TOP Magazine Edição 259

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Fiorella Mattheis

R$20,00

pessoas / fiorella mattheis brilha também como empresária no mercado second hand / profissão: o fotógrafo michael muller retrata sua paixão por tubarões / os traços precisos de noémie marmorat / lifestyle / carros perfeitos para curtir um piquenique / bonneville: a velocidade no deserto de sal / moda / moda circular, a nova tendência de consumo consciente / viagem / Islândia por feco hamburger / cultura / alta relojoaria, sustentabilidade e estilo de vida




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Sumário 12

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Sumário 18

LIFESTYLE

PESSOAS

CULTURA

Mundo TOP Os novos jatos da Gulfstream, Montblanc ecológica, o primeiro relógio feminino da Panerai, gerador portátil da Honda e muito mais.

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Profissão

Capa

Noémie Marmorat

Apaixonado por tubarões, o fotógrafo e cinegrafista Michael Muller foca suas lentes nos majestosos reis dos mares em expedições pelos quatro cantos do planeta.

Fundadora e CEO da Gringa, recommerce de acessórios de luxo, Fiorella Mattheis está em sua melhor fase e conta tudo sobre a nova carreira de empresária.

Com apenas lápis e canetas, a ilustradora francesa faz criações hiper-realistas do universo automobilístico.

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Piquenique

Bonneville

Os carros ideais para você curtir um dia relax com piquenique e boas companhias.

Há mais de 60 anos, na famosa planície salgada de Utah, motoristas pisam fundo no acelerador para quebrar recordes de velocidade.

68 MODA

Moda Circular Verdadeira revolução no mercado fashion, a nova tendência é pautada pela produção e consumo conscientes.

104 VIAGEM

Islândia Localizado no Círculo Polar Ártico, este país de extremos é rico em natureza e cultura.


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Colaboradores

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Quem Fez Helder Rodrigues Maquiador e cabeleireiro, Helder Rodrigues é considerado um dos maiores nomes do mercado atual. Assinou a beleza de diversos desfiles na SPFW e acabou de lançar sua marca de beleza consciente, a HERŌ BEAUTĒ.

Feco Hamburger É fotógrafo, artista e professor. Possui obras na Pinacoteca do Estado de São Paulo e na Coleção Itaú de Fotografia Brasileira.

Kike Martins da Costa Trabalha há mais de 30 anos como jornalista e, por dez anos, colaborou mensalmente para a TOP Magazine. Na adolescência, tomou dois tombos com a motocicleta de seu irmão, mas ainda assim continua fascinado com a potência e o design desses brinquedões de duas rodas.

Camila Lara Jornalista e apaixonada por viagens, vive hoje entre a França e o Brasil, e sempre que pode busca novas paisagens e culturas ao redor do mundo.


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Publisher Claudio Mello TOP Magazine | Studio Mundo TOP Editoras: Renata Zanoni e Vivian Monicci Diretora de Arte: Rosana Pereira Assistente de Arte: Luana Jimenez Assistente de Produção e de Mídias Digitais: Diego Almeida Projeto Gráfico Marcus Sulzbacher Lilia Quinaud Paulo Altieri Fabiana Falcão Colaboradores Texto Camila Lara, Doris Bicudo, Feco Hamburger, Kike Martins da Costa, Roberto Marks Foto Feco Hamburger, Fernando Tomaz, Gunther Maier, Maria Eugenia Tratamento de imagens ensaio de capa Studio Bruno Rezende Editora Todas as Culturas Diretor Criativo: Bruno Souto Gerência de Relacionamento: Carolina Alves Produção Executiva: Camila Battistetti RP & Interface de Atendimento: Dianine Nunes Secretária Executiva: Carolina Kawamura Financeiro: Marcela Valente Circulação: Regiane Sampaio Assessoria Jurídica: Bitelli Advogados Pré-Impressão: Leograf Gráfica e Editora

TOP Magazine é uma publicação da Editora Todas as Culturas Ltda. Rua Pedroso Alvarenga, 691 - 14º Andar - Itaim Bibi - Cep 04531-011 - São Paulo/SP Tel.: (11) 3074 7979 As matérias assinadas não expressam necessariamente a opinião da revista. A revista não se responsabiliza pelos preços informados, que podem sofrer alteração, nem pela disponibilidade dos produtos anunciados. /topmagazineonline

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Mundo Top UMA SELEÇÃO DE TUDO O QUE INTERESSA SOBRE LIFESTYLE / TECNOLOGIA / MODA E MUITO

moda

A pop-up store da Shop Ginger Marca de Marina Ruy Barbosa inaugura sua primeira loja, localizada no Shopping JK Iguatemi

Boa notícia para os fãs de Marina Ruy Barbosa: a Shop Ginger ganhou uma pop-up store no Shopping JK Iguatemi, em São Paulo, sendo a primeira loja física da marca. Com 93 m², o espaço foi inspirado em padrões e cores dos anos 1970. Com tons marcantes e formas geométricas, a arquitetura trabalha o contraponto do famoso “laranja Ginger” com todas as estamparias das coleções. Outra boa nova é que a Ginger também estará em multimarcas ao redor do país ainda neste semestre, com presença em 20 pontos de venda no Brasil, em cidades como Curitiba, Belo Horizonte, Salvador, Vitória e Brasília.


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MAIS

“Com a consolidação da Ginger dentro do mercado de moda nacional, era hora de dar um passo além e complementar a nossa estratégia digital. A necessidade de uma experiência física da marca ficou evidente após nosso crescimento consistente e os pedidos constantes de nossas consumidoras. Estamos felizes em poder estabelecer uma estratégia omnichannel ainda em 2021, que possa suprir todas as necessidades da nossa base de clientes – mantendo a nossa essência e identidade. Era o momento certo de expandir a nossa presença no varejo e estou confiante na escolha do grupo Iguatemi para esse momento impor-

tante, além de outros parceiros multimarcas pelo país”, comenta Marina Ruy Barbosa, fundadora da Shop Ginger. As novidades vêm acompanhadas de uma coleção inédita, intitulada Riviera. Com mood jovem e sexy e uma paleta de cores em tons alegres e suaves, está repleta de referências dos anos 1960. Destaque para uma nova estampa exclusiva com desenhos psicodélicos, presente nos inéditos conjuntos de pijama.

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Mundo Top

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esporte

Nonononononon nonononon aviação

Gulfstream Empresa apresenta seus novos jatos executivos Para ganhar os céus mundo afora, a conceituada empresa americana de aeronaves Gulfstream introduziu seus novos jatos executivos em um evento online exclusivo, com transmissão ao vivo: os incríveis G800 e G400. O primeiro oferece o maior alcance da frota da marca, de 8.000 milhas náuticas/ 14.816 km em Mach 0,85, e 7.000 nm/ 12.964 km em Mach 0,90. É também equipado com motores Rolls-Royce Pearl 700 de alto empuxo,

asas e winglet projetadas pela marca e anteriormente introduzidas no modelo G700, e combustível de maior eficiência. É feito para 19 passageiros e tem ar 100% puro. A segunda opção, o G400, tem um desempenho de longo alcance e alta velocidade, reduzindo o consumo de combustível, emissões e ruído devido ao seu design aerodinâmico e asa limpa da marca e dos motores Pratt & Whitney PW812GA. A aeronave voará 4.200 nm/ 7.778 km em sua velocidade de cruzeiro de longo alcance de Mach 0,85, acomodando até nove, 11 ou 12 passageiros. Super máquinas que irão tomar conta do céu! gulfstream.com


