TOP Magazine Edição 258

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Pietro Labriola

R$20,00

pessoas / pietro labriola, o executivo italiano que alia a tecnologia ao lifestyle como pede o novo mundo / rodolfo de santis: chef, empreendedor e midas / lifestyle / os tênis saem da academia e ganham status de colecionáveis / os melhores endereços de milão / a itália e seus pequenos e grandes luxos / tecnologia / contagem regressiva para a chegada do 5G / viagem / que tal dar um mergulho na puglia? / cultura / a poesia e a sensibilidade de vik muniz / o carnaval carioca continua lindo










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Sumário 12

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LIFESTYLE

PESSOAS

Sumário 48

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Capa

Rodolfo De Santis

Pietro Labriola, o executivo italiano que elegeu o Brasil como sua segunda casa. Além de apontar o melhor da Lombardia, também é o personagem do editorial principal desta edição especial Itália

Um dos restaurateurs italianos mais aclamados do Brasil conta sua trajetória de sucesso e também aponta seus novos projetos. Boa gastronomia temperada com boa conversa

66

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Tênis

À milanesa

Made in Italy

A nova-velha paixão mundial ganha collabs estreladas e se torna objeto de desejo e disputa

O quadrilátero mais fashion do planeta ganha um guia completo: da moda à gastronomia, confira os melhores endereços

Sabores, lifestyle, pequenos e grandes luxos que só a Itália pode nos proporcionar

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TECNOLOGIA

36 Do tijolão ao 5G A incrível e veloz trajetória do celular. A contagem regressiva para a chegada do 5G foi acionada

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CULTURA

VIAGEM

Puglia Um mergulho pelas águas turquesa do mar mais puro da Itália

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Mundo TOP

Vik Muniz

Carnaval carioca

Um pot-pourri de tudo que amamos e desejamos made in Italy. Tipo exportação

A poesia e a sensibilidade do artista brasileiro que ganhou o mundo. O céu é o limite

O Rio de Janeiro continua lindo e seu Carnaval é motivo de orgulho não só para nós, brasileiros, como também para todo o restante do universo


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Colaboradores

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Quem Fez Miro Mestre da fotografia, ele empresta seu olhar e assinatura para nosso ensaio de capa com Pietro Labriola.

Doris Bicudo A jornalista, que esteve à frente das mais importantes publicações nacionais – incluindo a TOP Magazine –, participa desta edição como editora convidada. Apaixonada pela Itália, Doris embarcou com a gente nesta deliciosa viagem na qual costumes e tradições se mesclam com o melhor da moda, turismo local e gastronomia, é claro!

Joy Macedo Desde 2012 inserida no mercado de jornalismo de tecnologia, atualmente Joyce Macedo é líder editorial dos sites da NZN, incluindo TecMundo e Mega Curioso.

Fernanda Ávila Fernanda Ávila foi a primeira editora da TOP, quando a revista foi lançada, no começo dos anos 2000. É jornalista e escritora com especialização em Leitura de Múltiplas Linguagens. Cursou Escrita Criativa em Lisboa. Autora do Guia Nova York com Crianças, coautora do portal Viajo com Filhos. Sócia e diretora de conteúdo da Pulp Edições, acaba de lançar a Amora Livros, um clube de assinatura de livros escritos por mulheres.

Fernando Araújo Jornalista, web designer, pesquisador, assessor cultural e um dos responsáveis pelo Centro de Memória da LIESA – Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro. Foi coordenador do livro Palco dos Sonhos – 30 Anos de Sambódromo, da Revista Rio Samba e Carnaval, desenvolveu a campanha digital da Revista e Camarote Rio Samba e Carnaval, em 2016, e lançou o livro Porque Somos Assim com o jornalista Vicente Dattoli.

Rafael Lazzini Com 19 anos de carreira e após viver 13 anos em Nova York como modelo, Rafael inicia uma nova fase agora como stylist aqui no Brasil, onde já fez trabalhos para Fila, Calvin Klein, Liberty Art Brothers e GQ.


Publisher Claudio Mello Diretor Criativo e Editorial da Edição Pietro Labriola TOP Magazine | Studio Mundo TOP Editoras: Renata Zanoni e Vivian Monicci Editora convidada: Doris Bicudo Diretora de Arte: Rosana Pereira Revisão: Jonathan Busato e Veridiana Cunha Assistente de Produção e de Mídias Digitais: Diego Almeida Projeto Gráfico Marcus Sulzbacher Lilia Quinaud Paulo Altieri Fabiana Falcão Colaboradores Texto Eduardo Logullo, Felipe Payão, Fernanda Ávila , Fernanda Meneguetti, Fernando Araújo, Joy Machado, Juliana Veiga, Kike Martins da Costa, Maria da Paz Foto Alexandre Vidal, Andreas Heiniger, Gustavo Lacerda , Lucas Bori, Miro Ilustração Daniel Almeida Tratamento de Imagens Fujoka, JC Silva Editora Todas as Culturas Criativo: Bruno Souto Gerência de Relacionamento: Carolina Alves Produção Executiva: Camila Battistetti RP & Interface de Atendimento: Dianine Nunes Financeiro: Marcela Valente Secretária Executiva: Carolina Kawamura Circulação: Regiane Sampaio Assessoria Jurídica: Bitelli Advogados Pré-Impressão: Grafica e Editora Pifferprint TOP Magazine é uma publicação da Editora Todas as Culturas Ltda. Rua Pedroso Alvarenga, 691 - 14º Andar - Itaim Bibi - CEP 04531-011 - São Paulo/SP Tel.: (11) 3074-7979 As matérias assinadas não expressam necessariamente a opinião da revista. A revista não se responsabiliza pelos preços informados, que podem sofrer alteração, nem pela disponibilidade dos produtos anunciados. /topmagazineonline

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Carta do editor

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Carta do editor Foi num jantar entre amigos. Eu falava sobre as minhas paixões, contava como a arte e a moda estão presentes no meu dia a dia, descrevia as maravilhas da Puglia, os encantos do Quad d’Oro, meu amor pelo Rio, sobre como a Itália e o Brasil se conectam. E assim surgiu o convite para contar tudo isso aqui na TOP, que terá uma edição especial de colecionador, a TOP Sumô. Foi uma noite de muitas risadas, de compartilhar saberes, de cultivar aquilo que me dá mais alegria: coisas belas. Eu sei que a beleza é subjetiva, determinada de acordo com a época em que vivemos, e que cada um de nós carrega na bagagem percepções diferentes e bem particulares desse conceito. Mas acredito também que, independente da ideia de beleza, ela é necessária para trazer leveza e equilíbrio. De tão desacostumados que estamos com a contemplação, esquecemos de que a felicidade está na capacidade de combinar o prazer de ser uma pessoa realizada profissionalmente com o tempo para aproveitar a vida ao lado de quem amamos. Esta edição reflete um pouquinho desse meu jeito de pensar e de viver: mistura a tecnologia que vai transformar o mundo com a tradição milenar da receita do cacio e pepe; a elegância do design Made in Italy com a ousadia de Vik Muniz; a alegria do Carnaval brasileiro com a vida rural pugliese. E traz também outras reflexões que me atravessam diariamente: o respeito às diferenças, a valorização da diversidade, a necessidade de percebermos que o mundo está sempre em movimento, nos apresentando desafios e nos surpreendendo. Não existe o meio termo para amar e seguir as paixões. Elas merecem toda a nossa intensidade. E é por isso que meu lema é “never give up”. Esta revista é um convite para vocês, leitoras e leitores: vamos surfar essa onda juntos? Porque, como diz uma das minhas músicas preferidas, “hope when you take that jump, you don’t fear the fall!”

Pietro Labriola Diretor Criativo e Editorial desta Edição


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Cultura

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Mundo Top UMA SELEÇÃO DE TUDO O QUE FAZ A DIFERENÇA SOBRE LIFESTYLE / CULTURA / MODA / DE Por Kike Martins da Costa

pão na chapa & cappuccino

Pro dia nascer feliz Itens prosaicos presentes no desjejum típico dos brasileiros transformam as manhãs em um dos momentos mais prazerosos do dia Às vezes, um mais um é muito mais que dois! Goiabada é ok, queijo é legal, mas Romeu & Julieta é sensacional! O mesmo pode ser dito de outros “casais” onipresentes no desjejum dos brasileiros: o pão com manteiga e o café com leite. Pela manhã, um bom pão é sempre bem-vindo, mas se for besuntado com manteiga e tostado, aí vira uma iguaria divina! Nas padarias paulistanas, essa combinação atinge o seu ápice quando o pão francês é aquecido na chapa e tem seu miolo impregnado pela manteiga se derretendo e se caramelizando. Quem precisa de mais do que isso? Agora, se você for preparar essa delícia em casa, atente-se a algumas regras básicas: 1. Nunca, nunca, nunca use margarina! Só a manteiga garante esse tostado com aromas lácteos e amendoados. 2. O pão pode ser um prosaico filãozinho, mas pode também ser uma baguete ou mesmo uma ciabatta. 3. Jamais use o micro-ondas – o pão aquecido lá fica borrachudo e a manteiga pode fazer espuma e até queimar. 4. Por fim, se quiser incrementar a receita, polvilhe uma pitada de flor de sal na hora de servir ou use manteiga temperada com mel, com ervas, com raspas de limão, sal e pimenta do reino ou com mostarda Dijon. Pode crer que a sua manhã vai ficar ainda mais top! Para acompanhar, a tradição pede um pingado ou “média” de café com leite. Mas o pão da chapa - o nosso rei das manhãs – também combina perfeitamente com um bom cappuccino, um macchiato ou, nos dias mais quentes, com um refrescante cold brew com um pouquinho de leite gelado. Se você quiser adicionar mais uma camada de sabor ao seu café au lait, acrescente uma pitada de canela em pó ou de cacau em pó.


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SIGN / TECNOLOGIA / ESPORTE


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Cultura 24

Mundo Top


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design

Orgulho de ser brasileiro Móveis desenhados por criadores brasileiros conquistam reconhecimento no exterior e passam também a ser valorizados aqui, em sua terra natal Aos poucos, o Brasil vai se livrando do “complexo de vira-latas” no design. Móveis, luminárias e objetos concebidos por grandes criadores nacionais vêm ganhando espaço em bem decorados ambientes do Brasil como também mundo afora. As cadeiras e poltronas desenhadas por mestres como Sergio Rodrigues, Joaquim Tenreiro, Jorge Zalszupin, Jacqueline Terpins e José Zanine Caldas já atingiram o status de clássicos atemporais do design mundial. Os elegantes aparadores, mesas e bancos produzidos com madeiras certificadas da Etel Design fazem sucesso nos showrooms que a marca de Etel Carmona mantém em Milão e Houston. Importantes lojas especializadas em mobília contemporânea de Nova York,

Londres e Munique faturam milhões vendendo peças desenhadas por premiados arquitetos brasileiros como Oscar Niemeyer, Paulo Mendes da Rocha e Jaime Lerner – autor da chaise longue Urca, que ilustra esta página com suas linhas puras e curvas sensuais. Depois de todo esse reconhecimento internacional, o mobiliário brasileiro começou a ser visto com outros olhos aqui no país. E, com isso, novas safras de designers vêm despontando e ocupando espaços em salões outrora tomados unicamente por peças assinadas por feras como o norte-americano Charles Eames, o suíço Le Corbusier, o alemão Mies van der Rohe, o italiano Gio Ponti e o francês Philippe Starck. Nessa seleção brasileira, vale citar os nomes de Carlos Motta, dos Irmãos Campana, de Julia Krantz, Pedro Useche, Lia Siqueira, Jader Almeida, Zanini de Zanine e da dupla Felipe Bezerra e André Gurgel (do estúdio Mula Preta), entre muitos outros. O catarinense Jader Almeida, a propósito, acaba de conquistar o Red Dot Award, o Oscar do design mundial, com sua cadeira Olive, de geometria elegante, um inusitado jogo de apoios de metal e um assento estofado que remete às formas de uma azeitona. Mais uma peça de design brasileiro fadada a se tornar um clássico!


Mundo Top

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Cultura

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relógio

Precisão absoluta até debaixo d’água Submersible Marina Militare Carbotech é uma joia da Panerai que mistura a tradição da horologia suíça com uma inacreditável robustez e um visual arrojado que revela o seu DNA italiano

Durante mais de um século, a oficina Panerai, fundada em 1860, em Florença, abasteceu a Marinha italiana com instrumentos de alta precisão. Em 1997, a marca foi adquirida pelo grupo Richemont (dono de marcas de luxo como Cartier, Montblanc e Piaget) e essas preciosas máquinas do tempo deixaram de ser exclusividade dos oficiais das Forças Armadas italianas. Hoje produzidos em Neuchâtel, na Suíça, eles combinam o esmero e a exatidão dos helvéticos com a tradição e o design Made in Italy. Um dos modelos mais admirados e mais cobiçados da marca é o Submersible Marina Militare Carbotech, um


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relógio profissional subaquático que invoca a resistência, a robustez e a precisão típica dos equipamentos militares de alto rendimento. Sua moderna e musculosa caixa é feita com um composto à base de fibra de carbono que é mais leve do que o titânio e mais resistente do que o aço inoxidável. Dentro dela, pulsa um coração com três dias de reserva de marcha e um volante que oscila a uma frequência de 28.800 alternâncias por hora (4 Hz). O conjunto aguenta uma pressão de até 30 bares, verificada aos 300 m de profundidade. O bisel giratório unidirecional permite calcular os tempos de imersão com segurança, enquanto a legibilidade no escuro – requisito

fundamental dos relógios profissionais de mergulho – é garantida pelos indicadores e ponteiros esqueletizados revestidos com Super - Luminova. No tampo inferior da caixa, o emblema do COMSUBIN, o valente grupo de comandantes e mergulhadores da Marinha italiana. Com valor de R$ 117 mil, agora esta e outras joias da Panerai podem ser compradas por meio da recém-lançada plataforma de e-commerce da relojoaria ítalo-suíça. A loja online disponibiliza os maiores best-sellers da marca e também lançamentos que serão comercializados exclusivamente no site officinepanerai.com.br, como o Submersible Azzurro – 42 mm.


