MundoTRI Magazine - Maio 2011 - nº 9

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triathlon

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Nº 9 - Maio 2011

VOCÊ PODE TUDO CROSS TRIATHLON Mundial da ITU revela crescimento Preview: XTERRA Brasil - Manaus

Chegou a hora do Ironman Brasil As expectativas dos profissionais Os acertos de última hora para a prova

PÓS-IRONMAN Nutrição: Recupere melhor e mais rápido Opinião: o que fazer após a prova Paratriatleta no 1º Mundial de Cross Triathlon da ITU >

Treinos: como voltar a treinar após os 226km MundoTRI.com [maio 2011]

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A DISTÂNCIA QUE APROXIMA. A Bicicleta, além de ser um meio de transporte não poluente, também é lazer e esporte. Porém nossas cidades ainda não estão preparadas com vias exclusivas e apropriadas para essa prática. Por isso vamos compartilhar as vias públicas respeitando a distância prevista em lei de um metro e meio ao passar por um ou mais ciclistas. Com bom senso e respeito, todos saem ganhando.

Art. 201 do Código de Trânsito Brasileiro - Lei 9503/97 Deixar de guardar a distância lateral de um metro e cinqüenta centímetros ao passar ou ultrapassar bicicleta: Infração - média; Penalidade - multa.

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Cross Triathlon A febre do Triatlhon Off Road começou com o XTERRA e chegou à ITU. Foto: Janos Schmidt – triathlon.org

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Editorial O grande dia chegou. Após meses de treinos e abdicações, milhares de triatletas estarão alinhados nas areias da praia de Jurerê Internacional, em Florianópolis, para o Ironman Brasil 2011. Se você fez tudo certo, as chances de algo dar errado reduzem drasticamente, mas elas não desaparecem. Muitas vezes, joga-se todos esses meses no lixo com erros na última semana. Por isso, não deixe de ler o artigo “Últimos conselhos para o Ironman Brasil 2011”, do treinador da ironguides, Vinícius Santana. Aproveite cada segundo dessa prova maravilhosa. Eu já estive lá e sei o que é cruzar a linha de chegada após 226km ininterruptos. Mesmo que você já tenha feito outros Ironmans, cada um deles gera uma lembrança especial, cada um deles trás dramas distintos e dificuldades diferentes. Todos eles são únicos. Não deixe de agradecer a oportunidade de estar ali competindo durante a prova. Para muitos, concluir um Ironman significa o fim de um ciclo, para vários outros, o começo de outro. Antes de concluir o que vai fazer, escute com atenção o que dizem nossos colunistas da coluna opinião e então decida: o que você vai fazer após o Ironman. Pode parecer uma pergunta de fácil resposta, mas você vai entender no dia seguinte à competição. E por falar do dia seguinte, a nutricionista Yana Glaser dá dicas preciosas de como a alimentação correta pode melhorar e acelerar sua recuperação (você vai agradecê-la por isso). Seu dia chegou, prepare-se para se tornar mais um felizardo que teve o prazer de conseguir completar um Ironman. Só quem esteve lá consegue entender o que significa isso.

Wagner Araújo - Triatleta, fundador e publisher do MundoTRI

PUBLISHER Wagner Araújo wagner@mundotri.com.br

COLABORADORES Alexandre Giglioli Amanda Guadalupe Ana Lídia Borba Camila Nassif Felipe “PIPO” Campagnolla Júlia Couto Lucas Helal Priscilla Dutra Roberto Lemos Vinícius Santana Wagner Araújo Yana Glaser REVISÃO Rita Oliveira FOTOS Ana Oliva Bruna Bueno Bruno Lima - fotocom.net Bruno Tadashi Carol Caminha Daniel Martins Daniel Aratangy Delly Carr - triathlon.org Eduardo Rosa Janos Schmidt - triathlon.org Rich Cruse - triathlon.org Timothy Carlson Wagner Araújo COMERCIAL midia@mundotri.com.br

ATENDIMENTO AO LEITOR faleconosco@mundotri.com.br

www.mundotri.com.br

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28 65 Belas e Feras: Melissa Gosenheimer ”Não vou dizer que é fácil, mas sabe como é mulher, pensa e faz

mil coisas ao mesmo tempo.”

destaques do mês 12 21 56

maio 2011

NUTRIÇÃO O papel da alimentação na recuperação pós-Ironman

O QUE DIZEM OS PROFISSIONAIS 23 atletas profissionais brasileiros e estrangeiros contam suas expectativas sobre o Ironman Brasil 2011

ÚLTIMOS CONSELHOS PARA O IRONMAN BRASIL 2011 Dicas preciosas para não errar na hora “H”.

18 SAÚDE

Asma induzida por

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exercício físico

CIÊNCIA DO TRIATHLON Nossos pesquisadores contam os resultados das pesquisas

CROSS TRIATHLON XTERRA Amazon e Mundial de Cross Triathlon da ITU

OPINIÃO O que fazer após o Ironman?

9 REVIEW

GPS Bryton

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ÍNDICE

Edição Digital nº 9. Ano 2. Maio de 2011

CAPA: Paratriatleta no Mundial de Cross Triathlon. Foto: Janos Schmidt - triathlon.org

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Review

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Nutrição

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Saúde

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30 51 56

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GPS Ciclocomputador Bryton Rider50

O papel da alimentação na recuperação pós-Ironman

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Ciência do Triathlon

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Belas e Feras

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Preview

73

Cross Triathlon

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Triathlon Olímpico

Carboidratos a la mineira - parte 2

Melissa Gosenheimer, a Sra. Balman

XTERRA Amazon

Erramos: Na página 10 da edição de abril escrevemos que o preço sugerido da mochila Mynd Transition Bag era de R$250,00, enquanto que, na verdade, é de R$300,00.

Asma induzida por exercício físico

Bike Tech Diferenças na mecânica da pedalada

Ironman Brasil 2011 O que dizem os atletas profissionais brasileiros

82

Campeonato Mundial da ITU

Copa do Mundo de Monterrey

Opinião

Últimos conselhos Não erre na hora “H” no Ironman Brasil

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faleconosco@ mundotri.com.br

O que fazer após o Ironman

Os estrangeiros no Ironman Confira o que disseram as feras que estarão no Brasil

Cartas para a redação:

Natália Castro Uma ex-BBB no Ironman Brasil 2012

Os artigos dos colunistas são de responsabilidade dos mesmos e não refletem necessariamente a opinião da MundoTRI. Proibida a reprodução de qualquer conteúdo sem autorização.

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Wildflower O Woodstock do Triathlon

Muitas das atividades citadas e mostradas na Revista envolvem riscos. Não tente realizá-las se não estiver capacitado e com o equipamento correto.


REVIEW GPS Ciclocomputador Bryton Rider50 Por Wagner Araújo

Acompanhe toda sua evolução e saiba exatamente como você está treinando

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O GPS Bryton Rider 50 é o produto top de linha da nova marca que acaba de entrar no mercado, concorrente direto do Garmin Edge 705, com a diferença do Rider 50 já vir completo, com sensor de frequência cardíaca e cadência, sem a necessidade de comprar nenhum acessório adicional. O que chama a atenção no aparelho é sua grande tela de LCD, onde é possível exibir mapas, como em um GPS veicular. A tela grande, surpreendentemente, não significa alto consumo de bateria. Em nosso teste, ele ficou com o GPS ligado por mais de 15 horas ininterruptas. No que se refere a mapas, o Bryton Rider 50 tem praticamente todas as vias em detalhe, o que é extremamente importante quando se está explorando uma região. Os mapas são carregados a partir de um cartão de memória inserido no GPS.

Pacote completo de acessórios

Na operação, há diversas opções de configuração, com seis telas diferentes, cada uma delas com 33 opções de campos de dados (velocidade, cadência, frequência cardíaca etc.). Assim, ao todo, são mais de 700 possibilidades de personalização das informações exibidas na tela. Como o aparelho também é um receptor ANT, pode receber inclusive dados de medidores de potência. Um barômetro também mede com precisão a altitude e a elevação, Além dos modos de dados, há ainda o modo de parceiro virtual, na qual o atleta pode acompanhar um parâmetro preestabelecido ou um registro anterior, como um recorde em um percurso.

Montagem na bike

Confira mais características e fotos do teste:

Comparação de tamanho com o popular Garmin 310 XT

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O sensor de cadência é menor em comparação ao da Garmin


A Excelente visualização de mapas

A navegação com bússula é uma das opções do aparelho

Diferentes telas de dados podem ser exibidas

Conclusão

Trata-se de uma opção apropriada para treinos de ciclismo e mountain bike. Não se trata de um GPS multiesporte, mas oferece recursos adicionais muito interessantes, especialmente no que se refere ao uso de mapas em estradas e trilhas. Além disso, chega a custar quase R$1.000,00 a menos do que o garmin Edge 705, seu concorrente direto. MT

Preço sugerido: R$1.249,00 na loja oficial: www. lojabryton.com.br O modo “Retornar para casa” permite que você volta ao ponto de partida.

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Circuito Nacional

Foi dada a largada

o i a m e d 2 2 asília, dia

r B a p a t e a Próxim de 19 de abril a 16 de maio pelo site www.sescdf.com.br Inscrições abertas

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www.sesc.com.br MundoTRI.com [maio 2011]

foto Erik Isakson - Getty Images

para mais uma etapa do SESC Triathlon Circuito Nacional. Desta vez, atletas amadores e profissionais vão testar seus limites, na capital federal. Anote na sua agenda.


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Ç NUTRICÃO O papel da alimentação na recuperação pós-Ironman

Foto: Wagner Araújo

POR YANA GLASER

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A sensação de alívio, de dever comprido, de realização pessoal e vários outros sentimentos indescritíveis, após atravessar a linha de chegada é algo inexplicável. Realmente, só quem atravessa aquela linha é que sabe a sensação. Mas os cuidados com a alimentação não acabam por ali. Dependendo do calendário e dos objetivos do atleta, a nutrição APÓS A LINHA DE CHEGADA é essencial para uma recuperação mais rápida.

nimo, entre 1 e 1,5 gramas de carboidratos junto com 0,25 a 0,4 g de proteínas por kg de peso. Repetir a cada hora até conseguir fazer uma refeição completa. O carboidrato vai ajudar a repor o glicogênio e a proteína vai fornecer aminoácidos para a reconstrução e reparação do tecido muscular.

Após completar 226 kms nadando, pedalando e correndo, o seu corpo gritará por ajuda. Seus estoques de glicogênio estarão deletados assim como seus fluídos e eletrólitos. Se pudéssemos ver as fibras musculares através de um microscópio, veríamos uma bagunça de células desorganizadas! Se não for consumido algo logo após a chegada, pode ocorrer uma resposta hormonal desfavorável pondo em risco a sua saúde. O quanto antes você consumir um bom alimento, mais rápido será seu processo de recuperação.

Exemplo: um atleta de 70kg deve consumir entre 70 a 105 gramas de carboidratos junto com 17,5 a 28 gramas de proteínas.

A vantagem em consumir um bom alimento nos primeiros 30 minutos após a chegada é que seu corpo, nesse momento, estará mais capacitado para absorver os nutrientes. Se você se pesar antes da largada e após a chegada, verá que perdeu alguns quilos! Com certeza você perdeu gordura, mas as maiores quantidades de quilos perdidos vêm da perda hídrica pelo suor, urina e respiração. Os músculos precisam de água! Por isso lembre-se de beber, até as próximas 48 horas, 1,5 litros de líquidos por quilo perdido (pode ser através de sucos, água, água de coco e bebidas isotônicas). O acréscimo de sódio em sua alimentação ajuda a aumentar a retenção dos líquidos, além de repor o sódio perdido. Evite bebidas que contenham cafeína e álcool, por causa do efeito diurético causado por elas.

O ideal é consumir nos primeiros 30 minutos, no mí-

A organização da prova oferece alimentos e bebidas. Opte por carboidratos de alto índice glicêmico como: batatas, massas, sopas, sanduíches, pizzas, frutas ou, caso não tenha apetite para sólidos, água de coco, sucos e repositores hidroeletrolíticos. É importante tentar comer pequenos pedaços de alimentos sólidos o quanto antes você conseguir. Hoje em dia, existe no mercado bebidas e alimentos desenvolvidos especialmente para serem utilizados após eventos como estes, misturando o carboidrato com a proteína, acelerando o processo de recuperação. Após o banho, antes de dormir, por mais que não tenha vontade, é de extrema importância realizar o que chamamos de uma refeição completa. Uma boa fonte de carboidrato com alto índice glicêmico (massas, batatas, pães, etc), um pouco de proteína (um pedaço de carne magra, peixe, frango, ovo, etc) e uma fonte de gordura insaturada (azeite, castanhas, etc). Sem esquecer-se da hidratação (um suco de frutas natural vai agilizar a recuperação das vitaminas perdidas). Essa refeição também vai ajudar a quebrar o enjôo de passar o dia inteiro comendo alimentos “doces” como os géis, barrinhas e bebidas esportivas.

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ç nutricão Nos próximos 2 dias o cuidado redobrado com a alimentação continua. Evite ficar mais de 3 horas sem comer, capriche na ingestão de alimentos fontes de carboidratos e vitaminas, sem se esquecer da hidratação e dos aminoácidos encontrados nos alimentos com fontes protéicas (leites e derivados, carnes magras e grãos) e das gorduras insaturadas (oleaginosas e azeites são boas fontes.) Se você for aproveitar para tirar umas férias depois do Ironman, não se esqueça de ajustar os seus hábitos diários alimentares, caso contrário irá ganhar peso. Você estava acostumado a se alimentar muito para equilibrar seu gasto energético durante o período dos treinos. Agora é fundamental que você diminua o seu consumo calórico diário, pois apesar de agora você ser um Ironman, a lei da física continua a mesma, infelizmente! A quantidade de alimentos consumidos deve ser igual à quantidade de energia gasta, caso contrário o ponteiro da balança irá subir. MT REFERÊNCIAS UTILIZADAS PELA AUTORA:

O ideal é consumir nos primeiros 30 minutos, no mínimo, entre 1 e 1,5 gramas de carboidratos junto com 0,25 a 0,4 g de proteínas por kg de peso. Repetir a cada hora até conseguir fazer uma refeição completa. O carboidrato vai ajudar a repor o glicogênio e a proteína vai fornecer aminoácidos para a reconstrução e reparação do tecido muscular.