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Mundo Top tecnologia

A viagem da sua vida Embarque em uma aventura inesquecível com a ajuda da Honda A história começa assim: você está em um motorhome com destino à natureza mais pura e absoluta. Imagine que, no meio do caminho, você se depara com um lago, cercado pela paisagem mais espetacular que já viu na vida. Um lugar intocado que, certamente, apenas alguns poucos sortudos no mundo tiveram a oportunidade de descobrir e testemunhar com os próprios olhos. Você estaciona o carro e se senta no chão macio coberto por grama. O vento está fresco, o cheiro de mato invade seu nariz e o único som que é possível escutar é o silêncio. Sua sensação é de paz. Depois de alguns minutos comtemplando a paisagem mais extraordinária que existe, você chega à conclusão de que aquele lugar merece ficar eternizado não só na sua memória, mas também em uma fotografia. As pessoas merecem saber que esse lugar existe e precisam sentir as mesmas sensações únicas que a experiência te proporcionou. Você vai até o seu motorhome e pega o seu celular, mas ele está sem bateria. Aí pensa: “Isso não é um problema, porque eu estou acompanhado do equipamento certo, que vai permitir que a mágica aconteça”. O momento poderá ser registrado com o seu

celular e compartilhado no mesmo instante na sua rede social, porque a bateria carregará em poucos minutos e de forma silenciosa, sem interferir no som natural do ambiente. O clique é feito com sucesso. A noite vai chegando, mas você não fica no breu, pois consegue iluminar o exterior do seu motorhome. O fim deste dia especial pede um banho quente e uma cerveja gelada acompanhada de sua televisão e de um ventilador para refrescar o ambiente. Ainda bem que você trouxe na bagagem o seu equipamento que transforma todos estes confortos, e muitos outros, em realidade. Mas, afinal, que equipamento especial é esse? Sempre inovando e trazendo os melhores produtos para o mercado, a Honda apresenta uma novidade incrível, portátil e superpotente, que vai te acompanhar em todos os momentos e lugares, inclusive os mais remotos. O gerador EU22i conta com tecnologia de alta precisão, entregando energia estável adequada para computadores e outros equipamentos sensíveis, sem picos ou variações. Além de ser super silencioso, é leve, compacto, de fácil


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partida e tem um acelerador inteligente que ajusta a rotação conforme a demanda energética, aumentando a economia e evitando desperdício de combustível. Permite pane seca controlada para armazenamento por longos períodos e traz alerta que desliga o motor em caso de baixo nível do reservatório. Como característica adicional, o EU22i permite dobrar a potência disponível até 4400 W

quando conectado a um segundo gerador similar. Deu para perceber que as suas viagens serão muito mais especiais com os confortos proporcionados pelo gerador da Honda, não é mesmo? Então, o que você está esperando para comprar o seu? honda.com.br/produtos-de-forca/eu22i


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Mundo Top moda

A vez das mulheres! Panerai lança seu primeiro relógio feminino – e ele não poderia ser mais especial A espera acabou! Finalmente, depois de uma vida inteira dedicada apenas aos pulsos masculinos, a grife fiorentina de alta relojoaria Panerai revela a coleção “Panerai Luminor Piccolo Due”, criada especialmente para as mulheres. Como a palavra principal da linha sugere, os relógios “Piccolo” têm caixa em tamanho reduzido para realçar a feminilidade de quem está em busca da exclusividade e design da marca. Os Luminor Piccolo Due são apresentados em duas versões, com paletas de cores opostas: PAM01247, de tonalidade cinza antracite profunda e elegante, mostrador em estilo sanduíche, acabamento escovado e pulseira em couro croco preto polido; e PAM01248, com cores con-

trastantes no mesmo formato, um tom de marfim escovado no mostrador, combinado com Super – LumiNova™ bege e ponteiros dourados, e uma pulseira de couro croco vermelha polida. Ambos apresentam o icônico e patenteado dispositivo Panerai, que é a trava de segurança da coroa, medindo 38mm de diâmetro, e o prático sistema “Quick Release” de troca rápida de pulseira, que permite personalizar com diversos tipos de pulseiras. Além disso, contam com o calibre P.900, que proporciona reserva de marcha de até três dias, e são resistentes à água, podendo ser submersos em até 30 metros de profundidade. Puro glamour. panerai.com.br


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bar

Sabor da monarquia O raro Royal Salute 62 Gun Salute foi criado para homenagear a rainha Elizabeth II

Uma joia em forma de whisky, ou um whisky em forma de joia? Os dois! O raro whisky escocês Royal Salute 62 Gun Salute, parte da coleção permanente da Royal Salute, foi lançado para celebrar o aniversário da monarca britânica Elizabeth II. A luxuosa bebida é apresentada em uma garrafa midnight blue de cristal de

parede dupla feita sob medida por Dartington Crystal e soprada individualmente pelo Master Glass Blower. O brasão é pintado à mão em ouro líquido e a garrafa é finalizada com uma gola folheada a ouro e uma rolha de vidro fixada na coroa, também folheada a ouro. São necessárias 40 horas para a fabricação de cada garrafa.

Um clássico para quem deseja celebrar momentos especiais em grande estilo como, por exemplo, as festas de fim de ano, tem olfato rico com notas frutadas, paladar intenso e doce e final longo. O custo unitário é de R$ 18.990 e o lote limitado está disponível no site drinksandclubs.com.br.




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Profissão: Michael Muller APÓS UMA BEM-SUCEDIDA CARREIRA CLICANDO ESTRELAS DE HOLLYWOOD, O FOTÓGRAFO CALIFORNIANO MICHAEL MULLER FOCA SUAS LENTES NOS MAJESTOSOS REIS DOS MARES


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Por Kike Martins da Costa Fotos Michael Muller

5 min

QUANDO TINHA APENAS 11 ANOS E MORAVA NA ARÁBIA SAUDITA, para onde seu pai havia sido deslocado para trabalhar na construção do gigantesco polo petroquímico de Jubail, o pequeno Michael Muller ganhou sua primeira câmera fotográfica à prova d’água – uma Minolta Weathermatic. Malandrinho, saiu mostrando para os coleguinhas de escola a incrível foto que fez de um tubarão. Todo mundo ficou impressionadíssimo – ainda mais que todos costumavam mergulhar ali pertinho, nas águas do Golfo Pérsico. O que Michael não contou para ninguém é que aquela imagem era apenas uma reprodução que ele havia feito com sua camerazinha de uma foto publicada em uma página inteira da revista National Geographic. A lição que ele tirou desse episódio é que uma simples foto pode causar grande impacto nas pessoas. Anos depois, de volta à sua terra natal, a Califórnia, ele começou a trabalhar profissionalmente como fotógrafo e fez fama clicando popstars do cinema e da música. Amigo de estrelas como Leonardo DiCaprio, Drew Barrymore e Stephen Dorff, ele fez os pôsteres de vários blockbusters – como Capitão América, Resident Evil, Homem de Ferro, Wolverine e Doutor Estranho – e capas de discos de artistas como Rihanna, Morrissey, Pharrell Williams e Beck, além de bandas como Red Hot Chili Peppers e Radiohead. Há 12 anos, fotografando o nadador Michael Phelps para uma campanha da Speedo, começou a se interessar pela produção de imagens subaquáticas. Juntando isso com seu fascínio por tubarões – que cultivava desde os tempos em que viveu na Arábia –, deu início a uma série de expedições pelos quatro cantos do planeta para clicar esses reis dos mares, criaturas impressionantes que ele diz serem as maiores injustiçadas da natureza. “Tubarões sempre inspiraram medo nos humanos, sempre foram erroneamente demonizados, mas grande parte desse pavor vem de filmes de ficção como o clássico de Spielberg. Meu objetivo é mudar essa percepção. Você, eu e todos nós somos programados para considerarmos os tubarões como grandes inimigos da raça humana. Eu também pensava assim, até mergulhar entre eles e mudar meu jeito de ver as coisas. Percebi o quanto eles são inteligentes e quanto eles se assustam com a nossa presença. A cada ano, acontecem apenas cinco incidentes fatais envolvendo tubarões e humanos no mundo todo! Nós definitivamente não fazemos parte do cardápio deles”, explica. Seu primeiro contato de perto com esses grandes animais foi na ilha de Guadalupe, na costa ocidental do México, onde as pessoas são submersas dentro de gaiolas para observar tubarões-brancos devorando carcaças de peixes e pedaços de carne atirados ao mar. “Assim, provocados e estimulados pelo ‘cheiro’ de sangue, os tubarões se transformam em verdadeiras feras, artificialmente enlouquecidas. Depois dessa experiência, que eu sinceramente achei algo meio bizarro, decidi que iria tentar encontrar esses gigantes do mar em outras situações, em seu habitat natural, sem esse circo todo montado. O encanto que eu tenho desde a infância pelos tubarões só aumentou, e essas viagens se tornaram cada vez mais frequentes”, conta. Muller viaja sempre acompanhado de uma equipe de cinco a sete assistentes de fotografia, além de técnicos de mergulho e biólogos como Philippe Custeau Jr., neto do famoso documentarista francês. “Quero registrar a vida selvagem com a melhor tecnologia disponível, quero produzir ima-


