6 YEARS OF MUSICBOX

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Musicbox Lisboa. Cais do Sodré 2006-2012

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HEALTH . OUT 2011 . FOTOGRAFIA: ALÍPIO PADILHA

ÍNDICE

04.O Cais do Sodré: Breve Retrato 10.O Musicbox, de Viva Voz 16.Fortes Memórias 32.Projectos Especiais 58.Eventos de Referência 66.Comunicação e Imagem 98.OUTROS OLHARES 112.MUSICBOX ADN 118.Cúmplices numa missãO

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CAIS DO SODRÉ UM BREVE RETRATO

FOTOGRAFIA: JOSÉ FERNANDES

O Musicbox não é uma ilha: faz parte integrante do coração de um dos bairros mais antigos e emblemáticos da capital. Ou, como aqui se se arrisca, faz parte de uma das mil aldeias lisboetas, chamada Cais do Sodré.

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GREVE DAS VARINAS LISBOA antes de 1932

Fotografia: Joshua Benoliel (1873-1932) . Fonte: AML /Câmara Municipal de Lisboa

CAIS DO SODRÉ UM BREVE RETRATO

ARCO DA RUA NOVA DO CARVALHO LISBOA

Fotografia: Eduardo Portugal (1900-1958) . Fonte: AML /Câmara Municipal de Lisboa

E para início de conversa, avançar com esta ideia: Lisboa, como cidade única, não existe. É formada por mil aldeias, mil sotaques, mil sentires, mil viveres que por milagre ou destino aqui se encontram e convivem como um todo. Lisboa é a mais bonita ficção à beira-rio que se conhece. O Cais do Sodré é uma dessas muitas aldeias, com vida e coração próprios desde há muito, muito tempo. A sua origem, como convém a lugares que são mágicos, está algures entre os factos históricos e as lendas que os seus habitantes gostam de proclamar. Talvez o cheiro a maresia que ainda hoje percorre todo o bairro seja a única pegada real que une séculos e almas. Quem se der ao trabalho de investigar a raiz do seu nome deparará logo com um labirinto de diz-que-não-diz e histórias mais ou menos romanescas. A teoria mais comum – e, ao mesmo tempo, mais contestada – é que esta parte de Lisboa leva emprestada o nome de António Vicente e Duarte Sodré, irmãos que por ali viveram ao tempo de D. Afonso V, e que eram

proprietários de vários imóveis. Nessa altura, o que hoje conhecemos como a Praça Duque da Terceira seria uma praia com estaleiros, onde se construíam as caravelas que partiam em busca de novos mundos. Graças à importância destes irmãos, o que antes se chamava de Remolares (pelo que subsiste ainda a rua com o mesmo nome), este antigo cais, foi baptizado de Sodré. A contrariar esta teoria, existe uma outra que atribui a designação toponímica a um tal Vicente Sodré, que terá custeado as obras de reconstrução do cais depois do terramoto de 1755. Por outro lado, é também sabido que ali viveram ilustres habitantes, os Sodré Pereira, senhores de Águas Belas e que também possuíram vários imóveis na zona. Como se percebe, a verdade ainda está por descobrir. Mas a questão é: será que é tão importante assim? No Cais do Sodré, tal como em todas as mil aldeias de Lisboa, a verdade é inventada dia a dia, e acontece nesse acontecer. Algo muito parecido com a vida.


POSTO DO RELÓGIO PADRÃO DA HORA LEGAL LISBOA 1913 8

Fotografia: Joshua Benoliel (1873-1932) . Fonte: AML /Câmara Municipal de Lisboa

O que é perene no Cais do Sodré – e palpável, e real – é que esta é uma zona marítima, de encontros e desencontros, amores proibidos e outros remunerados. Uma zona de passagem e de prazer, que acolheu e acolhe gente de todo o lado, da mesma maneira. Uma zona de boémia, de bares licenciosos, de marginais, de prostituição, de cosmopolitismo, de arte. Refúgio de assassinos – foi aqui que se refugiou, por algum tempo, o homem que matou Martin Luther King, Jr. – e de artistas fascinados com a liberdade absoluta que este lugar ainda proporciona. Claro que o tempo deixou marcas – algumas boas e visíveis. A estação de comboios é da autoria de Pardal Monteiro; o moderno projecto de interface com o metro e transportes fluviais tem a assinatura do arquitecto Nuno Teotónio Pereira e intervenções artísticas de António Dacosta. O tempo – ou a sua representação – também aqui nasce e tem lugar: foi em 1914 que foi instalado o relógio que marca a hora legal de Portugal, no que hoje é a praça Duque da Terceira. Em 2011, o relógio foi substituído por outro mais moderno, que ainda hoje lá se encontra. Mas é nas ruas que encontramos o tempo do Cais do Sodré. Passeando com vagar, ouvindo os bateres do coração de quem passa, percebendo como o antigo ganha com o novo e vice-versa. O Cais do Sodré conseguiu actualizar a sua própria natureza, tornando-se assim aquilo que é, dia após dia. E é essa a verdade, porque é isso que ali se vive.

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A MULHER DE BRANCO LISBOA 1956

Fotografia: Carlos Calvet Fonte: Centro Português de Fotografia/DGLAB/SEC


DE VIVA VOZ O MUSICBOX

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Fotografia: alÍpio padilhA

Quem quiser saber a história da vida de um lugar, e de tudo o que ele significa, tem de contar com a viva voz de quem o criou e viveu. Conversa com dois dos fundadores do Musicbox, Alexandre Cortez e Gonçalo Riscado.

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antes

Como se conta a história de um lugar que é tão mais do que um lugar? Como se reúneM , como se resumem todas as esperanças, ambições, atribulações, resoluções de que o Musicbox é ao mesmo tempo o centro e o pretexto?

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Não há espaço, nem tempo, nem palavras. Idealmente, a melhor forma de intuir a história de um lugar é frequentá-lo. Mas neste caso, há muito para dizer. E é por isso que se tem de recorrer aos que estiveram na raiz de tudo, na vontade de tudo. Neste caso, recorremos às memórias, em viva voz, de dois dos fazedores, Gonçalo Riscado e Alexandre Cortez (em conjunto com João Riscado e João Torres). É uma história bonita, asseguro. E o melhor: não tem final à vista. O princípio, então. Como nas melhores histórias, tudo começa por um acaso. Conta Gonçalo Riscado: «Eu frequentava o Cais do Sodré, o Jamaica, o Tóquio... Sempre achei que era uma zona com enorme potencial. E uma noite passei pela porta do Texas e vi que estava fechado. Perguntei a um amigo se conhecia o dono e assim começou um longo ano de negociações. O Texas estava com uma série de problemas legais e de indefinições e tudo isso deu muito trabalho.» Alexandre Cortez: «Já trabalhávamos juntos com a Transformadores (editora discográfica). Decidimos procurar um lugar com carisma, com história. Depois de alguma procura, concluímos que o antigo Bar Texas era o ideal.» O Bar Texas, situado estrategicamente sob o arco da Rua Nova de Carvalho, era um bar carregado de história e de histórias. Os futuros proprietários sabiam-no e respeitavam esse património, o que desde logo trouxe dilemas e hesitações: «Passámos por um período de debate e luto pela perspectiva de irmos destruir o Texas», confessa Gonçalo. E Alexandre: «Houve logo esse factor de confronto entre o espaço físico e a história, que nos provocou desde logo um dilema: que tipo de intervenção deveríamos fazer: uma que respeitasse o passado, que mantivesse as ligações ao que a casa foi (e nisso tínhamos muito por onde pegar, havia, por exemplo, um grande vitral que podia fazer essa ligação); ou por outro lado, fazer uma intervenção mais radical que cortasse com a história do lugar?» E a história era muita: filmes que ali foram rodados, fitas que nunca serão públicas. E projectos originais de Cassiano Branco, zonas decoradas com azulejos da fábrica Viúva Lamego... Todo um património material e afectivo a ter em conta. «Mas a ideia original era fazer um espaço de cultura, preparado para conteúdos com esse valor e que não passassem só por concertos e discoteca.» O Texas, mais do que um bar, era um tesouro adormecido, mas que muitos cineastas – esses ávidos contadores de histórias com o olhar – utilizaram como cenário ou narração nos seus filmes. Realizadores como João Botelho, Alain Tanner, João Pinto Nogueira, Wim Wenders ou Paolo Marinou-Blanco deixaram registado para sempre uma das mais míticas salas nocturnas lisboetas. A riqueza da história do Bar Texas levou a uma pesquisa por parte dos novos proprietários. Descobriram-se histórias de espionagem, agentes da PIDE de serviço e em lazer, criminosos nazis de passagem para a América Latina... Mas, no fim, a decisão apresentou-se clara: a intervenção a fazer teria de ser de raiz, cortando com a memorabilia e nostalgias. Apesar do respeito pela história, o Musicbox estava destinado ao hoje, ao contemporâneo. O trabalho com o arquitecto Rui Órfão foi crucial para garantir esse espírito: «Fez uma arquitectura que não se vê, não distrai. Ela está lá, e dá ao clube uma identidade. Mas o que o Rui conseguiu foi dar prioridade ao conteúdo e não à forma, que era exactamente o que pretendíamos», confirma o Gonçalo.

durante

No dia 6 de Dezembro de 2006, o clube Musicbox abriu oficialmente as suas portas. E como acontece em todos os inícios, não foi fácil. Apesar de um dos objectivos dos responsáveis ser a integração no espírito e na vida do Cais do Sodré, a recepção não foi a melhor: «Ao princípio fomos uma espécie de corpo estranho no Cais do Sodré. As outras casas mais antigas olhavam-nos com uma certa estranheza e, na nossa tradição, só havia o Jamaica e o Tóquio. Mas isso durou pouquíssimo tempo, porque começámos, através da nossa programação, a renovar o público do Cais do Sodré – e isso foi benéfico para todos», lembra Alexandre Cortez. E Gonçalo Riscado concorda: «A primeira fase foi mesmo de desconfiança. Mas depressa todos se aperceberam que este projecto trazia mais gente ao bairro, e gente diferente. Foi o início de um processo que agora teve o seu apogeu, com o Cais do Sodré a estar na moda.» Quanto à filosofia de programação, as primeiras semanas não deixaram dúvidas: «Na primeira semana, tivemos logo um concerto dos Telectu, o que desde logo deu para perceber que apostávamos também numa grande dose de risco. Começámos logo a marcar a diferença também pelo eclectismo, com uma parceria com o festival de música electrónica Roots & Routes, que teve uma forte componente internacional. Lembro-me de alguns grandes momentos, como as rubricas Guest Star ou Songs From Outer Space, entre outros. Graças a esta diversidade, não se pode dizer que o Musicbox tenha um público: tem públicos, que acorrem conforme a programação.» Numa altura em que as salas de concertos eram escassas, a programação do Musicbox começou a fazer-se notar e a ter repercussão tanto no público como nos media. E os frequentadores percebiam facilmente a exigência que presidia a tudo, desde a programação, atè às condições técnicas invulgares. Com uma mais-valia: «Nunca quisemos ser elitistas», afirma Gonçalo. «O nosso eclectismo só se baseia na qualidade, para nós não há géneros menores. Temos uma programação de autor, sem reflectir os gostos de um autor.» Aos poucos, o que foi um risco assumido transformouse numa certeza para o futuro, visível até nos números: no primeiro ano o Musicbox recebeu cerca de 60 mil pessoas; hoje o clube acolhe anualmente 115 mil entusiastas.

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CLUBE TEXAS LISBOA 1956 Fotografia: Billy Ray

MUSICBOX LISBOA, CAIS DO SODRÉ 2012 Fotografia: JOão silveira ramos


Musicbox, Agora parte viva do Cais do Sodré O Musicbox nunca foi pensado para ser mais uma ilha nocturna, desligada do ambiente em que vive. Pelo contrário, desde o princípio que a intenção de participar na vida do Cais do Sodré foi declarada. «Quisemos, desde o princípio, ter um sentimento de participação e renovação do bairro. A quantidade de espaços abandonados e disponíveis nessa altura antevia a possibilidade da criação de uma comunidade artística no Cais. E ainda hoje tentamos que seja assim. Lembrome que no início divulgávamos dois ou três locais aqui do bairro nos nossos programas. Havia uma vontade de pôr tudo a mexer», diz Gonçalo. E Alexandre confirma: «é muito importante para nós manter a ligação à vida cultural da cidade e do próprio bairro. Nesse sentido, fomos pioneiros nesta renovação e integração do Cais do Sodré, modernizando sem abandonar a história.»

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Há todo um projecto que transcende e necessita do Musicbox, e que terá sido pensado desde o início. A dar-lhe força, uma vontade partilhada pelos quatro sócios de agirem na vida cultural da cidade. Para que isso seja possível, é necessária toda uma estrutura que um mero clube nocturno não pode garantir. A CTL - Cultural Trend Lisbon é o nome da empresa de gestão cultural a que o Musicbox veio dar uma outra dimensão. A ideia original era construir essa estrutura de produção cultural, de forma a que fosse auto-sustentável e, por definição, independente. Esse objectivo foi conseguido, com o Musicbox a ser uma peça central na estratégia cultural da CTL: «O Musicbox alimenta outros projectos e os outros projectos alimentam o Musicbox, no sentido em que lhe dão notoriedade e reforço da marca», afirma Gonçalo Riscado. «Isso nota-se mesmo a nível internacional.» Mas não se pense que tudo vive de um romantismo descabelado: o clubbing, por que a casa já é famosa, garante muito da viabilidade financeira de uma estrutura que Gonçalo diz ser «igual à do CCB, em escala obviamente diferente». A realidade é a realidade. Mas ali descobre-se que a gestão pode ser compatível com a descoberta e o romantismo. «Fazemos o que gostamos», diz Gonçalo. Haverá ambição maior?

amanhã

A história do Musicbox é tão rica como o seu potencial, e a visão que se tem do dia de hoje para o amanhã mostra uma perspectiva real de crescimento, sobretudo como parte de uma estratégia cultural ousada e integrada na comunidade, que é a marca de acção da CTL. Mas quer-se mais: «A acção da CTL tem duas componentes essenciais: a gestão e produção cultural (que agora também acontece noutro espaço, o Povo); e o entretenimento. Mas não é de descartar a nossa participação em outros projectos que não sejam criados por nós», diz Gonçalo Riscado. E revela um caminho: «A médio prazo, gostaríamos – a CTL com o Musicbox – de ter mais participação na formação de um público para a cultura. Envolver as comunidades no processo artístico. Acredito que os agentes culturais têm responsabilidades no domínio da formação, e isso é algo que queremos e iremos fazer. Acho que é até um factor crucial para o desenvolvimento do país.» A dimensão que o Musicbox já tem, mesmo a nível internacional, facilita estas ambições realistas e pensadas. E faz perceber que, se o melhor ainda está por vir, esse melhor continua a ser construído dia a dia, noite a noite. Com a mesma força, sonhos e vontade que fizeram abrir as suas portas, nesse Dezembro de 2006. OUT. 2011 . FOTOGRAFIA: ALíPIO PADILHA

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FOR TES MEMÓ RIAS FOTOGRAFIA: FÁBIO TEIXEIRA

Seis anos contêm muitos passos, muitos compassos, muitos ritmos cardíacos, euforias, sinfonias, harmonias. Presos nestes seis anos de vida do Musicbox, estão tantos momentos de eterna efemeridade que se tornaram clássicos das memórias mais íntimas de quem os viveu. Escolher os melhores ou os mais significativos é ingrato e injusto. Mas mesmo assim tem de ser feito, sabendo que tanta vida se deixou de fora.

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Inauguração 06 Dez 2006

Há Revolta no Cais 24 Abr 2007

ROOTS & ROUTES 7 a 9 de Dez 2006

10 anos Sonar Kollectiv c/ Jazzanova 27 Jul 2007

A inauguração do Musicbox ficou marcada pelo lançamento de um vinyl 7’, com dois temas originais, compostos por Nuno Rebelo para assinalar a data. A outra memória dessa noite foi a reunião, em palco, de Kalaf, Sam the Kid e André Carrilho que foram responsáveis por um espectáculo memorável, único e irrepetível. - Festival internacional dedicado às novas tendências, que teve lugar nos primeiros três dias de funcionamento do Musicbox e com uma programação onde se destaca Kode9 & The Spaceape. -

?UESTLOVE 16 Dez 2006

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Espectáculo íntimo e exclusivo para o clube de fãs da banda. Tanto uns como outros, nunca o vão esquecer. -

O único espectáculo de Deolinda até à data no Musicbox, marcou o arranque da primeira tour nacional da banda. Um concerto que nos deixou antever o sucesso do grupo e com razão. -

São várias as memórias de Riding Panic, mas a agilidade com que o baixista Mokoto escalava as paredes do Musicbox, do palco ao bar, é sem dúvida inesquecível. A primeira vez em que tocaram no clube foi em Março de 2007 e, desde então, sempre nos presentearam com excelentes espectáculos, sempre cheios. -

Deize Tigrona 13 Abr 2007

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Ursula Rucker e JP Simões. Jun 2010 . FOTOGRAFIA: CÁTIA BARBOSA

“Lisboa Crónica Anedótica” de leitão de barros 19 Jul 2007

Primeira apresentação do espectáculo criado por Flak, que se propunha a dar uma nova banda sonora (musicada ao vivo) ao filme “Lisboa Crónica Anedótica”, de Leitão de Barros. -

Riding Panic 28 Mar 2007

?uestlove. dez 2006. foto promocional

Noite memorável inserida nas comemorações da editora Sonar Kollectiv. -

Membro dos The Roots, foi a primeira aposta programática internacional do Musicbox. Um espectáculo incrível, em que ?uestlove se apresentou a solo. O mundo começou aqui. -

Xutos e Pontapés 10 Mar 2007

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Pela primeira vez, alguns dos bares do Cais do Sodré uniramse por uma causa comum: a comemoração da passagem de mais um ano sobre o 25 de Abril. Muitos artistas e bandas aderiram a esta iniciativa, que também ficou marcada pela livre circulação entre os espaços aderentes. -

Num altura em que o funk carioca estava a explodir na Europa, Deize Tigrona (um dos principais nomes do movimento) fez a sua estreia em Portugal.