American College of Sports Medicine, 2007 Exercise and Fluid Replacement Position Stand PowerBar Sport Nutrition Guidelines, 7/08. American College of Sports Medicine, Sawka MN, Burke LM, Eichner ER, Maughan RJ, Montain SJ, Stachenfeld NS. American College of Sports Medicine position stand. Exercise and fluid replacement. Med Sci Sports Exerc 2007;39:377–390. American College of Sports Medicine; American Dietetic Association; Dietitians of Canada. Joint Position Statement: nutrition and athletic performance. American College of Sports Medicine, American Dietetic Association, and Dietitians of Canada. Med Sci Sports Exerc 2000;32:2130–2145. Burke L, Dean V, eds. Clinical sports nutrition. McGraw-Hill Companies, Australia, 2006; 415–453. Currell K, Jeukendrup A. Superior endurance performance with ingestion of multiple transportable carbohydrates. Med Sci Sports Exerc 2008;40:275-281. Jeukendrup AE, Moseley L, Mainwaring GI, Samuels S, Perry S, Mann. CH. Exogenous carbohydrate oxidation during ultraendurance exercise. J Appl Physiol 2006;100:1134-114.

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Yana Glaser é Nutricionista e triatleta há 10 anos.

FIQUE ATENTO: Estudos atuais comprovam que a Lglutamina e complexos vitamínicos ajudam a acelerar o processo de recuperação e fortalecer o sistema imune (que é altamente afetado durante a prova devido a alta produção de radicais livres), evitando o aparecimento de doenças e lesões. Consulte seu médico e/ou nutricionista para melhores informações.


Sabe quantas ĂĄrvores foram derrubadas para que vocĂŞ pudesse ler a MundoTRI Magazine? Nenhuma. Pense verde.

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Foto: Delly Carr / triathlon.org

A campeã olímpica Emma Snowsill é a triatleta asmática mais famosa. Repare a “bombinha” em seu macaquinho.

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Por Priscilla Dutra

INDUZIDA POR EXERCÍCIO FÍSICO

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A Asma é uma doença muito comum, principalmente entre crianças e adolescentes. Ela é definida por uma inflamação dos pulmões que se caracteriza por uma hiper-reatividade das vias aéreas, levando a uma obstrução do fluxo de ar. Essa obstrução pode ser revertida espontaneamente ou com o uso de medicamentos de alívio, os famosos broncodilatadores. O quadro se manifesta com episódios repetidos de tosse, chiado, aperto no peito e falta de ar, principalmente durante a noite. É o resultado da interação entre os fatores genéticos, portanto, presentes na família, e exposição ambiental a diversos fatores desencadeantes, os chamados gatilhos: poeira, ácaro, mofo, irritantes químicos, mudanças climáticas, infecções e exercício físico. E agora vocês perguntam: Como assim o exercício físico pode desencadear a Asma? Não haveria algum engano? Não, meus caros leitores, por incrível que pareça, a idéia de que o exercício seja um fator desencadeante da asma já existe desde a década de 60. Nesse período, vários estudos demonstraram que o exercício físico era desencadeante comum da asma na criança e no adolescente e que a intensidade do espasmo induzido por exercício relacionava-se com a gravidade da doença. Portanto, o exercício pode desencadear a asma, assim como o contato com poeira, mofo, cheiros fortes e outros. A diferença é que, enquanto os médicos tentam afastar os asmáticos dos gatilhos mais comuns da asma, a atividade física é um fator desencadeante que não deve ser afastado. Ninguém deve ser proibido de fazer esportes por ser asmático! Infelizmente, não é tão fácil identificar a asma por esforço. Nem mesmo as crianças entendem os sintomas e acabam achando que não nasceram para serem atletas, se passando por preguiçosos e muitas vezes sendo excluídos das brincadeiras ou jogos.

O que é a Asma Induzida por Exercício? Bem, chamamos de Asma Induzida por Exercício (AIE) o conjunto de sintomas respiratórios e Broncoespasmos Induzidos por Exercício (BIE) o conjunto de alterações na prova de função pulmonar. Trata-se de

um aumento transitório da resistência das vias aéreas que ocorre após exercício vigoroso, não somente em uma grande parcela de asmáticos, mas também em alguns indivíduos sem história prévia de asma. Os sintomas são: Tosse seca ou com produção de muco, aperto no peito, chiado e falta de ar durante ou após os exercícios. Geralmente piora nos dias frios e secos. É mais comum em criança, mas pode ocorrer em qualquer idade, até mesmo em idosos. Algumas vezes, os sintomas não são típicos e o broncoespasmo pode se apresentar como dor torácica ou abdominal. A sensação de falta de ar ao realizar esforços físicos é considerada normal para a maioria das pessoas que não estão treinadas. Em atletas amadores ou profissionais, é logo explicada pela falta de treinamento, o que leva a um aumento da carga de trabalho. Quando esse caminho não se mostra eficaz, logo se investigam doenças cardíacas. Poucas vezes a asma é lembrada como causa de baixo rendimento.

Prevalência em atletas A prevalência de asma entre atletas olímpicos vêm aumentando nas últimas décadas. Em 1976, 9.7% dos atletas da delegação olímpica americana eram portadores de asma contra 11% em 1994 e 20% dos atletas que participaram das Olimpíadas de 1996. Recentemente, foram publicados os dados das últimas Olimpíadas em relação ao uso de broncodilatadores coletados dos formulários apresentados à comissão medica do Comitê Olímpico Internacional (MC-IOC). De todos os atletas participantes, 5.2% usaram broncodilatadores nos Jogos de Inverno de 2002, 4.2% nos jogos de 2004, sendo que nas modalidades de endurance a prevalência foi maior, principalmente no ciclismo, seguido pelo triathlon e natação. Atletas olímpicos são ídolos para todas as crianças que praticam as mais diversas modalidades esportivas. Os consensos atuais preconizam que a atividade física sem restrições é um dos maiores objetivos do tratamento ideal da asma. Além disso, praticar esportes é componente fundamental para o desenvolvimento físico, psíquico e social de qualquer criança saudável.

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Foto: Delly Carr / triathlon.org

O triatleta neozelandês Kris Gemmel também é asmático. Repare a”bombinha” presa no quadro de sua bike.

Portanto, o ótimo manejo da asma no esporte vai mais além do que tratar um atleta em especial. Asma induzida por esforço é o termo mais utilizado para descrever os sintomas, enquanto broncoespasmos induzido por esforço é empregado para as alterações nos exames de função pulmonar compatíveis com obstrução ao fluxo de ar. O mecanismo que explica a alta incidência de asma em atletas é a alta ventilação pulmonar, muitas vezes maior que 280 l/min, levando à perda de calor e água nas vias respiratórias. Esse mecanismo é exacerbado nos atletas que treinam em locais muito frios e secos e em nadadores submetidos, repetidamente, a grandes concentrações de derivados do cloro. Tratar a asma em um atleta de alto rendimento pode parecer um luxo, pois muitos se referem à “falta de ar”, mesmo atingindo uma capacidade física invejável, muitas vezes além do que se considera normal. Justamente nessa população tão diferenciada, o ótimo manejo da asma é tão importante. Relatos

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sobre 263 mortes de atletas apontam que a asma foi a causa da morte de 61, e na maioria das vezes, atletas durante competições. Destes, somente um atleta estava utilizando corretamente o tratamento de manutenção. Devemos lembrar que atletas olímpicos são submetidos a treinamentos extremos, em condições climáticas nem sempre favoráveis, além de contínua pressão por melhores resultados, viagens frequentes e exposição repetida aos múltiplos fatores desencadeantes da asma. Esses fatores contribuem para o aumento observado na prevalência da asma nesta população e torna crucial o tratamento adequado na manutenção, tanto da saúde como dos resultados esperados. Além da asma, outras doenças alérgicas como a rinite, a conjuntivite e as dermatites atópicas são mais comuns entre atletas. Quando há uma associação de atopia e hiper-reatividade brônquica em um atleta exposto aos fatores alergênicos citados acima, a chance de esse atleta sofrer de problemas respi-


vida e nos resultados esportivos. No Brasil, a principal “representante” dos asmáticos no Triathlon é Carla Moreno.

Sabemos que asma e rinite são doenças que andam de mãos dadas, ambas atrapalham extremamente a vida diária de um atleta. A rinite caracteriza-se pela presença de coriza, obstrução, coceira no nariz e espirros constantes. Pode ainda ser a causa de ronco e dificuldade de dormir. Todo atleta com diagnóstico de rinite deve ser avaliado para asma e BIE. Além da espirometria simples em repouso, testes com broncodilatadores e broncoprovocação podem desmascarar uma asma como causa de baixo rendimento. Além destes cuidados, locais destinados às competições, principalmente as internacionais, devem ser mapeados quanto a presença de polinizações e condições climáticas locais. Dessa forma, a equipe médica juntamente com os técnicos e dirigentes podem preparar o atleta para que o pico de performance atlética esperada não seja “atropelado” por uma crise de alergia ou asma. Portanto, um ótimo controle dessas doenças é extremamente desejável em todos os atletas.

Regras do Comitê Olímpico Internacional

Foto: Wagner Araújo

A primeira descrição de broncoespasmo em atletas de alto rendimento foi em 1989, em nadadores noruegueses. Pouco mais tarde, o mesmo fenômeno foi descrito em esquiadores. Preocupados com a elevação do uso de broncodilatadores entre atletas e com a possibilidade de estas drogas serem utilizadas para aumentar a performance do atleta não asmático, em 1993 surgiram as primeiras regras do Comitê Olímpico Internacional regulamentando o uso dos broncodilatadores no esporte. ratórios como asma e rinite é muito grande. A rinite alérgica também é mais frequente em atletas de alto rendimento, atrapalhando a performance esportiva, principalmente nos países do hemisfério norte, onde as estações do ano são demarcadas pelas variações extremas de temperatura e polinizações. Os atletas de modalidades aquáticas também são mais frequentemente acometidos pela rinite e conjuntivite alérgicas. Estudos demonstraram que atletas com tratamento adequado para rinite apresentaram melhora dos sintomas respiratórios, na qualidade de

Nesta época, atletas com história de asma foram autorizados a usar salbutamol e terbutalina inalados. Em 1996 foi autorizado o uso de salmeterol e em 2001 também de formoterol. Os medicamentos deveriam ser prescritos por médicos em atletas com histórico de asma ou asma induzida por esforço. Em 2001, novas regras foram introduzidas para a liberação das medicações para o controle da asma, solicitando testes de função pulmonar aos atletas e preenchimento de formulários abreviados. Pequenas modificações foram acrescentadas às regras e em

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2006 foram liberados os corticóides tópicos nasais, permanecendo restrições aos beta-agonistas e corticóides inalados. Muitos médicos apontam que tais restrições poderiam trazer consequências negativas para alguns atletas que preenchem tais critérios, porém apresentam quadro clínico de asma. Ainda, os atletas asmáticos não tratados estão competindo em condições de desigualdade, além de estarem sujeitos a crises se não receberem tratamento profilático para a asma. Drogas para asma não devem ser consideradas doping. A manutenção correta do tratamento é fundamental para a saúde e para o resultado do atleta. A interrupção do tratamento não deve ser encorajada, pois pode trazer riscos à saúde e perda de rendimento.

Como fazer o diagnóstico da asma em atletas? O diagnóstico da asma em atletas não difere do da asma em uma população normal. É baseado na história clínica e na presença de sintomas respiratórios, caracterizados por episódios repetidos espontaneamente ou com o uso de broncodilatadores. O termo “asma” atual refere-se à presença de sintomas pelo menos uma vez durante o último ano. O diagnóstico da asma em atletas nem sempre é simples, pois a doença tem uma apresentação variável e intermitente, podendo aparecer somente durante esforços extremos. Devemos lembrar também que enquanto o sistema cardiovascular e os músculos esqueléticos respondem a treinamento aeróbico, aumentando sua capacidade, o mesmo não acontece com o sistema respiratório. Muitos atletas apresentam queda da oxigenação durante esforços extremos. Muitas vezes, distinguir a asma de alterações fisiológicas não é tão simples e assim que for estabelecido o diagnóstico da asma, o tratamento deve ser iniciado.

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Tratamento da asma em atletas Sabendo da importância e urgência de instituir tratamento imediato para atletas asmáticos, os formulários WADA são abreviados ( Abbreviated Therapeutic Use Exemptions – Atue, Formulário de isenção de uso terapêutico ). Uma vez recebido pelas autoridades competentes, o atleta já está autorizado a iniciar a medicação enquanto seu processo está em análise. Nesse período, ele não ficará sujeito às sanções do controle anti-doping. Doses urinárias maiores que 1.000 nanogramas de beta-agonistas são consideradas positivas, mesmo em atletas autorizados. O tratamento deve então ser rigorosamente monitorado. A ausência de resposta à terapêutica em atletas com boa aderência ao tratamento deve levantar a hipótese de diagnósticos diferenciais, como a disfunção de cordas vocais, doenças cardíacas e outras doenças do sistema respiratório. As doses dos medicamentos devem obedecer à menor dose possível, prevenindo possíveis efeitos colaterais indesejáveis. Alguns pontos importantes devem ser levantados quanto à realização dos testes de função pulmonar em atletas. • As regras são aplicadas somente aos atletas de alto rendimento. Atletas amadores ou das categorias mais jovens não necessitam de autorizações para iniciar o tratamento para asma. É desejável que cada atleta se informe junto à sua confederação sobre as regras vigentes para a sua idade e para os campeonatos que estarão participando. • Os médicos responsáveis pelas equipes devem manter-se informados tanto das atuais diretrizes para o controle da asma, quanto das regras em relação ao controle de doping. • É extremamente desejável que a comissão médica permaneça em estreito contato com o atleta e seu técnico, com o objetivo de alcançar o controle ideal da asma sem ferir as regras do doping. • É fundamental lembrar que o momento ideal para a realização dos testes de função pulmonar deve ser distante da data de competições importantes. Para obter resultados fidedignos, a medicação de controle e alívio deve ser suspensa, o que não é recomendável próximo a esses eventos, onde o pico de rendimento é esperado e uma crise de asma pode ser catastrófica.


Diversas drogas são utilizadas no tratamento da asma.

• A asma é uma condição muito variável. Portanto, mudanças de clima e ambientes devem levar à constante reavaliação do tratamento. • Alergias respiratórias são associadas. O tratamento da rinite alérgica não deve ser menosprezado. Os antialérgicos não sedantes são permitidos e preferidos atualmente. A melhor forma de tratar a asma e a asma induzida por esforço é saber reconhecê-la. É fundamental que pais, professores, técnicos e médicos esportivos estejam bem informados da existência dessa condição e suas consequências. Dessa maneira, podem adotar as medidas necessárias para o diagnóstico, prevenção e tratamento.

rios e do uso correto dos broncodilatadores. A diferença nos atletas é que eles são continuamente submetidos a condições extremas, portanto, necessitam de tratamento correto para garantir o melhor desempenho. Por outro lado, a possibilidade de efeitos colaterais dos medicamentos deve ser cuidadosamente monitorada.

Drogas para o controle da asma Corticóide inalatório

Treinadores não alertados podem presumir que o atleta não esteja se empenhando adequadamente e aumentar o broncoespasmo e seus sintomas, o que, com certeza, aumentará os atritos entre o atleta e seu técnico.