©Sharks. Face-to-Face with the Ocean’s Endangered Predator by Michael Muller / TASCHEN. Image distribution by CPi-Syndication

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“Tubarões sempre foram erroneamente demonizados”


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Tubarão-limão, Cat Island, Bahamas, março de 2014


©Michael Muller / Taschen / Image distribution CPi Syndication

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“Quero que as pessoas reflitam sobre isso antes de comerem um sushi de tubarão”

gens que ninguém nunca viu antes. O ideal seria trazer os tubarões para o meu estúdio, mas como isso não é possível sem termos que matá-los, eu simplesmente decidi levar o nosso estúdio aos locais onde eles vivem. Para isso, criamos e patenteamos alguns equipamentos de iluminação, usamos alguns holofotes desenvolvidos pela Nasa e câmeras da melhor qualidade, como a minha dinamarquesa Phase One de última geração”, conta o fotógrafo. O equipamento de mergulho não é tão especial, porque os tubarões em geral habitam águas pouco profundas, entre dez e 20 metros abaixo da superfície. “Eu uso sempre um wetsuit da Matuse, que é feito de Geoprene, uma espécie de Neoprene que tem maior flexibilidade, é mais confortável, mais impermeável e retém o calor do corpo com mais eficiência. As roupas são desenhadas e confeccionadas com a ajuda de ortopedistas e permitem uma respiração mais fácil e com menos esforço. Além disso, uso o relógio IWC Aquatimer edição especial Sharks, que resiste até 300 metros de profundidade e cuja campanha eu mesmo cliquei para a marca suíça. O mais importante mesmo é estarmos à vontade e absolutamente ligados no comportamento dos tubarões. Nós só trabalhamos sem medo porque já temos centenas de horas de experiência nesse convívio, e ainda assim não podemos nunca deixar de ter em mente que estamos lidando com animais selvagens. Muitas situações, ainda assim, são imprevisíveis”, comenta Muller, que recorda já ter vivido momentos de alta tensão embaixo d’água. Cada espécie de tubarão tem sua personalidade e seu comportamento característico. Quando um grande tubarão-branco ou um tubarão-martelo se aproxima muito, com aquele jeitão lento e curioso, basta dar um tapa em seu “nariz” ou bater com a câmera nele para que o bichão recue


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“Todos são bonitos, cada um por um motivo diferente”

e se afaste. Outros tubarões são mais assustadores – e não muito mais do que isso – porque atuam em bandos, como hienas na savana. “Certa vez, estava mergulhando em Galápagos e vi uns seis tubarões-limão se aproximando. Comecei a fotografá-los e, quando me dei conta, estava rodeado por uns 40 indivíduos, nadando ao meu redor com toda velocidade. Eles são pequenos e seria muito inusual se eles me atacassem naquela situação, mas era impossível acompanhá-los com o olhar, eles vinham de todas as direções. Foi assustador. Resolvi voltar para o barco e me senti como o Neo [Keanu Reeves] desviando das balas naquela célebre cena do filme Matrix”, ri Muller. Conhecendo os vários tipos de tubarões, o fotógrafo tem os seus prediletos. “Todos são bonitos, cada um por um motivo diferente. Mas eu prefiro os brancos e os tubarões-tigre, porque são mais solitários e é mais fácil interagir com eles. Quando estão em bando, é difícil estabelecer qualquer forma de relação”, opina. Depois de rodar o mundo seguindo essas fascinantes criaturas, Muller também já sabe quais são os melhores points para mergulho. “Galápagos é o lugar mais cool e é o meu lugar predileto. É uma região muito bem preservada, e lá é possível nadar em meio a tartarugas, arraias, golfinhos, baleias e pinguins – parece um museu marinho a céu aberto. Já as Ilhas Fiji são maravilhosas por causa da variedade de espécies de tubarões: já fotografei sete tipos de tubarões diferentes por lá. As Bahamas são um lugar fantástico por causa da transparência e da temperatura agradável das águas. E não posso deixar de citar a África do Sul, principalmente sua costa Oriental, no Oceano Índico, que é muito selvagem e com uma fauna marinha muito rica. É uma área onde os mergulhos são muito desafiadores por causa das correntezas e da temperatura da água, mas vale a pena”, avisa. O resultado dessas expedições todas pode ser visto no livro Sharks: Face-to-Face with the Ocean’s Endangered Predator, lançado pela editora alemã Taschen. O livro – à venda no site amazon.com – traz dezenas de imagens captadas à noite e de dia, em diferentes locações e de várias espécies de tubarões – muitas delas ameaçadas de extinção. A cada ano, segundo as estatísticas compiladas pela bióloga marinha sul-africana Alison Kock, 100 milhões de tubarões são mortos no mundo todo por humanos interessados em suas barbatanas, seu fígado rico em óleos com propriedades medicinais, sua carne e sua brânquias, gerando um bilhão de dólares em vendas. “A cada vez que eu volto a um lugar onde já estive, percebo que as populações de tubarões estão cada vez menores. Nos últimos 29 anos, eu ajudei a vender tênis da Nike, maiôs da Speedo, carros da Toyota e garrafas de champanhe da Moët & Chandon e já ajudei a promover blockbusters que levaram milhões de espectadores aos cinemas, gerando bilhões de dólares. Talvez agora eu possa ‘vender’ esses animais de uma maneira que as pessoas ainda não conheçam e possa alertar o mundo sobre o quem vem sendo feito com eles. Quero que as pessoas reflitam sobre isso antes de comerem um sushi de tubarão ou tomar uma sopa de barbatana. Sinto que as minhas filhas não poderão ver algumas belezas da natureza que eu tive a oportunidade de ver, e isso me entristece. Vou fazer o que estiver ao meu alcance para conter essa destruição. Essa é a minha missão neste momento”, finaliza Muller que, em 2018, lançou o primeiro episódio do projeto de realidade virtual subaquática (VR) Into the Now, apresentado no Festival de Cinema de Tribeca e no Festival de Cannes. Em julho de 2021, o fotógrafo divulgou outros oito filmes do mesmo projeto, que foram gravados nos últimos três anos, completando uma série de nove episódios.


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A partir da seta, em sentido horário: Tubarão-martelo, Bimini Island, fevereiro de 2015; Mergulhador Walter Bernardis coloca tubarão para “dormir” em técnica conhecida como tonic immobility, África do Sul, setembro de 2014; Tubarão-limão, Tiger Beach, novembro de 2014; Tubarões-brancos, Guadalupe Island, outubro de 2009; capa do livro Sharks (Taschen)


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Tubarão-branco, Guadalupe Island, outubro de 2009


©Michael Muller / Taschen / Image distribution CPi Syndication

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“Quero produzir imagens que ninguém nunca viu antes”


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©Michael Muller / Taschen / Image distribution CPi Syndication

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Tubarão-branco, Guadalupe Island, agosto de 2012


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Hora de Relaxar UM DIA DE FOLGA É SEMPRE BEM-VINDO. NÃO IMPORTA O TEMPERAMENTO – DO ALTERNATIVO AO LUXO TOTAL, OS CARROS, ASSIM COMO AS COMPANHIAS, DEVEM SER MUITO BEM ESCOLHIDOS. CONFIRA QUAL É A SUA TRIBO E CURTA O SEU PASSEIO


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Lifestyle

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Por Doris Bicudo Ilustração Maria Eugenia