Deolinda 29 Set 2007

B.Leza no Musicbox 18 Out 2007

A primeira itinerância das memoráveis noites do B.Leza aconteceu no Musicbox. Uma noite incrível! -

Little Dragon 16 Nov 2007

Estreia da banda em Portugal, para apresentar o seu primeiro disco. Concerto que nos deu a conhecer a incrível energia e voz de Yukimi Nagano. -

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Espanha in Musicbox c/ curtas de La Boca del Lobo 21 Nov 2007

Extensão do festival Curtas de La Boca del Lobo, em Lisboa, inserido no festival de celebração de cultura ibérica, Espanha in Musicbox. -

Aberto até de Madrugada 22 Fev 2008

Espectáculo criado por Fred Ferreira, que revisitou os temas mais emblemáticos presentes na banda sonora dos filmes de Quentin Tarantino e que contou com a participação de Rui Reininho, Tiago Bettencourt, Cláudia Efe, Carla Bolito, Alex Cortez, Zé Pedro, Flak, Tó Trips, Tomé Freitas, Fred Ferreira, Kalu e José Lencastre. -

Festa de apresentação do filme “The Lovebirds” 13 Mar 2008 O Musicbox foi o palco para a ante-estreia do filme “The Lovebirds”, de Bruno de Almeida, com a presença (e concerto) de Michael Imperioli, actor que se tornou conhecido pela série de culto “Os Sopranos”. -

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Buraka Som Sistema 18 Mar 2008

Pré-apresentação do álbum de estreia dos Buraka Som Sistema. Desde logo, ali estiveram presentes todos os elementos que iriam levar os Buraka tão longe. -

Juan Atkins 14 Mar 2008

Actuação memorável do padrinho do techno. -

Heavy Trash 1 Mai 2008

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NOSAJ THING . SET 2011 . FOTOGRAFIA: PUNCHMAGAZINE

A primeira vez que os Heavy Trash aterraram em Lisboa foi inesquecível. Matt Vetta Ray e John Spencer foram responsáveis por um concerto carregado de rock e soul, que deixou o esgotado Musicbox em êxtase.

Cais do Sodré Funk Connection 11 Set 2008

O primeiro de uma longa sequência de concertos da primeira banda residente do Musicbox. Logo no primeiro concerto, os CSFC mostraram porque são a principal referência no género em Portugal. E fizeram questão de repetir a festa uma vez por mês, tornando o Musicbox no Apollo Theater do Cais do Sodré. São muitas e boas as memórias de CSFC. -

Orelha Negra 23 Out 2008

A primeira vez que os Orelha Negra tocaram ao vivo aconteceu na segunda edição do festival Jameson Urban Routes. O concerto, envolto de grande secretismo, deixou claro que estávamos perante mais um caso de futuro sucesso. Recordar a alegria com que os membros estavam no final do concerto é saber que a nossa história é de grande cumplicidade e que o nosso projecto faz sentido. -

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Arthur Baker 25 Out 2008

Arthur é um super produtor americano. Ao longo da brilhante carreira trabalhou com Afrika Bambaataa, Planet Patrol e New Order, razões mais do que suficientes para justificar um Musicbox esgotado e preparado para ouvir uma verdadeira lição de música de dança. Tecnicamente irrepreensível, Arthur Baker foi simplesmente brilhante. -

Gilles Peterson 31 Out 2008

O DJ set que Gilles Peterson fez na primeira vez em que esteve no Musicbox foi tão bom que o próprio anunciou que tinha sido o seu 3º melhor set do ano. Incrível. -

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cheryl . JAN 2011 . FOTOGRAFIA: BUBY CANAL


The Dodos 6 Dez 2008

O primeiro disco dos The Dodos tinha acabado de ser considerado um dos melhores registos indie de 2008, quando fizeram a estreia em Portugal, no palco do Musicbox. Um concerto brilhante, esgotado e que mostrou o início de uma banda, que se viria a tornar uma das principais referências do género. -

Alice Russell 13 Dez 2008

O primeiro de vários espectáculos de Alice Russell no Musicbox serviu para apresentar o disco “Pot of Gold” e foi o único em que se apresentou com toda a sua banda. O funk e soul de Alice Russell são bem conhecidos do público nacional, sendo esta a primeira vez que tocou em Lisboa. Não será difícil adivinhar o resultado e entusiasmo do público. -

Red Bull I-Battle 19 Dez 2008

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A primeira iPod Battle realizada no país, co-produzida com a Red Bull Portugal. -

XX aniversário Peste & Sida 12 Fev 2009

Concerto comemorativo dos 20 anos da mítica banda punk portuguesa, Peste & Sida. Casa cheia. -

Gaz Mayal 20 Fev 2009

O carnaval do Musicbox ganhou outro sentido com a presença de Gaz Mayal, figura histórica na cena musical londrina e presença assídua no carnaval de Notting Hill, desde 1981. -

Lisbon Calling 27 Fev 2009

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WE HAVE BAND . NOV 2010 . FOTO PROMOCIONAL

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THE STEPKIDS . DEZ 2011 . FOTO PROMOCIONAL

Espectáculo dedicado ao movimento punk com a presença de Zé Pedro, dos Xutos & Pontapés. A sessão contou com a exibição de filmes sobre o género e concerto dos Clash City Rockers. -

Biel Ballester 09 Abr 2009

Estreia em Portugal, após ter participado na banda sonora do filme “Vicky Cristina Barcelona” de Woody Allen. Executante exímio dedicado ao jazz manouche, este espectáculo teve direito a crítica no New York Times e a aplausos no Musicbox. -

Dead Combo + Camané + José Mário Branco 18 Abr 2009 Espectáculo histórico inserido na primeira edição do festival Lisboa Capital República Popular, juntou em palco Dead Combo, Camané e José Mário Branco para uma actuação arrepiante, que culminou com uma versão única de “Inquietação” de José Mário Branco, acompanhado pelos restantes músicos. Quem lá esteve sabe bem as emoções que por ali passaram. -

Pete Doherty 11 Mai 2009

Insólito. Foi-nos deixado na porta numa noite de sábado um bilhete a perguntar se teríamos interesse em ter um concerto de Pete Doherty. Dissemos que sim e na segunda-feira lá estava Pete. Um concerto de grande intimidade que terminou com vários elementos do público a tocar com Pete. Absolutamente extraordinário e mais um contributo para o fazer da lenda Doherty. -

Tacones Lejanos 30 Mai 2009

Espectáculo único criado para o festival Soundtracks, que revisitava os temas mais emblemáticos, presentes nas bandas sonoras dos filmes de Pedro Almodóvar. Participaram Carla Bolito, Liana, Inês Jacques, Luanda Cozetti, Filipe Valentim, Alex Cortez, Eduardo Raon e David Rodrigues. -

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La Prohibida 12 Jun 2009

Travesti icónico das noites madrilenas, fez na noite de Santo António a estreia em Portugal. Nem só de música e bandas se fizeram estas memórias. -

CIbelle + Paulo Furtado 23 Out 2009

Foi no Musicbox, por ocasião do festival Jameson Urban Routes, que Cibelle tocou pela primeira vez ao vivo o seu mais recente disco “Las Venus Resort Palace Hotel”. O concerto deixou antever um excelente disco. Porém, o momento alto da noite aconteceu com a subida de Paulo Furtado ao palco para tocar com Cibelle. Magias a que o palco deste clube se presta. -

Mocky 30 Out 2009

Mocky é um músico genial que, ao longo da sua carreira, navegou entre o jazz, o hip hop e a electrónica. No Musicbox, apresentou o brilhante “Saskamodie” e presenteou o público com duas horas de concerto inesquecíveis. Um dos mais bonitos concertos de 2009! -

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Mono 9 Mar 2010

Estreia em Portugal de uma das mais importantes bandas de rock stoner do Japão. Espectáculo esgotado com vários meses de antecedência, fruto do imenso culto da banda. -

Lançamento do livro “2666” de Roberto Bolaño 5 Mar 2010

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Planningtorock. OUt 2012. Fotografia: Fábio Teixeira

A editora livreira Quetzal por diversas vezes associou-se a iniciativas da CTL/Musicbox, relacionadas com a palavra dita ou escrita. Neste caso concreto, assinalámos o lançamento do livro “2666”, que trouxe ao Musicbox centenas de admiradores da obra deste extraordinário escritor chileno. A edição de Bolaño, em Portugal, foi um fenómeno editorial.

Ursula Rucker 17 Jun 2010

A nossa relação com Ursula Rucker é de amor! Na nossa primeira vez – no âmbito do Festival Silêncio – apresentouse a capella. Um espectáculo de grande intensidade emocional, que contou ainda com uma curta participação de JP Simões. -

Saul Williams 25 Jun 2010

Presente na primeira edição do Festival Silêncio, Saul Williams foi arrebatador na sua estreia em Portugal. O poema “Coded Language” levou o esgotado Musicbox ao rubro. -

Tony Levin 29 Jun 2010

Estreia nacional de um dos baixistas mais importantes da história da música, Tony Levin. Cúmplice de Peter Gabriel e músico de estúdio para nomes como Pink Floyd, Lou Reed, ou Tom Waits. -

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Pop Dell’Arte – Lançamento de disco “Contra Mundum” 15 Jul 2010

Após um interregno, os Pop Dell’Arte voltaram aos discos com “Contra Mundum” e escolheram o Musicbox para o lançamento. Um espectáculo histórico, que mostrou um João Peste em excelente forma. -

El Guincho 23 Out 2010

Sem dúvida, um dos concertos mais energéticos da história do clube. A alegria da música de El Guincho conquistou o esgotadíssimo Musicbox. Pelo espaço cibernético, ainda rodam clips deste espectáculo, que testemunham a energia absolutamente contagiante, vivida nesta noite. -

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Saul Williams. Jun 2010. FOTOGRAFIA: LAÍS PEREIRA


The Klaxons 24 Out 2010

Concerto inserido na iniciativa Optimus Secret Shows, de entrada livre, teve a particularidade de acontecer no início de noite de um domingo, sendo que a fila para o concerto se começou a formar na madrugada de sábado para domingo. -

WhoMadeWho 29 Out 2010

Actuaram no Musicbox por três ocasiões, todas esgotadas. O trio dinamarquês é verdadeiramente especial, havendo uma relação muito emotiva na forma como encaram o palco. No Musicbox, mostraram grande disponibilidade para tocar no meio do público, trepar paredes e fazer crowdsurfs memoráveis! -

We Have Band 6 Nov 2010

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Os dois discos lançados pela banda tiveram apresentação no Musicbox. Dois concertos de muita dança e entrega, por parte do público. -

Efterklang 19 Nov 2010

Estreia da banda de culto dinamarquesa em Portugal, para apresentar o disco “Magic Chairs”, registo que confirmou a sua rápida ascensão num curto período de tempo. A nossa relação com Efterklang continuou ao longo dos anos, tendo o Musicbox sido palco de exibição dos seus dois últimos documentários. -

Jorge Palma 25 Dez 2010

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Zeca Medeiros. Jan 2012. fotografia: Ana pereira

Concerto do enorme Jorge Palma, no dia de Natal, na mais improvável das combinações. O resultado só poderia ter sido bom! -

Cheryl 29 Jan 2011

Estreia do colectivo-festa Cheryl em Portugal, que tinha acabado de ser eleito pela “Time Out” de Nova Iorque como uma das cinco melhores festas da cidade que nunca dorme. A grande afluência demonstrou que o público está atento ao que se passa no outro lado do Atlântico. A festa repetiu-se por mais duas vezes e não perspectivamos fim nesta relação “amor-amor” com o colectivo. -

Lula Pena 1 Abr 2011

Concerto poderoso de Lula Pena. Sala esgotada para o golpe emocional de uma das vozes femininas nacionais de que mais gostamos. -

Kokolo Afrobeat Orchestra 9 Abr 2011

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Regresso a Lisboa de uma das mais importantes bandas de afrobeat da actualidade: Kokolo Afrobeat Orchestra foram responsáveis por uma noite de longas horas de dança, que contou ainda com a companhia de DJ Floro e Marcos Boricua. -

Rádio Macau 16 Abr 2011

Um dos últimos espectáculos da banda em Lisboa, no âmbito do festival Lisboa Capital República Popular, terminou em apoteose, com a participação de Manuel Fúria e Manuel Freire. -

Chain & The Gang 4 Mai 2011

Ivan Svenonious, referência activista do soul rock, fez finalmente a estreia em Portugal, para apresentar o seu mais recente disco “Music’s Not For Everyone”. -

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DESTROYER. JUL 2012. FOTO PROMOCIONAL


Actress 21 Mai 2011

A primeira vez de Actress superou todas as expectativas. Com o disco de estreia, acabado de editar, assistiu-se e dançou-se ao som de um memorável DJ set. -

Mount Kimbie 14 Mai 2011

Uma das bandas mais importantes de 2011, apresentou-se em Portugal, pela primeira vez no palco do Musicbox, para apresentar o disco de estreia “Crooks and Lovers”. -

Nosaj Thing – Lançamento Punch Magazine 15 Set 2011

O lançamento da web-magazine “Punch Magazine” trouxe até ao Musicbox a estreia de Nosaj Thing, referência incontornável na cena beats de Los Angeles. -

Shabazz Palaces 28 Nov 2011

“Black Up”, o disco de hip hop de 2011 para a grande maioria da crítica internacional, teve estreia numa segunda-feira chuvosa de Novembro. O espectáculo foi digno de entrar directamente na lista de melhores do ano. -

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Suuns 2 Dez 2011

O concerto que os Suuns deram no Musicbox superou todas as expectativas. O ambiente negro, denso e extremamente dançável contagiou uma sala esgotada e rendida aos canadianos. -

The Stepkids 8 Dez 2011

A banda de funk, listada como um dos grandes nomes a ter em atenção durante 2013, teve na sua estreia tudo aquilo que se esperava: sala esgotada e muita dança. Brilhante! -

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Twin Shadow. Out 2012. Fotografia: Fábio Teixeira

Totally Enormous Extinct Dinosaurs 9 Dez 2011

Era fácil adivinhar o que estava previsto para esta noite: invasão do Musicbox para ouvir pela primeira vez a electrónica híper contagiante de Totally Enormous Extinct Dinosaurs. Dito e feito! -

Zeca Medeiros 27 Jan 2012

Zeca Madeiras subiu ao nosso palco por diversas vezes, mas destaca-se a apresentação do seu último disco “Fados, Fantasmas e Folias”. Um performer de excelência. -

Megafaun 24 Fev 2012

Os Megafaun são responsáveis por nos aproximarem a uma América rural com raízes no folkrock da Carolina do Norte. A sua estreia em Lisboa levou-nos em longas viagens numa carrinha pick up vermelha, que teve no encore o seu ponto alto. Trezentas pessoas a cantar a capella “come and ease your mind, come and ease your worried mind” foi mágico. -

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Fink 2 Mar 2012

Regresso de um dos mais importantes singers/songwriters britânicos da última década. Duas horas de grande intimidade, entre Fink e o público, foram suficientes para não esquecer o calor que se fez sentir no Musicbox. -

Zen 24 Mar 2012

Mítica banda rock do final dos anos 90, regressou em 2012 para uma série de concertos pelo país. No Cais do Sodré, vários melómanos esgotaram a sala para assistir ao regresso em peso dos Zen. -

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MOUNT KIMBIE . MAI 2011 . FOTO PROMOCIONAL


Taylor Mcferrin 6 Abr 2012

Filho de Bobby McFerrin, apresentou em Lisboa o seu mais recente álbum na companhia de DJ Ride. Inesquecíveis dez minutos em que os dois se juntaram em palco para uma sessão de improviso beatbox vs. scratch. -

Optimus Discos no Cais Sodré 12 Abr 2012

Milhares de pessoas desceram ao Cais para ver e ouvir ao vivo, e numa só noite, treze dos mais representativos projectos duma nova geração de músicos portugueses, todos eles editados pela Optimus Discos. Muitos deles são agora estrelas, por mérito próprio. -

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VIDEOGRADEN XXI: Homenagem a Jorge Lima Barreto 11 Mai 2012

Um concerto de homenagem ao recentemente falecido músico e musicólogo. Em palco e sob a direcção do seu cúmplice nos Telectu, Vítor Rua, estiveram alguns dos mais importantes nomes da música electroacústica nacional. O título do espectáculo é também ele uma homenagem à série de espectáculos/instalações que, desde 1985, os Telectu vinham a desenvolver com o artista plástico António Palolo. -

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Moon Duo. Jul 2012. fotografia: ana pereira

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Six Organs of Admittance. Out 2012. fotografia: fábio teixeira

The War on Drugs 31 Mai 2012

A primeira vez que os The War on Drugs subiram ao palco do Musicbox seguramente continuará na memória de quem lá esteve. E se o concerto já corria bem, que dizer sobre o momento em que Elliott Levin subiu ao palco para uma sessão de improviso com a banda! -

Ante-estreia do filme “Não me importava morrer se houvesse guitarras no céu” 7 Jun 2012

Tiago Pereira é responsável por um trabalho extraordinário na documentação da música tradicional portuguesa. Em 2012, fez no Musicbox a ante-estreia do seu novo registo dedicado à chamarrita (música tradicional açoriana). -

Destroyer 17 Jul 2012

Dan Bejar foi responsável por um dos discos do ano de 2011, “Kaputt”: sem dúvida um registo brilhante. Um regresso emotivo a Lisboa com a banda a ser recebida com uma legião de fãs que esgotou o espectáculo com semanas de antecedência. -

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PRO JECTOS ESPE CIAIS Fotografia: alípio padilha

Para além da programação própria, o Musicbox sempre foi e será casa para projectos especiais, cujo conteúdo vá de encontro com a sua tradição de modernidade e desafio. A vocação de acolhimento cultural do clube é uma característica pensada, desde o início da CTL, e realizada, na sua plenitude, por iniciativas como estas. Nesse sentido, criou-se uma série de festivais que soltam a música e a palavra pela cidade, e que já são uma referência de lazer e de cultura.

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O Jameson Urban Routes nasceu no ano de 2007, fruto de uma associação do Musicbox – que assegurou o conceito e a programação – e a marca de whiskey Jameson. É o primeiro festival indoor dedicado à música urbana, aqui representada nos seus inúmeros caminhos, que tanto passam pelas actuações em palco como pela versão clubbing. Apostando no eclectismo e na qualidade, este festival é uma referência que junta um público fiel, que tanto vai ver os já consagrados, como pode descobrir os valores emergentes.

