Livro Wonkinom Mïran_ Ikpeng

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Wonkinom M誰ran livro de narrativas Ikpeng


Presidente da República Dilma Vana Rousseff Ministro de Estado da Justiça José Eduardo Cardozo Presidente da Fundação Nacional do Índio Maria Augusta Boulitreau Assirati Diretor do Museu do Índio José Carlos Levinho Coordenador de Divulgação Científica e editor do Museu do Índio Carlos Augusto da Rocha Freire Coordenadora de Patrimônio Cultural Ione Helena Pereira Couto Chefe do Núcleo de Biblioteca e Arquivo Rodrigo Piquet Saboia de Mello Conselho Editorial Bruna Franchetto Mara Santos Aline Varela Rabello Ferreira Coordenação de Design e gestão gráfica Simone Melo Equipe de Consultoria de Design Ingrid Lemos Guto Miranda Helena de Barros Maria Clara Pires Costa Priscila Freire Priscilla Alves de Moura

© 2014 Museu do Índio - FUNAI 811.87 W872 Wonkinom mïran: livro de narrativas Ikpeng / ProDoclin Ikpeng ; Angela F. A. Chagas e Ingrid Lemos Costa (organização) – Rio de Janeiro : Museu do Índio FUNAI, 2014. 144 p. : il. color. ; 21 x 28 cm ISBN ISBN 978-85-85986-56-8 1. Linguística. 2. Ikpeng. I. Chagas, Angela. II. Costa, Ingrid Lemos III. Museu do Índio (Rio de Janeiro, RJ). IV. Título.

Ficha Catalográfica Rodrigo Piquet Saboia de Mello CRB- 7/6376 Dados Biblioteca Marechal Rondon/Museu do Índio/FUNAI

Museu do Índio Rua das Palmeiras, nº 55 Botafogo • Rio de Janeiro • RJ • Brasil CEP 22.270-070 Tel.: (55) 21 3214 8700 www.museudoindio.gov.br


Wonkinom Mïran Livro de Narrativas Ikpeng

Equipe ProDoclin Ikpeng Organização Angela F. A. Chagas, Ingrid Lemos Costa, Korotowï Taffarel e Maiuá Txicão

Museu do Índio - FUNAI 2014


EDITORIAL Projeto de Documentação de Línguas Indígenas Coordenação dos Projetos de Documentação de Línguas Indígenas Bruna Franchetto Gestão Científica dos Projetos de Documentação de Línguas Indígenas Mara Santos Concebido no âmbito do projeto: Documentação de Língua Indígena Ikpeng Prodoclin/Museu do Índio/FUNAI Organização Angela F. A. Chagas, Ingrid Lemos Korotowï Taffarel e Maiuá Meg Poanpo Txicão Narradores Ayre Txicão, Mayawm Ikpeng, Oporike Ikpeng, Oyope Txicão, Paykuré Txicão e Tapipko Ikpeng. Ilustradores (participantes das Oficinas de 2010 e 2011) Awiara Ikpeng, Amtenu Ikpeng, Aptuka Ikpeng, Kamatxi Ikpeng, Kavisgo Txicão, Kay Txicão, Konenpo Tamariup Ikpeng, Makawa Ikpeng, Montoya Manto Ikpeng, Opoté Malonpa Ikpeng, Opululi Txicão, Oreme Otumaka Ikpeng, Pareaiup Maté Ikpeng, Payawo Txicão, Payuka Ikpeng, Renan Kawire M. Txicão, Tapanpo Ikpeng, Tibugu Txicão, Tomka Pabru Ikpeng, Tsilit Txicão, Tutuma Ikpeng, Yakawi Ikpeng, Yakuma Txicão e Yanahi Txicão Trumai. Pesquisadores Indígenas (2009 a 2013) Amtenu Ikpeng, Kay Txicão e Pabru Ikpeng Tradução de Narrativas Maiuá Meg Poanpo Txicão e Angela F. A. Chagas Aldeias Moygu, Arayo, Rawo e Tupara Parque Indígena do Xingu

Assessoria Técnica do Prodoclin Aline Varela Rabello Ferreira Juliano Leandro Gustavo Godoy Secretariado Gráfico de Pre-Livros Prodoclin - 2012 Ingrid Lemos

Revisão Korotowï Taffarel e Maiuá Meg Poanpo Txicão

Arte e montagem gráfica Ingrid Lemos

Colaboração Casa de Cultura Mawo Escola Central Amure

Tratamento de Imagem Ingrid Lemos

Agradecimentos Associação Indígena Moygu Comunidade Ikpeng AIMCI Instituto Socioambiental (ISA) Capa Amtenu Ikpeng Quarta capa Pareaiup Maté Ikpeng

Revisão e Produção Gráfica Priscilla Moura

©2014 "Os direitos autorais sobre os desenhos e textos em língua indígena constantes da presente obra são de natureza coletiva e pertencem exclusivamente ao povo Ikpeng. Fica proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma, das ilustrações contidas nesta obra, sem prévia e expressa autorização, por escrito, do povo indígena mencionado."


SUMÁRIO

Carta da Presidência da Funai

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Apresentação do Museu do Índio

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Documentação Linguística no MI

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Documentação da Língua Ikpeng

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O Projeto de Documentação Ikpeng

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Como foi feito este livro

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Terras Indígenas

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Marurï Murangmo Okoloy Mïran Puron Mïran Pïrom Mïran Wayman Mïran

17 43 67 83 97


CARTA DA PRESIDÊNCIA DA FUNAI Maria Augusta Boulitreau Assirati Presidente da Fundação Nacional do Índio

O Museu do Índio, órgão criado em 1953 no âmbito do Serviço de Proteção aos Índios – SPI, e atualmente integrante da estrutura administrativa da Fundação Nacional do Índio- FUNAI, tem, nos últimos anos, desenvolvido importantes ações de preservação e salvaguarda do patrimônio cultural dos povos indígenas brasileiros, por meio de iniciativas que garantem a valorização desses saberes. Nesse contexto, o Programa de Documentação de Línguas e Culturas Indígenas – PROGDOC é uma expressiva atividade técnica do Museu, resultado de um intenso volume de ações junto a diversos grupos indígenas. Por meio de oficinas e cursos do Programa, jovens indígenas estão aprendendo a lidar com as novas tecnologias, voltadas à capacitação para o registro e a documentação de saberes tradicionais, tendo como resultado a salvaguarda e a preservação das culturas indígenas. Como incentivo a esse processo, foram concedidas 60 bolsas anuais para pesquisadores indígenas, de modo a permitir sua dedicação ao Projeto, cujas ações beneficiam cerca de 27 mil índios, abrangendo 105 aldeias em todo o território nacional. Com a implementação da política cultural da FUNAI na área editorial, o Museu do Índio vem ampliando e diversificando suas produções, buscando permitir que os não-indígenas conheçam mais sobre a vida, o cotidiano, e as práticas dos povos indígenas. Somente nos últimos cinco anos, foram distribuídos mais de 100 mil exemplares, referentes ao lançamento de 35 títulos, entre eles, publicações, algumas assinadas por especialistas, e outras organizadas por professores indígenas. Assim, contribuindo com esse processo de valorização de línguas e culturas ameaçadas, é com satisfação que a Funai, por meio do lançamento de cartilhas, narrativas e enciclopédias, participa do movimento de fortalecimento dos conhecimentos e das práticas culturais compartilhadas por diferentes povos indígenas.

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APRESENTAÇÃO DO MUSEU DO ÍNDIO José Carlos Levinho Diretor do Museu do Índio/FUNAI

O Museu do Índio, da Fundação Nacional do Índio – FUNAI, é uma importante instituição de pesquisa sobre línguas e culturas indígenas. Tem sob sua guarda acervos relativos à maioria das sociedades indígenas contemporâneas, constituídos de 17.981 objetos etnográficos e 15.121 publicações nacionais e estrangeiras, especializadas em etnologia e áreas correlatas. Os seus diversos setores são responsáveis pelo tratamento técnico de 833.221 registros textuais que datam a partir do século XIX, em processo de digitalização, e de ampla e diversificada documentação audiovisual na sua maioria produzida pelos próprios índios. Esta abrange 163.553 fotos, 599 filmes e vídeos,1.295 áudios e 771 horas gravadas. Um legado que não para de crescer. A luta contra o preconceito aos povos indígenas e o intercâmbio de ideias e informações sobre esses grupos têm pautado as ações do Museu do Índio ao longo dos seus 60 anos de histórias. Nesse percurso, a instituição se consolidou como fonte de referência para estudos sobre questões indígenas - com destaque para os destinados à demarcação de terras - e estreitou as relações com os povos indígenas, dando visibilidade aos aspectos de sua cultura e apoio aos seus projetos para o futuro. A instituição com o seu Programa de Apoio a Projetos Culturais já atuou, desde 2010, em 233 projetos que têm por finalidade promover e realizar atividades que contribuam para a promoção do patrimônio cultural dos povos indígenas com foco na sua cultura material. Em processo de expansão, o Museu do Índio, hoje, apresenta novos espaços expositivos como o Muro do Museu, a Varanda do Museu e suas Lojas de Arte. A instituição recebe, em média, 35 mil visitantes por ano, compartilha as suas informações com, aproximadamente, 600 mil internautas e alcança 57.102 pessoas por meio da itinerância de suas exposições. Recentemente, incorporou duas unidades fora do Rio de Janeiro: o Centro Cultural Ikuiapá (MT) e o Centro Cultural Indígena de Formação Audiovisual de Goiânia – Guaias (GO). Temos a certeza de que essa iniciativa de promover e divulgar as diferentes formas de expressão das culturas indígenas, por meio de uma crescente política editorial que vem sendo desenvolvida pelo Museu do Índio/FUNAI, contribui para a democratização em uma sociedade pluriétnica e multicultural. 7