5 min

DIAS DE DESCANSO, ASTRAL NAS ALTURAS E… PÉ NA ESTRADA. Que tal um piquenique com direito a paisagem paradisíaca? Nada mal se a gente planejar muito bem para que o nosso passeio não se transforme em uma roubada. Além da escolha da companhia, do cardápio e da toalha xadrez, entre outros itens fundamentais, o carro deve ser apropriado para não sucumbir às alterações climáticas, por exemplo. Além de não atolar seu esportivo, escolha o modelo mais apropriado à sua personalidade. Para os hipsters, aquele grupo que dispensa as tendências e elegeu os anos 1970 como marco da liberdade, nada melhor do que a Toyota Picnic, modelo lançado em 1996, com sete lugares, muito estilo e vida curta. Teve sua produção interrompida em 2001 e já nasceu com ares retrô. Por aqui, poderia ser substituído pela perua Kombi. As bicolores, óbvio. Na cesta do piquenique, muito suco orgânico e biscoito integral. Esqueça o celular e invista em uma câmera analógica. De uma ponta a outra, esbarramos com a turma que leva o conforto a sério e adora ser notada. Algumas caçambas podem acomodar seu cooler sem perder o charme. E bota charme nisso, se conseguir descolar uma Escalade EXT da Cadillac, que teve produção descontinuada em 2013. No lugar da cesta, invista num baú Louis Vuitton e não esqueça de levar as Perrier, já que caviar Beluga dá uma sede danada. Já os românticos que procuram por paisagens plácidas e locais pouco frequentados, sugerimos os minis. Pode ser um MINI ou um Fiat 500. Superconfortáveis para viagens a dois. No máximo o totó – de porte pequeno ou médio – pode acompanhar na viagem. Para dar o clima, uma toalha florida que deve ser colocada sobre um edredom acolchoado e bem macio. Invista em uma garrafa de champanhe e duas taças de cristal. Se estiver dirigindo, lembre-se de esperar algumas horas até passar o efeito do álcool para que seu dia acabe tão bem quanto começou. Ou melhor, quem sabe... Um belo passeio pode unir a família ainda mais. E que tal organizar um piquenique? Sem esquecer da cesta, da toalha xadrez e do tradicional frango assado, prepare junto com sua prole o passeio. O carro ideal é um Land Rover Evoque – de preferência o modelo conversível. Não esqueça de uma boa playlist para acalmar os ânimos durante a viagem. Abra a capota, coloque o som alto e cantem todos juntos. Tipo Hollywood mesmo. Se você se define como uma pessoa discreta, muito elegante e, acima de tudo, exigente, o carro certo para o seu piquenique é um Bentley Bentayga. Por se tratar de um modelo fabricado na Inglaterra, mais precisamente em Crewe, o SUV carrega uma nobreza que vem de berço. Em tempos de espionagem, vale a sugestão de juntar um grupo de executivos – assim, como você – e fazer uma reunião de negócios longe das câmeras e das mídias sociais. Dica valiosa: os celulares devem ficar guardados com o motorista que estará dirigindo o carro e que, de preferência, não fale nossa língua pátria. Em tempo: todos sem uniforme. Invistam em bermudas e camisetas polos para manter a discrição. Levem bastante água, café e algum destilado...

Conversível tem tudo a ver com piquenique, mas qualquer modelo serve


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Alguém se lembra do DeLorean DMC-12 que transportou, em 1985, o personagem interpretado por Michael J. Fox para o longínquo ano de 2015, no longa De Volta para o Futuro? Pois é, o tempo passou num piscar de olhos e ele se tornou uma brincadeira. Peça de museu. A Mercedes-Benz já conta com o modelo F105, que dispensa o motorista, equipado com pilha a combustível de hidrogênio para armazenar energia elétrica e vidros espelhados que impedem os reles mortais de ter qualquer vislumbre de quem estaria dentro do carro, entre muitos outros luxos. Este modelo é perfeito para popstars terem um pouco de privacidade e se arriscarem a curtir um piquenique. Mas quem poderia ter esse veículo? Esse é assunto para outra matéria. No mais, capriche nas comidinhas – não esqueça do protetor solar e repelente – e, acima de tudo, na escolha da companhia. Bom passeio e até a volta!


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Brinco Bottega Veneta


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FIORELLA MATTHEIS ESTÁ EM METAMORFOSE. ATRIZ, MODELO E JORNALISTA, ELA TAMBÉM É EMPRESÁRIA E ESTÁ À FRENTE DA GRINGA, RECOMMERCE DE ACESSÓRIOS DE LUXO QUE FUNDOU EM PLENA PANDEMIA E SE TORNOU SEU FOCO PRINCIPAL Por Vivian Monicci Fotos Fernando Tomaz Styling Patricia Zuffa Beleza Helder Rodrigues

7 min


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Fiorella Mattheis

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EM ITALIANO, FIORELLA SIGNIFICA “pequena flor”. Mas não pense que a pessoa que tornou o nome conhecido no Brasil é frágil e diminuta. Fiorella Mattheis é delicada e elegante como uma flor, mas é também forte, ousada, marcante e de uma beleza única. Com certeza você já viu seu rosto na televisão, nas telas do cinema e nas revistas, já que ela é atriz, modelo e apresentadora. Porém, foi sua nova faceta que adicionou ainda mais brilho e sentido à sua vida pessoal e profissional: a de empreendedora. Fundadora e CEO da Gringa – recommerce de acessórios de luxo que tem como objetivo ressignificar a moda e o consumo, estendendo a vida útil dos produtos e incentivando a economia circular –, Fiorella está em sua melhor fase e isso transparece em seu rosto. Hoje com 34 anos, ela teve coragem, em 2020, para se reinventar em plena pandemia de Covid-19 e se aventurar em um universo que, apesar de lhe ser familiar, era totalmente diferente de tudo o que já havia feito. E deu muito certo! Aqui, ela conta tudo sobre a nova carreira. Você é atriz, modelo, jornalista e, agora, empresária. Como se vê nessa nova fase? A Fiorella empresária está muito feliz. Eu diria que do mesmo tamanho que é o desafio que eu estou enfrentando, também é o que eu venho me realizando e o quanto eu estou feliz, a sensação de encaixe, no meu momento de maturidade como mulher e como pessoa. Não gostaria de estar em nenhum outro lugar a não ser onde estou. Ao mesmo tempo, estou com muita vontade de seguir, não estou com medo, não estou com dúvida, estou muito certa dos meus objetivos. Também estou falando sobre um tema que é a minha paixão, sou completamente movida a paixão e amo trabalhar. Com a Gringa, tenho a oportunidade de fazer duas coisas que gosto muito, traba-

lhar com moda e me comunicar. Consegui criar uma empresa na qual posso exercer esse papel, aprender, me descobrir, levar informação, usar toda essa audiência que tenho para um propósito. Sempre fui empreendedora, só que antes eu empreendia com a minha imagem. Agora, é um papel completamente diferente, sou proativa, estou trabalhando o tempo inteiro, mesmo quando estou de férias. Mas não como algo ruim, simplesmente a cabeça está funcionando naquela frequência, pensando no meu negócio de alguma maneira. Acaba sendo um pouco parecido com a minha trajetória artística até aqui, aceitei desafios que nem sempre estava pronta para assumir, mas tive coragem e aprendi fazendo. Como surgiu a ideia da Gringa? A Gringa nasceu da minha experiência como consumidora de produtos de segunda mão, no sentido de comprar e vender. Sou adepta da moda circular há muitos anos. Aqui no Brasil, abri uma lojinha no Enjoei em 2017. Em 2018, estava viajando bastante para os Estados Unidos e comecei essa prática de vender os meus produtos e comprar. Conheci várias empresas de second hand como a Gringa, com um serviço de excelência, uma marca e uma inspiração muito fortes. Achei genial, as pessoas faziam tudo por mim, eu encontrava todos os produtos, a experiência era maravilhosa e o produto usado chegava novo. É muito mais sustentável, inteligente, barato e tudo foi fazendo sentido para mim. Voltei para o Brasil e quis vender minhas coisas. Fui em busca desse serviço e não encontrei nenhuma empresa que me representasse, que me inspirasse a vender e tivesse um serviço realmente de concierge. Isso tudo foi encaixando até que um dia eu falei “cara, eu vou fazer isso”. Em paralelo, comecei a me preparar, ainda sem ter ideia do desafio que vinha pela frente. Comecei a es-

“Não gostaria de estar em nenhum outro lugar a não ser onde estou. Ao mesmo tempo, estou com muita vontade de seguir, não estou com medo, não estou com dúvida, estou muito certa dos meus objetivos”


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Colar Sauer


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Vestido Clodovil para Acervo Casa Juisi Calça Jean Paul Gautier Acervo Casa Juisi Sandálias Bottega Veneta Soutian Vintage Dior por John Galliano Anéis e cinto Bottega Veneta


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“Com a Gringa, tenho a oportunidade de fazer duas coisas que gosto muito, trabalhar com moda e me comunicar”