HEALTH. OUT 2011. FOTOGRAFIA: ALÍPIO PADILHA

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Jameson Urban Routes

1. WHOMADEWHO. OUT 2012. FOTOGRAFIA: FÁBIO TEIXEIRA 2. TOM VEK. OUT 2011. FOTOGRAFIA: ALÍPIO PADILHA 3. KODE9. OUT 2012. FOTOGRAFIA: FÁBIO TEIXEIRA


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PROGRAMA JAMESON URBAN ROUTES 2007

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25 OUT Rocky Marsiano Boozoo Bajou Tiago Santos 26 OUT Micro Audio Waves Mike Stellar Richard Dorfmeister 27 OUT Cool Hipnoise Stereotyp + Al Haca Selecta Lexo + Mc Wadada 2 NOV Dj Ride Bugz in the Attic James Krohn + Melo D 3 NOV Nemo Rui Maia Rui Murka -

2008 23 OUT DJ Manaia Orelha Negra DJ Ride Booty Call DJ Crew 24 OUT Jamie Woon JP Simões apresenta Carioca Express James Krohn Pilooski 25 OUT Reservoir Dogs Miguel Quintão Arthur Baker 31 OUT Macacos do Chinês Turbo Trio Mike Stellar Gilles Peterson

1 NOV Romi Anauel Ebony Bones João Gomes + Tiago Santos -

2009 22 OUT Rma DJ Ride & The Beat Bombers Bezegol Motown Junkie Mr. Mute X-Acto Ride 23 OUT Andreya Triana Cibelle Tm Juke Mr. Bird 24 OUT Bilan Cacique 97 Jazzanova Mike Stellar 30 OUT Tiguana Bibles Mocky Markus Kienzl (Sofa Surfers) Rui Murka 31 OUT Tora Tora Big Band Olivetreedance Ori Shotnez (Balkan Beat Box) Tiago Santos -

2010 21 OUT You Can’t Win Charlie Brown Casiotone for The Painfully Alone DJ Ride Showcase 22 OUT To Trips Louie Austen The Correspondents Medasosangue 23 OUT Noiserv Toro Y Moi El Guincho 29 OUT Marina Gasolina

Whomadewho Jimmy Edgar Hang Em High 30 OUT Nicola Conte Marc Hype & Jim Dunloop The Groovy Kids JPG from Daltonic Brothers -

2011 20 OUT The Grasspopers Beatbombers com Rodrigo Amado Jacques Green 21 OUT Dear Telephone Sun Airway Micachu - Micachu and the Shapes (DJ set) Matt Didemus - Junior Boys 22 OUT The Throes e The Shine Health Floating Points Mike Stellar 28 OUT Old Jerusalem Tom Vek Joakim Rui Murka 29 OUT Tigrala Owiny Sigoma Band The Very Best (DJ set com MC Mo Laudi) Granda Medasosangue -

2012 18 OUT Anarchicks Youthless Breach (Aka Ben Westbeech) Mirror People & Ruitrintaeum 19 OUT Lapalux Planningtorock Jacques Renault Rui Murka 20 OUT Moullinex feat. The Discotexas

Band Whomadewho Rebeka Xinobi 26 OUT Gala Drop Six Organs Of Admitance Kode 9 Marfox 27 OUT Sensible Soccers Twin Shadow Ifan Dafydd Jorge Caiado -

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PROGRAMA LISBOA CAPITAL REPÚBLICA POPULAR 2009

Lisboa Capital República Popular

Sérgio Godinho + JP Simões convida Sérgio Costa + Couple Coffee + Janita Salomé + Sam The Kid +Cool Hipnoise + Camané + Dead Combo + José Mário Branco

2010

Manchete do jornal: “Utopia” Espectáculos:

Samuel Úria + Boss AC + Óquestrada + B.Fachada Carminho + Pedro Abrunhosa + Os Quais + Brigada Vítor Jara + Vitorino -

2011

Nascido em 2007, o Lisboa Capital República Popular tornou-se rapidamente um dos projectos-emblema da CTL e do Musicbox – e também um dos que gera maior participação por parte do público. Tendo como pretexto e razão de ser os valores que nos foram oferecidos pelo 25 de Abril, como a liberdade, solidariedade ou cidadania, o LCRP pretende celebrá-los e discuti-los, mantendo-os assim vivos e renovados. Este festival não se esgota apenas em espectáculos que reúnem artistas de várias gerações: todos os anos é editado um jornal gratuito, coordenado por um convidado diferente, que completa e desafia a reflexão festiva do tema escolhido para cada ano. Em 2012, todo este movimento foi ampliado com a realização de debates públicos que pretendem envolver ainda mais a comunidade.

Manchete do jornal: “Liberdade de Expressão”

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Espectáculos:

Aldina Duarte + Social Smokers com JP Simões + Dealema + Zeca Medeiros + Velha Gaiteira + Cacique 97 + Rádio Macau + Manuel Freire + Os Golpes com Rui Pregal da Cunha -

2012 José Mário Branco. Abr 2009 . FOTOGRAFIA: FERNANDO RAMOS

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Manchete do jornal: “Vencer é Lutar” Espectáculos:

Manchete do jornal: “Ser Solidário” Debate: “Ser solidário é ser humano?” com Franciso Silva e Pedro Marques Lopes

Espectáculos:

Luís Varatojo + Ladrões do Tempo A Música Portuguesa A Gostar Dela Própria, com Gaiteiros de Lisboa, Toc’Andar e Omiri + Diego Armés + Cão da Morte + Vicente Palma + “Vozes Na Luta”: Filho da Mãe, Manuel Fúria, Cão da Morte, Flak, Vicente Palma, Bob Da Rage Sense, Bruno Vasconcelos, Inês Pereira, Diego Armés, Afonso Cabral, Hélio Morais + Quim Albergaria e Elisa Rodrigues + Júlio Resende. Músicos e arranjos: Flak, Filipe Valentim e Nuno Pessoa -

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ORA PORRA! A tua virtude política preferida? A desistência

O principal traço de carácter de um revolucionário? Insubordinação

A qualidade que mais aprecias em Marx? Não conheço pessoalmente.

Um homem para a revolução? Que revolução?

Uma mulher para a revolução? A que horas?

O principal defeito do 25 de Abril? Parecer um domingo.

A natureza humana.

Qual deveria ser a divisa de qualquer revolucionário?

Ora porra! “Questionário Revolucionário” a JP Simões, jornal Lisboa Capital República Popular, 2009 -

TALVEZ FODER Com que notas se canta a utopia?

Vitorino: Com as necessárias. O Zeca Afonso cantou-a como ninguém. Samuel Úria: Não tenho bem a certeza, mas julgo que o Si bemol anda lá pelo meio. Pedro Abrunhosa: As do “Talvez Foder” ajudam.

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A tua ocupação favorita em 1974?

Excerto de entrevista colectiva no jornal Lisboa Capital República Popular, 2010. -

O teu sonho de liberdade?

EM POVO, OU SEJA, EM FORMA DE VIDA INTELiGENTE

A minha mãe.

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O que gostarias que a revolução tivesse alterado e não alterou?

Ainda não acabou.

O teu pesadelo de sociedade? Ruanda.

Se fosses um político, quem gostarias de ter sido? Jesus Cristo.

Gostarias de viver num país socialista?

Mas então eu não vivo num país socialista?

Que outra flor poderia ter sido o símbolo do 25 de Abril? A pêra.

Os teus músicos de intervenção preferidos?

Não conheço músicos de intervenção: só bons e maus músicos.

Que cor associas à revolução?

O verde das fardas fraldiguentas do exército.

Que tipo de censura mais abominas? A velada.

O teu livro de intervenção? O que estiver mais à mão para atirar.

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Cada geração também se caracteriza pelo que partilha – por experiências comuns, afinidades culturais, pelo modo como articula o seu tempo (passado e futuro) – e se transmuta de multidão em povo, ou seja, em forma de vida inteligente. Proceder a essa articulação não requer apenas audácia e ousadia, exige a elaboração de uma linguagem significante e extensiva, de momentos monumentais e memoráveis, de imagem-cristal que lhe sejam próprias. O riso escarninho afasta o temor, mas é fraco apoio perante o espectáculo dos que soçobram no fogo, nas águas, ou na vertigem do metal pesado. Excerto do texto de Jorge Pereirinha Pires, no Jornal Lisboa Capital República Popular, 2011. -

AFINAL O QUE É SER HUMANO Faz agora quatro anos que o Musicbox (CTL – Cultural Trend Lisbon) decidiu promover um evento que celebrasse a efeméride do 25 de Abril, promovendo a reflexão e discussão sobre a actualidade de temas e valores que são de sempre e de todos. As utopias, a censura, as lutas pela liberdade foram temas que serviram de mote a anteriores edições e pretexto para juntar em palco músicos e artistas de diferentes gerações. Num período conturbado em que são postas em causa algumas das conquistas e até o próprio sistema democrático, o tema escolhido para esta edição foi ‘Ser Solidário!’. Como sempre, o nosso jornal tem como objectivo ajudar a reflectir sem nunca comprometer o agora. Nesse sentido, propomos olhares diversos sobre a maneira de ver a solidariedade – da mais desiludida à mais optimista – através de textos, entrevistas e depoimentos. O que nos interessa é o hoje. Mas o que é mais importante é o que é perene. E os valores de entreajuda e comunicação – afinal o que é ser humano – são aquilo que nos motiva e que procurámos, nesta edição, tornar mais do que reféns de um tempo ou lugares. Nunca o apelo à solidariedade foi tão urgente, nunca a união em prol da luta por um regime que favoreça a igualdade de oportunidades foi tão necessária. Poderá a pessoa solidária ser a base de uma sociedade solidária ou será a pessoa solidária um ser solitário e a solidariedade apenas mais um sistema de troca, regido pelo mercado dos nossos interesses pessoais? LCRP lembra Abril como uma motivação para pensar e agir, sempre! Editorial do jornal Lisboa Capital República Popular, 2012. -

ELA EXISTE, EU SEI Muitas versões de mim depois, surpreendo-me a escrever sobre esses ontens que cantavam, de um optimismo quase absurdo mas sincero. E lamento, lamento tanto que a vida me tenha ensinado que o bicho humano gosta de praticar pouco o que louva. Não se trata de não aceitar na solidariedade; trata-se de acreditar (ou de constatar) que ela tem aparecido apenas na pior das situações ou instigada por campanhas massivas. Ela existe, eu sei. Há provas de pessoas e instituições que a praticam, sem medo nem vaidades. Mas por outro lado, lembro que os mesmos que aderimos tão entusiasticamente na ajuda às vítimas do terramoto haitiano são exactamente os mesmos que os deixam agora no esquecimento. A media e a nossa consciência flexível faz o resto. Excerto do texto de Nuno Miguel Guedes, no jornal Lisboa Capital República Popular, 2012. 45


MUSICBOX CLUB DOCS

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Mais do que um olhar, mais do que um simples registo museológico, o projecto Musicbox Club Docs consiste numa série de documentários - numa co-produção entre a CTL e a Droid-id - que captura os novos criadores de música, integrados no seu habitat natural: a cidade de Lisboa. A ambição foi e é clara: retratar músicos e bandas marcantes numa época, para que esses dias fiquem registados. Os caminhos estão abertos e apenas há que estar atento. A lógica é a mesma: sentir o pulsar cultural da cidade, agarrar esse sentir no que é traduzido em música e mostrar, para que aquilo que poderia ser apenas uma polaróide dos dias se transforme num registo e num legado. Porque a arte não pode ser separada da vida, e a vida acontece dentro de todos os dias. Todos os Club Docs tiveram a sua estreia no Indie Lisboa e posterior exibição, em duas séries, na RTP2. Porque a arte e os artistas resistem à vida e ao tempo, este projecto anual vai continuar.

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Série 1 E1 - JP SIMÕES E2 - MICRO AUDIO WAVES E3 - DEALEMA E4 - TERRAKOTA E5 - X-WIFE Série 2 E1 - DIABO NA CRUZ E2 - LINDA MARTINI E3 - DJ RIDE E4 - POP DELL’ARTE E5 - DEAD COMBO


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«Neste momento, só ouvimos o “estamos em crise” e “eu já não estou nessa”, nem engulo essa forma de pensar e essa crítica pouco inteligente e manipuladora. Resta saber se há mesmo crise. Se calhar não há. É tudo uma construção para nos obrigar a pensar de determinada forma.» João Peste, Pop Dell’Arte

«Já não tenho a ousadia de ter diagnósticos, acho que o nosso país é uma comunidade de individualistas, sem hábitos de construção colectiva e isso não é mau nem é bom. É uma questão de carÁcter e esse é difícil de mudar, não podes obrigar uma cadeira a ser um sapo de um dia para o outro.» JP Simões «Não havia relação nenhuma entre a música contemporânea e a história.» Jorge Cruz, Diabo na Cruz «Em Portugal, a música do mundo continua a ser alternativa.» Junior, Terrakota

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«Há malta que acha que por serem artistas são uns iluminados. Eu sou tão artista como um pedreiro ou alguém que tenha gosto naquilo que faz.» Pedro Gonçalves, Dead Combo «Nós temos um rumo e seguimos esse raciocínio e esse é o universo dealemático. Desenvolvemos uma linguagem que só as pessoas que acompanham desde o início vão perceber, uma espécie de código e simbologia específica, que te transportam até à primeira maquete.» Fuse, Dealema «Sempre ouvi de tudo um pouco e isso reflecte-se na minha música.» DJ Ride

«O importante é que não estejas demasiado colado à forma convencional como se fazem as coisas. Na música não há regras.» João Vieira, X-Wife «Na adolescência marcávamos a posição pela oposição, sentias-te bem a dizer que não tenho que beber, nem meter drogas para estar enquadrado em qualquer tipo de sítio.» Hélio Morais, Linda Martini

«Eu acho que o Diabo na Cruz tem coisas muito foleiras.» Jorge Cruz, Diabo na Cruz

«De quinta a domingo, fizemos um concerto de 20 e tal minutos. E esse foi o princípio dos Micro Audio Waves.» Flak, Micro Audio Waves

«Eu conhecia o Rui de vista, porque ele usava uns óculos amarelos e eu pensava, aquele era um gajo fixe para ter uma banda.» João Vieira, X-Wife

«Nos Dead Combo há um gajo que é o guitarrista e outro que é o músico.» Tó Trips, Dead Combo

«Sinto-me mais livre dentro de Lisboa pelo simples facto de poder desaparecer dentro da cidade.» JP Simões

«A palavra revolução aparece em muitas das músicas dos Pop Dell’Arte e muitas vezes com ironia, uma certa ironia amarga. Por um lado sinto fascínio, mas mantenho um certo cepticismo. Não sou um revolucionário, mas muito menos sou reaccionário.» João Peste, Pop Dell’Arte «A crise ajuda sempre a cultura pop. A classe rica quando tem dinheiro vai de férias e quando está pobre vai a concertos.» B Fachada, Diabo na Cruz «“A minha geração” acaba por não ser muito agressivo. Quem não quiser, que não se identifique.» JP Simões

«Basta a nossa presença e a nossa vida para mostrar uma luta. Não é preciso um discurso de esquerda ou do Marx, nem de ninguém para demonstrar a revolução. A nossa vida é revolucionária, a nossa existência é revolucionária. Nós mudamos mentalidades se dermos consciência às mentes que nos rodeiam. E isso é a revolução real.» Ex-Peão, Dealema «O segundo disco foi quase um começar de novo, não nos preocupámos muito em seguir aquilo que vínhamos a desenvolver. Porque aquilo era quase um manifesto, um disco radical, que chegou a ser retirado dos pontos de escuta da Fnac porque pensavam que estava avariado.» Carlos Morgado, Micro Audio Waves

«Cada vez mais, a identidade é a língua que tu falas e cada vez menos tudo o resto.» Claudia Efe, Micro Audio Waves «O teu sonho não era tocares no estádio de Wembley, mas aqui na Casa Ocupada.» André Henriques, Linda Martini

«Uma das coisas que tenho mais medo é da estagnação.» DJ Ride

«No estrangeiro, as pessoas ficam sempre surpreendidas que Terrakota venha de Portugal.» Romi, Terrakota «Eu fico sempre surpreendido com o conservadorismo das pessoas, porque não percebo porque é que as pessoas são tão quadradas musicalmente.» João Peste, Pop Dell’Arte

«Este grupo quis arriscar, está a arriscar e não temos que acertar sempre. Pode o resultado não ser muito feliz, mas é espontâneo, é uma busca e é a isso que nos obrigamos.» Jorge Cruz, Diabo na Cruz «Eu não sei se gosto mais de ver concertos ou de tocar.» Tó Trips, Dead Combo «Tenho amigos próximos de vários backgrounds musicais diferentes, por isso fazer música com eles acaba por ser uma desculpa para estarmos juntos.» DJ Ride

«O nosso interesse sempre foi um pouco paralelo às possibilidades que a tecnologia oferece.» Carlos Morgado, Micro Audio Waves «Fazemos a música que fazemos para poder passar uma mensagem, uma energia, uma terapia de grupo.» Alex, Terrakota «O hip hop quando aparece na televisão é retratado sempre em dois opostos: ou é muito cintilante ou é de bairro e há todo um oco de criatividade que não é mostrado.» Mundo, Dealema

«Não é arrogância, mas a malta hoje sente que já não precisa de seguir fielmente o que se passa lá fora, a acreditar que aquilo que nos distingue não é necessariamente mau, pode ser bom.» Hélio Morais, Linda Martini «Foi o cinismo que nos salvou, graças a deus. Pelo menos a mim.» JP Simões

«Estamos a perder aquele costume dos miúdos aprenderem instrumentos. Hoje em dia, querem todos ser DJs. Muitos novos produtores acabam por não ter essa visão sobre a parte musical e a forma como funcionam os instrumentos.» Rui Maia, X-Wife

«Aprender a tocar outros ritmos, ajudou-me a aprender a falar outras línguas.» Nata, Terrakota «Nós somos uma banda de rock, mas a nossa matéria-prima é a melodia tradicional portuguesa.» Jorge Cruz, Diabo na Cruz

«Qualquer movimento começa no underground e chega a uma altura que alguém pega naquilo e mete um laçarote.» DJ Ride «Quando a ignorância toma conta das pessoas não há nada a fazer, nem com internet, nem sem internet, há que recomeçar do princípio.» João Peste, Pop Dell’Arte «Nós preferimos estar do lado das pessoas que lutam do que das pessoas que estão sentadas no poder a ver isto apodrecer.» Ex-Peão, Dealema

«As pessoas daqui deixaram de ser straight edge, quando deixaram de precisar de marcar uma posição.» André Henriques, Linda Martini «A minha ideia de construir uma história, uma história que é a minha, é-me sempre dificultada por nunca ter uma certeza precisa de onde estive e o que é que andei a fazer, nem a pensar.» JP Simões «A nova geração não está habituada a comprar música, nem livros, nem arte. Prefere comprar um par de sapatilhas de 100 euros do que gastar dez num CD.» João Vieira, X-Wife

«A nossa música vai beber coisas a vários sítios, mas como se o mundo inteiro fosse uma fonte gigante e o leito dessa fonte fosse Lisboa.» Pedro Gonçalves, Dead Combo «Um dos maiores desafios que posso ter é tentar estar actualizado, por exemplo, quando comecei a ouvir falar de dubstep, tentei logo fundir com a minha linguagem.» DJ Ride

«É sempre possível esperar e fazer uma nova revolta dos escravos.» João Peste, Pop Dell’Arte

«Nós não fazemos música para os miúdos irem à loja comprar uma t-shirt com um estampado do Che Guevara.» Ex-Peão, Dealema «Quando se ouve a nossa música em casa, pode parecer estranha, não dá para rotular, mas nos concertos não existe essa barreira.» Romi, Terrakota «Acredito que a maior parte das correntes estão muito instituídas em certos estilos e é inevitável ouvires uma música e não dizeres o nome, mas sim uma editora ou um estilo.» DJ Ride

«Antigamente quando compravas um cd ou vinyl, ele até podia não ser grande coisa, mas acabava por ser um acto romântico, havia paixão pelo produto.» Rui Maia, X-Wife «Sabia que queria fazer uma banda, mas não sabia o que ia sair dali. Ainda hoje não sei muito bem porque não costumo ver os concertos. O meu interesse em fazer as coisas é para poder vivê-las e não contemplá-las.» João Peste, Pop Dell’Arte «Confusão é bom.» Claudia Efe, Micro Audio Waves

«Os artistas em Portugal não estão unidos e tinham tudo para serem, o meio é muito pequeno.» David, Terrakota «Não é à toa que desde a adolescência comecei a achar que era um ficcionista.» JP Simões

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Festival Silêncio

Poetas, escritores, músicos, cineastas, pintores, cantautores, actores - o Festival Silêncio liberta a palavra em todas as suas frentes e, ao longo dos anos, o seu prestígio tem ultrapassado fronteiras. Através de uma diversidade de eventos debates, concertos, conversas, ciclos de cinema, poetry slam, recitais de rua, arte urbana - e a edição de um jornal gratuito, o Festival Silêncio celebra a urgência e a transversalidade da palavra em todos os seus suportes, enquanto promove novos valores ligados a estas áreas. Com direcção de Sandra Silva, Alexandre Cortez e Gonçalo Riscado, este é um projecto com assinatura da CTL. O Musicbox junta-se a essa celebração, servindo de palco e cenário a concertos e à final do concurso de poetry slam, uma arte performativa de dizer poesia de que o clube foi pioneiro em Portugal.

