TOP Magazine Edição 251

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Zeeba

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TOP MAGAZINE EDIÇÃO 250 / 2020

Sumário 14

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LIFESTYLE

PESSOAS

Sumário 32

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Profissão

Capa

A trajetória de Nathalia Arcuri, CEO da MePoupe!, maior plataforma de entretenimento financeiro do mundo. Por Melissa Lenz

O cantor e compositor Zeeba quer mostrar para o mundo quem realmente é. Por Marina Monzillo

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Perfil

Esporte

Automobilismo

Em entrevista à TOP, Anna Fasano fala de suas inspirações, aprendizados e sonhos para o futuro. Por Renata Zanoni

Cinco personalidades revelam uma grande história por trás de um par de tênis ou de chuteiras. Por Rodrigo Grilo

Não se tem um Audi RS para se ter prestígio, mas quem tem prestígio tem um RS. Por Bob Sharp

80 BELEZA

Ensaio Nu A fotógrafa portuguesa Ana Dias ficou conhecida pelo seu trabalho com ensaios marcantes para a revista Playboy. E nesta edição, ela ilustra nossas páginas.

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CULTURA

MODA

Mundo TOP Uma seleção de tudo o que está na moda entre fotografia, moda, design, decoração e mais.

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TOP Five

Para ler, assistir e ouvir

Uma seleção TOP de eventos culturais.

Dicas de livros, séries, filmes e discos.

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TOP MAGAZINE EDIÇÃO 251 / 2020

Colaboradores

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Quem Fez

Miro Mestre da fotografia, ele empresta seu olhar e assinatura para a nossa capa do mês, o cantor e compositor Zeeba.

Nê Bardac Formada em Moda e Publicidade, a experiente Nê assina o styling de nosso ensaio de capa ao lado de Gabriel Carneiro.

Rodrigo Grilo O jornalista, biógrafo e documentarista topou o desafio de contar cinco histórias de personalidades TOP por trás de um par de tênis ou chuteiras.

Marina Monzillo Jornalista polivalente, construiu a carreira nas editorias de cultura das redações da Folha de S. Paulo, IstoÉ Gente e Time Out São Paulo. Hoje, cobre de tudo um pouco para Harper´s Bazaar, Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, entre outros veículos, mas escrever perfis de pessoas interessantes, com trajetórias de vida excepcionais, ainda é o que mais gosta de fazer. Para TOP, entrevistou Zeeba.

Ana Ana Maquiadora atuante no mercado publicitário há cinco anos, Ana tem colaborado com editoriais na TOP. Nesta edição, ela assina o beauty de nossa capa.


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Publisher Claudio Mello Secretária Executiva Carolina Kawamura TOP Magazine | Studio Mundo TOP Diretora de Conteúdo: Melissa Lenz Diretora de Arte: Rosana Pereira Assistente de Produção e de Mídias Digitais: Diego Almeida Projeto Gráfico Marcus Sulzbacher Lilia Quinaud Paulo Altieri Fabiana Falcão Colaboradores Texto Feco Hamburger, Marcelo Skaf, Marina Monzillo, Renata Zanoni, Roberto Marks, Rodrigo Grilo Foto Feco Hamburger, Miro Produção Ana Ana, Everton Oliveira, Nê Bardac, Gabriel Carneiro Tratamento de Imagens Fujocka Creative Images Editora Todas as Culturas Diretores de Criação: Lucas Buled e Ricardo Polinésio Gerência Financeira: Thiago Alves Gerência de Relacionamento: Carolina Alves Produção Executiva: Camila Battistetti RP & Interface de Atendimento: Dianine Nunes Analista Financeira: Regiane Sampaio Assessoria Jurídica: Bitelli Advogados Pré-Impressão: Centrografica Editora & Gráfica Ltda Distribuição: Dinap S.A. TOP Magazine é uma publicação da Editora Todas as Culturas Ltda. Rua Pedroso Alvarenga, 691 - 14º Andar - Itaim Bibi - Cep 04531-011 - São Paulo/SP Tel.: (11) 3074 7979 As matérias assinadas não expressam necessariamente a opinião da revista. A revista não se responsabiliza pelos preços informados, que podem sofrer alteração, nem pela disponibilidade dos produtos anunciados. /topmagazineonline

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JUSTIN BIEBER

JUSTIN BIEBER

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Moda

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Mundo Top UMA SELEÇÃO DE TUDO O QUE ESTÁ NA MODA ENTRE FOTOGRAFIA / ALTA JOALHERIA fotografia

Um homem na lua Editora Taschen publica livro em homenagem aos 50 anos da missão Apollo 11 “Um pequeno passo para o homem, mas um grande salto para a humanidade”, disse Neil Armstrong em sua emblemática declaração. No dia 20 de julho de 1969, Armstrong e Edwin Buzz Aldrin pisavam na lua pela primeira vez, um verdadeiro marco científico e político na história mundial. Foram necessárias 110 horas, 42 minutos e 39 segundos para a missão: Buzz Aldrin consulta sua lista de verificação de pulso, que lista 30 tarefas planejadas para seus 90 minutos na superfície da Lua. No visor de Aldrin, vemos reflexos da câmera de TV, da bandeira, de Neil Armstrong, do Módulo Lunar e da Terra. Em comemoração ao 50º aniversário da missão Apollo 11, a editora alemã Taschen lança A Man on the Moon. O livro permite revisitar a importante aterrissagem com gravuras exclusivas assinadas por Aldrin e fotografias impressionantes. A edição exclusiva contém apenas 475 cópias assinadas pelo astronauta. Com 88 anos de vida, Aldrin é formado em West Point, ganhou seu diploma de doutorado em Astronáutica do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), antes de ingressar na NASA e nas missões Gemini XII e Apollo 11. Também é o fundador do Human Spaceflight Institute, organização sem fins lucrativos comprometida com o avanço do voo espacial. O lançamento pode ser adquirido no site da Taschen a partir de setembro deste ano. taschen.com


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FUTEBOL / DESIGN E MAIS


Mundo Top

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Moda

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alta joalheria

Bulgari Barocko Grife de luxo italiana lança peças inspiradas no barroco romano Inspirada em Roma, sua cidade natal, a grife italiana Bulgari acaba de apresentar a coleção Barocko. Dividida em três subcoleções – Colore, Meraviglia e Luce – as novas peças refletem a magnificência e beleza da Cidade Eterna. Cores vibrantes, geometria, movimento, efeitos de luz e sombra, formas fantasiosas, ousadia, alta qualidade e sofisticação definem as novas peças, transmitindo uma sensação de alegria, positividade e esperança – um equilíbrio perfeito entre extravagância e refinamento atemporal, grandeza dramática e leveza graciosa,

maximalismo e essencialidade. Diamante, esmeralda, pérolas, safira, ouro rosa e rubi enriquecem os artefatos que incluem colares, anéis e brincos. Uma ligação cultural e estética liga o movimento barroco à marca. A icônica estética, definida por linhas sinuosas, formas voluptuosas, complexidade e fascínio imprevisível é revisitada pelo filtro contemporâneo e experimental da marca para criações suntuosas, versáteis e que reescrevem as regras do design e fabricação de alta joalheria. Descubra a coleção Barocko em bulgari.com.


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futebol

Retorno de um ícone Paris Saint-Germain traz de volta sua lendária camisa Quando o esporte se une ao design, em geral nascem peças icônicas. Em comemoração aos 50 anos do clube PSG, a nova camisa – criada em parceria com a Nike – homenageia as conquistas do time parisiense desde sua fundação (1970). Naquele ano, o designer Daniel Hechter assumiu o

comando do clube e imaginou uma camisa com uma faixa vermelha central simbolizando a capital da moda, arrojada e elegante. A peça se tornou emblemática e está de volta, contando história e exalando estilo. Os kits PSG 2020-21 titular e reserva estão disponíveis em store.psg.fr e nike.com. fotos: Miro

design

Houssein Jarouche Autoral Artista assina linha de móveis para Micasa Volume C A primeira linha de mobiliário assinada por Houssein Jarouche está disponível na Micasa Volume C, em São Paulo. Intitulada H18-BMG, a edição limitada conta com produções dos últimos dois anos do artista. A coleção inclui aparadores, armários, buffets, entre outras peças, todas produzidas em aço carbono. Além dos móveis, Houssein desenvolveu uma linha de tapetes com desenhos geométricos.

A paleta de cores em preto, branco e verde desta primeira série é uma escolha pessoal. Ela permite, no futuro, outras combinações para uma nova edição. Os objetos apresentados são sólidos, duráveis, versáteis e de acabamento primoroso. Eles se colocam assim à margem de modismos efêmeros e a favor de ambientes com menor nível de consumo de matérias-primas, taxa de rejeitos e desperdícios. micasa.com.br

e-commerce

Iguatemi 365 Brasil afora O serviço de e-commerce chega em cinco novas cidades O Iguatemi 365, e-commerce da Iguatemi Empresa de Shopping Centers de São Paulo, ampliou a abrangência de suas entregas para Brasília, Campo Grande, Curitiba, Goiânia e Porto Alegre. Com cerca de 14 mil produtos de 270 marcas, conta ainda com uma área exclusiva de conteúdo

de moda e lifestyle. “Queremos proporcionar uma experiência 100% integrada e multicanal. Não é mais sobre físico ou digital, mas físico e digital se complementando”, afirma Cristina Betts, vice-presidente de finanças e relações com investidores da Iguatemi. iguatemi365.com


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Cultura

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Top Five UMA SELEÇÃO COM AS 5 OPÇÕES CULTURAIS MAIS INTERESSANTES DO MOMENTO

