Veneno, um superautomóvel de 12 cilíndros, que acelera de zero a 100 km/h em apenas 2,8 segundos, criado para comemorar o aniversário de 50 anos da montadora e que custa quase 4 milhões de dólares. Ou seja, o carro mais caro do planeta! Uma potência que começou a partir de uma briga e da genialidade de Ferrucio e hoje pertence ao poderoso grupo Volkswagen, mantendo-se como o carro que melhor representa estilo, luxo, excelência, inovação, desempenho e, claro, essência.


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Lifestyle 84


85

Ela me faz tão bem...

MÉDICA DERMATOLOGISTA, CALU FRANCO TEBET TEM TODO UM JEITO ESPECIAL DE CUIDAR: TOMANDO CONTA DA APARÊNCIA, AUTOESTIMA E ENERGIAS, ELA CURA O CORPO E A ALMA


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Lifestyle

86

Por Simone Blanes Fotos Gustavo Lacerda Beleza Eliseu Santana @dracalufranco

5 min

Já diria Albert Einsten: “A beleza não olha, só é vista”. E embora seja um conceito bem relativo — cada um a enxerga pelo seu ponto de vista ou gosto pessoal —, é inegável que o belo atrai, encanta e faz valer a máxima de que “a primeira impressão é a que fica”. “É o que você vai ver no seu espelho todos os dias”, diz Calu Franco Tebet, médica dermatologista reconhecida por seu minucioso e primoroso trabalho com tudo que envolve a parte estética e de harmonização. E que vai além do diploma e experiência médica: ela tem um olho clínico para não só reconhecer de cara um problema e resolver através do melhor diagnóstico — segundo Calu, “dentro do ético e correto, não existe um tratamento errado, e sim indicação errada” — mas consegue realmente ver como algo dentro de sua especialidade pode melhorar a vida de uma pessoa, da aparência à cura em si. “Se folhear um livro com doenças dermatológicas parece um filme de terror; tem algumas bem agressivas, então, quando cura é, sim, algo que mereça atenção pela estética, pois podem ser excludentes perante a sociedade. Assim como a autoestima é importante porque te dá força vital e real. Tenho muitas pacientes que após um tratamento tiveram estímulos de mudar, ir atrás do que queriam. É isso que acho mais legal na estética: traz amor próprio”, afirma a doutora, formada na Osec, faculdade de medicina de Santo Amaro, em São Paulo, médica pela Sociedade Brasileira de Dermatologia e observership no Mount Sinai Hospital, em Nova York. Essa inclinação de Calu pela estética vem de família: além de a mãe ser graduada em comunicação visual, é irmã do artista plástico Thiago Tebet e do fotógrafo de moda Thomas Tebet. “Como são todos artistas, nunca entendi o que eu estava fazendo na medicina (risos), até ficar claro porque sempre foi bastante óbvio para mim onde tem que fazer sustentação ou colocar preenchedor. Não deixa de ser um toque artístico, né?”, sorri. Não mesmo! Em tempos de selfies e pessoas se deformando pelos excessos de procedimentos estéticos, além da queda do ato médico — conjunto de atividades de diagnóstico, tratamento, encaminhamento de paciente e prevenção de agravos —, na verdade, o melhor caminho é poder contar com uma profissional de medicina completa, que saiba exatamente o que está fazendo, consiga lidar com eventuais complicações e ainda tenha plena noção de um resultado que deixe a pessoa feliz, bonita, saudável e, claro, proporcional. “Eu sou libriana, tenho prazer em ver coisas harmônicas. Uma flor faz diferença no meu dia. Não estou falando de estereótipo, e sim cada um dentro da sua harmonia. Isso me encanta.” E o olho né? Algo que não se aprende, não se compra, não se adquire: ou tem ou não. E ela tem. “Com a queixa do paciente, já sei qual a mensagem que o rosto está passando. Cansado? Eu presto atenção nas áreas dos olhos. Bravo? É algo mais localizado na parte inferior da face. O que acho muito bacana é poder deixar o rosto da pessoa de acordo com o sentimento dela. Quando vê o antes e depois, muita gente chora como se reconhecesse pela primeira vez. Isso me faz pensar: nossa, estou no lugar certo! É uma delícia.” Cheia de energia Mas para chegar até esse universo permeado pela beleza e felicidade de seus fiéis pacientes dermatológicos, nem tudo foram rosas. Anos de estudos, noites insones e até algumas cenas assustadoras faziam parte da rotina de Calu desde a época que resolveu encarar as ciências médicas.

“Fiz medicina para ajudar o próximo. Nem tudo tem cura, mas você pode fazer o caminho e o aprendizado dessa pessoa ser menos doloroso e mais bonito”


87


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Lifestyle 88


89


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Lifestyle 90


91

“Eu sou libriana, tenho prazer em ver coisas harmônicas. Uma flor faz diferença no meu dia”

“Prestei medicina porque eu amava. Sempre me encantei por essa área de saúde, tudo que era relacionado à ciência me interessava muito. Mas era puxado. Já cheguei chorando em casa após aulas em que tinha que operar um cachorro doentinho ou dissecar um morto. Os dois primeiros anos são assim, o que é desesperador...” Mas ela não desistiu: completou os seis meses em período integral, mais três anos de residência no Hospital Geral do Grajaú, onde literalmente colocou a mão na massa. “Vi coisas trágicas. Uma vez estava na pediatria, um plantão que eu adorava fazer, e chegaram três crianças queimadas. A história parecia filme: uma mulher tinha inveja dos filhos da vizinha, fez um bolo todo colorido cheio de confetes e deu para elas quando a mãe entrou no banho. Só que ela colocou chumbinho de rato no doce. As crianças estavam quase em coma. Como existe um ser humano desses?”, conta ela, que também relata situações engraçadas. “Teve um paciente que chegou desmaiado com um corte grande na cabeça. Eu lá dando os pontos, quando ele acordou de repente, bem bêbado, e disse: doutora, acho que eu estou no paraíso. Você é o anjo que veio resolver os meus problemas? Sério, eram três da manhã...”, diverte-se. Hoje, porém, sua vida é bem mais tranquila. E mesmo sendo uma mulher bonita e que gosta de andar bem arrumada — é a “fashionista” entre suas amigas dermatos —, garante: não recebe cantadas em seu consultório no Itaim Bibi, em São Paulo. “Tenho cara de brava!”, sorri. E uma pele linda! Calu é um exemplo vivo de que santo de casa pode sim fazer milagre. “Eu testo tudo em mim, até para mensurar os resultados e ver se o produto é bom.” Também serve como uma espécie de psicóloga de seus pacientes. “Faço tudo que precisa, mas ajo pelo bom senso. Eu demoro mais tempo explicando que ela não vai ficar deformada do que de fato indicando um tratamento. Só que as pessoas exageram. Tem gente que fala: ‘Ah, não vou mais viajar para a praia com a minha família porque volto manchada, então só vamos esquiar. Não é assim. Vamos tratar a mancha, mas não é porque ela vai escurecer um pouco que não pode”, diz ela, por experiência própria. “Quando vou à praia, passo três protetores solares, entro no mar de boné, mas não deixo de fazer uma caminhada. Não vou ficar escondida no guarda-sol, você tem que ter energia vital, fazer as coisas.” Lidar com energias, aliás, é outro ponto forte de Calu. “Fiz um tratamento em uma pessoa que trabalha com cura energética, dá cursos de autoconhecimento e agora vamos gravar um vídeo para mostrar que, mesmo sendo espiritualizado, é importante cuidar do corpo físico, porque alimenta sua alma”, revela a médica, que, ao contrário do que dizem por aí, não tem nada de cética. “Acho meio impossível separar as coisas. Eu acredito em todos os anjos e santos, nas energias que vêm da medicina ayurvédica, está tudo interligado. Muito difícil se isolar, somos seres múltiplos”, ela diz. E completa: “Nas minhas orações e meditações, eu sempre peço para ser um canal de energia. Fiz medicina para ajudar o próximo. Nem tudo tem cura mas, você pode fazer o caminho e o aprendizado dessa pessoa ser menos doloroso e mais bonito.” E ela faz!

Assistente de beleza Tiago Francisco




TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Cultura 94


Loba em Pele de Dama COM MAIS DE 20 ANOS DE CARREIRA E DE 15 MILHÕES DE DISCOS VENDIDOS, ELA FOI A ARTISTA DE ROCK QUE MAIS VENDEU NOS ANOS 2000. COM MATRIZ — SEU QUINTO ÁLBUM DE ESTÚDIO E O PRIMEIRO DESDE QUE SE TORNOU MÃE —, PITTY ESTÁ ABSOLUTAMENTE PLENA... CONFIRA A ENTREVISTA EXCLUSIVA NAS PÁGINAS A SEGUIR