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Arnaldo Antunes. Jun 2011 . AUTOR: FERNANDO RAMOS

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Criado em 2009, o Festival Silêncio tornou-se um acontecimento de referência para a cidade de Lisboa. Com as primeiras edições a terem lugar em Junho e a de 2013 a instalar-se no mês de Julho, estes são os dias em que a palavra toma conta do casario à beira-Tejo. Mais do que o Musicbox, é Lisboa que se torna o palco deste festival dedicado à palavra, que nesta altura pode ser vista, ouvida e conversada. Lisboa torna-se assim a capital da palavra.

1 – “Estilhaços”, Adolfo Luxuria Canibal. Jun 2010 . AUTOR: FERNANDO RAMOS 2 – “Palavras do Fado”. Jun 2011 . AUTOR: FERNANDO RAMOS 3 – Poesia na rua. Jun 2012 . AUTOR: FERNANDO RAMOS


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ACREDITAR NAS PALAVRAS É TER ESPERANÇA Vai participar num festival em que a palavra é capital; numa era em que “uma imagem vale mil palavras” passou de lema a realidade quotidiana, qual o papel ainda reservado à palavra?

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Mesmo essa frase – “uma imagem vale por mil palavras” – é dita com palavras. Não conheço nenhuma imagem que seja capaz de a dizer exactamente assim, com essa economia de meios e com essa eficácia. O papel que as palavras têm hoje em dia não é muito diferente daquele que sempre tiveram. Com palavras se declara guerra e amor, com palavras se constrói o mundo. A palavra é um dos elementos que mais repete a humanidade dos seres humanos, que mais os regenera. As palavras fazem tanto parte de nós que, às vezes, até nos parece que são naturais. Convém recordar que as palavras não são um elemento da natureza, foi o ser humano que as criou. A necessidade que levou a que se inventasse e se desenvolvesse um sistema tão harmonioso como a linguagem foi a urgência de comunicação entre os indivíduos. Os seres humanos sentiam, e sentem, vontade de se dar uns com os outros, de se conhecer uns aos outros, de erguer pontes uns entre os outros. Acreditar nas palavras é ter esperança. Excerto da entrevista a José Luís Peixoto, Jornal Silêncio 2009. -

SILÊNCIO É A MINHA PALAVRA FAVORITA Vai participar num Festival chamado Silêncio. O que é que esta palavra lhe sugere?

Curiosamente, silêncio é a minha palavra favorita! Por um lado, devido à sua consonância, pela paz que inspira, o lado meditativo… Mas, sobretudo, pelo encantador paradoxo que consiste em designar

a ausência de som através de uma palavra. Por outro lado, a escolha deste título para um festival de poesia deste género, leva-me a pensar numa comunhão de almas e espíritos. Sendo o silêncio universal e não tendo, nem bandeira, nem fronteira, este ergue a poesia a um nível que transcende a palavra e as suas origens.

O Festival Silêncio declara Lisboa “Capital da Palavra”. Será que uma cidade deve declarar desta forma o seu amor à palavra? Lisboa… capital da palavra! Não é de estranhar! Se eu decompuser a palavra em duas sílabas, Lis-Boa… já consigo imaginar uma boa leitura! Ainda assim, sou mais partidário da ideia de que a capital da palavra se situa numa terra em movimento e, mesmo, movediça. Trata-te, para mim, do coração e do espírito de cada ser que faz com que as frases viajem, que lhes toma o sabor e lhes vai recolhendo mais sentido ao longo das viagens. Excerto da entrevista a John Banzai, Jornal Silêncio 2009. -

TEN TRUTHS ABOUT SILENCE 1. Silence is the sum of all sounds 2. Silence is often more eloquent than words 3. Silence is the beginning of any tempest 4. Silence is the all that remains at the end 5. Silence is the ultimate wisdom 6. Silence is the safest refuge 7. Silence is the strongest scream 8. Silence is the noise in disguise 9. Silence is never silent if you have good hearing 10. Silence is the best festival in the world Texto do escritor sérvio Zoran Živković, Jornal Silêncio 2011. -

OS SILÊNCIOS Eu acho que não há apenas um silêncio, só consigo pensar no silêncio no plural: os silêncios. Há vários tipos de silêncio. Há o silêncio a que me refiro na letra da minha música, que seria o silêncio primordial, anterior à palavra, anterior a tudo… que seria o branco total. Existe o silêncio que é a ausência de sentido, existe o silêncio que é o

sentido calado, existe o silêncio que existe entre as palavras, as pausas, o silêncio que você tem como fundo musical para a música, como possibilidade de gestar uma música ou um discurso falado. Existe o silêncio como omissão, existe o silêncio como contemplação – vamos dizer assim -, existe o silêncio como vazio, como espaço intermediário entre as coisas e que faz, possibilita o movimento… enfim, são muitos silêncios, eu penso nele como plural. Penso nele como os silêncios. Texto de Arnaldo Antunes, Jornal Silêncio 2011. -

A FESTA DO SILÊNCIO Escuto na palavra a festa do silêncio. Tudo está no seu sítio. As aparências apagaram-se. As coisas vacilam tão próximas de si mesmas. Concentram-se, dilatam-se as ondas silenciosas. É o vazio ou o cimo? É um pomar de espuma. Uma criança brinca nas dunas, o tempo acaricia, o ar prolonga. A brancura é o caminho. Surpresa e não surpresa: a simples respiração. Relações, variações, nada mais. Nada se cria. Vamos e vimos. Algo inunda, incendeia, recomeça. Nada é inacessível no silêncio ou no poema. É aqui a abóbada transparente, o vento principia. No centro do dia há uma fonte de água clara. Se digo árvore a árvore em mim respira. Vivo na delícia nua da inocência aberta. António Ramos Rosa. Poema publicado no Jornal Silêncio 2012. -

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EVEN TOS DE REFE RENCIA Fotografia: alípio padilha

Aqui chegados, é fácil perceber que o Musicbox não se trata meramente de um clube, mas de uma peça fulcral para a realização de projectos culturais que não olham a géneros ou rótulos. Festas, sessões de divulgação de novas bandas, noites de novos projectos cinéfilos, concertos que trazem artistas internacionais em ascensão, música experimental... Todos esses eventos tiveram por casa preferencial o Musicbox, como consequência lógica de uma programação ecléctica e de uma vontade real de dar a conhecer o que é contemporâneo. A seguir, alguns exemplos.

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Gueststar

Rubrica que teve lugar durante os primeiros sete meses de funcionamento do Musicbox, em que várias personalidades, das mais diversas áreas, foram convidadas a desenvolver, programaticamente, uma noite no Musicbox. Participaram: Zé Pedro, Flak, Vera Mantero, Dalila Carmo, Alípio de Freitas, Rui Pregal da Cunha e Armando Teixeira. -

New Jazz from Lisbon

Rubrica programática dedicada aos talentos emergentes do novo jazz lisboeta, que teve lugar todas as quartas-feiras, durante o primeiro semestre do Musicbox. Destaque para as participações de projectos que são hoje referência no género, como são os casos de Mikado Lab, Micrómechant ou Pedro Madaleno. -

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Birthday Weekend

O evento anual que celebra o aniversário do Musicbox é também uma referência programática. Todos os anos são preparados três dias de festa (a entrada para os concertos é livre), com um cartaz que resume as valências programáticas do Musicbox. Destaque para os concertos de Quinteto Tati (2007); Cais do Sodré Funk Connection com Sam the Kid, Sara Tavares, Elaísa e Messias como convidados (2009); Orelha Negra (2010); Gilles Peterson & Zara McFarlane, The Stepkids e Totally Enormous Extinct Dinosaurs (2011); Wraygun, The Correspondents, Hugo Mendez e AlunaGeorge (2012). -

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DESIGN: CARLOS QUITÉRIO

One Man Show

Rubrica mensal programada por Vítor Rua, dedicada à música experimental. Ao longo de oito meses, passaram pelo Cais do Sodré músicos de excelência, responsáveis por espectáculos extraordinários. Participaram: Tó Trips, Phil Mendrix, Miguel Cabral, Pedro Carneiro, Kazike, Dwart, Chris Cutler e Maria João Serrão. -

Cinebox

Em 2009, durante um período de quatro meses, estas foram noites inteiramente dedicadas ao cinema de culto, com curadoria de Bruno de Almeida. Uma vez por mês, num formato invulgar que incluía concerto, visionamento dos filmes, DJs e VJs, filmes como “Beyond the Valley of the Dolls”, do norte-americano Russ Meyer, associados a concertos de artistas como Tó Trips (Dead Combo), transformaram estas noites indispensáveis a um público mais cinéfilo. -

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Ping Pong Project

O PPP reuniu, ao longo de cerca de um ano, músicos de diferentes áreas e géneros em combos que desenvolviam um work in progress, via internet. Cada músico produzia a sua intervenção e enviava para os outros membros do combo, que depois adicionavam a sua parte, criando assim uma cadeia tipo ping-pong. Foram noites muito interessantes e inesperadas, em que músicos como o virtuoso violinista Carlos Zíngaro, DJ Ride, o guitarrista dos Rádio Macau, Flak ou o saxofonista José Lencastre, se juntaram em formações pouco prováveis. -

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DESIGN: Paulo Arraiano


A Quinta Dimensão

Rubrica mensal de clubbing programada pela dupla Tra$h Converters (Miguel Sá e Fernando Fadigas), durante o ano de 2010. Uma quinta-feira por mês, a Quinta Dimensão proporcionou longas horas de dança, com referências do clubbing nacional e internacional como: Safety Scissors, Lump, Jerry the Cat, Discopunk, Above Smoke, Pete Herbert, Bodycode, Andy Vaz, Popnoname, Kaneng Lolang, Omar Léon, Tam ou DJ Sprinkles. -

Polvo

O Polvo é um encontro de criativos ligados à indústria cinematográfica, que se reúne pontualmente. Desde o início do grupo, em 2009, que o Musicbox se associou enquanto espaço de acolhimento destes encontros, e foi gradualmente ganhando notoriedade, sendo hoje uma referência no meio. -

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Offbeatz

Plataforma de divulgação de novas bandas portuguesas, à qual o Musicbox se associou desde o seu arranque, em 2009. Todas as quartas-feiras, ao longo dos últimos três anos, as sessões Offbeatz têm prestado um serviço público de referência na divulgação e promoção de novas bandas portuguesas. Todos os espectáculos foram gravados e exibidos na SIC Radical, estando disponíveis no site Offbeatz. Muitos passaram do palco do Musicbox para os festivais de verão. -

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DESIGN: MÁRCIO MATOS

Slam Lx

Slam Lx é um evento que desde o seu início, em 2009, tem vindo a assumir diferentes formatos, mas sempre privilegiando a palavra dita por quem a escreve. Tem como ponto alto o torneio de poetry slam e foi pioneiro, em Portugal, deste género de arte performativa. Ao longo de cada ano, realizam-se mensalmente sessões de poetry slam, que culminam no torneio final, que tem lugar no Festival Silêncio. -

Festival Terapêutico do Ruído

O Festival Terapêutico do Ruído aconteceu ao longo de dois anos, sob a programação da Associação Terapêutica do Ruído, tendo desfilado no Musicbox alguns dos mais interessantes projectos nacionais (e alguns internacionais), dedicados ao noise rock, experimental e rock. Participaram: Rosvita, Riding Pânico, dUAsSEMIcOLCHEIASiNVERTIDAS, R-, Loosers, Plasma Expander, Frango, Gee Bees (2010) e ORGanização, Familea Miranda, Most People Have Been Trained to be Bored, Tigrala, John Makay, Alto de Pêga, Tiago Sousa, Bypass e L’Enfance Rouge. -

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Panic

As festas Panic são uma referência incontornável na noite alfacinha. Desde 2009 que, uma quinta-feira por mês, a festa promovida pela Match Attack reúne no Cais do Sodré ávidos seguidores de novas sonoridades electrónicas, seduzidos pelo trabalho de editoras como Kitsuné e Gomma. Destaque para alguns dos artistas internacionais que passaram por estas noites: Jimmy Edgar, Harvard Bass, Paul Chambers, Flight Facilities, Light Year e Clouds. -

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DESIGN: ASSOCIAÇÃO TERAPÊUTICA DO RUíDO


Rock it

Dj Ride é o curador mensal destas noites dedicadas às sonoridades bass, hip hop, beats e novas vertentes da música de dança. A crescente afluência a estas noites, aliada à forma desinibida com que o público se diverte, deixa-nos antever um segundo ano em cheio. Destaque para as actuações de Taylor McFerrin, Sholhomo e Free the Robots, que protagonizaram verdadeiras corridas à bilheteira do Musicbox. Passaram ainda por estas noites Funkineven & Fatima, Bullion, Stereossauro, Koreless, Dorian Concept e LV.

Purple Sessions

O Musicbox foi, durante 3 anos, o espaço acolhedor do concurso de bandas Purple Sessions, em parceria com a Associação de Estudantes da Faculdade de Farmácia de Lisboa. -

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SUUNS . MUSICBOX HEINEKEN SERIES . DEZ 2011 . FOTO PROMOCIONAL

Noites da Rua

Rubrica desenvolvida em parceria com a plataforma ruadebaixo.com que, uma vez por mês, convocou alguns dos mais interessantes projectos nacionais para tocar no Musicbox, partilhando o palco com valores emergentes. Destaque para os concertos de A Jigsaw, Feromona, Papercutz, Hã e Miuda. O conceito aplicado aos concertos estendeu-se pelo clubbing, por onde passaram Jorge Caiado, Infestus, Kaspar, Niño e Dan Averey.

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NOITE Príncipe

As noites Príncipe tiveram início em 2012, no âmbito da criação da editora homónima que se dedica à exploração de novas vertentes electrónicas, nascidas longe dos grandes centros de decisão, com o kuduro à cabeça. A celebrar um ano, em 2013, a Noite Príncipe promete cimentar-se cada vez mais como uma noite referencial no clubbing nacional. -

A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria

A plataforma “A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria” é um dos mais interessantes projectos dedicados à recolha de música portuguesa dos últimos anos. O responsável pelo projecto, Tiago Pereira, tem percorrido o país de norte a sul (e ilhas) a filmar qualidade em quantidade. Desde a música tradicional às novas formas de expressão musical, todos os vídeos estão presentes no site da plataforma. Em 2012, desenvolveram uma curadoria no Musicbox, por onde passaram algumas das bandas registadas. -

Latino y Tropical

Mensalidade dedicada à música latina, que explora os clássicos colombianos dos anos 40 e 50, a cumbia psicadélica peruana dos anos 70 e as novas vertentes da música de dança sul-americana. Ao longo de 2012, estas noites introduziram um novo sabor no clubbing lisboeta, visível na forma como o público se diverte. -

Experiment Box

Projecto semanal, desenvolvido em parceria com a Match Attack, que tem por objectivo dar a oportunidade a novos DJs e produtores nacionais de actuarem num clube com condições técnicas e de comunicação. Ao longo do último ano, mais de 100 novos talentos tiveram, no Musicbox, a oportunidade de se dar a conhecer. -

Musicbox Heineken Series

Rubrica programática desenvolvida em parceria com a Heineken e que tem por objectivo trazer até Lisboa, uma vez por mês, nomes em ascensão da cena musical internacional, em equilíbrio com referências já destacadas. Desde o espectáculo denso e envolto de mistério dos Suuns, à folk dos Megafaun, ao noise rock dos Moon Duo ou à extraordinária aula de kraut rock dos Fujiya & Miyagi, foram vários os espectáculos e DJ sets que nos deixaram sem palavras. Participaram: Koreless, LV & Joshua Idehen, Fujiya & Miyagi, Suuns + Ivvvo, Male Bonding + Machinedrum, Megafaun, Trophy Wife, Is Tropical, Spoek Mathambo + Throes & the Shine, Thundercat, Moon Duo e Micro Audio Waves. -

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COMU NICA CAO E IMA GEM Fotografia: Paulo Arraiano

Não basta ter um projecto estruturado, original e contemporâneo: é preciso dizer que ele existe, todos os dias e sempre de uma forma original. A equipa de comunicação do Musicbox sabe com quem fala e a melhor maneira de ser ouvida. Pelo caminho, como não podia deixar de ser, criou uma fortíssima marca criativa na sua comunicação e imagem.

