Imagens à volta da feira de castro em 1960

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Feira de Castro em 1960 António Tito Figueira



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Feiraemde Castro 1960 António Tito Figueira


FICHA TÉCNICA Título: Imagens à volta da Feira de Castro em 1960 Autor das fotografias: António Tito Figueira Coordenação: Miguel Rego Textos: António Tito Figueira e Miguel Rego Design Gráfico e Paginação: Joaquim Rosa Nº de Exemplares: 500 Impressão: Greca - Artes Gráficas ISBN: 978-989-8451-06-4 Depósito Legal: Edição: Museu da Ruralidade - Câmara Municipal de Castro Verde Castro Verde, 13 de Outubro de 2011


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Feiraemde Castro 1960

António Tito Figueira


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Imagens à volta da Feira Miguel Rego

Durante a preparação da exposição “Castrense, memória de uma comunidade”, chegou-nos a informação através do jornalista Paulo Barriga, de que em Beja o “senhor Tito”, apodo com que nos apresentaram António Tito Figueira, tinha uma colecção extraordinária de fotografias e de histórias de Castro Verde. Estabelecido o contacto, e efectuadas algumas visitas à sua casa, constatámos que na posse desse castrense radicado na romana Pax Julia, estava um conjunto extraordinário de fotografias por ele construído ao longo de quase sessenta anos. Nos vários álbuns que, de uma forma imediata e sem qualquer tipo de receios ou preconceitos, as suas mãos abriram aos nossos olhos, percebemos que a maioria dos

registos fotográficos tinham uma importância de carácter particular e familiar que, nesta primeira abordagem, não eram para nós prioritárias neste trabalho de gravação de imagens. Viagens, festas de família, encontros de amigos. No entanto, no meio de centenas de fotografias de pequeno formato espalhadas em mais de uma dezena de álbuns, deparámo-nos com um conjunto de 58 registos cuja temática e qualidade dos fotogramas nos pareceu que o seu interesse intrínseco ia muito para além do interesse privado, apresentando um valor patrimonial muito significativo que obrigava a uma atenção mais particular. E dizemos valor patrimonial na perspectiva etnográfica e antropológica. E, não pela qualidade da impressão ou pelo número elevado


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das fotografias. Mas, acima de tudo, pela linguagem do fotógrafo. Os planos construídos, os elementos registados, os gestos que desta forma eternizou arrolando o respirar da multiplicidade de paisagens da Feira de Castro e que fazem desta uma das mais importantes colecções de fotografias da Feira de Castro de que temos conhecimento. Da Feira de Castro realizada a 15, 16 e 17 de Outubro de 1960. Desde logo, colocou-se-nos como objectivo maior a publicação deste importante documento. No entanto, e não fosse o diabo tecê-las e a publicação não viesse a ser possível, durante a instalação do Museu da Ruralidade, em Entradas, utilizámos várias destas fotografias, assentando nelas a quase totalidade da base documental da “sala da Feira de Castro” deste espaço museológico. Se bem que, com o tempo, pretendamos que aqui seja dada particular atenção e ênfase ao património imaterial associado à grande feira do Sul, estes registos não poderiam ficar fora do universo expositivo. E por um conjunto diverso de razões, que não apenas técnico-científicos. Mas o mais importante de todos prende-se, efectivamente, pelo retrato fiel de uma Feira que não conhecemos, mas cujos ecos ainda nos chegam hoje pela voz de todas aquelas gerações que vivem e viveram a Feira de Castro antes da invasão do plástico, da massificação abusiva dos rituais comunitários ou da conquista dos tamagoshis “made in China”. Tendo nós contactado apenas nos anos oitenta com a Feira de Castro, as fotografias de António Tito Figueira tiradas na Feira de 1960, proporcionaram-nos contactar com um certame praticamente desconhecido para a nossa geração e ofereceram-nos um olhar mais rico sobre aquela feira, assumindo-se como uma espécie de arca do tesouro para as gerações de hoje e de amanhã. Aqui não faltam os actores e personagens daquela Feira que trazia gentes do Algarve, das serras de Monchique a Grândola, das terras de Mérto-

