MundoTRI Magazine - Jun/Jul 2011 - nº 10 - Edição Especial

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Nº 10 - jun./jul. 2011 Edição Especial

GUILHERME MANOCCHIO E ARIANE MONTICELI Dupla brasileira faz história no Ironman Brasil Guilherme Manocchio, segundo colocado no Ironman Brasil 2011 >

EDUARDO STURLA O maior campeão de Floripa A bike do melhor pedal

TREINOS Como sair do bom para o excelente?

AMADORES VOADORES Brasil terá super time em Kona MundoTRI.com [junho 2011]

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A DISTÂNCIA QUE APROXIMA. A Bicicleta, além de ser um meio de transporte não poluente, também é lazer e esporte. Porém nossas cidades ainda não estão preparadas com vias exclusivas e apropriadas para essa prática. Por isso vamos compartilhar as vias públicas respeitando a distância prevista em lei de um metro e meio ao passar por um ou mais ciclistas. Com bom senso e respeito, todos saem ganhando.

Art. 201 do Código de Trânsito Brasileiro - Lei 9503/97 Deixar de guardar a distância lateral de um metro e cinqüenta centímetros ao passar ou ultrapassar bicicleta: Infração - média; Penalidade - multa.

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Nervos Ă flor da pele Mais de 1.800 atletas aguardam a largada do Ironman Brasil 2011 Foto: Wagner AraĂşjo

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MundoTRI magazine

Editorial Lembro-me do primeiro dia que assisti o Ironman do Havaí e pensei: “nossa, quero fazer esse esporte”. Após vários anos de Triathlon, tive o mesmo sentimento novamente durante a cobertura do Ironman Brasil 2011. Confesso que me arrepiei ao clicar a foto de Guilherme Manocchio que está na capa dessa revista, que momento espetacular de celebração do esporte! Muitos me perguntaram: “Como você escolheu a equipe do Diário até o Ironman? Como sabia que todos seriam tão especiais e fariam provas maravilhosas, cada um dentro de suas possibilidades?” Não escolhi pelo o que eles fazem ou já fizeram, escolhi por aquilo que são. Guilherme Manocchio, Ariane Monticeli, Ana Oliva, Rodrigo Cantal, Kleber Corrêa e Carol Militão compartilharam conosco, durante 5 meses, seu dia-a-dia de treinos no portal MundoTRI.com.br, a ponto de nos sentirmos íntimos de todos eles. Foi, realmente, uma grande escolha. Os seis são mais que grandes atletas, são seres humanos fantásticos e mostraram isso no dia 29 de maio de 2011. Parabéns não só a eles e aos campeões Eduardo Sturla e Amy Marsh, mas a todos que cruzaram a linha de chegada. Parabéns aos que tentaram e não cosneguiram. Parabéns aos que treinaram e não puderam largar. Parabéns aos que decidiram fazer o Ironman Brasil 2012 e aos que decidiram começar nesse esporte maravilhoso que é o Triathlon. Gostaria de destacar também a impressionante performance de Sturla. Como disse um amigo, o argentino “não larga o osso” de jeito algum. Sua vitória fantástica foi enaltecida pela brilhante performance de Manocchio. Quanto às mulheres, Ariane e Ana Oliva também deram o máximo até o final. Talvez se tivéssemos mais um ou dois quilômetros teríamos conquistado o 2º e o 4º lugar. Como muitos leitores pediram, teremos o primeiro Diário até Kona, com quatro atletas contando sua vida até o sonhado Ironman do Havaí. Aproveitem esta edição especial e histórica. Wagner Araújo - Triatleta, fundador e publisher do MundoTRI

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PUBLISHER Wagner Araújo wagner@mundotri.com.br

COLABORADORES Alexandre Giglioli Amanda Guadalupe Ana Lídia Borba Camila Nassif Felipe “PIPO” Campagnolla Lucas Helal Roberto Lemos Rodrigo Cury Vinícius Santana Wagner Araújo Yana Glaser REVISÃO Rita Oliveira FOTOS Adriano Ramos Rafael Felipe Timothy Carlson Wagner Araújo COMERCIAL midia@mundotri.com.br

ATENDIMENTO AO LEITOR faleconosco@mundotri.com.br

www.mundotri.com.br


28 60 Belas e Feras: Thays dos Santos ”Não vou dizer que é fácil, mas sabe como é mulher, pensa e faz

mil coisas ao mesmo tempo.”

edição especial - Ironman Brasil

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jun/jul 2011

IRONMAN BRASIL 2011 A prova que consagrou Eduardo Sturla e os brasileiros Guilherme Manocchio e Ariane Monticeli TOP AMADORES Quem são os atletas de faixas etárias que brilharam em Floripa?

ANA LÍDIA BORBA A importância da força mental para completar um Ironman

17 RODAS FECHADAS

Valeu a pena usar no Ironman Brasil?

TREINAMENTO PARA O IRONMAN Como transformar um atleta bom em um atleta excelente

CIÊNCIA DO TRIATHLON Carboidratos e frequência cardíaca

TOP OF THE TOP Quem são os 10 maiores atletas de Ironman de todos os tempos?

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A cervélo P3C de Eduardo Sturla

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ÍNDICE

Edição Digital nº 10 - ESPECIAL. Ano 2. Jun./Jul. de 2011 Disponível na web e na Appe App Store para Ipad/Iphone/Itouch

CAPA: Guilherme Manocchio conquista o 2º lugar no Ironman Brasil 2011 - Foto: Wagner Araújo

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NÚMEROS O Ironman Brasil em dados

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BELAS E FERAS

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TREINAMENTO

REVIEW A Cervélo P3C do campeão Eduardo Sturla

Como transformar um atleta bom em um atleta excelente

ALEXANDRE GIGLIOLI Ironman: um fenômeno mundial

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CIÊNCIA DO TRIATHLON Carboidratos a la mineira - parte 3: Com molho de carne de Canguru?

BIKE TECH Roda fechada: valeu a pena usar no Ironman Brasil?

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CIÊNCIA DO TRIATHLON

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SESC TRIATHLON BRASÍLIA

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CIRO VIOLIN

Cartas para a redação: faleconosco@ mundotri.com.br

Frequência Cardíaca: quando, como e porque utilizar

NUTRIÇÃO Conhecendo e entendendo os carboidratos: parte 1

A prova que agitou os triatletas do planalto central

UM FINAL SEM PALAVRAS O sprint incrível entre Ciro Violin e Ivan Albano no Ironman Brasil

IRONMAN BRASIL 2011 Confira o que rolou na maior prova da América Latina

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TOP AMADORES

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ANA LÍDIA BORBA

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A jovem voadora, Thays Santos

Quem são os atletas de faixas etárias que brilharam em Floripa?

A importância da força mental para completar um Ironman

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A tão sonhada vaga

OFF-ROAD 50km de corrida em trilhas é o desafio do XTERRA Endurance

TOP OF THE TOP Quem são os 10 melhores atletas de Ironman de todos os tempos?

106 CRÔNICA

O Ironman sob o olhar da calçada

Os artigos dos colunistas são de responsabilidade dos mesmos e não refletem necessariamente a opinião da MundoTRI. Proibida a reprodução de qualquer conteúdo sem autorização. Muitas das atividades citadas e mostradas na Revista envolvem riscos. Não tente realizá-las se não estiver capacitado e com o equipamento correto.


Sabe quantas ĂĄrvores foram derrubadas para que vocĂŞ pudesse ler a MundoTRI Magazine? Nenhuma. Pense verde.

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Números do Ironman Brasil 1.822 Triatletas estavam inscritos no Ironman Brasil 2011

11,4% dos participantes eram mulheres, um número pequeno.

75 é a idade do atleta mais velho a completar a prova, o neozelandês Garth Barfoot, que foi também o útlimo a cruzar a linha de chegada com 16:55:23, vencendo sua categoria, a 75-59.

18 a idade da atleta mais nova na competição, a paranaense Larissa Saderi.

4,4% dos atletas que largaram não completaram a prova, sendo que 240 atletas dos 1.822 não largaram.

2h48’46”

Foto: Wagner Araújo

gastou Ezequiel Morales (ARG) para correr os 42,195km da última etapa da prova, ritmo de 3’59”/km.

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41,3km/h média de Eduardo Sturla, melhor pedal do dia e campeão. MundoTRI.com [junho 2011]


151 a quantidade de atletas que terminou a prova abaixo de 10 horas.

3h13’16” foi o tempo da brasileira Ariane Monticeli na maratona, o melhor do dia.

3h00’29” cravou Cristiano Santos, vencedor da 35-39, a melhor maratona entre os amadores.

2h52’49” cravou Santiago Ascenço nos 42.195m de corrida, o melhor tempo brasileiro, com pace de 4:05/km.

37,2km/h média na bike do melhor pedal feminino, da campeã Amy Marsh.

Foto: Adriano Ramos

43’27” foi o tempo do primeiro atleta a sair da água nos 3.800m, o carioca Rafael Gonçalves, ritmo de 1:08/100m.

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REVIEW Top Bike Ironman Brasil Fotos e texto Por Wagner Araújo

A Bike do melhor pedal e do campeão, Eduardo Sturla: Cervélo P3C

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Na edição de janeiro, no Guia de Bikes 2011, já havíamos apontado a P3C como a melhor geometria de bikes consideradas “baixas e longas”. A Cervélo não tem os modelos mais sofisticados, mas suas bicicletas deixam os atletas em posições extremamente eficientes. A Bike de Sturla possui componentes comuns, uma combinação de um grupo SRAM Rival com um Dura-Ace. As rodas, muito eficientes, são uma combinação perfeita para alguns atletas: Uma ZIPP disco atrás e uma HED 3 na frente. Eu disse alguns atletas, pois como veremos no artigo de nosso colunista de bike, Felipe “PIPO” Campagnolla, esse tipo de roda atrapalhou mais do que ajudou muitos participantes. Também chama a atenção os detalhes na bike de Sturla: Um Vittoria Pit Stop no top tube para emergências e nenhum peneu reserva; Apenas uma caramanhola na bike, sem nada atrás; uma “caixa-caramanhola” improvisada entre os clipes para levar a alimentação, e nada de bolsas; sapatas de freio Swiss Stop amarelas, uma das melhores do mercado. Seu bike split já diz tudo: 4:22:16, uma média de 41,2km/h. Impressionante! MT

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Tenho observado um grande aumento no número de provas Ironman. Antigamente, era apenas o mundial do Havaí e depois vieram algumas provas como classificatórias. Atualmente, são exatamente 28 etapas no mundo com uma média de 2000 participantes. Fazendo uma continha básica, temos aí 56000 atletas no mundo que se predispõem a treinar para participar dessa prova. Agora, levando em conta que alguns fazem mais de uma prova ao ano, esse número cai para,

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Ironman: Um fenômeno mundial

Foto: Wagner Araújo

Coluna do Alexandre Giglioli

acredito, 50000, mas existem os Challenges. Algumas, como Roth, colocam mais de 3000 atletas. Temos aí então algo em torno de 55000 atletas. Coloquemos agora os 70.3 ou 1/2 Ironmans espalhados pelo mundo, a conta sobe bastante... Mas vou me ater à distância full Ironman. O que leva as pessoas a se predisporem, anualmente, a participar desta prova? Autoconhecimento? Perseverança? Estilo de vida? Superação? Não sei, pode ser tudo isso junto.


Fico impressionado com a quantidade e variedade de produtos licenciados pela WTC (World Triathlon Corporation). Para quem nunca participou de uma prova fora do Brasil, essa marca, aquele “M-dot” estilizado, atrai milhares de compradores em todo o mundo. São filas e mais filas para adquirir qualquer produto, desde copos, coleira e vasilhas para cachorros, carrinho de bebê, livros, revistas, roupas, relógios, canetas, enfim você encontra de tudo! Isso é que eu chamo de estilo de vida! Saudável para uns e loucura para outros. Recentemente, tivemos as inscrições para o Ironman Brasil que se encerrou no site em 14 minutos. Em 14 de junho, as inscrições para o recém lançado Ironman de New York encerraram-se em 11 minutos, para 2500 atletas. Para quem não sabe, a inscrição para uma prova dessa gira em torno de 600 dólares. Acrescenta-se a esse valor o custo de viagens, hospedagens, treinos, suplementos, manutenção de equipamentos, roupas individuais, nutricionista, massagista etc. Enfim, mesmo com um grande gasto, os praticantes estão lá, um ano antes da prova fazendo seus planos. Sabemos que muitos médicos condenam a prática deste esporte, mas isto parece não desencorajar ninguém. Aliás, como o esporte é novo, carecemos ainda de estudos recentes e aprofundados. Talvez daqui a algumas décadas teremos esses estudos em mãos, mas pelo visto teremos mais provas e mais atletas praticantes. É um caminho sem volta. Para aqueles que estão inscritos para o Ironman Brasil 2012, já é tempo de começar sua preparação. Aos que não conseguiram inscrever-se, resta ainda outras provas espalhadas pelo mundo. Escolha aquela que se identifica com suas especialidades. Bons treinos! MT

Alexandre Giglioli, é um dos treinadores de Triathlon mais experientes do país e Diretor Técnico A. GIGLIOLI ASSESSORIA ESPORTIVA www.agiglioli.com.br

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Os pedais Speedplay fazem você se sentir muito melhor. A tecnologia Speedplay Light Action oferece vários benefícios, como a redução do stress no joelho ao pedalar, oferecendo milhas de conforto aos seus usuários. Quando combinado ao seu mecanismo de trava que permite uma liberação mais fácil, o Speedplay Light Action se torna ainda mais confortável e oferece uma experiência única para o atleta. Saiba mais sobre pedais Speedplay em speedplay.com ou 3adistribuidora.com.br. Algumas lojas onde você encontra Speedplay:

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Foto: Wagner Araújo

Roda fechada: valeu a pena usar no Ironman Brasil?

Entenda porque tantos atletas reclamaram do equipamento escolhido para a fazer a prova e saiba se é para você ou não.

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Com certeza, o ciclismo do Ironman Brasil 2011 foi uma grande experiência para muitos atletas, principalmente para aqueles que confiaram em rodas muito altas ou fechadas. A escolha da roda pode ser determinante para um bom desempenho na etapa de ciclismo do Ironman. Às vezes, os benefícios não são perceptíveis, mas quando a escolha é errada, com certeza, o prejuízo será grande e custará tempo, tanto no ciclismo, quanto na corrida devido ao desgaste físico para vencer o vento e a instabilidade da bicicleta. Muitos atletas cometeram esse erro e pagaram o preço. Mesmo o vácuo sendo proibido, com mais de 1800 atletas fica muito difícil fiscalizar e não deixar os grupos se formarem. Nessa situação, alguns atletas não conseguiram manter-se no grupo e acabaram perdendo um tempo precioso. O vento lateral é que exige maior concentração e atenção em outros atle-

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A roda traseira fechada trará benefícios em condições de ventos leves em qualquer direção, mas nos casos de ventos mais fortes e de rajadas, o vento lateral será um grande obstáculo e os atletas de menor peso sofrerão mais nessas condições. Às vezes, a escolha de uma roda com perfil alto pode amenizar os efeitos negativos da roda fechada sem perder rendimento, a exemplo, temos rodas com aros de 60 a 100mm de altura que também são ótimas opções para atletas maiores. Sem dúvida, uma roda nesse perfil será mais versátil do que a fechada para aqueles que optem por ter uma roda traseira para usar nos dias de prova. Com relação à roda dianteira, o cuidado deve ser o mesmo, pois rodas com perfil mais alto trarão os mesmos incômodos da roda fechada na traseira. Rodas com aros maiores que 80mm de altura deixarão a frente da bicicleta muito instável, tornando-se difícil manterse em linha reta e essa tensão para controlar a bicicleta gera uma sobrecarga na região cervical trazendo prejuízos para a etapa da corrida. Rodas com aro de tamanho inferior a 60mm serão mais estáveis, lembrando que o peso do atleta e seu posicionamento serão importantes para manter a estabilidade da bicicleta. Quanto maior a experiência e conhecimento do equipamento, mais fácil serão as escolhas. Treinos em diferentes condições com os mesmos equipamentos de prova são importantes para facilitar suas escolhas. MT Felipe “PIPO” Campagnolla é Diretor da Vélotech e habilitado Retul bike fit e Colaborador da equipe SCOTT FITTIPALDI MTB Racing team.