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COMU NICA ÇAO 69

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Muito do sucesso das iniciativas que têm lugar no Muscibox passa pela dinâmica de comunicação que está por trás de cada projecto e o apoia no antes, durante e depois. Saber falar, como falar e sobretudo com quem se está a falar é um passo essencial para a criação de uma identidade e de um reconhecimento. Isso é conseguido pela escolha de canais adequados e de uma linguagem que tem de ser, ela própria, parte do mesmo projecto cultural. Mas sem que nunca se esqueça o elemento fundamental: as pessoas. Quem diz e quem recebe. Porque essa é a escala que a cultura deve ter.

Site

O site do Musicbox tem sido uma importante ferramenta na comunicação e definição da imagem da marca. Actualmente na terceira versão, este tem como principal função ser um espaço de referência no que toca à disponibilização de informação relativa às actividades programáticas da casa. Desta forma, o espaço cibernético dá aos seus utilizadores acesso a informações detalhadas dos eventos e artistas, preços, horários, assumindo-se também como espaço de memória sobre os grandes eventos que a CTL organiza anualmente. Sendo o Musicbox um espaço, sobretudo, dedicado à música, a grande aposta do site passa pela divulgação de material audiovisual. Vídeos, fotografias, mixtapes e podcasts são carregados semanalmente, muitos de conteúdo exclusivo, para que quem visite o espaço possa sempre ir acompanhando o trabalho dos artistas que poderá ver. Actualmente com mais de 315 mil visitas, o musicboxlisboa.com é também espaço de passatempos semanais relacionados com a actividade da casa.


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Aplicação

Acompanhando a portabilidade que tem pautado o campo da comunicação e informação a nível mundial, o Musicbox lançou, em Outubro do ano passado, uma aplicação para iPhone. De utilização bastante intuitiva e simples, esta ferramenta móvel é utilizada para partilhar informação sobre os eventos em destaque na semana, lançar passatempos e disponibilizar podcasts e mixtapes de conteúdo exclusivo. Para além disso, a aplicação permite a compra imediata de bilhetes, assim como a opção de adicionar concertos/eventos directamente à agenda do iPhone. Actualmente, são mais de 1500 os utilizadores desta ferramenta, um número que tem vindo a crescer cerca de 10 por cento a cada semana.

Facebook/Redes Sociais Programa

O programa mensal do Musicbox tem sido usado como ferramenta de comunicação, não só ao nível dos conteúdos, mas também na sua componente gráfica. A par da agenda que mensalmente resume, este suporte tem, ao longo dos seis anos, conhecido diferentes formatos e composições, acompanhando a criatividade e visão do responsável pela imagem, Paulo Arraiano. A par disso, o programa assumiu, em diferentes tempos, uma dimensão de espaço de exposição artística, ao ser objecto de trabalho para ilustradores e fotógrafos.

Newsletter

Com periodicidade semanal, a newsletter do Musicbox chega à caixa de correio de mais de 12 mil utilizadores, dando-lhes acesso a informação seleccionada sobre a programação do espaço. Com um grafismo que acompanha o site, este veículo tem sido usado para prestar informações sobre as bandas/eventos/artistas que têm passado pela casa, servindo também como espaço de promoção para o trabalho cultural contemporâneo.

As redes sociais são, em pleno 2013, uma das mais eficazes e poderosas ferramentas de comunicação no mercado. Um advento que tem sido um desafio à forma de comunicar da empresa. Actualmente com mais de 40 mil fãs, a página do Musicbox Lisboa é o mais directo espaço de comunicação que a CTL gere, pois permite um diálogo na primeira pessoa com o público que semanalmente nos visita. A par disso, é um espaço privilegiado para chegar a novas pessoas. Por isso, este espaço é pensado para disponibilizar informação a cada hora não só relativa aos eventos Musicbox, mas também com atenção a notícias relacionadas com o sector da música e das artes em geral.


CLIPPING QUANDO o MUSICBOX É NOTÍCIA

À primeira vista, esta pode parecer uma frase fácil e ociosa, mas não deixa de ser verdadeira: nenhuma notícia é notícia antes de o ser. Por melhor, mais arrojado ou único que seja um evento, é essencial que ele chegue ao seu público antes e depois de acontecer. 72

De nada valeria a programação original e atenta da CTL se a comunicação não fosse eficiente. E comunicar não é apenas relatar – é sobretudo saber com quem se fala e quais os melhores meios para o fazer. Por isso, a CTL tem um departamento de comunicação profissional, que ajuda a criar expectativas e a confirmar a repercussão de tudo o que promove. No caso do Musicbox, a proximidade do público e dos media deve-se muito à actuação destes incansáveis promotores, que vestem a camisola de todos os projectos e não os “vendem”: são cúmplices, parte interessada, participantes que contagiam o seu entusiasmo a quem os ouve. Desde os seus primeiros dias, o Musicbox foi notícia. E é notícia todos os dias. Ainda hoje. Ainda amanhã. Os vários media – desde os generalistas aos especializados, o que inclui meios digitais, imprensa, televisão e rádio – sempre acompanharam os eventos que passam pelo clube do Cais do Sodré e lhes deram atenção e relevância. A edição nacional da revista “Time Out” chegou mesmo a eleger o Musicbox como “Clube da Década”. Mas quando a programação é de excelência e tão ecléctica como a desta casa, é inevitável que cruze fronteiras. Daí a referência ao Musicbox em vários guias internacionais. O Musicbox é uma notícia em desenvolvimento permanente. E isso também é uma boa notícia.

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IMA GEM 75

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MOSTRAR

A comunicação de um projecto como o do Musicbox tem de reflectir a sua personalidade e ambições. Por isso, não é de estranhar que a imagem do clube também se tenha inserido naturalmente na rota de contemporaneidade, eclectismo e desafio que preside à programação do clube desde o seu nascimento. Fotógrafos, ilustradores, gráficos, VJs: todos contribuíram, pela diferença, a criar a imagem De qualidade que rodeia o Musicbox. Materiais de promoção como t-shirts, programas, posters ou cartazes foram entregues a ilustradores e artistas plásticos, que se enquadravam no espírito desta procura constante do que oferece o presente. Houve a preocupação de efectuar uma curadoria artística, cuidada mas natural. É assim que o Musicbox contou com a preciosa participação de artistas como Pedro Zamith, André Carrilho, Diogo Machado, Leonor Morais, Júlio Dalbeth, Luis Lázaro, ou João Fonte Santa. Na fotografia, destaque-se João Silveira Ramos e Pedro Cláudio. Muitos nomes, muito talento, é certo. Mas todos em sintonia com a linha de identidade gráfica criada, logo ao início, pelo artista e designer que ainda hoje colabora e é cúmplice da filosofia Musicbox: Paulo Arraiano.


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Programas Musicbox . Mar 2007 . Jun 2011 . Jan 2013 FOTOgrafia: Duarte Lourenรงo


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poster: MAD PROFESSOR Design: Paulo Arraiano

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Convite Vinyl. Inauguração Musicbox . Dez 2006 Música original: Nuno Rebelo . Design: Paulo Arraiano

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Convites Birthday Weekend . 2006 - 2009 Design: Paulo Arraiano . Fotografia: Duarte Lourenço


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poster: JORGE PALMA DESIGN: PAULO ARRAIANO

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poster: jazzaNova DESIGN: PAULO ARRAIANO

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poster: ?uestlove DESIGN: PAULO ARRAIANO


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poster: la proibida DESIGN: PAULO ARRAIANO

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POSTER: alípio freitas DESIGN: PAULO ARRAIANO

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poster: willY moon DESIGN: PAULO ARRAIANO


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POSTER: SPEKTRUM DESIGN: PAULO ARRAIANO

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poster: darkstar DESIGN: PAULO ARRAIANO

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poster: whomadewho DESIGN: PAULO ARRAIANO


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POSTER: carnaval musicbox DESIGN: PAULO ARRAIANO . ILustração: Lucas almeida

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POSTER: Reservoir Dogs: Aberto até de madrugada DESIGN: PAULO ARRAIANO

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Poster: data mc DESIGN: PAULO ARRAIANO


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PROGRAMA: AGOSTO 2012 DESIGN: PAULO ARRAIANO

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poster: michael Imperioli DESIGN: PAULO ARRAIANO

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poster: wall fall DESIGN: PAULO ARRAIANO


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PROGRAMA: JUNHO 2012 DESIGN: PAULO ARRAIANO

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PROGRAMA: NOVEMBRO 2012 DESIGN: PAULO ARRAIANO

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Poster: MUSICBOX HEINEKEN SERIES DESIGN: PAULO ARRAIANO


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POSTER: 6ยบAniversรกrio DESIGN: PAULO ARRAIANO

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poster: BURAKA SOM SISTEMA DESIGN: PAULO ARRAIANO

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poster: DAIZE TIGRONA DESIGN: PAULO ARRAIANO


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CONVITE: 4º ANIVERSÁRIO FRENTE DESIGN: PAULO ARRAIANO

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CONVITE: 4º ANIVERSÁRIO VERSO DESIGN: PAULO ARRAIANO

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PROGRAMA: AGOSTO 2010 DESIGN: PAULO ARRAIANO


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MUSICBOXFEVEREIRO.07

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PROGRAMA: fevereiro 2007 ilustração: carla pott

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PROGRAMA: novembro 2008 ilustração: julio dolbeth

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PROGRAMA: abril 2007 ILUSTRAÇÃO: andré lemos

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PROGRAMA: maio 2009 ILUSTRAÇão: João maio pinto

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PROGRAMA: JUNHO 2009 ILUSTRAÇão: lucas almeida

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PROGRAMA: FEVEREIRO 2009 ILUSTRAÇão: LUIS FAVAS


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Programa Musicbox. MAIO, 2010. Fotografia: Ana Bidarra

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Programa Musicbox. MARço, 2010. Fotografia: VERA MARMELO

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Programa Musicbox. DEZEMBRO, 2010. Fotografia: JOÃO SILVEIRA RAMOS

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OU TROS OLHA RES Fotografia: alÍpio padilha

Ninguém pode estar completo sem o olhar do outro. Para um projecto cultural como o que o Musicbox representa, esse olhar é essencial para perceber caminhos, desafios e recompensas. Pedimos alguns testemunhos, em discurso directo, a muitos que fazem parte do nosso universo crítico. A todos, agradecemos o entusiasmo e a disponibilidade.

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‘Musicbox, como marco inovador’

‘É uma casa de arte e de cultura’

Quando os loucos anos do após-guerra transformaram a Rua Nova do Carvalho num mar de roupa branca e azul, vestida pelos milhares de marinheiros que aqui aportaram de regresso a casa, os velhos bares Lusitano, Atlântico, Filadélfia e Europa, dominavam o mercado das mulheres fáceis, do whiskey “marado” e dos rios de cerveja nacional. A animação fazia-se através de velhas caixas de música, eventualmente reformadas do oeste americano ou embaladas no Paris-Texas... Acidentalmente, ou não, nos baixos do arco que sustenta a Rua do Alecrim e em armazém que se dedicava a aprestos navais, surgiu o Texas, que logo se distinguiu dos seus colegas de negócio, pela inovação das instalações e pela dinâmica musical introduzida no meio-ambiente, sustentada por um agrupamento criado para o efeito, por três ou quatro cegos retirados da rua, mas excelentes intérpretes do que era moda na altura... A inovação obrigou a que os velhos dinossauros copiassem a iniciativa. Durante muito tempo, e enquanto as music boxes não apareceram com todo o seu esplendor tecnológico de luz e som, a música dos ceguinhos campeou nos bares existentes. Refere-se o surgimento do Texas para que, com a curiosidade e coincidência que os nomes trazem até nós, destaquemos que exactamente no mesmo local, com novo nome de baptismo e com padrinhos jovens, modernos e arrojados, surgisse agora a Musicbox, como marco inovador, a dizer-nos que aqui, nesta rua e neste local tão marcado por preconceitos, era possível a procura e o cultivo de outras iniciativas culturais, com a consequente alteração do estigma da velha Rua Nova do Carvalho, filha direita do seu pai Cais do Sodré.

Assim muito directamente, existem dois tipos de bares: os bares que anunciam um mundo de novidades, um sem fim de actividades paralelas e acabam apenas a vender copos. E depois existem aqueles que cumprem muito mais do que aquilo que prometeram. O Musicbox é um destes últimos e felizes casos e, também por isso, é muito mais do que um bar no sentido tradicional do termo. É uma casa de arte e de cultura. Começou sorrateiramente a mexer os seus tentáculos e hoje é uma das forças mais activas de Lisboa. E isso sente-se até no Porto, a cidade onde vivo. É algo que se sente à distância. Pela linha da programação, pelo volume da agenda, pelas “marcas” culturais que inventou e soube gerir, pela novidade que muitas vezes imprime nas suas escolhas, pelo risco e pelo bom gosto das suas propostas. E isto tudo em apenas seis anos. Espantoso. Venham mais seis a multiplicar pelo número que quiserem.

Alfredo GonçalvES Empresário. Vestotel, Cais do Sodré

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‘O Musicbox é um pulmão criador. É um fora da caixa’ ANA MESTRE DESIGNER

Seria redutor falar simplesmente da actividade do Musicbox, quando tenho a alma cheia das pessoas que o idealizaram e que o constroem diariamente. Quando tenho a memória dos dias e das noites passadas em torno da concretização de um projecto que é muito mais do que a sua face visível. Quando tenho a memória de vocês os quatro (Gonçalo, Alex, João R., João T.) a construírem a possibilidade de uma ideia chamada Velvet (saibam!) e, só mais tarde, Musicbox Lisboa. Quando diariamente vivo lado a lado, no escritório partilhado, com a sua equipa criativa e de produção que o inunda (a ele Musicbox) de inspiração, dedicação, perfeccionismo e de uma força intrínseca que só os que ousam sonhar possuem. O Musicbox é um pulmão criador. É um “fora da caixa”. É um brilho diurno que todas as noites se transforma em magia sonora. É um tributo contínuo à cultura musical e artística contemporânea. É uma certeza que nenhuma crise irá parar. Sei que me arrisco a que me censures o texto, mas digo-o com toda a (im)parcialidade que me mereces: o Musicbox és tu, Gonçalo, que sonhaste alto e de forma brilhante. É simplesmente assim. E é assim que és Musicbox!

André Gomes Jornalista (Bodyspace.net)

‘They always seem to give the artists an experience they always will remember’ Bob Van HeuR Agente (Belmont Bookings)

We have been working with Musicbox for several years now and it always has been an absolute pleasure. Musicbox really cares about the bands who are playing their venue. The production of the shows is always top-notch and the hospitality is from an outstanding level. They always seem to give the artists an experience they always will remember and giving them great memories about Portugal, Lisbon and Musicbox.

‘Acredito que 95% do sucesso do Musicbox assenta no respeito’ Bruno Martins Jornalista (Metro)

Bem sei que são só seis anos e, apesar de me ter esforçado bastante, não me consegui lembrar da primeira noite em que estive no Musicbox. Talvez o “barulho das luzes” tenha relegado as lembranças dessa noite para universos da mente mais inacessíveis... Mas, felizmente, ao fim destes seis anos, recordo-me de muitas outras noites. Vejo as noites do Musicbox como lições de bom gosto. Foi aqui que assisti a alguns dos concertos mais marcantes dos últimos anos.

Principalmente, pela proximidade que os artistas criam com o público. Pela diversidade de géneros: do rock ao hip hop, passando, obviamente, pelo registo mais electrónico. Ou as noites temáticas – recordo-me de “poetry slam” ou o trabalho dos Reservoir Dogs com as músicas dos filmes de Tarantino. E consigo eleger o concerto dos The Stepkids, em Dezembro de 2011, como o melhor que já vi no Musicbox. Acredito que 95% do sucesso do Musicbox assenta no respeito. Por toda a gente que frequenta esta sala: funcionários, artistas e público. Construíram uma casa de programação ecléctica e desafiante, que já é um dos pilares do movimento cultural e criativo de Lisboa. Parabéns!

‘a highly concentrated compendium of everything that is strange, dark and beautiful’ CHERYL Collective Arts Collective NY

The first time it was suggested that we bring our New York-based dance party to Lisbon, we were surprised. “Portugal? Really?!”. We had NO IDEA what we were getting into. Fast forward a few years and Lisbon is our favorite European city to visit on tour. And every time we’re in town, there is only one venue we stop at – the Musicbox. From the beginning, Pedro welcomed us with open arms and showed us the magic, mystery and mayhem that is Lisboa. That magic translated into extremely awesome events at the Musicbox, somehow it all worked. CHERYL + Musicbox = insane disco bloodbath of Portuguese people, many of whom have become our close friends. Why does it work? We think it has to do with the club’s amazing sound system, enormous video projections, killer staff, and a regular crowd that is always down to party, get weird, and try something different. Oh, and the fact that the club is a secret fort inside an old bridge that used to be a brothel isn’t hurting the vibe. The Musicbox is a highly concentrated compendium of everything that is strange, dark and beautiful in the land of Lisboa.

‘trabalha-se de coração, com muita cabeça’

DAVIDE PINHEIRO Jornalista

O Musicbox esconde-se debaixo da Rua do Alecrim, no arco que separa o Cais do Sodré dos marinheiros e o dos engenheiros civis, mas não raras vezes a fila à porta dá para os dois lados. O Musicbox é isso, um clube agregador de géneros e diferenciador nas propostas, culturalmente activo, próximo da mente e do corpo. No Musicbox trabalha-se de coração, com muita cabeça. Há uma política artística exemplar e equilibrada entre concertos, DJs e residências como a do Cais do Sodré Funk Connection, a banda mais cool do bairro. No Musicbox, já vi concertos, ouvi e fui também DJ, já passei o ano, já troquei ideias, olhares e beijos. Sábado, estou lá outra vez.

‘senti-me em casa logo no primeiro gig’ DJ Ride Produtor/DJ

Foi a minha primeira actuação “mais a sério’’ em Lisboa. O meu álbum de estreia ‘’Turntable Food’’ tinha saído há poucos dias, e ia apresentá-lo em formato live act com alguns músicos amigos no Musicbox. Estávamos em 2007, lembro-me de termos entrado e ter havido aquele click, de ter adorado a energia do espaço, assim como as condições técnicas e, estranhamente, senti-me ‘’em casa’’ logo no primeiro gig. O concerto correu bem, apesar do nosso ‘’amadorismo’’ na altura, e olhando para traz é engraçado perceber que nunca tive uma noite que corresse mal no Musicbox. Posso dizer que é o único espaço onde tenho mantido uma residência, paralelamente ao meu crescimento como DJ e produtor, e coisas dessas nunca acontecem por acaso. Dos ‘’simples’’ DJ sets e live acts passámos a ter uma relação mais séria com as noites Rock it, onde toco e faço a curadoria e que tem sido um dos projectos mais estimulantes para mim. É raro encontrar um espaço que reúna tantas qualidades e uma equipa tão open mind, principalmente no nosso país, e quando isso acontece, só nos resta continuar a apoiar e a aplaudir. Obrigado!