FESTIVAL DE VENEZA O 77º Festival Internacional de Cinema de Veneza, organizado pela Bienal de Veneza e dirigido por Alberto Barbera, aconteceu no Venice Lido, de 2 a 12 de setembro de 2020. Oficialmente reconhecido pela FIAPF (Federação Internacional da Associação de Produtores de Cinema), o Festival busca conscientizar e promover o cinema internacional em todas as suas formas – como arte, entretenimento e indústria – em espírito de liberdade e diálogo. Com o objetivo de contribuir para uma melhor compreensão da história do cinema, também organiza retrospectivas e homenagens a grandes figuras da Sétima Arte. O line-up incluiu as seguintes seções: Venezia 77, Orizzonti, Out of Competition e Biennale College - Cinema. As seções autônomas e paralelas, cuja formação é selecionada de acordo com seus próprios regulamentos, incluem a Settimana Internazionale della Critica e o Giornate degli Autori. Os filmes são exibidos no idioma original, com legendas em italiano e inglês. labiennale.org/en/cinema/2020


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Cultura

Top Five

MOMA O Museu de Arte Moderna de Nova York reabriu, porém com sua capacidade limitada. Mas continua oferecendo, em seu site, opções online para o público. De cursos gratuitos sobre moda, fotografia, arte contemporânea e muito mais, até eventos virtuais, cujas datas e horários podem ser consultados no site do museu. E as exposições não poderiam ficar de fora. Várias também estão disponíveis na plataforma, entre elas, Material Ecology, de Neri Oxman, e Sur moderno: Journeys of Abstraction —The Patricia Phelps de Cisneros Gift. moma.org


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INHOTIM Fechado para visitação desde 18 de março, o Instituto Inhotim, em Brumadinho-MG, acelerou ações digitais. O objetivo é suprir a demanda por conteúdos de arte, cultura, educação, sustentabilidade e botânica, e promover uma aproximação com as pessoas por meio do ambiente virtual. São cinco exposições virtuais no Google Arts & Culture, sendo a mais recente Resistência, diversidade e sabedoria: os segredos do Jardim Desértico, além das webséries nos canais do YouTube, Facebook e Instagram. Outra iniciativa são os Wallpapers Botânicos, disponíveis no Instagram e Facebook, para o público baixar gratuitamente. inhotim.org.br


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Cultura

Top Five

FESTIVAL DE CINEMA DE GRAMADO O festival se reinventa e apresenta a 48ª edição. A cerimônia de premiação deve acontecer no Palácio do Festivais, em formato que atenda a todos os protocolos de segurança, de 18 a 26 de setembro. Para viabilizar o novo formato, a organização buscou a parceria do Canal Brasil, como exibidor das Mostras Competitivas – longas-metragens brasileiros e estrangeiros e curtas-metragens brasileiros. Além disso, o canal mantém sua cobertura jornalística e a transmissão ao vivo da premiação. Os conteúdos ficarão ainda disponíveis por 24h também no Canal Brasil Play, transmitido via streaming. festivaldegramado.net


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HELMUT NEWTON FOUNDATION A Helmut Newton Foundation, em Berlim, apresenta uma nova exposição: America 1970s/80s, com obras de Evelyn Hofer, Sheila Metzner, Joel Meyerowitz e Helmut Newton. A mostra estará disponível de 9 de outubro de 2020 a 16 de maio de 2021. Além da exibição atual, Body Performance, disponível até 20 de setembro deste ano, pelo site é possível realizar um tour interativo de realidade virtual 360° com comentários do curador e diretor Matthias Harder. helmut-newton-foundation.org




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Pessoas

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Profissão: Nathalia Arcuri EX-APRESENTADORA E REPÓRTER NA TV, ELA APRENDEU A INVESTIR SOZINHA MUITO ANTES DE FUNDAR A MAIOR PLATAFORMA DE ENTRETENIMENTO FINANCEIRO DO MUNDO. ENTENDA QUAL FOI O SALTO “DUPLO TWIST CARPADO” DESSA CORAJOSA JORNALISTA-EMPREENDEDORA QUE FATUROU R$ 22 MILHÕES EM 2019 E TEM COMO META MAIS R$ 60 MILHÕES ATÉ O FINAL DESTE ANO... (ME POUPE, NATH!) Por Melissa Lenz Fotos Divulgação

5 min

“Foi um duplo twist carpado da coragem”, diz Nathalia Arcuri, 35, jornalista e especialista em planejamento financeiro pelo Insper, que largou a carreira de apresentadora e repórter na TV Record para se dedicar a um projeto pessoal: democratizar a informação sobre produtos financeiros. “Fiquei por um tempo trabalhando oito horas na emissora e três horas em casa para o meu canal. Me planejei e decidi seguir como produtora de conteúdo 5 anos atrás. Aos poucos fui contratando os primeiros funcionários e aprendendo a fazer a gestão do time. Não foi fácil, não é fácil, mas me encho de orgulho quando vejo o caminho até aqui”, diz ela à TOP. Paulista de Mogi das Cruzes, hoje Nath se firma como CEO e diretora de conteúdo da Me Poupe!, maior plataforma de entretenimento financeiro do mundo que, de 2015 para cá, conquistou mais de cinco milhões de inscritos no Youtube, 19 mil alunos no curso Jornada da Desfudência e mais de 15 milhões de pessoas impactadas a cada mês. “Meu propósito é levar a independência financeira ao maior número de pessoas possível”, diz. Atualmente com um time de 40 colaboradores, sua startup de educação é uma das 100 marcas mais lembradas durante a pandemia e faturou R$ 22 milhões só em 2019 – mesmo ano em que Nathalia foi considerada a pessoa mais influente do Youtube, de acordo com pesquisa da IPSOS. “Hoje minha hora não tem preço. Já não preciso trabalhar há dois anos. Dinheiro não compra o meu tempo”, ela revela à TOP. Veja a entrevista exclusiva:


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De jornalista a CEO de startup de educação: que salto foi esse, Nathalia? Foi um duplo twist carpado da coragem! Brincadeiras à parte, eu sempre gostei de desafios. Fiz jornalismo pensando em criar uma assessoria de imprensa focada em medicina para traduzir o que os médicos queriam informar ao grande público. Já na faculdade descobri que era apaixonada pela agilidade da TV e do rádio e me coloquei a meta de ser apresentadora e repórter de TV. Sempre fui muito disciplinada e busquei caminhos para transformar aquele objetivo em realidade. Foram 3 anos entre estágio, produção, edição, redação até me oferecerem uma oportunidade como apresentadora no SBT. Eu, que sonhava em ser correspondente de guerra, na época, fui chamada para fazer um quadro de celebridades na bancada do jornal da manhã. Lembro que chorei muito de frustração naquele dia, mas enxuguei as lágrimas e agarrei a oportunidade. Não tinha aumento de salário, muito pelo contrário, só aumento de trabalho, mas era exatamente o que eu queria. Três anos depois eu já estava apresentando quadros pontuais em dois programas da mesma emissora. Trabalhava das 9:00 às 13:00 em um programa e das 17:00 às 01:00 em outro. Foi cansativo, mas eu estava super feliz. Em 2008 recebi um convite da TV Record pra ser apresentadora e repórter do programa Hoje em Dia, onde fiquei até pedir demissão pra me dedicar ao meu projeto de entretenimento financeiro, o Me Poupe! Fui repórter e apresentadora, mas nunca apresentei nada sobre economia na TV, no começo cuidava do dinheiro para mim e ajudava algumas amigas que se interessavam. Comecei a perceber que essas informações precisavam chegar nas pessoas e com uma linguagem mais simples, porque tudo era muito complexo ainda. Tive a ideia de um reality show de finanças na TV. Tentei emplacar na emissora que eu trabalhava na época e a resposta que eu tive foi “que era tão bom que o apresentador principal ia fazer”, mas acabou não virando. Um pouco depois fui cobrir uma matéria que falava sobre violência doméstica e mostrava que 70% das mulheres que se mantinham em um relacionamento abusivo dependiam financeiramente do agressor, foi

quando eu soube que precisava começar a transmitir esse conteúdo e criei o canal no Youtube. Se eu ajudasse pelo menos uma pessoa, eu estaria feliz. Hoje sou CEO da Me Poupe!, uma empresa com 40 colaboradores e muito propósito de levar a independência financeira ao maior número de pessoas possível. O que é e como funciona sua startup de educação? Somos a maior plataforma de entretenimento financeiro do mundo e temos como propósito ensinar para libertar. Acreditamos que a educação, não só financeira, mas como um todo é capaz de trazer liberdade e independência para as pessoas. Nós disponibilizamos conteúdo sobre educação financeira e investimentos de forma gratuita nas nossas redes sociais, no blog, no Youtube e no podcast Poupecast. Também contamos com um programa de rádio e já temos mais de 19 mil alunos no curso Jornada da Desfudência, que está em sua quinta edição. O quanto a empresa cresceu nos últimos anos? O que mudou? Em faturamento falamos de uma expectativa de crescimento de quase 20.000% de 2017 para 2020. O time de Me Pouplayes – quem trabalha na Me Poupe! – já está chegando em 40 pessoas, das quais 19 foram contratadas entre junho e julho de 2020, no meio da pandemia. No começo era eu, a Margarete (a minha colher de pau e primeira funcionária da Me Poupe! que me ajudava a fazer o foco na câmera) e uma câmera de segunda mão, gerando conteúdo para o Youtube e escrevendo no blog. Hoje estamos na redes sociais, no blog, no Youtube, tem livro com mais de 400 mil exemplares vendidos [Me Poupe!: 10 passos para nunca mais faltar dinheiro no seu bolso (Sextante)], programa de rádio [Me Poupe 89!, todas as segunda-feiras, às 9hs da manhã, na Rádio Rock], já teve reality show na TV aberta [Me Poupe! (TV Band)] e no Youtube [Me Poupe! – O Reality]. Tem série no Youtube Originals [Mulheres que Mudam o Mundo], tenho 19 mil alunos no meu curso Jornada da Desfudência e impactamos mais de 15 milhões de pessoas todos os meses.


