TOP Magazine Edição 262

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Bianca Andrade

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Braz: 10 dos maiores influencers do Brasil / anos 70, 80, 90: os influenciadores que marcaram cada década / lifestyle / celebridades empreendedoras: como a influência vira marca / tecnologia / o futuro do mundo com o metaverso / NFTs: obras de arte virtuais são vendidas por milhões de dólares / mundo top / artistas que viraram personagens no Free Fire / provador virtual / os gadgets do momento / collabs lucrativas e criativas / os hotéis mais instagramáveis no mundo / studio mundo top / Zeeba, Kell Smith e Marvvila

R$30,00
Bianca Andrade, Camila Coutinho, Carlinhos Maia, Deolane Bezerra, Gil do Vigor, GKAY, Leo Picon, Manu Gavassi, Rebecca e Silvia Bussade

A TIM é líder brasileira no Opensignal Award: “The State of Group Video Calling Experience – North & Latin America June 2021” e ganhou “melhor experiência de vídeo” no Opensignal Award: “Brazil: Mobile Network Experience Report July 2021”. “A maior cobertura 4G do Brasil” se refere à quantidade de municípios cobertos e de população coberta. Fonte: Teleco, 30/11/2021. Clientes TIM terão acesso à rede 4G desde que possuam aparelho homologado para a frequência 4G no Brasil, TIM Chip 4G e estejam em uma área com a cobertura da rede 4G. A velocidade média de navegação no 4G, para download, é de até 5 Mbps e, para upload, de até 500 Kbps, podendo haver oscilações. O 5G DSS disponível é um estágio inicial da tecnologia 5G. Para mais informações, disponibilidade de cobertura e aparelhos compatíveis, consulte em tim.com.br/rede.

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Sumário

10 dos maiores

Bianca Andrade, Camila Coutinho, Carlinhos Maia, Deolane Bezerra, Gil do Vigor, GKAY, Leo Picon, Manu Gavassi, Rebecca e Silvia Bussade Braz: 10 dos maiores influencers do Brasil.

Influenciadores à moda antiga

Muito antes dos likes, shares e comments, celebridades da televisão, das passarelas e até do esporte eram os maiores influenciadores do Brasil.

Mundo TOP

Artistas que viraram personagens no Free Fire, provadores virtuais, gadgets do momento, collabs criativas e os hotéis mais instagramáveis do mundo no Mundo Top.

Do real ao virtual Celebridades que saíram do mundo virtual e levaram sua influência para o mundo real. Conheça as empreendedoras que trouxeram da web a experiência, o prestígio e a estratégia para construir grandes marcas.

NFTs: mais do que arte virtual

Por que são consideradas arte, como se transformaram em ativos digitais tão valorizados e quem são os investidores que pagam milhões por tokens não fungíveis?

Música boa

Três vozes para ouvir e salvar na sua playlist: Zeeba, Kell Smith e Marvvila. Saiba mais sobre os artistas brasileiros que passaram pelo Studio Mundo Top neste mês.

Metaverso

Que mundo é esse? Por que muitos o consideram o próximo grande passo da humanidade? Ao que tudo parece, é nesse lugar que atingiremos o ápice da conexão entre a realidade e o virtual.

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Quem Fez

Fernanda Ávila

Fernanda Ávila foi a primeira editora da TOP, quando a revista foi lançada, no começo dos anos 2000 - e participa desta edição como editora convidada. É jornalista e escritora com especialização em Leitura de Múltiplas Linguagens. Cursou Escrita Criativa em Lisboa. Autora do Guia Nova York com Crianças, coautora do portal Viajo com Filhos. Sócia e diretora de conteúdo da Pulp Edições, acaba de lançar a Amora Livros, um clube de assinatura de livros escritos por mulheres.

Felipe Payão

Felipe Payão é jornalista. Repórter especializado em cibersegurança e editor de conteúdo original, tem trabalhos no TecMundo, PC Magazine, IG, XOP Magazine e Realidade Violada. Possui dois prêmios especializados: Comunique-se 2021 e ESET América Latina 2021.

Fabiane Pereira é jornalista, radialista e apresentadora. À frente do “Papo de Música”, canal que soma milhões de plays no YouTube, do FARO e do RÁDIO RETRATO, programas de rádio transmitidos na rede Nova Brasil FM com alcance de mais de 400 cidades e milhões de ouvintes mensais, o conteúdo produzido pela jornalista tem sido de suma importância para o mapeamento contemporâneo da música brasileira. Mestre em “Comunicação, Cultura e Tecnologia da Informação” pelo Instituto Universitário de Lisboa, Fabiane levou o prêmio de melhor jornalista de música do ano pelo WME Awards, em 2019 e em 2021.

Kike Martins da Costa

Trabalha há mais de 30 anos como jornalista e, por dez anos, colaborou mensalmente para a TOP Magazine. Na adolescência, tomou dois tombos com a motocicleta de seu irmão, mas ainda assim continua fascinado com a potência e o design desses brinquedões de duas rodas.

14 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 262 Colaboradores
Fabiane Pereira

Um dos maiores nomes da fotografia nacional, Miro retratou com seu olhar único os 10 influenciadores desta edição especial de TOP Magazine.

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Miro

Publisher Claudio Mello

TOP Magazine | Studio Mundo TOP Editora convidada: Fernanda Ávila Redação: Renata Zanoni e Vivian Monicci Diretora de Arte: Rosana Pereira Assistente de Arte: Luana Jimenez Revisão: Evandrus Camerieri de Alvarenga Assistente de Produção e de Mídias Digitais: Diego Almeida

Projeto Gráfico Marcus Sulzbacher Lilia Quinaud Paulo Altieri Fabiana Falcão

Colaboradores

Texto Fernanda Ávila, Fabiane Pereira, Felipe Payão, Joyce Macedo, Kike Martins da Costa Foto Miro

Produção

Alberto Medeiros, Bruna Pezzino, Cami Hame, Camila Anac, Carol Achede, Carol Roquette, Daniel Ueda, Daniele Quesada, Felipe de Melo, Fellipe Parks, Guilherme Casagrande, Joana Woods, Kelly Cristina, Layse Araúo, Léo Bronks, Lucas Stocco, Marco Gurgel, Mauro Marcos, Mel Freese, Paulo Florentino, Renata Lemos, Ricardo Franca Cruz, Rodrigo Costa, Will Vieira

Tratamento de Imagens

Fujoka, JC Silva

Editora Todas as Culturas Criativo: Bruno Souto Gerência de Relacionamento: Carolina Alves Produção Executiva: Camila Battistetti RP & Interface de Atendimento: Dianine Nunes Financeiro: Marcela Valente Circulação: Regiane Sampaio Assessoria Jurídica: Bitelli Advogados Pré-Impressão: IPSIS Gráfica e Editora Distribuição: Brancaleone

TOP Magazine é uma publicação da Editora Todas as Culturas Ltda. Rua Pedroso Alvarenga, 691 - 14º Andar - Itaim Bibi - CEP 04531-011 - São Paulo/SP Tel.: (11) 3074-7979

As matérias assinadas não expressam necessariamente a opinião da revista. A revista não se responsabiliza pelos preços informados, que podem sofrer alteração, nem pela disponibilidade dos produtos anunciados.

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Cuidar de você e do futuro de quem você ama, todos os dias.

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O Notas

Mundo Top

games

mundo de Free Fire

Por Joy Macedo

Em maio de 2022, a cantora Anitta ganhou os holofotes do mundo gamer ao ser anunciada como uma nova personagem do jogo Free Fire. A brasileira se une a uma série de outros artistas que estão aproveitando o atual cenário do mercado bilionário de jogos eletrônicos que segue em expansão. De acordo com o Gaming Spotlight 2022, relatório da empresa de análise de dados data.ai em parceria com a International Data Corporation (IDC), o mercado

O bilionário mercado do jogo Free Fire está atraindo cada vez mais artistas ao mesclar elementos dos mundos real e virtual 20 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 262

global de jogos deve atingir a marca de US$ 222 bilhões neste ano. No Brasil, a 9ª edição da Pesquisa Game Brasil (PGB) apontou que 74,5% da população afirma ser adepta aos games em 2022.

Ainda de acordo com o recorte nacional, o smartphone é a plataforma predileta da maioria dos entrevistados (48,3%) na hora de jogar. Isso pode ajudar a explicar o sucesso do título Free Fire no país, já que o jogo de tiro e sobrevivência não exige aparelhos com especificações técnicas parrudas para rodar. Para surfar essa onda, o game investe forte em marketing.

No caso de Anitta, além de tornar-se um personagem jogável e ter uma música exclusiva para a parceria, um campeonato voltado ao público feminino também recebeu a cantora como madrinha. A Taça da Patroa vai distribuir R$ 10 mil às vencedoras.

A lista de embaixadores famosos do Free Fire é longa e inclui nomes fortes de diferentes mercados, como o

DJ Alok, que já realizou shows dentro do game e ainda serviu de inspiração para um personagem que chegou a

figurar entre os mais usados da história do jogo. Com a venda do personagem, o DJ brasileiro e a Garena, empresa dona do Free Fire, doaram US$ 1 milhão para projetos de desenvolvimento educacional da Índia.

Apesar de o jogo ser gratuito, o alto retorno financeiro de quem fecha parcerias com o game é justificado pelas compras realizadas dentro do battle royale e permitem desbloquear novas skins, personagens e itens exclusivos. E aqui Free Fire é rei: de acordo com um levantamento realizado pela Codashop, plataforma para compra de créditos e vouchers para jogos, esse é o título em que os brasileiros mais investem dinheiro, correspondendo a 42% da audiência da plataforma no país.

Em 2021, Free Fire foi o jogo mais baixado para dispositivos mobile em todo o mundo, de acordo com dados apresentados pelo Sensor Tower. Para manter a liderança – que segue firme em 2022 – a Garena pretende ampliar sua estratégia de conteúdo, o que inclui diferentes modos de jogo e, é claro, mais parcerias de sucesso com artistas e empresas.

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Provado e aprovado design

Provadores virtuais tornam-se um diferencial necessário no mundo de compras online

Uma das tendências positivas que a pandemia trouxe foi a migração do espaço de compras para o meio virtual. Segundo uma pesquisa feita pela consultoria Ebit/ Nielsen, em parceria com o Bexs Banco, o varejo online no Brasil cresceu 41% em 2020, com novos 13 milhões de consumidores. Foi um processo que surgiu da necessidade, claro, levando em consideração as medidas de isolamento e lockdowns impostos no mundo. No entanto, o público se mostrou favorável às mudanças e a digitalização forçada

da economia foi bem-vinda: o índice de faturamento aumentou 27% em 2021 em relação ao primeiro ano de pandemia, e a expectativa é de pelo menos 9% a mais em faturamento em 2022. Os dados são da Neotrust, empresa responsável pelo monitoramento do e-commerce brasileiro. O setor de moda foi o que teve mais pedidos realizados em 2021, e isso nos faz pensar em como o meio se adaptou à essa nova demanda trazida pelo público. Entre os desafios encontrados por lojas de roupas ao vender seus produtos virtualmente, o grande número de trocas que são realizadas após as compras é um dos mais gritantes. Parece pouca coisa, mas essas operações movimentam milhões de reais, e o medo de uma peça não ficar boa no corpo é o receio número um entre os consumidores que desejam fazer compras nas plataformas.

É aí que entram os provadores virtuais. A ferramenta precede desde 2005, quando a Levi’s lançou o Intellifit,

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um estande de escaneamento corporal de quase 10m² que parecia ter saído de um arsenal de segurança de aeroporto, que servia para auxiliar os usuários a escolher o jeans que lhes serviria melhor. Foi uma das primeiras tecnologias de escaneamento corporal desenvolvidas por uma marca de varejo, e hoje existem empresas especializadas em oferecer esse serviço a outras empresas de moda.

O serviço é relativamente simples: geralmente mostrado como uma opção ao lado da tabela de medidas no site de compra, você tem a opção de colocar seus dados – altura, peso, quadril e cintura, forma corporal, tamanhos que geralmente compra e comparativos com outras marcas –, e a ferramenta mostra qual tamanho é mais indicado para você, dando até opções de caimento, caso o consumidor queira uma peça mais justa ou folgada no corpo. Além disso, o mecanismo salva seus dados para que você não precise inseri-los novamente, como algumas empresas como

a Sizebay, que está presente nos sites da GAP, Riachuelo e Netshoes, que até transferem as informações de site para site e cruzam os números para obter o melhor resultado. Outros sites também oferecem a opção de montar looks completos, ou a possibilidade de projetar a imagem do produto em seu corpo, como o aplicativo gratuito Wanna Kicks, que mostra calçados diretamente nos pés através da câmera do celular. Soa descomplicado, mas a precisão necessária para que os provadores virtuais tenham resultados satisfatórios só são possíveis hoje por conta dos diversos mecanismos envolvidos no dispositivo. Inteligência artificial, realidade aumentada, algoritmos que calculam os tamanhos com as medidas, algoritmos de reconhecimento de imagem e câmeras de alta resolução são algumas das peças que fizeram com que os provadores virtuais se popularizassem tanto de alguns anos para cá.

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Jogada certa games

Os melhores produtos para te deixar por dentro do universo dos games – literalmente

Com a popularização dos jogos online e digitais ao longo da última década, essa atividade deixou de ser um tema relacionado a um grupo específico e, hoje, abrange pessoas de todas idades, classes sociais, gostos e estilos. E não foi apenas o público que mudou; o próprio meio se

atualiza e se reinventa diariamente, junto aos avanços tecnológicos que permitem uma inserção cada vez maior do jogador no mundo virtual. Streams, eSports, AR/VR, metaverso, redes sociais – o mundo gamer se expande e oferece mais e mais momentos únicos, e nada como três dicas de produtos que vão te ajudar a se manter inteirado nesse turbilhão tecnológico.

HTC Vive Pro 2 Não tem como falar de videogames sem mencionar a tendência do momento: as realidades aumentadas e virtuais (AR e VR). Com o Metaverso se expandindo,

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a única forma de aproveitar esse meio ao máximo é com um equipamento adequado, e entre as melhores opções do mercado fica o HTC Vive Pro 2, o headset VR da empresa Vive. Oferecendo a resolução mais avançada da indústria – 5K – com 2488 pixels por 2488 pixels em cada olho, campo de visão de 120º e áudio em 3D, o produto traz uma experiência intensamente realista para quem quer se sentir praticamente dentro do jogo. Para completar o pacote, é preciso adquirir duas estaçõesbase e controles de movimento compatíveis, assim como um computador com processador poderoso que aguente tamanha potência. vive.com

Elgato Stream Deck XL

A indústria dos games não se trata apenas de comprar um jogo e jogar – grande parte do que movimenta esse meio são as streams, nas quais o espectador assiste a um streamer jogar suas partidas. E como transmitir sua experiência vem se tornando cada vez mais acessível, qualquer detalhe faz a diferença na hora de se destacar entre as tantas transmissões feitas diariamente. É aí que entra o Elgato Stream Deck, acessório que dá completo controle dos comandos na stream ao jogador. Cada botão do painel pode ser personalizado para realizar qualquer ação, como tocar um áudio específico, fazer uma transição de imagem, mudar a luz, o posicionamento da imagem na tela ou o ângulo da câmera. Os ícones de cada botão também podem ser customizados da maneira que preferir, para que torne a atividade ainda mais prática. São dois modelos: um com 15 botões, e outro com 32. elgato.com

Automobili Lamborghini Collection

Um item que não pode ser esquecido são as famosas cadeiras gamers. Para quem passa horas concentrado em frente às telas jogando, ter uma cadeira apropriada é essencial para que não haja problemas relacionados à postura, que podem causar danos graves futuramente. E nada melhor que unir a funcionalidade com o luxo, como acontece nessa collab da marca de gaming chairs SecretLab com a Lamborghini. A Automobili Lamborghini Collection será uma linha premium com exemplares limitados, feita com os mesmos materiais em fibra de carbono e Alcântara que o interior dos carros da fabricante italiana. O design oficial ainda segue um mistério, mas a ideia é que os dois modelos da cadeira se assemelhem ao máximo aos assentos dos automóveis. O anúncio foi feito no fim de 2021, com lançamento previsto para 2022. A pedida perfeita para os gamers amantes de carros! secretlab.co/

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Poder em dobro

moda Grandes marcas unem suas forças em parcerias criativas e lucrativas

O mundo da moda vive se reinventando e trazendo novas propostas que se tornam objeto de desejo imediato dos fashionistas de plantão. De uns anos para cá, temos observado grandes marcas globais fechando parcerias inusitadas e supercriativas, que despertam a curiosidade e atenção. Neste ano, não foi diferente. Separamos três collabs incríveis que prometem dominar as lojas e as redes sociais.

Nike + Jacquemus – Suas atividades esportivas nunca mais serão as mesmas! O que podemos esperar desta nova coleção, que chega em julho ao Brasil? Uma reinterpretação do sportswear atlético feminino de um jeito minimalista, com detalhes sensuais, cores neutras e para todos os corpos. A collab trará ainda uma seleção de tênis e acessórios unissex. nike.com.br

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Vert + Mansur Gavriel – Sustentabilidade é a palavra de ordem dessa parceria quente. Inspirados no arco-íris, os quatro tênis monocromáticos são fabricados no Brasil com materiais sustentáveis. Marca franco-brasileira, a Vert utiliza em seus produtos revestimento de couro submetido a um processo de curtimento sem cromo, metais pesados e ácidos perigosos, além de borracha amazônica, resíduo de arroz e produtos reciclados. vert-shoes.com.br

Balenciaga + Adidas – Em seu desfile de resort 2023, a Balenciaga apresentou na passarela sua collab com a marca esportiva. Sob a direção criativa de Demna Gvasalia, a coleção traz uma mistura estética das duas marcas e uma fusão de suas identidades no logo. Unindo fetichismo e excentricidade com sportswear clássico, e inspirada no final dos anos 1990 e início dos anos 2000, a parceria traz roupas, acessórios e calçados masculinos e femininos. balenciaga.com

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Para caprichar no close

instagramáveis Quem não gosta de curtir uma bela foto no Instagram de um destino dos sonhos ou de um hotel diferentão que rende cliques espetaculares? Aqui, nós tivemos a difícil missão de selecionar apenas três hotéis instagramáveis pelo mundo. Confira!

Azulik Tulum, México – Um eco-resort sustentável e diferente de tudo o que você já viu, em perfeita harmonia com a natureza. E, claro, extremamente fotogênico! Todo em madeira e com arquitetura artesanal e rústica que lembra ninhos de pássaros, no estilo casa na árvore, a proposta é que a pessoa se desconecte do mundo moderno e se entregue a uma imersão no ambiente. Por lá, você não encontra luz elétrica, ar-condicionado nem televisão, mas não faltam spots belíssimos que garantem fotos únicas.

azulik.com

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Cavo Tagoo, Mykonos – O hotel dos sonhos no destino dos sonhos! Surpreenda-se com esse cinco estrelas premiado onde tudo impressiona, desde as acomodações e arquitetura até as vistas de tirar o fôlego, a piscina de borda infinita, a gastronomia de excelência e o Aquarium Bar. Entre as diversas opções de acomodações, a Platinum Heart Villa, com 200 m2, três quartos e piscina em formato de coração, é o local ideal para eternizar em um clique. cavotagoo.com/mykonos

Royal Mansour, Marrakech – Uma obra-prima marroquina que combina perfeitamente a essência da tradição cultural com o melhor que a modernidade tem a oferecer, em uma das cidades mais interessantes do mundo. Propriedade do rei de Marrocos, o icônico hotel de luxo foi criado por mais de 1.500 artesãos marroquinos como uma ode à arquitetura tradicional marroquina. São quase quatro hectares de jardins exuberantes e apenas 53 riads particulares, cada um decorado com estilo único. royalmansour.com

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NASCIDA PARA REVOLUCIONAR AS PISTAS

S 1000 RR M CARBON

Ícone das superesportivas, a BMW S 1000 RR M Carbon estabelece novos parâmetros para atingir o mais alto desempenho nas pistas, incorporando itens exclusivos como as rodas de fibra de carbono, banco M e o kit chassi M. Tudo isso com um esquema de cores consagrado pelos apaixonados em performance.

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JUNTOS SALVAMOS VIDAS.

influencers

à moda antiga
32 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 262 Pessoas MUITO ANTES DO ADVENTO DO TERMO “INFLUENCER” E DAS REDES SOCIAIS, OS SONHOS E OBJETOS DE DESEJO DAS PESSOAS ERAM SUGERIDOS E CHANCELADOS POR ILUSTRES E INFLUENTES FILÓSOFOS, JORNALISTAS E ÍDOLOS DO ESPORTE OU DAS ARTES
Por Kike Martins da Costa Fotos Divulgação 5 min

“No princípio era o verbo.” Essa célebre frase da Bíblia sintetiza bem a origem do marketing de influência. Na Antiguidade, a palavra e o boca a boca eram as principais ferramentas para a disseminação de histórias, de tradições, de regras e de notícias. Ter alguém ditando o que é certo ou o que é melhor é uma prática que existe desde pelo menos o século 5 a.C., quando todo mundo na China seguia com convicção os aprendizados e os ensinamentos do filósofo Confúcio – considerado por muitos historiadores como o primeiro influencer da história da humanidade. E, a partir de pregações na Galileia, Jesus iluminou os caminhos de grande parte dos palestinos e outros povos que passaram pelo domínio do Império Romano. Depois veio Maomé, que espalhava suas profecias pelas Arábias e por todo o Oriente Médio. Na Índia, quem bombou lá pelos anos 500 d.C. foi o “influzencer” Buda.

Mais de um milênio depois, o alemão Gutenberg revolucionou toda essa tradição oral ao trazer para o jogo a imprensa, que lançou as bases materiais para a disseminação em massa do conhecimento e das novidades. Mas essa foi apenas a primeira de uma série de inovações que turbinaram o trabalho de influenciar corações e mentes pelo mundo. Depois da mídia impressa, vieram o rádio, a TV, a internet e, por fim, as redes sociais. No século 20, grandes influencers ajudaram a impulsionar mudanças nos costumes, na cultura e nas relações sociais. Nas décadas de 1920 e 1930, por exemplo, a estilista francesa Coco Chanel deu uma enorme contribuição à causa feminista ao libertar as mulheres das roupas sóbrias e desconfortáveis que eram regra até então. No final dos anos 1950, Elvis Presley quebrou um tabu machista ao rebolar e mover de forma insinuante sua pélvis sem pudor ou constrangimento no cinema e nos programas de TV.

Aqui no Brasil, várias celebridades desempenharam esse papel de agentes de transformação e formadores de opinião – geralmente em sintonia com o que estava acontecendo no exterior. Nas próximas páginas, apresentamos alguns desses “influencers analógicos” – os precursores dos digitais.

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HIGH SOCIETY & PILANTRAGEM

No começo da década de 1960, o governo federal se transferiu para a recém-criada cidade de Brasília, mas o Rio de Janeiro ainda não tinha perdido seu status de centro dos acontecimentos. E, nesse contexto, um homem definia quem era quem nos salões do Copacabana Palace e nos bares frequentados por gente como João Maria de Orleans e Bragança, Carmen Mayrink Veiga, Jorginho Guinle, Marta Rocha: Ibrahim Sued, o colunista social do jornal “O Globo”, o mais influente da cidade. A cada ano, ele causava polêmica ao editar sua nova lista das “Dez Mais Belas Mulheres do Rio” e das “Dez Melhores Anfitriãs da Sociedade Carioca”. Era conhecido também por cunhar expressões como “De leve” e “Sorry, periferia”, além de dar “Bola preta” para o que era ruim e “Bola branca” para o que era excelente. Hoje seria execrado pelos patrulheiros do politicamente correto... Enquanto a alta sociedade se entretinha com caviar e champagne, as multidões só queriam saber de outro poderoso “influencer” da época: o cantor Wilson Simonal, que reunia milhares de espectadores em seus shows, encabeçava as paradas de sucesso à frente de nomes como Roberto Carlos e Jorge Ben e ainda comandava programas que eram líderes de audiência no horário nobre das TVs Tupi e Record. Simonal era o rei do samba soul e foi também o maior expoente da Pilantragem, um “movimento” que era a versão musical da malandragem e do jeitinho brasileiro, que se tornou mais pop do que o Tropicalismo, a Jovem Guarda e a Bossa Nova. Ele era tão venerado que, em setembro de 1969, tornou-se garoto-propaganda da Shell ao assinar aquele que foi definido pela imprensa como “o mais fabuloso contrato de publicidade já assinado no Brasil”. Isso tudo apesar de ser preto num período em que inúmeras atitudes racistas ainda faziam parte do cotidiano do país. Em sintonia com a luta pelos direitos civis que estava chacoalhando os Estados Unidos, em 1967, Simonal lançou “Tributo a Martin Luther King”, canção que ficou quatro meses no Departamento de Censura Federal até ser liberada e tornar-se um hit instantâneo nas rádios.