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Roda fechada: valeu a pena usar no Ironman Brasil?

Foto: Wagner Araújo

tas, pois a bicicleta se torna instável e imprevisível. Todo cuidado será pouco para evitar acidentes. Para atletas menores e mais leves o vento é um obstáculo ainda maior e a experiência em diferentes situações é a melhor lição para tomada de decisões.


Foto: Wagner Araújo

“A roda traseira fechada trará benefícios em condições de ventos leves em qualquer direção, mas nos casos de ventos mais fortes e de rajadas, o vento lateral será um grande obstáculo e os atletas de menor peso sofrerão mais nessas condições.”

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Ç NUTRICÃO Conhecendo e entendendo os carboidratos: parte 1

A partir deste mês, daremos início a uma série de três capítulos sobre carboidratos. Nessa edição: Informações básicas sobre os carboidratos, principais funções, como são metabolizados e armazenados. Na Edição de Julho: Mecanismos energéticos utilizados durante diferentes tipos de exercícios e por que o carboidrato é conhecido como “moeda energética da célula”. Na Edição de Agosto: Carboidratos, hormônios e Índice Glicêmico. Suplementação de acordo com o horário, tipo de treino e objetivo.

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POR YANA GLASER

Os carboidratos são constituídos por carbono, hidrogênio e oxigênio e são formados por polímeros de glicose (várias moléculas de glicose unidas). São classificados de acordo com o tamanho da molécula, em: - MONOSSACARIDEOS: Uma unidade básica de carboidrato (glucose, galactose, frutose, manose) - OLIGOSSACARIDEOS: Ou dissacarídeo, é a combinação de duas moléculas de monossacarídeos


(maltose, lactose, sacarose, trealose) -POLISSACARIDEOS: São monossacarídeos associados por ligações glicosídicas (amido, fibras. Inulina, glicogênio, celulose...) *3,6 Cada tipo de carboidrato possui uma característica específica que influencia sua disponibilidade e função no organismo. O organismo só pode usar glicose simples, então essas moléculas de glicose precisam ser quebradas em açúcares simples para serem absorvidas. A digestão dos carboidratos, assim como de outros nutrientes, inicia-se na boca com a mastigação. *4,5

Entrando, na corrente sanguínea, a glicose vai para o fígado onde é armazenada ou utilizada para promover energia para o funcionamento do corpo.*4,5 As fibras são as moléculas com exceção, pois são longas cadeias de carboidratos que não podem ser digeridas, passando intactas pelo tubo digestivo. As fibras desempenham funções que se assemelham à limpeza e depuração de substâncias nocivas ao organismo.*4, 5,7 Também é importante observar que a frutose vai até o fígado para então ser convertida como açúcar simples para fonte de energia. Por isso, muitas vezes, se você precisa uma fonte imediata de energia a frutose não é uma boa opção.*1,4,5,7 Os carboidratos armazenados no corpo na forma de longas cadeias de unidades de glicose, são denominados glicogênio, e estão presentes no fígado, e no músculo.*4,1 A quantidade de glicogênio armazenado no fígado (glicogênio hepático) é de aproximadamente 100gramas, aumentando após as refeições e diminuindo em períodos de jejum, especialmente durante a noite quando o fígado lança glicose na corrente sanguínea para manter um nível sanguíneo normal de glicose. Essa glicose constante no

“O triathlon (tanto nos treinos como nas competições) reduz acentualmente os níveis de glicogênio muscular, obrigando o atleta a se preocupar com sua correta reposição.”

Foto: Wagner Araújo

Acontecem duas etapas com a saliva (que possui a enzima alfa amilase) e com o suco pancreático (que possui a enzima alfa amilase pancreática). O “bolo alimentar” chega ao intestino delgado onde moléculas maiores são degradadas até virarem glicose e frutose, então é absorvido para a corrente sanguínea através da mucosa do intestino. *4,5

sangue é muito importante, pois é a fonte energética primária para o sistema nervoso.*4,1 Durante o exercício físico o fígado é estimulado para fornecer glicose à corrente sanguínea enquanto ocorrem outros estímulos metabólicos e hormonais para captar glicose pelos músculos ativos a fim de fornecer combustível para as contrações musculares. *4,1 Logo que a reserva de glicogênio hepático acaba e que o exercício passa a ser executado sem in-

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Foto:Araújo Wagner Araújo Foto: Wagner

“Faltou carboidrato, o aminoácido é convertido em glicose. Além disso, a falta de carboidrato também diminui a glutamina presente, que ao invés de ser utilizada para imunidade vai ter que ser utilizada para energia.”

gestão de carboidratos, o fígado pode evidenciar uma depleção de glicogênio, podendo fazer com que a glicose sanguínea caia para níveis hipoglicêmicos.*4,1 Os sintomas de glicose sanguínea reduzida (hipoglicemia) incluem fraqueza, fome e vertigens. A hipoglicemia acaba afetando o desempenho nos exercícios e pode até ser a responsável pela fadiga central associada com o exercício prolongado.*4,5 A quantidade de glicogênio que é armazenada em todos os músculos do corpo chega a aproximadamente 300g nas pessoas sedentárias podendo chegar a mais de 500g em indivíduos treinados e com uma dieta rica em carboidratos.*4,5 O triathlon (tanto nos treinos como nas competições) reduz acentualmente os níveis de glicogênio muscular, obrigando o atleta a se preocupar com sua correta reposição. No entanto, observa-se baixa adesão dos triatletas ao seu consumo na quantidade correta. A energia consumida durante os treinos e competições depende da intensidade e duração dos exercícios, sexo dos atletas e o estado nutricional inicial. *1

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Quanto mais intenso o exercício mais carboidrato o atleta vai precisar, porque a principal fonte de energia utilizada nesse tipo de exercício é o glicogênio. Caso o atleta não reponha o carboidrato da maneira correta, ele passa a metabolizar proteínas (passa a perder fibras musculares) facilitando o aparecimento de micro lesões.*1,3,5,7 Faltou carboidrato, o aminoácido é convertido em glicose. Além disso, a falta de carboidrato também diminui a glutamina presente, que ao invés de ser utilizada para imunidade vai ter que ser utilizada para energia.*1,2,7 Os carboidratos são a forma mais segura de obter uma dieta hipercalórica e quando associados ao exercício, facilitam o ganho de massa muscular por pouparem as proteínas e facilitarem a recuperação. MT

Yana Glaser é Nutricionista e triatleta há 10 anos.


Importante saber Os carboidratos desempenham várias funções no organismo: fonte de energia (4cal/g), preservam a massa muscular, previnem a fadiga muscular, facilitam o metabolismo das gorduras, garantem o bom funcionamento do sistema nervoso central além de serem facilmente metabolizados. Ingerir o carboidrato certo, em quantidade adequada, no horário apropriado, garante um melhor resultado do exercício.

FONTES CONSULTADAS PELA AUTORA *1 AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION DIETITIANS OF CANADA JOINT POSITION STATEMENT. Nutrition and Athletic Performance. Official journal of the American College of Sports Medicine *2 Bacurau, RF, Nutrição e suplementação esportiva. Phorte, São Paulo. 2000 *3 Chad Kerksick*1,2, Travis Harvey3, Jeff Stout1. et al.; International Society of Sports Nutrition position stand: Nutrient timing. http://www.jissn.com/ content/5/1/17 *4 Fred Brouns. NUTRIÇÃO PARA OS DESPORTOS; Guanabara, 2005 *5 McCardle , Katch NUTRIÇÃO PARA O DESPORTO E O EXERCÍCIO. Guanabara, 2001. *6 MODIFICAÇÕES DIETÉTICAS, REPOSIÇÃO HIDRICA, SUPLEMENTOS ALIMENTARES E DROGAS: COMPROVAÇÃO DE AÇÃO ERGOGÊNICA E POTENCIAIS RISCOS PARA A SAÚDE. Rev Bras Med Esporte- Vol 15, no 3- Mai/Jun, 2009. *7 www.rgnutri.com.br

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Foto: Eduardo Nascimento

Um final sem O sprint de Ivan Albano e Ciro Violin no Ironman Brasil Fotos por Adriano Ramos

Foto: Rosana Merino

Ciro alcançou Ivan na corrida e os dois foram juntos atÊ o funil >

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palavras 2011 foi um dos pontos de grande emoção na disputa

Alguém pode explicar como eles não desmaiaram?

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“Se já não bastasse eu estar correndo um Ironman, tive que sair da minha zona de conforto e, literalmente, correr atrás do Belga que estava a 4 minutos á minha frente quando abri a última volta de 10.5km. Se já não bastasse eu estar correndo um Ironman, ter que sair da minha zona de conforto para ir buscar o Belga, depois de ultrapassá-lo , tive que dar 4 tiros “afogado” para deixá-lo para trás. Se já não bastasse eu estar correndo um Ironman, ter tido que ir buscar o Belga e ainda fazer muita força para deixá-lo para trás, por sorte ,acabei chegando no Ivan Albano, e então, tive que disputar ombro a ombro com este ícone do Triathlon no Brasil por quase 2 kms. Se já não bastasse eu estar correndo um Ironman, ter pego e deixado pra trás o Belga, ter corrido 2km quase no meu limite ao lado do lvan, ainda tive que dar um sprint final o qual meu batimento chegou a 192! Realmente essa foi a prova da minha vida até hoje, e tudo o que aconteceu, valeu a pena, pois esta chegada ficará não só na minha memória, mas na de todos que a viram.” Ciro Violin

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Dos 23 Ironmans que já completei em minha carreira, esse teve uma chegada diferente, estava pronto para chegar com minha esposa e meu filho mais tive que mudar os planos e ir para o sprint final, foi uma experiência muito bacana, parecia até prova olímpica!” Ivan Albano

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Não importa quem venceu, os dois já são grandes campeões

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IRONMAN BRASIL

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Foto: Wagner Araújo

A maior prova da América Latina consagrou seu maior vencedor , em um dia de exibição de gala dos brasileiros Guilherme Manocchio e Ariane Monticeli.


A prova masculina Um dia especial estava guardado para os brasileiros em Florianópolis. Tipicamente, anos ímpares reservam condições climáticas desafiadoras para os atletas em Jurerê Internacional. Este ano, os atletas acordaram com uma ameaça de ressaca, anunciada pelos meteorologistas. Às 6:40, 1.822 atletas de 34 países se alinharam para a largada do Ironman Brasil 2011, que aconteceu ao nascer do sol, às 07:00. O mar estava, inicialmente, plano e calmo, o que propiciou uma natação muito rápida para os melhores nadadores. Chicão Ferreira e Rafael Gonçalves imprimiram um ritmo alucinante e, já no primeiro retorno na areia, abriram uma vantagem de mais de 2 minutos sobre o grande nadador Rafael Brandão e 4 minutos sobre o grupo formado pelos argentinos Eduardo Sturla, Ezequiel Morales e Oscar Galindez. Ao final dos 3.800 metros, Felipe bateu o recorde do percurso da natação, com o tempo de 43:27. Logo atrás, Chicão fez o segundo melhor tempo da história, batendo o recorde dos atletas da elite em Jurerê (43:34).

Enquanto Chicão liderava, atrás Eduardo Sturla se destacava dos demais atletas, começando sua escalada para buscar a primeira colocação. Pedalando com uma cadência baixa e, literalmente, esmagando os pedais, Sturla conseguiu se distanciar do grupo no qual estava no início do pedal, alcançando Chicão pouco após o fim da primeira volta. “Sequer cogitei a possibilidade de acompanhar o Surla”, disse Chicão após a prova. “Ele passou como uma moto, estava muito, mas muito forte”, completou o atleta brasileiro. Outro grande ciclista argentino, Oscar Galindez (que

Foto: Wagner Araújo

Na primeira transição, Chicão (foto ao lado) assumiu a ponta e saiu para o pedal em um ritmo forte. Surpreendentemente, o atleta liderou a prova por mais 95 km, levando a torcida que acompanhava a prova ao delírio no retorno dos primeiros 90km de ciclismo. Todos se perguntavam: seria dessa vez que um brasileiro finalmente venceria o Ironman Brasil?

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Foto: Adriano Ramos Foto: Adriano Ramos

Manocchio teria um belo dia pela frente

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Foto: Adriano Ramos

“Não sou um super homem, apenas decidi aproveitar 100% do meu potencial porque todos nós temos um herói internamente. É só uma questão de deixá-lo sair.”

Foto: Adriano Ramos

Eduardo Sturla

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abandonaria a prova no km26 da maratona), também passou forte, levando com ele os brasileiros Guilherme Manocchio e Santiago Ascenço até alcançarem Sturla. “Em uma subida, tentei passá-los para dizer que estava ali e confiante. Fiquei 5 segundos na frente e o Sturla voltou a me passar voando”, disse Manocchio.

“Não contava com a força mental extraordinária do Eduardo. Neste momento, meu corpo sentiu também e as câimbras começaram a aparecer de forma intensa.”

Manocchio continuou em um ritmo muito forte, enquanto Santiago e Ezequiel Morales se poupavam para a maratona.

“Agradeço ao Guilherme Manocchio por me impulsionar a um novo e desconhecido limite do meu corpo. Não sabia que tinha tanto para dar. Festejo muito esse resultado não porque foi fácil, mas porque foi extremamente difícil”, foram

“ ‘Cara, vc conseguiu’ eu dizia a mim mesmo. Ano passado, passei devagar esse final de ciclismo e agora consegui a média que sonhei: 4h29min14seg pelos meus cálculos… Já estava muito feliz. Sem palavras!” - Manocchio A maratona de um Ironman é algo completamente imprevisível, e ninguém se arriscava a dar um progóstico de quem seria o vencedor, já que os grandes corredores Ezequiel Morales e Santiago Ascenço estavam poucos minutos atrás. No início da corrida, Sturla tinha 5 minutos de vantagem sobre Guilherme Manocchio, e muitas perguntas vinham à mente do público: será que Manocchio conseguirá correr bem após um pedal de 4:26:11? Será que Santiago Ascenço e Ezequiel Morales vão buscar todos na corrida? Será que Sturla conseguirá manter a liderança? Manocchio não demonstrou nenhum sinal de fraqueza no início da corrida e saiu em busca de Sturla. Passo a passo ele diminuía a vantagem do argentino. Próximo do km 35, Manocchio chegou a ver Sturla á sua frente, com a diferença caindo para 25 segundos apenas. Neste momento, Sturla mostrou porque é o maior campeão do Ironman de todos os tempos. Mesmo com toda a torcida a favor de Guilherme, Eduardo Sturla conseguiu se manter calmo e apertar o ritmo na hora necessária, de forma impressionante. “Eu estava apertando ao máximo, estava no limite”, afirmou Manocchio.

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as palavras do campeão, Eduardo Sturla, sobre a disputa com Manocchio.

A briga pelo terceiro lugar, entre Morales e Ascenço também foi acirrada. No final, o argentino radicado no Brasil cravou a melhor maratona do dia (2:48:46) e ficou com a 3ª colocação. Santiago Ascenço sentiu no final da maratona, mesmo assim manteve o quarto lugar no pódio. Apenas dez segundos atrás veio o australiano Chris McDonald. Keegan Williams foi o 6º colocado, Ciro Violin o 7º (1º de faixas etárias), seguido de Ivan Albano, do belga Benoit Bourget e de Chicão Ferreira. Ivan Albano ainda bateu um recorde: é o único atleta a ser 7 vezes top 10 no Ironman Brasil.


