TOP Magazine Edição 260

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Sebastião Salgado

pessoas / as imagens marcantes de sebastião salgado para proteger o planeta e os humanos / o designer autodidata rodrigo edelstein / a modelo brasileira com síndrome de down e influenciadora digital maju de araújo / gastronomia / la nostra bufala, a produção no interior de são paulo aclamada por chefs renomados / tecnologia / minimalismo digital / lifestyle / o mercado das e-bikes, o novo meio de transporte das grandes cidades / cultura / o primeiro trem de luxo particular do mundo, uma câmera super moderna com estilo vintage, bikes e esteiras da peloton, e muito mais / as obras de arte mais importantes do mundo e a história por trás delas / viagem / o novo anantara world island dubai

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Sumário 12

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LIFESTYLE

PESSOAS

Sumário 28

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Maju de Araújo

Capa

Rodrigo Edelstein

Modelo e influenciadora digital, Maju venceu barreiras e se tornou a primeira brasileira com síndrome de Down a fazer parte do time de embaixadoras da L’Oréal Paris.

Um dos maiores nomes vivos da fotografia documental, Sebastião Salgado está com uma exposição sobre a Amazônia brasileira e conta sobre seus projetos.

Designer autodidata, ele emprega processos industriais em projetos quase artesanais.

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E-bikes

Dubai

As bikes elétricas ganham espaço no mercado brasileiro e são perfeitas para as grandes cidades.

A cidade cheia de superlativos acaba de ganhar mais um resort à altura: o Anantara World Island Dubai.

CULTURA

GASTRONOMIA

TECNOLOGIA

82 De volta às origens Os celulares básicos ganham força entre os que buscam paz longe das redes sociais.

72 La vera mozzarella A trajetória deste produto fresco, nutritivo e amado no mundo todo.

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Mundo TOP

Obras de arte

O primeiro trem de luxo particular do mundo, uma câmera super moderna com estilo vintage, bikes e esteiras da Peloton, e muito mais.

As fascinantes histórias das pinturas mais famosas do mundo.


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 260

Colaboradores

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Quem Fez Joel Saget Joel Saget é fotógrafo da Agence France-Presse (AFP), baseado em Paris, e assina as fotos de capa desta edição

Fernanda Ávila Fernanda Ávila foi a primeira editora da TOP, quando a revista foi lançada, no começo dos anos 2000. É jornalista e escritora com especialização em Leitura de Múltiplas Linguagens. Cursou Escrita Criativa em Lisboa. Autora do Guia Nova York com Crianças, coautora do portal Viajo com Filhos. Sócia e diretora de conteúdo da Pulp Edições, acaba de lançar a Amora Livros, um clube de assinatura de livros escritos por mulheres

Fernanda Meneguetti Jornalista e historiadora que pensa, respira e ingere muita comida. Drinks, vinhos e viagens também. Com tal rodagem, há mais de uma década assina pautas gastronômicas criativas nos principais veículos do país

Kike Martins da Costa Kike Martins da Costa trabalha como jornalista há mais de 30 anos, desde os tempos do fax e do telex. Hoje sofre com a hiperconectividade e cogita aderir ao detox digital. Nesta edição, ele escreve sobre os novos celulares que só fazem ligações e mandam mensagens de SMS. “A vida com internet é boa; sem internet é melhor ainda!”

Chantal Brissac Chantal Brissac é jornalista e publicitária, com passagens pelos jornais Folha de S. Paulo e Estadão e revistas VejaSP, IstoÉ, Nova, Caras e 29Horas, onde integra hoje o Conselho Editorial e é colunista de mobilidade urbana. É fundadora do Pro Coletivo, plataforma focada no estímulo do transporte ativo e sustentável (procoletivo.com. br), e autora de livros nas áreas de saúde, bem-estar e carreira


Publisher Claudio Mello TOP Magazine | Studio Mundo TOP Editoras: Renata Zanoni e Vivian Monicci Diretora de Arte: Rosana Pereira Assistente de Arte: Luana Jimenez Assistente de Produção e de Mídias Digitais: Diego Almeida Projeto Gráfico Marcus Sulzbacher Lilia Quinaud Paulo Altieri Fabiana Falcão Colaboradores Texto Camila Lara, Chantal Brissac, Fernanda Ávila, Fernanda Meneguetti, Kike Martins da Costa, Rodrigo Grilo Foto Joel Saget, Sebastião Salgado Tratamento de Imagens JC Silva Editora Todas as Culturas Criativo: Bruno Souto Gerência de Relacionamento: Carolina Alves Produção Executiva: Camila Battistetti RP & Interface de Atendimento: Dianine Nunes Financeiro: Marcela Valente Secretária Executiva: Carolina Kawamura Circulação: Regiane Sampaio Assessoria Jurídica: Bitelli Advogados Pré-Impressão: Grafica e Editora Pifferprint TOP Magazine é uma publicação da Editora Todas as Culturas Ltda. Rua Pedroso Alvarenga, 691 - 14º Andar - Itaim Bibi - CEP 04531-011 - São Paulo/SP Tel.: (11) 3074-7979 As matérias assinadas não expressam necessariamente a opinião da revista. A revista não se responsabiliza pelos preços informados, que podem sofrer alteração, nem pela disponibilidade dos produtos anunciados. /topmagazineonline

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Cultura

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Mundo Top UMA SELEÇÃO DE TUDO O QUE FAZ A DIFERENÇA SOBRE LIFESTYLE / CULTURA / DESIGN / FO viagem

Palácio sobre trilhos O primeiro trem de luxo particular do mundo toma forma em projeto de Thierry Gaugain

Imagine uma estadia de luxo exclusiva, para você e mais 18 convidados aproveitarem da forma que quiserem. Suítes VIP, salão, jardim, terraço ao ar livre para festas, jantares, apresentações e ainda um espaço reservado para guardar seus carros, motos e outras preciosidades. Soa como um hotel, certo? Mas, na verdade, estamos falando de um trem de luxo particular, o G Train. Assinado pelo designer francês Thierry Gaugain, que ficou conhecido por suas colaborações com Philippe Starck na criação de super iates, o projeto audacioso é fruto de um trabalho de 30 anos de concepção, apelidado de “palácio sobre trilhos”. São 14 carros se estendendo ao longo de mais 400 metros e 3,5 mil metros quadrados, abraçados por um vidro técnico que forma as paredes da locomotiva, tudo sem perder a velocidade, atingindo até 160 quilômetros por hora. E sob um único proprietário, podendo seguir qualquer roteiro de viagem e fazer quantas paradas o dono quiser. O G Train ainda está em sua fase de desenvolvimento, mas já atrai o interesse de viajantes e investidores ao redor do mundo, com o preço estimado de 350 milhões de dólares. A idealização foi feita em colaboração com os maiores especialistas do ramo, para que o trem tenha a capacidade de adaptação para trilhos de qualquer parte do mundo. Além de ser uma ideia inovadora, traz ao mercado uma nova alternativa mais eco-consciente aos jatinhos privados.


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TOGRAFIA / CINEMA


Mundo Top

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Cultura

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fotografia

Vintage repaginado A nova câmera 907X da Hasselblad combina aparência antiga com a mais moderna tecnologia Em 2021, a marca sueca de câmeras fotográficas Hasselblad completou 80 anos de história. Para celebrar a data, lança agora a edição especial de aniversário Hasselblad 907X Anniversary Edition Kit, limitada a apenas 800 kits e inspirada na icônica câmera SWC. Com aparência que remete ao passado, tem obturador com lâminas, um enorme sensor CMOS de 50 megapixels dentro de seu corpo todo de metal e pesa

740 g. Sua resolução de 8.272x6.200 pixels permite imagens nítidas e aprimoradas com a tecnologia de gerenciamento de cores HNCS exclusiva da Hasselblad. O sistema de dados de cores do sensor reproduz fielmente as cores percebidas pelo olho humano. O software da Hasselblad é capaz de proporcionar um visual analógico, realista e cinematográfico à fotografia moderna. E o aplicativo Phocus da Hasselblad para iPhone ou iPad Pro permite o controle total da câmera e captura remota via Wi-Fi ou cabo USB. Para os que amam detalhes únicos, vale destacar que um lado da câmera apresenta uma placa comemorativa que diz “Desde 1941”, enquanto o corpo e visor ótico contam com o nome Hasselblad em letras manuscritas. Mais informações: hasselblad.com


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saúde

Fitness on demand Com as bikes e esteiras da Peloton, sua rotina de exercícios nunca mais será a mesma

Por acaso você já pagou um ano inteiro de academia, mas foi apenas no primeiro mês? Se a sua resposta foi sim, acredite, você não está sozinho. Com a correria do dia a dia, muitas vezes falta tempo e disposição para dedicar alguns minutos para praticar uma atividade física. Em 2012, a startup nova-iorquina Peloton surgiu com a proposta de facilitar nossas vidas. Combinando tecnologia, conteúdo e os melhores instrutores do mundo, a empresa produz esteiras e bicicletas ergométricas equipadas com um tablet touchscreen de 21,5 polegadas habilitado para Wi-Fi para que você possa acompanhar as aulas no conforto da sua casa. Para entrar neste universo, basta adquirir uma bike ou esteira e fazer a assinatura do aplicativo, que não está

inclusa no equipamento. O investimento total é caro: cerca de US$ 2.300 no primeiro ano e quase US$ 500 a cada ano a partir de então. No app, você pode escolher os treinos de acordo com seus objetivos, níveis e desafios. Há ainda transmissões ao vivo, aulas sob demanda e diversas modalidades, que incluem yoga e meditação. Com a pandemia de Covid-19 e o fechamento das academias, a Peloton explodiu no mercado. De acordo com a revista Time, em 2021 a empresa conquistou 1,67 milhão de membros, o que representa um aumento de 134% em relação ao ano anterior, e foi eleita pela publicação como uma das 100 empresas mais influentes no mundo.

Mais informações: onepeloton.com


Mundo Top

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Cultura

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design

Boca do Lobo Empresa de design contemporâneo cria verdadeiras obras de arte

O estilo de decoração de uma casa diz muito sobre a personalidade dos moradores. Se você é apaixonado por design, certamente já ouviu falar na marca Boca do Lobo. Fundada em 2005, a empresa reinterpreta antigas técnicas de fino artesanato para criar peças inesperadas de design contemporâneo, que incluem móveis, estofados e iluminação. Com renome internacional e mais de 200 exposições, suas criações são feitas à mão em Portugal e


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podem ser encontradas ao redor do mundo em grandes projetos residenciais requintados, hotéis cinco estrelas, lojas de departamentos de luxo e grandes grifes como Fendi e Prada. Aqui, destacamos um projeto da Boca do Lobo de cair o queixo: uma cobertura moderna de luxo no meio de Nova York! Os ambientes opulentos e acolhedores são recheados com peças que despertam a curiosidade.