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Cultura 28

Mundo Top


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perfume

Universo sensorial Colônias como as da Jo Malone London foram concebidas para serem usadas puras ou em “misturinhas”, que dão origem a fragrâncias únicas e personalizadas

Num mundo em que a individualidade e a diversidade são cada vez mais valorizadas, o universo da perfumaria também aposta na singularização. Em vez de oferecer perfumes que já vêm com um determinado mix de aromas, a proposta do momento é que cada usuário crie a sua própria fragrância e desenvolva a sua “assinatura olfativa”. Foi com esse conceito que a britânica Jo Malone se notabilizou. Seu pequeno ateliê em Belgravia ficou tão famoso que, em 1999, a gigante norte-americana Estée Lauder adquiriu o controle da marca. O pulo do gato da perfumista foi o lançamento de colônias descomplicadas e surpreendentes, elaboradas com ingredientes de alta qualidade e ideais para serem usadas puras ou aos pares, criando uma infinidade de combinações e possibilitando que cada usuário – por meio de suas notas aromáticas prediletas – expresse o seu mood ou manifeste o seu statement. A maioria das colônias da Jo Malone é unissex, e a marca, que também é conhecida por suas velas perfumadas, tem cinco butiques no Brasil: em São Paulo, no Rio, em Brasília e em Curitiba. Nesses locais, os consultores podem sugerir harmonizações, e cada cliente pode experimentar a sua própria “misturinha”. Um exemplo de combinação fresca, vibrante e solar, perfeita para esses dias de verão, é a da colônia de Pomegranate (romã) com a de Ginger & Nutmeg (gengibre e noz-moscada). Para uma ocasião mais sóbria, elegante e noturna, a dica é o mix da colônia intensa Bergamot & Oud (tangerina e resina oriental) com a de English Oak & Hazelnut (carvalho e avelãs) – uma parceria com sofisticadas notas cítricas e um sedutor toque amadeirado. “As colônias são as minhas tintas, e as combinações entre elas geram ‘telas’ que transmitem o que eu sinto ou a mensagem que eu quero passar. A mistura entre as diferentes fragrâncias pode ser feita apenas sobrepondo as borrifadas de uma e de outra em lugares estratégicos

do corpo, como os pulsos, o pescoço e a parte posterior das orelhas. Mas eu, como sou uma ‘pintora de aromas’, prefiro mesclar os dois perfumes borrifados em um pincel de maquiagem e, só depois, passar a mistura no meu corpo. Mas é importante ter um kit de pincéis específicos para isso”, avisa a perfumista.


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Cultura

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esporte

Caminho de neve Equipamentos, pistas, onde encontrar neve powder e outras dicas preciosas de uma pentacampeã de snowboard Por Juliana Veiga*

Fim de ano e as temperaturas aumentam no Brasil. Para os amantes dos esportes de inverno, também é o momento ideal para viajar e descer geladas e longas montanhas espalhadas pela América do Norte e Europa. Algumas das melhores estações de esqui e snowboard se concentram nesses continentes. O snowboard é um esporte radical. Para os surfistas brasileiros ele é considerado o surfe eterno – a onda não quebra nunca e é possível surfá-la quantas vezes quiser. A

sensação de descer uma montanha de quilômetros de comprimento é indescritível. Subir no topo dela, escalar o pico e depois dropar no powder é o momento ápice do esporte. Seja para os amantes ou para aqueles que querem experimentá-lo pela primeira vez, definir o destino certo faz toda a diferença. Para a escolha, sugiro analisar o local pelo número de pistas e seus níveis de dificuldade, área esquiável total, presença de snowparks (área propícia para saltos e manobras), quantidade e variedade de meios de elevação, média de precipitação de neve anual e duração da temporada de inverno (isso é muito importante). Destinos não faltam, basta escolher aquele que se adeque ao seu nível no esporte e estilo de vida. Na América do Norte, podemos citar diversas estações de esqui que enchem os olhos dos snowboarders. Aspen, Vail, Whistler, Snowmass, Park City, Mammoth Lakes e Lake Tahoe são montanhas cheias de atrativos. Na América do Sul, o Chile é o país que mais gosto.


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Quando falamos em Europa, Itália, Áustria e França são incríveis. Se você é dos que não abrem mão de um après-ski com os amigos, Courchevel tem que entrar na sua lista. A Suíça, para mim, é um dos mais completos, com picos altíssimos e neve de excelente qualidade. Laax é uma das estações que visitei: pistas de todas as cores e graus de dificuldade variados. Na Nova Zelândia, Cardrona e Treble Cone são os resorts mais conhecidos. A Ásia também entra na lista de destinos desejados. No Japão, a região da Ilha Hokkaido é famosa pela neve powder e por abrigar excelentes destinos de esqui, como Niseko, Tomamu e Sahoro. Já na China, a imensa estação de Yabuli oferece todo tipo de pista para desbravar. Além do lugar ideal, equipamentos corretos para cada tipo de pessoa são essenciais. Na hora de escolher a prancha, seu tamanho, peso e altura são informações importantes para a compra do board perfeito. Burton, Capita Pathfinder, K2 Special, Salomon, Rome Muse e Yes

são marcas com boards incríveis para a temporada 2022. Escolha o seu e curta a adrenalina! Boards mais desejados: - Burton Homero Hero (Unissex) – melhor para Freeride - Capita Pathfinder – freestyle masculino - Yes Rival – freestyle feminino - Rome Muse – iniciantes feminino - Amplid Souly Grail – iniciantes masculino

*Juliana Veiga: Formada em Rádio, Televisão e Locução, foi atleta profissional de snowboard durante oito anos. Ao encerrar a carreira no esporte, entrou na área de comunicação trabalhando por um ano no SporTV, cinco anos na Rede Bandeirantes e sete anos na ESPN Brasil. Atualmente é a voz do metrô de São Paulo e de diversas campanhas publicitárias. @eujulianaveiga


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tecnologia

Tudo pelo celular. Até o seu bem-estar Pernas, braços, tronco, cabeça e celular: como manter o membro tecnológico funcionando da melhor forma Por Felipe Payão


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Muitas teorias e pesquisas indicam que o futuro está na biotecnologia: processadores e gadgets que funcionam em harmonia com o corpo humano, acoplados ou até implantados nas mãos, braços e cabeça. Enquanto isso parece um cenário até assustador para quem não respira tecnologia, não há motivo para pânico ou estranhamento. Hoje, o smartphone já é uma extensão do nosso corpo – como um membro extra – e dificilmente funcionamos por 24 horas sem o auxílio de um aparelho. Já que temos um novo membro, nossa alimentação também precisa ser saudável na tecnologia. O que você consome pelo smartphone e qual o resultado gerado? Como frutas, verduras e proteínas, alguns aplicativos são essenciais para a sua vida digital: e agora vamos falar mais sobre eles. Proteção O cibercrime já é presente e cada vez mais os números sobre golpes online aumentam. Não basta mais saber se proteger, é preciso ter um monitoramento ativo dentro do celular para ficar ligado nas ameaças que chegam. Uma das melhores opções gratuitas é o Kaspersky Antivirus, que além do bloqueio de apps e mensagens maliciosas, oferece função antifurto para proteção de dados e filtro de chamadas. Falando em proteção, privacidade é muito importante e se você quiser deixar suas conversas bem longe dos olhos do Google, da Apple ou da Meta (ex-Facebook), a melhor opção se chama Signal. O app Signal é extremamente seguro – recomendado por Edward Snowden, ex-analista da NSA que revelou o programa de vigilância PRISM. Aparência Precisa de uma mão para encontrar seu estilo ou experimentar looks diferentes com suas peças? O Smart Closet é um dos melhores apps do segmento. Você pode incluir peças do seu armário e fazer montagens fáceis, além de acompanhar dicas e fotos de outros usuários.

Saúde São diversos os apps que te auxiliam a manter a saúde corporal e mental em dia: para exercícios físicos, o Google Fit e o Nike Run Club são parceiros indispensáveis. O Hydro vai te lembrar que beber água ao longo do dia melhora vários aspectos da saúde. O Cardiograph é ótimo para monitorar como anda o funcionamento do coração e, por último, o Calm e o Headspace vão te auxiliar com relaxamento e meditações guiadas para ficar com a mente afiada — ah! Vale lembrar que o último citado ainda tem um seriado na Netflix que visualmente ajuda nessa tarefa. Alimentação Todo mundo conhece iFood, Rappi e Uber Eats, mas se você quer algo mais focado em compras no mercado, talvez você precise instalar o Cornershop. Ele tem como foco grandes compras e pratica preços mais similares aos encontrados em estabelecimentos físicos. Por último, o MyFitness Pal é o seu amigo que puxa sua orelha quando sai da dieta: ele pode acompanhar e fazer registros do que você consome para ajudar no emagrecimento ou no ganho de peso, dependendo do resultado desejado. Recuperação Recuperar memórias perdidas pode ser muito difícil, já uma foto nem tanto. O DiskDigger é uma ótima aplicação para recuperar aquela foto ou vídeo que foi apagado sem querer – o app funciona melhor na versão paga ou com o aparelho roteado (root entrega ao usuário uso privilegiado sobre o sistema operacional, algo que é travado de fábrica). Gerenciamento Cada serviço exige uma senha, certo? E você sabe que as senhas precisam ser longas, ter caracteres especiais e uma diferente para cada conta. Por isso, para ninguém ficar maluco e precisar abusar do Calm ou Headspace, o aplicativo LastPass te ajuda na sua tarefa: você só precisa memorizar uma senha para sempre, todas as outras serão criadas automaticamente e gerenciadas pelo app. Outro programa indispensável é o SplitWise, que facilita a organização de pagamento quando mais pessoas estão dividindo alguma conta.




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Do Tijolão ao 5G: salve o futuro COMO OS FEATURE PHONES SE TRANSFORMARAM NOS SMARTPHONES QUE CONHECEMOS ATUALMENTE


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Bateria com duração de 30 minutos era o auge da tecnologia nos anos 1980, quando a Motorola reinava


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Por Joy Macedo fotos Divulgação

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Brasil, anos 1990. A globalização começou a dar as caras e o nosso país, de maneira concomitante, seguiu os mesmos passos — apesar de um óbvio atraso quando comparado com potências tecnológicas da época. Os celulares surgiram em nossas metrópoles e eram um claro sinal do que estaria por vir: nossas vidas seriam modificadas e o aparelho se tornaria uma extensão de nosso corpo. Na época, empresas como Nokia, Motorola, Gradiente e BlackBerry dominavam o mercado recém-nascido de celulares que chegava para brigar com o estabelecido pager, aquele aparelhinho jurássico de mensagens em que o usuário precisava ligar em uma central e falar com uma atendente para, minutos depois, o destinatário receber a informação. Em 1996, o pager era usado por cerca de 800 mil brasileiros. A vida foi curta e não havia como competir: um pager não oferecia um terço das capacidades de um celular dos anos 1990 — e um celular dos anos 1990 provavelmente não tinha um centésimo das capacidades dos de hoje. Pager não tem calculadora, não tem mensagem instantânea, não tem ligação, não tem acesso ao e-mail e nem jogo da cobrinha. Com a tecnologia em início de carreira, todos os celulares pareciam desengonçados se pararmos para analisar com os parâmetros de hoje. Telas minúsculas, bordas gigantescas e um corpo enorme. Um verdadeiro aparelho espartano recheado de plástico, condutores e carapaça com um chipset nada inteligente. Não é por menos que hoje chamamos esses celulares de feature phones, não smartphones: telefones com recursos, mas não inteligentes. O primeiro celular realmente portátil lançado comercialmente foi o Motorola DynaTAC 8000X, ainda em 1983. O modelo pesava cerca de 800 gramas e a bateria, que demorava dez horas para recarregar, resistia apenas a 30 minutos de conversação. Tudo isso pela bagatela de US$ 3.995.


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Por conta de todo esse volume, os aparelhos ganhavam apelidos carinhosos como “tijolão”. Esse foi o caso do primeiro celular vendido no Brasil, o Motorola PT-550, que chegou ao país junto com a rede de telefonia móvel no Rio de Janeiro, em 1990, e popularizou o termo que usamos até hoje por aqui. A década de 1990 foi marcada por mudanças no design e também nas tecnologias de redes móveis. Em 1992, o primeiro SMS foi enviado no Reino Unido e, em 1994, a IBM lançou o Simon, primeiro celular com tela sensível ao toque. Por conta do avanço da tecnologia, até meados de 2005, celular luxuoso era o menor possível. Tanto que a estrela lembrada até hoje se chamava Motorola StarTAC. O Motorola StarTAC foi um feature phone do tipo flip lançado em 1996 que se tornou uma febre mundial como celular Triple A. Inspirado nos comunicadores usados na franquia Star Trek, o aparelho era diminuto e dobrável, custando cerca de US$ 1 mil no lançamento nos Estados Unidos — em 1999, já no Brasil, seu preço girava em torno de R$ 900. E quais foram os grandes atrativos desse aparelho que virou febre? Bateria de lítio que entregava 40 horas de conversação, suporte para mensagens de texto, alerta vibratório, agenda interna, teclado inteligente e relógio com hora e data. Esses recursos, combinados com um corpo diminuto e design diferenciado, fizeram o StarTAC virar sonho de consumo pelo mundo. Quem também dividiu os holofotes com a Motorola foi a Nokia. Apesar de não oferecer modelos tão pequenos quanto o da concorrente, o formato do Nokia 6160 angariou muitos fãs desde o seu lançamento, em 1998, e foi o mais vendido da década. Um ano depois, a Telesp Celular lançou a primeira linha de celulares pré-pagos do Brasil, apelidados de “Baby, o celular inteligente”. Na ocasião, o sistema, que visava ajudar os usuários a controlar seus gastos mensais, custava R$ 599 — incluindo habilitação grátis, o celular, carregador e um crédito no valor de R$ 100 para ser usado em ligações com validade de 90 dias.