DOCUMENTAÇÃO LÍNGUÍSTICA NO MUSEU DO ÍNDIO Bruna Franchetto Coordenadora do ProDoclin

Mara Santos Gestora Científica do ProDoclin

A Fundação Nacional do Índio-FUNAI e UNESCO, por meio do Museu do Índio, órgão científico-cultural sediado no Rio de Janeiro, iniciaram em 2009 um amplo programa de documentação de línguas e culturas indígenas no Brasil, desenvolvido em conjunto com diversas instituições e pesquisadores. O Museu do Índio possui longa tradição na área de documentação, pesquisa e difusão do patrimônio cultural indígena, de natureza material e imaterial. Por sua vez, a UNESCO vem desenvolvendo, desde pelo menos o final dos anos 1990, programas de proteção da diversidade lingüística por meio dos seus setores de Comunicação e Informação e de Cultura. O movimento internacional em torno de línguas ameaçadas de desaparecimento se intensificou com a publicação de um artigo pelo lingüista Michael Krauss, em 1992, que estimou que 90 % das línguas do mundo estariam na beira da extinção no século XXI, se não fossem tomadas medidas preventivas. No contexto mundial e, em particular, sulamericano, o Brasil é um país onde se encontra uma das maiores densidades lingüísticas - ou diversidade genética; é, também, o país onde se encontra a menor concentração demográfica por língua. Sabemos que essas línguas pertencem a quarenta e uma famílias, dois troncos lingüísticos e que há pelo menos uma dezena de línguas isoladas, além de duas ‘línguas crioulas’. O número de falantes pode chegar a vinte mil (Guarani, Tikuna, Terena, Macuxi e Kaigang), assim como aos dedos de uma mão, ou mesmo a um único e último falante. A média fica em menos de 200 falantes por língua, mas mesmo entre as poucas línguas que contam ainda com muitos falantes, não há nenhuma que possa ser considerada “segura”, ou seja, da qual é possível afirmar que provavelmente será, no final deste século, diariamente usada e transmitida de uma geração a outra. Ao contrário, não são poucos os casos de línguas faladas ou lembradas por somente poucas pessoas, usualmente idosas, e que quase inevitavelmente vão desaparecer dentro de poucos anos. Fatalmente, são muitas vezes estas línguas as menos conhecidas e cujo registro e resgate são pedidos, freqüentemente de modo dramático, pelos descendentes desses últimos falantes. 8


A documentação das entre 150 e 170 línguas nativas ainda existentes no país, a maioria concentrada na região amazônica, é então uma tarefa urgente. Estes números podem impressionar o grande público, mas é pouco em comparação com as estimativas de que teriam sido mais de 1200 línguas quando da chegada dos Europeus há 500 anos. Nos cinco séculos de conquista e colonização, mais de 80% dessas línguas se perdeu e com elas desapareceram inteiras configurações culturais e muitos saberes. Línguas vivas e reconhecidas na sua plenitude não são apenas repositórios de tradições e conhecimentos complexos e milenares, mas também os veículos de sua transmissão de uma geração para outra e a base de auto-estima e afirmação de alteridade, individual e coletiva. A situação dessas línguas não é uma exceção no cenário mundial. Não há línguas indígenas “a salvo” no Brasil: são todas línguas minoritárias e dominadas pelo prestígio da língua nacional que emana da escola e das mídias, em contextos submetidos a transformações crescentes e profundas. Existem muitos programas nacionais e internacionais voltados para a documentação de línguas do mundo. No Brasil, o Projeto de Documentação de Línguas e Culturas Indígenas e, especificamente, o ProDoclin são a primeira iniciativa pública e governamental desta natureza. Há somente uma outra iniciativa desta natureza no Brasil, a do Museu Paraense Emílio Goeldi, órgão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. A documentação linguística é, hoje, uma área de pesquisa em crescimento, que mantém laços interdisciplinares (etnologia, arqueologia, história, biologia) e com o desenvolvimento de tecnologias de ponta. Documentar uma língua, hoje, significa registrar, de modo sistemático e amplo, exemplos de seu uso em contextos culturais apropriados, os mais variados, visando à constituição de um corpus digital anotado. Os acervos digitais multimídia (gravações áudio e vídeo anotadas) contêm materiais preciosos e preservados, acessíveis às comunidades indígenas e para as

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futuras gerações de brasileiros. Visando a preservar o patrimônio cultural lingüístico dos povos indígenas e a promover o seu acesso, a FUNAI tem assinado acordos de cooperação internacional e com associações indígenas. Todos os materiais coletados permanecem em instituições brasileiras, com cópias entregues, em formato adequado e acessível, às comunidades envolvidas. O Museu do Índio é o centro de coordenação e de apoio do ProDoclin, além do local de arquivamento dos materiais documentais produzidos por cada projeto. O ProDoclin, além da preservação de materiais existentes em acervos particulares e em instituições públicas e privadas, realizou a documentação de 13 línguas entre 2009 e 2013, escolhidas por critérios tais como: o grau de ameaça a sua sobrevivência; condições de realização de um bom trabalho por equipes compostas por lingüistas e outros especialistas, das quais participam pesquisadores indígenas formados no âmbito de cada projeto específico; atitude positiva das comunidades quanto a iniciativas de preservação ou resgate de suas línguas nativas. Os projetos individuais produziram: diagnósticos sócio-linguísticos; acervos digitais a partir de gravações áudio e vídeo de aspectos culturalmente relevantes, com anotação contendo, no mínimo, uma transcrição e uma tradução dos enunciados; uma base lexical para a construção de dicionário; uma gramática descritiva básica; subsídios didáticos, materiais de divulgação (vídeos, CDs, DVDs), bem como teses, dissertações e publicações de natureza científica. Este livro é um dos produtos previstos e acalentados dos projetos ProDoclin, de seus pesquisadores indígenas e não-indígenas, bem como de toda a equipe gestora e técnica do Museu do Índio. Ele se destina em primeiro lugar aos povos indígenas que acolheram a proposta do ProDoclin abrindo suas línguas ao conhecimento de todos.

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DOCUMENTAÇÃO DA LÍNGUA IKPENG Angela F. A. Chagas Linguista, professora da Universidade Federal do Pará (UFPA)

Ingrid Lemos Costa Designer, pesquisadora do ProDoclin

OS IKPENG E SUA LÍNGUA O povo Ikpeng, também conhecido na literatura linguística e antropológica como “Txicão”, consiste de aproximadamente 500 pessoas que vivem na região do médio rio Xingu, no estado do Mato Grosso. O contato definitivo entre os Ikpeng e segmentos da população não-indígena ocorreu em 1964, quando habitavam a região dos rios Batovi e Jatobá, tributários do rio Xingu. Em 1967, foram levados para o Parque Indígena do Xingu pelos irmãos Villas-Boas e em 1985 fundaram a aldeia Moygu nas cercanias do Posto Indígena Pavuru. Desde então, surgiram outras três aldeias: Tupara, Rawo e Arayo. Mesmo após meio século de contato, o povo Ikpeng ainda mantém preservados suas tradições e seu modo de vida, realizando ainda muitos de seus rituais. Um dos principais é o Pomeri quando são inscritas as tatuagens faciais nas crianças Ikpeng, característica também de outro povo karib meridional, os Arara. Outra característica marcante dos Ikpeng é o complexo processo de transmissão dos nomes próprios. Ao nascer, cada criança Ikpeng recebe um conjunto de nomes, chamado orengo, que já pertenceu a um de seus antepassados, como um avô ou outro parente mais distante. No início da puberdade, todo indivíduo ganha o direito de escolher um nome para si, que será o nome que marca sua entrada e atuação no mundo adulto, quando pode se casar e ter filhos. Esse nome será utilizado até que os filhos se tornem adultos e tenham seus próprios filhos. Quando um dos netos nascidos recebe o seu nome, aquele que se tornou avô escolhe um outro nome para si, o qual marca a sua entrada na velhice. À medida em que outros netos nascem e recebem seu nome, o avô passa a usar outros nomes, de maneira que a pessoa muda de nomes várias vezes nessa fase da vida.