Ibrahim Sued causava polêmica sempre que publicava a nova edição da lista das “Dez Mais Belas Mulheres do Rio” ou das “Dez Melhores Anfitriãs da Sociedade Carioca”

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NO SOFÁ OU NA PISTA DE DANÇA

O Brasil começou a década de 1970 num clima pesado, ainda sob uma ditadura militar que perseguia dissidentes, intelectuais e artistas. As principais válvulas de escape dessa conjuntura cinzenta e carrancuda eram os jogos de futebol e os animados programas de auditório comandados por Silvio Santos – na ainda pequena TV Globo – e Hebe Camargo. O sofá da Hebe era uma festa, era um lugar onde imperava a alegria e o alto astral. Por lá, passavam celebridades como Roberto e Erasmo Carlos, Elis Regina, Pelé, Rita Lee, Nair Bello e toda a trupe tropicalista, encabeçada por Caetano, Gil, Bethânia e Gal. No início da década, na Record, a atração comandada pela carismática apresentadora consagrou-se como uns dos programas de maior sucesso, sendo normalmente sintonizada por 70% dos televisores ligados. Depois ela se transferiu para a Tupi e, em 1979, assinou com a Bandeirantes. O que Hebe mostrava virava moda; o assunto que ela abordava repercutia pela semana inteira, até que o tema voltasse a ser discutido no programa seguinte. A loiruda foi, sem dúvida, uma das maiores “analogic influencers” do país!

Outro brasileiro que trouxe muitas alegrias ao Brasil nessa época foi o empresário Ricardo Amaral. Paulista de nascimento, ele viveu por alguns anos em Roma e, ao retornar da Europa, criou a Rent TV, empresa que alugava televisores para hotéis e hospitais e, depois, para todo mundo que quisesse. No início da década de 1970, ter uma TV em casa ainda era um luxo. Inaugurou também os primeiros tobogãs do país e foi o responsável pela chegada do fenômeno Discothèque ao Brasil. Cidadão emérito da Ponte-Aérea, fez história ao inaugurar o club Hippopotamus no Rio e a danceteria Papagaio em São Paulo. E seu poder de influência transcendia as fronteiras do país: no exterior, comandou a casa de espetáculos Le 78 em Paris e o restaurante Alô, Alô em Nova York. Seus empreendimentos eram frequentados por magnatas, aristocratas e celebridades internacionais como Elton John, Brooke Shields, Julio Iglesias, Sônia Braga e Prince.

Nos seus tempos de Record, no início da década, o programa semanal de Hebe Camargo era sintonizado por 70% do total de televisores ligados

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CARAS & BOCAS

Os anos 1980 ficaram marcados na história como a década dos exageros. O consumismo deu uma disparada e esse fenômeno literalmente ganhou corpo (e rosto) graças ao trabalho das chamadas supermodels Cindy Crawford, Claudia Schiffer, Linda Evangelista e Naomi Campbell. No Brasil, quem desempenhou esse papel foram Xuxa, Luiza Brunet, Monique Evans e Isis de Oliveira. Elas eram figuras onipresentes nas festas, na TV, nas revistas, nos jornais e em eventos de todo tipo. No carnaval, elas eram sempre as mais requisitadas nos bailes, na avenida e nos camarotes. A partir de 1983, Xuxa passou a comandar um programa infantil na TV Manchete. Depois se transferiu para a Globo, arriscou-se como cantora (seus CDs e DVDs chegaram a vender mais de 50 milhões de cópias), estrelou 20 filmes no cinema e transformou-se na namoradinha do Brasil. Chegou a apresentar programas de televisão também na Argentina, nos Estados Unidos e na Espanha simultaneamente, alcançando cerca de 100 milhões de telespectadores diariamente. Em paralelo à consolidação de Xuxa como Rainha dos Baixinhos, Luiza Brunet optou por fazer uma linha mais discreta e elegante, enquanto Isis de Oliveira adotou um estilo mais romântico e Monique Evans enveredou numa trajetória mais sexy e provocante. Cada uma a sua maneira atuou durante esse período como grande “analogic influencer”. Uma campanha publicitária estrelada por qualquer uma dessas musas era praticamente uma garantia de sucesso. Dos jeans aos automóveis, de maquiagem aos chocolates, dos sapatos às cervejas e dos empreendimentos imobiliários aos perfumes, elas emprestavam seu toque de Midas a uma infinidade de produtos, por cachês que à época pareciam astronômicos, mas que hoje não deixariam ninguém chocado.

Xuxa, Luiza Brunet e Monique Evans foram a versão brazuca das supermodels Claudia Schiffer, Cindy Crawford, Naomi Campbell e Linda Evangelista

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MUNDO GLOBALIZADO

A década de 1990 começou com o mundo ainda se adaptando a uma nova era, a da Globalização, desencadeada com a queda do Muro de Berlim, em 1989. As distâncias pareciam ter sido encurtadas, e tudo parecia ter começado a andar mais rápido. Um lançamento que em outros tempos acontecia em Londres, Nova York ou Tóquio e ficava restrito a essas grandes metrópoles passou a ser noticiado quase simultaneamente no mundo todo. Aqui no Brasil, uma das principais “antenas” que captava essas tendências da moda, do comportamento, da gastronomia e até da tecnologia era a jornalista Joyce Pascowitch, que assinava uma coluna diária na “Folha de S. Paulo” – outro importante centro de difusão de novas ideias nesse período. Todo mundo queria ser citado por Joyce, desde socialites a jogadores de futebol, passando por empresários, artistas plásticos, políticos, músicos, advogados, chefs de cozinha, decoradores e médicos. Com sua linguagem inovadora (lançou expressões como “lasanha” para referir-se a homens bonitões e “saia justa” para definir situações constrangedoras), revolucionou o colunismo social no Brasil. “Eu era uma influenciadora que usava o jornal como plataforma. Confesso que poucas pessoas me atraem nesse universo das influencers atuais. Prefiro seguir ‘pensadores’ do que ‘influenciadores’. Me interesso mais pelo que as pessoas sentem e pensam do que pelo que elas consomem”, avalia.

Outro brasileiro que teve forte atuação como influenciador nos anos 1990 foi o piloto de Fórmula 1 Ayrton Senna. Todos queriam ter o carro que ele dirigia, trajar a roupa que ele vestia, usar os mesmos óculos dele… Mas infelizmente sua trajetória como modelo para hábitos de consumo foi abreviada em maio de 1994, quando morreu num trágico acidente no circuito de Ímola, na Itália. Nos Estados Unidos, mais ou menos nessa mesma época, a Nike assinou um contrato de US$ 2,5 milhões anuais com outro ídolo do esporte, o craque do basquete Michael Jordan. Só no primeiro ano de parceria, a marca faturou US$ 70 milhões com as vendas da linha Air Jordan. A partir desse “case”, o papel das estrelas do esporte mudou de patamar no marketing de influência.

Todo mundo queria ter o mesmo carro que o campeão de Fórmula 1 Ayrton Senna dirigia, os óculos que ele usava, as roupas que ele vestia

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MUSA DO NOVO MILÊNIO

O novo milênio começou com uma notícia impactante: o atentado terrorista às torres gêmeas do World Trade Center de Nova York, em setembro de 2001, apresentando um novo vilão na história da humanidade: Osama Bin Laden. No ano seguinte, o Brasil sagrou-se pentacampeão na primeira Copa do Mundo disputada na Ásia, coroando a incrível história de superação de Ronaldo Fenômeno. Mas não teve Osama ou Ronaldo que fosse capaz de ofuscar o brilho da estrela-maior dessa primeira década do novo século: a übermodel Gisele Bündchen, que ajudou o Brasil a recuperar sua imagem de paraíso feliz, com um povo alegre, criativo e cheio de autoestima. Com seu cabelón e seu corpo cheio de curvas, a gaúcha de 1,80 m marcou o retorno da modelo sexy, como bem definiu a revista “Vogue”, ao creditar, em 1999, o fim da estética “heroin chic” na indústria da moda ao sucesso de Gisele no mercado editorial. La Bündchen namorou Leonardo Di Caprio, foi angel da grife Victoria’s Secret, depois se casou com o maior ídolo da liga de futebol americano (Tom Brady), atuou em várias produções de Hollywood (como o clássico “O Diabo Veste Prada”), desfilou nas principais passarelas de Paris, Milão, Londres, Nova York e São Paulo e estampou a capa de todas as revistas relevantes do planeta, da “Time” à “Harper’s Bazaar”, sem falar na “Vanity Fair” e na “Rolling Stone”. Ficou em primeiro lugar na lista das modelos mais bem pagas do mundo e teve sua fortuna avaliada pela revista “Forbes” em mais de US$ 30 milhões. Em 2016, na cerimônia de abertura das Olimpíadas do Rio de Janeiro, desfilou com a bandeira do Brasil no Maracanã, acompanhada ao vivo por mais de 1 bilhão de pessoas no mundo todo. Por essas e por outras, Gisele pode ser considerada a primeira influenciadora analógica brasileira com reconhecimento e alcance planetário. Seu rosto é igualmente conhecido por britânicos, coreanos, egípcios, canadenses e australianos. Além de aferir todos os bônus que advêm da fama, a bela apoia instituições de caridade como a Cruz Vermelha e as ONGs Save The Children e Médicos Sem Fronteiras, além de ser embaixadora da Boa Vontade do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Graças a Gisele, a Terra é um planeta mais justo, mais limpo e mais bonito. Apenas.

O rosto e o corpo de Gisele se tornaram igualmente reconhecidos por britânicos, coreanos, egípcios, canadenses e australianos

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BOA PARTE DA FAMA DESTA INFLUENCIADORA REVOLUCIONÁRIA ACONTECEU DEPOIS DA SUA PARTICIPAÇÃO NO BBB, MAS MUITO ANTES DISSO, BIANCA ANDRADE JÁ DESBRAVAVA O MUNDO DIGITAL COM SEUS TUTORIAIS CRIATIVOS E MAQUIAGENS ACESSÍVEIS
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Por Fernanda Ávila Fotos Miro Styling Joana Wood Beleza Will Vieira 5 min
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Top e calça Mugler Blazer Vintage Botas Saint Laurent Acessórios Kaja TOP MAGAZINE EDIÇÃO 262 Bianca Andrade

Bianca Andrade, a Boca Rosa, carioca da Maré, fincou sua bandeira na Internet em 2011, quando a rede ainda estava praticamente inabitada. Seus tutoriais de maquiagem, com produtos acessíveis, fizeram um sucesso estrondoso no YouTube. Até o fechamento desta edição, seu perfil no Instagram contabilizava quase 18 milhões de seguidores. Boa parte da fama foi impulsionada pela participação no BBB, em 2020, onde se envolveu em algumas polêmicas e triplicou as vendas da sua marca, a Boca Rosa Beauty. Empresária, diretora criativa, atriz, maquiadora e um dos maiores fenômenos da influência no meio digital brasileiro, Bianca é, acima de tudo, uma apaixonada que corre atrás dos seus sonhos.

Como você enxerga o seu impacto no campo da beleza e da maquiagem hoje? Cheguei na internet quando tudo era mato, fui uma das fundadoras dos conteúdos digitais de beleza no Brasil. É muito incrível saber que fiz parte da história de tantas pessoas. Uma das coisas que mais me traz felicidade é ver maquiadores falando que começaram assistindo meus tutoriais de maquiagem e hoje me maquiam e maquiam mulheres superfamosas. Sabe quando você faz aquele filme da sua vida e fala “caramba, que incrível isso que aconteceu na minha vida, eu ter chegado bem no comecinho de tudo e ter ajudado a fazer essa profissão tão incrível hoje em dia”? É isso.

Qual é o seu grande diferencial?

No início, eu fazia tutorial usando make baratinha e esse foi o meu diferencial. Cheguei na internet dando opções mais baratas para uma mulherada que queria se sentir maravilhosa, mas não podia pagar um produto caro. Ou seja, para a maior parte da realidade do nosso país. O

outro diferencial foi sempre me reinventar. Eu já passei por vários setores, já fui pro teatro, para um programa próprio, já participei de reality show, já fiz um filme. E também, óbvio, que as minhas estratégias de buzz marketing dentro do mercado de maquiagem no Brasil foi algo realmente revolucionário.

De que forma?

Eu juntei conteúdo, imagem, opinião e história com o produto e a marca. Uni a minha personalidade com o meu produto para engajar o público. Isso é o que gera buzz marketing. As pessoas querem saber que história você tem pra contar. E isso, antes do Boca Rosa Beauty, não acontecia no Brasil.

Quando foi o seu ponto de virada?

Quando eu lancei a minha linha de maquiagem. A estratégia de marketing foi criada por mim, eu fui a minha diretora criativa. Ter uma casa rosa no meio da Paulista, cheia de boquinhas, foi incrível. Nesse momento as pessoas começaram a me olhar diferente. Quando falei que eu era diretora criativa de tudo aquilo, as pessoas falaram “nossa, ela não é só um rostinho bonito, ela é a mente também de toda essa história”.

Como você separa a persona Boca Rosa da Bianca?

Elas se complementam. Porque a Boca Rosa é o meu lado empreendedor. Eu tô sempre pronta pra fazer do limão uma limonada, pra criar um storytelling com tudo que tá acontecendo na minha vida. E a Bianca é a essência. A Bianca é aquela que nem sempre tá pronta pra tudo, que fala o que pensa, que não tem muito filtro. Eu pego a essência da Bianca com a estratégia da Boca Rosa e juntas a gente faz um boom.

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“A Bianca é aquela que nem sempre tá pronta pra tudo, que fala o que pensa, que não tem muito filtro. Eu pego a essência da Bianca com a estratégia da Boca Rosa e juntas a gente faz um boom”

O que mudou na sua vida pessoal e profissional com a maternidade?

Minha filosofia de vida é que tudo acontece porque tem que acontecer, eu confio muito. Por mais que eu seja muito estratégica, também entrego o meu destino nas mãos de Deus, do universo. E meu filho fez toda a diferença na minha vida. Ele me trouxe maturidade. Sempre fui muito profissional, mas sempre fui muito louca. Cada dia acordava num lugar e não tinha disciplina na vida pessoal. O Cris, além de ser o bebê mais fofo do mundo, me ensina muito sobre ter equilíbrio, ter mais raiz, mais responsabilidade. Ser mãe do Cris me tornou uma pessoa mais séria. Essa seriedade foi importante pra mim. Para você, o que é ser uma influenciadora? É ecoar vozes. Não é mais sobre mim, não é mais sobre a minha história, é sobre o todo. É sobre debater coisas muito importantes. Influenciar com propósito, sabe? Quem eu sou para essas pessoas? O que eu motivo, o que eu inspiro? São muitas pessoas mandando mensagem do tipo “você mudou meu dia; hoje eu empreendo, hoje eu crio estratégias de marketing pro meu trabalho, você me inspira, eu assisto você todos os dias pra ter mais força na vida e no trabalho”. Quando a gente se conecta com essas pessoas, a gente pensa, “caramba, então não tô aqui de bobeira”.

Qual foi o impacto do BBB na sua vida profissional?

Foi importante em várias áreas. Primeiro, porque foi o primeiro time de camarote, e eu adoro estar em primeiras coisas. Então já foi revolucionário. Quando fui

convidada, falei para o Boninho “eu tô fazendo um trabalho com muito esforço, tô criando o meu império, pra entrar no Big Brother, não posso fugir disso, tenho que continuar o meu propósito. Preciso usar minha maquiagem, levar meus produtos, vou criar uma estratégia de marketing forte aqui fora”. Foi o que eu fiz. Antes de entrar no Big Brother, fiz uma sessão de fotos, usando todos os looks que eu usei nos dias de votação, dentro da casa. Então, o mesmo look que eu estava no Big Brother, eu também mostrava nas minhas redes sociais. E isso chamou muita atenção, criou um burburinho. Se eu estava de vermelho, o meu look no Instagram era vermelho. O que eu queria era não só chamar a atenção, não só do meu público, mas pessoas novas. Todo mundo que entrava no meu Instagram, via algo além do que aquela menina que estava fazendo ali na televisão, via o meu trabalho de fato. Lá dentro eu ficava “gente, será que tá dando certo?”. E aí veio tudo o que aconteceu na minha vida, né? Chorei, e meu choro virou um meme que me fez triplicar as vendas. O que eu queria aconteceu. Até hoje o meu faturamento é muito maior. Meu trabalho já era forte na internet e aí o Big Brother fez ecoar para novos nichos.

Como você imagina que será o futuro nesse meio? Quais são as suas expectativas? O principal é o metaverso, que já está aí. Inclusive, nas estratégias das nossas próximas coleções de maquiagem. Estou muito curiosa pra saber como vai ser o nosso dia a dia, o nosso lifestyle, depois

“O Cris, além de ser o bebê mais fofo do mundo, me ensina muito sobre ter equilíbrio, ter mais raiz, mais responsabilidade. Ser mãe do Cris me tornou uma pessoa mais séria”

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Produção de moda

Felipe de Melo e Layse Araújo

Assessoria de imprensa

Estar Comunicação

disso. Acho que a gente vai se comunicar cada vez mais através da internet. A internet é a rua mais movimentada do mundo. Tanto para o digital quanto para o empreendedorismo e para a comunicação, vai se tornar o veículo principal. Não dá pra prever tudo, mas dá pra entender a potência disso na nossa vida.

Como será o metaverso na coleção?

Vamos lançar uma coleção inspirada no metaverso. Vamos contar para o meu público, para grande parte da audiência que ainda não sabe, um pouco do que é esse universo do futuro – que já é o nosso presente. A linha de maquiagem vai vir junto com a minha avatar, uma figura do metaverso, que vai ser incrível. Inclusive, tudo que eu tô usando de rosa tem tudo a ver com ela. A minha capa é rosa! A minha influencer do metaverso vai mudar um pouco a minha maneira de me comunicar e a maneira de consumir também. Esse é um spoiler que eu posso dar.

O que mais você tem pra este ano de projetos e novidades?

O meu projeto principal é “as boquinhas estão em todos os lugares”. Quando lancei isso em janeiro, as pessoas pensavam que eu estava me referindo apenas a um produto e eu deixei elas pensarem, porque é legal surpreender. Mas a nossa ideia é dar o próximo passo, ter histórias mais arriscadas. Então, todos os lugares importantes que eu Bianca já ia como persona, agora também leva a marca, o que é uma atitude muito ousada, que requer investimento. Mas acredito muito, porque é isso que fortalece ainda mais a imagem pra outros nichos que talvez ainda não conheçam a Boca Rosa Beauty. Por mais que a gente seja líder de vendas em muitos lugares, sempre há um novo topo pra chegar. E falando em topo, eu quero também levar minha marca pra fora do país e isso já vai acontecer em junho. Vamos levar a marca de cabelo junto com a Cadiveu Essentials, que é a minha marca parceira maravilhosa, para vender em Portugal. Eu e a Anitta, inclusive, que são as duas marcas que têm dentro da Cadiveu Essentials. Vai ser um lançamento incrível no Rock in Rio Lisboa.

“Vamos lançar uma coleção inspirada no metaverso. Vamos contar para o meu público, para grande parte da audiência que ainda não sabe, um pouco do que é esse universo do futuro – que já é o nosso presente”
Assistente de beleza Cami Hame
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CAMILA COUTINHO ABRIU CAMINHO PARA MILHARES DE INFLUENCIADORAS DE MODA. AUTÊNTICA, COMUNICATIVA E CRIATIVA, TRANSFORMOU SUA CAPACIDADE DE FORMAR A OPINIÃO DE SEU PÚBLICO EM UMA MARCA FORTE E CHEIA DE PROPÓSITO. AO LONGO DOS ANOS, PERCEBEU QUE PRECISAVA SE ADAPTAR AOS NOVOS CONCEITOS DE LUXO E MUDAR A FORMA COMO SE RELACIONA COM OS SEGUIDORES: COM MAIS ESPONTANEIDADE E CONTEÚDO Por Fernanda Ávila Fotos Miro Beleza Camila Anac 5 min C 56 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 262 Camila Coutinho
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Camila foi pioneira entre as blogueiras de moda no Brasil. É comunicadora, fundadora do Garotas Estúpidas e, desde de 2020, também está no comando da GE Beauty, linha de haircare customizável e vegana. Nasceu no Recife, estudou design de moda, foi eleita, em 2020, uma das mulheres mais poderosas do Brasil pela revista Forbes, além de figurar em outras listas importantes como a das 500 pessoas mais influentes no mundo da moda do site britânico Business of Fashion. No ano passado voltou à Forbes, dessa vez na Heart Billions, que elegeu as 10 pessoas mais ricas do país na cotação da moeda mais valiosa: equilíbrio, harmonia e paz consigo mesma. Sua atuação vai muito além da moda e da beleza: ela criou o projeto GE Formando Líderes, com o objetivo de capacitar mulheres em situação de vulnerabilidade. Mantém uma equipe de 25 pessoas, mas seu grande guru e mentor é o pai. “Se não fosse ele, acho que não teria chegado aqui”, conta. Hoje, Camila é seguida por mais de 3 milhões de pessoas no Instagram e comemora o fato de poder ser mais espontânea e natural nas redes sociais. Coisas da maturidade, ela explica.

Quem é a Camila Coutinho? Sou uma pessoa muito comunicativa, criativa, adoro gente, adoro passar o dia conversando, descobrindo. Sou muito curiosa. Eu vou aprendendo e aplicando. Acho que aprendemos coisas em todos os lugares.

Quem é a Camila Coutinho fora da internet? É cada vez mais a mesma coisa. No início, como era muito pura a internet, todo mundo via quem eu era. Depois, começou a ficar uma coisa muito produzida. E ai, naturalmente, a gente começa a querer ser uma pessoa que não é. Mas eu tenho sentido cada vez mais que quanto mais você

é você, mais as pessoas se conectam. Todo mundo estava ficando muito distante da audiência. Pesquisando para a GE Beauty, no focus group, veio isso, de que a nossa geração de influenciadores estava muito distante da audiência. Então fui me aproximando e hoje estou me naturalizando cada vez mais. Tem um publi? Vamos fazer com celular, aqui mesmo, no dia a dia. Quanto mais natural, melhor. Você praticamente inaugurou a internet! Começou em uma fase em que não havia redes sociais. Como foi esse processo de adaptação às novas mídias?

Acho que essa é a grande vantagem de ter as perspectivas. Quando comecei, era só blog. Depois, veio o Instagram. As pessoas que começaram no Instagram têm menos perspectiva das mudanças. Eu passei por blog, Instagram, YouTube, agora TikTok. Sou muito maleável. Estou sempre aprendendo. Você precisa se adaptar às mudanças do mundo. Essa coisa de ser dura, “daqui eu não saio”, é o segredo do fracasso nos dias de hoje.

Qual é o seu maior diferencial? O que te faz especial entre tantas criadoras de conteúdo?

Autenticidade. Fico muito ligada no que está vindo, sou muito curiosa com as pessoas, toda pessoa é gênia em alguma coisa. Eu converso em todo lugar, estou sempre aberta, leio muito, estou sempre consumindo informação.

Nesse período, quais foram os maiores desafios?