Celulares pré-pagos se tornaram uma realidade no Brasil no final dos anos 1990


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Com o mercado aquecido, logo na entrada dos anos 2000, o mundo conheceu o famoso Nokia 3310, que popularizou o já existente jogo da cobrinha em sua versão 2.0. Aqui nota-se uma mudança no comportamento do usuário, que passa a usar o celular também para entretenimento. Isso era possível graças à bateria de longuíssima duração do 3310: uma semana com apenas uma carga. Com o novo milênio, chegou também uma nova onda de tecnologia para o mundo dos celulares que mudaria todo o rumo da inovação: redes 3G, câmeras integradas, bluetooth e os primeiros smartphones. A chegada de câmeras nos celulares merece três destaques: em 2000, a Samsung lançou o seu primeiro modelo com um sensor acoplado, o SCH-V200. A lente de 0,35 megapixels conseguia capturar até 20 fotos. No entanto, em 1999, a Kyocera alega que já havia lançado o VP (Visual Phone), com uma câmera de 0,11 MP que podia tirar até 20 fotos. Como se essa briga pelo pioneirismo da fotografia mobile não fosse boa o suficiente, temos ainda o J-SH04, da Sharp. Diferente do modelo da Samsung, que foi lançado um pouco antes, o J-SH04 foi o primeiro a integrar o hardware da câmera ao do telefone, permitindo o envio de imagens diretamente pelo dispositivo. Antes isso só era possível por meio da conexão da câmera do telefone ao PC. Deixando esse quesito de lado, a Blackberry também assinou um capítulo muito marcante da história com o lançamento do 5810, em 2002, com uma plataforma baseada em Java, teclado QWERTY físico, conectividade GSM e navegador com internet móvel 2G. Esse celular, que permitia o envio de e-mails, abocanhou o mundo corporativo. Um detalhe curioso é que o 5810 não tinha alto-falante e nem microfone, ou seja, era preciso usar fones de ouvido o tempo todo para falar e ouvir. Mas a chegada da terceira geração de redes móveis foi a responsável pela popularização da internet móvel ao redor do globo. O 3G trouxe consigo um aumento na capacidade de transmissão de dados e na velocidade de conexão. Com isso, a possibilidade de realizar videochamadas e ter acesso à TV no celular era uma realidade. Vale dizer que a consolidação no aumento de velocidade de transmissão de dados aconteceu mesmo com o 4G, que foi um fator fundamental na conectividade tão importante para todos durante a pandemia de Covid-19. No Brasil, o 3G começou a ser usado amplamente a partir de 2008 – o leilão de compra ocorreu no final de 2007, mesmo ano em que o mundo conhecia o aparelho que mudaria as regras do jogo: o iPhone. Anunciado por Steve Jobs, o aparelho era considerado o mais sofisticado já disponibilizado no mercado, e foi nomeado como “revolucionário” pelo próprio cofundador da Apple. “Hoje a Apple vai reinventar o celular”, foi o que disse Jobs. Sem teclado físico, o iPhone foi o primeiro a trazer consigo uma loja de aplicativos, a App Store. A presença de um acelerômetro, sensor que permite entender se o celular está na horizontal ou na vertical e adaptar a exibição do conteúdo, e de uma super câmera traseira de 2 megapixels completavam o pacote. Mais do que isso, o iPhone instituiu uma nova aparência aos celulares. Em 2008, um player forte entra no mercado para encarar Steve Jobs e sua maçã: o Google e seu sistema Android. O robozinho verde começou a ser desenvolvido em 2003, mas só depois de cinco anos foi anunciado no evento Google I/O. O grande diferencial era seu código aberto, que permitia uma série de personalizações de acordo com o gosto da fabricante e da comunidade de desenvolvedores. O primeiro smartphone lançado comercialmente com Android foi o HTC Dream, com tela de 3,2” e 256 MB de RAM.


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A evolução tecnológica dos celulares não envolveu apenas o refinamento dos aparelhos, mas também das redes móveis


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Daí por diante, os celulares passaram a ser uma extensão do corpo humano e substitutos para uma série de outros produtos, como relógios, câmeras fotográficas, GPS, calculadora e até mesmo consoles de videogames. Termos como "nomofobia" e "text neck" passaram a figurar em artigos científicos, indicando problemas de saúde como a ansiedade causada por estar longe do celular e dores crônicas no pescoço pela posição de olhar para a tela do celular, respectivamente. Em 2022, o 5G está prestes a chegar oficialmente ao Brasil e abrir um mundo de novas possibilidades para a conexão de um número impensável de dispositivos simultaneamente. Velocidades de conexão até 100 vezes superiores ao 4G e baixa latência (tempo mínimo de resposta) são atrativos para os consumidores, que já procuram por smartphones com suporte à tecnologia antes mesmo de ela ser lançada no país. A tendência de celulares pequenos ficou de lado, dando espaço a telas enormes e cheias de cores e contraste. Câmeras alcançaram um poder de zoom a nível telescópico, a realidade aumentada permite colocar um dinossauro virtual na sua sala com a ajuda do celular, as redes sociais tomaram um espaço absoluto na vida das pessoas e os smartphones top de linha ultrapassaram a marca de preço de R$ 12 mil. No entanto, apesar do rápido avanço ao longo dos últimos anos, assim como na moda, a tecnologia também recicla tendências. O Nokia 3310 foi relançado em 2017, e o Motorola Razr ganhou uma nova versão com tela dobrável em 2019, surfando na tendência de celulares dobráveis, ou foldable phones, liderada pela Samsung. Os aparelhos voltaram a diminuir de tamanho, e temos que aceitar que o futuro dos smartphones não vislumbra lançamentos tão emocionantes e na mesma velocidade como acontecia há alguns anos. A expectativa mais otimista é que as pessoas passem a ter uma relação mais consciente e amistosa com seus celulares, mas telefones moduladores populares e computação ambiente também não estão fora da jogada.

No futuro, esperamos que menos seja cada vez mais


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“ U MA VEZ SON H E I E M TORNAR- M E NO PILOTO MAIS R ÁPIDO. HOJ E , SOU U M PILOTO DE M U DANÇA . SOU U M G R AN DE PILOTO.” LE WI S H A M I LTO N , 7 V E Z E S C A M P E ÃO M U N D IA L D E FÓ R M U L A 1 TM


THE BIG PILOT.

BIG PILOT 43 Ousado, icónico e genuíno: o Big Pilot é o relógio de eleição para indivíduos movidos pela paixão, objetivos e desejo de criar. Pela primeira vez, o relógio de aviador mais essencial da IWC está disponível numa caixa de 43 milímetros, combinando a pureza do design original do painel de instrumentos do cockpit com uma ergonomia superior e uma versatilidade acentuada.


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P

ANTES DE LER ESTA ENTREVISTA, ABRA O SEU APLICATIVO DE MÚSICA E PROCURE SONO UN BRAVO RAGAZZO UN PO’FUORI DI TESTA, DO RAPPER ITALIANO RANDOM. NUMA TRADUÇÃO LIVRE, A MÚSICA DIZ ALGO COMO “SOU UM BOM RAPAZ, UM POUCO LOUCO… SE EU PENSO, EU DIGO… SE EU DIGO, EU FAÇO” E II REGALO PIÙ GRANDE DE TIZIANO FERRO, “AMAR COM TUDO SEM LIMITE”. ESSAS ESTÃO ENTRE AS FRASES QUE TRADUZEM O JEITO PIETRO LABRIOLA DE LEVAR A VIDA. NOVO DIRETOR-GERAL DA TELECOM ITALIA, O EXECUTIVO COMANDA A TIM BRASIL DESDE 2019, QUANDO CHEGOU AO CARGO DE CEO DEPOIS DE PASSAR QUATRO ANOS COMO DIRETOR DE OPERAÇÕES. QUEM VÊ ESSE MEZZO PUGLIESE MEZZO CARIOCA (NÃO POR DESCENDÊNCIA, E SIM POR AFINIDADE) NÃO IMAGINA QUE ELE É UM DOS MAIORES NOMES DAS TELECOMUNICAÇÕES DO MUNDO. ISSO PORQUE PIETRO FOGE DE ESTEREÓTIPOS, EQUILIBRA A VIDA PESSOAL E PROFISSIONAL, NÃO ABRE MÃO DO ESPORTE E DAS ARTES, ADORA CONVERSAR SOBRE MODA E MÚSICA E SONHA COM UM MUNDO COM MAIS DIVERSIDADE E RESPEITO.

Por Fernanda Ávila Fotos Miro Styling Rafael Lazzini Beleza Andie

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O que é felicidade pra você? A resposta é muito simples: ter uma vida privada feliz e uma vida profissional satisfatória. Que significa poder trabalhar no que eu gosto e ter à disposição uma quantidade de tempo para ficar com as pessoas que mais amo. No final, a felicidade de uma pessoa é a capacidade de equilibrar vida privada e vida profissional. Eu gosto muito do meu trabalho. Tive a boa sorte na vida de trabalhar em um setor em constante evolução, que está sempre mudando. Tem setor que é o mesmo há 40 anos, diferentemente das telecomunicações, onde eu trabalho desde o começo. A cada dois, três anos, muda alguma coisa. Muda a tecnologia, a inovação, o cenário competitivo. Isso é muito importante pra mim, estou em desafio constante. Eu gosto da matemática, gosto de quando alguém me dá um quebra-cabeça e eu tenho que resolver. Quais são as suas maiores paixões e como elas definem o homem que você é hoje? Eu gosto muito de praticar esportes, porque isso me permite reduzir o nível de estresse. Gosto de correr, de fazer snowboard, de bicicleta, skateboard, todas as modalidades que reduzem o nível de estresse. Depois tem também todo o componente da paixão. É importante ter um relacionamento com uma pessoa que entenda quais são os seus desafios, que te ame, mas saiba da complexidade do seu trabalho. Também gosto muito de arte, design e moda. Gosto de tudo que é lindo. Pode ser uma casa, um tênis, uma obra de arte… E não está relacionado a preço, é uma questão de beleza. Eu tenho na minha casa obras que comprei de artistas de rua e obras de artistas famosos. A beleza é algo subjetivo, pode ter um valor alto ou baixo economicamente.

E como você equilibra tudo isso? Eu não posso ser considerado um benchmark. De fato, o que acontece é que eu não consigo dividir exatamente meu tempo entre vida privada e vida pessoal. É uma mistura constante, mas isso funciona pelo tipo de trabalho que eu tenho. Posso estar num jantar e levantar dez minutos para fazer uma ligação. Posso também voltar de um jantar sem interromper e trabalhar até uma, duas horas da madrugada. Porque para tudo que é assíncrono, que não precisa de uma resposta ao vivo, consigo balancear. Eu não tenho sábado e domingo, mas durante a semana consigo correr. Meu dia de trabalho não começa necessariamente às 9h da manhã para terminar às 6h da tarde. Não estou falando que todo mundo tem que trabalhar sem distinção. O meu dia a dia permite isso, esse é o equilíbrio que encontrei. Mas, pra isso, tem que ter pessoas inteligentes ao lado, que entendam quais são as suas demandas, os seus vínculos. Você, sendo italiano, consegue desfrutar do famoso dolce far niente? O ócio é importante para você? Eu não posso falar por todos os italianos, pois cada um é diferente. O problema é que eu não consigo ficar parado por um minuto. Se ficar sentado na cadeira, vou enlouquecer. É uma característica pessoal. Eu gosto de dormir pouco, apenas o necessário para me recuperar. Porque, pra mim, dormir muito é tempo perdido, é como não viver. Muitas pessoas com as quais conversei te definem como um homem do futuro. Você se identifica com isso? Acho que ninguém pode se definir como uma pessoa do futuro. Não conhecemos o futuro, mas temos que ter a capacidade

“No final, a felicidade de uma pessoa é a capacidade de equilibrar vida privada e vida profissional”


