MURAL PRIMAVERA 2018
MURAL MURAL is a bilingual publication at the University of Chicago that seeks to embrace and celebrate Latin American perspectives through written and visual arts in our magazine. Throughout the year, we host and collaborate with organizations on campus to bring diverse cultural events and programing, including open mics and art fairs. We seek to create artistic avenues that break from the normative use of language and explore the dynamism of latinidad. MURAL is looking for writers, artists, editors, translators, designers. Send us an email at muralzine@gmail.com if you would like more information. And of course, we are seeking readers to continue to share in and support the work of MURAL and our community. Enjoy!
MURAL é uma publicação bilingue da Universidade de Chicago que busca celebrar perspectivas latino-americanas através das artes escritas e visuais em nossa revista. Organizamos e colaboramos com organizações para trazer diversos eventos culturais e programações como open mics e feiras de arte. Criamos vias artísticas que rompem com o uso normativo da língua e que exploram o dinamismo da latinidade. Mural procura escritores, artistas, editores, tradutores, e desenhistas. Se quiser mais informações, escreva para muralzine@gmail.com. E estamos sempre procurando leitores que continuem a compartilhar e apoiar o trabalho de MURAL e da nossa comunidade. Aproveitem!
Editorial Board and Staff Editors in Chief Paula Cárcamo Regina Favela Layout Manager Tatiana Khemet Translations Manager Jasmin Pizano Treasurer Paula Cárcamo Community Coordinator Valeria Alejandra Stutz Communications Manager R aúl Z aldaña C alles Secretary Alina Gutiérrez Staff Kenny Talbott la Vega Kristen Izquierdo Kathia Rodríguez Romina Vargas Bezzubikoff Yan Verdeja emilio balderas
conteúdo apresentação
Ana Maria Lima
reflexões pessoias
Ovos com Tomates Andrés Serrano Gutiérrez Sem Título Alejandro Turriago O Poder do Sancocho Omar Ferreira Jantar com Minha Tia Avó Ben Miller O Chocolate Krizia Laureano Ruiz Bolos de Chuva Sarah Xu As Melhores Sobremesas em Portugal Isabela Marques Comida Cultural e Familiar Henrique DaMour Fronteira dos Estados Unidos com Mexico Colin Andrew
ensaios
Ode aos Tomates Marcela Barba Mais do que Sabor e Facilidade Sofia salgado O que o “Moé” Tem a Ver com Sopa de Arroz Natan Kirchhoff Tradição Saborosa: Pasteles que Passam por Gerações Jada De Jesus Uma Composição Sobre a Comida Gabu K.
Comida Grega Tom Levy De Àkàrà para Acarajé: Brasil Encontra a Africa Paul R. Burley
poemas
Portuspanglish Chase Harrison Com Sabor e Amor Deisi Cuate Comida do Jogaço Anonymous
receitas
Receita de Empanadas Jonathon Cabreras Pulmay Paula Carcamo
restaurantes em chicago Fabiana’s Bakery Michael Ferguson Cafecito Dylan Demello Fat Rice Laura Colaneri Koi Fine Asian Cuisine & Lounge Isabela Raynal
agradecimentos
Apresentação Ana Maria Lima É uma alegria apresentar a primeira edição de MURAL em português, lançada oficialmente no VI Illinois Portuguese Language Connection no dia 28 de abril de 2018 na Universidade de Illinois em Urbana-Champaign. O Illinois Portuguese Language Connection é uma iniciativa dos programas de português das três maiores universidades em Illinois (UChicago, Northwestern e UIUC) com o objetivo de reunir nossos alunos para um dia de atividades em torno de um tema cultural. O tema para 2018 é Sabores do Brasil: vamos aprender sobre agricultura e produção de alimentos no Brasil e como fazer algumas comidas brasileiras. E obviamente vamos interagir, comer salgadinhos, comida baiana, brigadeiros, beber guaraná -- e ouvir música brasileira ao vivo! Será uma festa bem animada. Quando as editoras de MURAL pediram contribuições dos meus alunos para a revista da primavera de 2018, logo me veio a idéia de fazer uma edição totalmente em português com o tema Comidas e Memórias. Enviamos chamadas de trabalhos para várias universidades e colleges no Midwest para diversificar o leque de contribuições e divulgar MURAL fora da Universidade de Chicago. Como resultado, esta edição inclui trabalhos de alunos de português da UChicago, Northwestern University, University of Illinois e Macalester College. A adição de MURAL ao Illinois Portuguese Language Connection completa nosso dia de atividades com um elemento muito importante de colaboração cultural. MURAL em português é o resultado feliz da produção artística de nossos alunos escritores, poetas, fotógrafos, ensaistas, críticos, para produzir uma revista rica em memórias e imagens. Foi uma experiência muito agradável ler os trabalhos submetidos, que vão de receitas a lembranças de infância, passando por recomendações de restaurantes e poemas. Alguns textos são engraçados, alguns são profundos, alguns são dramáticos. Todos são ricos com a intenção de atravessar barreiras linguísticas e falar de experiências pessoais em português. É importante participar e colaborar. É importante aprender e ser capaz de expressar sentimentos e memórias em outro idioma. É um desafio, mas é um desafio significativo e, no caso de MURAL, traz o resultado concreto que se encontra em suas mãos. E agora vamos ler e descobrir o talento de nossos colegas!
reflexões pessoais Ovos com Tomates Andrés Serrano Gutiérrez Sem Título Alejandro Turriago O Poder do Sancocho Omar Ferreira Jantar com Minha Tia Avó Ben Miller O Chocolate Krizia Laureano Ruiz Bolos de Chuva Sarah Xu As Melhores Sobremesas em Portugal Isabela Marques Comida Cultural e Familiar Henrique DaMour Fronteira dos Estados Unidos com Mexico Colin Andrew
Ovos com Tomates Andrés Serrano Gutiérrez (University of Chicago) Era um domingo comum, como qualquer outro. A semana tinha sido estressante, ocupada, mas todas as semanas eram assim. Acordei cedo. Não pude dormir bem. A primeira coisa que fiz, como todas as manhãs, foi ler meus e-mails. Meu chefe precisava que fosse ao escritório. Não fiquei surpreso. Era o terceiro domingo neste mês que precisava de mim. Pensei em reclamar, mas a verdade é que não tinha nada para fazer. Me levantei e me arrumei em vinte minutos. Saí para o escritório. Estava perto quando percebi que morria de fome. Lembrei que a cafeteria da companhia estaria fechada por ser fim de semana. Não podia esperar até o almoço. Quatro quadras depois vi um lugarzinho com a palavra “desayunos” na entrada. Estacionei e saí do carro. Entrei no lugar e então algo me atingiu. Esse cheiro. Um cheiro incrivelmente familiar e ao mesmo tempo, quase desconhecido, que trouxe um milhão de imagens a minha mente. Memórias de incontáveis cafés da manhã na casa de minha infância a milhares de quilômetros de distância e há mais de vinte anos atrás. Lembranças de um tempo em que as preocupações não existiam, a afeição não faltava, e minha maior responsabilidade era terminar meu prato de ovos com tomate antes de sair para a escola. Reminiscências da única época da minha vida em que, sem saber que o era, fui completa e absolutamente feliz. Segundos depois uma garçonete do lugar aproximou-se e disse “Buenos días, señor. Hoy tenemos huevos con tomate para desayunar”.