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“Hoje minha hora não tem preço. Já não preciso trabalhar há dois anos. Dinheiro não compra o meu tempo”


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“Hoje todo o dinheiro que eu recebo como CEO vai para projetos pessoais e para garantir o meu conforto e da minha família. Já o lucro da empresa, fica 100% na empresa para que ela possa crescer e impactar cada vez mais pessoas e gerar mais empregos”


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De que maneira a pandemia refletiu no seu business? A crise fez a gente se reinventar em termos de conteúdo e estrutura física. Todos estão em home office, e precisamos redesenhar alguns projetos, mas financeiramente falando a empresa segue estruturada. Logo que a pandemia começou, fiz uma reunião com a equipe toda para deixar todos tranquilos, porque temos um bom caixa, tanto que contratamos mais 19 pessoas mesmo na quarentena. Além disso, criamos uma plataforma, o SOS Me Poupe!, para dar auxílio aos pequenos e microempreendedores, profissionais autônomos e desempregados. Funciona como uma vitrine virtual gratuita em que as pessoas podem cadastrar suas empresas e oferecer produtos e serviços, mas também oferece conteúdos exclusivos e informações sobre ações do governo voltadas para esses profissionais por exemplo. Já são mais de 27 mil empresas cadastradas e temos planos audaciosos para o futuro de SOS. Como está a sua rotina de trabalho durante a pandemia? Agora estamos entrando nos eixos, mas foi um dos períodos mais alucinantes desde que eu criei o Me Poupe! Nossa responsabilidade triplicou durante a pandemia devido ao alto índice de desemprego e de empresas quebrando. Antes da pandemia eu estava conseguindo manter uma rotina das 10:00 às 20:00. Agora não dá mais. Começo às 8:30 e vou até às 21:00, voltei a trabalhar nos finais de semana… O mundo é outro, as necessidades mudaram e eu precisei me adaptar. O que você aprendeu como empresária nesses anos? Aprendi que não importa o quanto você sabe, você sempre precisa estar disposta a aprender, errar e seguir a sua missão com ética e propósito. Quanto vale a sua hora hoje? Hoje minha hora não tem preço. Já não preciso trabalhar há dois anos. Dinheiro não compra o meu tempo. Qual a diferença entre ser chefe e ser líder? Eu achava que ser líder era mandar nos outros e por isso levei muito tempo para

liderar a minha equipe. Eu não queria me parecer com aqueles “líderes” que eu abominava. Até que eu descobri que isso é ser chefe e chefes estão com os dias contados. O líder leva a equipe ao crescimento junto com ele, se preocupa e cuida do time. O chefe só pensa nos ganhos próprios e não sabe fazer gestão de pessoas. Eu sou uma líder em treinamento, quero ser a melhor líder possível para o meu time. Você sempre foi autodidata em finanças. Chegou um momento em que foi buscar as credenciais de finanças [se especializou em Planejamento Financeiro pelo Insper]. O que mudou com isso na prática? Todo conhecimento adquirido, seja ele formal ou não traz bons insights e nos fortalece intelectualmente. Aprendi muito enquanto estava disputando o prêmio brasileiro de planejamento financeiro pessoal, em 2014. O troféu foi uma grande conquista e me mostrou que eu estava no caminho certo. E com a experiência de empresária, ficou muito mais complexo? Quais os grandes aprendizados nesse quesito? Tem um vídeo no canal em que eu explico que empreendedores em geral são apaixonados por Nabos. Você não leu errado. Quanto maior é o problema que você resolve, maior será o problema que virá na sequência. Para pessoas que não gostam de marasmo, como eu, é um verdadeiro oásis. Do que você ganha, quanto % gasta e quanto % investe? Hoje todo o dinheiro que eu recebo como CEO vai para projetos pessoais e para garantir o meu conforto e da minha família. Já o lucro da empresa, fica 100% na empresa para que ela possa crescer e impactar cada vez mais pessoas e gerar mais empregos. Estamos mais educados financeiramente? Por onde uma criança deve começar? E um adulto endividado? O Brasil não tem uma estrutura de educação financeira nas escolas, ou mesmo a cultura de falar sobre isso em casa, mas eu e meu time estamos lutando (e conseguindo) mudar essa realidade. Uma criança pode começar recebendo semanada (que tem o mesmo conceito de mesada, mas é


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por semana) e pode ser o valor que os pais puderem e couber no orçamento, toda vez que o dinheiro for dado para a criança é importante explicar que aquele montante é para que ela compre o que ela quer e que se não for suficiente, ela precisa ser paciente até ter o valor que precisa. Um adulto endividado precisa pegar todos os extratos de banco, faturas de cartões de crédito e demais dívidas para enxergar o valor real da dívida com juros, tudo certinho. Depois disso, negociar todas as dívidas que forem possíveis e ver o quanto ele ou ela precisa fazer para conseguir pagar as contas atrasadas, as contas atuais e investir. Provavelmente o caminho seja buscar uma renda extra, por exemplo. Alguns educadores financeiros dizem que uma boa reserva de emergência é duas vezes o seu salário, outros dizem que é três, seis... Aí, de repente, vem uma pandemia e leva tudo... O que você recomenda como uma boa reserva de emergência? Eu sempre recomendo que as pessoas tenham pelo menos o equivalente a 6 meses do custo de vida, que não necessariamente é a mesma coisa que o salário. Mas não precisa ficar preso a esse número, é um mínimo. Eu mesma quando deixei de ser repórter para seguir com a Me Poupe! tinha 1 ano e meio de reserva porque sabia que seria um período de muitas restrições. O que você esperava do dinheiro quando trabalhava como jornalista? Eu sempre fiz o meu dinheiro trabalhar para mim, era o que eu esperava e espero até hoje. Acredito que independentemente do seu ofício, o dinheiro precisa ser visto como um meio para alcançar conforto, segurança, liberdade, diversão, confiança, etc… O dinheiro é um meio, uma ferramenta. Quem sabe usar, sempre tem. E hoje, quais são suas metas, metinhas e metonas? Não tenho mais metas pessoais com o dinheiro. Todas as minhas metas são focadas ao projeto social que comecei em 2015. Quero reduzir inadimplência, libertar mulheres vítimas de abuso através da educação financeira e colaborar com a construção de um país menos desigual. Percebi que com uma empresa rica e um time capaz, somos capazes de chegar lá.

Qual o engano mais recorrente entre os investidores? O maior erro que vejo desde sempre é achar que existe resposta pronta. É um hábito terrível que todo ser humano tem de acreditar que pra tudo existe uma solução simples, rápida e indolor. Investir demora, dá trabalho e exige esforço, mas o resultado pra quem entende essa lógica sempre vem. É isso que eu ensino meus alunos a fazerem. Quais os seus sonhos selvagens hoje? Desfuder o Brasil. No seu livro você fala de dois grandes NÃOs que serviram de alavanca para correr atrás do que você queria. Teve algum outro depois? Todo tombo que eu levo é um impulso que eu ganho de presente. Eu sou uma devoradora de problemas. Quando não tem nenhum fico até chateada. O que você acrescentaria no seu livro hoje? Ele vai ter algumas novidades em breve, mas não posso dar spoilers ainda haha. Quais as metas e novidades para esse ano? A pandemia impactou muito nossas vidas, mas estamos à todo vapor na Me Poupe! para garantir o melhor conteúdo para nossos seguidores e a melhor infraestrutura para nossos colaboradores. Temos uma expectativa de faturar 60 milhões de reais, contra os 22 milhões que faturamos em 2019. Também temos meta de aumentar ainda mais a equipe até o final do ano, chegando a pelo menos 50 colaboradores. Temos novos cursos sendo planejados, novidades sobre meu livro e projetos que ainda não posso dar spoiler, mas acompanha no canal que vai ser lindo. Qual a força T (que você fala no livro) que te move? Trazer conhecimento à luz e dar às pessoas a possibilidade de escolherem o próprio destino. Infelizmente no Brasil a maioria das pessoas não têm escolha. Nath em três palavras? Sempre pode melhorar.


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“O líder leva a equipe ao crescimento junto com ele, se preocupa e cuida do time. O chefe só pensa nos ganhos próprios e não sabe fazer gestão de pessoas. Eu sou uma líder em treinamento, quero ser a melhor líder possível para o meu time.”




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Zeeba

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DEPOIS DE ESTOURAR COM AS MÚSICAS HEAR ME NOW E NEVER LET ME GO, LANÇADAS EM PARCERIA COM DJ ALOK E BRUNO MARTINI, ZEEBA QUER MOSTRAR PARA O MUNDO QUEM REALMENTE É Por Marina Monzillo Fotos Miro zeeba

/zeeba

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Zeeba

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“Procuro ser feliz e, com a música, fazer as pessoas sorrirem e refletirem”


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O Zeeba é cantor? É DJ? É americano? É brasileiro? A legião de fãs do artista cresceu vertiginosamente nos últimos anos, mas uma certa confusão se manteve. Compositor e cantor de Hear Me Now e Never Let Me Go, sucessos eletrônicos que tomaram conta das pistas, festas e, mais recentemente, das salas de estar pelo mundo, Zeeba frequentemente era confundido com o DJ Alok, seu parceiro, junto com Bruno Martini, nesses hits. Filho de brasileiros, Marcos Lobo Zeballos nasceu há 27 anos em San Diego, nos Estados Unidos, mas logo veio para São Paulo, onde cresceu. Retornou à Califórnia para estudar música por cinco anos, aos 18, quando começou, de fato, a carreira musical. Apesar de ter estourado no universo eletrônico, cantando em inglês, ele se declara brasileiro e é no violão e nas letras reflexivas que residem sua essência como artista. A busca por esclarecer essas dúvidas não é apenas para o público, se tornou uma jornada pessoal para Zeeba. Ao viver o frenesi de ter suas composições cantadas por enormes plateias em shows pelo mundo e ouvidas por milhões de pessoas nos serviços de streaming, Zeeba sentiu que, em determinado momento, perdeu o foco. A retomada aconteceu este ano, ao lançar o disco solo Reset, com faixas acústicas – uma delas, Tudo Que Importa, em português. Em entrevista à TOP Magazine, o jovem artista conta como a música tem sido, desde a infância, sua terapia para lidar com momentos difíceis, comenta também a sensação de ser autor de hits mundiais e qual é seu propósito na vida: “Procuro ser feliz e, com a música, fazer as pessoas sorrirem e refletirem”, resumiu ele.