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Fiorella Mattheis

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tudar sobre o mercado de segunda mão, o quanto vem crescendo e o quanto é uma tendência mundial. Lá fora já é um mercado consolidado, enquanto no Brasil, na América Latina e em outros países ainda é totalmente embrionário, superpulverizado e fragmentado. Naquele momento eu já não conseguia mais viver sem fazer aquilo, porque une a minha paixão pela moda e a vontade de ressignificar seus valores. No final das contas, a moda, para mim, é o que me representa como pessoa, é a minha identidade, como eu me mostro para a sociedade. Considero a moda como uma forma de arte. De outubro de 2018 até junho de 2019, fiz uma imersão nesse universo e tive certeza do que eu queria fazer e de que não seria um trabalho paralelo. Eu queria fazer em grande escala, com propósito e objetivos organizados. Também queria levar para os consumidores e amantes de moda essa experiência de economia e moda circular. Ainda há muito preconceito, as pessoas falam “poxa, mas por que você vai vender coisas? Ai, você vai comprar um produto usado?”. Em março de 2020, começamos a empresa encubada no escritório de outra startup chamada Volante, de um dos meus sócios. Durante a pandemia, ninguém sabia o que ia acontecer, nem quanto tempo iria durar, mas não esmorecemos, fomos resilientes. Criamos o site, a marca, o branding e toda a parte burocrática em apenas três meses. Como é feita a curadoria dos produtos que são vendidos na plataforma? Temos pessoas capacitadas que usam inteligência artificial para a curadoria e verificação de autenticidade. Só trabalhamos e revendemos produtos originais e damos garantia disso com o nosso serviço. Quando recebemos o produto, fazemos um processo de higienização e identificamos se há necessidade de algum tipo de restauração – sempre garantindo as características originais de cada peça. Em seguida, o produto

é fotografado, identificado e colocado no site com informações sobre o seu estado atual, possíveis avarias, tudo o que o próximo dono precisa saber antes de fazer a compra. Fazemos a gestão do processo de ponta a ponta: desde a retirada na casa do vendedor até a entrega para o comprador. Temos a menor comissão do mercado, oferecemos serviço de excelência, temos selo do “eureciclo” e do IDESAM, para compensação de carbono. Como avalia o mercado de moda circular no Brasil? É um cenário bastante promissor, com muitas oportunidades, mas ainda fragmentado e pouco profissionalizado. Muitas pessoas revendem em grupos de WhatsApp, em lojinhas de Instagram, o que acaba trazendo insegurança aos consumidores. Na realidade, quem vende não quer ter nenhum trabalho e quem compra quer a garantia de autenticidade e bom estado do produto. Este mercado precisa de muita tecnologia e, por isso, vamos começar a investir nisto. O que é luxo para você? Com tudo isso que a gente vem vivendo, luxo é poder estar com as pessoas que amamos e que são importantes. Falando de consumo, hoje o luxo é ter um serviço com atendimento personalizado. Quais são os próximos passos? Temos muitos sonhos! Primeiro, vamos investir pesado em tecnologia, um grande diferencial nesse mercado. Em segundo lugar, abriremos lojas físicas em 2022, no Rio de Janeiro e em São Paulo, que será a nossa flagship. Também abriremos um escritório em São Paulo, passando a ter um segundo ponto de coleta e processamento de produto, além do Rio. Teremos também pop-ups itinerantes, porque queremos expandir a experiência física da Gringa para outras localidades.

“A Gringa nasceu da minha experiência como consumidora de produtos de segunda mão. Sou adepta da moda circular há muitos anos”


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Terno Gucci para Acervo Casa Juisi Túnica Paco Rabanne Colar Jalaconda


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Vestido Markito para Acervo Casa Juisi Brincos LDEGAN Botas Alexandre Vauthier para The Real Real


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“Só trabalhamos e revendemos produtos originais e damos garantia disso com o nosso serviço”


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Top Renda Frou Frou Vintage Saia Paco Rabanne para Nk Store Sapatos Celine para The Real Real Colar Jalaconda Cinto Varal do Beco


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Pensa em diversificar seus negócios? Em quais áreas? Com a dedicação que tenho hoje à Gringa, não consigo ter em outro segmento. Dentro da empresa, começamos a expandir para outras categorias. Antes, só tínhamos bolsas e, agora, temos também sapatos e acessórios. Lançamos em novembro o “Do Brasil Para Gringa”, marketplace dentro do nosso site no qual daremos espaço e descobriremos novas marcas e talentos nacionais, que estejam alinhados com os nossos princípios. Quais dificuldades enxerga como empreendedora no Brasil atual? Acho que falta incentivo do governo. Empreender no Brasil é complexo e muito caro. Pequenos empreendedores não conseguem escala para colocar seus produtos no mercado a preços competitivos. Se você não tem aporte de um investidor, não se preparou adequadamente ou não juntou dinheiro suficiente até começar a ter retorno financeiro com seu negócio, fica inviável. Eu sofri com isso, estou falando de coisas pelas quais eu também passei e que continuamos passando. Além do foco como empresária, quais são os seus próximos projetos? Eu realmente fiz uma transição de carreira, estou focada 100% na minha empresa. Já tive alguns convites na parte artística e em projetos que pararam por conta da pandemia e agora estão voltando, e tive coragem para dizer não. Em dezembro de 2021, o Enjoei anunciou a aquisição da Gringa por R$ 14,250 milhões. Que motivos te levaram a tomar esta decisão? Simplesmente a sinergia maravilhosa que existe entre a Gringa e o Enjoei. São empresas complementares, que atuam no mesmo

ramo, mas com abordagens um pouco diferentes. Será uma grande oportunidade para atender as clientes da Gringa em grande escala, sem contar que eu sou uma grande fã da Ana e do Tiê, os fundadores do Enjoei, da história deles, como eles começaram. Eles representam a moda circular há muitos anos no Brasil, antes de virar moda, e eu tenho certeza de que a gente vai dar muito certo junto, já está dando. Haverá mudanças na gestão dos negócios da Gringa? Eu tenho falado que a Gringa continuará a mesma, só que melhor. Aproveitaremos toda a sinergia existente entre os dois negócios e receberemos um aporte de investimento, que será direcionado principalmente para tecnologia. Abriremos lojas pelo Brasil todo e aperfeiçoaremos a inteligência de CRM (Customer Relationship Management) e de produto. Estou muito animada com tudo o que construiremos juntos. Não haverá mudanças na gestão dos negócios, continuarei como Fundadora e CEO da Gringa. Por outro lado, agora poderemos contar com a expertise do time do Enjoei para tomar as melhores decisões para prestação de serviços e crescimento da Gringa. Que mensagem você daria para aqueles que se inspiram no seu exemplo? Eu ainda estou muito no início dessa carreira como empresária, empreendedora, mas o meu objetivo é inspirar outras meninas e mulheres a serem donas e estarem em cargos de liderança, seja onde for. É possível sim, somos capazes, temos cada vez mais espaço, somos preparadas, inteligentes e, aos poucos, estamos quebrando essas barreiras no universo profissional. Se meninas se inspirassem e se sentissem capazes e representadas por mais mulheres em cargos de liderança, eu ficaria muito feliz.

“O mercado de moda circular é bastante promissor, com muitas oportunidades, mas ainda fragmentado e pouco profissionalizado”


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Colete Minha Avó Tinha Saia Alberta Ferretti para Trash Chic Luva Maiara Bozzato Cintos Brechó Varal do Beco Brincos Chloe e Bottega Veneta Corrente Bottega Veneta


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Trench Coach duplo Simone Rocha para The Real Real Bota/Sandalias Bottega Veneta Corrente Esfer e Brincos Bottega Veneta


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Blazer Fernando José para Frou Frou Bermuda MSGN para Nk Store Meias Lupo Sapatos Bottega Veneta Corrente Esfer Colar Vehr Brincos Bottega Veneta


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“Estou muito animada com tudo o que construiremos com o Enjoei. Não haverá mudanças na gestão dos negócios, continuarei como Fundadora e CEO da Gringa”


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“Se meninas se inspirassem e se sentissem capazes e representadas por mais mulheres em cargos de liderança, eu ficaria muito feliz”


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Brincos Chloe


Uma empresa do Grupo

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Moda circular: a revolução do universo fashion


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PAUTADA PELA PRODUÇÃO E CONSUMO CONSCIENTES, A MODA CIRCULAR BUSCA ALTERNATIVAS PARA REDUZIR OS ENORMES IMPACTOS AMBIENTAIS DA INDÚSTRIA TÊXTIL


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Por Camila Lara fotos Divulgação

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OS AVANÇOS TECNOLÓGICOS E AS PRODUÇÕES EM MASSA das últimas décadas consolidaram um modelo de consumo linear: comprar, usar, descartar. Muitas vezes, essa sequência de ações é rápida – muito rápida – e, como resultado inevitável, toneladas de lixo se acumulam todos os anos. Esta lógica rege diversos setores, mas é particularmente assustadora no universo da moda. O modelo fast fashion popularizou o acesso a roupas e acessórios baratos e de baixa durabilidade. Equação que impulsiona o consumo excessivo e descarte desenfreado e que levou a indústria têxtil a um ranking nada louvável: é o segundo setor mais poluente do mundo, responsável por 20% da poluição de água e 10% das emissões de gases de efeito estufa – atrás apenas da indústria petrolífera. De acordo com uma pesquisa realizada pela Ellen MacArthur Foundation, o equivalente a um caminhão de lixo cheio de tecidos é queimado ou enterrado a cada segundo. O mesmo estudo aponta que a quantidade de microplásticos que acaba nos oceanos todos os anos, devido à lavagem e tratamento de nossas roupas, corresponde a 50 bilhões de garrafas plásticas. Dados chocantes que ilustram a dimensão do estrago.