Para compor com muita elegância o mármore que percorre toda a casa, os móveis em tons neutros contam com detalhes em dourado – o toque ideal de sofisticação e glamour!

Mais informações: bocadolobo.com


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Cultura

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cinema

Aventuras e embates fantásticos O novo filme Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore nos leva pela terceira vez ao mundo mágico pré-Harry Potter Para todos os potterheads e bruxos de coração, o terceiro filme da saga Animais Fantásticos finalmente chega aos cinemas! Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore se passa na década de 1930 e vai acompanhar o lendário diretor de Hogwarts em seu embate final contra o mago das trevas Gellert

Grindelwald, que ameaça o balanço do mundo mágico. Dumbledore conta com a ajuda do magizoologista Newt Scamander para liderar um time de bruxos, bruxas e um padeiro trouxa nessa missão perigosa. O longa terá direção de David Yates, que também foi responsável por outros seis filmes do universo bruxo, e é estrelado por Eddie Redmayne, Jude Law e Mads Mikkelsen, entre outros nomes de peso. A atriz Maria Fernanda Cândido também estará presente no filme, no papel da Ministra da Magia brasileira Vicência Santos. O roteiro foi escrito pela autora dos livros da franquia de Harry Potter, JK Rowling, junto a Steve Kloves. Depois de atrasos nas gravações devido à pandemia de Covid-19 e à substituição de Johnny Depp no papel de Grindelwald por Mikkelsen, seguindo suas controvérsias com a ex-esposa Amber Heard, Animais Fantásticos 3 chega às telonas no dia 15 de abril.


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Maju de Araújo “MUITAS PESSOAS NÃO ME LEVAM A SÉRIO COMO PROFISSIONAL” Por Rodrigo Grilo Fotos Divulgação

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Poucos dias antes de completar 19 anos, Maria Júlia de Araújo Dias, a Maju, lacrou ao receber uma notícia que ecoaria mundo afora. Carioca, cabelos ruivos, 1,49 metro de altura, carisma nas alturas e traços delicados, ela havia se tornado a primeira brasileira com Síndrome de Down a fazer parte do time de embaixadoras da L’Oréal Paris. Corria meados de 2021 quando a gigante marca de cosméticos francesa abriu as portas à brasileira. Maju já remava em busca de visibilidade como modelo fazia cinco anos. Após uma sequência de negativas, foi somente aos 18 que a carioca seria abraçada por uma agência. Ao compor o time do Grupo MGT, atravessar passarelas e posar para fotos, muito mais do que um ganha pão, passaria a ser inspiração. Quem a vê brilhando em passarelas mundo afora – já desfilou em países como Inglaterra, França, Itália e Portugal – não imagina que, aos 16 anos, ela por pouco não teve de amputar alguns membros para conter uma infecção provocada por uma meningite bacteriana. Desacreditada até mesmo pelos médicos, Maju acordou do coma, duas semanas depois. E, melhor, disposta a fazer valer o que para ela é um propósito: tocar a vida como modelo. Logo no dia seguinte em que recebeu alta, a jovem carioca fechou seu primeiro trabalho ao ser aprovada no teste promovido pela agência de modelos. Cada vez mais autoconfiante desde então, Maju figurou na lista da Forbes Under 30, ano passado, lançou uma coleção de joias em collab com a marca Ahmi, tornou-se a primeira brasileira com síndrome de Down a desfilar na Brasil Fashion Week e, como influenciadora digital, vem expandindo seus exemplos e histórias. Um talento reconhecido para além de nossas fronteiras. A carioca, hoje vinculada à agência MYND, atendeu TOP MAGAZINE durante uma folga que teve, em Londres, onde esteve no fim de fevereiro desfilando na semana de moda da capital inglesa, na edição do London Represents, na St. John’s Church, no Hyde Park. Entre tantos assuntos, discorreu sobre preconceito que, por vezes, ainda a persegue.


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Pessoas

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Quais eram as diversões que mais entretinham você, Maju, durante a infância e também na adolescência? Quais lembranças dessas duas fases ainda estão presentes dentro de ti? Sempre amei tudo relacionado à moda e arte. Eu amava pegar as roupas de duas bonecas que minhas irmãs mais velhas (Larissa e Ana) tinham em tamanho real, montar looks e desfilar para a família. Vivia me pintando também, pegava as maquiagens escondida para passar. Amava desenhar vestidos e looks bem fashion e coloridos também. E, hoje, vivo isso intensamente na minha carreira. Tudo respira moda e arte e sou muito feliz. Quando tomou conhecimento de que era portadora da Síndrome de Down? E como passou a encarar a vida a partir dela? Desde pequena meus pais ensinaram a mim e às minhas irmãs sobre a Síndrome de Down. Eles sabiam que nós lidaríamos com muito preconceito, rejeição e reações negativas. Sempre trabalharam para nos conscientizar de que nada de cruel que falassem sobre mim seria verdadeiro e que a minha deficiência não me limitava e nem fazia de mim uma pessoa inferior. Eu não tenho problema com a Síndrome de Down até porque ela não é tudo que as pessoas podem saber sobre mim: tem muito mais! Posso me identificar com pessoas bem diferentes e encontrar um pouquinho de mim em cada uma delas. Todos somos diferentes uns dos outros. Vivo a minha vida com coragem, fé, muito amor, gratidão a Deus, e não por causa da minha deficiência, mas por uma escolha diária.

Você chegou a entrar em coma, por exemplo, por causa de uma meningite. Poderia contar alguns revezes de saúde marcantes e como os encarou, por favor? Sim. Foi em setembro do ano passado. Mas antes disso, eu tive muitas crises de pneumonia, em torno de 20, e por conta disso vivia internada no hospital. Também precisei operar o coração com 13 anos de idade, precisando paralisar toda a minha vida por uma quarentena de dois anos em função do pré e pós -operatório. Todas essas questões de saúde de alguma forma acabaram interrompendo uma relação que já era precária com a escola e com as terapias e isso dificultou muito o meu desenvolvimento. Mas ao mesmo tempo, superar esses desafios intensificou a minha fé em Deus e a minha coragem para lutar e viver os meus sonhos. No meio das tempestades a gente sente medo, mas eu sabia que Deus cuidava de mim e sempre lembrava meus pais disso. O sonho de ser modelo, pelo que pesquisei, surgiu em um episódio de crise depressiva na qual você se encontrava. Poderia detalhar mais esse momento pelo qual passava e que acabaria sendo o start, a virada de chave, que a colocaria em outro patamar? Desde criança eu sonhei com essa carreira. Mas achávamos que seria muito difícil ser levada a sério justamente no mercado mais excludente e padronizado de todos. Foi durante uma fase presa em casa sem perspectivas que eu fiquei bem mal. E a minha mãe também, porque sentia culpa por não conseguir me proporcionar o que ela desejava. Eu não conseguia mais

“Desde criança eu sonhei com essa carreira. Mas achávamos que seria muito difícil ser levada a sério justamente no mercado mais excludente e padronizado de todos”


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FOTO DANIELA LUQUINI


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“Sei que a minha vida é testemunho de que não existe impossível quando tentamos. E mais: desafios podem ser superados”


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me matricular em escola porque nenhuma aceitava. A minha mãe queria me alfabetizar, me ajudar a me desenvolver, mas com o preconceito e a questão financeira foi ficando cada vez mais difícil. Ela orava todas as noites pedindo a Deus uma orientação para ajudá-la a mudar a minha vida. Um dia, virando mais uma noite, ela rolou o feed e entendeu como um sinal uma foto no Instagram falando sobre uma seletiva para orientação de carreira artística. Ela sabia que eu desejava ser modelo e decidiu me inscrever. Como foi a saga que teve de encarar para ser aceita por uma agência? Na real, eu nunca cheguei a ser aceita para fazer parte do casting de uma agência de modelos. Eu entrei em um curso de modelos (o melhor do Rio) e, hoje, faço parte de uma agência de publicidade. Mas a minha mãe é a minha empresária, a pessoa responsável pela minha entrada definitiva no universo da moda, dos desfiles e das semanas de moda. Como analisa o início da sua carreira? Quais as maiores dificuldades que teve de encarar? Não foi nada fácil. Muitas pessoas glamourizam a profissão e, se você for uma pessoa com deficiência, esse olhar é ainda mais intenso. Elas nunca enxergam o seu potencial de fato e mesmo depois de muita luta, estudo, sacrifícios e investimentos, ainda preferem acreditar que foi uma mágica, ou um favor feito por alguém. Eu estudei como todas as outras modelos que são profissionais e se dedicaram para trabalhar. Eu lutei pelo diploma, precisei subir degraus a mais para provar que era capacitada para trabalhar no que escolhi. Todo esse olhar limitado é fruto do capacitismo, daquela ideia de que pessoas com deficiência não têm

potencial e autonomia para escolherem e exercerem suas profissões. Os comentários de ódio que, hoje, chegam até você, Maju, se referem a quais tipos de ataques? Poderia exemplificar o que essas pessoas dizem? E quais foram algumas das suas reações frente a alguns ataques? Todos comentários são muito pesados, na verdade, e nem sempre vale a pena reproduzir. Às vezes, compartilho nas redes sociais como um alerta de que não aceitamos esse tipo de comentário. Na maioria, porém, ignoro, sei que não são verdades sobre mim e sim sobre algo passageiro que essas pessoas enfrentam. Eu me posiciono para lembrar que isso é crime e as pessoas não podem sair falando o que bem entendem, né? Tento não ler esses comentários porque são bem cruéis. Qual tipo de limitação imputada pelo preconceito que mais a chateia (chateou) ou a tira do sério? E por quê? São muitas. Desde que nasci tenho ouvido de pessoas e até médicos previsões muito negativas a respeito da minha vida. Dizem que não posso ter autonomia, que não posso ir muito longe, que serei uma eterna criança. Muitas pessoas não me levam a sério como profissional. Não me chateia somente em nível pessoal. Pensar que se trata de uma previsão feita a muitas pessoas com deficiência é decepcionante, porque quem a faz nem se dá ao trabalho de nos conhecer melhor, de nos ouvir. Não nos dão oportunidades, portanto. Você poderia, por favor, discorrer um pouco sobre o fato de o preconceito ser mais limitante, muitas vezes, do que uma síndrome? As pessoas querem assumir algo sobre nós sem nos conhecer. São feitas comparações e previsões e