Como tem sido 2020, este ano tão atípico, para você? Comecei lançando um álbum acústico, chamado Reset, que traz a minha primeira música em português, Tudo Que Importa. Fizemos um clipe no começo da quarentena, quando ainda não precisava usar máscara nas gravações, mas foi um vídeo que fez todo sentido neste ano.

A música fala sobre ter alguém para compartilhar os momentos, e muita gente tem sentido falta disso. Quando a gente perde, realmente dá valor. Reset é uma palavra que passa a ideia de recomeço, é isso que o novo trabalho significa? É um álbum para tirar as dúvidas. Como eu vinha de muitas parcerias eletrônicas, estava rolando uma confusão: o Zeeba é cantor? É DJ? É americano? É brasileiro? Quis mostrar que todas as minhas músicas começam na voz e no violão. O álbum tem os hits conhecidos na versão eletrônica, como Hear me Now e Never Let Me Go, na versão acústica. Este ano você também lançou uma música com a Manu Gavassi, como se deu essa parceria? Nesse processo de mostrar quem é o Zeeba, fui atrás de colaborações com cantores, não mais com DJs. Eu e a Manu começamos a compor Eu Te Quero em dezembro passado. Foi engraçado, estávamos nos últimos passos, e ela sumiu. A gente pensou: “será que ela deu para trás, não gostou?” Depois entendemos que ela tinha ido para o BBB (Big Brother Brasil) e foi até bom para a música, porque a Manu ganhou uma nova audiência, muita gente que não a conhecia passou a conhecer. Então, a música teve um lançamento mais forte, muito mais pessoas escutaram a nossa arte. A gravação do clipe ficou para depois do BBB? Sim, foi bem diferente, feita com todas as medidas de segurança. Só tinha o diretor e um de nós na sala. Para aparecermos na mesma cena, usamos espelhos, uma forma artística para conseguir atender ao distanciamento social. O resultado ficou lindo. Recentemente, você foi convidado para fazer uma palestra no TEDx São Paulo, como foi a experiência? Eles queriam que eu contasse como é ser autor de um hit. Não é “fiz uma música, explodiu e deu tudo certo”. Tem todo um caminho. Eu entrei na música para


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“Eu entrei na música para ser aceito (...) Sofria muito bullying, não era muito de revidar, era inocentão, e a galera pegava no meu pé, me zoava”


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ser aceito, em uma época em que mudei de colégio, na 6a série. Sofria muito bullying, não era muito de revidar, era inocentão, e a galera pegava no meu pé, me zoava. O colégio tinha um estúdio de música e comecei a me refugiar lá. Sempre gostei de tocar guitarra, compus minha primeira música aos 14 anos. Aí virei o cara da banda. Quando a música virou profissão? No colegial, fiz estágio de seis meses em uma produtora de jingles e gostei. Existe um preconceito com quem vive de música, acham que não é profissão, mas meu pai [o médico Roberto Zeballos] sempre me apoiou. Ele escreveu um livro, Desejo, Logo Realizo, que fala de acreditar e materializar. Ele me dizia para eu fazer o que me deixava feliz e fazer bem, o dinheiro seria consequência. Eu me joguei, fui para Los Angeles fazer um curso de music business e produção musical. Lá montei minha primeira banda profissional, juntamos o pessoal da faculdade e fomos super bem, fizemos show pelos EUA e ganhamos um Grammy. Por conta de brigas internas, a banca acabou. E isso foi um baque para mim, fiquei deprê e me questionei de novo: “será que vou fazer música mesmo?” Um professor tinha me falado que quem não estoura até os 25 anos, não estoura mais. Estava com 22 anos e me sentia velho. Voltei ao Brasil para passar um tempo e conheci o Bruno Martini.

Foi aí que compôs Hear Me Now? Hear Me Now tem uma coisa inexplicável. Eu estava nesse momento tenso, queria botar para fora. A letra é uma mensagem para mim mesmo, de que tudo iria dar certo. Compus uma versão mais acústica, mais indie. Quando o Alok ouviu, amou, me ligou e disse que queria produzi-la comigo. Eu, Bruno e Alok botamos uma energia ali, acreditamos mesmo. Saiu em menos de um dia. Lançamos, e o primeiro show foi horrível (risos). O som estava ruim, fiquei nervoso, cantei mal. Era uma plateia de 300 pessoas. O segundo já foi para 60 mil. Dali em diante foi muito rápido. Depois de Hear Me Now e Never Let Me Go, nosso segundo hit, veio outra fase difícil para mim. Foi muito louco, eu tinha um monte de música no topo, era gratificante, mas quando você tem músicas com mais de 400 milhões de plays no streaming, esse parece ser o normal. Atingir menos que isso dá a sensação de não estar indo bem. Foi complicado para a minha cabeça. Seu jeito de lidar com momentos difíceis é fazer música? A música é sempre uma forma de autoterapia. A família também me ajudou muito, converso muito com eles. Hoje dou ainda mais valor para isso. Hear Me Now nasceu dessas conversas de pai para filho, meu pai dizia: “relaxa, vai dar tudo certo”. A letra de Living the Moment, que está neste meu projeto

“Existe um preconceito com quem vive de música, acham que não é profissão, mas meu pai [o médico Roberto Zeballos] sempre me apoiou”


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“Hear Me Now nasceu dessas conversas de pai para filho, meu pai dizia: ‘relaxa, vai dar tudo certo’”


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“Não faço música apenas para os outros, estou fazendo uma arte por mim, da forma mais honesta e verdadeira possível”


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solo atual, fala sobre viver o momento e aproveitar cada segundo, porque a gente fica comparando com o passado e angustiado com o futuro. Precisa é viver o presente. Cheguei a conclusão que não faço música apenas para os outros, estou fazendo uma arte por mim, da forma mais honesta e verdadeira possível. Foi algo que no meio do caminho ficou meio perdido, mas agora, de novo, estou focando na minha essência, nessa fase nova “Zeeba por Zeeba”.

Tem sentido falta da multidão dos shows, da grande aglomeração ao redor de sua música? Quando estávamos fazendo shows pelo mundo todo, em todos os lugares que a gente chegava, as pessoas sabiam cantar Hear Me Now inteira. Era muito louca essa sensação de se sentir em casa independentemente de onde se está no mundo, do palco ser a nossa casa. E Never Let Me Go surgiu assim. Em uma conversa com o Alok, enquanto estávamos na China, quisemos fazer uma música que, na primeira vez que tocasse em um show, as pessoas conseguiriam cantar com a gente. É muito interessante ver isso, é uma conexão incrível. Você escuta as vozes, é muito especial. Estou sentindo falta. Mas enquanto não tem show, vou lançar mais singles, o próximo chama I Got You. Você se identifica mais com jeito brasileiro ou americano? Eu me considero brasileiro, porque fui criado, fiz colégio aqui, falando português, e meus pais são brasileiros. Vivo e convivo

Styling

Ne Bardac e Gabriel Carneiro

Make up Ana Ana

Produção

Camila Battistetti

Direção Criativa

Everton Oliveira e Zeeba

aqui. Já o inglês está enraizado em mim, nas minhas influências, fez parte do meu aprendizado musical. Sempre gostei muito de bandas americanas e minha formação foi nos Estados Unidos, minha primeira banda profissional foi lá. O processo de fazer música em inglês e português é diferente? O inglês é mais natural para mim, sai mais fácil, às vezes, vou improvisando, fazendo a letra na hora. A língua portuguesa é mais difícil de não soar brega, clichê, bobo. Depois que eu faço a melodia, é um processo diferente, mais longo. Mas estou numa onda de misturar inglês e português. O refrão em inglês, às vezes, tem uma pegada bem única, dá para brincar com isso. Virão mais músicas em português e inglês. Seus sonhos de vida se realizaram? O que ainda deseja fazer? Desde a minha primeira banda de colégio, eu fechava os olhos e imaginava uma multidão cantando comigo. Era minha onda, ficar viajando, sonhando. Quando aconteceu de fato isso, foi uma sensação muito boa. Faço muito isso, quando estou correndo ou no banho, fecho os olhos e mentalizo. É meio a minha religião, pedir as coisas para o universo, para Deus. Às vezes, a gente tem de quebrar barreiras, as limitações que a sociedade impõe. Aquele ditado “não sabia que era impossível, foi lá e fez”, faz muito sentido para mim. Meu estilo de vida é sempre ir atrás de ser feliz todo dia, ficar contente com o que eu faço. Isso deveria ser uma regra para todos.


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Em sentido horário, a partir da seta: No dia dos namorados, com Heloisa Bruggemann; em um momento de inspiração durante o isolamento social; com seu pai, Roberto Zeballos; em sua palestra no TEDx SãoPaulo versão drive-in; final de festa


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Porque toda grande história começa com o primeiro passo O EX-JOGADOR DE BASQUETE OSCAR SCHMIDT, O CHEF DE COZINHA HENRIQUE FOGAÇA, O EX-FUTEBOLISTA KAKÁ, A MODELO E MARATONISTA BABI BELUCO E O ULTRAMARATONISTA CÍCERO BARRETO REVELAM UMA GRANDE CONQUISTA POR TRÁS DE UM PAR DE CALÇADOS Por Rodrigi Grilo Fotos Miro

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OSCAR SCHMIDT, 62 anos, ex-jogador de basquete Numeração 50 “Eu nasci no Rio Grande do Norte, mas quando eu ainda era criança meus pais se mudaram para Brasília. Foi naquela cidade onde disputei pela primeira vez um jogo de basquete e comprei esse Converse, que guardo comigo por ser muito emblemático. Um dia, um amigo chegou com um tênis na mão, dizendo que ele era mais pesado do que outros modelos. Foi o que bastou para eu querer comprar um igualzinho. Treinar com esse Converse exigia de mim mais força física no ato da impulsão. Aí, na hora do jogo, calçando um tênis mais leve, eu me sobressaía em relação aos outros jogadores na hora de saltar. O Converse, então, foi o meu tênis de treino, no início da minha carreira. Nunca disputei uma partida com ele, mas representa o que eu sempre gostei de ser: um cara que se sacrifica para ser o melhor em qualquer atividade.”