95


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Cultura

96

Por Melissa Lenz Fotos Otávio Sousa

5 min

@pitty

“Eu me domestiquei pra fazer parte do jogo / Mas não se engane, maluco / Continuo bicho solto” — são com esses enigmáticos versos que Pitty, 42, abre a primeira das 13 faixas de Matriz, lançado pela Deck no último ano em CD, vinil e cassete. “Bicho solto é o prólogo pra essa história que eu queria contar, mas que só fui descobrindo à medida que fui fazendo o disco”, diz. A canção é um poema que ela guardava há algum tempo. “Quando fui pensar em repertório para o disco, lembrei dessa poesia, e falei putz, vou deixar isso aqui guardado pra usar em algum momento. Esse é um dos vários escritos que vou escrevendo e guardando. E aí tem um momento em que eles se encaixam.” E o sucesso parece se encaixar bem na vida da baiana Priscilla Novaes Leone, que começou a cantar aos 17 anos e aos 20 já desbravava um mundo altamente testosteronado atuando como baterista e vocalista de bandas de punk rock na cena underground da Bahia. Em 2003, descoberta pela Deckdisc, lançou seu primeiro single, Máscara, seguido do álbum solo Admirável Chip Novo (Deckdisc). Este vendeu 800 mil cópias e se tornou o disco de rock mais vendido daquele ano no Brasil. Em 2005, repetiu o feito com Anacrônico, de onde saíram os hits Na Sua Estante e Memórias. Em 2009, com Criaroscuro vieram os sucessos Me Adora e Fracasso. Em 2014, depois de se dedicar por três anos ao duo de folk music Agridoce (com seu guitarrista Martin Mendonça), retomou a carreira solo com Setevidas. Em 2017, um ano após ter dado à luz Madalena — fruto do relacionamento com Daniel Weksler (baterista do NX Zero) —, lançou os clipes Na Pele (com Elza Soares), Contramão (com Cassia Reis e Emily Barreto) e Te Conecta, que acabou entrando para Matriz. Cantora, compositora, multi-instrumentista, produtora, escritora, empresária

e atualmente apresentadora (Saia Justa, GNT), Pitty foi a artista de rock que mais vendeu nos anos 2000, e também figurou na lista das cantoras mais bem pagas e uma das dez mulheres milionárias do Brasil — com patrimônio líquido estimado em mais de R$ 6 milhões, em 2012. Em toda a carreira, já vendeu mais de 15 milhões de discos, venceu diversos prêmios importantes da música brasileira e foi indicada quatro vezes ao Grammy Latino. Só para não esquecermos, ela também foi eleita a 35ª vocalista de rock mais sexy do planeta pelo Frantik Mag, em 2010. Nesta entrevista exclusiva (publicada na íntegra em nosso canal do YouTube), a roqueira — que acha engraçado quando alguém a chama de “princesa do rock” — conta o que há por trás de cada faixa de Matriz. Confira os melhores momentos: Quando você surgiu na cena uns 20 anos atrás, algumas pessoas gostavam de compará-la com Alanis Morissette. Hoje você é a referência Pitty. Como se enxerga neste momento? Eu tô feliz com este momento. Tô me sentindo realizada como artista. Acho que é o disco que eu queria fazer agora, foi tudo muito se encaixando, sabe? Foi um processo muito orgânico. Então eu tô plena, tô de boa. Eu tô massa. Tem alguma coisa a ver com a letra da faixa Noite Inteira? Essa foi uma que sentei a bunda na cadeira e falei: cara, preciso de uma letra pra essa música. Eu já tinha também essa ideia de trazer uma coisa latina, pra brincar um pouco com essa história de “vai pra Cuba”, e falar um pouco de liberdade, de revolução, e usar isso de forma irônica. Foi construída comigo sentada lá no estúdio, ouvindo a base, os meninos lá gravando… E eu pensando na poesia, encaixando a métrica, escolhendo palavras. Por isso até


97

“Viver é isso: é correr atrás de grana e pagar os boletos, e nesse meio tempo tentar ser feliz”


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Cultura 98


99

que ela tem uma métrica mais quadradinha, porque é um texto que foi feito pra música. Quando é o contrário, você vê que o texto é mais desconectado, não é tão encaixado, é mais pontudo. Esse é mais redondo. Fiquei procurando palavras que rimassem mas que não fossem óbvias. É uma música de dançar e é uma música de pensar. Era isso que eu queria trazer com Noite Inteira. E tem a participação de Lazzo Matumbi, que é uma grande referência de voz baiana. Ele entra pra dizer a mensagem da música, que é “respeita a existência ou espere a resistência”. Tinha que ser ele a dizer isso. Como aconteceu a parceria com seu marido (Daniel Weksler) na sugestiva Ninguém é de Ninguém? Foi de um jeito bem inusitado. O Dani curte fazer uns beats e é um grande pesquisador de música hip-hop, de eletrônica, dessa galera nova que hoje trabalha de uma forma muito bacana com sample. E ele me mostrou o beat e falei: isso aí é legal. Quero isso aí. Então peguei o beat, que tem uma onda meio de raga, de arrocha, e imaginei um rock em cima daquilo. Quando mostrei a proposta, ele falou: nossa, nunca imaginaria que entraria essa música depois do beat. Foi essa construção. E a letra fiz depois pensando numa música mais provocativa mesmo, e poética. Porque ela serve para muitos tipos de relação. “Eu te dou metade agora / guardo o resto pra depois”, eu não disse o quê. Resolva aí o que você pensa que é. Dá muitas interpretações... Por que você optou por incluir uma releitura no disco? Primeiro porque eu acho Motor uma música muito linda, muito emocionante. Segundo porque ela é de um compositor baiano (Teago Oliveira), de uma banda baiana, que é a Maglore. Tem a ver com a ideia do disco de ser matriz, de trazer essas novas, de trazer um pouco esse lado B da Bahia que as pessoas talvez não conheçam. Um compositor incrível, uma banda massa de rock de lá. E Rafa Ramos que é meu produtor artístico sempre me falou: Ô, essa música ia ficar massa na sua voz. E de fato, quando gravei eu me emocionei.

E aí você vem com a vinheta na faixa 5. “Saudade é vontade daquilo que já se sabe que gosta.” E o que vem com esse sentimento da saudade? Do que a Pitty tem vontade? Vish, a lista é longa! Nesse momento eu tenho saudade do futuro. Tô com saudade do que vai acontecer amanhã, na verdade. Tenho esse sentimento meio maluco em relação às coisas que são do passado, porque sou zero saudosista. E esses aforismos, essas vinhetas que entraram, é porque eu queria trazer pro disco uma coisa da palavra, da poesia, do spoken word. Essa coisa de usar o texto independentemente de melodia… E eu escrevo vários aforismos, que são essas frases soltas, e pra mim são pensamentos e reflexões a respeito de coisas. Nesse caso, sei lá, o que é saudade pra você? É uma coisa extremamente difícil de ser definida. E aí você entra também com outros aforismos: “Nunca é tarde demais para voltar para o azul que só tem lá.” (Azul). E na sequência vem Bahia Blues. Como foi voltar a essas origens? Eu gravei duas faixas em Salvador. Gravei outras em SP, no Rio, em vários estúdios diferentes. Foi um disco feito ao longo de um ano, então o processo foi bem longo em comparação aos outros que a gente entrava e saia com o álbum pronto. Esse foi se fazendo nas brechas e à medida que iam pintando as músicas. O processo foi muito fluido, muito natural. E o Bahia Blues foi uma das últimas composições que fiz para o Matriz, junto com Ninguém é de Ninguém. Porque eu precisava de um link, de um elo pra contar essa história. Aí já tinha entendido e sacado qual era a história que o disco estava contando. Quando a entendi, lembro que mergulhei nela de cabeça. Falei, agora então vou fazer uma autobiografia ao molde, com formato de blues, acho que a coisa de contar realmente uma história. A música começa assim: “Eu vim de lá, mas não posso mais voltar”. E no final: “Eu vim de lá… e agora eu posso voltar.” Como é retornar hoje? Agora é natural. Agora é possível existir


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Cultura

100

de uma forma artística dentro desse lugar. Eu acho que o distanciamento é histórico, do próprio tempo... Faz com que a gente veja as coisas de um jeito diferente. Me corrija se estiver errada, mas imagino que você deva olhar pra sua cidade e ver várias coisas diferentes da forma como via quando morava lá. Tem essa questão do olhar do migrante. Porque eu vim de lá. Eu não sou daqui. Bahia é o sol. É o olhar do emigrante para sua terra, sabe? Só que com esse distanciamento. Bahia Blues é isso. O que você faz para se conectar? Ao longo da minha vida, já tentei me conectar de diversas formas. E acho que depende do seu momento, estado mental, emocional, financeiro, espiritual. Essa semana o que funcionou pra mim foi meditação. Mas pratiquei yoga durante muito tempo. E não estou falando só de conexão astral, não. Mas de estar no momento presente, de olhar, porque a gente vive nessa correria! E a gente acorda e faz as coisas que tem que fazer, corre atrás de grana, paga os boletos e vai dormir. E no tempo que sobra entre tentar ganhar dinheiro e pagar os boletos, a gente tenta ser feliz, entendeu? E não sobra muito tempo… (risos) É, outro aforismo que escrevi outro dia: viver é isso: é correr atrás de grana e pagar os boletos e nesse meio tempo tentar ser feliz. Então essa coisa de parar pra pensar onde você queria estar (como na letra de Te Conecta) é uma reflexão que faço comigo às vezes. Pera aí, para. É aí? Saca? É esse o lugar? Acho importante pensar nisso, senão a gente só vai indo, né? Vai vivendo um dia depois do outro, sem pensar muito… Já tem um link com a próxima canção, Redimir. Vamos lá, do que você já se perdoou nos últimos tempos? Muitas coisas. Todo dia, o tempo todo, um processo constante. Eu sou uma pessoa muito autocrítica, e acho que às vezes sou muito severa. Essa general que mora em mim é muito dura. E procuro trabalhar nisso e também ser um pouco mais gentil nesse sentido… Acho que é

um exercício de gentileza com a gente mesmo, saca? Não ser tão duro, entender as nossas falhas e as coisas onde a gente erra, se permitir errar, se permitir arriscar. Eu tenho esse problema: tudo o que faço acredito que poderia ser melhor. Eu vejo defeito em tudo. Quem trabalha comigo sabe que sou superexigente. Eu sei que sou perfeccionista, o que às vezes gera uma angústia, uma ansiedade muito grande. Então essa música fala sobre isso, sobre tentar enxergar esse general interno, essa general interna. E… peraí, calma, não se puna tanto não. Você acha que a maternidade suavizou um pouquinho essa general? Eu acho, porque não tem outra opção. Ter filhos não vem com manual. Por mais que você tenha escutado ou lido, cada um vai ter a sua experiência, e vai, você vai errar. Você tenta proteger aquele ser humano de todos os jeitos, vai ter algum trauma ali que você não vai saber qual é. Então, é se permitir ao desconhecido. A maternidade me assustou muito, a princípio. Me trouxe muito essa coisa de se jogar no desconhecido, que é algo que pra quem tem obsessão por controle como eu, é um baita desafio! Um aprendizado mesmo. Sobre as marcas que nunca vão sair (faixa Para o Meu Grande Amor), aumentou alguma tattoo nesses últimos tempos? Aumentou recentemente, mas deu meio ruim porque eu acho que não cobri direito, ela ta meio craquelada. Vai melhorar. Vou cuidar direitinho, tá cascuda ainda (ela mostra o braço com o símbolo de Vênus tatuado). Por que a Vênus? Isso aqui foi por dois motivos: um porque meu sangue é O positivo e eu queria me lembrar, nunca me lembro! E o segundo porque é o símbolo do feminino, e para mim, particularmente, eu não nasci mulher, eu fui me tornando mulher. Simone de Beauvoir. Simone de Beauvoir. E pra mim isso é uma verdade. Portanto, hoje me sinto mais conectada com esse símbolo do que nunca.

