TOP Magazine Edição 263

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Juliette

pessoas / jovens de sucesso do Brasil: Camilla de Lucas, Carolzinha, Dilsinho, Juliette, Lucas Guimarães, Pedro Sampaio, Pocah, Rafa Kalimann, Tata Estaniecki, Thiaguinho e Yasmin Brunet / a cura com Dr. Theo Webert / lifestyle / e-bikes: sustentáveis e silenciosas / motociclistas famosos / tecnologia / os dumbphones e o detox digital / moda / a volta da Diesel / arte / o novo museu da Broadway / Montblanc House / Kid Cudi na Netflix / studio mundo top / WD é resistência

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Veja a vida por um outro ângulo

Imagens meramente ilustrativas. Habilitado para a tecnologia 5G. A velocidade real pode variar, dependendo do país, da operadora e/ou do ambiente do usuário. Verifique com a sua operadora a disponibilidade para mais detalhes. É possível notar um vinco no centro da tela principal, que é uma característica natural do smartphone. A dobradiça suporta o modo Flex em ângulos entre 75° e 115°. Para a sua conveniência, esse modo também pode ser ativado antes ou depois dessa faixa de ângulos. Recomendamos manter o celular imóvel durante o modo Flex. Alguns aplicativos podem não suportar o modo Flex. O Snapdragon é um produto da marca Qualcomm Technologies, Inc. e/ou suas subsidiárias.

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Sumário

Jovens de sucesso

Camilla de Lucas, Carolzinha, Dilsinho, Juliette, Lucas Guimarães, Pedro Sampaio, Pocah, Rafa Kalimann, Tata Estaniecki, Thiaguinho e Yasmin Brunet falam de suas trajetórias.

Mundo TOP

A volta da Diesel aos holofotes, uma experiência imersiva na Broadway, Montblanc House e a arte da caligrafia em Hamburgo e Entergalactic: a estreia de Kid Cudi com a Netflix.

Corpo e mente

Aliando a medicina tradicional às medicinas ancestrais, Dr. Theo Webert busca entender o ser humano de maneira integral.

Velozes e Famosos

Há mais de um século, motos fascinam astros e estrelas de Hollywood.

Bicicletas elétricas

Saudáveis, sustentáveis e silenciosas, as e-bikes estão tomando as ruas nas maiores cidades do mundo.

Felicidade unplugged

Os dumbphones, celulares que só fazem ligação e enviam mensagens de texto, estão crescendo na preferência de quem busca o “detox digital”.

WD é resistência preta

Quem é o artista que emocionou IZA e está despontando no cenário musical com letras que combatem o racismo e o preconceito.

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48 158 PESSOAS NOTAS LIFESTYLE TECNOLOGIA STUDIO MUNDO TOP
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Quem Fez

Fernanda Ávila

Fernanda Ávila foi a primeira editora da TOP, quando a revista foi lançada, no começo dos anos 2000 - e participa desta edição como editora convidada. É jornalista e escritora com especialização em Leitura de Múltiplas Linguagens. Cursou Escrita Criativa em Lisboa. Autora do Guia Nova York com Crianças, coautora do portal Viajo com Filhos. Sócia e diretora de conteúdo da Pulp Edições, acaba de lançar a Amora Livros, um clube de assinatura de livros escritos por mulheres.

Um dos principais nomes da nova geração de profissionais de beleza, a rondoniense Mel Freese, que mora em São Paulo, é formada em Publicidade e Propaganda e já colaborou para revistas como Vogue, ELLE, Marie Claire, U+MAG, L’Officiel - entre outras - além de vasta experiência no setor de publicidade. Atualmente também atua como modelo plus size buscando trazer mais diversidade para o campo da moda.

Chantal Brissac

Chantal Brissac é jornalista e publicitária, com passagens pelos jornais Folha de S. Paulo e Estadão e revistas VejaSP, IstoÉ, Nova, Caras e 29Horas, onde integra hoje o Conselho Editorial e é colunista de mobilidade urbana. É fundadora do Pro Coletivo, plataforma focada no estímulo do transporte ativo e sustentável (procoletivo.com. br), e autora de livros nas áreas de saúde, bem-estar e carreira.

Kike Martins da Costa

Trabalha há mais de 30 anos como jornalista e, por dez anos, colaborou mensalmente para a TOP Magazine. Na adolescência, tomou dois tombos com a motocicleta de seu irmão, mas ainda assim continua fascinado com a potência e o design desses brinquedões de duas rodas.

Mel Freese
14 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 263 Colaboradores

Um dos maiores nomes da fotografia nacional, Miro retratou com seu olhar único alguns dos maiores jovens de sucesso do Brasil nesta edição especial de TOP Magazine.

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Miro

Publisher Claudio Mello

TOP Magazine | Studio Mundo TOP

Editora convidada: Fernanda Ávila Redação: Renata Zanoni e Vivian Monicci Diretora de Arte: Rosana Pereira Assistente de Arte: Luana Jimenez Revisão: Evandrus Camerieri de Alvarenga Assistente de Produção e de Mídias Digitais: Diego Almeida

Projeto Gráfico Marcus Sulzbacher Lilia Quinaud Paulo Altieri Fabiana Falcão

Colaboradores

Texto Chantal Brissac, Fernanda Ávila, Kike Martins da Costa

Foto Miro

Produção

Amos Fonseca, Ana Ca’s Styling, Ander Oliveira, Andrei Ries, Bruna Pezzino, Douglas Romeu, Dudu Farias, Eliseu Santana, Ester Ganev, Gabriela Grafolin, Gi Macedo, Jonathan Rocha, José Lima, Ju Shinoda, Jurdis Costa, Leandro Rodaluge, Letícia Zonbom, Maria Luiza Costa, Matheus Sousa, Mel Freese, Rebeca Dantas, Paula Domachowski, Rhelden, Silvio Giorgio, Thiago Biagi

Tratamento de Imagens Fujoka, JC Silva

Editora Todas as Culturas Criativo: Bruno Souto Gerência de Relacionamento: Carolina Alves Produção Executiva: Camila Battistetti RP & Interface de Atendimento: Dianine Nunes Financeiro: Marcela Valente Circulação: Regiane Sampaio Assessoria Jurídica: Bitelli Advogados Impressão: Ipsis Gráfica e Editora Distribuição: Brancaleone

TOP Magazine é uma publicação da Editora Todas as Culturas Ltda. Rua Pedroso Alvarenga, 691 - 14º Andar - Itaim Bibi - CEP 04531-011 - São Paulo/SP Tel.: (11) 3074-7979

As matérias assinadas não expressam necessariamente a opinião da revista. A revista não se responsabiliza pelos preços informados, que podem sofrer alteração, nem pela disponibilidade dos produtos anunciados.

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TOP MAGAZINE EDIÇÃO 263 Expediente

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Museu da Broadway cultura Notas

Mundo Top

Um novo spot em Nova York promete fazer muito sucesso entre os apaixonados por teatro: o Museu da Broadway, que tem inauguração prevista para 15 de novembro deste ano. Localizado no número 145 West da 45th Street, no coração da Times Square, o complexo incluirá exposições e experiências imersivas e interativas em meio aos cenários, figurinos, adereços, fotos raras, vídeos e canções de produções clássicas como The Ziegfeld Follies, Oklahoma!, O Mágico de Oz, Ain’t Misbehavin’ e Rent, entre centenas de outras.

A jornada pela história da Broadway homenageia mais de 500 espetáculos, do século 18 até a atualidade. Para que os visitantes também possam entender como as peças e musicais ganham vida, a exposição especial Making Of de um Espetáculo da Broadway completa o passeio. Para garantir seu ingresso, acesse o site themuseumofbroadway.com/tickets.

O preço unitário é a partir de US$ 39 (grupos e estudantes têm direito a tarifas especiais). Uma parte do valor de cada bilhete será doada para a Broadway Cares/ Equity Fights AIDS, entidade sem fins lucrativos que levanta fundos para causas relacionadas à AIDS nos Estados Unidos.

themuseumofbroadway.com @museumofbroadway

Experiência imersiva e interativa dedicada aos espetáculos que fizeram história na icônica região de Nova York 20 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 263
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moda

A dona dos anos 2000

A Diesel se consolida novamente como um nome relevante no mundo da moda após uma queda de popularidade por anos

Não tem como falarmos em moda na virada do milênio sem lembrarmos da Diesel. A marca italiana criada por Renzo Rosso, em 1978, foi um símbolo revolucionário fashion dos anos 1990 e 2000, com seus anúncios provocativos e por vezes controversos, e falava de uma juventude livre, rebelde, hedonista e sensual que existia apesar (e talvez por causa) do cenário político e social do mundo. Suas peças

eram o epítome de badalação e podiam ser vistas no guarda-roupa de toda celebridade que estivesse em seu auge. Muito porém, a virada do milênio trouxe outras labels que ganharam espaço no coração dos consumidores, e os 2010’s levantaram novas silhuetas que deixaram o então recente anos 2000 para comer poeira. Só que a moda é algo cíclico, e a estética extrovertida da Diesel ganhou sua segunda chance no começo de 2021, quando o estilo, apelidado de “y2k”, resgatou os lendários jeans de cintura baixa de baús, armários e brechós. A volta começou de forma sutil, e os usuários do TikTok cantaram essa bola desde o início. O icônico logo em “D” foi aparecendo nos círculos virtuais de fashion gurus, it-girls e it-boys até que, em questão de meses, celebridades como Dua Lipa, Rihanna e Robert Pattinson estavam vestindo

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Diesel em seus Instagrams, shows, editoriais, desfiles e red carpets. E não foram apenas os itens vintage que lograram; nos anos 1990, o carro-chefe da popularidade da Diesel era sem dúvida os jeans, mas depois de seu “renascimento”, outros produtos mais recentes ganharam lugar no hall da fama – a bolsa 1DR pode ser encontrada no guarda-roupa de praticamente qualquer famoso que se preze, de Kylie Jenner a Anitta.

O momento decisivo para consolidar a volta da Diesel foi, sem dúvida, a entrada de Glenn Martens como novo diretor criativo da marca. O designer compreendeu o desejo dos consumidores de conversar com uma certa época nostálgica sem perder a mensagem subversiva e sedutora da marca, reforçando também o diálogo com essa geração ecoconsciente ao introduzir o tema da sustentabilidade nas

bases da Diesel. Além do uso responsável de matéria-prima de origem sustentável e reciclada, o marketing incentiva o resgate de peças de segunda mão, uma vez que a estética das coleções novas são feitas para combinar com as coleções antigas em um movimento inteligente de moda circular.

O que torna esse caso tão interessante é que a Diesel soube aproveitar a oportunidade que lhe apareceu com sua viralização nas redes para se firmar novamente como um nome relevante no mundo da moda. Não é sobre estar em evidência, mas sim saber manejar essa popularidade para que ela se prolongue para além do furor do comeback do look Gen-X. E a marca fez isso ao adaptar a essência que propagava em seu ápice nos anos 1990 para a realidade que vivemos hoje, retomando seu espaço de direito nos guardaroupas pelo mundo.

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design

Um mergulho na caligrafia

Montblanc Haus é a nova experiência permanente da marca em Hamburgo

Quando pensamos em instrumentos de escrita tradicionais e sofisticados, imediatamente nos vem à mente a Montblanc. Sinônimo de excelência em design, a marca revolucionou a cultura da escrita em 1906 e segue inovando no mercado criando itens que são verdadeiras obras de arte e desejos de consumo. Para celebrar essa história tão marcante, a Maison agora tem um espaço permanente em Hamburgo, na Alemanha, localizado bem ao lado de sua sede e da manufatura onde são feitos seus instrumentos de escrita. Denominada Montblanc Haus, a experiência convida os visitantes a mergulhar no mundo da caligrafia, em três andares e 3600 m². O edifício foi inspirado na herança da marca e é uma homenagem à forma das embalagens dos instrumentos de escrita. As cores preta e branca da icônica logomarca dão o tom de sua silhueta escura e interior claro.

“A Montblanc Haus foi concebida como uma jornada de descoberta, contada pelos olhos de uma empresa que está no centro da cultura da escrita há mais de 115 anos. É nossa esperança que a Montblanc Haus se torne um marco

significativo para Hamburgo, uma cidade tão importante para a história e identidade da Montblanc, e para as comunidades locais e visitantes distantes descobrirem e desfrutarem”, diz Nicolas Baretzki, CEO da Montblanc. A exposição permanente explora diferentes temas: Pulse of Writing (Pulso da Escrita) destaca o poder e o valor da escrita; Legacy and Vision (Legado e Visão) conta a história da Maison e sua icônica Meisterstück; Handwriting from around the World (A caligrafia ao redor do mundo) destaca diferentes tipos de caligrafia traduzidas em obras de arte; Craftsmanship and Innovation (Artesanato e Inovação) mostra o know-how da marca na criação e produção de instrumentos de escrita; Montblanc Collections (Coleções Montblanc) explora as diferentes coleções, incluindo Edições Limitadas e as exclusivas peças High Artistry; e Mark Making (Marcação) apresenta uma Biblioteca de Autógrafos com 30 notas manuscritas originais de Ernest Hemingway, Albert Einstein, Frida Kahlo e Spike Lee combinadas com uma experiência de livro de visitas digital para que os visitantes deixem sua própria marca. Além disso, os visitantes também podem testar os instrumentos de escrita, enviar cartões-postais e participar de aulas no Atelier de Escrita, como a arte da caligrafia e escrita criativa. Há, ainda, exposições temporárias, um café e uma butique.

montblanc.com/discover/montblanc-haus

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animação

Uma história de amor e música

A animação do rapper Kid Cudi chega à Netflix no fim de setembro

Um dos lançamentos mais aguardados do ano está próximo! Unindo fãs de diferentes áreas, a nova produção da Netflix promete muita música, cor, romance e diversão. Criada, estrelada e produzida pelo rapper Kid Cudi, que já recebeu dois Grammys em sua carreira musical e também carrega uma bagagem grande de trabalhos no cinema e televisão, a série de animação adulta Entergalactic acompanha o álbum musical homônimo do rapper, que será lançado simultaneamente.

O enredo conta a história de Jabari – dublado por Kid Cudi –, um artista charmoso que busca sucesso em sua vida em Nova York após se mudar para seu apartamento dos sonhos. Quando conhece sua nova vizinha descolada, a fotógrafa Meadow – dublada por Jessica Williams –, Jabari tem que descobrir como conciliar sua vida profissional com a possibilidade de um novo amor. Segundo a sinopse, a série será “uma explosão de arte, música e moda, na única cidade que consegue manejar os três: Nova York”.

É uma proposta inovadora: a primeira série a ser lançada acompanhando um álbum musical, diferente do que foi feito até agora quando tratamos de música e audiovisual sendo trabalhados juntos. Será mais que um álbum visual: tanto a série como as músicas foram idealizadas em conjunto. As músicas são escritas da perspectiva de Jabari, o personagem

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principal, contando a realidade e história que serão mostradas na série. São contos de amor e relacionamentos, que não refletem a vida de Kid Cudi, mas surgiram de sua imaginação para criar a vida de Jabari. “Entergalactic é uma fantasia. É o que eu gostaria de ter. Eu levo uma vida muito solitária, mas tenho esperança de encontrar alguém algum dia,” escreveu Cudi em seu Twitter. “Entergalactic será algo que vocês nunca experienciaram. Eu prometo que vai ser uma jornada divertida. Muitos bons amigos envolvidos. Músicas ótimas também!” Musicalmente, os fãs do rapper podem antecipar o álbum por trazer marcas das antigas mixtapes de Cudi, em que o artista cantava em um tom divertido e descontraído, assim como um ponto de vista totalmente novo, com a abordagem de temas românticos, coisa que nunca foi foco na discografia do cantor.

Além de Cudi, o elenco conta também com nomes de peso como Timothée Chalamet, Ty Dolla $ign, Vanessa Hudgens, Jaden Smith e Macaulay Culkin. Entergalactic estreia na Netflix em 30 de setembro deste ano.

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MAKE LIFE A RIDE
ALAMY PHOTOS 30 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 263 Lifestyle

A musa Pamela Anderson com a Triumph Thunderbird que usou em 1996 no filme Barb Wire - A Justiceira para enfrentar uma gangue de criminosos

Velozes e famosos

HÁ MAIS DE UM SÉCULO, MOTOS FASCINAM AS PLATEIAS E TAMBÉM OS ASTROS E ESTRELAS DE HOLLYWOOD, DA TV E DA MÚSICA, COMO KEANU REEVES, PAMELA ANDERSON E DAVID BOWIE

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Dennis Hopper e Peter Fonda com suas choppers construídas a partir de Harleys Hydra Glide em cena do road movie Easy Rider – Sem Destino, de 1969

Livros com histórias de motociclistas e motoqueiros, em geral, são contos contemplativos e lentos sobre a jornada de um personagem em busca de algum sentido para a vida ou alguma realização profunda.

Esse é o caso de best-sellers como Zen e a Arte de Manutenção de Motocicletas (de Robert Pirsig) e Diários de Motocicleta (de Che Guevara), por exemplo. Já os filmes e seriados de TV que envolvem motos são o oposto: com imagens em movimento, são ricos em ação, velocidade, tensão, impacto e barulho.

A trajetória das motos no cinema começou em 1914, quando Charlie Chaplin apareceu guiando uma Thor IV de apenas um cilindro no filme mudo Mabel at the Wheel. Depois, Buster Keaton surgiu com uma linda Indian Powerplus em Uma Semana e os irmãos Groucho e Harpo Marx passearam numa Harley-Davidson JD com sidecar em O Diabo a Quatro

Aí vieram os filmes de guerra, com motos servindo apenas como um meio de transporte para nazistas e aliados. Só que, em 1953, o jogo virou quando Marlon Brando surgiu a bordo de sua Triumph Thunderbird 6T em O Selvagem , dirigido por László Benedek. Esse clássico hoje é considerado o pioneiro no gênero “ biker film ”. A produção foi um marco na popularização de uma iconografia e uma estética toda peculiar do universo das motos, com calças jeans, jaquetas de couro e óculos escuros. Além disso, associou comportamentos e sentimentos às motocicletas: a rebeldia, a liberdade, o culto ao rock’n’roll, o estilo de vida tipo “lobo solitário”, o gosto pela aventura e — infelizmente — uma incontrolável propensão a se envolver em tretas, confusões e brigas.