“Treinar com esse Converse exigia de mim mais força física no ato da impulsão”


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HENRIQUE FOGAÇA, 46 anos, chef de cozinha Numeração 43/44 “Toda vez que olho para esse meu Vans a minha memória meio que me transporta para Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, onde eu vivia em cima do skate andando em ruas, praças, escadarias e sarjetas. Tenho esse modelo Metallica cano alto há muito tempo, quando eu respirava skate e shows de punk rock. Foi quando estive nos Estados Unidos, em 1999, que o comprei. Sou apaixonado pelos tênis da Vans, marca que passou a fazer parte da minha vida desde os 15 anos. Como estou com 46, hoje, faz 31 que essa grife é minha parceira. E esse modelo, especificamente, representa uma fase muito boa, de formação de caráter no esporte, na música, no skate, entendimento de ideologias e filosofias de vida. Costumo guardar tênis antigos. Quando eu era criança, ganhei um Kichute com o qual jogava bola na rua, em Piracicaba. Lembro que eu dormia abraçado a ele (risos). Hoje, esse meu Vans é pau pra toda obra. Combina com bermuda, calça e com qualquer estado de humor meu. Seja quando sinto raiva, felicidade ou gratidão, ele é meu companheiro. De tanto usá-lo, hoje ele está todo encardido no meu armário. Mas, na real, mesmo surrado, ele mora mesmo é no meu coração.”

“Tenho esse [Vans] cano alto há muito tempo, quando eu respirava skate e shows de punk rock”


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BABI BELUCO, 33 anos, modelo e maratonista Numeração 39 “Ao invés de um closet de madame todo lindinho e forrado de salto alto um do lado do outro, tenho em casa um armário com vários tênis de corrida enfileirados. Eu corro desde os 14 anos, mas foi em 2014 que me tornei uma corredora em busca de melhores performances. Esse tênis On Running é marcante porque com ele completei os meus primeiros 33 km de corrida, em um treino na USP. O fato é muito importante porque me fez pensar: ‘Se corri 33 km, consigo correr os 42 de uma maratona’. Esse modelo Cloudflow da On Running, então, foi um parceiro que me deu confiança para encarar um desafio maior, em 2019: a Big Sur, maratona realizada na Califórnia. Por isso não o aposentei. O tênis está surrado, nunca ganhou um banho, carrega o suor de emoções e, hoje, me acompanha em algumas idas à academia. No total, já participei de três maratonas e quinze meias maratonas.”

“Esse tênis On Running é marcante porque com ele completei os meus primeiros 33 km de corrida, em um treino na USP”


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KAKÁ, 38 anos, ex-jogador de futebol Numeração 42 “Sempre cuido das minhas coisas com muito carinho. Lembro de ter ganhado a minha primeira chuteira ainda criança, da minha mãe. E eu sempre a deixava no pé da minha cama quando ia me deitar para dormir. Em 2007, essa Adidas modelo adiPure foi enviada para mim, no centro de treinamento do Milan, clube em que eu jogava. Era uma homenagem da marca, uma vez que, naquele ano, eu havia sido eleito o melhor jogador do mundo pela FIFA. No total, eu havia conquistado sete prêmios individuais. Também em 2007, eu soube que seria pai pela primeira vez (Luca nasceria em junho do ano seguinte). Essa chuteira é, então, a representação do melhor ano da minha vida, tanto no futebol, quanto na vida pessoal. O modelo foi padronizado pra mim – trazia escrito “Jesus in first place” –, para que fosse usado no clássico da capital italiana: Milan x Internazionale, em dezembro. Logo, pensei: ‘Vou usá-la somente neste jogo’. E assim foi. Nunca mais a calcei para treino ou qualquer outra coisa. Apesar de ser uma peça muito especial, não a deixo exposta. A chuteira fica no meu armário. Com alguma frequência vou lá, faço um carinho nela, vejo como está. E pronto.”

“Essa chuteira é a representação do melhor ano da minha vida, tanto no futebol, quanto na vida pessoal”


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CÍCERO BARRETO, 46 anos, diretor comercial e de marketing da Omint Numeração 43 “Sou aficionado por tênis. Tenho, hoje, cerca de trinta modelos no closet de casa. É por um deles, no entanto, que nutro um carinho especial: o Salomon, uma marca francesa, modelo Sense Ride, perfeito para a prática de esportes de inverno e montanha. Com esse parceiro no pé, corri pelo menos 3 mil quilômetros desde que o adquiri, há dois anos e meio. Sou ultramaratonista desde 2009 e já cruzei a linha de chegada de cerca de vinte provas mundo afora, em especial as com percurso de mais de 100 quilômetros. Foi calçando esse Salomon que completei as duas últimas ultramaratonas – uma de 110 km atravessando os Pirineus, na Espanha, e outra passando pela França, Itália e Suíça e que me fez percorrer 171 quilômetros em 41 horas. Detalhe: sem aparecer qualquer bolha no pé! Esse tênis encarou as piores condições possíveis: chuva, barro, pedra, buraco, neve. E sempre proporcionou tranquilidade para eu realizar os meus sonhos. Esse tênis é tão especial que me recuso a despachá-lo quando viajo para as competições, com medo de a mala extraviar e eu ficar sem ele para as provas. Faz parte de minha estratégia, então, ir com ele no pé durante os voos. É um item importantíssimo e que tem de estar sempre comigo, bem perto do meu corpo.”

“Foi calçando esse Salomon que completei as duas últimas ultramaratonas (...) sem aparecer qualquer bolha no pé!”


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Estilo Anna ELA DÁ DICAS DE MODA, LIFESTYLE E DECORAÇÃO, SEMPRE RESPEITANDO SEUS LIMITES E O QUE ACREDITA SER RELEVANTE E AGRADÁVEL AOS SEUS MILHARES DE SEGUIDORES. EM ENTREVISTA À TOP, ANNA FASANO FALA DE SUAS INSPIRAÇÕES, APRENDIZADOS E SONHOS PARA O FUTURO. VEM SABER.


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Por Renata Zanoni Fotos Divulgação annarfasano

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Tímida. Low profile. É adepta de uma alimentação saudável, mas sem exageros. Malha, porque é necessário. Uma de suas maiores curtições é tomar um banho e deitar na cama sem pressa para ficar com sua cachorrinha Farofa. Ou viajar para seu sítio em Campinas. Não tem planos de trabalhar no grupo da família, mas sente um orgulho sem fim de seu pai, o empresário Rogério Fasano – mesmo que muitas de suas seguidoras não liguem seu sobrenome ao famoso grupo de hotelaria e gastronomia. Essa é Anna Fasano, uma jovem cheia de personalidade e que sabe bem o que quer em seus apenas 29 anos. Formada em Negócios da Moda pela Universidade Anhembi Morumbi, ela é fluente no inglês, “enrola no espanhol” e fazia aulas de italiano antes de começar a pandemia. Começou a ganhar fama na internet há cerca de dez anos, com seu blog, e depois ao mostrar seu lifestyle no Instagram (@annarfasano). Em conversa com TOP, a influencer contou detalhes da sua vida, de como leva o seu trabalho, aprendizados da quarentena e de seus planos para o futuro. Estilo “Varia muito com o meu humor. Eu diria que sou uma pessoa casual chique, gosto de coisas largonas, bem easy, odeio roupa que me aperta. Se estou em um dia de sol na Bahia, vou estar mais colorida. Já em um dia de frio em São Paulo, de cinza ou preto”, conta. Mesmo trabalhando há dez anos como influenciadora digital, Anna acredita que um de seus grandes diferenciais é o fato de não se expor muito. “Gosto de passar o que acho gostoso, o meu dia a dia na medida do possível, mas dentro dos meus limites. Não sou uma pessoa que fica 24 horas falando com a câmera. Gosto de levar coisas leves, alegres e gostosas. Uma receita, um look confortável. Eu consegui criar minha identidade”, conta ela que hoje descarta qualquer trabalho que não se enquadre em seu perfil. A consultora de moda Costanza Pascolato é uma de suas principais inspirações – “acho ela um ícone de chique!”, derrete-se. Apaixonada pela moda brasileira, entre suas marcas prediletas estão a Mixed, Cris Barros e Missinclof. “Posso dizer que Paris e Nova York me inspiram em fazer looks lindos, mas não a ir em dez lojas para comprar. Estou sempre com alguma peça daqui. Acho que nossa moda está cada vez melhor”, opina. Seus pais também são referências importantes em sua vida. De sua mãe, a jornalista Kiki Romero, pegou o gosto pela moda e decoração. “Também admiro sua garra. Se você falar para ela construir uma casa, ela vai fazer. É pau para toda obra, não tem tempo ruim. Se estou com preguiça de alguma coisa, penso que minha mãe faria, então, levanto e faço”, conta. Já de seu pai, o empresário e sócio do grupo Fasano Rogério Fasano, ela sempre teve apoio para seguir a carreira que quisesse. “Ele sempre me falou que não era um trabalho para mim, ficar em restaurante até três da manhã. Óbvio que se eu quisesse, ele me apoiaria e me incentivaria, mas nunca teve essa pressão de ter que seguir os negócios da família. Ele sempre me deixou à vontade”. Novo normal Anna conta ter passado boa parte da quarentena na companhia de sua mãe, no sítio em Campinas – “fiquei três meses lá. Foi muito gostoso, óbvio que com todas as preocupações com o mundo e os trabalhos cancelados. Mas eu estava na natureza, tomava sol na piscina, cozinhava,

“Eu diria que sou uma pessoa casual chique, gosto de coisas largonas, bem easy, odeio roupa que me aperta”