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são geradas expectativas injustas como se todos fôssemos iguais e tivéssemos o mesmo tempo. Precisamos compreender a singularidade de cada um e respeitar isso. Quando não são oferecidas oportunidades para alguém mostrar o que é capaz de fazer e os potenciais capazes de serem desenvolvidos, acabamos automaticamente anulando essa pessoa. E geramos uma perspectiva errada de que ela que não corresponde àquela expectativa. Na verdade, não temos a chance de mostrar algo por conta do preconceito e não por causa nossa deficiência. A ausência de representatividade no mercado de pessoas com a síndrome que a acometeu e também de outras provoca/provocou quais tipos de pensamentos, análises, de você e da sua família sobre o fato? Quando você não se vê representado no mundo afora começa a se questionar se há algo de errado com a gente. Você sabe que não é igual a todo mundo, mas vê muitas pessoas se identificando, em algum nível, com uma propaganda, um personagem, um boneco, um filme. E ainda assim você não consegue se enxergar em nada que consome. Começamos a achar que não pertencemos a esse lugar e precisamos mudar para encaixar de alguma forma. A minha família teve consciência de que a falta de representatividade era fruto do preconceito quando começaram a viver experiências frente ao preconceito comigo. Essa foi uma consciência que eles desenvolveram muito rápido. Por isso entendiam a raiz do problema e sabiam que solucioná-lo não seria difícil. Como você enxerga, convive, com marcas que se aproveitam de pessoas que possuem alguma deficiência com o intuito de ganhar a chancela de inclusivas? Às vezes, tento enxergar isso como uma oportunidade da marca de

mudar a sua visão. Muitas vezes a intenção não é boa, mas pode surgir uma porta e essas marcas terem um contato real com pessoas com deficiência. Como a gente precisa da prática para aprender, necessitamos também do convívio para conhecer e muitas vezes esse pode ser o único ponto de encontro “orgânico” entre a marca e um PcD (Pessoa com Deficiência). Ainda assim é cansativo ver esse comportamento se reproduzir com tanta naturalidade. Já estamos em uma fase na qual todos têm condições de aprender e compreender o assunto da diversidade e isso ser um dever e direito de todos. Qual a grande missão você enxerga que tem corrido atrás para cumprir nessa existência, nessa vida, Maju? Eu não vim com a missão de ensinar algo a alguém. Isso é uma consequência que todos enfrentamos quando convivemos com alguém diferente da gente. Ensinamos e aprendemos algo. Deus tem me usado para mostrar que toda vida tem um valor, que todo ser é único e que todos merecemos ser ouvidos e amados. A fé nos leva longe e ter as pessoas certas ao nosso redor nos impulsiona. Sei que a minha vida é testemunho de que não existe impossível quando tentamos. E mais: desafios podem ser superados. Como se enxerga nesse mundo e qual a maior das belezas que habita em você, Maju? Como alguém que quer aproveitar cada oportunidade de felicidade que estiver disponível. Seja trabalhando, com as pessoas que amo, sozinha. A felicidade é simples, acessível e possível. Podemos fazer tudo com amor porque o mundo depende do amor para funcionar. Podemos amar sem medo, amar o que fazemos, quem somos. Amar não faz mal a ninguém. O amor nos impulsiona, encoraja e tira da nossa zona de conforto.


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“Desde pequena meus pais ensinaram a mim e às minhas irmãs sobre a Síndrome de Down. Eles sabiam que nós lidaríamos com muito preconceito, rejeição e reações negativas”


“ U MA VEZ SON H E I E M TORNAR- M E NO PILOTO MAIS R ÁPIDO. HOJ E , SOU U M PILOTO DE M U DANÇA . SOU U M G R AN DE PILOTO.” LE WI S H A M I LTO N , 7 V E Z E S C A M P E ÃO M U N D IA L D E FÓ R M U L A 1 TM


THE BIG PILOT.

BIG PILOT 43 Ousado, icónico e genuíno: o Big Pilot é o relógio de eleição para indivíduos movidos pela paixão, objetivos e desejo de criar. Pela primeira vez, o relógio de aviador mais essencial da IWC está disponível numa caixa de 43 milímetros, combinando a pureza do design original do painel de instrumentos do cockpit com uma ergonomia superior e uma versatilidade acentuada.


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MONA LISA – LEONARDO DA VINCI (1503 A 1519)

Museu do Louvre – Paris, França

Leonardo da Vinci foi um artista perfeccionista e trabalhou obsessivamente em sua Mona Lisa para conquistar o olhar intenso e o sorriso enigmático que até hoje intrigam seus admiradores. É a pintura mais famosa de todos os tempos, com infinitas releituras na literatura, cinema e moda. Sua fama é enraizada em diferentes fatores, que incluem as técnicas revolucionárias que criam efeitos de sombra e luz; e o roubo de 1911 que a deixou desaparecida por dois anos e levou sua imagem a noticiários do mundo inteiro. Mas o estrelato não vem sem agruras. Mona Lisa já foi alvo de diversos ataques – de banho de ácido à borrifada de tinta vermelha. Hoje, repousa mais tranquila por trás de um vidro blindado, sob os olhares e selfies dos visitantes, que somam cerca de dez milhões, todos os anos.


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Clássicos atemporais UMA SELEÇÃO DE PINTURAS QUE ATRAVESSAM GERAÇÕES E ENCABEÇAM AS LISTAS DE OBRAS MAIS FAMOSAS DE TODOS OS TEMPOS Por Camila Lara Fotos Divulgação

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São milhares – talvez milhões – de obras de arte que passam por nossos olhos ao longo da vida, seja nos corredores de museus renomados ou no feed do Instagram. A maioria cai inevitavelmente no esquecimento após um breve momento de admiração ou desinteresse. Algumas poucas têm o poder de penetrar a memória. Ainda mais raras são aquelas que ultrapassam todos os limites temporais e geográficos ao conquistarem lugar cativo no imaginário coletivo. O que faz a fama de algumas enquanto tantas outras estão fadadas ao anonimato? A receita exata do sucesso é uma incógnita. Certamente, leva boa dose de inovação, grandes porções de primor técnico e pitadas generosas de senso estético. Porém, determinar pesos e medidas é tarefa impossível. Já que a arte é uma forma de expressar o que não cabe em palavras, é seguro dizer que quando uma obra ecoa durante séculos nas mais variadas sociedades, é porque carrega mensagens universais. Ainda que a trilha para a fama nem sempre se explique, o que se pode afirmar com convicção é que um dos grandes triunfos da arte é seu caráter inesgotável. Mesmo as pinturas mais celebradas – excessivamente reproduzidas, analisadas e observadas – podem guardar muitos segredos. Detalhes quase imperceptíveis; histórias desconhecidas sobre sua criação; novas interpretações ou, simplesmente, a emoção que desperta em você.


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A ÚLTIMA CEIA – LEONARDO DA VINCI (1495 A 1498)

Convento Santa Maria delle Grazie – Milão, Itália

Há mais de cinco séculos, o enorme afresco embeleza o antigo refeitório do convento e representa a última refeição de Jesus Cristo. Nas mãos de Da Vinci, a temática corriqueira ganha toques inovadores que a elevaram ao status de obra-prima universal. O mestre renascentista retrata o momento em que Cristo revela haver um traidor entre eles, eternizando apóstolos expressivos e uma atmosfera caótica. Da Vinci não foi tão assertivo na técnica de pintura escolhida e rapidamente a obra mostrou sinais de deterioração. Ainda assim, resistiu à inevitável ação do tempo; a duas guerras; e à tropa de Napoleão, que usou o local para treinamento de tiro. Entre trancos, barrancos e restaurações – algumas desastrosas, outras minuciosas – a obra segue firme e ainda arranca suspiros.


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Onde está Judas Iscariotes? É o quinto apóstolo, da esquerda para a direita, o único representado com o rosto parcialmente encoberto por uma sombra


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Cultura

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A NOITE ESTRELADA – VINCENT VAN GOGH (1889)

Museu de Arte Moderna (MoMA) – Nova York, Estados Unidos Apesar de reconhecido hoje como um dos principais nomes da arte ocidental, Van Gogh não testemunhou o próprio sucesso. Em vida, vendeu uma única pintura e passou seu último ano em um asilo psiquiátrico em Saint-Rémy-de-Provence, no sul da França. Ali, concluiu mais de 150 pinturas, dentre elas uma de suas obras mais celebradas: A Noite Estrelada. Em contraste com o céu turbulento – reflexo de seu estado psicológico agitado – e o vilarejo pacato, historiadores identificaram a representação de Vênus, à direita da árvore. Em carta a seu irmão, Van Gogh relata que passava horas admirando o brilho intenso do planeta e estudos comprovaram que, de fato, Vênus estava bem visível na primavera de 1889.


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O GRITO - EDVARD MUNCH (1893)

The National Museum – Oslo, Noruega (a partir de junho/2022) Uma das obras pioneiras do expressionismo, O Grito transmite angústia e solidão, com as cores escuras e traços sinuosos do personagem principal. Escrita à lápis no canto da tela, a frase “só poderia ter sido pintada por um louco” intrigou pesquisadores durante mais de um século: ato de vandalismo ou mensagem secreta do pintor? Após longos estudos, o mistério foi revelado em 2021. A inscrição foi feita pelo próprio Munch após a primeira exposição da obra, quando ele sofreu com as duras críticas e questionamentos sobre sua sanidade mental. Ironia ou expressão de sua fragilidade? Não sabemos. O que fica claro, porém, é que a sua representação da ansiedade humana é tão atemporal que conquistou fama mundial e diversas releituras na cultura pop contemporânea – dos filmes de terror Pânico ao emoji assustado.


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GUERNICA – PABLO PICASSO (1937)

Museu Reina Sofia – Madri, Espanha Profundamente impactado com o bombardeio na cidade espanhola Guernica, em 1937, Picasso decidiu retratar os horrores da guerra na obra que preparava para a Exposição Internacional de Paris. O sofrimento, a angústia e o desespero da população transparecem nos personagens com estética cubista em tamanho colossal – o painel tem quase oito metros de extensão. A paleta monocromática faz referência às fotografias veiculadas nos jornais da época, enquanto o touro e o cavalo simbolizam ícones da cultura popular espanhola, desrespeitados impiedosamente pelos ataques violentos. A obra se tornou símbolo mundial da paz e um potente manifesto antiguerra.


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Quando uma obra traduz com maestria um sentimento universal, pode reverberar durante séculos e permanecer sempre atual


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O BEIJO – GUSTAV KLIMT (1907 A 1908)

Museu Belvedere – Viena, Áustria

Inspirado por mosaicos bizantinos, Gustav Klimt incorporou folhas de ouro em muitas de suas telas e criou a obra mais icônica de sua carreira, O Beijo. Praticamente em fusão, os dois corpos podem ser diferenciados pelas estampas de suas roupas – formas retangulares que simbolizam a masculinidade; flores e figuras arredondadas que remetem à fertilidade. A tela gera interpretações ambíguas: enquanto alguns veem a representação romântica de um casal no auge da intimidade, outros enxergam o retrato da dominação masculina. Ainda que replicada à exaustão, a tela original permanece impressionante. Seu tamanho grandioso – 1,80m x 1,80m – e o brilho inimitável das folhas de ouro, exercem fascínio imediato em quem a vê pessoalmente.