Hoje estamos indo para um lugar que não sei se vai ficar tão legal. Acho que é uma tempestade de fatores que levam para uma visão que me deixa com um pouco de medo. Falta de educação, no sentido de educação mesmo. Aqui no

“As pessoas que começaram no Instagram têm menos perspectiva das mudanças. Eu passei por blog, Instagram, YouTube, agora TikTok. Sou muito maleável”

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Brasil, as pessoas têm acesso à internet sem ter acesso à escola direito. Então você vê os conteúdos sendo muito resumidos, as pessoas cada vez mais sem paciência de consumir conteúdos mais densos. E essa coisa da hipersexualização, das fake news. Junta tudo, é uma grande bomba. Não sei onde isso vai parar, mas sigo fazendo o conteúdo que acredito. Quero entregar coisas para minha audiência para que façam elas saírem do meu Instagram com algum aprendizado.

Tem alguma coisa que você tenha feito no passado que não faria hoje?

Sim, nesse sentido de querer editar demais a imagem. Queria ter sido espontânea logo. Teve um momento ali, naquela coisa das Fashion Weeks, ficou tudo muito duro e muito parecido. Não me arrependo, foi um momento, mas hoje olho e falo “é muito mais legal ser espontânea”.

Quem são as suas maiores referências no universo da influência digital?

Chiara Ferragni é uma referência superforte. A Constanza Pascolato se reinventa muito, piro vendo ela fazer publi. Temos que olhar tudo o que está acontecendo. Não podemos falar o que é bom e o que é ruim na internet. Existe o que o público quer consumir. É gosto. Não dá para ignorar fenômenos como a GKAY e a Virgínia. Olhe o que elas estão fazendo!

Existe a Camila comunicadora, a Camila empreendedora, a Camila influenciadora. Explica como tudo isso se conecta na sua vida. Teve essa janela de tempo, na pandemia, que olhando sob um ponto de vista egoísta, foi positiva para mim. Consegui aproveitar esses dois anos para deixar o GE Beauty mais presente. Eu já sabia que ia voltar diferente, que iria escolher

mais o que fazer. Não dá mais pra ir para um evento e outro, tem que pensar, é tempo. E sempre olhei para o meu negócio como empresa, sempre tive contador, advogado, tudo contratado desde o início. Mas agora, estamos entrando em um novo momento, de escalar. E, para escalar, tem que transformar, de fato, em uma empresa. Caso contrário, vira uma bagunça. Eu tive que dividir meu tempo de uma maneira mais pragmática. Sentei e falei “quanto porcento eu quero dedicar a cada coisa?”. Tivemos que colocar rotina nas coisas, saber minimamente o que vai ser feito durante a semana.

A sua relação com a moda e o luxo foi mudando nesses últimos 16 anos? Sim. Quando eu era mais nova, era superconsumista, mesmo não tendo muito dinheiro. Eu gostava de chegar em casa com várias sacolas. Mas fui mudando. Hoje, só compro um negócio se for usar muito. Eu repito roupa. Tenho vontade de comprar coisas que vão durar, menos trendy.

O que é luxo pra você? Tempo! E ter um desprendimento do que os outros acham de você. Às vezes você tem tempo, mas gasta nas coisas erradas, gasta no que os outros querem que você faça. Não vou para um evento fazer social, vou ficar com a minha família, com os meus amigos. Uso o meu tempo para o que eu quero de verdade.

Qual é a parte mais legal e a mais chata da fama?

Acho que eu sou famosa de um jeito muito particular. Não tem fanatismo, tenho admiradores. A melhor coisa é a satisfação de ter a confirmação pública de que meu trabalho é bom. Isso é muito precioso. É difícil ter essa confirmação tão palpável.

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“Acho que eu sou famosa de um jeito muito particular. Não tem fanatismo, tenho admiradores. A melhor coisa é a satisfação de ter a confirmação pública de que meu trabalho é bom”
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E a coisa chata é que “estar bem” estava muito relacionado a onde eu estava, a viagem que eu fazia, a roupa que eu iria usar, acho isso muito competitivo. Quando você sai desse looping, fica mais de boa.

Você acha difícil equilibrar a vida pública e privada?

Não, mas eu sei que perco audiência por isso. Mas não estou disposta a entregar tanto a minha vida. É uma escolha.

Você se sente pressionada para assumir um posicionamento em temas sensíveis como política, feminismo etc.?

Não, porque eu não assumo um posicionamento com o qual não estou à vontade. Acho que é necessário muita responsabilidade para falar. Tenho minhas opiniões, mas não sou uma profunda estudiosa de política. Quem vê a maneira como eu vivo, sabe bem o que eu penso, não preciso falar nome de candidato. Tudo é política, mas eu nunca farei campanha para ninguém, nunca vou atrelar meu nome.

Quais são seus planos para daqui a 10 anos?

Em 10 anos, eu quero que a GE Beauty esteja muito estabelecida, contribuindo para novos parâmetros no mercado de beleza e vendendo em outros países. Quero que a GE esteja superevoluída como veículo e produto digital. Quero ter filho, quero ter criado algo muito além de mim para que eu possa escolher estar ou não online. Acho que nada vale nossa saúde mental.

Marca internacional que mais admira?

Chanel. Ela tem uma história de libertação feminina junto com a moda, foi a marca que introduziu calças para as mulheres, então imagina o que era, né? Muito forte.

Você tem um sonho de consumo?

É engraçado, porque eu não tenho carro, não tenho vontade de ter, mas adoraria ter um avião. Acho chiquérrimo. Não sei se ainda nessa vida, mas esse é um sonho de consumo.

Uma cidade no mundo? Recife. Eu vou puxar saco.

O que a gente tem que comer quando está em Recife?

Bolo de rolo. E ir no Le Bistrô, o restaurante do meu pai.

Um ícone do seu estado? Pernambuco transborda cultura. Então, você vai de Alceu Valença a Duda Beat, a Samuel de Saboia, que é um artista plástico que está bombando. Tem muita coisa acontecendo lá, esse mix é muito bom.

Quanto tempo você já conseguiu ficar sem usar o celular?

Vinte dias. Foi recentemente, no réveillon.

E pretende fazer isso novamente? Com certeza. Eu queria muito fazer isso toda segunda-feira. Não é não usar o celular, isso é impossível. É não usar o Instagram. Eu queria toda segunda-feira não estar com a rede social no celular, começar a semana sem essa influência.

E o que você sentiu com esse detox? Liberdade. Para mim foi muito gostoso, porque o réveillon é uma época em que todas as influencers, todas as pessoas querem postar onde estão, postar roupa etc. Eu não estava com a menor necessidade de ver onde as pessoas estavam e nem de dizer onde eu estava. Foi uma delícia, foi libertador, eu li três livros, sobrou tempo.

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“Pernambuco transborda cultura. Então, você vai de Alceu Valença a Duda Beat, a Samuel de Saboia, que é um artista plástico que está bombando”
Assistente
CARA BACANA, RISO SOLTO, SEMPRE DISPOSTO A LEVAR ALEGRIA E LEVEZA. ESSE É O ALAGOANO CARLINHOS MAIA, UM DOS MAIORES INFLUENCIADORES DO BRASIL, O REI DOS STORIES NO INSTAGRAM! PARA SE TER UMA IDEIA, SEU ALCANCE NESSA MÍDIA CHEGOU A DESBANCAR A DIVA BEYONCÉ. CIENTE DE QUE A VIDA É UM ATO DE RESISTÊNCIA E REPRESENTATIVIDADE, ELE CARREGA COM ORGULHO A BANDEIRA DO SEU ESTADO E TORNOU-SE UM EXPOENTE DA CAUSA LGBTQ+ Por Fernanda Ávila Fotos Miro Beleza Mel Freese 5 min C 66 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 262 Carlinhos Maia
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Ator, humorista, empresário, e influenciador digital, Carlinhos Maia é pura alegria. Tanta, que sua vida virou tema do enredo da Império de Casa Verde, escola de samba de São Paulo, no último carnaval. Nascido em Penedo, município de Alagoas, filho adotivo de Maria e Virgílio, Carlinhos colocou o pezinho na fama em 2015, com seu canal no YouTube. Em dois anos, atingiu 100 mil inscritos. Mas foi com os stories do Instagram que ele explodiu. Hoje soma mais de 25 milhões de seguidores no perfil e já chegou a 2 bilhões de visualizações, desbancando ninguém menos do que a Beyoncé, em 2018. Casado com Lucas Guimarães, tem negócios nos setores alimentício (The BBurguers), têxtil (Baška) e financeiro (Girabank), além de atuar em séries e promover realities shows que mostram a vida dos moradores da sua cidade natal. Orgulhoso da sua origem nordestina e ciente da sua responsabilidade como influenciador nas causas LGBTQ+, afirma que sua vida é um ato de resistência e representatividade.

Quem é o Carlinhos Maia? E o Luiz Carlos Ferreira dos Santos, fora da internet? Sou um influenciador digital, criador de conteúdo, comunicador, empresário e uma pessoa que tem como missão levar alegria e leveza para a vida das pessoas. Fora da internet, sou a mesma pessoa. Eu mostro minha transparência através da tela do celular. Sem filtros. Com todas as minhas imperfeições e aprendizados. Já fui muito cancelado por conta disso, inclusive. Mas sigo aqui, pois o Carlinhos, assim como o Luiz Carlos, são humanos. Erramos, erramos mais uma vez, e de novo, então aprendemos, estudamos, nos desculpamos, amadurecemos e seguimos melhorando. Amanhã erramos com algo diferente e o ciclo se renova. Tento ser sempre melhor do que ontem.

Você acha difícil equilibrar a vida pública e privada? Como você faz isso no dia a dia?

Já foi mais difícil. Acho que a prática não leva à perfeição, mas ajuda a chegar lá. A fama veio muito rápido, não tive tempo de me adequar. Talvez eu tenha pecado nisso. Pois é preciso um ajuste. Não se pode mostrar 100% da vida, se não você não vive. Eu sigo sendo honesto, transparente ao máximo, falando tudo que posso falar, mas assuntos mais delicados, ou que envolvem a vida íntima de outras pessoas, precisam ser resolvidos sem exposição. Até porque a internet está muito mais agressiva hoje do que quando eu iniciei minha carreira.

Em que momento, e por qual motivo, o Instagram passou a ser seu canal de comunicação com as pessoas?

O Instagram mudou completamente a vida das pessoas, principalmente no Nordeste. Se tornou uma ferramenta de onde as pessoas podem tirar o sustento. Você pode pegar seu celular e criar seu negócio, seu e-commerce, ou divulgar seus conteúdos, contar piadas. Se cair no gosto do público, não tem praga que consiga dar ré no sucesso. Quando eu comecei a utilizar o Instagram, foi apenas mais um meio de comunicação, onde eu poderia transmitir minha vida e gostos através de fotos. Tudo mudou quando eles adotaram os stories. Eu podia transmitir em tempo real a minha realidade. E eu fazia por gosto mesmo. Jamais pensei que iria se tornar o que se tornou. Mas quando comecei a ganhar dinheiro com isso, mergulhei de cabeça. Precisava fazer o meu nome ali.

Antes do fenômeno dos influenciadores, a fama ficava mais restrita ao eixo Rio-São Paulo. Como é ser um alagoano roubando a cena por onde passa?

Me sinto muito orgulhoso do meu estado e da minha região. A internet tirou o Nordeste do escuro. Uma vez eu li uma

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“Tudo mudou quando eles adotaram os stories. Eu podia transmitir em tempo real a minha realidade”

pesquisa que dizia que uma das regiões que mais consumia redes sociais era o Nordeste. Isso me deixa muito feliz. Pois estamos alcançando espaços que antes eram muito restritos. Hoje em dia, se você buscar os maiores nomes da cultura, seja da música ou da atuação, tem sotaque característico do Nordeste. Isso mostra que nós não somos esse povo invisível que tanta gente pensa que somos. É sobre representatividade. Espero que outros alagoanos percebam que o lugar deles é onde eles quiserem ocupar. Seja Rio, São Paulo ou até outro país. A geografia não nos limita, mas nos amplia.

Hoje o seu perfil no Instagram tem mais de 25 milhões de seguidores. Como chegou até aqui?

Eu me pergunto isso todos os dias. Acho que foi muito trabalho e um pouco de sorte. Sorte por ter encontrado as pessoas certas nas horas certas. Pessoas que me deram as oportunidades que eu precisava para poder continuar crescendo. E o trabalho foi inalcançável. Se o público queria saber mais da minha vida e do que eu tinha para falar, então eu não podia fraquejar. É muito cansativo estar logado 24 horas por dia, 7 dias por semana. É trabalhoso se expor em todos os momentos. Se mostrar vulnerável até quando você quer se esconder. A constância é um trabalho que nunca acaba, e foi justamente isso que me levou até aqui.

Qual é o seu diferencial, sua marca registrada?

Meu senso de humor e honestidade. Eu jurei para mim mesmo que nunca iria mentir para os meus seguidores. Me esforço para não quebrar essa promessa. Se algo não está bom, eu não quero saber, eu vou lá e falo. Pronto e acabou.

Você gosta de ser famoso? Como é a sua relação com a fama?

Eu não finjo costume não, eu adoro. Acho que a fama é uma condição de carinho

e admiração. Eu recebo muito amor dos meus fãs. Esse zelo que eles têm comigo me fortalece de uma forma que eu não tenho nem palavras. Eu sou um homem muito realizado por ganhar uma avalanche de afeto diariamente. Isso é ser famoso no meu entendimento. Os aspectos negativos, eu finjo que não vejo. A gente foca no que é gostoso.

Como você se sentiu sendo tema do sambaenredo da Império de Casa Verde este ano? Me senti extremamente lisonjeado. Eu nunca pensei que pudesse chegar tão longe em tão pouco tempo. Quantas pessoas podem dizer que se tornaram enredo de escola de samba com apenas 30 anos de idade? O dia do desfile foi algo raro. Uma emoção que vou guardar para sempre na memória.

Tanta exposição tem um preço. Como é a sua relação com os haters? Já sofreu alguma ameaça ou passou por situação desconfortável?

Sofri muitas e ainda sofro. Ameaças de haters são mais comuns do que parecem. É aquele ditado, quanto mais famoso você for, mais odiado também será. O sucesso incomoda. Eu percebia também que as pessoas se aproveitavam dos meus deslizes para poderem botar toda a podridão para fora. Desde ataques homofóbicos até xenofóbicos. Eu tinha duas opções: me abalar ou lutar contra. Eu preferi lutar contra o ódio da melhor maneira que sei, com leveza e bom-humor. Hoje em dia, sinto que minha relação com os haters é melhor. Eles não me atingem tanto da forma que atingiam. Acho que também já passou aquele efeito da curiosidade. Eu já me estabeleci na internet, então, sendo mais firme, poucas pessoas conseguem me derrubar.

Quais foram as maiores dificuldades e as maiores conquistas até aqui?

Eu vejo o meu casamento como um momento que se destaca, tanto na vida pes-

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“Eu fui imaturo em alguns momentos e injusto com algumas pessoas. É preciso humildade também para pedir desculpas e perdoar”
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soal quanto na profissional. Ver o público abraçando a minha união, de uma forma tão linda e pura, explodindo minha live e meus stories de visualizações, foi algo muito gratificante. De dificuldade, acho que as brigas públicas. Eu fui imaturo em alguns momentos e injusto com algumas pessoas. É preciso humildade também para pedir desculpas e perdoar.

Você se sente um porta-voz das causas LGBTQ+? Como enxerga o seu papel nisso e como acha que pode abrir portas para outras pessoas se sentirem confortáveis para ser quem são?

Minha vida em si já é um ato de resistência e representatividade. Não me considero um grande personagem na luta pelos direitos LGBTQ+ pois quem merece esse título são as pessoas que sofrem na pele ataques. Físicos, inclusive. Sobreviventes que vão à rua reivindicar seus direitos. Quando um jovem gay se monta de drag queen e vai andando a caminho da boate, em um dos países que mais mata LGBTQ+ do mundo, ele sim merece ser honrado. Eu sou privilegiado pela minha fama e dinheiro, tenho noção disso. O que eu posso fazer é usar as minhas plataformas para mostrar para o meu público, do mais conservador e extremista que for, que não existe crime algum em amar.

Do que você não abre mão, faz questão de manter sob controle?

Do meu celular. Acho que até é um pouco chocante, mas não deixa de ser óbvio. Se eu cheguei até aqui produzindo meu conteúdo, sendo 100% honesto e verdadeiro com ele, não posso ceder a chave de todo o sucesso para outra pessoa. Eu preciso saber o que vai subir, quando e como. Eu preciso gravar meus stories em tempo real. Eu preciso estar em absoluto controle do que é transmitido pois é minha credibilidade e confiança que está em jogo. Na vitrine da minha loja, só entra o que eu quero.

Como você lida com campanhas, publis? Já negou propostas por não se identificar com a marca? Tem alguém que te assessora nisso ou é você que toma conta da sua imagem? Eu já fui muito criticado por essa questão, mas é algo que eu também sou bem incisivo. Minha marca é a verdade. Você pode gostar ou não dela, mas é a minha verdade. Em nenhum momento eu vou te enganar. Dito isso, não posso ser pago para mentir. Preciso ser pago para dar a minha opinião verdadeira. Então eu preciso fazer publicidade de marcas com as quais me identifico. Que dialogam com a minha realidade e a do meu público. Eu uso aquele produto? O custo-benefício vale a pena? Ele é acessível? A marca apoia ou é contra as minhas causas? Eu preciso me perguntar tudo isso antes de atrelar a minha imagem.

O que você gostaria que tivessem te contado antes de começar? Que a internet é um meio muito mal-intencionado. Existem pessoas que vão grudar em você por interesse. Outras que vão te abraçar e, assim que virar de costas, vão te empurrar. Então você precisa ser uma pessoa muito atenta aos sinais que a vida te dá. Confiar na sua família e na sua intuição acima de tudo.

Que sonhos já realizou e quais ainda faltam realizar?

Dar uma moradia para a minha família é sem dúvidas o meu maior sonho já realizado. E tenho ainda muitos sonhos e projetos para realizar. O ser humano é movido por sonhos e paixão. Tenho um longo caminho pela frente e uma missão de ajudar milhares de pessoas. Sou muito feliz e grato por tudo o que sou e me sinto na obrigação de levar esse amor para todos!

“Eu sou privilegiado pela minha fama e dinheiro. O que eu posso fazer é usar as minhas plataformas para mostrar para o meu público, do mais conservador e extremista, que não existe crime algum em amar”
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Assessoria de imprensa Black Comunicação

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DONA DO SEU CORPO, DAS SUAS VONTADES, SEGURA DAS SUAS ATITUDES E UMA APAIXONADA DECLARADA PELA OSTENTAÇÃO. ESSA É DEOLANE BEZERRA, MÃE, ADVOGADA CRIMINALISTA E EMPRESÁRIA QUE INFLUENCIA MILHÕES DE SEGUIDORES NO BRASIL COM SEU GOSTO POR BRILHOS, JOIAS, CARROS E MUITO LUXO

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Por Fernanda Ávila Fotos Miro Beleza Kelly Cristina 5 min
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Formada em Direito e especializada em advocacia criminalista, Deolane Bezerra, mais conhecida como Dra. Deolane, tornou-se um fenômeno na internet depois da morte de Mc Kevin, com quem estava casada havia 30 dias e mantinha um namoro de cerca de um ano e meio. Embora já tivesse um número considerável de seguidores, não se compara aos mais de 14 milhões que contabiliza hoje. Sócia de um escritório de advocacia ao lado das irmãs Dayanne e Daniele, com as quais também comanda o reality show “As Doutoras”, onde mostram sua rotina no YouTube, a influenciadora é declaradamente contra o movimento antiostentação. Looks grifados, carros de luxo e a festa de aniversário para 1.500 convidados, em novembro do ano passado – quando ela usou joias avaliadas em R$ 4,5 milhões –, são sua marca registrada. Nas redes sociais a advogada mantém uma ligação íntima com os seguidores, seja dando dicas nos stories ou respondendo às perguntas sem fazer rodeios. Ser direta, autêntica e sem papas na língua parece ser sua receita de sucesso. Nos comentários dos posts, é comum que os seguidores se refiram à ela como “a patroa”. Fã de moda e beleza, Deolane se prepara agora para lançar uma linha de maquiagem. E, como não poderia deixar de ser, sua marca vem carregada de brilho e suntuosidade: os produtos são feitos com partículas de ouro. Do jeitinho que ela gosta!

Quem é a Dra. Deolane?

Eu sou uma mulher forte, que sempre buscou vencer na vida, honrando meus princípios e muito temente a Deus. Sou aquela que não aceita injustiça e que sempre luta por aquilo que acho certo.

E a Deolane Bezerra fora da internet?

Fora da internet sou mãezona, sou filha, sou mais calma (risos), gosto de me conectar com Deus e conversar muito com ele.

Sua carreira de influenciadora teve um grande impulso em um momento de perda e dor. Como você lidou com isso na época?

Foi bem difícil, um dos momentos mais difíceis da minha vida. Mas, por outro lado, ter ganhado tantas pessoas que gos-

tam de mim foi uma força que eu precisava para continuar.

Como surgiu a ideia dos realitys “As Doutoras” e “Mansão das Doutoras”? Qual a sua expectativa com esses projetos?

As pessoas tinham muita curiosidade de saber como era minha vida e das minhas irmãs no dia a dia, queriam ver se éramos reais mesmo, aí acabou surgindo a ideia de mostrarmos para o público. “A Mansão das Doutoras” foi uma ideia da minha irmã Daniele de revelar talentos e entreter o público.

Sua forma de se expressar e suas atitudes costumam render grandes polêmicas. Isso faz parte de uma estratégia?

É o meu jeito total, eu falo alto e firme. Isso já assusta. Além disso, tenho um defeito de dar minha opinião pra tudo, mesmo que essa opinião não agrade a todos. Então acaba sendo o estopim para as polêmicas.

Você estudou direito, atua na área criminal. De que forma a fama ajuda e atrapalha na carreira de advogada?

Não estou mais atuando tanto assim, só com clientes que realmente não abrem mão de que seja eu a advogada. Mas, sem dúvida, a fama ajuda em muitas coisas e, se eu continuasse atuando, com a fama que ganhei, não faltariam clientes.

Por que você escolheu estudar direito, se especializar em criminal, e como vê essa profissão aplicada na sua vida nos próximos 10 anos?

Eu sempre lutei para defender as pessoas, para defender a justiça. Desde nova, quando via alguém sofrendo uma injustiça, lá ia eu arrumar confusão para resolver um problema que nem meu era. Me vejo ajudando outros advogados, passando minha experiência para eles, mas atuando acredito que não.

Você não tem problema em ostentar seu lifestyle. Ao mesmo tempo que o público adora, também incomoda muita gente. Como você lida com os haters? Deixo eles falando sozinhos. Eu sempre fui assim, sempre gostei de ter carrão, corrente de ouro, roupas de grife, não ia ser agora que eu iria mudar.

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“Minha vida pública e privada são quase a mesma coisa, deixo minha vida sempre um livro aberto e compartilho as alegrias e as dores com o público”
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Você se sente pressionada para assumir sempre um posicionamento em temas sensíveis. Como lida com isso?

Faz parte de ser influencer. Tenho que influenciar as pessoas e, de verdade, eu acharia ruim se tivesse que me calar. Isso sim seria difícil.

Qual é a parte mais legal e a mais chata da fama?

Mais legal é o poder que a fama nos traz de chegar até muitas pessoas, de receber tanto carinho e, obviamente, de trabalhar e ganhar dinheiro. O lado ruim é que somos expostos e estamos sujeitos a julgamentos, mas eu tiro isso de letra.

Você acha difícil equilibrar a vida pública e privada?

Não, até porque minha vida pública e privada são quase a mesma coisa, deixo minha vida sempre um livro aberto e compartilhar as alegrias e as dores com o público. Não dá pra esconder nada, descobrem sempre tudo (risos).

Quantas pessoas fazem parte da sua equipe e quem faz o quê?

Mais de dez, fora os que fazem parte indiretamente e ficam no escritório publicitário. Mas, bem próximo a mim tem a minha assessora pessoal, que fica o tempo todo comigo e tem o assessor de imprensa, dos meus compromissos. Ele controla tudo que eu faço, vira e mexe me liga e fala: “apaga isso, apaga aquilo”. Minha irmã mais velha cuida do meu financeiro, minha irmã mais nova ajuda nas publicidades, meu padrasto é meu assessor pessoal também. E tenho cabeleireira, maquiadora e personal style. Ixi, muita gente por trás, mas que realmente fazem toda diferença.

