TOP Magazine Edição 250

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Adriane Galisteu

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NOVO JAGUAR I-PACE

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O primeiro SUV 100% elétrico da Jaguar acaba de chegar ao Brasil. E além de oferecer total tranquilidade com cinco anos de manutenção básica e Assistência 24h inclusos no preço1, também garante o que nenhum outro carro tem: os prêmios de “Carro do Ano”, “Design do Ano” e “Carro Verde do Ano” obtidos no World Car Awards de 2019. Com 400 cv, torque instantâneo, 470 km de autonomia2 e aceleração de 0 a 100 km/h em 4,8 segundos, o Novo Jaguar I-PACE é tudo aquilo que você esperava do futuro. Visite uma de nossas concessionárias e venha conhecê-lo o quanto antes.

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Jaguar Care é para o JAGUAR I-PACE EV 400 SE Modelo 2020. O plano Jaguar Care inclui os seguintes itens de revisão básica: filtro de ar da cabine, fluído limpador do para-brisa, fluido de freio, tubo flexível dos freios dianteiros e traseiros (esquerdo e direito) e mão de obra para estes itens. Pacote válido para até 3 (três) revisões básicas


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pelo período de 6 (seis) anos ou 105.000 km, o que ocorrer primeiro. As revisões devem ocorrer em intervalos de 24 (vinte e quatro) meses ou 34.000 km, o que ocorrer primeiro. O descumprimento ao plano de manutenção do veículo cancela o plano. 2Dados obtidos durante testes no ciclo WLTP.



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Sumário 14

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PESSOAS

Sumário 38

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Guillaume Néry

Adriane Galisteu

Bicampeão mundial de apneia, o francês conta como mudou seu estilo de vida para se tornar embaixador dos oceanos. Por Marcelo Skaf

Nossa capa do mês em uma entrevista exclusiva, com depoimento de Alexandre Iódice e fotos de Vinicius Mochizuki. Por Melissa Lenz

LIFESTYLE

68

76 Ana explica

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Bikes

Saiba como Alfredo Soares se tornou uma das grandes autoridades em vendas e e-commerce no Brasil. Por Renata Zanoni

A trajetória de Ana Laura Magalhães que se transformou em uma referência de conteúdo no mercado financeiro. Por Rodrigo Grilo

O chef Gustavo Pereira largou a carreira publicitária para comandar sua butique de experiências gastronômicas. Vem saber. Por Melissa Lenz

Seis mil anos separam a invenção da roda dos protótipos da bicicleta. Hoje, velocidade e alta tecnologia estão equilibradas em duas rodas. Por Feco Hamburger

BELEZA

Sem gênero

MODA

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Atleta dos negócios

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CULTURA

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Seleção de cosméticos incríveis que não podem faltar na sua prateleira

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Mundo TOP

Trend

Uma seleção de tudo o que está na moda entre decoração, cinema, música eletrônica, bolsas, sapatos, e muito mais

Aqueles ítens que se tornaram objetos de desejo indispensáveis na quarentena

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TOP Five

Para ler, assistir e ouvir

Cine Drive-In, Casa Natura Musical, Tomie Ohtake, Museo Salvatore Ferragamo e Pinacoteca de São Paulo

A Arte da Quarentena para Principiantes, Hábitos Atômicos, o próximo filme de Millie Bobby Brown, os novos singles de Elza Soares e mais




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Colaboradores

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Quem Fez Vinicius Mochizuki

Feco Hamburger Ele costuma trabalhar com a imagem fotográfica na criação de campos de experiência, em obras bidimensionais, tridimensionais e instalativas. Possui obras no acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo, na Coleção Itaú de Fotografia Brasileira e na coleção de fotografia da Biblioteca Nacional da França. Autor do livro O Falcão Peregrino, nesta edição compartilha seu fascínio por bicicletas na matériaensaio “Equilíbrio e movimento”.

Fotógrafo nascido em Ubiratã, no interior do Paraná, ele cresceu na cidade de Maringá. Hoje, Vinicius mora no Rio de Janeiro, onde é muito disputado para produzir ensaios para revistas de moda, beleza e books de celebridades. Aceitou nosso desafio de clicar (remotamente) Adriane Galisteu para nossa capa

Marcelo Skaf Autor do livro Pelos Mares do Mundo, o oceanógrafo, consultor ambiental e fotógrafo subaquático foi nosso repórter especial na entrevista com o bicampeão mundial de apneia Guillaume Néry

Rodrigo Grilo O jornalista, biógrafo e documentarista é o autor do perfil de Ana Laura Magalhães

Renata Zanoni Renata Zanoni é jornalista e trabalha na área de turismo de luxo e lifestyle há 12 anos. Já viajou para mais de 70 países e viveu experiências inesquecíveis em cada um deles. Ama Londres, seu filho Rafael, um bom papo e uma novela. Nesta edição, assina o perfil do empreendedor Alfredo Soares.


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Publisher Claudio Mello Secretária Executiva Carolina Kawamura TOP Magazine | Studio Mundo TOP Diretora de Conteúdo: Melissa Lenz Diretora de Arte: Rosana Pereira Assistente de Produção e de Mídias Digitais: Diego Almeida Projeto Gráfico Marcus Sulzbacher Lilia Quinaud Paulo Altieri Fabiana Falcão Colaboradores Texto Feco Hamburger, Marcelo Skaf, Renata Zanoni, Roberto Marks, Rodrigo Grilo Foto Feco Hamburger, Vinicius Mochizuki Produção Elton Menezes (Piny Montoro Assessoria) Tratamento de Imagens Fujocka Creative Images, JC Silva Editora Todas as Culturas Diretores de Criação: Lucas Buléd e Ricardo Polinesio Gerência Financeira: Thiago Alves e Cezar R. Cruz Gerência de Relacionamento: Carolina Alves Produção Executiva: Camila Battistetti RP & Interface de Atendimento: Dianine Nunes Analista Financeira: Regiane Sampaio Assessoria Jurídica: Bitelli Advogados Pré-Impressão: Editora Gráfica Nywgraf Distribuição: Dinap S.A. Top Magazine é uma publicação da Editora Todas As Culturas Ltda. Rua Pedroso Alvarenga, 691 - 14º Andar - Itaim Bibi - Cep 04531-011 - São Paulo/SP Tel.: (11) 3074 7979 As matérias assinadas não expressam necessariamente a opinião da revista. A revista não se responsabiliza pelos preços informados, que podem sofrer alteração, nem pela disponibilidade dos produtos anunciados. /topmagazineonline

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JUSTIN BIEBER

JUSTIN BIEBER

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Moda

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Mundo Top UMA SELEÇÃO DE TUDO O QUE ESTÁ NA MODA ENTRE DECORAÇÃO / CINEMA / DJS decoração

Sustentabilidade decorativa Empresa cria peças de design e reaproveita cápsulas de café Fazer diferente, para fazer a diferença. Certamente esse foi um dos pensamentos que passaram pela cabeça de Marco Antonio Cançado, Ana Sangalo e Muna Hammad antes de darem corpo ao projeto Que Suculenta!. E, como definido por eles, assim fez-se a tríade de sucesso: um designer mais do que talentoso, uma advogada que adora plantas e uma investidora com muita expertise em pessoas e estratégias de mercado. Tudo começou com Marco, o designer por trás das peças, que sempre teve a preservação do meio ambiente e o reaproveitamento de materiais – evitando o desperdício e o acúmulo de lixo – presentes em sua vida. Pensando nisso, ele resolveu criar suportes com desenho único para reaproveitar cápsulas de café usadas. Primeiro, começou os testes plantando feijão e outras pequenas plantas nas cápsulas e, como foi dando certo, partiu para o desafio de tornar esse material um vaso. A ideia sempre foi ter um produto estiloso e simples, sem uso de parafusos, cola, soldas. E o acrílico se tornou o material ideal, já que é impermeável, não sofreria avarias nas regas e tornaria possível encaixar apenas com pressão para montar as peças. A primeira linha que surgiu foi a Tabletop usada na mesa. Depois vieram as versões Wall para paredes ou superfícies, e a Magnet com ímãs para ser usada em geladeiras ou outras bases. Atualmente, a empresa está em fase de lançamento dos suportes vendidos com suculentas ou cactos com vendas online para entregas na Grande São Paulo. Mas, em breve, pretendem expandir para outras cidades e estados. “Estamos abertos a parcerias para disponibilizarmos os produtos em lojas físicas, avisa Marco. Informações pelo site quesuculenta.com.br.


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/ ACESSÓRIOS / BEBIDAS E MAIS


Mundo Top

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Moda

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cinema

Quarentena produtiva Autoconhecimento e comunidades alternativas inspiram trabalho de cineasta durante a pandemia Com mais de 20 curtas e longas-metragens no portfólio, além de participações em novelas e séries da Rede Globo, o ator e cineasta Bernardo Barreto deixou sua casa em Nova York para passar o confinamento no Brasil. “Sentimos na pele como a quarentena mexe com nosso equilíbrio e responsabilidade social. Se fizermos essa viagem pra dentro, podemos atravessar essa fase com mais positividade, foco e energia”, diz ele, que tem aproveitado o período para finalizar seus próximos roteiros. Um deles é Free Spirit, previsto para 2021: “A história fala sobre amor, ódio, liberdade e preconceito. Reflete sobre a destruição ocasionada pela não aceitação”, conta. Adepto de práticas de práticas de autoconhecimento, como a bioenergética, meditação e o yoga, Bernardo tem transitado entre comunidades alternativas, como a Osho Rachana, no Sul do Brasil, e Humaniversity, no norte da Holanda. A temática aparece em seu filme O Buscador, que ganhou o prêmio Especial do Júri de Tallinn Black Nights Film Festival (Estônia) e tem previsão de estreia este ano. “Em 2019 eu já morava em NY quando o Brasil estava completamente dividido entre esquerda e direita. Eu estava muito voltado para a meditação e comecei a escrever o roteiro deste filme mostrando com muito amor o quanto somos corrompidos desde a infância, dentro de casa”, conta. Sobre essa temporada no Rio de Janeiro: “Fiquei nômade trabalhando remotamente, escrevi dois roteiros e ainda tem a pós-produção de Invisible [filme protagonizado por ele e dirigido por Heitor Dhalia], acontecendo à distância. Isso tudo tem me feito repensar meu estilo de vida”, finaliza.


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sapatos

Alta costura para os pés Adriana Farina cria sandálias-desejo enfeitadas a mão com miçangas japonesas e ouro 24k “Excelência, feminilidade e exclusividade” são as três características usadas por Adriana Farina para definir suas luxuosas criações (veja na seção Trend). Com 14 modelos lançados em dezembro do ano passado, as sandálias são produzidas artesanalmente a partir de miçangas japonesas, que podem ainda ser banhadas a ouro 24k. “Têm um alto valor agregado. Os enfeites são produzidos em um minucioso e demorado processo a partir de matérias primas de qualidade e de alto valor. Por essa razão, as tiragens são limitadas o que acaba fortalecendo a proposta de exclusividade da marca”, conta. Cada par leva até dois dias para ficar pronto e pode chegar a custar 1700 reais. “A intenção é que a mulher, ao vestir uma sandália Adriana Farina, sinta aflorar toda a sua elegância, sensualidade e feminilidade”, aponta a designer. Confira entrevista exclusiva em topmagazine.com.br.

DJs

Elas que lutem Coletivo de música eletrônica organizado por mulheres Com o intuito de sacudir o mercado de festas, que ainda trabalha com line-ups majoritariamente masculinos, surgiu o coletivo de música eletrônica organizado por mulheres Elas Que Lutem. Idealizado pelas DJs Bruna Ferreira e Livia Lanzoni (foto), da dupla From House To Disco, em parceria com Gabriela Bahia e Francesca Sardi, o projeto atua como uma curadoria de artistas da cena eletrônica para dar espaço a talentos femininos e à causa LGBTQIA+. “Nosso carinho vai além de sermos um casal lésbico. Vimos que as mesmas situações não se restringiam apenas às mulheres cis, mas também às trans e drags. Por isso, o olhar para o feminino também abraça a causa, estendendo relevância e trazendo para o line-up todas que se identificam como mulheres”, ressalta Bruna. Além da festa homônima, o Elas Que Lutem tem atuado em projetos sociais durante a pandemia. Confira a entrevista completa no site topmagazine.com.br.