O controle mais efetivo da asma e a redução do broncoespasmo induzido por esforço são atingidos na maioria dos atletas através do uso dos corticóides inalados. Em um mês, o efeito já é observado e o uso dos corticóides aumenta o efeito protetor dos betaagonistas utilizados antes dos exercícios.

O tratamento da asma em atletas segue as mesmas diretrizes do tratamento da asma na população geral, ressaltando a importância da medicação de controle e de alívio, ou seja, do uso contínuo de antiinflamató-

As doses devem ser suficientes para o controle da asma, sempre monitorando a possibilidade de ocorrência de efeitos adversos locais e sistêmicos.

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Todos os corticóides orais, venosos ou intramusculares são proibidos! Em situações de emergência deve-se medicar o atleta e enviar uma TUE – formulário de Therapeutic Use Exemptions – às autoridades competentes de cada modalidade, o mais breve possível. Os corticóides inalados necessitam de autorização, como a abbreviated TUE. Os corticóides tópicos nasais não necessitam ser autorizados. Antileucotrienos O uso de antileucotrienos (Montelucast) é indicado nos atletas asmáticos isoladamente ou em associação aos corticóides inalados. Por não ser necessária autorização, é uma excelente droga para o controle dos atletas que ainda não realizaram todos os exames ou que não atingiram os critérios estabelecidos. O uso de antileucotrienos dispensa a preocupação com os efeitos adversos relacionados aos esteróides. O controle de sintomas e função pulmonar é indispensável, principalmente se usados em associação com os broncodilatadores.

Drogas para o alívio dos sintomas Beta-2-agonistas ou beta-adrenérgicos inalatórios Nos pacientes com asma intermitente, prova de função pulmonar normal e sintomas desencadeados somente ao esforço, a administração de beta-adrenérgicos de ação curta, 15 minutos antes do esforço, é suficiente para prevenir o broncoespasmo induzido por exercício. As drogas liberadas com autorização são o salbutamol e a terbutalina, sempre por via inalatória. A administração de qualquer broncodilatador por via oral não é permitida e também a substância formoterol, bastante utilizada no nosso meio, é proibida pelas regras do doping. Podem ser usados também os beta2-adrenérgicos de longa ação, salmeterol ou formoterol sendo este último mais indicado pela sua ação de inicio rápido e também efeito prolongado (8 a 12 horas). De acordo

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com as diretrizes atuais, também entre atletas, o uso de broncodilatadores como monoterapia não é indicado. A combinação com algum antiinflamatório é sempre mais acertada, principalmente pelo fato do exercício ser uma atividade diária e não de exceção na vida desses atletas. A combinação das drogas deve ser acertada caso a caso, visando o ótimo manejo da asma durante a realização da modalidade física do atleta. A medicação pode ser alterada em função das estações do ano, viagens, locais diferentes de treinos ou das competições. O monitor de pico de fluxo é um instrumento simples, de baixo custo e bastante prático para o automanejo da asma pelo atleta e seu técnico. Quando um tratamento adequado para asma é instituído, mas os sintomas não melhoram, deve-se checar as causas mais frequentes de falha terapêutica: técnica inalatória inadequada e ou baixa aderência ao tratamento. Se os sintomas persistirem, o diagnóstico de asma deve ser reavaliado. Muitos atletas experimentam crises de asma durante treinos e competições. É fundamental que os técnicos e os demais atletas estejam familiarizados com a asma e suas apresentações. O acesso fácil a um broncodilatador de ação rápida (salbutamol spray) é desejável, de preferência com a ajuda do espaçador para facilitar a administração do remédio de alivio em situações de emergência. Os técnicos esportivos devem ser treinados para o procedimento adequado em caso de ocorrer um broncoespasmo agudo durante o exercício. O procedimento correto deve ser interromper o exercício e administrar broncodilatadores beta2-adrenérgicos por inalação ou spray. Muitos treinadores não estão habituados a utilizar as famosas bombinhas. Pior, muitos ainda desencorajam o atleta a usá-la. A informação correta é a melhor aliada contra emergências desnecessárias.

O que você precisa saber


Foto: Delly Carr / triathlon.org

O exercício é um conhecido fator desencadeante da asma e diferente dos outros gatilhos, o exercício não deve ser afastado do paciente com asma! Em todas as idades, as atividades esportivas são instrumentos de convívio social, participação de grupos e formação de novas amizades. O asmático pode e deve realizar qualquer atividade física que desejar. Para isso, a asma deve estar sob controle. Portanto, esportes mais comuns, como corrida, bicicleta, jogos de quadra ou campo, enfim, qualquer modalidade esportiva pode ser escolhida. A natação sempre foi apontada como a melhor escolha para o asmático e ganhou fama de “curar a bronquite”. A prática regular de esportes deve ser encorajada, mas nunca como forma isolada de tratar a asma. Algumas crianças podem até piorar ou desencadear a asma após a natação, seja pelo próprio exercício, inalação de cloro ou ainda pela alta frequência de rinite e sinusite em nadadores. Por outro lado, muitos campeões olímpicos de natação começaram suas carreiras tentando se curar da asma nas piscinas.

campeão em qualquer esporte! É extremamente importante ressaltar que todas as regras descritas acima são necessárias apenas para os atletas olímpicos ou sujeitos a exames de controle de doping. As regras não devem ser encaradas como obstáculo para o tratamento adequado da asma. Nenhum atleta deve ser encorajado a suspender seus medicamentos. Os remédios da asma não são proibidos, mas sim controlados. Os técnicos devem estar muito conscientes sobre as sérias consequências da suspensão da medicação para o controle da asma. Existem muitos pequenos atletas potenciais que estão amedrontados pela asma. A asma não deve nunca ser um obstáculo para o desenvolvimento esportivo. E lembre-se: A asma bem controlada, com certeza, vem acompanhada de muitas medalhas! MT

A mensagem é: Trate a asma para nadar bem! Ou, melhor ainda, trate a asma para viver bem e ser um

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Foto: Eduardo Rosa

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A princípio, é importante saber que a pedalada difere de acordo com a modalidade. Por isso, sua mecânica deve ser adequada para aquilo que a modalidade exige. Assim, cada pessoa se mostra mais confortável e com melhores resultados em determinado tipo de prova. A diferença técnica de cada modalidade é perceptível no momento que o pedivela está paralelo ao chão (posição de 9 horas), nesse ponto é feita uma comparação para determinar qual o avanço da articulação do joelho em relação ao eixo do pedal, é esse número que vai determinar o quanto sua mecânica está adaptada para sua bicicleta. Não existe um número exato e sim intervalos onde a mecânica se mostra mais eficiente, respeitando as particularidades do estilo de pedalada de cada um e também suas medidas antropométricas, que às vezes podem ser determinantes no seu posicionamento. No MTB, a exigência de potência absoluta é maior devido ao terreno e poucos trechos pedalados em relação ao ciclismo e triathlon, nesse caso a geração de torque é benéfica e a articulação do joelho posicionada pouco atrás do eixo do pedal se torna eficaz, possibilitando melhor aproveitamento da força. No ciclismo temos o modelo mais complexo de mecânica de pedalada devido às diferentes posições que a bicicleta permite quando se altera a pegada no guidão. Na posição padrão, com as mãos no STI o ideal é o que a articulação do joelho fique alinhada com o eixo do pedal, tornando-se uma posição versátil para atender ciclistas que pedalam com menor cadência e maior geração de torque ou aqueles que possuem maior cadência e força aplicada com melhor distribuição durante o ciclo de pedalada. No momento que se muda a posição para transpor uma longa subida, naqueles casos que a cadência reduz e a pedalada se torna mais pesada, o torque passa a ser importante para manutenção da velocidade, nesse caso uma posição mais recuada no selim e as mãos na parte superior do guidão, mais próxima a mesa, possibilita uma mecânica mais próxima do MTB. Essa mudança resulta em melhor aproveitamento da força. Em trechos muitos inclinados e de maior distância é possível que a região lombar sinta o esforço, mas essa dor não deve ser analisada como um mau posicionamento na bicicleta.

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A outra situação é quando o ciclista pedala sozinho, muitas vezes em uma fuga, onde faz a pegada no drop do guidão e avança até a ponta do selim, deixando a articulação do joelho avançada em relação ao eixo do pedal, facilitando a manutenção da cadência e permitindo melhor distribuição de força durante o ciclo de pedalada, exigindo a musculatura de forma equilibrada aumentando a resistência em um esforço elevado. O triathlon, por ter um ciclismo com a maior parte em trechos planos e por possibilitar a posição avançada do selim (deixando a articulação do joelho bem avançada em relação ao eixo do pedal), permite uma pedalada muito eficiente, equilibrando o desgaste muscular e facilitando a manutenção da cadência. Isso ainda preserva a musculatura para a etapa de corrida. Com uma boa análise de sua pedalada e um bom bike fit para determinar qual o avanço correto do selim, é possível aconselhar um tamanho correto de pedivela, que lhe trará melhor rendimento de sua pedalada. Felipe “PIPO” Campagnolla é Diretor da Vélotech e habilitado Retul bike fit e Colaborador da equipe SCOTT FITTIPALDI MTB Racing team. Foto: Eduardo Rosa

Entender como funciona na prática sua pedalada é muito importante para determinar a escolha de alguns componentes da bicicleta e, às vezes, qual o modelo que lhe atenderá melhor.


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IRONMAN BRASIL 2011 Conversamos com os principais atletas nacionais e nossos “hermanos” mais queridos sobre o que esperam da prova

AS EXPECTATIVAS DOS PROFISSIONAIS * Os atletas são apresentados 30 MundoTRI.com [maio 2011]pela ordem do número de inscrição na prova.


“A cada ano que passou melhorei meu resultado no Ironman, em especial no ano passado, onde creio ter surpreendido muita gente com a segunda colocação. Não que eu não pudesse fazê-lo, mas sabendo da presença de grandes nomes eu ficava em segundo plano. Com esse resultado da segunda colocação e outros bons resultados que tive durante o ano de 2010, as expectativas cresceram não só para mim, como também para os seguidores do Ironman. Será que este ano o Ezek leva? Essa pergunta deve estar na cabeça de muitos, e porque não na minha também. Tenho treinado bastante, fiz algumas provas para avaliar e pegar ritmo nos últimos três meses.”

Ezequiel Morales 2º lugar em 2010

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“Minha intenção é fazer uma prova mais consistente que a do ano passado. Analisando os gráficos do ano passado, Power/ HR/ CAD no ciclismo e pace / HR na corrida, é nítido que minha performance caiu muito no último terço do ciclismo e no 1/2 da corrida, dei uma melhorada nos treinos visando melhorar estes dois pontos. No mais, uma pequena mudança na alimentação e de resto tudo igual. Apesar de estar no triathlon há 17 anos, me considero um novato no Ironman, tendo em vista que se trata de “outro” esporte. Então, certamente, outras dificuldades aparecerão e novamente terei que trabalhar em cima delas.”

Santiago Ascenço

Foto: Wagner Araújo

3º lugar em 2010

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“Floripa é um lugar onde sinto-me como se estivesse em casa. A viagem é curta da Argentina para lá, não tem fuso horário, é realmente muito tranquilo. Além do que, minha família também é brasileira, e sempre conto com uma torcida muito grande todas as vezes que vou competir o Ironman Brasil. Em 2011, pretendo fazer mais de três Ironmans no ano, então minha expectativa é sempre manter regularidade que tenho em provas dessa distância, e estar entre os protagonistas. Adoro ir para o Brasil, o clima, a prova, a torcida, a organização, meus amigos que estão lá, então quero disfrutar e aproveitar ao máximo o dia.”

Eduardo Sturla

Foto: Wagner Araújo

tricampeão do Ironman Brasil e 5º lugar em 2010

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“A única coisa que posso falar sobre a minha participação no Ironman Brasil 2011 é sobre o Projeto Solidário para ajudar uma escola na Argentina, que atende quase 100 alunos com deficiência física e financeira. Leiloamos 15 pacotes com inscrição para o Ironman Brasil, uniformes da minha grife, a OG Design, uma planilha de treinamento geral e parte do dinheiro arrecadado foi doado para a escola Apadim, em Córdoba. Montamos uma academia de reabilitação para jovens. Esse projeto social me deixa mais realizado como ser humano e a minha presença no Ironman será importante, pois esses 15 atletas estarão lá competindo.”

Oscar Galindez

Foto: Wagner Araújo

Tricampeão do Ironman Brasil e 5º lugar em 2010

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“Este será o meu terceiro Ironman e, na verdade, o primeiro para o qual estou treinando de forma mais específica. Estou buscando uma adaptação às distâncias mais longas para me tornar um verdadeiro triatleta, depois de 23 anos no esporte. Acho que estou no caminho certo e incorporando o espírito da prova. O primeiro objetivo é o de enfrentar a distância com muita garra, o segundo, de tentar melhorar meu tempo, que é de 9:15.”

Foto: Wagner Araújo

Antônio Manssur Filho

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“Estou muito feliz e sou muito grato a Deus por me dar muita saúde e força para fazer o esporte que tanto amo. Minha expectativa para o Ironman Brasil é, antes de almejar qualquer posição, tentar colocar em prática tudo que venho treinando ao longo de minha carreira. Acontecendo isso, ficarei satisfeito com meu resultado. Meus treinamentos foram praticamente iguais. O que talvez possa mudar alguma coisa, seria o fato de eu já ter completado 22 Ironmans. Isso de certa forma me dá um pouco mais de tranquilidade, mas vale lembrar que cada prova é sempre um aprendizado a mais. Obrigado especial a minha esposa e meu filho, meus patrocinadores e apoiadores, todos os profissionais que trabalham comigo e

aqueles

que torcem e acreditam em mim! Desejo boa prova a todos e nos vemos na linha de chegada.”

Ivan Albano

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“A sensação é que treinei o que pude para completar bem essa prova. Há 3 anos que eu tenho vontade de fazer essa brincadeira. Agora chegou a hora! Então é colocar tudo que venho treinando desde os 20 anos de idade. Expectativa de um bom resultado, claro que tenho, como todos têm. Mas tenho que ser realista e saber o que é um bom resultado para mim. Esses dias pra trás, durante um treino, fiquei pensando que o impossível está na cabeça de cada um. Na minha cabeça, para esse Ironman, nada é impossível, até porque não sei o que esperar de uma prova tão temida por todos. Creio que estou preparado para terminar a prova, agora se vou ser TOP 10, TOP 5, TOP 74, TOP 234, só o dia 29 de maio vai me dizer. E até lá eu estarei treinando e treinando para que sofra o mínimo possível. Espero realmente que acerte na alimentação, acerte o pace, que tenha calma e prudência se alguém mais forte me passar, que beba bastante água para não me desidratar, que minha companheira (bike) chegue inteira ao final dos 180km. Tenho alguns medos, como todos têm, mas espero que nesse dia eu esteja forte para vencê-los! Fazer uma natação bem ritmada, um ciclismo consistente e uma corrida maravilhosa é a prova perfeita. Vou largar para isso. Mas só de estar no clima de Ironman já estou começando a ficar realizado

Foto: Eduardo Rosa

com o Triathlon. Agora é para valer. Nos ve-

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mos em Jurerê!”