Do que você não abre mão, faz questão de manter sob controle?

Eu quero saber sempre de tudo, ninguém faz absolutamente nada sem meu consentimento. Desde a roupa que vou usar até o contrato publicitário, tudo eu quero saber.

Como você lida com campanhas, publis? Já negou propostas por não se identificar com a marca?

Todos os dias eu nego várias publicida-

des, principalmente se for algo que eu não acredito, coisas que eu sei que vão enganar meu público ou empresas em que eu não confio. Graças a Deus, tenho uma estabilidade que me permite fazer publicidade somente para aquilo que eu quero.

Quais são as suas maiores referências no universo da influência digital? Tenho muitas. Sempre troco figurinhas com eles, Carlinhos, GKAY, Virgínia…

Conselhos para quem está começando na carreira de influenciador?

Paciência para esperar que as coisas aconteçam no momento certo, sabedoria de aproveitar tudo da melhor forma e humildade lembrando sempre de onde saiu.

O que você gostaria que tivessem te contado antes de começar? Que tem muita gente que finge querer o seu bem, mas na verdade só querem te passar para trás.

Tem momentos em que você se desconecta do mundo digital? Em quais situações e por que? Quando converso com Deus, todos os dias bato um papo com ele.

Você tem um sonho de consumo? No momento quero terminar a construção da minha casa.

Qual o lugar do mundo que você mais gosta? O meu lar.

Que lugares gostaria de conhecer? São muitos, vou viajar o mundo todo ainda.

Marca de luxo preferida? Gucci.

O que não faria por dinheiro nenhum? Desonrar minha mãe.

Que sonhos já realizou e quais ainda faltam realizar?

Já realizei tantos que nem sei mencionar aqui, mas sonho em ver meus filhos encaminhados na vida, crescendo e se tornando grandes seres humanos.

Assessoria de imprensa Jucy Costa e Kadu Rodrigues
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aquela que não aceita injustiça e que sempre luta por aquilo que acha certo”

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“Eu sempre fui assim, sempre gostei de ter carrão, corrente de ouro, roupas de grife, não ia ser agora que eu iria mudar”

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GIL FOI O GRANDE VENCEDOR DO BBB 21. EMBORA NÃO TENHA SAÍDO DE LÁ COM R$ 1,5 MILHÃO NA CONTA BANCÁRIA, REALIZOU O SONHO DE PARTICIPAR DO REALITY, CONQUISTOU O BRASIL E AINDA RECEBEU A NOTÍCIA DE QUE HAVIA RECEBIDO UMA BOLSA PARA TERMINAR SEU PHD EM UMA DAS MELHORES UNIVERSIDADES DO MUNDO. NÃO À TOA, PARA ELE, EDUCAÇÃO É PRIORIDADE NA SOCIEDADE EM QUE VIVEMOS

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Por Fernanda Ávila Fotos Miro Styling Léo Bronks Beleza Mel Freese 5 min
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Jaqueta Versace Camisa Pace Calça Tommy Hilfiger Bota Prada
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Acessórios Garimpo de Ouro
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Vigor

Gilberto Nogueira, conhecido como Gil do Vigor, foi um dos participantes de maior sucesso do BBB. Não levou o prêmio máximo, mas ganhou fama, teve sua voz ouvida por milhares de brasileiros e ainda saiu do programa com a notícia de que havia ganhado uma bolsa para se tornar PhD em Economia pela Universidade da Califórnia. Primeiro membro da família a se formar em um curso superior, Gil chegou a largar os estudos para ser missionário da igreja Mórmon. Mas retomou dois anos depois, fez graduação, mestrado e estava cursando doutorado quando entrou no reality. Carismático e autêntico, acumula mais de 15 milhões de seguidores no Instagram e é o criador da dancinha “Tchaki Tchaki”, uma de suas marcas registradas, assim como o bom humor e o ativismo em causas necessárias para o desenvolvimento da sociedade. No livro “Tem que Vigorar”, conta sua história de luta e resistência. Na Rede Globo, apresenta o quadro “Tá Lascado”, do programa “Mais Você”, onde dá dicas de economia e incentiva os brasileiros a sonhar e se organizar no mundo das finanças.

Quem é o Gil do Vigor? É uma pessoa que sempre procura trazer muita leveza e bom humor para aqueles à sua volta. Ao mesmo tempo, também é um ser humano arretado, que não deixa de se posicionar quando é necessário. No passado, precisei batalhar muito para que minha voz fosse ouvida. Então, hoje, como o Gil do Vigor do Brasil, eu não poderia deixar de usar essa visibilidade para promover as causas em que acredito e transparecer tudo aquilo que sinto, seja isso amor ou indignação.

E o Gilberto José Nogueira Júnior fora da internet?

Tenho uma relação de muita sinceridade com o público, então não há muita dife-

rença entre o meu eu dentro e fora da internet, mas quando tenho a oportunidade de me desconectar um pouco desse ambiente, busco me aproximar ainda mais das pessoas ao meu redor. Amo passar um tempo de qualidade com a minha família, meus amigos e até mesmo sozinho, mas, no fim, todas as facetas do Gil são a de um pernambucano vigoroso! Sua carreira de influenciador aconteceu no BBB, certo? Como foi entrar na casa e sair famoso?

Foi um processo mágico! Eu fui muito verdadeiro com a minha essência dentro da casa, mostrei cada uma de minhas facetas, desde o Gil racional e estratégico até o companheiro e sentimental. A única certeza que eu tinha lá dentro era de que o Brasil estava vendo quem eu realmente era, mas não fazia ideia de como o público estava reagindo a isso. Quando eu saí, encontrei várias pessoas acolhendo e aceitando o verdadeiro Gilberto Nogueira, com todas as suas qualidades e defeitos. Essa foi uma experiência muito emocionante e que com certeza me marcará por toda a vida.

Você já era superfã do programa, como foi a sua reação quando recebeu o convite para entrar?

Mesmo sem a confirmação de que iria entrar no reality, eu já ficava feliz com cada avanço no processo seletivo. Cada uma daquelas etapas concluídas representavam um sonho de anos que ia se aproximando da realidade. Depois que você recebe a notícia de que irá participar do programa, tudo acontece muito rápido, então a minha ficha ainda demorou um pouco para cair. Quando finalmente percebi o que estava acontecendo, eu já estava lá dentro com o meu coração transbordando numa mistura de alegria, gratidão e determinação! Eu estava pronto para me jogar de cabeça naquela oportunidade.

“Amo passar um tempo de qualidade com a minha família, meus amigos e até mesmo sozinho, mas, no fim, todas as facetas do Gil são a de um pernambucano vigoroso!“

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Você declarou que, enquanto estava no BBB, sua família sofreu ameaças e que o seu sonho acabou virando o pesadelo da sua mãe. Você chega a se arrepender de ter participado?

Sou eternamente grato por todas as oportunidades que o reality me proporcionou e que definitivamente transformaram a minha vida e a da minha família. Ver a minha mãe sofrendo por conta da repercussão do programa foi realmente devastador para mim. Felizmente, essa fase passou e nós conseguimos superar isso, então não me arrependo de ter participado. Guardo a minha participação no BBB com muito carinho na minha lembrança. De que forma você encara a sua responsabilidade como influenciador?

Acredito que uma das minhas principais responsabilidades como influenciador é justamente mostrar ao mundo a importância dos estudos. Eu sempre digo que a educação liberta e transforma, pois eu sou uma prova viva disso! O aprendizado conduziu a minha história e abriu diversas portas na minha vida. É inaceitável que algo tão essencial quanto a educação ainda seja inacessível para parte da população, por isso acho que é meu dever usar de minha voz para amplificar essa luta em prol das instituições públicas de ensino. A batalha é árdua, mas unidos, nós conseguimos fazer a diferença!

Por que você escolheu estudar economia e como vê essa profissão aplicada na sua vida nos próximos 10 anos? Sempre fui fascinado pelo mundo da economia e sempre tive o desejo de proporcionar uma vida mais confortável para a minha família. Eu ouvia muitas pessoas dizendo que seguir naquela profissão seria impossível para mim, que aquele universo acadêmico e de finanças não era algo que condizia com a minha realidade.

No entanto, sempre fui muito sonhador e, apesar de todos os obstáculos, nunca acreditei que houvesse limites para onde eu poderia chegar. Quando eu assisti ao filme “Em Busca da Felicidade”, eu me identifiquei muito com aquela história, e esse foi o empurrão final para que eu me entregasse de alma e coração à minha própria caminhada em busca da felicidade. Hoje em dia, vejo em minha carreira uma forma de contribuir com o meu país, por isso desejo seguir firme em meus estudos do PhD.

Na economia, quem são os seus mestres? Paulo Vaz, Claudio Ferraz, Nathan Nunn e meus queridos professores.

Sua personalidade e a sua história já vêm carregadas de questões urgentes: a importância da educação, a causa LGBTQ+, a igualdade social. Como você usa a sua influência para tratar desses temas? Sempre procuro usar a minha voz para levar conteúdo de qualidade àqueles que me acompanham, levantar bandeiras importantes e promover o debate a respeito da realidade do Brasil diante dessas questões. Em meio a essas ondas de ódio e fake news em que vivemos, a informação e o diálogo são essenciais na luta em prol das causas sociais no nosso país. Para construirmos um futuro melhor, nunca podemos nos calar!

No livro “Tem que Vigorar”, você conta sobre como foi difícil aceitar sua sexualidade quando ainda frequentava determinada igreja. Como é a sua relação com a religião hoje? Sempre mantive uma relação muito próxima com Deus. Sei que Ele é um Pai de infinito amor e bondade, que conversa conosco e escuta as nossas preces, independente de qualquer coisa. Eu confio

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“A informação e o diálogo são essenciais na luta em prol das causas sociais no nosso país”
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muito nas conversas que tenho com Deus durante as minhas orações, quando sinto seu carinho e ouço os seus conselhos. Acredito que essa fé no Senhor e em tudo que Ele representa seja o mais importante na vida de um cristão.

Você se sente pressionado para assumir sempre um posicionamento em temas sensíveis, como política, por exemplo? Como lida com isso?

Como uma pessoa negra, gay, nordestina e pobre, eu fui, durante toda a minha vida, impactado por decisões políticas que negligenciaram minorias. Sempre achei essencial me posicionar em prol da mudança, mas, antigamente, eu não sentia que a minha voz tinha força. Hoje consigo usar a minha visibilidade para levantar essas questões, então não me sinto pressionado a falar sobre esses assuntos, mas sim privilegiado por ter finalmente a chance de ser ouvido.

O humor está sempre presente no seu conteúdo. O que te deixa de mau humor? Algumas das coisas que mais me deixam de mau humor provavelmente são a injustiça e a impunidade. Infelizmente, vivemos em um país onde esses dois males se sobressaem e sempre trago essas questões para aqueles que me acompanham. Quem me conhece do BBB e das redes, já sabe que não fico calado diante dessas situações.

Você acha difícil equilibrar a vida pública e privada?

Na era das redes sociais, acaba sendo um pouco difícil separarmos a vida pública da privada, mas é sempre necessário tirarmos esse tempo para nós mesmos e os nossos projetos pessoais. Estamos mui-

to acostumados a ficar 24 horas por dia conectados, mas não podemos esquecer que a nossa privacidade e relacionamento com as pessoas próximas a nós são essenciais na nossa vida. Conseguir equilibrar o que é público e o que é privado é um processo muitas vezes gradual, mas que me esforço em fazer.

Conselhos para quem vai participar de um reality show?

Se jogar de cabeça! Participar de um reality é uma oportunidade muito especial. Quem tiver essa chance, precisa vivê-la intensamente. Monte suas estratégias, curta o momento, faça amizades, tenha garra para seguir no jogo até quando puder! Essa é uma experiência única, e que vale muito a pena ser vivida!

Como enxerga o futuro da influência digital? Vejo a influência digital como um cenário promissor e que ainda proporcionará muitas oportunidades para diversas pessoas talentosas, mas também é necessário se ter em mente o que significa ser um influenciador. Esse é um lugar de grande visibilidade e, assim como as pessoas podem influenciar para o bem, elas também podem para o mal. Então, é muito importante que todos os criadores de conteúdo tenham consciência dessa responsabilidade com os seus seguidores.

Quais os seus sonhos para o Brasil? Meu maior sonho para o Brasil é que consigamos ter representantes que priorizem a educação, ajudem a dar voz às causas sociais e lutem pela igualdade. Este ano é de eleição e eu estou confiante de que conseguiremos expressar todo o nosso anseio por dias melhores nas urnas!

“Meu maior sonho para o Brasil é que consigamos ter representantes que priorizem a educação, ajudem a dar voz às causas sociais e lutem pela igualdade”
Assistente de
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Renata Lemos
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Assessoria de imprensa Melina Tavares Comunicação
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GENIAL É O MELHOR ADJETIVO PARA DESCREVER A ESTRATÉGIA DE MARKETING DESSA PARAIBANA ARRETADA QUE TRANSFORMOU SUA FESTA DE ANIVERSÁRIO EM UM DOS EVENTOS MAIS BADALADOS DO BRASIL. DONA DA FAROFA, GKAY É UMA MISTURA DE TUDO QUE SE PODE ESPERAR DE UMA INFLUENCIADORA DE SUCESSO: AUDACIOSA, INCLUSIVA, COMUNICATIVA, EMPREENDEDORA E, CLARO, MUITO FESTEIRA! Por Fernanda Ávila Fotos Miro Styling Daniel Ueda Beleza Rodrigo Costa 5 min G 95

Nordestina arretada, que chega chegando. Gosta de holofotes e tem um orgulho danado do seu sotaque. Gessica Kayane Rocha de Vasconcelos nasceu em Solânea, na Paraíba. É humorista, atriz e uma das maiores influenciadoras do universo digital brasileiro. Seguida por quase 20 milhões de pessoas no Instagram, virou referência nacional quando o assunto é festa. A famosa Farofa foi um dos assuntos mais comentados do ano, dentro e fora da internet. Não só pelo investimento –quase 3 milhões de reais – necessário para juntar centenas de convidados por três dias no hotel Marina Park, em Fortaleza (com tudo pago), mas também por todas as tretas e histórias divertidas que aconteceram lá dentro. Neste ano, ela promete triplicar a festa. E não seria pra menos: GKAY vai fazer 30 anos com muitos motivos pra comemorar.

Quem é a GKAY? Definiria GKAY como coragem. Recebi muitos “nãos”, fui muito acostumada a não ter as coisas. Talvez isso tenha sido uma motivação para minha vida inteira. Eu já tinha preestabelecido que não teria certas coisas e hoje acredito que tudo é possível. Depende da coragem, da força e da vontade que você tem.

Lembra quem te disse o primeiro “sim”? Meu começo na internet foi todo errado. Encontrei um empresário que me roubou, que me maltratou. Acho que meu primeiro grande “sim” foi o Multishow, com a minissérie “Os Roni”. Foi onde tudo começou, onde as portas se abriram para mim, sou muito grata ao canal por isso.

Tem algum padrinho? Alguém que te apoiou e encorajou?

Whindersson Nunes é uma pessoa que até hoje me encoraja, sempre acreditou em mim e no meu potencial. Foi minha primeira inspiração.

Você chegou aonde chegou fazendo humor, rindo de si mesma. Isso reflete o teu jeito de ser no dia a dia? Meu pai sempre gostou de brincar, de contar piada. Desde muito novinha fui acostumada com isso. Meu amigos também, sempre foram muito divertidos, fazendo o que chamamos no nordeste de “resenha”. Sempre fui uma menina fora da caixinha, gostava de rir de mim, de tirar brincadeira, de rir das situações. Até porque passei por muitas situações em que se eu não risse, iria chorar. Então, preferi o riso.

Tem alguma atriz ou ator que você já admirava mesmo antes de trabalhar com isso?

Sempre admirei a Anne Hathaway. E aqui no Brasil também temos atrizes impecáveis, como Juliana Paes e a Fernanda Montenegro. Na comédia, Tatá Werneck e Paulo Gustavo, nosso eterno rei. Marcus Majella, sempre via no Multishow. Foram grandes inspirações. Olhava para eles e pensava que um dia queria chegar aonde eles chegaram.

O que te faz ficar de mau humor? Esperar e acordar cedo. Meu horário ideal é entre 9h30 e 10h. Em qualquer horário que eu for dormir, vou acordar bem nesse horário. Vai dar para eu tomar meu café, olhar o que tá acontecendo na internet. Sou muito ativa à noite.

Qual é a parte mais legal e a mais chata da fama?

A parte mais legal é o carinho que recebo. O mais chato é que as pessoas deduzem sobre situações que elas sabem superficialmente e tomam aquilo como verdade. Você tenta se explicar e vai virando uma bola de neve. É bem chato.

Você é muito amiga da Anitta. Qual é a participação dela na sua vida e carreira? Antes mesmo de virarmos amigas, ela já

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“Passei por muitas situações em que se eu não risse, iria chorar. Então, preferi o riso”
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Farofa foi o maior investimento que já fiz. Não vou negar que sabia que teria um engajamento, mas não sabia que ia chegar a esses níveis de estourar a bolha”

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influenciava muito a minha vida. A Anitta é uma mulher inspiradora. Acho que são as atitudes que ela toma, a coragem que ela tem, o jeito como ela lida com as coisas. Também tem essa característica de ela sempre fazer as coisas do jeito dela. É incrível como toda vez que passo um tempo com a Anitta, volto diferente. Porque ela é tão rápida, faz tantas coisas ao mesmo tempo, que me motiva a fazer mais também. Estar com a Anitta sempre é muito bom para o meu crescimento pessoal e profissional.

Antes do fenômeno dos influenciadores, a fama ficava mais restrita ao eixo Rio-São Paulo. Como é ser uma mulher paraibana nesse meio? Rolou algum preconceito? Muita gente perguntava como eu queria ser atriz se a minha voz era tão carregada, se meu sotaque era tão puxado. Essa questão da xenofobia sofri muito relacionada ao meu jeito de falar, que é mais alto, rápido e exagerado. As pessoas têm muito esse tabu ainda, mas é uma característica muito forte minha, que até hoje nunca me atrapalhou em nada. Mas já me magoou muito. Eu falo que admito todo tipo de crítica, mas nenhuma relacionada à minha origem, porque aí as pessoas já estão criticando uma região, uma cultura. Já passaram do limite, estão atingindo a história de muitas pessoas. Uso minha voz para combater isso.

Você tem medo de haters? Já sofreu alguma ameaça ou passou por situação desconfortável?

Eu acho que difícil não, mas chata sim. Hoje eu vejo o hater como motivação. Quando as pessoas querem me colocar pra baixo, vou lá e mostro que eu tô por cima. Foi uma decisão que interferiu até no meu look do Baile da Vogue. Sempre gostei de chegar chegando, de aparecer, de holofotes. E eu não ia usar look que eu usei no baile até que um amigo chegou e falou “cara, GKAY é chegar, causar, não tenha medo de ser a GKAY”. Acho que até os haters fazem parte de quem é a GKAY. Uma personalidade tão forte, tão chamativa, tão espalhafatosa, vai atrair pessoas comentando todo tipo de coisa.

Os haters estão aí e eu estou com eles também, vamos embora!

Quantas pessoas fazem parte da sua equipe e quem faz o quê? Minha equipe é bem grande. Hoje, são cerca de quinze a vinte pessoas que tenho contato todos os dias. Ninguém trabalha sozinho, ninguém faz acontecer sozinho.

As pessoas que estão comigo, assessoria, fotógrafo, maquiador, produtor, são todas essenciais, são meus pilares.

Do que você não abre mão, faz questão de manter sob controle?

Eu sou muito controladora, me meto em absolutamente tudo, até em coisas que não deveria. Mas, acho que uma coisa que realmente só funciona se eu estiver 100%, é a minha festa. Ela tem que sair como eu imagino, é a minha essência. Das minhas redes sociais sou quem cuido. Direct de Instagram, comentário, eu que respondo tudo. Prefiro responder menos, mas que as pessoas recebam uma resposta minha.

Um conselho para quem quer começar na internet?

Meu grande conselho é que as pessoas não sigam a fórmula de ninguém. Tem espaço na internet para todo tipo de perfil, todo tipo de conteúdo. Você tem que ter o seu jeito e não ter medo disso. Eu tô mostrando para as pessoas quem é a GKAY. Então, se as pessoas gostarem, vão gostar de quem eu sou, do que eu apresento, do conteúdo que eu gosto. As pessoas preferem muito mais ver a verdade.

Que sonhos já realizou e quais ainda faltam realizar?

O grande sonho que realizei foi dar estabilidade financeira para minha família. Nunca passamos fome, mas passamos por muitas dificuldades, principalmente a minha mãe. Hoje, ela dirige, tem o carro e a casa dela. Consigo ajudar toda a minha família, meus tios, meus sobrinhos. Dar uma educação de qualidade para os meus sobrinhos é o meu maior presente. Outro grande sonho é ser dona de um grande festival. E fazer minha carreira lá fora, uma produção hollywoodiana, fazer filmes.

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Como a Farofa impactou a sua carreira? Conta um pouquinho como surgiu a ideia, quem organizou tudo e como a repercussão te tornou conhecida em todos os públicos e segmentos?

É incrível como certas coisas que você nem coloca tanta expectativa, funcionam de um jeito impressionante. As pessoas têm a impressão de que a Farofa surgiu agora, mas é uma festa que eu já faço há quatro anos. Surgiu de uma motivação pessoal, não profissional. Não tive festa de quinze anos, nunca tive uma festa de aniversário, isso me frustrou muito, porque sempre gostei de comemorar coisas. Até que um dia chegou um amigo que estava trabalhando comigo e falou para eu fazer uma festa de aniversário. Eu queria uma festa boa e não queria chamar de “baile da GKAY” ou “festa da GKAY”. Nessa época, as pessoas me chamavam muito de farofeira. Aí decidi colocar “Farofa da GKAY”. Nunca imaginei que ia se tornar o que se tornou. A do ano passado teve um impacto muito grande na minha carreira. Hoje, as pessoas conhecem a minha festa, mas não me conhecem. A Farofa chegou em lugares em que eu ainda não cheguei. Foi o maior investimento que já fiz. Não vou negar que sabia que teria um engajamento, uma projeção, mas não sabia que ia chegar a esses níveis de estourar a bolha, de se tornar um case de sucesso, de chegar na Globo de forma espontânea. Quando terminou a festa, cheguei em casa, liguei a televisão e a Globo estava comentando a Farofa. Ana Maria Braga, Fátima Bernardes… Foi algo totalmente inesperado. Hoje, sou conhecida por isso. As marcas querem patrocinar. Então, esse ano, vou vir com mais força ainda. Vai ser nos dias 5, 6 e 7 de dezembro (meu aniversário é dia 3), no Nordeste. O espírito da Farofa tem que ser nordestino, tem que ter essa energia, sol, praia, calor. Vai continuar sendo para convidados, mas pretendo fazer uma Farofa aberta para o público. É uma coisa que as pessoas pedem muito.

O que alguém precisa fazer para ser convidado da próxima Farofa?

Ser meu amigo, uma pessoa que eu admiro, que eu sei que vai causar. Eu gosto de gente que causa, que não tem medo, que gosta de se divertir, esses são os requisitos. Tem que curtir e aproveitar tudo o que eu estou proporcionando.

Mulheres que você admira no seu estado? Minha mãe, a Juliette e muitas mulheres que também produzem conteúdo, como Fabi Falcão, Diene Toscano, Cátia Freire. Tem muitas mulheres fortes e maravilhosas que levam o nome da Paraíba aonde elas vão. A mulher paraibana já nasce com essa garra.

Como está sendo a experiência de participar da Dança dos Famosos?