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O NASCIMENTO DE VÊNUS – SANDRO BOTTICELLI (1485) Galleria degli Uffizi – Florença, Itália A pintura mais antiga desta seleção, ícone do renascimento italiano, é inovadora em diversos quesitos. A começar pela técnica: foi a primeira pintura sobre tela da Toscana, que até então conhecia apenas pinturas em paredes ou madeiras. A temática é também vanguardista. Em uma época na qual cenas bíblicas eram privilegiadas, Botticelli retrata um episódio da mitologia e uma das primeiras mulheres nuas da história da arte. Emergindo de uma concha, Vênus, a deusa do amor, é recebida pela deusa da primavera com um manto florido e, à esquerda, pelos deuses dos ventos que assopram rosas em sua direção.


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A CRIAÇÃO DE ADÃO – MICHELANGELO (1508 A 1512) Capela Sistina – Vaticano Exímio arquiteto, escultor e pintor, Michelangelo foi definitivamente um dos grandes gênios de seu tempo. Relutou em aceitar o convite do Papa Julio II para adornar o teto da Capela Sistina, no Vaticano, mas acabou cedendo às insistências e pintou importantes passagens bíblicas com impressionante riqueza de detalhes. A Criação de Adão é o mais famoso dos afrescos da capela e retrata o momento exato em que Deus criou o homem “à sua imagem e semelhança”. Análises mais recentes da obra apontam que o manto vermelho tem o formato de um cérebro e poderia ser uma simbologia para o racionalismo – teoria que faz sentido, já que Michelangelo era fascinado pela anatomia humana.


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Pinturas grandiosas são inesgotáveis. Ainda que exibidas aos montes, guardam sempre novas interpretações ou descobertas por trás de suas pinceladas

MOÇA COM BRINCO DE PÉROLA – JOHANNES VERMEER (1665) Mauritshuis – Haia, Holanda Conhecida também como “Mona Lisa holandesa”, a tela mais famosa do pintor holandês é rodeada por mistérios. Não há nenhum vestígio sobre quem seria a garota retratada, nem mesmo se ela realmente existiu. Seu traje também é uma incógnita, já que turbantes não eram comuns naquela época. Até o adereço que dá nome à pintura levanta dúvidas: escaneamentos com luz infravermelha e análises recentes realizadas por especialistas do museu Mauritshuis – que abriga a obra desde 1901 – revelam que o famoso brinco de pérola pode ser uma ilusão de ótica. A joia não tem contornos claros, apenas singelas pinceladas brancas, tampouco gancho que a pendure na orelha da moça.


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FOTO RENATO AMOROSO

Sebastião, um homem necessário SEBASTIÃO SALGADO É UMA DAQUELAS PESSOAS NECESSÁRIAS AO MUNDO. NÃO APENAS POR SER UM DOS MAIORES NOMES VIVOS DA FOTOGRAFIA DOCUMENTAL E TER RECEBIDO TODOS OS PRÊMIOS E CONDECORAÇÕES POSSÍVEIS NO CAMPO DAS IMAGENS. Por Fernanda Ávila Fotos Divulgação

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Não só por registrar todas as maiores atrocidades cometidas pelo homem e as paisagens naturais mais bonitas do mundo em fotografias monumentais. Também não somente por colocar o dedo nas feridas abertas de uma sociedade que destrói o planeta, apaga sua memória, dizima e desloca populações inteiras em nome de causas bem pouco nobres. Sebastião é necessário porque faz tudo isso, além de arregaçar as mangas e colocar seu olhar, seu trabalho e a sua vida à disposição da proteção do Planeta Terra. Nascido em 1944 na cidade de Aimorés, Minas Gerais, foi criado em meio à natureza e formou-se em economia. Começou a fotografar aos 30 anos, demorou para aderir à fotografia digital e nunca abandonou o preto e branco em seus projetos autorais. “Meu mundo é preto e branco, eu vejo em preto e branco, eu transformo todas essas gamas maravilhosas de cores – e eu acho a cor muito bonita – em gamas maravilhosas de cinza. O preto e branco é uma abstração, é uma forma que eu tenho de sair de um mundo e entrar em outro para poder trabalhar o meu sujeito fotográfico, poder dedicar tempo à dignidade das pessoas”. Foi assim que ele explicou a escolha para a rádio RFI, da França, país que escolheu para morar desde 1973, ano em que iniciou sua carreira na fotografia. Para além da denominação documental, seu trabalho é classificado como humanitário. Junto com Lélia Wanick Salgado - sua companheira de vida, editora, curadora e cenógrafa de seus livros e exposições - criou o Instituto Terra na década de 1990 para trabalhar na recuperação ambiental de parte da Mata Atlântica, no Vale do Rio Doce, estado de Minas Gerais. O casal devolveu à natureza um terreno que se tornou reserva natural. Hoje, o Instituto abriga uma floresta rica em várias espécies da flora e da fauna e desenvolve também o programa Olhos D’ Água, voltado para a recuperação, proteção e preservação dos recursos hídricos, que recupera dezenas de milhares de nascentes. Como se isso ainda fosse pouco, Salgado também tem contribuído com organizações humanitárias como o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), a Organização Mundial da Saúde (OMS), a ONG Médicos sem Fronteiras e a Anistia Internacional, entre outras.

Sebastião e Lélia Salgado criaram, na década de 1990, o Instituto Terra para trabalhar na recuperação ambiental de parte da Mata Atlântica, no Vale do Rio Doce


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Seu olhar para as questões humanitárias e relação com a natureza tem sido a base de seus trabalhos há décadas. Em 1993 ele publicou Trabalhadores, uma arqueologia da era industrial, para prestar uma homenagem ao trabalho realizado com a força do corpo, que, com a revolução industrial e tecnológica, cedeu espaço ao desempenho de máquinas e computadores. Em Êxodos, Sebastião Salgado tratou da temática dos deslocamentos migratórios, resultado de viagens que fez entre os anos de 1993 e 1999. Gênesis, trabalho iniciado em 2004 e publicado em 2013, traz imagens de diversos locais do planeta em que o ser humano se tornou o principal agente da vida e da paisagem, conectando-se completamente com a natureza. Sua mais nova exposição, Amazônia, que já passou por Paris, Roma e Londres, está agora em São Paulo.

Sebastião Salgado é Embaixador da Boa Vontade da UNICEF e membro honorário da Academy of Arts and Sciences dos Estados Unidos. Recebeu inúmeros prêmios de fotografia e foi objeto de distinções, incluindo: Grand Prix National (Ministério da Cultura, França)


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A Amazônia pelo olhar de Salgado A exposição Amazônia, que fica em cartaz no Sesc Pompeia até o dia 10 de julho, exibe o resultado de sete anos de experiências e expedições fotográficas na Amazônia brasileira. Para realizar esse projeto, o fotógrafo passou longas temporadas junto com doze comunidades indígenas, navegou no gigantesco Rio Amazonas e seus afluentes e sobrevoou a floresta com suas fronteiras montanhosas mais áridas. O resultado é uma exposição imersiva com mais de 200 imagens, criação sonora composta pelo músico francês Jean-Michel Jarre a partir dos sons concretos da floresta, vídeos com depoimentos de personalidades indígenas e uma atmosfera que convida os visitantes a refletirem sobre o futuro da biodiversidade e a urgência na proteção dos povos originários. Idealizada e concebida por Lélia, a mostra é estruturada para promover um mergulho no coração da Amazônia. “Quis criar um ambiente em que o visitante se sentisse dentro da floresta, se integrasse com sua exuberante vegetação e com o cotidiano das populações locais”, explica Lélia. As imagens, em vários formatos, estão suspensas em diferentes alturas para simular a posição do fotógrafo no momento do clique. No centro da exposição há espaços que lembram as ocas indígenas, para evocar a vida humana no coração da floresta. De acordo com Sebastião Salgado, “Esta exposição tem o objetivo de alimentar o debate sobre o futuro da floresta amazônica. É algo que deve ser feito com a participação de todos no planeta, junto com as organizações indígenas”. Salgado conta que, para fotografar os indígenas, improvisou estúdios para as sessões de retratos sob a sombra das árvores. Por onde andava, carregava uma grande sacola com uma tela para servir de fundo e uma lona para cobrir o solo e proteger da umidade. “Essas fotos mostram os indígenas em toda sua beleza e elegância únicas, separando-os da exuberância da floresta. Por vezes, se vestiam para a ocasião, e aqui ‘vestir’ significa pintar o corpo, usar cocar de penas e segurar um macaco ou uma arma. Normalmente, muitas das atividades de uma comunidade indígena ocorrem em campos de pesca ou caça, longe das aldeias. Mas ao seu retorno, durante seus dias de repouso, eu ficava o dia todo sentado perto do estúdio, esperando que, aqueles que quisessem, viessem ser fotografados desta forma especial.” Como aconteceu em outros trabalhos do fotógrafo, a série de imagens está registrada em um livro-arte, de 528 páginas, editado por Lélia e publicado pela Taschen. De São Paulo, a exposição Amazônia segue para o Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro e depois para Belém e outras capitais do país.

“Essas fotos mostram os indígenas em toda sua beleza e elegância únicas, separando-os da exuberância da floresta”

FOTO SEBASTIÃO SALGADO

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FOTO SEBASTIÃO SALGADO

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A exposição em números 210 imagens. 10 comunidades indígenas fotografadas. 7 filmes com testemunhos de personalidades indígenas. 1 partitura musical de Jean-Michel Jarre de 50 minutos composta a partir de arquivos sonoros coletados por uma rede de etnólogos internacionais. 2 projeções acompanhadas de uma composição musical de Rodolfo Stroeter e do poema sinfônico Erosão, de Heitor Villa-Lobos. 1 instalação aérea de fotos suspensas que lembra os visitantes sobre a imensidão da floresta. 3 ocas inspiradas em habitações comunitárias de indígenas contendo filmes e fotografias. 1 espaço dedicado ao Instituto Terra. Serviço Até 10 de julho de 2022 Terça a sábado, das 10h às 21h Domingos e feriados, das 10h às 18h. Grátis. Sesc Pompeia – Rua Clélia, 93 *Todas as crianças de 5 a 11 anos devem apresentar comprovante de vacinação contra a Covid-19 para acesso às unidades do Sesc SP. Para maiores de 12 anos, a comprovação também é obrigatória, evidenciando duas doses ou dose única. O uso da máscara é obrigatório.