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de mudar no tempo certo, de acompanhar as mudanças da sociedade e da tecnologia. Temos que nos acostumar que o futuro é escrito a cada dia, e você não tem que estar vinculado ao passado. Até alguns anos atrás, todo mundo estava acostumado a olhar para o passado; hoje isso é muito mais complexo. Então podemos usar essa metáfora: você não conhece a onda que está chegando. Se você gosta de surfar, tem que cavar a onda, não pode ter medo dela. Você também é conhecido pelo perfeccionismo, pelo cuidado com os detalhes. Como essas características se refletem em sua vida profissional? Eu acho que a competência tem que ser um elemento chave no trabalho. Eu gosto de ter conhecimento das coisas. Fazer 60, 70% de qualquer coisa é simples. Para chegar aos 80, 90%, tem que olhar para os detalhes e mostrar liderança. As pessoas têm que enxergar em você alguém que agrega valor. Se você é o chefe, tem que ter uma visão que junta os pontos de toda a estrutura empresarial. Se o líder manda somente sob a base do achismo, porque é hierarquicamente superior, as pessoas nunca vão acreditar nele. Em italiano isso se chama autorevolenzza, que é diferente de autoridade. É quando você lidera pelo conteúdo, pela sua capacidade, e não simplesmente pela posição que ocupa. Como editor criativo convidado desta edição, você trouxe muitas referências e um olhar peculiar para cada pauta sugerida. Pode nos contar um pouquinho sobre como foi esse processo? Na verdade, não foi um processo estruturado com alguém que me entrevistava. Foi num jantar entre amigos em que, enquanto eu contava o quanto sou apaixonado pela Puglia, o lugar onde

nasci, enquanto eu falava sobre a minha relação com a arte ou sobre como compro os meus tênis, eles ficaram curiosos e me convidaram para compartilhar essas ideias e referências. Eles perguntaram “Pietro, você gostaria de contar tudo isso que está falando aqui para os nossos leitores?”. Eu aceitei. Porque não estou compartilhando um segredo industrial, estou falando sobre as minhas paixões. Eles acharam muito engraçado quando contei sobre como escolho meus sapatos e minhas roupas, sobre como sou detalhista com a largura da barra das calças, por exemplo. Todas têm que ter 17 centímetros de largura, no máximo. Um italiano nunca usa um cinto de uma cor diferente do sapato, em hipótese alguma usa meia branca curta. O caimento das roupas é muito mais slim do que nos Estados Unidos e no Brasil. A relação com a moda é muito importante para um italiano. E eles se divertiram muito, por isso fui convidado para ser o editor criativo desta edição. Como é ser um italiano no Brasil? Conta um pouquinho para a gente. Gosto muito do Brasil, porque os brasileiros são muito parecidos com os italianos. Sobretudo com os italianos do sul. Não sou um estrangeiro, a não ser pelo sotaque. Para mim é como ficar em casa, gosto muito das pessoas, é um país aberto, talvez até mais aberto do que a Itália. É difícil encontrar um italiano que não consiga se adaptar à sociedade brasileira. O brasileiro é muito acolhedor. Quais são os seus lugares preferidos no Brasil? Levantar de manhã e caminhar pelo calçadão de Ipanema, do Leblon, não tem preço. O que eu gosto mais é do domingo carioca, quando todo mundo – seja rico,

“Se você gosta de surfar, tem que cavar a onda, não pode ter medo dela”


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pobre, branco, preto, trans, hétero, gay – é igual. Estão todos lá no calçadão correndo, aproveitando o sol e a vida. É disso que eu sinto mais falta quando não estou aqui. Você escolheu o Vik Muniz para representar a arte nesta edição. Como o olhar dele influencia o seu? Eu gosto das obras do Vik Muniz, sobretudo porque elas me fazem pensar. Tem uma série em que ele usa o lixo para construir imagens. Isso, de usar pedaços de coisas que seriam jogadas fora para construir outras, me interessa muito. Eu gosto de quebra-cabeças. É como a estratégia empresarial. Quando você tem que definir um planejamento, você não abre um livro pra saber qual é a melhor estratégia. Você começa a pegar pedaços que, olhados singularmente, não dizem nada, mas quando você junta, formam uma imagem. É a mesma coisa que acontece com o Vik Muniz. Se você olhar um pedaço do quadro dele, fora de contexto, não entende o que é. Mas, ao juntar tudo, ele constrói uma obra de arte. Como você, um apaixonado pelas artes visuais, vê o crescimento do mercado das NFTs e da arte digital? Nesse assunto eu gosto do que é mais tradicional. Tenho dificuldade de gostar, porque é algo que precisa estar conectado na tomada de energia, não existe para sempre. Se você olhar uma obra do Caravaggio, por exemplo, percebe que ela continua representativa depois de centenas de anos, superou qualquer problema de umidade, de calor e mantém a beleza. Se você vai para Roma, encontra esculturas da época do Império Romano, de mais de mil anos atrás. É estranho alguém que trabalha com inovação não gostar de inovação tecnológica na arte, não é? Eu entendo a importância, mas prefiro o que tem história, tradição.

Qual é o peso da criatividade nas funções que você exerce como executivo? Hoje, no meu cargo atual, a necessidade é menor. O presidente da empresa não precisa, necessariamente, ser uma pessoa criativa, mas eu gosto de aplicar a criatividade em tudo que faço. O chair de estratégia e o chair de marketing são os executivos que mais trabalham com a criatividade no dia a dia, mas eu continuo gostando de criar, de inventar. Estou num time que faz muitas reuniões, e eu chego em cada reunião com cinco, seis ideias novas. Isso faz parte do meu DNA. Na última convenção da TIM, você disse que as principais mudanças que a pandemia trouxe para a sociedade foram a coragem digital, mais conexão e equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Esses três fatores nos ajudaram a evoluir como sociedade? Sim, porque vimos que talvez haja algo além do trabalho, que precisamos ter mais tempo pra nós mesmos, pra família, pra saúde. Agora todo mundo quer ter um modelo de trabalho que seja mais equilibrado, que não nos faça perder duas, três horas no trânsito todos os dias. A coragem digital também é um destaque muito importante, porque os executivos entenderam que, para fazer as coisas acontecerem, precisamos tomar decisões no sentido de digitalizar as operações. Boa parte das decisões digitais no futuro está ligada à digitalização das atividades das empresas. Todo mundo percebeu que pode fazer tudo, em modalidades diferentes, mais rapidamente. Mas, para isso, temos que correr riscos. Isso é o que chamamos de coragem digital. Vamos sair da pandemia em um mundo completamente diferente graças à conectividade. É ela que nos permite manter o relacionamento com as pessoas que amamos, que nos permite trabalhar. Então, estes são os três grandes legados da pandemia, os maiores aprendizados que tiramos desse período.


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“Não sou um estrangeiro, a não ser pelo sotaque”


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“Quero poder dizer que, apesar de todos os obstáculos, fiz de tudo para ter uma vida feliz, que não deixei que ninguém definisse a minha vida por mim”


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Também na convenção, você falou sobre os valores de diversidade, igualdade e inclusão. Como isso é feito na prática dentro da empresa? Muito simples: falamos, de modo muito claro, que nós acreditamos nesses valores. E se você não acredita nessa cultura, não vai conseguir ser feliz trabalhando nesta empresa. O próprio sistema vai te colocar para fora. Então, declaramos os valores nos quais acreditamos e depois os executamos. Temos muitas atividades para colocar tudo isso em prática. Neste ano, a TIM foi a primeira empresa brasileira no ranking Refinitiv Diversity & Inclusion Index, que mede o desempenho de mais de 11 mil empresas – o equivalente a 80% do mercado global – com base em iniciativas de diversidade, inclusão e desenvolvimento de carreiras. O resultado nos colocou na 19ª colocação geral, liderando a lista de companhias do setor de telecomunicações de todo o mundo. E o projeto Mulheres Positivas, você pode contar um pouco sobre como funciona? O Mulheres Positivas mostra que todos nós somos parte de um movimento para melhorar a sociedade, e o projeto nasceu com essa meta. Eu não vou aguardar que o governo tome decisões para melhorar a situação das mulheres. Nós nos juntamos a outras empresas para sermos o motor dessa transformação, ampliando o acesso das brasileiras ao mercado de trabalho. A iniciativa oferece vagas em diversos níveis e perfis, além de mais de 100 cursos de capacitação gratuitos por um aplicativo, e ainda contempla um programa de mentoria intercompany, focado no desenvolvimento de carreira de mulheres das empresas participantes. Nossa missão

é diminuir as diferenças entre homens e mulheres no mercado de trabalho, pois sabemos que a pandemia acentuou muito as desigualdades sociais e de gênero. A taxa de desemprego entre mulheres é muito maior do que entre os homens, e nós queremos mudar isso. Você falou que não podemos esperar do governo esse tipo de atitude. Como você avalia o cenário econômico do Brasil e quais as suas expectativas para os próximos anos? Vai ser complexo. Porque gerenciar uma empresa já é difícil, mas gerenciar uma sociedade é ainda muito mais. Não posso me permitir dizer qual seria a melhor fórmula, pois não tenho competência pra isso. Em uma empresa, eu geralmente tenho que entregar um plano de três anos, mas quando você gerencia um país, tem que olhar muito além. No meu trabalho, tenho que resolver os problemas causados pela pandemia. Minha expectativa é a retomada da economia, e tenho que acreditar que o governo fará tudo que é de interesse da população. Mas não vai ser simples para ninguém. Fala-se muito que o 5G vem para revolucionar e mudar o mundo. Você poderia ser mais específico e nos dizer que mudanças são essas? Para o 5G funcionar, é preciso colocar uma rede. O assunto mais importante é que a política industrial do Brasil sobre como trazer o 5G foi muito correta, porque não colocou como prioridade um preço alto que poderia inviabilizar a operação, mas privilegiou a obrigação de construir a rede. Pois se eu gasto todo o dinheiro para colocar frequência e depois

“Quero uma sociedade em que inclusão e diversidade sejam um elemento verdadeiro”


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não tenho dinheiro para construir a área, não resolve o problema. Eu uso sempre o mesmo exemplo: quando foram lançados o Google Store e o Apple Store, havia pouquíssimos aplicativos e, dez anos depois, se você pegar seu celular, vai ver que tem pelo menos uns 50. Com o 5G é a mesma coisa: vamos colocar uma rede que tem muitas funcionalidades, que não vai ser alavancada pelas operadoras de telecomunicação, mas que coloca à disposição da sociedade a possibilidade de combinar essas funcionalidades para novos modelos de negócios. Por essa razão, nós falamos sempre da possibilidade e da capacidade das empresas. O que temos que fazer é construir a saída e colocar a tecnologia à disposição das empresas. Existe alguma forma de o 5G melhorar aspectos relacionados à sustentabilidade de uma forma geral? Sim, porque o 5G permite uma quantidade de conexões muito maior. Então você pode colocar sensores em qualquer lugar. Pode ter sensor para ativar a iluminação nas ruas e para ativar os semáforos, por exemplo. Na produtividade, hoje você não tem controle de tudo. Você gasta muito mais recursos porque não tem controle do que acontece em todos os lugares.

Uma vez que todo esse equipamento esteja conectado, podemos ter um nível de eficiência muito maior, coisa que a tecnologia 4G não permite. O que você sonha para o futuro? Quero uma sociedade em que inclusão e diversidade sejam um elemento verdadeiro. Em que cada um de nós possa ter a liberdade de ser o que deseja. O mais importante é uma sociedade com mais respeito para os indivíduos. Hoje fala-se muito em propósito. Qual é o seu? Eu não posso escolher os desafios, o mais importante para mim é “never give up”. Muitas pessoas, antes de começar, já falam que não conseguem enfrentar os desafios. Eu não desisto deles. Tem uma música do OneRepublic, chamada I Lived, que traduz o que eu penso. Ela começa dizendo: Hope when you take that jump / You don’t fear the fall / Hope when the water rises / You built a wall / Hope when the crowd screams out / They’re screaming your name / Hope if everybody runs / You’ll choose to stay. É assim que eu quero viver: quero poder dizer que, apesar de todos os obstáculos, fiz de tudo para ter uma vida feliz, que não deixei que ninguém definisse a minha vida por mim.

“O presidente da empresa não precisa, necessariamente, ser uma pessoa criativa, mas eu gosto de aplicar a criatividade em tudo que faço”


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S 1000 RR

A REVOLUÇÃO DAS PISTAS UM ÍCONE DA PERFORMANCE PREPARADA PARA ESTAR SEMPRE À FRENTE. NAS PISTAS OU NA SUA GARAGEM.

MAKE LIFE A RIDE


#NEVERSTOPCHALLENGING

NO TRÂNSITO, SUA RESPONSABILIDADE SALVA VIDAS.


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Colecionáveis CANO BAIXO, CANO ALTO, DE CORRIDA, DE PASSEIO E ATÉ COM SALTO. OS TÊNIS INVADIRAM O UNIVERSO DO LUXO E SE TORNARAM OBJETO DE DESEJO DE APAIXONADOS SEDENTOS POR NOVIDADES – E PELA EXCLUSIVIDADE DAS EDIÇÕES COLECIONÁVEIS QUE SÃO AVALIADAS E ANUNCIADAS EM PRIMEIRA MÃO EM SITES E APLICATIVOS ESPECIALIZADOS E CHEGAM A CUSTAR US$ 100 MIL. TOP MAGAZINE FEZ UMA SELEÇÃO DE ALGUNS DOS MODELOS QUE FAZEM A CABEÇA E OS PÉS DE QUEM TORNOU O MUNDO DOS SNEAKERS UM ESTILO DE VIDA


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Nike Air Zoom Alphafly NEXT% Flyknit Apelidado de o “Tênis mais Rápido do Mundo”, após ter sido usado pelo maratonista Eliud Kipchoge em 2019, quando bateu o recorde mundial dos 42 km em uma corrida não oficial em Viena, com a marca 1:59:40. O Air Zoom Alphafly Next% Flyknit traz a espuma Nike ZoomX no antepé e na parte de trás para um amortecimento mais eficiente, impulsionando o corpo para cima ao pisar. Seu cabedal foi desenvolvido com a nova tecnologia AtomKnit, que abraça o pé perfeitamente trazendo mais estabilidade para a corrida. US$440


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Nike Air Tailwind 79 Um tributo ao tênis lendário que introduziu a tecnologia Nike Air em 1979, o Tênis Masculino Nike Air Tailwind combina um visual clássico com conforto premium. US$150


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New Balance 2002R Um dos três modelos parte da coleção “Protection Pack”, o 2002R “Rain Cloud” é uma reinterpretação do clássico de corrida da New Balance, uma faceta nova daquele que segue sendo uma das marcas registradas da empresa. Ele possui tecidos diferentes em sobreposição, com uma tela cinza e camurça em tons semelhantes, fazendo um contraste com o logo reflexivo da New Balance. A língua exposta completa a atmosfera desconstruída do tênis. US$464