‘cada noite é um desafio e nunca está ganha’ Hugo Moutinho Louie Louie/DJ

O Musicbox surgiu na altura certa. Lisboa precisava de uma sala que pudesse albergar, no mesmo espaço, concertos e DJs de vários estilos, sem perder de vista a vontade de mostrar nomes consagrados e dar oportunidade a ilustres desconhecidos, antes de se tornarem grandes. Ao longo destes seis anos, o Musicbox soube perceber qual o caminho a seguir, reinventando a programação sempre que a vontade de mudar falasse mais alto. Foram muitas as noites que passei no Musicbox, seja a ver concertos, a dançar ou como DJ. Lembro-me, em particular, dos concertos de El Guincho, WhoMadeWho, Chain And The Gang, The Discotexas Band e Rebeka, pela entrega das bandas e pela reacção do público, que dá em troca aquilo que recebe. Lembro com especial carinho os meus DJ sets no Musicbox. Cada noite é um desafio e nunca está ganha. Quem enche a pista quer, acima de tudo, divertir-se e ser conquistado, e sabe-me bem ver sorrisos no final da noite.

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‘um marco na noite lisboeta’

Isabel Rocha Pernod Ricard Portugal/Brand Manager Jameson A minha relação com o Musicbox coincide com o início do projecto, na altura uma página em branco de um livro por escrever e onde tive a oportunidade e o privilégio de estar envolvida como gestora da marca Jameson, uma marca que em tudo se identifica com os valores e posicionamento desta casa. Fruto do empenho de uma equipa fantástica e, de acordo com as nossas expectativas, o projecto vingou e tornou-se um marco na noite lisboeta e um contributo activo para o que de melhor se faz culturalmente, buscando sempre a diversidade e o crescimento cultural. O festival Jameson Urban Routes veio estreitar ainda mais a ligação da Jameson e a minha a este espaço nocturno. É um projecto que, de ano para ano, tem vindo a tornar-se cada vez mais sólido e com uma crescente aposta qualitativa, contribuindo para a afirmação daquele que, hoje em dia, é já um marco nos festivais de música no nosso país. Para o sucesso deste projecto, muito contribuiu o empenho diário de toda a equipa do Musicbox, onde destaco uma figura em especial – Gonçalo Riscado – cujo profissionalismo, empenho e dedicação nos tem cativado e tem permitido a solidificação desta parceria, que nos permite brindar a noite com aquele que é o meu whiskey de eleição: Jameson.

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‘abrir as suas portas à diversidade e ser agitador’

Isilda Sanches Jornalista/Radialista

Se Lisboa é hoje uma das cidades mais vibrantes do mundo (e são os outros que dizem, porque nós desconfiamos sempre desse tipo de afirmações), o Musicbox tem responsabilidade nisso. Porque reforçou a oferta musical da cidade, foi pioneiro na reconquista do Cais do Sodré e tem sabido, como muito poucos, abrir as suas portas à diversidade e ser agitador. A sala tem o tamanho, nem grande nem pequeno, que se adapta a todos os formatos, sobretudo os que mexem com público jovem, em busca de emoção, aventura e atitude. Concertos de rock e funk, spoken word, house, techno, bass e boogie, noites de kuduru, hip hop, reggae, jazz, filmes, engates, encontros, rupturas, improbalidades, música nova e antiga… Tudo isto aconteceu e continua a acontecer no Musicbox e ajuda a fazer de Lisboa uma cidade mais viva, intensa e especial, onde há sempre algo novo a pulsar e tudo se mistura num movimento perpétuo.

‘espaço muito atento ao que de mais essencial acontece na música contemporânea’ João Moço Jornalista (Diário de Notícias/DIF)

Hoje, quando a palavra dubstep é atirada para o ar, é mais vezes associada a uma série de “projectos” parcos em ideias e que optam por reduzir tudo ao mínimo denominador comum do que à música vital que definia este género há seis, sete anos atrás. Foi em Dezembro de 2006, tinha-me eu mudado para Lisboa apenas dois meses antes, quando entrei pela primeira vez no Musicbox, pela ocasião do festival Roots & Routes. O dubstep era um claro denominador e dificilmente irei esquecer a actuação demolidora desse nome maior que é Kode 9, ao lado de Spaceape. Boxcutter e os Various Production também passaram por lá nesses três dias de festival, bem como, já fora da órbita dubstep, o grande Steinski. Cito este acontecimento apenas por um motivo. Desde esse primeiro dia que pisei o Musicbox que foi perceptível que este era um espaço muito atento ao que de mais essencial acontece na música contemporânea e que marca o seu tempo. Passados estes anos, ainda hoje o assim é, vejamos as parcerias com a Príncipe Discos ou com a One Eyed Jacks. Se hoje estas recentes editoras nacionais estão a fazer um trabalho vital na música de dança, é também porque existe um espaço atento como o Musicbox.

‘marcam o renascimento no século XXI de uma Lisboa que afinal não se perdeu para sempre’ João Peste Guerreiro Músico

Memórias de uma Musicbox... A primeira vez que entrei na Musicbox foi em Julho de 2010. Tratava-se do concerto lisboeta de apresentação do álbum “Contra Mundum” dos Pop Dell’Arte, lançado em Junho desse mesmo ano. O local evocou-me logo uma série de recordações de momentos e situações, em particular de concertos ocorridos nos anos 1980 e 1990. Lembrava-me, por um lado, o saudoso Rock Rendez-Vous, onde vi bandas como os Teardrop Explodes, os Chameleons, os Killing Joke ou os Sprung Aus Den Wolken, além de muitas bandas nacionais, e, por outro lado, trazia-me recordações do Bairro Alto no período de transição das últimas décadas do século XX. Não é de estranhar que

tenha sido esse o efeito que provocou na minha memória, pois a sua importância reside exactamente nessa continuidade em relação à cena que o Rock RendezVous criou e lançou e a que o Bairro Alto deu continuidade. Desaparecido um, estando o outro a viver uma fase de relativa saturação, coube ao Cais do Sodré assumir, ou melhor, reassumir o seu papel de proeminência na vida nocturna e cultural de Lisboa. Um papel que já lhe coubera antes, nos anos 1960, 1970 e até antes, segundo me contou uma vez o Mário Cesariny, e que é retomado agora com uma nova intensidade. Assim, a Musicbox, mas também outros locais como a Pensão do Amor, o Povo Lisboa, o Roterdão Club, o Bar da Velha Senhora ou o Sol e Pesca, entre outros, marcam o renascimento no século XXI de uma Lisboa que afinal não se perdeu para sempre. Uma Lisboa de cores, fascínios e odores. De estudantes e fadistas, poetas e marinheiros, putas e artistas, onde tudo pode acontecer ao abrigo da calada da noite. A Musicbox é sem dúvida um dos principais centros desta nova vida do Cais do Sodré, e das noites de Lisboa, impulsionando uma série de actividades de enorme importância para a vida cultural da cidade, como o Festival Silêncio, o Lisboa Capital República Popular ou o Jameson Urban Routes, entre outros.

‘primam sempre pela qualidade e o pormenor da comunicação’ Joel Pires Heineken Team Manager

Um dos pilares da marca Heineken, a nível mundial, é a música. Um pouco por todos os cantos do globo, a marca está associada a grandes projectos musicais. É incontestável a vontade da marca estar presente num espaço como o Musicbox, pois é um espaço ímpar na noite portuguesa, desde o cuidado da programação musical que nos brinda, noite após noite, com o melhor que a música tem, com novas revelações, que primam sempre pela qualidade e o pormenor da comunicação, estando em perfeita sintonia com o seu público. Acima de tudo, é um espaço com um ADN muito próprio, que se cruza com o da própria marca Heineken.

‘Continuamos a gostar de construir o nosso ‘é um organismo vivo em constante futuro’ reinvenção’ João Torres Director de Arte/Sócio Fundador do Musicbox (CTL)

Uma das ideias que norteou esta Aventura, tornando-se mote e referência grata, foi a consciência de este projecto ter sentido, constituindo-se de modo forte e sustentável como uma forma de viver a cultura em comunidade, com a dignidade e elevação que a cultura exige nas suas mais diversas expressões. E por outro lado, a convicção de que conceitos como surpresa, fruição, prazer, inovação, alegria, emoção, só poderiam ser concretizados com uma qualidade que não criasse ruído e distracção. Daí que, desde os primeiros passos de construção do projecto, tenhamos investigado, produzido textos, confrontado opiniões, esboçado tudo num espaço de liberdade, de que nenhum dos sócios, pelos seus diversos percursos de vida, alguma vez abdicou. Demos também por isso, no caso do Musicbox, a maior atenção a todos os aspectos da edificação de um ambiente, que sendo suporte de uma utilização presente e futura, estivesse à altura e respeitasse gloriosamente o passado. O cuidado nos aspectos mais formais, do espaço aos figurinos, da escolha dos equipamentos às estratégias de programação e divulgação, foi tido em simultâneo com uma criteriosa avaliação de riscos e de viabilidade financeira. Lembre-se que, por essa altura, era já perceptível o que viria a tornar-se num total desinvestimento público nas áreas da cultura. Mesmo pressionados pela escassez de recursos, e inevitavelmente de tempo, demos cada passo em frente com o cuidado de esses constrangimentos não condicionarem negativamente os passos futuros. Tivemos o arrojo de fazer coexistir, num mesmo espaço, as artes performativas — a música, o cinema, o teatro, a plástica de cena— com a literatura ou a fotografia, ao mesmo tempo que se estabeleciam parcerias de formação com escolas e se apostou na criação de novos públicos. Quanto a escrever a história, tínhamos a noção do quão incompleto é o retrato possível. Daí também a importância do registo — sonoro, fotográfico ou videográfico — do que vai acontecendo. A nossa consciência da efemeridade das artes performativas levou a que um grande esforço nessa matéria tivesse sido feito. Pelo caminho, aprendemos com erros, acertámos rumos, melhorámos práticas. Continuamos a gostar de construir o nosso futuro.

JP Simões Autor/Compositor

Um clube nocturno gerido por melómanos e músicos com bom feitio, que se esforçam por oferecer uma programação intensa de espectáculos, é um espaço fundamental para todos os amantes da música, dos músicos profissionais aos debutantes, dos curiosos interessados aos foliões mais desbragados. Mais do que um espaço com condições técnicas para fazer espectáculos ao vivo, o Musicbox, pela iniciativa dos seus progenitores, o Alex e o Gonçalo, é um organismo vivo em constante reinvenção, procurando e promovendo a diversidade e o arrojo estético, inventando e sugerindo conceitos, pretextos, festivais e formas de produzir expressão artística com independência e auto-sustentabilidade. Pela minha parte, conhecido desde há algumas décadas como uma jovem esperança da música portuguesa, resta-me esperar que este depoimento sincero e imparcial me traga contrapartidas profissionais ao mais alto nível e que, um destes dias, tenha o prazer de estar de novo a tocar no Musicbox.

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‘arca de tesouros’ ‘Sem o Musicbox era tudo, pelo menos, um bocado pior’ Luanda Cozetti Cantora

O que dizer sobre um lugar pelo qual se tem... amor? Um lugar do qual soubemos, antes mesmo dele... existir? Onde sabemos o porquê de cada parafuso, prego, madeira, luz e cores! Um lugar onde celebrei e comemoro vitórias, descanso da faina, danço, encontro os amigos, conheço gente nova, música nova, novas parcerias. Um lugar que tem uma equipe, um time, a malta pensante, sempre à procura de coisas que se possam ver, ouvir, escutar, enxergar... sim, porque é esta moçada que tudo planeja, avista, alcança longe e traz para perto de... nós! Um lugar que tem por nome “caixa de música”, mas que, para mim, se chama “arca de tesouros”... O que falar sobre este lugar? O Musicbox é... lar, minha sala de estar, onde sempre hei de morar! Com amor, Luanda Cozetti.

‘revolucionou a topografia cultural de um bairro, e da cidade’ 108

LÚCIA PINHO E MELO Editora (Quetzal)

Três parágrafos não chegam para falar dos laços sentimentais que me ligam ao Musicbox enquanto a casa de amigos – alguns de longa data, outros, mais recentes - que visito sempre com alegria e me recebem sempre com generosidade; nem para contar as histórias de noites memoráveis. Mas bastam para afirmar que este clube revolucionou a topografia cultural de um bairro, e da cidade, ao desenvolver um modelo que integra diversão nocturna, oferta cultural de excelência e intervenção social e cívica. Com uma programação intensíssima, e para lá do que é a oferta habitual de um clube nocturno - palco de grandes nomes da música e de bandas emergentes nacionais e estrangeiras -, o Musicbox tem sido parceiro e pivot de projectos multidisciplinares, nomeadamente na área da palavra dita (com a iniciativa do Poetry Slam, por exemplo), e na da literatura, com eventos relacionados com a escrita, ou associados a editoras na apresentação e divulgação de autores e obras literárias (em especial, no âmbito do Festival Silêncio). Breves tópicos para memória futura: “Suicida-me” (espectáculo de escrita em directo); lançamento de “A Carne de Deus” de Afonso Cruz ou de “2666” de Roberto Bolaño; Lee Ranaldo (actuação a solo, spoken word, música e imagem); The Correspondents; Ursula Rucker; Male Bonding; Cais do Sodré Funk Connection.

Luís Filipe RodrigueS Jornalista

O Cais do Sodré, antes do Musicbox, era outra coisa. Era pior. O povo lembra-se de sítios como o Povo, que abriram há menos de dois anos e fala da rua cor-de-rosa, ou lá o que é, mas nada disto existiria se uns gajos não se tivessem lembrado de abrir ali um clube em e com condições, onde a música sempre foi o mais importante. E onde a aposta no futuro (quase) sempre falou mais alto do que a nostalgia e a necrofagia. Lisboa também era pior. Mas, mais importante, a minha vida era um bocado pior. Que mais não seja porque nunca teria visto Casiotone For The Painfully Alone – que tantas noites me acompanhou no fim da adolescência – se a equipa do Musicbox não se tivesse lembrado de o trazer cá há um par de anos. Ainda por cima, de graça. Também tinha visto menos um concerto épico de Destroyer e mais uma data de coisas que não tenho espaço para listar aqui. Sem o Musicbox era tudo, pelo menos, um bocado pior. E gosto de acreditar que o melhor ainda está para vir.

‘momentos fabulosos e algumas belas filas à porta’ Manuel Fúria Músico

Nos idos de 2006 e 2007 organizava conspirações caseiras para lançar a editora Amor Fúria e militava no agrupamento musical Os 400 Golpes, o mesmo grupo que, em 2008, entrava pela primeira vez em estúdio para gravar o seu primeiro disco e que, nesse mesmo ano, deixou cair os 400 para passar a ser só Os Golpes. A vontade de dizer coisas em voz alta, a urgência em ser ouvido, o ímpeto de querer construir um edifício e fazê-lo de modo imediato fez de mim o primeiro “agente de marcações” da banda. Era eu que mandava os “imeiles”, telefonava às pessoas, tentava furar. O Alexandre Cortez e a sua Caixa de Música no Cais do Sodré surgem, para mim, neste contexto. O clube, apesar de recente, despertava, a par do Maxime, o maior desejo de legitimação dentro do circuito de sítios onde se podia tocar em Lisboa. Com o alto pedigree fornecido pelo charme decadente do antigo Texas Bar (que só vi no cinema, num filme do Wim Wenders) e uma programação sintonizada com tudo o que interessava e que estava a acontecer, era aqui mesmo que tínhamos de vir tocar. Apanhei o Alexandre pelo telefone e em vez do pedido referido anteriormente, a sua extraordinária disponibilidade e simpatia originaram um encontro, numa quarta-feira às dez da noite no clube. Ouviu o que tinha para dizer e lá nos arranjou uma terça-feira para nos apresentarmos. O concerto foi desastroso, mas a Sara Amado fez um cartaz muito bonito e antes de nós tocaram os We Will (onde tocava o Tiago Brito, hoje guitarrista dos Capitães da Areia), um dueto a fazer coisas instrumentais. Foram também uma data de amigos e amigas cheios de pica para nos ouvir. Dessa noite inaugural desapareceram esses amigos e amigas, dando lugar a malta que queria

mesmo estar nas nossas actuações, e ficou a empatia com o Alexandre. Desde então, as noites da Amor Fúria no Musicbox começaram a ser mais regulares e foram responsáveis por momentos fabulosos e algumas belas filas à porta. Recordo o lançamento do primeiro e segundo disco dos Velhos, o lançamento do “Magnífico Material Inútil” dos Pontos Negros com os Golpes (foi a primeira vez que nos apresentámos com o nome desprovido do número 400) a quaseestragarem a actuação das estrelas da noite com uma portentosa primeira parte e um catártico final com a invasão-de-palco-apanágio-dos-amigos-da-florcaveira. Haverá, certamente, muito boas lembranças, mas acredito que a memória deve ser entendida como uma espécie de trampolim que nos catapulta para o que está para vir. Poderia acabar este texto dizendo que o Musicbox reconfigurou o panorama nocturno em Lisboa ou que é o grande responsável pela nova vida do Cais do Sodré, mas acabo dizendo que, tal como eu ainda não fiz metade daquilo que tenho para fazer nesta vida, também a Caixa de Música do Cais do Sodré não o fez. E que maravilha que isso é!

‘À noite, todos os gatos são poderosos e vulneráveis’

Margarida Ferra Comunicação Bertrand Círculo

Encontro nos dias seguintes, nos bolsos, talões de multibanco que dizem Texas Bar. Sei de pessoas que estiveram horas perdidas a tocar à porta das traseiras, julgando que um lugar assim só podia abrir as portas a quem acreditasse que existia. Encontro nos bolsos crachás com números. Já ouvi poemas bons e palavras gritadas demasiado alto. Uma noite, chegou uma mulher ao palco, pousou a mala numa cadeira, fez tremer a audiência, houve quem chorasse, pegou na mala e desceu do palco, como se fosse depois beber uma cerveja antes de apanhar o último metro para casa. Bebeu qualquer coisa, sim. Encontro amigos que não me lembrava que existiam. É preciso gritar-lhes ao ouvido, saudades, pagar-lhes um copo de vinho, abraçá-los. Já vi livros à venda no Musicbox, mas vi mais livros oferecidos, a saírem do palco em sacos ou envelopes deixados na portaria para quem teve noites melhores a dizer o que escreveu sem olhar para o papel. Às vezes danço. Na melhor das noites, estive no fim da sala, junto à entrada fundo, a caixa cheia. Não havia microfones, nem videogames, só silêncio e voz do Saul Williams a espalhar-se por todo o Cais do Sodré, poderosa, a explicar sem tradução o poder da vulnerabilidade. À noite, todos os gatos são poderosos e vulneráveis.