“Eu tô plena, tô de boa. Eu tô massa”


foto Murilo Amancio

101

foto Murilo Amancio

Capas de singles do álbum Matriz, autorretrato de Pitty e cenas de bastidores das gravações dos clipes; single de Contramão em versão cassete

foto Murilo Amancio


Cultura

GETTY IMAGES

TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

102


103

Silêncio, Por Favor! TOP FOI A NOVA YORK ENTREVISTAR O CASAL DE ESTRELAS EMILY BLUNT E JOHN KRASINSKI. ELES CONTARAM TUDO SOBRE O NOVO SUSPENSE UM LUGAR SILENCIOSO - PARTE II, QUE SERÁ LANÇADO EM BREVE PELA PARAMOUNT PICTURES E PROMETE ELETRIZAR O MUNDO NOS CINEMAS Por Melissa Lenz, de Nova York*

10 min

@umlugarsilencioso2

“Devemos falar baixinho, Emily?”, ela hesita por alguns segundos e abre um sorriso: “Não, estamos bem seguras aqui”. A razão da minha pergunta feita à estrela de Hollywood Emily Blunt, 37 — em uma espaçosa suíte de hotel, em Nova York —, foi de quem viu sua calada e impressionante atuação em Um Lugar Silencioso (A Quiet Place, 2018). No filme — que lhe rendeu um SAG Awards pelo papel de Evelyn Abbott —, ela e a família se veem obrigados a viver em silêncio absoluto para escaparem de criaturas atraídas pelo som. Coestrelado e dirigido pelo astro John Krasinski, 40 — seu marido na ficção e na vida real —, Um Lugar Silencioso não apenas atingiu a segunda maior bilheteria daquele ano nos Estados Unidos, como virou um hit entre os filmes de terror pós-apocalíptico. Não demorou para a Paramout Pictures anunciar sua tão aguardada sequência, Um Lugar Silencioso - Parte II (A Quiet Place II) — com estreia prevista para este ano nos cinemas. “Mal consigo acreditar que estamos aqui com o segundo filme”, comemora Emily. Após conquistar a indústria cinematográfica em filmes como O Diabo Veste Prada (The Devil Wears Prada, 2006), A Jovem Rainha Vitória (The Young Victoria, 2019), Sicario: Terra de Ninguém (Sicario, 2015), A Garota do Trem (The Girl on the Train, 2016) e O Retorno de

Mary Poppins (Mary Poppins Returns, 2018), a atriz britânica-americana conta que pediu a John para ser escalada em Um Lugar Silencioso assim que leu o roteiro em um avião. “Evelyn é muito poderosa, tem instintos maternos profundos aos quais acho que posso corresponder. O que ela experimenta como personagem seria o meu pior pesadelo como pessoa”, confidencia a mãe de Hazel, 6, e Violet, 3. Meia hora depois, na suíte ao lado, o diretor e pai de suas filhas, John Krasinski (Jack Ryan e The Office), se rasga em elogios para a nossa musa: “Emily é a melhor atriz que existe. Quando você vê pessoalmente o poder que ela tem, a complexidade que coloca por trás de seus personagens, percebe que é uma atriz tão boa como você nunca viu antes”. Sobre sua relação particular com Um Lugar Silencioso - Partes 1 e 2: “Esses dois filmes são muito pessoais. Por mais louco que pareça, o primeiro era uma carta de amor para as minhas filhas, sobre tudo o que sinto por ser pai. E o segundo é mais ou menos a respeito do que sinto sobre elas um dia terem que crescer e ficar por conta própria, seja na faculdade, casamento ou em qualquer outro momento”. Confira as entrevistas com o casal de estrelas (ou “de ouro”) Emily Blunt e John Krasinski na íntegra, com exclusividade para TOP Magazine:


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Cultura

104

Emily, vendo seus filmes, percebemos tantas faces diferentes e quão intensa você consegue ser em cada um dos personagens. Existe algum tipo de persona que mais lhe atrai viver no cinema? Emily Blunt - É simplesmente complicado. Quero interpretar uma personagem que tenha complexidade, seja pela situação em que se encontre ou quem é ela como pessoa. Ninguém é apenas uma coisa, ninguém é linear. Todos temos nossas próprias idiossincrasias, traços e nuances, então só quero interpretar alguém que seja completo em qualquer forma que venha, qualquer personalidade. A personagem só tem que ser bem real para mim e preciso me sentir desafiada por ela. Quanto tem de você na personagem Evelyn Abbott (Um Lugar Silencioso) e o que você mais gosta nela? EB - Acho muito poderosa. Ela tem profundos instintos maternos aos quais acredito que posso corresponder. Os esforços que faria para proteger seus filhos me parecem bem familiares. Então é uma parte muito pessoal, porque sinto que o que Evelyn experimenta como personagem seria o meu pior pesadelo como pessoa. Em que momento você se encontra dois anos depois, com a segunda parte dessa história? EB - Sabe, às vezes mal consigo acreditar que estamos aqui com este novo filme. O primeiro teve uma reação tão surpreendente e as pessoas adoraram! E teve aquela vida meteórica inacreditável que pensamos que era aquilo: o capítulo estava encerrado e aquela parte da jornada concluída. E então, quanto mais conversamos a respeito e percebemos o investimento das pessoas nesse novo projeto que veio de uma incrível ideia do John, acho que nenhum de nós consegue acreditar que estamos aqui com a segunda parte desta jornada. Como é revisitar essa história em Um Lugar Silencioso - Parte II? EB - Maravilhoso, pois é um mundo no qual você pode expandir, tão rico com

tanta coisa para explorar que estou emocionada por John ter encontrado um caminho tão ambicioso, desafiador e empolgante como do primeiro filme. O que foi mais desafiador nessa sequência? EB - Humm… Correr por minha vida, eu diria! Há muita corrida neste filme, foi bastante físico! Você teve um problema de gagueira na infância. Como a arte a ajudou a superá-la? EB - Hum... (pensativa) O que frequentemente acontece com uma criança gaga é que enquanto ela está atuando, fala fluentemente, sem gaguejar, como se se livrasse daquilo. Então, diria que essa foi a minha primeira experiência: aos 12 anos, fiz uma aula de teatro e falei fluentemente na atuação. E para mim foi surpreendente que pudesse falar assim. Esse é o caso de muitas pessoas que sei que gaguejam, mas quando participam de uma aula ou de uma peça de teatro, tendem a falar facilmente. Qual é a sua mais antiga memória de quando queria se tornar atriz? EB - Bem, não sei se tive um desejo profundo de ser atriz. Acho que caí nessa carreira quase que de paraquedas. Participei de uma classe de teatro que foi a um festival, um agente me viu e disse: “Você quer tentar?” Na verdade, eu não tinha a intenção de ser atriz, mas desde então me apaixonei por isso, e obviamente amo o que faço. Mas não me lembro de ter sentido essa paixão na minha infância. Eu a desenvolvi depois, quando comecei a atuar. Em sua primeira atuação profissional (Família Real), você dividiu o palco com Judy Dench… O que aprendeu com ela? EB - Sim, eu tinha 18 anos. Oh, meu Deus, aprendi tudo com ela! Porque Judy não é apenas brilhante, completamente real e sutil, ela é a pessoa mais legal do mundo! É tão calorosa, amorosa, inclusiva e divertida que me fez perceber que você não precisa viver em estado de tortura para ser atriz, sabe? Acho que aprendi isso com ela.

“Nós realmente entendemos o que faz o outro funcionar quando estamos juntos no set”, Emily Blunt


JOSH TELLES / AUGUST

105


Cultura

DANIELLE LEVITT / AUGUST

TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

106


107

Cinco anos depois, você teve a oportunidade de trabalhar com Meryl Streep pela primeira vez, em O Diabo Veste Prada. Tem algum conselho, uma lembrança dela que você leva pra vida? EB - Eu já trabalhei com Meryl algumas vezes, e sinto que, de certa forma, ela sempre esteve lá para mim nessa indústria. Ela é como uma amiga agora, adoro vê-la, estar perto dela. Ela é muito sábia, profundamente inteligente e engraçada pra valer! Então, realmente gosto de estar estar com ela, de ouvi-la e de compartilhar histórias. Eu meio que cresci nessa indústria com Meryl lá... A última coisa que fiz foi Mary Poppins (também com Meryl Streep), e isso foi há alguns anos... Então nos conhecemos há 14 anos! Ela é realmente adorável! E é a pessoa com quem mais trabalhei. Quão sortuda sou eu?! (sorri). Você se lembra do que fazia quando leu os dois roteiros de Um Lugar Silencioso 1 e 2 pela primeira vez? EB - Lembro-me que li o primeiro roteiro em um avião e disse a John que queria estar nele, caso quisesse me escalar. Foi uma conversa divertida! O segundo também foi em um avião, ele me deixou ir lendo os próximos capítulos em etapas. Soube que naquela dramática cena do parto na banheira em Um Lugar Silencioso você praticamente não foi dirigida. Teve outro momento como esse na Parte II? EB - Acho que não, porque John também sabe quais as cenas que serão mais livres. Se é uma profundamente emocional, ele sabe exatamente quando recuar e não dirigir demais ou mesmo ditar o que deve ser feito. Como também é ator, ele entende que precisamos de espaço e sentir que o diretor confia na gente. Portanto, no segundo filme não tivemos nada tão específico como aquela cena do parto, que é uma experiência muito particular para mulheres. Se um diretor homem dissesse “talvez tente isso...”, você ficaria tipo “cale a boca!” (risos).