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Nike Dunk Low Travis Scott X Playstation A parceria entre a Nike e a Playstation ocorre há anos, para comemorar os lançamentos de novos produtos da empresa de consoles. Para a chegada do PS5, a Nike se uniu a Travis Scott para a criação desta edição especial do Nike Dunk, que seria disponibilizada exclusivamente através de um sorteio que premiaria apenas cinco sortudos. Seu tom azul-claro, junto ao swoosh invertido e os logos da Playstation em inglês e japonês nos painéis laterais e nas solas, são os detalhes mais marcantes deste modelo para lá de único. US$1.350


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Nike SB Dunk Low x Travis Scott “Cactus Jack” O Nike Dunk foi um dos sneakers mais em alta em 2021, e toda collab Nike SB Dunk Low x Travis Scott causa mais alvoroço ainda. O Cactus Jack foi a primeira parceria do rapper com a Dunk, e o padrão de bandana que percorre seu cabedal é definitivamente o ponto principal do modelo. Além disso, os overlays removíveis, que revelam um “cement print” por baixo, comuns nos lançamentos dos Jordans, e os detalhes que formam o Swoosh finalizam o visual único da peça. US$2.040


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Off-White x Air Jordan 1 Retro High Chicago Um dos lançamentos mais cobiçados de 2017, o Off-White x Air Jordan 1 Retro High OG foi a primeira colaboração entre Virgil Abloh e a Jordan. O esperado modelo foi apelidado de “The 10”, e é composto de uma parte superior em couro desconstruído, com a base nas cores originais inspiradas em Chicago – branco, preto e vermelho–, com o swoosh medial substituído pela inscrição “Off-White for NIKE, ‘AIR JORDAN 1’, Beaverton, Oregon, USA C. 1985”. US$13.165


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Reebok Mobius Experiment 3 Um dos modelos clássicos da Reebok, o Mobius foi retomado pela marca em 2019 e assumiu uma nova cara após o anúncio da colaboração com a marca de roupa PYER MOSS. Batizado de Experiment 3, o tênis, que ficou popular ao misturar a estética dos modelos de basquete com uma aparência mais voltada para a moda, traz como principal diferencial a substituição dos cadarços pela “luva” em sua construção. Seus painéis são feitos de dois materiais contrastantes: camurça felpuda e tecido sintético, com um solado preto de borracha natural. US$500


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Nike Off-White x Nike Dunk Low “Dear Summer” Parte da coleção “Dear Summer”, continuação da primeira collab entre Virgil Abloh com a Nike Dunk de 2019, este Off - White x Nike Dunk Low foi o vencedor do HYPEAWARDS 2021, premiação realizada pelo HypeBeast que homenageia os melhores designers e marcas do ano, na categoria Melhor Sneaker. Trabalhado em contrastes de cor e detalhes especiais que remetem ao cartão de visita de Virgil Abloh, a coleção foi limitada a cinquenta pares. US$986


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Adidas Yeezy Knit RnR “Sulfur” A linha minimalista de Kanye West trouxe uma nova silhueta, moldada de forma semelhante ao seu outro modelo FOAM RUNNER, mas com material Knit, tecido de fio específico que abraça o pé como uma meia, deixando o tênis ainda mais confortável. O cabedal é feito em tons de creme e enxofre, com a numeração impressa por fora em preto. US$302


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Quarteto fantástico O QUADRILÁTERO DA MODA, EM MILÃO, QUE REÚNE AS GRIFES MAIS COBIÇADAS DO PLANETA, É PROGRAMA TAMBÉM PARA QUEM NÃO PRETENDE COMPRAR


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Por Maria da Paz fotos Divulgação

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Milão, a capital da Lombardia, é um desses destinos incontornáveis, que alia história e modernidade. Ainda que a cidade seja principalmente conhecida como capital da moda, talvez seja pouco reduzi-la apenas a isso. Todas as novidades pós-pandemia estão aí para provar que Milão vibra em conexão com o futuro e que o milanês tem muito mais para mostrar do que o luxo made in Italy. Flanar pelas ruas, olhar as vitrines ou sentar num café apenas para ver quem passa é parte do ritual do estrangeiro que visita o Quadrilatero della Moda ou Quadrilatero d’Oro, uma área central e sofisticada do Centro Histórico, que tem esse nome exatamente por ser delimitada por quatro ruas: Via Montenapoleone, Via della Spiga, Via Manzoni e Corso Venezia. Nesse espaço, com várias ruelas e perpendiculares, estão as grifes mais desejadas do mundo, restaurantes glamorosos e bares que ficam lotados no fim de tarde, quando a clientela vai para tomar drinques espertos ou apenas uma taça de vinho acompanhada de focaccia. Essas ruas, onde há antigos palácios e residências aristocráticas, fervem durante o dia e estão se transformando para ganhar cada vez mais vida também durante a noite. O Quadrilátero é bem próximo de lugares históricos e obrigatórios como o Duomo di Milano e a Galeria Vittorio Emanuele II, o centro comercial mais antigo e ainda ativo da Itália, que fica num edifício do século XIX, conhecido por sua abóboda de vidro e ferro e pelas arcadas que abrigam lojas de luxo. A rua mais importante


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A Montenapoleone é como a Quinta Avenida de Nova York, a Avenue Montaigne, de Paris, ou a Rodeo Drive de Beverly Hills, em Los Angeles

do Quadrilátero é a Via Montenapoleone, comparada muitas vezes à Quinta Avenida de Nova York, à Avenue Montaigne, de Paris, ou à Rodeo Drive, de Beverly Hills, em Los Angeles. Ali, não há apenas marcas italianas como Prada, Gucci, Ermenegildo Zegna, Dolce & Gabbana ou Bottega Veneta. As grandes grifes do planeta como Hermès, Chanel, Louis Vuitton, Celine e tantas outras têm suas flagships ao lado de joalherias como Chopard, Cartier ou Bulgari, e lojas de sapatos como Fratelli Rossetti, Tod’s e Cesare Paciotti. É também naquelas ruas, que ditam as tendências do mundo, que jovens designers apresentam suas novas coleções ao lado de antiquários, pequenos ateliês e casas de perfumistas. Se você quer conhecer marcas masculinas que fazem a cabeça dos italianos e que são desconhecidas dos brasileiros, aposte na Lardini, com roupas de alfaiataria, na Eleventy e na Slowear. E saiba que os milaneses adoram os carésimos tênis de Alexander McQueen. Para percorrer os melhores endereços do Quadrilatero della Moda, e os menos óbvios, escolhemos dois guias que conhecem quase tão bem Milão quanto conhecem o Brasil: a relações-públicas italiana Francesca Picciafuochi, que tem seu escritório na Corso Venezia e viveu sete anos em São Paulo trabalhando no Tivoli Mofarrej e para marcas italianas,


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e o restaurateur paulistano Rogério Fasano, oriundo de uma família da Lombardia, que fez história na gastronomia brasileira e frequenta as melhores mesas de Milão desde sempre. Por caminhar diariamente pelo Quadrilátero, Francesca tem observado que muitos pontos comerciais estão mudando e fala sobre as últimas novidades. “O café-restaurante Ralph Lauren, que acabou de abrir, vive superlotado e tem lista de espera. O mesmo acontece com o Voce – Aimo e Nadia, no prédio do Banco Sao Paolo, em frente ao Teatro alla Scala e um pouquinho fora do Quadrilátero. A pasticceria Cova, endereço clássico, foi comprada pelo grupo francês LVMH e fica praticamente em frente ao café Marchesi, que agora também é propriedade da Prada”, diz ela, que frequenta os dois. Entre os endereços que valem a pena, estão a multimarcas Biffi e a Culti Milano, marca fundada pelo arquiteto Alessandro Agrati, que criou o primeiro aromatizador de ambientes. Anote: em 2022, vão abrir vários hotéis, como Portrait Milano, do Grupo Ferragamo, e Roccaforte. E o hotel-butique Casa Cipriani, que depois de Nova York, se estende para Milão.

Há sempre novidades no Quadrilátero, que dita as tendências do mundo e onde jovens designers mostram suas criações

Francesca Picciafuochi


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Rogério não precisa nem olhar o mapa para citar os locais que frequenta em suas visitas constantes à cidade. Na Trattoria Milanese vai para comer ossobuco; no Savini, lugar clássico da galeria Vittorio Emanuele II, pede riso al salto, o risoto milanese fritinho no dia seguinte. Para comer peixe, não abre mão do Da Giacomo e diz que as melhores trufas da região, quando é época, estão no Al Matarel. Ele cita também a Peck, “uma loja de utensílios de cozinha bem bacana, que tem um restaurante no andar de cima, onde os queijos e antepastos são excelentes”. Para quem gosta da milanesa de vitela, batida bem fininha, chamada de “orelha de elefante”, ele recomenda o Bice, bem ao lado da Montenapoleone. Na sua lista também estão o Alfredo Gran San Bernardo e o Il Salumaio di Montenapoleone. No entanto, como bom conhecedor da Lombardia, Rogério sugere uma curta saída da cidade para conhecer dois restaurantes imperdíveis: o Da Vittorio, em Brusaporto, um Relais & Châteaux que fica a uma hora de carro, e o La Caprese, em Bergamo, “onde há um dos melhores peixes crus do mundo”. Rogério Fasano

Rogério Fasano, que frequenta as melhores mesas de Milão desde sempre, abre sua agenda de restaurantes e diz o que comer e onde


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Quem ... Vik Muniz. Inventor. Criador. Artista plástico. Museus internacionais. Dialógico. Criador para públicos importantes. Criador para si mesmo. Voltado a etapas eruditas daquilo que se chama arte neste país e no mundo. Desafiador? Sim. Avançado? Sim. Ousado? Sim. Delirante? Sim. Contemporâneo? Of course. Alternativo? Também. Trajetória consolidada? Claro. Reconhecimento crítico? Oh, yeah. Abrangências e inovações temáticas? Sempre. Trabalhos localizados em importantes museus do planeta? Sim. Imagens da abertura da novela global Passione? Sim. Ligado em dinâmicas sociais e procedimentos que alteram voltagens? Sim. Artista com movimentos amplos que desafiam a sua própria invenção? Sim. Criador sem linearidades temáticas, sem inventar frases rasas que facilitem a compreensão de sua obra? Sim. Indicado ao Oscar em 2011 por seu documentário “Lixo Extraordinário”? Sim, sim, sim. Talvez o único artista plástico brasileiro com relevância no atual mercado internacional? Parece (ainda) que sim. Vik flutua por espaços, salões, sonhos e museus imaginários, anulando a possibilidade de atrair adjetivos/objetivos simplistas. Cru e tecnológico, transvanguardeiro, abençoado por luzes, cores e ações. Sua cartela de cores/ideias/inventos parece infinda. Oioioi: viva este pulador de fronteiras.


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Vik-se: este trabalho tem o nome Paparazzi e registra a ação de fotógrafos midiáticos. Foi a segunda vez em que o artista trabalhou com materiais inesperados nas artes plásticas. Neste, usou xarope de chocolate. E teve que ser rapidex: senão, o material ficaria seco, sem brilho e sem o resultado buscado

Paparazzi A obra Paparazzi faz parte de uma coleção composta a partir de xarope de chocolate da marca Bosco.


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...é... Vik Muniz. Algumas de suas últimas obras foram geradas a partir de materiais inusitados: citações poéticas do lixo, restos de demolição e elementos inesperados como açúcar ou chocolate. Por exemplo: decidiu criar/provocar em seu ensaio sobre Sigmund Freud ao usar calda de chocolates para inovar a imagem. Procedimentos que alteram voltagens. Zás-trás. Rápido e de intuitos vivos, depois inventou outros registros de sedução instantânea: na série Sugar Children, visitou plantações de açúcar em Saint Kitts, ilha no Caribe, no intuito de clicar ações de filhos de operários locais. Em seguida, pegou seu voo para Nova York e pimba: a partir de papel marrom e vários tipos de açúcar, registrou em imagens ações de crianças nuas que espalhavam açúcar sobre superfícies variadas. Fotografando tudo. Ele sempre soube abordar o Vik-Mix entre devaneios e técnicas, desafiando a armadilha de museus imaginários. Sua abordagem artística no Caribe provocou polêmicas. Ainda bem. Cru e tecnológico, transvanguardeiro e pulador de fronteiras, é criador dissonante que evita linearidades. Resolução do teorema: Vik sabe evitar que transformem suas obras em ações meramente temáticas. São registros anticonformistas, amplos, livres e que desafiam a própria função de artista plástico. Espectador do mundo, dissonante e corajoso. Sem medo de voar, sem medo de abalar.


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Algo inacreditável: em 1998, Vik Muniz criou a obra Medusa Marinara a partir de macarrão e molhos que criavam climas, faces e conceitos. Macarronizemo-nos todos! Medusa Marinara Vik Muniz empregou macarrão e molho de tomate.


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...Vik... Arte? Vik Muniz foge do espaço de acervo dos colecionadores. Esta é a dinâmica inesperada do seu projeto contínuo como artista: pulverizar a criação de modo alternativo. Criador com conscientização do tratamento correto de resíduos sólidos. Referências culturais, referências de abundâncias, referências de lugares, conjunções e conjugações na vida. Buscar reentrâncias/abundâncias e significados da vida. O que significa um ser? O que significa ser? O que significa criar? Embaralhar temas, fumaças, visões, vivências, frivolidades, lembranças, passagens pessoais? Fogo por baixo, invenções por cima. Vik nunca pretendeu pertencer ao clubismo estético. Ele vasculhou segredos, gavetas, mistérios para cenografar imagens de abundâncias. Levantar fervuras: realizar trabalhos em jorros impetuosos: o baticum dos contrapontos, das cores, dos elementos, da criação. Criar é voar. Criar é se ausentar. Criar é sonhar. Criar é mistério.