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pintava tie dye [técnica de tingimento de roupas], caminhava, fazia exercícios ao ar livre e ioga com mais frequência”, conta. Os últimos dois meses Anna passou em São Paulo na companhia do namorado, o chef de cozinha Antonio Mendes. “Mas ele trabalha o dia inteiro. Ainda bem que tenho minha cachorrinha que me faz muita companhia! (risos) Mas são dois estilos de quarentena bem diferentes”, compara. Quanto aos trabalhos, ela diz estarem retornando aos poucos, mas de um jeito um pouco diferente. “Tenho feito tudo de casa: fotos, IGTV de receitas e outras ações a pedido das marcas”. Com isso veio um novo aprendizado: “Descobri que é muito gostoso ficar sozinha. E que temos que parar de sermos tão ansiosos. É tão bom ter tempo para fazer as coisas e apreciá-las, tomar um café, sem virar a xícara. Quero muito conseguir levar isso adiante”. Sonhos do futuro Uma de suas paixões – evidentes para quem acompanha seu Instagram – são as mesas decoradas por ela mesma. Tudo começou quando Antonio veio da França para morar com Anna e trabalhar como personal chef. Com isso, eles recebiam pessoas em casa para jantares. Aí começou a nova paixão. “Comecei a criar gosto e buscar referências. Fiz a mesa do meu aniversário ano passado para 60 pessoas e não acreditei quando vi o resultado. Isso me relaxa, amo receber amigas em casa, pois tenho a oportunidade para criar algo”, conta. Contudo, revela um pequeno problema: “Eu não tenho mais onde colocar louças, o armário do meu quarto de hóspedes é cheio delas. Eu recebo alguém e não tem onde a pessoa colocar as roupas. Meu sonho era ter uma cristaleira, um closet de louça”. Anna já elaborou mesas junto com a empresária Tânia Bulhões. “Outras marcas também me procuraram para desenvolvermos linhas de produtos”, acrescenta. Seu sonho é trabalhar no mundo da decoração. “Ainda não sei como, com uma loja talvez.” Em suas viagens, adora garimpar itens de decoração. “Entro em qualquer lugar e procuro alguma coisa legal. Quando vou a Paris com a minha mãe, cato uma feirinha, brechó, antiquário... Minha casa tem várias coisas garimpadas assim”, conta. Quando está em casa, muda tudo de lugar. “Mexo o dia inteiro, redecoro, criei gosto. Se soubesse, até teria feito uma faculdade relacionada isso”, reflete. Quando questionada sobre um hotel favorito da família, responde sincera: “Tenho que dizer um que seja do meu pai, se não ele me liga e fala ‘ficou louca?’” (risos). De jeito nenhum, Rogério. Anna elege o Fasano Las Piedras em Punta del Este – “eu amaria casar lá.”

“Meu pai [Rogério Fasano] sempre me falou que não era um trabalho para mim, ficar em restaurante até três da manhã”


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Telefone para você UM ENSAIO CHEIO DE CHARME, OUSADIA E... TELEFONE. APROVEITE QUE O APARELHO ESTÁ FORA DO GANCHO, PORQUE VOCÊ VAI FICAR SEM PALAVRAS. Fotos Ana Dias Modelo Julia Logacheva Produção Gonçalo Jorge Beleza Raquel Batalha Locação Palm Springs (Califórnia)


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Bonneville, altar da velocidade FAMOSA PELOS RECORDES DE VELOCIDADE, A PLANÍCIE SALGADA DE UTAH CORRE UM SÉRIO RISCO Por Roberto Marks Fotos Gunther Maier

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A moto Indian Boartracker replica 175 cc conduzida pelo piloto e fotรณgrafo Gunther Maier


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A tradição se repete há mais de 60 anos: em três encontros com duração média de uma semana, em agosto, setembro e outubro, centenas de aficionados invadem um deserto de sal no oeste americano para tentar quebrar recordes de velocidade com todo tipo de veículo. De motos a caminhões, de sedãs familiares a hot rods, vale tudo, até mesmo híbridos movidos por turbinas de avião e de helicóptero. Ali, na planície salgada de Bonneville, fãs da velocidade se reúnem em uma animada confraria com o objetivo de superar limites. Bonneville Salt Flats é um deserto de 260 km², localizado em Utah, a 175 km de Salt Lake City. Estima-se que há 14 mil anos um fenômeno geológico transformou um grande lago pluvial pré-histórico na árida planície, que a ação do tempo consolidou em salina. Apesar de incursões isoladas de alguns aventureiros, a região só passou a ser verdadeiramente explorada na década de 1870, quando se construiu a ferrovia Transcontinental Nova York–San Francisco. Na ocasião, o célebre geólogo americano Grove Gilbert (1843–1918) foi um dos pioneiros a estudar as causas do fenômeno que gerou a salina. Ele batizou o local homenageando Benjamin de Bonneville (1796–1878), um francês que foi oficial do exército dos Estados Unidos antes de se tornar um dos primeiros exploradores do oeste americano. Reza a lenda que esse pioneiro caçador de bisões e mercador de peles jamais passou próximo da área que leva seu nome.

Parte interna do Kraut Bros 1927 Roadster dirigido por Gunther Maier e um típico hot rod acelerando no deserto salgado de Bonneville

Veteranos frequentadores do deserto de sal comparecem todos os anos com seus hot rods


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Roadster com potência estimada de 4000-5000 cv e recordista de sua classe com velocidade de 301 mph


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Com a chegada da ferrovia, a grande reserva de sal começou a ser explorada. Mesmo assim, a desolada paisagem da planície continuou em sua tranquila solidão milenar, até que em 1914 foi realizada a primeira tentativa de quebra de recorde de velocidade. Em um Blitzen Benz com motor de quatro cilindros de 21,5 litros e 200 cv, o americano Teddy Tetzlaff superou a marca de 227 km/h. Mas, além de não conseguir quebrar o recorde mundial, também não teve sua marca homologada pelas autoridades do automobilismo esportivo. Longa polêmica Na ocasião, foi alegado que o piso de sal não era apropriado por gerar menor atrito do que o cascalho das rudimentares estradas da época e da areia de praias, como Daytona e Ormond, na Flórida, onde foram homologadas as primeiras quebras de recordes. A polêmica perdurou até o começo dos anos 1930, quando o grande aumento da potência e velocidade convenceu os dirigentes de que o deserto salgado era o local ideal para a padronização de recordes. E foi em Bonneville que pela primeira vez alguém conseguiu superar a barreira de 300 milhas por hora (mph) sobre a terra. O feito foi do britânico Malcolm Campbell, em 1935. Com o aerodinâmico monoposto BlueBird, no qual montou um motor RollsRoyce de aviação com 36,7 litros e compressor, que gerava 2.300 cv, Campbell estabeleceu a marca de 301,129 mph (484,5 km/h). Daí em diante, a planície salgada de Bonneville testemunhou um grande número de registros recordistas, nas mais diversas categorias de veículos, e também se tornou uma espécie de ponto de encontro dos malucos por velocidade. Espaço democrático Essa popularização teve início em 1949, quando clubes de automobilismo e motociclismo se uniram para organizar uma semana de velocidade aberta para quem tinha o desejo de experimentar a sensação de superar limites. O sucesso da iniciativa fez aumentar anualmente o número de participantes. Diversas vezes, esses apaixonados testemunharam quebras de recordes mundiais de velocidade. Mas a grande motivação é reencontrar velhos amigos para mostrar e admirar os bólidos preparados na garagem de casa. Alguns, com recursos, investem verdadeiras fortunas, mas a maioria costuma gastar a suada poupança apenas para realizar um sonho. Exemplo desta perseverança foi o neozelandês Herbert Munro (18991978), que durante 20 anos preparou uma velha moto Indian na garagem de casa. Em 1962, já com 63 anos, conseguiu recursos para ir

Apesar da primeira tentativa de quebra de recorde ter sido realizada em 1914, Bonneville só ficou popular muito tempo depois

1955 Harley Panhead Sidecar


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Os modelos denominados como “rat rods” não fazem parte da competição, mas vários participam da festa


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da Nova Zelândia até Bonneville, onde quebrou o recorde mundial para motos Indian com motor de até 850 cm³ de cilindrada, alcançando 288 km/h. Em 1967, voltou ao lago seco para novo recorde, de 295,4 km/h, com motor de 950 cm³. A aventura de Munro foi contada, em 2005, no filme The World’s Fastest Indian – Desafiando os Limites, aqui no Brasil –, com interpretação do renomado ator inglês Anthony Hopkins, e no qual também é retratado o forte espírito de amizade e solidariedade que une a peculiar confraria. Mas essa tradição de camaradagem corre risco atualmente. Após mais de um século de exploração de sal, a planície de Bonneville está perdendo a estabilidade, e isso provoca rachaduras e buracos na pista. Mesmo com limitações impostas na exploração do sal na região desde 2012, a situação continua crítica e teve suas edições canceladas por pelo menos dois anos consecutivos, mesmo antes da pandemia. Mais informações em bonnevilleracing.com.

A planície sofre as consequências após mais de cem anos de exploração de sal


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Kraut Brothers Racing com motor V-8 Chevy com mais de 1000 hp


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A mágica do RS CARROS ABSOLUTAMENTE ESPECIAIS E DESEJADOS. NÃO SE TEM UM AUDI RS PARA SE TER PRESTÍGIO, MAS QUEM TEM PRESTÍGIO TEM UM RS. SAIBA POR QUÊ.


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Por Bob Sharp Fotos Divulgação

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As letras, ou sigla RS, já fazem parte do vocabulário automobilístico para designar versões mais elaboradas para maior desempenho. Não é coisa nova, já está entre nós desde os anos 1950, por exemplo, Porsche 550 RS e Ford Capri RS. Mas jamais RS significou uma linha de versões ou mesmo modelo como na Audi, destacando-os do restante da linha até mesmo pela unidade industrial onde são produzidos, na cidade de Neckarsulm em vez de Ingolstadt, e por uma subsidiária da Audi AG, a Audi Sport.GmbH. RS, nos carros alemães, são as iniciais de Rennsport, que pode significar tanto esporte de competição quanto esporte motor (motorsport). Nos carros ingleses a sigla costuma representar rally sport, e na Renault, seu departamento de carros de competição, Fórmula 1 inclusive, chama-

Em sentido horário, a partir da seta: Audi RS Q8 e o motor V8 biturbo. Não basta ter 600 cv de potência e 81,6 kgfm de torque: um V-8 de 4 litros biturbo precisa também ser elegante


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Ter um Audi ĂŠ uma coisa, ter um RS ĂŠ algo completamente diferente


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O R8 é expressão máxima de potência e refinamento, combinado com o espetacular berro do seu motor V-10 de 5,2 litros e 610 cv à disposição do pé direito – e do coração – de quem tem um


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O mundo Audi RS é notável pelo charme e exuberância técnica.