Chicão Ferreira MundoTRI.com [maio 2011]


Foto: Wagner Araújo

“O Ironman é uma prova temível. E quem acompanhou o diário sabe que dei muita importância na minha preparação para o Ironman Brasil 2011. Minha grande expectativa era ter chegado até aqui treinando o possível, sem nenhum motivo que me fizesse perder as esperanças (lesões, doenças etc). Quanto à prova em si, espero ter um resultado condizente com minha preparação. Um top 5 seria fenomenal, mas como depende de outros atletas, prefiro dizer que queria mesmo era fazer uma prova não tão conservadora, arriscar um pouco em todas modalidades, e assim, procurar obter um tempo final muito bom. Espero que consiga terminar abaixo das 8h39 do ano passado. Também gostaria desejar boa sorte e coragem a todos competidores que também enfrentarão o desafio.”

Guilherme Manocchio

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“Minha preparação para o Ironman Brasil tem sido bem parecida com a do ano passado, porém fiz algumas mudanças. Para este ano, adicionei um pouco mais de volume no ciclismo, fazendo 6 treinos de 200km e um de 220km. Na natação, fiz um volume um pouco maior também, e sinto que isso ajudou na minha performance. Já na corrida, como decidi correr com os FiveFingers, fiz muito treino longo de corrida descalço na areia fofa. Inclusive, um desses trei-nos chegou a 18km na areia. Essa preparação me ajudou a acostumar minha musculatura e adquirir força. Posso dizer que, a grande diferença no meu treino para esse ano foi o foco na nutrição. Por ser um atleta vegan e 100% raw (cru), ou seja, não comer nenhum produto animal ou derivado de, alem de não comer nada cozido a mais de 50 graus, isto ajudou muito na minha recuperação entre um treino e outro, o que me possibilitou treinar mais e mais forte para este Ironman. O fato de eu ser meu próprio técnico e nutricionista me ajuda muito a escutar meu corpo. Isto porque, quando estou muito cansado de um treino que não me recuperei bem, posso mudar meu treino imediatamente, chegando, às vezes, a não treinar. PreFoto: Arquivo pessoal

zo muito a recuperação entre um treino e outro, e acredito que o descanso faz parte do treino também. Agora é só ver o que acontecerá em Florianópolis. Meu objetivo é fazer o mais próximo de 9 horas possível, chegar no final do ano abaixo de 9 horas e, em 2012, ir à Kona como profissional.”

Richard Wygand 40

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“Não tenho expectativas para a prova. Tenho muita alegria em poder ser uma atleta profissional durante tantos anos e poder me dedicar a um esporte que ajudei a inventar. Sou uma das pioneiras desse esporte e fico muito feliz em ver o seu crescimento. A minha vida e esse esporte estão de uma certa forma interligados. São quase 30 anos de carreira. Hoje tenho o imenso prazer de competir com uma novíssima geração e, ao mesmo tempo, ter vivido um tempo de ouro do esporte. Na realidade, minha expectativa é para que esse esporte possa crescer muito mais e ser bem mais difundido no Brasil. Os meus resultados são a prova da Foto: Linkphoto.com

minha paixão pelo que mais amo fazer: competir.”

Fernanda Keller Bicampeã do Ironman Brasil

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Foto: Wagner Araújo

“Cada Ironman para o qual você se prepara é diferente. Em meu primeiro Ironman, tinha muita expectativa e ansiedade, porque não sabia se poderia completar. O que mais me preocupava era se poderia completar os 180k de bike.Os Ironmans seguintes foram diferentes. Eu sempre queria melhorar o tempo da prova anterior. Neste ano, como todos os Ironmans que já fiz (5 no meu currículo), a preparação também tem sido diferente, com uma bagagem grande de treino e com mais experiência. Quero ter um rendimento melhor que o ano anterior e poder deixar em cada modalidade 100% de mim. Além de dar tudo de mim, quero curtir e sentir a prova a cada momento. Se puder chegar dentro do Top 3 seria fantástico, porque isso me permitiria sonhar em tentar uma nova classificação para o Havaí! ”

Maria Soledad Omar 3º lugar no Ironman Brasil 2010

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“Realizo um trabalho com uma equipe multidisciplinar desde janeiro de 2009 e agora, na reta final para o Ironman Brasil 2011, percebo um amadurecimento nos treinos e progressos nas três modalidades. Para esta prova, venho treinando desde meados de janeiro (após competir em Pucón), aproximadamente 18 semanas (cerca de 4 treinos semanais de cada modalidade). Nesse período, competi as três primeiras etapas do Catarinense de Triathlon, sendo a última delas de longa distância, que usei para fazer os últimos testes para o Iron. Venci a prova fazendo um ciclismo forte e conseguindo manter uma corrida consistente, o que me deixou mais confiante e motivada. Treino quase que diariamente no percurso do Ironman e espero que esse conhecimento, juntamente com a e-

Foto: Wagner Araújo

nergia da torcida da minha cidade e minha determinação, resultem num duplo SUB10 (horas de prova e colocação).”

Mariana Borges

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“Tive a oportunidade de vivenciar a experiência de completar um Ironman em 2007, quando estava com 20 anos de idade. Muitos acharam loucura na época, pois um mês antes da competição ganhei a inscrição no sorteio da FETRISC e acabei aceitando ir para curtir e viver essa experiência. Duas semanas antes da prova roubaram minha bike, fiquei arrasada e desisti de competir. Após pensar melhor, com o incentivo de meu namorado, peguei uma bike emprestada e fui largar sem compromisso, com o objetivo de nadar e pedalar 90k. Vivendo aquela atmosfera, sentindo toda a emoção e garra dos outros atletas que me contagiaram, fui até o final, completando a prova em 11h50min e muito feliz! Agora, tecnicamente, será o meu primeiro Ironman, pois nunca fiz uma prova assim treinada e decidida a lutar e superar meus limites. Tenho certeza que farei muito melhor, estou conseguindo fazer uma boa sequência de treinos, e em relação àquela época, estou muito mais condicionada e com muito mais experiências vividas em provas de meio IronFoto: Bruna Bueno

man. Minha expectativa é estar no pódio entre as Top 10 do profissional. Estou treinando para isso e acredito que, se tudo correr bem, vou atingir esse objetivo e com certeza será a primeira de muitas provas destas que vou largar e representar o Brasil com muito orgulho.

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Alessandra Carvalho


“Não vejo a hora de estar no congresso técnico, na área de transição e no curral de largada como atleta, de novo, e sentir aquele frio na barriga por estar competindo na maior prova do país. Senti muita falta disso em 2010 e, este ano, espero completar bem a prova e provar definitivamente para mim mesma que eu estou de volta. Acredito que a disputa na Elite feminina será fantástica, pois temos muitas atletas com nível semelhante. Acho que o Top 10 será sub-10 horas e definido nos detalhes. Espero fazer uma prova perfeita para entrar nessa briga. ”

Foto: Wagner Araújo

Ana Lídia Borba

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“Em 2011 irei participar do meu primeiro Ironman. Pratico Triathlon há 9 anos e só agora me sinto preparada para encarar uma prova tão desgastante. Por ser minha estréia na distância, não tenho expectativa de tempo nem colocação, meu desejo real seria terminar a prova satisfeita com o meu resultado. Nenhum resultado já conquistado em provas de 70.3 ou qualquer outra prova de meia distância pode ser levado em consideração quanto às expectativa e minhas chances no Ironman. Como todo mundo fala, e é uma verdade, Iron é Iron e nada se compara a ele. Estou treinando para estar o mais preparada possível para o dia 29 de maio. Quero ficar muito orgulhosa da minha prova quando cruzar a linha de chegada.”

Foto: Wagner Araújo

Vanessa Gianinni

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Foto: Wagner Araújo

“Esse será meu primeiro Ironman, e estou totalmente sem cobrança, o que não significa que não tenha treinado muito para a prova. Treinei muito e espero fazer uma boa prova, chegar bem e principalmente fazer uma boa corrida, por ter sido a modalidade que mais treinei. Vou sem medo e com muita vontade de realizar um sonho, cruzar a linha de chegada do meu primeiro Ironman e sentir o que já tenho certeza ser inexplicável!”

Mariana Martins

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“Já estou indo para meu quinto Ironman, sendo que não completei um deles. A expectativa é fazer minha melhor prova na distância. Estou me sentindo bem para isso e meus treinos mostraram isso. É a expectativa de sempre de todo atleta: melhorar tanto como atleta, quanto como pessoa.”

Ariane Monticeli

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“Este ano mudei um pouco minha forma de preparação. Resolvi inserir várias provas durante o período que antecede o Ironman Brasil. Foram três Long Distances em abril, entendendo que seria melhor para ganhar ritmo e velocidade. Acho que este ano as brasileiras têm grandes chances. Nós conhecemos o percurso e já estamos bem adaptadas a ele. Eu particularmente espero fazer uma prova consistente, como foram as preparatórias. Confio no que fiz e discuti com minha técnica e estou bastante motivada. Percebo uma crescente em meus treinos. Agora é reta final e colocar em prática tudo que treinei. Espero fazer um bom papel.”

Foto: Wagner Araújo

Sílvia Fusco

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O que dizem os

estrangeiros que estarĂŁo em FLORIPA Feras do Triathlon mundial tambĂŠm contam suas expectativas sobre o Ironman Brasil 2011 MundoTRI.com [maio 2011]

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“Minha madrasta é brasileira, meu pai e ela vivem atualmente em Goiânia. Meu meio-irmão também vive lá. Eles estão trabalhando em fazendas, introduzindo o sistema neozelandês de fazendas de gados leiteiros. Meu irmão vai se casar com uma brasileira na semana anterior ao Ironman Brasil, pena que não haverá muita festa para mim! Eu estou ansioso para visitá-los pela primeira vez e conhecer como é um casamento no Brasil (dizem que as festas são ótimas). Quanto à prova, não vi o start list ainda, mas sei que os melhores triatletas da América do Sul estarão lá, então tenho certeza que será uma prova muito disputada.”

Keegan Williams

Foto: Teaukura Moetaua

Nova Zelândia

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“Tenho treinado muito bem aqui em Tucson, Arizona, e realmente espero chegar no Brasil e conseguir um lugar no pódio.”

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Chris McDonald EUA

“Estou super animada para retornar ao Brasil este ano. Eu tive uma boa prova ano passado, mas fiquei decepcionada com minha corrida. Nas últimas seis semanas eu comecei a trabalhar com uma treinadora. Isso é muito novo para mim, já que eu nunca tive um treinador antes. O nome dela é Siri Lindley, a técnica de Leanda Cave e Mirinda Carfrae. Embora 6 semanas não seja muito, eu fiz uma base completa para o Ironman Nova Zelândia, mas tive um acidente e quebrei duas costelas. Após me recuperar do acidente eu queria ter a oportunidade de subir um degrau em

Foto: Timothy Carlson

minha carreira, por isso procurei Siri. Assim, vou para o Brasil esperando ver melhorias

no meu rendimento este

ano.”

Amanda Balding Austrália MundoTRI.com [maio 2011]

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“Estou esperando ansiosamente para competir no Brasil no fim do mês. Essa será minha primeira viagem ao Brasil e eu ouvi dizer que é uma prova incrível. Estou em forma e pronta para fazer uma grande prova.”

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Amy Marsh EUA 11ª colocada no Ironman do Havaí em 2010

“Esta será a minha 3ª prova no Brasil e estou muito ansiosa para retorna a Florianópolis. Em novembro de 2010 Foto: Wagner Araújo

eu tive meu primeiro filho, uma menina chamada Rosalee. Assim, eu estarei celebrando meu retorno às competições de Ironman este ano no Brasil. Ficaria maravilhada se conseguisse terminar melhor do que a 4ª posição que consegui em 2007 e 2009.”

Sara Gross Canadá

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Últimos conselhos para o Ironman Brasil 2011 Foto: Wagner Araújo

Por Vinícius Santana

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Na semana da prova, os treinos já estão concluídos e agora é uma questão de deixar seu corpo ligado, mas sem se desgastar demais. Faça aquela rotina que mais lhe deixa confiante antes da prova, mesmo que seus amigos de treinos lhe indiquem outra coisa. Não existe fórmula mágica para essa semana final, mas a prioridade é estar confiante nos dias que antecedem a prova. O Ironman é uma combinação de 4 partes importantes: Forma Fïsica: Só pode ser melhorada com treinos. Portanto, na semana final, não há nada que você possa fazer nesse quesito. Não exagere nem para mais, nem para menos na semana da prova. Nutrição: Essa é outra parte fundamental no dia da prova, pois sem combustível ninguém fará uma boa prova. Novamente, na semana da prova, não coma nem de mais, nem de menos.. Pacing: Sua estratégia de prova deve ter sido previamente discutida e treinada com seu treinador, e cabe a você segui-la ou não. Atitude: A famosa frase “Ironman é cabeça” tem seu peso no resultado final da prova. Está ligado diretamente à questão da estratégia, pois ter “cabeça” é também ter calma para manter seu ritmo pré-determinado.

Objetivos para o dia da prova Terminar a prova é sempre o topo da lista, afinal de contas, é esse o objetivo que deu início à prova. Mas, a partir daí, os atletas têm objetivos secundários, sendo a maioria em relação a tempo: Terminar a prova em menos de X horas ou nadar/correr/pedalar em Y minutos mais rápido do que o ano anterior, etc.

água com o tempo próximo de 46 minutos e, após um ano de treinos puxados, na mesma prova de 2007 fiz uma natação 7 minutos mais lenta! Se tivesse algum objetivo em relação às parciais de prova, seria uma grande decepção que poderia influenciar o resto da prova, mas eu sabia que em 2006 as condições estavam favoráveis, e em 2007, desfavoráveis. Caso você tenha feito a prova em 2010, é bem provável que as condições estejam mais lentas esse ano, pois a natação e o ciclismo em 2010 estavam menores, portanto não se assuste se terminar a natação ou entregar a bike com um tempo pior a 2010. Outro problema ainda maior acontece com os iniciantes que criam objetivos para tempo final de prova baseados em treinos. A grande questão é que, a não ser que você tenha feito um ironman em treino (pouco provável!), é impossível saber o que acontecerá nos últimos 21 km de corrida. A margem de resultados é enorme, sendo desde uma corrida forte em 100 minutos ou até mesmo problemas com câimbras e ainda pode acontecer de caminhar todo esse trecho em 3 horas ou mais!