Sem Título Alejandro Turriago (University of Chicago) Minha primeira experiência na cozinha não foi exatamente um “debut” como chef de cinco estrelas. Ao contrário, foi uma verdadeira tragédia para o mundo culinário, uma experiência tão terrível que, até hoje, prefiro ficar longe da cozinha. Meus pais precisavam trabalhar até tarde e deixaram dinheiro para pedir comida em casa. No entanto, eu tinha muita fome para esperar. Entre o tempo de preparação (que sempre é uma eternidade) e o trânsito no horário de pico, ia esperar pelo menos uma hora. Muito tempo para mim. Então fui para a cozinha e procurei o mais fácil para cozinhar: um ovo. “Vai ser muito fácil”, pensei “minha mãe faz todos os dias em cinco minutos”. Peguei uma panela e coloquei um pouco de manteiga. A deixei lá até que estava derretida e quebrei o ovo para o fritar na gordura borbulhante. Até este momento tudo ia bem. Orgulhoso do que ia ser a primeira refeição feita por mim, eu fui para meu quarto e comecei a assistir algo na televisão. Não sei que filme estava assistindo, mas provavelmente era muito bom, porque esqueci completamente do ovo. Depois de alguns minutos, ouvi alguém na porta. Sai de meu quarto e percebi que o ovo estava cinza e meu apartamento era uma lareira, cheia de fumaça. Abri as janelas e abri a porta. Eram meus pais e não estavam sorrindo. O dinheiro seguia na mesa da cozinha e eu ainda tinha fome. Na próxima vez pedi pizza, já que como descobri esse dia, não sou um chef de cinco estrelas.
O Poder do Sancocho Omar Ferreira (University of Chicago) O Sancocho é um prato comum nos países da América Latina , com muitas variedades diferentes existindo desde o Caribe até os extremos da América do Sul. O Sancocho basicamente é uma sopa ou um ensopado que tradicionalmente vem das regiões Ibéricas em forma de outro prato chamado ‘cocido’ em espanhol ou cozido em português. Sancocho é um prato muito básico e simples, e todos os países que tem uma versão de Sancocho o fazem de formas diferentes. Alguns países, como a Venezuela, têm uma versão de Sancocho feita com tripa. Na República Dominicana e em Porto Rico, meus países, o Sancocho é feito principalmente com carnes básicas como frango, porco, e carne de vaca. Em geral, entretanto, todos os Sancochos são feito como um ensopado cozido por muitas horas num caldeirão. O caldo é preparado fervendo água com carne e vegetais variados, dependendo do tipo de Sancocho desejado, e em geral é feito com diferentes tipos de temperos, como refogado. Ao final o prato é em geral servido com um prato de arroz ao lado. Todos os tipos de Sancochos imagináveis existem, como o Sancocho de sete carnes da República Dominicana, ou Sancocho de tripas da Venezuela. A razão que eu acho o Sancocho tão interessante é o poder que o Sancocho tem para juntar as pessoas. Na República Dominicana, um Sancocho é sinônimo de uma reuniãozinha. Se uma pessoa te liga para te convidar para um Sancocho, isso é uma convite para ir celebrar e passar tempo com amigos ou família. O Sancocho é mais que um prato, é uma celebração de amizade. O Sancocho tem o poder de juntar as pessoas.
Jantar com Minha Tia Avó Ben Miller (Northwestern University) A feijoada representa um evento muito importante para mim. Quando tinha treze anos, eu fui ao Brasil com minha família. Quando eu estava lá, eu fui com minha família à casa da irmã do meu avô. Ela morava numa favela. Ela morou lá por toda sua vida e foi uma experiência interessante jantar com ela. Ela era muito generosa e, embora tivesse acabado de me conhecer, me tratou como se ela me conhecesse toda a minha vida. Tivemos um jantar muito bom e a Feijoada foi o prato principal. Minha mãe era a única pessoa que falava português e conseguimos nos conhecer com a interpretação da minha mãe. Essa feijoada me fez perceber como algo tão simples como um jantar poderia unir a família. Foi a única vez que eu a vi e se chamava Ionice. Ela morreu alguns anos depois que nós jantamos juntos. Ela era a última irmã viva do meu avô – ele tinha 20 irmãos. Eu aprendi muito sobre a vida do Brasil ao visitar minha família em São Paulo e no Rio. Além disso, eu aprendi muito sobre a vida das favelas. Eu estou animado para voltar ao Brasil e passar mais tempo com minha família lá.
O Chocolate Krizia Laureano Ruiz (University of Chicago) A minha relação com o chocolate é como a minha relação com as palavras. Eu tenho uma relação muito complexa com o chocolate. Na verdade, é veneno para mim. O meu corpo não pode digeri-lo. O chocolate é dor. Dor deliciosa na que estou viciada. Então, eu sinto necessidade para comê-lo todos os dias. Você não pode comer só um pouquinho. Um pedaço vira dois e depois se torna três, e dói o dia todo. No meio da dor, eu acho que “poderia muito bem comer mais.” Mas meu corpo não está devidamente desenvolvido para digeri-lo, o chocolate é apenas uma tentação a que eu não deveria sucumbir, do que eu não consigo suportar. Comer é uma batalha entre o que eu quero e o que eu sou capaz de lidar. É como as palavras que quando leio, eu tento digerir. Mas também não posso. Isso dói mais.
Bolos de Chuva Sarah Xu (Northwestern University) A ideia de bolos de chuva parecia tão interessante quando eu ouvi pela primeira vez sobre isso. Eu pensava: por que eles eram chamados de “bolos de chuva”?. Talvez parecessem pingos de chuva ou talvez fossem feitos apenas nos dias chuvosos. Acontece que ambos são verdadeiros! A história também é muito interessante. Os bolos foram criados pela primeira vez por escravos e eram cobertos com folhas de bananeira. Agora, eles são fritos e cobertos com canela e às vezes eles são fritos com cebolas verdes. Embora eles possam ser muito trabalhosos, eles são deliciosos e podem trazer muitas boas lembranças!!
As Melhores Sobremesas em Portugal Isabela Marques (Macalester College) Olá! Sou aluna de Macalester e estou fazendo intercâmbio em Lisboa, Portugal por um semestre. Aqui, estou fazendo muitas coisas legais (ou, como dizem aqui, “fixes”). Uma coisa muito boa de Lisboa é que tem padarias em todos os lugares: cada rua tem pelo menos uma padaria cheio de doces ótimos. Até agora, tem dois doces que eu amo: mil folhas e pasteis de nata. Mil folhas é um doce que vem como um quadrado, e em cima tem um pouco de chocolate. Dentro, tem creme de diferentes consistências. É muito bom! Pasteis de nata são um doce muito conhecido em Portugal. Tem em todo lugar, mas os mais conhecidos são Pasteis de Belém, que você compra numa padaria enorme na região de Belém. Sempre são bem quentinhos! É um doce que tem creme e vem dentro de massa folhada. O creme é um pouco queimado em cima, e as pessoas colocam canela e açúcar em pó em cima.