Como é John Krasinski como diretor? EB - Ele é como uma força da natureza. Realmente apaixonado, um verdadeiro líder, e sinto que às vezes é capaz meio que de mover montanhas! Ele tem essa qualidade de contagiar as pessoas, é muito persuasivo. E acho que é muito ambicioso tanto como diretor quanto como pessoa. Ele gosta de se desafiar, de ver o que é possível. É bastante raro encontrar alguém tão visual e corajoso como ele. E é muito bom com atores, porque também é um… John realmente entende como os atores funcionam e do que eles precisam. Você disse em uma entrevista que seu casamento se fortificou durante a produção de Um Lugar Silencioso, ao contrário do que algumas pessoas imaginavam (risos). O que diria sobre a Parte 2? EB - Acho que seguimos esses passos com muito mais facilidade no segundo porque já fizemos isso antes e aprendemos o quão bem colaboramos. Trabalharmos juntos neste filme foi mais uma emoção do que uma novidade. Nós realmente entendemos o que faz o outro funcionar quando se trata de estarmos juntos no set. Você e John já foram apelidados pelo público de “o casal de ouro de Hollywood”. O que você acha disso? EB - Eu não sei… “Que legal!” Não sei o que dizer sobre isso… (risos) Soube que você tem vontade de visitar o Brasil… EB - Eu adoraria! Realmente amaria ir e não sei o que esperar! Eu viveria para ir ao Rio, e adoraria ir à praia no Brasil, quero dizer… Você teria que me dizer para onde eu devo ir… Já tem algum plano em vista? EB - Espero ir para o Jungle Cruise (próximo filme estrelado por ela — estreia 23 de julho nos cinemas), porque fica na Amazônia, então seria legal! Vamos ver se conseguimos levá-lo para o Brasil!


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Cultura

108

TOP ENTREVISTA JOHN KRASINSKI John, você chegou a imaginar que Um Lugar Silencioso faria tanto sucesso? John Krasinski - Não, não acho que poderia prever isso de jeito nenhum. Surpreso é um eufemismo, fiquei totalmente impressionado com a reação do público. Não apenas pelo sucesso que fez, acho que emocionalmente foi o filme mais importante para mim e as pessoas meio que enxergaram essa metáfora da paternidade e viram como uma trama emocional. Meu elogio favorito é “eu nunca assisto a filmes de terror, mas vi o seu e adorei”, é o melhor possível para ouvir das pessoas. Você via filmes de terror na infância? JK - Nada desse tipo. Eu era muito apavorado para assisti-los quando criança. Acho que os mais próximos que vi foram Tubarão, Alien, O Bebê de Rosemary, e os clássicos retrôs, como qualquer um do Hitchcock. Esses foram os que mais prestei atenção na abordagem de como faria a direção. Como surgiu a ideia de fazer essa sequência? JK - Ela veio porque tudo fluiu de forma muito orgânica — foi bom —, e acho que no final do dia, o estúdio (Paramount) certamente queria um segundo filme porque o primeiro foi bem. Mas eu não queria participar, porque não tinha uma ideia na época. Eu não queria ser visto como um caça-níqueis, ou na manipulação da indústria. Eu era tão respeitoso com o público e tão apreciativo com sua resposta que precisava encontrar uma ideia que merecesse esse respeito. Então surgiu assim que comecei a ter essa pequena ideia de continuar a metáfora do primeiro filme, sobre a promessa que você faz aos seus filhos de que “se você ficar comigo, tudo estará seguro, eu posso mantê-lo seguro” — que será inevitavelmente quebrada por todos os pais. E assim, o segundo filme é sobre crescer, uma vez que você perdeu o pai e a promessa de mantê-lo seguro foi quebrada, essas crianças precisam crescer e sobreviver no mundo sozinhas.

Você também atua na parte 2? JK - Você terá que ver! (risos) O que foi mais desafiador nele? JK - Do ponto de vista da direção, o segundo é muito maior de uma maneira que parece orgânica para a história, é literalmente que a família precisa sair da fazenda. Eles não apenas estão mundo afora, mas nada mais é seguro, a ameaça é muito mais real e sempre presente. E a dificuldade de dirigir eram os cenários maiores. Portanto, há muito mais ação a ser tomada, porque eles não têm a segurança de sua casa para se refugiar e vão a lugares muito maiores, para vários cenários diferentes. Qual era o clima nos bastidores das filmagens? JK - Não era exatamente um cenário de humor, é um filme bastante intenso, mas era bem inofensivo, éramos todos realmente bons amigos. Acho que Cillian Murphy (Emmett) foi uma das melhores experiências que tive em minha carreira, uma das pessoas mais talentosas e mais legais com quem já trabalhei. Ele tinha tanto respeito e gostou tanto do primeiro filme que acho que, na verdade, estava um pouco nervoso para começar. Por isso era muito importante fazer com que ele se sentisse parte da família, o que ele se tornou automaticamente. Foi emocionante. E acho que nos bastidores somos uma família íntima, então realmente não estávamos saindo e nos enfurecendo à noite, ou algo assim. Era tudo sobre apenas estarmos juntos, estarmos no set. Como ator, diretor e roteirista, o que este filme significa para você? JK - Olha, é um grande negócio para mim, no sentido de que não é apenas emocionante fazer parte de uma franquia, mas mais importante do que isso é me sentir muito sortudo por contar histórias que me interessam tanto. Depois dessas duas grandes experiências, será difícil dirigir qualquer coisa pela qual eu não tenha me apaixonado completamente por todo o caminho. Esses dois filmes

“Meu elogio favorito é: ‘Eu nunca assisto a filmes de terror, mas vi o seu e adorei’!”, John Krasinski


DIVULGAÇÃO PARAMOUNT PICTURES

109


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Cultura

110

são muito pessoais. Por mais louco que pareça, o primeiro era uma carta de amor para as minhas filhas, sobre tudo o que sinto por ser pai. E o segundo é mais ou menos a respeito do que sinto sobre elas um dia terem que crescer e ficar por conta própria, seja na faculdade, casamento ou em qualquer outro momento, terão que ficar sozinhas. Já enfrentou alguma situação mais extrema para protegê-las na vida real? JK - Não como nosso personagem! Nas coisas do dia a dia sempre tento vigiá-las e protegê-las, e rezo para que nunca seja colocado na situação de protegê-las da maneira que esse personagem faz. Você disse no programa The Tonight Show que queria se aposentar após ter dirigido sua esposa! (risos) Como foi fazer isso pela segunda vez? JK - Foi melhor e ainda mais divertido! Acho que estávamos tão nervosos em ver o que aconteceria quando trabalhamos juntos pela primeira vez que, na segunda, a partir do momento que vimos que tudo corria bem, os nervos se foram e nos divertimos muito mais. Emily é a melhor colaboradora que já tive. Ela é escritora, diretora, produtora, tudo em um, o que a torna uma excelente atriz. Ela tem muita consciência não apenas para contar histórias, mas de produção, orçamentos e tudo mais. Também conhece bem a equipe e o que é preciso pra chegar aonde eles estão. Então ela é, definitivamente, a melhor parceira para ter nessa situação e, agora, será triste dirigir um filme sem ela. Como foi a preparação das cenas com Emily, como a da banheira no primeiro filme? JK - Todas as cenas, até a cena da banheira, eram uma combinação. Nós tínhamos conversado sobre isso por um longo tempo antes de filmarmos, então fizemos a mesma coisa no segundo. A maioria das nossas conversas aconteceu de forma criativa antes das filmagens, de modo que, quando chegamos ao set, ela sabia tudo o que eu queria fazer e viceversa. Então ela apenas vem e faz, é assim

que ela é como atriz, pronta para entregar imediatamente. Acho que minha parte favorita foi assistir ela e Cillian juntos. Foi um momento realmente emocionante ver aqueles dois atores inacreditáveis juntos em uma cena. Que tipo de atriz Emily Blunt é? JK - A melhor que existe. Ela é incrivelmente talentosa. Lembro que, no primeiro filme, eu estava conversando com Rob Marshall, que dirigiu Mary Poppins, e ele perguntou “quando você vai filmar?”, e eu disse “na próxima semana”, e ele “oh, você vai ver só!” E eu: “Não, eu sei, sou o maior fã dela!” Ele disse: “Não, você vai ver!” Eu disse: “Eu sei, eu a amo”, mas ele disse: “Não, não, não, não até que você esteja na sala e a vir fazer o que ela faz, você perceberá porque é um grande fã...” E foi assim que me senti. Acho que quando você vê pessoalmente o poder que ela tem, a complexidade que coloca por trás de seus personagens, percebe que ela é uma atriz tão boa como nunca viu antes. O filme também é sobre silêncio. Como você se relaciona com as mídias sociais? JK - Não sei, não sou tão envolvido com isso. Tenho uma conta no Twitter, uma no Instagram e outras coisas que uso bem esporadicamente. Gosto da minha privacidade, sou uma pessoa bem quieta... Mas, definitivamente, esse é um mundo em que muito mais está sendo compartilhado, discutido e penso que ele está se ajustando de acordo. O que acha do apelido de “casal de ouro” dado a você e Emily pela mídia? JK - Eu não sei nada sobre ser um casal de ouro. Sei, há muito tempo, que tenho muita sorte de estar casado com ela, que é alguém melhor do que eu jamais poderia sonhar. Mas é mais sobre nossa parceria e amizade, realmente confiamos um no outro implicitamente e, de novo, ter a chance de trabalharmos juntos é muita confiança e diversão. O que é um bom dia para você, John? JK - Qualquer um em que eu fique com minha esposa e minhas filhas.