Confiança A semana da prova pode ser bastante desafiadora em termos de confiança em seu potencial e treino executado. Logo que você chega a Florianópolis e observa todos aqueles atletas com caríssimos equipamentos de ultima geração, uniforme com patrocínios e musculatura definida e vascularizada torna-se intimidante para o atleta iniciante. Mas, lembre-se que antes da prova todos parecem ser campeões, por isso não deixe que outros influenciem sua confiança para a prova.

Isso é algo extremamente arriscado, pois os fatores os quais você baseou seu parâmetro de comparação não são os mesmos do dia da prova. Caso você pretenda baixar seu tempo em relação ao ano anterior ou a outras provas, tenha cuidado e considere as condições que geralmente são diferentes, como vento, temperatura e correnteza no mar.

Outro pensamento bastante comum é “deveria ter treinado mais!” – Você já fez o melhor que poderia. Se acaso, durante sua preparação, foi preciso ficar uma semana sem treinar por estar ocupado com seu trabalho ou por ter ficado doente, fique tranquilo, pois são condições que todos enfrentamos e praticamente nenhum atleta tem uma preparação “perfeita” sem nenhum tipo de desvio. Lembre-se disso: Você não está sozinho, todos os ironmans ao seu lado também têm seus desafios pessoais ou profissionais para serem superados.

Lembro-me do Ironman Brasil 2006, quando sai da

E finalmente, não mude nada na véspera da prova,

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Foto: Wagner Araújo

não se empolgue pelo “circo do ironman”, faça sua rotina pré-prova como de costume, e resista à tentação em fazer aquele “último treino”.

Seja Realista A maior diferença entre o Ironman e as provas curtas (short/olímpico) é que o resultado é extremamente justo para aqueles que entendem a essência da execução da prova somada com uma boa preparação física. Ao contrário das provas curtas onde ter “sorte” tem um peso maior no resultado. Caso você esteja em um “dia ruim” e não se sinta bem na natação ou no início da bike, fique tranquilo, o dia mal começou e você tem muito tempo para colocar em prática o que treinou. O mesmo acontece caso algum pneu fure ou você perca um tempinho nas transições, muita calma! Pois ao contrário das provas curtas, seu tempo final quase não será afetado por esses deslizes e contratempos. O outro lado da moeda dessa característica do iron-

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man, é que não existe “sorte” ou “milagre” no dia da prova. Se seus treinos não foram perfeitos ou até mesmo ficaram bem aquém do planejado, reveja e ajuste seus objetivos para evitar frustrações durante a prova, pois sem treino e sem estar em forma, não é possível fazer uma boa prova de ironman, por mais experiente que o atleta seja.

Racional vs Emocional Cuidado para não deixar suas emoções tomarem conta de suas ações durante a prova. A combinação da adrenalina liberada nas primeiras horas de prova, com o perfil competitivo de cada triatleta e somado ao fato de todos estarem completamente descansados para aquele dia, é uma receita perfeita para as emoções tomarem conta e isso pode ser um desastre caso seu objetivo seja alcançar o melhor resultado possível no dia da prova. Os principais erros acontecem no ciclismo, principalmente no início onde a empolgação toma conta e os atletas esquecem que estão apenas começando um


Foto: Wagner Araújo

“Logo que você chega a Florianópolis e observa todos aqueles atletas com caríssimos equipamentos de ultima geração, uniforme com patrocínios e musculatura definida e vascularizada tornase intimidante para o atleta iniciante. Mas, lembre-se que antes da prova todos parecem ser campeões, por isso não deixe que outros influenciem sua confiança para a prova.”

dia de várias e várias horas, e então começam a competir um contra o outro, respondem ultrapassagens e ignoram seus planos nutricionais ou de ritmo de prova. Outro fato comum é a mudança de emocional para racional caso algo negativo aconteça como querer “compensar o tempo perdido” após um furo de pneu, penalização na bike ou qualquer outro contratempo. Tenha bastante calma nessas situações, o ironman é uma prova longa e é possível trabalhar aos poucos em cima do tempo perdido, mas sempre de forma racional.

Atitude Positiva A prova tem uma duração entre 8 e 17 horas, é muito tempo para que tudo aconteça como planejado, especialmente quando consideramos que vários desses fatores não estão em nosso controle. Conclusão: É bem provável que algo dê errado, ou melhor, não acontece conforme você planejou ou esperava.

Lembro-me em 2009, quando escrevi um artigo que também tocava neste tema de condições adversas, imediatamente após a prova vários atletas vieram me falar que já na natação eles se lembravam desse artigo, pois não conseguiam enxergar as bóias e ficavam perdidos. Ironman é uma prova de superação que começa com os treinos, onde você supera os desafios do dia-dia e tenta conciliar sua vida profissional e pessoal, isso é 90% da experiência. O dia da prova é apenas a “celebração” de ter vencido o desafio e estar ali na linha de largada, mas você ainda será testado com desafios durante a prova, sejam logísticos ou físicos, porém, com sua determinação de Ironman, você irá trabalhar para superar estas dificuldades e cruzar a linha de chegada.

A essência do Ironman Gratidão A “tensão” da véspera da prova o faz esquecer-se do

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porque você está ali. Quanto mais exposto às conversas entre triatletas, mais forte é a mudança de objetivos para a prova. É bem provável que você tenha começado neste esporte pelo estilo de vida que ele propõe, por ser saudável, por ter a oportunidade de conhecer lugares interessantes e belos no mundo participando de competições, pelas amizades saudáveis e alegres, pelo desafio pessoal, pela oportunidade de ter condições físicas, condições de tempo de treino e condições financeiras para participar de algo tão especial, ou seja, uma celebração da vida. Não se esqueça desses fatores, procure diminuir a importância que parciais em modalidades, colocações em sua categoria ou vagas para Kona, ocupam em sua lista de objetivos, pois estes serão somente consequências da execução de sua prova, baseada nos treinamentos. Esteja bem consigo mesmo de todas as formas, até espiritualmente falando. Tenha uma boa prova!

Vinícius Santana é técnico da Ironguides, empresa que oferece soluções esportivas para atletas e praticantes de atividade física de todos os níveis, com treinamento online ou presencial, planilhas espefícas por eventos, training camps, curso para treinadores, programas de incentivo a promoção da saúde em empresas, e produtos para a saúde e o bem-estar que propiciam um estilo de vida saudável aos atletas. www.ironguides.net/br

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CIÊNCIA DO TRIATHLON > Carboidratos a la mineira parte 2

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Foto: Eduardo Rosa

Foto: Wagner Araújo

> VO2 Máx: qual a importância para o sucesso no Triathlon?

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Nós já sabemos que a ingestão de carboidratos não afetou a produção de potência em um sprint ao final de uma competição de longa duração. Mas, o que aconteceria se os atletas fossem instruídos a pedalar o máximo de distância possível em uma determinada intensidade? O que poderia acontecer com o desempenho, se os atletas soubessem o que estavam ingerindo? Até que ponto a questão psicológica pode afetar o desempenho? Assim surgiu o Carboidratos a La Mineira II. Atletas mineiros participaram desta pesquisa que foi composta de três visitas ao laboratório. Esses atletas realizaram exercícios na bicicleta ergométrica com ingestão de carboidratos e placebos. Quando o efeito de uma determinada substância está sendo testada, é necessário considerar um possível efeito placebo. Efeito placebo é conhecido como uma reação positiva de uma determinada substância em virtude do indivíduo que a está consumindo acreditar que essa substância terá um efeito positivo, porém o que está sendo ingerido é uma substância sem efeito algum.

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Carboidratos a la mineira parte 2 Por Camila Nassif, PhD

indireta. Os atletas foram instruídos a pedalar nessa intensidade até a exaustão. Exaustão foi definida como o momento no qual o atleta não conseguia mais manter a intensidade de exercício desejada. Os atletas foram informados que poderiam interromper o exercício a qualquer momento se achassem que não mais conseguiriam pedalar.

Estudos na área da Ciência do Esporte já mostraram que o efeito placebo pode estar presente durante os estudos que testam o efeito de bebidas esportivas que contém carboidratos. Logo, qual seria o efeito se o atleta soubesse que carboidratos estão sendo ingeridos? Até que ponto podemos atribuir uma melhora do desempenho de endurance à ingestão de carboidratos ou no simples fato do atleta acreditar que isso lhe fará bem? Como seria a contribuição da questão psicológica no desempenho quando o atleta acredita que a ingestão de carboidratos melhorará seu desempenho?

Um aumento da glicose sanguínea durante o exercício nas duas situações onde carboidratos foram ingeridos foi observado comparado com a glicose sanguínea durante a ingestão de placebo. Isso mostra como os carboidratos exerceram seu papel de manutenção da glicose sanguínea, o que é importante em competições de triathlon na qual a hipoglicemia pode ocorrer. Não houve diferença no tempo total de exercício entre as situações: carboidratos e placebo. Mas, quando os atletas pedalaram sabendo que estavam ingerindo carboidratos, houve um aumento de 24% na duração do exercício comparada com a situação placebo.

Neste estudo, atletas mineiros pedalaram, no calor, usando uma bicicleta ergométrica com pedal de encaixe adaptado em três situações diferentes: Ingestão de carboidratos, ingestão de placebo e ingestão de carboidratos sabendo que estes estavam sendo ingeridos. Importante ressaltar que nas duas primeiras situações os atletas não sabiam em qual dia estavam ingerindo o placebo ou os carboidratos, somente sabiam da ingestão de carboidratos na terceira situação. Atletas pedalaram a 75% da sua potência máxima, determinada em teste de capacidade aeróbica máxima

Este resultado mostra que, quando os atletas ingeriram carboidratos sem saber o que estavam ingerindo, o tempo total de exercicio não foi afetado quando comparado com a ingestão de uma substância placebo, ou melhor, os atletas cumpriram o mesmo tempo total de exercício ingerindo carboidratos ou placebo. Mas, quando os atletas foram informados da ingestão de carboidratos, pedalaram por mais 24%. A combinação da ingestão de carboidratos com o fato dos atletas saberem que estavam ingerindo carboidratos aumentou a capacidade do atleta de se exercitar por

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mais tempo. Isso mostra como o fator psicológico pode ter afetado a capacidade de desempenho dos atletas. Se o fato do atleta saber o que está sendo ingerido poder afetar o desempenho físico, o que realmente pode estar causando esse efeito? Por que temos tantas controvérsias em mais de 30 anos de estudos realizados com ingestão de carboidratos durante o exercício? Quais outras questões importantes a serem consideradas em relação à ingestão de carboidratos durante o exercício? Aguarde o Carboidratos a La Mineira III. MT _______________ Camila Nassif, PhD. Doutora pela Charles Sturt University, Australia Mestre em Ciencias do Esporte pela UFMG, Brasil Professora de Fisiologia do Exercício, Waikato Institute Technology, New Zealand Contato: canassif@yahoo.com.au REFERÊNCIAS UTILIZADAS PELA AUTORA Ariel, G. & Saville, W. (1972). Anabolic steroids: the physiological effects of placebos. Medicine and Science in Sports and Exercise, 4, 124-126. Clark, V. R., Hopkins, W. G., Hawley, J. A. & Burke, L. M. (2000). Placebo effect of carbohydrate feedings during a 40-km cycling time trial. Medicine and Science in Sports and Exercise, 32(9), 1642-1647. Nassif, C., Ferreira, A. P., Gomes, A. R., Silva L. de M., Garcia, E. S. & Marino, F. E. (2008). Double blind carbohydrate ingestion does not improve exercise duration in warm humid conditions. Journal of Science and Medicine in Sport, 11(1), 72-79. Silami-Garcia, E., Rodrigues, L. O. C., Faria, M. H. S., Araujo-Ferreira, A. P., Nassif-Leonel, C., Oliveira, M. C., Sakurai, E., Stradioto, M. A. & Cançado, G. H. C. P. (2004). Efeitos de carboidratos e eletrólitos sobre a termorregulação e a potencia anaeróbia medida após um exercício prolongado no calor. Revista Brasileira de Educação Física e Esportes, 18, 179-189.

< Fotos do processo de coleta de dados

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Cadência, torque e potência

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Por Roberto Lemos e Lucas Helal

Quantas vezes você já leu ou teve acesso a artigos e opiniões sobre a cadência ideal no ciclismo e no triathlon? São muitas as informações e opiniões e os treinadores e atletas baseiam suas impressões nos anos de treinamento e experimentações ao longo deste tempo. Dessa forma, através de alguns dados, farei algumas considerações acerca do tema. Antes de qualquer coisa, o que é cadência? A cadência pode ser definida como o número médio de repetições que se sucedem em intervalos regulares. No ciclismo/ triathlon, a cadência de que falamos é o número de repetições que o ciclista usa para mover o pedivela, em geral medida no espaço de um minuto (revoluções por minuto). Hoje, muito em voga, temos outra variável que tem sido considerada, mas já conhecida há muito tempo no mundo do ciclismo e do triathlon de alto nível, que é a potência. Mas, o que a potência tem a ver com este artigo? A potência pode ser definida matematicamente através de duas fórmulas. A primeira: P = T/t, que significa o trabalho realizado em determinado espaço de tempo. A segunda: P = F.v, que significa a força multiplicada pela velocidade. As duas fórmulas são úteis para se visualizar o conceito de potência, entretanto, a segunda fórmula é mais adequada para que entremos no assunto em questão. Transferindo para a bicicleta, podemos substituir a força por outra variável mais adequada, chamada Torque, que basicamente é a força vezes a distância perpendicular à que ela é aplicada, um componente vetorial da física. Para que simplifiquemos, vamos considerar o torque como a força aplicada aos pedais. Para a velocidade, podemos considerar a cadência como a variável. Onde queremos chegar com estas colocações? Quem utiliza um medidor de potência para treinamento, com certeza já descobriu que é possível gerar a mesma potência com torques e cadências completamente diferentes. A grande pergunta é: Visto que a cadência, muitas vezes, é uma consequência do torque selecionado para mover os pedais, não existiria um torque ideal para cada situação e tipo de atleta? Em nossa opinião, visualizar o torque é muito mais

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adequado, pois é completamente relacionado às capacidades individuais e morfofuncionais de cada atleta, onde cada biótipo possibilita gerações de forças de diferentes formas, e o atleta busca a cadência para atingir a potência final que deseja. Quando se fala de cadência ideal, normalmente se leva em consideração o tipo de prova (com ou sem vácuo), a duração do ciclismo e a individualidade do atleta. É lógico que, teoricamente, seriam obtidas potências iguais com cadências que vão desde um número quase nulo à 300 rotações por minuto, de acordo com a fórmula matemática. A intenção deste artigo não é se fixar nisto, justamente porque o treinamento desportivo como parte da Educação Física, que é uma ciência da saúde, trata de seres humanos que têm limitações fisiológicas e morfofuncionais, principalmente no que diz respeito à produção de força e a habilidade de girar os pedais. Entretanto, a cadência ideal também não deve ser tratada como um dogma imutável. O objetivo da produção de potência na bicicleta é obter a velocidade pela qual o objeto se move, mas usualmente sofre interferências do meio, e, logicamente, devem ser considerados até quanto o ser humano é capaz de gerar força para mover os pedais. Por fim, o que se quer é conseguir visualizar que a cadência é um meio de se obter potência e que normalmente se adéqua ao torque gerado aos pedais, e não o contrário, e que a capacidade de torque (força) do ser humano está diretamente ligada às capacidades morfofuncionais de cada atleta, e por isso não se entra num consenso acerca da cadência ideal para cada tipo de prova. Atletas com diferentes perfis de força podem gerar a mesma velocidade e com o mesmo custo energético, e se o custo energético da velocidade estiver adequado, a combinação ciclismo + corrida seguirá com sucesso. MT Roberto Lemos, treinador e proprietário da Ironmind Assessoria Esportiva em Florianópolis-SC, triatleta, e Mestre em Ciências do Movimento Humano-UDESC. Lucas Helal é triatleta, estudante do último ano do curso de Bacharelado em Educação Física e membropesquisador do Núcleo de Pesquisa em Gestão do Esporte-NUPEGE, com ênfase nas áreas de Fisiologia e Bioquímica do Exercício e Cineantropometria.