Comida Cultural e Familiar Henrique DaMour (Northwestern University) Eu nasci no Brasil, então eu conheço a feijoada, um bom churrasco com a família INTEIRA (ou apenas pessoas que chamamos de família, mas que não são relacionadas a nós), e o estrogonofe de carne com batata palha com um guaraná gelado ao lado. Desde que saí do país em 2002, eu só consigo comer em doses, e só quando minha família nuclear volta a cada dois anos na época de Natal. E, com a véspera de Natal, o dia de Natal, e o Ano Novo também, todos dentro de uma semana um do outro, é a melhor época possível para comer muita comida brasileira bem preparada. Quando toda a família está no mesmo lugar (normalmente São Bernardo do Campo, perto de São Paulo), minha avó faz tudo ao máximo. Ela cozinha uma quantidade quase infinita de comida e se torna a anfitriã mais graciosa e hospitaleira de sua família. Ela é a matriarca da nossa família em todos os aspectos, e ela sempre se senta na cabeceira da mesa. Outra tradição nos feriados no Brasil com minha família são os churrascos no clube. Afinal, é o meio do verão em dezembro! Aqui, e na maioria das reuniões de família, a comida é apenas uma desculpa para se sentar junto à mesma mesa, e o tempo que leva para cozinhá-la é apenas mais uma oportunidade para bater papo. Esse papo é alto, entrecortado de risadas gritadas, e envolve tirar muito sarro de qualquer membro da família que não torça pelo Corinthians, que não são muitos. É aqui que conheço a maioria das pessoas em quem confio são familiares, mas às vezes não me lembro como estamos relacionados. Cada terceira pessoa com mais de 30 anos que encontro fica às vezes ofendida por eu não me lembrar deles. Eu geralmente me sinto mal, até que eles dizem: “A última vez que eu vi você, você nem chegava nos meus joelhos!” E depois eu não me sinto tão mal assim. Todo mundo que trouxe roupa de banho fica entrando e saindo da piscina durante todo o dia. Todos os homens geralmente jogam futebol, usando o que eles podem achar como um gol improvisado se não houver uma trave de verdade por perto. Há 90% de chance de que qualquer pessoa no churrasco tenha uma Skol em uma mão ou um cigarro na outra e, às vezes, as duas coisas ao mesmo tempo, mesmo enquanto eles estão jogando futebol. E se você não está jogando futebol, está grelhando comida. Muita comida. A comida que sinto falta está inexoravelmente conectada na minha mente à família que sinto falta no Brasil. Os gostos e cheiros de carne grelhada, feijoada e cigarros é o que me faz sorrir com conforto ao saber que estou cercado de pessoas que me amam, e muita comida deliciosa.
Fronteira dos Estados Unidos com Mexico Colin Andrew (University of Chicago) Faz dois anos que minha esposa e eu fomos para a fronteira dos Estados Unidos e México. Era novembro, e nós íamos para a casa de meus pais para celebrar o Dia de Ação de Graças. Naquela época nós morávamos no estado de Utah e tínhamos que viajar para Tennessee onde meus pais moravam. Antes de ir para Tennessee, eu decidi visitar a Universidade de Arizona porque eu talvez quisesse estudar lá. Então, minha esposa e eu dirigimos desde Utah para Arizona e depois Tennessee. Foi uma viagem muito longa. Um dia nós estávamos dirigindo no Novo México quando eu disse à minha esposa, “Vamos para o México!” Só tivemos que dirigir trinta milhas a mais para chegar à fronteira. Eu estava com um pouco de medo porque as notícias sempre diziam que a fronteira era uma zona muito perigosa, mas a curiosidade venceu. Nós estávamos no meio do deserto em uma rua solitária, e a paisagem era muito bela. Finalmente nós chegamos à fronteira. Não quisemos esperar na fila para os veículos. Então, estacionamos nosso carro e andamos para uma vila que ficava no lado mexicano da fronteira. Nós passamos pelo portão e andamos para uma loja grande que ficava em um prédio rosa. A loja tinha muitas obras artesanais e depois de ver todas as coisas, decidimos comprar uma cena de natividade. Depois de comprar, nós falamos com a dona da loja por um tempo. Ela estava surpresa que nós queríamos visitar aquela vila pequena e nos convidou para jantar com ela. Ela e a família dela eram muito amáveis, e o jantar foi a melhor comida mexicana que eu comi na minha vida. Eu comi enchiladas de frango e queijo, arroz, feijão, e muito molho picante. Minha esposa comeu tacos. Eu não posso descrever bem o sabor, mas eu sei que o sabor era perfeito. Também eu sei que se Deus quiser comer comida mexicana, Ele irá para Puerto Palomas, Chihuahua. Com muita comida saborosa e novos amigos, nós ficamos felizes. Nossa experiência no México foi inesquecível, e queremos voltar para a fronteira. É uma região única.
ensaios Ode aos Tomates Marcela Barba Mais do que Sabor e Facilidade Sofia salgado O que o “Moé” Tem a Ver com Sopa de Arroz Natan Kirchhoff Tradição Saborosa: Pasteles que Passam por Gerações Jada De Jesus Uma Composição Sobre a Comida Gabu K. Comida Grega Tom Levy De Àkàrà para Acarajé: Brasil Encontra a Africa Paul R. Burley
Ode aos Tomates Marcela Barba (University of Chicago) “A rua cheia de tomates ao meio-dia, verão, a luz é reduzido pela metade como um tomate, o suco corre pelas ruas...” “Ode aos tomates” Pablo Neruda Para alguns, a Ode ao Tomate de Pablo Neruda pode parecer excessiva, e para mim, em certo momento, era, mas exprime com simplicidade equilibrada vários aspectos de minhas próprias experiências e identidade como boliviana-americana, enquanto também serve como uma ótica pela qual se pode ver as tradições latino-americanas, e como um veículo para experimentar em primeira mão as culturas ricas e diversificadas da América Latina. Quando estava crescendo, sempre havia tomates em minha casa. Na minha cidade natal de Santa Cruz, na Bolívia, eles são usados como base de sabor para pratos de arroz, macarrão e carne, como majado, tallarín e saice. Fazem parte de uma base encorpada, cujo aroma se agarra às minhas roupas depois de sair de casa - um lembrete do amor de minha mãe. Nos meus aniversários em Michigan, ela fazia meu prato favorito, empanadas de frango. Esses pastéis quentes eram bem aceitos pelo meus amigos, que também aceitavam amiúde nossos outros pratos culturais. Sem o tomate eu não poderia ter crescido com esses alimentos ou com a experiência de compartilhá-los com meus amigos. Enquanto o tomate sempre foi uma parte da minha vida, seu significado cultural realmente se destacou para mim há dois anos, quando visitei La Paz. Foi a minha primeira vez nesta região da Bolívia, no alto dos Andes, e a gastronomia e cultura eram muito diferentes de Santa Cruz. Ainda, eu fui consolada pelo tomate sob a forma de um molho de tomate cru e locoto chamado llaxwa (uma palavra Quechuan pronunciada Ya-hua). Tradicionalmente feita com um batan, uma ferramenta de pedra pesada especificamente criada para o tomate, llaxwa me lembrou de casa. Pela primeira vez, vi a Ode aos tomates de Pablo Neruda sob uma nova luz.
* Photos of a batan courtesy of Rommy Cornejo Holman (boliviancookbook.wordpress.com)
Independentemente da localização ou status sócio-econômico, independentemente de se uma pessoa é indígena ou de descendência espanhola, o tomate reticente é uma tradição para as diversas culturas da Bolívia, e para todos nós que, juntos, preenchemos e corremos pelas ruas que formam as veias do coração pulsante da América Latina. Acima de nós, ao meio-dia, no verão, está o sol, um tomate meio cortado exibindo a parte mais interna de nossas identidades coletivas e individuais, aberto para todos verem. Eu e meu trabalho, aberto para todos verem: defendendo a igualdade de ensino para estudantes não-documentados na Universidade de Michigan, trabalhando para medir o PIB da Bolívia na PricewaterhouseCoopers, fazendo organização comunitária com a Corporação de Desenvolvimento Hispânico de Detroit, e agora elaborando um relatório sobre violência contra mulheres no México como estudante de direito da Universidade de Chicago. Ode aos tomates traz unidade em identidade às numerosas tradições latino-americanas e propõe esta essência aos seus leitores. Os poemas não apenas divulgam a América Latina para o mundo, mas sua prosa também convida o mundo a experimentar a cultura latino-americana em primeira mão. A poesia ocupa um lugar especial nos corações da comunidade latina e na Bolívia, como é evidente pela predominância da poesia no dia-a-dia. Em várias ocasiões, encontrei-me sentada em um jantar onde, do nada, o anfitrião começou a recitar, como se não fosse nada, um longo poema sobre o amor ou a morte da memória pura, seus convidados ouvindo com admiração. Mesmo entre a juventude boliviana, o valor da poesia é significativo. Certa vez, durante o almoço, um amigo pegou um pedaço de papel velho e dobrado, sorrindo enquanto me cutucava. Os linhas estavam cheias de poesia que ele havia escrito para impressionar uma ex-namorada. Assim como a poesia é icônica para a identidade hispânica, também é o tomate - uma fruta originária da América Central e do Sul que só chegou à Europa após as conquistas. Comer essa iguaria lhe envolve na tradição hispânica.