Para deixar Johnny Strabler, o líder da gangue dos Black Rebels, ainda mais cativante e atraente, os produtores e figurinistas colocaram em cena motoqueiros que não usavam capacetes, mas sim quepes e bonés, para que a audiência pudesse apreciar com mais clareza os bonitos traços e as angustiadas expressões do jovem galã Marlon Brando. Depois que esse filme abriu a porteira, vieram vários outros sucessos, como Rebelde sem Causa (com James Dean), Carrossel de Emoções (com Elvis Presley) e Fugindo do Inferno (com Steve McQueen). As motocicletas definitivamente se tornaram uma presença constante em Hollywood — não só nas telas, mas também no asfalto de boulevards como Wilshire, Santa Monica e Sunset ou nas garagens de estrelas como Paul Newman, Burt Reynolds e Jack Nicholson. Nos anos 60, a cultura biker se encontrou com os movimentos beatnik e hippie. Essa fusão rendeu duas obras-primas do gênero: Os Anjos Selvagens e Easy Rider – Sem Destino — ambos estrelados por Peter

Em 1965, Paul McCartney quebrou dois dentes ao cair de um ciclomotor. Desde então, teme outro acidente e só roda em motos de baixa cilindrada

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Por Kike Martins da Costa 7 min

O ex-beatle

Paul McCartney e Linda McCartney em 1968 se preparando para um rolê bem prudente a bordo de uma Honda XL 125

FOTO WWW.DAILYMAIL.CO.UK/TVSHOWBIZ/ARTICLE-1303363/PAUL-MCCARTNEYS-TURBULENT-LOVE-LIFE-LINDA-SNARE-BEATLE--MATTER-STOOD-WAY.HTML 35
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O Selvagem associou itens como as jaquetas de couro, os quepes e os óculos escuros ao estilo rebelde e contestador dos motociclistas

Marlon Brando com sua Triumph Thunderbird 6T em cena de O Selvagem, dirigido em 1953 por László Benedek, húngaro radicado em Hollywood

ALAMY PHOTOS
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Além de colecionar motos, o ator Keanu Reeves é também dono de uma fábrica que produz máquinas esportivas sob encomenda que custam de US$ 50 a US$ 80 mil

O astro das sagas John Wick e Matrix roda orgulhoso com sua reluzente Arch KRGT-1, empurrada por um possante motor de 2.000 cilindradas

FOTO SQUARSPACE 38 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 263 Lifestyle
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Fonda. Produzido e dirigido por Roger Corman em 1966, Anjos traz Fonda como o líder de uma gangue de motoqueiros no interior da Califórnia. No filme, sua namorada é interpretada por Nancy Sinatra (filha do cantor Frank). Hell’s Angels de verdade foram recrutados para “atuar” em mais esse longa de Corman, famoso por seus filmes de baixo orçamento.

Já Sem Destino , dirigido e coestrelado por Dennis Hopper, teve uma carreira mais glamorosa e entrou para a história como um ícone da contracultura. Para completar, ganhou um prêmio no Festival de Cannes, teve duas indicações para o Oscar e foi a quarta maior bilheteria do ano nos cinemas norte-americanos em 1969. As motos que aparecem no filme eram duas Harley-Davidson Hydra Glide reformadas pelos fabricantes de choppers Cliff Vaughs e Ben Hardy. Ao final das filmagens, uma delas foi destruída, e a outra acabou sendo roubada.

Nos anos 70, 80 e 90, as estrelas do rock e as bandas de metal foram as grandes inspirações dos bikers. Adesivos de grupos como Kiss, Motörhead, Aerosmith, Mötley Crüe, Judas Priest e Guns N’ Roses decoravam os tanques e os para-lamas de choppers e roadsters. Outros popstars da música também revelaram sua paixão por motos, como Paul McCartney e David Bowie. O ex-beatle tinha um certo receio de circular a bordo de motos muito potentes — em dezembro de 1965, ele sofreu um acidente quando estava rodando num ciclomotor e quebrou seus dois dentes incisivos frontais (nos videoclipes dos hits Rain e Paperback Writer , é possível vê-lo com os dentes lascados). Depois disso, só foi visto passeando pelo sul dos Estados Unidos ou no interior da Inglaterra com motos de baixa cilindrada, como a Honda XL125 da foto, clicada no início dos anos 70. Em todos os registros de suas férias, Paul aparece com sua mulher na garupa — a fotógrafa e herdeira do império Kodak, Linda Eastman. Já David Bowie era um “harleyro” estiloso. No período em que morou em Los Angeles, nos anos de 1974 e 1975, rodava pela cidade com uma musculosa Sportster. A imagem do camaleão do rock com esses óculos diferentões e essa excêntrica combinação de gravata e camisa estampada faz parte de uma sessão de fotos que Bowie produziu no estúdio do renomado fotógrafo Steve Schapiro. Outros que circulam pelas ruas de Los Angeles com seus bólidos de duas rodas são os atores Keanu Reeves, Pamela Anderson e Katee Sackhoff. Pamela Anderson é uma das raras estrelas do showbiz que assumidamente adoram uma motocicleta. Nesse time estão também a atriz Angelina Jolie e as cantoras Cher, Pink e Alanis Morissette. Casada com o roqueiro Tommy Lee, nos anos 90, Pamela conquistou um lugar no panteão das grandes musas da TV com sua participação no seriado S.O.S. Malibu . Nos cinemas, atuou como a protagonista de Barb Wire – A Justiceira , dirigido por David Hogan. Sua personagem

FOTO STEVE SCHAPIRO, PUBLICADO PELA POWERHOUSE BOOKS 41
Quando morou em Los Angeles, nos anos de 1974 e 1975, David Bowie circulava pela cidade com sua chinfrosa Harley Sportster

era a mercenária Barbara Kopetski, que combatia uma gangue de criminosos sobre uma Triumph Thunderbird 1996. Durante as filmagens, ela dispensou a dublê e atuou nas principais cenas de ação. Agora uma respeitável senhora de 55 anos, ela gravou uma série de vídeos de utilidade pública sobre segurança no trânsito para promover a direção defensiva e reduzir o número de acidentes.

Keanu Reeves, o astro dos blockbusters das sagas Matrix e John Wick , não só é um aficionado por motos como possui a sua própria boutique de fabricação de máquinas esportivas. Na Arch, fundada em 2011 e com sede em Hawthorne, na Califórnia, Reeves e sua equipe produzem motocicletas sob encomenda, com preços na faixa de US$ 50 mil a US$ 80 mil. No Super Bowl de 2018, o maior evento da TV norteamericana e mundial, ele surgiu no intervalo da partida final entre os New England Patriots e os Philadelphia Eagles numa propaganda da empresa de desenvolvimento de websites Squarespace, rodando por uma estrada semideserta, em pé sobre uma Arch KRGT-1, moto impulsionada por um motor de 124 polegadas cúbicas (o equivalente a 2.000 cilindradas), com rodas ultraleves de fibra de carbono e um exclusivo sistema de freios ABS desenvolvido pela Bosch.

Já Katee Sackhoff, além de fissurada por motos desde pequena (seu irmão mais velho possui uma oficina de “envenenar” carros e motocicletas em Portland, no Oregon), é uma musa nerd conhecida por suas performances nos seriados Battlestar Galactica e The Mandalorian (um spin-off de Star Wars ). Sua Honda XL600R 1987 customizada ficou tão incrível e tão com a sua cara que foi rebatizada como KT600. A customização, a cargo do canadense John Ryland, usou a suspensão de uma Kawasaki ZX 6-R, com os braços oscilantes de uma Triumph Sprint 2006 e as engrenagens de transmissão modificadas para permitir que o pinhão trabalhe bem com um grande pneu traseiro. O toque final é o lindo escapamento personalizado, em aço inoxidável. Katee comanda a Acting Outlaws, um coletivo beneficente de motociclistas que se dedica a despertar a atenção das pessoas e arrecadar fundos para a Cruz Vermelha e para a Humane Society (entidade que combate a crueldade contra os animais). Mais recentemente, os filmes de super-heróis também têm investido em motos. Exemplos disso são a Harley Street 750 usada por Chris Evans em Capitão América e a Harley Duo Glide na qual Hugh Jackman (o Wolverine) barbariza em X-Men: Origens .

Em 2021, também não faltaram superproducões com cenas “protagonizadas” por essas maravilhosas “atrizes” de duas rodas: em F9, o nono filme da saga Velozes e Furiosos, o vilão interpretado por Idris Elba faz as manobras mais malucas com sua incrível Triumph Speed Triple RS modificada. No longa de James Bond, 007 - Sem Tempo Para Morrer, Daniel Craig faz misérias com duas Triumph: uma Tiger 900 Rally Pro e uma Scrambler 1200. Em The King’s Man, Ralph Fiennes e Harris Dickinson circulam numa chinfrosa BMW R80 /R65 customizada. E, para terminar, em MI:7 - Missão Impossível 7, Tom Cruise voa por entre os penhascos da Noruega com uma invocada BMW G310 GS. Em 2022, Tom Cruise também se destacou nas telas sobre duas rodas em Top Gun: Maverick. Dessa vez, o astro pilota a Kawasaki H2 Carbon, uma das superesportivas mais rápidas do mundo.

Katee Sackhoff posa ao lado de sua bonita moto customizada, que combina elementos modernos com outros bem clássicos

A musa geek Katee Sackhoff é a feliz proprietária de uma café racer montada a partir de uma Honda XL600R pelo customizador canadense John Ryland
FONTE BIKEEXIF.COM FOTO ADAM EWING 42 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 263 Lifestyle
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Nesta última década, os blockbusters de super-heróis como Capitão América e Wolverine começaram a usar motos invocadas nas cenas de ação

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Chris Evans pilota uma Harley-Davidson Street 750 em cena do filme Capitão América: O Primeiro Vingador, lançado em 2011
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TOP MAGAZINE EDIÇÃO 263 Camilla de Lucas

CAMILLA DE LUCAS ENTROU NO UNIVERSO DIGITAL EM 2017, COM VÍDEOS SOBRE CUIDADOS COM CABELOS CRESPOS. NA PANDEMIA, BOMBOU COM ESQUETES BEM-HUMORADAS NO TIKTOK, MAS FOI NO BBB21 QUE ELA CONQUISTOU DE VEZ O CORAÇÃO DO PÚBLICO

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Por Fernanda Ávila Fotos Miro Beleza Ester Ganev Cabelo Jurdis Costa 5 min

Natural de Nova Iguaçu, Camilla de Lucas, de 27 anos, foi vice-campeã do Big Brother Brasil 21, mas sua ascensão como influenciadora começou bem antes, ao compartilhar dicas de como cuidar dos cabelos crespos no YouTube. Em poucos meses, conquistou 1 milhão de inscritos no canal e o carinho de milhares de mulheres que se sentiam representadas por ela. Durante a pandemia sua vida sofreu uma grande virada com o vídeo saindo de fininho. No TikTok, Camilla enxergou uma nova maneira de fazer vídeos, mais informal e engraçada. Por lá, além de compartilhar as tradicionais dicas de beleza, também produz conteúdos sobre situações típicas do seu dia a dia. As produções ganharam destaque nas redes sociais e despertaram o interesse de seguidores famosos, como: Regina Casé, Taís Araújo, Péricles, Giovanna Ewbank. Hoje, a criadora de conteúdo soma mais de 16 milhões de seguidores. São quase 11 milhões no Instagram, mais de 2,5 milhões no YouTube, 3,4 milhões no TikTok e mais de 1,6 milhão no Twitter. Recentemente, Camilla atuou como apresentadora no programa The Masked Singer Brasil, da TV Globo, onde cobria os bastidores da atração e entrevistava, ao vivo, o mascarado eliminado em lives no GloboPlay. Inspirada pela influenciadora afro-americana Jackie Aina, conhecida pela liberdade com que brinca em seus vídeos, Camilla tornou-se uma referência ao abordar assuntos do cotidiano de forma leve e debochada. Todo esse talento e carisma têm lhe rendido contratos importantes com grandes marcas, como: Nike + Authentic Feet, Vult, Banco Original, C&A, Avon, Downy, Always, Samsung, Boticário, Nestlé, Bauducco, Skol, entre outras. Nesta entrevista, Camilla fala um pouco da sua trajetória, de como foi participar do reality show mais assistido

do Brasil, conta como estão andando as obras da casa nova que vai dividir com o noivo, o cantor Mateus Ricardo, e ainda revela seu maior medo: andar de avião!

Como é produzir essa gama de conteúdos e o que mudou para você? Quando comecei a produzir conteúdo, eu trabalhava na área administrativa de uma imobiliária e fazia faculdade. Então, eu tinha que conciliar. Não era fácil. Na hora do almoço, eu deixava de almoçar para ir para casa gravar vídeo. Eu saía correndo do meu trabalho na hora do almoço, tinha uma hora para poder gravar o vídeo. De manhã, antes de ir trabalhar, eu acordava mais cedo e deixava o cenário montado. Aí, no almoço, já estava tudo montado, era só gravar, fazer meu tutorial de maquiagem ou alguma coisa de cabelo. Então, no começo, não era fácil. Ficou mais tranquilo quando tive que fazer uma escolha, escolher entre trabalhar na imobiliária ou continuar com o meu canal no YouTube. Fui atrás do meu sonho.

No princípio, você chegou a imaginar que tudo isso estaria acontecendo, esse sucesso todo por conta dos vídeos e por conta da sua participação no reality show BBB? Eu comecei o canal por hobby, não sabia que poderia virar uma profissão. Só que a primeira vez que postei um vídeo já tive mil inscritos no canal, no primeiro dia. Eu viralizei na internet muito rápido. Não que eu soubesse que poderia ficar famosa, mas eu sabia que o meu canal ia crescer. Pensei ‘acho que isso aqui pode dar certo’, mas não que fosse dar tão certo como tem dado até agora.

Camilla de Lucas é considerada uma das personalidades mais promissoras. O que esse título significa para você? Eu sou muito grata quando alguém fala

50 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 263 Camilla de Lucas
“Compartilhar nossa vida, nosso dia a dia e nossas fraquezas não é fácil, mas eu sei que posso estar ajudando outra pessoa”
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que se inspira no meu vídeo, na minha história. Compartilhar nossa vida, nosso dia a dia e nossas fraquezas não é fácil, mas eu sei que posso estar ajudando outra pessoa. Então, me sinto muito feliz e lisonjeada de saber que tem alguém que admira a minha história e que curte a minha personalidade

Você é uma das personalidades mais procuradas no mercado de publicidade. Como é isso para você? Foi mais após a participação no BBB ou antes você já era procurada por algumas marcas?

Eu já trabalhava com algumas marcas. Quando decidi entrar no programa, sabia que seria um risco, porque quando você se expõe muito, pode fazer com que as pessoas gostem ou não de você, incluindo trabalho. Eu sabia que as marcas iam olhar e ver se realmente queriam continuar me associando a elas ou não. Mas eu saí muito feliz do programa, porque as marcas que eu já trabalhava continuaram comigo e outras marcas chegaram. Eu estava agora em São Paulo para fazer as fotos da revista, mas aproveitei também para fazer mais dois trabalhos importantes. E estava refletindo sobre o quanto sou grata pela oportunidade de estar com essas marcas, porque há um tempo atrás, eu vi uma pessoa dizer que a minha beleza, a mulher negra, não vendia. Então, quando estou representando em um comercial, divulgando um produto, sabendo que as marcas me querem, consigo olhar pra trás e pensar que aquela pessoa estava errada.

O Brasil ficou vidrado na edição do BBB que você participou. Como foi a sua reação

ao ver a repercussão de tantos temas importantes aqui fora?

Cada hora que eu chego para conversar com alguém é uma surpresa nova. Lá dentro, a gente não consegue ter noção. E mesmo quando a gente sai e alguém te para na rua para falar “naquele momento, eu amei você fez isso”, não consigo imaginar, porque a gente vive um mundo paralelo. Quando você vai em uma loja e lê a placa “você está sendo filmado”, você esquece e continua andando pela loja. Lá é assim também, a gente esquece que tem pessoas assistindo. Eu só consegui realmente ter um pouco mais de noção quando saí e vi que tinha 9 milhões de seguidores no Instagram. Pelo número do Instagram deu para ter um pouco de noção do que foi o programa. Na semana passada mesmo, me falaram que quando eu me desentendi na casa, entrou ao vivo na hora. Eu não sabia disso. Cada hora é uma surpresa diferente.

A reforma da sua casa também virou praticamente um reality. Muita gente acompanha e está na expectativa para ver tudo pronto. E como está a sua expectativa? Não sou uma pessoa ansiosa. Todo mundo sempre me falou que obra demora, então, eu já comecei sabendo disso. Eu não tenho um prazo para me mudar, assim que acabar a obra, eu vou. Ontem fui fazer compras de decoração e aí realmente comecei a imaginar. Eu comprei um negócio para colocar bolo e já me imaginei em casa fazendo um bolo. Então, acho que foi o momento de mais ansiedade. O meu noivo não foi comigo, porque ele não tem paciência, mas ele quis ver tudo

“E estava refletindo sobre o quanto sou grata pela oportunidade de estar com essas marcas, porque há um tempo atrás, eu vi uma pessoa dizer que a minha beleza, a mulher negra, não vendia”

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o que comprei. E conversando sobre isso, foi dando um pouco mais de ansiedade. Mas ele está muito mais ansioso do que eu, muito mais.

Um sonho de consumo. Agora, um carro. Vou tirar habilitação, quero dirigir e quero ter um carrinho.

Conte uma coisa inédita que ninguém sabe sobre você.

Eu sou uma pessoa muito religiosa. Na casa, sentia falta de colocar uma pregação para ouvir antes de dormir. Eu gosto muito, é uma coisa que eu e Manu costumamos fazer. A gente coloca alguma pregação e dormimos ouvindo aquilo.

O que te irrita profundamente?

Bagunça. Bagunça relacionada às minhas coisas. Se cada um fizer sua bagunça no seu canto, ok.

Um medo

Avião é uma coisa que tem me tirado a paz, é horrível. Eu não tinha medo de avião. A família da minha mãe mora na Bahia. Eu tenho foto minha com quatro anos de idade no avião. Desde pequena já andava de avião. Mas, ultimamente, alguns sustos que eu levei me fizeram ficar desesperada. Por fora, estou normal, mas, por dentro, estou morrendo. Eu consigo disfarçar muito bem, mas minha mão fica suando, eu fico tremendo. Quando a comissária me entrega um copo de água, eu já vou com a minha mão tremendo. O negócio está tenso. Agora que eu vim para São Paulo, até postei no meu Instagram falando que foi a primeira vez que eu vim

sem medo. Eu estava lendo aqui o livro Medo de Voar. Eu vou perder esse medo, ainda vou pilotar um avião daqui para a Austrália. Já pensei até em fazer o curso de comissária de bordo só para perder esse medo, eu juro.

Você já viralizou com alguns memes. Para você, essa imagem, essa exposição, é boa ou é ruim?

Eu gosto, morro de rir. Tem tanta figurinha minha depois que eu participei do BBB fazendo careta. Eu salvo e eu mesma mando. Eu gosto quando alguém me manda figurinha que eu ainda não tenho.

Uma viagem dos sonhos e quem você levaria pra ela com você? Falou em viagem, falou de avião (risos). Acho que gostaria de ir para Dubai. É um lugar para o qual tenho vontade de ir. E levaria o meu noivo. É uma viagem que temos pensado em fazer.

Qual foi a sua maior realização dentro de toda a sua trajetória?

A compra da casa, porque foi através do meu trabalho que eu consegui realizar isso. E eu sempre ouvi da minha família sobre a importância de ter um teto, independente de você perder tudo, você vai estar na sua casa, no seu espaço.

Uma frase que te representa. Eu não tenho uma frase, mas posso deixar uma mensagem para que as pessoas acreditem muito na intuição delas. Eu sempre segui o meu coração. Se eu acredito, eu vou. Se der ruim, pelo menos aprendi indo, melhor do que não ir.