Ao lado e acima: Ao olhar o RS 7 ninguém diz que sob o capô há um V-8 de 600 cv e nesta pág., o RS Q3 Sportback

se Renault Sport. E, claro, a Renault utiliza essa sigla em seus modelos, inclusive no Brasil, só que com as letras separadas por ponto: Sandero R.S. O primeiro modelo RS da Audi tem tudo a ver com a nossa história: é a RS 2 Avant, mandada vir por Ayrton Senna. O piloto obteve os direitos de importador Audi para o Brasil através da firma Senna Import, em sociedade com seu irmão Leonardo. Ficaram, então, alinhados um piloto de F-1 tricampeão mundial e uma marca centenária que fazia parte do poderoso Grupo Volkswagen desde 1964. Para a Audi não poderia haver um começo melhor no Brasil, que teria sido ainda melhor não fosse o trágico acidente no GP de San Marino em 1º de maio de 1994. A RS 2 elevou o status da marca Audi a um nível inimaginável. Uniu luxo e desempenho pujante. O desenvolvimento do motor pela Porsche também foi diferenciador. Afinal, tratava-se de uma station wagon de respeitáveis 315 cv, acelerava muito, como o 0 a 100 km/h em 4,8 segundos e atingia 262 km/h. Deu uma aura de poder à Audi da noite para o dia e que permanece até hoje. Os RS são carros absolutamente especiais e desejados. Ter um Audi é uma coisa, ter um RS é algo completamente diferente. O carro é o próprio prestígio sobre rodas. Não se tem um Audi RS para se ter prestígio, mas quem tem prestígio tem um RS.


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Os nove modelos Desde maio a Audi confirmou nove modelos esportivos para o Brasil. O SUV RS Q8, a station wagon RS 6 e o Sportback RS 7, os três com motor V-8 de 4,0 litros biturbo de nada menos que 600 cv e torque de 81,6 kgfm. O RS Q3, nas carrocerias SUV e Sportback, com o incrível motor 5-cilindros turbo de 2,5 litros que fornece 400 cv e 48,9 kgfm de torque que proporciona a convincente aceleração 0-100 km/h em 4,5 segundos e chega a 280 km/h. Este mesmo propulsor equipa o novo TT RS, mas nele os 400 cv levam apenas 3,7 segundos para atingir os 100km/h. Há ainda os novos RS 4 e RS 5 Sportback, com o premiado motor V-6 TFSI de 450 cv capazes de levar ambos até 280 km/h. E para fechar essa mostra de exuberância tecnológica, o cupê R8, feito para quem quer por as mãos no incrível superesportivo da marca dos quatro anéis entrelaçados. O R8 não tem o “S” simplesmente por ser o topo de desempenho da Audi com seu motor traseiro-central V-10 de 5,2 litros não turbo, mas que entrega 610 cv a 8.100 rpm associado ao torque de 56 kgfm a 6.700 rpm. Quem o dirige uma vez, nunca mais esquece. De parado chega a 100 km/h em apenas 3.2 segundos e admite seu dono ao restrito clube das 200 milhas por hora ou 322 km/h — passa disso, 330 km/h.

Tudo começou com a station RS 2 em 1994, para os RS se tornarem objetos de desejo RS 6 Avant, uma station de rara beleza com comportamento de sedã e muito espaço no porta-malas de 565 litros e o câmbio automático de oito marchas.


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Audi RS Experience A Audi do Brasil promoveu uma ação de experiência de direção com clientes no autódromo da Fazenda Capoava, em Idaiatuba, SP, de 6 a 9 de agosto. Ao longo de quatro dias, mais de 80 clientes tiveram a oportunidade de dirigir na bela pista de 2,7 quilômetros de extensão os cinco carros especialmente trazidos da Alemanha – R8, RS Q8, RS 6 Avant, RS 7 Sportback e RS Q3 Sportback – com o objetivo de conhecer todas as características de esportividade, desempenho, tecnologia e conforto dos Audi. Para Johannes Roscheck, CEO e presidente da Audi do Brasil, “os negócios gerados durante a ação provam que uma iniciativa altamente exclusiva como esta possibilita uma relação intimista com a marca e intensifica o desejo do cliente em ter um Audi na garagem. É uma fórmula inovadora, que permitiu uma experiência real de direção, com a segurança que uma pista proporciona, e simplificou a jornada e processo de decisão do cliente, uma vez que era possível configurar seu carro na hora diretamente com a nossa equipe”. O encontro contou com número reduzido de participantes e seguiu todas as recomendações dos órgãos oficiais com relação ao coronavírus. Presença de médicos, medição de temperatura, distanciamento social recomendado, utilização de máscaras e álcool gel e capacetes individuais foram algumas das medidas tomadas para garantir a segurança de todos.

Audi e autódromo sempre combinam muito bem

Fabio Salles

O evento Audi RS Experience recebeu convidados selecionados pela marca, em agosto, no autódromo Capuava, interior de São Paulo, para apresentar suas novas máquinas no Brasil


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Galápagos: um dos lugares mais incríveis do planeta A NATUREZA CONVIVE EM HARMONIA COM SERES HUMANOS NESTE MÁGICO ARQUIPÉLAGO DECLARADO PATRIMÔNIO NATURAL DA HUMANIDADE PELA UNESCO


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Texto e fotos Marcelo Skaf

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Imagine que você pudesse seguir a linha do equador no Oceano Pacífico a partir de uma praia na América do Sul e nadasse cerca de 900 km em linha reta... Você chegaria ao arquipélago de Colón, mundialmente conhecido como Galápagos, pertencente ao Equador. Um verdadeiro laboratório evolutivo de vida a céu aberto, com animais e plantas endêmicas (que só encontramos lá). De uma beleza inigualável, as mais de 330 ilhas, ilhotas e rochedos, de origem vulcânica, se distribuem ao longo de uma grande área, e a melhor forma de conhecer a região é de barco. Entre uma ilha e outra, as distâncias são surpreendentes, com mais de 18 horas de navegação, dependendo da corrente. Arquipélago historicamente famoso pela passagem de seu mais ilustre visitante, o naturalista Charles Darwin, Galápagos foi fundamental para lhe despertar ideias que o levariam à publicação do famoso livro A Origem das Espécies (1859) e ao desenvolvimento da teoria da evolução. Mas, apesar da importância das observações em Galápagos, Darwin foi parar meio sem querer na remota área e permaneceu apenas 35 dias por lá. A bordo do H.M.S Beagle capitaneado pelo também famoso Robert Fitz Roy, eles tinham como objetivo o abastecimento de viveres entre 15 de setembro e 20 de outubro de 1835. O Beagle

Nossa expedição mergulhou no lendário arco de Darwin


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Explorar o arquipélago através do mergulho enriquece muito a experiência

retornou a Inglaterra após cinco anos de navegação, em 1836, com um levantamento hidrográfico das costas da América do Sul. Muitos elementos chamaram a atenção de Darwin, dentre eles as aves, seus distintos bicos e ainda as tartarugas gigantes de Galápagos, que o motivaram a aceitar a ideia de que uma espécie pode evoluir devido ao isolamento geográfico como nas ilhas. O tempo passou sem que Galápagos perdesse sua importância, e em 1959, em comemoração ao primeiro centenário da publicação do livro de Darwin (A origem das espécies), foi criado o Parque Nacional Galápagos, que conserva 97% da área terrestre do arquipélago. Já a área marinha é protegida por uma Reserva Marinha, criada em 1998 com extensão de 133 mil quilômetros quadrados, com proibição total à pesca comercial, tornando-a uma das dez maiores do mundo e um dos melhores locais de mergulho do planeta. Alguns consideram, inclusive, o melhor ponto para observação de grandes animais. É a região com maior biomassa (quantidade de animais) de tubarões do mundo. Em 2001, a Unesco, em reconhecimento à importância ecológica, cultural e econômica da Reserva Marinha de Galápagos, incluiu o arquipélago como um Patrimônio Natural da Humanidade. O ecossistema de Galápagos não poderia sobreviver sem a proteção e


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Em sentido anti-horário, a partir da seta: As famosas Tartarugas Gigantes de Galápagos; Marcelo Skaf na entrada do centro de visitantes do Parque Nacional; turistas visitando o píer de onde saem diversos passeios, o publisher Claudio Mello explora uma das ilhas remotas; leão marinho convivendo em harmonia com a população local; qualquer espaço livre vira berçário de leões marinhos