A coisa mais desafiadora que já fiz. As pessoas não têm noção de como a dança é um compromisso sério, que exige tanta dedicação e esforço. Eu não sei dançar, sei no máximo uns passinhos de Tik Tok, estou aprendendo muita coisa. É uma competição muito acirrada, os participantes são muito bons, as pessoas são muito queridas. Sou extremamente grata a esse convite. Está agregando na minha carreira, mas também para mim mesma, na questão de aprendizado, de me desafiar, de me controlar. É um nervosismo que não consigo explicar. Quando o Luciano chama meu nome, meu coração para, minha perna treme. Mas quando termino a coreografia, sinto aquela adrenalina. Agora, quero participar de outras competições.

Me conta sobre seus planos futuros?

Muita coisa para esse ano! Vai vir novidade na minha área empreendedora, na minha marca de roupas, na Farofa, no cinema e na televisão. Esse ano estreou um filme de Natal em que sou protagonista e uma série em que fiz um papel totalmente diferente de tudo o que as pessoas esperam da GKAY. Tudo na Netflix. Um ano em que estou plantando e colhendo muita coisa. Para o próximo ano, talvez tenha até uma Farofa internacional, quem sabe?

Assessoria de imprensa Lu Barbosa Assessoria
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“Admito todo tipo de crítica, mas nenhuma relacionada à minha origem, porque aí as pessoas já estão criticando uma região, uma cultura”

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LEVANDO MILHARES DE MENINAS AO DELÍRIO, LEO PICON COMEÇOU SUA CARREIRA NA REVISTA CAPRICHO. COMEÇOU A EMPREENDER NO COMEÇO DA ADOLESCÊNCIA, APROVEITOU SEU TALENTO PARA A COMUNICAÇÃO EM VÁRIAS MÍDIAS E HOJE É UM DOS MAIORES INFLUENCIADORES DO BRASIL

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Por Fernanda Ávila Fotos Miro Styling Ricardo Franca Cruz Beleza Lucas Stocco 5 min
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Leo Picon é modelo, empresário, DJ e um dos maiores influenciadores do Brasil. Sua conta no Instagram tem quase 6 milhões de seguidores. Começou a carreira ainda criança fazendo propaganda na televisão, levou as meninas ao delírio quando foi Colírio Capricho, lançou uma marca de roupas aos 15 anos, participou do reality show “De férias com o ex” e, em 2020, entrou para a lista Under 30 da revista Forbes. Leo divide o sobrenome famoso com Jade, irmã mais nova, amiga e parceira no universo da influência digital. Nesta entrevista ele fala sobre como se mantém nesse lugar de destaque há tanto tempo.

Quem é Leo Picon?

Eu evito me definir e não gosto muito quando me definem. Tento não me colocar dentro de uma caixa. Acho que as pessoas tendem a te definir pelo fragmento que elas captam de você, como se fosse uma foto. Mas eu vejo minha vida como um filme, e esse filme são 120 frames por segundo.

O que te encanta no seu trabalho?

Eu gosto muito de entreter, né? Sou apaixonado por empreender, pela atenção, por gerar sentimentos. Consegui fazer isso através do teatro, de vídeos no YouTube, de filmes, músicas, palestras. Tudo isso me encanta, essa troca. Saber que, para muitas pessoas eu sou inspiração, como muitos ídolos foram pra mim, é algo que me alegra muito. Entendo que eu tenho um impacto real na vida das pessoas e busco fazer deste impacto o melhor possível. Acho que a gente transforma o mundo dentro da nossa própria atmosfera e eu tento construir um mundo melhor dentro da minha atmosfera, que vem cada vez mais se amplificando.

Tem outros influencers que você acompanha, que te influenciam?

É muito louco, porque eu tive a oportunidade de me aproximar dos meus ídolos, das minhas maiores referências. Poder conviver com eles, aprender e trocar ideias. Pessoas que me inspiram e que eu pude acompanhar de perto são o Neymar, a Anitta, o Caio Castro, o Felipe Titto, Marco Luque, Sabrina Sato, minha irmã (Jade Picon), com quem tenho uma relação muito próxima. Nessa edição (da revista) vou sair com a GKAY, né? Ela também é uma pessoa com a qual pude aprender convivendo. Tem também o Di Ferrero, um cara que fez parte da minha adolescência. O Pedro Sampaio, que eu admiro muito. Defendo muito a união no meio artístico e converso com pessoas de todos os nichos. Tenho uma frente de diálogo no esporte, na música, entretenimento, TV… Reconheço que a gente vive em bolhas e poder falar com tantos indivíduos, de bolhas diferentes, acaba expandindo muito minha perspectiva de mundo.

Como é a sua relação com a Jade? O que você aprende com ela e o que ela aprende com você?

Eu sou irmão mais velho, tenho cinco anos de diferença. Ela acabou fazendo parte de toda a minha trajetória. Ela já participava das minhas lives aos oito anos. Sempre tivemos uma relação muito próxima e acho que temos papéis bem diferentes um na vida do outro. Eu sou um cara mais guardião, que protege, que ensina. E ela tem toda uma sensibilidade feminina. Sempre busco fazer coisas que ela admire, que ela se inspire e isso aconteceu em muitos processos desde a Approve, minha marca de roupas. Quando lancei, em 2012, eu tinha dezesseis e ela tinha onze anos. Ela

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montava os pedidos comigo, me ajudava. Eu abri um espaço dentro da marca pra ela desenvolver uma collab, e tudo isso sempre nos fortaleceu. É uma grande cumplicidade. Pra mim, é uma bênção muito grande ter crescido com uma irmã mais nova. Foi muito importante na minha jornada. Tenho um apartamento no mesmo prédio dela, estamos sempre juntos. Uma coisa que a gente gosta muito de fazer é viajar. Temos feito muitas viagens a trabalho e a gente se diverte muito. É algo que está muito conectado com a nossa infância. Meu pai sempre se esforçava para juntar dinheiro e levar a gente pra conhecer um lugar novo. E agora podemos fazer isso com muito mais frequência, com roteiros mais jovens, com festa e tudo mais. Estamos numa fase em que as nossas idades são bem compatíveis. Eu tô com 26 e ela vai fazer 21, apesar de ter diferença, a gente já tem um ambiente mais sinérgico.

Lá atrás, quando você tinha 15 anos e resolveu montar sua marca, como foi para os seus pais? Meus pais me apoiaram, mas o sonho era meu. Nenhum dos meus sonhos foi um sonho que eles pegaram pra eles. Foi muito importante o apoio e também o respeito do espaço, sabe? Eles sempre me colocaram no meu lugar como um adolescente. Tipo “você tem que ir bem na escola, o que você quiser fazer além disso é contigo”. E eu já vinha de uma infância precoce. Abri a marca com 15, mas já tinha dois anos de estrada por conta do Colírios Capricho, que foi uma parada muito forte na minha vida. É doido que mesmo sendo novo, eu me sinto um pouco o Roberto Carlos. Tem pessoas que me acompanham há 13 anos, é muito tempo, é a metade da minha vida. No lance da Capricho, tinha muita gente chorando

quando me via, tremendo, soluçando. Eu pensava “cara, eu significo muito pra essas pessoas, preciso pensar em tudo que eu faço, tudo que eu falo, preciso transmitir coisas boas”. E isso também foi uma ideia que minha mãe trazia bastante, a questão dos valores.

Você começou sua carreira muito novo, além de ser influenciador, é DJ e empresário. Eu faço de tudo. E tudo foi se desenvolvendo na minha vida. Sempre gostei de música. Em 2018, abri uma balada chamada Galeria Bar. Também estudei teatro fora do Brasil, fiz filme, fiz peça, lancei um EP de sete faixas. Ou seja, fui me permitindo vivenciar tudo que fazia meu coração bater. Tive coragem de fazer tudo que me dava um certo entusiasmo. E nem sempre que você toma coragem de fazer algo diferente, a recepção é boa. Vai da sua vontade, da sua dedicação, fazer dar certo. Um amigo meu falou essa frase que achei bem legal que “o talento é tipo uma Ferrari”. É legal ter, mas o que vai fazer essa Ferrari andar é o combustível. E o combustível é a determinação, o comprometimento. Isso nunca me faltou. Dos 18 aos 22 anos, fiz faculdade de administração, algo que me despertou ainda mais para o empreendedorismo, me preparou para organizar melhor os fluxos e processos financeiros.

Como é a sua relação com os haters? São treze anos de vida exposta na internet, tenho haters desde o scrap do Orkut. Aprendi que essas manifestações dizem muito mais sobre as pessoas, sobre o momento que elas estão passando, do que sobre mim. E ninguém é capaz de agradar todo mundo. O Neymar não agrada todo mundo, a Anitta não agrada todo mundo, Jesus Cristo não agrada todo mundo. Está tudo bem não gostar de mim, mas

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“Em determinados assuntos, venho aprendendo que é mais sábio ouvir do que falar. E quando tiver que falar, eu falo”

o hater é o cara que te ataca e aí acho que é uma parada da pessoa. Torço pra que essas pessoas se curem e encontrem felicidade, que sigam suas vidas como eu sigo a minha.

Você se sente pressionado para se posicionar na política e em outros temas mais sensíveis?

Como eu lido com o público, a pressão sempre tem algum efeito dentro de mim. Eu tendo a me posicionar e dar uma resposta. Mas também acho que o silêncio é maravilhoso, que a gente não tem que se posicionar sobre tudo. Em determinados assuntos, venho aprendendo que é mais sábio ouvir do que falar. E quando tiver que falar, eu falo.

Como você lida com campanhas, publis? Já negou propostas por não se identificar com a marca? Tem alguém que te assessora nisso ou é você que toma conta da sua imagem?

Eu fui um dos pioneiros nesse mercado de publicidade digital no Brasil, né? Quando as marcas começaram a olhar para internet, a gente já estava na internet há um tempo. E por eu ter negócios paralelos – a Approve, depois a Hamburgueria, a produtora – e ter outras fontes de renda, nunca me condicionei a fazer publicidade por fazer. Sempre busquei trabalhar apenas com marcas que eu me conecto com os valores, com os produtos. Isso pra mim é muito importante. É muito fácil, pra mim, trabalhar com Red Bull, por exemplo. É uma marca que eu gosto, que admiro, que me inspira. Eu estudei na ESPM, então não trabalho com marcas por trabalhar.

Trabalho com marcas que eu acredito, que tenham um propósito em comum comigo na construção e comunicação.

Qual a marca que está com você desde o início?

Tem algumas. A Forma Turismo me pegou lá atrás quando eu tinha treze anos e, vira e mexe, a gente faz algumas coisas. É uma parceria de longa data. Com a Red Bull estou junto desde a faculdade. Trabalhei com a Puma um tempo, que foi muito legal também. Trident me levou pra vários lugares incríveis. Listerine. Com a Ray-Ban fiz uma campanha internacional, é uma marca que admiro muito.

Como é a sua rotina? Eu não tenho rotina. Tem dia que eu acordo quatro da manhã, tem dia que eu durmo quatro da manhã. Mas eu venho tentando aproveitar, viver o melhor de cada mundo e me jogar.

Com os amigos, o que você gosta de fazer? Dar risada. Balada, restaurante, festa, ficar em casa, paquerar, ir atrás de uns brotinhos.

Algum festival que você tenha ido e queira voltar?

O Coachella é muito da hora. As semanas de moda na Europa, pra mim, é tipo o carnaval europeu. Gosto muito dos festivais que tem aqui no Brasil também. Gosto de festa, de gente reunida, de lugares onde as pessoas se vestem pra sair, sabe? Sabe aquele evento que você gasta um tempinho a mais pra se arrumar? Eu gosto disso.

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“Tive coragem de fazer tudo que me dava um certo entusiasmo. E nem sempre que você toma coragem de fazer algo diferente, a recepção é boa”
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MANU ACABOU DE ESTREAR NA SÉRIE MALDIVAS, SE PREPARA PARA UMA TURNÊ PELO BRASIL, É ATRIZ, CANTORA, ESCRITORA, ROTEIRISTA, DIRETORA CRIATIVA E JÁ ACUMULOU MUITAS CONQUISTAS. MAS, A MAIOR DELAS, FOI O RESPEITO DO PÚBLICO E DO MERCADO DEPOIS DE MOSTRAR TODO SEU POTENCIAL ESTRATÉGICO DURANTE A PARTICIPAÇÃO NO BIG BROTHER BRASIL Por Fernanda Ávila Fotos Miro Styling Carol Roquette Beleza Guilherme Casagrande 5 min M 110 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 262 Manu Gavassi
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Joias Andrea Conti 112 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 262 Manu Gavassi
“Sempre fui muito amiga da narrativa. Essa é a minha maior graça, meu diferencial como artista” Look Balmain

Fãs da cantora, compositora, atriz, diretora e roteirista Manu Gavassi estão em êxtase! E não faltam motivos: além de estar se preparando para viajar pelo Brasil com a turnê “Eu só queria ser normal”, ela também estreou na Netflix interpretando a síndica Milena, em Maldivas. Na série, que traz também Bruna Marquezine e Carol Castro no elenco, Manu mostra todo o amadurecimento adquirido na carreira que começou aos 16 anos, quando entrou para a Galera Capricho, febre entre os adolescentes da época. Paulista, nascida em 1993, Manu é um dos maiores fenômenos do entretenimento brasileiro. Sua jornada foi sendo construída em várias frentes, mas a explosão veio mesmo em 2020, quando foi convidada para participar do Big Brother Brasil. Antes de entrar na casa, criou um plano de marketing invejado por grandes empresas. Deixou gravado 130 vídeos que foram sendo publicados nas suas redes sociais enquanto ela chamava a atenção do público em rede nacional. De lá pra cá, acumulou muitas conquistas, mas sua capacidade criativa e estratégica teve o auge no álbum visual “Gracinha”, trabalho do qual mais se orgulha até hoje.

Você é atriz, cantora, produtora, diretora, roteirista, escritora e uma das maiores influenciadoras do Brasil. Em qual papel se sente mais confortável?

Me sinto mais confortável no papel de contadora de histórias, que é o que existe em comum em todas essas funções. Eu conto uma história como atriz, quando atuo. Conto uma história como cantora, porque componho minhas letras e canto sobre a minha história. Sendo diretora/roteirista/escritora, também estou sempre contando uma história. Sempre fui muito amiga da narrativa. Essa é a minha maior graça, meu diferencial como artista.

Como a participação no BBB impactou a sua carreira?

A participação no BBB foi um marco na minha carreira, o saldo foi extremamente positivo. Acho estranho quando algumas pessoas perguntam se eu me arrependo. É óbvio que não. Foi maravilhoso, mudou a minha vida e a percepção que as pessoas têm sobre mim. Me deu uma plataforma muito maior para eu poder trabalhar com o que eu amo, expandiu minhas possibilidades, fez com que pessoas que antes não confiavam em mim, me respeitassem.

Acho que exige muita coragem e, por isso, fui muito bem-sucedida.

Sua estratégia de lançar a série Garota Errada durante o BBB foi um sucesso. Como surgiu essa ideia?

Eu tive essa ideia porque não queria entrar no reality show. Achei que não tinha nada a ver comigo, morria de medo. Mas entendi que poderia ser uma excelente ideia para que as pessoas prestassem atenção em mim de novo, porque eu comecei muito nova. Quando você começa na idade em que comecei, é muito fácil as pessoas perderem o interesse e não te darem uma segunda chance. Embora eu estivesse crescendo, estudando outras coisas, sentia que tinha poucas possibilidades de mostrar isso. Encarei o Big Brother como uma oportunidade de mostrar esse crescimento e aprendizado. Eu não queria só mostrar quem eu era, a vida pessoal, queria mostrar também o meu trabalho. E como eu faria para mostrar meu trabalho se eu estivesse confinada? Eu poderia deixar um trabalho pré-gravado para ir mostrando ao público ao longo do programa. Sabia que as pessoas estariam minimamente interessadas em entender quem era aquela pessoa. Então, a ideia foi unir o pessoal e o profissional, só assim teria sentido para mim. Minha intenção era dar um upgrade na carreira. E funcionou muito melhor do que eu imaginava. Hoje, sei que essa história virou um case. É muito louco quando você faz alguma coisa por instinto e vira o que virou. As pessoas conversam comigo e falam da importância que eu tive para o programa. Embora eu tenha problemas de autoestima, sei que tive um impacto nesse programa e fico muito feliz desse impacto ter sido através também do meu trabalho, que é o que mais amo fazer.

Você tem uma música chamada “Subversiva”. Você se considera uma mulher subversiva? Me considero. A música foi uma brincadeira com o que fiz dentro do programa, de subverter algumas coisas, de não ser uma personagem muito óbvia. De não jogar, entre aspas, de uma maneira óbvia, de ter ideias diferentes e de me portar de maneiras diferentes em relação às regras. Ficou muito claro nessa situação, mas acho que sou assim em tudo na vida. Acho muito subversivo eu ter lançado meu álbum visual como projeto musical, porque peguei a exposição que eu tinha e transformei em algo

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que fazia sentido para mim. Muita gente me pergunta “Nossa, mas por que você não aproveitou para lançar um single por mês e bombar todo mês?”. As pessoas acham que essa ideia mais midiática é a única fórmula do sucesso, mas existem diversas outras. Poder trabalhar com a sua maneira de ser feliz, fazendo sucesso, é muito poderoso. Porque é você usar o lugar mainstream, de fama, para aplicar uma ideia que não é tão mainstream assim. Talvez seja até um pouco mais alternativo, na contramão do mercado.

Estar no lugar de liderança em uma sociedade acostumada a homens no comando, é uma conquista para você? Você sente que pode ser um exemplo para outras mulheres?

Sem dúvida é uma conquista, mas me faz perceber também quão longe estamos dessa luta quando pensamos no grupo e não só na gente. Principalmente, quando se trata de mulheres no entretenimento. É uma falsa crença de que “eu estou aqui, então você também pode estar”. Não depende só de eu estar aqui. Primeiro, que para eu estar aqui, tive que jogar o jogo muitas vezes, tive que me fazer de boba diversas vezes, assim como todas nós. E o fato de eu estar em um lugar de liderança pouco interfere no quanto eu ajudo outras pessoas. Talvez eu seja uma mera inspiração. Mas muitas coisas na nossa sociedade, muitas regras, muitos discursos, muitas concessões que abrimos para fazer sucesso, têm que mudar para que haja realmente uma transformação. É preciso mudar a mentalidade da sociedade para que mais mulheres triunfem e para que não fiquemos presas em um discurso só comercial do que é o feminismo. Porque tem muitas mulheres que não têm possibilidade nenhuma de crescer. Tenho pensado muito sobre como não podemos nos pautar no sucesso pessoal de uma mulher no entretenimento para falar “nossa, olha como essa luta está sendo ganha”.

Se sente pressionada para se posicionar em temas sensíveis? Como você lida com isso?

Eu não me sinto pressionada a me posicionar, pra mim sempre foi natural. Cresci com um pai e com uma mãe que falavam pra gente pensar nos outros, olhar pra a situação do país, que é gigantesco, onde muitas famílias vivem à beira da miséria. Temos que olhar pra essas pessoas também quando formos votar, não só para nosso próprio umbigo. Eu brinco com os meus ami-

gos que sou “Fora Bolsonaro” escancarado muito antes de isso ser cool, desde a época em que as pessoas tinham medo de se posicionar. Se eu for ser julgada por isso, serei julgada por pessoas que não partilham dos mesmos valores que eu, então o julgamento não vai me doer. Estou muito certa das minhas convicções.

Você se sente respeitada hoje? Me sinto bastante respeitada, coisa que não sentia antes do Big Brother. Acho que a coragem que eu tive ao entrar, a pessoa que mostrei lá dentro, e o trabalho que deixei do lado de fora, fizeram as pessoas me respeitarem como criadora, como artista e como pessoa. Nunca tinha me sentido respeitada nesse nível antes. As pessoas me julgavam de maneira superficial, sem me conhecer. Hoje, posso dizer que me sinto muito respeitada pelas marcas que trabalho em publicidade, pelas plataformas de streaming, pelos canais, pelas pessoas que me convidam para projetos, pelas pessoas que toparam participar de “Gracinha”, meu álbum visual, como amigo, dizendo “gosto de você, tô indo”. Eu fico meio chocada. Isso significa respeito. Eu tenho diversos outros sonhos, acho que nem comecei a mostrar meu potencial. É isso que me anima. Se eu sinto que ainda estou engatinhando e já sinto esse respeito, imagina quando eu começar a me sentir realizada.

Você acha difícil equilibrar a vida pública e privada?

Acho que sou boa em equilibrar os dois lados. Sinto minha vida perfeitamente normal. Vivo momentos reais, com pessoas reais. Acordo e tenho que lavar minha própria louça, fazer mercado, atravessar a rua para tirar o cocô do cachorro. Isso me traz um senso de realidade. Tem diversas coisas banais do dia a dia que muitos artistas perdem. E, quando você vai perdendo os hábitos da normalidade, acaba virando um ET. A fama é um lugar muito solitário. Sinto que eu tenho uma vida normal com pitadas de estranheza que minha profissão me proporciona. Claro que existem diversos luxos, mas consigo manter os pés no chão. E as pessoas ao meu redor, família, amigos, namorado, todos eles sentem isso e me ajudam muito a me manter assim.

Como é o seu trabalho como diretora criativa? Sou diretora criativa de basicamente tudo o que eu faço. Eu sempre tenho a ideia, organizo, entendo como isso vai acontecer, como vai

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“Aprender sobre esse meu lado de diretora criativa, entender que eu já fazia isso sem dar nome, mudou muito a minha carreira, ampliou as minhas possibilidades”

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“A minha ambição é fazer cada vez coisas mais incríveis, inacreditáveis, que eu me orgulhe”

se materializar, qual é a parte estética, além da narrativa. Eu faço direção criativa de todos os meus próprios projetos e comecei a fazer para as marcas com as quais trabalho, o que é muito legal. Quando entendi que eu podia fazer isso na publicidade, um novo caminho se abriu para mim. Nós, artistas, às vezes, estamos super em alta, mas às vezes não estamos tão em alta assim. Mas sinto que meu trabalho se sustenta na criatividade, sei fazer isso bem e vejo que essa é a minha base. Aprender sobre esse meu lado de diretora criativa, entender que eu já fazia isso sem dar nome, mudou muito a minha carreira, ampliou as minhas possibilidades.

Como você vê o futuro da influência no meio digital?

Acho que sempre vai existir a influência momentânea e a influência real. Sinto que quem tem um bom trabalho, respeito e uma base sólida, dura para sempre, não importa quantas modas existam. Se o seu trabalho é bom, se você se preocupa em evoluir sempre, em deixar uma marca, se adapta a qualquer plataforma. E existem também as influências passageiras, que existiram naquele período de tempo, para aquele público, naquela plataforma, naquela linguagem, mas não se sustentam. Hoje em dia existe muita comparação, as pessoas ficam completamente malucas, isso em todas as carreiras. E eu nunca gostei dessa palavra, eu odeio a palavra “influenciar”, porque parece que eu estou obrigando alguém, que estou sendo maliciosa com essa influência. Eu luto muito para que as pessoas pensem com a própria cabeça e, se em algum momento essa cabeça concordar com a minha, que bom!

Que sonhos já realizou e quais ainda faltam realizar?

Eu vivo uma vida que é um sonho. Quando eu era criança, sonhava em ser artista. Quando era adolescente, sonhava em começar com isso cedo e me realizar, poder ver as minhas ideias acontecendo. Quando eu era uma jovem mulher (ainda sou), com uns 20 e poucos, o meu sonho era que as pessoas me respeitassem mais, que me dessem mais oportunidades, que eu pudesse mostrar mais do que eu sou capaz. E acho que agora eu vivo tudo isso. Já me orgulho muito de quem eu sou. Mas tenho muitos sonhos, muitas ambições e vontades. A minha ambição é fazer cada vez coisas mais incríveis, inacreditáveis, que eu me orgulhe. Eu entendi que o meu

modelo de sucesso é algo que vai acontecendo com o tempo, tem a ver com trabalho, tem a ver com ter ideias. E isso demora, demora para realizar de uma maneira grandiosa.