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Lixo, lixão, luxo: Vik Muniz ousou escolher o maior lixão da América Latina (ou Latrina?) como tema do premiado documentário LIXO EXTRAORDINÁRIO. Lixemo-nos! The Bearer Irma Documentário Lixo Extraordinário, realizado em 2008 no lixão de Gramacho, baixada Fluminense. Uma das suas mais importantes criações foi o maior lixão a céu aberto da América Latina.


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...Muniz? Por Eduardo Logullo Fotos Divulgação

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Reminiscências? Maybe. Cada pessoa deixa o seu rastro no planeta? Maybe. O mundo se oculta ou se revela? Criar seria algo como dividir ímpetos, paixões, visões, projetos, aspectos paralelos, planos que se completam, fuga de falas monocórdias, jorros impetuosos, mãos sujas de tinta, antagonismos temáticos, aventuras existenciais, busca por lances inesperados, apuração, depuração e encontro de (des)equilíbrios sempre altamente inventivos. Ainda bem que das criações de VIK MUNIZ continuam a sair cardumes de personagens que exercem a intrigante capacidade de orquestrar visões, sonhos, pensamentos, delírios. Criar será sempre um enigma? Sim. Criar jamais terá explicação? Sim. Quem explica é o olho, a cor, o efêmero, as mutações estéticas, os segredos, a desobediência a leis físicas ou questões plásticas, o tom desnorteador da pesquisa de materiais, a fusão de enigmas, o mistério, o mistério, o mistério.


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A partir de imagens de crianças do arquipélago caribenho Saint Kitts e Nevis, Vik Muniz teve reconhecimento grandioso em 1996: desde então, sua obra cresce a cada ano Sugar children A série Crianças de Açúcar, criada em 1996.


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Paris ainda vale ser citada como arte? Sim. Vik Muniz confirma isso ao criar em 2015 a série Postcards from Nowhere, a partir de cartões-postais picotados e que formatam uma imagem clássica da capital francesa

Paris Série Postcards from Nowhere, datada de 2013.


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Mona geleia? Mona manteiga de amendoim? Vik Muniz teve a grande ousadia de invadir com substâncias melosas a obra icônica de Da Vinci. Geleie-se e monalise-se quem puder

Double Mona Lisa Geleia de uva e manteiga de amendoim. Criado em 1999.


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E olha onde a obra de Vik Muniz foi parar: na bolsa! Na terceira edição que a Louis Vuitton faz em seu projeto Artycapucines, ideia que reúne artistas mundiais de prestígio para inventarem a customização de bolsas da marca francesa, a grife convidou apenas outros cinco artistas para esse processo criativo: Zeng Fanzhi, Gregor Hildebrandt, Donna Huanca, Huang Yuxing e Paola Pivi. O preço da bolsa? Segredo Coleção Louis Vuitton O brasileiro Vik Muniz foi um dos convidados a participar da terceira edição do projeto Artycapucines, da Louis Vuitton, que reúne artistas plásticos de diferentes partes do mundo para customizar a bolsa Capucines, que foi criada em 2013 pela marca e se tornou um ícone da maison.


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Vik Muniz Quer saber sobre VIK MUNIZ? Claro que a net informa. Mas podemos fazer um resumex deste grande criador. Vamos lá? Capricorniano do primeiro decanato, nasceu no começo dos sixties. Artista plástico há mais de três décadas, com fotografias e trabalhos intervencionistas de sua autoria em galerias de São Francisco, Madri, Paris, Londres, Moscou e Tóquio, em museus como Tate Modern, Victoria & Albert (Londres), Getty Institute (Los Angeles) e no MAM, de São Paulo. A obra Boom, integrante da série The Sarzedo Drawings, de 2002, fotografia de gelatina de prata com viragem, está no Instituto Inhotim, em Brumadinho. “Artista brasileiro ímpar no cenário internacional, obtendo o reconhecimento da crítica especializada, do mercado de arte e do público. Alcançar essas três instâncias ao mesmo tempo é algo raro para um artista contemporâneo”: texto dito por Silvana Boone, coordenadora de Artes Visuais da UCS. Enfim, Vik Munize-se pela net. Ele agradecerá. Vik Muniz Auto retrato em mosaico feito com recortes de revistas, 2003.


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O carnaval pede passagem A CIDADE DO RIO DE JANEIRO É ANFITRIÃ DA MAIOR FESTA POPULAR DO PLANETA, E, ANUALMENTE, SE DESTACA COMO POLO CULTURAL

FOTO ALAMY

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Por Fernando Araújo fotos Alexandre Vidal e Lucas Bori

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Uma referência no cenário cultural mundial, o Rio de Janeiro, em especial durante o carnaval, é um dos destinos mais desejados pelos turistas que procuram uma experiência de arte, cultura e lazer. Ao redor do mundo, existem tantas belezas, formas de arte e lugares incríveis que, às vezes, parece praticamente impossível conhecer a fundo todos eles. Ainda assim, vale a pena tentar. Cada país tem suas particularidades, que podem ser percebidas na arquitetura que molda suas cidades, nas paisagens naturais que cercam seus principais destinos ou nas manifestações culturais que formam suas identidades. A cidade do Rio de Janeiro, suas belas praias, o Maracanã, o maior estádio do mundo, com uma final de campeonato em uma tarde de domingo ensolarado, a Praça Mauá com seus magníficos museus e suas charmosas ruas, Copacabana, Santa Teresa, todos esses lugares podem confirmar que a cidade é realmente elegante e sofisticada. O Rio é abençoado com uma das paisagens mais maravilhosas do mundo; sendo assim, muitos afirmam se tratar da cidade naturalmente mais bonita. Até mesmo se não tivesse nenhum prédio ou qualquer habitante, qualquer um que estivesse no alto do Morro do Pão de Açúcar ou no Corcovado diria que a cidade é fantástica. Luxo tropical e muita área verde se misturam com o azul do oceano e a clareza da areia das praias, comprovando que essa é mesmo a Cidade Maravilhosa. Em meio à exuberante beleza natural, o Rio é o grande anfitrião da maior festa popular da Terra, o desfile das escolas de samba. Esse título, não é por acaso. Tradicionalmente, a cidade recebe turistas para viver dias de alegria, riso e liberdade. Não é à toa que o carnaval se mistura ao carioca e forma a expressão “Carnaval Carioca”. O carnaval é a festa do povo. Uma festa programada e, de certa forma, abençoada pelos olhos do Cristo de braços abertos. Historicamente, a origem do carnaval remete a épocas longínquas, quando o papa Gregório I, para combater os festejos carnavalescos da Roma antiga, oficializou a festa no calendário eclesiástico. Na Roma antiga, havia uma celebração para louvar o Deus da agricultura, Saturno, e as colheitas do verão. Com isso, o comércio e as escolas não funcionavam, e os escravos ganhavam a sonhada liberdade das ruas para viver a alegria, quando todos os excessos eram permitidos. A receita para a alegria estava validada e, até os dias de hoje, é uma espécie de válvula de escape. Isso resume o carnaval: liberdade! No Brasil, é a festa popular mais importante, e que traz um traço de identidade amplamente difundido pelo mundo, verdadeiramente admirado por todos. O perfil bem-humorado, descontraído e carismático do morador do Rio de Janeiro é ingrediente para a receita do carnaval.

Até 2021, o carnaval havia sido adiado duas vezes na história: em 1892 e em 1912. Nos dois casos, a cidade acabou tendo a folia duas vezes, na data original e na substituta

FOTO ALEXANDRE VIDAL

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FOTOS ALEXANDRE VIDAL

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FOTO ISTOCKPHOTO

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Nos tempos contemporâneos, o carnaval deixa de ser apenas uma grande festa em que as principais ruas e praças se convertem em palcos e a cidade se torna um imenso teatro, sem paredes, no qual os habitantes são, ao mesmo tempo, atores e espectadores. O que caracteriza o mundo contemporâneo é a liberdade, que é expressa em ideias e pensamentos. A arte carnavalesca pode ser considerada uma das porta-vozes dessa liberdade. O carnaval e a cidade A beleza do carnaval se encaixa perfeitamente na beleza da cidade. As ruas se transformam em palco da alegria e os blocos se tornam patrimônio da festa e do povo. Somente a contagiante vontade de brincar e cantar é elemento necessário para criar um bloco de rua. As vozes em uníssono fazem coro às canções de outrora. A memória não trai o folião e, como em um passe de mágica, as letras brotam em melodias. Esta é a magia do carnaval de rua da cidade do Rio de Janeiro: a liberdade, a igualdade e a alegria que fazem desejar que também estejam fora do carnaval, durante o ano inteiro. A grande festa brasileira O desfile das escolas de samba é um evento especial preparado ao longo do ano, em que as escolas criam verdadeiros espetáculos cênicos. É a arte do povo brasileiro, genuína, criativa e glamourosa. Em dois dias de espetáculo, as escolas de samba disputam o título de campeã do carnaval carioca. A magia dos desfiles são um show de criatividade, uma explosão de alegria, o que transforma a festa no maior espetáculo da Terra. Não faltam definições superlativas quando se fala dos desfiles das escolas de samba dos cariocas. Mas não é fácil descrever com palavras a emoção de estar presente no Sambódromo nesses dias de carnaval. Quando surgiu, o fenômeno chamado escola de samba, nascido nas periferias, morros e subúrbios, começou a se destacar como exceção do quadro caótico e desorganizado implementado pelo Poder Público. À época, as escolas eram mantidas economicamente pelos livros de ouro e solidariedade dos grupos ainda existentes nos morros e subúrbios. Elas puderam resistir às minguadas subvenções e cresceram. Graças a suas origens negras, as escolas de samba usaram o processo de antropofagia tropicalista, sincretizando formas artísticas tais como grandes sociedades e ranchos.

O carnaval de 2022 será o primeiro na história das agremiações a demorar dois anos para acontecer. Alguma dúvida de que será o maior de todos os tempos?

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Um dos ingredientes dessa magnífica festa, o samba é a forma na qual a arte dos morros, becos e vielas se transforma e traz vida à ópera do Sambódromo. Segundo o escritor, poeta e dramaturgo irlandês, Oscar Wilde, “a música é a mais perfeita de todas as artes: nunca revela o seu último segredo”. O samba de enredo enquadra-se perfeitamente nessa definição. Serpente, rio, pintura... várias são as maneiras de descrever a apresentação de uma escola de samba na passarela. É essa sensação de unidade que faz com que possamos identificar o desfile de cada agremiação, diferenciando-o de todos os outros. Tal homogeneidade, entretanto, é apenas aparente, pois uma escola de samba se constitui de diferentes partes, cada uma com seus códigos e sentidos próprios. Alas, alegorias, movimentos, sons e narrativas são os principais elementos constituintes dessa verdadeira ópera popular inventada, incentivada e aprimorada pela população carioca. Compreender cada uma dessas partes e perceber suas funções e seus significados particulares é uma forma de entender mais profundamente a riqueza de cada desfile, valorizando não somente seu conjunto, mas também as diferentes formas de interação, participação e comprometimento com o grande espetáculo que o Rio, anualmente, oferece ao mundo.

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Com isso, a grandiosidade da festa reflete números astronômicos. O Carnaval de 2020 foi de expectativas superadas, com mais de 2,1 milhões de turistas na cidade, mais de dez milhões de pessoas circulando durante a festa, o maior número de navios internacionais dos últimos 20 anos atracando no Píer Mauá, ocupação hoteleira em quase 100%, R$ 4 bilhões em movimentação econômica e um número recorde de dias de folia. Para 2022, a LIESA (Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro) promete realizar o carnaval dos carnavais. As doze escolas de samba estão preparando um espetáculo que entrará para a história da cultura popular brasileira. O carioca, dono da festa e protagonista do espetáculo, mais uma vez mostrará ao mundo ser o melhor na arte de brincar e fazer carnaval.

O Spotify divulgou as faixas que viralizaram em cada estado do Brasil. O Rio de Janeiro está com todas as faixas do álbum viralizadas. Vamos ouvir música de carnaval!


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Mino de Ouro O COZINHEIRO QUE PROVOU QUE DAR UM SOTAQUE CASUAL CHIQUE ÀS RAÍZES ITALIANAS NÃO É MODINHA PASSAGEIRA PARA IMPRESSIONAR FOODIES


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Por Fernanda Meneguetti Fotos Gustavo Lacerda

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O homem por trás do fenômeno Nino, restaurante paulistano que recebe mensalmente 15 mil convivas, era um moleque de 14 anos quando preparou seu primeiro prato. O que era? Se estava bom? Rodolfo De Santis não sabe dizer. Na época, ele se mudara da Puglia, no salto da bota, para Milão, no norte italiano. Passou a frequentar uma scuola alberghiera (colégio técnico) e, sabe-se lá Deus como, deu “um jeito de trabalhar em um restaurante à noite”. A saber, tratava-se do Ristorante Il Gelso di San Martino, uma estrela Michelin, onde aparentemente trabalho infantil não chocava como nos dias de hoje. Ali, o estagiário mirim começou a descobrir ingredientes e a fazer a parte dura: receber, higienizar, destrinchar os produtos, dos vegetais aos peixes, passando por coelhos, aves e outros animais. Aplicava-se tão direitinho que, como promoção – ou prova de fogo –, foi designado a cozinhar para todos os funcionários. Por méritos próprios, Rodolfo estava matriculado na verdadeira escola. Tanto assim que, aos 18 anos, o garoto jamais havia jantado em um restaurante, mas já pertencia à brigada de um três estrelas: o Le Cinq, restaurante do hotel Four Seasons, em Paris. “Eu nasci pobre pra caramba, quando comecei, o fato de nunca ter comido em um restaurante, mas cozinhar para alguém que pagasse um valor tão alto, me emocionava. Era o topo do luxo.” Hoje, 17 anos depois, o chef tem novas percepções. À frente das oito marcas (Nino, Peppino, Da Marino, Ninetto, Giulietta, Madame Suzette, Forno da Pino e Nino Casa Tua) do Grupo Famiglia Nino e com pelo menos meia dúzia de aberturas previstas para os próximos seis meses (o mediterrâneo Aquiles, o mozza bar Vito, seu primeiro autoral Valentino, um Nino e um Da Marino no Rio de Janeiro, pelo menos mais uma cozinha de produção e uma casa de treinamento para os funcionários), Rodolfo admite: “Tenho muito prazer em cozinhar, tenho saudade mesmo, mas minha cabeça ficou diferente. Hoje é meio a meio, gestão e gastronomia”. O italiano que revolucionou o business das cantinas em São Paulo não é ingênuo, claro. Contudo, mesmo que constate que “tem muito chef talentoso que não sabe fazer uma conta”, tem horas em que parece perder a noção do quanto é complicado para um cozinheiro se destacar no fogão, encontrar alguém disposto a investir nele e, de quebra, ser ou se tornar um bom empresário.