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A série de imagens está registrada em um livro-arte, de 528 páginas, editado por Lélia e publicado pela Taschen. De São Paulo, a exposição Amazônia segue para o Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro e depois para Belém e outras capitais do país


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Brutalidade elegante DESIGNER AUTODIDATA, RODRIGO EDELSTEIN EMPREGA PROCESSOS INDUSTRIAIS EM PROJETOS QUASE ARTESANAIS

foto miro


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PorVivian Monicci Fotos Divulgação

Quando falamos em produção industrial, imediatamente vem à mente a ideia de fábrica, repetição em larga escala. Mas, para o designer autodidata brasileiro Rodrigo Edelstein, de 43 anos, este é apenas o ponto de partida. Com raízes na metalúrgica de seu avô no Ipiranga, em São Paulo, Edelstein tem o aço como matéria-prima principal de suas criações, que são quase artesanais. É sócio fundador da EDEL-STEIN, marca que traduz sua paixão pelo chão de fábrica, e não quer ser colocado na prateleira do design industrial. Como foi sua trajetória profissional até aqui? Eu sou designer autodidata e meu primeiro emprego foi aos 16 anos na metalúrgica do meu avô. Mais para frente, aos 30 e poucos anos, surgiu a oportunidade de empreender dentro da empresa. Nós produzíamos filtros em aço inox para variados tipos de indústria, de papel e celulose, de cana de açúcar. Comecei fazendo um reaproveitamento desse material e usava o descarte da metalúrgica para desenhar alguns móveis. A partir do momento em que comecei a desenhar, tive uma aceitação boa no mercado nacional e comecei a vender na Micasa – loja que representa o melhor do design nacional e internacional –, em São Paulo. Depois de três anos vendendo com exclusividade para eles, eu saí e fui vender em outras lojas até poder abrir meu primeiro showroom, com o qual fiquei alguns anos. Com a pandemia de Covid-19, voltei a trabalhar em casa atendendo aos clientes através da EDELSTEIN, minha loja online. Qual foi a primeira peça que você fez? A primeira peça que eu fiz e que é a parte mais importante do meu trabalho foi uma intervenção em uma cadeira Thonet – “cadeira de bistrô” criada em 1859 pelo alemão Michael Thonet –, que é de madeira curvada e originalmente recebe o assento em palha indiana. Em 2012, garimpei algumas Thonets, fiz uma restauração superficial e substituí a palha por trama de aço inox. Fiz uma série de

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cadeiras diferentes, todas peças únicas, e uma exposição na Micasa. A partir dessa intervenção, eu comecei de fato a desenhar peças autorais e não parei mais. Sigo com meu estúdio, que leva meu sobrenome. Você trabalha com outros materiais além do aço? Hoje, 99% da produção é com aço, de uma maneira quase artesanal. Já fiz uma coleção usando pedras e agora tem uma coleção nova para sair em que retomo o reúso de materiais. Eu terminei de quebrar algumas pedras que não estavam em perfeito estado, para poder usá-las em peças 100% autorais. É uma coleção bem única e fazia tempo que eu não ficava tão animado. Por enquanto, só tenho uma peça feita, mas todas já estão desenhadas e a produção é relativamente rápida. Devo lançar agora no primeiro semestre, provavelmente em abril. Como é o processo de criação? Minha intenção ao começar era olhar para o ambiente de fábrica – onde eu cresci e que tem muita informação visual, auditiva, tátil, olfativa – e traduzi-lo para os ambientes residencial e corporativo. Queria fazer a síntese de toda essa imagem, tirar todos os excessos e transformar em uma peça leve e simples para o uso cotidiano do cliente final. E eu tive uma boa aceitação nesse sentido. Por ser autodidata e como não tinha conhecimento formal de mobiliário, eu não tinha nenhuma referência externa. Hoje, olho bastante para o design moderno brasileiro, para o que foi feito pelos mestres que nós temos. E como eu nunca fiquei tanto tempo dentro de casa na minha vida, tenho olhado muito para o que me faz falta dentro da minha própria casa, pequenos objetos que ajudam a organizar um pouco melhor o nosso dia a dia e que dão um pouco mais de praticidade. São peças um pouco mais leves, úteis e práticas. Como você define o seu trabalho? Quando eu comecei, eu não tinha a menor ideia do que eu estava fazendo e do que era


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“Eu não estou nessa prateleira do que chamam de design industrial. Se eu tiver que definir o meu trabalho, seria um híbrido entre minimalismo e brutalismo, mas talvez isso soe muito pretensioso”

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design, e me colocaram nessa prateleira do design industrial. Nunca tinha ouvido falar nesse termo e, de repente, o pessoal falava “ah, você faz design industrial”, e eu falava “ah, que legal, deixa eu ver o que é isso”. Quando eu fui ver de fato o que era, fiquei chocado, porque eu absolutamente não me identifico com ele. O que as pessoas chamam de design industrial é uma coisa cheia de excessos que traz informações estéticas do ambiente de fábrica, por pessoas que provavelmente nunca entraram numa fábrica. Eu não sou isso, não estou nessa prateleira do que chamam de design industrial. Se eu tiver que definir o meu trabalho, seria um híbrido entre minimalismo e brutalismo, mas talvez isso soe muito pretensioso. Quem são as suas referências? Eu olho bastante para o Jorge Zalszupin e para o Joaquim Tenreiro. Mas talvez o Geraldo de Barros seja o cara que mais me inspira como designer, porque ele tem uma produção de mobiliário muito múltipla, tanto de peças exclusivas quanto de peças produzidas em série. Ele produziu no seu próprio ateliê, em indústria e tem um trabalho interessantíssimo no campo das artes visuais. Também olho bastante para a arte concreta brasileira e artistas como Mira Schendel, Lygia Pape e Aloísio Magalhães. Quais foram seus momentos profissionais mais marcantes até agora? Houve dois momentos. O primeiro foi ao término dessa primeira série de cadeiras Thonet, que eu fiquei realmente muito emocionado e surpreso com o que eu estava fazendo, porque eu não tinha a menor ideia se aquilo era bom ou ruim, relevante ou não. Aí, uma holandesa curadora de design chamada Lidewij

Edelkoort viu essa peça e me colocou em uma publicação na Bloom Brasil ao lado de designers bastante importantes como Marcio Kogan, Hugo França, Carlos Motta, Ovo. Outro momento foi na inauguração do meu primeiro showroom, quando eu pude ver todas as peças juntas, ordenadas da maneira como eu acreditava, no espaço que eu escolhi. Foi um momento de celebração bem importante com as pessoas que fizeram parte da minha trajetória. Quais são os próximos passos? A EDEL-STEIN é quase uma alfaiataria de mobiliário, faço as peças sob medida e sob demanda. Esse ano, consegui concretizar o plano de sair um pouco do meu estúdio e ter a confiança de uma indústria para conceber uma marca do zero, com uma proposta totalmente diferente do que eu faço. Na Phē, metalúrgica que era fornecedora do meu estúdio, além de fazer toda a concepção da marca, estou fazendo a direção criativa e o design. O mais bacana é que, com isso, posso trabalhar com pessoas que não são da minha área, transmitir conhecimento e consigo atingir um público muito maior e mais jovem. Além de vender mobiliário, a Phē se propõe também a falar sobre design e disseminar o conteúdo. A minha intenção como designer hoje é cada vez mais poder falar sobre design e difundilo, fazer com que as pessoas entendam que o design está em absolutamente tudo que nos cerca. A maioria das pessoas acha que design assinado é elitista, quando, na verdade, o maior objeto de design do mundo, e que é peça do Moma, já esteve na mão de todos nós: a caneta Bic. Não há essa noção de que consumimos design 24 horas por dia. Outro plano que tenho para 2022 é ter um showroom novamente.

“Hoje, 99% da produção é com aço, de uma maneira quase artesanal”


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La Vera Mozzarella DO SUL DA ITÁLIA PARA O INTERIOR DE SÃO PAULO, A TRAJETÓRIA DE UM PRODUTO FRESCO, NUTRITIVO E ABSOLUTAMENTE AMADO – POR LÁ E PELOS GRANDES CHEFS DAQUI Por Fernanda Meneguetti Fotos Divulgação

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Um italiano, em média, consome dois quilos de queijo por mês. Provável que um desses quilinhos seja só de mozarela, o laticínio mais consumido no país. Repete-se por lá o mito de que o oro bianco (ouro branco) da Campânia nasceu como presente de uma ninfa, Baptì-Palìa, que todos os dias tinha a tarefa de ordenhar as búfalas e entregar seu néctar aos deuses do Olimpo. Pouco importa se foi bem assim que surgiu a mozzarella, o que fica é que, como todo grande feito da humanidade, ela se apoia numa lenda. Não à toa, muitos séculos depois, mais precisamente em 1981, ao se formar, o Consorzio di Tutela della Mozzarella di Bufala Campana DOP incluiu essa historinha em seu estatuto. Por coincidência, foi também em 1981 que as primeiras búfalas chegavam à fazenda que hoje acolhe o Laticínio Búfala Almeida Prado, no interior de São Paulo. Entre uma passagem e outra, a mozarela conquistou o paladar de camponeses e, então, de nobres. Entrou por direito nos cardápios de reis e dos papas. Espalhou-se pelas casas de todos os italianos. Na década de 1990, ganhou fama no Brasil – e, sim, virou um suprassumo junto ao famigerado tomate seco e um punhado de rúcula.