Foto: Wagner AraĂşjo

Sturla vence de forma brilhante

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Foto: Wagner AraĂşjo

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“Continuo aprendendo a cada momento, desejo que seja assim sempre. Pelo meu resultado estou muito empolgado, mas somente com trabalho duro daqui pra frente é que serei realizado como atleta, como estou nesse momento. Antes achava que era possível, agora sei disso. Não precisa nada além de dedicação, força de vontade e tentativas. Assim é a roda da vida. Espero agora continuar passando o exemplo de que é possível conseguir seus objetivos, sejam físicos, psicológicos ou materiais. Aquele seu emprego dos sonhos, a casa própria, uma família… Se realmente colocar toda a sua energia nisso e se for algo justo aos olhos de Deus você irá conseguir. Por que não?” Guilherme Manocchio

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Foto: Wagner AraĂşjo

Nossa homenagem a Garth Barfoot, que foi o Ăştlimo e o mais velho atleta (79) a cruzar a linha de chegada com 16:55:23, vencendo sua categoria, a 75-59.

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triathlon 750m . 20km . 5km Individual

t

Ciclismo

t

CATEGORIAS: DE 15 A 70 ANOS Mountainbike t Revezamento: 2 ou 3 atletas MONTE SUA EQUIPE!

Balneário Camboriú t Santa Catarina

Organização

Realização

Patrocínio

Apoio

natação com conforto

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Foto: Adriano Ramos

A liderança de Zelenkova durou pouco

A prova feminina A tcheca Lucie Zelenkova fez uma natação excepcional e conseguiu sair no grupo dos principais favoritos homens da prova, o que a ajudou a manter o ritmo durante as primeiras dezenas de quilômetros no pedal. As americanas e favoritas Hillary Biscay e Amy Marsh vieram, 2 e 4 minutos atrás, respectivamente. As primeiras brasileiras a terminar os 3.800 metros foram as amadoras Luciana Xavier Cunha e Thays dos Santos, com Ana Lídia Borba logo atrás, 6 minutos de Lucie. A principal representante do Brasil na prova, Ariane Monticeli, não fez uma boa natação, e só foi subir na bicicleta onze minutos depois de Lucie, mas tudo pode acontecer em um Ironman, inclusive nada, e o dia seria longo. No pedal, progressivamente, Amy começou a apertar o ritmo e se aproximar de Lucie. Com

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pouco mais de 10 minutos de ciclismo, a americana já tinha a liderança e sua velocidade só aumentava. Rapidamente, a maioria das mulheres de ponta estava andando com os melhores amadores, o que gerou alguns problemas com vácuo durante a prova. Mais atrás, Ariane Monticeli vinha em um passo forte, ultrapassando dezenas de amadores que estavam à sua frente. Fernanda Keller, retornando ao Ironman Brasil, após dois anos sem competir, não fez uma boa natação e tentou se recuperar na bike para tentar garantir uma boa posição na maratona, tipicamente o seu forte. O público presente em Jurerê vibrou muito quando Ana Lídia Borba, que quase perdeu a vida em um acidente de bike em 2009, chegou em 7º para a segunda transição. Neste momento, Amy Marsh liderava com 7 minutos de vantagem so-


bre Lucie Zelenkova, que estava 7 minutos à frente de Hillary Biscay e 11 minutos à frente de Ariane Monticeli, que passou a ser o foco da torcida brasileira em busca do terceiro lugar. A grande surpresa, até então, era brasileira amadora Ana Oliva, que foi a 5ª a sair para correr.

desabaria de chorar. Fiz o que realmente era capaz de fazer e não existem milagres: Eu treinei muito pra isso. Contei também com a sorte, deu tudo certo, sem pneu furado, nutrição perfeita durante a prova e um lindo dia.” Ariane terminou apenas 3 minutos atrás de Lucie, que ficou na segunda colocação.

Na corrida, Ariane deu tudo de si para conquistar o terceiro lugar. Passo a passo, a brasileira corria para fazer a melhor maratona do dia: 3h13:16.” Quanta emoção! Quanta gente torcendo! Se não me mantivesse concentrada,

A grande vencedora, Amy Marsh, declarou após a prova: “Foi uma prova bastante dura e o que foi determinante foi o ciclismo, já que não sai bem da água. Adorei estar aqui, pois o público te apoia o tempo todo e não para

Foto: Adriano Ramos

Amy Marsh esmagou os pedais

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de gritar”, adorei isso. “Eu quis participar no ano passado, mas perdi o prazo de inscrição. Por isso, este ano fiz em dezembro de 2010”. Muito querida pelo público brasileiro, Hillary Biscay fechou com muitas dores, na quarta colocação. Com apenas 3 anos de Triathlon, o fenômeno Ana Oliva terminou em 5º lugar geral, logo à frente de sua ídola Fernanda Keller. “No ano passado, fui para Florianópolis despretensiosa: não conhecia a prova, não conhecia as distâncias, nem sabia como meu corpo e minha cabeça reagiriam. Este ano, cheguei com um pouquinho mais de experiência, com base no ano anterior; o que não significa que me conheça, estou muito, mas muito, longe disto!”, afirmou Ana. “Como diria uma pessoa que admiro demais e que é um dos responsáveis pela minha evolução neste esporte e como pessoa: ‘É como uma escada: ano após ano, degrau por degrau. Não adianta pular etapas. Não existe milagre!’”, completou a melhor amadora da prova.

O dia ainda reserva muita emoção para quem assistia a prova em Jurerê. Ana Lídia Borba sentiu uma lesão na perna, mas não desistiu. Mesmo com muitas dores, caminhou boa parte da maratona, mas conseguiu cumprir seu objetivo que havia traçado quando ainda estava no hospital: voltar a correr provas de Ironman. Em um clima de emoção geral, com 12:05:02, Ana cruzou a linha, emocionando a todos que assistiam no funil de chegada. A mesma emoção permaneceu até a última atleta completar o Ironman Brasil 2011, Camila carvalho Leal, da 30-34, que completou um sonho em 16:49:28. Não importa o tempo, assim como Amy Marsh, ala é uma Ironwoman. MT

Após a prova, Ariane Monticeli, a melhor brasileira, declarou: “Todos que estavam ali presentes viram a realização de um sonho, na verdade a pequena ponta dele, pois, como sempre, começamos de baixo e vamos subindo degrau por degrau sem pular as etapas. Meu próximo desafio é o Ironman de Regesburg na Alemanha dia 7 de agosto, mais um degrau para a minha tão sonhada vaga para o Mundial de Kona, ainda acredito não ter conseguido os pontos suficientes para a vaga… Estarei de férias de vôos de 9 de junho a 8 de julho e minha intenção é treinar 4 semanas em Boulder para esse Iron, mas ainda não sei se vou ter grana pra isso.. volto aos vôos no mês de julho, treino aqui no Brasil e vou para esse Iron.”

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Foto: Adriano Ramos

Completaram o top 10 a brasileira Mariana Borges, a argentina Maria Soledad Omar, uma das atletas mais ovacionadas pela torcida em Floripa, a americana Kelzie Beebe e a brasileira amadora, e também grande destaque na prova, Lívia Bustamente.


Foto: Wagner AraĂşjo

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“Deus está vendo todo o meu esforço e que uma hora serei recompensada. Na verdade, sou recompensada todos os dias com saúde e pessoas muito especiais ao meu lado, esse amor não tem preço. Parabéns a todos que encararam esse desafio que é treinar e se dedicar para fazer um Ironman! Tenho muitos nomes que gostaria de mencionar aqui, mas ficará muito comprido!” Ariane Monticeli

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Foto: Wagner Araújo

Nossa homenagem a Camila Carvalho Leal, última mulher a cruzar a linha, com a mesma felicidade da campeã Amy Marsh.

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Foto: Wagner Araújo

Resultados - TOP 10 IRONMAN BRASIL 2011

Atleta

Cat.

País

Natação

Pace

T1

Bike

Vel.

T2

Corrida

Pace

Total

Eduardo Sturla

Elite

ARG

00:49:28

1:18/100m

00:02:37

04:22:16

41,2km/h

00:02:11

02:58:32

04:13/km

08:15:04

Guilherme Manocchio

Elite

BRA

**:**:**

**:**:**

**:**:**

04:26:11

40,6km/h

00:03:10

02:55:37

04:09/km

08:17:22

Ezequiel Morales

Elite

ARG

00:49:34

1:18/100m

00:02:28

04:38:35

38,8km/h

00:02:18

02:48:46

03:59/km

08:21:41

Santiago Ascenço

Elite

BRA

00:49:39

1:18/100m

00:02:50

04:39:33

38,6km/h

00:01:25

02:52:49

04:05/km

08:26:16

Chris Mcdonald

Elite

AUS

00:49:52

1:18/100m

00:02:35

04:33:24

39,5km/h

00:02:05

02:58:30

04:13/km

08:26:26

Keegan Williams

Elite

NZL

00:49:57

1:18/100m

00:02:46

**:**:**

**:**:**

**:**:**

03:01:20

04:17/km

08:39:12

Ciro Violin

30-34

BRA

00:51:15

1:20/100m

00:03:26

04:49:03

37,4km/h

00:02:43

03:04:22

04:22/km

08:50:49

Ivan Albano Junior

Elite

BRA

00:49:43

1:18/100m

00:04:09

04:40:56

38,4km/h

00:02:36

03:13:26

04:35/km

08:50:49

Benoît Bourguet

30-34

BEL

00:50:00

1:18/100m

00:03:09

04:40:34

38,5km/h

00:02:28

03:16:09

04:38/km

08:52:20

Chicão Ferreira

Elite

BRA

00:43:34

1:08/100m

00:03:38

04:47:43

37,5km/h

00:03:09

03:15:02

04:37/km

08:53:06

Amy Marsh

Elite

EUA

00:52:59

1:23/100m

00:03:33

04:50:41

37,2km/h

00:02:13

03:20:15

4:44/km

09:09:41

Lucie Zelenkova

Elite

CZE

00:49:23

1:17/100m

00:03:02

05:00:35

35,9km/h

00:01:57

03:21:18

4:46/km

09:16:15

Ariane Monticeli

Elite

BRA

01:00:12

1:35/100m

00:03:44

05:00:15

35,9km/h

00:01:50

03:13:16

4:34/km

09:19:17

Hillary Biscay

Elite

EUA

00:51:11

01:20/100m

00:03:11

05:06:04

35,3km/h

00:03:12

03:31:28

5:00/km

09:35:06

Ana Oliva

30-34

BRA

00:57:23

1:30/100m

00:04:29

05:04:06

35,5km/h

00:03:13

03:34:11

5:04/km

09:43:22

Fernanda Keller

Elite

BRA

01:01:54

1:37/100m

00:04:36

05:11:00

34,7km/h

00:03:30

03:28:55

4:57/km

09:49:55

Mariana Borges

Elite

BRA

00:57:56

1:31/100m

00:04:12

05:10:38

34,8km/h

00:01:33

03:37:14

5:08/km

09:51:33

Maria Soledad Omar

Elite

ARG

00:55:47

1:28/100m

00:03:42

05:12:59

34,5km/h

00:02:29

03:38:14

5:10/km

09:53:11

Kelzie Beebe

Elite

EUA

00:59:47

1:34/100m

00:03:53

05:11:51

34,6km/h

00:02:38

03:45:35

5:20/km

10:03:44

Lívia Bustamante

30-34

BRA

01:02:50

1:39/100m

00:03:32

05:07:55

35,1km/h

00:02:06

03:49:17

5:26/km

10:05:40

Masculino

Feminino

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Foto: Wagner AraĂşjo

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Quem são os atletas de faixas etárias que brilharam em Floripa?

Foto: Wagner Araújo

Por Rodrigo Cury

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TOP

AMADORES Ana Oliva, Benoit Bourguet, Ciro Violin, Leonardo Moreira, Lívia Bustamante e Thays dos Santos foram os nomes que roubaram a cena em Florianópolis este ano. Esses atletas mostraram mais uma vez o nível em que o esporte amador está, e que para chegar onde chegaram foi necessário muito treino, dedicação e amor ao esporte. Confira quem são, o que fazem e como foram os preparativos e a prova para chegar ao TOP 3 amador do Ironman Brasil 2011

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Foto: Wagner Araújo

Ciro Violin: 8:50:49 - 1º amador - 6º geral 50

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NOME: Ciro Violin - Leme/SP IDADE: 30 POSIÇÃO DO IMBR 2011: 1º amador - 1º 30-34 TEMPO DE TRIATLO: 17 anos O QUE FAZ: Manutenção de máquinas numa empresa de Bebidas TÉCNICO: Não tem TEMPO NO IMBR 2011: 8h50:49

No triathlon há mais de uma década e meia, o atleta da cidade de Leme, interior paulista é velho conhecido de todos por estar constantemente participando de provas, além de ser um de nossos colunistas nesta revista. Tanta bagagem e experiência lhe rendeu a primeira colocação na categoria 30/34 no ultimo mundial de Ironman, quando cravou incríveis 8h54min na Big Island. Este ano, Ciro já tinha a vaga para o mundial assegurada, mas treinou como se não a estivesse. Treinos diários nos três períodos, muita disciplina e determinação foram alguns dos ingredientes que o levaram a conquistar o primeiro lugar amador do Ironman Brasil 2011. Treinos que chegaram a 250 km de pedal e 42 km de corrida podiam parecer loucura para os que acompanhavam sue Diário de Treinamento no portal Mundotri.com.br antes do Ironman Brasil, mas sua experiência e auto conhecimento provaram que ele está no caminho certo. Durante a prova deste ano, o atleta conta que sentiu-se bem por mais de 80% do percurso. Como ponto alto da prova, Ciro destaca o nascer do sol na hora da largada. E o ponto baixo foi ter largado mal posicionado e errado um pouco a navegação. O triatleta que vai competir pela terceira vez na Big Island, espera pelo menos repetir sua marca de 8h54 obtida em 2010.

”Espero fazer o Hawaí, pelo menos no mesmo tempo que fiz ano passado (8h54). Se eu consegui alcançar mais uma vez esse tempo, eu ficarei extremamente feliz. Mas é claro que cada prova é uma prova, e coisas boas e ruins podem acontecer.”

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Foto: Wagner Araújo

AnaOliva: Oliva:9:43:49 9:43:22--1ª 1ªamadora amadora--5ª 5ªgeral geral Ana 52

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NOME: ANA OLIVA - São Paulo/SP IDADE: 29 ANOS POSIÇÃO DO IMBR 2011: 1º lugar amador geral - 1ª 30-34 TEMPO DE TRIATHLON: 4 anos O QUE FAZ: Administradora

TEMPO NO IMBR 2011: 9h43:22

Aninha, como é conhecida pelos amigos, pratica esportes desde cedo, tendo experimentado diversas modalidades até entrar para a natação e começar a levar o esporte mais a sério. O resto vocês já devem imaginar... A estreia no Ironman aconteceu em Florianópolis, no ano passado, quando fez 10h03min e alcançou a sétima colocação geral entre as mulheres, sendo a primeira brasileira a cruzar a linha de chegada. A triatleta que treina no Esporte Clube Pinheiros, passou por uma cirurgia no ombro no final do ano passado e teve que ficar dois meses parada. Os treinos para o IMBR 2011 começaram mesmo em janeiro, quando iniciou um período de base/adaptação. Sua preparação resumiu em seis a sete dias por semana, dois períodos por dia. Os treinos foram dividisos em natação de cinco a seis vezes, somando um total de 14 a 15 mil metros por semana. os treinos de bike aconteciam de três a quatro vezes, sendo uma delas spinning, e com um volume semanal que chegou no máximo a 300 km. Na corrida, os longos não passaram de 28 km, com 70 a 80 km de média por semana, de três a quatro vezes.``tinha um sonho... sonho de voltar para o Hawaí, então treinei todos o dias pensando no meu objetivo. Sabia que seria difícil conquistar a vaga novamente, mas não impossível´´,disse a atleta, que achou esta edição mais dura que a do ano passado. Aninha conta que nadou três minutos mais alto que em 2010, entregou a bike em 5h08min, oito minutos mais forte em relação ao ano anterior. A corrida foi o ponto mais alto de sua prova, onde conseguiu manter um pace de 5min07s´por quilômetro, fechando os 42 km em 3h35min (dez minutos a menos que em 2010).