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Os novos nomes são agregados aos anteriores, não substituindo-os; embora os nomes mais antigos deixem de ser usados cotidianamente em detrimento dos mais novos que marcam a fase vivida por uma determinada pessoa. A língua Ikpeng pertence ao ramo Pekodiano da família Karib (MEIRA; FRANCHETTO, 2005) ao lado do Bakairi e do Arara do Pará. A língua Ikpeng apresenta 18 fonemas, sendo seis fonemas vocálicos – anteriores /i, e/, centrais /ï, a/ e posteriores /u,o/ e doze fonemas consonantais – os plosivos /p,t,k,g/, o africado / tʃ/, os nasais /m, n, ᵑ/, o lateral /l/, o tap /ɾ/ e os glides /w,j/ (PACHÊCO; 2001) . Em relação aos aspectos gramaticais, a língua Ikpeng possui classes de palavras abertas (nomes e verbos) e fechadas (adjetivos, advérbios, pronomes, posposições, partículas) (CHAGAS, 2013) . Quanto à organização dos constituintes da frase, sua ordem básica é VSO (Verbo Sujeito Objeto) quando o verbo é transitivo e VS (Verbo Sujeito) quando o verbo é intransitivo. As ordens OVS, SVO e SV são derivadas das básicas (VSO e VS). Nas orações transitivas, o primeiro argumento que ocorre na cadeia oracional é o sujeito, sendo o segundo o objeto (PACHÊCO. op.cit; CHAGAS, op. cit).

O PROJETO DE DOCUMENTAÇÃO IKPENG O projeto de documentação da língua Ikpeng teve vigência de 2009 a 2012 e trouxe como principais resultados um levantamento das fontes documentais e bibliográficas sobre o povo e a língua Ikpeng; um levantamento sociolinguístico que descreveu a situação e as condições de uso da língua no contexto social; uma revisão da ortografia para o Ikpeng escrito; documentação em vídeo que consta de 33h de gravação de diversos aspectos culturais, como rituais, pescarias, músicas e narrativas, além de entrevistas e relatos de experiência. O acervo digital decorrente do trabalho de documentação inclui 8.520 fotos que registram vários momentos e cenas da vida Ikpeng, como festas, pinturas corporais, retratos de pessoas, animais, paisagens. Em termos da documentação propriamente linguística, foram produzidas uma base de dados lexicais com 1.300 entradas e uma gramática descritiva. Este livro de narrativas tradicionais é mais um resultado da documentação realizada em estrita colaboração com pesquisadores, professores e toda a comunidade Ikpeng.

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COMO FOI FEITO ESTE LIVRO De posse do material linguístico registrado por meios audiovisuais, e frente à demanda dos Ikpeng por materiais que pudessem auxiliar os professores da “Escola Central Ikpeng – Amure” no processo de ensino de leitura e escrita de sua língua materna, foi que surgiu a ideia de se produzir um livro com narrativas tradicionais Ikpeng. Decidiu-se, junto com a comunidade, pela elaboração de um livro monolíngue, com registro das narrativas apenas na língua nativa. Tal decisão se deve a dois motivos principais. O primeiro é o de pôr em prática uma política de valorização da língua nativa e do conhecimento nela produzido. O segundo motivo tem um caráter mais pragmático e foi reforçado pelos professores ikpeng: se o livro contivesse uma tradução para o Português, os leitores ikpeng, sobretudo os alunos, optariam provavelmente por ler diretamente a versão em português, dado que a escassez de material escrito em língua indígena induz o hábito de ler na língua nacional dominante. O livro conta com ilustrações feitas pelos próprios membros da comunidade, retratando cenas ou episódios salientes de cada narrativa. O processo de produção das ilustrações motivou um maior envolvimento de membros da comunidade ikpeng na confecção do livro, mudando seu papel de “expectantes” para o de “actantes”. Essa experiência contribuiu para que os Ikpeng experimentassem um novo tipo de relação com as narrativas tradicionais, agora não apenas por meio da palavra falada e escrita, mas também através de imagens. Referências: CHAGAS, Angela Fabiola Alves. O verbo Ikpeng: estudo morfossintático e semântico-lexical. Tese de doutorado. UNICAMP. 2013 MEIRA, Sérgio & FRANCHETTO, Bruna. The Southern Cariban Languages and the Cariban Family. International Journal of American Linguistics, vol 71, n. 2: 127-190. Chicago: Chicago University Press. 2005. PACHECO, Frantomé Bezerra, Morfossintaxe do verbo ikpeng (Karib). Tese de doutorado. UNICAMP. 2001 13


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* mapa ilustrativo

TERRAS INDÍGENAS PARQUE INDÍGENA DO XINGU



Marurï Murangmo Tïngkanopkem:

Ayré Ikpeng


Marurï Murangmo Kelan, Wogya Wogya Wogya Wogya imro man ugulogon oguro nenaplï. – Ate! Ate wenmarumtatka ate kutotka. – kelïngmo man, kelïngmo man.

Akeneng kotxeretkelï ïwyam pok eret pe yerulï ïwyam eret pe yerulï geret. Akerek man imo man inut akerek man imo man inut Marurï Marurï.

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Marurï Murangmo


Marurï nole imo man ugulogon. Kelan, ketpotke erolan. Erolïngmo man ipte ipte ipte ipteee enmarumtatket ako marangmotxingmo tïwanagepra. Akeneng marangmotxingmo tïwanagepra. Akerek man imo man. Imrongmo man, marangmotxingmo, tïwanagepra Erolïngmo ga gwaktxi, igru gwaktxi, igru gwaktxi. Igru ge tanmatke kuramplan, igru ge tanmatke kuramplan. Imrongmo man enmarumtatket iptatkelïngmo man. Imrongmo man ga elan pok igru elan pok imrongmo man.

Marurï Murangmo

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Puptxet etxilïngmo man yay, igru gwaktxi uwïng wïng wïng wïng man imo man yay, mun pongna man putxet ako marangmotxingmo. Arato na man, rïk man na man imo man eto ugulogon enapni eto, oguro eto oguro Imo man enmarumtatket putxet ayngkulan uglogon topru topru, Wogya. Wogya puptxet etxilan topru terereret terereret.


Tengtangtxot keremna puturuk keremna pat.


Bïtkïn mulogon ampon totpote taktxot. Ako marangmotxingmo bïtkïn, mïlonotpop areplan eto ugulogon engna.


Brueng bïgïng, tïk man imo man ugulogon enen. Akerek bïtkïn yïmtïrem puplon kelï egaplï. Eng gengïlïlï payn kerem arepko kerem bogong bogong bogong pong yakpïrem tengtengtxu, gengïlïlï kerem tengtanntxot ïgelï puturuk ïgelï kelï atkanoplï, kelï eganoplï ugulogon. Bïgïng. Engrutïne engrutïne engrutïne man imo man. Ara! Torong torong man na inut engnan parap Marurï engnan parap ïwï, ïwï. Enaplan engrutïne engrutïne engrutïne tïïï tïk, tïïï rïk, rïk rïk rïk rïk . Impe, tïmo ruman enaplan tok man imo ruptam ruptam ruptam ruptam uglogon oguro. Oguro tok man imo ruptam yukgwongmo enaplï tok man imo

Marurï Murangmo

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Imomogulan eng karantxitxi ïnut ïna yeganoptan kelan tïk tïk tïk tïik tïk erolan tïnut ïna.


Tuk man. Imo man ungnut, Marurï, tuk man. Tïk tïk tïik tototpotonole torot arikorelan ogolak Ako wengnaptayget ogolak. Torok arikorelan tïk tïk tïk erolan: – Ime, ime, tïmpi!. Kelan. – Wa, wa, wa, waaa! – Nen imukugap, tïmpy! – Anepkoga yimukut hung!. Imukurem ong payn, nen, nen kelï eganoplan tïwen.

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Marurï Murangmo


– Nen imukugap, tïmpi!. Tïmo emyam nole. Imo man imukulï inut. Imukupolï tïnut ïna, emyam nole, emyam nole, emyam nole. Terulan tïnut myaktxi ïgemnï. Emyam nole imo tïk tïk tïk.