Mundo Top

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Moda

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moda

Moderna e versátil Nova bolsa da Salvatore Ferragamo traz jovialidade à marca Uma bolsa clássica faz bem a qualquer armário. Mas se tiver um toque sutil de modernidade, melhor ainda. Assim é o lançamento da Salvatore Ferragamo, a bolsa Viva Bow, da família Viva. Esse modelo contou com atualizações do antetior lançado no ano passado, além de linhas mais atemporais. A bolsa nasce do sucesso do sapato da mesma linha, que foi lançado em 2019 e assinado pelo diretor criativo Paul Andrew, que também assina o desenho do novo acessório. Sua ideia foi refletir a linhagem estética da casa, fazendo referência ao clássico Vara, que foi criado por Fiamma Ferragamo e lançado em 1979. “A bolsa Viva Bow é a mais recente integrante de uma nova geração do design da Ferragamo, que transmite o histórico de inovação de

nossa casa. O laço é um motivo que liga a Ferragamo com seu passado, contextualiza o seu presente e oferece infinitas oportunidades a serem exploradas no futuro”, comenta Paul. Ela traz o laço de gorgorão dando um toque de modernidade. Este laço é feito em couro nappa bem macio, com um fecho em acabamento de laca colorido e marca a posição do fecho magnético. Além de uma alça de couro removível com a cor combinada e uma corrente de metal pintada, o que possibilita que seja usada no ombro, cruzada, na mão ou como uma clutch. Está disponível em dois tamanhos e possui dois compartimentos espaçosos na parte interna. Mais infos: ferragamo.com


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bebidas

Shot invernal Jack Fire é o uísque sugerido par a nova estação

Jack Daniel’s Tennessee Fire, integrante da família do uísque americano mais vendido no mundo, é o destaque da marca para a temporada de inverno. O rótulo traz uma combinação perfeita entre a suavidade do tradicional Old Nº7 com o final intenso do sabor da canela. “Pela intensidade da canela, aproveitamos este período com temperaturas mais amenas para destacar a comunicação da bebida”, diz Mariana Visconde, gerente responsável pela categoria de saborizados da marca no Brasil. De acordo com ela, a aceitação tem sido boa entre

o público brasileiro. “O mercado de uísque tem passado por uma transformação, os consumidores estão mais abertos a novas experiências, assim como aos drinks e outras formas de consumo. Além disso, as opções saborizadas trazem novos consumidores para a marca”, complementa. O melhor modo de apreciar a bebida é em shots gelados, e claro, com moderação. O preço sugerido para o Jack Daniel’s Tennessee Fire de 1 litro é de R$ 145. Veja mais em topmagazine.com.br.

reflexão

Psicanálise fora da caixa Christian Dunker investiga as formas de amor em novo livro lançado pela Ubu Editora

www.commns.wikimedia.org

Com mais de 26 anos de experiência trabalhando com clínica e reflexão, Christian Dunker é uma sumidade no assunto e tenta desmistificar os conceitos da Psicanálise para que seja de entendimento de pessoas comuns. Com isso traz em seu livro Reinvenção da Intimidade – Políticas do Sofrimento Cotidiano, uma investigação sobre as formas de amor, sobre suas interveniências políticas, sobre a possibilidade de ficar junto e separado. Esse é o pano de fundo para um cuidadoso trabalho de reflexão psicanalítica sobre a experiência de sofrimento própria da vida contemporânea. Entre os diversos temas abordados, ele também mostra a maneira como nossos sintomas psíquicos se relacionam com processos de individualização da vida contemporânea. R$ 60. Infos: ubueditora.com.br.




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Cultura

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Top Five UMA SELEÇÃO COM AS OPÇÕES CULTURAIS PARA VOCÊ CURTIR DO CONFORTO DE SUA CASA!

CINE DRIVE-IN A chegada do novo coronavírus obrigou todo o mundo a se reinventar. Com isso, novos espaços de diversão têm surgido no país, um deles é o Arena Estaiada Drive-In, em São Paulo. Projetado pelos sócios Bob Dannerberg, Fernando Ximenes e Thiago Armentano e idealizado junto à Visualfarm, a estrutura foi montada no complexo Parque Estaiada, no bairro do Morumbi, com capacidade para até 100 carros por sessão. Com uma super tela de 16 metros, o espaço prevê seis dias de exibições por semana de filmes clássicos ou da atualidade com áudio transmitido dentro do veículo, em uma estação de rádio FM. “Queremos oferecer entretenimento e diversão à altura de São Paulo, promover formatos moduláveis para ações com marcas, e preparar espaços para que as agências possam desenvolver ativações criativas e estratégicas”, destaca Bob. Além disso, 5% de cada ingresso vendido será destinado à instituição Fome de Música. Os ingressos custam R$100 por carro e as exibições são recomendadas para o público a partir de 18 anos. Confira a programação em arenaestaiada.com.


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Cultura

Top Five

TOMIE OHTAKE VIRTUAL Quando tudo parece tão urgente, e é tão inquietante e dolorido, quais as histórias que realmente precisamos contar? Foi a partir dessa reflexão que o curador Paulo Miyada desenvolveu o projeto da exposição-processo Aglomeração Antonio Henrique Amaral, em parceria com o acervo do artista. O material está disponível nas plataformas digitais para depois ocupar uma sala da instituição quando reabrir. institutotomieohtake.org.br.


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BOA MÚSICA, SEMPRE! A Casa Natura Musical já era um sucesso entre o público que aprecia boa música. Diante da impossibilidade de contato físico, lançaram o projeto Afetos, que permite um ato de troca através da tecnologia. Um dos shows mais esperados acontece no dia 23 de julho, com o encontro das cantoras Margareth Menezes (acima) e Larissa Luz (ao lado), que juntas interpretarão a canção Bonecas Pretas, que faz uma crítica à representatividade negra em brinquedos. Muito suingue e simpatia pode ser esperado. Além disso, uma extensa programação pode ser apreciada também no mês de agosto. No domingo dia 08 você pode curtir um show de João Suplicy com participação especial de Eduardo Suplicy em comemoração ao Dia dos Pais. Beto Lemos apresenta seu som no dia 22, entre muitos outros nomes. As lives musicais acontecem todas as quintas-feiras, às 19h no Instagram @casanaturamusical. casanaturamusical.com.br


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Cultura

Top Five

MUNDO FERRAGAMO Não é de hoje que as grifes de luxo trazem inovações. Neste momento, não poderia ser diferente. Pensando nisso, a grife italiana Salvatore Ferragamo apresentou duas boas novas: A primeira, lançada agora em julho, é uma visita virtual às lojas da marca. Chamada de Augmented Store 360, a experiência permite que os admiradores naveguem pelas coleções, interajam com os produtos para ver seus detalhes e até encomendá-los online. A outra novidade é a exposição Sustainable Thinking, no Museu Salvatore Ferragamo, em Florença. Disponível até 16 de janeiro de 2021, o público poderá desfrutar de uma mostra repleta de obras de artistas e criativos e de materiais sustentáveis. ferragamo.com


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#PINADECASA Desde o início da pandemia, a Pinacoteca de São Paulo suspendeu as atividades presenciais e vem lançando alternativas para quem está em casa. Uma delas é o Tour Virtual 3D, que pode ser feito pelo site do museu e pela plataforma Google Arts and Culture. Outras opções são o espetáculo PinaCanção – Uma História Cantada Entre Pinturas e o #pinadecasa: acústico que reúne artes visuais e música criado em colaboração de artistas, curadoras, curadores, jornalistas, dirigentes de instituições culturais e apreciadores de arte. Até o dia 3 de agosto, é possível ainda conferir a primeira exposição de vídeos e filmes da instituição pensada especialmente para os meios digitais. pinacoteca.org.br




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Profissão: Guillaume Néry COM UMA ÚNICA RESPIRAÇÃO ELE PODE MERGULHAR A 126 METROS DE PROFUNDIDADE. BICAMPEÃO MUNDIAL DE APNEIA – E ESTRELA DE FILMES CAPAZES DE TIRAR ATÉ O FÔLEGO DE QUEM ESTÁ NA SUPERFÍCIE –, O FRANCÊS CONTA COMO MUDOU SEU ESTILO DE VIDA PARA SE TORNAR UM GUARDIÃO DO OCEANO – E TER ATÉ UM RELÓGIO DE MERGULHO EM SUA HOMENAGEM


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Por Marcelo Skaf Edição Melissa Lenz Fotos Divulgação

“Estou bem, voltando a mergulhar depois dessa enorme crise. Agora que estou na água quase todos os dias, sinto-me muito mais feliz do que há duas semanas”, suspirou aliviado o francês Guillaume Néry, nessa entrevista exclusiva a TOP Magazine. Bicampeão mundial de apneia, campeão mundial francês de mergulho livre, ele detém quatro recordes mundiais na modalidade de peso constante. Com uma única respiração, pode chegar a 126 metros abaixo da superfície da água. Suas experiências subquáticas já renderam filmes de tirar o fôlego, como Ocean Gravity (2014) e One Breath Around The World, lançado no ano passado. Nos curtas assinados pela cineasta, esposa e também atleta de apneia Julie Gautier, Néry parece correr em gravidade zero no fundo do mar, além de transitar por vários oceanos na eventual e companhia fascinante de tubarões e baleias cachalotes. Também é ele o galã submerso do videoclipe Runnin’ (Lose It All), interpretado por Beyoncé, Naughty Boy e Arrow Benjamin. A grife italiana Panerai chegou a lançar um relógio de mergulho profissional inspirado no em Guillaume, Panerai Submersible Chrono – Guillaume Néry Edition 47 mm. Resistente à água até uma profundidade de 300 metros (30 bares), a peça vem equipada com um bisel rotativo unidirecional que indica com precisão o tempo de imersão. Ao fundo, encontra-se gravada a assinatura do campeão e a profundidade de um de seus recordes: 126 metros, em apneia. A cor é cinza tubarão. Confira nosso encontro com o embaixador dos mares (e da Panerai), que aconteceu em junho, via Zoom: O que você sente ao dar a primeira inspiração de ar na superfície, quando volta de um mergulho? Todas as vezes que volto à superfície, me sinto ótimo porque sou humano e não um peixe e, portanto, preciso respirar. Mesmo que o mergulho tenha sido fácil e eu não tenha experienciado essa necessidade, sempre fico feliz ao voltar, já que sei que a respiração é imprescindível e meu tempo embaixo d’água é limitado.

5 min

Se pudesse escolher não ter que voltar à superfície para respirar, viveria sua vida submerso? Não, porque sou muito feliz. E acredito que tenho dois caminhos: ao mesmo tempo que sou um humano aquático que ama estar no oceano e mergulhar, a parte principal da minha vida acontece em terra, onde também me sinto muito bem. Talvez não em lugares urbanos, mas adoro estar em locais montanhosos, florestas e também gosto de interagir com os humanos. Gosto muito desta ideia de ter dois ambientes diferentes. Seus recordes são impressionantes, com 126 metros de profundidade e 7 minutos sem respirar. A sensação de liberdade e harmonia quando está submerso e praticamente sem equipamentos são mais importantes do que números? Na verdade, são duas coisas muito distintas. Para mim, os números são um tipo de jogo, um desafio que me faz trabalhar duro para cada vez mais melhorar minha adaptabilidade na água. Tenho conseguido bastante por conta de meus treinos e, talvez, isso me possibilite a aproveitar melhor os mergulhos mais fáceis e mais próximos da superfície. Para mim, não há como julgar que uma modalidade seja melhor que a outra, as duas são interessantes de alguma forma. E tudo junto é o jeito que vivo minha vida. Como você definiria sua preparação mental para mergulho livre? Você não sente medo? Sempre me perguntam sobre a preparação mental, mas nunca tive uma, de verdade. Minha preparação consiste em estar adaptado ao ambiente aquático e, enquanto eu estiver na água, criar uma relação com ela. Quando estou mergulhando, não me importo se o mundo esteja acabando, eu me torno parte desse outro mundo que se torna familiar. Porém, às vezes tenho medo, e isso é bom, já que você precisa estar atento e o medo te ajuda a continuar vivo. Por este motivo, não luto contra ele, acredito que seja normal quando você está se adaptando. A única coisa que tento controlar são as emoções e o medo através


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“A única coisa que tento controlar [debaixo d’água] são as emoções e o medo através da respiração. Tento alcançar um estado mental de paz”


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“Se desejo ser uma voz que fale cada vez mais alto pelos oceanos, preciso ser um exemplo. Eu mudei muitas coisas no meu modo de vida”