”Sinceramente, não esperava fechar a prova em 9h43’22’’. Na minha cabeça, queria quebrar as 10h, já que ano passado tinha feito 10h03’.´Treinei… treinei... treinei! e evoluí... realmente NÃO TEM SEGREDO!”

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Foto: Adriano Ramos

Benoit Bourguet: 8:52:20 - 2ยบ amador - 9ยบ geral 54

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NOME: Benoit Bourguet - Mont-St-Guilbert - Bélgica IDADE: 32 anos POSIÇÃO DO IMBR 2011: 2º geral amador - 2º 30-34 TEMPO DE TRIATHLON: 14 anos O QUE FAZ: Professor de ciências humanas e guia de uma agência de turismo de aventura TÉCNICO: NÃO TEM TEMPO NO IMBR 2011: 8h52:20

O belga Benoit Bourguet, até então pouco conhecido entre os brasileiros, já foi atleta da ITU entre os anos 2005 e 2007 e chegou a disputar o circuito europeu ao lado de nomes como o espanhol Ivan Rãna e do italiano Daniel Fontana. Em 2008, migrou para as provas de longa distância e correu o Ironman Nice, na França, onde se classificou para o mundial do Havaí. No ano seguinte, resolveu encarar o Embruman, uma das provas mais difíceis do mundo nas distâncias Ironman, com elevações que chegam a 38º de inclinação no ciclismo. Para este ano, Bourguet colocou como meta chegar entre os top 15 geral do Ironman Brasil e sabia que com isso teria grande chances de conseguir a vaga. Nada mal para quem chegou na 9ª colocação geral da prova, ficando atrás apenas de Ciro Violin no amador. O Belga tem no pedal seu ponto mais forte e conta que treina constantemente nas montanhas de seu país, e que isso ajuda a ter mais potência. Os treinos de natação são realizados em alguns dos clubes de triathlon de sua região. A corrida é feita na pista de atletismo próxima à sua casa, e os longos em algumas das trilhas disponíveis em sua cidade. Benoit diz ter sentido um pouco o calor na corrida, mas nada que não fosse esperado se tratando de um Ironman no Brasil. O belga divide suas tarefas de professor de ciências humanas e guia de uma agência de viagens de aventura com os treinos, que costuma realizá-los em três períodos por dia alternando entre natação, ciclismo ou corrida e musculação. Sua cidade é pequena e possui uma logística muito boa para treinar.

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Foto: Adriano Ramos

Oliva: 9:43:22 - 1ª-amadora - 5ª- geral LíviaAna Bustamante: 10:05:40 2ª amadora 10ª geral 56

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NOME:Lívia Bustamante da Rocha Mendes - Petrópolis/RJ IDADE: 29 POSIÇÃO DO IMBR 2011: 2º geral amador - 2ª 30-34 TEMPO DE TRIATHLON: 7 anos O QUE FAZ: nutricionista TÉCNICO: Raul Furtado TEMPO NO IMBR 2011: 10h05:40

Conhecida por estar sempre se destacando nas provas nacionais, a carioca que mora em Petrópolis descobriu o triathlon em 2004 para fugir da monotonia das aulas indoor da academia. Começou a treinar com a equipe da Unicamp e meses depois correu sua primeira prova. Dé lá para cá foram sete anos ininterruptos de ciclos de treinamento e dezenas de provas realizadas. Neste ano, os treinos para o Ironman Brasil começaram no meio de janeiro e o objetivo era a classificação para o mundial. Os treinos foram divididos em horários adaptados, cerca de quatro horas por dia, de acordo com as consultas de nutricionista que presta em três academias diferentes. Lívia, que tem três Ironman Brasil (2008, 2010 e 2011) esperava ter feito um pedal mais forte este ano, mas as condições da prova não foram as melhores de acordo com a atleta. A atleta, que vai tentar a vaga no Ironman Cozumel em novembro deste ano, terá pela frente o Ironman 70.3 Penha em agosto e outras provas que ainda não definiu.

”Achei minhas parciais muito boas, dentro das condições de prova deste ano. Gostaria de ter feito um pedal melhor mas o vento e o excesso de “pelotões” atrapalharam muito meu ritmo. Minha natação piorou, mas naquelas condições de mar, acho que saí no lucro (moro na serra e nunca treino no mar) e pela primeira vez fiz a maratona abaixo de 4h! Isso me deixou realmente feliz!, apesar de ter corrido com contratura nas duas coxas nos 12 km finais.”

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Foto: Wagner Araújo

Confira o especial sobre o treinamento do Leonardo na página 74

Leonardo Campos Moreira: 9:05:30 Ana Oliva: 9:43:22 - 1ª amadora - 5ª geral 3º amador - 14º geral 58

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NOME: Leonardo Campos Moreira - BH/MG IDADE: 42 anos POSIÇÃO DO IMBR 2011: 3º Lugar amador - 1ª 40-44 TEMPO DE TRIATLHON: 25 anos O QUE FAZ: Empresário TÉCNICO: Vínicius Dias Santana - ironguides TEMPO NO IMBR 2011: 9h05:30 Com uma trajetória que começou aos 16 anos de idade, quando correu a primeira maratona, o mineiro de Belo Horizonte estreou no triathlon em 86 e desde então viveu experiências únicas no esporte. Correu o Bud Light U.S Triathlon da USTS em 1991, quando Dave Scott ganhou e um garoto de 18 anos ainda desconhecido chamado Lance Armstrong havia sido o segundo. Neste mesmo ano, entrou para a seleção brasileira nas categorias de faixas etárias e correu os mundiais da Austrália 1991 e Canadá 1992. Mas o melhor aconteceu meses antes do Ironman Brasil 2011, quando Leonardo e seu companheiro de treino, Gustavo Moniz (que também se classificou para Kona), resolveram comprar as passagens para Kona antes mesmo da disputa em Florianópolis. A confiança era tanta, que Leonardo e o amigo agilizaram toda a parte logística muito antes da prova. Para eles os treinos começaram 10 meses antes. A rotina de horários era sempre apertada e os treinos tinham que ser todos realizados pela manhã, divididos em três modalidades por semana. Natação no Minas Tênis e ciclismo na avenida Tereza Cristina durante a semana. Nos fins de semana eram feitos na BR 040. A corrida foi toda realizada no bairro Belvedere, que fica cerca de dez minutos trotando de sua casa.

”Fiz uma natação boa. Comecei o pedal me sentido fraco. Fui me alimentando e o ritmo foi encaixando e terminei bem forte. Fiquei muito satisfeito com minha corrida. No km 26 veio um cara por trás e perguntou qual era minha categoria. Eu respondi e ele falou que era da mesma. Neste momento desejei uma boa prova a ele e apertei o ritmo. Acho que era tudo o que eu precisava naquele ponto. Fiz a última hora da prova muito forte. Acho que esse cara ( Tomas ) chegou menos de um minuto atrás. Foi realmente a hora mais difícil da prova, mas que provou o quanto eu estava preparado.Esse resultado foi muito inesperado. Terceiro Geral amador. Realmente foi uma surpresa muito boa.” MundoTRI.com [junho 2011]

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Foto: Adriano Ramos

Confira a entrevista com Thays, na seção Belas e Feras na página 68

Ana 9:43:22 - 1ª-amadora - 5ª- geral Thays dosOliva: Santos: 10:14:45 3ª amadora 11ª geral 60

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NOME: Thays dos Santos IDADE:22 POSIÇÃO DO IMBR 2011: 3ª amadora - 1ª 18-24 TEMPO DE TRIATHLON: aprpx. 6 anos O QUE FAZ: Comerciante TEMPO NO IMBR 2011:10h14:45 TÉCNICO: San Palma

Logo em sua estréia em provas de Ironman, a santista Thays dos Santos conquistou a 1ª colocação na categoria F 18/24, 3º geral amador e se classificou para o mundial com 10h14. Os treinos foram focados mais no ciclismo e na natação, apesar da corrida ser o ponto fraco da atleta. Thays , que divide a rotina de triatleta com o trabalho no comércio da cidade Santos, litoral paulista diz que apesar de todas as dificuldades em conciliar o esporte e o trabalho, queria a vaga de presente, mas não esperava ficar nem entre as top 30 no feminino. A experiência foi inesquecível para a atleta, que pretende voltar ainda mais forte no ano que vem. Thays, como na maioria dos casos, começou na natação e foi conhecer o triathlon através de dois primos que treinavam e corriam as provas de triathlon em Santos. De quatro anos para cá, foram alguns altos e baixos, desde a opção por tentar se profissionalizar, até os constantes pensamentos em desistir do esporte. ‘’Depois de tanta coisa boa que essa prova me trouxe, meus planos no triathlon mudaram, fiquei mais empolgada , me renovei. Estou inscrita para o IM 2012 e quero melhorar esse feito agora. Sei que tenho potencial para ir muito mais longe.’’ A prova foi aquele dia perfeito de acordo com a atleta, ‘’ Tudo foi abaixo do que esperava. Minha natação foi ótima, nadei pra 54 minutos e fui a 5ª mulher a sair da água, não forcei muito pois queria estar inteira para pedalar,. O ciclismo foi sensacional, com alguns quilômetros peguei a única brasiliera que tinha na minha frente e ali me mantive até quase o km 80. Foi inspirador saber que até quase a metade do ciclismo estava na frente de todas as brasileiras da prova. Entreguei a bike em 7ª no geral com o tempo de 5h14. A corrida eu sabia que ia ser difícil, mais consegui mais que isso, consegui minha meta de não andar na prova, e agüentei correr os 42 km. Andei apenas na “subidinha” de Canasvieiras. Fechei a corrida com o tempo de 4h03, mais foi a parte mais gostosa da prova, pois via meus familiares o tempo todo, eles fizeram a maior bagunça na prova toda vez que eu passava, sem contar que toda vez que eu cruzava com a minha família, eles ligavam o rádio para eu escutar meu pai gritando “vamos nega”. O que me deu força para continuar “forte”. Essa prova foi a melhor lembrança, o melhor resultado e o melhor presente que o triathlon já me deu.’’

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Ana Lídia Borba A importância da força mental para completar um Ironman MundoTRI.com [junho 2011]

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O que é o triathlon? E esse tal de Ironman? Por que você começou a fazer triathlon e, sabendo que é loucura o suficiente treinar três modalidades, o que te passou pela cabeça que te levou a fazer um Ironman? Muitas pessoas sabem que o triathlon é um esporte composto por natação, ciclismo e corrida, executados sequencial e ininterruptamente. O Ironman, por sua vez, é uma prova de triathlon (com marca registrada e muito valiosa, por sinal) que exige que os seus participantes completem 3.8km de natação, 180km de ciclismo e 42.2km de corrida, totalizando incríveis – para os leigos – 226km ou 140.6 milhas. Para este evento, os atletas costumam concordar que a nutrição é a quarta disciplina a ser treinada e administrada. Mas, mesmo entre estes atletas, poucos são os que dão a devida ênfase ao quinto componente – e talvez o mais importante – da execução de um Ironman: a força mental. A força mental pode ser definida como uma atitude mental positiva, ou seja, a adoção de uma postura enérgica e positiva como reação a qualquer situação, planejada ou indesejada. Considerando que o Ironman é uma prova que dura entre oito e 17 horas, é bastante provável que o atleta encontre obstáculos ao longo do dia e a forma como ele lida mentalmente com essas situações pode ser a diferença entre completar ou não a prova, conquistar ou não um

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objetivo traçado. Apesar da existência de vários estudos, pouco se entende verdadeiramente sobre as conexões psicossomáticas – as respostas físicas geradas pelos pensamentos –, mas é consenso que “onde a mente vai, o corpo segue”. A partir do momento que você se comprometeu a fazer um Ironman, você trabalhou diversos fatores diariamente: motivação, dedicação, foco, gerenciamento de tempo, estabelecimento de metas, etc. Esses fatores são, de maneira geral, valores que você carregará para todos os campos da sua vida, e são eles que normalmente “justificam” a opção por tamanho comprometimento com um hobbie. E como resposta a todas as atitudes mentais que você tomou desde que se propôs esse desafio, seu corpo se modificou, se fortaleceu e se condicionou para resistir às exigências físicas da prova. Ou seja, seu corpo seguiu a sua mente. O dia da competição não é diferente. Apesar de os padrões de movimento, ritmo e frequência cardíaca estarem automatizados, você encontra obstáculos ao longo do dia. Esses desafios aparecem na forma de um mar mexido, de um pneu furado, problemas com a alimentação, dores, câimbras, lesões, ou simplesmente a sensação de que você não tem forças para dar mais nem um passo. Tudo isso acontece com qualquer um – calouro na distância ou profissional especialista.


A importância da força mental para completar um Ironman

Acontece. No entanto, se as condições da prova podem ser definidas pela sorte, o impacto que elas têm sobre o resultado final depende única e exclusivamente do atleta. Um pneu furado pode representar cinco minutos a mais no fim do dia; ou você pode tentar recuperar esses cinco minutos nos próximos noventa quilômetros, ficar sem energia após 30km de corrida e aumentar em uma hora o seu tempo total. Da mesma forma, uma lesão durante a maratona

pode te impedir de continuar correndo; terminar a prova caminhando ou abandoná-la depende apenas da sua estrutura psicológica, da sua força mental. Alguns podem se perguntar se vale a pena terminar uma prova caminhando, sentindo dores ou não atingindo uma expectativa de tempo. Eu acho que depende. Depende se você é um profissional e tem a possibilidade de aproveitar a forma física em outra prova dentro de algumas semanas, na qual você

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A importância da força mental para completar um Ironman

pode se sair melhor ($), ou se estar no Ironman é o principal desafio. Depende se você está colocando em risco a sua saúde, ou se está enfrentando dores de uma lesão que poderá ser tratada com calma a partir do dia seguinte. Depende se você chegou até ali sozinho, sem a ajuda de ninguém, ou se esse desafio foi abraçado por várias pessoas – incluindo seus pais, cônjuges, amigos e até torcedores que você nem conhecia. Depende muito! Então, quando se deparar com um desafio inesperado (isso não é restritivo ao triathlon), pergunte-se primeiro: por que quero passar por isto? É bem provável que a resposta seja automática – é melhor que você tenha pensado nisso antes de se comprometer. Se for mesmo, você tem um bom motivo para se questionar: como? Há várias técnicas que podem ser praticadas, mas normalmente é um processo intuitivo. Cada pessoa se motiva de um jeito diferente, cada situação exige uma resposta única. Por exemplo: se você estiver ansioso ou sentindo dores musculares, pode conversar consigo mesmo. Uma dica: se o seu “interlocutor interno” for otimista e positivo, é bem provável que ele consiga melhores resultados, motivando uma resposta positiva do seu corpo. Pensamentos negativos – do tipo “não consigo” – devem ser afastados o mais rápido possível.