Foto: Bruno Tadashi

Belas e Feras Conheça Melissa Gosenheimer, a Sra. “Balman”, triatleta e esposa do triatleta profissional Alexander Gomes, o Balman.

A empresária e triatleta Melissa Gosenheimer treinava Muay-Thay, quando conheceu a pessoa que mudaria sua vida para sempre: Alexander Gomes, o Balman, triatleta profissional (confira uma entrevista exclusiva com Balman no MundoTRI.com.br, publicada no dia 25/04/2011). A partir daí foi um pulo até começar no triathlon e se casar com Alexander, formando um dos casais mais queridos do Triathlon brasileiro. No meio de sua rotina corrida, Melissa encontrou alguns para conversar com a redação do MundoTRI.

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Melissa: Conheci o Alexander na academia, eu trei-nava Muay-Thay e ele estava começando a treinar também porque tinha parado com o triathlon. Quando começamos a namorar, eu sempre brincava dizendo que se ele ainda fosse triatleta eu não o namoraria nem se me matassem, porque isso era coisa de gente doida (risos). Como ele tinha diminuído muito o ritmo de treinos, engordou uns 13kg! Falei pra ele que estava na hora de dar um jeito naquela situação (uma barriguinha bem saliente sabe!). Ele procurou o Guilherme Manocchio e voltou a treinar na mesma semana e foi aí que comecei.

MundoTRI: E o que você mais gosta nos treinos? Melissa: Dos 3 esportes o que eu sinto mais prazer é a corrida, acho que porque desde que iniciei meus treinos é onde consegui ver os melhores resultados. Quando comecei a treinar, fiz uma corrida de 10Km em 1H10min, hoje faço em 45 minutos e sei que ainda posso melhorar. Existe ainda a parte das amizades que fiz no triathlon, a Manocchio Triathlon Team é uma equipe incrível! Encontrei grandes amigos e uma excelente parceira de treino, a Danizinha (Daniele Kazue). Nossos treinos de corrida são sempre muito divertidos e mesmo fazendo muita força, a diversão é certa! Isso me motiva ainda mais porque diante do estresse do trabalho e das dificuldades do dia a dia, essa é a minha terapia. Mas a parte que mais gosto MESMO é quando o treino acaba! (risos) A sensação de bem estar, de dever cumprido e de que dei o meu máximo para melhorar meus tempos é sempre muito boa.

MundoTRI: Como conciliar o esporte com o seu dia-a-dia, seu trabalho, amigos e família? Sobra tempo para seus cuidados pessoais? Melissa: Como o ciclismo é o esporte que eu mais sofro por não conseguir manter uma sequência nos treinos, comecei a fazer spinning às 7h30 da manhã, nas terças e nas quintas. Quem me conhece sabe que isso é quase um milagre! Corro no horário

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Foto: Wagner Araújo

MundoTRI: Melissa, como foi seu início no Triathlon? Tudo começou pelo Balmam?


Foto: Arquivo pessoal.

do almoço, nado à noite e trabalho o dia todo. Mas sempre tento marcar um jantar com os amigos e a família porque esses momentos são essenciais para me ajudar a aguentar essa rotina super corrida que tenho, mas que eu amo! Quanto aos cuidados pessoais, como sou extremamente vaidosa, deixo de treinar um dia ou outro pra ir ao salão de beleza e fazer tudo o que tenho direito, ou sábado após os treinos mais longos. Todos os meus treinos são com muito protetor solar!

MundoTRI: Você mora em Curitiba, cidade bastante fria. O que fazer para treinar quando os termômetros caem? Melissa: É duro mesmo! Mas agora com a academia facilita um pouco, porém não muito, pois a pior parte é sair da cama... Como é difícil! Mas de-

pois fico bem mais disposta para trabalhar.

MundoTRI: Muitas atletas reclamam de relacionamentos com pessoas que não estão ligadas no esporte. No seu caso, seu marido é um atleta profissional. Isso dificulta ou facilita mais para você? Melissa: Facilita bastante para ambos, pois quem não treina não consegue entender porque a pessoa precisa ficar tanto tempo se dedicando aos treinos. Hoje nós saímos de casa juntos pra treinar, estamos cansados juntos, adoramos viajar pra competir e a cumplicidade é total, sempre! E além do mais, sou a maior incentivadora do Alexander, a maior torcedora e a fã numero 1, pois poucas pessoas sabem o que ele faz para se manter treinando, competindo e trabalhando (Olha a esposa orgulhosa...)

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Foto: Bruno Tadashi

“Doce é meu maior problema, ou melhor, solução! Preciso dele para sobreviver, mas procuro me controlar, e quando não consigo, o Alexandre me controla.”

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MundoTRI: Como é seu relacionamento com as amigas (os) não-atletas? Há muitas reclamações por parte deles? Melissa: Reclamam um pouco porque, geralmente, nos finais de semana em que poderíamos fazer alguma coisa, acabo viajando para fazer alguma prova, mas tento compensar quando tenho um tempinho. Porém, a grande maioria delas diz que admira a minha dedicação ao esporte e dizem que não precisam malhar porque eu já faço atividades por todas nós!

MundoTRI: Se pudesse mudar alguma coisa em sua rotina o que mudaria? Dormiria mais um pouco? (você tem fama de dormir muito...) Melissa: Com certeza acrescentaria algumas horas a mais de sono! Não tenho nem como mentir, essa fama é 100% verdade, e quando chego para o treino de ciclismo no sábado pela manhã, o pessoal da MTT (Manocchio Triathlon Team) nem fala comigo porque o mau humor é visível, mas depois melhoro!

MundoTRI: Muitas mulheres atletas têm problemas em controlar alimentação, especialmente com doces. Isso acontece com você? Qual sua estratégia para controlar a alimentação? Melissa: Doce é meu maior problema, ou melhor, solução! Preciso dele para sobreviver, mas procuro me controlar, e quando não consigo, o Alexander me controla.

que fazem toda a diferença, até mesmo na disposição para treinar: Trocamos o arroz branco por integral e a mesma coisa com macarrão e pães. Leite só desnatado, queijo branco e outros detalhes que são bem bacanas, mas os doces... Eu sempre dou um jeitinho de mantê-los na minha dieta.

MundoTRI: Até hoje, qual momento em sua vida esportiva mais a marcou? Melissa: Não foi um momento bom. Foi quando participei do JASC (Jogos Abertos do Estado de Santa Catarina) ano passado e estava me recuperando de uma lesão no quadril. Comecei a prova sentindo dores. No ciclismo, as dores aumentaram bastante e, ainda para piorar, quando vi o Alexander com seu pneu furado, fiquei arrasada e aquilo acabou me levando a desistir da prova. Até hoje me arrependo de ter parado e agora sei porque os últimos atletas merecem ser tão aplaudidos quanto os primeiros: A superação e a garra de fazer a prova até o final é a melhor e maior recompensa.

MundoTRI: Para terminar, o que diria para aquelas leitoras que já correm, pedalam ou nadam e que estão pensando em começar no Triathlon? Melissa: Comecem logo! Vocês só precisam de um pouquinho de força de vontade e dedicação, não é fácil, como tudo na vida, mas quando você acabar a primeira prova e o “bichinho” do triathlon te pegar, não vai mais parar! MT

MundoTRI: E sua dieta em geral, como é? Melissa: A Giovana Leiner é a nutricionista da nossa equipe e me ajudou a fazer algumas mudanças no cardápio do dia a dia, nada muito difícil de seguir, apenas algumas substituições

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CROSS TRIATHLON > Preview: XTERRA Amazon

Foto: Janos Schmidt - triathlon.org

> Mundial de Cross triathlon da ITU

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Foto: Bruno Lima/fotocom.net

XTERRA Amazon No próximo dia 11 de junho, os principais triatletas do Brasil e do mundo vão encarar os desafios da Selva Amazônica no XTERRA Amazon. A etapa, válida para o Circuito Mundial de Triathlon Cross Country (XTERRA Global Tour), faz parte do circuito brasileiro da modalidade e vale vaga para a grande final, no Havaí, em novembro. A prova na Amazônia será a segunda – e a mais importante – de 11 programadas para o país durante o ano e acontece dentro do Centro de Instrução de Guerra na Selva do Exército Brasileiro (CIGS). Disputado desde 2005, o XTERRA Brazil teve três edições em Ilhabela/SP (200506-07), três em Mangaratiba/RJ (2008-09-10) e chega pela primeira vez à Amazônia em 2011. Em 2010, o CIGS recebe uma etapa Regional do XTERRA, contando menos pontos no ranking na-

cional e sem classificar os atletas para o Havaí. Antes da disputa pelas 35 vagas para o Mundial no Havaí, 300 triatletas terão pela primeira vez a oportunidade de passar a noite em redes, no meio da mata primária. Na Base de Instrução 4 (BI4), dentro do chamado “Quadrado Maldito”, área de treinamento do exército, os atletas profissionais e amadores serão apelidados de Mundurukus (formigas vermelhas) e receberão instruções especiais dos militares sobre sobrevivência na selva. Lá, os aventureiros vão montar suas próprias redes e descansar para a grande disputa na manhã do dia seguinte. Para o General Mattos, do Comando Militar da Amazônia, essa experiência será inesquecível: MundoTRI.com [maio 2011]

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“Os atletas terão a grande oportunidade de conhecer um dos mais belos e exuberantes ambientes naturais do planeta, a Amazônia brasileira. Tenho a plena convicção de que os participantes do evento jamais esquecerão esta grande aventura. SELVA!”, diz General Mattos. Para os “Mundurukus” a aventura começará logo cedo, às 8 horas, quando será dada a largada, no Rio Amazonas, para 1,5 km de natação, seguido por 30 km de mountain bike e 9 km de corrida nas estradas de terra e trilhas da selva fechada. Feliz em receber novamente o XTERRA em Manaus, o Secretário Municipal de Desporto e Lazer, Fabrício Lima, vibra com a etapa válida para o Global Tour: “Em 2010, tivemos a oportunidade de receber a etapa regional pela primeira vez. O Circuito Mundial nos anima muito mais. Tenho certeza que a prova será ainda mais emocionante. Agora, é recarregar a bateria para enfrentar as surpresas da selva no ‘Quadrado Maldito’, o calor e a adrenalina” fala Fabrício. Com a maior premiação do Brasil, o triathlon vai distribuir nesta etapa o prêmio de R$ 25 mil para os cinco primeiros colocados na categoria profissional.

nais e amadores poderão escolher as distâncias da sua aventura. A prova será dividida e terá a opção de 5km ou 10 km. Na última edição, ambas as provas foram realizadas na orla de Ponta Negra, em Manaus e este ano serão realizadas dentro da Base de Instrução 5 (BI5), dando ainda mais emoção à disputa. As inscrições já estão abertas no site: www.xterrabrazil.com.br ou nas lojas listadas abaixo. A Night Run vai premiar os três primeiros colocados no geral com troféus e os três primeiros colocados de cada categoria com medalhas. Todos os corredores que completarem a prova levarão de lembrança da sua aventura na selva uma medalha suvivor. A criançada também recebe uma medalha survivor (sobrevivente) e, no kit, camisa XTERRA Kids Mini Corrida e brindes. No final da provas, todas as crianças sobem no pódio. O MundoTRI também estará presente, com uma super cobertura na selva amazônica. Se as condições permitirem, faremos a primeira transmissão ao vivo de um evento de cross-triathlon. no meio da selva. MT

A novidade este ano é que, além de receber a prova de triathlon, o CIGS se prepara para recepcionar os aventureiros da Night Run e da Kids Running. Ainda no dia 11, às 16 horas, será a vez dos atletas mirins. Crianças entre um e 12 anos de idade vão participar de disputas de corrida dividas de acordo com a idade. As lanternas da animada Night Run vão iluminar as matas da selva, a partir das 19 horas. Os 1.500 atletas profissio-

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Foto: Bruno Lima/fotocom.net

“Pelo segundo ano consecutivo estamos levando o XTERRA para Manaus. A diferença é que esse ano o evento é internacional e faz parte do XTERRA GLOBAL TOUR. Não tenho dúvida que essa prova será épica. Serão mais de 2000 atletas envolvidos, entre todas as provas, mais toda a equipe de produção e ainda contamos com o apoio do CIGS e do Comando Militar da Amazônia para toda logística. É um evento especial, diferente e único”, declara Bernardo Fonseca, sócio da X3M Sports Business, que detém os direitos do XTERRA.


Foto: Janos Schmidt - triathlon.org

Extremadura ITU Cross Triathlon World Championships

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uinze anos após o primeiro mundial de triathlon offroad, originalmente nomeado de Aquaterra e depois renomeado para XTERRA, a International Triathlon Union (ITU) reconhece a importância da modalidade e promove o primeiro campeonato mundial de Cross Triathlon. Stoltz já venceu quatro vezes o mundial de XTERRA e McQuaid três vezes. Ambos fizeram história novamente, tornando-se os primeiros campeões mundiais da ITU.