“Eu sempre segui o meu coração. Se eu acredito, eu vou. Se der ruim, pelo menos aprendi indo, melhor do que não ir”
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Assessoria de imprensa Melina Tavares Comunicação
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CAROLZINHA É FORÇA E ATITUDE. CONQUISTOU MILHÕES DE FÃS COM CONTEÚDOS QUE COMBATEM A MISOGINIA, O SEXISMO E MOSTRAM O PODER DA MULHER. UMA DIVA EM ASCENSÃO QUE ESTÁ TRILHANDO UMA CARREIRA CHEIA DE PERSONALIDADE, CONSTRUÍDA POR QUEM SABE AONDE QUER CHEGAR

Por Fernanda Ávila Fotos Miro Beleza Ester Ganev Styling Maria Luiza Costa Styling Jurdis Costa 5 min

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Ela não é do tipo que entra em jogo para perder. E isso já ficou claro há algum tempo, quando lançou seu canal de YouTube com a irmã Vitória, em 2019. A dupla, nascida em Santa Catarina, despontou fazendo covers de canções famosas com versões que combatiam o sexismo, denunciavam relacionamentos abusivos e traziam luz ao empoderamento feminino. Ainda muito novinhas, as filhas da Dona Deusa – fonte de inspiração e referência de mulher forte – conquistaram milhões de fãs nas redes sociais e transformaram-se em um fenômeno do universo pop. Hoje, as duas têm um público de quase 6 milhões de inscritos no YouTube, mais de 6,6 milhões de seguidores no TikTok e mais de 2 milhões no Instagram. Agora, com seu primeiro EP solo, lançado em julho deste ano, Carol mostra um pouquinho da sua individualidade e se descola da dupla para mostrar sua força e personalidade. O álbum Cara faz parte de um projeto de três partes e reúne quatro músicas inéditas e autorais acompanhadas de videoclipes superproduzidos e participações especiais de Day Limns, Tainá Costa, Bivolt, Nith e Marcela Veiga. O novo trabalho exalta o poder feminino e se inspira no mundo dos games com elementos do pop, rap e trap. Nesta entrevista para a TOP, Carolzinha fala sobre o lançamento, carreira, sobre como ser mulher no cenário artístico e mostra um pouquinho desse jeitinho que é uma mistura bem equilibrada de força, atitude e delicadeza.

Seu novo projeto solo tem o título Cara. Qual é o significado?

Essa pergunta é muito legal, porque eu estava no meu quarto, um dia, e recebi notificações do meu canal do YouTube, de um vídeo com a minha irmã, e uma das pessoas comentou assim: “essas duas

têm a maior carinha de quem depende de homem”. Eu li aquele comentário umas cinco vezes e pensei, “nossa, obrigada por esse comentário”. Aí comecei a expor as minhas ideias. Todas as minhas músicas começam com um desabafo ou um pensamento sobre alguma coisa. E eu terminei o texto escrevendo “dizem que eu dependo de um cara, mas eu que sou cara”. Porque, para conquistar as coisas que conquistei, tem um custo e todo esse custo para bancar eu fui atrás. Saí de casa, escrevi minhas músicas, eu sabia aonde queria chegar. Então, “cara” é toda a identidade através de um jogo. A primeira faixa se chama Ela Joga, porque nós temos que jogar o jogo sendo mulheres. Passar por todas as fases e mostrar que, além da nossa embalagem maravilhosa, temos conteúdo para oferecer. E se a gente quiser chegar aonde a gente quiser, podemos ser a número um. E termina com Cara, a gente jogando o jogo e mostrando que eu vejo, eu quero, eu posso, eu consigo.

Como foi a preparação para fazer o seu primeiro trabalho audiovisual solo?

A preparação foi a muitas mãos. Eu gosto de dizer que a Carolzinha foi montada a partir de um sentimento que já aflorava dentro de mim, da minha personalidade, de todas as coisas que eu queria expor como artista, meus pensamentos, minhas ideias, meu modo de enxergar o mundo. Peguei todo esse bolo de coisas, cheguei para a minha equipe e falei “vamos montar a identidade visual da Carolzinha”. A Carolzinha troca de cabelos, ousa nas maquiagens, usa unhas coloridas diferentes, tem o jeito dela, um jeito meigo e fofo. Aonde eu vou, as pessoas falam “você é muito fofa”, mas quando me posiciono para cantar ou para falar sobre o que acredito, eu imponho força. Acho que isso é

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“Aonde eu vou, as pessoas falam ‘você é muito fofa’, mas quando me posiciono para cantar ou para falar sobre o que acredito, eu imponho força”

uma das características que mais gosto do meu trabalho, é a força que consigo transmitir em todas as áreas, até na sutileza.

A estética do projeto é importante ou só a qualidade sonora basta?

Eu acho que principalmente no pop, que é onde estou entrando mais a fundo agora, as duas coisas importam. Pop é sobre imagem, é sobre pensar além do que se vê. É sobre colocar easter eggs no vídeo que vão fazer a pessoa pesquisar e descobrir outras coisas. Eu acho que é sobre 360. A música é a sementinha que é plantada e de onde nascem todas as outras ideias. Mas o primordial para ser artista pop, hoje em dia, é ser completo.

Atualmente, tudo no cenário musical é muito rápido. Você acha que hoje é mais fácil lançar música do que antigamente?

Fácil é uma palavra relativa. Se você está esperando resultados imediatos, eu vou dizer que nada acontece do dia para a noite. Eu gosto de dizer que se você estiver fazendo a sua verdade no processo todo, vai ser fácil. Tudo depende da perspectiva que você está tendo para o projeto. Estou muito mais focada e aposto minhas energias muito mais em fazer a minha verdade tanto na minha construção estética quanto nas letras, nas entrevistas e nas coisas que tenho para dizer do que nos resultados. Com o tempo, vou conhecer mais pessoas, mais pessoas vão chegar no meu trabalho.

Até aonde a Carolzinha iria para estar em evidência no mundo artístico?

Acho que ela iria dentro do limite dela, respeitando quem ela é, respeitando a cabecinha e a sanidade mental dela. Eu sei até aonde eu vou, eu sei o que eu eu tenho que fazer, eu sei o que eu não faria, eu

sei o que me convém ou não me convém. Autoconhecimento é importante, terapia. Façam terapia, gente! Quanto mais a gente se conhece, mais fácil é passar por essa jornada e saber nossos limites.

Você já está no mundo artístico há algum tempo, sofre preconceito? Eu acho que a mulher, principalmente quando se posiciona como artista, sofre todas as críticas possíveis. Uma vez estava assistindo a uma entrevista com a Lady Gaga e fizeram vários questionamentos, perguntaram o que ela achava sobre as posturas que ela estava tendo e a resposta dela foi “se eu fosse um cara sentado aqui, você me chamaria de rock star simplesmente por eu estar fazendo todas essas coisas. Por que você me perguntou o que eu acho? Só por eu ser mulher?”. Só de sermos mulheres já temos uma pressão a mais. Quando alguém vem com uma crítica, quando eu enxergo essa crítica como uma ofensa, eu acho que é muito mais sobre o outro do que sobre mim. Então, passo um filtro e fico tranquila. Eu sei a mensagem que estou passando, sei quem eu sou.

Na hora de começar a produzir um projeto, em dupla ou solo, até onde você gosta de participar?

De tudo. Quando escrevo a música, já penso “cara, dá para contar uma história assim, dá para me vestir assim, dá para o clipe falar disso”. Eu pego todas as ideias e peço para me ajudarem a organizar. Eu adoro ser muito participativa em todas as partes da carreira.

A Carolzinha em casa é diferente da Carolzinha dos palcos?

Acho que quando a gente entra num palco, uma força diferente toma conta e a

“Quando eu saí de casa, minha mãe falou: ‘filha, aonde você for, seja útil’”

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Brincos Jana Favoreto Calça Zara Corset Acervo Blusa Brocki
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Bota Saloon33
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gente se empodera ainda mais. A Carolzinha de casa é um pouquinho mais tranquila. O olhar feroz, eu ganho quando eu vou para o palco, quando faço fotos. Em casa sou mais calma, de boas, de coque no cabelo, com uma canequinha de chá, pensando qual vai ser a próxima música.

Algum costume seu que ninguém sabe?

Eu tenho a honra de ser amiga de artistas, então estou sempre em set ajudando, colando unha. Não é para dizer “ai, eu sou amiga dela que canta”, eu vou lá, eu ajudo mesmo, gosto de participar realmente e de agregar na vida das minhas amigas. Outra curiosidade engraçada é que eu amo assistir desenho animado antes de dormir. Eu assisto Bob Esponja, adoro.

Qual é a sua viagem dos sonhos e quem você levaria para essa viagem?

Eu sempre acredito no melhor das pessoas e acho que o que me fez acreditar nisso foram os contos da Disney. O encanto, a magia das fadas. Então, eu quero muito conhecer a Disney e levar a minha irmã, que é o grande amor da minha vida. Foi onde tudo começou, Carol e Vitória. Ainda vamos fazer uma foto, eu e ela de orelhinha de Mickey e Minnie lá na Disney.

O que é mais top para você dentro desses anos de carreira?

O mais top é a jornada. É ver tudo o que eu passei. Olhar para trás e ver que se a Carolzinha de seis anos me encontrasse

hoje, ela choraria para caramba de felicidade. Eu acho que cada passo que eu estou dando, como estou me construindo, toda vez que eu me olho no espelho vejo os degrauzinhos que eu vou subindo até chegar aonde imagino.

Um medo? Hoje, acho que o meu maior medo é ceder às expectativas alheias. A pressão é muito grande. Tem muitas pessoas dizendo quem você tem que ser, o que tem que falar, o que tem que comer, como tem que se vestir. Então, o meu medo é me perder de mim. A todo momento, estou me conectando comigo mesma e com a minha essência. Penso “fica aqui comigo. Você é você”.

O que te tira do sério? Qualquer tipo de injustiça, preconceito e desigualdade.

Um conselho de milhões? Seja você, queira você mesmo ser o primeiro.

Defina Carolina em poucas palavras e deixe uma mensagem para os leitores da TOP. Carolzinha é uma pessoa feliz. Tento levar felicidade para todos os lugares, manter as pessoas ao meu redor tranquilas. Se você está trabalhando comigo, quero que esteja em paz. Acho que aí tudo flui melhor. Às vezes um “bom dia”, um “como você está hoje?”, um sorriso muda a vida das pessoas. Quando eu saí de casa, minha mãe falou: “filha, aonde você for, seja útil”.

“A música é a sementinha que é plantada e de onde nascem todas as outras ideias. Mas o primordial para ser artista pop, hoje em dia, é ser completo”

Assistente de styling Letícia Zonbom Direção Criativa Gabriela Grafolin
BPMCOM Management TAGMUSIC 65
Assessoria de imprensa

“antioxidante pra cabelo?”

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DILSINHO, COMPOSITOR
POUCO
REFÉM
É UM
EXPOENTES DA
DO PAGODE. PARA SE TER UMA IDEIA, O CANTOR JÁ CONTABILIZA SETE MILHÕES DE OUVINTES MENSAIS NO SPOTIFY Por Fernanda Ávila Fotos Miro Beleza Mel Freese Styling Paula Domachowski Cabelo Matheus Sousa 5 min D 68 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 263 Dilsinho
DE HITS COMO PÉSSIMO NEGÓCIO,
A POUCO,
E TROVÃO,
DOS MAIORES
NOVA GERAÇÃO
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TOP

E não é só nos aplicativos de streaming que ele faz sucesso. Seu canal de YouTube contabiliza cerca de 2,4 bilhões de visualizações. Nas redes sociais, Dilsinho tem mais de 12 milhões de seguidores. Nascido na Ilha do Governador, Rio de Janeiro, Dilson Scher Neto recém completou 30 anos e já tem uma carreira sólida. Tudo começou quando ele ganhou um violão do pai, aos 13 anos de idade, e começou a tocar em barzinho com seu primo Daniel. Em 2009, formou o grupo Para de Kaô e lançou o single Maluca Pirada, sucesso na voz de Alexandre Pires. Desde então já foram oito álbuns gravados e muitas parcerias importantes como Mumuzinho, Ivete Sangalo e Turma do Pagode. No começo deste ano, mais um grande encontro, dessa vez com o grupo Sorriso Maroto, com o qual ele lançou o projeto JUNTOS. São 13 músicas inéditas, um audiovisual para cada faixa e uma turnê que viajou de norte a sul do Brasil com dez shows e um grande evento de encerramento que contou com a gravação do DVD ao vivo. Apaixonado pela música romântica, Dilsinho também transborda amor pela família. Ele é casado com Beatriz, tem um enteado chamado Rômulo e a filhinha Bella, de um ano. Nesta entrevista ele fala sobre carreira, respeito e relação com os fãs.

Suas referências musicais estão atreladas ao gênero do pagode ou você se inspira em outros gêneros?

Comecei cantando em barzinho e lá a gente canta e toca um pouco de tudo. Sempre amei pagode, mas cantava pop rock, música romântica, sertanejo. Foi uma grande escola na minha vida. Aprendi muito rodando, principalmente, o Rio de Janeiro. Depois comecei a ir para outros lugares. Mas, o fato de cantar o que o público gosta de ouvir, o que as pessoas estão pedindo, te traz uma bagagem, uma experiência muito grande.

Como você faz para saber se a composição vai ser hit, qual o seu termômetro?

É muito difícil saber se vai ser um sucesso, mas a gente tem experiências passadas, que já testou com o público, e eu sou um cara que coloca muita verdade nas músicas, nas letras. Eu acho que cada coisa positiva que a gente faz na nossa vida tem que ser comemorada como um sucesso. Então, para uma música ser sucesso, ela tem que falar da sua verdade, falar da verdade de outras pessoas e a gente tem que comemorar cada música, cada projeto, como se fosse um sucesso, independente dos números e de onde chega.

Qual é o sentimento ou visão que você tem sobre o termo “nova geração do pagode”?

Acredito que eu faça parte da nova geração do pagode, de artistas que estão começando a firmar o seu nome na música popular brasileira. Tem nomes que marcaram época, como Raça Negra, Só pra Contrariar, Sorriso Maroto, Exaltasamba e por aí vai. Hoje, Péricles e Thiaguinho também fazem parte de uma galera que já está aí há muito tempo. Eu me sinto parte de tudo que tá acontecendo agora e trabalho muito pelo segmento do samba e do pagode.

Quanto ao curto espaço de tempo entre os lançamentos de música, como você faz para acompanhar esse momento no cenário musical? As coisas mudaram muito. Antes, a gente tinha um tempo maior para maturar a música, o álbum. A gente divulgava o single e aí depois gravava um projeto, esperava dois anos para acontecer, trabalhando, falando dele na TV, na rádio. Hoje em dia, a percepção das pessoas de música é “lançou, e aí, o que você vai fazer de novo?”. A primeira pergunta que recebo assim que acabo de gravar um projeto, é “quais são os seus próximos passos?”. Então, as coisas estão realmente muito aceleradas. Eu não deixo isso influenciar 100%

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“Tenho muito orgulho de deitar a cabeça no travesseiro e saber que sou uma pessoa íntegra, que respeito outras pessoas, que sei me colocar nas situações”

meu trabalho. Eu sou muito mais de esperar uma música acontecer. A música romântica tem um entendimento um pouco diferente daquelas músicas de dancinha que acontecem de um dia para o outro. E eu acredito muito na minha música e nos meus fãs. Então, faço tudo no tempo certo, com calma, sem toda aquela ansiedade.

Muita gente da geração dos anos 70, 80, 90 e até mesmo 2000, tem dificuldade para estar em algumas redes sociais, como no APP de dancinhas que você falou agora. Você tem esse problema?

Cara, eu não acho que seja um problema. Acho que é muito mais você se sentir parte daquilo que está acontecendo. As danças são muito legais, mas eu canto música romântica e tenho outra forma de comunicar minha música. Eu sei da relevância dos aplicativos e dos meios de divulgar uma música que hoje fazem a diferença na carreira de um artista. Tenho essa consciência, mas não consigo me adequar a tudo. Minhas músicas falam mais dos relacionamentos e de histórias de amor. Então, nem sempre uma música minha vai conseguir estar no meio das dancinhas e eu tenho essa consciência, tranquilamente.

Seus fãs são muito participativos e amorosos. Qual é a relação entre o Dilsinho e os fãs? Eu acredito que não existe o artista sem o fã. Tenho essa consciência e respeito pelos meus fãs, todo carinho do mundo. Eu acho que eles me entendem, sabem quando estou mais naqueles dias de filmar o meu dia a dia, sabem aquele quando quero ficar mais recluso, criando. Eu tenho uma relação muito verdadeira com os meus fãs e tenho consciência de que tudo o que eu consegui na minha vida profissional, e as coisas boas que aconteceram na minha vida pessoal, devo a eles.

Qual foi o perrengue mais absurdo que você já viveu na estrada?

Já vivi vários. Uma vez, estava em um momento da minha carreira em que precisava dar um passo, fazer alguma coisa diferente, mas não sabia o quê. Eu tinha juntado uma grana e falei “vou gravar um clipe nos Estados Unidos”. Cheguei lá sem conhecer ninguém, sem saber por onde começar. Fui eu, um câmera e um amigo que trabalhava comigo na época e que também é compositor, cantor e já tinha morado nos Estados Unidos. Falei “vamos lá para você me ajudar em algumas coisas”. Fomos e, em uma parte da viagem, o carro enguiçou, apareceu um furo no tanque de gasolina. E eu convidei uma atriz que estava estudando teatro e cinema lá em Hollywood para gravar comigo, ela chegou no meio do clipe e a gente não conseguiu dar continuidade. Acabei não usando as cenas. Eu voltei da viagem achando que tinha sido em vão, mas, graças a Deus, deu certo e conseguimos lançar o clipe mesmo com todas as adversidades.

Você segue sendo um dos principais nomes no cenário musical do pagode. Qual é o segredo para se manter em evidência e seguir sendo querido e respeitado por ícones como Péricles, Thiaguinho, entre outros? Eu acho que o respeito é o mais importante. Uma coisa que eu sempre procurei fazer na minha vida é respeitar as pessoas para também ser respeitado. Tenho muito orgulho de deitar a cabeça no travesseiro e saber que sou uma pessoa íntegra, que respeito outras pessoas, que sei me colocar nas situações. Eu tenho essa consciência e tudo que tem acontecido na minha carreira é fruto de muito trabalho. Sou um cara que trabalha muito pra conseguir as coisas que tenho alcançado, os números até surpreen-

“Eu tenho uma relação muito verdadeira com os meus fãs e tenho consciência de que tudo o que eu consegui na minha vida profissional, e as coisas boas que aconteceram na minha vida pessoal, devo a eles”

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Produtor Artístico José Lima
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Assessoria de imprensa BPMCOM
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dentes para o meu segmento e para mim. Eu não esperava que tanta coisa boa fosse acontecer. Mas sou um pouco inquieto, quando a gente fala de projetos e de música nova, eu sempre tento inovar, fazer algo que as pessoas não fizeram ainda e que as pessoas não imaginam. Isso me motiva muito. Essa adrenalina artística me faz muito bem.

Você é vaidoso?

Eu me cuido. Acho que depois que fui pai, fiquei pensando ainda mais em ter saúde para cuidar da casa, da família e dos meus filhos. Nunca tive aquela preocupação excessiva com roupas e esse tipo de coisa. Eu sempre comi muito chocolate, então estourava uma espinha ou outra na época de adolescente, mas nunca liguei tanto para isso. Mas falar que não me cuido seria mentira.

Um conselho que o Dilsinho atual daria para o Dilsinho de dez anos atrás.

Pode continuar que vai ser difícil, mas está tudo certo. Se eu pudesse voltar com a cabeça que eu tenho hoje, passar tudo que eu passei, eu diria, “cara, fica só um pouco mais tranquilo, que uma hora acontece”.

Qual a viagem dos sonhos para fazer com a família e por quê?

Eu sou apaixonado pela Califórnia. É um lugar onde realmente quero passar um tempo a mais, tenho vontade de mostrar pros meus filhos. É um lugar que respira música, cinema e arte. É um lugar onde me sinto muito bem. Foi um lugar onde eu tive experiências incríveis. Voltaria para Los Angeles, São Francisco… Tudo ali na “Califa” eu gosto.

O que te irrita profundamente?

Falta de respeito. Pelo fato de eu sempre tentar me colocar no lugar do outro, quando as pessoas não se colocam no lugar de outros em determinada situação, quando passam do limite, isso me incomoda e me causa uma estranheza.

Um medo? Ficar longe da minha família.