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A indústria têxtil é o segundo setor mais poluente do mundo, responsável por 20% da poluição de água e 10% das emissões de gases de efeito estufa


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Diante desse cenário, a moda circular surge como alternativa ao padrão convencional de consumo. O conceito se baseia em uma ideia mais ampla, a economia circular, que tem como princípios básicos minimizar os desperdícios – da produção ao descarte – e prolongar o tempo de uso de cada produto. Quando não puder ser reutilizado, o objeto pode ser transformado para outros propósitos ou ser reciclado, o que garante que nada tenha de fato um fim, e sim um novo ciclo de uso. Nas mãos dos agentes da indústria fashion, está a responsabilidade da produção consciente, com tecidos sustentáveis, de boa qualidade e recicláveis. Muitas marcas já entenderam a urgência de adotar estas práticas e começaram a adaptar seus métodos de produção. A Gucci, por exemplo, foi uma das primeiras grifes de luxo a lançar uma linha completamente sustentável, a Gucci Circular Lines, com roupas e acessórios feitos inteiramente com materiais orgânicos ou reciclados. Da perspectiva do consumidor, reutilizar é a maneira mais simples de abraçar essa causa e fazer sua parte para reduzir o impacto ambiental da moda. A compra e venda de itens usados é, portanto, dispositivo fundamental à engrenagem da moda circular. O mercado de second hand garante a extensão da vida útil de cada peça e, em larga escala, evita a produção de mais e mais roupas que acabarão rapidamente no lixo.

A moda circular surge como alternativa ao padrão de consumo. O conceito se baseia na economia circular, que minimiza os desperdícios e prolonga o tempo de uso de cada produto


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Esqueça o estereótipo de brechó empoeirado e abarrotado de produtos. Mundo afora, há uma infinidade de lojas físicas e virtuais extremamente organizadas, com excelentes opções e experiências de compra semelhantes ao varejo tradicional. Um dos grandes líderes do mercado, a empresa americana The Real Real começou como uma pequena startup em 2011. Hoje, tem site robusto com entrega internacional e 16 lojas físicas em diversas cidades dos Estados Unidos. Dentre bolsas Dior, Prada e Chanel; joias Cartier cravejadas de diamantes; e uma seleção invejável de relógios Rolex, são milhares de artigos de luxo esperando para serem redescobertos. A curadoria é minuciosa e a plataforma tem um programa rigoroso de autenticação e higienização de cada peça. Para o comprador, os benefícios são gritantes: preço inferior por um produto único e de ótima qualidade – muitas vezes fora de circulação nas lojas convencionais –, e participação ativa na redução da poluição global. Não à toa, o mercado de revenda de luxo cresce exponencialmente em todo o mundo.

Muitas marcas já entenderam a urgência de adotar práticas sustentáveis e começaram a adaptar seus métodos de produção


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As vantagens do second hand são tão convincentes que grandes marcas também compraram a ideia. Grifes como Alexander McQueen e Mulberry incentivam a prática através de parcerias com o brechó online Vestiaire Collective. As marcas entram em contato com seus melhores clientes, oferecem crédito em suas lojas em troca de peças de coleções passadas a serem revendidas. Cada uma delas é inspecionada e autenticada pela equipe da grife e então colocada à venda no Vestiaire Collective, com o selo “brand approved”. Seguindo a mesma tendência, as gigantes francesas Galeries Lafayette e Printemps inauguraram há poucos meses espaços enormes dedicados exclusivamente a itens de segunda mão em suas unidades mais icônicas, no Boulevard Haussmann, em Paris. Grandes apostas para atender consumidores cada vez mais preocupados com a circularidade da moda. No Brasil, o movimento também ganha força. Plataformas de recommerce – a revenda online – de artigos de luxo surgem em ritmo acelerado e cada vez mais brasileiros são seduzidos pelas vantagens de adquirir seminovos. Sites como Cansei Vendi e Etiqueta Única são grandes referências no setor, com itens de grifes renomadas, cuidadosamente autenticados por equipe especializada. Recentemente, a atriz e empresária Fiorella Mattheis também apostou na moda circular ao lançar a plataforma Gringa, especializada na venda de acessórios de luxo que já tiveram outros donos. A seleção de bolsas, sapatos e carteiras de marcas como Balmain, Christian Louboutin, Jimmy Choo e Valentino faz furor e promete aquecer ainda mais o mercado brasileiro de usados. Uma tendência que chegou para ficar e que está finalmente revolucionando a maneira de fazer e consumir moda em todo o mundo.


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As vantagens do second hand são tão convincentes que grandes marcas como Alexander McQueen e Mulberry compraram a ideia


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Na ponta do lápis AS CRIAÇÕES HIPER-REALISTAS DE NOÉMIE MARMORAT SÃO FEITAS A PARTIR DE INSTRUMENTOS CLÁSSICOS: LÁPIS E CANETAS, SEM NENHUMA INTERVENÇÃO DIGITAL. AS MOTOS E OS CARROS QUE NASCEM A PARTIR DE SEUS TRAÇOS PRECISOS ENGANAM OS OLHOS E CRIAM UMA LINHA TÊNUE ENTRE FOTOGRAFIA E ILUSTRAÇÃO


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Por Camila Lara fotos Arquivo Pessoal

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@gasoline_maab

O PRAZER EM DESENHAR ACOMPANHA A FRANCESA NOÉMIE MARMORAT desde pequena, assim como seu interesse pelo universo das motos e carros. Há três anos, aliou as duas paixões e, despretensiosamente, deu início a sua carreira como ilustradora de veículos motorizados. “Tudo começou quando meu irmão me pediu para desenhar sua primeira motocicleta, uma Kawasaki Ninja 300. Foi a primeira vez que desenhei uma moto. Gostei do resultado e então fiz outras ilustrações e postei nas redes sociais”, relembra Noémie. Sem grandes pretensões, ela buscava um feedback sobre suas criações, mas em pouco tempo seu trabalho fez tanto sucesso que os pedidos por ilustrações exclusivas começaram a pipocar em sua caixa de mensagens. Sob o pseudônimo de Gasoline MAAB, Noémie realiza hoje ilustrações sob encomenda e os pedidos chegam dos quatro cantos da França, mas também de outras partes do mundo, como Itália, Espanha, Noruega, Austrália, Estados Unidos e Índia. Perfeccionista nata, Noémie gosta de tudo organizado, bem-estruturado e com o mínimo possível de falhas — características de sua personalidade que se refletem nos traços de cada uma de suas ilustrações. É a partir de fotos em alta resolução que ela cria seus desenhos e se mantém fiel a cada detalhe. Das cores às sombras; do formato do motor à costura do estofado: tudo é estudado para que se aproxime ao máximo do real. De sua formação como designer de produtos guardou o fascínio pela representação realista e diversas técnicas de desenho. Usa canetas à base de álcool para definir as cores; lápis de cor para criar sombras, luzes e relevos e, para realçar certos detalhes, opta por canetas Posca. “A etapa de finalização é a que eu mais gosto. Para mim, é no momento em que utilizo as canetas Posca que a moto ou o carro parecem realmente ganhar vida. É quando se aproximam mais da realidade.” Todo esse processo é feito manualmente, sem nenhum artifício digital. “É comum me perguntarem por que eu não faço ilustrações digitais. Eu gosto do lado humano e bruto do desenho, o defeito de um traço dá certa personalidade à ilustração. Acho importante desenvolver a sensibilidade e o traço com ferramentas manuais “clássicas”, mesmo estando ciente das possibilidades que o digital oferece hoje”. Todo esse processo minucioso exige tempo: Noémie leva entre 15 e 20 horas para se dar por satisfeita com uma ilustração. Os últimos três anos foram intensos e seu portfólio já é composto por centenas de ilustrações de motos, carros e pilotos. Dentre elas, uma das quais mais se orgulha é a de Ayrton Senna: “Além de ser um dos meus maiores ídolos do universo automobilístico, seus retratos foram os mais complexos de serem desenhados”. Para ela, a arte é uma excelente maneira de se comunicar sem palavras: “Ser capaz de transmitir uma memória ou um sentimento por meio de uma folha de papel é muito gratificante para mim”. Além da sensação