De quais trabalhos você mais se orgulha? “Gracinha” (álbum visual lançado em 2021) foi a melhor coisa que eu fiz em toda a minha vida. Eu brinco que foi o meu TCC, porque eu pude juntar tudo o que aprendi nesses 12 anos de carreira e colocar em prática. Não é que eu só coloquei meu nome ali como diretora, eu realmente dirigi, escrevi a história, o roteiro, todas as cenas, convidei as pessoas, fiz o elenco junto, atuei na frente da câmera, compus todas as músicas, participei da produção delas, dancei, fiz três meses de ballet contemporâneo. Foi um processo de meses para a “Gracinha” existir, um processo muito interno. Eu olho para a “Gracinha” e me sinto capaz de fazer coisas muito grandes. Foi meu portfólio. Sinto que é ousado, porque não é um projeto comercial. Fiz exatamente o que eu queria fazer, uma mini-obra de arte. É tão atemporal que as pessoas vão poder descobrir no futuro, não é um material que tem sentido apenas naquele mês ou ano e depois passa. Se você assistir daqui 10 anos, ele vai ter o seu valor. É o projeto que eu mais tenho orgulho de toda a minha vida e ainda acho que ele vai me surpreender no futuro.

Quais são os planos para o futuro na parte artística e musical? Quais os próximos lançamentos?

Estou muito feliz com a turnê. É algo que eu fiquei em dúvida por muito tempo, acho que eu estava com um pouco de medo, mas agora estou confiante de que vai ser uma celebração da minha carreira. Estou encarando como um período de celebração mesmo, de estar junto com o meu público, de quem gosta de mim, de quem eu fiz parte da vida através das minhas letras. E de perder esse trauma de palco que tenho. Maldivas também foi um sonho, foi a primeira coisa que eu topei fazer logo que saí do Big Brother. Esse processo começou há dois anos.

Foi longo, gravamos no meio da pandemia, então, existiram várias pausas nas gravações. É uma personagem que eu me dediquei muito, que tenho muito orgulho de ter caído na minha mão, que é a Milene, porque ela tem camadas diferentes, ao mesmo tempo que é quase uma vilãzinha, você entende muito por que ela age dessa maneira. Eu me apaixonei por ela, espero que vocês também.

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REBECCA ALVES TEM APENAS 24 ANOS E JÁ COLECIONA MUITAS CONQUISTAS NA VIDA PESSOAL E PROFISSIONAL. CANTORA, ATRIZ, DIRETORA CRIATIVA, RESPONSÁVEL POR TODO PLANEJAMENTO DA SUA CARREIRA E MÃE DE UMA MENININHA DE CINCO ANOS, ESSA CARIOCA JÁ MOSTROU AO MUNDO QUE É UMA POPSTAR. DE RAINHA DAS PASSISTAS DO SALGUEIRO À DIVA DO FUNK MELODY, ELA ARRASTA MULTIDÕES COM SEU JEITO ESPONTÂNEO E CHEIO DE ATITUDE R 118 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 262 Rebecca
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Rebecca nasceu no samba, foi MC, passou pelo proibidão e hoje é uma das artistas de funk melody que mais se destaca no Brasil. Com tão pouco tempo de carreira, menos de quatro anos, já tem no currículo uma parceria com Elza Soares e um feat com a Anitta. Participou do reality “De férias com o ex”, tem mais de 1 milhão de ouvintes mensais no Spotify e mais de 4 milhões de seguidores no Instagram. Mãe da Morena, de 5 anos, a cantora inspira milhares de mulheres com sua música, dança e falas cheias de atitude. Este ano, dá um grande passo: será um dos destaques do Rock in Rio Lisboa.

Você fez uma pequena transição, porque antes era MC. Como foi essa mudança de imagem, de carreira?

Acho que essa transição foi bem tranquila, a gente construiu isso ao longo do tempo, junto com a gravadora. Eu também gosto de tocar outras coisas e o MC me limitava muito. Porque também sou atriz, também gosto de fazer outros projetos que não são relacionados à música. Tirei o MC no ano passado, mas costumo dizer que ainda estou em transição.

Qual a sua expectativa para o Rock in Rio Lisboa?

Estou muito ansiosa e animada, vou levar uma equipe de 20 pessoas. Será o meu primeiro festival internacional. O convite aconteceu no ano passado. O balé está ensaiando e fiz uns ajustes no show. Estou bem feliz porque tem uma importância muito grande não só pra mim, mas também pra todo mundo que trabalha comigo, é a realização de um sonho.

Tem outros projetos para este ano?

Estou fazendo meu álbum, com umas 12 ou 15 faixas. Tem muitos feats também, as pessoas vão ficar surpresas. Ainda não tem previsão de lançamento.

Qual é a grande mensagem que você quer passar com a música?

Para as pessoas serem livres, cantarem o que desejam cantar, se sentirem confortáveis como eu me sinto. As pessoas ficam me colocando numa caixa. Muitas pessoas acham que eu não sou capaz de fazer outros trabalhos. Além de cantora, eu também sou atriz, sou diretora criativa, produzo os meus clipes, faço todo planejamento da minha carreira. As pessoas duvidam muito da minha capacidade, mas eu estou aí para mostrar o que eu sou capaz de fazer.

Como enxerga o seu impacto na música e nas redes sociais?

Influenciar outras pessoas é uma responsabilidade muito grande e acredito que ainda tenho muito que aprender, muito que evoluir. Para mim, é muito importante, porque influencio milhares de meninas que são da comunidade e que sonham em ser cantoras como eu. Inspiro muitas mulheres que são mães solteiras. Atualmente não canto mais proibidão, mas eu comecei cantando proibidão, então ajudo muitas mulheres a se libertarem, a falarem o que elas desejam, o que elas querem, o que elas podem fazer. Me sinto muito grata por tudo o que construí, até porque sou muito nova, tenho 24 anos.

Como se manter relevante com tanta competitividade?

Eu acho que o Brasil é muito grande e tem muito ainda o que ser explorado. Tem espaço para todo mundo. O público é muito grande. Quando a gente se junta, une mais forças e divide público, isso também é muito importante. Eu vejo pelos feats que faço, tipo trap misturando com funk, consigo atingir outros públicos que conversam com o meu. Então, acredito que com os feats, com colaborações, a gente consegue atingir um público maior.

“As pessoas duvidam muito da minha capacidade, mas eu estou aí para mostrar o que eu sou capaz de fazer”
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Como você equilibra a vida pública e a privada? Nem eu sei! Às vezes eu fico assim “ai, acho que tô falando demais da minha vida, acho que tô falando pouco de trabalho”. A minha equipe me ajuda bastante, sempre dosando, porque os seguidores querem saber o que eu tô fazendo no dia a dia, querem saber da minha vida, até pra eles se identificarem. E eu tento sempre trazer coisas orgânicas, não muito artificial, que as pessoas possam saber quem é a Rebecca. Mas eu gosto muito de mostrar meu trabalho também, porque quando comecei eu não tinha gravadora, não tinha os meios para poder fazer a minha arte. Tive que ir me virando. Gosto de mostrar para as pessoas que elas também são capazes de fazer isso, de sair do zero e virar uma superstar, uma artista, uma cantora, ou qualquer outro emprego. A gente tem que correr atrás e abraçar as oportunidades que o mundo tem a oferecer, porque quem não é visto, não é lembrado.

O que você gostaria que tivessem te contado antes de começar?

Eu não sei se eu gostaria que tivessem me falado alguma coisa. Porque se alguém me desse as dicas, na minha cabeça pareceria muito fácil chegar até aqui. Acho que Deus dá o que a gente pode carregar, tudo o que aconteceu na minha vida é pra eu aprender a dar valor às mínimas coisas.

E qual conselho daria pra quem está começando?

Não desistir porque é babado. São tantas coisas que acontecem, a gente sobe no palco e sorri, o povo acha que está tudo bem, mas nos bastidores a gente está xingando, estão acontecendo vários BOs pra tudo dar certo. E é muito importante continuar estudando sempre. Isso é importante não só pra minha vida pessoal, mas também pra minha carreira e para as pessoas que trabalham comigo, que são o meu reflexo.

Quais são os maiores desafios do digital? Ficar postando conteúdo todo dia é babado pra mim. Porque eu tenho que me dividir em 300 mil pessoas, tenho que ser mãe, ser artista, empresária, atriz... A parte mais difícil é aparecer nas redes sociais. Por exemplo, agora eu não postei nada, tenho que postar, porque o público quer ver.

Como adaptar o conteúdo para os diferentes públicos?

Eu vou muito na vibe do meu dia a dia. Se eu estou postando muita foto, tenho que postar um vídeo pra dar uma engajada. A gente tem que acompanhar as trends que estão bombando nas redes sociais, pra gente também se adaptar ao ambiente. Você cuida sozinha das suas redes sociais? Eu decido o que eu vou postar junto com a equipe. Gosto muito de responder meus fãs, mas não dou conta sozinha. Então tenho uma equipe que responde comentários e, às vezes, quando não estou fazendo nada, vou lá no privado, onde ficam as solicitações de mensagem, e respondo alguns fãs. É sempre bom a gente ter esse contato, até porque eles amam tirar foto comigo no camarim, sempre faço promoção, sorteio pra fotografar nos shows. Às vezes eu faço live, spaces no Twitter, até mesmo pra ficar conversando, saber a opinião deles com relação ao meu trabalho. Eles são os que mais consomem a minha música. Então é sempre importante ter essa conexão.

No universo da música, quais são os seus sonhos, o que você ainda quer conquistar? Eu quero conquistar muita coisa ainda, tenho muito ainda o que aprender, só tenho três anos de carreira, vou fazer quatro esse ano. Daqui a uns cinco anos quero estar no auge, muito maravilhosa, já com meu terceiro disco. Quero ganhar prêmios, quero ganhar Grammy. É muita coisa pra realizar ainda!

“Influencio milhares de meninas que são da comunidade e que sonham em ser cantoras como eu. Inspiro muitas mulheres que são mães solteiras”

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“Daqui a uns cinco anos quero estar no auge, muito maravilhosa, já com meu terceiro disco. Quero ganhar prêmios, quero ganhar Grammy. É muita coisa pra realizar ainda!”

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Assessoria

SAVOIR-FAIRE É O QUE NÃO FALTA PARA SILVIA BUSSADE BRAZ. FREQUENTADORA DE TAPETES VERMELHOS E PRIMEIRAS FILAS NOS DESFILES DAS PRINCIPAIS GRIFES DO MUNDO, A INFLUENCIADORA É REFERÊNCIA EM MODA, LUXO E COMPORTAMENTO. HÁ 11 ANOS NA INTERNET, JÁ VIU MUITA COISA E FOI CAPAZ DE SE REINVENTAR DIVERSAS VEZES. NÃO À TOA, JÁ ESTEVE ENTRE AS CINCO INFLUENCERS MUNDIAIS COM MAIOR VALOR DE IMPACTO NA MÍDIA EM SEMANAS DE ALTA-COSTURA

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Joias Beatriz Werebe
TOP MAGAZINE EDIÇÃO 262 Silvia Bussade Braz

Silvia Bussade Braz é comunicadora, empreendedora e mãe de três Marias (Maria Vitória, 21; Maria Antônia, 16; e Maria Isabela, 7). Nasceu em Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, formou-se em Direito e começou a criar conteúdo em 2012. Passou pela transição do blog para o Instagram, tratando de temas como lifestyle, decoração, empreendedorismo e viagem. Mas foi na moda onde mais se destacou. Em 2018 cruzou o tapete vermelho do Festival de Cannes pela primeira vez a convite da Givenchy Beleza, mesmo ano em que estreou no Festival de Cinema de Veneza. Em uma pesquisa realizada pela Launchmetrics, Silvia foi apontada como uma das cinco influencers mundiais com maior valor de impacto na mídia em semanas de alta-costura. Em 2019 alcançou a terceira posição, conquistando US$ 235.000 de impacto de colocações e menções, ao lado de nomes como Romee Strijd, modelo holandesa; Lana El Sahely, influenciadora libanesa e Heart Evangelista, atriz filipina. Durante a quarentena, surpreendeu sua audiência ao fazer lives com conteúdos e convidados pertinentes, como Abilio Diniz, Dra. Ludhmila Abrahão Hajjar, Dr. Roberto Kalil, Gabriela Prioli, Giovanni Bianco, Luiza Trajano, Nizan Guanaes e Sig Bergamin.

Quem é Silvia Bussade Braz? Uma mulher dona de si. Empreendedora, mãe, comunicadora, ariana raiz, apaixonada por novas experiências, comunicativa, agitada, afiada e muito realizada com a vida profissional que construiu. Uma pessoa apaixonada pelo que faz e uma grande entusiasta da vida.

Você praticamente inaugurou a internet! Começou em uma fase em que não tinha redes sociais. Como foi esse processo de adaptação às novas mídias?

Quando comecei, há 11 anos (tinha 30), não tinha a estrutura que eu tenho hoje. Na verdade, todo esse universo e mercado não existiam. A internet e as redes sociais revolucionaram a maneira como nos comunicamos, nos posicionamos, trabalhamos, consumimos e vendemos. Cada vez mais temos um leque crescente de novas profissões em torno desse mercado, não só os influenciadores. Criou-se um universo próprio. De lá para cá muita coisa mudou, e segue em constante movimento. Saí do blog para o Instagram, depois tive um turning point com a chegada dos Stories e, atualmente, tenho apostado, cada vez mais, no real e no vídeo. Costumo me adaptar rápido ao novo, sou uma pessoa que reage. Percebo uma movimentação, vou atrás, entendo, aprendo e vejo como posso me inserir nesse “novo”, sempre trazendo minha essência e meu olhar. Nunca abro mão da minha individualidade, eu busco o que funciona melhor para mim. Fiz isso na pandemia, por exemplo, entendi que era o momento de levar informação, tirar dúvidas que eu mesma tinha e, por isso, convidei profissionais especializados nos temas que julgava pertinentes.

Nesse período, quais foram os maiores desafios?

No início? O respeito, acredito. Nós – eu e os outros que começaram na mesma época – aprendemos tudo na prática, junto com o mercado. Ninguém entendia ao certo o que estávamos fazendo e muitos demoraram para entender de fato. Nos dias de hoje vejo que o maior desafio é acompanhar o “novo” da vez, se reinventar.

Qual é o seu maior diferencial? Não sei se vejo como diferencial, mas eu cultivo adjetivos que sempre vi com importância. Nunca deixo meu profissionalismo e minha espontaneidade de lado. Assim

“Percebo uma movimentação, vou atrás, entendo, aprendo e vejo como posso me inserir nesse ‘novo’, sempre trazendo minha essência e meu olhar”

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como sempre revejo o caminho percorrido – essa retrospectiva nos mantém com os pés no chão. Sou dos sonhos, dos desafios, vou atrás e quero alcançar lugares que outros duvidam, mas nunca esqueço o que já foi conquistado ou vivido.

Em que momento você decidiu trocar a formação em Direito para influenciar?

Não houve uma troca propriamente dita ou um momento exato no qual eu deixei de exercer o Direito para trabalhar com as redes sociais. Eu pausei o Direito (que estava iniciando na época) para me dedicar 100% à maternidade – eu tinha 20 anos quando engravidei da Maria Vitória. Foi a decisão que fazia sentido no momento e cabia financeiramente. Após alguns anos, já com a Maria Vitória e a Maria Antônia maiores, comecei o blog e, mesmo assim, de maneira orgânica.

Qual foi o papel da sua família na construção da sua carreira?

Minha família é literalmente meu lar. Meu lugar de conforto e de descanso. Sempre que preciso me desligar, desopilar e recarregar as energias, fico com eles – não tem forma melhor de me preparar para maratonas de trabalho. Além do apoio, claro, sempre incentivamos o crescimento um do outro.

Você acha que o conceito de luxo mudou nesses últimos anos? De que forma?

Vejo o luxo como algo muito individual, o conceito pode ir de acordo com a realidade e momento de vida de cada um.

O que é luxo pra você?

Atualmente, considerando a minha realidade e a minha rotina: o tempo.

Você acha difícil equilibrar a vida pública e privada?

Há uma linha muito tênue entre ambas, acredito que para todos nós. Mas o meu trabalho exige um maior protagonismo da vida pública no meu dia a dia. E é isso, é o meu trabalho, a forma como eu me tornei independente financeiramente. E o que não é uma questão para mim, ao longo dos anos aprendi a dosar de acordo com o momento que estou vivendo, o equilíbrio é válido para tudo na vida.

Durante a pandemia você fez uma série de lives com conteúdos diferentes do que costumava abordar. Como foi essa experiência?

Eu precisei me adaptar rapidamente a um novo diálogo com os meus seguidores e isso me trouxe novas vivências como comunicadora. Me vi trazendo outros assuntos para as redes sociais – algo que eu sempre amei fazer, mas talvez não colocasse em prática com tanta frequência. Na época, criei um espaço de lives e bate-papos, logo no início desta movimentação, abordei questões informativas com profissionais da saúde, trouxe alternativas para o mercado com personas que estavam nessa busca ao meu lado e também conversas mais fluidas e leves como alternativas que eu acredito que equilibram nossa saúde mental.

Você também fala de empreendedorismo. Como acha que a sua experiência pode inspirar outras mulheres? Esse é um tema de extrema importância para mim. Acredito muito na independência financeira e na realização profissional das mulheres. São pilares que aprendi com a minha mãe – uma mulher que

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“A Costanza Pascolato sempre nos surpreende por sua vivacidade, em querer aprender e se reinventar, um exemplo para todo influenciador, em qualquer idade”
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considero muito forte – e passo para as minhas filhas. Vejo esses valores presentes também nas minhas irmãs que são duas mulheres que admiro diariamente.

Você se sente pressionada para assumir um posicionamento em temas sensíveis como política, feminismo etc.?

Não me sinto pressionada, porque temas cotidianos nos cercam e estão presentes em nossas vidas e escolhas. Temos que estar abertos para falar, ouvir, manter diálogo saudável. Quando me propus ao projeto de lives foi com o intuito de trazer novas visões e, por consequência, informações sobre determinados assuntos. E vejo como foi benéfico promover a conversa com personas referências em suas áreas.

Do que você não abre mão, faz questão de manter sob controle?

Como uma boa ariana raiz, gosto de um certo controle. Mas no geral, sou alguém que ouve, busca quem entende do assunto, absorve ideias e que se cerca daqueles que admira.

Como você lida com campanhas, publis? Já negou propostas por não se identificar com a marca?

Só trabalho com marcas que eu realmente admiro, conheço e posso indicar. Existe uma curadoria extensa por trás de cada trabalho iniciado.

Quais são as suas maiores referências no universo da influência digital?

A Costanza Pascolato, por ser um ícone para tudo, não só para a moda. Ela sempre nos surpreende por sua vivacidade, em querer aprender e sempre se reinventar, um exemplo para todo influenciador em qualquer idade.

O que você gostaria que alguém tivesse te contado antes de começar?

Eu sempre me cerquei de pessoas que me apoiam. Minha família carrega isso com muita consciência, nos apoiamos e nos elevamos em tudo. Mas eu comecei em uma época onde não existia Instagram, não existia nem ao menos o termo “blogueira”, tudo o que eu fazia e postava causava estranheza. Esse pré-julgamento, eu preferia não ter recebido.

Como enxerga o futuro da influência digital? Nossa, ilimitado! Nós estamos vivendo um momento de virada de chave, caminhando para novas possibilidades. Acho difícil, hoje, entendermos com clareza para onde de fato estamos indo. Mas um ponto é certo, a influência digital continua com toda sua força.

Que sonhos já realizou e quais ainda faltam realizar?

Nossa, para citar um, entre os momentos mais marcantes, eu sempre carrego comigo a minha primeira semana de alta-costura. Foi algo de extremo significado na minha trajetória na moda. E em geral, sou grata aos últimos 11 anos, mas também sigo sonhando e vou continuar assim. Tem muita coisa para realizar ainda.

Assistente de beleza Paulo
Index Conectada
Florentino Assessoria de imprensa
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“Vejo o luxo como algo muito individual, o conceito pode ir de acordo com a realidade e momento de vida de cada um”
Uma joia é para toda vida. Por isso, temos as melhores. www.joalheriapaulista.com.br @joalheriapaulista/joalheriapaulista

Do virtual

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para o real

INFLUENCIADORES TRANSCENDEM O UNIVERSO ONLINE E DÃO ORIGEM A MARCAS E EMPRESAS BEM-SUCEDIDAS, COM LOJAS FÍSICAS E PRODUTOS BEM AO GOSTO DE SEUS FIÉIS SEGUIDORES

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Tudo que é sólido se desmancha no ar, escreveu nos anos 80 o filósofo norte-americano ao refletir sobre a modernidade. E tudo que é virtual pode se transmutar em algo material, como bem vêm provando as empresas que nasceram a partir de blogs, sites e perfis das redes sociais. Nos últimos anos, diversas web celebrities, que surgiram do nada e conquistaram milhares ou milhões de fãs, amigos e seguidores de maneira tão repentina quanto surpreendente, souberam converter a fama e a notoriedade em negócios bem-sucedidos. Saíram da impalpável nuvem do universo digital para o mundo real do comércio, das lojas físicas, dos showrooms e dos produtos licenciados. Como criadores e difusores de tendências, essas antenadas criaturas da blogosfera e das mídias sociais souberam incorporar os conceitos da estratégia phygital a suas trajetórias profissionais, borrando as fronteiras entre o físico e digital enquanto convertem sua imagem em novas marcas, que já nascem com um numeroso público cativo. Seu exército particular de admiradores é instantaneamente transformado em um batalhão de consumidores. Na verdade, todo influencer, por natureza, já é um empreendedor. São pessoas que organizam, gerenciam e administram um negócio. Alguns vão além e dão origem a novas empresas – em geral como resposta a uma oportunidade ou uma necessidade que eles percebem em sua comunidade de seguidores. O influenciador é alguém que conhece muito bem os desejos e os hábitos desse grupo específico de consumidores e sabe o que oferecer a eles. Existem dezenas de casos assim no Brasil. Nas páginas a seguir, vamos te apresentar alguns desses “cases”.

As precursoras Na primeira década deste século, a internet foi o berço de uma nova categoria de celebridades: as blogueiras. Com seus relatos pessoais postados em seus diários online, conquistaram milhões de seguidores e, mesmo sem uma formação tradicional nos assuntos sobre os quais opinavam, tornaram-se referência. Pode-se dizer que foram as precursoras do marketing de influência aqui no país. Foi nesse período que surgiram nomes como Helena Bordon, Lala Rudge, Thássia Naves e Julia Petit.

Por Kike Martins da Costa Fotos Divulgação 5 min
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Todo influencer, no fundo, já é um empreendedor. É uma pessoa que gerencia e administra um negócio. Alguns vão além e dão origem a novas empresas

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Frequentando semanas de moda na Europa desde pequeninha na companhia de sua mãe, a poderosa Donata Meirelles, Helena não se contentou em ser apenas um cabide de roupas e acessórios de poderosas grifes internacionais. Em 2015, lançou sua primeira coleção de óculos de sol, feitos no Brasil e finalizados à mão, com matérias-primas vindas da Itália e da Alemanha. Sua marca tem uma loja no Shopping Cidade Cidade Jardim, e seu e-commerce vende também blazers, cardigãs, croppeds, pantalonas, tricots e moletons da estilosa e confortável linha Essentials. Hoje tem 1,3 milhão de seguidores no Instagram. É também no Shopping Cidade Jardim que funciona a loja da La Rouge Belle, marca de lingerie fundada em 2012 por Maria Imaculada da Penha Trussardi Rudge, mais conhecida como Lala Rudge, outra it girl da cena fashion paulistana. E sua fama não se restringe a SP: em 2017, ela foi convidada por Domenico Dolce e Stefano Gabbana para desfilar para a famosa marca italiana, que colocou na passarela 5 millennials representando a nova geração de consumidores. Seu perfil no Instagram tem mais de 1,6 milhão de seguidores.

Outra potência quando se fala em influencers de moda é a mineira Thássia Neves, que tem quase 4 milhões de seguidores no Instagram.

Fora do universo digital, ela tem uma série de produtos licenciados com a sua marca. Um dos lançamentos mais recentes foi a linha TN, de roupas com visual fashion e elaboradas com tecidos inteligentes, com proteção antirraios ultravioleta e modelagens especiais para a prática de beach tennis.