Conte pra nós uma coisa inédita ou costume seu que ninguém sabe ainda. Eu jogo Call of Duty.

Se você não fosse cantor, em qual profissão você atuaria ou em qual empreendimento investiria?

Eu fiz faculdade de publicidade até o quinto período. O criar é algo que me move. Tentar ir para um lugar onde as pessoas não imaginam me faz muito bem. Eu nunca pensei em uma segunda opção, porque a música sempre foi o meu plano A. Eu nunca pensei em um plano B, a minha parada sempre foi o plano A. Sempre pensei que daria certo, que viveria de música. Viver de música no Brasil é muito difícil, e de pagode mais ainda. Mesmo assim, sempre acreditei muito nas pessoas que estão à minha volta. Mas, se fosse por gosto e hobby, a segunda coisa que eu escolheria seria o futebol.

Uma mensagem positiva que o Dilsinho gosta e gostaria de dividir com os leitores da Top. Primeiro, agradecer o fato de vocês me proporcionarem esse momento de poder dividir algumas curiosidades sobre a minha carreira, sobre mim e abrir esse espaço para eu falar um pouco de tudo que estou vivendo. Estou completando 30 anos e, hoje, consigo ver muita coisa mais de fora do que dentro. Muitas vezes estamos envolvidos com uma certa situação e não conseguimos ter a visão 360. Então, para os leitores da TOP, quero dizer para que tenham um pouco mais de calma, vivam um pouco mais a vida real do que a vida paralela, aproveitem a família, aproveitem as músicas que vocês gostam, as revistas que gostam de ler, os filmes que gostam de ver e tenham sempre Deus como guia nas suas vidas, porque isso pode mudar tudo.

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“Se eu pudesse voltar com a cabeça que eu tenho hoje, passar tudo que eu passei, eu diria, ‘cara, fica só um pouco mais tranquilo, que uma hora acontece’”

JULIETTE É UM FENÔMENO. UM FURACÃO DE CARISMA QUE PASSOU PELO BBB, ARREMATOU O 1º LUGAR NA COMPETIÇÃO DA “CASA MAIS VIGIADA DO BRASIL” E CONQUISTOU O CORAÇÃO DE MILHÕES DE BRASILEIROS

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Por Fernanda Ávila Fotos Miro Beleza Bruna Pezzino Styling Rebeca Dantas 5 min
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Ela é cantora, apresentadora, advogada e maquiadora. Além de talento, o que ela tem de sobra é carisma. Um brilho especial que fez essa paraibana se tornar uma das maiores influenciadoras do Brasil. Hoje são quase 55 milhões de seguidores nas redes sociais, somando Instagram, TikTok e Twitter. Ao sair do confinamento do BBB, no dia 4 de maio de 2021, uma publicação sua recebeu 1 milhão de curtidas em apenas três minutos, fazendo com que ela entrasse para o Guinness Book. Há muitos motivos para justificar o sucesso de Juliette Freire, mas a humildade, a espontaneidade, a alegria, a sua relação com a família e o orgulho que demonstra de suas raízes parecem ser os ingredientes principais da sua fórmula de sucesso. Querida pelo público e admirada por grandes artistas, Juliette arrasta legião de fãs por onde passa. Recentemente subiu ao palco com a família Gil, em Barcelona, na turnê que celebra os 80 anos de Gilberto Gil, seu padrinho musical. Em março deste ano, Juliette saiu em turnê com Caminho. Durante os festejos de São João, realizou uma série de shows pelo país e se apresentou para grandes multidões. Sua presença no palco é tão cativante quanto suas postagens nas redes sociais. Basta abrir um sorriso e não há quem resista ao charme dessa menina vencedora. Nesta entrevista, ela fala sobre a sensação de se tornar famosa do dia para a noite, sobre a vida na internet, sonhos e medos.

No discurso final do apresentador Tiago Leifert, naquele trecho em que ele diz “você nunca esteve sozinha”, você consegue descrever a sensação que sentiu? E logo em seguida veio o anúncio de que você foi a vigésima primeira vencedora do reality. Qual foi a sensação? Quando ele falou “você nunca esteve sozinha”, quando ele foi falando as coisas, aos poucos, eu fui vendo “meu Deus, então, eu não estava louca, eu estava certa em tudo que eu vivi”, aconteceu mesmo, ele foi confirmando, “você não é louca, você é sã, você é boa”. Pensei “meu Deus, então, as pessoas realmente enxergaram”. E eu fiquei em choque, como se eu tivesse lavando a minha alma. Toda a culpa, tudo que eu tinha passado. Eu só queria ver minha família e agradecer por tudo.

O que foi mais assustador ao sair do confinamento? Eu acho que é a proporção, né? O tamanho que eu estava (seguidores), a quantidade de gente, a quantidade de carinho. Eu nunca imaginei, nem nos meus melhores sonhos, que eu seria tão grande assim. Enfrentar um mundo totalmente novo que eu não conhecia, uma profissão nova, um universo novo, foi bem assustador também.

Como está sendo para você, que é advogada e maquiadora, administrar a carreira de cantora e figura pública? Está se adaptando bem a essa nova realidade? Eu estou me adaptando, estou bem

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“Eu acho que o meu compromisso maior é de ser genuína, de ser real, de mostrar para as pessoas que a vida não é um paraíso e que a gente precisa se esforçar muito, tem que manter sempre a dignidade”

melhor, mas todo dia é um desafio, aprendo coisas novas todos os dias. Eu pensava que era mais fácil, só cantar, filmar, gravar e tá tudo bem, mas é uma estrutura muito grandiosa, dá muito trabalho, é muita dedicação. Mas eu assumi esse compromisso, faço sempre da melhor forma possível e tem dado certo, graças a Deus.

Você conta que a sua família e amigos próximos são a sua maior riqueza. Quais são as principais qualidades da sua família e qual impacto elas têm sobre você? Eu acho que é a honestidade. A minha família sempre foi pobre e todo mundo trabalhou muito, conseguiu tudo na vida com muito esforço, muita honestidade e dignidade. Acho que o maior valor que ela me passa é a honestidade, inocência, bondade, tudo tá bom, muita gratidão e humildade.

A vida na internet tem seus prós e contras, até onde você expõe a sua vida? Eu acho que é um contrato que você faz, você vai até onde não fere. Eu dou ao público o que eu acho que é bacana, que vai acrescentar para as pessoas. Eu acho que consigo estabelecer um limite saudável de não fazer de todas as situações da minha vida um comércio ou um marketing. Eu tento separar isso e fazer de forma equilibrada. Recebo muitas críticas por não me expor tanto quanto as pessoas esperavam. Se for algo que eu possa acrescentar, por exemplo “você devia fazer mais stories mostrando os bastidores”, aí eu acato

a ideia, quando é algo que eu sei que vai me ferir, não faço. É um equilíbrio. Mas também tem muito respeito, porque eu estou fazendo tudo no meu tempo, tudo no meu limite. Eu acho que isso aqui é verdade. O que passa disso é uma ilusão que as pessoas criam achando que o mundo da internet é uma perfeição e não é. Isso me faz refletir na minha postura, em como eu tô fazendo o meu conteúdo. Eu vou fazendo uma balança.

Você tem quase 34 milhões de seguidores no Instagram. A responsabilidade da sua palavra é enorme, né? Qual é o seu legado? Qual é o valor que você passa todos os dias para as pessoas que te acompanham? Eu acho que o meu compromisso maior é de ser genuína, de ser real, de mostrar para as pessoas que a vida não é um paraíso e que a gente precisa se esforçar muito, tem que manter sempre a dignidade. Eu tento passar os meus valores através da rede social também, porque é o que eu sou, não podia montar uma personagem para alimentar a rede social, tudo bonitinho e perfeito, se a minha vida não é assim. Já passei por muita coisa, construí tudo até hoje, tento mostrar de forma genuína, eu acho que o meu legado é esse, fazer as pessoas terem orgulho de quem são e não se envergonharem.

O mundo musical hoje é cada vez mais diversificado. Você sempre explorou bastante as suas referências e raízes. Tem algum gênero que você gostaria muito e

“A minha família sempre foi pobre e todo mundo trabalhou muito, conseguiu tudo na vida com muito esforço, muita honestidade e dignidade”

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outro que você não gostaria de incluir no seu repertório e na sua jornada?

Eu sou muito diversa. Eu vou do funk à MPB. Gosto de tudo, canto, danço, desço até o chão, reflito nas músicas, gosto de letras densas. Acho que estou fazendo exatamente esse experimento. Eu sempre fui público, ouvia tudo, minha playlist tinha de tudo. Hoje, estou produzindo esse conteúdo, então, quero experimentar o que mais me faz feliz. Tem gêneros que eu gosto mais, MPB eu amo, um pop com uma letra bacana que tem alguma mensagem, também curto muito. E tenho minhas raízes que vão estar em mim, no meu sotaque. Eu posso cantar rock and roll que vão entender que ali é uma nordestina orgulhosa e isso não vai se perder. Eu ainda não bati o martelo e nem sei se vou, eu vou experimentar tudo. O que me faz feliz, eu faço.

Qual luxo a Juliette se deu de presente? Eu não me dei muita coisa. Sempre brinco que sou “amarrada” e estava fazendo as coisas básicas primeiro, deixando tudo organizado. Acho que comprei uma bolsa e viajei. E vou viajar mais. De luxo, que antes eu não poderia, foi isso.

Já realizou seu maior sonho? Sim, com certeza. Deixar a minha família saudável com moradia, educação e saúde. Esse era o meu maior sonho, sempre foi, e graças a Deus, deu tudo certo.

Um medo?

A infelicidade. Antes eu dizia que eu tinha medo de ficar sozinha. Aí Tiago Leifert veio com o discurso “você nunca esteve sozinha”. Mas eu acho que ser infeliz é o único medo que eu tenho.

Algo inédito seu. Uma mania, um costume. Eu vim de um reality, o povo sabe até do meu avesso. Então, não tem muita coisa, não. Já viram tudo. Eu acho que estou experimentando coisas novas e com isso vão vir outros costumes. Talvez daqui a um tempo eu vou ter alguma mania.

Defina a Juliette em uma frase. A coragem de ser o que sou. Acho que o que me fez chegar até aqui foi a coragem de ser o que eu sou e não ter vergonha disso. Assumir minhas vulnerabilidades. Minha imperfeição.

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“E tenho minhas raízes que vão estar em mim, no meu sotaque. Eu posso cantar rock and roll que vão entender que ali é uma nordestina orgulhosa e isso não vai se perder”
Assessoria de imprensa

LUCAS GUIMARÃES NASCEU PARA SER APLAUDIDO. APAIXONADO POR GENTE, ESSE ALAGOANO REÚNE MUITOS TALENTOS E DIZ QUE SEUS OLHOS SÓ BRILHAM QUANDO TEM PLATEIA

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Por Fernanda Ávila Fotos Miro Beleza Mel Freese Styling Rhelden 5 min
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Comunicador completo, daqueles que misturam carisma e talento com um brilho especial. Assim é Lucas Guimarães, artista e empreendedor, seguido por quase 9 milhões de pessoas no Instagram. Segundo filho de cinco irmãos, nasceu na cidade de Penedo, interior de Maceió, e cresceu exercitando sua veia artística. Ainda na escola, criou um grupo musical, em que seu personagem era o Jacarezinho, em referência ao grupo É O Tchan, de quem sempre foi fã. Nas apresentações, era bailarino e apresentador. O figurino era confeccionado pela mãe, dona Telma, uma grande incentivadora. Começou a trabalhar aos 14 anos, em uma loja de pesca. Depois, foi vendedor de loja e começou a atuar como modelo. Na sequência veio o programa de rádio que apresentava ao lado de Carlinhos Maia, humorista e influenciador, com quem tem um relacionamento há 13 anos e está casado desde 2019. No seu perfil no Instagram, apresenta o quadro Invadindo Sua Cozinha, no qual invade a cozinha de famosos. No canal no YouTube, mostra seu lado entrevistador no programa Pod Tudo. Como empreendedor, Lucas também é sucesso: em 2021 lançou a Coleção Premium Lucas Guimarães, em parceria com a grife By Geo e, recentemente, tornou-se sócio de uma rede de clínicas de estética, outra paixão. Nesta entrevista, Lucas fala sobre Deus, família, sonhos, amor próprio e futuro.

Lindo, carismático, promissor, empreendedor e comunicador. Muitos atributos em uma pessoa só. Faltou algo? Acho que faltou dançarino só (risos). Eu sempre fui um cara muito ousado, sempre me arrisquei. Acho que não podemos

abrir a boca e dizer que não sabemos de algo sem ter arriscado a fazer tal coisa. Na época do colégio, eu dançava, cantava, atuava, era palhaço, bailarino, tudo o que vocês puderem imaginar. Obviamente, tinha coisas que eu fazia melhor do que outras, mas conseguia fazer, porque sempre fui muito esforçado. Esse é o legado. O segredo de tudo é a entrega. Tenho todos esses atributos, porque tudo o que me proponho a fazer, faço bem feito. Nunca querendo ser melhor do que ninguém, mas sim a minha melhor versão. Eu não penso no dinheiro. Eu acho que o dinheiro é a consequência do trabalho. Você trabalha e o dinheiro vai vir naturalmente. Quem faz um trabalho bem feito colhe o resultado maravilhoso.

Você se joga de corpo e alma em tudo o que se propõe a fazer. Acha que sua carreira seria diferente se você fosse um pouco mais tímido? Não. Inclusive, eu tive essa experiência. No início, as pessoas ainda não me conheciam muito e achavam que eu era tímido. Mas o “tímido” era porque eu não me mostrava tanto na internet. Foi aí que eu comecei a me mostrar, fazer os meus quadros de dança, entrevista e música. E o pessoal começou a enxergar o talento da comunicação em mim, que eu amo. Pensei até em ser professor na época. Eu achava o máximo fazer prova, escolher as perguntas. Sempre fui muito amigo dos meus professores, levava presente e tudo. Eu queria ser professor até saber que professor tem um trabalho lindo, mas recebe pouco. Eu desisti. Também fui locutor por três anos. Tudo o que eu faço tem que ter público, tem que ter gente. Senão, meus

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“Não dá para ser um grande comunicador se você não gosta de estar com pessoas. E a coisa que eu mais amo na vida é estar com pessoas, poder trabalhar com elas e ajudá-las”

olhos não brilham. Eu gosto de auditório, plateia, isso me empolga.

A dança é algo muito presente e marcante na sua vida. De onde surgiu essa paixão? Eu sempre dancei. Quando tinha oito anos de idade, já participava de um grupo cover do É o Tchan! Eu queria ser a Carla Perez, mas, na época, era o Jacaré (risos). Já tive grupos musicais também, de teatro. Me ajudou muito na dança. Eu tinha um grupo, um cover, que chamava Calcinha Preta e as pessoas tinham que pagar 10 centavos para prestigiar. Tudo o que eu fazia era voltado para dança. Eu lembro que uma vez chegou a R$ 2,50. Bombou! Eu dividia com a banda. Não queria ganhar dinheiro, só queria ganhar o Brasil.

Seu público é muito fiel. A responsabilidade é enorme. Na hora de produzir conteúdo, você pensa em como vai chegar para essas pessoas?

Eu não penso. Se eu pensasse, eu travava. Acho que quem ingressa na internet não deve pensar se o seu conteúdo vai agradar a todos, porque se Deus não agradou a todo mundo, quem sou eu para fazer isso? Faço o meu balanço, analiso se estou agradando ou desagradando mais. Se estou agradando mais, estou no caminho certo. Mas sempre vai ter a minoria invejosa, que vai criticar, que está infeliz. Independente da vida que Deus me deu, sempre fui um cara muito positivo e leve. Quando somos assim, atraímos coisas boas. Nunca me preocupei com o trabalho do outro, com o vizinho, porque eu tenho a minha própria vida para cuidar. Quando você tem a sua vida para cuidar, e é bem resolvido, você pode ganhar o mundo. Qualquer um pode ganhar o mundo, é só esquecer a vida do outro e não focar nos erros. Todo mundo erra. O

perigo seria se eu errasse e ficasse no meu erro, sem continuar.

Quando surgiu esta paixão por se cuidar? A estética sempre fez parte da minha vida, sempre fui um cara muito vaidoso, metrossexual. Acho que isso veio do meu pai e da minha mãe, eles sempre foram muito vaidosos. A gente nunca teve muitas condições, nunca passei fome, mas passei por muitos perrengues. Às vezes minha mãe falava “filho, tenho só cinco reais que é do seu lanche do colégio”. E eu falava, “mãe, prefiro que você compre protetor solar para cuidar da minha pele”. Eu já gostava de me cuidar e não me importava de ficar sem um lanchinho, não passando fome, eu pegava dos coleguinhas do colégio (risos). A estética é uma paixão e sempre sonhei em ter uma linha de skincare

Como nasceu sua própria linha? A gente uniu sonhos. Meus sócios são de Goiânia e têm uma clínica. Na primeira vez que fui lá, deu mais de 2 milhões de comentários na foto e mais de 300 mil seguidores para eles. A clínica recebeu milhares de influenciadores, mas ninguém deu o resultado que eu dei. Não é que eu seja melhor do que outra pessoa, é porque é algo que tem muito a ver comigo. É diferente quando a gente “veste a camisa”. Nosso maior sonho é lançar a clínica em todo o Nordeste e fazer pacotes acessíveis para pessoas que não têm condições. A minha ideia é que todo mundo possa estar bem, se amar e se cuidar mais.

Qual é o próximo passo da sua carreira? Meu maior sonho é ter o meu programa, seja na tv aberta, fechada ou Netflix. Ter um programa com plateia para poder fazer os meus quadros, que já faço no Insta-

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“Tudo o que eu faço tem que ter público, tem que ter gente. Senão, meus olhos não brilham”
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Assessoria pessoal Josi Marx e Amanda Vas
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Assessoria de imprensa Lu Barbosa Assessoria
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gram. Um programa muito a minha cara, em que eu possa ajudar as pessoas, onde eu possa invadir a cozinha de seguidores. Um programa que me aproxime do meu público cada vez mais. Não dá para ser um grande comunicador se você não gosta de estar com pessoas. E a coisa que eu mais amo na vida é estar com pessoas, poder trabalhar com elas e ajudá-las. Nada melhor do que ter um programa em que eu possa reunir tudo isso.

O que a família significa para você?

Família é a base de tudo. Pode parecer clichê, mas carrego a frase “O bom filho à casa torna” comigo. É sempre bom poder voltar e ver a sua família com tanto amor e carinho. Eu não só vivo os meus sonhos, eu carrego os sonhos da minha família junto na minha bagagem. Tudo o que estou conquistando não é apenas pela minha melhoria, mas também pela melhoria do meu marido e da minha família como um todo. Nem todo mundo tem as mesmas oportunidades do que eu, então, vou honrar isso.

Você sente ou sentiu algum preconceito no meio em que atua?

Muito. Por ser gay, nordestino e por ter vindo de uma família muito humilde e simples. Infelizmente, algumas pessoas não aceitam ver pobre crescendo. Isso me entristece, porque acredito que todo mundo que é grande hoje já foi pequeno um dia. Não é um erro querer conquistar coisas boas na vida. Estamos aqui para isso. A partir do momento em que eu parar de sonhar, eu vou parar de viver. Hoje, os leitores estão lendo sobre a minha vida na revista e, um dia, terão outras pessoas lendo sobre a vida deles. Não podemos desistir. Se desistirmos de nós mesmos, não chegaremos a lugar algum.