“… o tomate, estrela da terra, recorrente e fértil estrela, exibe suas circunvoluções, seus canais, o seu amplitude notável e abundância, sem pit, sem casca, sem folhas ou espinhos, o tomate oferece seu dom de cor de fogo e legal completude” – “Ode aos tomates” Pablo Neruda
Mais do que Sabor e Facilidade Sofia Salgado (Northwestern University) A comida revela muito sobre a cultura das pessoas e os gostos. Mas, a comida também demonstra certos aspectos da saúde de certas culturas e o valor da preparação. Com minha experiência intercultural, eu tenho visto como certas culturas apreciam mais a saúde e a preparação adequada da comida do que outras. Sendo filha de pais mexicanos, eu tenho comido, a maior parte da minha vida, comida mexicana e comida americana. Também por morar em Chicago, uma cidade tão diversa, eu também tenho comido várias comidas de culturas diferentes. Se alguém me perguntasse qual comida eu prefiro entre as duas, eu responderia a comida mexicana, mas também a comida brasileira. Na minha opinião, eu acho a comida mexicana um pouco mais saudável do que a comida americana. É verdade, a comida mexicana tem muitos pratos que são fritos ou que usam muito azeite, mas é mais fresca e usa melhores ingredientes do que a comida americana. Além disso, a comida mexicana é feita com muita dedicação e normalmente a pessoa precisa um pouco de tempo para fazer. Um de meus pratos prediletos mexicanos é ‘chiles rellenos’ que é feito com pimenta, queijo e ovos e se come com arroz. Este prato precisa mais ou menos umas duas horas para fazer e é muito gostoso. Os ingredientes deste prato são frescos algo que é muito diferente no caso da comida americana. A comida americana, diferentemente, é feita com mais rapidez. Normalmente a comida americana é feita da maneira mais rápida possível para que esteja mais disponível para os americanos. Mas essa comida não é muito saudável. Muitas vezes as famílias americanas compram muitas coisas que estão congeladas e são fáceis de cozinhar depois. É estranho que os americanos façam comidas com ingredientes frescos no mesmo dia. Por isso, eu acho a comida mexicana melhor para as pessoas do que a comida americana. Mas mesmo assim, eu também tenho algumas comidas americanas que eu gosto de comer, como o hambúrguer. Além disso, também tenho experimentado comidas de muitas culturas diferentes e uma das quais eu mais gosto de é a comida brasileira. Uma cultura que eu acho
que tem uma das melhores e mais saudáveis culinárias é a brasileira. A comida brasileira usa mais opções saudáveis do que as comidas mexicanas e americanas. Quando eu estudei no Brasil, eu vi como as pessoas gostavam de sempre comer salada com os demais pratos. Também vi pessoas comerem frutas frescas e usálas no sucos e vitaminas. Ao fazerem isto, os brasileiros promovem um estilo de comer mais saudável do que o de outras culturas. Enfim, há várias comidas muito gostosas que dão muito prazer para comer. Mas as pessoas devem ter em conta questões saudáveis quando escolhem suas comidas. Na minha opinião, eu acho que talvez mais pessoas devem comer a comida no estilo dos brasileiros, que usam mais frutas e verduras do que muitas outras culturas.
O que o “Moé” Tem a Ver com Sopa de Arroz? Natan Kirchhoff (Northwestern University) Quando eu era criança, um dos meus pratos preferidos era o “Moé”. A minha mãe é taiwanesa, apesar de ter crescido em São Paulo, Brasil. Como Moé se origina de Taiwan, consiste de arroz fervido com caldo. Para cada café da manhã, minha mãe colocava sardinhas inteiras, pedaços de picles, ovos em banho-maria e outros pratinhos. Um dos meus favoritos que complementava era o “jou chom”. Este prato é composto de porco seco e rasgado, salgado e meio adoçado. Assim, Moé, que não tem sabor, fica salgado ao juntar-se com outros pratos. Ele é bem gostoso e parece uma sopa de arroz branco. Se a manhã fosse fria, uma tigela de Moé sempre era bem quentinho e cheiroso. Aliás, era engraçado que eu não soubesse se “moé” vinha do chinês ou do português. Essa falta de sabedoria era a maior confusão da minha juventude porque eu sempre misturava os nomes de muitos alimentos. O “moiáchi”, por exemplo, é um tipo de broto de feijão. No entanto, eu sempre pensava que moiáchi era uma palavra em português. Em dado momento, aprendi que minhas avós maternas falavam japonês além de mandarim. E aí, moiáchi veio do Japão! Por outro lado, eu pensava que o nome “chá” era do mandarim. No entanto, fui corrigido pela minha mãe. Claro: É português (aliás mandarim tem um nome parecido)! Além da comida, eu também trocava umas palavrinhas de mandarim por português. Quando eu tinha dez anos, fui para o Brasil pela minha primeira vez. Mas no verão anterior, eu tinha visitado o Taiwan. Em mandarim, “duei bu ti” tem o mesmo significado de ‘desculpa’. Mas como ambas as palavras começam com som de ‘d’, eu as misturava. Então, falava “duei bu ti” em vez de ‘desculpa’ para todos os brasileiros! Minha mãe achava meu erro bem engraçado. Mesmo que tivesse essa troca de línguas, eu era muito sortudo por ter uma infância em três culturas. Eu tinha a sorte de comer comida chinesa, brasileira e americana todos os dias. Para mim, feijoada era tão gostosa quanto Moé. E Moé era tão saboroso quanto um cachorro quente dos Estados Unidos. Eu aprendi como cantar a canção de aniversário em português, mandarim e inglês, comendo bolo típico dos três países também. Em dezembro, minha família celebrava o Natal dos Estados Unidos. Em fevereiro, jantávamos e trocávamos envelopes de dinheiro pelo ano novo chinês. E em abril, comíamos um ovo grandão de chocolate com a chegada da Páscoa, como se estivéssemos no Brasil. A formação da minha juventude demonstra que a comida faz parte integral da sua própria cultura. As minhas trocas de nomes de alimentos mostra que a criação da minha cultura não foi fixada por um idioma só. De verdade, isso foi feito pelas experiências da própria cultura da minha família.
Enfim, no verão passado, finalmente aprendi da minha tia de qual língua o nome Moé se originou: Não vem do mandarim! Essa sopa de arroz simples veio de um dos idiomas nativos de Taiwan. Quem sabia!?