la ao Caldeirão, dos barros vermelhos de Beja, da Margem Esquerda até Évora. Da Feira que, ainda em 1917, era considerada maior que qualquer feira no Sul, inclusive de maiores dimensões e trazendo mais gentes e mais cabedais que a afamada Feira de S. João, em Évora. É esta Feira de Castro que nos mostra António Tito Figueira, também ele actor deste momento particular de festa das terras campaniças, em geral, e de Castro Verde, em particular. António Tito Guerreiro Martins Figueira, nasceu a 29 de Setembro, de 1928, em Castro Verde, filho de Ana Coelho Guerreiro Figueira e António Tito Martins Figueira. Durante quase sessenta anos teve na fotografia um importante companheiro de viagens e apetrecho para registar momentos únicos da sua vida e que dificilmente se repetiriam. O coleccionador impulsivo de selos, desde os 10 anos que tem na filatelia uma quase obsessão, fez da fotografia um gesto marcante de algumas etapas da sua vida. Por gosto ou com o objectivo de participar em concursos de fotografia, António Tito Figueira teve na fotografia uma relação de prazer e gosto difícil de explicar. Aos 25 anos adquire uma pequena Zeiss de fole, que o acompanhará até há cerca de 3 anos. Mais de meio século a fotografar. Gostava de procurar posições diferentes daquelas que comummente qualquer fotógrafo faria e, acima de tudo, registar aquilo que lhe dizia alguma coisa, que o emocionava. Das memórias de uma vida agitada, com a máquina a tiracolo nas suas viagens, recorda-se com particular agrado das visitas a Espanha, onde ia com frequência, da viagem de fim de curso em Itália [por opção não acabou o seu curso, mas os colegas convidaram-no a ir com eles na viagem final de estudantes], nas viagens a Inglaterra e à Alemanha onde participou em campos de trabalho. No entanto, há duas fo-

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tografias que o marcaram profundamente e que são para si duas pequenas relíquias, dito pela sua voz emocionada. A primeira foi tirada em Sines e tinha como objectivo a participação num concurso de fotografia, que se realizava em Évora. Encostado a um muro branco, uma figura maltrapilha de um pobre diabo a quem a vida não quis dar a mão. Ainda se recorda das emoções que aquela fotografia lhe trouxe e lhe traz quando a revê. A segunda, é uma fotografia muito simples de um ninho de cegonha na ermida de S. Miguel, a caminho de Casével. Não sabe se pela simplicidade, se pela luz. Mas é das suas a por si eleita como das que mais lhe diz. Que mais admira na sua intimidade. Mas, e as fotografias da Feira de Castro? Como lhe deu este perfume de reportagem profissional? A resposta de Tito Figueira foi aqui incisiva. Foram feitas de propósito com o objectivo claro de servirem de testemunho para o futuro. Para quando a feira evoluísse, pudesse ficar com este testemunho e mostrá-lo a quem não conheceu a Feira como eu a conheci. É que Tito Figueira, como é reconhecido por todos, não conhece a Feira de Castro apenas pelo facto de ser nascido nesta terra campaniça de Castro Verde. Ele foi durante alguns anos responsável pela sua organização. O seu pai, António Tito Martins Figueira, foi vereador da Câmara Municipal de Castro Verde durante muitos anos. Uma das suas responsabilidades era a da organização do certame que, por norma se iniciava ao sábado e terminava à segunda-feira. Nas suas palavras, ele era um homem extraordinário na forma como lidava com as pessoas e como liderava todo este processo da arrumação da Feira. Nunca discutia com ninguém, afirma, e conseguia tratar de tudo sem grandes alvoroços. Quando tinha à volta de 25 anos de idade e vem trabalhar para junto dele, em Castro Verde, Tito Figueira recebe essa pasta do seu pai e assume