– Nen imukukgap tïmpi! – Anepkoga yemukut! Humm!! Engnaptaygelan. Atxing, atxing. kerem kelï atkanoplan, torong torong man na ïwï engnan parap. – Atxing! Kelan, tongpe, putxitong angtelan ïwï. Engnaptaygelan. Atxing, atxing. kerem kelï atkanoplan , torong torong man na ïwï engnanparap! – Atxing! Kelan, tongpe, putxitong angtelan ïwï. Puratat putotxuk, txïnpat ewirikelan inut, tïk tïk tïk. Erolan mïnalogon igru gwaktxi, tek anmelan bïtkïn. Okep rï rï rï rï kenïngpïn pe. Bïtkïn puteteng man imo okenpo mulogon ïwïge awenopolï igru. Terengkenï gwam, igweng kwam ïgemnï. Igru imo igru igru. Bïtkïn puteteng man imo man. Patxang. Tïk tïk tïk erolan imukugap ime kelan. Impe Impe impe munkon, imo munkon, munkon imo, impe. – Imukugap imukuk, imukuk. Emyangpomnoplan tïnut. – Anepko anepko anepko humm!! Engnaptaygenang. Aatxïng. Putxitïng angtelan. Man man man, ewïnpïn mung, ewïnpïng mung, ewïngpïn. Tïk tïk tïik tïk. Anumlan nole tïk tïk tïk tïk. Mïnalogon enaptowonpïn txina nole, bïtkïn. Puteten. Man imo man. Patxang ewïnpïn ïna ewinpïn ïna. Patxang tïk tïk tïk erolan. – Ime, nen imukugap ime. – Man man, man. Impe, ompan matatkelï, mïna logon. Kelan. – Imukugap, imukugap, ime. Eng angkuwongetkelï ungno ilon: – Anepko anepko anepko. Kelan. – Humm! Imukulan ewïnpïn: – Aatxïng, putxïtïng angtelan ewïnpïn. 28

Marurï Murangmo


Putotxuk anumlan tïk tïk tïk tïk. Tek bïtkïn


taktxot r誰k! m誰na r誰k! M誰na taktxot taktxot tumne imo tumne tumne, tumne imo. Tumne imo.



Purïk enenglan wot wot wot. ako okengmo wot tok tok tok tok. Man imo. Purïk enenglan ugulogon tong ugulogon ugwonpïn, yugwonpïn, Yuk tong man imo. Tïk tïk tïk areplan. – Wot, anumtatkaneptïïïk! – Eeeeeyeeeeee, ate wot kuranumtatkaaaaa. Muntone kuramlïngmo muntone, muntone, muntone, muntone. Kuramlïngmo otpok, otpok, otpok mutone. Kuramlï. – Eeeeeeyeeeeee. Taktxot, taktxot, ga wïnpe. Tumne imo tumne tumne umlï. Timrongmolon ïlon peregïntono anumlïngmo man, txilupi anumlïngmo man, tïmotxipatkem anumlïngmo man, poru anumlïngmo man. Ako wam wïnaktatkemnïnpo anumkulïngmo man mïlo, mïlonole anumkulïngmo, mïlonole anumkulïnmo, yerunnole anumkulïngmo tumingmo. Ketpoto ugwo txilo nole kuranumkulan ugwo egrï, egrï kuranumkulï ugwo. Ugyamlogon tumingmo lon ïlon anumkulïngmo man tïnaktatkelïngmo man anumkulïngmo, kuranumkutkelï. Muntonole atxipe putotxuk yaktatketpotpe txitxi, putotxuk atxi ankerïpra kun, ankerïpra kun imongmo man. Anumkutkelïngmo man mïlo mïlologon yerun anumkutkelïngmo. Txilo kuranumkutkelan ugwo ugumi. – Man ï? – Man yumpinang, heeeeng! Txilo araplï egïyntxin areplï txitkan ga, txilo ran txilo areplan arepme txilo yumtako, yumtako areplï.

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Marurï Murangmo


– “Eeeeeyeeeee!!!!!!!! - Nen yupinan puuuuuup!!!! Txilolon imo man txitkan txilologon yumtako puuuuuuup bele yumpirelan munparaktxinole tek rïi rï rï rï rï man imo man imo. – Man, man, imongmo man. Kutkelan ugwo atxipe kuramlï wïkampïrïp nole itowoge. Wïtxin nole kuramlï. Ketpoto, mïlo yerun anumkurïtpotke imongmo man ugyamlogon atxi wïnpe. – Wa yuwilïngmo man eto, impe ugwo man atxi wïnpe, atxi wïnpe. Ugwo atxi wïnpe. – Kuramlan ugwo atxipe wïkampïrïp. Imo atxi, impe imongmo man ugyamlogon, wamlogon yerun. – Impe ugwo, impe ugwo, impe ugwo, impe ugwo. Ugwaramapkeptatket.

Marurï Murangmo

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Furïk wot pïkpïk itïng kun anumkutkeremkom wot, itïng ïlon kuranumkulan ugwo akeneng ukpemuku, kayabi akeneng ugwo, akeneng wamlogon, man kuramlï. – Ketpotke aranko aranko aranko, eta wïkampïrï. Kelïngmo man Tawa ïna, Tawa ïna, Tawa ïna pïrïngopnole, eta, eta wïkampïrï. – Ï! Angtelan txut txut txut txut txut tong engkororelan engkororelan. – Atxi ïna kareplï, atxi ïna atxi ïna kareplï ïkampïri ïna kareplï. – Nen, nen, nen. Man antako! Txok anumlan pïrïngopnole, imo man emyam txut txut txut txut ko ko ko ko ko ko ko, ako lontewa okep ïlon ga. Okep ïlon itowoge lon ga txut txut txut txut txut txut txut ruptam impapkepnoplan, impapkeplan txut txut, ketpoto, ketpoto impapkeplan. Impapkeplan karuptam, karuptam, karuptam, karuptam tugung ingpomelan. Pïrïngopnole Tawa. Tawa ingpomelan pïrïngopnole. – Eng. Ingpomelï. Txut txut txut tong mïnane orengkororelï mïnanole, atxi ïna orengkorelan ïgemnï, ugwïna orengkorelan ïgemnï, mïna yeruna tong. – Ingpolï. – Ara mïge, ara? – Ïmpapkeplï, ïmpapkelï, ïmpapkeplï. – Eng... omroru. Kelïngmo man Moyot ïna, Moyot. Txut, txut, txu txutong orengkororelan, orengkororelan.

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Marurï Murangmo


Txok anumlan: – Atxi ïna kareplï, ïkampïrï ïna. Ingpomelï, ingpomelï wokta, ingpomelï ugume ugwori. – Man anko nen!. Txok anumplan Moyot. Txut, txut, txut, txut, txut. Akerek, ïlon kok kok kok kok impapkepnoplan. Akereknole lon munparako nole lon karuptam karuptam karuptam akerek inang man ko ko ko ko ko ko furïk ironpan tugung engmïnumtup wongne kun putugung inpomelan moyot, moyot.

Marurï Murangmo

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– Ïtxeng!. Ingpolï, ingpolï. Yengpomelï ïmpapkeplï lon. Mïnane txut txut txut tong man orengkororelï manole ugun moyot ingpomelï. – Man, omro, omro yuktwa, omro aranko. Kelïngmo man Ogorirak ïna Ogorirak ïna. – Omro, omro yuktwa omro aranko! Ko, angtelan Ogorirak txut txut txut txut txut tong engkororelan. – Atxi ïna kareplï atxi ïna ingpometkelïngmo man ugyam logon ïgetpotke kareplan, kelan. – Anko, anko, anko! Txok anumlan Ogorirak, Ogorirak kït tenglan tïganaptam, tïmyam engkororelan, ïgemnï, tïganaptam tenglï ugwïna kït tenglan tïganaptam txut txut txut txut txut txut.

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Marurï Murangmo


Akolontewa Ogorirak ïlon ogoy ïlon impe kaktotpe lon man impe yïmtïtkewa engwaktxiwa emomtxi patak man imo man emomtxi txut txut txut txut txut txut tong engkororelan. Ogorirak engkororelï Ogorirak, Ogorirak, Ogorirak, Moyot inpomelan, Tawa inpomelan. Tong engkororelan manï man man man man imatïlïngmo man kutketpom ïgelï, imatïlïngmo man imongmo man wot aktatket. Manole orengkororelïngmo man ukyam manole orengkororelïngmo man, txilonole kuramtowoge nole ïlon po man ugwo man txilonole. Mïlo engkororelïngmo man. “pule mun, pule ukgïna pule pule mulogon kenangmo wa, tïnane mun, mun oke igru kenanmowa keni”. “Pule mun pule tximna na mïget man, pule mun man mulogon tongkorotewa nole, pule kurengkorotatkelï, pule igwam ingpolï atxi”. Man imo man, tonpe manï engkororelïngmo man manole imongmo man. Man imongmo. Man imo man, eto ugulogon eto Karaiwa eto wïna. Ugwo watpïro imo man Kureko Kureko Kureko Kureko mulogon pe nole, mulogon pe nole, mulogon pe nole, tïmo pelon imongmo ïgemnï mulogon pe nole. Erolan ugulogon, Kureko, na ugwatpïro na. Peeee!!! Peeee!!! Manole!! Omro oooo!!!, oooo!!!!