‘Tem dimensão de laboratório e aproveita-o da melhor maneira’ Mário Lopes Jornalista (Público)

História em construção... A minha história do Musicbox começa antes, quando ainda se chamava Texas Bar e quando o Texas Bar, antes de ser palco de hedonismo pós-milenar quando o século XXI dava os primeiros passos, era um par de cenas fixadas pela câmara de Alain Tanner em “Cidade Branca”. Esse lastro histórico é determinante para a minha relação com o clube ali nascido, construção ciente do seu tempo e desejoso de intervir nele. O Musicbox foi um passo em frente, ainda antes de o Cais do Sodré ser destino de romaria boémia e massificada. E falar dele é falar obrigatoriamente de música. Há tudo o resto que nasce em volta e que faz o carisma e a história dos clubes (os encontros que ali se repetem, as conversas e boas discussões que nascem, os projectos que se projectam), mas é de música que falamos quando falamos dele. Vejo-o através dos olhos da música que lá vi. Os Akron/Family erguendo um inesquecível cerimonial comunitário (22 de Abril de 2007), os Pontos Negros e Tiago Guillul na antecâmara de algo novo a renascer no cenário cá da terra (17 de Janeiro de 2008), Jon Spencer, nos Heavy Trash, gritando soul e rock’n’roll com a coolness que é só dele (5 de Outubro de 2009), os Strange Boys e aquela América toda do Dylan e do garage (14 de Julho de 2010), os Health a empalidecerem, sem culpa nenhuma, perante a explosão de rockuduro dos Throe & The Shine (aconteceu a 22 de Outubro de 2011 e até gostei muito dos Health, mas…) e os War On Drugs a acolherem um saxofonista free jazz “perdido” entre o público (momento irrepetível, mágico, a 31 de Maio de 2012). Isto, obviamente, é um pequeno vislumbre do quadro completo. No universo musical fragmentado e no mundo de fronteiras estéticas diluídas em que vivemos, o Musicbox mostrou, semanalmente, mais. Tem dimensão de laboratório e aproveita-o da melhor maneira, arriscando o novo e promovendo e acarinhado novas criações. É, igualmente, um espaço com a dimensão certa para que nos sintamos próximos e relevantes, tão conspiradores quanto aqueles que ocupam o palco: vemos os músicos olhos nos olhos lá em cima ou cá em baixo, que eles acabam sempre por deambular junto ao bar no final das actuações. E a questão é que o Musicbox não se esgota nisso. Sei-o bem porque tive o orgulho e a felicidade de ser convidado para uma extensão da sua actividade que, à semelhança de eventos como o Festival Silêncio, extravasou as suas fronteiras. O Musicbox, em colaboração com a produtora Droid-i.d., anda a preservar a música, a cidade e um tempo. Os Musicbox Club Docs, série da qual já resultaram duas edições e dez documentários centrados em bandas e personagens relevantes da música portuguesa, são um trabalho sobre o presente e um trabalho de memória futura que representa um dinamismo, uma vontade de fazer e de intervir que, e aqui voltamos ao início, representam esse encontro entre continuidade histórica e construção de algo novo que, perante os olhos e ouvidos deste que escreve, representam o Musicbox. Que estes primeiros seis anos sejam apenas o início.

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‘a coragem de permanecer atento e vigilante, arriscando um percurso próprio, difícil, conquistado!’

Miguel Honrado Presidente do Conselho de Administração da EGEAC

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No seu último artigo intitulado ”2013 entre o sol e as ruínas”, editado no Jornal Público 4 de Janeiro, António Pinto Ribeiro compromete-nos a todos no apelo que faz à resistência contra a derrocada dos dias: destruição de valores, destruição de sentidos, negação absoluta das mais elevadas condições do Humano, aniquilação do acesso “a todas as formas de prazer, conhecimento e inquietação”. O discurso político da aniquilação a que hoje assistimos: legitimado, desassombrado, assumido, é corolário de um processo subtilmente forjado ao longo de anos, cujos sinais e sintomas nos limitámos a ignorar ou a desvalorizar, imersos numa letargia sem ideais e sem rumo. Por isso, celebrar hoje os seis anos de actividade do Musicbox é entendermos que, todavia, alguém teve a coragem de permanecer atento e vigilante, arriscando um percurso próprio, difícil, conquistado! É recordar muitos projectos em que ecoam palavras que hoje ganharam uma súbita e nova urgência: Povo, República e..., claro, Silêncio, porque a qualquer ruína sucederá, sempre, uma aurora de reconstrução.

‘a melhor sala de Lisboa com nova música’

de Carvalho, número 24. Resta-me rezar para que continuem. A trazer mais bandas, mais DJs, mais música e mais vida a uma cidade que precisa e que, sem o Musicbox, não seria tão rica.

‘coração de acolhimento da cidade’ Miguel Valverde Co-director do Festival IndieLisboa

Não há um espaço na cidade como o Musicbox. É vulgar afirmarem-se generosidades em momentos de celebração, no entanto e neste caso é inteiramente justo. O Cais do Sodré, referência cultural de uma Lisboa boémia, tinha-se descaracterizado e envelhecido. Quando o bar-sala de concertosprodutora musical-dilvulgadora de talentos Musicbox aí se instalou, começou progressivamente a mudar a paisagem dos frequentadores do local e aquele viaduto protegido passou a ganhar uma significação especial no coração de acolhimento da cidade. Com uma dinâmica arrojada, original e sempre criteriosa, nunca se esquecendo do papel dos autores e dos artistas na evolução da sociedade, esta casa de sucesso é seguramente um dos lugares onde conseguimos sempre descobrir não a novidade que vai passar, mas a que vai ficar. O IndieLisboa orgulha-se de ter colaborado com o Musicbox em diversas ocasiões e vamos ficar para sempre ligados, através de um memorável concerto de Kate Wax no IndieLisboa 2012.

‘magnético e criativo’ Nelson e Pedro Gomes Filho Único e Príncipe Discos

Desde o momento em que nasceu, o Musicbox sempre tem sido para nós uma avenida aberta para desenvolvermos várias das nossas ideias, na Filho Único e na Príncipe Discos. Todas as conversas que tivemos com todos nesta casa, desde o primeiro dia, foram simples, directas, transparentes, sérias, produtivas, consequentes e entusiasmantes. Fomos sempre impecavelmente tratados, e as nossas propostas – normalmente trabalho novo, que projectava realidades que Miguel Leite Fundador da Punch Magazine não existiam ainda na nossa cidade — foram sempre não só entendidas, como apoiadas, tornando-se daí em diante em preocupações e vontades partilhadas Vejo o Musicbox de duas perspectivas diferentes: a de quem organiza eventos por todos nós. Das várias coisas bonitas e salas bem compostas que já vimos e a de quem sai para se divertir. Do primeiro ponto de vista, o Musicbox é naquela sala, tivemos o privilégio de apresentar grandíssima música de um leque irrepreensível. Desde a pré-produção, à realização do evento, dão-nos sempre um realmente amplo de vocabulário - de free jazz, a noise, à mais invulgar pop, acompanhamento e dedicação dificilmente igualáveis. Na pré-produção toda a a punk e, de há um ano para cá, muita da gloriosa música de dança feita na equipa do Alex Cortez e do Pedro Azevedo é incansável. São directos, dedicados periferia da capital. Toda esta música foi tratada sempre com o maior respeito e dão respostas claras, sem rodeios. Na data do evento tudo corre de forma calma, e interesse por todos os que fazem e representam a casa. A cada vez que nos organizada e é provavelmente uma das salas que conheço onde a parte técnica é encontramos com o Alex, o Gonçalo e o Pedro, percebemos que todos juntos mais privilegiada. No nosso caso não falhou, até hoje, nenhum soundcheck e, na avançámos sempre algo mais de importante para o bem comum em construção, hora do concerto, todos os horários foram cumpridos e o som ficou à altura. que é fazer desta Lisboa um sítio mais auspicioso. É a melhor maneira de viver Do ponto de vista de público, de quem vai e de quem assiste, o Musicbox é que conhecemos, e esperamos poder contar, por muito tempo, com o privilégio provavelmente a melhor sala de Lisboa com nova música. A capacidade do Pedro de um Musicbox tão magnético e criativo. Azevedo encontrar novas bandas e a boa capacidade de negociação fazem com que consigamos ter bandas emergentes e de topo, num espaço tão acolhedor e mítico como o Musicbox. É difícil encontrar melhor e a verdade é que muitos dos grandes concertos a que eu assisti, nos últimos anos, foram na Rua Nova

‘inquieta, desassossegada, vadia’

Nuno Artur Silva Autor e Produtor

o qual o “pessoal do meio” sabe que pode contar no apoio à música portuguesa e isso, para mim, representa muito. Simultaneamente, é um espaço onde se pode trabalhar de uma forma profissional e sempre de uma forma cordial. Representa também uma ideia que sempre tive do Musicbox e do Alex, que é a ideia de interacção e cruzamento das diversas formas de arte, e o passar das palavras e das ideias, que são sempre muitas, para a sua concretização e apresentação, o que no decorrer dos últimos anos, em vários espaços de Lisboa, tem contribuído de uma forma significativa para o enriquecimento cultural da nossa cidade. Penso que conseguiu impor-se como uma peça fundamental na vida cultural lisboeta, e faço votos para que tenha uma longa e diversificada vida.

O Musicbox é a caixa de música de Lisboa. Uma caixa de música à imagem de Lisboa: inquieta, desassossegada, vadia; que não tem uma música, tem mil e uma, tantas quanto as esquinas por onde se vira e, sem esperar, se encontra o rio. É uma caixa de música que, a cada vez que abrimos, tem músicos diferentes a dançar, sempre em misturadas diferentes e irrepetíveis. Paulo Prazeres O Musicbox é a Casa da Música de Lisboa. (Uma casa fora da caixa). Uma Casa Realizador/Produtor no Colectivo Droid-i.d. da Música onde, como no poema do Miguel Manso (“Estão a construir um bar/ Há seis anos atrás, com a tomada do Texas, o Cais do Sodré mudou para sempre! e começaram pela música”), se começa sempre pela música. A criação do Musicbox foi o início de um movimento que transformou o Cais, num dos pólos culturais e recreativos mais importantes da cidade dos dias de hoje. Caracterizou-se sempre pela atitude e diversidade na programação, onde a música é o mote, num clube onde também se vê cinema, spoken word, teatro, performance… You name it! Hoje em dia passo a maior parte do meu tempo no Cais. O maior responsável por isso é também o Musicbox. O nosso actual Nuno Miguel GuedeS estúdio foi descoberto, em 2010, enquanto filmávamos stock footage para a série de Jornalista filmes documentários “Musicbox Club Docs”. Esta série foi mais uma das muitas parcerias realizadas entre o clube e o nosso colectivo. Nestes seis anos apoiaram Primeiro, a verdade que dói: não sou um cliente do Musicbox desde o primeiro as boas e até as nossas más ideias! Aqui fomos VJs residentes nos primeiros dia. Para compensar, fui cliente dos últimos dias do Texas, o seu ilustre antecessor. anos, fizemos filmagens de dezenas de concertos e, apesar da nossa vida serem E confesso que, quando o meu amigo Gonçalo Riscado me disse uma noite que os filmes, foi aqui também que experimentámos ideias que gostaríamos de ver era o novo proprietário do espaço, não soube se havia de o parabenizar ou em prática, explorando sempre a manipulação de imagem ao serviço do som. acusá-lo de estar a destruir as minhas memórias. Nesses primeiros anos, a minha As primeiras festas improvisadas, no ainda Texas, mesmo antes da abertura, Há geografia de lazer e cultura continuava teimosamente no Bairro Alto. O Cais Revolta no Cais, as Ballroom Beasts Nights, as sessões do Polvo Criativo e mais do Sodré era um último recurso, um final de noites mais atribuladas. Pobre de recentemente, a celebração do 10º aniversário da Droid-i.d. são algumas das mim, que não percebi como, a pouco e pouco, aquela casa ia albergando, antes boas recordações dos seis anos passados. Acima de tudo, é um local onde fiz de tempo, muitos projectos que algum dia mais tarde iríamos todos ouvir falar. amigos, onde vi grandes artistas e que sinto como uma segunda casa no Cais do Quando, finalmente, o Cais do Sodré ganhou a dimensão cosmopolita e nova Sodré. Obrigado por tudo o que tem saído dessa caixinha. que a cidade pedia, eu já estava sossegado. Já sabia. Aquela sala recebia muito do que me interessava e, como gosto de estar atento, quer por profissão quer por prazer, já me passeava arrogante debaixo do arco da Rua Nova do Carvalho. Depois, apaixonei-me. Quis participar. E, milagre, deixaram-me. Até hoje. Até agora. Até amanhã. A aventura do Gonçalo e do Alexandre entranhou-se e faço tudo para lhes dar reconhecimento. Portugal é demasiado lento a confirmar quem bem lhe faz. Que estas pobres palavras ajudem a perceber que o que a Pedro Mota cidade, os artistas, a cultura e eu devemos ao Musicbox é muito, muito mais do Match Attack que acontece todos os dias, da abertura ao fecho de portas. Muitas vezes, contra Começou com uma noite e transformou-se numa relação de três anos. A Match tudo e todos. Mas ali não fazer nunca será opção. Attack e o Musicbox mantêm uma parceria baseada na compreensão e partilha de valores como o profissionalismo, programação forte, cuidada e liberdade de acção. Bandas, live acts e DJs convidados por nós tiveram um espaço de emancipação favorecido, num dos locais mais privilegiados da vida cultural lisboeta. É esta sintonia que gostamos de conservar, procurando cumplicidade com o clube, o público e artistas convidados, atacando com vontade de agitar as PAULO PATO futuras noites e madrugadas do Cais do Sodré.

‘You name it!’

‘ali não fazer nunca será opção’

‘liberdade de acção’

‘apoio à música portuguesa’ Produtores Associados

Para mim, pessoalmente, e para as bandas que represento, sempre foi um local onde encontrei grande abertura e receptividade para as diferentes propostas musicais com as quais trabalho. Encontrei sempre uma grande disponibilidade em tentar ajudar e dar a conhecer a música nacional. Sempre foi um espaço com

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‘O Musicbox é grande!’ Pedro, Vanda, Marta e Francisco Editora Chifre

O Musicbox tem sido a casa, o palco da Chifre. É, sem qualquer sombra de dúvida, a melhor sala de espectáculos de Lisboa, a todos os níveis – simpatia, profissionalismo, abertura e boa onda geral. Acolheram-nos no nosso primeiro aniversário, no nosso pontapé de saída, e foi uma noite tão épica que ainda nos comove pensar nela. Já lá lançámos quatro discos, organizámos muitos concertos, e fomos público de ainda mais. O Musicbox dá as cartas e ensina a lição na noite lisboeta. O Musicbox é grande!

‘great risk and astonding passion’ Peggy Jean-Louis Brownswood Recordings

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Musicbox remains at the pulse of the emerging music market scene in Europe. They push the scene with such great risk and astonding passion. It’s been an awesome experience working with such a venue, and being able to contribute to making the rest of UK/Europe see how vital Lisbon is to the growth of our live business.

‘O Musicbox é cultura, ou então Cultura’ Richard Zenith Investigador/Escritor

Começo por dizer que a minha música preferida – a clássica – não se ouve no Musicbox. Continuo por confessar que esta preferência musical não é um motivo de orgulho. Nem de vergonha. Mas acho que me faltava um “Music box” na minha juventude. O meu gosto musical não se limita a Bach, Chopin, Debussy e Shostakovich – aprecio o blues, o rock em várias modalidades e muitas outras coisas – e estou grato ao Musicbox por ter ampliado o meu conhecimento musical. O Musicbox é cultura, ou então Cultura. A distinção que se faz entre uma coisa e outra – cultura popular e cultura erudita – não é inteiramente falaciosa, mas raramente vale a pena. Contam-se pelos dedos os clubes em Lisboa que apresentam um programa de música ao vivo de bom nível, trazendo artistas estrangeiros e também apresentando – por vezes lançando – talentos portugueses. Que sorte termos a orquestra da Gulbenkian, boas casas de fado, as óperas apresentadas no São Carlos, outras salas de concertos e o Musicbox!

‘carisma, história e credibilidade’

Rui de Brito e Sara Ribeiro Director Executivo/Criativo e Produtora Executiva OFFBEATZ Quando o OFFBEATZ começou a ganhar forma, ainda no papel, o ponto fulcral de todo o projecto era o espaço onde iriam ter lugar as suas sessões semanais. Para além da qualidade técnica de som ao vivo e da projecção de vídeo, o mais importante era conseguir um espaço que, devido ao seu carisma, história e credibilidade no panorama da música e da movida nocturna portuguesa, fosse uma referência incontornável e imediata, tanto para público como para todos os envolvidos na indústria da música nacional, desde os que estão ainda a começar, como para os já consagrados. O primeiro nome que saltou para cima da mesa: “o MUSICBOX, claro”.

‘Estamos para sempre ligados’ RUI MURKA DJ

Nos últimos 6 anos, o Musicbox conseguiu solidificar o seu estatuto de referência na cena musical e ser, actualmente (é óbvio que sou suspeito nesta análise), o espaço com a programação musical mais estimulante, fresca e diversificada da capital a vários níveis, do rock ao techno, do funk ao hip hop, do experimental à electrónica. Acompanhei o Musicbox bem de perto desde a sua abertura e tenho feito fantásticas viagens musicais desde o seu início - são muito raros os clubes onde se pode fazer DJ sets de seis horas, passando por diversos estilos musicais e sempre com pessoas interessadas e esclarecidas na pista de dança. Acompanhei tão de perto que eram minhas as agulhas utilizadas na noite de abertura. Estamos para sempre ligados!!! Parabéns Musicbox!!!