essa difícil tarefa. Difícil porque para ele, dialogar com os tendeiros, os ciganos, os vendedores, era complicado. Todos queriam ocupar os mesmos sítios e levantavam-se discussões e conflitos às vezes difíceis de sanar. António Tito Figueira também teve a Feira de Castro como palco para as suas actividades comerciais. Aqui vendia o seu gado. Não se recorda de grandes episódios durante a Feira, mas tem duas pequenas histórias acontecidos em dois outros palcos, que importa registar porque amiúde aconteciam, igualmente, na Feira de Castro. Uma das coisas que caracteriza o comércio de feira é a do regateio. Se alguém queria vender um determinado produto por 20 escudos, por exemplo, tinha que pedir logo à partida 30 ou 35 para, depois de regatear, chegar aos 20 escudos que, à partida, pretendia. Mas Tito Figueira não tinha esse costume e não o fazia. O preço que pretendia era o preço que queria pelo produto e não estava para grandes regateios ou ajustes. Um dia, na feira de S. Sebastião, também conhecida por Pau Roxo, e pretendendo vender várias dezenas de porcos, aproxima-se um potencial comprador que, depois de lhe perguntar o preço dos animais, vira-se e começa a apontar-lhe os porcos onde encontrava deficiência e, afirmava, diminuíam o valor pretendido. O discurso impertinente e quase ofensivo do potencial comprador leva Tito Figueira a responder-lhe apontando outros porcos que, na sua opinião, ainda tinham mais defeitos do que aqueles que ele tinha indicado, convidando-o a ir comprar a outro lado. O potencial comprador sentindo-se ofendido abandonou o local, mas aí voltaria mais tarde para adquirir os porcos pelo preço pedido. Outra história dos costumes e hábitos das feiras da altura conta-a Tito Figueira com gozo, mas tendo como espaço a Feira de Almodôvar. Durante um negócio de venda


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de uma parelha de mulas, Tito Figueira apercebe-se que, de quando em vez, um cigano se juntava à discussão sem sermão encomendado, em sua defesa. Negócio efectuado, o cigano vira-se para Tito Figueira e pede-lhe a sua percentagem por ter participado no negócio bem sucedido. A este acto dá-se o nome de “cortagem” e, normalmente, toda a gente dava alguma coisa. No entanto, António Tito Figueira, à altura inexperiente nos negócios, recusou o pagamento da cortagem o que lhe deu alguns dissabores naquilo que ouviu da boca do cigano. As melhores recordações da Feira tem-las de quando era mais novo e, em particular, nos seus tempos de meninice. Sempre muito ligado aos trabalhadores da casa, recorda-se emocionado de ir com o Manuel Inácio, teria 8 a 10 anos, comprar brinquedos para o ano e, em particular, para o Natal. Um carro de lata para si e umas bonecas para as suas irmãs. Prendas que, algumas, só receberiam três meses depois, passada a Noite do menino onde, como por magia, esses mesmos brinquedos comprados em Outubro apareciam debaixo da chaminé na botinha de couro bem ensebada. Mas para além dos brinquedos, o seu encantamento na Feira dividia-se entre o espectáculo do Poço da Morte,

os palhaços no circo e a vinda dos seus primos, familiares da mãe, provenientes da zona de Mértola, de Vale de Camelos, que aqui vinham passar os dias da Feira e assentavam arraiais lá em casa. A Feira de Castro desde sempre que viveu habitada por muitos e distintos actores. No entanto, aquele que Tito Figueira mais e melhor recorda é o de João Maria. Um homem natural de Mira, ourives de profissão, que tinha também uma loja onde muitos dias se juntavam a jogar. Irritando-se bastante sempre que perdia, e não eram poucas vezes, os companheiros de jogatina decidiram baptizar o jogo como “não te irrites”, para irritação maior do João Maria. Estas são algumas das imagens, na primeira pessoa, trazidas por Tito Figueira, o autor desta excelente reportagem fotográfica da feira de Castro de 1960. Histórias maiores e menores da feira e das gentes da feira. Em complemento às fotografias, António Tito Figueira oferece-nos, igualmente, duas visões suas desse evento anual, à altura único pelo movimento e as alterações que trazia à pacata vila campaniça e que aqui deixamos como testemunhos vivos do respirar de outros tempos de uma Feira secular e ponto de encontro de todas as gentes do Sul.

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À antiga Feira de Castro António Tito Figueira

Pó, barracas, algazarra, Encontros e encontrões Eram três dias de farra De compras a cem tostões. Famílias ricas, de fora, Hospedadas em quartéis Casas onde alguém mora Pois não havia hotéis. 10

Vieste vender à feira Água fresca regalada, Foi vendida com canseira A tostão a barrigada. Foi grande a caminhada Vendi porcos e ovelhas Não ganhei p’ra jornada Mas comprei duas golpelhas (1). O desejo da criança Er’um brinquedo de lata, O dos pais uma lembrança Desde que fôsse barata.