Tradição Saborosa: Pasteles que Passam por Gerações Jada De Jesus (Northwestern University) Pasteles é uma comida símbolo de tradição na cultura porto-riquenha. Para nós, os feriados não significam apenas trocar presentes e ver seus primos favoritos, para nós também significa que os pasteles vão estar na mesa ou no congelador. Os pasteles é um prato cultural devido à forma como é produzido, pois sua receita é passada de geração em geração. Os pasteles também são símbolo da unidade familiar, pois geralmente são feitos em grandes quantidades durante os feriados para encontros familiares. Minha tia sozinha geralmente faz cerca de 200 para os feriados. Pasteles, embora não seja o prato visualmente mais atraente, é definitivamente um dos mais saborosos. Pasteles são empanadas feitas de uma massa meio molenga, que são recheadas com carne, sofrito, que é um molho típico, e vegetais, todos temperados à perfeição. A massa é feita de vários vegetais, como banana verde, batata e yautia, uma raiz local. A carne é misturada e depois a massa é levada à geladeira, formada e, finalmente, enrolada em uma folha de banana, e amarrada. O pastel é colocado em água fervente durante cerca de 30 minutos para cozinhar. Pasteles levam muito tempo para fazer. Algumas famílias até dividem o processo em dois dias. Em um dia, eles preparam os ingredientes, e no outro, eles combinam tudo para finalizar o prato. O processo total leva cerca de 4-5 horas, dependendo de quantos você deseja fazer. Para minha família fazer pasteles torna-se um ritual de um dia, que reúne todos na cozinha. Nós nos sentamos ao redor da mesa ajudando, como se fosse uma linha de produção, enquanto cada membro da família conta velhas histórias engraçadas ou fofocas. Seja lá qual for a história, sempre há lágrimas de todos os tipos de emoções. Um dos principais ingredientes não só nos pasteles, mas em quase todos os pratos porto-riquenhos, é o sofrito. Sofrito é basicamente uma mistura de pasta que muitos porto-riquenhos usam como tempero. O Sofrito é outra parte tradicional da culinária porto-riquenha. A maneira como é feita em cada família é diferente. Na minha própria família, houve uma longa discussão entre a quantidade de alho que pertence à receita. Do lado do meu tio, a família acredita que três dentes são suficientes, enquanto do lado da minha tia, a família acha que cinco é o mínimo. Se são três ou cinco não me interessa, as duas receitas são boas para mim. Este longo conflito mostra a importância de algo tão pequeno como o tempero na culinária porto-riquenha. Assim como o sofrito, o sabor de pasteles varia de família para família, apenas a textura permanece semelhante em todos os grupos familiares. Coisas como sofrito e pasteles são itens que devem ser apreciados porque são representações de nossa cultura que têm sabor incrível e também unem as famílias. E famílias que cozinham juntas, permanecem juntas.
Uma Composição Sobre a Comida Gabu Keyl (Macalester College) O que não gosto das composições é que não dizem a verdade. Também, quero que vocês saibam que não sei nada. Também não gosto nada de mim mesma. Mas, as composições. Composições como tarefas de composições, composições pedidas. Não gosto delas. Porque uma vez você diga que deseja uma composição sobre qualquer coisa, cessa de ser uma verdade. É um desejo cumprido. É ajuda. Ajuda para quem? Para mim não. Vocês sempre têm que ficar com a lembrança de que eu não sei nada. Lembram? Então, quando digo que levo muitos anos tentando ajudar pessoas, vão saber que não sabem nada novo. Pode ser uma mentira, seja acidental ou não. Mas acho que levo anos tentando dar ajuda aos outros. Meus pais fazem isso. Minha irmã também. Acho que todos tentam, pelo menos às vezes. Quando dizemos querer algo, como uma composição, por exemplo, o que quer se oferecer é uma ajuda. Uma resposta à pergunta. Quando penso na comida, penso no que querem outras pessoas. Faz não lembro quantos anos, quando era jovem, a minha mãe me disse que achava que a razão por que eu tinha tantos problemas com a asma era que comia os produtos lácteos. Eu acho que tinha razão, e os produtos causavam os ataques que me davam, o não poder respirar, as gripes longas e miseráveis. Como mudou isso? O que aconteceu para fazer com que hoje em dia, consiga comer produtos lácteos sem problemas? Se um médico me dissesse que tinha alergia, e já não tenho, não ficaria totalmente segura. Mas não sei nada. Aos dezesseis anos, mais ou menos, depois de nos mudar a uma nova casa, o meu estado de ânimo começou empiorar-se. Nessa época estava numa relação a longa distância que hoje em dia acho ser abusiva, na que a minha amiga controlava muito da minha vida. Quando nos mudamos, estava a ponto de começar o meu segundo ano da escola secundária. Tinha três anos de espera ainda. Hoje em dia a acho ser uma prisão. Você não estava permitido a sair da aula sem um passaporte, assim era o nome do documento que tinha que levar todos os dias se precisava de ir ao banheiro, ou se estava doente, ou o que seja que for. Se se gastava o espaço, ou se perdia o documento, você tinha que ir ao escritório da administração, e logo se supunha que tinha que justificar a necessidade de receber outro. Qualquer visita à administração era como uma visita ao quarto da tortura. Tão pior era o banheiro sujo, com a metade dos stalls sem porta ou sem lugar onde sentar em cima do toilet. Disputas violentas tinham lugar nos corredores com frequência. Lockdowns ocor-
riam com frequência. Sandy Hook teve lugar a quarenta minutos de distância em carro, mais ou menos. Os guardas —tínhamos guardas, tínhamos polícias— me paravam nos corredores para me perguntar o que fazia, para onde ia, se tinha o meu documento. Já que eu era branca e parecia educada, com a aparência de estudante rica e boa, normalmente eles me deixavam em paz. A escola que abandonara foi tão horrível como a nova, mas com mais violência física. E durante esse período da minha vida, ao longo da relação abusiva, a escola-prisão para onde tinha que ir, o difícil ajuste ao novo lugar, as minhas memórias do que comia são das mais positivas que tenho. Ou não são. Não tenho certeza. Não sei nada. Qualifico. As memórias da comida que comia em segredo são entre as boas. A minha família não podia saber o que eu fazia. Uma outra mostra da minha doença mental, as minhas obsessões. Comia quase nada durante todo o dia na escola, e logo voltava para casa e, se tinha podido encontrar maneira de procurar dinheiro, pedia uma pizza grande da pizzaria barata que estava perto da casa, ou ia ao mercadinho para comprar um pint de gelado. Ou tentava preparar comida na cozinha em segredo. Logo me fechava com a minha comida no meu quarto e via séries. Gostava de sitcoms como Will & Grace e Friends. Por fim, depois do dia de não comer, sem a presença de ninguém, podia fazê-lo, e a culpa seria um pouquinho mais fácil de suportar. Não gostava de comer sem o meu computador onde sempre punha as minhas séries queridas, que me deixavam esquecer o ódio que tinha de tudo, sobre tudo de mim mesma. Não gostava de comer sem muito mais comida do que seria capaz de comer. Sentia o medo de ser descoberta, de acabar com nada. Não sei quantas vezes já me disse que odeio a comida. Fiz uma lista de coisas que odiava e a primeira coisa que coloquei foi isso. A comida. Porque nunca resolve o problema da fome. Tarde ou cedo, você vai acabar requerendo mais. Nunca é suficiente, por muito que tente fazê-lo assim. Quando vejo algo que se pode comer, as vozes soam na minha mente. Os produtos lácteos vão me fazer dano. Tem muito açúcar. Que valor nutricional tem isso? Devo de comer uma outra fruta mais, ou já comi muita? O que diria a minha mãe, o meu pai, o meu parceiro, a nutricionista? Devo comer isso, sei que isso é saudável, mas me dá vontade de vomitar. Tudo me dá vontade de vomitar. E sempre— Quanto é suficiente? Quanto? A comida sempre foi melhor quando não tinha muita consciência de estar comen-
do-a. O menos que pensava nela, melhor. O do bingeing, não sei um destes anos, destes meses, vou poder acabá-lo. É certo que hoje em dia como nesse jeito menos do que na escola secundária. Não sei o que fazer: tentar prestar a menor atenção possível às vozes na mente, ou sim escutá-las, pelo menos às vezes. É que não sei. Não sei nada. Qual é o meu dever? Qual é a tarefa? Qual é o tema que devo escolher? Comida, ou não?