Marurï Murangmo

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M誰get aremne mayngkut m誰ra ow誰n pe itowop.






Okoloy Mïran Tïngkanopkem:

Ayré Ikpeng


Okoloy Mïran Kelan, kelan, akerek ïlon, akerek ne tximna inukungkanumtatkelï, akerek ne tximna inukungkanumtatkelï, moryapanotpop nole ïlon imo ugulogon moryapanotpop nole imo. Tximna inukunkanumtatkelï, moryapanotpop nole ïlon imo ugulogon moryapanotpop nole imo. – Ate payn ïwanarï kurapka, kelan tïmreyum ïna. – Ate payn ïwanarï kurapka. – Moryapanotpop omro, kelan emreyum. – Moryapanotpop omro. – Ate ïwanarï kurapka ïgenang ïwatxin inkaptatketpom, ïmekon inkaptatketpom, akeneng omïngïtpe tïgaptatkenangmo. Kelan tïmreyum ïna. – Ate, ate, ate!

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Okoloy Mïran


Pe awïlan tïtxigan emengkelan tïtxigan, igakelan, pïwïwï tïtutengrï. – Man, ate! Man, ate! Kelan. – Man, ate pa! Awmlïngmo man, awmlïngmo, awmlïngmo, awmlïngmo. Tïktxang man erolïngmo man ïgemnï, tawmte erolïngmo tawmte, tawmte, tawmte. – Man, ate. Kelïngmo man. Pïtïtïk erolïngmo man owrotpo waraktxi owrotpo waraktxi owrotpo waraktxi. Erolïngmo man owrotpo waraktxi. – Nento kuramtxan! Kelïngmo man pïtïtïk imongmo, man. Okoloy Mïran

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Kongongye, kongongye munto tïk man imo txitxi munto tïk. – Kotxikenang man wïtutengrï eraprï yuwitkerap. Kelan emreyum. – Wïtutengrï. Eraprï yuwitkerap. – Ï. Arankoga! – Kutuku tuya kutuku, kutuku tuya. Kelan emreyum. – Kutuku tuya moryapanotpop omro kingrungketken moryapanotpop omro. – Ong. Ako ugwo tïwanagewa. Man ate otxikelan. Txu tïmrongne, tïmrongne, tïmrongne, tïmrenpak ïgemnï tïwarïwak ïgemnï. Tïmrongne inotkelan emreyum, emreyum. Owrotpo txun man imo. Txu, pe munto imo man txitxi, otkelï txitxi, otkelï, otkelï, otkelï txitxi. – Tit tit tit tit. Tïmo, tïmo, tïmo irukulï tïmo kenang man. – Tit tit tit tit. Kenang man ugulogon tuya. – Tit itit tit, tit tit tit. Kenang man tenpano. – Tit tit tit tit. Ugulogon tuya. Tïrukutpotxina pupatereng areplan ugulogon tuya engna, eret pongna, eret pongna, eret momtxiptaktxi, pupatereng erolan engna.

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Okoloy Mïran


– Ara mïgenang ara?. Kelan ugulogon tuya engna. - Ara mïgenang ara?” – Uro uro koepkanang, kipkanang, uro koekanang, kipkanang wara ugyentako, wara ugwemïngïnang, wara ugyentako wemïngïnang, wara ugyentako, kelan!

Okoloy Mïran

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– Ï. Eret parap toite imo man txitolok txungnang txitolok, txitologot txungang enaptatkelï engru, engru.



– Hummm! Pupïng pïmtxin pïng man imo Ketpotke imo man imïngru pïlïk pïlïk imïngru, pïlïk pïlïk orong pok man imo, tuya nengruketketpïn engru.


Ketpotke, imo man epkewa. Ako wïgamoretketpot epkewa, itïmamlï. Eng ate eto. – Ïtïmamlïga, ïgamoretkewa nole ïtïmamlïga karantxitxi ïmuye yenengetketpom tumongne kun ugun ïmuye. Kelan emreyum. Totu tïgït man imo. Owro warap, tïgït man imo man totuuuu Purïk enetem, ra, ra, ra rang atxi txu, tïïït erorem emreyum. – Payn!!! – Wa!! – Kareplï, kareplï! Impe, ïgamoretkewa nole itïmamlï kerem. Itemkom enintuwï aktatket, tïmreyum nintuwï aktatket tïmreyum naneptatketpïn aktatket mawre akte, tongyo akte, tae akte kelï eganoplan emreyum. Tïgït manole totuuuu – Payn, payn, genemporï imatïk, genemporï, genemporï imatïk. – Okoloy! Pïmtxing imo man engru ewrïtpïn pïrïk, pïrïk man imo pïmtxing nole. – Payn, payn, genemporï imatïtkek, genemporï imatïtkek kïrïp kïrïp. – Okoloy! – Payn genemporï imatïtkek genemporï kïrïp! – Okoloy! Kelan. – Ara, ara, omro? Imatïk, imatïk genemporï! – Imatïk genemporï igenan kïrïp, kïrïp, ong! Ofuuu, ofuuu bruong, enentem emreyum. – Werangoplï, werangoplï. Kerem. Kïk kïk kïk.

Okoloy Mïran

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– Payn ïrïp itowoge etxilï yimatïwa, arewap txitxi ïgelï. Kelï atkanoplan emreyum eganoplan emreyum. – Okoloy! – Geneporï imatïkek. – Okoloy! – Ara, omro ara?. Imatïk, imatïk geneporï. Kïrïp kïrïp ong. Korerenmïtïne uro. Ofuuu, ofuuu bruong imatïlan, emreyum purïk. Purïk enenglan imïngru pïlïk pïlïk kerup: – Wa. Ara, omro eto?. Kutke ïgelï, kutke ïgelï, kutke ïgelï. Kelan emreyum engna. – Moryapanotpop omro kutke ïgelï, kelan. Manole pututuk tenglan emreyum town, tenglan emreyum town ayngkupolan. Impe otximtagrikewa nole otximtagrikewa nole ayngkupolan town tararat tararat yagelan toret palotïng ate eto kelan emreyum. – Payn, payn, ma, ma! Anketkewa imo. – Payn, konotkenang!. Anketkewa imo. Inawamnïlï ruman. Putotxuk anumlan towm putotxuk. Anumplan town, putxuk toret fup fup fup fup kelï tanmatpïnkom parako areplï. Tongrenelon engkakponlan eto tïmreyum. Tongrenelon puptxikarang ïnotkang eto ïmreyum kelan eto munto eto tïmreyum ïna. Pupupup tongpïng anma ketpoto putxu tïk man imo emreyum. Mulogon pongna ototo wongna txa man yatkïlï emreyum.

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Okoloy Mïran


Ototo wongna ako ototo, akolontewa tongpoe ototo ketpotke brwong man oterelï, oterelan, brwon. Oterelan ototo. Pupupupup pupupupup kelï ketpotk. – Eyeee! – Payn, payn, ungnotkenang payn. Ungnotkenang payn ate payn. Tït imo man tïmreyum gaktape pupupup.

Okoloy Mïran

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Pupupup ïgane iwongne tïk tïk tïk tïk man erolï engru wïnpe imo engru wïnpe. Mantan, tongrene lon erolan eto anma warako.


Tïk tïk tïk tïk tïk tïmreyum pe eganopte. Umhum. – Kwayngkulï. Kerem. - Werangoplï, werangoplï. Kerem emreyum, kelï atkanoplan ugulogon. Umhum, tïrïrïk ketpoke mulogon ototo umhum. Ayngkulï atkanoplan, ayngkulan mulogon ototo put kotkotkotkot ompan man yïtkelï akeneng ototo igrï okengmop.


Ïkangmop man yïtkelï akï mulogon pok, ototo wok palak man imo.




Patxang orotporelan emreyum, orotporelan emreyum Erolan emreyum man ikorelan pontongna. Pontongna nen man ugwalukunoptatketpot. Patxang orotporelan. – Onokunkanumtatkang ïmuyep. Baaaa amokelan emreyum. – Ara ketkenip iko ara ketkenip ara ketkenip. Okoloyp iko okoloyp okoloy palakenip iko palakenip, palakenip.

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Okoloy Mïran


“Palak ketpotke ugun palakenip.” “Eret mun man Okoloy”. – “Okoloyp, iko okoloyp. Palakenip, iko palakenip. Ototo wok mïgerup, katepo wok mïgerup, pitpirak pok mïgerup man iko man, man, man. – Tenpanop tototkeremtowop. Kelan emreyum engna. “Ototo wok kerup, arïna wok katepo wok kerup, egak pok kerup. Pitpirak pok kerup palak man oren man, pitpirak”.

Okoloy Mïran

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Kelan tongpe, puwi, kutketkelan, kuketkel誰 tongpe, puwi man kuramtatkel誰 tongpe, puwi.