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Foi então que Maria Cecília de Almeida Prado teve um insight: por que não produzir a iguaria com o leite de suas bufalinhas? Até então, toda a produção abastecia o café da manhã da família, sobrava para a manteiga, a coalhada e uns queijinhos caseiros, de vez em quando um arroz doce ou um doce de leite, sempre para o café da tarde. “Sou alérgica a leite de vaca. Quando meus filhos nasceram, eu não conseguia amamentar e fiquei muito frustrada. Não queria dar leite de vaca porque para mim já não era bom. Aí descobri o leite de búfalas e comprei duas e um tourinho”, conta a mãe de quatro e do laticínio. “Eu nem sonhava em ter uma fábrica, mas as búfalas são muito produtivas e o leite foi aumentando, foi sobrando e comecei a fazer uns queijinhos em casa. Os amigos gostavam, comecei a vender em alguns empórios e devagarinho a coisa foi crescendo”. A bem dizer, o crescimento acompanhou a popularidade das bolas de mozarela deste lado do Atlântico. Ao pé da letra, o termo “mozza” explica o seu processo de fabricação: o leite é aquecido e centrifugado e a pasta filada resultante é cortada em pequenos pedaços à mão. A pasta é “mozzada” e, portanto, de maneira natural, guarda a conotação artesanal, intimamente ligada ao território de origem do leite de búfala do qual deriva. Isso vale para a Campânia italiana, isso vale para Bocaina, ao ladinho de Jaú, no centro paulista. Longe de querer desrespeitar uma ninfa, não custa mencionar que as origens da mozarela se vinculam à disseminação de búfalos de raça mediterrânea no sul da Itália, durante as invasões de mouros e sarracenos, no século 11. Esses animais transportaram o material para fortificar as muralhas de Salerno e, na sequência, estimularam a arte leiteira de região. Por aqui, não há lenda e nem fato que sustente a associação Ilha do Marajó e mozarela brasileira, ainda que seu rebanho da raça carabao tenha sido pioneiro no país. Já na Fazenda Rio Pardo, onde fica a Búfala Almeida Prado, a raça não é nem uma e nem outra, mas a murrah, originária da Índia. “Fiz essa escolha por uma identificação, faço yoga, meditação, sou lactovegetariana, então, tenho uma afinidade maior. A búfala é um animal muito conectado ainda e harmônico à natureza”, justifica Maria Cecília. Todo dia cedinho, ao caminhar pelos pastos, registra suas observações: “Elas são extremamente perceptíveis e delicadas: não gostam de vento, gostam de uma sombra e isso a gente faz questão, que elas sejam tratadas como gostam, com tranquilidade”. Nessa toada, ao som de música clássica, os animais são ordenhados e o leite A2A2, hipoalergênico e de altíssimo valor nutricional, vai direto ao laticínio. Ao comando do maestro casaro, é distribuído entre mozarelas, assim como burratas, ricota e requeijão. Como o pai, Filipe Paulino é queijeiro desde que se entende por gente, mas foi por meio da mozarela que descobriu o orgulho pelo ofício.

“Mozza” remete à produção: o leite aquecido até obter uma pasta filada e, então, “mozzada” – ou cortada à mão


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“A inspiração sempre foram os queijos napolitanos da região de Caserta. Inclusive, fomos para lá, trouxemos gente de lá várias vezes e o maquinário também”, explica Cecília. Numa dessas viagens, Filipe teve a chance de vivenciar laticínios familiares. Importou consigo mais técnicas, novos planos e sobretudo a compreensão do que é la vera mozzarella: “Não foi só entender que mozarela com leite de vaca não existe, ou melhor, tem que ser chamada de fiordilatte. Foi perceber a importância de estar sempre com a mão e o coração na massa para que ela tenha o ponto certo, o frescor, a suculência. Coisas que a única máquina capaz de fazer é a do homem”. A confissão traduz o processo na Almeida Prado: leite recém-ordenhado, água muuuuito quente, as mãos de um artesão e paciência para deixála descansar. Nenhum refino ou conservante é necessário, mas o ideal é que ela chegue o mais rápido possível à mesa. De tão fresca, aliás, o armazenamento da mozarela pode ser um problema. Antigamente, por exemplo, ela era consumida na hora pelos próprios produtores e por sua família nas horas seguintes. Senão, era defumada, aumentando sua vida útil e facilitando o comércio. Hoje, a potência dos refrigeradores e embalagens hermeticamente fechadas com soro dão um empurrãozinho a mais. Claro, a tecnologia ajuda, porém, o processo é humano. À exceção da parte da massa láctea que segue às moldadeiras italianas e sai em bolotas de 10, 20, 50 ou 100 gramas. As bolonas de 200 gramas, por sua vez, são todas formatadas à mão, colocando as palmas do queijeiro à prova literalmente de fogo.

As búfalas são extremamente perceptíveis e delicadas: não gostam de vento, gostam de uma sombra e de tranquilidade


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Esses exemplares vão parar em cozinhas de chefs exigentes, como Erick Jacquin e André Guidon, pizzaiolo da Leggera, presidente da Associação Verace Pizza Napoletana no Brasil e neto de queijeiros. Uma mozarela igualmente pelando é entrelaçada por Filipe para Antonio Maiolica, chef do Alto Cucina e natural da região da Campânia. Cada trança entregue é única e une em si os aromas das pastagens, a força da tradição e a beleza dos gestos. A mesma pasta enfrentada pelo mestre queijeiro é esticada pelas mulheres que preparam as burratas usadas por Alex Atala, Felipe Bronze, Helena Rizzo e Carla Pernambuco e que já estão no novo Rosewood. Luca Gozzani, do Fasano, e Salvatore Loi, do Modern Mamma Osteria, por sua vez, foram à fazenda desenvolver suas próprias receitas, adequando a espessura da capa de mozarela e da quantidade de filamentos embebidos em creme de leite de seu interior. Mais do que uma lista de poderosos chefões, ou melhor, para chegar a esse mailing, a Almeida Prado teve de trazer e manter o padrão de qualidade dos queijos italianos, o que vira e mexe é averiguado pelo consulado da Itália em São Paulo e pela Italcam (Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio, Indústria e Agricultura).

A receita da Almeida Prado: leite recém-ordenhado, água muito quente, as mãos de um artesão e paciência para deixar a mozarela descansar


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No trânsito, sua responsabilidade salva vidas. O novo Kia Stonic une o melhor do motor a combustão com a modernidade da eletricidade. Sistema híbrido com motor 1.0 Turbo Smartstream de 120 cv movido a combustível e eletricidade, com frenagem regenerativa. Menor emissão de poluentes, maior economia e sustentabilidade. Câmbio automático de 7 velocidades com embreagem dupla. Assistente de partida em subidas (HAC). Freios a disco nas 4 rodas e 6 airbags para maior segurança. Sistema Multimídia com tela estilo “flutuante” LCD de 8” (Apple CarPlay® e Android AutoTM).

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Felicidade unplugged A CADA DIA QUE PASSA, MAIS GENTE RECORRE A CELULARES BÁSICOS QUE SÓ FAZEM LIGAÇÕES E MENSAGENS DE TEXTO PARA EVITAR A CHAMADA INTOXICAÇÃO DIGITAL E ALCANÇAR A PAZ DA VIDA OFFLINE


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Por Kike Martins da Costa Fotos Divulgação

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No segundo semestre de 2021, uma empresa polonesa de produtos eletrônicos lançou no mercado internacional seu mais novo celular, o Mudita Pure, um tijolinho com design minimalista, teclado físico e capacidade para fazer ligações telefônicas e enviar mensagens de texto. Só isso. Esse lançamento coincidiu com o do Samsung 22Pro e do iPhone 13, que possuem potentes câmeras de foto e vídeo, armazenam e tocam músicas, filmes e seriados de TV, são equipados com processadores ultravelozes que acessam em milésimos de segundo redes sociais e sites, permitem que o usuário mande e-mails, faça compras, peça comida e contrate os mais diversos serviços – de um prosaico táxi a uma massagem tântrica. Enquanto milhões de pessoas ficam ansiosas para conhecer os novos recursos dos mais avançados smartphones que surfam no 5G, tem gente que prefere mesmo é um “dumbphone” – um aparelho básico, sem tela touch e que execute apenas as tarefas básicas. O Mudita Pure foi criado para esses consumidores que buscam uma certa distância da alta tecnologia. Custa US$ 369, tem uma acanhada telinha monocromática e não roda nenhum tipo de aplicativo. Esse, segundo a empresa, é o segredo do seu sucesso. Ele é a antítese dos reluzentes, multifuncionais e viciantes smartphones, que têm o poder de transformar uma vida pacata em um verdadeiro inferno. A atriz Gloria Pires faz parte do grupo de idealistas que aderiu a esse “detox digital”. Há cerca de um ano, ela desinstalou seu WhatsApp e só se comunica com amigos, familiares e contatos profissionais por meio de telefonemas, SMS ou e-mail. “Minha vida ficou mais fácil, agora o meu tempo sobra”, disse ela em recente entrevista à ‘Folha de S. Paulo’. Segundo o psicólogo Cristiano Nabuco, que coordena o programa de tratamento para a Dependência de Tecnologia no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), “a internet é a cocaína digital”. Segundo ele, três fatores colaboram para ela se tornar um perigoso vício: ela é acessível 24 horas, é barata e permite o anonimato. Em excesso, pode provocar ansiedade, depressão, irritabilidade, esgotamento mental e fobia social. Daí vem essa onda de desconexão e de alienação voluntária. No Brasil, apesar do número de viciados em tecnologia só crescer, este estilo de vida “low tech” ainda é incipiente. A cada ano, são vendidos no país cerca de 45 milhões de celulares. Desses, apenas dois milhões se encaixam no perfil de “dumbphones”. Segundo Gustavo Massette, gerente de produtos da Positivo Tecnologia, uma das principais empresas que apostam nesse segmento, ele possui consumidores de quatro perfis diferentes: tem o pessoal que compra esses celulares porque são os únicos que o seu poder aquisitivo permite; há os que preferem um celular basicão porque não dominam a tecnologia embarcada nos smartphones; tem os que recorrem a esses aparelhos como “estepe”, para usar apenas em um fim de semana ou em uma viagem; e, por fim, existem aqueles que optaram pela desintoxição digital. “Mas este quarto grupo é o numericamente menos representativo aqui no Brasil. E, com a pandemia, os telefones básicos perderam espaço, pois os celulares com redes sociais e recursos como Zoom, Teams e Meets viraram artigos de primeira necessidade”, observa Massette.