“Eu nasci pobre pra caramba, o fato de nunca ter comido em um restaurante, mas cozinhar para alguém que pagasse um valor tão alto, me emocionava. Era o topo do luxo”


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Embora não seja fã de futebol, ao escutá-lo, é quase impossível não fazer a analogia com um jogador. Não seria um Diego Maradona nem um Ronaldo Fenômeno. Quiçá um Cristiano Ronaldo – mais do que um craque, um jogador constante que, além de boa pinta, aprendeu rapidamente a lucrar com suas habilidades. “Eu gosto de crescer, de ganhar dinheiro, de conseguir minhas coisas, meus carros, meus relógios, mas sou focado no conjunto, nos processos, nas pessoas e, para mim, a empresa vem em primeiro lugar”, confessa. A bem dizer, como muito boleiro, não foi de cara que o restaurateur identificou os próprios dons. Quando desembarcou em São Paulo, em 2010, chefiou o extinto Biondi (no Itaim), estreou o Domenico (hoje ponto do Ristorantino, nos Jardins) e, então, no comando da Tappo Trattoria, com alguns holofotes lançados pela mídia, sacou o que estava em jogo – e como virá-lo: “No Biondi eu não sabia o que estava fazendo, minha comida não tinha a ver com o lugar, nem com o cliente. Eu não sabia onde estava. O Tappo foi o lugar a que me dediquei 100%, como se fosse meu. Não tive a mesma credibilidade por parte dos sócios como tenho hoje, mas vi o que dava para fazer”. Com o golaço de 2015, isso é, a abertura do Nino, Rodolfo despontou e cravou-se na liderança do acirrado campeonato gastronômico paulistano. Como muito centroavante, tão logo começou a brilhar, o prodígio começou a causar. A grana, a fama, o reconhecimento, o mulherio, a fofoca dos pares, os menos de 30 anos de idade, os mais de 15 de ofício, alguns milhões acumulados and counting... Sorry, chef, mas as comparações com o esporte bretão não param de caber. De lá para cá, a “sensibilidade para o negócio veio na pancada”, mas a organização, a crítica e a atenção aos pormenores, típicas de bom virginiano que é, ajudaram. “As pessoas associam restauração à diversão, mas é muito complicado. Você pode ganhar muito e perder muito, porque você trabalha com coisas que estragam de um dia para outro, com a cabeça de muitas pessoas e precisa amarrar todas as pontas.” Os nós atados por De Santis estão longe de afrouxar. Há seis anos, nota-se uma evolução constante: toda hora tem mudança, seja estética, estrutural ou de cardápio; toda hora tem uma nova ideia de negócio; toda hora tem algo a ser feito e a prática acompanha. “Premiações são boas, ego é importante, mas restaurante não pode ser um instrumento para você aparecer em uma revista”, defende ele. Pela primeira vez, os olhos azuis clarinhos voltam-se para baixo: “Sou arrogante de vez em quando, mas tenho convicção no que estou fazendo. Hoje em dia, não se abre nada com menos de R$ 3 milhões, está tudo muito caro e, mesmo assim, tem restaurante onde o dono não respeita a brigada ou que senta no salão como se estivesse em casa. Tem lugar que o serviço está muito ultrapassado. E tem aqueles

“Premiações são boas, mas restaurante não pode ser um instrumento para você aparecer em uma revista. Sou arrogante de vez em quando, mas tenho convicção no que estou fazendo”


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“Quero ser o Rodolfo de dez anos atrás. Hoje o negócio é minha família, mas cozinhar é minha vida”

que focam no chef como estrela principal e em dois meses fecham... Nós focamos no contato humano e vamos aperfeiçoar cada vez mais”. Talvez de atacante, o italiano tenha se convertido em um coach cuja equipe técnica também tem fome de bola. Vale mencionar que seu atual time inclui hoje a XP Investimentos e, portanto, aportes generosos de capital – um passe livre para a expansão da Famiglia Nino Brasil adentro. Vai daí que o primeiro ponto no Rio, em Ipanema, já está fechado. Os Itaim-bibenses Aquiles e Vito estão prontinhos. O Da Marino ganhou uma peixaria própria, elevou o padrão ao dos ristorantes do Mar Adriático e se prepara para cruzar a ponte aérea. A reforma do Valentino, projeto autoral focado no novo luxo, engata neste janeiro. E tem mais. Bem mais. A exemplo de grandes grupos americanos de gastronomia, como a Jean-Georges Enterprises L.L.C., o objetivo do grupo é crescer com consistência, mantendo a energia e valorizando as experiências. O objetivo do chef? Tocar a corporação e fazer cozinha autoral bem-feita. “Quero ser o Rodolfo de dez anos atrás, e o Valentino é onde quero estar. Cresci sem pai, saí de casa aos 13 anos, vivi sem ninguém por perto. Hoje o negócio é minha família, mas cozinhar é minha vida.”

Cacio e Pepe (4 porções)

Ingredientes • 500 g de espaguete grano duro • 240 g de pecorino romano • Pimenta-do-reino preta a gosto Modo de preparo • Ferver 2 l de água e 50 g de sal. • Assim que ferver, acrescentar a massa e cozinhar pelo tempo determinado no pacote. • Enquanto a massa cozinha, ralar o queijo pecorino bem fininho e colocá-lo em uma tigela. • Em uma frigideira, secar em fogo baixo os grãos de pimenta recém-moídos. • Quando a massa estiver no ponto (al dente), desligar o fogo, reservar um pouco da água do cozimento e, com um pegador, colocar o espaguete na frigideira da pimenta • Acrescentar o queijo pecorino mexendo constantemente com o pegador. • Acrescentar um pouco da água do cozimento e continuar mexendo até formar um creme. • Se for necessário, voltar ao fogo rapidamente para esquentar levemente. • Servir imediatamente.


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Made in Italy ITALIANOS FAZEM QUESTÃO DE VALORIZAR A TRADIÇÃO, A ENGENHOSIDADE E A INCOMPARÁVEL QUALIDADE DOS PRODUTOS PROJETADOS E FABRICADOS EM SEU PAÍS – DOS SOFÁS AOS SAPATOS SOB MEDIDA, DO MACARRÃO AOS AUTOMÓVEIS

FOTOGRAFIA ANDREAS HEINIGER


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Por Kike Martins da Costa fotos Divulgação

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A Itália não é um país, é um estado de espírito! Ser italiano significa ter um estilo peculiar, ter um quê hedonista em seu DNA, saber aproveitar a vida, valorizando tudo o que é bom, belo e prazeroso. Tirando proveito dessa fama que o país goza mundo afora, empresários e o governo do país criaram nos anos 1980 o selo Made in Italy. Não basta parecer italiano para ser verdadeiramente italiano. Os produtos que trazem essa certificação têm de ser projetados, manufaturados e embalados no país – e isso não funciona como um símbolo de nacionalismo tosco ou de xenofobia antiglobalizante. É um atestado de qualidade, uma certidão de que o produto foi criado e produzido no país que deu ao mundo gênios como Leonardo da Vinci, Galileu Galilei, Guglielmo Marconi, Alessandro Volta, Gaetano Pesce, Gio Ponti, Battista Pininfarina e Giorgetto Giugiaro. O selo Made in Italy é sinônimo de qualidade, de alta especialização, de elegância e de tradição. A marca é utilizada por empresas de várias setores, principalmente as que atuam nos setores conhecidos localmente como “Quattro A”: Abbigliamento (vestuário, moda e acessórios), Agroalimentare (comida e bebida), Arredamento (mobiliário, decoração e design) e Automobili (carros, motos e iates). Os bólidos da Ferrari são a síntese do Made in Italy: além de equipados com motores que são o ápice da alta engenharia italiana, têm as linhas mais elegantes, uma história e uma alma que outras marcas jamais terão, por mais que se esforcem. A indústria automobilística italiana, a propósito, é uma das que mais investe no Made in Italy. Enquanto carros de marcas estadunidenses são produzidos no México e muitos dos automóveis franceses vêm prontinhos do Leste Europeu, as Maserati, Alfa Romeo, Lancia e até mesmo as Lamborghini (marca que hoje pertence ao Grupo Volkswagen) são montadas em fábricas no território italiano, instaladas respectivamente nas cidades de Bolonha, Milão, Turim e Santa Ágata. E o país – onde a paixão por carros parece ser uma epidemia altamente contagiosa – ainda abriga outras marcas de automóveis de luxo, produzidos quase sob medida para seus futuros donos, como a Mazzanti (com sede em Pisa) e a Pagani (de Modena). Luca Mazzanti, criador da marca que leva seu nome, é um empresário que tenta reviver a época em que a Itália tinha incontáveis pequenas oficinas de produção de carros envenenados. Já a Pagani foi fundada pelo visionário engenheiro Horacio Pagani, um ex-funcionário da Lamborghini que é um aficionado por esportivos de alto desempenho e requintados itens de conforto. No universo das duas rodas, a Itália também é a terra natal de várias motos que são o sonho de consumo de pilotos profissionais e amadores do mundo inteiro. Atire o primeiro capacete quem nunca sonhou em acelerar uma possante Ducati ou uma voadora Aprilia! E, para quem não faz questão de tanta potência e velocidade, mas curte a sensação de liberdade e o vento no rosto, o que pode ser mais charmoso do que uma Vespa? Criada no pós-Guerra para ser uma solução para o transporte urbano, essas scooters são perfeitas para circular pelas praias e pelas estradinhas do interior do país. Com seu divertido design retro-futurista, hoje a Vespa não é apenas um meio de transporte – é também um ícone fashion e um dos mais genuínos símbolos do italian lifestyle!

FOTOGRAFIA ANDREAS HEINIGER


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As Ferraris são a síntese do Made in Italy: além da alta tecnologia e das linhas elegantes, elas têm uma história e uma alma que outros carros jamais terão


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Uma vez, para explicar o valor de suas criações, Giorgio Armani disse: “A diferença entre estilo e moda é a qualidade. A alta-costura e mesmo o prêt-à-porter são as Ferraris do vestuário, são obras excepcionais”


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O movimento Made in Italy impulsionou a consolidação da moda italiana como um ativo global. Algumas marcas já desfrutavam de prestígio internacional, como a Gucci, a Ferragamo e a Fendi, mas foi nos anos 1980 que Milão tornou-se uma das capitais mundiais da moda e grifes como Armani, Prada, Dolce & Gabbana, Moschino e Valentino atingiram o status de labels planetárias. Algumas dessas poderosas fashion brands reafirmavam a tradição romântica, barroca e grandiloquente do jeito de ser italiano, como Versace, Cavalli e Valentino. Outras iam no sentido oposto, apostando em silhuetas mais clean, minimalistas e modernas, como Armani e Prada. Mas algumas características essas duas vertentes da moda italiana tinham e até hoje têm em comum: a atenção à bella figura – uma obsessão nacional que se mantém desde o Renascimento –, a excelência na escolha dos tecidos e aviamentos mais refinados, a maestria na construção da modelagem, o primor e o esmero nas costuras e, por fim, a elegância, o caimento perfeito e o conforto das peças. Tudo feito na Itália, é claro! O fato é que hoje em dia todo mundo que gosta de moda precisa ver o que está sendo mostrado nas passarelas da Milano Fashion Week e nas vitrines das butiques de Roma, Florença e Milão.


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E não é só na moda e no vestuário que o estilo italiano é referência mundial. A Itália é o principal reduto dos sapateiros que, até hoje, produzem artesanalmente elegantes calçados su misura (sob medida). A tradição remonta ao século XI, quando esses artesãos começaram a transformar seu ofício em arte. Atualmente, esse trabalho é altamente valorizado. O conhecimento, o domínio das técnicas e a habilidade de um genuíno maestro calzolaio faz com que os sapatos italianos feitos à mão sejam considerados a epítome do luxo. Marcas como Tod’s, W e Ferragamo são algumas das mais prestigiadas do planeta nessa atividade. A excelência dos calçados, bolsas e artigos de couro Made in Italy é tão reconhecida mundialmente que grifes francesas (como Balmain e Dior), britânicas (como Paul Smith e Pringle) e norte-americanas (como Coach e Ralph Lauren) têm pelo menos parte de sua linha de acessórios produzida em oficinas localizadas em Palermo, Nápoles, Florença, Milão e Veneza. No segmento de óculos, a Itália também é uma potência em termos de fatia de mercado, estilo e qualidade. A Luxottica, dona de marcas como Ray-Ban, Persol e Oakley, tem seu QG mundial em Milão e é a principal referência fashion quando ao assunto é eyewear. A Sáfilo, outra gigante do setor, é sediada em Pádua. Os óculos escuros estão intimamente ligados ao dolce far niente e à sedutora atmosfera dos verões italianos.