Puron Mïran Tïngkanopkem: Ayré

Ikpeng


Puron Mïran Kelan. Moryape imo, moryape, moryape, moryape imo, ketpotke waman kulu tximna ekewa moryape tximna itup, koegumïtken, kutom kulu ïna tximna ket, ugulogon pok engpamtup. Tenpanop imo, tenpanop, tenpanop imo, tenpanop imowm totuuu man imo, tïmreyumke imo, man imo man, man tenpanop imo moryape imo man moryape, moryape itowoge akolotewa ïrïp omingo, ïrïp taru ketpotke, ate payn. kulu kurakta, kelan tïmreyum ïna moryape, ate payn kulu kurakta.

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Puron Mïran


– Moryapanotpop omro, moryapanotpop omro koegumïtken, moryapanatpop omro koegumïtken. Kelan emreyum. – Kulu kwaraktagap ïgelï, geminke uro gemïnke, gemin pïnpe ïgerup itpïn. Omrongne kutke, man kuram mïgenang man ïna. Geminke ïlon uro geminke ate kulu kurakta, geregumïtket ïgenangtan. – Ï, atega. – Man, man, nento metxan ïgamoretkerap tawa yuwitkerap, talim yuwitkerap. Kelan emreyum.

Puron Mïran

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Tuliktok iptonglan txakf誰k atpolan imo man togye imo man noo, munto itup eror誰tpotke.


Ekelan tïngtong, ekelan tïngtong, ekelan tïngtong, ketkenentam otxikelan emreyum, man erolan emreyum igamoretket talim yuwitket erolan emreyum. Ketkenentam tuk man ekelï kulu kulu kulu togye imo togye toromongko warap imomïlï tïngtong, tïngtong man imomïlï toromongko warap man imo man, ketpotke man munto itup itowoge ate eto ïmuye yenengetketpom kelan tuuuu areplan emreyum. – Pay! – Wa! – Togye? – Togye!” – Meke?”

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Puron Mïran


– Yekelï, yekelï, ako enentako. Tïngtong, tïngtong, tïngtong man imo. – Man ate, ateowng wïtïmamlï. Kelan emreyum ate ateowng wïtïmamlï! – Alalu ïget? Alalu ïget? – Ate, ate wïtïmamlï ate imomïtkek. Ugyamlogon imomïlan. – Man ate! – Alalu ïget? Alalu ïget? – Totuuuu mïget, totuuuu ko oengkwamko txok ko oengkwamko. – Alalu ïget? Txok engkwamlï atkanoplan fuptong, txok engkwamlï atkanoplan fupton. Kelan.

Puron Mïran

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Putxuk engkwamlan emreyum etxiketkelan tawyan emrin pututuk yugumelan, txuktxing tenlang emreyum tawyan.


Imomïtkelan emreyum kulu, txukpïng kulu, wongfu tïprï, txukpïng anumlan emreyum, Imo man tïmreyum pïmpo tong aneplan emreyum. – Man teng wawyan, teng wawyan. – Alalu ïget ? – Txuktereng mïget, myen, tiring tïrïn ko tïmuni etxiketkek txuktereng ko teng, manpïget man kulu. Man, payn ningkïnï, puwin nïngkïnï, mïget man, aktatkerït man. – Alalu ïget? – Txuktereng mïget, myen. Putxuk engkwamlan emreyum etxiketkelan tawyan emrin pututuk yugumelan, txuktereng tenlang emreyum tawyan. – Igunelan anpïgek awya wongna. – Alalu ïget? Manpïget pïwïlak ko anpïgek tïmo arangyun man. – “Alalu ïget?” – Pïwïlak ko anpïgek. Yatïketkelan emreyum pïwïlak, pïwïlak, pïwïlak awïlan angyunpotke. – Man kulu aktatkaneptïk puwi ningkïnï payn ningkïnï.

Puron Mïran

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Imrongmo man aktatket ker6ik, aktatkelïngmo man aktatkelïngmo man. – Man? – Man! Fufu txet, fufu txet terutkelan emreyum man anumkuk wawyan. Kelan emreyum, – Alalu ïget? Arangkwaptong txok mïget manumtxi tereng man manungkut wawyan. – Alalu ïget? Txok ko oengkwamko, eongkwamko.

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Puron Mïran


Iwongne iwongne arangkwaptongetkewa nole tïmyarï ge moreng ayngkulan awya. – Puborong ïlïga galulïga. – Onukunkanumtatkang ïmuyep kutke ïgelï moryapanotpop omro ïgelï. Ba angkorelan emreyum bïng angkorelan emreyum. – Ara ketkenip iko, ara ketkenip puronpe iko. Puronpe tenpanop tïnkïtkeremtowop, tenpanop totximtagriketkeremtowop fuptok fuptok. – Owrotpo warako anma warako ompan irwako erotkek, tenpanop tototkeremtowop. Kelan emreyum.

Puron Mïran

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Ketpotke oren man puron engkwamp誰npe fuptok fuptok man erotkenang man.






P誰rom M誰ran T誰ngkanopkem:

Mayawm Ikpeng


Pïrom Mïran Pïrom, pïrom, togemet, togemet nen pïrom togemet. Murot nen murot. Egak, egak, egak, egak itpïn nen egak itpïn, egak pereptxi. Wam urot, ugwo, ugwo. Ketpotke, akenen, akenen ugwo otpïrintawak, akenen ugwo impe totxinawapnïtket ketpotke eng.


Yegemet man yegemet. Kelan. – Yegemet, man, yegemet. Kelan. Uktamu .nungna, Kayapï yegemet man yegemet kelï. Egemelan uktamu Kayapï, Paikure. Paikure ketpotke, erolan ikote, rïk enenglï ungwo, rïk enenglï ungwo. Tïk ikorelan, man katu kelan. – Ungwo, ungwo egemetpoto.

Pïrom Mïran

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– Wam arïna, egak itpïn egemetpoto. Awïlan awoptonporoge, awoptotem wilo awon parap. Wam, wam, wam, wam, wam, mïget, kat.



Awoptotem tïrikon awon parap. Humm... humm... humm mïget, kat. Awoptontem kuraga awon parap. Okurutwa, okurutwa, okurutwa, mïget, kat. Awoptontem tongyo awon parap. Ang, ang, ang, mïget, kat. Awoptontem, awoptontem tïgato awon parap. humm, humm, humm, mïget, kat.

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Pïrom Mïran


Awoptontem, awoptontem tuya awon parap. Oh,oh,oh,oh,oh, mïget, kat. Ipnalï, re, re, re, re, re, mïget, kat. Mïget Wonkin. Tan... tiii, tan... tiii, tan... tiii, mïget, tereng wonkin. – Wonkin, mïget!” Weu, weu, weu,weu, mïget ipnalï, ipnalï,weu,weu, mïget ipnalï. Koook, koook, koook, koook mïget ipnalï. Mïget ipnalï. Kwak , kwak , kwak, mïget ipnalï.

Pïrom Mïran

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Win... txon... Mïget, ipnalï. Imomïtketpot, yakporonpot ïgemnï, yakporonpont ïgemnï, Eknet nole imo, imomïtketpot, eknet nole. Akerek mïget. Eknetke, eknetke. Eknetke, eknetke, maku ge ïgemnï eknetke, ketpotke nen man tatpot, tatpot,tatporem. Tawopton imo man ïgemnï, tatpot, tatpot tïmpawok, tïmpawok, tïmpawok. Kuraga won tïmpawok. Wilo awon tïmpawok. Tongyo awon tïmpawok. Tïrikon awon tïpawok, kaykay, tuya awon tïmpawok. Pakura awon tïmpawok. Tïgato itpïn, tïgato awon tïmpawok. Man tengetkelï. Man mïget man akerek. Mïget man, akerek kelan engna, man. Mïget akerek. Inolan agap kelan tektang, tektang, tektang, tektang akerek kelan. Tektang kat, tektang kat, tektang kat, tektang kat, tengetkelan epru. Kerup, iwok po, man tenglan inorup, inorup, tumo engkwamtem kelan. Wamlogon urot, keninpïn ugwo man keninpïn, keninpïn, keninpïn, keninpïn, keninpïn. Ugwo kotpïrïnpatem,ugwo kurarapoptomtem, Kelan. – Neyamlogon,ugun apon nenong. Akari apon, ugun apon nenong,ugun apon nenong,ugun pïrï munong marakunat pïrï mïgenangmowa.