GETTY IMAGES

111


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Cultura

112

Por que escolheu o nome de Sunday Night (“domingo à noite”) para sua produtora? JK - Porque quando me mudei para Nova York percebi entre meus amigos que a única coisa que você não consegue fazer quando quer ser ator, escritor e diretor, é atuar, escrever ou dirigir. Você nunca tem a chance de fazer essas coisas porque ou é assistente de alguém, ou barman, ou garçom. Então nos reuníamos todos os domingos à noite e sentávamos em volta de uma mesa para conversar sobre filmes, livros, peças de teatro e tudo o que amamos, e dizíamos que se alguma vez tivéssemos a chance de realizar, faríamos. Foi por isso que nomeei minha empresa como Sunday Night, porque tive essa chance. Tenho a sorte de ter participado de uma série (The Office estreou na TV americana em 2005 e acabou em 2013 com nove temporadas) que me deu a oportunidade de fazera algo. E por isso tento fazer tantas coisas ousadas quanto disse que faria quando mais jovem. Qual o maior ponto de virada da sua carreira? JK - Antes de entrar para o The Office eu era garçom, portanto esse foi, certamente, “o” ponto de virada para mim. A partir daí toda a minha vida deu uma guinada e mudou completamente. Devo absolutamente tudo a esse programa e experiência que me possibilitou todas as oportunidades. Não é apenas um seriado do qual relembro com carinho, mas um grupo de pessoas, uma família e, basicamente, minha escola de cinema - tudo em um. Que conselho daria para um diretor em início de carreira? JK - Arrisque muito, acho que essa é a coisa mais importante; estar com medo ou pensar que vai fazer um filme para alguém

que não seja você mesmo é um erro. Acho que é preciso acreditar nele de todo o coração e durante todo o percurso. Se fizer um filme que não venha realmente do seu coração, vai soar dessa maneira. O que aprendeu sobre si mesmo fazendo Um Lugar Silencioso - Parte II? JK - Aprendi muito como cineasta. Era um filme maior e havia mais pressão para concluí-lo. Então trabalhei muito no instinto, algo que como diretor, você não quer perder ou questionar. Tive a sorte de estar em uma situação em que tínhamos um certo orçamento e linha do tempo, e improvisávamos a maior parte dele. Honestamente, foi muito divertido aprender que posso apostar em mim e ter esperanças de que tudo vai acabar bem. Qual é o papel da arte em um mundo tão dividido? JK - Acho que sempre foi e sempre será uma parte essencial de qualquer cultura, porque a arte é contar histórias no final do dia; é uma representação do potencial que as pessoas podem ter, da expressão, da emocionalidade de como elas se comunicam. É a nossa representação de quem somos e de quem queremos ser. O que tem ouvido sobre o Brasil? Tem vontade de ir? JK - 1.000%, eu adoraria ir ao Brasil! Não ouvi nada além de coisas incríveis, não apenas como é bonito, mas a quantidade de eventos culturais e história por lá, eu adoraria vivenciar.

*A editora-chefe Melissa Lenz viajou à Nova York a convite da Paramount Pictures.

“A personagem só tem que ser bem real para mim e preciso me sentir desafiada por ela”, Emily Blunt


DIVULGAÇÃO PARAMOUNT PICTURES

113

John Krasinski, Emily Blunt, Noah Jupe e Millicent Simmonds em cenas do filme e nos bastidores de gravação de Um Lugar Silencioso - Parte 2 (Paramount Pictures)


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Lifestyle 114


115

Benza que Hoje Tem Delivery VENCEDOR DO MASTERCHEF PROFISSIONAIS, PABLO OAZEN DESTRINCHA SUA CARREIRA DESDE A PASSAGEM POR CASAS RENOMADAS DA EUROPA ATÉ A ADAPTAÇÃO DO NOVO RESTAURANTE, EM SÃO PAULO, DURANTE A PANDEMIA


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Lifestyle

116

Por Gabriela Del Carmen Fotos Sergio Caddah @benza.restaurante

7 min

Seja um bistrô, buffet, cafeteria, pratos clássicos, fast food, cozinha autoral ou comfort food (pratos que remetem a momentos especiais), não há dúvida que a gastronomia tem um papel importante nas diferentes culturas ao redor do mundo. Vai além de um ato de sobrevivência: envolve todo um contexto de interação social entre as pessoas. Exatamente por isso, a cada dia desperta o interesse constante de chefs, que, novatos ou veteranos, surgem ou se reinventam com novas receitas. Iniciativas apoiadas pela imensa quantidade de programas de culinária na TV como os famosos MasterChef Brasil, Cake Boss, Hell’s Kitchen, Vida Mais Bela, Tempero de Família, Chef’s Table, Mestre do Sabor e muitos outros, que fazem a profissão ganhar espaço no país e status internacional nos últimos anos. Foi um desses reality shows, aliás, que fomentou a carreira de Pablo Oazen mundo afora. O começo Nascido em Juiz de Fora, no interior de Minas Gerais, Pablo diz que não pensava em se tornar chef de cozinha até alcançar a idade adulta. Formado em turismo, tinha o sonho de se especializar em hotelaria e, por isso, mudou-se para Lisboa, em Portugal, onde teve a oportunidade de trabalhar no renomado Hotel Sheraton. Só que o estágio era dentro do restaurante para entender como a cozinha funcionava. “Comecei a ter acesso a um monte de produtos que nem imaginava, como framboesa, cogumelo, cordeiro, uns bacalhaus enormes. E tudo me chamava muita


117

atenção”, lembra. Apesar disso, a maior surpresa foi quando percebeu que dentro do próprio hotel tinha um açougue. “O que mais me fascinou foi ver chegar cordeiro, leitão, porco, um açougue inteiro e o cara limpar. Achei muito legal.” Ali e aos poucos, pegou gosto pela coisa. E partiu para a prática, passando por casas prestigiadas como o Quinta de Catralvos, em Portugal, Hacienda Benazuza El Bulli, na Espanha e o Au Comté de Gascogne, na França. “Trabalhar ali foi difícil. É igual ao exército, pois a cozinha é algo muito sério para eles. Tomava muito esporro”, conta Oazen, que, por não dominar o idioma, sentia mais dificuldades naquele ambiente. “O chef falava e eu respondia oui, chef, mas não tinha entendido porra nenhuma”, diverte-se. O nível de exigência e a pressão do ambiente eram grandes. Muitas vezes, saía do trabalhado chorando e chegava em casa determinado a nunca mais retornar, até a hora de dormir, quando retomava a motivação. “Eu falava: ah, já estou aqui mesmo, então vou voltar.” Hoje em dia, concorda que o esforço valeu a pena. Sem um curso de especialização gastronômica, aprendeu tudo na prática, errando, observando e evoluindo. De volta ao Brasil Após suas experiências na Europa, retornou ao Brasil em 2007, decidido a investir em sua carreira como cozinheiro. Ficou quatro meses em São Paulo, trabalhando no extinto La Brasserie, do chef Erick Jacquin. Depois, voltou para Juiz de Fora, onde, em 2015, inaugurou seu primeiro restaurante, o Garagem Gastrobar, em que misturava as delícias de boteco com suas técnicas de alta gastronomia. A cozinha autoral e criativa em que utilizava produtos brasileiros e com uma forte influência de Minas Gerais fez com que seu nome começasse a alçar voo na gastronomia nacional. Em 2016, veio uma boa oportunidade quando um shopping da cidade pediu a Oazen que convidasse um chef renomado para um evento de Dia das Mães. Não pensou duas vezes: chamou Erick Jacquin.

“É natural que os chefs brasileiros utilizem produtos do seu estado. Eu sei fazer quiabo melhor do que um aspargo”

Rumo ao Masterchef Nesse reencontro, o próprio Jacquin sugeriu que o cozinheiro participasse da primeira edição do Masterchef Brasil Profissionais. “Depois ele disse: ah, mas nem adianta, não vão deixar você entrar porque trabalhou comigo.” Mesmo assim, incentivado por um casal de amigos, inscreveu-se no programa. Não foi selecionado. Mas no ano seguinte, quando Oazen havia descartado a opção de se candidatar novamente, recebeu uma ligação que mudaria a sua vida. Era a produção do MasterChef querendo saber se o chef iria se inscrever para a segunda temporada. “Eu falei: ó, estou na frente do computador, fazendo isso agora, você acredita?” A regra que proibia a participação de quem já havia trabalhado com os chefs não existia mais. “Mais certo que isso não dava.” Assim, ele não só entrou no programa como foi o grande vencedor da edição de 2017, após participar de 14 provas televisionadas para o Brasil todo, incluindo o duelo final. A mais difícil? “Chorei na prova da rabada, porque ficou dura. Eu dei sorte que o Guilherme (Cardadeiro) fez um fígado de boi cru, algo meio inaceitável na cozinha”, conta. A sobremesa da vitória De todos os seus preparos na competição, o que mais surpreendeu os jurados foi o seu sorvete de goiaba. “Falam que eu mudei de nome, sou Pablo das goiabas”, brinca. A inspiração veio do chef Diego Guerrero, que utilizava a mesma técnica da casca e do creme com um ovo em