Uma luz na vida de Lucas Guimarães. Deus. Não tem luz maior que me ergue e

me restaure. O que me mantém de pé não é sucesso, não é dinheiro, não é remédio, é Ele, a força do Espírito Santo. Quando sabemos a força divina que temos, sabemos aonde podemos chegar com essa força.

Qual é o seu lazer preferido quando você quer se refugiar da internet? Corro para a academia para fazer aula de dança. Também gosto de comer peixe assado com farofa e vinagrete na praia e tomar banho de mar. E adoro passear de carro ouvindo músicas gostosas, como sertanejo e forró.

Conte algo inédito sobre você que ninguém sabe ainda. Eu só durmo com o celular no modo avião, porque peguei trauma de notícia ruim. Isso aconteceu quando recebi a notícia da morte do meu pai. Hoje em dia, se alguém ligar para mim nesse horário, meu coração começa a acelerar. Não conte comigo de madrugada, não vou atender, não tenho maturidade. Vai fazer uns três anos já.

Defina Lucas. Um menino sonhador que quer conhecer o mundo, mas jamais esquece do seu quintal e das suas raízes. Um menino que já é muito feliz e abençoado por tudo o que já conquistou, mas que tem muito para conquistar. As únicas pessoas que me conhecem verdadeiramente sou eu e Deus. O meu sonho, e principalmente a minha força de vontade, irá me fazer chegar cada vez perto de onde quero. Isso me conforta. Penso que ninguém planta arroz para colher feijão. Quando deito minha cabeça no travesseiro, sei que sou um bom marido, um bom filho e um bom amigo, não passo por cima de ninguém, só quero e batalho todos os dias para ter o que é meu. Deito sabendo o que planto. E quando você sabe que você planta, você tem certeza de como será a sua colheita. Por isso que descanso em paz.

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“Tenho medo de perder as pessoas que eu amo, porque sei a dor que isso causa, o vazio que isso deixa”
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PEDRO SAMPAIO MISTURA HIPHOP, ELETRÔNICO, POP E FUNK PARA CRIAR UM ESTILO ÚNICO QUE O COLOCOU ENTRE OS MAIORES DJS DO CENÁRIO ARTÍSTICO BRASILEIRO ATUAL. SEUS NÚMEROS NAS PLATAFORMAS DE MÚSICA SÃO UMA PROVA DISSO: EM 2022 ELE ALCANÇOU A MARCA DE 1 BILHÃO DE STREAMS NO SPOTIFY Por Fernanda Ávila Fotos Miro Beleza Eliseu Santana Styling Thiago Biagi 5 min P 97

Conhecido pelas edições ao vivo que surpreende multidões, Pedro Sampaio é um fenômeno na cena da música brasileira. Não à toa, seu nome entrou, em 2020, para a cobiçada lista da Forbes Under 30 , que classifica os nomes mais influentes e importantes abaixo dos 30 anos de idade no país e chamou atenção de artistas internacionais, como Cardi B. Sua discografia inclui sucessos nacionais como Sentadão – hit do Carnaval de 2020 e a segunda faixa mais tocada daquele ano – e Larissa em parceria com Luan, que contou com a participação especial de Anitta no clipe. Seu remix para a faixa WAP (de Cardi B e Megan Thee Stallion) foi destaque na plataforma de vídeos TikTok gerando mais de 165 mil vídeos. O som foi usado pela própria Cardi B em sua apresentação no Grammy Awards 2020. Os hits Galopa e No Chão Novinha , de 2021, levaram Pedro Sampaio a ser o único artista brasileiro com duas músicas simultâneas no Billboard Charts, um dos mais importantes do mundo.

Em fevereiro deste ano, o DJ lançou o primeiro álbum de sua carreira, Chama Meu Nome , com as participações especiais de Anitta, Luísa Sonza, Ferrugem, Zé Vaqueiro, MC Don Juan, MC Pedrinho, MC Jefinho, Mateca e KVSH. O sucesso foi tanto que, logo na estreia, se tornou o álbum pop brasileiro mais rápido a atingir 200 milhões de streams no Spotify. Dançarina , destaque do álbum – feita em parceria com MC Pedrinho com sample de Menina Má , da Anitta – chegou no #24 da parada global do Spotify. O hit, que viralizou no TikTok, foi reproduzido em mais de 1 milhão de criações. O fenômeno foi tanto que

Pedro Sampaio lançou, em junho, uma versão remix de Dançarina , seu primeiro feat internacional com Anitta, Nicky Jam, Dadju e MC Pedrinho. Hoje, Pedro Sampaio é uma figura muito forte nas redes sociais, com 5,7 milhões de seguidores no TikTok, 5,1 milhões de seguidores no Instagram, mais de 8 milhões de ouvintes mensais no Spotify, além de contar com 3,8 milhões de inscritos em seu canal do YouTube (reunindo mais de 1 bilhão de visualizações em seus vídeos) e com mais de 660 mil seguidores no Twitter.

Pedro Sampaio é um dos artistas nacionais em alta dos últimos tempos! Suas músicas e remixes têm sido sucesso e até mesmo marcado presença em premiações fora do Brasil. Essa era uma meta ou foi acontecendo? Eu sempre procurei fazer o meu trabalho. Lógico que tenho sonhos e metas, mas eu deixo as coisas irem acontecendo. Só lanço uma música quando tenho certeza de que ela saiu do jeito que eu queria, de um jeito que acredito que o público irá gostar, mas nunca é uma garantia. Tudo o que conquistei foi pela minha dedicação. Com Dançarina Remix já foi diferente. Por termos feats gringos nessa faixa, foi a primeira vez que realmente fizemos um plano de levar a minha música para fora do Brasil.

Seu amor pela música começou a se revelar aos 13 anos de idade. De lá pra cá muita coisa aconteceu na sua vida. Pensou em seguir outra carreira ou sempre foi esse o objetivo?

Desde que o meu amor pela música ficou claro, eu não me imaginei fazendo

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“Desde que o meu amor pela música ficou claro, eu não me imaginei fazendo outra coisa. Sou apaixonado pelo que faço”
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“Eu faço minha arte para quem gosta do meu funk, do meu pop, da minha mistura de estilos e para quem quer curtir comigo”

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outra coisa. Sou apaixonado pelo que faço. A arte me proporciona os melhores sentimentos, realizações e prazeres da vida profissional.

Você consegue lembrar do momento em que caiu a ficha de que você estava acontecendo?

Acredito que foi quando eu vi as pessoas chamando meu nome (risos), todo mundo gritando PE-DRO-SAM-PA-IO no show pela primeira vez.

Um momento importante ou marcante para você em relação a sua trajetória. Tenho vários momentos especiais na minha carreira, mas posso citar o sucesso de Dançarina e do meu primeiro feat internacional, Dançarina Remix, como momentos bem importantes para minha trajetória. O lançamento do meu primeiro álbum também foi muito marcante.

Você está sempre antenado a tudo de novo. Isso é importante para se manter nas principais playlists?

Eu busco estar sempre de olho nas novidades e no que a galera está curtindo, e isso reflete muito no meu trabalho. Gosto de inovar e misturar ritmos que fazem o público se divertir e querer dançar muito!

Falando em hits, você é poderoso nisso, mas tem vontade de se aventurar em

outros gêneros? Acredito que eu já faça isso, as minhas músicas são uma junção de vários ritmos e gêneros de todo Brasil e mundo. Sempre tento pegar um pouco de cada coisa para criar um ritmo que o Pedro Sampaio faz.

Sobre esse negócio de cancelamento e fake news, quando acontece com você, qual é sua postura?

A internet sempre fez parte da minha carreira, sendo um meio de propagação do meu som, e depois de alguns anos trabalhando com música, já me sinto preparado para enfrentar esse tipo de situação. Eu faço minha arte para quem gosta do meu funk, do meu pop, da minha mistura de estilos e para quem quer curtir comigo. Eu procuro não deixar o que dizem de mim atrapalhar meu processo criativo ou minha verdade.

Uma coisa que ama fazer? Amo ficar com minha família e amigos, eles são a minha base. Também curto demais ir pra praia e ficar isolado um pouco de tudo!

Um medo? Me distanciar de quem eu amo!

Um momento TOP do seu dia? Quando eu converso com a minha mãe!

“Gosto de inovar e misturar ritmos que fazem o público se divertir e querer dançar muito!”

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POCAH CRESCEU EM CAXIAS, NA BAIXADA FLUMINENSE. DURANTE A INFÂNCIA, FREQUENTOU A CASA DA ATRIZ VERA FISCHER, SUA FADA MADRINHA. FOI LÁ QUE DESCOBRIU QUE TINHA TALENTO PARA CHEGAR LONGE, MUITO LONGE Por Fernanda Ávila Fotos Miro Beleza Andrei Ries Styling Ana Ca’s Styling Cabelo Jonathan Rocha 5 min P 105
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Top e calça Mugler Blazer Vintage Botas Saint Laurent Acessórios Kaja
TOP MAGAZINE EDIÇÃO 263 Pocah

Com mais de 1 milhão de ouvintes mensais no Spotify, Pocah é uma das maiores divas do funk brasileiro. Seu canal no Youtube soma quase 600 milhões de visualizações e tem cerca de 2,7 milhões de inscritos. No Instagram, tem mais de 15 milhões de seguidores. Já são mais de 12 anos de carreira e muitos hits que dominaram as paradas musicais. Símbolo de empoderamento feminino, a cantora nascida em Queimados e criada em Caxias, sempre teve a música presente em sua vida. Aos 12 anos, encantou o público pela primeira vez quando participou de um show com a banda do irmão. Em 2012 – época em que ainda se apresentava pelo nome de MC Pocahontas –, o single Mulher do Poder ganhou projeção nacional e, aos 16 anos, fez a sua primeira turnê no Brasil. A estreia internacional aconteceu em 2018, com uma turnê nos Estados Unidos e na Europa. Ela já era referência na música quando participou do Big Brother Brasil 21. Mas, foi durante o confinamento, que tornou-se ainda mais conhecida do grande público. Enquanto esteve na casa, teve sua família – e a filha Vitória, hoje com seis anos –atacadas com manifestações de racismo e preconceito. Mas Pocah é forte e lutadora, características que ficam muito claras no seu trabalho e atitude. Ainda para este ano, ela tem muitos projetos previstos e o mais esperado deles é o lançamento de seu primeiro álbum. Nesta entrevista, Pocah fala sobre a sua trajetória, referências e desafios.

Com milhões de seguidores, haja responsabilidade, né?

Eu tenho responsabilidade, eu me comunico com todas as faixas etárias. Cada vez

que a gente lança alguma coisa, alcançamos um novo público. Eu faço da forma mais consciente possível, mas eu não sou a pessoa mais certa do mundo. Eu tenho toda uma equipe, eu não funciono sozinha. Tenho escritório, gravadora. Aproveitamos o mercado digital que é gigantesco e que ajuda muito na hora de levar a nossa música para a grande massa.

Pretende se aventurar em um álbum? Como seria isso?

Faz mais de um ano que eu anunciei que estava preparando meu álbum. Tenho 12 anos de carreira e esse está sendo o primeiro projeto dessa forma. Está sendo feito com muito carinho, muito bem pensado em cada detalhe, tem música que eu quero tanto que seja tão incrível para mim, que eu olhe e fale “caramba, era isso que eu queria”. Eu tô fazendo devagar, não vou ficar me cobrando quanto a isso. A galera fica falando “cadê o álbum? Está vindo né?”. Está vindo. Tem muita música bacana, tem colaborações. Quero aproveitar que o álbum dá essa liberdade de fazer coisas que um single não permite. Acho que o single é importante, hita bastante, é maravilhoso, dá dinheiro, mas o álbum tem uma coisa que a gente pode brincar e aproveitar.

Sobre lançamentos no mundo musical: o formato atual é lançar nas plataformas digitais. Você faria algo físico ou já é bem adaptada a essa realidade?

Eu não descarto. Eu sou uma admiradora das coisas do passado. Tenho aderido bastante à estética dos anos 2000 e 1990, eu gosto bastante. Atualmente, sabemos que o que está dominando é o digital, mas eu não descarto.

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“Eu sou uma admiradora das coisas do passado. Tenho aderido bastante à estética dos anos 2000 e 1990, eu gosto bastante”

Quais são as suas referências musicais de hoje e quais já foram quando você iniciou a sua carreira?

As que me inspiram hoje, já me inspiravam lá atrás. Minha primeira referência artística foi a Vera Fischer. Ela foi uma porta. Eu vim de Duque de Caxias. Inclusive, o nome do meu álbum é Cria de Caxias. O funk me abraçou e o funk em Caxias tem muitos grandes artistas, grandes nomes, como Ludmilla. Ou seja, o meu país Caxias domina tudo isso, é muito orgulho. A Vera Fischer foi a primeira que me inspirou e falou “cara, eu acho que você tem o potencial para ser artista, para ser cantora, para ser o que você quiser”. Foi um empurrão que ela me deu e pensei “vou encarar isso aí”. Eu era muito nova. Ainda achava que era algo muito distante, por mais que estivesse próxima a ela. Ainda era difícil, ainda não tinha dinheiro, não tinha recurso para poder me lançar como artista. E aí, na casa da Vera mesmo – eu fui criada com os filhos dela, ela foi uma fada madrinha para mim e para o meu irmão – foi onde eu tive o primeiro acesso ao DVD do Destiny’s Child, onde eu vi os clipes da Beyoncé. Eu amava, achava lindo, até trouxe referência para alguns clipes meus. Tentei ser cover de RBD, mas não foi para frente. Eu fui convidada pelo Orkut. Cheguei para a minha mãe toda empolgada, ela disse que eu não falava inglês, aí eu falei “mãe, eu vou dublar”. Mas acabou que o grupo não foi para a frente também. Hoje, continuo me inspirando na Beyoncé, na Nicole, na Nicki Minaj, Doja Cat, são mulheres fortes. Eu costumo me apaixonar por mulheres fortes, que têm história, que batalham para conquistar seu espaço, porque eu sei o quanto é difícil.

Como a Vitória vê a mãe dela como artista, tem ciúmes? Eu que tenho ciúmes, porque ela sabe que ela é dona de todos os meus fãs. São mais fãs dela do que de mim, juro (risos). Ela é minha fã número um, mas meus fãs são loucos pela minha filha. Ela já se acha artista, vai para os shoppings e pedem foto com ela, as pessoas sabem quem é, respeitam e tratam com muito carinho. É muito bom, ela me admira, ela já tem vontade de ser artista, ela fala que quer ser cantora, que quer ser igual a mãe. Para mim, isso é tudo. Eu vou dar suporte pra ela para o que ela precisar, para o que quiser ser no futuro.

Como artista, mulher, já se deparou com muitos desafios para alcançar o sucesso e chegar aonde está hoje? Diversos desafios. O principal é o machismo. Ser mulher já é difícil. Ser mulher bissexual, funkeira, então… Minha trajetória de 12 anos de carreira foi construída em muitos altos e baixos, já conheci o fundo do poço diversas vezes. Muitas pessoas tentaram me desanimar, recebi muitas portas na cara, me senti diminuída como mulher e como artista, mas acho que é sobre não desistir. Eu me acho maravilhosa, me acho muito incrível. Quando subo no palco e entro no estúdio, sei o que estou fazendo. Sei o que quero para minha vida e já coloquei na minha cabeça que podem falar o que for, eu vou buscar o meu respeito e o meu espaço, vou ficar velhinha e rebolando.

Quando foi a virada para você, quando você sentiu que as coisas estavam acontecendo? Comecei a cantar em 2010/2011. Eu vim do nada, de um bairro muito humilde, es-

“A Vera Fischer foi a primeira que me inspirou e falou ‘cara, eu acho que você tem o potencial para ser artista, para ser cantora, para ser o que você quiser’”

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tudava em escola pública. Às vezes eu não tenho dimensão do que foi gigante e do que foi mais ou menos. Na minha cabeça, todas essas fases foram importantes. Desde o momento em que eu estava na sala de aula estudando e passou um carro de som tocando minha música e todo mundo falou: “olha a sua música tá tocando”, até a Kylie Jenner ouvir a minha música, a Rosalia me seguir, a Nicki Minaj me responder. O Big Brother também foi um divisor de águas na minha vida. Eu não sei dizer exatamente o que foi. Foram muitos momentos que eu vou levar para o resto da vida, todos têm uma grande importância pra mim. Eles construíram a mulher que eu sou hoje. E ainda vou ser maior ainda.

Qual foi o seu maior medo dentro do BBB? Eu tinha muito medo da minha família sofrer pela minha decisão. Eu já entrei sendo artista, já tinha público, já tinha uma carreira e sempre prezei muito em preservar a minha família, sou muito apegada. Sabia que entrando eu não estaria lá fora para proteger eles, eu não saberia o que estava acontecendo. Eu tinha muito medo disso e ainda calhou da minha filha ter sofrido ataques racistas. Eu esperava o pior, mas não esperava isso. Eu falei pra eles “gente, por favor, eu me viro, só torçam”. Aconteceram muitas coisas, mas a gente deu a volta por cima, tive todo apoio da minha família o tempo inteiro comigo,

eles sofreram, eu sofri lá dentro de ficar longe. Mas conseguimos, superamos.

Um sentimento sobre toda a sua jornada. Muita força. A todo momento tem que ter força. Acho que se não tiver força, a gente fraqueja e ninguém quer ser fraco. Eu não nasci para ser fraca, Deus não me colocou neste mundo para ser uma mulher fraca. Tem hora que eu caio, tem hora que eu choro, mostro minhas fraquezas, mas depois dou a volta por cima.

O que irrita a Pocah? Eu sou uma pessoa muito de boa, maleável e zen. Mas não gosto que duvidem de mim. Ao mesmo tempo que eu odeio isso, eu gosto também. Eu sou libriana, meio bipolar. Quando duvidam de mim, eu tenho ainda mais força de vontade. Eu odeio que duvidem de mim, mas, ao mesmo tempo, isso me motiva.

Uma viagem dos sonhos. Bahamas. Eu já sonhei várias vezes que estava lá, mas ainda não tive a oportunidade de ir. Já sonhei que comprava uma casa lá. Tem algum mistério aí, pode ter algum babado que pode acontecer.

Defina você em uma frase. Uma frase que me define é na verdade uma citação do Filipe Ret, sou muito fã dele. “Se tudo é uma ilusão, eu vivi como eu quis”.

“Deus não me colocou neste mundo para ser uma mulher fraca”
Assistente
de beleza
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Douglas Romeu Assessoria de imprensa Estar Comunicação
RAFA KALIMANN NASCEU EM CAMPINA VERDE, MINAS GERAIS, E SAIU DE CASA AOS 14 ANOS PARA SE DEDICAR À VIDA DE MODELO. O SOBRENOME ARTÍSTICO LHE APARECEU EM SONHO E, AO QUE PARECE, A ESCOLHA VEM DANDO CERTO: ALÉM DE SER UMA DAS MAIORES INFLUENCIADORAS DO BRASIL, DEDICA GRANDE PARTE DA SUA VIDA A AÇÕES HUMANITÁRIAS
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Por Fernanda Ávila Fotos Miro Beleza Silvio Giorgio Styling Gi Macedo 5 min TOP MAGAZINE EDIÇÃO 263 Rafa Kalimann
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Rafaella Freitas Ferreira de Castro Matthaus ainda não completou 30 anos, mas já é uma das mulheres mais conhecidas do Brasil. Seu perfil no Instagram acumula 23 milhões de seguidores e seu feed está recheado de publicações que mostram seu dia a dia, a paixão pelos sobrinhos, publicidade para grandes marcas e ações que realiza junto a várias ONGs no Brasil e na África. Sua beleza não é só o que chama atenção do público: Rafa fala sobre autocuidado, sobre a relação com a família, sobre o olhar para o outro e usa toda a sua visibilidade para chamar a atenção para temas urgentes. Vice-campeã do BBB20, saiu da casa ainda mais famosa do que entrou. Seu envolvimento com o universo da música sertaneja também é destaque na mídia. Rafa já foi casada com Rodolffo, da dupla sertaneja Israel e Rodolffo, e namorou o cantor Daniel Caon. Sua vida amorosa é sempre motivo de especulação, mas ela costuma manter a discrição nas redes sociais.