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Você também deve se sentir fisicamente mal em algum momento do dia (não é uma questão de “se” vai acontecer, mas de “quando” vai acontecer), mas saiba que vai passar. Tenha um plano para focar em outra coisa quando isso acontecer e siga em frente. Eventualmente você vai melhorar. Pode ser necessário parar por alguns minutos, para soltar uma câimbra ou retomar o ritmo certo. Então, pare. Respire, retome o foco e continue. Tenha sempre em mente a razão pela qual você está fazendo o Ironman e dê a prioridade adequada aos seus objetivos. Os objetivos podem, e devem, ser ajustados ao longo dos treinos e da prova; a motivação é o que vai te empurrar quando as coisas ficarem difíceis. Seja grato por estar fazendo o Ironman, por ter conseguido superar todas as dificuldades dos treinos e pela oportunidade de testar os seus limites em uma belíssima festa do esporte. Divirta-se, sinta orgulho dos seus esforços e sorria: alguns estudos mostram que o ato de sorrir, mesmo quando não ligado ao estado mental de felicidade, pode resultar em pensamentos positivos e energia – seria este o segredo de Chrissie Wellington? E se, apesar das adversidades, você decidir que vale a pena continuar, lembre-se: a dor é passageira, o orgulho é para sempre.MT


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Belas e Feras

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Ela venceu a categoria 18-24 e foi a grande vencedora do Prêmio Os Melhores do Ironman Brasil, de realização MundoTRI e Kona Bikes e apoio Saucony e 3A Distribuidora. A comerciante Thays dos Santos (22) venceu a melhor bike e o melhor tempo geral em relação à sua categoria no Mundial de Ironman dos últimos 3 anos. Tudo indica que ela ainda buscará um pódio no Havaí este ano. A fera santista conversou com nosso editor, Wagner Araújo, sobre a prova, o que vem pela frente e seu relacionamento com o triatleta profissional, Marcus Vinícius Fernandes. MundoTRI.com [junho 2011]

Foto: Wagner Araújo

“Essa prova me renovou, foi o momento mais bonito que tive com o triathlon, pois realizei um sonho meu e do meu pai.“


MundoTRI: Thays,você já pratica Triathlon há muito tempo? Como foi seu início no esporte? Thays dos Santos: Pratico triathlon há sete anos. Iniciei na natação e sempre fiz por prazer. O triathlon é um obstáculo a cada prova e isso é desafiador. No momento, estou no longa distância, o que tem me dado mais resultados, e na minha opinião é muito mais prazeroso completar uma prova dessas. MundoTRI: Você é noiva do triatleta profissional, Marcus Vinícius Fernandes. Como essa relação a ajudou no desempenho no Ironman Brasil? Thays dos Santos: Ajudou muito. Ele é atleta de alto rendimento e eu sou amadora. Tenho um ciclismo bom, o que me favoreceu, pois me matava nos treinos para acompanhá-lo. Na corrida, sempre que podia ele me puxava, me fazia fazer força e treinar em percurso com bastante subidas. Ele me deu várias dicas de alimentação, descanso e por ter muito mais experiência do que eu, ele me ajudou em tudo. MundoTRI: Como foi seu dia-a-dia de treinos para o Ironman Brasil? Você fez uma preparação na Europa também, certo? Thays dos Santos: Sim, fiquei o período mais importante dos treinos em Portugal, de 11 de março a 11 de maio. Os treinos foram difíceis e puxados, treinava natação e ciclismo quase todos os dias e já que eu tinha certa facilidade nessas duas modalidades, reforcei-as para ganhar vantagem na prova, pois eu sabia que uma das meninas que brigaria comigo pela vaga tinha desvantagem nas mesmas, mas me daria ralo na corrida. Eu tinha que abrir um bom tempo para garantir a vaga. E foi o que aconteceu. Um mês antes do Ironman Brasil fiz um meio Iron para ver como eu estava. Essa prova me deu um resultado empolgante: Sai em 2ª da água, mantive um ciclismo fortíssimo, sai para correr em 3ª geral, porém na corrida perdi algumas posições, mas acabei entre as 10 primeiras e 2ª na minha categoria. Agradeço ao meu Professor San que me deu total atenção e me ajudou nos treinamentos.

MundoTRI: Você acredita que o Ironman foi o momento mais marcante de sua carreira esportiva? Quais outros momentos são inesquecíveis para você? Thays dos Santos: Essa prova me renovou, foi o momento mais bonito que tive com o triathlon, pois realizei um sonho meu e do meu pai. A prova é linda! É um obstáculo completar um Ironman para todo mundo que faz triathlon, e completar como TOP 10 e ainda conseguir a vaga para o Ironman do Havaí logo na minha primeira participação, foi emoção demais! Tive outro momento o qual guardo com muito carinho, que foi o mundial de longa distância, na Alemanha, ano passado, onde fui vice-campeã e essa prova foi um marco na minha vida que não esquecerei jamais, principalmente porque tive muitos problemas antes da largada, mas superei tudo e fiz uma linda prova. MundoTRI: Você fez uma natação espetacular no Ironman Brasil. Muitos triatletas acreditam que a natação não é tão importante em provas longas. Qual sua visão sobre isso? Thays dos Santos: Bobagem! O triathlon é NADAR, PEDALAR E CORRER, você tem que saber fazer os três. Muitas pessoas dizem: “ela só nadou e pedalou, mas não correu nada”. E daí? Isso é TRIATHLON! Consegui esse tempo, essa vitória, graças à minha natação e ciclismo. E graças à natação, consegui sair tranquila, não peguei “muvuca” na transição, tinha todos os staffs para tirar minha roupa de borracha e consegui manter meu ciclismo forte porque na minha frente só tinha fera e isso me deu forças para me manter ali. Achei o máximo estar na frente! MundoTRI: Thays, você venceu nada menos que dois Prêmios dos Melhores do Ironman Brasil 2011, bike e tempo total (e só não venceu a natação porque o recorde da prova foi quebrado pelo Felipe. Você acredita em um pódio no mundial de Ironman no Havaí? Thays dos Santos: Os prêmios do MundoTRI me emocionaram porque mostrou meu valor e meu potencial, não pelo que ganhei, mais foi uma forma de reconhecimento por todo meu esforço.

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Foto: Adriano Ramos

“O triathlon é NADAR, PEDALAR E CORRER, você tem que saber fazer os três.“

Até então não tinha entendido direito que fiz uma prova acima do normal para uma estreante em Ironman. No Havaí, vou acreditar que isso é possível. Vai ser um sonho, e não sei quando vou conseguir competir de novo por lá, então vou fazer o melhor que puder para trazer um pódio e vou treinar para buscar o lugar mais alto. O que vier, é lucro. Já estou muito satisfeita apenas por largar nessa prova, vai ser uma honra competir com os melhores Ironmans do mundo. MundoTRI: Acredito que você não tenha se encontrado muito com suas amigas que não

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são atletas neste primeiro semestre. O que elas pensam de sua rotina? Thays dos Santos: Amigas? Eu tenho as melhores amigas, companheiras e parceiras que são minhas irmãs, essas são minhas verdadeiras amigas que sempre me ajudam quando preciso. Cobrem-me na loja e me dão a maior força para continuar. Além delas, claro, tenho amigas que me acham maluca, pois não saio, não vou a festas e nem ao aniversario delas... Mas elas estão sempre torcendo e mandando mensagens para eu continuar, em fim, entendem que minhas escolhas me fazem


Foto: Adriano Ramos

feliz. Eu abro mão de amigos e de muita coisa, mas vale à pena! MundoTRI: E sua família? Thays dos Santos: Minha família é sensacional, fizeram até camisetas para o Iron. Eles estão sempre me incentivando e me ajudando e por isso posso dizer que eles são minha BASE no triathlon. Às vezes, desanimo com o cansaço e o stress me faz ficar com raiva, querer parar, mas eles estão sempre me lembrando quantas coisas boas o triathlon me trouxe e continua me trazendo a cada dia. Minha família nunca me deixa desistir. MundoTRI: Como você lida com as complicações de ser mulher durante os treinos, como período menstrual, cabelo e a cobrança da sociedade em geral para estar sempre arrumada? Thays dos Santos: Eu não sou a pessoa mais apropriada para falar de mulher x triathlon. Meu namorado até fica bravo comigo porque viajo para competir de salto altíssimo, vestido e uma mala enorme. Não pareço nada com uma atleta e sou muito vaidosa, isso o triathlon não vai conseguir tirar de mim, rsrsr. Acredito que mulher tem que se vestir como uma mulher e ser assim não me

atrapalha em nada nas competições. Quanto à parte de período menstrual, não sou do tipo que sofre com isso, então, não posso reclamar. MundoTRI: As provas de Triathlon ainda contam com muito menos mulheres do que homens, você vê um motivo especial para isso? Thays dos Santos: Essa é uma pergunta interessante, pois eu acho que, em termos gerais, as mulheres são muito mais fortes do que os homens. Conseguem driblar as dificuldades do dia a dia melhor do que eles. Então fica aqui a minha pergunta, por quê? MundoTRI: Thays, por fim, o que gostaria de dizer para as mulheres que assistiram o Ironman Brasil e ficaram com vontade de largar? Thays dos Santos: Arrisquem! Depois que cruzarem aquele pórtico, nunca mais vão querer parar. É uma recordação para a vida toda! É emocionante! Treinar para o Ironman nos traz muitos obstáculos e ensinamentos que só quem passa sabe do que estou falando. Não é apenas uma prova de Ironman, é uma lição de vida! MT

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Foto: Adriano Ramos

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“Em termos gerais, as mulheres são muito mais fortes do que os homens. Conseguem driblar as dificuldades do dia a dia melhor do que eles. Então fica aqui a minha pergunta, por quê?”


Confira os vencedores

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Como transformar um atleta bom em um atleta excelente Por Vinícius Santana

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Foto: Wagner Araújo

< A estratégia de treinos de Leonardo Moreira, Campeão Ironman Brasil 2011 M4044, que tinha 9h22 no Ironman Brasil 2009 e conseguiu chegar a 9h03 em 2011.


Quando um atleta vem melhorando de forma gradativa, passando de 10h56min a vencer a categoria M4044, aos 40 anos de idade, com o tempo de 9h22min, um desafio surge tanto para o atleta, quanto para seu treinador: Como melhorar uma excelente marca como essa? Qual modalidade será o foco quando as parciais são 1h na natação, 5h10min no ciclismo e 3h08min na corrida (além de duas transições rápidas)? E o principal: Como superar o fato que quando se passa dos 40 anos, existe um declínio na produção de hormônios que são diretamente ligados a performance? Essa foi a situação que enfrentei como treinador do Leonardo Moreira após o Ironman de 2009. O objetivo principal seria uma classificação para o Havaí no Ironman Brasil de 2011. Os detalhes abaixo descrevem estratégias utilizadas que o levaram à vitória do age group M40-44, aos 42 anos de idade, com o excelente tempo de 9h03min.

Natação A natação para o age grouper de performance é de extrema importância. Ainda existe uma cultura que analisa a natação como apenas 10% do tempo final da prova, o que não justificaria investir muito tempo e energia nesta modalidade, e sim no ciclismo e na corrida. Porém, o quão rápido você nada tem um enorme peso estratégico no resultado final da prova. Começando pela quantidade de atletas que estão à sua volta nos primeiros metros após a largada e quando se tem uma largada forte, as chances de contato físico com outros nadadores são menores do que o nadador que faz a natação do Ironman em torno de 1h10min a1h20min.

No Ironman de 2009, Leonardo nadou para pouco acima de 1h, e o objetivo para 2011 foi de abaixar este tempo em 3 a 4 minutos, o que não parece muito, mas são dois grupos diferentes de nadadores. A missão foi cumprida com a parcial de 56 minutos.

Foto: Adriano Ramos

Outro benefício é nadar em um grupo que conta com atletas experientes e que provavelmente irão seguir um rumo reto, ou terão melhores chances de vencer problemas com correntezas do que o atleta iniciante.

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“A natação para o age grouper de performance é de extrema importância. Ainda existe uma cultura que analisa a natação como apenas 10% do tempo final da prova, o que não justificaria investir muito tempo e energia nesta modalidade, e sim no ciclismo e na corrida. Porém, o quão rápido você nada tem um enorme peso estratégico no resultado final da prova.”

Os treinos para atingir esse tempo começaram em 2009, e fizemos um foco na modalidade da natação por cerca de 10 meses, pois esse é o período que um atleta precisa para ter uma evolução significativa na natação. Como o atleta em questão não tem um histórico na modalidade da natação, é importante trabalhar com séries em que a técnica seja mantida e a velocidade esteja sempre acima do ritmo de prova, para isso é interessante cair na piscina com uma maior frequência, mas mantendo o volume total dos treinos relativamente curtos.

Ciclismo

E por último, porém de grande importância, foi arriscar e fazer um ciclismo mais forte, e confiar nos treinos e experiência que a corrida não sofreria com isto.

Corrida Assim como no ciclismo, chega-se um ponto em que é difícil correr muito mais rápido que a parcial do ironman de 2009, que foi de 3h08.

O maior desafio para o atleta amador é disponibilidade de tempo ou locais apropriados para os treinos de ciclismo. O rolo vira uma opção fundamental nos treinos do atleta que tem compromissos profissionais ou familiares, pois é extremamente eficiente considerando que não existe tempo de deslocamento para executar o treino.

Um dos maiores desafios é evitar lesões que vêm do excesso da carga de treinos, portanto treinos de corrida precisam ser cuidadosamente elaborados para cada atleta, nada de “junk miles” mas ao mesmo tempo é importante fazer volume suficiente para que durante a prova não falte endurance e intensidade para aumentar a eficiência aeróbica do atleta.

Outro ponto fundamental para evoluir de uma parcial de 5h10min para 5h01min foi simular situações de prova como incorporar tiros nos longos de ciclismos ou um treino progressivo com uma série de força ao final, para simular o vento contra que sempre está presente no ultimo terço de prova do Ironman Brasil.

A melhora de 3 minutos (para uma parcial de 3h05 em 2011) vem basicamente da melhora da natação e do ciclismo, o atleta saiu para correr mais descansado com praticamente a mesma fitness na modalidade da corrida.

Optamos também por uma carga de volume reduzida, porém com maior intensidade. Isso se deve a experiência e bagagem de um atleta deste nível. A distância já não é mais o desafio

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para este atleta e sim cumpri-la com uma intensidade alta e mesmo assim sair para correr relativamente descansado.

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Importância do sono e dieta – questão hormonal Atinge-se um ponto em que o atleta chega praticamente ao limite tanto físico, quanto logístico da carga de treino possível de ser realizada. É


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então que atitudes em detalhes básicos em sua rotina como alimentação e sono, começam a ter um grande impacto na performance (e saúde) do atleta. É possível ter um impacto no equilíbrio hormonal de cada atleta a partir dos treinos e alimentação. Certos alimentos precisam ser evitados em determinadas horas do dia para que a produção natural de testosterona e hormônio do crescimento (GH) seja potencializada. Esse foi um detalhe que ajudou na recuperação e nível de energia no treino do Léo. O atleta brasileiro ainda é relativamente desatualizado quando se fala de nutrição esportiva com a história de que “caloria é caloria” e não considera detalhes como a proporção de nutrientes por calorias, ou o impacto hormonal que cada alimento causa nos níveis de insulina, testosterona e hormônio do crescimento.

Passos para o futuro Após a prova de Florianópolis 2011, nos encontramos com a mesma pergunta. E agora, 9h03 com 42 anos. Como evoluir? Cada vez mais os detalhes ficam importantes: Estratégia de prova, treinos que simulam situações de competições e priorizar a saúde física e mental do atleta. Bons treinos! MT Vinícius Santana é técnico da Ironguides, empresa que oferece soluções esportivas para atletas e praticantes de atividade física de todos os níveis, com treinamento online ou presencial, planilhas espefícas por eventos, training camps, curso para treinadores, programas de incentivo a promoção da saúde em empresas, e produtos para a saúde e o bemestar que propiciam um estilo de vida saudável aos atletas. www.ironguides.net/br

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O Mundo não precisa de mais papel, mas você precisa de mais informação. No PC, no iPad, no iPhone, no iPod Touch, no Android, no smartphone, enfim, onde você estiver.

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CIÊNCIA DO TRIATHLON > Carboidratos a la mineira parte 3: Com molho de carne de Canguru?