Comida Grega Tom Levy (Northwestern University) Você já experimentou comida grega verdadeira? Não? Então, venha comigo! No verão, entre meu terceiro e quarto anos do ensino médio, eu fui à Grécia com uma orquestra de jazz de Nova Jersey. Fomos à ilha de Creta, que fica no mar Mediterrâneo, especificamente à cidade de Sitia. Foi uma experiência incrível com amigos e música, mas a melhor parte da viagem foi a comida. Antes dessa viagem, meu conhecimento sobre a comida grega dizia respeito a restaurantes e lanchonetes que são famosos em Nova Jersey, mas que não têm a comida étnica de verdade. Eu não gostava da comida grega nesses restaurantes, embora eu não fosse exigente quanto à comida. Realmente eu adorava a comida mexicana quando era criança, eu ainda a adoro, mas não tinha interesse pela comida grega verdadeira. Então, minha aventura por essa comida começou num restaurante perto do nosso hotel. Há gyros nos Estados Unidos, mas não ao nível dos gyros gregos. O molho tzatziki era excepcional e você poderia ver e cheirar a carne nos espetos fora do restaurante. Eu praticamente estava comendo o cordeiro trazido diretamente do campo. As cebolas e os tomates eram da mesma forma: frescos e gostosos! O pão sírio era uma massagem para minhas papilas gustativas. E a parte mais importante: as batatas fritas dentro do pão! Estes gyros não eram saudáveis, mas quem se importava? A combinação desses ingredientes era um orgasmo de sabores. Muitas pessoas aqui nos Estados Unidos conhecem os gyros, então esta aventura não é tão estranha nesse ponto, mas isso deve mudar rapidamente. Um dia fomos à praia em Makry Gialos, no sul da ilha. O diretor da orquestra já tinha ido a um restaurante nessa praia que tinha uma sopa incrível com peixe. Eu não lembrava disso até quando fui ao restaurante. Eu pedi a sopa, e quando o garçom a serviu, não acreditei no que meus olhos viram! O peixe tinha a espinha quase como se ainda nadasse no mar. Foi minha refeição mais longa e tive que cortar o peixe para comer, porque tinha espinha. Passou muito tempo antes que eu pudesse misturar o peixe com a sopa. O peixe era delicioso mas com o caldo era outra coisa! O caldo era espesso e rico com um sabor sensacional. Essa lenda foi confirmada, uma coisa que você não pode degustar nos Estados Unidos é a comida grega de verdade!
Tom Levy
De Àkàrà para Acarajé: O Brasil Encontra a Africa Paul R. Burley (Northwestern University) “A síntese pan-africana iniciada nos navios escravos evoluiu para sínteses ainda maiores nas Américas. Em lugares onde havia forte concentração de africanos escravizados em um único grupo étnico ou nacional, a música e as danças desses povos passariam a dominar as práticas musicais e dançantes de sua comunidade. Mesmo nessas configurações, os africanos de outros grupos étnicos e nacionais contribuíram para o desenvolvimento de novas formas culturais. Os africanos de diversas etnias e diferentes nacionalidades criaram algo novo a partir dos recursos culturais e materiais encontrados em seu novo ambiente. Eles construíram seus rituais religiosos e seculares, festivais e encontros sociais sobre os fundamentos das canções, danças e ritmos que eles inventaram para enfrentar e expressar suas realidades do Novo Mundo.” Martin N. Marger, editor - descreve bem a satisfação da assimilação em “Reversa nas Américas”. O processo de assimilação reversa é evidente na própria língua portuguesa. Mas não é o mesmo na língua inglesa, onde permanece apenas 26% do seu vocabulário de seu antecessor, Inglês antigo. O português tem um conjunto relativamente rico de vocabulário derivado de outras línguas além do latim; Os mais óbvios e onipresentes são do árabe. A onda de termos árabes em língua ibérica é bem conhecida e permanece fixa tanto em português como em espanhol. Os termos alimentares em língua árabe são bem representados na língua portuguesa: Eles são os alimentos básicos da dieta do mundo lusófono. Exemplos incluem açúcar (árabe: , as-sukar), azeite (árabe: kkkk, , az-zayt) e arroz ( , ar-rūz). Até visitar o Brasil, não percebia a influência da cultura afro-brasileira no Brasil e, por extensão, o vocabulário derivado também de línguas africanas e ameríndias no português brasileiro. Os exemplos mais óbvios são o samba (derivado, provavelmente, de semba de Kimbundu), capoeira (etimologia pouco clara, provavelmente de Tupi ou Quikongo), abacaxi (de Tupi, ibakatí), a maconha (Quimbundo: ma’kaña). Os escravos, levados à força ao Brasil a partir do século XVI, trouxeram sua cultura material e espiritual; ambos permanecem parte do tecido da cultura brasileira. Os africanos continuaram e adaptaram seus alimentos culturais para a mera sobrevivência no Brasil; exemplos desses pratos são encontrados nas comunidades concentradas de afro-brasileiros no Nordeste e mais proeminentes na Bahia. Azeite-de-dendê, o óleo de cozinha à base de coco básico da África Ocidental, permanece inalterado na culinária baiana. O sorgo, um grão do Velho Mundo, não sobreviveu à diáspora; foi facilmente substituído por milho ou feijão moído. Os tipos africanos de feijão logo complementaram os trazidos pelos portu-
gueses. A Vigna unguiculata, feijão básico da África Ocidental, é ubíquo em todo o Brasil e conhecido como feijão-fradinho, feijão-de-corda e feijão-miúdo, entre outros nomes. Outros examplos são farofa (Quimbundo: falofa), fubá (Quimbundo: fofa), moqueca (Quimbundo: mu’keka), inhame (Hauçá: nyama, ou Uolofe: nyam), entre muitas outros. O acarajé (Ioruba: àkàrà, “bolo do fogo”, e jé, “comer”) é talvez o símbolo mais proeminente da cultura alimentar africana no Brasil. O acarajé cruza o sagrado, profano e prático. Este prato simples é um bolinho feito de uma pasta moída de feijão, temperada com sal e pimenta, moldado em forma oval, e frito em óleo de palma. Na sua forma mais simples, é idêntico à acara encontrada na Nigéria e em outros lugares da África Ocidental. O acarajé representa um papel importante nos rituais das religiões afro-brasileiras, . principalmente no Candomblé. O acarajé, entre outros alimentos, é colocado na frente do pegi ou altar e usado como oferta para os orixás (Yoruba: òrìsà). Após a cerimônia do Candomblé, o acarajé é consumido por membros da comunidade. Surgido como parte da dieta dos escravos brasileiros ou como item nas cerimônias religiosas, o acarajé tornou-se um alimento de rua na Bahia a partir do século XIX. É servido com um creme chamado vatapá (Yoruba: vata’pa) feito com camarão, pão molhado ou fubá, amendoim ou castanha de caju, azeite de oliva, cebola, alho, gengibre e tomate; e dependendo da preparação, acrescentam-se camarões secos inteiros ou moídos, ou peixe. Um molho de pimenta picante é opcional, mas geralmente indispensável para os baianos. O acarajé mudou de status de comida de rua humilde para um prato simbólico da Bahia: vendedores são encontrados em todas as áreas da capital do estado (Salvador), os guias do “melhor acarajé” são encontrados em revistas, e o prato agora é amplamente promovido na literatura turística. Sua popularidade se espalhou e é possível encontrá-lo em várias regiões do Brasil, inclusive São Paulo. Minha conexão pessoal com acarajé em várias viagens à Bahia. Visitei Salvador em 2017 com meu amigo Wellington, um maranhense que vive em Curitiba e que nunca havia visitado a cidade. Cansados e com fome no Terreiro de Jesus, no centro histórico da cidade, recebemos recomendações para os “melhores” e “mais autênticos” locais para se comer acarajé. No meio da icônica área protegida pela UNESCO e pelo centro turístico de Salvador, encontramos uma barraca de acarajé. A refeição era simples, farta e barata. Wellington conversou com a baiana que fazia acarajés, que ouviu a sua história de viagem e como ele terminou em Salvador, vindo de Curitiba. Histórias que parecem impossíveis, de alguma forma, são comuns em todo o Brasil. No processo de assimilação reversa, a influência africana dos alimentos no Brasil
está levando a um esquecimento coletivo da origem desses pratos. Seu símbolo promissor, o acarajé, cruzou da África Ocidental para o Brasil, começando como alimento escravo, depois virando comida de rua da Bahia, e agora como comida de rua do Brasil. Como o onipresente falafel, hummus e salsa nos Estados Unidos, acredito que o acarajé será levado pela onda ininterrupta de globalização e achará seu caminho até a conquista dos Estados Unidos.