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Em nenhum outro país são produzidos calçados tão requintados, confortáveis e elegantes como os que são feitos à mão pelos mágicos artesãos italianos, em pequenas oficinas de cidades como Palermo, Milão, Nápoles e Veneza


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Quem conhece um pouco que seja de História da Arte consegue entender com facilidade a razão pela qual os móveis, adornos e revestimentos são tão reconhecidos internacionalmente. Afinal, é neste país que ficam os fascinantes mosaicos do Império Romano e os magníficos afrescos da Renascença. Há séculos, o design de interiores é um elemento importante na cultura e no estilo de vida dos italianos. Com toda essa tradição como alicerce, os móveis e objetos italianos hoje em dia fazem sucesso mundialmente por conta da busca incessante pelas matérias-primas da melhor qualidade, por sua estética refinada e por seu compromisso com questões atuais como a sustentabilidade, a diversidade e a acessibilidade. Para os designers de marcas icônicas como Moroso, Cassina, Molinari, Natuzzi e Artemide, as palavras de ordem são: aposte no simples, mas sem ser simplório; a elegância está nos detalhes; inovação é aquilo que facilita a nossa vida e, por fim, o belo é o que gera curiosidade, sedução e felicidade. Por conta do DNA excepcional desses e de outros produtos, Milão já se transformou na capital mundial do design e da decoração. O Salone Internazionale del Mobile, que acontece na cidade anualmente no mês de abril, é a feira mais importante do setor, recebendo expositores e visitantes do mundo todo. Circular pelo Salão de Milão é receber uma estimulante dose de energia criativa, é conhecer o que há de mais atual no universo do design.

O design de interiores é um elemento que faz parte do cotidiano dos italianos há séculos, desde os mosaicos do Império Romano e os afrescos da Renascença


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Da terra dos carros velozes, nasceu a slow food! Na Itália, comer é muito mais do que apenas se alimentar. É uma atividade ligada ao prazer!


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Não tem como negar: os italianos têm bom gosto. Seja para roupas, para calçados e bolsas, para móveis, para automóveis, para joias, e claro, para comida! Para os italianos, comida não tem a ver com nutrição ou com a manutenção da forma física. Comer é uma atividade ligada ao prazer e ao afeto entre as pessoas. Da terra dos carros velozes, nasceu a slow food! Comida não é uma commodity, um produto que se compra a quilo. Um italiano escolhe sua comida como quem seleciona um relógio ou um livro. Ela vai ser apreciada com toda calma e precisa ser perfeita. O macarrão não é apenas uma massa banal feita de trigo. Tem de ser feito com a melhor farinha – em geral oriunda da cidade de Gragnano, na Costa Amalfitana – e precisa ter um formato ideal para aderir ao molho que o acompanha. A indústria alimentícia italiana dedica milhões de euros ao estudo do design mais apropriado para cada receita. Nos restaurantes, esse esmero eleva a comida ao nível de obra de arte. Na Osteria Francescana, de Modena, eleita duas vezes a número um do planeta pelo conceituado ranking britânico The World’s 50 Best Restaurants, o chef Massimo Bottura elabora menus à base de ingredientes de alta qualidade, primor técnico para realçar suas características e um toque de... poesia! Na Antica Macelleria, na cidadezinha toscana de Panzano in Chianti, o chef Dario Cecchini, o mais respeitado açougueiro da atualidade, domina a arte de descarnar um boi ao ponto de transformar até tendões e glândulas em iguarias – apreciadas por fãs como Jack Nicholson e Bruce Springsteen. E, como prova definitiva de que, na Itália, comida é coisa séria, em Bolonha funciona há décadas a Università del Gelato, que se dedica integralmente ao aperfeiçoamento dessa maravilha.


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Il caffè, per essere buono, deve essere nero come la notte caldo come l’inferno dolce come l’amore


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Pelo mundo todo, as unidades do complexo gastronômico Eataly fazem a fama dos tesouros da comida italiana. Mas uma legítima mesa Made in Italy jamais estará completa se não tiver um bom vinho, uma grappa especial ou um dos excepcionais licores italianos. A bebida é um elemento de suma importância no italian style. Engana-se quem pensa que a happy hour é uma invenção anglo-saxônica: ela vem da tradição piemontesa de beber uma tacinha de vermute antes do jantar, sempre acompanhada de algum belisco. E desse hábito de tomar um vermute nasceu o drinque mais clássico da Itália: o negroni, feito com partes iguais de gim, vermute e amaro (ou bitter). A cada ano, a Campari vende cerca de 30 milhões de garrafas de seu bitter à base de ervas e frutas – e grande parte disso tudo certamente é consumida no preparo de negronis! Outra bebida que é parte indissociável do cotidiano italiano é o café. Durante séculos, os venezianos dominaram o comércio desses cobiçados grãos e, depois, criaram a maioria das máquinas usadas no preparo de expressos, lattes, machiattos e cappuccinos. A história do café se divide entre o antes e o depois da atuação dos mercadores de Veneza e Trieste. Por conta de toda essa movimentação do café no país, marcas como Illy, Segafredo e Lavazza se consagraram como as mais importantes do setor e exportam há anos a cultura do café Made in Italy para os mais distantes centros urbanos da Austrália, do Canadá e do Japão.


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Está deprimido? Esqueça o psiquiatra, as pílulas e a terapia: acomode-se sobre uma Vespa, saia rodando sem rumo pelas estradinhas do interior da Itália a bordo desse charmoso ícone fashion da mobilidade e o seu coração logo voltará a sorrir. Em instantes, você vai reencontrar o prazer de viver!


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Puglia, mais um presente da Itália para o mundo LÁ NO CALCANHAR DA BOTA, ONDE O JÔNICO E O ADRIÁTICO SE ENCONTRAM, HÁ UMA REGIÃO QUE ESTÁ SENDO DESCOBERTA PELO MUNDO. UM CANTINHO DA ITÁLIA COM PRAIAS LINDAS, QUE AINDA PRESERVA A VIDA RURAL, O HÁBITO DE CONSUMIR ALIMENTOS FRESCOS E A BOA CONVERSA EM TORNO DA MESA SEM PRESSA. A PUGLIA É UM CONVITE AO MELHOR DA VIDA


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Por Fernanda Ávila Fotos Divulgação

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Não há como negar: a Itália é um destino que provoca emoções profundas. Mesmo o mais experiente viajante, aquele que já desbravou as ilhas mais bonitas, os paraísos quase intocados e frequenta as metrópoles mais cosmopolitas do planeta, acaba sempre se rendendo ao dolce far niente italiano. Os motivos são muitos – a gastronomia, as praias, a história, a cultura, as belezas naturais, a arquitetura, a moda, o povo. E, mesmo com tudo isso, sempre há uma surpresa, um novo lugar a ser descoberto. A Itália é sempre um lugar para voltar. E esse lugar agora é a Puglia, em português Apúlia, a região que há pouco tempo era pouco explorada pelo turismo mas hoje já decifrou o código para as férias perfeitas. Uma alternativa ideal para quem quer se aventurar para além dos cenários mais conhecidos do país. Localizada no “salto da bota”, a Puglia foi marcada pela função estratégica que exerceu no passado, quando unia o Ocidente ao Oriente, a partir do porto de Brindisi. Os resquícios de tantas influências estão por todos os lados, em especial na arquitetura. Algumas das mais curiosas construções de que se tem

A Itália é sempre um país para voltar. Há sempre uma surpresa, um novo lugar a ser descoberto


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notícia ficam lá: os trulli (plural de trullo), que são encontradas no Valle d’Itria, uma sub-região que abriga Ostuni, Locorotondo e Alberobello, onde há maior concentração dessas casinhas de formato cônico, tão peculiares. Ninguém sabe ao certo porque foram construídos, mas a história contada pelos locais diz que os habitantes da época criaram uma artimanha para fugir das altas taxas impostas por um rei espanhol. Com o teto feito de pedras encaixadas em formato de cone, ficava mais fácil retirar a cobertura. Assim, quando um funcionário do governo vinha fazer a cobrança, eles retiravam o teto. Sem teto não existia casa e, consequentemente, não se podiam cobrar impostos. Banhada pelos mares Adriático e Jônico, a Puglia tem um litoral com mais de 800 km. A água é de tom azul-esverdeado, parecido com a Grécia – que está a poucas horas dali. A rusticidade desse pedaço da Itália é o que a torna tão especial. Outra curiosidade que explica a beleza natural da região: 80% da formação geológica é de calcário e dolomita. Esses sedimentos desenham cadeias rochosas, praias de pedras, cavernas, grutas e lagos naturais. Há muitas áreas planas, o que justifica a forte vocação agrícola. É de lá que vêm os melhores azeites da Itália. Os olivais dividem espaço com plantações de tomate, alcachofra,


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berinjela e os parreirais da uva Primitivo, que produz vinhos tintos encorpados com base aromática de frutas vermelhas. E, já que entramos no assunto gastronomia, aqui vai uma informação preciosa: a burrata é uma especialidade pugliese, assim como os queijos stracciatella, scamorza, caciocavallo e ricotta fresca. No campo das massas, o protagonismo fica por conta da orecchiette. E, como você já deve ter adivinhado, o litoral extenso oferece uma variedade incrível de frutos do mar fresquíssimos. O que conhecer na Puglia Nem precisaria continuar esta matéria; tenho certeza de que as informações do parágrafo acima já te convenceram a marcar a passagem. Mas calma, ainda há muito para se falar da Puglia. Antes de arrumar as malas, é preciso escolher as cidades a serem visitadas. E são muitas. A Puglia é uma região grande, e a melhor forma de explorá-la é de carro. Nem pense em maratonar pontos turísticos. A Itália pede calma, sempre. E na Puglia, em especial, o tempo é diferente. Os moradores têm um ritmo próprio, vida simples e não admitem menos de duas horas para uma refeição perfeita. Se a viagem for curta, sugiro focar no Valle D’Itria, o pedacinho mais charmoso da região. É lá que fica a já mencionada Alberobello, a cidade dos trulli e Patrimônio da Unesco. Locorotondo, a nove quilômetros de Alberobello, se destaca pelas casinhas brancas, assim como Ostuni, uma cidade murada com ruas de pedra muito estreitas. O colorido fica por conta dos gerânios e bouganvilles (ainda não disse, mas a Puglia é muito florida).

Os trulli (plural de trullo) são casinhas peculiares, em formato cônico, encontradas no Valle d’Itria, uma sub-região que abriga Ostuni, Locorotondo e Alberobello


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Um pouquinho mais longe está Lecce. A arquitetura muda. Somem as casas brancas e entra a influência barroca. Conhecida como a “Florença do Sul”, a cidade fica bem no meio da Puglia e pode servir como base para viagens até a comuna de Otranto - que já foi tomada por lombardos, bizantinos, angevinos, aragoneses, turcos e franceses - e Leuca, onde o Adriático e Jônico se juntam. De lá, siga para Gallipoli e as praias do Salento. Ao norte estão Punta Prosciutto e Torre Colimena. Ao sul, Punta della Suina e Pescoluse. Num dos trechos mais encantadores da região, ainda na província de Lecce, fica a famosa Grotte della Poesia. Localizada em uma área chamada Roca Vecchia (entre San Foca e Torre dell’Orso), a piscina natural é cercada por penhascos de calcário e grutas que se conectam com o mar. O lugar quase não tem estrutura turística, mas é fácil de achar e vai garantir algumas das fotos mais lindas da viagem. Outra praia que deve entrar no roteiro é Porto Miggiano. O acesso não é muito simples (praias maravilhosas geralmente têm acesso difícil). O carro chega até bem pertinho; o difícil é descer a rochas pela trilha íngreme e estreita. Mas, no fim, a recompensa: mar azul-turquesa com a temperatura perfeita. E tem ainda a lindíssima Polignano a Mare, um vilarejo medieval cravado de casinhas brancas construído sobre um complexo de falésias calcárias onde se formam grutas inacreditáveis. Uma delas é tão grande, a Grotta Palazzese, que tem até restaurante e hotel.

A Itália pede calma, sempre. E na Puglia, em especial, o tempo é diferente. Os moradores têm um ritmo próprio, vida simples e não admitem menos de duas horas para uma refeição perfeita


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O luxo já encontrou seu lugar na Puglia Há um cenário crescente de hotéis de luxo que oferecem uma combinação diversificada de experiências na Puglia. Existem desde as masserias tradicionais, complexos agrícolas que servem de hospedagem para os turistas, até hotéis boutique cheios de charme e sofisticação. Mas nada se compara ao imponente Borgo Egnazia, localizado em uma área de 60 hectares na cidade de Fasano, a cerca de 60 km de Bari, capital e porta de entrada aérea da Puglia. Não à toa, o hotel foi escolhido para a festa de casamento de Justin Timberlake e Jessica Biel, em 2012, dois anos depois da inauguração desse complexo que, embora seja relativamente novo para os padrões europeus, remete os hóspedes a uma viagem no tempo. Há rumores de que o arquiteto Pino Brescia, um pugliese contratado por seu conhecimento das técnicas de construção tradicionais da região, chegou a cavar as paredes com um cinzel para garantir que tudo parecesse o mais autenticamente envelhecido possível. São 183 acomodações, entre quartos, suítes e vilas, além de diversos restaurantes, campo de golfe, um spa inspirado nos banhos romanos e dois clubes de praia. Há muitas opções de entretenimento para os hóspedes, como passeios em carros antigos, aulas de culinária, degustações de azeite e vinhos. E, mesmo com tudo isso, a sensação de tranquilidade e privacidade faz com que o Borgo Egnazia (integrante da The Leading Hotels of The World) seja a opção preferida das celebridades que visitam a Puglia. Mais informações: lhw.com.

Embora seja relativamente novo para os padrões europeus, o hotel remete os hóspedes a uma viagem no tempo


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O imponente Borgo Egnazia, localizado em uma área de 60 hectares na cidade de Fasano, fica a cerca de 60 km de Bari, capital e porta de entrada aérea da Puglia


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