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da respiração. Tento alcançar um estado mental de paz. Você tem que criar uma determinada relação com a água para que se sinta confortável, precisa sentir como se ela fosse outra casa para você e só assim, o medo se torna algo imaginário. Como foi a preparação de One Breath Around the World [curta-metragem dirigido e estrelado por ele e filmado também em apneia pela mergulhadora e esposa Julie Gautier] em termos de entrosamento para os planos ficarem tão fluidos, em especial com as Cachalotes? Quais foram os maiores desafios? Eu tive essa ideia há muitos anos. Era uma espécie de sonho meu poder combinar nossos trabalhos. A ideia original veio em 2014, quando percebi que queria contar a história de um homem em uma jornada aquática. Sempre fui fascinado por aventuras de pessoas atravessando países e lugares em que pudessem experienciar coisas novas. E, pensei: por que não contar a história de um homem que vive uma longa jornada na água? Mas porque com uma respiração você é limitado e não pode ir longe, tentei contar um conto de fadas na água, mostrando diferentes aspectos de estar submerso. Queria mostrar os animais, as pessoas, como é mergulhar no gelo, na água fresca; mostrar cavernas, mar aberto, o mar Mediterrâneo, águas tropicais, tudo em um filme só. Um dos principais desafios foi selecionar os locais, porque eu poderia ter feito um filme em 50 lugares diferentes, mas seria muito longo e difícil de organizar e de pensar em todas as transições desde o início. É tudo muito fluido. Este foi o principal desafio, conectar todos os diferentes lugares e criar a ilusão de que é tudo uma odisseia só, em uma única respiração. Isso que fez o filme ser mágico. O One World nos remete a um único oceano. Sem a divisão de um documentário clássico, ele é fluido e não estabelece fronteiras. Qual a mensagem que você gostaria que as pessoas levassem do filme? A principal é que o oceano, o mundo debaixo d’água, é repleto de beleza. Eu queria que as pessoas compreendessem

que tudo está conectado. Todos estamos ligados ao oceano, ao mar, à água. A mensagem no fim do filme, quando saio da água em uma praia cheia de pessoas é para mostrar a maravilha, a magia que o mundo aquático tem, às vezes, na frente dos olhos das pessoas e elas não enxergam. Tem horas que estamos em lugares que nem imaginamos a mágica que está tão perto de nós. Eu quis terminar o filme saindo na praia para simbolizar minha volta à vida normal. Para mostrar que as pessoas precisam simplesmente pular na água. Quando mergulho com baleias, especialmente com as Cachalotes, sinto uma troca com elas. Qual foi o seu sentimento com elas durante o filme? Foi um dos momentos mais mágicos da minha experiência com vida selvagem. Elas são mamíferas, por isso são muito inteligentes e conseguem entender que nós somos humanos e que também somos mamíferos. Você consegue ver pela maneira que elas se olham que tem algo diferente acontecendo. Algumas vezes, elas estão indo de um lugar a outro, olham para você mas não ligam, porque têm outro objetivo. A ideia é ser aceitado por elas, não dá para forçar a relação, você não pode obrigálas. É decisão delas se aquele é um bom momento ou não. É uma ótima lição para a vida, porque é necessário ser paciente, você deve esperar, esquecer seu ego. Aceitar que elas são as coisas mais importantes no momento. Quando você aceita isso, é extraordinário. Quando passei duas horas com elas na água, quando nadei ao redor delas, foram momentos muito especiais porque me senti aceito e, por algum tempo, tornei-me parte daquele grupo que abriu os braços para mim. O filme The Big Blue (Luc Besson, 1988) teve alguma influência sobre suas decisões profissionais e pessoais? Quando ele saiu nos cinemas, eu era muito novo, tinha apenas seis anos de idade. Não comecei a praticar o mergulho livre por causa do filme. Mas acredito que a razão pela qual o mergulho livre se tornou tão popular foi, principalmente, devido a


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ele. Como mergulhadores, somos muito abertos e sabemos que Big Blue teve um papel muito grande no desenvolvimento da modalidade. Quanto que o filme mostra a realidade da competição de mergulho livre? Não é exatamente a mesma coisa. É engraçado porque quando ele estreou, mergulho livre não era considerado competição. É como se o diretor tivesse inventado o conceito da competição. Quando aconteceu pela primeira vez, acho que foi inspirado nele. Depois de tantos anos mergulhando, o oceano ainda te surpreende? Claro, é sempre cheio de surpresas! E tenho muita sorte de às vezes poder viajar e observar diferentes lugares. O oceano está em constante movimento, você nunca está mergulhando na mesma água, as estações mudam, diferentes animais migram dependendo da época do ano. É fascinante! Quais suas percepções sobre a mudança nos oceanos e o branqueamento dos corais? Mudou muito, podemos notar que a cada vez mais o oceano está sofrendo. Anos após anos é possível ver o branquemento dos corais, que é um sinal de sofrimento. Estou um pouco preocupado a respeito disso, porque os corais são criaturas importantes no oceano, se eles morrem, ocasiona a morte de um ecossistema inteiro. Isso está se tornando um problema enorme. Outro problema é a pesca excessiva, há menos peixes nos oceanos e cada vez mais tráfico. Acredito que o maior problema seja os humanos matando vidas, no oceano, na terra, em todos os lugares, as florestas, os insetos, os passarinhos, os peixes. Todas as formas de vida estão sobre ameaça por causa de nossa espécie. É terrível porque se todas desaparecessem e só sobrassem os humanos, não duraríamos muito e seria o final da humanidade. Mas seria uma coisa boa para os outros tipos de vida. O desastre seria somente para nós, mas talvez não para outras espécies, por causa do nosso comportamento.

Se você tivesse a oportunidade de convencer políticos acerca disto, que argumentos usaria? Eu diria que a primeira coisa a ser feita, é a criação de reservas marinhas para fazer com que o oceano respire novamente, para fazer pensar na maneira que estamos matando. Precisamos criar quantas forem possíveis e também mudar o sistema de pesca excessiva. Vejo que em muitos lugares que existem reservas marinhas, a vida do oceano volta rapidamente. Mesmo assim, precisamos deixar lugares para que ele consiga respirar e se recuperar. Atualmente, há somente duas reservas marinhas muito pequenas, é terrível, precisamos aumentar a quantidade de território sem humanos e fazer com que a vida volte. Como oceanógrafo aqui no Brasil, uso a fotografia como ferramenta para conservação dos oceanos. Você como pessoa pública, acredita que seu trabalho também ajude a conservá-los? Esse é um dos meus principais objetivos atualmente. No início, quando comecei a produzir filmes, eles não tinham nenhum propósito. Hoje, estou cada vez mais convencido de que eles ajudam a espalhar a mensagem. Isso se tornou um dos meus principais alvos, não somente em filmes, mas também na escrita, na fotografia, em qualquer tipo de arte com o intuito de conscientizar e de levar amor do oceano às pessoas. Também acredito que se desejo ser uma voz que fale cada vez mais alto pelo oceano, preciso ser um exemplo. Mudei muitas coisas no meu modo de vida. Parei de comer peixe produzido industrialmente, só ingiro quando estou em lugares como a Polinésia, onde faz parte da cultura dos pescadores locais. Sou vegetariano no restante do tempo. Reduzi a quantidade de minhas viagens. Antes só viajava de avião, hoje quando o faço, é porque tem um propósito, não viajo por viajar. Quando estou na França, uso o trem. Mudei minha maneira de pensar ao comprar algo, sempre reflito se preciso mesmo da coisa e, se sim, eu compro, e se não, penso se há outras maneiras de tê-la e se minha vida será melhor se eu comprá-la. Acho que usamos muito do planeta, produzimos muito


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“Mudei minha maneira de pensar ao comprar algo, sempre reflito se preciso mesmo da coisa e, se sim, eu compro, e se não, penso se há outras maneiras de têla e se minha vida será melhor se eu comprá-la”


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“Me agrada o espírito da Panerai que faz peças que duram a vida toda e podem até ser passadas a filhos. É um tipo de arte. Sou feliz em ter uma parceria com eles”


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lixo, usamos muito plástico, consumimos demais e isso está matando a Terra e o oceano. Por este motivo, atualmente, posso falar sobre conservação dos oceanos, já que mudei minha vida.

visão. Decidimos trabalhar juntos ainda mais porque a Panerai é uma empresa italiana e ficava muito próxima de onde eu morava. Descobrimos que tínhamos o mesmo DNA e decidimos trabalhar juntos.

Nós só conservamos aquilo que nos amamos. Como levar as crianças pro mar? Este é exatamente o meu objetivo, é o que eu tento fazer com o filme, conferências, livros e fotos que produzo. Tento mostrar a beleza e a fragilidade das águas para que as pessoas tenham vontade de experienciar isso. Estou muito feliz que, atualmente, o mergulho está se tornando cada vez mais popular. Porque quando as pessoas seguram a respiração e mergulham, elas criam uma relação especial com a água e assim, começam a amar os oceanos e têm vontade de protegê-lo, mudando seus modos de vida. Sim, acredito que precisamos primeiro mostrar para pessoas que não conhecem o oceano e o mar, que ele é mágico, fazendo com que amem a água e, assim, talvez, teremos a chance de mudar as coisas.

A marca desenvolveu um relógio feito em sua homenagem. Você participou desta criação? O que mais se orgulha nele? Sim, foi um trabalho de equipe. Primeiramente, a Panerai me deu um relógio que eu pudesse levar para a água. Depois, decidimos que ele teria a minha assinatura, e falei que o ponto principal era ser submersível, porque seria perfeito para os mergulhos. É um relógio robusto e grande, mas quando você o coloca no pulso, é leve, você não sente. Mesmo não sendo pequeno, é feito de titânio e por isso você consegue sentir como se fosse parte de você. Quando você está mergulhando é muito importante se sentir leve e puro. Nós colaboramos em termos de design e funcionalidade e, por isso, acho muito importante que um relógio de mergulho tenha um cronógrafo, já que nossa vida é muito ligada ao tempo e é imprescindível medi-lo precisamente. Fiquei muito feliz em dar meu ponto de vista e ajudar no design.

Como a parceria com uma empresa como a Panerai pode ajudar a mudar essa realidade? Panerai tem um link com os oceanos e mares, desde o início da história. Começou fazendo equipamentos para pessoas que trabalhavam no mar. A história deles está conectada ao Mediterrâneo e eles estão dispostos a trabalharem e colaborarem comigo para preservarmos os oceanos, estão muito dedicados a isso atualmente. Eu gosto também da ideia de que estão produzindo peças atemporais, que duram a vida toda. Atualmente, compramos diferentes coisas que duram somente meses ou alguns anos e são substituídos. Me agrada o espírito da Panerai que faz peças que duram a vida toda e podem até ser passadas a filhos. É um tipo de arte. Sou feliz em ter uma parceria com eles. Como começou sua parceria com a Panerai? Eles entraram em contato comigo porque estavam interessados na minha história e em num projeto em que eu trabalhava na época. A ideia era ver se tínhamos a mesma

Qual é a maior ilusão e dificuldade de um mergulhador que se espelha em voce e que está começando para se tornar um profissional? É uma questão de tempo e paixão. O mundo aquático é um ambiente natural que exige respeito e que você leve em consideração o fato de que não pode controlar as coisas. O que pode fazer é dar o seu melhor, buscar pela perfeição e focar nas coisas que quer conseguir. E não somente por resultados, mas pela beleza e magia. Isso é essencial porque, ter muito foco em ganhar e em ser o melhor, não precisa ser sua primeira motivação. O lugar, a conexão com o oceano e o respeito, a longo prazo, é muito mais importante.

(Tradução: Carolina Kawamura)




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AOS 47 ANOS (SEM PLÁSTICA E NEM BOTOX), ADRIANE GALISTEU ESTÁ PLENÍSSIMA E REINVENTADA. EM PORTUGAL PARA GRAVAR UM REALITY SHOW DE MODA, A ATRIZ E APRESENTADORA REVISITA SEUS GRANDES MOMENTOS E REVELA A TOP SEUS MEDOS, PAIXÕES, VALORES E AMBIÇÕES. VEM VER Entrevista Melissa Lenz Fotos Vinicius Mochizuki galisteuoficial

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Atriz, apresentadora, jurada e mãe – sem culpas Comecei com 9 anos... E o engraçado é que tinha certeza absoluta de que meu lugar era na TV e não sabia muito como fazer. Na minha cabeça de criança não estava muito claro como era, mas quando brincava de microfone com a minha escova azul, aquilo para mim era uma verdade absoluta. E nunca parei. Desde a figuração de um comercial para o McDonalds, a disco de platina, passando por 18 anos comandando programas ao vivo na televisão, até hoje aqui em Portugal trabalhando como jurada em um reality show [Tu Consegues, da emissora portuguesa SIC] isso faz parte da minha vida. Claro que consigo tirar férias, estamos em uma quarentena vivendo um momento atípico, estou fazendo minha lives e isso faz parte do meu DNA, é minha gasolina. Como faço pra conciliar? Faço com tanto amor, que toco naturalmente. Desde quando o Vittorio era bebê e não entendia nada eu dou beijinho nele no berço e falo “filho, mamãe está indo trabalhar feliz da vida e volta”. Se tem uma culpa que não sinto é sair para trabalhar, não faz parte do meu universo maternal, isso não me pega. Claro que tenho outras questões femininas, mas esta é uma que falo para todas as minhas amigas: quando você é feliz com aquilo que escolheu, essa culpa não pode existir. Trago meu filho pra perto sempre que posso, daqui a pouco ele e Alê vem me encontrar em Portugal, e assim a gente vai tocando nossa vida.