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Foto: Eduardo Rosa Foto: Wagner Araújo

Foto: Wagner Araújo

> Frequência Cardíaca: quando, como e porque utilizar


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Carboidratos a la mineira - parte 3: Com molho de carne de Canguru? Por Camila Nassif, PhD Finalmente chegamos ao estudo Carboidratos a la mineira 3 e com sabor especial! Com molho de carne de Canguru? Como seria isso? Após um período de dois anos na Austrália dando início ao meu processo de doutorado, a dificuldade de conseguir voluntários em uma pequena cidade por lá, me trouxe de volta a Minas Gerais. Após uma parceria feita entre a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Charles Sturt University (CSU) na Austrália, o Carboidratos a la mineira 3 se tornou realidade! O projeto que já estava aprovado pelo comitê de ética da CSU e pronto para ser iniciado foi colocado em espera devido à falta de voluntários. Assim, surgiu a possibilidade de parceria com a UFMG, que além de possuir grande parte dos equipamentos necessários para este estudo e profissionais especializados na área, me deu todo o suporte para a conclusão deste trabalho que se tornou minha vida. A colaboração dos atletas mineiros foi incrível considerando que mais de 100 atletas foram recrutados durante o estudo, sendo somente 10 necessários para completá-lo. Recapitulando: Vimos que a ingestão de carboidratos não melhorou o sprint final, não melhorou o desempenho de endurance e proporcionou um aumento na duração do exercício quando atletas sabiam que carboidratos estavam sendo ingeridos. O que aconteceria então se atletas exercitassem como se estivessem em uma competição? Qual seria a diferença entre os exercícios utilizados nos estudos passados de intensidade fixa e o exercício como em uma competição? Durante muitos anos o exercício de intensidade fixa foi utilizado na área de fisiologia do exercício para observar efeitos na parte fisiológica do indivíduo enquanto se exercitava em uma determinada intensidade. Em exercício de intesidade fixa, o atleta deve manter a intensidade constante sem modificá-la, pedalando até a fadiga,

ou melhor, até não conseguir mais manter a intensidade estabelecida. Praticamente todas as respostas ao exercício se modificam com a mudança de intensidade e esta foi a forma encontrada pela Ciência do Esporte por muito tempo para estudar o efeito de uma intervenção específica garantindo que as mudanças causadas pela intensidade não interferissem nas respostas fisiológicas do indivíduo. Isso nos permitiu conhecer o corpo e como ele reage em diferentes situações e adicionou muita informação à área da Fisiologia do Exercício. Se pararmos para avaliar as situações reais de competição, é assim que acontece quando você compete? Você mantém sempre a mesma intensidade e velocidade durante a prova? Sabemos que na realidade isso não acontece. As provas são de longa duração com variações de intensidade que cada atleta determina. A ciência tem tentado, cada vez mais, reproduzir o ambiente competitivo em laboratório para aproximar a aplicação dos estudos científicos em situações reais enfrentadas por atletas. Competições de longa duração como o ciclismo, triathlon e corrida de endurance requerem certa estratégia de intensidade para muitas vezes possibilitar o melhor desempenho possível. Isso porque a forma com que você escolhe usar a intensidade do exercício em uma prova pode determinar seu sucesso ou fracasso. Imagine se um maratonista quizesse correr uma maratona na mesma velocidade de um corredor de 100m rasos? Se um nadador de travessias quizesse nadar na mesma velocidade de um nadador especialista em 50m livre? Claro que isso não seria possível. Em esportes de longa duração, o autoconhecimento de como você responde a cada intensidade do exercício e a capacidade de reconhecer seus limites pode ser fundamental para determinar o sucesso em completar uma determinada prova de acordo com os seus objetivos, seja ele completar a prova sem arrastar-se, ganhar a tão

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Foto: Wagner Araújo

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sonhada medalha ou ainda um troféu com o melhor tempo. A determinação da intensidade do exercício pelo atleta hoje é conhecido na área de Ciência do Esporte como “self-paced exercise”, em inglês, o que em português tem sido chamado de exercício de intensidade auto regulada ou auto selecionada. Em exercício de intensidade auto regulada, o indivíduo tem total autonomia em determinar qual a intensidade que será executada em cada fase da prova. Outros dois fatores precisam ser considerados quando os efeitos de carboidratos estão sendo estudados. Um deles é a forma com que carboidratos serão ingeridos e a outra, o estado nutricional dos indivíduos quando participam dos estudos. Grande parte dos estudos que avaliaram o efeito da ingestão de carboidratos no desempenho usa soluções com concentração entre 2 a 7% de carboidratos. Já o que é conhecido como bebida placebo deve ter a mesma cor, sabor e

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textura quando comparada com a bebida ativa, neste caso, a bebida carboidratada. Grande parte dos estudos não divulga como essas bebidas são feitas e como foi garantido que os indivíduos não conseguem diferenciar o sabor entre elas, principalmente a presença de carboidratos, o que torna muitos resultados questionáveis. Outras formas para evitar essa limitação nos estudos com ingestão de carboidratos é o uso da ingestão de carboidratos em cápsulas gelatinosas ou com infusão venosa. Infusão venosa é o método usado na medicina para ingetar substâncias diretamente na corrente sanguínea. Os estudos realizados pela UFMG tem usado o método de cápsulas e até o presente momento não tem encontrado efeitos positivos da ingestão de carboidratos se considerarmos seus efeitos fisiológicos como nos estudos Carboidratos a la mineira 1 e 2 ! Um estudo realizado por Carter e colaboradores em 2004a usou o método de infusão venosa durante um exercício de intensidade auto regulada


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“A ingestão de carboidratos deve ser vista como uma forma de complementar o treinamento e permitir que o atleta execute o melhor desempenho possível com treino de qualidade, boa orientação nutricional e recuperação adequada[...]”

de 1 hora e não encontrou melhoras no desempenho com infusão de carboidratos. Será então que mais uma vez nossa mente está no comando? Seria somente um efeito psicológico? Será que já que não temos como sentir o gosto dos carboidratos, nosso cérebro não recebe a mensagem reconhecendo que carboidratos estão sendo ingeridos? Outro estudo por Carter e colaboradores 2004b deram carboidratos e uma bebida placebo aos atletas que foram instruídos a bochechar com a solução e eliminá-la, sem ingerí-la, para estudar se um bochecho com uma bebida pode causar algum efeito no desempenho, retirando o efeito fisiológico dos carboidratos e do aumento da glicose sanguínea, já que a solução não foi ingerida. Nesse estudo, os autores observaram uma melhora no desempenho justificando essa melhora com um aumento no nível de motivação ou ativação central do cérebro. Nesse estudo, dos 9 voluntarios que particiaparam do estudo, 4 conseguiram diferenciar uma bebida da outra e acertaram corretamente qual bebida continha carboidratos. Isso mostra que apesar de bebidas carboidratadas serem uti-

lizadas por atletas no dia a dia, não necessariamente seja o melhor método para estudar a ingestão de carboidratos. Grande parte dos estudos que avaliam o efeito da ingestão de carboidratos no desempenho realiza os testes com indivíduos em jejum o que torna os resultados questionáveis já que atletas não competem em jejum. O que aconteceria se você fosse chamado para correr um triathlon com 12 horas de jejum e durante a prova lhe dessem uma bebida com carboidratos? Não demora muito para pensarmos que, provavelmente, depois de começar uma prova sem se alimentar e te darem carboidratos, que seu desempenho seria melhor do que sem nada antes e durante? O Carboidratos a la mineira 3 foi formulado o mais próximo possível das condições de competição! Nesse estudo realizado na UFMG em parceria com a CSU, atletas compareceram cinco vezes ao laboratório para realizar contra relógios de 60 km em intensidade auto regulada no calor, com a ingestão de carboidratos e placebo em cápsula e em forma de bebida, assim como uma situação em que água foi ingerida. Os atletas receberam uma dieta prescrita por uma nutricionista esportiva, rica em carboidratos para ser seguida durante os dois dias que antecediam os testes, incluindo café da manha pré prova e alimentação para recuperação após os testes. Esse estudo não observou melhoras no desempenho quando carboidrato foi ingerido independente da forma de ingestão, seja capsulas ou bebida. O aumento da glicose sanguínea foi observado com a ingestão de carboidratos apesar de não ter afetado o desempenho. Então, até que ponto devemos depender das bebidas esportivas para produzirmos nosso melhor desempenho? A ingestão de carboidratos deve ser vista como uma forma de complementar o treinamento e permitir que o atleta execute o melhor desempenho possível com treino de qualidade, boa orientação nutricional e recuperação adequada, assim como usufruir do benefício de manutenção da glicose sanguínea proporcionada pela ingestão de carboidratos, concentrar em dar o seu melhor em cada prova e sentir a sensação de missão cumprida com o alcance dos seus objetivos! MundoTRI.com [junho 2011]

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Como disse o ciclista Lance Armstrong: “Nós causamos às pessoas reconsiderarem seus limites, e verem que o que parece um muro de concreto, pode ser somente um obstáculo da mente!” MT _______________

Camila Nassif, PhD. Doutora pela Charles Sturt University, Austrália Mestre em Ciencias do Esporte pela UFMG, Brasil e Professora de Fisiologia do Exercício, Waikato Institute Technology, New Zealand - Contato: canassif@yahoo. com.au

REFERÊNCIAS UTILIZADAS PELA AUTORA 1. Armstrong, L. & Jenking, S. (2001). It’s not about the bike: my journey back to life. Berkley Publishing Group, 189p. 2. Carter, J. M., Jeukendrup, A. E. & Jones, D. A. (2004a). The effect of carbohydrate mouth rinse on 1-h cycle time trial performance. Medicine and Science in Sports and Exercise, 36(12), 2107-2111. 3. Carter, J. M., Jeukendrup, A. E., Mann, C. H. & Jones, D. A. (2004b). The effect of glucose infusion on glucose kinetics during 1-h time trial. Medicine and Science in Sports and Exercise, 36, 1543-1550. 4. Nassif, C. (2010). Carbohydrate ingestion and exercise ingestion in the heat: Neuromuscular aspects of fatigue. Charles Sturt University, PhD Thesis, 225p. 5. Nassif, C., Ferreira, A. P., Gomes, A. R., Silva L. de M., Garcia, E. S. & Marino, F. E. (2008). Double blind carbohydrate ingestion does not improve exercise duration in warm humid conditions. Journal of Science and Medicine in Sport, 11(1), 72-79. 6. Silami-Garcia, E., Rodrigues, L. O. C., Faria, M. H. S., Araujo-Ferreira, A. P., Nassif-Leonel, C., Oliveira, M. C., Sakurai, E., Stradioto, M. A. & Cançado, G. H. C. P. (2004). Efeitos de carboidratos e eletrólitos sobre a termorregulação e a potencia anaeróbia medida após um exercício prolongado no calor. Revista Brasileira de Educação Física e Esportes, 18, 179-189.

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Frequência Cardíaca: quando, como e porque utilizar Por Prof. MSc. Roberto Lemos e Lucas Helal

Foto: Wagner Araújo

Dentro do controle do treinamento no triathlon, diversos recursos têm sido utilizados pelos treinadores e atletas para confirmar a eficácia do treinamento e a evolução do atleta, como concentração de lactato sanguíneo, escala de percepção subjetiva do esforço, velocidade, cadência, potência, frequência cardíaca, pace, entre outros. Atualmente, esses parâmetros têm sido divididos em dois grandes grupos, os inputs e os outputs. Os parâmetros inputs são aqueles de resposta interna do corpo, tais como percepção subjetiva do esforço e frequência cardíaca; estes parâmetros indicam como está o ambiente interno do corpo humano. Os parâmetros outputs indicam a manifestação externa do esforço, como a produção de potência, a velocidade, o pace, etc. O artigo deste mês trata de uma variável de controle em especial, que é amplamente utilizada, chamada Frequência Cardíaca. A Frequência Cardíaca (FC) utilizada no treinamento, em geral, é medida pelo número médio de batimentos do coração dentro de um minuto, normalmente medida em batimentos por minuto (bpm). Em algumas situações especiais, como tomada de pulso durante séries de natação, pode-se estimar a FC contando o número de batimentos usualmente em 6s, e depois multiplicando o número achado por 10. Para o ciclismo e a corrida, normalmente, a aferição da FC MundoTRI.com [junho 2011]

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é feita por equipamentos específicos compostos de um receptor (relógio) e um sensor (fita cardíaca), e a FC é lida na tela do relógio. Dada a difusão dos monitores cardíacos hoje no mundo esportivo, algumas evoluções foram feitas no que dizem respeito à sua tecnologia e precisão, podendo considerar o aparelho em si como uma boa ferramenta para aferir a FC nesse tipo de situação. Fisiologicamente, a FC traduz a quantidade de esforço que o seu coração faz para suprir a demanda de sangue e nutrientes do seu corpo nesse momento, sendo um parâmetro útil para todos os atletas que querem monitorar e controlar o seu treinamento a fim de obter resultados consistentes. Entretanto, isso não é uma regra universal e nem condição básica para controle de um treinamento, haja vista que outras metodologias de treino são igualmente eficazes. A grande questão é: O que muito tem se visto é a utilização de parâmetros de controle isolados durante uma sessão de treinamento, onde os atletas ou só usam a FC, ou só usam a potência, ou só usam o ritmo e desprezam a interação entre esses dados valiosos, que, em conjunto, podem refletir com mais clareza como está o ambiente do seu corpo durante a sessão do treinamento.

Por ser uma medida direta do funcionamento do coração, pode refletir muito bem o ambiente interno e como o stress fisiológico acontece diante das diversas situações de terreno, clima, esforço, etc., e que, de certa forma, é viável para a maioria da população, visto que existem monitores cardíacos de custo bastante acessível, de fácil visualização e entendimento. É bem

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Foto: Rafael Felipe

Para que um carro de Fórmula 1, que é uma máquina e não um ser humano, seja guiado com maestria, o piloto tem à sua disposição um grande número de informações em seu cockpit, podendo assim tomar as decisões que julgar pertinentes, aliando-as à sua subjetividade diante do cenário da prova. Com o triathlon não deve ser diferente. O correto entendimento de cada variável de controle do treinamento e como a soma de todas elas produzem variadas informações, podem dar ao atleta praticamente tudo que ele precisa para que execute seus treinos de forma planejada e que tenha êxito também em sua recuperação. Mas qual seria a importância da frequência cardíaca?


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verdade que também possui uma série de limitações que devem ser levadas em consideração, principalmente no que diz respeito ao aspecto fisiológico.

Foto: Adriano Ramos

O treinamento é guiado através de zonas de frequência cardíaca, usualmente medidos em percentuais da Frequência Cardíaca Máxima (FCM), que indicam diferentes zonas de esforço, que servem para diferentes adaptações fisiológicas e que utilizam diferentes substratos energéticos.

eficaz, já que tende a se manter estável para esse tipo de treino, em condições normais. Para treinos em período específico, onde o objetivo é condicionar-se ao ritmo exigido numa determinada competição, ou igualar-se ao ritmo de seus adversários, provavelmente treinar baseado na FC nas sessões de aquisição de forma não seria a melhor escolha, pois o fator chave é o ritmo pretendido, e pequenas variações de segundos, que podem não ser sensíveis à FC, são determinantes para o seu sucesso nesta prova.