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Lifestyle 118


119

Madri. Dali, saiu uma bola de sorvete de goiaba recheada de goiabada e coberta por uma casca de chocolate branco, com gergelim, catupiry, queijo canastra e crumble. O sucesso foi tanto que, mesmo dois anos após a vitória, pessoas do Brasil inteiro pedem ao chef para saborear a receita. Mas após o MasterChef, Oazen decidiu deixar Minas para abrir um novo empreendimento em São Paulo. Em dezembro de 2019, abriu as portas do Benza, restaurante que envolve suas inspirações europeias, mas sem deixar de lado o Brasil e sua variedade de paladares e ingredientes. “É natural que os chefs brasileiros utilizem produtos do seu estado. Eu sei fazer quiabo melhor do que um aspargo”, exemplifica. Essa é a peçachave do estabelecimento: a mistura de referências acumuladas ao longo dos 15 anos de carreira. Localizado no Baixo Pinheiros, tem o objetivo de instigar o cliente a partir de sabor, técnica e criatividade. “Eu quero que as pessoas venham no dia em que queiram se divertir. Gosto de provocar, sou bem brincalhão dentro do cardápio.” O lema do lugar é simples: nada sai da cozinha se não for gostoso. No menu à la carte, iguarias como abacate em tempurá, maionese de pimenta, empadinha de ovas de mujol, blanquete de língua, arroz de cogumelos e legumes orgânicos, canjiquinha socarrat com lagostins, pato com macarrão e favas frescas e tutano. Na sobremesa, arroz doce, toffee, frutas confitadas e, é claro, a cobiçada goiaba. Benza delivery Durante a pandemia da Covid-19 – que fez com que muitos estabelecimentos fechassem suas portas – o Benza adaptou seu menu para chegar até a casa do consumidor sem perder a qualidade. “Eu já havia trabalhado com delivery em minha hamburgueria em Juiz de Fora, mas lanche é muito diferente de comida”, compara. No menu atual, somente os pratos “mais molhadinhos, que não tenham ponto”. A famosa Goiaba (R$ 33) é a campeã de vendas, seguida da Feijoada (R$ 60), servida somente aos sábados. “Também tem o Picadinho de Carne com Baião de Dois (R$ 49) e o Saltimboca Burger (R$ 26), herança de um prato italiano (Saltimboca Alla Romana) que quer dizer pulando na boca, que é algo muito quente feito com bife de vitelo, filé mignon ou carne de porco com sálvia, presunto parma e brioche feito aqui mesmo. Está incrível!” Para cada pedido, uma mensagem personalizada: “Eu gravo e mando um vídeo para todas as pessoas que pedem delivery agradecendo pessoalmente.” E quando isso tudo passar? “Queremos voltar com um menu degustação à noite, não muito caro porque está todo mundo apertado. Mas será bem gostoso, bem pensado e de acordo com as novas regras de saúde. Porque quando as pessoas voltarem a sair, vão querer escolher um dia para saírem direito, de verdade... E curtirem a noite em um restaurante.” Enquanto esperamos por esse dia, anote aí o WhatsApp do Benza Delivery: (11) 97692-9259.

“Queremos voltar com um menu degustação à noite que seja bem gostoso e pensado, e de acordo com as novas regras de saúde”


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Beleza 120


121

Natacha Horana

BAILARINA DO FAUSTÃO, NATACHA HORANA JÁ FLERTAVA COM A TV DESDE A MATERNIDADE QUANDO SUA MÃE ESCOLHEU HOMENAGEAR A VAMPIRA PROTAGONISTA DA NOVELA VAMP AO ESCOLHER SEU NOME. AGORA, ELA ABRE AS ASAS NO PALCO DO MAIS IMPORTANTE DOMINICAL DA GLOBO E, POR AQUI, CONTINUA LOIRA NA PISTA... Fotos Luca Pucci Modelo Natacha Horana Styling Renata Bonvino Beleza Eliseu Santana


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Beleza 122


123

Natacha Horana T-shirt Fila BiquĂ­ni Renner


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Beleza

124

Natacha Horana T-shirt Fila Biquíni Renner Meias MSA na Endossa


125


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Beleza 126


127

Natacha Horana Meias Riachuelo Hotpants Minha Avรณ Tinha


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Beleza 128


129


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Beleza

130

Natacha Horana Patins Frou Frou Saia Minha Avó Tinha Munhequeiras Fila


131


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Beleza 132


133


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Beleza

134

Natacha Horana Biquíni Minha Avó Tinha


135


Beleza

136

TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Por João Luiz Vieira @natachahorana

5 min

Natacha Horana responde perguntas conforme a dança, de acordo com o movimento das palavras que o interlocutor propõe na pista das conversas. Ora aceita ser enlaçada nas interrogações, ora desliza das questões levantadas pelos três pontinhos que desenham as reticências. “Qual sua idade?”, eu, já sabendo o tempo aproximado no qual ela vive. “Precisa falar a verdade?”, ela, escorregando de mim. “Pode responder o que quiser”, devolvendo-a ao salão. “27.” “Há muito preconceito com a idade de uma mulher?”, eu, chamando-a para sambar na cara dos machistas, misóginos e hipócritas. “Ah, hoje em dia não muito. Quanto mais madura (a mulher) melhor. Aliás, estou na melhor fase. Quando a gente é muito novinha há pré-julgamento de que não temos ‘cabeça’”. Seguimos o baile. Natural de São Paulo, Natacha viveu muitos anos em Jundiaí, município a 59 quilômetros da capital paulista e onde começou sua carreira no balé, quando tinha pouco mais de 2 anos. Balé e jazz, para sermos precisos. Considerando-se pé-de-valsa nas baladas, recebeu a sugestão de amigos para se inscrever em um teste para ser uma das dançarinas de Fausto Silva, apresentador que domina as tardes de domingo da TV Globo. Assim o fez, mesmo entendendo que não era daquelas que levantava a perna em direção à cabeça. Passou por três fases, e ficou um ano treinando dez horas diárias, como se num internato para músculos e sorrisos largos. Para os ensaios, teve de se mover entre passos de dança moderna, balé clássico, jazz. “Não coloco a perna na cabeça. Não consigo isso.” Mas Natacha focou e conseguiu o que queria. Talvez você seja daqueles indivíduos que creem que as dançarinas do Domingão do Faustão só atuam “ao vivo” aos domingos, não tem noção de que elas só folgam às segundas-feiras e aos sábados. Todo dia é dia de esquentar a musculatura, decorar a coreografia, se entender com o figurino. Isso quando não acontecem surpresas, como quando Natacha foi uma das escolhidas para o quadro Dança dos Famosos. No caso, com o ator Sérgio Malheiros. Para ela, o desafio das “professoras” é maior que dos “professores”, pelo simples fato de ser o homem a conduzir a narrativa coreográfica, e alguns atores, cantores e ou modelos chegam trocando os pés pelas mãos. Há cinco anos essa é a rotina de Natacha, se dizendo melhor no funk, no patamar, como se chama o espaço onde ficam no programa matutino da maior empresa de comunicação do Brasil. O que exige dela uma dieta rígida com eventuais piscadelas para chocolates, guloseima que come quase que diariamente. “Como foi o ensaio na TOP?”, eu, mudando o disco. “Foi ótimo. Equipe animada, excelente. Tenho segurança com meu corpo. O teatro, onde também atuo, me deu isso. Mas nunca havia feito ensaio mostrando tantas coisas. Até fui chamada para a Playboy, no último ano da revista, mas recusei”, com as palavras na ponta da agulha. “Você está namorando?”, riscando a melodia. “Prefiro não falar sobre isso, mas não namoro, estou noiva.”

Assistente de fotografia Andre Anjos

Assistente de styling

Hugo Leão e Fernanda Galindo

Assistente de beleza Tiago Francisco


137

Natacha Horana Shorts Minha Avรณ Tinha


Cultura

ARLINDO CAMACHO

TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

138


139

A Vida Como Ela É PELA IMERSÃO EM HISTÓRIAS E VIVÊNCIAS, FINOK EXIBE SUA ARTE DE INSPIRAÇÕES REALISTAS


Por Carla Ferraz @finok

3 min

Os traços marcantes dão o tom das obras inspiracionais com referências significativas do artista Raphael Sagarra, conhecido como Finok. Ele tem o dom de retratar a realidade, transformando suas vivências em arte, misturando o provocativo e o irônico, sem esquecer o principal: a verdade. Afinal, para ele, o importante é apresentar o que está sentindo. “Eu tento mostrar a realidade como ela é, o que vivi. É difícil uma pessoa entender o que passei, a intensidade, cada um interpreta de uma forma totalmente diferente. Por isso, não procuro imaginar o que as pessoas vão pensar, mas ainda assim quero exibir a verdade”, diz o artista plástico de 34 anos. Em cada lugar uma experiência, uma lembrança e um ou vários personagens responsáveis por deixar as obras de Finok com uma nova cara. Mas não é de hoje que a arte está em sua vida. Desde criança, ele era incentivado a estudar artes e música pela mãe Olga e o pai Ricardo, que pintava telas com tinta a óleo. Já o garoto preferia desenhar em seus cadernos. Aos 12 anos, Raphael passou a se interessar pelo que via nas ruas, em especial as letras pichadas que não conseguia identificar. Até que um “C12” chamou sua atenção. Um amigo lhe disse que o significado era Calibre 12, e nesse momento ele decidiu aprender aquilo que tanto despertava sua curiosidade. Lia tudo que encontrava pela cidade, começou a pichar, mas logo mudou o foco para um grafite diferente. E ali surgiu sua paixão pela street art. Pelos bairros, pelo país, pelo mundo Criado no Cambuci, berço de grafiteiros famosos, Finok estava no lugar certo e na hora certa para aprender, até porque naquela época não existia internet: todas as técnicas e conhecimentos eram compartilhados nas ruas. “Você via alguém fazendo grafite, ia perguntar como fazer ‘bicos’ de spray mais largos, onde comprar... Uma vez, troquei uma bermuda por um desses”, comenta. E dessa troca de informações nasceram as amizades. “Meus ídolos do começo são hoje meus amigos. A maioria conheci naquele tempo, vendo como pintavam e aprendendo. Eu era mais novo e ficava ali, observando e perguntando”, lembra. Para grafitar, porém, era necessário técnica, algo bem mais difícil do que parecia. Mas em pouco tempo Raphael já estava com um projeto em mente: grafitar o maior número de bairros de São Paulo. Surgiu então a ideia de colar um mapa da metrópole em seu quarto e espalhar sua marca por toda a cidade: cada lugar concluído era assinalado com uma tachinha. “Eu não sei quantos bairros eu pintei, mas foram muitos. Uns extremamente pobres”, conta. Assim, cada canto da capital foi recebendo suas obras, formadas por um estilo cartoon, com uma carinha estampada na letra “O” de Finok e paletas fluorescentes. Normalmente, cada artista escolhe uma cor para assinar seu desenho, mas a vontade de Finok era criar uma identidade visual. “Meu início foi meio precoce, não tinha a