meus pontos de virada Minha chegada na MTV [1998] foi um grande momento; o Troféu Imprensa como melhor apresentadora [2001, 2002, 2003, 2005 e 2007]; quando ainda estava na Record e fiquei pela primeira vez em segundo lugar no Ibope, quase encostadinha na Globo; a próprio ensaio para a revista Playboy [1995] foi um turning point na minha vida; a chegada na Globo com a Dança dos Famosos [2017]; meu programa de rádio [Papo de Almoço, na Rádio Globo], é difícil pinçar... O Carnaval é um momento muito importante na minha carreira e na minha história, sou apaixonada pelo samba e pela avenida. dos beijos aos socos Você sabe que já fiz TV com e sem plateia e meu maior termômetro sempre foi pelo público. Adoro essa troca, mesmo nos raros casos mais agressivos, de haters, eu me adapto. Imaginar essa galera me acompanhando, participando de perto do meu dia a dia pelas redes sociais é muito importante para mim, me faz feliz. Ainda que não sejam somente beijos e abraços – às vezes a gente troca uns socos também, mas faz parte. no ritmo das redes sociais Quando você acha que está abafando, é hora de pensar o que pode fazer para transformar esse momento. Porque quando a gente está indo muito bem, é quando entra na zona de conforto, aí nada acontece. Por outro lado, não é justo passar a vida sem conforto. Então, curta um pouco os resultados do que você plantou, mas sempre pensando no que tem que mexer e transformar. As redes sociais chegaram para fazer isso. Quando você deita a cabeça para pensar o que tem que fazer, já tem que levantar. Elas te cutucam pra pensar, mudar, repensar e assim tem sido a minha vida. Todo dia é dia de se reinventar. perfeita (e sem plásticas ou botox) Meu corpo não é perfeito não, antes fosse! Mas para me manter saudável e feliz aos 47, sem nenhuma cirúrgica plástica, nenhum preenchimento, nada do gênero, é saber que depois dos 35 a gente é o que come, e tem

“Quero aprender mais sobre finanças e ter liberdade para cuidar do meu dinheiro”


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“Para me manter saudável e feliz aos 47, sem nenhuma cirúrgica plástica ou preenchimento, é saber que depois dos 35 a gente é o que come – e tem que correr o dobro e comer a metade”

que correr o dobro e comer a metade e priorizar uma vida saudável. Desde sempre, eu malho desde os 15 anos, desde a época que a aeróbica estava na moda. Mas eu não tinha tanto afinco como tenho hoje. Parei de fumar seis, sete anos atrás, e resolvi trocar o cigarro pelo esporte, definitivamente. Aí o esporte entrou com toda a força do mundo na minha vida. Me ajudou muito porque tem gente que troca pela comida, o que não é uma boa troca – não porque a comida não possa ser saudável ou que eu esteja levantando bandeira pela magreza, não é isso. A questão é que sou uma mulher feliz magra. Eu não gosto de estar acima do meu peso, não me sinto confortável em uma roupa 38, 40, gosto de estar abaixo do 38. De uma maneira geral, as pessoas não gostam e acham que estou magra demais, mas eu prefiro assim. É um gosto absolutamente pessoal. Eu estava conversando com uma modelo muito famosa, a angolana Sharam [Diniz] que está morando em Portugal. Ela me disse que quando fez 25 ficou muito triste porque se viu velha. Quase caí da cadeira, falei “pelo amor de Deus, não fala um negócio desse pra mim!”. Mas eu entendo porque senti isso na pele no meu universo. O mundo da moda continua sendo muito cruel. A gente está falando de momentos de igualdade, de diversidade, de abrir portas para todos, mas eles não perceberam. É engraçado porque a moda é tão vanguarda, tão à frente do seu tempo. Nos Estados Unidos já tem a plus size, mas aqui na Europa não. No Brasil muito pouco também. Nesse reality de moda tinha uma mulher de 34 anos que queria entrar na casa e eu falei “olha, garota, no auge dos meus 47 não me sinto confortável que nos 34 você esteja velha para entrar. Por isso vou te dar um sim!”. Então essas coisas acontecem nesse universo, o que é uma pena porque se esse mundo está à frente do seu tempo de te fazer pensar, puxa... Eles estão com os padrões completamente inadequados. Então lutar contra os padrões, administrar um novo jeito de lidar com a vida, repensar os nossos valores, talvez seja hoje o caminho mais importante. É assim que eu lido: me olhando no espelho e falando “minha nossa senhora, vamos à luta, garota! Não desiste! Mais um dia sem o botox, mais um dia sem a faca, mais um dia sem o preenchimento... É assim, gente. Não conheço outro jeito não. pequenos prazeres Faço meu esporte, adoro jogar cartas, amo gamão, adoro bater papo! Tenho gostado muito de ficar nas redes sociais, quando vejo perdi duas horas – no banheiro, por exemplo! (risos). Ler jornal de papel, correr todos os dias é uma alegria. Gosto de jogar raquetinha na praia, agora tenho meu parceiro Vittorio, praiano e surfista que adora também! em tempos de covd-19 Desde o começo, essa doença fez parte da nossa família e de pessoas bem próximas a nós. Muitos amigos, gente com pouca idade que quase morreu. Minha sogra [Suely Iódice] passou por poucas e boas ainda se recupera no hospital. Depois de 105 dias ainda não voltou para casa. A saúde está melhor, mas continua se restabelecendo para ter liberdade de fazer as coisas sozinhas. Então a minha relação com o coronavírus desde o início foi muito tensa. Desinfeto tudo, uso máscara, luva, álcool gel. Estou sempre de olho em tudo. Não encaro como uma gripezinha, nem como algo natural, tenho muito medo dessa doença. Ela causou na minha vida tantas angústias e medos assim como deu uma chacoalhada no mundo inteiro. Você vê que as pessoas estão diferentes. Acredito que podemos passar por ela e nos transformar, tentar aprender certas coisas. Antes a gente tinha todo mundo, porém não tinha tempo. Agora temos o tempo todo do mundo, mas sem ninguém. É um momento de escolhas. Fiz mais de 100 lives até agora, e uma delas foi com


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o [filósofo Luiz Felipe] Pondé, uma figura que adoro e admiro muito. Ele disse que eu estava romantizando a quarentena, “porque quando tudo isso passar o ser humano voltará a ser exatamente como era antes e, se bobear, um pouquinho pior.” Não quero acreditar nisso. o que falta conquistar Ainda tenho muitas ambições. Sou ariana e sempre quero mais. Sou muito grata a tudo que conquistei, que é muito mais do que imaginava. Porém, quero muito mais! Ser líder de audiência no meu horário, aprender mais, tentar ter mais um filho. Sei que a natureza pode estar dizendo não, mas a medicina pode falar que sim. Ainda tenho muitas pessoas pra entrevistar, muitas viagens para fazer, quero sair desse apartamento para uma casa, quero ter muitas experiências pessoais e profissionais. O dia que eu falar pra você “tenho tudo o que conquistei”... Eita, que medo! (risos) do que tenho medo Morro de medo de morrer! Sabe aquelas pessoas que têm pacto com a felicidade? Sou eu! Sou feliz com as dificuldades, com as alegrias, com as oportunidades. De repente, no meio da pandemia estou em Portugal trabalhando. Sou uma mulher aberta às invertidas, às mudanças da vida.... Então, morro de medo de não estar aqui. E depois que o Vittorio nasceu, fiquei mais medrosa! De avião, de tomar tombo, de me quebrar... Já saltei de paraquedas e fiz de tudo! Mas não tinha meu filho. Agora temo por mim e por ele. Mas medo também é sinal de responsabilidade. Tenho horror a gente destemida, acho que elas são capazes de qualquer coisa. É bem razoável ter temores, prefiro assim. valores para meu filho Costumo falar que se o Vittorio for um cara do bem, já fiz a minha parte. Talvez a arte mais difícil de todas seja se relacionar e educar um ser humano. Porém, eu mais aprendo com ele do que ensino. Percebi na quarentena o quanto ele transforma em simples a nossa vida, enquanto eu a complico. As coisas que eu quero, ele consegue na simplicidade. Quando penso nele, me vem um menino sem preconceitos, sem julgamentos, livre, de bem com a vida, saudável, feliz, responsável. Os valores da minha família e do Alê são bem parecidos, a gente prioriza muito a relação familiar. as causas com que me importo Me identifico com várias. Nunca fiz propaganda, mas sempre fiz questão de estar perto, desde ajudar pessoas que estão próximas à minha família, amigos, funcionários, até causas sociais importantes como a Cara da Vida, em que fui vender camiseta no farol para ajudar o Instituto Emílio Ribas. Perdi um irmão de HIV em 1996, então essa é sempre uma causa que está na mira. Enquanto existir essa doença, estarei perto de alguma forma, colaborando e ajudando como posso. Embora hoje ela esteja controlada e exista um tratamento, muita gente tem rejeição, então não é para todos. Então acho que não deveríamos ter perdido o medo dela. Estou sempre levantando essa bandeira sobre a questão do HIV. esquadrão do bem Eu, o Tide (meu figurinista há mais de 20 anos), o Milton, do Radar X (que cuida dos meus conteúdos) e o Marcelú somos um quarteto de amigos que sai todos os domingos para entregar marmitas a pessoas em situação de rua.

“Meu grande adjetivo para a Adriane é que ela é uma mulher admirável” – Alexandre Iódice


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“Me aponte uma mulher com mais de 40 anos que não tenha experimentado esse amargo do machismo... É uma pena”

Começamos com 30 e agora entregamos 120 por vez. Tem sido um sucesso, fizemos até um Instagram (@projetorangosolidario). Estou até sentindo falta em Portugal, porque transformou minha semana. Todo domingo quando entrego as quentinhas e volto para casa umas 15h, e encontro Vittorio e Alexandre me esperando para almoçar, começo a semana tão feliz, sabe? É muito legal, transformou minha vida e que isso continue para sempre. Tem gente que fala “ah, mas quem faz o bem não precisa mostrar”. No caso da pandemia, acho que precisamos, sim. Porque se você der espaço na porta da sua casa, vai encontrar alguém com fome. Em outros tempos a gente passava por cima dessas pessoas invisíveis. Agora a gente repara que o céu está mais bonito, os passarinhos estão cantando, os rios menos poluídos, os mares mais lindos, mas nada disso mudou. Tudo sempre esteve ali, nós é que não reparávamos. Claro que o ser humano está preso e poluindo menos, e a natureza, que é sábia, está agradecendo. Talvez a gente esteja passando por essa pandemia por outras razões que ainda desconhece, porém nós temos que ser impactados por boas ações. Eu fui impactada pelo Tide cozinhando: “menino, para que tanta comida se estamos em isolamento?”. E ele disse “porque vou fazer umas quentinhas”. “Então eu quero participar.” Se você der três voltas no quarteirão de seu próprio bairro, vai encontrar quem precise. Está na hora de levantarmos bandeiras do bem, sim. sobre o machismo e a sororidade Vivemos em um país machista desde que nascemos. Cada conquista da mulher é uma festa e uma luta! Minha mãe sempre falava que tínhamos que fazer muito bem feito, porque o universo é muito masculino, cuidado com as coisas que podem acontecer, saiba sair de uma situação.Cresci numa família que faltava tudo menos educação, amor e respeito. Tive uma base familiar importante e nunca passei por uma questão explícita pessoalmente. Profissionalmente já tive que administrar algumas questões do machismo, porque somos mulheres e brasileiras. Me aponte uma mulher com mais de 40 anos que não tenha experimentado esse amargo do machismo... É uma pena. Mas a gente já conquistou bastante coisa e vamos continuar muito mais. Hoje temos muito mais força e muito mais voz do que antigamente, graças também à rede social. A gente consegue fazer muito mais barulho e estar muito mais unida. Porque sou de uma época que mulher não era muito amiga de mulher, tinha que ter bastante pé atrás. E hoje a gente percebe uma mudança clara: as mulheres compram o barulho de outras sem conhecer, pela própria internet. Então, somos vencedoras, temos muitas conquistas, mas ainda precisamos caminhar bastante. E vamos conseguir, e sempre teremos coisas pra fazer. Vamos lutar pela igualdade e, ao chegarmos lá, teremos outras lutas. E assim caminha a humanidade... sobre o racismo estrutural Falar de racismo em um país como o nossos é tão complicado, porque você escuta que não é o seu lugar de fala e então não pode falar. Isso me incomoda um pouco porque, claro que não sinto as mesmas dores e nem consigo imaginar o tamanho delas. Mas posso tentar me colocar nesse lugar e ser contra porque quem não se posiciona já está, de alguma maneira. O silêncio nessa hora é ruim. A gente tem que se unir e aprender. A gente achava que sabia, que bastava compreender o preconceito, o julgamento para não ter atitudes racistas e de repente se vê cometendo atos falhos bobos. Desde um jeito de falar ou uma piada idiota que não funcionam mais. Aí você se pega pensando “nossa, eu falava assim cinco anos atrás e ninguém me olhava torto”. Mas a realidade é que sempre fomos ignorantes nesse capítulo, né?