Wellington come acarajĂŠ Terreiro de Jesus, Salvador, Bahia 21 de outubro, 2017
poemas Portuspanglish Chase Harrison Com Sabor e Emor Deisi Cuate Comida do Jogaรงo Austin James (Thiago) Miller
Portuspanglish Chase Harrison (University of Chicago) Eu construí meu português em cima do meu espanhol—uma fundação instável. Minha mente tornou-se uma fábrica de línguas românicas: Eu ouço português, traduzo para o espanhol, penso em inglês. Traduzo de volta em espanhol, e respondo afinal em português. Foi simples! Meu “ción” se tornou “ção” Meu “dad” se transformou em “dade” Meu “ble” se trocou em “vel” Eu não hablé. Eu falo. Em poucos meses, me tornei bilíngue. Eu falo inglês, minha língua nativa, com rapidez e confiança. Eu falo espanhol, afiada e ritmicamente, enfatizando cada sílaba. E eu falo português, melódico e aberto. A boca me fascina com o sentimento. Achei ter descoberto um segredo continental. “Todos os falantes de espanhol falam basicamente português,” eu disse aos meus amigos. “Eles simplesmente não sabem!” Então, houve a entrevista. Foi uma simples entrevista por telefone em espanhol. Eu já havia feito isso antes. “Sí, hablo espanhol,” Eu disse ao entrevistador O “l” nunca soou. Como “Brasil” ou “Natal”, l tornou-se um eooooooou. Meu entrevistador perguntou: “Em que língua você está falando?” Portuspanglish: minha linguagem de confusão. Foi uma bagunça. Cheio de pedaços de cada língua. Minhas palavras portuguesas favoritas, coladas com a gramática espanhola, Interrompidas em inglês quando se tornou impossível entender. Portuspanglish: minha linguagem de amizade. A única outra pessoa que pode falar é minha amiga Lauren, outra estudante. Vamos a festas juntos e falamos. Ninguém mais pode entender. É nossa linguagem secreta, nossa própria linguagem.
Com Sabor e Amor Deisi Cuate (Northwestern University) Vamos começar com Mole Doce e um pouco picante que deixa você querendo mais As sementes de gergelim dão ao frango mais textura E o companheiro, o arroz mexicano, um amarelo escuro Estes ingredientes fazem deste prato típico mexicano único As horas que se leva para cozinhar As horas que as mães se dedicaram a manter essa receita em nossa cultura mexicana E as poucas horas que, para mim, uma menina americana e mexicana de primeira geração, Me levam a devorar cada lanche sem piedade As mãos da minha mãe, sagradas e talentosas A história de um país, longo e complexo As memórias de minhas irmãs comigo, esperando a paella doce e picante da mãe, insubstituível e bonita Mas ... há mais Como a deliciosa tostada com queijo, alface, tomate, feijão, creme e molho artesanal Ou pão fresco e colorido Ou os taquitos crocantes de queijo frito, que gosto tão delicioso! Eu aprendi este ano que os brasileiros gostam muito de carne Eles estão com sorte porque a carne pode ser adicionada a qualquer prato mexicano E será uma deliciosa fusão brasileiro-mexicana VIVA A CULTURA LATINO AMERICANA!
Comida do Jogaço Austin James (Thiago) Miller (Northwestern University) Hoje tem jogo. Não. Hoje tem JOGAÇO. Mas antes do jogaço, tem comida. No Brasil, sempre tem comida. Mas comida antes do jogaço é a comida melhor. Pastel. Sanduíche. Bife e Frango Grelhado. Bom. E depois? Pizza. Sempre tem pizza depois de um jogo. Bom também, mas sempre melhor com uma vitória. Quando eu compro, o moço diz: Hoje tem jogo. Não. Hoje tem JOGAÇO.
receitas Receita de Empanadas Jonathon Cabreras Pulmay Paula Carcamo
Receita de Empanadas Jonathon Cabrera (University of Illinois at Urbana-Champaign) Eu adoro as empanadas do meu avô, Miguel. Ele é um cozinheiro muito bom e eu aprendi muito com ele. A receita é simples; você precisa de carne moída, azeite de oliva, ovos, massa pronta de empanadas que você pode comprar no supermercado, azeitonas pretas, uvas passas, orégano, manjericão, pimenta preta, sal de alho, e água. Também precisa de um forno e um fogão, uma panela para cozinhar a carne, uma assadeira para o forno, uma tigela, um pincel, e papel de cera para forrar a assadeira. 1) Primeiro, precisa preparar a carne e as azeitonas. Derrame um pouco de azeite em uma panela e ponha a carne na panela. Ferva no fogão. Depois, corte algumas azeitonas em pedaços pequenos. 2) Enquanto a carne está cozinhando, moa a carne e ponha algum orégano, manjericão, pimenta preta, e sal de alho na carne. Depois você pode pôr os pedaços de azeitonas e algumas uvas passas na panela. Misture bem. 3) Coloque uma assadeira na mesa e ponha uma folha de papel de cera na panela e reserve. 4) Quando a carne estiver cozida, coloque um copo de água na mesa. Então, coloque massa de empanada na sua mão, e com sua outra mão espalhe um pouco de água ao longo da borda da massa. Isto é importante porque facilitará dobrar a empanada. 5) Agora ponha a carne na massa com uma colher. Mais ou menos duas colheres, depende. 6) Depois, dobre a massa pela metade. Então, há muitas maneiras de completar a dobra! Você pode usar um garfo e pressionar ao longo da borda levemente, ou você pode usar suas mãos com muitas mini dobras ao longo da borda. Como você preferir! 7) Ponha a empanada na assadeira preparada. Repita até que a assadeira esteja cheia. 8) Finalmente, quebre um ou dois ovos em uma tigela e bata os ovos. Então, espalhe o ovo mexido nas empanadas com o pincel. 9) Ponha a assadeira com empanadas no forno e asse por vinte minutos a 400 graus Fahrenheit , ou até as empanadas ficarem douradas. Depois, coma!