A FC normalmente responde com um tempo de atraso em relação aos parâmetros outputs. Por exemplo, se fosse utilizada como parâmetro-guia numa série intervalada com repetições de 200m com orientação anaeróbica, ao fim da repetição a sua frequência provavelmente ainda não atingiu o valor que deveria para a velocidade atingida, por levar um tempo de resposta, visto que reflete o trabalho central (do coração) e não o trabalho periférico (dos músculos). Entretanto, para treinos contínuos e de intensidade moderada a ritmo, onde a intenção principal do treino é melhorar o funcionamento dos sistemas energéticos, como o treinamento aeróbico de base no começo da temporada, a frequência cardíaca tem se mostrado bastante

Uma das desvantagens da FC é que se mostra muito sensível às condições climáticas, onde dias muito quentes ou muito frios podem mudar bruscamente o seu valor para o mesmo ritmo, no mesmo terreno. Entretanto, se o atleta tem conhecimento do seu ritmo (parâmetro output), pode facilmente adequar seu treino para que o objetivo seja atingido. No ciclismo, a FC tem sido utilizada com êxito em conjunto com a potência, que é um parâmetro output. Para aquisição de forma, a potência tem maior eficácia do que a FC, por dar o produto direto do trabalho realizado, mantendo-se inerte aos fatores climáticos e de relevo. Entretanto, o atleta pode tomar como base a sua FC para um MundoTRI.com [junho 2011]

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Uma atitude corriqueira da maioria dos atletas que pode subestimar o uso correto da FC, é estimá-la através da equação que leva em consideração somente a idade. Quando são feitos testes de Frequência Cardíaca Máxima (FCM), o atleta pode ter um número mais fiel para calcular suas zonas cardíacas para treinamento. Existem alguns autores que preferem utilizar percentuais da FC no Limiar Anaeróbico, tal como é utilizada na maioria das metodologias de treinamento de potência no ciclismo. Estima-se a FC no Limiar Anaeróbico (LA) através de diversos protocolos, que podem ser testes com cargas chamadas incrementais e coleta de lactato, ou mesmo um teste indireto clássico de 30min, contínuo. A grande vantagem de se utilizar os % no LA é que, como o Limiar Anaeróbico é um parâmetro altamente treinável que pode mudar durante a temporada, por consequência os seus % também mudarão, tendo assim dados de frequência constantemente atualizados para o seu treinamento, ao passo que a FC máxima muda muito pouco. A FC ainda pode ser usada para outras duas situações: Pode auxiliar a monitorar a evolução de um parâmetro output (velocidade, ritmo ou potência), pois se, para as mesmas condições climáticas, de terreno e de FC a sua velocidade mudou, provavelmente você melhorou. Como parâmetro de recuperação entre séries e após o fim da sessão completa, também pode indicar o quanto a sua capacidade de recuperação, ou mesmo a sua condição aeróbica melhorou, visto que valores menores de FC no mesmo espaço de tempo após o término da sessão indica evolução na sua forma física.

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Porém, para que se tenha dados mais consistentes acerca do seu treino e do seu ambiente fisiológico, o erro de estimativa e a precisão do uso da FC pode ser aumentado compilando os seus dados de treino ao longo de vários treinos, utilizando softwares específicos para análise. Se você tem vários dados de velocidade, ritmo, FC e potência ao mesmo tempo, de vários treinos, ao longo de vários dias da temporada, mesmo que existam pequenas variações de um dia para o outro, você pode encontrar uma média que permita garantir a fidedignidade do seu parâmetro. Por fim, o importante é frisar que a FC ainda pode ser um parâmetro eficaz e com um bom custo/benefício para o controle do treinamento, desde que saibam quando, como e por que utilizá-la.MT _______________

Roberto Lemos, treinador e proprietário da Ironmind Assessoria Esportiva em FlorianópolisSC, triatleta, e Mestre em Ciências do Movimento Humano-UDESC. Lucas Helal é triatleta, estudante do último ano do curso de Bacharelado em Educação Física e membro-pesquisador do Núcleo de Pesquisa em Gestão do Esporte-NUPEGE, com ênfase nas áreas de Fisiologia e Bioquímica do Exercício e Cineantropometria.

Foto: Wagner Araújo

determinado valor de potência e analisar o que acontece ao longo da temporada, podendo indicar evolução tanto no amadurecimento de seu metabolismo, como aumento do seu limiar anaeróbico. Ao mesmo tempo, pode ajudar o atleta a escolher sua potência alvo para determinado ritmo de prova, acompanhando a estabilidade (ou não) da sua FC na potência prevista.


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Carol Furriela e Reinaldo Colucci foram os grandes vencedores Texto e fotos por Wagner Araújo MundoTRI.com [junho 2011]

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SESC TRIATHLON BRASÍLIA Aconteceu no domingo, 22 de maio, a etapa na capital nacional do circuito SESC Triathlon, reunindo amadores, comerciários e elite. Na elite masculina, o vencedor foi Reinaldo Colucci. Já entre as mulheres da elite, Carol Furriela ficou com o título.

A prova masculina Com grandes nadadores em cena, não demorou para um grupo de cinco atletas se destacar nos 1.500m na água. Liderados por Reinaldo Colucci, Diogo Sclebin, Wesley Matos, Fábio Carvalho e Diego Molina. Esse grupo foi se distanciando de Alexander ‘Balman’ Gomes e Anderson Ferreira, até cravar a diferença de 2:20 na saída para primeira transição. Logo no início do pedal, Reinaldo Colcucci, Diogo Sclebin e Fabio Carvalho saíram atacando em um ritmo alucinante, deixando Wesley Matos e Molina para trás. Com um revezamento muito eficaz entre os três atletas, a cada volta das seis do ciclismo o grupo ampliava sua vantagem. Ao final dos 40km de bike, eles tinham uma confortável vantagem de 4:32 sobre Matos, Molina e Balman, que conseguiu recuperar parte do tempo da natação. Com a vantagem construída no ciclismo, estava claro que a vitória ficaria entre Colucci , Sclebin e Carvalho. Fabio saiu muito forte, parecendo que abriria de Reinaldo e Diogo, que ficou para trás nas primeiras centenas de metros. Com meio quilômetro de prova, Diogo Sclebin encostou em Colucci e ambos apertaram o ritmo. Fabio Carvalho sentiu e deixou a briga pelo o primeiro

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lugar para os dois atletas. Passo a passo, ombro a ombro, Diogo e Reinaldo correram juntos até o quilômetro 7, quando Colucci apertou as passadas e conseguiu abrir uma vantagem de 7” ao final da 3ª volta de 2,5km.

“Não costumo sair para correr tanto tempo ao lado do Diogo. Normalmente ele sai mais lento e acelera depois. Dessa vez, ele já saiu muito forte e não sabia o que esperar.” Disse Colucci após a competição.

A diferença, contudo, foi se mantendo e, com pouco mais de 1km para a chegada, Sclebin já não tinha chances de alcançar Colucci, que venceu a prova com 1:53:48. Doze segundos atrás chegou o carioca radicado em Minas Gerais, Diogo Sclebin. Em terceiro lugar, 2:12 atrás de Colucci, Fabio Carvalho fechou a disputa. Os


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[o] Colucci

[o] Largada da elite

três, junto com Bruno Matheus, são os principais candidatos brasileiros a largar nas Olimpíadas de Londres 2012. A briga pelo restante do pódio ficou entre Alexander Balman e Wesley Mato, que correram juntos praticamente metade da prova. A partir do km 5, Wesley mostrou ótima forma e conseguiu abrir de Balman, fechando em 4º lugar com o tempo de 2:00:34. Balman veio logo atrás, com 2:01:19.

A prova feminina Entre as mulheres, também um grupo se desgarrou logo na primeira volta de natação, mantendo a diferença até o final dos 1.500m no Lago Paranoá. Tuanny Viegas, Vanessa Cabrini e Sandra Soldan. Um pouco mais de um minuto atrás, vinham Thaty Porto e Carol Furriela, com Fernanda Garcia acompanhando. No ciclismo, a atleta olímpica Sandra Soldan e Vanessa Cabrini logo escaparam e começaram a trabalhar juntas para aumentar a diferença sobre as grandes corredoras que vinham atrás. Logo

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SESC TRIATHLON BRASÍLIA [o] Elenco feminino

deixaram Tuanny, que se juntou ao grupo de Porto, Garcia e Furriela. Sandra e Vanessa, no entanto, erraram um dos retornos e tiveram que andar alguns metros a mais, o suficiente para que as demais meninas encostassem, formando um grande grupo no ciclismo. As atletas, então, optaram por não atacar mais, deixando a decisão para os 10km de corrida. Fernanda Garcia teve um pneu furado e saiu para correr 2:45 atrás do grupo das líderes. L ogo no início, Carol Furriela mostrou porque é considerada uma das maiores corredoras do Triathlon Nacional. Passo a passo Carol construiu sua vantagem sobre as competidoras, liderando a corrida de ponta a ponta e fechando com 2:15:56. Fernanda Garcia foi se recuperando e, com muito esforço, conseguiu a excelente segunda colocação, com 2:18:38. Em terceiro lugar, ficou a atleta de Brasília, Thaty Porto, que se superou e conseguiu encaixar uma ótima corrida, o que a deixou muito emocionada na chegada perante seus familiares. Vanessa Cabrini e Sandra Soldan, nitidamente abatidas pelo erro no percurso do pedal, completaram o pódio feminino.

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[o] Thaty Porto puxou boa parte do pedal


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Amadores e comerciários Mais uma vez, o SESC mostrou uma organização excelente, como ocorreu na etapa de Caiobá no início do ano. Mais de 450 atletas, entre homens e mulheres, compareceram a Pontão do Lago Sul para disputa nas categorias de idade amadores e comerciários, o que atraiu um grande púbico para acompanhar a competição. O clima de confraternização e celebração do esporte tomou conta de todos, deixando o dia ainda mais agradável, já que a temperatura estava amena e a umidade alta (o que não é comum em Brasília). No amador, o melhor atleta geral foi Eduardo Lass, da 18-19 anos (1:00:30), e a atleta com melhor tempo foi Márcia Willy, com 1:22:39. Entre os comerciários, o baiano Fred Moraes, da 30-39 anos fez o melhor tempo geral. Já no feminino, a melhor colocada na categoria comerciários foi Heloísa Fermino.MT

[o] Atletas amdores no pedal MundoTRI.com [junho 2011]

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[o] Bike adaptada do paratriatleta Antônio Carlos Silva

[o] A fuga vencedora

[o] Fernanda Garcia 94 MundoTRI.com [junho 2011]


SESC TRIATHLON BRASÍLIA [o] OFernando Dysarz, Gerente de Esporte e Saúde do Departamento Nacional do SESC e os vencedores

[o] Lass foi o melhor amador

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Coluna do Ciro Violin A tão sonhada vaga Este mês, quero falar um pouco sobre esta tão sonhada vaga para o tão sonhado Ironman Havaí. Quero dar outra perspectiva de visão e outra referência na comparação. Todo triatleta sabe sobre o Ironnan Havaí. Foi lá que tudo começou. É a prova onde é realizada a final do campeonato e onde só os melhores estão. Um campeonato mundial não poderia ser em um local mais desafiador. Costumo chamar aquela ilha de ilha maluca em virtude de tantas variáveis inesperadas que ocorrem por lá. A Grande Ilha, com certeza é o melhor lugar para se competir um campeonato mundial, pois além do atleta ter que lutar com ele mesmo numa prova de Ironman, que já seria por si só extremamente difícil, ainda tem que lutar contra a natureza num ambiente descontrolado. Se não bastasse isso, ainda tem que lutar contra os melhores dos melhores em suas respectiva categoria. Isso sim é um campeonato mundial de verdade! O mais engraçado é que existem alguns casos em que os atletas ralam, ralam e ralam, trei-nam, treinam e treinam apenas para conseguir a vaga. Conseguiu? Pronto! Vou realizar meu sonho de ir para o Havaí e isso já basta! O atleta se sente com o dever cumprido, descansa mais do que precisaria, volta a treinar muito tarde e sem muito foco. Passa a se preocupar em comprar as passagens, escolher o carro que vai alugar e o lugar onde se hospedará. Além disso, a uma semana da prova, quando o atleta já esta no Havaí, ele fica tão

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deslumbrado com o lugar que esquece que esta lá “a trabalho” e não “a passeio”, come mais do que deve e ainda vai fazer turismo enquanto deveria estar se poupando ou se lapidando. Estou falando tudo isso porque quero dar uma nova visão para todos os triatletas que se classificaram para o Havaí este ano no Ironman Brasil. Pessoal, é agora que a “brincadeira” começa de verdade. Você deu mais um passo e apenas subiu mais um degrau da escada. Nada de moleza até outubro. O buraco lá é sim bem mais em baixo. Se você achou o Ironman Brasil difícil na ilha de Florianópolis, com aquele friozinho e plano quase em 80% do percurso, se prepare por que as dificuldades do Havaí chegam a ser bizarras. Minha intenção não é fazer uma lista enumerando cada coisa que cada um deve fazer para enfrentar as dificuldades de Kona, mas dizer que o respeito pelo Ironman deve, no mínimo, permanecer ou até aumentar. Mesmo porque, uma “receita de bolo” não funciona nunca! Cada um deve se preparar e treinar de acordo com seu condicionamento, o que pode ser feito é simular algo parecido com o que acontece no Havaí. Porém, esse é um problema que deve ser resolvido entre você e o seu técnico. O que quero, é chamar a atenção para que o espírito Ironman continue. Você precisa ter respeito pela prova. Em minha opinião, respeitar a prova é: Ter medo do Ironman Havaí. Se você esta indo lá pela primeira vez, tenha medo de não terminar, e se terminar ir direto


para o soro, além de ficar meses sem poder praticar exercícios depois. Se até para quem assiste a prova, é complicado, imagina para quem está fazendo? Se você esta indo pela segunda ou terceira vez, redobre o respeito, olhe para trás e veja cada erro cometido no ano anterior; na semana que antecede; na largada; na luta corporal e pancadaria do começo da natação; na transição; no início do ciclismo “gostoso” que rende médias de 45km/h, mas que pode te fazer pagar no final; na subida de 30km contra o vento em Hawi ou na descida contra o vento

de Hawi (sim, lá o vento muda a toda hora); nos primeiros 14km de plano da maratona; na subida da Apalani e no inferno de 43 graus do Energy Lab o qual fica abaixo do nível do mar e que se você não viu miragem o ano passado, talvez veja esse ano. Pessoal, uma dica de quem já passou perrengue na Big Island:

Treine! Treine, porque a prova é complicada!

Grande abraço Ciro - www.ciroviolin.com.br

Foto: Wagner Araújo

Para você que conquistou a vaga, parabéns! Para você que conquistou a vaga e vai para o Havaí: Vemos-nos no desfile das nações.

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OFF-ROAD

Foto: Wagner Araújo

50km de corrida em trilhas é o desafio do XTERRA Endurance

O XTERRA BRAZIL TOUR continua inovando e trazendo mais surpresas para os adeptos da tribo off road. Agora o circuito de corridas noturna ganhou mais uma distância… e patrocinador – 50k e The North Face. “The North Face apresenta XTERRA Endurance” vai ter sua estréia no dia 13 de agosto no XTERRA Costa Verde, em Mangaratiba – Rio de Janeiro. Depois de passar por terras cariocas, a próxima etapa da prova de 50k será em Ilhabela, no XTERRA Ilha, dia 24 de setembro. Segundo Renata Farah, responsável pela comunicação da X3M Sports Business, o percurso

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ainda está sendo traçado, mas quase certo de ser de apenas uma volta. “Vai ser um super desafio e uma prova perfeita para o perfil da nossa tribo”. A largada será durante a tarde, às 16hs todos deverão estar alinhados no Portobello Hotel & Resort para a grande prova. E quem pensa que é difícil encontrar adeptos para o enfrentar os muitos quilômetros de superação, está enganado. “Já temos 15 inscritos antes mesmo de começar com nossa comunicação junto com a The North Face”, contou Renata. As inscrições já estão abertas e online no site www.xterrabrasil.com.br e custam R$ 120,00 até dia 10 de agosto.”MT


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Foto: Wagner Araújo

Foto: Wagner Araújo

por Rodrigo Cury

Quem são os 10 maiores atletas de Ironman de todos os tempos?

TOP OF THE TOP

Fernanda Keller é a representante brasileira da lista


Marcas impressionantes, recordes de décadas atrás que até hoje ainda não foram batidos e títulos em cima de títulos. Estes são os feitos dos atletas que encabeçam a lista dos TOP 10 de todos os tempos do Ironman, mesmo que seja impossível estabelecer uma ordem entre eles.