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“O dia que eu falar pra você ‘tenho tudo o que conquistei’... Eita, que medo! (risos)”


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Quando você abre sua cabeça para mais informação, sai fora da sua caixinha, percebe o quanto a gente apertou botões errados. É uma vergonha a gente ainda ter que falar disso em 2020, mas que a gente aprenda e entenda que tem que ser diferente. Tem que agir, pensar, lidar com as questões de formas distintas. Quando falei da educação do meu filho, é que quero ver o Vittorio de igual pra igual, desta forma, sem ter que pensar se ele estará fazendo certo ou errado, porque estará agindo naturalmente. adeus, relacionamento abusivo Quando vivi, não existia esse assunto. Só descobri que foi um relacionamento abusivo depois que comecei a ler sobre. Às vezes não é uma relação de apanhar, mas de um homem ser âncora na nossa vida, sabe? De apertar botões e nos colocar pra baixo, de não nos tratar bem. Olha, meninas, se eu puder dar um conselho, o primeiro deles é perceber quem nós somos. Quando eu estava nessa história, as pessoas próximas me falavam e eu não conseguia notar. A Dani [Winits] me ajudou muito conversando comigo. Mas demorou para eu sair, eu poderia ter vivido tudo igual, mas não ter ficado tanto tempo. Porque às vezes a gente perde dias, anos preciosos da nossa vida que não voltam mais. É importante passar por um relacionamento desses? Se eu fosse escolher, não teria passado, mas me ajudou a aprender e, desde então, ninguém aperta nenhum botão. Mas tive que fazer análise, me entender, perceber onde estava meu erro e como fui deixar aquilo acontecer. Tem certos momentos em nossa vida que nossa autoestima não está em um prumo correto, então acho que tem a ver com isso... Se amar, cuidar da gente corretamente. É difícil manter a autoestima bem trabalhada a toda hora? Claro que é. Mas é um exercício como outro qualquer e temos que aprender a fazer. Porque absolutamente ninguém pode mexer onde a gente não quer. E se mexe, de alguma forma tem alguma coisa que fez você abrir aquela porta que não é pra ninguém entrar. Então por que você abriu se sabe que ela é só sua? A sua autoestima tem que ficar intacta para você. Então se eu pudesse falar às pessoas, a primeira coisa seria: se olhe no espelho e se entenda, veja onde está o seu nó e o seu maior defeito. Tente entender onde está a sua maior dor, seu calcanhar de aquiles. Porque é pelo nó que a gente consegue administrar, não adianta só falar cuide de sua autoestima. Se você não está bem, não consegue se cuidar e se amar, esse é o princípio. Para ficar bem, tem que descobrir o que te dá prazer: é assistir TV? É comer? É passear? É dormir? Descubra. Depois, perceba o que não gosta definitivamente. Tem que se conhecer. Porque às vezes a gente passa pela vida fazendo coisas que acha que quer, mas não quer. Ou querendo agradar o outro e esquece um pouco do que a gente é ou onde está. Eu queria muito ter essa cabeça de hoje para administrar tudo o que passei, porque não é difícil, mas a gente tem que ter um pouco de maturidade para compreender. Para mim está 100% ligada à autoestima, à segurança e a se gostar. Num segundo momento, aí sim, você liga o f* e vai pro embate. Mas antes é preciso se entender. Então se eu pudesse dar um conselho para quem está passando por isso, não aceite migalhas. E mesmo que não assuma para os outros, quando vai dormir, você sabe. E absolutamente ninguém merece aceitar essa situação. Não tenha vergonha de falar, seu problema não é motivo para isso. Mas escolha uma pessoa, não saia falando para todo mundo o tempo inteiro. Porque você vai ser cobrada por isso, e no início a gente sucumbe algumas vezes até ter forças o suficiente. Então, escolha alguém que vai estar do seu lado de todas as formas e em todos esses momentos. A minha mãe sempre soube de tudo, e me colocava na parede, o que também me ajudava. Então você tem que ter o apoio de alguém que te ame muito como uma mãe, um pai, e de um amigo. Escolha, mas fale.


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no que não sou boa O Alexandre [Iódice] exerce muito as minhas funções burocráticas! Eu não me considero boa nesse capítulo, falo que sou cheia de iniciativa e pouca terminativa. Sou muito empolgada, faço as coisas, estou sempre pronta. Mas na hora que entra burocracia, contrato, reunião, toda a parte que não é da ação... (suspiro) Ai, me complica um pouco! Mas estou aprendendo. Tenho tocado coisas que nunca fiz antes, de faxina a reunião em zoom a cuidar de finanças. Estou me achando superpoderosa! Porque se me perguntar qual a pior parte para mim, vou te dizer que é isso. Sempre administrei meu dinheiro com medo e muito mal. Quem não teve e depois passou a ter vai me entender: a gente quer comprar as coisas, a gente tem uns traumas! Então eu fazia uma conta bem básica: quanto eu tenho e quanto posso gastar. Entra e sai, veste um santo, desveste o outro... Era assim que eu tocava, até que entendi que não dava para ser dessa forma. Tem que entender um pouco de finanças. Então nesse pandemia, além de faxinar, de ficar bem pertinho da família, de fazer as lives, de subir mais um dia no meu canal do YouTube, de fazer meu podcast, minha série para o Instagram, além de estar aqui em Portugal fazendo parte de um reality de confinamento muito bacana, eu também quero aprender mais sobre finanças e ter liberdade para cuidar do meu dinheiro. Para mim essa coisa de investimento era coisa de gente muito milionária. E de repente você percebe que é possível fazer com que seu dinheiro trabalhe para você. Esse é o meu grande objetivo. próximos planos Quem me conhece sabe que planos para mim é no máximo até amanhã. Minha vida muda muito rápido. Gosto dela assim. Nunca tive rotina, de repente me vejo obrigada em uma e tirei de letra. De repente me vejo em Portugal, sendo que semana passada nem pensava que estaria aqui. Aluguei uma casa na praia para ir com minha família e de repente não estou... E assim é. Então eu não gosto muito de planejar. Eu tenho aqui objetivos: peças pra ler, teatro pra estrear, convite de televisão, convite para apresentar um reality na Record, uma peça pra estrear com Jô Soares, mais uma que estou lendo que também fui convidada, continuar com meu canal do YouTube, quem sabe com as lives, com meu podcast... Enfim, tocando minha vida. Mas não penso em um futuro a longo prazo de jeito nenhum, me dá muito nervoso. Ariano não consegue, a gente é ansioso demais pra pensar em futuro! verbo do momento Meu verbo de ontem, de hoje sempre vai ser o de amanhã: amar... Ah, gata, eu sou uma apaixonada pela vida! Pelas pessoas, pelas coisas que faço, pela moda, pela comida, “exagerada... Apaixonada! Jogada aos seus pés... “Eu sou assim essa daí, ó: essa que exagera, que come a vida, que engole! Eu sou assim. Se eu não amar o que faço pra mim já não é bom. Eu tenho que amar. O amor para mim em todos os sentidos... Da família, na vida pessoal, profissional... Amar é o meu verbo e sempre será. E fazer. Também não dá para não fazer, né, gente? Quem ama tem que fazer... (risadas) o que faz minha relação durar Não tenho a menor dúvida de que o que me faz estar junto há 12 anos e casada há 10 com Alexandre Iódice é a admiração, lealdade, amizade... Estou aqui em Portugal tranquila porque ele está com meu filho, com minha mãe, fazendo as coisas dele, trabalhando, e a gente consegue falar, conversar, trabalhar à distância, ele consegue me aplaudir no sucesso e me apoiar em


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um momento difícil, e é a mesma coisa: ele sabe que pode contar comigo. Tenho o tesão, a paixão, o beijo de língua e tudo o que uma relação tem que ter. Mas a lealdade, a amizade, a fidelidade e a admiração têm que vir também. Só amar não basta nesta hora. Tem que vir junto com um pacote. Tem que saber lidar com os piores momentos, saber abrir mão... Estar casada é uma decisão diária. Sou uma mulher muito feliz com Alexandre. Ele me abre os olhos para muitas coisas, me ensina muito, temos uma troca muito importante. adriane em 3 palavras... Dificílimo! Faça uma pergunta mais fácil, pelo amor de Deus! Ai... (pausa) Impulsiva? Generosa? Ansiosa? Feliz.

uma mulher admirável “Algo que me chama muita a atenção e que é muito importante para mim como marido, é a admiração que tenho pela Adriane.... Pelo jeito como ela leva a vida, que encara seus compromissos, os problemas que passou durante sua história e como lidou com tudo isso. Sua força para se reinventar, para poder tocar a família da melhor maneira possível. Então eu acho que meu grande adjetivo para a Adriane é que ela é uma mulher admirável. No quesito mãe, ela foi uma grande surpresa porque sempre muito independente, uma mulher dona de seu nariz, de sua vida. Num determinado momento chegou o Vittorio, e eu vi uma mulher com toda essa força, de voltar todas as atenções para uma criança e se tornar uma mãe espetacular. Adriane é uma mãe daquelas que tem duzentas asas em cima do filho, sabe? Que tem um carinho e um amor enormes. Então eu tenho muito orgulho de tê-la como mulher, acho ela incrível, uma profissional maravilhosa, superdedicada, sempre pronta para fazer as coisas, para o trabalho, cheia de ideias, uma mulher iluminada realmente. E com um astral fantástico! Eu acho que este também é um outro ponto forte: ela tem uma vontade de viver, uma vibração de vida, uma luz muito grande. Então é muito prazeroso você poder passar a sua vida ao lado de uma pessoa assim.” – Alexandre Iódice

Produção

Elton Meneses

Assessoria de Imprensa Piny Montoro


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Em sentido horário, a partir da seta: Adriane Galisteu em momento fitness, em Portugal; com Alexandre Iódice, em clique de Vittorio; ele com sua prancha; Adriane e Alê no “novo normal”




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Atleta dos negócios VEIA DE VENDEDOR, CABEÇA DE MARQUETEIRO E CORAÇÃO DE EMPREENDEDOR. ESSES TRÊS PILARES FIZERAM COM QUE O JOVEM ALFREDO SOARES SE TORNASSE UMA DAS GRANDES AUTORIDADES EM ‘VENDAS E E-COMMERCE NO BRASIL. VEM SABER


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Por Renata Zanoni Fotos Torin Zanette @alfredosoares

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“Há muito tempo acredito que o vendedor, mais do que um tirador de pedido, é alguém capaz de construir, encontrar o cliente e posicionar a marca” – palavras de Alfredo Soares, 33, empreendedor que em pouco mais de dez anos na ativa, já provocou uma revolução no e-commerce brasileiro. Carioca do bairro da Tijuca, o jovem Alfredo deu seus primeiros passos empreendedores enquanto ainda cursava Publicidade na UniverCidade, no Rio de Janeiro. “Comecei como revendedor gráfico. Fazia a produção de cartões de visita, panfletos e vendia. No começo da vida tudo é uma caixinha de surpresas”, conta. O início Seu primeiro empreendimento foi a agência de marketing MShop, que atendia pequenas e médias empresas. Mas a necessidade da clientela o levou a desbravar novos caminhos. Foi aí que, com o apoio de dois sócios, em 2014, Alfredo transformou a sua agência em um novo negócio: a Xtech Commerce. “Montei a empresa por essa demanda de transformar o site dos meus clientes para e-commerce, já que todas as soluções que existiam no mercado eram muito caras e complexas”, afirma ele, que diz só ter descoberto o que era uma startup quase dois anos depois. “Percebemos que não podíamos depender só da nossa venda. Fazer um produto para os outros venderem é que era o caminho”, acrescenta. Foi aí que começaram a desenvolver um trabalho mais estratégico, comercial e com canais diversificados. O boom Em apenas três anos, a Xtech já havia transacionado R$ 547 milhões em vendas e virou um fenômeno do e-commerce brasileiro. Os sócios iniciaram então uma conversa com a gigante de software VTex. “Estávamos em uma intersecção, entre o momento certo e o negócio certo. O e-commerce começava a nascer e se popularizar no Brasil e nós estávamos ali com uma das melhores soluções. Éramos bons comercialmente e com o marketing”, aponta Soares que diz nunca ter sonhado com tamanho sucesso. A conversa com a VTex durou cerca de 10 meses o que, segundo o empresário, chegou a causar um certo incômodo na negociação. “Como empreendedores, tínhamos muitas dúvidas em relação a manter esse investimento, porque víamos como um risco no mercado. Mas começamos a sentir a necessidade de uma grande virada. Vislumbramos a oportunidade de não vendermos o negócio, mas de juntarmos nosso sonho ao deles, com muito mais segurança e estrutura”. Durante a negociação, surgiu a oportunidade de os sócios comprarem cotas da Vtex, que adquiriu a Xtech Commerce por R$ 14 milhões, em 2017. Alfredo hoje atua como Vice-Presidente Institucional da empresa e afirma que sua principal missão “é evangelizar o digital commerce em mercados emergentes.” Vtex Atualmente, a plataforma movimenta R$ 18 bilhões ao ano. E como nem todos os negócios foram prejudicados pela atual pandemia da Covid-19, o business de Alfredo viu uma aceleração e aumento de

“As empresas que melhor se saíram na crise foram as que tinham comunicação de todas as cadeias com seus líderes, isso fez muita diferença”