Pulmay Paula Cárcamo (University of Chicago) Pulmay é uma comida típica do sul de Chile. Vem da ilha Chiloe, a maior ilha do arquipélago do Chile. Esta comida incorpora muitas diferentes formas de cozinhar batatas porque são muito importantes nessa região do país. Nas partes rurais do Chile as pessoas cozinham Pulmay num buraco na terra, mas hoje em dia as pessoas cozinham Pulmay em hoya. Para 6 pessoas Ingredientes: 600 gramas de moluscos 6 pedaços de frango 600 gramas de mexilhão 300 gramas de costelas defumadas 3 salsichas 2 cebolas 3 dentes de alho ½ litro de vinho branco 600 gramas de costelas de porco Folhas de repolho 1 litro de caldo de peixe pimentão cacho cabra Sal e óleo 12 Chapaleles: 1 kg. de batatas vermelhas 250 gramas de farinha 1 colher de sopa de fermento 1 colher de chá de sal 3 colheres de manteiga ou manteiga mole torresmo picado, opcional Milcaos: 1 kg de batatas descascadas e cozidas 1 kg de batatas cruas trituradas 1 colher de sopa de manteiga Sal a gosto Direções: Para fazer os milcaos: 1. Faça um purê com as batatas cozidas e deixe esfriar. Misture o purê com batatas raladas e amassadas, adicione a manteiga, o sal e misture bem. Em seguida, forme a massa como pão e coloque-o em uma forma leve ao forno pré-aquecido, assando por 10 minutos a 180 ° C.
Para fazer os chapaleles: 1. Em uma panela com água fria e sal, coloque as batatas descascadas e picadas. Cozinhe em fogo alto até ferver, abaixe o fogo para médio, mantenha fervura alta por 15 minutos ou até que todos os pedaços de batata estejam cozidos e possam ser facilmente furados com um garfo. 2. Escorra e coloque de volta na panela descoberta. Deixe esfriar por cerca de 15 minutos. Amasse bem. 3. Pré-aqueça o forno a 350F ou 180C. 4. Coloque a mistura em uma tigela e adicione a farinha, o sal, o fermento e a manteiga. 5. Misture tudo com uma colher de pau e depois amasse com as mãos até obter uma massa úmida, mas que se solta das mãos. 6. Divida a massa em 12 porções, coloque uma colher de torresmo, se desejado, para cada pão, e dê forma a eles. Coloque a assadeira com os 12 pães no forno. 7. Para que os pães tenham o mesmo tamanho, o truque é pesá-los, eu fiz o meu de 100 gramas cada. 8. Asse por 25 a 30 minutos até ficar dourado. Para preparar o pulmay: 1. Pique a cebola em pedaços, pinte em tiras, alho esmagado, pimentão de cabra em pedaços. 2. Frite os vegetais em uma panela, adicione carnes temperadas e salsichas, e cubra com folhas de repolho previamente cozidas. 3. Sobre o repolho, adicione as batatas com casca, cubra com mais folhas de repolho, coloque os frutos do mar, adicione vinho branco, cubra com mais folhas de repolho, coloque os chapaleles e os milcaos, cubra com mais folhas de repolho, adicione o caldo de peixe, tampe e deixe ferver por 40 a 50 minutos.
restaurantes em chicago Fabiana’s Michael Ferguson Cafecito Dylan Demello Fat Rice Laura Colaneri
Koi Fine Asian Cuisine & Lounge Isabela Raynal
Fabiana’s Bakery Michael Ferguson (University of Chicago) Cada mês, um sábado é designado “O dia brasileiro” na Fabiana’s, uma padaria em Hyde Park. Fabiana’s é um dos estabelecimentos mais populares do bairro, e essa tradição—começada nesse ano—já atrai multidões grandes de pessoas cada vez. Esse fato não é uma surpresa, o dia brasileiro é uma experiência sumamente cultural. Além das pastelarias deliciosas que serve-se toda dia na padaria, nesses dias especiais servem-se algumas iguarias brasileiras como pão de queijo, coxinhas, e feijoada. Além disso, o ambiente do lugar é especialmente festivo e elétrico, com o som constante dos amigos conversando e música samba ao vivo. Para mim, a melhor parte do dia é a grande quantidade de pão de queijo. Essa iguaria é uma das delícias mais bonitas do mundo—a combinação perfeito de queijo saboroso e pão amanteigado. Quando como essa merenda gostosa, me faz pensar na cozinha da minha avó—e no ambiente tão festivo de música e amizade da Fabiana’s, me sinto como fosse convidado em uma casa brasileira.
Cafecito Dylan Demello (University of Chicago) Duas semanas atrás, fui para meu restaurante cubano favorito aqui em Chicago. Se chama Cafecito. Faz muito tempo que não como comida cubana, mas o momento que o garfo entrou em minha boca, todas as memórias da comida cubana voltaram. Eu cresci em Miami e lá, 54% da população é cubana. Todo final de semana eu almoçava em um restaurante cubano. Comia vaca frita. Vaca frita é um prato que é carne desfiada com cebola, tudo junto e frito. Banana da terra fritas, arroz, e feijão temperado em uma maneira especial acompanhavam a vaca frita. O prato não foi exatamente o que estou acostumado a comer, mais foi similar o suficiente para me lembrar das memórias. Pensei naquela vez quando tinha oito anos quando fui com meu bisavô. Tenho uma foto de mim, meu pai, meu avô, e meu bisavô lá. Lembrei de outra vez quando aprendi a cozinhar vaca frita com minha mãe. Tinha quatorze anos quando o chefe da cozinha, de quem já éramos amigos depois de ir por tanto tempo, nos ensinou a cozinhar vaca frita em minha casa. Acho que minha vaca frita é melhor que a de Cafecito, mas de qualquer maneira foi muito bom comer só por causa das lembranças e da conversa com meus amigos. Agora, da próxima vez que comer vaca frita, vou lembrar disso.
Fat Rice Laura Colaneri (University of Chicago) Faz algumas semanas visitei o restaurante Fat Rice (Arroz Gordo) em Logan Square em Chicago. Dizer que foi uma experiência fantástica seria o mínimo. Na verdade, a comida foi excelente em todos os aspectos: o sabor, a variedade dos pratos, os ingredientes. O serviço foi espectacular e o ambiente totalmente adorável. O restaurante tem duas áreas onde a gente pode se sentar: o restaurante mesmo e a pastelaria vizinha, que se abre como sala de jantar à noite. Nos sentamos na pastelaria, o que foi legal e um pouco mais tranquilo que o restaurante. Provamos vários coquetéis excelentes, caros, mas de qualidade muito boa. A comida é uma fusão macanense global, que inclui vários pratos de influência portuguesa de Macau, China e Brasil. É em estilo familiar, assim que pedimos uma quantidade de pratos para compartilhar: papo seco, linguiça, bacalhau da vovó, almôndegas e mais. O prato central foi o arroz gordo, que tem arroz, temperado, chouriço, pato, camarões, mexilhões e ovos. Para sobremesa comemos pastel de nata e pudim de coco. Sem dúvida foi um jantar elegante e divertido, e recomendo muito uma visita ao Arroz Gordo.
Koi Fine Asian Cuisine & Lounge Isabella Raynal (Northwestern University) Olá, tudo bom! Bem-vindo ao meu blog sobre a comida e a arte! Hoje eu vou falar sobre o meu prato favorito do Koi Fine Asian Cuisine & Lounge: o Sweet Caterpillar Maki. É como sushi, mas para vegetarianos! Estou a cargo das mídias sociais do restaurante, que é um tipo de arte porque tenho que ser criativa ao tirar e compartilhar fotos e conteúdos. Mas quando se trata de arte, eu tenho que dar a maior parte do crédito ao nosso talentoso chef de sushi. Quero dizer, veja esse prato! É quase demais lindo para comer. Quase...
agradecimentos
thank you, to United Airlines, the Center for Identity + Inclusion, the Center for Latin American Studies, the Katz Center for Mexican Studies, the Organization of Latin American Students, and the Romance Languages and Literatures Department for supporting and believing in this publication to the editorial board for the hard work, enthusiasm, and commitment and to you, for reading!
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