Já Julia Petit começou a sua carreira como modelo e designer de joias, mas se encontrou mesmo foi como autora dos textos do blog Petiscos e dos vídeos dos canais Petiscos e Petit Comitê, no YouTube. Ganhou fama como especialista em maquiagem e chegou a comandar um programa no GNT sobre o tema, o “Base Aliada”. Com meio milhão de seguidores no Instagram e mais meio milhão no YouTube, ela é também uma das fundadoras da marca de cosméticos Sallve, que tem produtos feitos com ingredientes brasileiros e é vendida em centenas de farmácias do país.

Presença em todos país

A campineira Natalia Vozza é um dos casos mais perfeitos de influenciadora digital que ultrapassou os limites das redes sociais e transformou sua notoriedade em um negócio de sucesso. Na época em que trabalhava na Daslu, criou o blog Glam4You, que rendeu milhares de seguidores. Em 2013, atendendo a pedidos de suas amigas e leitoras, resolveu empreender e fundou a sua própria marca, a NV. “Lembro que eu morava em um apartamento bem pequeno, que funcionava também como escritório. Nosso estoque era na cozinha. Fazíamos de

Mesmo sem uma formação tradicional nos assuntos sobre os quais opinavam, as blogueiras conquistaram milhões de seguidores e se tornaram referência

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tudo, desde ir comprar tecido na 25 de Março até levar os pedidos ao correio”, recorda a empresária. Hoje a label atua no segmento de luxury apresentando um mix de produtos com peças modernas, atemporais, versáteis e de qualidade premium, ideais para vestir mulheres descomplicadas, sofisticadas e femininas. Em 2017, a primeira loja foi inaugurada na Rua Cristiano Viana, no bairro paulistano de Pinheiros. “Essa loja é nosso amuleto, não fecho por nada. A abertura desse ponto físico foi o turning point da NV, porque de fato conseguimos consolidar a marca que antes estava presente somente no digital”, avalia Natalia. Em seguida, a marca inaugurou lojas físicas em cidades como São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Recife, Curitiba e Goiânia. Em outubro de 2020, o Grupo Soma anunciou a entrada da label em seu poderoso portfólio de marcas. Hoje, a NV possui 13 lojas físicas e está presente em 87 multimarcas de todo o Brasil. Além disso, os sócios criaram o seu próprio Centro Logístico, localizado no Espírito Santo, contando com toda a infraestrutura necessária para uma experiência cada vez melhor para os consumidores – e seguidores!

Mi casa, su casa Desde os 12 aninhos, Luma Costa trabalhava como atriz. Sua estreia foi em 2001, na novela “Um Anjo Caiu do Céu”, vivendo a personagem da veterana Miriam Pires quando pequena. Depois atuou em “O Beijo do Vampiro”, “Começar de Novo”, “Páginas da Vida”, “Carga Pesada”, “Sítio do Pica-Pau Amarelo”, “Malhação”, “Pé na Cova”, “Fina Estampa” e “Sol Nascente”. Após cinco anos fora das telinhas, ela percebeu que a hashtag Mesas da Luma, na qual compartilhava conteúdos sobre mesa posta e decoração, havia se tornado um sucesso. Aí resolveu transformar essa oportunidade em negócio. Lançou a Casa Costa, sua marca de decoração, com louças, talheres, caixas organizadoras, acessórios de coquetelaria , aromatizadores de ambientes e roupas de cama, mesa e banho. Segundo a artista, a afinidade com o tema começou de modo orgânico na web e agora é um completo e eficiente e-commerce, com direito a showroom no bairro do Itaim, em São Paulo. “Sem muita pretensão, fui me estabelecendo como referência no assunto. Aliei uma grande paixão com uma demanda latente. Com o meu desenvolvimento e amadurecimento como empreendedora, comecei a estudar a possibilidade de abrir um novo negócio e tudo fez sentido”, relembra Luma, que hoje contabiliza 1,4 milhão de seguidores em seu perfil no Instagram. Na criação da Casa Costa, Luma participou de todas as etapas do processo, desde a curadoria e a seleção dos produtos até o desenvolvimento do site e da logomarca. Um dos destaques da Casa Costa é a sua Galeria de Artistas, que abre espaço para as obras de artesãos locais, evidenciando a qualidade e a estética do nosso país.

Nati Vozza começou como autora do blog Glam4You. Hoje, a marca NV possui 13 lojas físicas e está presente em 87 multimarcas de todo o Brasil

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Casal Phigital

Shantal Verdelho já fez de tudo nesta vida: estudou Gastronomia, trabalhou como vendedora de lojas e modelo, foi relações-públicas da marca de calçados Schutz, teve sua fase de digital influencer e agora investe em seu lado empreendedor. Ela é a fundadora da holding Zion, que abriga a Zion Joias e Zion Wine. O desejo de empreender sempre esteve presente em seu coração. Em 2017, com uma consolidada trajetória de influenciadora, ela decidiu se aventurar no mercado de joias. Três anos depois, Shantal fundou a Zion Wine, unindo seu prazer por vinhos e com um conceito de valor acessível que defende em suas empresas. E tem ainda a Zion Swim, empresa que produz e comercializa uma linha de beach wear para mulheres reais, de todos os estilos e para todas as ocasiões. “Minhas empresas são minha aposentadoria tranquila. Minha família e muitos funcionários dependem do meu trabalho. A internet é um meio de autopromoção fantástico. Hoje, estou em uma posição onde nem preciso falar mais sobre o brinco que apareço usando nas redes sociais. As seguidoras já entendem que é da Zion e só de botarem o olho, vão comprar”, finaliza Shantal, que tem 1,7 milhão de seguidores no Insta. E, sob o mesmo teto, ainda temos os negócios tocados pelo exmodelo Mateus Verdelho, marido de Shantal e influencer com quase 1 milhão de seguidores. Ele é o criador da marca de roupas e acessórios Hollywoodogz, muito cobiçada no segmento de streetwear. “Eu me inspiro na cultura e no estilo dos locais que visitei para criar as nossas coleções. As peças precisam fazer parte do meu lifestyle, então também carregam muito da música e do skate”, destaca.

Dos Romances às semijoias

Há alguns anos, Michelle Rocha começou a ficar conhecida no mundo digital por conta das entrevistas e matérias que produzia para o site We Pick, de Lelê Saddi. Em 2014, Mica, como também é chamada, anunciou sua saída do site e migrou para a TV, onde apresentou o programa “S.O.S. Pé na Bunda” no Warner Channel. Ainda nessa área, escreveu dois livros sobre relacionamentos: “Manual da Fossa” e “Amor (Ex)”. Filha de um dos fundadores do Grupo Riachuelo, em 2015 Mica casou-se nas Bahamas com o banqueiro Renato Mimica (sócio do BTG Pactual) e passou a atuar como influencer de lifestyle. Aos poucos, foi também se consolidando como empreendedora. Hoje, com 1,2 milhão de seguidores no Instagram e três filhos, ela é também sócia da Margaux (de calçados veganos femininos) e da Misha, marca de semijoias, com bonitas peças confeccionadas à mão por ourives com prata legítima, banhadas a ouro e adornadas com cristais verdadeiros, como topázio, ametista e citrino. “ São produtos bem mais acessíveis que as joias, mas com qualidade”, observa Mica. Há poucas semanas, inaugurou a Open Era, marca voltada ao segmento de athleisure, com jaquetas corta-vento, leggings, blusas com capuz, roupas desenvolvidas especialmente para gestantes e roupas íntimas masculinas. “Não é uma marca só de fitness ou de moda casual, é uma marca que une esses universos”, explica a jovem empreendedora, que comanda duas lojas da Misha (nos shoppings JK, Morumbi e Iguatemi) e se prepara para um rebranding da Margaux, com inovações e calçados com mais brasilidade.

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O desejo de empreender sempre moveu Shantal Verdelho, que hoje comanda a holding Zion, que abriga a Zion Joias, a Zion Wine e a Zion Swim

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NFTs: além das obras de arte virtuais

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OS NFTS TORNARAM-SE UM FENÔMENO MUITO POPULAR, EMPOLGANDO ARTISTAS E CONSUMIDORES. MAS QUAL SERÁ O FUTURO DESSA TECNOLOGIA?
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O ano de 2021 foi agitado no mercado de cripto: a moeda Bitcoin (BTC) e a blockchain Ethereum (ETH) se popularizaram e abriram caminho para a ascensão de obras digitais que movimentaram bilhões de dólares por meio dos NFTs.

O "Non-fungible Token" que, em tradução livre, significa token não fungível, funciona como uma espécie de certificado digital não intercambiável que utiliza a tecnologia das redes de criptomoedas para criar ativos digitais únicos.

Complexo? Um pouco, mas nem tanto. Na prática, comprar um NFT significa registrar a posse de um ativo, seja ele digital ou físico, confirmando sua autenticidade sem que ninguém possa alterá-lo. Um bitcoin, por exemplo, é algo fungível, o que significa que ele pode ser trocado por outro bitcoin sem problemas, algo que não acontece com os ativos não fungíveis, que são coisas únicas que não podem ser substituídas.

O tal “certificado de autenticidade” do NFT é, basicamente, um código de computador. O que garante sua segurança é o fato de o registro ser feito em uma blockchain, tecnologia que registra as transações realizadas pelos usuários de criptomoedas e não permite que os dados imputados sejam alterados por ninguém. Usando um exemplo real para tornar a coisa toda mais palatável, recentemente o jogador de futebol Neymar comprou o NFT de dois itens da coleção de arte Bored Ape Yacht Club, pelo equivalente a quase R$ 6 milhões, usando a rede Ethereum. As obras digitais trazem desenhos de macacos entediados que foram gerados por um algoritmo que combina 170 características possíveis de maneira aleatória. No entanto, as imagens dos desenhos adquiridos por Neymar circulam livremente pela internet e podem ser baixadas por quem quiser. Então, qual é a vantagem do investimento? De maneira simplista, a compra do NFT significa que o jogador é o dono da obra verdadeira, enquanto as outras versões disponíveis online não possuem valor comercial.

Por que comprar algo que todo mundo pode baixar de graça na internet? NFTs levantam debates e ainda não são compreendidas por muitos

Por Joy Macedo Fotos Divulgação 5 min
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NFT não é apenas arte

O termo NFT se popularizou a ponto de o dicionário britânico Collins escolher a sigla como a palavra do ano 2021. Mas é claro que a novidade – que não é tão nova assim, já que surgiu em meados de 2014 – gerou uma série de dúvidas e sempre foi muito atrelada à arte. NFT é uma forma de arte? Uma plataforma de comercialização de arte?

Não é bem assim. Apesar de a tecnologia ter se popularizado entre artistas como uma forma de criar artes únicas e autenticáveis, os NFTs podem ser absolutamente qualquer coisa… mesmo.

O clássico meme Nyan Cat, que nada mais é do que o GIF de 2011 de um gatinho cinza voando no espaço, foi vendido por quase US$ 600 mil. Um dos fundadores do Twitter, Jack Dorsey, também transformou seu primeiro tweet em um ativo não fungível comercializável. A cantora Grimes faturou cerca de US$ 6 milhões com a venda de obras digitais criptografadas, incluindo pequenos vídeos.

A empresa norte-americana Charmin também aderiu à tendência e lançou os primeiros rolos digitais de papel higiênico em março de 2021. A peça de arte digital é apenas uma imagem, mas foi comercializada por lances que partiam de US$ 500 como forma de marketing da marca. Já a Nike lançou uma coleção de tênis NFT chamada Nike Dunk Genesis Cryptokicks pelo equivalente a milhares de dólares. A marca não anunciou se tem planos de criar produtos físicos dos modelos adquiridos pelos donos dos NFTs, que por enquanto têm acesso apenas a um filtro do Snapchat com os tênis adquiridos em realidade aumentada. Até mesmo o mercado de automóveis de luxo entrou na onda: a Lamborghini investiu em seu primeiro projeto histórico de NFT ao leiloar cinco peças de arte combinando peças físicas com obra digital. A iniciativa teve a astronomia como temática e o estojo, que é a parte física da obra, incluiu cinco pedaços de fibra de carbono enviados pela fabricante à Estação Espacial Internacional (ISS) em 2020. Cada uma dessas peças possui um QR Code correspondente à arte digital elaborada pelo artista suíço Fabian Oefner. Com a popularização do NFT, as redes sociais também decidiram aderir à novidade. O Instagram já anunciou que oferecerá suporte aos tokens, o que permitirá o compartilhamento dos ativos adquiridos via posts no feed, stories ou mensagens privadas.

NFTs de desenhos de macacos gerados por um algoritmo viraram febre entre celebridades como o jogador Neymar
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NFT da coleção de arte Bored Ape Yacht Club adquirida por Neymar
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“A economia dos criadores é incrivelmente importante para o Instagram, e criadores são extremamente importantes para o Instagram. Mas um dos desafios que precisamos resolver enquanto indústria é como permitir que eles ganhem o suficiente para viver fazendo o que amam. Já existem diversas maneiras para que eles ganhem dinheiro, mas muitas são imprevisíveis e estão mudando muito rapidamente”, explicou Adam Mosseri, head do Instagram ao realizar o anúncio.

De acordo com dados da empresa DappRadar, as vendas de NFT atingiram a marca de US$ 25 bilhões em 2021, o que chamou a atenção não só de equipes de redes sociais, marketing e artistas, mas também de criminosos. Não é incomum ver artistas terem suas obras copiadas e vendidas como NFT por terceiros sem autorização, o que abre um longo estudo jurídico sobre como resolver casos desse tipo. Além disso, empresas de cibersegurança notaram um aumento significativo em ameaças como malware, phishing e outras dedicadas à apropriação de ativos criptográficos guardados em carteiras digitais. Para tomar posse dos tokens, os criminosos aplicam golpes via mensagem direta em plataformas como o Discord, usam perfis falsos em redes sociais e criam sites que se passam por lojas oficiais de NFT ou carteiras digitais. Além disso, eles também costumam dar golpes durante o leilão de venda de ativos, usando criptomoedas de menor valor para realizar a compra.

As vendas de NFT atingiram a marca de US$ 25 bilhões em 2021, atraindo vendedores, compradores e golpistas

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Apesar da popularização com as artes, os games podem ser o futuro campo de sucesso dos NFTs

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A criatividade que circunda os NFTs é impressionante, mas eles também podem ser usados para fins não lucrativos, como no caso da ONG Mães da Sé. A Organização colocou à venda um NFT com a foto de uma criança desaparecida em São Paulo, em 1995, por mais de US$ 200 quatrilhões. A ideia aqui não é vender a imagem, mas sim atrair a atenção das pessoas para uma campanha de reflexão e conscientização sobre o número de crianças desaparecidas no Brasil.

Apenas uma bolha?

Com a recente queda do mercado de criptomoedas, o hype pelo NFT diminuiu. Ainda não podemos dizer que era apenas uma bolha que estourou, mas a febre dos tokens não fungíveis nos trouxe alguns aprendizados.

Inicialmente, os ativos chegaram como uma espécie de investimento de alto risco para os mais arrojados e como uma ferramenta inovadora para artistas atingirem novos (e endinheirados) públicos.

No entanto, os cases nos levaram a entender que os NFTs podem ter diferentes significados que vão desde fomentar comunidades até apoiar o trabalho de artistas. Na verdade, a ideia do NFT em si naturalmente nos remete à comunidade artística, uma vez que a determinação dos valores também está relacionada à especulação e conceitos mais subjetivos.

Com a redução do boom sobre o tema, notamos que mercados como o de games, de obras de arte de alto valor e colecionáveis tendem a ter uma vida útil mais longa e próspera com o uso dessa tecnologia. Enquanto não conseguimos desvendar o futuro exato dos NFTs, seguimos acompanhando as apostas, ganhos e perdas desse mundo instigante de criptoativos.

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O METAVERSO REPRESENTA O PRÓXIMO GRANDE PASSO OU É UMA QUESTÃO DE VENDA DE TEMPO? 156 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 262 Tecnologia
próximo grande passo para a humanidade
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Por Felipe Payão Fotos Divulgação 5 min

O que é metaverso? Me.ta.ver.so. Meta + Verso. Essa palavra que une o prefixo grego “meta”, que significa algo além, ao substantivo masculino “universo”, sintetiza o coração de seu significado: além do universo.

Se olharmos o dicionário, a descrição é um pouco menos sonhadora: “espaço ou ambiente de realidade virtual, no qual pode haver interação entre usuários”. Porém, essa descrição insípida e inodora não traduz fielmente o que o metaverso pode trazer ao nosso mundo e como ele impacta não apenas as nossas relações interpessoais, mas também a nossa relação como sociedade.

De modo resumido, o metaverso é a chance de nossa humanidade atingir o ápice da conexão entre a realidade e o virtual, tornando o toque humano sobre as linhas binárias de códigos tão próximo quanto seus olhos sobre estas linhas.

Estudiosos, como Edward Castronova, professor de mídia na Indiana University Bloomington (EUA) e especializado em economias dos mundos sintéticos, indicam que o metaverso se sustenta por três pilares principais.

O primeiro deles é a interatividade, um local no qual as pessoas conseguem se relacionar dentro de um espaço. O segundo aponta a incorporeidade (condição do que é incorpóreo, sem corpo), uma capacidade de ultrapassar barreiras físicas por meio de um avatar.

Por último, o terceiro pilar de um metaverso é a persistência: um espaço novo que seja o ponto de encontro e que consolide diferentes tecnologias no mesmo lugar.

Um grande passo

Não é por menos que Mark Zuckerberg, o bilionário das redes sociais (ou dados, se formos mais precisos), vem abandonando o título Facebook para alardear um novo nome: Meta. A sua empresa busca ser a Apollo 11 do metaverso, a companhia que vai finalmente estabelecer a persistência desse novo espaço de uma maneira massificada. A ideia é colocar o metaverso ao alcance de todos.

Atualmente, esse além-universo é acessado por meio de equipamentos de realidade virtual. Você senta na cadeira, coloca um óculos dedicado para isso e pronto, está navegando em um ambiente novo. A promessa é de que esse mundo estará recheado de marcas, terrenos, atividades e jogos. O mundo real de maneira virtualizada. Mas nem todos enxergam o metaverso como algo distante, talvez apenas esse cenário. No Brasil, algumas mentes já se debruçam sobre a novidade. Uma delas é a de Ronaldo Lemos, advogado e cientista-chefe do ITS (Instituto de Tecnologia e Sociedade).

“Muita gente gosta de falar que metaverso é um lugar. Eu discordo, o metaverso é um tempo”, afirma Lemos. “Que tempo é esse? É um tempo que as pessoas estão conectadas em uma atividade online e aquela atividade online é mais importante do que fazemos no mundo físico, no real”.

O cientista também diz que o metaverso, segundo sua concepção, não é um lugar ao qual você vai se conectar, mas sim uma atividade que você vai desenvolver e que, naquele momento em que você está desenvolvendo-a, ela se torna prioritária com relação a sua atividade no plano físico, no mundo real.

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O metaverso não é um lugar, não é um espaço físico: o metaverso é o tempo

Em nossas cabeças, esse cenário parece distante e isso acaba nos deixando sem prestar atenção no tema. Mas o grande ponto é que ele já está aqui.

“O metaverso já está entre nós. Se você é criança, tem grandes chances de você já estar em algum metaverso, por exemplo”, explica Lemos. “Criança que joga Roblox, ela passa aquele tempo no Roblox ou no Minecraft, e naquele momento a vida ali dentro é prioritária. Tanto que é um inferno dos pais e mães, você não consegue tirar o filho dali”, brinca.

Lemos deixa claro que, para ele, o metaverso não precisa ser construído.

A tônica é a seguinte: cada vez mais, mais gente estará imersa em alguma atividade online que será ainda mais importante do que você faz no mundo físico. Isso é algo que já acontece e tende a aumentar progressivamente. “É o caso das crianças”, finaliza o cientista.

Uma questão de tempo Ok, entendemos que já estamos inseridos nesse processo e dificilmente conseguiremos fugir — será que queremos fugir também é uma questão,

seu filho

Você já está em um metaverso e ainda não se deu conta disso. O
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mas isso você que está lendo terá que descobrir sozinho por agora. Mas a nossa interação com o metaverso será diferente da que temos hoje com a internet? Será que uma mudança será palpável quando a tecnologia for massificada?

A relação será cada vez mais profunda, afirma Ronaldo Lemos. “Na medida em que você consegue ter interações cada vez mais diretas, sejam elas pelo TikTok ou por alguma plataforma como Discord, Minecraft e outras, aquelas relações são muito profundas, interativas. Quem já fez negociação de itens em videogame ou Roblox, por exemplo, sabe que aquilo é sério, para valer. Então vai cada vez aprofundar aquela sensação de presença naquele lugar, naquele tempo virtual. A tendência é de tecnologias mais imersivas”.

Lemos ainda explica que o metaverso é milhares de coisas ao mesmo tempo. O Instagram, em um determinado momento, ele pode ter um ar de metaverso, por exemplo. “Ele é um modo de interação com a mídia que preenche todos os nossos sentidos (ou pelo menos a maior parte deles), o olhar, a escuta, cada vez mais o tato e no futuro, quem sabe, paladar e olfato”.

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Como você notou, já citamos algumas marcas. Não só jogos ou redes sociais, o nosso universo e sociedade incorporam empresas de variados segmentos: e o metaverso não é ou será diferente. Enquanto em muitos momentos nossas vidas parecem estar rodeadas por um grande shopping center, o mundo virtual deverá trilhar os mesmos passos, mas com desafios diferentes.

O cientista Ronaldo Lemos nota que existe um grande desafio nesse ponto. “As marcas estão competindo em atenção com as plataformas digitais. As marcas que não souberem se posicionar nessa interatividade e tiverem uma presença nessas plataformas de consumo de atenção, ficarão para trás. Vão ficando esquecidas. É um desafio mesmo para marcas, há muito o que ser feito para não cair no esquecimento da falta de atenção brutal”, indica.

E exatamente por essa dinâmica do dinheiro também se fazer presente no mundo virtual, os assaltantes do mundo real cada vez mais deverão se preparar para o cibercrime. Não há motivos para assaltar a joalheria na esquina daquele shopping e correr risco de morte quando a mesma joalheria tem mais clientes — e às vezes mais dinheiro disponível — dentro de um espaço virtual. “Onde existe internet, tecnologia, existe golpe”, afirma Lemos. “Se tem o golpe do WhatsApp hoje, terá o golpe do metaverso. Terá a fake news, a manipulação política... Onde tiver internet, terá problema. O outro lado dessa afirmação também é: onde tiver problema, haverá direito. Haverá regras, leis etc. Um dos desafios hoje é como se regulam esses espaços imersivos e se evitar que se tornem lugares para golpes”. O metaverso já é presente. Imóveis e roupas já foram comercializados no espaço desse além de universo, centenas de pessoas navegam diariamente nesses espaços, mas a tecnologia ainda não abraçou o tempo de todos nós. Ainda não foi o grande passo para a humanidade. E isso, como evidenciado ao longo de nosso papo com Ronaldo Lemos, é questão de tempo.

“O futuro é uma interatividade ainda maior. Existe uma competição brutal hoje por atenção, pelo desenvolvimento de mídias que sejam capazes de grudar a pessoa ali, naquele consumo de informação e conteúdo. E essa competição leva à inovação e leva a consequências de que você vai ter cada vez mais essa imersão se aperfeiçoando. Então as mídias serão cada vez mais irresistíveis”, adiciona o cientista. Lemos também não tem certezas, afinal, quem sabe o tempo? “Mas com certeza a nossa relação com as mídias não vão andar de marcha-ré, veio para ficar e a tendência é que se aprofunde cada vez mais. Então, nesse sentido, essa ideia de metaverso de um tempo que você está mais preso na sua relação com a mídia do que com o mundo físico, isso é o futuro”, acredita.