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faturamento muito grande. “A pandemia ajudou muito nosso negócio, porque tivemos uma concentração e uma necessidade de usar o digital. Isso acabou amadurecendo dezenas de milhões de pessoas que não compravam desta forma. Foi criado um novo comportamento de consumo e o digital acabou ganhando um protagonismo muito relevante. O setor de mercados, por exemplo, era muito imaturo e, de repente, aumentou mais de 300%”, aponta. Um ano por mês As projeções para o setor são ainda mais otimistas: Alfredo prevê um faturamento de R$ 25 bilhões até o final de 2020. Claro que nem tudo são flores: “manter o time alinhado e seguro sem perder a produtividade foi um dos maiores desafios”. Mas parece que eles têm tirado de letra. Para se ter uma ideia, a multinacional VTex está presente em 35 países. O time global tem cerca de 1.000 pessoas, sendo que cerca de 700 estão no Brasil, divididas entre Rio, Curitiba, João Pessoa e São Paulo. O escritório em João Pessoa é voltado para conseguir abrigar novos talentos do Nordeste. No momento, o foco é a América do Norte, principalmente, os Estados Unidos que lideram o varejo. “Somos uma empresa inquieta. Nosso plano é consolidar o mercado brasileiro. Lidero essa iniciativa aqui no Brasil de acelerar toda essa transformação digital e o coronavírus impulsionou muito isso. Foram cinco anos em cinco meses. Um ano por mês”, destaca. Bora Varejo Produtivo também na quarentena, Alfredo, autor do livro Bora Vender (2019), lançou Bora Varejo (Editora Gente). “Meu livro surgiu depois de algumas lives que fiz para ajudar os varejistas. Nele, falo, principalmente, da questão da gestão ágil, o quanto é importante o líder se colocar como exemplo. As empresas que melhor se saíram na crise foram as que tinham comunicação de todas as cadeias com seus líderes, isso fez muita diferença. Foram coisas que a pandemia só homologou”, comenta. Alfredo acredita que a maior entrega do seu negócio é uma criatividade combinativa, que identifica oportunidades e combina de forma criativa em diferentes áreas, do financeiro até as vendas. “Sou bom em conseguir colocar as pessoas sob um nível de pressão com motivação, dar ritmo para um time. Ainda coloco a mão na massa, mas sempre gosto de tirar as ideias do papel e investir naquelas que eu acredito e as pessoas não. Hoje, sou muito vidrado em números e métricas, porém nunca deixo de agir conforme minha intuição. Nunca!” Bora Cannes Amante dos esportes, ele já foi atleta de polo aquático no passado, mas hoje prefere correr pelas ruas de São Paulo, onde mora atualmente. “Sou apaixonado por futevôlei, surfe e snowboard também”, conta. Aos 33 anos, Alfredo continua solteiro, mas diz que pretende casar e ter um ou, “quem sabe, dois” filhos. Já fez mais de 200 palestras em empresas no Brasil e no mundo, como Dubai e Nova York. É investidor anjo de startups e cofundador na empresa de educação Gestão 4.0, que, em menos de um ano, formou 900 gestores e teve mais de 2 mil alunos on-line. Diz, ainda, se sentir muito honrado por ser parceiro do Instituto Airton Senna. Entre os sonhos que ainda falta realizar, está a conquista de um prêmio no Cannes Lions International Festival of Creativity. Se depender de seus ambiciosos projetos e de sua criatividade, tem tudo para chegar lá...

“Sou muito vidrado em números e métricas, porém nunca deixo de agir conforme minha intuição. Nunca!”


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Explica, Ana! INFLUENCIADORA DIGITAL DE EDUCAÇÃO FINANCEIRA, ANA LAURA MAGALHÃES, 29, REVELA COMO CAVOU UMA VAGA EM UMA DAS MAIORES EMPRESAS DE INVESTIMENTO DO BRASIL, COMO FAZ PARA ENFRENTAR O MACHISMO E O QUE PRETENDE REALIZAR ATÉ OS 35 ANOS


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Por Rodrigo Grilo Fotos Divulgação

“Houve cliente que queria trazer dinheiro para a XP, mas, em uma reunião comigo, dizia: ‘Posso ser atendido por um homem?’”

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Por esses dias, em um bate-papo despretensioso com o namorado, Ana Laura Magalhães Barata lançou a ideia: “Acho que voltarei a estudar para diplomacia”. Firmino, seu companheiro há um ano, assustou-se: “Você está louca?” Tanto o “sim” quanto o “não” cairiam bem como respostas, teriam uma razão de ser. Vamos aos prismas: aos 29 anos, essa mineira de Uberlândia já havia encarado dezessete entrevistas para tentar um lugar no quadro de funcionários da XP Investimentos, em São Paulo. Cada uma das sabatinas lhe custara 16 horas de busão – tempo que levava para cumprir o trajeto de ida e volta entre a sua cidade natal e a capital paulista. Graças a essa epopeia, quatro anos atrás, conquistou uma vaga como analista júnior em uma das maiores corretoras de valores independentes do Brasil. De lá pra cá, Ana Laura enfileirou promoções. Virou analista pleno, transferiu-se para a área de marketing e, pulando a etapa sênior, tornouse coordenadora de conteúdo da XP, à frente de um produto criado por ela, o Explica Ana. Hoje, perto dos 200 mil seguidores no Instagram e contando com 20 mil inscritos em seu canal do YouTube, a mineira, que também cumpre uma agenda de palestras Brasil afora, entrou para a lista dos 30 brilhantes empreendedores do país com menos de 30 anos, segundo a Forbes. Daí o espanto de Firmino com a fala da namorada, hoje consolidada em um concorrido mercado e sucesso absoluto como especialista em investimentos. “Em dois anos, cheguei a gerir uma carteira de R$ 400 milhões na XP. Mas foi sem querer que passei a trabalhar no mercado financeiro”, afirma Ana Laura, dando início aos bons argumentos que a levam sonhar com a carreira de diplomata. Professora aposentada, Maria Clara, sua mãe, morou fora do Brasil. Tal fato despertou um fascínio na filha, que, desde então, achava o máximo a possibilidade de também viajar o mundo e falar vários idiomas. “Dentro de casa, aprendi a falar inglês muito cedo. Aos 16, passei a estudar francês. Com 20, italiano. No meio da faculdade, fui para a Croácia fazer intercâmbio”, conta ela, formada em relações internacionais. “É incrível poder somar idiomas, viajar o mundo e ganhar dinheiro. Aí descobri que a diplomacia poderia me dar isso tudo.” Tornar-se diplomata, então, é uma realização pessoal da qual Ana Laura não abre mão de concretizar até os 35 anos. Se considerarmos a capacidade de planejamento da jovem mineira, louco seria o Firmino de duvidar. Enquanto o dia não chega, ela segue firme com uma atribulada rotina de profissional do mercado financeiro de destaque na XP. Diariamente, às 8h30, entra em reunião por uma hora com outros 260 funcionários, para alinhar informações que possam impactar o mercado quando ele abrir, duas horas depois. “Faço isso enquanto tomo café”, conta. Quarenta minutos depois, a jovem já está roteirizando o conteúdo a ser compartilhado no Instagram. E se prepara para dar conta de duas lives com públicos e pautas diferentes, às 12h e 19h. “Durante a tarde, por causa do Explica Ana, tenho de gerar conteúdo para dezesseis áreas dentro do grupo por meio de seis plataformas diferentes da empresa”, afirma. Obviamente, nem sempre foi assim. Ao deixar, em 2015, o emprego de analista de business inteligence em uma empresa de tecnologia, em Uberlândia, e se mudar para São Paulo, o salário que recebia na XP era R$ 50 menor do que o necessário para pagar metade do aluguel de um apartamento próximo à empresa que


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dividia com uma amiga, na avenida Faria Lima. “Essa foi a minha opção de moradia, para eu ir ao trabalho a pé, durante dois anos, sob chuva ou sol, e não ter o vale-transporte descontado do salário”, lembra. “100% do que eu recebia era para morar na capital. Fui começar a guardar dinheiro somente dois anos depois.” Ana Laura descobriu o seu atual empregador graças ao seu chefe na empresa de tecnologia: “Ele me pediu para eu fazer uma pesquisa sobre a XP com o intuito de distribuir a plataforma tecnológica da empresa a ela”. Foi então que, depois de muito estudar a XP, ela colocou em prática um insólito plano para cavar uma vaga. “Sabe aquele grupo de balada bom para ativar contatinhos, saber de festas? Perguntei em dois deles se alguém conhecia pessoas da XP”, conta. Não é que funcionou? “Me indicaram duas que já haviam sido sócias da empresa. Graças a uma troca de mensagem com pessoas do grupo da balada Festa do Patrão (de Barretos) 2016, dois sócios me chamaram para entrevistas”, diverte-se a mineira. Balada, de fato, é um ótimo ativador de contatos. Chamou a atenção de um dos entrevistadores o fato de Ana Laura ter estudado, no mestrado de economia e política internacional, créditos de carbono, que, no popular, pode ser entendido como a arte de empacotar ar e vendê-lo como crédito. Tal expertise lhe rendeu a vaga. Nesses quase cinco anos, outros desafios para além dos números do mercado financeiro testaram a sua fé na humanidade. “Houve cliente que queria trazer dinheiro para a XP, mas, em uma reunião comigo, dizia: ‘Posso ser atendido por um homem?’. Eu respondia: ‘Aqui todo mundo que trabalha na mesma função que eu para atender esse tipo de patrimônio, tem o mesmo nível de certificação que o meu. A diferença é que qualquer pessoa que eu chamar para atendê-lo não terá mestrado. Tudo bem para o senhor?”. Casos como esse, explica Ana Laura, revelam o preconceito de investidores, principalmente mais antigos, em relação à pouca idade e à figura feminina. Há, porém, situações bem piores, como assédio. Em uma reunião, Ana Laura foi pedida em casamento por um cliente. “Ele achou que iria ser o cara do dinheiro e eu, a pessoa que iria cuidar do seu patrimônio”. O interessado nem se incomodou com a presença do chefe da mineira para dizer: “Você poderia casar comigo, né? Veja só, eu tenho dinheiro e você cuidaria dele pra gente”. Ana Laura, porém, é uma mulher firme e de respostas diretas. Ainda assim, compreende o choque inicial que pode causar uma profissional intelectual e fisicamente bem resolvida atuando em um mercado no qual homens costumam dar a tônica. “Sou uma mulher alta, magra, e os caras esperam alguém com aparência menos agradável e mais inteligente”, diz. Aparência agradável, porém, não é sinônimo de inteligência e vice-versa. A mudança de Uberlândia para a capital paulista, frisa Ana Laura, foi importante também para saber lidar com comentários inconvenientes de uma maneira menos agressiva, “fingindo demência e sair andando” para não desviar da rota que a trouxe até aqui. E, também, para não perder de vista o horizonte que quer dar de frente em breve, se possível. “Pensei em fazer um doutorado fora do Brasil, ano que vem. Mas aí a pandemia se instalou. Então estou pensando se mantenho o plano ou largo tudo para fazer diplomacia. Esses dias, eu vi um filme e pensei: ‘Certeza de que vou ser diplomata. Vou largar tudo’”. Firmino, querido, isso não se chama loucura, mas determinação. Explica pra ele, Ana.

“Sou uma mulher alta, magra, e os caras esperam alguém com aparência menos agradável e mais inteligente”


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A partilha dos sabores (e do afeto) APÓS 20 ANOS DE SUCESSO NO MERCADO PUBLICITÁRIO, ELE RESOLVEU ABANDONAR A CARREIRA, MAS NÃO A CRIATIVIDADE. CONHEÇA O CHEF MINEIRO QUE COMANDA UMA BUTIQUE DE EXPERIÊNCIAS GASTRONÔMICAS. COM VOCÊS, GUSTAVO PEREIRA... Por Melissa Lenz Fotos Divulgação

“Criar um menu degustação em cima das memórias afetivas do anfitrião” é um dos principais objetivos da Partager Buffet e Gastronomia, empreendimento gerenciado pelo chef Gustavo Pereira, 40, em São Paulo. “Nós criamos todo um ambiente, uma experiência, para que o cliente não precise sair de sua casa e nem tenha que ir até um restaurante, mas que possa viver ali, entre família e amigos, o prazer de comer e de viver uma experiência gastronômica”, ele explica. Formado pela Ferrandi Paris – uma das mais prestigiadas escolas de gastronomia do mundo –, o mineiro de Três Corações

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tem passagens pelos restaurantes Ritz e Le Premier, na França, e no Brasil pelo Maní, de Helena Rizzo. Mas antes de perseguir o sonho de ser chef, em 2015, Gustavo trabalhava como publicitário em grandes agências do país, como a Young & Rubicam. “Ganhei Cannes como atendimento, que é o maior prêmio da Publicidade mundial, e sempre olhando de uma forma diferente para a necessidade do cliente”, conta o ex-diretor de atendimento. “Larguei essa carreira para virar estagiário de um restaurante, ser estudante de uma faculdade em Paris e depois começar a empreender no Brasil, o que não é para amadores”, comenta. Mas