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São inúmeras opções de passeios nas diversas ilhas, sempre rodeados de uma abundante natureza

conservação das áreas marinhas e costeiras. Muitas espécies nativas e endêmicas dependem inteiramente dos mares, e os processos evolutivos e ecológicos que ocorrem em terra também guardam relação direta com os oceanos. Já foram registradas mais de 2.900 espécies, das quais 25% são endêmicas. Como exemplo, são 24 espécies de mamíferos marinhos e entre baleias, golfinhos e leões marinhos, duas das espécies de leões são endêmicos. Apesar de todo esforço dos galapaguenhos, existem relatos de barcos pesqueiros industriais nas águas protegidas. Uma dor saber que uma parcela dos seres humanos não respeita limites ambientais. As belezas naturais, diversidade de espécies, sua origem vulcânica e aspectos geológicos dinâmicos e em permanente mudança, além da variedade de formações, são considerados um laboratório de processos evolutivos ainda em curso. Em conjunto com esses aspectos, Galápagos, por uma série de motivos geográficos e ambientais, desenvolveu um largo número de animais e plantas que não existem em qualquer outra região do mundo, tornando-o um lugar único no planeta e de importância incalculável. Em Galápagos, apesar das mais de 330 ilhas, ilhotas e rochas expostas, apenas cinco ilhas são habitadas, sendo Santa Cruz a mais central e Porto Ayora a que tem a maior cidade. Já San Cristobal é a capital da província insular e a principal porta de entrada de visitantes por seu aeroporto. Isabela é a maior ilha do arquipélago, mas ainda conta com uma baixa população e tem no turismo de natureza um grande potencial, sendo a mais biodiversa de todas. Floreana, apesar de ter sido uma das primeiras ilhas a serem habitadas historicamente, nos dias atuais não conta com mais de 120 habitantes. A quinta ilha se chama Baltra, uma árida porção de terra que recebeu uma base americana na Segunda Guerra Mundial e com pouquíssimos habitantes. Atualmente, o arquipélago recebe cerca de 240.000 turistas anualmente responsáveis pela movimentação da economia local de uma população estimada em 26.000 habitantes. A melhor forma de chegar ao arquipélago é voando desde Quito ou Guayaquil até San Cristobal que fica cerca 900 km de distância. Existem mais dois aeroportos em Galápagos, um em Baltra e outro em Isabela. Esse último equipado apenas para receber aeronaves pequenas. Existem alguns controles importantes para se chegar até Galápagos: no aeroporto no continente, é necessário se registrar no Galapagos Government Council Office e obter o Transit Control Card (TCT), ao custo de US$ 20, pagos apenas em dinheiro. Esse TCT deverá permanecer o tempo todo com o visitante durante sua estada no arquipélago, pois pode ser solicitado pelas autoridades locais. Ele só é emitido se houver comprovação do bilhete aéreo de retorno e voucher de hotel ou cruzeiro devidamente validados. Após obtenção do TCT é necessário que a bagagem seja checada e lacrada pela agência de segurança de biossegurança para que nenhuma espécie de fora seja introduzida em Galápagos. Portanto, itens frescos como carnes e frutas são proibidos e retidos, caso encontrados nas bagagens. Antes do pouso, você ainda é surpreendido por uma higienização com spray na cabine. Muitos cuidados! Mas espere que não acabou. Ao pousar você ainda tem que pagar uma taxa de entrada de US$ 100 por pessoa (desconto de 50% para o Mercosul) também apenas em dinheiro. Então, não esqueça de levar esses valores em espécie para poder enfim, chegar lá.


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Com a história em dia, informações na mão, taxas pagas e autorizações emitidas, lá fomos nós, eu e meu dupla de mergulho, o publisher Claudio Mello, para mais uma expedição Gigantes dos Mares. Embarcamos num super barco de expedições de mergulho, o M/V Galápagos Master, também conhecido pelo antigo nome Deep Blue. Esse barco é o único de Galápagos, e fica três dias inteiros em Darwin e Wolf, o que envolve itinerários de longas distâncias de navegação (acima de 19 horas até as ilhas mais distantes). Como somos do mar, essa foi a melhor escolha. As ilhas de Darwin e Wolf são capítulos à parte em Galápagos e estão na minha lista dos melhores pontos de mergulho do mundo. Partimos da ilha central de San Cristobal, mas mesmo antes de subirmos a bordo da nossa casa flutuante, um simples caminhar no porto revela como Galápagos é único. Em meio às pessoas, barcos, bancos e praças se observam iguanas marinhas, leões marinhos, pelicanos e uma infinidade de animais, num exemplo claro de como a convivência entre humanos e natureza é viável sob vários aspectos. Um grande exemplo a ser seguido, e não faltam semelhanças entre Brasil e Equador como países. Com essas boas vindas, partimos para preparar os equipamentos de mergulho e de captação de imagens. Tudo pronto e lá fomos nós cumprir o protocolo de segurança de um check out dive. Lugar raso apenas para ajustar lastro, roupas, capuzes e luvas, sim luvas! A água nesse dia estava 18 graus, baita frio! Mas ainda pegaríamos 14 nos mergulhos!


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Em sentido horário, a partir da seta: Nos aproximando do isolado Arco de Darwin após 18 horas de navegação; equipados para água gelada de Galápagos; nossa casa flutuante, o Deep Blue

O Arco de Darwin é um dos melhores pontos de mergulho do mundo

A água é justamente um dos segredos da singularidade e riqueza de Galápagos. Como pode uma ilha oceânica na linha do equador ter pinguins e uma água gelada dessas? A resposta vem da oceanografia e das correntes marinhas. Galápagos é incrivelmente banhado por várias delas. Por isso, sempre espere uma água fria e com corrente nos mergulhos. Mergulhar em Galápagos pode ser bastante desafiador mesmo para os mais experientes. Não é um lugar para iniciantes na atividade. Sugiro ao menos uns 50 mergulhos para se aventurar nos mais incríveis de lá (em Wolf e Darwin), pois baixa visibilidade e correntes fortes podem surgir do nada. Voltando às correntes, elas determinam o clima das ilhas e influenciam o ecossistema de forma geral. São quatro principais correntes, além da ressurgência (águas de fundo que afloram, e por estarem no fundo são geladas): a famosa Corrente de Humbolt, Cromwell (também chamada de contracorrente equatorial), a do Panamá e a contracorrente equatorial do Norte. Ufa...! Estas correntes criam habitats diversos e sustentam uma enorme quantidade de vida marinha devido aos nutrientes que carregam, estimulando assim toda cadeia produtiva dos oceanos. São verdadeiros rios de nutrientes. A de Humbolt costuma estar presente entre junho e novembro e vem do Sul, trazendo águas geladas e uma abundância de vida. Mergulho de check out realizado, tudo funcionando, partimos para os mergulhos incríveis de Galápagos sempre rumando para as ilhas ao norte, Darwin e Wolf.


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Exploramos vários pontos de mergulho como, por exemplo, Seymor North e Mosqueras. Sempre com águas frias e com certa corrente nessa parte mais central do arquipélago, pudemos observar tubarões galha brande de recife, tartarugas verdes, raias manteiga, leões marinhos, raias chita, moreias, todos juntos num mergulho para nosso deleite. Mas a joia da coroa estava ainda distante cerca 18 horas de navegação ao norte, as famosas ilhas Darwin e Wolf. Dentro d’água, nos esperavam cardumes com centenas e às vezes milhares de tubarões-martelo, tubarão de Galápagos, golfinhos, tubarões-baleia, cardumes de peixes, raias chita e por aí vai! Iniciamos por Wolf, nome em homenagem a um geólogo alemão, Theodor Wolf. Esse extinto vulcão aflora cerca de 253 metros de altura, formando paredões multicoloridos. Os pontos de mergulho variam de corrente moderada a bem forte e o uso de luvas e ancoragem são recomendados e algumas vezes obrigatórios, sim, ancoragem... A corrente é tão forte que para você poder ficar parado documentando os animais, principalmente os tubarões, usamos um gancho fixado às


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A abundante fauna de Galápagos impressiona até os mais experientes

rochas e uma linha conectada ao equipamento de mergulho, pois só assim conseguimos ficar parados. A chance de se perder do dupla ou ser arrastado é grande e procuramos, eu e Claudio, chegar ao fundo o mais rápido possível. Fizemos a entrada negativa, onde já entramos na água com os coletes desinflados para agilizar a manobra, sempre feita a partir das pangas, que são pequenos botes infláveis que nos levam da “nave mãe” ao ponto de mergulho. Uma epopeia fazer isso com as câmeras! Wolf não nos decepcionou! Cardumes de tubarões martelos e todos os seus amigos por lá: um festival! Muita corrente e ancoragem em funcionamento. A cada imersão, saíamos em êxtase. Após Wolf, chegou a vez de Darwin. Com seu ilustre e famosíssimo ponto de mergulho, o Arco de Darwin, a cada imersão encontrávamos uma novidade, mas o ponto alto foram os três tubarões-baleia vistos num mesmo mergulho. Que emoção! Quase 40 minutos de tubarão passando para lá e para cá! Numa dessas passadas, avistamos um tubarão enorme, que deveria chegar a 14 metros!


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Decidimos segui-lo e ir para o “azul” No jargão dos mergulhadores, significa perder a referência de rochas e/ou da costeira e se aventurar sem referência visual de navegação no azul. Fizemos isso acompanhados de um tubarão-baleia, que emoção! Inflamos nossos sinalizadores e terminamos o último mergulho em Darwin com esse presente. Missão mais do que cumprida nas ilhas ao Norte, navegamos de volta à área central do arquipélago e fomos atrás do nosso último objetivo, mergulhar com as iguanas marinhas. As iguanas são répteis e, portanto, não conseguem manter a temperatura do corpo de forma constante como nós mamíferos. Para uma iguana, entrar na água significa perder calor muito rápido e elas evitam isso a todo custo. Mas não em Galápagos, um lugar tão incrível que até as iguanas deram um jeito de mudar o padrão. Os machos adultos e grandes acumulam calor e por volta do meio-dia, horário mais quente, entram na água gelada para se fartarem das algas abundantes a dois ou três metros de profundidade, local inacessível a iguanas pequenas. Lá fomos nós documentar esse comportamento e o planejamento foi fundamental. Achamos um banco de algas, observamos iguanas grandes na praia e não deu outra, perto do meio-dia lá estavam elas se alimentando. Documentar natureza é assim, respeito ao tempo dos animais e planejamento. Terminamos nossa expedição submersa com essa visão! Ao desembarcar do Deep Blue ainda tivemos um tempinho para conhecer a Estação de Pesquisa Charles Darwin, em Porto Ayora, na Ilha de Santa Cruz. Muito importante o trabalho de conservação das tartarugas gigantes de Galápagos desenvolvido por eles, com apoio da comunidade. Você sai de Galápagos, mas Galápagos não sai de você. Um lugar para voltarmos muitas vezes.

Enorme tubarão-baleia visto no azul; na página oposta, Claudio Mello e um cardume de tubarões-martelo

Os mergulhos nas ilhas ao norte são desafiadores, mas incríveis


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