TOP OF THE TOP FEMININO Paula Newby Frasier - É a maior vencedora entre homens e mulheres do Ironman do Havaí de todos os tempos, com oito títulos mundiais e 24 vitórias em Ironman pelo mundo, entre os anos de 1986 a 2002. Foi campeã mundial de duathlon em 1990 quando bateu a americana Liz Downing, considerada a rainha dos duathlons Hoje, Frasier integra a posição de número 60 no ranking das melhores atletas de todos os tempos da revista Sport’s Illustrade’s. Natascha Badmann - Definitivamente a maior lenda da história do triathlon depois de Paula Newby Frasier. A suíça Natasha Badmann foi a primeira européia a conquistar o título mundial de Ironman, no Havaí. Badmann obteve sua primeira vitória no mundial em 1998, com 29 anos, tendo conquistado os títulos seguintes nos anos de 2000, 2001, 2002, 2004 e 2005. Em 2004 a suíça havia ficado em segundo lugar, atrás da alemã Nina Kraft, que após a vitória foi flagrada no exame antidoping. O resultado fez com Badmann ficasse com a vitória. Natascha treina sob orientação do marido, o inglês Tony Hasler, e conquistou recentemente a segunda colocação no Ironman Lanzarote, realizado na semana anterior ao Ironman Brasil 2011. Erin Baker - A neozelandesa da cidade de Kaiapoi começou no triathlon em 84 e logo se destacou no circuito norte americano USTS. Em 1989, foi eleita a atleta do ano pela revista Triathlete depois de viajar o mundo competindo junto com seu novo companheiro na época, o triatleta Scott Molina. Foram vários títulos importantes até decidir se retirar do circuito no ano de 94, após vencer o Ironman Nova Zelândia com 9h54min. No ano seguinte, foi incluída no Hall da Fama de seu país. Baker vive atualmente na cidade de Christchurch, Nova Zelândia e tem dois filhos com Scott Molina.

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Lisa Bentley - A ex-professora de matemática de uma escola em Ontário, Canadá, é o tipo do caso que resolveu trocar a as aulas na high school para se dedicar integralmente ao triathlon, isto em meados dos anos 90. História muito parecida com a da americana Hillary Biscay. Tal atitude repercutiu em 11 vitórias em provas de Ironman, sendo que foi 9ª colocada logo em sua primeira aparição no mundial do Havaí, em 1997. Em 2006, foi 3º lugar na Big Island, sendo que três semanas depois a canadense conquistou o vice campeonato mundial do circuito Ironman 70.3 em Clearwater. Seu ultimo título em provas de Ironman foi em 2007, no Canadá. No ano seguinte, a triatleta competiu várias provas do circuito 70.3 e seguiu o calendário até 2009. Hoje, a triatleta se dedica a projetos sociais e a ministrar os traning camps junto a seus patrocinadores. Lori Bowden - Com uma das melhores corridas de todos os tempos em provas de Ironman, a canadense, também de Ontário, tem nada menos do que 12 vitórias no circuito, sendo duas vezes campeã no Havaí e mais cinco top 3, além de uma invejável coleção de pódios em praticamente todas as provas que disputou. Bowden é uma das cinco mulheres a completar um Ironman sub 9h, com o terceiro melhor tempo de todos os tempos, quando cravou incríveis 8h51 no Ironman Austria. Em 2009, entrou para o BC Hall of Fame Museum. A carreira no triathlon foi relativamente curta com apenas sete anos, mas seu histórico de resultados é de dar inveja a qualquer uma. Heather Fuhr - Com 13 vitórias em Ironman, sendo campeã mundial em 1997, a canadense de 43 anos tem um histórico de resultados impecável. Um deles bastante curioso para nós brasileiros, que foi a vitória no Ironman Porto Seguro em 1998, ano em que a prova era or-


ganizada pelo carioca Djan Madruga se tornou distância oficial de Ironman. Hoje Heather se dedica às corridas de longa distância e às corridas em trilhas, como as que acontecem nas provas de X-TERRA. Fernanda Keller - A única atleta a ter 22 participações consecutivas no Ironman do Havaí, sendo 14 vezes top 10 e seis vezes top 3, a niteroiense Fernanda Keller é sem dúvida a maior referência do triathlon feminino, tendo dedicado 25 dos seus 47 anos inteiramente ao triathlon. Fernanda ganhou cinco edições do Ironman Brasil e terminou este ano na quinta colocação da elite feminina. Quando questionada sobre a aposentadoria, a atleta diz que ainda está um pouco longe para pensar sobre o assunto. Joanna Lawn - A neozelandesa Joanna Lawn, sete vezes campeã do Ironman Nova Zelândia e detentora do recorde da disputa com o tempo de 9h14:32 conquistado no ano passado é uma das atletas mais completas do circuito Ironman. Lawn foi quarta colocada no mundial do Havaí em 2007 e este ano ganhou o campeonato neozelandês de longa distância.

Foto: Timothy Carlson

Sylviane Puntous – A canadense foi duas vezes campeã no Havaí nos anos de 1983 e 1984 quando ela e a irmã gêmea, Patricia, protagonizaram uma disputa ombro a ombro, onde Sylviane saiu melhor em ambas as provas. Nos anos seguintes, a triatleta foi três vezes segundo lugar na Big Island. Sylviane foi a primeira não americana a vencer no Havaí. Chrissie Welligton – Três vezes campeã mundial (2007, 2008 e 2009), é também a detentora do melhor tempo no Havaí, vencendo todas as etapas de Ironman que disputou, além claro, de possuir a melhor marca na distância de todos os tempos com 8h19min13s no Challenge Roth, onde foi sétima colocada geral da disputa. A britânica de 34 anos continua mostrando que está melhor a cada dia e seus feitos ficam mais impressionantes a cada disputa. O ultimo deles aconteceu em abril passado, no Ironman África do Sul, quando não só ganhou a prova entre as mulheres, como correu a melhor maratona geral da disputa, inclusive entre os homens, com 2h52min54seg e conquistou a oitava colocação geral. Neste momento, a atleta se prepara para o Challenge Roth no dia 10 de julho, mesma prova que lhe deu a melhor marca de todos os tempos de distâncias Ironman entre as mulheres, no ano passado. Um novo recorde pode estar por vir. MundoTRI.com [junho 2011]

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TOP OF THE TOP MASCULINO Mark Allen - O maior nome da história do Ironman de todos os tempos ao lado de Dave Scott. O americano detentor de seis títulos mundiais, sendo cinco seguidos, protagonizou junto com seu maior rival na época, o também americano Dave Scott, o famoso Ironwar, quando Mark e Dave correram ombro a ombro grande parte da maratona e Allen pode enfim encaixar a corrida e conquistar seu primeiro título mundial. De lá para cá, ele praticamente dominou o circuito chegando a disputar provas ao redor do mundo nas mais variadas distâncias e a vencer grande parte delas. Hoje, o americano é técnico de triathlon e tem alunos no mundo inteiro através de um sistema on-line de treinamento.

Craig Alexander - o australiano é bi-campeão mun-

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dial de Ironman (2008 e 2009), e tem uma das melhores corridas da atualidade quando o assunto é a maratona de um Ironman. Uma de suas principais façanhas foi ter tirado 12 minutos de vantagem aberto pelo americano Chris Lieto na bike no Ironman 2009, onde se sagrou bicampeão mundial consecutivo e entrou definitivamente para esta lista.

Cameron Brown - Nada mais, nada menos que dez vezes, seguidas, campeão do Ironman Nova Zelândia, o conterrâneo Cam Brown é o maior vencedor de todos os tempos do Ironman mais antigo do mundo depois do Havaí. Cam, também tem pódios importantes em provas de 70.3 nos mais variados lugares, como Suíça, Japão e Filipinas. Como projetos futuros, o atleta vai ministrar um training camp de final de semana na Nova Zelândia em janeiro do ano que vem.

Tim DeBoom – Um dos nomes mais respeitados do esporte, o americano bi-campeão mundial de Ironman nos anos de 2001 e 2002, foi por três vezes top 5, além de ser um atleta completo, o que torna difícil definir sua modalidade mais forte. Foi campeão do Ironman 70.3 Havaí no ano passado. Descontente com a mudança das regras da WTC para a classificação do mundial para os atletas de elite, Tim DeBoom anunciou que não corre mais na Big Island.

Thomas Hellriegel - O alemão Thomas Hellriegel ficou conhecido por mudar as dinâmicas de como uma corrida contra os melhores atletas da atualidade pode resultar em vitória. Foi assim nos anos de 1995 e 1996,

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quando o alemão venceu ninguém menos do que Mark Allen e o belga Luc Van Lierde, detentor do recorde de Ironman com o tempo de 7h50min27s em 1996 na extinta etapa de Roth (hoje Challenge Triathlon). O alemão foi dono por 11 anos do melhor pedal da prova havaiana, quando cravou 4h24min50s, que só foi batido em 2006, pelo também alemão Norman Stadler.

Peter Reid – Tricampeão mundial de Ironman nos anos de 1998, 2000 e 2003 e dono do melhor tempo de maratona em um Ironman de todos os tempos até hoje, com 2h35min21s, é também detentor da terceira melhor marca em Ironman da história, com 7h51min56s. Foi considerado triatleta do ano pela revista Triathlete por seis anos consecu-


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tivas (1998 a 2003). Hoje, o canadense de 42 anos se dedica à função de técnico de triathlon, ministrando training camps pelos Estados Unidos e a treinando atletas através de planilhas on line.

Chris McCormack - Atual campeão mundial do circuito, o australiano é conhecido por ser um atleta completo, tendo sido campeão da ITU no ano de 1997. Com dois títulos mundiais (Ironman 2007 e 2010),

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Macca , como é conhecido, possui três marcas sub 8h no circuito. É também um dos melhores corredores da distância, mas se caracteriza por ser um atleta cada vez mais completo. A grande surpresa para este ano foi quando anunciou que não iria defender o título mundial de Ironman para entrar na briga por uma vaga em Londres 2012.


Dave Scott – Seis vezes campeão de Ironman, o americano, atual treinador de Chrissie Wellington, é um dos maiores ícones de todos os tempos que o esporte já teve. Dave correu para incríveis 2h37min na maratona do Ironman do Havaí em sua ultima participação como atleta na Big Island, quando tinha 45 anos de idade. Hoje, o técnico ministra training camps em Boulder, no Colorado, uma das principais cidades em números de triatletas dos Estados Unidos.

Norman Stadller - É dele o recorde de pedal em Kona, com incríveis 4h18min23s no ano de 2006, quando conquistou seu segundo título mundial. O primeiro foi em 2004. Stadller também ganhou o Ironman Austrália nos anos de 2000 e 2001 e foi campeão europeu em Frankfurt no ano de 2005. Caracteriza-se por ser um dos melhores ciclistas da história do Ironman.

Luc Van Lierde - O belga ficou conhecido por ter

Foto: Wagner Araújo

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sido o primeiro europeu a ganhar um mundial no Havaí, em 1996, com direito a recorde de percurso até hoje, com 8h04min08s logo em sua primeira aparição no Big Island. Luc também é o detentor da melhor marca na distância de todos os tempos, quando cravou 7h50min27s no extinto Ironman Roth em 1996, hoje Triathlon Challenge. MT

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O Ironman sob o

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olhar da calçada

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Imóvel e sem que nada mais importasse naquele momento, meu olhar se fixava sobre seres indescritíveis que passavam à minha frente. À primeira vista, meus olhos viam homens e mulheres enfileirados e prontos para uma batalha que causaria inveja a William Wallace do filme Coração Valente. Alí, naquela posição de combate, era quase impossível diferenciá-los e todos pareciam altamente concentrados para o início de uma grande luta. Como se fosse um dialeto próprio, ouvíamos frases estranhas que ecoavam com a brisa gelada que soprava: “O mar está “fletásso!”; “Pelo visto, vai ter muita gente chupando roda”. Do que será que estavam falando? Não importa, pois o espetáculo estava prestes a começar.

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E como se suas vidas dependessem daquela corrida até a água, partiram rumo às duas grandes bóias que, aos nossos olhos, pareciam estar a, aproximadamente, 30 km de distância da praia. Enquanto a nossa mente ainda duvidava se conseguiriam ou não alcançar aquele ponto distante, nossos olhos se surpreendiam, pois, inexplicavelmente, já havia atletas saindo da água. Como foram e voltaram em tão pouco tempo? Como é possível nadar 3,8km em aproximadamente 47 minutos? Isso também não fazia diferença àquela altura, pois era preciso correr para o local de largada da bicicleta. Bicicleta? Mais pareciam carros de batalha, completamente equipadas e velozes. Algumas mais coloridas outras mais discretas, mas juntas formavam um novo regimento para dar continuidade à segunda parte da grande batalha. Minha mente se perde novamente nas dúvidas: “Conseguirão pedalar 180 km? É como ir de bicicleta de Campinas a Araraquara, quase não dá para acreditar que seja possível. Alheios às divagações da minha mente, continuaram a partir um de cada vez ou vários ao mesmo tempo para uma jornada solitária. Disseram-me que havia um ponto, no percurso, onde todos passariam para fazer o retorno. Enquanto me dirigia para esse local, percebi ao meu lado uma multidão de olhares, assim como o meu, extasiados com o grande espetáculo que se passava bem diante dos nossos olhos. Senti-me parte de tudo que estava acontecendo. Não éramos mais a platéia dos atletas, passamos a interferir no resultado de cada um,

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porque cada palavra de incentivo parecia uma dose de adrenalina injetada diretamente em seus corações. No calor de tanta emoção, nem sentimos o tempo passar e quando ainda nos divertíamos com as máquinas e seus guerreiros, um novo contingente se formava para a terceira e mais emocionante fase dessa grande batalha. Os guerreiros deixavam suas máquinas e, literalmente, corriam para o combate por terra. Cada um no seu ritmo partia para inacreditáveis 42 km de corrida. Alguns não demonstravam cansaço após 184 km de prova, outros pareciam gritar por socorro. Estáticos, aqui da calçada, admirávamos a garra dos atletas que passavam à nossa frente. Era um desfile de força de vontade e determinação que contagiava a todos. Durante a natação, estavam com suas armaduras e não os diferenciávamos; durante o pedal, passavam muito rápidos e mal conseguíamos vê-los, mas na corrida tudo ficou mais nítido e o espetáculo pode ser contemplado de perto. Identificamos adolescentes, homens e mulheres de idades variadas e a admiração crescia a cada instante. Não distinguíamos profissionais ou amadores, todos estavam na mesma batalha: A luta de cada um com o seu próprio limite de resistência. Eu, como mulher, pensava: Como elas conseguem? Como é possível que uma mulher consiga fazer uma prova de tanta resistência?

com o tempo total exato de 08h15min03seg e choramos com os nossos heróis que chegavam ao passar do tempo: Maridos, esposas, amigos, conhecidos ou desconhecidos emocionavam o público presente. Aguenta coração! Alguns atravessavam o pórtico de chegada com toda a família ao seu lado... Afinal, ela fazia parte daquele sonho e, de alguma maneira, era responsável pela sua realização. Torcemos, rimos, choramos, gritamos e quando achávamos que todas as emoções já haviam se passado, formos surpreendidos, dessa vez, por um senhor de 75 anos que cruzou a linha de chegada faltando pouco mais de 04 minutos para o tempo máximo permitido para a prova, exatamente às 16h55min21seg. Nada se comparava à chegada do último guerreiro, do último vitorioso dessa grande batalha. Olhei ao meu lado e cada sorriso expressava a admiração em ver aquele homem chegar. Sem que eu percebesse, um sentimento estranho nascia dentro de mim e, por mais absurdo que isso já me pareceu, por minha cabeça passava a possibilidade de algum dia em minha vida cruzar aquela linha de chegada. Não, não é possível que eu tenha sido picada pelo bichinho que transmite o Ironman. Será? Rita Oliveira é revisora da redação do MundoTRI, corredora e aspirante a triatleta

Aplaudimos de pé o grande campeão da prova, MundoTRI.com [junho 2011]

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Próxima edição: Especial - saia da estrada!

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