ITU Cross Triathlon World Championships 1km natação, 20km mountain bike, 6km corrida cross-country Extremadura – Espanha – 30/04/2011 Masculino 1. Conrad Stoltz (RSA) 1:26:40 2. Seth Wealing (EUA) 1:27:36 3. Olivier Marceau (SUI) 1:29:43 4. Josiah Middaugh (EUA) 1:30:27 5. Richard Stannard (GBR) 1:31:04 6. Eneko Llanos (ESP) 1:31:29 7. Bruno Pais (POR) 1:32:11 8. Branden Rakita (EUA) 1:32:13 9. Victor Morales (ESP) 1:32:47 10. Craig Evans (EUA) 1:34:37

Na prova masculina, Stoltz (também duas vezes atleta olímpico e que não competia em uma prova da ITU desde as Olimpíadas de Athenas 2004), saiu da água em torno de 1:30 atrás dos líderes. Todos esperavam uma grande disputa do atleta com o espanhol Eneko Llanos, mas este sofreu uma queda no duro percurso de 20km de mountain bike e ficou fora da briga pelo pódio.

Feminino 1. Melanie McQuaid (CAN) 1:43:02 2. Shonny Vanlandingham (EUA) 1:43:25 3. Emma Garrard (EUA 1:43:43 4. Christine Jeffrey (CAN) 1:45:22 5. Marion Lorblanchet (FRA) 1:47:16 6. Zurine Rodriguez (ESP) 1:47:34 7. Renata Bucher (SUI) 1:48:13 8. Adriana Fabiola Corona (MEX) 1:50:34 9. Susan Sloan (RSA) 1:51:27 10. Helena Herrero (ESP) 1:51:31

Apesar da diferença na natação, Stoltz pedalou muito forte, fazendo um pedal 3:40 mais rápido que qualquer outro atleta. Nos últimos 6km de corrida cross-country, Stoltz se manteve na frente, cruzando a linha com 1:26:40, quase um minuto à frente do americano Seth Wealing. O suíço Olivier Marceau, que já disputou três olimpíadas, completou o pódio. McQuaid wins Cross Tri World LR 480x320 Melanie McQuaid e Conrad Stoltz vencem edição inaugural do Mundial de Cross Triathlon da ITU Entre as mulheres, tudo indicava que Melanie teria problemas na prova. A atleta teve sua bike perdida pela companhia aérea e teve que arrumar uma outra bike emprestada para correr o campeonato mundial. Mas isso não foi suficiente para detê-la. A canadense saiu dos 1000m de natação 2:30 atrás das líderes, mas da mesma forma que Stoltz, imprimiu um ritmo alucinante nos 20km de moutain bike, saindo para correr em primeiro, posição que não perderia mais, mesmo com uma penalização de 15 segundos. McQuaid fechou a prova em 1:43:01, seguida das americanas Shonny Vanlandingham e Emma Garrard.

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Foto: Janos Schmidt - triathlon.org

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Copa do Mundo

Monterrey

Brasileiros sofreram com o calor mexicano

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Foto: Triathlon.org | Rich Cruse

Aconteceu no dia 8 de maio a terceira etapa da Copa do Mundo de Triathlon, realizada em Monterrey/MĂŠxico, apenas o 4Âş evento no ano a contar pontos para o ranking olĂ­mpico. Mais de 140 atletas de todo o mundo estavam presentes, incluindo nove brasileiros.

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A prova feminina Mais de 70 atletas se alinharam para os 1.500 metros de natação. Logo no início um grupo se destacou, com Sarah Haskins (EUA), Flora Duffy (BER), Akane Tsuchihashi (JPN), Claudia Rivas (MEX), Margit Vanek (HUN) e a brasileira Pâmella Oliveira. No final da natação, esse grupo tinha 40 segundos de vantagem sobre os demais atletas. No ciclismo, Haskins e Duffy escaparam e estabeleceram um forte revezamento para se distanciarem do grupo que vinha atrás. Duffy sentiu e Haskins continuou sozinha, chegando à T2 com 1:24 de vantagem sobre o pelotão que vinha atrás. “Com três voltas eu olhei para trás e não vi Flora atrás de mim, então tive que decidir, pois havia somente duas voltas e meia restantes. Eu simplesmente fui”, disse Haskins após a disputa. Entre as diversas quedas na prova, devido às estreitas curvas no parque onde foi realizada a competição, tivemos a brasileira Carla Moreno envolvida em uma delas. Carla, contudo, conseguiu se recuperar e continuou na prova.

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Foto: Triathlon.org | Rich Cruse

Entre as brasileiras, a melhor foi Carla Moreno, na 25ª colocação. Apesar da queda na bike, Carla correu muito bem (veja os resultados completos abaixo) e fechou na 25ª colocação. Flávia Fernandes terminou na 45ª colocação e Pâmella Oliveira em 52ª.

A brasileira Pâmella Oliveira

Na corrida, Haskins administrou a vantagem sobre a japonesa Ai Ueda, que vinha correndo muito forte atrás. Mesmo fazendo a melhor corrida, 35:31, Ueda não conseguiu alcançar a campeã, Sarah Haskins, que terminou 6 segundos à frente. Em terceiro lugar ficou a surpresa alemã, Anne Haug.


O brasileiro Diogo Sclebin

A prova masculina Um grande grupo de atletas (76) se debatia no estreito canal onde foi realizada a natação. Como o circuito de ciclismo é bem estreito e propício a quedas, era fundamental garantir uma boa posição na água. O trio francês, formado por Raphael Aurelien, Pierre Le Corre e Vincent Luis, foram os primeiros a subir na bike. A diferença, no entanto, não foi suficiente para segurar o pelotão com mais de 60 atletas que vinha atrás. Os brasileiros tentaram se manter à frente durante todo o ciclismo, sendo que Diogo Sclebin foi o atleta que mais permaneceu na primeira colocação durante os 40km. Reinaldo Colucci e Danilo Pimentel sofreram quedas na etapa do ciclismo, sem muita gravidade, mas que os fizeram perder segundos preciosos. Fabio Carvalho e o mexicano Arturo Garza tentaram uma fuga, mas não foi suficiente para impedir que todo o grupo de mais de 60 atletas chegassem junto na segunda transição. Logo no início da corrida, alguns atletas se destacaram, deixando claro quem brigaria pela vitória. Eram eles: Sexton (AUS), Hunter Kemper, Frederic Belaubre(FRA), Luis Vicent, Matt Chrabot (EUA), Ruedi Wild (SUI) e Jarrod Shoemaker (EUA). Este grupo correu junto, passo a passo, ombro a ombro, até o quilômetro cinco. Neste ponto, o Brendan Sexton apertou o passo e conseguiu se desgarrar dos demais, indo em direção à sua primeira vitória em Copas do Mundo. Completaram o pódio Belaubre e o veterano Hunter Kemper, que vencera a Copa do Mundo de Ishigaki há algumas semanas.

Foto: Triathlon.org | Rich Cruse

O melhor brasileiro na competição foi Juraci Moreira, na 34º posição, seguido de Fabio Carvalho (47º), Reinaldo Colucci (53º), Diogo Sclebin (59º) e Danilo Pimentel (65º). A próxima etapa da Copa do Mundo será no dia 10 de julho em Edmonton, Canadá; enquanto o próximo evento que somará pontos para o ranking olímpico será a etapa de Madrid da Dextro Energy Triathlon ITU World Championship Series. MT

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Resultados - Monterrey ITU World Cup Monterrey, México – 8 de maio de 2011 1.5km natação / 40km ciclismo / 10km corrida

Foto: Triathlon.org | Rich Cruse

Pos. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 25 45 52

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Atleta Sarah Haskins Ai Ueda Anne Haug Helle Frederiksen Gwen Jorgensen Rachel Klamer Kathy Tremblay Katrien Verstuyft Rebecca Robisch Emmie Charayron Carla Moreno Flavia Fernandes Pamela Oliveira

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País EUA JPN ALE DIN EUA HOL CAN BEL ALE FRA BRA BRA BRA

Natação 00:19:09 00:20:47 00:20:45 00:20:05 00:19:48 00:19:53 00:20:01 00:20:04 00:19:57 00:19:46 00:19:59 00:19:50 00:19:03

T1 00:00:51 00:00:53 00:00:49 00:00:53 00:00:53 00:00:52 00:00:50 00:00:54 00:00:49 00:00:52 00:00:53 00:00:52 00:00:54

Corrida 00:59:50 00:59:38 00:59:43 01:00:30 01:00:45 01:00:34 01:00:26 01:00:28 01:00:32 01:00:40 01:02:00 01:00:37 01:01:25

T2 00:00:26 00:00:30 00:00:21 00:00:26 00:00:27 00:00:26 00:00:23 00:00:23 00:00:27 00:00:27 00:00:28 00:00:23 00:00:26

Corrida 00:36:58 00:35:31 00:35:46 00:35:34 00:35:38 00:35:58 00:36:10 00:36:05 00:36:11 00:36:13 00:36:39 00:40:39 00:42:02

Total 01:57:15 01:57:21 01:57:27 01:57:29 01:57:32 01:57:45 01:57:51 01:57:56 01:57:58 01:58:00 02:00:01 02:02:24 02:03:53


Foto: Triathlon.org | Rich Cruse

Pos. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Atleta Brendan Sexton Frederic Belaubre Hunter Kemper Ruedi Wild Vincent Luis Jarrod Shoemaker Danylo Sapunov Matt Chrabot Carlos Forero Tony Dodds

País AUS FRA EUA SUI FRA EUA UKR EUA COL NZL

Natação 00:18:13 00:17:46 00:17:50 00:18:08 00:17:48 00:18:08 00:18:02 00:18:00 00:18:14 00:00:00

T1 00:00:48 00:00:49 00:00:47 00:00:49 00:00:46 00:00:52 00:00:47 00:00:47 00:00:47 00:00:00

Corrida 00:55:53 00:56:19 00:56:16 00:55:59 00:56:22 00:56:06 00:56:18 00:56:06 00:56:06 00:00:00

T2 00:00:21 00:00:23 00:00:21 00:00:23 00:00:27 00:00:24 00:00:26 00:00:24 00:00:24 00:00:00

Corrida 00:31:39 00:31:46 00:31:55 00:31:59 00:32:03 00:32:04 00:32:04 00:32:30 00:32:16 00:00:00

Total 01:46:56 01:47:06 01:47:11 01:47:20 01:47:27 01:47:37 01:47:39 01:47:50 01:47:51 01:47:52

34 47 53 59 62 65

Juraci Moreira Fabio Carvalho Reinaldo Colucci Diogo Sclebin Mauro Cavanha Danilo Pimentel

BRA BRA BRA BRA BRA BRA

00:18:33 00:18:46 00:18:39 00:18:15 00:18:49 00:18:31

00:00:51 00:00:49 00:00:47 00:00:49 00:00:49 00:00:50

00:55:36 00:55:18 00:55:28 00:55:55 00:55:27 00:57:27

00:00:27 00:00:25 00:00:21 00:00:25 00:00:25 00:00:27

00:34:11 00:35:54 00:36:45 00:37:41 00:38:56 00:39:44

01:49:41 01:51:14 01:52:03 01:53:08 01:54:28 01:57:01

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O que fazer após o Ironman > Alexandre Giglioli [p.84] > Ana Lídia Borba [p.85] > Ciro Violin [p.87]

OPINIÃO * A coluna “Opinião” também traz a visão de atletas experientes, mas que não necessariamente possuem conhecimento técnico e formal sobre o assunto abordado.

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Foto: Eduardo Rosa

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Opinião

Alexandre Giglioli

O

que fazer após o Ironman Brasil? Essa é

uma pergunta que aflige a cabeça de qualquer atleta depois que ele atinge seu objetivo de longo prazo. Durante quanto tempo você se preparou para esta prova? 52, 26, 16, 12 ou oito semanas?

cessivo e grande acúmulo de provas longas durante sua vida. Reflita sobre isso e bom descanso! Grande abraço e bons treinos! MT Alexandre Giglioli, é um dos treinadores de Triathlon mais experientes do país e Diretor Técnico A. GIGLIOLI ASSESSORIA ESPORTIVA www.agiglioli.com.br

Às vezes, é um sonho de uma vida terminar o Ironman, por isso o que fazer depois? Muito tempo de dedicação, horas de sono perdidas, horas sem a família e amigos e por aí vai. Quanto mais radical você for com relação aos treinos, pior ficará. Será que já me inscrevo para outra prova? Posso fazer outra de menor distância?

Temos aí alguns atletas, como o tcheco Petr Vabrousek que faz quase 1 Iron por mês e que neste ano completou seu centésimo Ironman. Muita coisa, não é? O que será deste cidadão quando estiver próximo aos 60 anos? Será que conseguirá andar? Colocará próteses? O Triathlon é um esporte muito novo e ainda requer grandes estudos. Não sabemos exatamente o que ocorre com aqueles que exageraram em termos de treinamento ex-

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Foto: Wagner Araújo Foto: Eduardo Rosa

Do ponto de vista fisiológico, temos que dar descanso ao corpo para que recupere seu sistema músculo-esquelético e seu sistema imune. Isso vai lhe tomar, pelo menos, 15 dias parado e mais 15 dias treinando bem leve, depois pode voltar aos treinos normais em busca de novos objetivos. Acho que a melhor maneira seria fazendo olímpicos ou shorts (sprints) triathlons. Outro Ironman somente no segundo semestre. Você pode observar que a prova é prazerosa, porém a sequência de treinos é muito desgastante, e isso, ao longo dos anos, acaba maltratando suas articulações.


Ana Lídia Borba O Ironman Brasil 2011 chegou! Você passou os últimos meses se desdobrando para encaixar treinos durante a semana, para acompanhar a família na programação de domingo depois do pedal longo, para contornar o cansaço e atender ao compromisso de trabalho na véspera de mais um dia em que você acordaria de madrugada. Você pegou uma gripe que parecia uma pneumonia e, no último mês, todos os seus amigos nãotriatletas comentaram que você estava com cara de cansado. Mas, esta semana, tudo isso acabou. Nada como o polimento para fazer com que você se sinta magro, forte, rápido e cheio de energias! Agora faltam apenas alguns dias para você colocar à prova todo esforço e foco desses meses de treinamento. A expectativa é enorme – mas fique calmo, mentalize o percurso e a estratégia, descanse bastante, alimente-se bem e boa prova! Se preferir, você pode deixar para ler o restante do artigo no domingo à noite, mas eu recomendo acabar logo com isso. Aliás, recomendo acabar de ler toda a revista antes da prova, mas eu ainda vou chegar nesse ponto. Quando terminar o Ironman, ou melhor, depois da premiação e das festas, quando você desembarcar na sua cidade, é bem provável que você fique com uma sensação de vazio. Você ficou tanto tempo focado neste objetivo e, agora, simplesmente acabou: não tem feirinha, nem treino no dia seguinte, nada “triatlético” para fazer. Então, fazer o quê?