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Pïrom Mïran


Keni, keni, keni, keni, keni ugyamlogon uktamu ningkïn awoptonglï nawoptonpïnpe ugwo, negemetpïnpe ugwo. Togemet ugwo, togemet, togemet, togemet wam urot, ukpari ningkïn, togemet ne mulogon, murot kon man kwarakponglï. Man, man wïukulï. Man gwawoptonglï. Kutketpoke ugwo man tarawït keralïp, kutketpotke ugwo man otpïrintawak keralïp. Tumo otxikerem kelan ugwïna, ugwïna gwawït ugyamlogon wïnawoptonpïn, tumo otxikerem, eronempolï, erompolï, kutotpotke iputpïn ete, tumo atxatkuringkerem kelan wïna. Ketpotke puptxet ugwawïnipne, puptxet, tarawïtkene, puptxet torewn ne man ugwo man, ugwo man.

Pïrom Mïran

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Ugyam nawoptonp誰npe ugwo man.






Wayman Mïran Tïngkanopkem: Paykuré

Ikpeng


Wayman Mïran Man ugwagulï tongpe puwi wayman atxagotpop man ugwangnang kutonang engna. Amïampe imo man tongpe, puwi emtxin, amïampe imo emtxin. Man kun ugun wayman emtxin, man kun ugun wayman emtxin amïampe kun ugun. Mantan tapke ugun man tapke waktxi imï oerenmït imï, man imo man tongpe, puwi tagare ugulogon wayman emtxin. Kutonang emtxin ïna kuranumgnang man, ïkampïrï imï yetpotatkanap tongpe, puwi, kenang man. Etpotatkagang kenang man ugulogon emtxin, tektak etponang man okewï, okewï yay tereng, ta arepnang man. – Puwi, puwi! – Wa! Emtxin: – Wa! – Ïkampïrï imï anumta ïkampirï imï anumtantïk, ïkampïrï imï anumepok, mun man tereng man. – Pay n, ïkampïrï imï kenang ïroymï ïkampïrï imï anumta kenang ïroymï tereng man eganopnang. – Ï! Putxuk, furiik tereng ikampïrï imï, txok kuranumgnang man ongmurup itowoge lagat puptong, puratat kawk man ugwerenmïnang, wayman kawk werenmïrem pe wïmopketkerem txong. Eng engna kutorup, toro entaktxi. – Marep, payn! Kenang man emtxin. – Kareplï! – Onok ugun, puwi? – Eng oren pupa!

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Wayman Mïran


Weret irantup man ïkampïrï imï yetpotatkanap puwi. – Etpotatkaga! Tektak etpotem atxi imï, txuk ta areptem, puwi, puwi ïkampïrï imï anumepua ïkampïrï imï, ïkampïrï imï anumepua. – Ïkampïrï imï kenang payn ïroymï munto tereng man eganopnang. Txok anumtem eto atxi imï okewï okewï, txok anumtem tïng kelï atkanoplan iwopkenang man eto putolak anmenang man eto txitong, txitong. Kawk man ugwangna, wayman. Amïampe imo man emtxin, emtxin ïna kutonang man, amïampe itowoge emtxin man ugwagulï wayman, kalongmo aktem, kalongmo aktem, kalongmo aktem man ugwagulï wayman. Ketpotke, man kun ugun wayman emtxin amïampe kelan, man kun ugun wayman emtxin amïampe. Yenentan txi, kelan emkulep imo emkulep. Akeneng emkulep kurotxitketpok emkulep kurorenpinïtketpot. Emkulep itowoge erolan toro omomlan engna emtxin ïna txu. – Marep, payn! Kelan uglogon emtxin. – Marep payn. – Kareplï! Kelan. – Otope marep payn gewmpotkenangmo kun, ïroymï ïwïmnïpotkenang kun ïroymï. Kelan. – Kareplï! Kelan. Enenpotke. – Puwi, puwi, onok ugun onok? – Pupa oren areplï, oren! Kongonye ïkampïrï yanumtxap puwi putxuk tektak etpotem atxi imï item totxuk tong.

Wayman Mïran

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Totxuk iwopkerem eto munto eto man werenm誰ponang eto munto eto, putolak txitb誰ng kawk pe agulan, uglogon kutkuwi im誰 kutkuwi im誰.



Tïmolon ïlon ugun man marakunat. Kutkuwi imï agulï wayman txikap nole ketkenentam agulï, ako repkewa waramaretkepot man aramarelï ugulogon kutkuwi, aramarelïngmo kutkuwi ningkïn aramarelï kutkuwi. Erotkerem: – Ime, ïprï, ime. – Impe, ugwo impe, impe, impe, omro. Erotkerem: – Ïroptxi, ime. – Impe omro, impe, impe omro. – Ïprï, ime. – Impe omro, impe, impe. – Ïroptxi, ime. – Impe omro, impe. Man aramarelï imren kutkuwi, kutkuwi aramarelï kutkuwi. Tït areplan. – Ime ïrï ime, ïprï ïroptxi ime, ïroptxi ïroptxan ime. – Impe omro impe ïprï kutke wang ïroptxi kutke wang. – Oprï wïnpe omro ïwanpe omro ïwanpe, ïwanpe aktang wonkin ungme, kelan ye, aktang wonkin ungme, wonkin aktang unme. Tïroptxing mitpïn tïprïng tïroptxak mitpïn mantan aktang man wonkin ungme. – Tapone erotkerem mïlo: – Ïprï ime. – Ïprï mïgewa metxi ïprï mïgewa, aktan wonkin ungme, kalogonpe. – Ïprï ime ïroptxi ime! – Ïroptxi kutke ïprï kutke, aktang wonkin ungme, aktang wonkin ungme. Aramarelan ako waramaretkelïngmo. Ketpotke. – Ime ïpbrï ru ïprï ïroptxi ru ïroptxi? – Ïprï kutkewan, ïprï kutke aktang wonkin ungme aktang. – Onok, onok agumï ïroymï ime eganopko ime eganopko

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Wayman Mïran


ïroymï angninpïn. Kelan, aramaretpotke ako waramaretkelïngmo. – Eganopko eganopko ime ïroymï angninpïn, ïwanpe omro tïroptxak mitpïn tïprïn mitpïn aktang wonkin ungme, aktang wonkin ungme mïgenang eto, onok onok agulï eganopko gang eganopko. Aramaretpotkene okep imo erangron aramarelï. – Eganopko, eganopko onok aktang ime ïroymï eganopko ïroymï, aktang wonkin ungme aktang wonkin ungme aktang wonkin ungme mïgenang eto, onok agumï onok ïroymï? Kelan. – Wonkin aktang, wonkin ungme, Wayman aktang, Wayman ungme, Wayman, Wayman,Wayman aktang ungme. Kelan. – Otumunto ugun ime otumunto ïroymï ugwonpïn? Kelan. – Otumunto ugun ime otumunto ïroymï ugwonpïn, aktang ungme wongkin aktang ungme wonkin mïgenang eto ime otumunto ugun otumunto ïroymï ugwonpïn wonkin? – Ugun man ugun munto ugun man ugun man muntonole ugun muntonole mïna, mïna ugun tongpe mina, mïna ugun tongpe ïgemnï, muntonole ugun muntonole munto ugun munto munto munto ugun tongpe munto munto. Wonkin aktang ungme wonkin Wayman aktang ungme Wayman Waiman. Kelan. – Yuktwan ime yuktwan tïmongne kutotken, tïmongne kutxïngkïtken, tïmongne kurotximtagriketken, tïmongne kurengpilaketken tomtxin tïmun tïmuye. – Yuktwan ïroymï ugwonpïn. Kelan aramaretpotkene.

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Okep aramaretpotkene imo tongpe uktetatkewa, ketpotke metxan uktetatkewa ketpotke metxan engkopipe. Wonglak. – Ïtxigan anepta ime kotpoganpotpe kelan, ïtxigan anepta ime kotpogapotpe. Tïmongne kutxïngkïtken, tïmongne kurotximtagriketken, tïmongne kutotken, aranene tximna erotkemnï aranene tximna otximtagriketkemnï. Kelan Kutkuwi. Arawïlan tïre ene nole egaktelan, maga ari, maga ari ningkïnï. Kutkuwi imo eremkom, ako itïng wilo, Wilo, Txagak txagak keni, Konohoko, Kaykay, Tïrïymo kalongmo tenpanongmo wam wilowm, Txare ningkin ako itïng wilo man imongmo otpoloketkelïngmo. Ugulogon ke toremke kutkuwi ge toremke imongmo, imongmo man tïprïngmo wok tïprïngmo wok enumpangetkelïngmo man tïtxigankom imongmo man tïprïngmo wok.

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Kutkuwi prï nen man, nen torepke menpatem eptxinpok ningningkat merepan kerup txintxin menpatxan kenang Kutkuwi, Kutkuwi, Kutkuwi prï, Kutkuwi prï. Tïprï wok ïlon tïnawoptonglï warap Kureko, tïnawoptonglï warap popruk, tïnawoptonglï warap eng. Nom tïnawoptonglï warap imo ugulogon Kutkuwi, tïprï wok ïlon imo man popruk, tïnawoptonglï wok imo man Kureko, tïnawoptonglï wok ïlon imo man Igarakyum, ako itïng. Tïnawoptonglï wok ïlon imo man Tarumï, tïnipkelï wok ïlon imo man Akari, tïnawoptonglï wok tïprï wok imo man ugulogon eremkom Kutkuwi. Tengetenge, Kaykay, Tuya ompan man imongmo. Tïmporogu nole ikorelï Ewaro, totxilalï nole ikorelï Kureko ompan man imongmo. Ompan man orokpelïngmo enumpangetkelïngmo tïtxigangkom.