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a bagagem de 20 anos atendendo grandes marcas parece ter ajudado a emplacar seu sonho. “Eu sabia a necessidade das pessoas e o que elas gostavam. Agora estou construindo uma história que elas estão buscando e que está em falta no Brasil: essa experiência lúdica e gostosa de você comer e se reunir ao redor da mesa.” Confira os melhores momentos desta entrevista e uma receita exclusiva do chef – disponíveis na íntegra no site topmagazine.com.br. Como seu lado publicitário influencia o de chef? Na Publicidade, sempre tive um olhar muito inovador para as necessidades do cliente e propunha a ele coisas completamente novas, criativas e fora da caixa. Trouxe esse lado para a cozinha e agora uso minha criatividade nos meus pratos e na forma em que eles são apresentados. Cada um tem uma história. Além da arte da gastronomia, o que mais aprendeu com a Ferrandi Paris? Entendi o quão importante é ser focado e disciplinado na cozinha. Tudo é muito tenso, rápido e você não pode perder nenhum segundo, nenhuma parte do ingrediente porque é tudo muito cronometrado. Eles transformam as aulas práticas, teóricas e o curso de vinho na experiência mais impressionante do mundo. E olha que já estudei na Le Cordon Bleu de Paris, de Londres, na Kitchen Club de Madrid, em várias faculdades de São Paulo, mas igual lá, nunca vi. Foi uma escola e tanto, quem passa pela Ferrandi vira uma outra pessoa na cozinha. De onde veio a ideia e o conceito da Partager? Depois que saí do Maní, tive a certeza de que queria continuar fazendo eventos. Mas com um menu diferente e personalizado para cada cliente. Estava cansado de trabalhar com um cardápio fixo todos os dias. Quando terminei a Ferrandi Paris, fui dar uma volta pelo mundo. E quando estava passeando em um shopping do Japão, passei por um lugar escrito “Partager”, que significa “compartilhar” em francês. Era um bar de vinhos franceses com tapas

espanholas e quando vi aquela miscelânea de culturas em Tóquio, soube que era aquilo que queria criar: um universo de culturas dentro do meu buffet para compartilhar novas emoções através da comida. A Partager é essa história toda, essa miscelânea de culturas e de ingredientes, mas que faz todo sentido no mundo de hoje. É celebrar cada um dos lugares por onde passamos, sentir a emoção de cada uma das viagens e, através das memórias afetivas de cada cliente e do DNA de cada marca, criamos esse compartilhamento de novos pratos e sabores. Você chegou a disponibilizar sua cobertura da Oscar Freire para eventos. Que experiências tem criado durante a pandemia? Abrir a casa do chef foi uma excelente experiência com as marcas. Mas nós não abrimos para qualquer uma, somente para aquelas escolhidas a dedo que queriam fazer algo completamente diferente. Agora com o online, por exemplo, temos marcas interessantes para as quais temos criado eventos que, ao mesmo tempo, são físicos e digitais: mandamos os produtos para as casas das pessoas, que depois vão finalizálos online, junto com o chef. Qual é o modelo atual do seu negócio? Hoje a Partager funciona como uma butique de experiências: entendemos o cliente, o anfitrião, e criamos uma realidade só para ele. Nenhum evento é parecido com o outro. Também comercializamos produtos que os clientes se apaixonaram nos eventos e que não deem trabalho para preparar em casa, como brigadeiros, bolos, salgados e quiches. Qual é a sua maior especialidade? Por mais que meu brigadeiro faça muito sucesso, não me considero um confeiteiro, sou um chef de salgado. Gosto muito de propor eventos que brincam com a culinária da França e de Minas Gerais, que foi onde nasci e tem ingredientes incríveis – mas uso técnicas francesas para criar os meus pratos. Diria que a nossa especialidade é brincar com a gastronomia e fazer dela algo muito surpreendente.

“Agora uso minha criatividade nos meus pratos e na forma em que eles são apresentados. Cada um tem uma história”


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Em sentido horário: Cheescake de brigadeiro belga; Gustavo prepara uma polenta cremosa com ragu de cogumelos;minisanduíche australiano de brie e parma; wrap ratatouille; tartelete de queijo de cabra com salmão defumado, ovas e caviar; carolinas de baunilha e quiche de cebola caramelizada


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Receita do chef para fazer em casa CARPACCIO DE LAGOSTINS por Gustavo Pereira Ingredientes: 500 g de Lagostins; 25 g de Avruga; 125 ml de Creme de leite; Sal a gosto; Suco de um limão verde; 50 ml de azeite; 2 limões siciliano;

Ciboulette a gosto; 5 g de Colorante vermelho; Gengibre ralado a gosto; Pimenta a gosto; Dill a gosto; Capuchinha a gosto.

Modo de Preparo: - Abra e limpe os lagostins. - Corte ao meio. Limpe. - Num plástico de sous vide corte a lateral e disponha os lagostins dentro. - Depois passe o rolo em cima para deixar um carpaccio e leve pro freezer por um dia. No dia seguinte, transfira para uma placa com papel vegetal em cima e embaixo e leve pro freezer de novo. Na hora que for servir, corte com um aro e passe nos dois lados uma mistura de azeite e limão e sal pincelando a marinada. Depois coloque num prato e coloque ervas em cima para ficar bem fresh. Faça um molho de avruga com creme de leite ou caviar para regar. Misturar delicadamente o creme de leite com o avruga. Pode colocar um pouco de gengibre ralado, sal e pimenta. Reserve. Use as ervas em cima: rabanete cortado finamente, ciboulette, raspas de limão siciliano, dill, capuchinha.


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Equilíbrio e movimento SEIS MIL ANOS SEPARAM A INVENÇÃO DA RODA DOS PROTÓTIPOS DA BICICLETA. HOJE, VELOCIDADE E ALTA TECNOLOGIA ESTÃO EQUILIBRADAS EM DUAS RODAS Texto e Fotos Feco Hamburger Edição Claudia Berkhout

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O fascínio pela bicicleta muitas vezes começa como uma brincadeira de criança, um aprendizado que, segundo o ditado, nunca se esquece. O fato é que andar de bicicleta é uma operação lúdica e também complexa: mobiliza nossos reflexos com equilíbrio, movimento e velocidade. Aliando o corpo à tecnologia, a bicicleta é a máquina de transporte mais eficiente do ponto de vista energético que o homem já produziu. A distância percorrida por consumo de calorias é exemplar. Não por acaso, Pequim, Tóquio e Amsterdã são metrópoles cuja paisagem é preenchida por ciclistas e suas máquinas. O Brasil parece seguir nesse caminho, com a magrela tornando-se cada vez mais presente em nosso dia a dia. Até mesmo nas polêmicas conversas sobre políticas públicas. Se para alguns o ciclismo é sinônimo de mobilidade sustentável, para outros é também esporte. O contato com a natureza e com a adrenalina,


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além dos evidentes benefícios para a saúde, estão presentes em suas diversas modalidades: ciclismo de estrada, mountain bike, BMX, downhill, freestyle, ciclismo de pista, entre outros. Em comum, o desafio e a superação dos limites e obstáculos. É curioso notar que cerca de 6 mil anos separam a invenção da roda dos primeiros protótipos da bicicleta, no século 19. Hoje, 200 anos depois dos primeiros modelos rudimentares, eficiência e alta tecnologia estão equilibradas em suas duas rodas. Haja visto a Olímpiada do Rio de Janeiro, em que mais de 20 recordes foram estabelecidos nas várias provas do ciclismo. Materiais sofisticados como a fibra de carbono e o titânio, bem como tecnologias da indústria aeroespacial, são cada vez mais comuns nas máquinas de ponta: recursos como suspensão inteligente


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Nas descidas, o ciclista experiente atinge velocidades superiores a 120 km/h. Jรก nas subidas, dรก-lhe pernas e pulmรฃo


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e ciclocomputadores que fornecem informações insuspeitas como potência, cadência, altimetria, além, claro, de velocidade e GPS. Os acessórios também acompanham a batida, com capacetes aerodinâmicos, sapatilhas que aumentam o grau de segurança e desempenho, luvas com sinalizadores e óculos com realidade aumentada por aplicativos específicos. Mas por trás da máquina ainda está o elemento humano. Ariane Malohlava é prova disso. Para ela, pedalar é exercício de liberdade. Formada em educação física, Ariane ainda é triatleta e mais que uma assessora esportiva. Criadora e diretora técnica de As Corredeiras, uma equipe feminina, ela madruga em cima da bike com humor impressionante. Nos treinos leva sua turma para cima e para baixo com atenção, respeito e rigor. Afinal, não é fácil completar em segurança uma prova com mais de 100 km de extensão como o L’Étape Brasil, que caminha para a terceira edição. Com o selo do famoso Tour de France, a prova tem reunido na região de Cunha mais de 2 mil ciclistas amadores, desafiando as longas subidas e descidas das serras do Mar e da Bocaina, na divisa dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Nas descidas, o ciclista experiente pode atingir velocidades superiores a 120 km/h. Já nas subidas, dá-lhe pernas e pulmão. Não por acaso, já foram flagrados no circuito internacional ciclistas que simplesmente embutiram clandestinamente motores elétricos dentro do quadro da bicicleta. Aliás, cada vez mais podemos ver bikes elétricas desafiando as subidas e o trânsito de São Paulo. O ciclista amador Egisto Betti pratica o esporte há quase três décadas, e o entusiasmo só aumenta. “O ciclismo é um esporte que reúne tudo que eu gosto: adrenalina, natureza, tecnologia, além de permitir percorrer grandes distâncias e, principalmente, conhecer gente de todos os tipos.” Produtor e sócio da produtora Paranoid, Egisto treina de quatro a cinco vezes por semana, antes de ir para o trabalho. Viaja pelo Brasil e pelo mundo para praticar o cicloturismo e participar de provas. Serra da Canastra, Estrada Real, Provença e Utah são alguns dos lugares que conheceu a bordo de uma magrela. Exemplo de conquista tecnológica e interação homem/máquina, a bicicleta insiste em evocar o encanto da infância. Talvez por aliar autonomia e equilíbrio. Ao mesmo tempo, superar distâncias cada vez maiores em tempos cada vez mais curtos ou atingir velocidades improváveis são desafios que mobilizam o ciclista esportista. No entanto, se de um lado túneis de vento são utilizados no aperfeiçoamento das máquinas, nada substitui o prazer do simples vento na cara.

Se de um lado túneis de vento são utilizados no aperfeiçoamento das máquinas, nada substitui o prazer do simples vento na cara


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Mais de um século de agonia e glória “CONSTRUIR UM CARRO RÁPIDO, UM BOM CARRO, O MELHOR DE SUA CLASSE” FOI O OBJETIVO DE WALTER OWEN BENTLEY AO DESENVOLVER SEU PRIMEIRO MODELO HÁ MAIS DE 100 ANOS


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Por Roberto Marks Fotos Divulgação

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“Os caminhões mais velozes do mundo.” Assim, de maneira jocosa, o ítalo-francês Ettore Bugatti se referia aos automóveis construídos por seu adversário nas pistas na década de 1920, o inglês W.O. Bentley. Era também espécie de reconhecimento à resistência dos modelos da marca inglesa, a primeira a se impor de maneira incontestável na 24 Horas de Le Mans, a dura prova de longa duração. Nas oito primeiras edições, a Bentley obteve cinco vitórias, sendo quatro consecutivas: 1927, 28, 29 e 30. Na época, o circuito de La Sarthe tinha algo em torno de 17 quilômetros (atualmente são 13,6 km) e ainda não era totalmente pavimentado. Por isso, resistência e confiabilidade eram fatores muito mais importantes do que a velocidade pura. Mesmo assim, na última vitória, em 1930, a média de velocidade foi de 122 km/h e a distância total percorrida pelo Bentley vencedor com motor de 6,5 litros, pilotado pela dupla Barnato/ Kidston, foi de 2.930 quilômetros em 24 horas. Um feito excepcional naquele tempo. Walter Owen Bentley, que preferia ser chamado apenas de W.O., foi o engenheiro e empreendedor que fundou a empresa homônima com objetivo de “construir um carro rápido, um bom carro, o melhor da sua classe”. O primeiro modelo foi fabricado há exatamente um século, em 1919, numa garagem improvisada. Na instalação alugada, os irmãos Bentley iniciaram atividades, em 1912, na distribuição e atendimento técnico, para a Inglaterra, dos modelos da marca francesa DFP — Doriot, Flandrin & Parant. Com um deles, W.O. também começou a participar de competições e teve a ideia de fabricar pistões em alumínio para melhorar o desempenho. Foi um dos primeiros engenheiros a perceber as vantagens desse material mais leve e eficiente. Alumínio era considerado pouco resistente para suportar as elevadas temperaturas do motor. Depois de diversas experiências, Bentley desenvolveu uma liga especial para a fundição das peças estabelecendo a fórmula de 88% de alumínio e 12% de cobre. Sua tentativa foi recompensada. Com os novos pistões no seu DFP, ele estabeleceu o recorde de 144 km/h no circuito de Brooklands. A descoberta foi vital para seu sucesso futuro. Condecoração A Primeira Grande Guerra, em 1914, praticamente cessou as atividades da empresa e W.O. decidiu então se apresentar ao governo britânico para oferecer seus serviços como engenheiro. Trabalhando para ao serviço aéreo da Marinha, desenvolveu seu primeiro motor — um rotativo equipado com pistões de alumínio. O Bentley BR.1 foi montado no mais bem-sucedido caça britânico da guerra, na época. Pelos serviços prestados, W.O. Bentley foi condecorado pelo rei Jorge V como Cavaleiro da Ordem do Império Britânico , em 1919. Também ganhou um prêmio no valor de 8 mil libras esterlinas do escritório governamental para inventores do Reino Unido, o que lhe proporcionou o capital necessário para fundar sua própria fábrica de automóveis. Assim, em 1919, era criada a Bentley Motors. O protótipo só ficou pronto em novembro daquele ano. No projeto do motor, W.O. foi influenciado por dois carros pré-guerra. O 4 cilindros em linha, com 3 litros, já tinha quatro válvulas por cilindro, como no Mercedes-Benz Grande Prêmio de 1914 e no Peugeot de 1913, além de