Os minimalistas celulares da polonesa Mudita Pure conquistaram adeptos do “detox digital” com suas funções basiconas e seu design clean – a antítese dos multifuncionais smartphones


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A hiperconectividade pode causar depressão, irritabilidade e fobia social. A internet é uma “cocaína digital”: ela é viciante, acessível 24 horas, barata e permite o anonimato


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Tecnologia

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Em sentido horário, a partir do alto: o elegante Light Phone norte-americano; o sérvio O-Phone (que tem o tamanho de um cartão de crédito); e os finlandeses Nokia 8110, com seu visual retrô


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Na Europa e nos Estados Unidos, no entanto, essa filosofia de vida offline segue conquistando novos adeptos. E, por conta disso, os produtos para atender as necessidades desse nicho também vêm se multiplicando. A finlandesa Nokia é uma das empresas que está faturando alto com esse movimento de retorno ao básico. Seu vasto portfólio inclui diversos modelos de smartphones, mas os campeões de vendas são os chamados “feature phones” com ar retrô, como os clássicos ressuscitados 3310, 110, 225 e 8110 (também conhecido com bananafone). Na suíça Punkt Tronics, o carro-chefe é o MP02 – um pequeno paralelepípedo preto com um teclado rústico, de botões enormes e feiosos. “Um celular básico é como um martelo, que só serve para executar um número reduzido de tarefas. Em oposição, os smartphones são verdadeiros canivetes suíços, que têm um monte de utilidades que você nunca usou e talvez jamais use”, explica Petter Neby, fundador e CEO da Punkt. Ainda na Europa, o estúdio sérvio de arquitetura Alter Eggo, em parceria com o designer britânico Jasper Morrison, desenvolveu o O-Phone, um celular tão simples que tem boa parte de seus componentes produzidos em impressoras 3D! Ele, assim como seus similares, só faz e recebe ligações e troca mensagens de SMS. “As pessoas gastam, em média, mais de três horas por dia nos seus smartphones. Isso significa um dia por semana! Se ficarmos menos tempo ligados feito zumbis nesses malditos black mirrors, seremos mais independentes e teremos uma vida mais produtiva”, avalia Morrison. Nos Estados Unidos, o “dumbphone” mais cobiçado é o chinfroso Light Phone, que é do tamanho de um cartão de crédito e tem um design super clean, com um diminuto painel de LCD e um discreto teclado numérico luminoso. Segundo seus criadores, Kaiwei Tang e Joe Hollier, ele é um celular que foi concebido “para ser usado o menos possível”. Além de deixar a vida do usuário mais leve, o nome Light tem também uma explicação mais literal: o aparelhinho pesa apenas 75 g! “O que mais vemos por aí são aplicativos que prometem facilitar as nossas vidas, mas a maioria deles não respeita a nossa privacidade e o nosso tempo. Nem sempre quem está mais conectado é mais feliz. Muitas vezes, é exatamente o contrário. A abundância de recursos dos smartphones tem muito a ver com os exageros desse tempo em que vivemos e com a relação de dependência que muita gente estabelece com a tecnologia. A minimização digital traz paz, autonomia e empoderamento. Se é isso o que você está buscando, não custa tentar: troque seu smartphone por um celular basicão, liberte-se da hiperconectividade e redescubra o valor das coisas simples”, aconselha Kaiwei Tang.

Nem sempre quem está mais conectado é mais feliz. Hoje em dia, muita gente desenvolve uma relação de dependência com a tecnologia. A minimização digital traz paz, autonomia e empoderamento


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Lifestyle

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Sustentáveis, saudáveis e silenciosas NÃO É EXAGERO DIZER QUE A BICICLETA É UM REMÉDIO PARA AS CIDADES E PARA AS PESSOAS. ELA NÃO POLUI, TRAZ MAIS SAÚDE, MELHORA A QUALIDADE DE VIDA, PROTEGE O SEU BOLSO E REDUZ O ESTRESSE E O SENTIMENTO DE SOLIDÃO DE QUEM VIVE NA REDOMA DOS CARROS. NESSES ANOS DE PANDEMIA, O BRASIL VIU CRESCER O MERCADO DE BIKES, E ESPECIALMENTE O DE BICICLETAS ELÉTRICAS, QUE JÁ SÃO UMA REALIDADE EM VÁRIOS PAÍSES. ALÉM DOS BENEFÍCIOS DOS MODELOS CONVENCIONAIS, AS E-BIKES PERMITEM PERCORRER LONGOS PERCURSOS, SÃO RÁPIDAS E ÓTIMAS PARA QUEM NÃO CONTA COM BOA RESISTÊNCIA FÍSICA. CONFIRA NOSSAS SUGESTÕES E EMBARQUE EM UMA MAGRELA ELÉTRICA PARA AVENTURAS E TRAJETOS DE TODOS OS TIPOS! Por Chantal Brissac* Fotos Divulgação

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Cada vez mais a bicicleta se fortalece como meio de transporte nas cidades. No caso dos modelos elétricos, as vantagens são evidentes, pois elas fornecem um fôlego extra na pedalada. Mas o bacana é que o exercício físico continua embutido no pacote. A e-bike é apenas uma assistência ao ciclista, pois é preciso pedalar para o sistema funcionar. A e-bike já é um produto consagrado na Ásia, na Europa e nos Estados Unidos. Dados da LEVA, Associação de Veículos Elétricos Leves, apontam que os americanos importaram 790 mil e-bikes em 2021, bem mais que as 463 mil compradas em 2020. Nos últimos seis anos, a China vendeu mais e-bikes do que carros; e, na Alemanha, bicicletas elétricas são usadas em serviços de courier – uma importante empresa postal alemã já conta com mais de 6.000 bicicletas assistidas em serviço. No Brasil, de acordo com a Aliança Bike, o mercado de bikes elétricas cresceu 24,5% nos primeiros oito meses de 2021, com 43 mil unidades vendidas no país. Estamos ainda engatinhando, mas a tendência é pedalar cada vez mais – e mais rápido. As bikes elétricas são o futuro da mobilidade e aparecem no mercado de forma absolutamente diversificada. Grandes montadoras, como a Mercedes-Benz, a Peugeot e a centenária Harley Davidson, se curvaram aos encantos desse modal sustentável. Nas próximas páginas você poderá conferir o charme retrô do lançamento da Harley, como também outros modelos internacionais. São os seus (nossos) aliados para ganhar tempo e melhorar a qualidade de vida no Brasil, país em que ficamos, em média, 25 dias por ano parados em engarrafamentos.


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E-BIKE HARLEY-DAVIDSON Recentemente, a Harley-Davidson estreou no concorrido mercado de e-bikes com uma linha inovadora, a Serial 1. Os quatro modelos da série são puro charme retrô, com pneus brancos, quadro simples e elegante, selim de couro e pedal assistido. São inspirados na primeira motocicleta da empresa americana, de 1903. A tecnologia, porém, aponta para o futuro. Com bateria removível de 706Wh e autonomia de 185 km, as bicicletas são movidas por um motor de 250 watts de potência contínua e um torque de 9,1 kgfm. Segundo a própria marca, o propósito do lançamento é entregar e-bikes que tornam cada passeio uma aventura. Os preços variam entre US$ 4 mil e US$ 5 mil. www.harley-davidson.com


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FAT BIKE COSWHEEL T20 10 AH Você sabe o que é uma Fat Bike? Como o próprio nome aponta, tratase de uma bicicleta mais robusta, avantajada, perfeita para pedalar em terrenos acidentados. Os pneus e aros são largos e cravejados, o que garante grande aderência. Encaram trilhas pedregosas, neve e areia, mas também fazem bonito no asfalto. A Fat Bike da Coswheel, vendida no Brasil pela Eletricz por cerca de R$ 13 mil, é uma das mais arrojadas do mercado, com quadro em liga de alumínio leve e resistente, bateria que dá autonomia de até 80 km no modo assistido (em que é preciso pedalar) e motor com potência máxima de 500W, que permite atingir uma velocidade máxima de até 45 km/h com total segurança. www.eletricz.com.br


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VANMOOF V Esta e-bike não poderia ter nascido em nenhum outro lugar do que a Holanda, país que tem 17 milhões de habitantes e nada menos do que 23 milhões de bicicletas. Nesse reino da mobilidade sustentável, os criadores não param de criar magrelas modernas e potentes. É o caso desse modelo recém-lançado, primeira bicicleta de alta velocidade da marca. Contando com dois motores, a Vanmoof V está preparada para chegar até 50 km/h. Pneus grossos, suspensão total (dianteira e traseira) e um quadro de alumínio robusto construído para uma condução suave, independentemente da velocidade ou da distância, também fazem parte do pacote. É para se sentir um holandês, que praticamente nasce em cima de uma bicicleta. www.vanmoof.com


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E-BIKE REEVO Ela parece que saiu de um filme de ficção científica, com sua estrutura poderosa e a inédita ausência de raios e garfo nas rodas. Mas não é só o design que impressiona. A Reevo alcança os 40 km por hora e pode ser usada com pedalada assistida por até 37 milhas. A bateria chega a 48V e o motor oferece até 750 watts de potência. A bicicleta conta com um sistema de assistência personalizado que detecta a inclinação da estrada e a força da pedalada, além de sensor de luz ambiente que controla automaticamente os faróis e a luz traseira. Ao anoitecer, sua bike se acenderá. Integrada à tecnologia de smartphones, a Reevo tem proteção antifurto: um microchip no quadro identifica qualquer movimento e envia um alerta para o seu smartphone em caso de tentativas de roubo. Com sua impressão digital você trava ou destrava sua bike, que hoje custa a partir de US$ 2,5 mil. www.reevobikes.com


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TREK POWERFLY 4 Marca líder mundial em tecnologia de mountain bikes, a Trek tem na Powerfly 4 uma opção funcional e confortável, construída com peças duráveis, como uma transmissão Shimano de câmbio suave e um potente motor Bosch. O sistema de bateria integrada removível (RIB) da Trek também é prático: embutido no quadro, é fácil de remover sem ferramentas e permite montar um suporte para garrafa de água. O controlador colorido Bosch Kiox exibe informações sobre o percurso, conecta-se a dispositivos habilitados para Bluetooth e possui um recurso integrado de prevenção contra roubos. Tem bateria adicional que pode dobrar a autonomia de sua bicicleta elétrica, para que você possa ir ainda mais longe. Custa R$ 35 mil. www.trekbikes.com.br


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MOTO PARILLA CARBON EDIÇÃO LIMITADA Essa marca italiana é focada em bicicletas elétricas premium, verdadeiros objetos de desejo, já que a empresa aposta em edições limitadas. As bikes apresentam quadros que misturam fibra de carbono e alumínio, com pneus grossos que proporcionam não apenas um melhor equilíbrio para iniciantes e ciclistas ocasionais, mas também uma melhor aderência e tração nos terrenos acidentados. Graças ao seu incrível torque, o motor de 1.000 W pode oferecer a oportunidade de pilotar em qualquer lugar com prazer e segurança. Com uma edição limitada de 130 unidades, esta bike elétrica tem freios a disco superdimensionados, freios hidráulicos potentes e um grande guidão para garantir uma viagem segura. Cada Moto Parilla apresenta uma pintura à mão diferente, que confere uma identidade especial ao condutor. A pintura artesanal é feita por artistas italianos, que se debruçam durante duas semanas nessa obra da mobilidade sustentável. Ao adquirir o modelo, você também recebe um vídeo da realização desse trabalho criativo. As e-bikes variam de US$ 7 mil a US$ 10 mil. www.motoparilla.it/

*Chantal Brissac, do Pro Coletivo (procoletivo.com.br)


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Novo Mundo O RECÉM-INAUGURADO ANANTARA WORLD ISLAND DUBAI É A BOLA DA VEZ QUANDO O ASSUNTO É HOTELARIA COM MUITOS SUPERLATIVOS E CONFORTOS SEM FIM


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Por Renata Zanoni Fotos Divulgação

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Um mundo totalmente novo, diferente e ainda mais exclusivo (se é que isso é possível) está começando a surgir em um conjunto de ilhas na costa de Dubai. O luxuoso Anantara World Island Dubai marca o início da hotelaria na World Island, que é um conjunto de ilhas construídas para formar uma réplica do mapa mundi, localizada ao lado da cidade de Dubai, que ficou conhecida por suas inovações e atrações inusitadas que atraem a cada ano mais e mais visitantes. A ideia de construir o complexo foi do famoso Sheikh Mohammed bin Rashid Al Maktoum e o projeto ficou a cargo da mesma empresa que fez o Palm Jumeirah. Com isso, construíram uma réplica do mundo com o intuito de aumentar a área costeira da região, possibilitando a implementação de hotéis e outras atrações. O primeiro hotel nesta ilha, longe do barulho, do agito e da poluição da cidade grande e com um nível de exclusividade difícil de ser encontrado é o Anantara World Island Dubai. Situado na América do Sul, dentro deste mapa mundi artifical que conta com 300 ilhas e apenas a quatro quilômetros da costa de Dubai, você chega até o hotel em um trajeto de cerca de dez minutos de barco partindo do Anantara Palm Dubai. Logo de cara, você já se sente em um retiro de luxo e privacidade, inaugurado em dezembro de 2021, pronto para receber os hóspedes com a qualidade do grupo conhecido por suas propriedades em lugares icônicos do mundo.