“Eu tento mostrar a realidade como ela é, o que vivi”

JOSÉ PANDO LUCAS

TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Cultura

140


141


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Cultura

142

mesma cabeça que tenho agora. O foco era totalmente o grafite, não me interessava por obras de arte. E minhas preocupações eram relacionadas à parte visual, a busca por um estilo próprio”, diz. “Hoje em dia, sou mais consciente e percebo que minhas últimas pesquisas são bem mais profundas. Não pode ser simplesmente bonito, porque se torna algo apenas decorativo. O mais importante é você transmitir algo, essa sensibilidade é o que te torna um artista. Vários não são considerados assim por não terem estudado ou por não estarem com exposições em museus, mas isso não significa nada. Uma pessoa que estudou certamente saberá como entrar no circuito, mas isso não a torna um artista. A arte nasce dentro das pessoas!”, avalia Finok, que a traduz como um sentimento. “Às vezes, a pessoa não sabe pintar, mas, se te traz alguma coisa, é arte. É nítido quando um trabalho te toca e você não sabe nem explicar o porquê”, reflete ele, dono de um olhar crítico que o permite explorar com maestria as referências populares com as quais as pessoas se identificam. Suas obras também discutem princípios sociais. “Estou sempre pesquisando, não tenho um estilo definido, mas confesso que tenho o prazer em retratar pessoas e vivências em meus trabalhos.” Atualmente, Finok se concentra em projetos que envolvem telas e esculturas em madeira e cobre. E quer aprender a trabalhar com argila e metal. Mas seu maior foco são os seres “em que ficam as memórias, os momentos vividos, as conversas, os objetos que estavam em cena e até mesmo algo que não estava presente, mas remete ao artista”. “Até para a gente que está acostumado a ver lugares de extrema pobreza, existem cenas que marcam. A experiência fica mais forte e acho interessante, às vezes, valorizar coisas que não têm valor.’’ De seu processo criativo, ele detalha: antes de pintar, elabora um texto conceitual do que será feito e imagina a quantidade de obras. Para cada uma delas existe uma releitura e objetos que entram em conflito com o que foi pintado. Assim Finok deixa registrada sua arte, que já está no Chile, Portugal, Estados Unidos, França, Itália, Rússia, Inglaterra, Bélgica, Líbano, Índia, entre outros lugares. Sua conexão mais forte, no entanto, é com o Nordeste, que ele considera uma mistura do Brasil e reflete bem sua arte, que, mais do que imagens, traz a cultura do povo brasileiro.

“Uma pessoa que estudou certamente saberá como entrar no circuito, mas isso não a torna um artista. A arte nasce dentro das pessoas!”


143

ARLINDO CAMACHO

Em sentido horário, a partir da seta: obra “sem título”; mural de azulejos “Mistura Brasil”; tela ao fundo “A Alma da Rosa Branca”; escultura parte da série “Os Quilombolas”; artista em ação, e obra “Nas Águas”

FINOK

ARLINDO CAMACHO

FINOK

FINOK


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Cultura 144

# studio mundo top


145

AO VIVO

OS DESTAQUES DAS ATRAÇÕES QUE PASSAM DIARIAMENTE PELO #STUDIOMUNDOTOP E FAZEM A ALEGRIA DO UNIVERSO DIGITAL E DA PLATEIA CONVIDADA, QUE VEM ACOMPANHAR AO VIVO AS ENTREVISTAS QUE VOCÊ ASSISTE NA ÍNTEGRA PELO IGTV DA @TOPMAGAZINE Fotos Fábio Salles


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Cultura

146

————————————————— ————————————————— topmagazine AO VIVO

topmagazine AO VIVO

ANY GABRIELLY @anygabriellyofficial

Ela, que já deu voz à Moana, interpretou Nala no musical da Broadway O Rei Leão e é a única brasileira no grupo pop internacional Now United, passou pelo #StudioMundoTOP causando comoção entre fãs presentes na live, no Studio e até pelo telefone da redação. “A Any está aí?”, perguntavam as vozes ansiosas do outro lado da linha. “Adoro. Procuro tratar todos com carinho, porque é muito legal esse amor todo que eles têm”, sorri a performer. Ela também contou sobre a relação que tem com os outros 13 integrantes do grupo. “É muito gostoso, se encontrar, ficar junto uns dois meses até um cansar do outro, e depois ir pra casa (risos). Mas dá muita saudade.” Também revelou que o grupo está se preparando para se reunir em breve e que 2020 terá muita música nova. Estamos ansiosos! #anygabriellynatop

BIBI TATTO @bibitatto

Cantora, compositora, youtuber, influencer e futura empresária, ela é considerada uma das maiores youtubers da atualidade. Com apenas 19 anos, Bibi encanta milhares de jovens com sua espontaneidade. “Comecei postando vídeos jogando Minecraft e foi um processo. Levou cinco anos pro canal estourar, mas valeu a pena”, diz ela, que ainda faz muito sucesso como cantora. “Tiro inspirações do que estou sentindo para compor”, explica. Em live no #StudioMundoTOP, deu spoiler de sua nova música, ainda sem nome, mas que acha que irá chamar Descomplica. “Ando meio enrolada, e foi feita para a pessoa que eu gosto”, sorri a youtuber. Os fãs presentes na redação adoraram e o Mundo TOP já tem certeza: vem hit por aí! #bibitattonatop


147

————————————————— ————————————————— topmagazine

topmagazine AO VIVO

AO VIVO

TAUMATURGO FERREIRA @antoniotaumaturgo

Com 40 anos de carreira, o ator Taumaturgo Ferreira já fez de tudo um pouco no teatro, na televisão e no cinema. Em entrevista no #StudioMundoTOP, o galã da novela Top Model (1989) contou que hoje prefere os personagens que têm humanidade e uma pitada de comédia. Exemplo disso é o MyFriend, que interpreta em Mãos Limpas — em cartaz no Teatro Renaissance, em São Paulo. “As peças de Juca (de Oliveira) têm um ritmo vertiginoso, e Mãos Limpas não é diferente. Ela tem um tempo quase de standup, as pessoas se envolvem, dão muita risada e saem de alma lavada”, explicou. Poucos sabem, mas Taumaturgo também é artista plástico e arrisca acordes no violão — na nossa live, ele tocou uma música! Já deu para perceber que esse papo está imperdível, né? Então, corre pra assistir no IGTV da TOP Magazine! #taumaturgoferreiranatop

MARC LEVY @marclevy

Ele é o escritor da França mais lido no mundo e esteve no Brasil para lançar o livro PS de Paris, da Editora Planeta de Livros. Antes de embarcar para o Rio — onde era aguardado como a grande estrela da Bienal do Livro —, Marc foi ao #StudioMundoTOP bater um papo exclusivo. Na conversa com a jornalista convidada Monica Arouca e nossa audiência do Instagram, Marc deu dicas para novos escritores, falou de seus autores favoritos, de seu best-seller que virou o filme E Se Fosse Verdade…, produzido por Steven Spielberg e estrelado por Reese Witherspoon e Mark Ruffalo, e até um spoiler sobre seu próximo romance nos cinemas. Em relação a seus mais de 40 milhões de exemplares vendidos, afirmou: “Meu melhor livro ainda está para ser escrito”. Veja mais no IGTV da TOP Magazine. #marclevynatop


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Cultura

148

————————————————— ————————————————— topmagazine AO VIVO

topmagazine AO VIVO

ARETUZA LOVI @aretuzalovi

Um dos nomes mais expressivos da drag music no Brasil, a drag queen esteve no #StudioMundoTOP para contar sobre sua carreira, como foi a preparação para o Carnaval e projetos para 2020. “Eu sempre me vi artista, desde criança”, disse ela, que já gravou com Gloria Groove e Pabllo Vittar, e acaba de lançar o single I Love You Corote. Ainda discutiu sobre o Dia da Visibilidade Trans e falou da importância de empresas genuinamente apoiarem a luta da população T. “Quero que as marcas nos deem mais oportunidades e não nos vejam apenas como uma chance para ganhar mais dinheiro.” #aretuzalovinatop

MELANIE RIBBE @melanieribbe

A top model, DJ e produtora Melanie Ribbe mudou-se da Alemanha para a Jamaica aos 7 anos de idade. Após desfilar em passarelas do mundo todo e fotografar para campanhas de grifes poderosas como Tommy Hilfiger, DKNY, Bottega Veneta, Guess, Nike e Diesel, descobriu um novo frio na barriga: a música. Estudou na London Academy of Music Production, em 2015, estreou como DJ na Amnesia Ibiza e foi a única mulher no line up entre os 20 melhores DJs do mundo a fechar as festas da festiva cidade espanhola. Morando no Brasil há três anos, Melanie — conhecida como “Angel of Techno” — passou no #StudioMundoTOP para contar a sua história. “Em 2015, minha primeira vez no Brasil, fechei a pista da Green Valley das 6h da manhã até as 7h30. O sol estava nascendo e eu chorei de felicidade.” Quer saber mais? Assista na íntegra em nosso IGTV. #melanieribbienatop