Abraçar o futuro e entender que o metaverso já é o presente nos tornará prontos para dominar a tecnologia e dar o próximo passo da humanidade

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O STUDIO MUNDO TOP ESTÁ DE VOLTA COM TRÊS GRANDES VOZES BRASILEIRAS. ZEEBA, KELL SMITH E MARVVILA VIERAM ATÉ AQUI NOS CONTAR SEUS TRABALHOS, INSPIRAÇÕES E PLANOS PARA O FUTURO. QUEM SÃO, O QUE ESTÃO FAZENDO E COMO SE PREPARAM PARA OS PRÓXIMOS PASSOS DA CARREIRA? LEIA NAS PRÓXIMAS PÁGINAS!

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Fotos Miro 7 min

A música dele você já conhece. E agora você vai conhecê-lo também

APÓS BATER RECORDES PELO MUNDO COM ‘HEAR ME NOW’, ZEEBA FIXA RESIDÊNCIA NO BRASIL E LANÇA ‘TUDO AO CONTRÁRIO’, SEU PRIMEIRO ÁLBUM SÓ COM MÚSICAS EM PORTUGUÊS

Talvez você ainda não tenha ouvido falar dele, mas certamente já ouviu suas músicas. Marcos Lobo Zeballos foi batizado de Zeeba pelo amigo Alok. “Ele dizia que meu nome era muito longo e difícil de falar, aí me apelidou de Zeeba.” Ainda pouco conhecido entre o público que acompanha os expoentes da chamada “nova MPB”, o músico não é um iniciante. Apesar da pouca idade, 29 anos, Zeeba já bateu recordes mundo afora com “Hear Me Now”, uma parceria sua com Alok e Bruno Martini, executada à exaustão em vários países, tornando-se a música de brasileiros mais tocada no Spotify e a primeira a atingir 500 milhões de audições. “Never Let Me Go”, outra faixa assinada pelo trio também performou bem nas pistas e nas plataformas fazendo com que o nome Zeeba figurasse no ranking da Billboard como um dos brasileiros mais ouvidos no planeta. Filho de pais brasileiros, o cantor e compositor nasceu nos Estados Unidos. Ainda bebê veio para o Brasil, onde viveu até os 19 anos. Depois partiu para a Califórnia para estudar música no Musicians Institute, em Los Angeles. Nessa época, integrou a banda Bonavox chegando a ganhar um Grammy Amplifier. Aos poucos tem deixado a ponte aérea, São Paulo – San Diego, para se estabelecer por aqui e se dedicar ao lançamento de seu novo álbum, “Tudo Ao Contrário”, primeiro do artista totalmente em português. O trabalho traz nove faixas, muitas delas em parceria com seus contemporâneos. “Viajei o mundo inteiro fazendo turnê. Mas agora estou preparado para rodar o meu país e empolgado para fazer shows em lugares mais intimistas.”

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Por Fabiane Pereira 5 min
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Seus versos chegaram para o público muito antes da sua imagem. Inclusive muitos achavam que você nem era brasileiro. Por que você acha que, no início da sua carreira, rolava essa confusão?

Alguns fatores contribuíram para que isso acontecesse. Quando minha primeira música estourou, eu sequer tinha escritório. Não tinha nenhuma estrutura, nem sabia como promover minha imagem. As coisas aconteceram muito rápido e eu estava despreparado para o sucesso repentino. Além disso, a música era cantada em inglês e como nasci e estudei nos Estados Unidos, falo inglês sem sotaques. Eu participava dos shows do Alok cantando em inglês, me vestindo como os gringos se vestem, então esta confusão era compreensível. Aos poucos fui mudando e as pessoas estão descobrindo minha cara.

E no seu caso, esse “estouro” não foi apenas nacional mas mundial.

Exatamente! Inclusive, eu falava muito em inglês no meu perfil do Instagram porque a maior parte dos meus seguidores era fãs que moravam em outros países. No início, eu focava no mercado internacional.

E para gerar ainda mais confusão, antes de estourar com “Hear Me Now”, você também era integrante de uma banda gringa muito bem-sucedida.

Exatamente! Por conta da Bonavox, eu falava e escrevia sempre em inglês nas redes sociais. Eu morava em Los Angeles e quando minha visibilidade cresceu, eu ainda estava morando por lá, então, respondendo a sua pergunta, muitos fatores contribuíram para que parte do público achasse que eu era gringo.

O Brasil é um dos países mais respeitados do mundo quando o assunto é música. Por que você preferiu cursar faculdade de música nos Estados Unidos?

Eu fiz um curso nos Estados Unidos que não tinha no Brasil e achei que se encaixava mais comigo. Tenho dupla nacionalidade e isso facilitou muito minha adaptação. Fora que nessa época, minhas referências musicais eram Coldplay, Oasis e outras bandas que cantavam em inglês.

Eu queria cantar em inglês e tinha uma banda de garagem que tocava em inglês no Brasil. De tanto ouvir as pessoas falando que “cantar em inglês no Brasil não daria certo”, resolvi ir para os Estados Unidos e me jogar. Na verdade, eu tive muitas dúvidas sobre fazer música, mas fiz um estágio numa produtora de áudio e tive a certeza que era isso que eu queria. Fui em busca da profissionalização. Lá eu fiz dois cursos: “Business da música” e um outro “360º”.

Como você analisa a música como “business” hoje no Brasil? Agora tem o lance do TikTok, acho que a pandemia deu uma mudada no consumo do mercado. Eu não gosto de criticar os novos tempos, acho que tudo se transforma, a gente evoluiu rápido no quesito tecnologia, as músicas estão cada vez mais curtas. Li uma matéria recentemente que na Inglaterra, a cada três jovens, um não conhece Beatles. Imagina aqui no Brasil? Tá cada vez mais difícil trilhar caminhos para qualquer artista. Há muita coisa rolando ao mesmo tempo, é complicado acompanhar tudo. Tem muita coisa que viraliza e a gente não entende o porquê, tem artistas gigantes com muito dinheiro que conseguem estar sempre no hype. Escrevi muitas músicas que “deram certo” um pouquinho antes dessa mudança, então são esses hits que me sustentam, mas o artista hoje tem que ter sua base de fãs pra conseguir se sustentar e ter uma produção constante. Acho que o artista não deve buscar o imediatismo das redes senão ele deixa de fazer o que ele acredita para servir somente uma demanda de mercado.

Como está sendo para você esta transição entre uma música mais indie, eletrônica e rock para esta mais MPB pop? Eu estou amando. Eu amo fazer show para multidões e continuarei fazendo de vez em quando, mas confesso que cansei da vida do eletrônico. Fazer três shows numa mesma noite é desgastante, você não dorme direito, a rotina fica toda quebrada durante a semana, você chega em casa às 10h da manhã. O eletrônico foi algo que surgiu na minha vida meio

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“Quando minha primeira música estourou, eu sequer tinha escritório nem sabia promover minha imagem. As coisas aconteceram muito rápido e eu estava despreparado para o sucesso repentino”

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por acaso, eu curtia música eletrônica na balada mas nunca havia consumido fora desse ambiente. A vida toda eu consumi canções. Fui me encontrando artisticamente ao longo do tempo, a pandemia me fez refletir sobre muita coisa, gosto muito de estar no Brasil, quero conversar mais com as pessoas daqui. Não vou parar de compor em inglês nem em português.

Como surgiu a parceria entre você e o Alok, esse Midas da música?

“Hear Me Now” era uma das músicas do EP que eu estava produzindo junto com o Bruno Martini. O Alok foi até o estúdio do Bruno pra gravar alguma coisa e o Bruno mostrou as músicas para ele sem muita pretensão. O Alok gostou da faixa e quis fazer uma versão mais eletrônica e aí virou esse hit que todo mundo conhece.

Nessa época o Alok já era o Alok, ou seja, já tinha essa visibilidade toda?

Era um Alok em início de carreira. Tinha acabado de tocar pela primeira vez no Lollapalooza num palco secundário. Ele tinha apenas uma música lançada, se não me engano.

Essa parceria de vocês foi lançada no final de 2016 e em 2020 você já era a voz brasileira mais ouvida no mundo.

Sim, nós fomos os primeiros artistas a baterem 100 milhões de plays nas plataformas.

Muito antes da Anitta. Sim. A gente foi para o top global, batemos todos os recordes da época, ficamos muitos meses no top one do Brasil. Mas hoje em dia o mercado já é outro. Tenho a sensação de que as coisas não duram tanto. “Hear Me Now” ficou dois anos tocando sem parar, até hoje recebo vídeos da galera.

Você tem dois discos lançados e vários singles, inclusive, com muitos feats. Queria que você falasse sobre as diferenças e as semelhanças entre os seus dois discos.

O “Reset” eu nem considero tão disco assim porque são versões acústicas de músicas que fiz em parcerias com DJs. A

intenção desse trabalho era mostrar para as pessoas que o Zeeba é um cantor e não um DJ. Tem “Hear Me Now”, “Ocean”, “Sun Goes Down” e todas as parcerias do eletrônico só que em versões acústicas e tem também minha primeira música em português. Já o novo álbum, “Tudo Ao Contrário”, é um registro da pandemia. O trabalho traz parcerias com músicos que escutei muito durante este período. Metade do disco é feat.

Qual é a mensagem que você quer passar com “Tudo Ao Contrário”? Sempre digo que sou o contrário do que a galera espera. Tudo ficou ao contrário durante a pandemia, tudo virou de cabeça para baixo. A faixa que dá nome ao álbum fala sobre a gente trazer a felicidade para dentro da gente, independente do que as pessoas falam ou do que acontece. “Tudo Ao Contrário” é uma música que fiz pensando no fim da pandemia, pensando em sair e gritar que tô feliz pra caramba. É um álbum reflexivo, dinâmico, com canções mais positivas. “Passeio” é uma faixa, por exemplo, que traz uma reflexão sobre a finitude das pessoas e das coisas.

Com tantos hits inquestionáveis no currículo, você já consegue identificar quando uma música vai estourar após terminar de compô-la? Infelizmente tá na mão do imponderado. A própria “Hear Me Now” foi uma que eu achava só “ok”, inclusive sempre achei a menos comercial do EP. E foi a que mais bombou. Não dá pra saber.

Você acredita em destino? Eu acredito que a gente constrói o nosso destino.

Você acha que tudo o que você viveu até hoje era o seu destino? Não sei se acredito que já estava tudo escrito, acho que a gente vai escrevendo. Acho que é mais sobre a gente fazer escolhas, eu poderia ter tomado outros caminhos na minha carreira, poderia ter voltado para os EUA, a gente vai fazendo escolhas e construindo nosso destino.

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“Tudo ficou ao contrário durante a pandemia, tudo virou de cabeça para baixo. A faixa que dá nome ao disco fala sobre trazer a felicidade para dentro da gente, independente do que acontece”

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Kell Smith reflete sobre tudo que nos humaniza

ARTISTA DE NÚMEROS EXPRESSIVOS FALA SOBRE AS DORES DO SUCESSO E AS DELÍCIAS DO FRACASSO

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Kell Smith é uma artista de números expressivos. Aos 29 anos, mãe de Alice, filha de pai pernambucano e mãe paulista, Kell foi projetada ao estrelato em 2017 com o sucesso da música “Era Uma Vez”, faixa autoral inspirada em suas vivências e no livro de Adélia Prado, “Bagagem”. A canção entrou na programação de quase todas as rádios do país e performou muitíssimo bem nas plataformas digitais. Antes mesmo de lançar seu primeiro álbum, Kell já fazia parte do seleto grupo de artistas mais tocados do Brasil. Na época, a artista fazia parte do casting da Midas Music, gravadora criada pelo produtor Rick Bonadio. Como toda artista iniciante projetada a partir de um grande hit, Kell viu sua vida mudar de uma hora pra outra. Mantendo-se sempre fiel ao seu propósito, a artista provou que não era uma cantora de hit único e desde então coleciona sucessos, estabelece uma relação de muita confiança com seu público e se posiciona politicamente sempre que acha pertinente.

A simpatia da cantora impressiona e justifica sua legião de fãs. Influenciada diretamente pela obra de Belchior e Elis Regina, Kell descobriu a sonoridade de Zé Manoel, exímio músico pernambucano, durante a pandemia. Cantora e compositora brasileira, Kell é apaixonada pela música feita aqui. “Gosto de ocupar esse espaço e me sinto pertencente a este lugar.”

Buscando cantar sempre aquilo que a emociona, Kell prefere canções “que mexem com a cabeça para edificar”. “Eu falo de vida real, sentimentos reais, coisas que nos unem. A minha arte é muito mais sobre o que nos une do que nos separa. E o que nos une? A dor, o amor, sofrimento, felicidade, falo sobre a experiência de ter e viver uma vida real, de me relacionar com pessoas reais, trocar histórias e fazer alguma dife-

rença na vida das pessoas. A arte tem esse poder transformador, de estar conosco nos nossos melhores e piores momentos.”

A inspiração vem de muitos lugares, inclusive dos fãs que nutrem por ela uma conexão imensa. Saúde mental é uma pauta importante para a artista que já teve depressão e passou por momentos desafiadores antes de se tornar uma figura pública. “A terapia salvou minha vida.”

Você pode citar uma ou duas músicas que foram importantes na sua trajetória, durante períodos mais desafiadores e que acabaram se tornando brechas para encontrar saídas?

O Belchior me toca profundamente. Ele é a minha maior referência como compositor, suas músicas sempre vão me tocar. “Alucinação” e “Coração Selvagem” são músicas que mexem comigo de um jeito muito profundo. Pensando na Elis, “20 Anos Blues” é uma música que me toca, “Nada Será Como Antes” também, a música “História Antiga” do Zé Manoel, que é um artista maravilhoso, pernambucano como meu pai, também me atravessa de um jeito curativo. O Nordeste é meu lugar preferido da vida, não só por ser lindo, mas porque aquele povo, aquela gente, aquela cultura, aquele clima, aquela atmosfera, vibração é tudo pra mim. Zé Manoel é uma descoberta da pandemia que fez muita diferença na minha vida, é uma pessoa que eu ouço repetidamente e tenho muito orgulho de dividir arte no mesmo ambiente que ele.

Dizem que quem conhece o sucesso como você conhece, sobretudo considerando a métrica comercial do trabalho, também conhece o fracasso. A gente só tem a dimensão que uma situação é muito boa

“Há muita responsabilidade em atravessar o outro. O mínimo que posso fazer é dividir algo tão real quanto o que me oferecem. No fim das contas é sempre sobre nós, não sobre mim”

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quando a gente já passou por experiências nem tão boas assim, a vida acontece entre essas oscilações. O que o sucesso tirou de você e o que o fracasso deu a você?

Difícil de responder a sua pergunta porque até hoje não sei explicar “Era Uma Vez” na minha trajetória. Quando alguém me pede para falar sobre uma música que me define, a primeira que me vem à cabeça é essa. E não falo isso pelo sucesso que ela fez, mas pelo tanto que ela significou para mim, pela importância dela pra mim. Por ela ser tão verdadeira pra mim, acaba sendo para quem a escuta também. Quando você a ouve, você não é transportado para a minha história e sim pra sua. E esse é o ponto de conexão que eu pretendo oferecer sempre. Já o fracasso me trouxe uma sensação de liberdade interessante porque quando você não consegue, ou não tem a intenção de atingir a expectativa alheia, você se sente mais livre pra criar. Sucesso e fracasso são conceitos subjetivos. E sob esse ponto de vista, de maneira geral, o fracasso permite momentos de reflexão e tristeza que são combustíveis para o movimento da vida. Quando você está feliz, está numa posição confortável, sua vontade é nunca mais sair dessa posição e isso causa uma inércia. No fracasso você se coloca em movimento, você quer sair daquela situação, e a criatividade flui. O fracasso traz o movimento, a vontade de mudança, a energia dinâmica que é imprescindível para que todos nós tiremos nossos melhores aprendizados. Não é à toa que muitos artistas produziram coisas incríveis enquanto vivenciavam seus piores momentos. O sucesso traz contentamento, traz a sensação de missão cumprida, de estar no caminho certo, que também é muito importante. O maior aprendizado é saber viver com esse equilíbrio.

Você nasceu numa família de missionários religiosos. Por conta disso, mudou muito de casa, de escola e de cidade quando era criança. O que esses deslocamentos geográficos deram para você como artista? Conheci muita música, arte e gente diferente. O maior legado que trago comigo dessa experiência nômade é o respeito pela nossa gente, pela nossa arte. Tenho muito orgulho do nosso país, acredito muito no nosso povo, na nossa cultura, na nossa diversidade, nas muitas maneiras de amar e de viver.

O que motivou você a sair da gravadora MIDAS e se tornar uma artista independente? Você fez o movimento inverso de muitos artistas da sua geração. Muitos fatores. Eu vivia um momento muito bom profissionalmente para quem estava “de fora”, mas foi um momento bastante complexo. Eu queria experimentar outros formatos do ponto de vista da liberdade artística. Essa fase foi marcada por momentos incríveis como o sucesso de “Era Uma Vez”, mas também por experiências conturbadas nos bastidores sem que ninguém soubesse. Eu precisava dessa mudança, sentir a independência artística da minha música e traçar outros caminhos para a minha carreira. A motivação maior foi ser fiel a minha intuição.

Para encerrar, como compositora, você tem a sensibilidade de reunir palavras. Qual a palavra da língua portuguesa que você mais gosta? De fato, a nossa língua é muito rica e há muitas palavras que me soam muito bem. Mas há uma palavra que simboliza muito e foi criada por Gilberto Gil, inclusive acho muito bonito e generoso ele ter criado isso pra nós. A palavra é “caminhadura”.

“Artista se posiciona. É um ato político você resolver dedicar a vida à arte. Não só pela perspectiva de viver de arte, mas viver para a arte. Ter isso como propósito é impactante”

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Estrela feminina do samba e do pagode

DEPOIS DE ALCANÇAR O SUCESSO NO PROGRAMA THE VOICE BRASIL, A CANTORA MARVVILA QUER DEIXAR SUA MARCA NESSES GÊNEROS MUSICAIS PREDOMINANTEMENTE MASCULINOS

Por Vivian Monicci 5 min

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Lugar de mulher é onde ela quiser! No caso da cantora Marvvila – nome artístico de Kassia Freire Marvila –, é no samba e no pagode, ambiente ainda dominado pelos homens. Mas a artista está na estrada para mudar essa realidade e dar cada vez mais voz às mulheres que também querem cantar esses gêneros musicais e ainda não têm uma referência feminina de sucesso. Apesar da pouca idade, apenas 23 anos, a carioca começou a cantar aos cinco anos na igreja evangélica e na escola. Aos nove, gravou seu primeiro CD, um álbum gospel; aos 13, iniciou a jornada no pagode após se encantar com as músicas do Ferrugem; aos 16, inscreveu-se para o programa The Voice Brasil e foi um dos destaques da temporada com sua voz potente e marcante. Já com 19 anos, abandonou o gospel, abraçou de vez o samba e o pagode e não parou mais. Alguns de seus sucessos são “Dizendo Por Dizer”, seu primeiro em parceria com a Warner Music, “A Cada Beijo”, que bateu um milhão de visualizações no YouTube em quatro dias, e “Pra te Dar Razão”. Este ano, gravou seu primeiro DVD, “Marvvila na Área”, com a participação de Xande de Pilares, Dilsinho, Belo, Sorriso Maroto, PK, Rebecca, MC Don Juan e Di Propósito.

O que te fez cantar? Primeiro, foi a minha mãe que começou a me incentivar e que descobriu que eu tinha um dom. Comecei com cinco anos, uma menina, e desde então não quis mais parar.

Em qual momento da vida você viu que as coisas estavam acontecendo?

O momento que eu vi que as coisas estavam começando a acontecer foi com 17 anos, quando eu entrei para o The Voice

Brasil. Começaram a abrir muitas portas para mim, porque até então eu me enxergava como uma cantora sem oportunidades, sem perspectiva. O The Voice foi essa vitrine de oportunidades.

E o que o programa The Voice Brasil te trouxe como bagagem?

O The Voice me trouxe a vontade de sonhar alto. Até então, eu achava que eu não teria nunca uma oportunidade na vida. Mas ele trouxe essa visibilidade, o respeito que eu precisava para dar esse pontapé inicial da minha vida. Se não fosse o The Voice, hoje talvez eu nem estaria aqui, porque foi ali que eu comecei a de fato a sonhar, a investir no meu sonho.

Quem são suas referências?

Eu tenho muitas referências, sou uma pessoa extremamente eclética. Mas no meu universo do samba e pagode, eu tenho referências como Péricles, Alcione, que é uma força do empoderamento feminino e que sempre esteve à frente do seu tempo, Ferrugem, Sorriso Maroto e Belo.

Você lançou recentemente “Convite”, música com o Dilsinho. Como foi essa parceria? Eu gravei com o Dilsinho no meu DVD, que foi incrível e com muitas participações maravilhosas, e ele foi supergeneroso, gravou comigo uma música que ficou incrível e o pessoal tem curtido muito, graças a Deus. Lancei recentemente, está lá no YouTube, no meu DVD e em todas as plataformas digitais. Está linda demais e é uma canção boa para os apaixonados!

Você gosta de moda? Onde você busca suas inspirações e referências? Eu sou uma pessoa que acompanha muito. Hoje, as redes sociais e a internet são

“Sendo mulher no pagode, um segmento que ainda é muito dominado por homens, o que é mais top para mim é ser parada por mulheres que falam ‘cara, eu também tinha medo de seguir no pagode, mas agora, através de você, estou me encorajando’”

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muito presentes nas nossas vidas e acabam influenciando. Então, eu acompanho muitas mulheres maravilhosas em quem eu me inspiro, como a IZA, que é cantora, mas que também é um ícone da moda.

O que aconteceu de mais top na sua vida após a fama?

Muitas coisas tops aconteceram. Mas eu acho que o mais top é poder ouvir de pessoas que me acompanham que eu as inspiro, que eu estou alegrando a vida delas. Sendo mulher no pagode, um segmento que ainda é muito dominado por homens, o que é mais top para mim é ser parada por mulheres que falam “cara, eu também tinha medo de seguir no pagode, mas agora, através de você, estou me encorajando”. Acho que isso é o mais top de tudo.

Qual o momento mais top do seu dia?

Quando eu paro para comer. Eu sou taurina, então quando eu paro para comer aquilo que eu gosto, em casa, à vontade, é o momento mais top, sem dúvidas.

Uma lembrança top da sua infância?

Quando eu ganhei em primeiro lugar o festival de música de talentos da minha escola. Eu fiquei assim toda boba com o troféu, fiquei muito feliz.

A pessoa mais top do seu coração?

Tem muitas pessoas tops na minha vida. Tem meu “mozão”, minha família, meus pais, meus amigos. Todos eles fazem parte desse amor no meu coração.

O que não pode faltar na sua bolsa?

Sem dúvida, meu gloss, meu brilho labial. Eu não vivo sem, até para ir à padaria eu tenho que estar com ele.

Qual o seu medo?

O meu maior medo é perder as pessoas que eu amo, estar distante delas.

O que te tira do sério? Falsidade e mentira. Não gosto. Sou extremamente transparente, gosto que quem esteja comigo seja exatamente assim também.

Se você não fosse cantora, qual profissão teria seguido? Eu sempre quis ser cantora, mas eu ficava “Meu Deus, preciso achar alguma coisa caso não dê certo”. E aí veio a educação física, cheguei a cogitar ser personal trainer.

Uma coisa que ninguém sabe sobre você? Muitas coisas, mas uma coisa que quase ninguém sabe é que eu tenho essa cara aqui toda de mulherão, mas na verdade sou uma criança, uma criança bobinha que ama ser mimada mesmo, amo tudo do mais simples possível. Eu sou desse tipo.

Um conselho de milhões? Se você tem um sonho e por muitas vezes pensa que não vai conseguir, só vai, corra atrás do seu sonho, esteja disposto a ouvir “nãos” e use isso para seguir atrás e não desistir. Esse é meu conselho.

Como você define a Marvvila? Eu defino a Marvvila como uma mulher, uma menina-mulher muito sonhadora, que corre atrás dos seus sonhos, dos seus objetivos e que tá aí cada vez mais na luta para crescer e ser uma referência feminina no pagode do samba. E se Deus quiser, isso vai acontecer.

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“O The Voice me trouxe a vontade de sonhar alto. Até então, eu achava que eu não teria nunca uma oportunidade na vida”
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Por Trás Desta Edição

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