A Bentley obteve cinco vitórias nas oito primeiras edições da 24 Horas de Le Mans, sendo quatro seguidas: 1927, 28, 29 e 30


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duas velas de ignição por cilindro e magnetos duplos. A potência era de 65 cv. O projeto também fazia uso extensivo de alumínio e magnésio, outra proposta avançada na época. Uma das características dos motores era o elevado torque em baixas rotações, o que facilitava aceleração e retomada de velocidade e, além de boa dirigibilidade, também refletia em maior durabilidade. Mas ele não ficou satisfeito com o projeto inicial e passou todo o ano de 1920 testando e aprimorando a mecânica, principalmente quanto ao funcionamento do motor. Preferiu optar por um mais silencioso, mesmo que diminuísse o desempenho. Em teste da revista especializada inglesa Autocar, a mais antiga do mundo e ainda em circulação até hoje, o Bentley 3-Litre foi definido como verdadeiro modelo esportivo para enfrentar confortavelmente longos trechos na estrada, em velocidades elevadas. Porém, somente em setembro de 1921 o primeiro carro foi entregue, com o preço do chassi rolante de 1.100 libras. Bentley, assim como outros fabricantes de carros de prestígio, fornecia apenas o chassi e a mecânica (motor, transmissão e suspensão). A escolha do fornecedor da carroceria era do cliente. Esse foi o modelo que ficou mais tempo em linha, com o total de 1.622 unidades produzidas de 1921 a 1929. Venceu várias corridas, incluindo Le Mans de 1924 e 1927. Por sinal, foram as vitórias na pista francesa que transformaram a Bentley em marca de prestígio. Inicialmente, W.O. foi contra a participação na prova, achando uma loucura e que os automóveis não eram projetados para suportar aquelas condições por 24 horas seguidas. Mas o aventureiro John Duff, um dos primeiros clientes de Bentley, decidiu inscrever seu carro na primeira edição da competição, em 1923. Ele persuadiu W.O. a viajar até La Sarthe para assistir à corrida que achava “maluca”. Pilotado pela dupla Duff/Clement, o carro fez a volta mais rápida e terminou em quarto lugar porque perdeu tempo para consertar um furo no tanque de gasolina. No ano seguinte, 1924, a mesma dupla retornava, já com total apoio da fábrica, para vencer o desafio de Le Mans. A vitória teve grande repercussão na Inglaterra, pois até então as marcas do país não tinham obtido sucesso nas pistas. Jovens aristocratas, incluindo o príncipe de Gales, Edward VIII e o duque de York, mais tarde coroado rei George VI, tornaram-se clientes fiéis da Bentley. Isso influenciou uma geração de rapazes e moças que acabaram sendo apelidados de Bentley Boys e Bentley Girls, jovens de famílias ricas, bon-vivants. Alguns se dedicaram às corridas e ajudaram a promover a companhia inglesa. A vitória de 1924, além de alavancar a reputação, também ajudou a salvar a firma de um fim prematuro. Isso porque o multimilionário Woolf Barnato, herdeiro da fortuna de diamantes das minas Kimberley, ficou impressionado com o resultado em Le Mans e decidiu investir na empresa, que enfrentava sérias dificuldades financeiras. Assim, Barnato tornou-se dono da Bentley, enquanto W.O. ficou com a direção executiva. Dessa forma, o projeto de Le Mans ganhou novo alento.

Uma das características dos motores projetados por Bentley era o elevado torque em baixas rotações e a retomada de velocidade


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No sentido anti-horário: O atual Bentley Continental ao lado do modelo vencedor Le Mans; ilustrações da época em que os modelos da Bentley se destacavam nas competições como Le Mans (alto) e no anel de velocidade de Brooklands; o milionário Woolf Barnato (à direita) foi quem assumiu o controle da Bentley e também venceu em Le Mans


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Humilhação Apesar do sucesso nas pistas, a crise econômica mundial de 1929 não poupou a Bentley. Cansado de investir na marca, Barnato vendeu o controle, em novembro de 1931, para um fundo de investimentos que, posteriormente, a repassou para a Rolls-Royce. W.O. continuou, mas foi constrangido a abrir mão até de seu automóvel de uso pessoal e, suprema humilhação, o alocaram no departamento de vendas. Longe das pranchetas e do chão de fábrica, ele também teve o dissabor de ver sua marca se tornar uma espécie de segunda linha no grupo Rolls-Royce. Por isso, em 1935, demitiu-se e voltou a trabalhar como engenheiro, na Lagonda. Coincidentemente, um modelo dessa marca venceu a edição da 24 Horas de Le Mans daquele ano, mas não existe registro preciso se W.O. teve participação direta no sucesso. Posteriormente, ele também trabalhou na fábrica de autos e aviões Armstrong Siddeley, até se aposentar. A Bentley só voltou a brilhar novamente no começo da década de 1950, quando o engenheiro-chefe, Ivan Evernden, apesar de ser funcionário da Rolls-Royce ao longo da vida, decidiu resgatar a tradição esportiva da marca. Auxiliado por John Blatchley, chefe do departamento de estilo, desenharam o Bentley Continental R-Type, um elegante cupê fastback aerodinâmico, que podia superar os 200 km/h, algo de destaque naquela década. Em setembro de 1951, na pista de Montlhèry, próximo de Paris, alcançou média de 191 km/h em cinco voltas. Apesar de alguns membros do conselho administrativo da Rolls-Royce contestarem, achando que era um modelo “muito esportivo” para uma empresa que fabricava limusines, Evernden persuadiu a diretoria de que existia um mercado para um modelo grã turismo (GT). Embora apenas 208 unidades do R Type tenham sido produzidas, estimulou o desenvolvimento de uma família de modelos. A linha Continental ficou em produção até 1966, com diversas configurações, e até com versão de quatro portas. Porém, as dificuldades financeiras do grupo Rolls-Royce, nas últimas décadas do século passado, fizeram a marca Bentley cair novamente no ostracismo, apesar de compartilhar modelos com a marca principal.

A sorte da Bentley mudou em 1998, quando, após uma disputa com a BMW, a Volkswagen assumiu o controle da marca


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Nova vida A sorte da Bentley, depois de décadas na sombra e atribulada luta pela sobrevivência, viria mudar em 1998. Após um feroz leilão com a BMW, a Volkswagen assumiu o controle do grupo inglês. Porém, como a BMW havia firmado anteriormente um acordo pelo qual se tornou proprietária, de fato, da marca Rolls-Royce, houve um acordo para devolver a produção dos modelos desta marca para sua concorrente germânica, no começo de 2003. A VW investiu cerca de 582 milhões de euros na modernização da fábrica e no desenvolvimento de uma completa gama de modelos. Isso resgatou o esplendor da Bentley, a começar pelo atual “carro-chefe”, o Continental GT, que tem estilo assinado pelo designer brasileiro Raul Pires e inspirado nas linhas do R Type Continental da década de 1950. Equipado com o revolucionário motor W-12, leva apenas 3,7 s para atingir 100 km/h e velocidade máxima de 333 km/h. Outro modelo exclusivo e de sucesso da Bentley é o Bentayga Speed. Considerado o SUV em produção mais rápido do mundo, causou polêmicas desde que foi anunciado até chegar ao mercado. Utiliza o mesmo motor W-12 de 6 litros, mas com potência aumentada para 635 cv e um torque brutal de nada menos que 92 kgfm. Assim é capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em apenas 3,9 s e alcançar a máxima de 306 km/h. Por suas dimensões, potência e desempenho, ele muito bem pode relembrar a definição de Ettore Bugatti. Se não chega a ser um “caminhão”, no sentido figurado não está tão distante assim, e surpreendeu pela brutalidade da proposta. Essa nem W.O. esperaria, se vivo fosse.

Assim como os Bentley Boys, as Bentley Girls eram jovens de famílias ricas que ajudaram promover a marca. Uma das mais destacadas foi Mary Petre, primeira mulher a ser multada por excesso de velocidade no Reino Unido e também a pioneira a circunavegar a Terra em voo solo


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Beleza

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Cultura

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Mulher de fibra Elza Soares celebra 90 anos com novos singles Juízo Final (Nelson Cavaquinho) é o novo single de uma das maiores vozes do Brasil, Elza Soares."Como estamos atravessando esse período drástico no Brasil e no mundo, eu quis gravar essa música, que fala do momento em que o bem

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vence o mal. Uma música clara, além de muito bonita. Fizemos um arranjo rock and roll, gostei muito do resultado", disse a cantora. A próxima canção será Negão Negra, parceria com Flavio Renegado. "Nesses tempos sombrios, a gente vendo os negros sendo mortos, uma coisa horrível, eu tenho que gritar. Aliás, tenho que gritar sempre, e essa música é mais um grito meu." Sobre os 90 anos que completará em 22 de julho: "Estou vivendo os melhores dias da minha vida. Nunca parei para ver quantos anos eu tenho, não vai ser agora, né? E por favor, nem se preocupe com isso". Disponível nas plataformas digitais.

O novo alvo de Millie Brown Depois de Eleven, atriz viverá irmã de Sherlock Holmes Inspirada na série de ficção policial Os Mistérios de Enola Holmes, da autora norte-americana Nancy Springer, o novo filme da Netflix contará a história de Enola Holmes, irmã 20 anos mais nova de Sherlock Holmes. Com Millie Bobby Brown (Stranger Things) no papel principal e Henry Cavill como Sherlock, o filme também terá no elenco Helena Bonham-Carter no papel da mãe, Sam Claflin como Mycroft e Louis Partridge como um lorde fugitivo. A direção é de Harry Bradbeer (Fleabag), produção de Mary Parent, Alex Garcia, Ali Mendes, Millie Bobby Brown e Paige Brown. Jack Thorne assina o roteiro.. Estreia em setembro na Netflix.


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Para (re)ver com pipoca no sofá Tom Cruise na primeira versão de Top Gun, Ases Indomáveis O filme foi lançado em 1986, mas continua atual – especialmente por conta de sua sequência lançada neste ano nos cinemas (Top Gun: Maverick). Mas o que nos interessa aqui é a nostalgia de rever em casa Top Gun, Ases Indomáveis com Tom Cruise ainda no auge de sua juventude. Para quem não conhece a história, o astro interpreta Maverick, que se esforça para equilibrar sua vida, suas responsabilidades e um caso de amor enquanto compete na escola de pilotos da Marinha. Disponível na Netflix.

Humanos ou robôs?

Dos anos 90 Paixões, drogas e muito rock

A era das conexões O CEO da Sinovation Ventures Kai-Fu Lee foi presidente da Google China e executivo de empresas como Microsoft e Apple. No livro Inteligência Artificial ele mostra como a revolução das máquinas nos tornará ainda mais humanos. (Globo Livros, R$ 50.)

Contos de Thunder conta a trajetória de o ex-VJ e um dos fundadores da MTV Brasil, Luiz Thunderbird. A biografia revela desde a infância do músico, passando pelo estouro na TV, pela carreira musical e pelo envolvimento com as drogas. (Globo Livros, R$ 50.)

Simplifique

Medo por quê? Mundo Novo de Mahmundi

Como traduzir seu valor

Desde o universo infantil

Cantora carioca lança seu terceiro disco de estúdio

O divertido livro do autor Walter de Sousa Nina Tem Medo de Palhaço faz com que as crianças e os adultos que com elas convivem reflitam e discutam questões como: Por que temos medo? O que é o medo? Como enfrentar nossos medos? Ilustrações de Mariana Fujisawa. (Kapulana R$ 33).

Com seu disco de estreia, Mahmundi, ela ganhou o Prêmio Revelação da APCA (Associação Brasileira dos Críticos de Arte), em 2016. Com Para Dias Ruins (2018), foi indicada ao Grammy Latino (Melhor Álbum Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa). Mahmundi lança agora o terceiro, Mundo Novo, dirigido e coproduzido por ela mesma: "A ideia era fazer algo que soasse mais como uma banda, saindo da produção sozinha, dos sintetizadores e tudo mais. Então partimos para um trabalho com coprodução do músico Frederico Heliodro, que trouxe suas referências de música instrumental", contou.

Em StoryBrand, Donald Muller ensina os sete elementos universais das histórias que influenciam todos os seres humanos; como simplificar uma mensagem de marca para que as pessoas a compreendam e como criar as mensagens mais eficazes para sites, folhetos e mídias sociais. (Alta Books, R$ 55.)


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Moda

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Mont Blanc non on no non non on non o non on no non o


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