149

————————————————— ————————————————— topmagazine

topmagazine AO VIVO

AO VIVO

MAHMUNDI @mahmundi

Com seu timbre único e estilo próprio, Mahmundi flerta com MPB, pop, música eletrônica e até mesmo indie. No #StudioMundoTOP, falou de suas expectativas para o show que aconteceu no dia 23 de janeiro, na Casa Natura Musical, em que incluiu no repertório músicas de seu último disco, Para Dias Ruins, e de seu prestigiado álbum homônimo de estreia. Cantou os sucessos Hit, Desaguar e Qual É a Sua?, e contou que está produzindo o novo álbum, ainda sem previsão de lançamento. Refletiu também sobre seu atual distanciamento das redes sociais, afirmando que “quando eu busquei um silêncio por si só, foi muito inspirador. Me ouvir, ouvir as pessoas perto de mim”. A entrevista completa está no IGTV da @topmagazine. #mahmundinatop

ROBERTA SÁ @robertasaoficial

Acompanhada de seu ukulele, a cantora Roberta Sá trouxe toda a sua leveza, a linda voz e conteúdo de primeira para o #StudioMundoTOP. Nascida em Natal (RN), foi para o Rio de Janeiro aos 9 anos e desde pequena já sentia a forte relação com a música: “Sempre foi um lugar de refúgio para mim”, conta. A cantora já esteve em turnê dedicada ao seu último álbum Giro, com canções inéditas de Gilberto Gil. “Viramos parceiros”, relembra. Com diversos projetos para 2020, Roberta adiantou que o verão seria dedicado ao samba. “Ele me chama com força arrebatadora. O samba é um lugar de muito conforto pra mim.” Veja a entrevista completa no IGTV da TOP Magazine. #robertasanatop


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Beleza

150

Revele Sua Beleza TOP SEPAROU ALGUNS PRODUTOS PARA VOCÊ CUIDAR DE SI MESMA E SE AMAR AINDA MAIS

CABELOS SEDOSOS

PROTEÇÃO CORPORAL

O shampoo e condicionador da linha Keraphix, da Nexxus, é dedicado a tratar cabelos danificados, reestabelecendo nutrientes a partir de um blend de proteínas. R$ 55 (shampoo) R$ 58 (condicionador). nexxus.com

Protetor solar Expertise Protect Gold, da L’Oréal Paris, hidrata por oito horas, tem defesa antioxidante e protege a pele contra danos da radiação solar. R$ 33. loreal-paris.com.br

MAIS CORES ILUMINAÇÃO IDEAL

A nova paleta de sombra Be Powerful, da SD Make Up, traz tons vibrantes de azul e roxo para quem gosta de ousar nas cores e brincar com as tonalidades. R$ 80. loja.sdmakeup.com.br

O bastão Iluminador All Over Glow Bronzer, da Kiss NY, tem textura cremosa, fórmula não oleosa e fácil aplicação, para dar um efeito iluminado. R$ 25. kissnewyork.com.br

OLHARES ON FLEEK PELE PERFEITA A solução Retinol Like, da Simple Organic, proporciona uma pele viçosa, saudável e iluminada. Reduz manchas causadas pela acne e auxilia na produção de colágeno natural. R$ 145. simpleorganic.com.br

HIDRATADA E PERFUMADA A loção corporal Body Yogurt Pomelo, da The Body Shop, tem textura leve e de rápida absorção para 48 horas de hidratação, além de fragrância cítrica e fresca. R$ 62. thebodyshop.com.br

ARRASE NO BLUSH O Joli Blush, da Clarins, tem tudo para atrair atenções: adapta-se a todos os tons de pele e a deixa respirar graças à sua textura fina, leve e suave. R$ 269. clarins.pt

O delineador em gel preto da Kiss NY possui textura cremosa e alta pigmentação para um traço firme e intenso. Também é bom para esfumar os olhos. R$ 30. kissnewyork.com.br


151

TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Cultura

Livros, Discos, Série e Cinema

Mundos de Uma Noite Só Livro de Renata Belmonte A obra narra a jornada de uma mulher que, após encontrar um livro antigo nas coisas de sua mãe, revisita sua própria história. Os registros convidam o leitor a passar pela trajetória de três gerações distintas. (Faria e Silva Editora)

Alanis está de volta!

The Undoing

Com novo álbum e turnê

A história traz a vida de Grace Fraser, uma terapeuta de sucesso que está prestes a publicar o seu primeiro livro e tem uma vida aparentemente perfeita, com marido dedicado e filho numa escola de elite de Nova York. Mas tudo começa a desabar quando ela se depara com uma série de revelações terríveis, um cônjuge desaparecido e uma morte violenta. Estrelada por Nicole Kidman, Hugh Grant e Donald Sutherland, The Undoing tem estreia prevista para maio, na HBO. hbo.com/the-undoing

Oito anos após seu último álbum de estúdio, Such Pretty Forks on the Road é o projeto da cantora Alanis Morissette previsto para lançar em maio. O disco chega com uma turnê pela América do Norte, aproveitando os 25 anos do icônico Jagged Little Pill.

Série dramática é a novidade da HBO

David Lynch

Black Widow

Autobiografia e memórias

Do Universo Cinematográfico da Marvel

Escrito pelo próprio cineasta e a jornalista Kristine McKenna, Espaço para Sonhar faz um mergulho na vida pessoal e criativa do artista estadunidense. Conhecido internacionalmente por seus filmes surrealistas, David Lynch já recebeu quatro indicações ao Oscar e, em 2019, foi homenageado com um Oscar Honorário pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, por seus trabalhos na indústria. Mesclando depoimentos de familiares, amigos e a perspectiva do próprio diretor, a autobiografia traz imagens inéditas de seu arquivo pessoal, com registros de bastidores de set de filmagens e orientação de atores. (Editora BestSeller)

Estrelado por Scarlett Johansson, o longa se passa entre os eventos de Capitão América: Guerra Civil e Vingadores: Guerra Infinita. A heroína irá confrontar antigos relacionamentos e as partes mais sombrias de seu passado. Viúva Negra chega aos cinemas no dia 1º de maio.

Zélia Duncan e Ana Costa Projeto das estrelas da MPB Eu Sou Mulher, Eu Sou Feliz é o álbum em conjunto lançado pelas prestigiadas cantoras. O disco reúne 16 faixas, nas vozes de um elenco heterogêneo e inteiramente feminino como Elba Ramalho, Daniela Mercury, Cida Moreira e outras.


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Moda

152

Feita em tweed, a bolsa cor-de-rosa candy com fios metalizados da Isla traz uma reinvenção para a clutch com a alça de mão em pérolas. R$ 999 islaoficial.com.br

A Montblanc Great Characters Limited Edition Walt Disney, presta uma homenagem a Walt Disney com peças artesanais de ouro maciço Au 585. US$ 730. montblanc.com

Novidades Se tem uma peça que chegou para ficar é o macacão. Nossa dica? O modelo Versace Jeans Couture tem gola colarinho com botões, mangas longas e detalhes franzidos. R$ 5.609. versace.com

EDIÇÕES LIMITADAS, ITENS LUXUOSOS OU PEÇAS FASHIONISTAS, NADA PASSA IMPUNE NO RADAR DA TOP. ENJOY!

A carteira verde 100% couro de bezerro é o destaque da Dolce & Gabbana entre tantos modelos da luxuosa marca. Preço sob consulta. dolcegabbana.com


153

A gargantilha Brumani da coleção Baobá é um luxo! Feita em ouro amarelo 18k, com diamante, água-marinha, rubi e turmalina rosa, é digna de red carpet. R$ 15.288 brumani.com

Chamado de “perfeito”, o secador da GA.MA Italy é inovador. Na versão 110V tem design minimalista e seca 30% mais rápido que os atuais secadores do mercado. R$ 1.999,90 gamaitaly.com.br

Quer uma boa dica de estilo? Aposte no nécessaire Ophidia GG Flora da Gucci, feito em 100% couro e decorado com os icônicos símbolos da marca. Daqueles tem que ter! R$ 1.800. gucci.com

O clássico cinto da Gucci é item obrigatório no closet. Made in Italy, de couro preto e fivela, é inspirado em design da década 1970. R$ 1.780 farfetch.com

O biquíni off-white da Patbo é a cara do nosso clima tropical, com argola de madrepérola, alça de babados e entremeio de crochê. R$ 390 patbo.com.br

Com estampa de pele de cobra e salto alto esculpido de 12 cm, a sandália peep toe Freedom da Fendi é a nova must-have entre as fashionistas. R$ 9.850 farfetch.com


Por Trás Desta Edição

TOP MAGAZINE EDIÇÃO 248 / 2020

Backstage

154

2

1

4

7

8

11

12

13

15

16

17

3

5

6

9

10

14

18

1. Com uma equipe megaenxuta, nossa equipe fotografa Luiza Possi em sua casa; 2. Maestro João Carlos Martins posa para Gustavo Lacerda; 3. a estrela Emily Blunt posa com Melissa Lenz, após entrevista exclusiva no Four Seasons, em Nova York ; 4. Miro, Rosana Pereira e Claudio Mello em momento de descontração na redação; 5. Dianine Nunes, Tiago Francisco, Eliseu Santana, Gustavo Lacerda e Calu Franco; 6. Diego Amaral e Simone Blanes tietam Any Gabrielly no Studio Mundo TOP; 7. na garagem de Rafael Espindola; 8. Dianine, Stephanie Kopenhagen e Eliseu Santana em dia de foto; 9. Vivian Monicci e Taumaturgo Ferreira, no Studio Mundo TOP; 10. mais um clique do maestro João Carlos Martins; 11. Pitty e Melissa Lenz, após entrevista que você também assiste em nosso YouTube; 12. Claudio Mello exibe sua escultura do Steel Head Design; 13. Um spoiler do ensaio de capa desta edição na câmera de Pupin&Deleu; 14. Mahmundi e Gabriela Del Carmen no Studio Mundo TOP; 15. Claudio Mello e a modelo e DJ Melanie Ribbe; 16. mais bastidores do ensaio da capa; 17. Dianine e Rafael Espindola; 18. a bailarina Natacha Horana em ensaio sexy com o fotógrafo Luca Pucci




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.