Você sempre esteve envolvida em muitos projetos. Como é administrar tudo isso? Faz parte de mim e do meu trabalho fazer projetos novos, me dedicar a eles. Quando eu vejo fluindo, redondinho, me dá uma sensação de bem-estar muito grande. Acho que está ligado ao fato de eu amar tanto o que eu faço. Não tenho medo de ousar e arriscar. Eu sou uma mulher jovem que começou a trabalhar muito cedo e, sempre que surge uma nova oportunidade, quero trazer para a minha vida. Eu conto com um time muito bom em tudo o que faz. Meu time é muito forte e, por isso, eu consigo fazer as coisas. Sem eles, não daria conta.

Suas novas demandas profissionais interferiram no seu trabalho social humanitário? Pelo contrário. Acho que com uma expansão de público, consigo comunicar ainda mais cada um desses projetos. Tem muitas

pessoas que começam a fazer e agir a partir dos trabalhos que eu faço. Pessoas que querem ajudar, apadrinhar, começam a se movimentar de alguma maneira. Então, quanto mais público eu tenho, mais eu sinto a responsabilidade de falar sobre esses trabalhos.

Conte um pouco mais sobre o seu trabalho na ONG Missão África. Pensa em se dedicar a outros projetos e trabalhos voluntários? Tem outros aqui no Brasil, inclusive SOS Pantanal, onde sou madrinha das abrigadas pantaneiras. Tem também o Rocinha em Cena, Hospital de Câncer de Goiás, tem vários. A ONG Missão África foi um projeto que tomou uma proporção maior, estou nele há dez anos. É um projeto que leva saúde, atendimento médico e odontológico, educação, alimentação para várias famílias. É um trabalho de formiguinha, é um processo, mas é muito gratificante ver a evolução. A sementinha que foi plantada, cresceu e aflorou.

Qual foi a sua maior preocupação quando esteve confinada no BBB? Com a minha família. Foi até uma surpresa, porque eu não pensei nisso antes de entrar. Eu pensei na minha saúde mental, no meu comportamento, no desafio de conviver com diversas pessoas, mas não tinha calculado a falta que eu sentiria da minha família e o medo que eu teria do que poderia acontecer com eles do lado de fora. Será que eles poderiam colher frutos negativos de algo que eu fizesse dentro da casa? Mas graças a Deus, deu tudo certo.

Você contou que, no primeiro dia, você teve uma crise de ansiedade e foi parar no hospital. Como foi isso?

Por mais que eu faça terapia, em determinados momentos da minha vida, quando estou em um pico de felicidade, ansiedade ou qualquer coisa que me tire da zona de

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“Estou muito nessa fase, experimento roupas que eu não usaria há um ano. Eu me permito e me jogo. Acho que a moda é isso”

conforto, eu sinto no meu corpo. E foi isso o que aconteceu. Eu estava com todas as emoções à flor da pele. Por mais que tivéssemos vindo de uma preparação de meses, tinha aquela incerteza de como seria, era ao vivo, tudo podia acontecer. Foi tudo “muito” naquele momento e meu corpo sentiu. Minha pressão estava alterada, meu corpo estava sentindo muito, mas meu time estava ali comigo falando que tudo daria certo. E deu. Isso me deu mais força para evoluir na semana seguinte e sentir essa evolução até o final.

O autocuidado sempre esteve presente na sua vida e a sua saúde é prioridade para você. Vale tudo pela estética?

Eu nunca me senti tão bem comigo mesma como agora, chegando aos 30 anos. Acho que isso está muito ligado ao domínio que temos do nosso próprio corpo, de quem somos. Essa sensação de pertencimento, de entender quem a gente é, traz segurança. A estética é perigosa no sentido de que jogamos nela a expectativa de que vai voltar autoestima, aceitação, felicidade. Mas não é por aí. Temos que entender que não é de fora para dentro, é de dentro para fora. Acho que temos que nos cuidar e nos amar. E se achar que precisa, faça algo pela sua beleza. Tudo é válido desde que isso não esteja acima da sua busca por entender quem você é. Eu adoro meu momento de autocuidado, de me olhar no espelho, cuidar da minha pele, mas para ser bom mesmo, eu tenho que estar bem comigo.

Você é muito antenada no mundo da moda, sempre acompanha as tendências. Sempre foi assim ou você foi se adaptando?

O que eu acho mais lindo na moda é ela traduzir o que o outro é, como o outro está. Não é a tendência, não é o que está na passarela. Isso também é a tradução de

como é uma sociedade, mas o que acho mais lindo é quando vejo uma pessoa que está superousada dentro do que ela é, sem medo de arriscar. Nesse momento em que estou me entendendo e encontrando o meu lugar, comecei a explorar isso muito mais e me permitir experimentar estilos diferentes. Me observo mais, sinto como o meu corpo se comporta com cada roupa, se está confortável ou não, se eu estou feliz em usar aquilo. Estou muito nessa fase, experimento roupas que eu não usaria há um ano. Eu me permito e me jogo.

Recentemente, você chamou atenção em um evento internacional. O que o Festival de Cannes representou para você? Foi lindo. Eu fechei um trabalho para ir para o Festival de Cannes, uma marca me levou. Eu sonhava em viver essa experiência, mas não esperava que fosse acontecer agora. Estar lá foi emocionante, é uma sensação de conexão com o mundo todo. Eu assisti à pré-estreia de Elvis, por exemplo, um filme lindo e vi as pessoas respirando aquela arte e aquela cultura. Eu chorei depois, agradeci. Acho que temos que celebrar momentos assim na nossa vida. Foi um privilégio estar ali, eu reconheço isso.

Podemos dizer que as suas raízes vêm do sertanejo? Cite uma música sertaneja que enquadra sua trajetória. Eu venho do interior de Minas Gerais, do triângulo mineiro. Todas as lembranças que eu tenho de encontros com família, de estar reunido, Natal, fim de semana, do meu pai lavando o carro de domingo e colocando música sertaneja muito alta. Meus pais se separaram pela primeira vez quando eu tinha 12 anos. E meu pai ouvia uma música no último volume, sofrendo por causa da minha mãe. Era Dois corações e uma história do Zezé Di Camargo e Luciano.

“Tem um lugar que tem que ser sagrado, seu, de quem está do seu lado, de quem está dividindo o quarto com você”

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TOP MAGAZINE EDIÇÃO 263 Rafa Kalimann

A música começa falando da separação e termina com a volta dos dois. E meus pais voltaram depois. Essa música me marcou muito. Sempre que ouço ela, me vem uma sensação boa. Era, talvez, para ser uma sensação ruim, mas ela é boa, porque teve a volta (risos).

Até onde dá para ser sincera na internet? Até onde não expõe o que te fere. Eu acho que a internet nos exige lealdade, temos que ser verdadeiros com o nosso público. Entramos nesse mundo sem muita expectativa e entregamos muito de nós. Temos que ser sinceros o tempo todo, mas precisa ter um limite para não deixar todas essas pessoas entrarem no seu íntimo. Tem um lugar que tem que ser sagrado, seu, de quem está do seu lado, de quem está dividindo o quarto com você. Eu acho que o que envolve família, filhos, o seu íntimo, tem que ser guardado não só da internet e do público em massa, mas também de pessoas não tão próximas. Temos que blindar o “eu”.

Falando sobre cancelamento e fake news. Quando acontece algo do tipo com você, qual é a sua postura? Quando acontece um cancelamento, dói em um lugar que só quem já passou sabe. Essa onda de cancelamento veio há uns dois ou três anos. E no começo, ia para um lugar mais delicado. Hoje, eu já consigo entender do que se trata, de onde vem, eu busco entender, se esse é um lugar gratuito, se é um lugar criado, se esse é um lugar que vai me ferir como pessoa e como imagem também. Aí sim eu penso se eu tenho que falar sobre, o que eu fiz e

o que eu deixei de fazer, porque também sou cancelada pelo o que deixa de fazer. Como todo mundo, estou propícia a errar e me equivocar, a não saber sobre algo. Acho que cabe a nós ir evoluindo e buscar conhecimento e aprendizado e saber sobre determinado assunto. Acho que aos pouquinhos fomos amadurecendo esse conceito do que é o cancelamento. E acho que o público também está conseguindo entender melhor, assim como fake news.

Algo que você ama fazer em off, fora dos holofotes.

Eu estou na vibe de disco de vinil. Está viciante. Em casa, ninguém está aguentando mais (risos). Eu fico o dia inteiro com a vitrola ligada. Eu também fico muito com os meus cinco cachorros. Estar com eles é quase como uma meditação. O cão olha para gente de forma muito genuína e sem interesse, fora em relação aos biscoitinhos. Meus cachorros gostam de chuchu (risos).

Defina a Rafa Kalimann em uma frase. Mesmo quando o mundo nos tenta convencer de que não, no fundo a gente sabe que sempre tivemos tudo que precisamos dentro de nós. Existe um dom em fazer a diferença, inegável. Sabedoria vem do feminino. Uma força que não é medida pelas dificuldades que temos, mas por cada vez que impedimos que essas dificuldades ditem quem somos. Maya Angelou: “Sou grata por ser mulher. Devo ter feito algo grande em outra vida”.

(*trecho do post que publicou no Dia das Mulheres)

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“Sabedoria vem do feminino. Uma força que não é medida pelas dificuldades que temos, mas por cada vez que impedimos que essas dificuldades ditem quem somos”
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MAGAZINE EDIÇÃO 263 Tata Estaniecki
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THAYSE ESTANIECKI COCIELO, A TATA, COMEÇOU SUA CARREIRA DE MODELO AOS 12 ANOS, MAS GANHOU DESTAQUE NA INTERNET, AINDA NA ÉPOCA DO ORKUT. HOJE A INFLUENCIADORA, QUE TEM 9,5 MILHÕES DE SEGUIDORES NO INSTAGRAM, É DESTAQUE COM O POD DELAS, PODCAST TRANSMITIDO AO VIVO PELO YOUTUBE, QUE ENTREVISTA FAMOSOS

Por Fernanda Ávila Fotos Miro 5 min

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Criadora de conteúdo desde o comecinho das redes sociais, Tata faz sucesso em várias plataformas, mas foi no YouTube que fincou sua bandeira. Além do canal pessoal (com mais de 2,3 milhões de inscritos) onde fala de moda, beleza, viagem, maternidade e casamento com leveza e descontração, também está ao lado da amiga Boo Unzueta no POD DELAS (1,8 milhão de inscritos). Durante algum tempo manteve o canal Tacielo (mistura dos nomes Tata e Julio Cocielo, seu marido) e foi uma das integrantes do Nosso Canal , que reunia um time forte de mulheres para tratar de assuntos diversos com muito bom humor. Mas não é só o território do conteúdo digital que Tata dominou. Ela também é empreendedora desde 2012, quando lançou sua própria marca de calçados, a Louth Shoes, que mantém até hoje em parceria com sua irmã, Louise Estaniecki. Hoje, além de todo o conteúdo que produz, é conhecida também como mãe da Beatriz, de apenas três anos, que já tem quase 2 milhões de seguidores no Instagram e conquistou o carinho dos fãs com vídeos divertidos e espontâneos.

Você começou a carreira artística aos 12 anos, como modelo. Muitos artistas começam a carreira no mundo das passarelas. Essa profissão leva a outras profissões? Com certeza foi uma porta de entrada. Com a experiência que eu peguei fazendo trabalhos de modelo, comerciais e fotos, consegui ser mais desinibida quando migrei para internet. Então, acho que me deu uma base para lidar com as câmeras, mesmo que seja do celular.

Você consegue se adaptar facilmente às mudanças do mundo digital, incluindo redes, formatos, engajamento, entregas etc?

Consigo. Modéstia à parte, eu tenho um jogo de cintura muito bom, estou há mais de 10 anos nisso. Tem que ter jogo de cintura para se manter tanto tempo. Não é fácil ter que se reinventar toda hora.

Com milhões de seguidores, a responsabilidade com esse público é enorme. Como é criar pautas pensando em viralizar com uma boa interpretação das redes sociais? Tem uma estratégia ou simplesmente acontece? Eu não crio nada pensando em viralizar. Quando viraliza, acontece mesmo, é orgânico. Mas tenho muita responsabilidade com o que eu falo, penso muito, às vezes até apago quando falo alguma coisa que acho que pode ser interpretada de outra maneira. Antigamente, eu não tinha a dimensão do número, porque a gente vê um número no Instagram e pensa, “ah, nove milhões”. A cidade em que eu nasci tem sei lá, cento e poucos mil habitantes. Pensando no número ali do perfil para materializar isso era muito difícil e agora eu tenho total noção, consigo ter essa essa dimensão. Existe uma vida ali atrás. Muitas vezes o que eu falo interfere no dia, na vida da pessoa e na opinião que ela está formando. E tem muitos jovens também. Eu sou muito cautelosa.

Sua rotina materna se tornou uma espécie de reality para os seguidores. A galera adora ver a espontaneidade da Beatriz. Como que é isso para ela? Ela é uma criança, né? Então, é meio imprevisível. A gente não força nada. Por ela ver eu e o pai dela gravando o dia inteiro, já está familiarizada. Então, ela vê ligando o celular e já sai correndo, porque gosta de gravar, acho que é da personalidade dela, mas é muito espontâneo, não tem roteiro. Então, a gente deixa bem livre.

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“Tenho muita responsabilidade com o que eu falo, penso muito, às vezes até apago quando falo alguma coisa que acho que pode ser interpretada de outra maneira”
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Quando você começou a colocá-la em evidência teve algum receio?

Eu tenho até hoje. Educação infantil é um assunto que eu gosto muito, que eu pesquiso e eu falo bastante. Tem muitas mães que me seguem e, se eu puder fazer a mínima diferença na vida delas, levar informação, já fico feliz. Fico com a sensação de missão cumprida. Mas tenho super-receio de expor, a gente cuida muito, até os lugares que vai, como vai, com quem vai. Tenho medo, né? É a minha filha, protejo de todas as maneiras.

O POD DELAS é um dos podcasts pioneiros. Para você, o que um podcast precisa para ter sucesso?

Precisa de planejamento, constância, conteúdo e relevância.

Como empreendedora, se deparou com quais desafios para alcançar o lugar onde você está hoje?

Todos, na verdade. Porque eu tenho uma marca de sapatos com a minha irmã e quando resolvemos mergulhar de cabeça nesse mundo, a gente não conhecia nada. Fomos andar na feira, na fábrica, fomos atrás de fornecedores, foi total do zero, não teve ajuda de ninguém, não teve mentoria, não teve nada, fomos aprendendo com os erros, dia após dia. E tem a dificuldade do nosso país, de impostos. Empreender é uma aventura que só quem empreende sabe. A gente gosta muito, é muito legal, mas é uma dificuldade que está aí para todo mundo. Lógico que eu tenho meus privilégios, eu entendo meus privilégios. Sei e uso deles, assim como aproveito a minha audiência, o meu engajamento, o das minhas amigas. Elas me ajudam, eu ajudo elas e assim a gente segue.

Você é considerada uma jovem de sucesso, como você vê isso?

Muito obrigada. Olha, eu não tenho essa

dimensão. Para mim, é algo muito orgânico, não foi de um dia para o outro, vem acontecendo na minha vida há 10 anos. Então, não foi aquela coisa de “acordei e as pessoas me conhecem”. Foi uma construção. Para mim é muito natural, eu nem tenho essa noção de que sou muito conhecida.

Um conselho de milhões para as redes. Verdade, transparência e autenticidade. A gente tende a querer seguir algo que está dando certo, né? Vemos uma pessoa dando muito certo e queremos fazer igual, mas se não é o que você gosta, se não é do seu jeito, não vá. Vá com verdade, com autenticidade, com transparência e faça algo que você gosta.

O que te tira totalmente do sério? Injustiça e mentira. Como boa escorpiana, sou muito justa. A mentira é uma injustiça, né? Não sou tolerante com injustiça.

Uma viagem dos sonhos e por quê? Voltar para a Grécia, onde fui pedida em casamento e um dos lugares mais lindos que eu já fui na minha vida. Acho que aproveitaria mais, conheceria mais lugares e tal, mas é demais. Meu lugar preferido da vida.

Conte algo inédito que ninguém saiba de você. Exclusivo. Eu passo perfume pra dormir. Cheirinho de neném, perfume infantil.

Qual mensagem positiva você gosta de ouvir e você gostaria de transmitir para as pessoas e para os leitores da TOP?

Vai dar tudo certo. Hoje pode não ter dado, mas amanhã você vai acordar e vai ser um dia incrível. Já deu certo. Eu sou muito positiva e otimista, não deixo o sentimento ruim entrar. Hoje não deu certo? Tudo bem, aproveita, descansa, amanhã vai dar.

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“Vá com verdade, com autenticidade, com transparência e faça algo que você gosta”
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“Educação infantil é um assunto que eu gosto muito, que eu pesquiso e falo bastante. Tem muitas mães que me seguem e, se eu puder fazer a mínima diferença na vida delas, levar informação, já fico feliz”

de imprensa Estar Comunicação 127
Assessoria
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THIAGUINHO É UM ARTISTA VERSÁTIL. CANTOR, COMPOSITOR, INSTRUMENTISTA E EMPRESÁRIO, TRAZ PARA A SUA MÚSICA A INFLUÊNCIA DE TUDO O QUE

OUVE: PAGODE, SAMBA, R&B E POP. EX-VOCALISTA DO EXALTASAMBA, DECIDIU SEGUIR CARREIRA SOLO EM 2002. DESDE ENTÃO JÁ LANÇOU NOVE CDS, DOIS DVDS, QUATRO EPS ACÚSTICOS, INÚMEROS HITS E CONQUISTOU MILHARES DE FÃS

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Por Fernanda Ávila Fotos Miro Beleza Ester Ganev Styling Dudu Farias 5 min
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Desde 2002, quando participou do concurso musical Fama, da TV Globo, Thiaguinho já chamava atenção por seu talento e carisma. Após o programa, o artista assumiu o vocal do Exaltasamba e ajudou a transformar o grupo em um dos maiores sucessos de pagode da época. Na carreira solo, o artista realizou um grande feito: manteve o público que já havia conquistado e agregou milhares de fãs mais jovens. Só no Instagram, o artista reúne mais de 9,9 milhões de seguidores. No Spotify, são mais de 4 milhões de ouvintes mensais. Seu primeiro álbum, Ousadia e Alegria, teve grande repercussão entre o público e a mídia. Na sequência, lançou outros dois projetos: Outro Dia Outra História (2014) e Hey, Mundo (2015). Em 2016, foi a vez do CD e DVD #VamoQVamo, com 23 faixas e a participação de nomes como Belo, Toni Garrido, Maria Rita, Lucas Lucco e Péricles. No ano seguinte, Thiaguinho lançou o álbum Só Vem, com 21 músicas inéditas. O single homônimo, que teve participação de Ludmilla e foi destaque nos aplicativos de streaming, ganhou um clipe em versão remix. Ainda em 2018, o cantor lançou um projeto acústico batizado de AcúsTHico e embarcou na primeira turnê europeia. Durante quatro anos Thiaguinho também rodou o Brasil com o projeto Tardezinha, até se despedir, no ano passado, de forma grandiosa dentro do Maracanã. Em 2019, o álbum VIBE misturou vários ritmos e usou elementos eletrônicos como pop, pagode e samba, sem deixar de lado a essência de Thiaguinho. Seu último trabalho foi o projeto Infinito, que teve seu primeiro volume

lançado nas plataformas de streaming em fevereiro e o segundo em julho de 2021. Agora Thiaguinho celebra os 20 anos de carreira e presenteia o público com o projeto Meu Nome É Thiago André, que reúne um especial na televisão, shows e uma exposição temática.