O novo Anantara fica no complexo World Island, na parte dedicada a América do Sul


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A travessia de barco até o hotel já dá o tom da hospedagem, pois você já sai curtindo o belíssimo skyline de Dubai, com alguns dos famosos edifícios, como o Burj Khalifa, o novo Atlantis The Royal e Burj Al Arab passando pelos seus olhos para contemplação. Ao chegar, você se depara com uma ilha tropical privada, cultivada para o conforto sem moderação dos hóspedes aliado a muita tecnologia e serviço da mais alta qualidade. O check-in é feito previamente no hotel do grupo Anantara Palm Dubai, antes mesmo da travessia. A ideia é chegar na ilha sem nenhuma burocracia para ser resolvida, somente desfrutar da água de coco gelada ou de uma bela taça de champanhe, servida de frente para o mar e até você ser levado para sua acomodação. O grupo Anantara, que surgiu em 2001 e já conta com 40 hotéis e resorts espalhados pelo mundo, é conhecido por aliar luxo, conforto e preocupação com o bem-estar e trouxe toda sua expertise para ilha. Tudo foi pensado para o relaxamento, com ambientes para privacidade total e vistas privilegiadas de Dubai. Entre as regalias, há um serviço de host para todos os 70 quartos e beach villas que recebem no máximo 160 pessoas por vez, o que torna a experiência ainda mais personalizada. O host recebe e acompanha os hóspedes até os quartos ou villas. Ele está sempre disponível e é possível acessá-lo por WhatsApp para pedir o carrinho de golfe, para reservar um restaurante, marcar uma aula de yoga no quarto ou para agendar uma massagem. Ele tem uma conversa prévia com os hóspedes, enquanto os leva para a acomodação, para entender o perfil, as preferências, dar dicas do que fazer e tirar dúvidas.


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Todos os quartos têm decoração rústica, usando artigos naturais como palha, rattan e madeira, com tons suaves e claros. Os móveis são modernos e confortáveis, criando um ambiente praiano e elegante. E não faltam mimos, como, por exemplo, um menu de travesseiros com sete opções para você escolher o que melhor se adequar para uma noite de sono profundo ou muitos sonhos. Nas villas com piscina privativa, o café da manhã pode ser servido em uma bandeja flutuante – para aquela foto mais instagramável da sua viagem. É possível escolher quartos voltados para o nascer ou para o pôr do sol, de acordo com a localização e sua preferência. Tudo é tão discreto que ao caminhar pela ilha você tem a impressão de estar sozinho por ali, curtindo com o seu parceiro ou com sua família um momento único. Para desbravar o local, é possível fazer caminhadas sem pressa para ter noção de sua extensão ou solicitar ao host um carrinho de golfe para conhecer cada canto. Nada melhor do que não fazer nada... Essa nova ilha do mar do Golfo Pérsico proporciona alguns prazeres inesquecíveis: admirar a vista do skyline de Dubai sentindo a brisa do mar, caminhar por uma praia isolada, desfrutar de villas privativas com piscina que se comparam às melhores das Maldivas e que têm como diferencial o fato de estarem a poucos minutos de um grande centro, além de muito relaxamento no spa e gastronomia de primeira qualidade nas variadas opções disponíveis de bares e restaurantes. Para começar o dia, escolha uma das piscinas disponíveis. Há uma piscina principal logo na entrada do resort e outra do lado oposto da ilha. Para as crianças, há um kids club com parquinho e uma pequena piscina com escorregador, tudo acompanhado por monitores. A academia e a sala de yoga, ambas com vista para o mar, dão aquele estímulo para que todos se cuidem mesmo viajando. Aulas de yoga particulares também podem ser reservadas. Há uma quadra de tênis, de vôlei de areia e um centro de atividades aquáticas com diversas opções, como jet ski, caiaque com casco transparente para ver o fundo do mar, stand up paddle e um pedalinho com escorregador para as crianças. O spa conta com quatro luxuosas salas de tratamento, com banheira e chuveiro privativos. Há um extenso menu incluindo massagens tailandesas, tratamentos ayurvédicos, reflexologia e terapias faciais. As massagens corporais e faciais usam produtos da Phytomer, marca francesa que usa biotecnologia marinha para fazer seus delicados produtos de skincare. É possível fazer um detox corporal ou uma massagem modeladora e redutora; para o rosto, há um tratamento completo que inclui a face, os lábios e o colo. Há também as famosas massagens para casais que o Anantara oferece e podem durar até duas horas. Todas as opções podem ser agendadas diretamente com o seu host e, se preferir, pode ser feita no próprio quarto.

O transfer dos passageiros é feito em um iate exclusivo e leva cerca de dez minutos de Dubai até a ilha


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Todos os quartos contam com um host, uma espécie de mordomo, que providencia tudo o que você desejar

A gastronomia é outro ponto alto do hotel. O Helios é o restaurante principal, tem um ambiente informal, com uma decoração rústica em tons de branco e azul e itens em palha. Lá é servido o café da manhã farto e variado, com diversas opções de frutas, pães, geleias, doces e um cardápio com diferentes tipos de ovos que podem ser preparados na hora. Um deles que vale ser pedido é o ovo beneditino, servido sobre caranguejo desfiado ou com salmão defumado. Além de saborosos, a apresentação dos pratos chama a atenção. Ele funciona o dia todo e tem opções de massas, pizzas e frutos do mar no almoço e jantar, além de variados sucos naturais e drinques. Outra opção é o Qamar Dubai, que mistura os temperos e fragrâncias árabes e indianas em um menu que vai mexer com seus sentidos, preparado por talentosos chefs. Com ingredientes frescos e selecionados, utiliza uma combinação de técnicas modernas e clássicas para criar uma cozinha única! Na parte interna, o ambiente requintado com uma decoração árabe chama a atenção pelos candelabros espalhados pelas mesas, mas, se preferir, opte por algo mais intimista, como um jantar sob o luar. Comece provando as entradas quentes e frias, como homus, babaganoush, tabule, charutinho de folha de uva, coalhada e muhammara (uma pasta de pimentão vermelho) e o Qamar hot mezzeh, uma combinação de mini quibe, esfiha de carne, queijo e espinafre. Como prato principal, aposte no Tandoori Sesame Tiger Prawns, um camarão com sabor picante vindo da cozinha indiana apresentado com muita delicadeza. Para uma opção ainda mais autêntica, prove o Classic Arabic Mix grilled, uma combinação de carnes, incluindo kafta, frango, cordeiro, vegetais grelhados, acompanhado de um molho de alho


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marcante. Tudo muito saboroso e com uma apresentação impecável! De sobremesa, aposte na baklava de pistache servida com sorvete, de comer com os olhos fechados. A carta de bebidas parece refletir a magnitude de tudo por ali. A extensa variedade de bebidas alcoólicas impressiona, com cervejas, vodkas, rum, tequilas, cachaças, uísques, gin tônica, e opções tradicionais como mojito, caipirinha, cosmopolitan, negroni e também alternativas sem álcool. Eles são chamados de mocktails, sendo os mais famosos o Qamar Iced Tea, preparado com chá preto, água de rosas e um xarope caseiro de romã, e o Mango Lassi, uma combinação de iogurte grego com manga e leite. Para dar uma esticada na noite e ter uma bela vista panorâmica do centro de Dubai com o mar, siga para o bar Luna, no alto do restaurante Helios. Um lugar descontraído, com música ambiente, voltado para casais e para um drinque sem pressa. O cardápio é em formato de passaporte, o que chama muito a atenção, e traz drinques de países das Américas, em homenagem à localização do hotel, que fica na América do Sul no mapa mundi das ilhas de Dubai, que falamos lá no início. Conta com caipirinha e batida de coco do Brasil, pisco sour do Peru, margarita do México, mojito de Cuba, entre outros. Prove os drinques e petiscos em um dos sofás espalhados pelo bar e observe a paisagem do mar e de Dubai, que o ambiente todo envidraçado proporciona. Jantares privativos são uma opção na ilha, devem ser reservados com antecedência e um mordomo particular vai fazer o possível para tornar sua noite inesquecível, em uma mesa na areia ou sob as palmeiras à luz de velas. Quem quiser uma imersão ainda mais profunda nos sabores locais, vale reservar uma aula para exploração da culinária regional, com foco nos famosos temperos. Descubra diferentes maneiras de misturá-los para trazer ainda mais sabor aos pratos. Há também a opção de aula de coquetéis, feita no Luna bar, com um mixologista que ensina os segredos das combinações de cores e sabores em quatro inusitados drinques. Saindo um pouco da orgia gastronômica, que é bem forte por ali, não deixe de incluir em um momento dos seus dias de hospedagem, a contemplação da flora e da fauna, que são abundantes na ilha. Há pavões por toda parte! Além disso, uma estufa está sendo construída, cujo espaço também será usado para uma experiência de chá da tarde, para que os viajantes se sintam dentro da vegetação. Muito mais do que simplesmente um hotel, o Anantara World Island Dubai é uma experiência no mundo da hotelaria. Que precisa ser vivida, cuja beleza e sofisticação foram levadas em conta, somada a toda hospitalidade e preocupação com o bem-estar do hóspede já característicos do grupo Anantara. E o objetivo de ser a sua casa longe de casa foi atingido com louvor. Uma opção para viver e ver Dubai sob outro panorama! + infos: www.anantara.com/en/world-islands-dubai

Luxo, conforto e alta gastronomia estão presentes ali, mas o ponto alto é a vista para o skyline de Dubai


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