Tudo se vende na feira Na feira de Castro-Verde, Vendi uma mula asneira (2) E um burro, cheios de sede. Mantas do Beringelinho, Figos secos do Algarve E no meio do burburinho Aqui, ali, um alarve. Os circos e carrosséis, Barulheira infernal, Custavam quatro mil réis Aos filhos e ao casal. Pequenino, caguincha, Um habitual barbeiro Conhecido por “Pechincha”; Ao lado ficava o cesteiro. Louças de barro e cajados Muitas outras coisas mais, Meninas e namorados Vigiadas pelos pais.


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Tendas de comes e bebes, Polvo assado cheiroso, Onde homens já alegres Bebiam com muito gozo.

Muita fruta e legumes, Vêm castanhas do Norte, Também se vendem perfumes São as feiras da consorte.

Barracas de tiro ao alvo, gente sem reputação, Onde um qualquer papalvo Lhes falava de paixão.

Festa rija nestes dias Abraços, muitos beijinhos, Há troca de cortesias, Todos parecem vizinhos.

Ourives e sapateiros Cada um na sua rua Lá longe os albardeiros, Negócios de falcatrua.

Hoje como no passado, Famosa como um astro (3) Sem igual em qualquer lado Er’isto a Feira de Castro.

Casamentos de ciganos, Tradição muito antiga, Repetida todos os anos Alegremente vivida.

Beja, 28 de Julho de 2009

(1) Alcofa grande, alforge ou seirão. Na linguagem popular é muito utilizado o termo gorpelha. (2) Mula asneira é um animal resultante por cruzamento entre o burro e a égua. O macho asneiro é o resultado do cruzamento entre a burra e o cavalo. (3) Homem eminente, vedeta.

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Da antiga feira de castro:

Origem, curiosidades e figuras típicas António Tito Figueira

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A feira teve início em 1621, ultimo ano do reinado de Filipe II, e teve como finalidade o pagamento da reconstrução da Igreja de Nossa Senhoras das Chagas do Salvador ou Nossa Senhora dos Remédios. O dinheiro provinha do pagamento pelos feirantes do terreno que ocupavam, chamado terrado, designação que hoje se mantém. A feira realiza-se desde sempre no terceiro fim-de-semana de Outubro (sábado, domingo e segunda-feira). É a mais antiga ou das mais antigas feiras de Portugal e a única que manteve as suas características originais excepto uma ou outra alteração decorrente dos novos tempos. Muitas das famílias que vinham à feira ficavam

hospedadas em casas particulares, os chamados quartéis, onde alugavam quartos. Os ciganos do Sul tinham como tradição realizarem nestes dias os casamentos, o que em parte ainda se mantém. O pior castigo que os pais davam aos filhos mal comportados era a ameaça de não irem à feira de Castro. A Feira era formada por várias ruas, cada uma ocupada pelos vendedores da mesma espécie de artigos. Rua das roupas, rua dos ourives, rua dos tendeiros, rua dos sapateiros, rua dos correeiros, etc.. Eram típicas umas tendas simples, abertas e cobertas por uma lona tendo no interior um barril de vinho, uma tábua servindo de balcão e um ou outro


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petisco. Nelas o ambiente era castiço e os homens comiam, bebiam e cantavam as modas alentejanas muitas vezes a despique. Uma improvisada taberna. Entre as figuras típicas destacava-se o homem ou a mulher que vendiam as mantas da região e meias de lã por eles fabricadas, principalmente na freguesia de Santa Bárbara dos Padrões com destaque para as do Beringelinho. As lãs provenientes da região eram fiadas em casa e os antigos teares também feitos pelos próprios. Outra figura típica era o barbeiro, sendo a barbearia uma pequena tenda encostada a uma parede. Lembro-me da barbearia Pechincha que nunca faltava. Os frutos secos, vindos principalmente da região

de Monchique, ficavam em bancadas descobertas à entrada da feira e aí se vendia a copo a afamada aguardente de Monchique, o medronho. Havia os locais das louças de barro, das mobílias e outros. Junto à feira em campo aberto ficava a Corredoura onde se negociavam os muares e cavalares. Havia uma área separada destinada aos ovinos, outra ao gado vacum e a mais importante para os porcos alentejanos onde se transaccionavam milhares, principalmente destinados à engorda nos montados. Típico era o vendedor de água que com uma quarta de barro e um púcaro percorria toda a feira e cujo pregão era “água fresca regalada a tostão a barrigada”. E tantas outras coisas que só se observavam na feira de Castro e por isso única em todo o país.

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Feiraemde Castro 1960 Fotografias de António Tito Figueira


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