Mas sua atuação ultrapassa as barreiras da música: ele trabalha em várias ações ambientais e sociais. JuntTHos pela Arte , por exemplo, é um projeto que arrecada fundos para a assistência aos profissionais da arte, que foram muito prejudicados pela pandemia. A meta é angariar 1 milhão de reais, que serão doados a ONGs e projetos focados no auxílio a profissionais do setor.

Com tantos anos de carreira e tantas conquistas, para você, qual foi o momento mais marcante?

São 20 anos de carreira, muitos momentos, não tenho como escolher um só (risos). No álbum Infinito , por exemplo, revisitei os maiores sucessos da minha trajetória. Meu próximo álbum, Meu Nome é Thiago André , também vai ser muito especial e vai falar muito sobre a minha história.

Você esteve presente nas principais mudanças do cenário musical dos últimos anos. Qual qualidade musical deve ser mantida e qual deve ser deixada no passado? Eu acredito sempre na originalidade e na verdade. As músicas precisam transmitir a essência do artista. Pra mim isso é o mais importante: transmitir o que eu estou sentindo para quem acompanha o meu trabalho e me conectar.

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“A música me permite me aventurar e me descobrir cada vez mais. Eu amo as infinitas possibilidades que a arte pode nos proporcionar e acho que é essa a beleza da coisa”
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Como você se define musicalmente?

A música me permite me aventurar e me descobrir cada vez mais. Eu amo as infinitas possibilidades que a arte pode nos proporcionar e acho que é essa a beleza da coisa.

Você tem um público fiel que te acompanha desde o Exaltasamba. Qual é o segredo para manter esse público tão presente e participativo?

O carinho que eu recebo do público é algo surreal. Não tem como mensurar e agradecer. Eles estão comigo há vinte anos construindo um caminho lindo e muito feliz. Eu acredito que a sinergia que nós temos juntos e as histórias que compartilhamos é o que nos une para sempre e cada dia mais.

Quais são as suas referências e inspirações? Meu novo projeto, Meu Nome é Thiago André, é exatamente a busca desses meus ídolos e inspirações. São as músicas e pessoas que formaram Thiaguinho.

Um conselho de milhões? Confie sempre na sua intuição.

Qual a viagem dos sonhos para fazer com a família e por quê?

Qualquer lugar ao lado da minha família já é um sonho e uma dádiva. Sou muito grato a Deus por tê-los comigo.

Se não fosse cantor, em qual ramo você atuaria, ou em qual empreendimento investiria?

Eu adoro explorar outros lados meus e possibilidades também. Sou meu próprio empresário e sou head de comunicação e sócio de uma destilaria urbana de gin chamada Drycat. Inclusive ela é a destilaria urbana de gin mais premiada do Brasil. São facetas do Thiago que vão além da música!

Para finalizar, qual mensagem positiva você gostaria de dividir com os leitores? Queridos, sigam sempre seus sonhos. Não desistam, mesmo que possa parecer distante ou praticamente impossível.

“O carinho que eu recebo do público é algo surreal. Não tem como mensurar e agradecer. Eles estão comigo há vinte anos construindo um caminho lindo e muito feliz”

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“Qualquer lugar ao lado da minha família já é um sonho e uma dádiva. Sou muito grato a Deus por tê-los comigo”

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136 TOP MAGAZINE EDIÇÃO 263 Yasmin Brunet

YASMIN É A PROVA DO DITADO POPULAR QUE DIZ QUE A FRUTA NÃO CAI LONGE DO PÉ. FILHA DE LUIZA BRUNET, UMA DAS MULHERES MAIS DESLUMBRANTES DE TODOS OS TEMPOS NO BRASIL, ELA SEGUIU A CARREIRA DE ATRIZ E MODELO DA MÃE E MOSTROU QUE CARREGA A BELEZA NO SOBRENOME E NO DNA

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Por Fernanda Ávila Fotos Miro Beleza Leandro Rodaluge 5 min
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A carreira de Yasmin começou cedo, ainda na adolescência. Aos 16 anos, foi emancipada para buscar melhores trabalhos na área de moda em Nova York. Desde o início dos anos 2000, ela tem participado de importantes campanhas, desfiles e já fotografou para grandes marcas internacionais. Nos Estados Unidos, também fez faculdade de cinema e curso de teatro. A estreia na atuação foi na novela Verdades Secretas (2015), da Rede Globo. Seguida por mais de 3,3 milhões de pessoas no Instagram, Yasmin teve sua vida pessoal muito exposta desde que casou – e se separou cerca de dois anos depois do tricampeão mundial de surf, Gabriel Medina. O relacionamento suscitou muitas fofocas e ela chegou a ser apontada como o pivô da briga do surfista com sua família. Antes disso, ela havia sido casada com o modelo Evandro Soldati. Yasmin Brunet também é uma ativista dedicada às causas dos animais e meio ambiente, além de também compartilhar conteúdo sobre espiritualidade e busca pelo equilíbrio entre corpo e mente. Atualmente, ela tem se dedicado ao empreendedorismo, com o lançamento do Óleo de Yasmin, produto de tratamento para os cabelos. Nesta entrevista, a modelo fala da sua relação com as redes sociais, carreira e revela um pouquinho mais sobre si mesma.

A vida na internet é saudável?

Não é saudável. Eu acho que tem como tentar fazer, só não conheço uma pessoa que consiga. Tem gente que diz “ah, eu não leio comentários negativos sobre mim”. Não sou essa pessoa, eu leio comentários negativos sobre mim, até porque sou muito curiosa. Eu acho que é uma coisa muito positiva se você usar de uma forma inteligente. Você pode usar de uma forma que consiga ajudar os outros. Mas é difícil.

Tem dias que acorda com a autoestima baixa e sem vontade de aparecer nas câmeras e nas redes sociais? Nessas horas, você tem algum ritual especial? Eu tenho momentos de muita baixa autoestima. Eu sinto uma mudança de energia. Ultimamente tenho rezado um Pai Nosso para ver se eleva, sabe? (risos). Às vezes, fico puta comigo mesma, questiono o porquê de estar assim, então começo a falar “para, Yasmin, que palhaçada, puta que pariu”. É muito difícil, é muita pressão. Eu constantemente me comparo com outras mulheres, isso é horrível. Você nunca vai estar satisfeita com você mesma ao se comparar com as outras. Tem momentos em que eu olho e falo “caramba, todo mundo é tão lindo, tão perfeito, tô me sentindo horrível”. Mas você só tem você, sabe? Você tem que aprender a se amar de alguma forma.

Neste momento, em que os temas relacionados ao feminismo e força da mulher ganharam mais atenção, como você enxerga o seu papel nesse movimento?

Eu acho que toda mulher tem o dever de lutar em prol de si mesma e das outras mulheres. Por muito tempo, fomos diminuídas. O que a gente faz, o que a gente pensa, o que a gente sente, o que a gente fala, como a gente age e tudo mais. Acho que finalmente chegamos em um momento que é como se fosse uma revolução mesmo, né? Todo mundo junto. Acho que muitos homens embarcam nessa. Muitos homens fingem, mas pelo menos alguma mudança está sendo feita.

Tem algo que você gostaria de fazer fora das suas atribuições como modelo e atriz? Acho que a minha marca. Crescer, expandir, ir para roupa. E filme, tenho muita

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“Tem gente que diz ‘ah, eu não leio comentários negativos sobre mim’. Não sou essa pessoa, eu leio comentários negativos sobre mim, até porque sou muito curiosa”
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vontade de continuar nesse negócio de atuação. E empreendedorismo. Tem tantas coisas para fazer, né?

Como você vê o momento atual da TV, cinema e streaming no Brasil?

Acho que, hoje em dia, tem muito mais oportunidade de fazer coisas diferentes, uma quantidade enorme de séries com temas diversos. Também vejo muitos atores brasileiros indo para fora e fazendo coisas gringas, eu acho maravilhoso. No Brasil tem muita gente talentosa que talvez nunca teria a oportunidade por sofrer um certo preconceito, por ser latina ou talvez por não ter o inglês perfeito. O que importa é o talento. Sinceramente, eu vibro quando vejo o brasileiro fazendo uma coisa lá fora.

O que a Yasmin de hoje diria para a Yasmin do início da carreira?

Eu diria “aperte os cintos, porque a viagem é louca” (risos). Eu mudaria muita coisa, mas não sei aonde eu estaria hoje se eu tivesse mudado essas coisas. É complicado.

Um sentimento sobre toda essa jornada. Crescimento, gratidão e amadurecimento.

O que te irrita?

Ingratidão, grosseria, pessoas que diminuem os outros e se acham superiores. E mentira, quando a pessoa não tem palavra. Eu sinto que hoje em dia é tudo muito superficial. Parece quando seguramos a areia e ela vai caindo pelos dedos. As pessoas trabalham muito no exterior, mas ninguém trabalha no interior. São cascas muito bonitas, só que ninguém consegue manter nada. Tem uma coisa no Japão que acho muito linda: quando eles quebram qualquer coisa, qualquer cerâmica ou coisa assim, eles juntam os pedaços com uma cola e passam uma tinta dourada. Não é para fingir que aquilo não quebrou, é para mostrar que foi colado de novo e as pessoas continuam com aquilo em casa. Antigamen-

te, a TV quebrava e ia para o conserto. Hoje, a TV quebra, jogamos fora e compramos outra. Eu sinto que as pessoas estão assim para tudo, relacionamento, amizade, como se não fosse nada. Ninguém trabalha em nada, é tudo muito rápido.

Uma viagem dos sonhos Bora voltar para Maldivas! África também é um lugar que eu quero muito ir de novo, para lugares específicos. Desde os 17 anos, quando assisti ao documentário Invisible Children, fiquei meio obcecada com o norte da Uganda. Tinha um site nos Estados Unidos que permitia meio que adotar crianças de lá, mandar dinheiro e tudo mais. Aí eu comecei. E eu sentia que tinha um filho, que tinha que ir lá. Eu ia numa época, mas ficou muito perigoso, disseram que os rebeldes simplesmente apareciam e massacravam todo mundo das aldeias. Mas é um lugar que quero muito ir.

Algo inédito sobre você, um costume dentro de casa que ninguém sabe. Eu falo sozinha. Acho que é a base da terapia, você fala para se ouvir de fora. Muitas vezes o terapeuta está ali só para você não se achar louca de estar falando sozinha. Quando você ouve você mesmo de fora, o som entra e você consegue entender muito mais o que está sentindo e pensando. Eu tenho muita insônia, a madrugada toda eu fico cantando e, de dia, eu falo sozinha.

Uma frase ou uma palavra que defina você. Metamorfose. Sinto que estou sempre mudando muito. Eu tenho esse negócio de coração, porque acho que a vida é muito rápida. Quanto você fala com pessoas mais velhas, elas falam que a vida passa em um piscar de olhos. Eu sinto que a vida é muito curta para ser uma coisa só. Por isso acho a atuação o máximo. Você consegue viver mil vidas no tempo de uma. Estou sempre mudando, nunca sou a mesma pessoa de ontem.

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“Eu sinto que hoje em dia é tudo muito superficial. Parece quando seguramos a areia e ela vai caindo pelos dedos”

“Eu constantemente me comparo com outras mulheres, isso é horrível. Você nunca vai estar satisfeita com você mesma ao se comparar com as outras”

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Assessoria de imprensa Melina Tavares Comunicação
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Sustentáveis, saudáveis e silenciosas

NÃO É EXAGERO DIZER QUE A BICICLETA É UM REMÉDIO PARA AS CIDADES E PARA AS PESSOAS. ELA NÃO POLUI, TRAZ MAIS SAÚDE, MELHORA A QUALIDADE DE VIDA, PROTEGE O SEU BOLSO, REDUZ O ESTRESSE E O SENTIMENTO DE SOLIDÃO DE QUEM VIVE NA REDOMA DOS CARROS. NESSES ANOS DE PANDEMIA, O BRASIL VIU CRESCER O MERCADO DE BIKES, ESPECIALMENTE O DE BICICLETAS ELÉTRICAS, QUE JÁ SÃO UMA REALIDADE EM VÁRIOS PAÍSES. ALÉM DOS BENEFÍCIOS DOS MODELOS CONVENCIONAIS, AS E-BIKES PERMITEM PERCORRER LONGOS PERCURSOS, SÃO RÁPIDAS E ÓTIMAS PARA QUEM NÃO CONTA COM BOA RESISTÊNCIA FÍSICA. CONFIRA NOSSAS SUGESTÕES E EMBARQUE EM UMA MAGRELA ELÉTRICA PARA AVENTURAS E TRAJETOS DE TODOS OS TIPOS!

Por Chantal Brissac* Fotos Divulgação 5 min

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Cada vez mais a bicicleta se fortalece como meio de transporte nas cidades. No caso dos modelos elétricos, as vantagens são evidentes, pois elas fornecem um fôlego extra na pedalada. Mas o bacana é que o exercício físico continua embutido no pacote. A e-bike é apenas uma assistência ao ciclista, pois é preciso pedalar para o sistema funcionar. A e-bike já é um produto consagrado na Ásia, na Europa e nos Estados Unidos. Dados da LEVA, Associação de Veículos Elétricos Leves, apontam que os americanos importaram 790 mil e-bikes em 2021, bem mais que as 463 mil compradas em 2020. Nos últimos seis anos, a China vendeu mais e-bikes do que carros; e, na Alemanha, bicicletas elétricas são usadas em serviços de courier – uma importante empresa postal alemã já conta com mais de 6 mil bicicletas assistidas em serviço. No Brasil, de acordo com a Aliança Bike, o mercado de bikes elétricas cresceu 24,5% nos primeiros oito meses de 2021, com 43 mil unidades vendidas no país. Estamos ainda engatinhando, mas a tendência é pedalar cada vez mais – e mais rápido. As bikes elétricas são o futuro da mobilidade e aparecem no mercado de forma absolutamente diversificada. Grandes montadoras, como a Mercedes-Benz, a Peugeot e a centenária Harley-Davidson, se curvaram aos encantos desse modal sustentável.

Nas próximas páginas você poderá conferir o charme retrô do lançamento da Harley, como também outros modelos internacionais. São os seus (nossos) aliados para ganhar tempo e melhorar a qualidade de vida no Brasil, país em que ficamos, em média, 25 dias por ano parados em engarrafamentos.

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E-BIKE HARLEY-DAVIDSON

Recentemente, a Harley-Davidson estreou no concorrido mercado de e-bikes com uma linha inovadora, a Serial 1. Os quatro modelos da série são puro charme retrô, com pneus brancos, quadro simples e elegante, selim de couro e pedal assistido. São inspirados na primeira motocicleta da empresa americana, de 1903. A tecnologia, porém, aponta para o futuro. Com bateria removível de 706 Wh e autonomia de 185 km, as bicicletas são movidas por um motor de 250 watts de potência contínua e um torque de 9,1 kgfm. Segundo a própria marca, o propósito do lançamento é entregar e-bikes que tornem cada passeio uma aventura. Os preços variam entre US$ 4 mil e US$ 5 mil. harley-davidson.com

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FAT BIKE COSWHEEL T20 10 AH

Você sabe o que é uma Fat Bike? Como o próprio nome aponta, tratase de uma bicicleta mais robusta, avantajada, perfeita para pedalar em terrenos acidentados. Os pneus e aros são largos e cravejados, o que garante grande aderência. Encaram trilhas pedregosas, neve e areia, mas também fazem bonito no asfalto. A Fat Bike da Coswheel, vendida no Brasil pela Eletricz por cerca de R$ 13 mil, é uma das mais arrojadas do mercado, com quadro em liga de alumínio leve e resistente, bateria que dá autonomia de até 80 km no modo assistido (em que é preciso pedalar) e motor com potência máxima de 500 W, que permite atingir uma velocidade máxima de até 45 km/h com total segurança. eletricz.com.br

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VANMOOF

V

Essa e-bike não poderia ter nascido em nenhum outro lugar do que na Holanda, país que tem 17 milhões de habitantes e nada menos do que 23 milhões de bicicletas. Nesse reino da mobilidade sustentável, os criadores não param de criar magrelas modernas e potentes. É o caso desse modelo recém-lançado, a primeira bicicleta de alta velocidade da marca. Contando com dois motores, a VanMoof V está preparada para chegar até 50 km/h. Pneus grossos, suspensão total (dianteira e traseira) e um quadro de alumínio robusto construído para uma condução suave, independentemente da velocidade ou da distância, também fazem parte do pacote. É para se sentir um holandês, que praticamente nasce em cima de uma bicicleta. vanmoof.com

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E-BIKE REEVO

Ela parece que saiu de um filme de ficção científica, com sua estrutura poderosa e a inédita ausência de raios e garfo nas rodas. Mas não é só o design que impressiona. A Reevo alcança os 40 km por hora e pode ser usada com pedalada assistida por até 37 milhas. A bateria chega a 48 V e o motor oferece até 750 watts de potência. A bicicleta conta com um sistema de assistência personalizado que detecta a inclinação da estrada e a força da pedalada, além de sensor de luz ambiente que controla automaticamente os faróis e a luz traseira. Ao anoitecer, sua bike se acenderá. Integrada à tecnologia de smartphones, a Reevo tem proteção antifurto: um microchip no quadro identifica qualquer movimento e envia um alerta para o seu smartphone em caso de tentativas de roubo. Com sua impressão digital você trava ou destrava sua bike, que hoje custa a partir de US$ 2,5 mil. reevobikes.com

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TREK POWERFLY 4

Marca líder mundial em tecnologia de mountain bikes, a Trek tem na Powerfly 4 uma opção funcional e confortável, construída com peças duráveis, como uma transmissão Shimano de câmbio suave e um potente motor Bosch. O sistema de bateria integrada removível (RIB) da Trek também é prático: embutido no quadro, é fácil de remover sem ferramentas e permite montar um suporte para garrafa de água. O controlador colorido Bosch Kiox exibe informações sobre o percurso, conecta-se a dispositivos habilitados para Bluetooth e possui um recurso integrado de prevenção contra roubos. Tem bateria adicional que pode dobrar a autonomia de sua bicicleta elétrica, para que você possa ir ainda mais longe. Custa R$ 35 mil. trekbikes.com.br

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MOTO PARILLA CARBON EDIÇÃO LIMITADA

Essa marca italiana é focada em bicicletas elétricas premium, verdadeiros objetos de desejo, já que a empresa aposta em edições limitadas. As bikes apresentam quadros que misturam fibra de carbono e alumínio, com pneus grossos que proporcionam não apenas um melhor equilíbrio para iniciantes e ciclistas ocasionais, mas também uma melhor aderência e tração nos terrenos acidentados. Graças ao seu incrível torque, o motor de 1.000 W pode oferecer a oportunidade de pilotar em qualquer lugar com prazer e segurança. Com uma edição limitada de 130 unidades, essa bike elétrica tem freios a disco superdimensionados, freios hidráulicos potentes e um grande guidão para garantir uma viagem segura. Cada Moto Parilla apresenta uma pintura à mão diferente, que confere uma identidade especial ao condutor. A pintura artesanal é feita por artistas italianos, que se debruçam durante duas semanas nessa obra da mobilidade sustentável. Ao adquirir o modelo, você também recebe um vídeo da realização desse trabalho criativo. As e-bikes variam de US$ 7 mil a US$ 10 mil. motoparilla.it

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Corpo e mente

ALIANDO A MEDICINA TRADICIONAL ÀS MEDICINAS ANCESTRAIS, COMO A CHINESA, A AYURVEDA E A ANTROPOSOFIA, O DR. THEO WEBERT BUSCA ENTENDER O SER HUMANO DE MANEIRA INTEGRAL

Por Vivian Monicci Fotos Miro Beleza Ju Shinoda 5 min

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Não é nenhum segredo que o corpo e a mente andam juntos. Quando um não está bem, o outro sente as consequências. Porém, muitos médicos focam apenas em suas áreas de atuação e ignoram o que de fato pode estar por trás de cada problema de saúde. Tendo vivenciado questões como a obesidade na adolescência, a aceitação de sua homossexualidade, e os cânceres de sua avó e seu pai, o Dr. Theo Webert desenvolveu uma visão mais humanizada da medicina. “Me levavam em médicos para tratar obesidade, me davam remédio, mas não funcionava. Eu tinha dificuldade no processo de aceitação e descontava tudo na comida. Não era compreendido, não me sentia à vontade em me abrir e falar qual era a real situação, o porquê de eu estar engordando cada vez mais e me deprimindo. Quando eu tinha de 14 para 15 anos, decidi que ia emagrecer de todo o jeito, fui para médico, peguei remédio para emagrecer, fui comendo cada vez menos, minha imunidade foi baixando até que eu desenvolvi meningite fúngica e entrei em coma. Foi um processo traumático para a minha família e para mim. Naquele momento, comecei a observar e ter uma noção completamente diferente do que acontecia. Percebi que eu não precisava viver aquilo”, explica. Formado em medicina pela Universidade Potiguar, em Natal, no Rio Grande do Norte, e com especializações internacionais no IFM (Instituto Medicinal Funcional) e na American Academy of Anti-Aging Medicine, Theo encontrou na profissão o seu caminho e a ferramenta para ajudar outras pessoas a se conhecer e se libertar, sempre utilizando ensinamentos das medicinas ancestrais e da psicologia.