“Tudo começou quando meu irmão me pediu para desenhar sua primeira motocicleta, uma Kawasaki Ninja 300”


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insubstituível de presenciar a alegria de seus clientes ao receber seus trabalhos, a carreira de Noémie já lhe proporcionou outros grandes momentos, como o encontro com o piloto Giacomo Agostini e a exposição de seus desenhos em diversos eventos automobilísticos, como o 24 Heures de Le Mans; Salon du 2 Roues, em Lyon; e Cafe Racer Festival, em Montlhéry. “É um verdadeiro sonho. Todos os eventos nos quais expus minhas criações foram muito enriquecedores. Adoro conhecer pessoas e receber feedback sobre meu trabalho.” Como parte de seu processo de aprimoramento, Noémie nunca está muito longe de um lápis: “Eu desenho todos os dias, vejo meu traço mudar e sei que ainda tenho muito o que aprender. É um processo interminável e provavelmente é disso que eu mais gosto”. Além de aperfeiçoar seus desenhos, pretende ampliar seus horizontes e conquistar também o universo dos barcos e aviões. “Gostaria também de expandir mais meu trabalho no mercado internacional, expor em grandes eventos, fazer colaborações e projetos originais que permitam meu desenvolvimento de outras formas.” Apesar de estar mergulhada no universo das motos há bastante tempo, foi apenas há dois anos que Noémie tirou sua habilitação para dirigir motos. Hoje, embaixadora da Indian Motorcycle France e proprietária de uma Indian Scout Bobber Sixty, diz orgulhosa: “Agora sou oficialmente motociclista”.

Nada escapa aos olhos atentos de Noémie. Das cores, às sombras; do formato do motor à costura do estofado: cada detalhe é rigorosamente retratado em seus desenhos


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“ U MA VEZ SON H E I E M TORNAR- M E NO PILOTO MAIS R ÁPIDO. HOJ E , SOU U M PILOTO DE M U DANÇA . SOU U M G R AN DE PILOTO.” LE WI S H A M I LTO N , 7 V E Z E S C A M P E ÃO M U N D IA L D E FÓ R M U L A 1 TM


THE BIG PILOT.

BIG PILOT 43 Ousado, icónico e genuíno: o Big Pilot é o relógio de eleição para indivíduos movidos pela paixão, objetivos e desejo de criar. Pela primeira vez, o relógio de aviador mais essencial da IWC está disponível numa caixa de 43 milímetros, combinando a pureza do design original do painel de instrumentos do cockpit com uma ergonomia superior e uma versatilidade acentuada.


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Bonneville, altar da velocidade NA FAMOSA PLANÍCIE SALGADA DE UTAH, MOTORISTAS PISAM FUNDO NO ACELERADOR E QUEBRAM FREQUENTEMENTE RECORDES NO VELOCÍMETRO Por Roberto Marks Fotos Gunther Maier

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A moto Indian Boartracker replica 175 cc conduzida pelo piloto e fotógrafo Gunther Maier


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A TRADIÇÃO SE REPETE HÁ MAIS DE 60 ANOS: em três encontros com duração média de uma semana, em agosto, setembro e outubro, centenas de aficionados invadem um deserto de sal no oeste americano para tentar quebrar recordes de velocidade com todo tipo de veículo. De motos a caminhões; de sedãs familiares a hot rods; vale tudo, até mesmo híbridos movidos por turbinas de avião e de helicóptero. Ali, na planície salgada de Bonneville, fãs da velocidade se reúnem em uma animada confraria com o objetivo de superar limites. Bonneville Salt Flats é um deserto de 260 km², localizado em Utah, a 175 km de Salt Lake City. Estima-se que há 14 mil anos um fenômeno geológico transformou um grande lago pluvial pré-histórico na árida planície, que a ação do tempo consolidou em salina. Apesar de incursões isoladas de alguns aventureiros, a região só passou a ser verdadeiramente explorada por volta de 1870, quando se construiu a ferrovia Transcontinental Nova York–São Francisco. Na ocasião, o célebre geólogo americano Grove Gilbert (1843–1918) foi um dos pioneiros a estudar as causas do fenômeno que gerou a salina. Ele batizou o local homenageando Benjamin de Bonneville (1796–1878), um francês que foi oficial do exército dos Estados Unidos antes de se tornar um dos primeiros exploradores do oeste americano. Reza a lenda que esse pioneiro caçador de bisões e mercador de peles jamais passou próximo da área que leva seu nome.

Parte interna do Kraut Bros 1927 Roadster dirigido por Gunther Maier e um típico hot rod acelerando no deserto salgado de Bonneville

Veteranos frequentadores do deserto de sal comparecem todos os anos com seus hot rods


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Roadster com potência estimada de 4000-5000 cv e recordista de sua classe com velocidade de 301 mph


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Com a chegada da ferrovia, a grande reserva de sal começou a ser explorada. Mesmo assim, a desolada paisagem da planície continuou em sua tranquila solidão milenar, até que em 1914 foi realizada a primeira tentativa de quebra de recorde de velocidade. Em um Blitzen Benz com motor de quatro cilindros de 21,5 litros e 200 cv, o americano Teddy Tetzlaff superou a marca de 227 km/h. Mas, além de não conseguir quebrar o recorde mundial, também não teve sua marca homologada pelas autoridades do automobilismo esportivo. Longa polêmica Na ocasião, foi alegado que o piso de sal não era apropriado por gerar menor atrito do que o cascalho das rudimentares estradas da época e da areia de praias, como Daytona e Ormond, na Flórida, onde foram homologadas as primeiras quebras de recordes. A polêmica perdurou até o começo dos anos 1930, quando o grande aumento da potência e velocidade convenceu os dirigentes de que o deserto salgado era o local ideal para a padronização de recordes. E foi em Bonneville que pela primeira vez alguém conseguiu superar a barreira de 300 milhas por hora (mph) sobre a terra. O feito foi do britânico Malcolm Campbell, em 1935. Com o aerodinâmico monoposto BlueBird, no qual montou um motor Rolls-Royce de aviação com 36,7 litros e compressor, que gerava 2.300 cv, Campbell estabeleceu a marca de 301,129 mph (484,5 km/h). Daí em diante, a planície salgada de Bonneville testemunhou um grande número de registros recordistas, nas mais diversas categorias de veículos, e se tornou também ponto de encontro dos malucos por velocidade. Espaço democrático Essa popularização teve início em 1949, quando clubes de automobilismo e motociclismo se uniram para organizar uma semana de velocidade aberta para quem tinha o desejo de experimentar a sensação de superar limites. O sucesso da iniciativa aumentou anualmente o número de participantes. Diversas vezes, esses apaixonados testemunharam quebras de recordes mundiais de velocidade. Mas a grande motivação é reencontrar velhos amigos para mostrar e admirar os bólidos preparados na garagem de casa. Alguns, com recursos, investem verdadeiras fortunas, mas a maioria costuma gastar a suada poupança apenas para realizar um sonho. Exemplo desta perseverança, o neozelandês Herbert Munro (1899-1978) preparou uma velha moto Indian na garagem de casa, durante 20 anos. Em 1962, já com 63 anos, conseguiu recursos para ir da Nova Zelândia até Bonneville, onde quebrou o recorde mundial para motos Indian com motor

Apesar da primeira tentativa de quebra de recorde ter sido realizada em 1914, Bonneville só ficou popular muito tempo depois

1955 Harley Panhead Sidecar


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Os modelos denominados como “rat rods” não fazem parte da competição, mas vários participam da festa