Se for possível, tire alguns dias de férias; se não, dedique-se mais ao trabalho e, no próximo fim de semana, durma até tarde e atenda aos pedidos da família – ela merece. Saia com seus amigos que preferem cerveja a açaí e mude o assunto das conversas um pouco. Por alguns dias, tente esquecer Twitter, Facebook, MundoTri Magazine, IronmanLive e mídia especializada. Tudo bem, pode dar uma olhada nas fotos da prova quando forem publicadas – mas seja rápido. Foco na família. Acredite, o descanso mental é tão importante quanto a recuperação física e os créditos que você tende a ganhar com a família, namorada (o) e até o patrão serão muito bem vindos quando você estiver treinando para a sua próxima grande prova. Com relação à recuperação física, pode acontecer de você ter treinado tanto que o Ironman pareça fácil – mas é só impressão sua. O estresse sobre os músculos, articulações, sistema digestivo, imunológico e tudo o que se puder imaginar é gigantesco, e seu corpo precisa de tempo, mesmo que você ache que não. A recuperação do Ironman começa já durante a prova, portanto alimente-se e hidrate-se corretamente para minimizar os estragos. Lembre-se também de que você deve continuar se cuidando após a chegada, comendo e suplementando adequadamente. O próximo passo é controlar os processos infla-

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Opinião

Para começar, suponho que você tenha uma vida fora do triathlon: família, trabalho e amigos sedentários. Aproveite a ressaca do Iron-

man para priorizar todas essas coisas que são importantes pra você e, da melhor maneira possível, agradecer todo o apoio e paciência que todos mostraram enquanto você treinava em prol de um objetivo só seu.

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Opinião

Ana Lídia Borba matórios nos músculos e articulações através de um protocolo da fisioterapia conhecido como RICE: Rest (repouso), Ice (gelo), Compression (compressão), Elevation (elevação). Adote esses procedimentos o mais rápido possível depois da prova e os repita várias vezes nos dois dias subsequentes à competição, pois isso evitará que a inflamação se alastre e minimizará a dor e o inchaço nas pernas. Por fim, “dê férias para os seus pés”. Esqueça os treinos!

Aliás... Você já pensou no seu próximo objetivo?

Ana Lídia Borba é atleta Asics, com apoio de Aqua Sphere, Pacific Health, Clínica 449, Velotech e Cia Athletica. RM Elite Team. triborba.blogspot.com

Foto: Eduardo Rosa

Se ficar com muita vontade de fazer alguma coisa, nade um pouquinho, solto. Se não for suficiente, pode sair para girar, mas tudo muito curto e muito leve. Porém, se você quiser correr... Não corra. Seus músculos e articulações estarão deteriorados pela prova e o impacto provocado pela corrida é enorme, mesmo no trote. Você não ganhará nada correndo tão pouco e tão devagar, mas estará sujeito a um enorme risco de se lesionar. Deixe a corrida para, no mínimo, dez dias após o Ironman e volte aos treinos lenta e progressivamente.

É provável que seu técnico comece a retomar o ritmo de treinos apenas a partir da terceira ou quarta semana após o evento, mas não se desespere. Obedeça às instruções e, quando você voltar a treinar, estará descansado e mentalmente pronto para focar o seu próximo objetivo.

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Ciro Violin O que fazer depois do Ironman Brasil ? Essa é uma pergunta que só poderá responder quem terminar o Ironman Brasil. Treinos e mais treinos durante meses e meses e o grande dia chegou ao final.

Foto: Eduardo Rosa

“O que vou fazer agora?” Como para o ser humano tudo é uma questão de condicionamento, vai depender do quão condicionado você está, não só fisicamente, mas mentalmente também. Fisicamente falando, para quem vai completar o primeiro Ironman, como meu amigo Alexandre de São Paulo, uma semana depois da prova ele vai querer ficar a semana toda sem colocar a mão na bike, calçar tênis de corrida, e muito menos pegar nos óculos e na touca de natação. Com certeza ele ficará com suas meias de compressão, indo até a churrascaria predileta dia sim, dia não. Eu também, quase fiz isso depois do meu primeiro Ironman em 2009. E ele não será o único. Eu, depois de terminar IM Floripa 2011, com certeza, já vou dar uma corridinha na segunda-feira antes do almoço de premiação, pois estou condicionado a isso e já suporto bem esse estímulo. Mas tem caras como o Alexandre Ribeiro, que já aguentariam outro Ironman na segunda-feira, após terminar o de domingo. E não podemos esquecer-nos do Petr Vabrousek, ou o brasileiro Sérgio Codeiro, que, com certeza, estariam preparados para correr outro Ironman logo após completar o primeiro, tudo no mesmo dia.

acontecer a famosa depressão pós Ironman, em que atletas podem engordar, emagrecer, mandar o exercício físico para longe ou até sentirem vontade de jogar a bike de cima da ponte. Tudo é uma questão de condicionamento, e conforme os anos vão passando e a experiência vai ficando maior, sua maneira de encarar as dificuldades vai melhorando. Não existem princípios melhores do que: Aprender com os próprios erros, aprender errando ou errar para aprender. Todo Ser Humano esta sujeito a errar e aprender com o erro. Se ele voltar a errar, vai ser escolha dele. Atletas de primeira viagem vão sentir seu corpo estranho. Isso é normal. Você acabou de completar um Ironman. Atletas que já fizeram alguns Irons, já se conhecem um pouco melhor e por isso sabem, mais ou menos, o que fazer e como fazer. Aos atletas experientes, com mais de 10 Ironmans nas costas, não lhes digo nada, sou eu quem devo abaixar a cabeça e aprender com vocês. Minha dica é: Tente, ao MÁXIMO, se conhecer. Conhecer as reações do SEU corpo. Conhecer as formas com que ele se comunica com você. Preste atenção na sua fisionomia, no brilho dos olhos, na sua pele, na urina, nas fezes, no funcionamento do intestino, do estomago, na lucidez e até no crescimento de unhas, cabelos e pêlos no corpo. Se você não se conhecer, ninguém mais vai fazer isso por você. Opinião

Tudo é uma questão de condicionamento! O condicionamento mental é igualmente importante, porque depois de um Ironman, pode MundoTRI.com [maio 2011]

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Opinião

Ciro Violin E lembre se: Antes de fazer a inscrição para o próximo Ironman, olhe para trás e veja a consequência de tudo o que ELE foi na sua vida. Se você estiver feliz, isso é o que importa. Então, entre no site imediatamente e imprima novamente os boletos. Te vejo o ano que vem?! Abraços do Ciro.

Foto: Wagner Araújo

Ciro Violin www.ciroviolin.com.br

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Foto: Daniel Aratangy

Natália Castro: uma ex-BBB no Ironman Brasil 2012 Muito antes de entrar para o Big Brother Brasil, a mineira Natália Castro (27) já era uma adepta do Triathlon. Agora, a atleta amadora já pensa em seu grande desafio para 2012: o Ironman Brasil 2012, sob a batuta do grande atleta profissional e treinador Alexandre Ribeiro. Em uma conversa descontraída com nosso editor, Wagner Araújo, Natália mostrou que é muito mais do que vimos na telinha.

Natália: Meu ponto forte é a natação. Nado

desde os 6 anos de idade, e quando fui morar nos EUA com 12 anos, dei continuidade até conseguir uma bolsa de estudos por conta do esporte. Meu ponto fraco é a corrida, como boa parte dos nadadores, quando vamos para a vertical, começam os problemas (risos). MundoTRI: Após o BBB, ficou mais difícil treinar devido ao assédio dos fãs? Natália: Sim. Ficou difícil para treinar, mas não

MundoTRI: Natália, você já treina Triathlon há bastante tempo, conte-nos um pouco sobre seu início no esporte. Natália: Quando eu era bolsista de uma facul-

dade na Pensilvania, EUA, meu treinador na época sugeriu fazer um prova de triathlon durante as férias do time. Isso foi em 2002 e eu não fazia a mínima idéia do que era o triathlon. Foi paixão à primeira prova, e desde então não parei. Voltei a treinar e competir denovo em 2008 em Miami, onde o esporte é bem popular.

MundoTRI: E como é seu dia-a-dia de treinos para o Ironman? Nada, pedala e corre quantas vezes por semana? Qual a quilometragem média? Natália: Treino quase todos os dias, folgo 1 dia na

semana ou quando a agenda esta muito apertada. Faço, no mínimo, 2 modalidades por treino, e pelo fato de estar voltando agora aos treinos, a quilometragem é bem pouca. Por enquanto estou nadando em media de 2.000 a 3.000 metros, 40min a 1hr de bike, e de 6 a 10km de corrida.

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Opinião

MundoTRI: E qual seu ponto forte e seu ponto fraco entre as três disciplinas que compõem o esporte?

devido ao assédio de fãs e sim pela falta de tempo em virtude dos compromissos de trabalho.

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Foto: Carol Caminha

“É um esporte viciante. Depois da primeira competição, eu não quis mais parar.”

Natália com Alexandre Ribeiro >

MundoTRI: Você treina com o Alexandre Ribeiro, um verdadeiro ícone do triathlon brasileiro. O que mais tem aprendido com ele? Natália: É um privilegio ser treinada pelo Ribeiro.

Ele me passa muita segurança e é sempre muito paciente comigo, algo que eu não sou. Ele é um grande profissional e como estou voltando a treinar agora, não estou satisfeita com a minha forma, mas ele me passa muita confiança no meu objetivo, que é completar o Ironman ano que vem. MundoTRI: Em todo mundo, diversas celebridades têm praticado o Triathlon. Os exemplos mais emblemáticos são os pilotos de automobilismo e alguns artistas americanos, como Jennifer Lopez. Você vê algum motivo para esse movimento?

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Natália: Não sei dizer o motivo, posso falar por mim. É um esporte viciante. Depois da primeira competição, eu não quis mais parar. Tenho amigos pilotos como Tony Kanaan e Antônio Pizzonia que também começaram como um simples hobby e hoje em dia não conseguem parar. MundoTRI: O que a motiva a acordar todos os dias para treinar forte e encarar um Ironman? Natália: É um desafio pessoal saber que eu sou

capaz de passar horas e horas competindo e aquilo só depende de mim, da minha mente e do meu corpo. Conheci o Rick e Dick Hoyt em 2009, e foi daí que surgiu a minha vontade de completar o Ironman; eles são um exemplo de determinação, motivação.MT


MundoTRI: Quais são seus maiores ídolos no esporte? Natália: Lance Armstrong e Ayrton Senna que

dispensam comentários. E como mencionei anteriormente, sou fã de carteirinha do Team Hoyt. MundoTRI: O que diria para seus fãs para que eles começassem a praticar o Triathlon? Natália: Muita força de vontade e determinação.

Peça a ajuda de um profissional para os treinos e se inscreva numa prova de triathlon, depois da primeira prova não vão querer mais largar o esporte. MundoTRI: Gostaria de agradecer alguém em especial?

Foto: Daniel Martins

Natália: Obrigada a MundoTRI pela oportunidade

e o espaço. Ao Alexandre Ribeiro e o time Pro Ribeiro pela parceria, paciência e apoio diário. E aos meus fãs, familia e amigos que me motivam sempre e acreditam em mim.

Foto: Carol Caminha

“Muita força de vontade e determinação. Peça a ajuda de um profissional para os treinos e se inscreva numa prova de triathlon, depois da primeira prova não vão querer mais largar o esporte.”

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Foto: Timothy Carlson

WILDFLOWER, o Woodstock do Triathlon

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O americano Jesse Thomas, que se tornou profissional este ano, surpreendeu a todos e venceu a 29ª edição do Wildflower Long Course Triathlon, realizado no dia 30 de abril no Lago San Antônio/ Califórnia. No feminino, a versátil triatleta britânica Leanda Cave finalmente conquistou o título, após ter ficado com a prata por duas vezes. Cave bateu a americana Mary Beth Ellis por uma margem de apenas 7 segundos. Thomas fez uma prova de recuperação. O atleta saiu bem atrás na água e no final do ciclismo estava 6:30 atrás dos líderes, uma diferença difícil de ser tirada nos 21km de corrida. Saindo para correr em 8º lugar, o americano foi engolindo seus adversários um a um. Com pouco mais de 16km, Thomas estava na liderança, com o sul-africano James Cunnama e o australiano Clayton Fettel. Thomas continuou acelerando e deixou os dois atletas para brigarem pelo segundo lugar. No final, Jesse Thomas cravou 1:13:53 nos 21km de corrida.

>

O Wildflower é um grande festival do esporte, que reúne anualmente mais de 7.000 atletas e 30.000 espectadores para acompanhar também shows de música e outras atrações esportivas ao ar livre. Por isso é considerado o “Woodstock do Triathlon”. Há ainda duas outras provas além do meio Ironman: um olímpico (1500/40/10) e um super sprint cross triathlon (400/15,5/3,2). Essa é uma das provas que você deve considerar fazer um dia em sua vida esportiva, não só pela competição, mas por todo clima do camping, com milhares de atletas e o ambiente de festa.

Foto: Timothy Carlson

Entre as mulheres, a favorita e atual campeã mundial de Ironman 70.3, Jodie Swallow (GBR), saiu na frente na água, com Cave quase um minuto atrás. A campeão de 2009, Virginia Berasategui (ESP) e Swallow foram penalizadas em dois minutos da bike, sendo, praticamente, eliminadas da disputa. Sem penalização, Cave fez a melhor parcial na bike (2:34:20), seguida de perto da americana Mary Beth Ellis (2:35:19). A vantagem construída na bike por Cave foi suficiente para garantir a vitória por apenas sete segundos sobre Ellis, que fez a segunda melhor corrida do dia com 1:24:42, quase um minuto mais rápida do que Cave. A melhor corredora do dia (1:23:59), a canadense Magali Tisseyre, terminou na terceira colocação.

Jesse Thomas comemora a vitória

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Foto: Timothy Carlson

Leanda Cave venceu a prova

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Masculino

Feminino

1. Jesse Thomas (EUA) 4:04:45

1. Leanda Cave (GBR) 4:27:58

2. Clayton Fettell (AUS) 4:05:11

2. Mary Beth Ellis (EUA) 4:28:05

3. James Cunnama (RSA) 4:05:59

3. Magali Tisseyre (CAN) 4:32:06

4. Matt Lieto (EUA) 4:09:05

4. Tenille Hoogland (CAN) 4:36:26

5. Chris Legh (AUS) 4:09:49

5. Virginia Berasategui (ESP) 4:37:16

6. Jordan Rapp (EUA) 4:10:54

6. Samantha Warriner (NZL) 4:39:07

7. Nicholas Thompson (EUA) 4:11:07

7. Jodie Swallow (GBR) 4:43:50

8. Timothy DeBoom (EUA) 4:12:08

8. Desiree Ficker (EUA) 4:46:03

9. Bjorn Andersson (SUE) 4:14:36

9. Annie Warner (EUA) 4:48:09

10. Dan Hugo (EUA) 4:15:41

10. Julia Grant (NZL) 4:51:15

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Próxima edição: Ironman Brasil 2011

SESC Brasília

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Foto: Timothy Carlson

XTERRA Amazon

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