Como você enxerga a medicina hoje? Ainda é pouco humanizada?

Todo médico tem que ter um “quê” de terapeuta, de psicólogo, tem que desenvolver o dom da escuta. Isso era o que mais me fascinava. Eu já entendia que muitas das minhas questões relacionadas ao peso estavam relacionadas às minhas emoções, ao meu processo de aceitação, à minha relação conflituosa com a alimentação, com a minha família e com a sociedade em geral. Era muito dolorido, porque eu tomava um remédio e aquilo apenas mascarava uma dor muito mais profunda. Foi muito transformador me ver na oportunidade de ajudar pessoas com histórias parecidas com a minha, mas ao mesmo tempo, me percebia muito frustrado, porque não queria chegar para você e dar um remédio porque você está com uma insônia, ou dar um antidepressivo porque você está se sentindo triste e desmotivado. Eu queria entender que existe algo por trás. Por isso, fui buscar conhecimento de diversas partes da medicina, tanto da tradicional, que é extremamente importante para termos uma visão e acesso às tecnologias, como as ancestrais, como ayurveda e antroposofia. Somos seres dinâmicos, em constante processo de transformação. Não justifica você tomar um remédio hoje e aquilo ser para o resto da vida. Precisa ter avaliação, continuidade e integração de diversos setores: alimentação, atividade física, suporte emocional e psicológico.

A sua consulta é praticamente uma terapia, né? Às vezes você está com um problema na tireoide, mas desenvolveu aquilo porque não levanta a voz para expressar o que precisa. Ou não está digerindo adequa-

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“Acredito em uma energia maior que move o mundo e que boas ações nos fortalecem, nosso pensamento é provedor de muitas de nossas sensações”

damente, porque está vivendo momentos conflituosos e não está lidando bem com as emoções. Às vezes não está conseguindo dormir, porque seu pensamento está acelerado e sua ansiedade elevada por uma coisa que pode vir a acontecer. Eu gosto que o paciente se sinta acolhido e entenda que podemos ser parceiros, não em uma relação fria e distante de médico-paciente. Quando você modifica um hábito, todo o seu entorno muda. É essencial entender o quão profunda pode ser essa transformação.

Você participa de projetos sociais?

Acredito em uma energia maior que move o mundo e que boas ações nos fortalecem, nosso pensamento é provedor de muitas de nossas sensações. Eu desenvolvo muitos projetos relacionados a questões espirituais, ao acolhimento de pessoas de rua, alimentação, educação, ajudando as famílias a se tornar produtores e vendedores. Tem também um incentivo de alimentação a idosos. Estamos sempre focando em processos relacionados ao autoconhecimento, a entender que podemos viver melhor, morrer o mais tarde possível, mas com qualidade de vida, se sentindo jovem.

Como você vislumbra o seu futuro pessoal e na medicina?

Depois de dez anos, é interessante pensar nisso, porque sempre tive vontade de me tornar comunicador. Hoje, tenho a oportunidade de trazer isso para a medicina. As pessoas estão muito sedentas de informação, só que eu sou extremamente receoso, porque elas querem utilizar aquela informação como uma verdade absoluta. Meu sonho é não depender da medicina para viver. Hoje, graças a Deus, faço algo

que amo, mas dependo da medicina para viver e para pagar todo mundo que trabalha comigo. Eu acho que vou me sentir mais confortável quando outros projetos, seja de livro, de vivência, ou até mesmo como comunicador, possam me dar a oportunidade de atender pessoas que não tenham acesso a mim.

Você tem mais de 300 mil seguidores no Instagram. Qual cuidado você tem que ter nas redes sociais? Ali é uma gota dentro de um oceano. Você está dando uma pincelada em um mar de informações e estudos. Por exemplo, você pode encontrar estudos dizendo que a anfetamina vai resolver todos os problemas da sua vida, mas você também pode encontrar estudos dizendo que ela vai destruir a sua vida. É uma linha muito tênue, é preciso entender o que de fato é aplicável para você. Quem é você? Em que momento da vida você está? Será que aquela informação que está ali no Instagram é para você? Será que o shot da imunidade é para você? Será que tomar suco verde todos os dias vai promover saúde para você? É muito pessoal. No Instagram, é apenas um despertar de consciência para as pessoas saberem que podem se cuidar mais e viver melhor. Eu fui um dos primeiros médicos aqui no Brasil a falar em redes sociais. Antes, era tudo muito distante, médico não falava sobre estilo de vida, médico falava de doença e remédio. Hoje, as coisas estão mudando. Não porque descobrimos algo novo e transformador, mas porque estamos precisando voltar para as raízes. Uma das primeiras matérias que aprendemos na faculdade é embriologia e fisiologia. Entendendo como o corpo funciona, a gente consegue abrir a mente.

“Hoje, as coisas estão mudando. Não porque descobrimos algo novo e transformador, mas porque estamos precisando voltar para as raízes”

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unplugged A CADA DIA QUE PASSA, MAIS GENTE RECORRE A CELULARES BÁSICOS QUE SÓ FAZEM LIGAÇÕES E MENSAGENS DE TEXTO PARA EVITAR A CHAMADA INTOXICAÇÃO DIGITAL E ALCANÇAR A PAZ DA VIDA OFFLINE 165
Felicidade

No segundo semestre de 2021, uma empresa polonesa de produtos eletrônicos lançou no mercado internacional seu mais novo celular, o Mudita Pure, um “tijolinho” com design minimalista, teclado físico e capacidade para fazer ligações telefônicas e enviar mensagens de texto. Só isso. Esse lançamento coincidiu com o do Samsung 22Pro e do iPhone 13, que possuem potentes câmeras de foto e vídeo, armazenam e tocam músicas, filmes e seriados de TV, são equipados com processadores ultravelozes que acessam, em milésimos de segundo, redes sociais e sites, permitem que o usuário mande e-mails, faça compras, peça comida e contrate os mais diversos serviços – de um prosaico táxi a uma massagem tântrica.

Enquanto milhões de pessoas ficam ansiosas para conhecer os novos recursos dos mais avançados smartphones que surfam no 5G, tem gente que prefere mesmo é um “dumbphone” – um aparelho básico, sem tela touch e que execute apenas as tarefas básicas.

O Mudita Pure foi criado para esses consumidores que buscam uma certa distância da alta tecnologia. Custa US$ 369, tem uma acanhada telinha monocromática e não roda nenhum tipo de aplicativo. Esse, segundo a empresa, é o segredo do seu sucesso. Ele é a antítese dos reluzentes, multifuncionais e viciantes smartphones, que têm o poder de transformar uma vida pacata em um verdadeiro inferno.

A atriz Glória Pires faz parte do grupo de idealistas que aderiu a esse “detox digital”. Ela desinstalou seu WhatsApp e só se comunica com amigos, familiares e contatos profissionais por meio de telefonemas, SMS ou e-mail. “Minha vida ficou mais fácil, agora o meu tempo sobra”, disse ela em recente entrevista à Folha de S. Paulo. Segundo o psicólogo Cristiano Nabuco, que coordena o programa de tratamento para a Dependência de Tecnologia no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), “a internet é a cocaína digital”. Segundo ele, três fatores colaboram para ela se tornar um perigoso vício: ela é acessível 24 horas, é barata e permite o anonimato. Em excesso, pode provocar ansiedade, depressão, irritabilidade, esgotamento mental e fobia social. Daí vem essa onda de desconexão e de alienação voluntária.

No Brasil, apesar de o número de viciados em tecnologia só crescer, esse estilo de vida “low tech” ainda é incipiente. A cada ano, são vendidos no país cerca de 45 milhões de celulares. Desses, apenas 2 milhões se encaixam no perfil de “dumbphones”. Segundo Gustavo Massette, gerente de produtos da Positivo Tecnologia, uma das principais empresas que apostam nesse segmento, ele possui consumidores de quatro perfis diferentes: tem o pessoal que compra esses celulares porque são os únicos que o seu poder aquisitivo permite; há os que preferem um celular “basicão” porque não dominam a tecnologia embarcada nos smartphones; tem os que recorrem a esses aparelhos como “estepe”, para usar apenas em um fim de semana ou em uma viagem; e, por fim, existem aqueles que optaram pela desintoxição digital. “Mas este quarto grupo é o numericamente menos representativo aqui no Brasil. E, com a pandemia, os telefones básicos perderam espaço, pois os celulares com redes sociais e recursos como Zoom, Teams e Meets viraram artigos de primeira necessidade”, observa Massette.

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Os minimalistas celulares da polonesa Mudita Pure conquistaram adeptos do “detox digital” com suas funções basiconas e seu design clean – a antítese dos multifuncionais smartphones

A hiperconectividade pode causar depressão, irritabilidade e fobia social.

A internet é uma “cocaína digital”: ela é viciante, acessível 24 horas, barata e permite o anonimato

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Em sentido horário, a partir do alto: o elegante Light Phone norte-americano; o sérvio O-Phone (que tem o tamanho de um cartão de crédito); e os finlandeses Nokia 8110, com seu visual retrô

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Na Europa e nos Estados Unidos, no entanto, essa filosofia de vida offline segue conquistando novos adeptos. E, por conta disso, os produtos para atender as necessidades desse nicho também vêm se multiplicando. A finlandesa Nokia é uma das empresas que está faturando alto com esse movimento de retorno ao básico. Seu vasto portfólio inclui diversos modelos de smartphones, mas os campeões de vendas são os chamados “feature phones” com ar retrô, como os clássicos ressuscitados 3310, 110, 225 e 8110 (também conhecido como “bananafone”).

Na suíça Punkt Tronics, o carro-chefe é o MP02 – um pequeno “paralelepípedo” preto com um teclado rústico, de botões enormes e feiosos. “Um celular básico é como um martelo, que só serve para executar um número reduzido de tarefas. Em oposição, os smartphones são verdadeiros canivetes suíços, que têm um monte de utilidades que você nunca usou e talvez jamais use”, explica Petter Neby, fundador e CEO da Punkt. Ainda na Europa, o estúdio sérvio de arquitetura Alter Eggo, em parceria com o designer britânico Jasper Morrison, desenvolveu o O-Phone, um celular tão simples que tem boa parte de seus componentes produzidos em impressoras 3D! Ele, assim como seus similares, só faz e recebe ligações e troca mensagens de SMS. “As pessoas gastam, em média, mais de três horas por dia nos seus smartphones. Isso significa um dia por semana! Se ficarmos menos tempo ligados feito zumbis nesses malditos black mirrors, seremos mais independentes e teremos uma vida mais produtiva”, avalia Morrison.

Nos Estados Unidos, o “dumbphone” mais cobiçado é o chinfroso Light Phone, que é do tamanho de um cartão de crédito e tem um design super-clean, com um diminuto painel de LCD e um discreto teclado numérico luminoso. Segundo seus criadores, Kaiwei Tang e Joe Hollier, ele é um celular que foi concebido “para ser usado o menos possível”. Além de deixar a vida do usuário mais leve, o nome Light tem também uma explicação mais literal: o aparelhinho pesa apenas 75 g! “O que mais vemos por aí são aplicativos que prometem facilitar as nossas vidas, mas a maioria deles não respeita a nossa privacidade e o nosso tempo. Nem sempre quem está mais conectado é mais feliz. Muitas vezes, é exatamente o contrário. A abundância de recursos dos smartphones tem muito a ver com os exageros desse tempo em que vivemos e com a relação de dependência que muita gente estabelece com a tecnologia. A minimização digital traz paz, autonomia e empoderamento. Se é isso o que você está buscando, não custa tentar: troque seu smartphone por um celular “basicão”, liberte-se da hiperconectividade e redescubra o valor das coisas simples”, aconselha Kaiwei Tang.

A minimização digital traz paz, autonomia e empoderamento

Nem sempre quem está mais conectado é mais feliz. Hoje em dia, muita gente desenvolve uma relação de dependência com a tecnologia.
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DESTA VEZ QUEM APARECEU POR AQUI FOI O WD, ARTISTA QUE SURPREENDEU NO THE VOICE BRASIL E CONSEGUIU QUE OS CINCO JURADOS, CARLINHOS BROWN, CLAUDIA LEITTE, IZA, LULU SANTOS E MICHEL TELÓ, VIRASSEM SUAS CADEIRAS. QUEM É ESSA FIGURA ÚNICA QUE ESTÁ DESPONTANDO NO CENÁRIO MUSICAL BRASILEIRO? DESCUBRA NAS PRÓXIMAS PÁGINAS!

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Fotos Miro 7 min

WD é resistência preta

WASHINGTON DUARTE, CANTOR, COMPOSITOR E

QUE EMOCIONOU IZA, OS OUTROS JURADOS E TODOS OS ESPECTADORES NA 10ª TEMPORADA DO THE VOICE BRASIL, EM 2021, COM A MÚSICA “EU SOU”

WD nasceu em Campinas, São Paulo. Desde muito cedo é um apaixonado por música e dança, mas teve seus sonhos adiados pela discriminação e violência, dentro e fora de casa. Motivo pelo qual sua arte carrega uma missão importante: o combate ao racismo e ao preconceito. Ele faz isso nas letras, na forma como expõe sua imagem nas redes sociais e levando esperança para adolescentes da periferia. Desde 2018, WD visita escolas públicas com o objetivo de fortalecer sua comunidade. Intitulado Fortaleçam a Periferia, o projeto busca contar o processo para alcançar êxitos em sua carreira profissional, estimulando a transformar sonhos em objetivos. Como ele faz isso? Contando a sua trajetória cheia de dificuldades, mas com grandes vitórias, muitas delas apoiadas por projetos sociais e ONGs que foram essenciais nessa caminhada. Em 14 anos de carreira, além de dois EPs de músicas autorais, WD marcou presença em diversos realitys de música no Brasil, entre eles: Qual é o Seu Talento, Ídolos e X-Factor Brasil. Ele também participou do Got Talent Uruguai, onde fez um enorme sucesso. Hoje, o artista tem cerca de 85 mil ouvintes nas plataformas digitais, mais de 5 milhões de visualizações em seu canal oficial do YouTube e as suas redes somam mais de 1 milhão de seguidores. Em abril deste ano, WD assinou contrato com a Universal Music Brasil para lançar o seu primeiro álbum de estúdio. Em junho, lançou o single Periferia, canção autoral que traz questões sociais e raciais, como também, as suas raízes e mais um pouco da sua história.

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Por Fernanda Ávila Beleza Mel Freese Styling Ander Oliveira 5 min
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Casaco Jorge Feitosa Jaqueta e calça Tommy Hilfiger Brinco Formmis Bota Bottega Veneta

Foi uma realização de sonho ver os quatro jurados do programa The Voice Brasil virarem a cadeira para você com a música Eu sou?

Foi a concretização de um objetivo traçado desde 2013, quando decidi que a minha carreira precisava mudar de caminhos e de horizonte. Eu transformei meus sonhos em objetivos.

A música Eu sou levanta temas como preconceito racial/social e orientação sexual. Qual é a sua visão da realidade que vivemos hoje? Você acha que isso mudou? Não mudou e não vai mudar nos próximos 10, 50, 80 anos. Precisamos entender que estamos falando de um problema histórico, o Brasil tem mais tempo nessa estrutura do que tempo de vida. Mas sou otimista de que um dia isso vai mudar e eu quero fazer parte dessa mudança. Mas não mudou muita coisa, porque os meus continuam morrendo. Famílias perdem entes queridos, empresas perdem seus funcionários, amigos perdem amigos. Estamos falando de uma luta e de uma guerra que, infelizmente, não vai acabar nos próximos dez anos, principalmente no cenário que a gente vive hoje.

A música Periferia representa o que na sua carreira?

Periferia é uma faixa do álbum, que tem o mesmo nome. Eu estava morando fora, no Uruguai e, quando voltei para o Brasil e fui visitar a periferia onde eu morava, que é onde eu moro hoje, me deparei com problemas sociais que ainda estão ali e que precisam mudar. Então, me deu esse start de escrever Periferia e de falar

um pouco de como foi e de tudo o que eu venho vivendo. Estou quebrando o sistema. Sou uma bicha preta periférica e eu estou aqui hoje em uma redação fazendo fotos para contar minha história. Periferia é a minha vida. Você tem um projeto em que visita instituições de ensino. Conta pra gente sobre ele?

Fortaleçam a Periferia é um projeto que nasceu em 2018. Senti necessidade de dizer para essas pessoas que tiveram o mesmo recorte social que eu que elas podem sonhar, mas precisam transformar sonho em objetivo. Quando estou nessas escolas públicas, falo com os adolescentes de 14 a 17 anos, que já vão entrar no mercado de trabalho, já vão ter oportunidade de primeiro emprego, já vão sair direto para uma faculdade. Eu faço o que fizeram um dia por mim, eu sou fruto de ONG, de projeto social.

Um momento da infância que te marcou, Aos seis anos, fui abusada sexualmente e sabia que se eu chegasse em casa e contasse para minha mãe, minha família correria risco de vida. Então, fingi que nada aconteceu por muitos anos. Acho que essa foi uma das coisas que mais marcou a minha infância. É por isso que eu vou nas escolas conversar com as crianças e com os adolescentes, elas precisam saber que um dia aconteceu comigo e isso não pode acontecer com elas. Elas precisam estar atentas e conscientes.

Defina WD em uma frase. E estou sendo a resistência preta.

“Sou uma bicha preta periférica e eu estou aqui hoje em uma redação fazendo fotos para contar minha história”
Assistente de styling Amos Fonseca
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Assessoria de imprensa Melina Tavares Comunicação
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Por Trás Desta Edição

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