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de até 850 cm³ de cilindrada, alcançando 288 km/h. Em 1967, voltou ao lago seco para novo recorde, de 295,4 km/h, com motor de 950 cm³. A aventura de Munro foi contada, em 2005, no filme The World’s Fastest Indian – Desafiando os Limites, aqui no Brasil –, com interpretação do renomado ator inglês Anthony Hopkins, e no qual também é retratado o forte espírito de amizade e solidariedade que une a peculiar confraria. Mas essa tradição de camaradagem corre risco atualmente. Após mais de um século de exploração de sal, a planície de Bonneville está perdendo a estabilidade, e isso provoca rachaduras e buracos na pista. Mesmo com limitações impostas na exploração do sal na região desde 2012, a situação continua crítica e diversas edições foram canceladas, mesmo antes da pandemia. Mais informações: bonnevilleracing.com

A planície sofre as consequências após mais de 100 anos de exploração de sal


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Kraut Brothers Racing com motor V-8 Chevy com mais de 1000 hp


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Fogo e Gelo NO CÍRCULO POLAR ÁRTICO, A NATUREZA VULCÂNICA E A CULTURA NÓRDICA SE MISTURAM EM UM PAÍS DE EXTREMOS: A ISLÂNDIA Texto e fotos Feco Hamburger

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A ilha é repleta de fenômenos geotérmicos: vulcões, gêiseres e fontes termais estão espalhados por fiordes, praias rochosas, glaciares e montanhas no interior


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AS REFERÊNCIAS À ISLÂNDIA SÃO VÁRIAS, de Björk à erupção do vulcão que fechou os aeroportos da Europa, em 2010. Da Viagem ao Centro da Terra, de Júlio Verne, ao crash econômico de 2008. Da arte contemporânea de Olafur Eliasson, presente até em Inhotim, ao epicentro da recente série de TV Sense8, além, é claro, de diversas locações de Game of Thrones. O fato é que nessa pequena ilha, localizada no limite do Círculo Polar Ártico, a natureza vulcânica e a cultura nórdica se misturam para formar um país de extrema singularidade. Localizada no encontro das placas norteamericana e euroasiática, a ilha está repleta de fenômenos geotérmicos, como vulcões, gêiseres e fontes termais, espalhados por fiordes, praias rochosas, glaciares e montanhas do interior. As águas geladas do oceano ártico, repletas de peixes, fazem da pesca uma atividade fundamental para a economia do país. A mineração também é importante e o turismo crescente. A sociedade é orgulhosa de sua identidade e trabalha duro para manter os altíssimos níveis sociais, de educação e saúde, apesar das intempéries constantes. Considerado um dos povos que mais consomem literatura, o islandês tem sua cultura retratada em diversas sagas, histórias contadas em prosa e verso, como a famosa Edda, em que Thor, Oddin e Frigg compõem a fantástica narrativa, trazendo a mitologia viking para a história da formação do país na Idade Média. A língua – intransponível para a maioria dos mortais – não é obstáculo para explorar o país. Quase todos os islandeses falam inglês e são bastante receptivos com os visitantes, ainda que possam parecer indiferentes, como os nórdicos em geral. Por depender muito das importações, muitos serviços ou produtos são caros na Islândia, mas é possível viajar com um orçamento médio. E eu recomendaria o aluguel de um carro, ao menos por um período. O país é bem sinalizado e seguro, desde que o motorista não se aventure sozinho nas entranhas das Highlands do interior, onde as estradas praticamente não existem e nevascas ou enchentes podem ocorrer de repente. A maior rodovia do país, a Ring Road, circunscreve a ilha do gelo, percorrendo todo o litoral, cruzando as cidades e suas inúmeras atrações naturais.


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O acesso ao interior da ilha, inabitado, só é possível durante os meses mais quentes e a bordo de veículos 4x4, com bastante cuidado com a mudança abrupta do clima. Tanto no litoral como no interior, as atrações são incontáveis. Na parte sudoeste está localizada a capital, Reykjavík, com dois terços da população da ilha, um pouco superior a 300 mil habitantes. Aproveitando a natureza, a água quente da capital vem diretamente de fontes termais, proporcionando importante economia energética. Cidade cosmopolita e de intensa atividade cultural, Reykjavík se transforma nas noites do fim de semana: bares, restaurantes e clubes de música ficam repletos de hordas de bons copos. A região também abriga o chamado Golden Circle, onde se localizam o Parque Nacional de Thingvellir, a belíssima cachoeira de Gullfoss e um campo geotérmico repleto de gêiseres. Em Thingvellir podemos caminhar sobre o encontro das placas tectônicas norte-americana e euroasiática. Ou, para os mais aventureiros, vislumbrar a fissura ao mergulhar nas águas gélidas e cristalinas de Silfra, um dos pontos mais peculiares para mergulho no mundo.

O acesso ao interior da ilha, inabitado, só é possível a bordo de veículos 4x4 e durante os meses mais quentes


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Ali também estão as ruínas do Althing, o primeiro parlamento do mundo, fundado em 930 d.C. por exploradores vikings, que ali chegaram no século nove. Com o passar dos anos, o país pertenceu aos reinos da Noruega e da Dinamarca, até conquistar a independência total no início do século 20. Em direção ao aeroporto de Keflavik está a Blue Lagoon, um complexo de piscinas quentes e azuis, bastante turístico e estruturado, muitas vezes o primeiro contato do viajante com os fenômenos geotermais. Seguindo em direção ao sudoeste da ilha encontramos a maior geleira da Islândia, Vatnajökull, que cobre 8% de seu território. Uma das locações de filmagem de Game of Thrones, ali estão cavernas de gelo e a incrível Ice Lagoon, onde vemos blocos de gelo navegando rumo ao mar. Além de cenários belíssimos, o glaciar esconde vulcões em atividade. Aliás, erupções de vulcões são espetáculos muito apreciados pelos islandeses, que se mobilizam para assistir ao fenômeno. No entanto, também podem representar sérios colaterais. Haja visto a erupção do


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vulcão Eyjafjallajökull que causou o fechamento dos aeroportos em 2010, ou a séria enchente de 1996 provocada pela erupção de um vulcão subterrâneo próximo a Bárdarbunga e ao Lago Grímsvötn. No caminho, formações basálticas surpreendentes na região de Vik, com praias de areia e pedras negras banhadas por um mar bravio, onde parece que encontraremos Erik, o Vermelho. A oeste, na península de Snaefellsnes, está o vulcão onde começa a aventura de Júlio Verne, rumo ao centro da terra. É possível subir de snowmobile para apreciar a belíssima vista da região. Em direção ao interior, em veículos devidamente preparados, encontramos a segunda maior calota de gelo da Islândia, Langjökull.


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Erupções de vulcões são espetáculos muito apreciados pelos islandeses, que se mobilizam para assistir ao fenômeno. No entanto, podem trazer sérios danos colaterais


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Estive na Islândia em duas ocasiões: na primeira era início do verão, quando as temperaturas são mais amenas e a noite é algo que não acontece. Aluguei um carro e quase dei a volta inteira na Ilha pela Ring Road. Da capital do norte, Akureyri, voei até a pequena ilha de Grimsey, onde 80 pescadores habitam o ponto mais ao norte do país. Descansei no Lago Myvatn e saí em busca de avistar baleias em Husavik, mas só vi golfinhos no gélido mar do norte. Depois de três semanas na luz alaranjada de um pôr do sol interminável, fiquei contente em retornar a Londres e dormir no escuro da noite.

Por mais que haja outros destinos para conhecer, eu não pensaria duas vezes em voltar a esse pedaço de terra, fogo, água e ar


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Na segunda ocasião, no outono, ministrei um workshop de fotografia, organizado pela casaneo10. Adentramos as Highlands, com guias, veículos e motoristas ultrapreparados para o caminho acidentado. A região de Thórsmörk e Landmannalaugar possui paisagens preciosas. Ali, distante das luzes da cidade, tivemos a sorte de presenciar a aurora boreal. E ficou mais fácil entender a forte ligação dos islandeses com elfos e trolls. A dança das luzes é magica e acachapante. Uma espécie de cereja do bolo. Que nem precisaria da cereja. Por mais que haja outros destinos para conhecer, eu não pensaria duas vezes em voltar a esse pedaço de terra, fogo, água e ar.


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