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Ompan man orokpel誰ngmo enumpangetkel誰ngmo t誰txigangkom.



– Man, ime? Kelïngmo. – Man ime enmeptup gawmtxi ime. Kelïngmo man, kelan tire ïna. – Enmeptup gawmtxi ime kotpoganap. – Arankoga. Kelan ye. – Man kuronmenukunap ari kelïngmo man kuronmenukunap ari kelïnmo man. Mom. – Nento myen ime wawyan nento myen wawyan. Kelïngmo man tïrengmo ïna, nento myen wawyan. Ketpotke rwam marawyapton man tongpe, puwi txiga wok tïmoyp otxigan pok. Tenglan yengmo away, tawyan. Awmlïngmo man ompan awmlïngmo txang orotporelïngmo man tïrengmo na yo yo yo yo munto prutak prutak prutak prutak man imongmo. Man imongmo otpoget munto prutak, prutak Kaykay, Tïrïymo, Tuya, Wilo, Wilo, Wilo, Wilo, Tengetenge, man imongmo iwogeningmo, Tengetenge man imongmo. Txing ugulogon eremkom Kutkuwi man imongmo. Imongmo man yengmo awyan munto.

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– Uro kowogan. Kelan eram kurampe tongpe, puwi Tuya. – Uro kowogan ari. “Onok omro iwarakongne onok enempot eto ïna onok erot eto mïget man iwarakongne”. – Onok ïwoget eto ukpogerïk eto ari? – Uro kowoget kelan Tuya uro kowoget kelan Tuya. Imo man yengmo awyan nento imo man yengmo tuk. Puuut, otkelan Tuya tïrengmo awyan ïna puuut. Pukte ewirekelan. Kutke ïgelï kelïngmo man ugulogon Tuya ïna, kutke ïgelï uro karantowop ïgelï kelïngmo man puptxing, kutke ïgelï imongmo man munto engmïmkewap kelïngmo man. – Uro wenetïgap. Kelan ugulogon Tengetenge tongpe. Pup otkelan tengetenge puuutang putotxuk anumlan tïrengmo awyan. Eye anumlï kelïngmo man tïmongmo otkeremkom engna anumliingmo man imongmo man nento nento nento nento nento anumkulïngmo tïrengmo awyan. Munto enamtïlïngmo man tïrengmo awyan puuu, tïrengmo awayan enamtïtpot tïmongmo otkeremkom engna balolololo yengmo awyan txikararang ukyamlogon. Eng eng eng eng kotpogelïga kotpogelïga kotpogelïga eng eng eng rok rok rok rok onmenukulïngmo man. Man ate kelïngmo man munto eganopta ugure na kelïngmo man tok tok tok enenglïngmo man.

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– Oren. Kelïngmo man. – Kurenengetkenap. Kelïngmo man. Ukporon emakayn, ukporon wamon emakayn, ugwen elï, wïpitu iwukunpe, weretput yarogrïp man imo ugulogon Wayman. Ukporonke tïmakayk, wïpituge tïwukuk, weretputke taroke, ugwenke toenke elïp prutak man elïp man imo Wayman. Otxikelïngmo man engna erolïngmo man engna, oren kelïngmo man man kurenenap kelïngmo man. Ing ing ing ing ing txangtxet toro ing ing ing txang, egaktememporem txang toro ing ing ing egaktememporem txang txangtxet. Man oriknang atxagotpop ketpotke imo man ing ing. – Pupa! –Wa!

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– Owro warapne moriktxi owro warapne, wam tagaramo, wam tagaramo areplïngmo arep txina. Ing ing ïmi ïnintuwï yemoytkerap puwi ïmi ïnintuwï yemoytkerap, ing ing ing txangtxet mïngye toro ing ing ing. Egaktememporem txang okep kun egakterem txang, kelan. Pup tïmromo enameremkom kelïngmo man prutak prutak prutak prutak man imongmo. – Owro warapne metxi pupa owro warapne wam tagaramo wam tagaramo. Ketkenang man emtxin engna. Ing ing ing egaktememporem txang ing ing ing. – Munto mun eto eremrï gengkelï eto eremrï eremrï ïpe inkanopïn, man imo man, ong. “Yaparikote yaparikote yowintxa aaahhi aaahhi tanya tanya tanya tanya”. – “Yaparikote yaparikote yowintxa aaahhi aaahhi”, ing ing ing ing toro txang kelan. Pup tïngfwak omomlan, pup tïngfwak. Kutke ïgelï kutke ïgelï uro yuktwanpom ïgelï ketkelan ewari ningkïn uro yuktwanpom ïgelï, ketkelan ewari ningkïn. Ewirikelï awya keni warakonole ewikelan. Otxikelan nole ing ing ing ing ing ing txang owro warap nole txang ing ing ing owro warap nole txang. Owro warap nole txang ing ing egaktememporem txang, tïpun kon tanya tanya tanya txang, turut turuli turut turut txang, tïptxinkon tanya tanya txang, turut turuli txang. Man engmïmkeplï eto tongpe, puwi, ing ing ing riik egaktememporem puptïngfwak, ing ing ing ing egaktememporem txang puptïngfwak ing egaktememporem, kelan tongpe, puwi. Egaktepot enentup pup otkelan ugulogon Tengetenge Tengetenge Tengetenge Tengetenge. Pup otkelan Tengetenge pup. Ketpot enentup putïngfwak. Txina kun entaktxi putotxuk anumlan Tengtenge Tengetenge. Wayman Mïran

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Egaktepot enentup pup otkelan ugulogon Tengetenge Tengetenge Tengetenge Tengetenge. Pup otkelan Tengetenge pup.


Putotxuk patxang txotong txotong txotong ari. Tïmongmo otkeremkom engna oh oh oh oh oh oh anumlïngmo man oh oh oh ako itïng wilo. Oyk oyk yok munto imo man tïrantewa nento nento nento nento nento nento nento arïlïngmo tongp, puwi Wayman. Munto tïrengmo awyan enamtïtpot parap kun enamtïlïngmo man tongpe, rïk enetemkom tïrengmo awyan apkotatketponpïn enamtïlïngmo man. Ugulogon wayman enamtïtpot tïmongmo otkeremkom mïlo orotpotemkom balolololo ugulogon wayman txikararang. Eng eng eng eng kotpogelïga kotpogelïga kotpogelïg imongmo man emoyt muntonole kun kotpogelïga kotpogelïga erangron alukumipolïngmo ugulogon Wayman. kotpogelïga kotpogelïga erangron alukumipolïngmo ugulogon Wayman.

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Putotxuk patxang txotong txotong txotong ari. Tïmongmo otkeremkom engna oh oh oh oh oh oh anumlïngmo man oh oh oh ako itïng wilo. Oyk oyk yok munto imo man tïrantewa nento nento nento nento nento nento nento arïlïngmo tongpe Wayman.


Imongmo man iwok. Munto item ako kuramnang munto. Kotpogelïga kotpogelïga kotpogelïga eng eng eng eng eng mukunang akerek imo man waktowo akerek imo man werenmïtpot ketkelïngmo man engna. Man ate ari, kelïngmo man otxikelïnmo man. Nento kuraranmet kelïngmo man yawïlï yawïlï yawïlï kotpogelï. Ketpotke wamïtketpïn parako wankanumtxan amtan. Imongmo man imongmo man imongmo man anmelïngmo man toremrïngmo toremrïngmo toremrïngmo toremrïngmo. Fwaaak kotpogelï ime kotpogelï ime kotpogelï ime truik truik kotpogelï ime. – Kantïk ïgangte ruman ukpogantïk ïgelï ruman itoworo ukpogelïngmo, kelan yengmo. Truik Truik man otpogelïnmo tongpe, Tengetenge ningkïn Wayman pok.

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Esta publicação foi produzida como resultado de oficina nas comunidades indígenas Ikpeng realizadas entre 2009 e 2013 pelo Programa de Documentação de Línguas e Culturas Indígenas do Museu do Índio/Funai e foi publicada em 2014. EDITORIAL TIPOLOGIA Helvetica Neue e Kristen ITC FORMATO Carta [21 x 28 cm] PAPEL Offwhite pólen 90 g/m2 em impressão 4/4 cores CAPA Dupla combinada papel vitacarta 350 g/m2 e pvc 030 mm com encadernação lombada quadrada TIRAGEM 1000 exemplares




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