‘Todo o mundo num ponto’ Rui Órfão Arquitecto

Musicbox, uma caixa no centro do mundo... Muitos centros tem o Universo, muitos centros tem a Terra, tantos centros tem o Homem... O centro é uma abstracção e um paradoxo. Uma abstracção porque é um exercício mental, um paradoxo porque subjectivo. Só a geometria nos remete para algo vagamente concreto e referenciador para a compreensão dessa abstracção a partir da qual o nosso mundo passa a ter escala e sentido. Porque ao centro associamos a medida e a esta a proporção e o equilíbrio das forças sem as quais ficaríamos perdidos na floresta dos sentidos e da comunicação. Lisboa é aqui o centro desse mundo e porque a música é a linguagem universal que o torna comum, o Musicbox é a expressão dessa universalidade que o une. Lisboa é fronteira entre o mundo do Sul e mundo do Norte – Lisboa é a cidade do trânsito e da troca dos mundos pelo oceano que o cose, unindo as partes que separadas se reúnem pela essência

da linguagem expressa nos sentimentos revelados pela música – manifestação do espirito divinizado. Todo o mundo num ponto porque é na música que todos se reconhecem e aqui se reflecte neste local que o tempo consolidou como território de ressonâncias diversas traduzidas em letreiros ecoando sonoridades de outras paragens. Aqui aportou Ulisses e se fez Lisboa. Aqui, sob a rua que desce ao Tejo, a música solta-se no interior da caverna, qual templo primordial para que o ritual e os ritmos sintonizem o compasso e o pulsar mágico do centro de todo o mundo que existe em comum em cada um de nós.

‘a inquietação e o eclectismo’ RUI PORTULEZ Jornalista

O Musicbox está de parabéns e Lisboa também. O Musicbox, por ter conseguido afirmar uma identidade, conquistar um público e inscrever-se no circuito multicultural e transversal que interessa, aquele que se pauta pela pertinência, ousadia e desafio das apostas que programa, que recusa o facilitismo e a imobilidade e que acompanha e antecipa um mundo em constante e cada vez mais rápida mudança. Lisboa, porque como capital cosmopolita que é, soube responder à altura e aderir com entusiasmo, incluindo o Musicbox no seu ADN cultural e estabelecendo com o clube do Cais do Sodré uma relação de cumplicidade e apreço, que se prolonga noutras instituições capitais, que também funcionam parcialmente out of the box, mas partilham o mesmo groove e códigos de conduta e práticas semelhantes, como a Rádio Oxigénio ou a Radar. Ao longo de seis anos, a inquietação e o eclectismo marcaram a vida do Musicbox, mas basta ir hoje ao site ou procurar nas redes sociais para perceber que a energia e o groove que transporta, desde o início, se mantêm inalteráveis. O menu deste início de ano é paradigmático de uma certa atitude, que neste caso é mesmo a atitude certa. Portugueses, entre DJs e actuações ao vivo, temos Octa Push e Stereossauro, em proposta de Dj Ride; Tiago Santos e o Cais do Sodré Funk Connection (superbanda feita na “casa”), Sir Scratch, X-Wife, Dealema, Tora Tora Big Band, JP Simões, Terrakota, Optimus Discos, Anarchicks, Paulo Furtado (a juntar-se a Willy Moon), Algodão do Carlão, Micro Audio Waves, El Trio Pincha Discos e La Flama Blanca... Ou seja, desde o cantautor à electrónica, do rock ao hip-hop, da world ao pos dubstep, do kuduro à cumbia (latina enrolada em Portugal!), há aqui de tudo um pouco, entre recém-chegados e veteranos. Querem mais? Há Jameson Urban Routes, onde a mesma lógica eclética e horizontes musicais largos se aplica, e depois, “para algo completamente diferente”, o Festival Silêncio, de faladura e spoken word, slam sessions, o Festival Lisboa Capital República Popular e espaço para a liberdade de expressão e experimentação, para dançar e pensar. Querem mais? Vão lá ver (e esperar rever gente como Kode 9, LV, Joshua Idehen, Ifan Dafydd, Twin Shadow, Destroyer, Quantic e Alice Russel...).

‘momentos inesquecíveis de amizade, partilha e liberdade’ Sandra Silva Editora da 101 Noites

Desde a sua abertura, a editora 101 Noites foi cúmplice deste clube de música, que marcou uma verdadeira revolução na movida artística lisboeta. Aqui foi apresentado o projecto Guia da Noite que, durante cinco anos, conduziu os alfacinhas pelos melhores spots da cidade, revelando as novas tendências da cultura urbana. Muitos dos músicos, DJs e artistas que por ali passaram foram entrevistados para a revista e site do Guia da Noite, que também cobriu os festivais (Jameson Urban Routes, Lisboa Capital República Popular, Festival Silêncio), torneios de poetry slam, espectáculos e tantos outros eventos que marcaram a história deste clube. Outros livros do catálogo da 101 Noites também foram aqui lançados, em festas que faziam lembrar os tempos em que, no antigo Texas, se reuniam, ocasionalmente, poetas, realizadores, jornalistas, escritores, em intermináveis conversas pela noite fora, animadas pela fauna local. Mal podiam imaginar que um dia aquele mesmo espaço se iria transformar numa tertúlia de novas gerações de artistas. Sim, porque quando vamos ao Musicbox ainda podemos encontrar-nos com o Cesariny ou tantos outros poetas que andaram — e ainda andam — por ali à solta. Mas a história do Musicbox também é feita de afectos. Esta caixinha de música guarda muitos segredos. Entre eles, momentos inesquecíveis de amizade, partilha e liberdade pois, como dizia o Hermínio Monteiro, assíduo príncipe da noite e do Cais do Sodré, “na noite de Lisboa só os morcegos não conseguem voar”.

‘ahead of many others’ SINAN ORS Agente ElasticArtists

Musicbox are not only a real pleasure to work with but also have the foresight to book original and new talent for Lisbon, ahead of many others.

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eliminando – o complexo ecossistema circundante, esse Cais do Sodré marialva e perdido no tempo, que agora é lugar de encontro e animação cultural. Essa nova era, começou ali, no Musicbox.

‘espaço incontornável na subcultura desta ‘um verdadeiro cidade’ espaço de Serviço Público Nacional’ Tó Trips Músico

Sinto-me em casa quando vou ao Musicbox! Tanto como tipo que vai a um bar ou como músico. É um clube em que estou à vontade entre amigos, sempre fui bem recebido, sempre passei grandes noites nesse clube. Adoro as conversas de backstage! E as portas de saloon que abrem para o palco, tem uma boa programação, ecléctica, pessoas divertidas, uma equipa 5 stars, com vontade de fazer coisas e lançar desafios, para os quais me fizeram alguns convites: como tocar a solo, coisa impensável noutros tempos, ou cine-concertos, ou tocar com outros excelentes músicos tais como Vítor Rua, Nuno Rebelo, Flak, Alex, João Gomes, Fred e muitos outros. Se não fosse o Musicbox, seria mais difícil juntarmo-nos para tocarmos. Belas noites passadas no bar mais antigo do Cais! O Musicbox é um clube que fazia falta a Lisboa, desde o desaparecimento do Johnny Guitar nos anos 90. É um espaço incontornável na subcultura desta cidade e fica num dos sítios de Lisboa de que mais gosto: o Cais do Sodré! É nesta caixa de música, com muita gente lá dentro que eu gosto de sair à noite, ver concertos, ouvir poesia e encontrar-me com amigos! Keep Rolling Musicbox!

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‘real musical insight!’ TOM DODD Agente ElasticArtists

If you are going to play Portugal first stop should be Musicbox. Always breaking fresh new music and showing real musical insight!

‘cruzando áreas e saberes diversos’ Vítor Belanciano Jornalista/Crítico (Público)

Foi há sete anos, quando o Alex Cortez me disse que iria abrir, na companhia de outras pessoas, um espaço no Cais do Sodré. Fiquei feliz. Porque reconheço nele generosidade e visão, imprescindíveis num projecto semelhante, mas também por ser no Cais do Sodré, um bairro onde eu e ele vislumbrávamos que se poderia sedimentar um novo eixo cultural e boémio, alternativo ao que já existia. Na última noite de vida do Texas Bar (que iria albergar o Musicbox) convidou-me a mim e ao meu amigo António Contador para pormos música. Estava pouca gente, mas não faz mal, porque nessa noite já se vislumbrava o que aí viria: um espaço transversal, atento a novas movimentações musicais, mas sem ficar preso a nenhuma em particular, aceitando que a cultura popular na actualidade se faz de várias genologias, épocas e vibrações, cruzando áreas e saberes diversos, tudo à volta de uma bebida e da sociabilidade do prazer. Tudo isto só foi possível porque existiu sensibilidade para se perceber que era convivendo – e não

Zé Pedro Músico

O Musicbox e o seu serviço público: a autonomia de um povo está na sua cultura. Essa cultura tem de ser divulgada, para que todos a possamos aproveitar. A arte só é cultura se as pessoas a consumirem, a usarem para seu proveito próprio, opinarem sobre, enfim se a sentirem. Para se ter uma cultura efectiva, tem de haver uma subcultura, que vai, constantemente, alterando e actualizando aquilo que se vai fazendo. Na música, essa cultura emergente pertence aos clubes. É aí que poderemos ouvir e ver as novas propostas artísticas que os compositores, poetas e músicos, começam a divulgar. Lisboa, como qualquer cidade que preze a cultura, tem o seu espaço/clube, que muito bem divulga novas ideias musicais e artísticas, que vão aparecendo. Não é fácil fazer e criar um espaço assim, onde todos nos sentimos bem, a participar ou apenas a frequentar. Para anter uma programação de bandas/artistas, de DJs, de festivais, como o Musicbox faz e tem, é preciso muita paixão, amor e trabalho. Por tudo e o que mais virá, muitos parabéns a todos os fundadores, gerentes e restante pessoal, que faz do Musicbox um verdadeiro espaço de Serviço Público Nacional.

‘Lisboa tão longe, afinal tão perto’ Zeca Medeiros Compositor/Autor/Realizador

Caixinha de música, caixinha de surpresas. Aqui lavrei na noite trovas atlânticas, cantigas do mundo. Lisboa tão longe, afinal tão perto: aqui, no Musicbox. Bem hajam.

É sempre o olhar dos outros que nos devolve aquilo que somos

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MU SIC BOX ADN Fotografia: alípio padilha

Para um projecto funcionar, é preciso que alguém acredite. No caso do Musicbox, muitos foram os artistas que acreditaram e acrescentaram as suas vidas e arte. E essas vidas, essa arte, tem nome. É o que aqui se deixa.

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“A CARNE DE DEUS” DE AFONSO CRUZ; “A GÉNESE” COM FERNANDO CUNHA + ROGÉRIO CORREIA + FLAK; “A POESIA ESTÁ NA RUA” COM MC’S, RUAS, SAGAS, BOB DA RAGE SENSE E NBC + RIDE; “A Revolta do Vinil - Oxigénio” com Ricardo Guerra; “AN ISLAND” – filme de Vincent Moon sobre Efterklang; “CANÇÕES REVOLUCIONÁRIAS” com Ana Deus, Flak, Tim, Vicente Palma, Miguel Ângelo, Fernando Cunha, Olavo Bilac, Pedro Almeida, Pedro Pupe e João Neto; “CONTIGO TORNO-ME REAL” DE RUI PEDRO SILVA; “Estórias (daquelas que eu vi)” de Zé Leonel; “Invenção do Dia Claro” com António Jorge Gonçalves e Flak; “Irmãos Demónio” com Filho da Mãe, Hélio Morais, Quim Albergaria e Kalaf; “LISBOA CRÓNICA ANEDÓTICA” DE LEITÃO DE BARROS COM ACTUAÇÃO AO VIVO DE FLAK, FILIPE VALENTIM, VIVIENA TUPIKOVA, ABEL GOMES E DIOGO FARO; “NÃO SOU O ÚNICO” de ZÉ PEDRO; “OS MALDITOS: CESARINY” COM RODRIGO LEÃO, GABRIEL GOMES, ROGÉRIO SAMORA E VIVIENA TUPIKOVA; “Poesia Concreta” com José Wallenstein, Paulo Abelho, João Eleutério; “Poésie et Lingerie” com Inês Jacques, Cláudia Efe, Carla Bolito, Edgar Al Berto e Alexandre Cortez; “RAPUBLICA XXI” com ACE, BAMBINO, MUNDO, SAGAS, D-MARS, XEG + NEL ASSASSIN; “Secreta Vida das Imagens” com Jari Marjamäki, Miguel Loureiro e João Pedro Gomes; “Suicida-me” de Alberto Torres Blandina com Dulce Maria Cardoso, José Mário Silva e Patrícia Portela; “THE MAN WITH THE MOVIE CAMERA” DE DZIGA VERTOV COM ALEXANDRE SOARES + FLAK + NUNO REBELO + TÓ TRIPS; “VÍRGULA, CARALHO” DE VERA GALPE; “Writing Mirrors” com Jacinto Lucas Pires, Afonso Cruz, Fernando Ribeiro, Mónica Marques; ?UESTLOVE; [D-66]; 100 Leio; 12 Macacos; 2CV MUSIQUE; 2Morrows Victory; 2OLD4SCHOOL; 2PLAY b2b SUBCRONIC; 3 WYZEMEN; 400 GOLPES; 5HT; 9 Live Cats; A Armada; A book in the shelf; A BOY NAMED SUE; A Caruma; A ESTRANHA; A Jigsaw; A LETTER TO EVA BRAUN; A Minha Banda; ABOVE SMOKE; AbztraQt Sir Q; ACADEMY FRIENDS; Accatone; ACID LIZARD; ACROMANÍACOS; Actress; Adler’s Appetite; ADRIANA SÁ; Adryana Gold; Affaire; Afonso Rodrigues; AFONSO SIMÕES; AFU-RA; Agir; Agnostic Front; ÁGUILA; AIRES SILVA; AKRON FAMILY; ALATAK; Albert Fish; Alcides; Aldina Duarte; ALEX CORTEZ; Alex D’Alva Teixeira; ALEX FROM TOKYO; Alex Salvador; ALEXANDRE BARBOSA; Alexandre Mak aka MAKENJI; AL HACA; Alice in Wonderland Syndrome; ALICE RUSSELL; Alif; Aline Frazão; ALL EMOTIONS DAY; ALL THINGS SHINING; ALLA POLACCA; ALLOY MENTAL; Alma Fábrica; Alto de Pêga; Alto!; Alucina; AMARIONETTE; American Prayer: tribute aos The Doors com Dead Cats Dead Rats; Ami Karim; AMODALI; Amor Terror; ANA DEUS; ANA FREE; Ana Isabel Arroja; Ana Lamy; ANAID CRAM; Anaquim; Andersen Molière; ANDRÉ CARRILHO; André Gago; André Indiana; Andre Wakko; ANDREA VERTESSEN; Andrew Thorn; ANDREYA TRIANA; ANDY H; ANDY PUNCH; ANDY VAZ; ANGELSPIT; Angry Odd Kids; Animal Prints; Anna Ihlis; Anonima Nuvolari; ANTHONY JOHN QUARTET; ANTI-CLOCKWISE; ANTÓNIO CHAPARREIRO; ANTÓNIO CONTADOR; António Cova; ANTÓNIO FERREIRA; ANTÓNIO PIRES; APC; Apotheus; Aquaparque; Armada; ARMANDO TEIXEIRA; Aroma; ARSHA; ARTE SACRA; ARTHUR BAKER; ARTivista; Artmata; ARTTU; As They Burn; Asabikeshiinh; ASIDE; Asterisco Cardinal Bomba Caveira; Atma; ATOS TRIO; Attaque; ATTRITION; AUDIO VISUAL CHRONICLES; AUGUSTO SEABRA; Auntie Flo; AutoKratz; Awaaz; Azevedo Silva; B Fachada; BÄ MBO; BABY SOUL; BACK YARD BABIES; Backflip; BADLOVERS & HISTERIA IBERICA; Bailarico Sofisticado; Balão Dirigivel; Balkan Ba Machsan; BALLA; Balla Redux; BALLET MECÂNICO; Ballis Band; BANDA B.LEZA COM CALÚ MOREIRA, CELINA PEREIRA, MARIA ALICE E DANY SILVA; Bandido$; BANDIDOS DESESPERADOS; Bang the Boxx; BANGGURU; BANSHEE ASEWCR; BAR; Barata; Barry White Gone Wrong; Bass-Off; BATIDA; Batucada Sound Machine; Beards; “Beat Hotel” – um espectáculo de André Gago; BEAT LADEN; Beat Laden; Beatbombers; Beats and News; Beatsound; BEFORE THE RAIN; BEFORE THE TORN; BEIST; Beleaf; BELLENDEN KER; Belllenden Ker; BELZ BLUES BAND; BEM MONO FEAT KISSEY ASPLUND; Bene; Berna; Best Before Full Moon; Best Youth; BEZEGOL; Biancard; BIEL BALLESTER TRIO; BIG BADDA BOUM SOUND SYSTEM; BIG BAND & FRIENDS; BIG PETER; Big Youth; Bigfoot Soul Club; Bigott; BILAN; Billy; BIRD; Birds are indie; Biru; Bitsound; BIZARRA LOCOMOTIVA; BIZT & FLAKE; Bjoy Hoster; Black Bombaim; Black Dice; Black Leather; BLACK PONY EXPRESS; Blackjackers; Blacksunrise; BLANK GENERATION; BLASFEMEA; Blastah; BLAZE; Bleeding Display; Blind Charge; Blind Zero; Bling Project; BLOODGROUP; BLUE TRASH CAN; BMX; Bob da Rage Sense; BODYCODE; Bohdan Piasecki; Bon Homme; BONOBO; Boogaloo; Booster; BOOTY CALL DJ CREW; BOOZOO BAJOU; BOP BI BOP; BORBETOMAGUS; BORDERLINE INSANE; Boris; BORN A LION; BOSS AC; BOSSK; BOUNCING SOULS; BOXCUTTER; Brain; BRAVA DANÇA; Breach (aka Ben Westbeech); BRENT; Brigada Victor Jara; BRINGING THE DAY HOME; BROKEN DISTANCE; BRUNO DE ALMEIDA; BRUNO LOBATO; Bruteforce; Bruto and The Cannibals; B-SIDE; Budha; BUGZS IN THE ATTIC; BULLET; Bullion; Bullycau; BUNNYRANCH; BURAKA DJs; BURAKA SOM SISTEMA; BUTTERFLYSOULFLOW; Bye Bye Bicycle; Bypass; BYRD; C de Croché; Cabace; Cabaret! DJs; Cacique 97; CADÊNCIA; Caducados; Cais do Sodré Cabaret; Cais do Sodré Funk Connection; CALAPEZ; Call to Preserve; CAMANÉ; CANDY; Canto Hondo; CÃO; CAOS & DESORDEM; Capicua; capitão américo; Capitão Capitão; Capitão Fantasma; Capitão Fausto; Carbilly; Cardopusher; CARLITOS; Carlos Nilmmns; CARLOS ZINGARO; Carminho; Carnival Night; CARTELL 70; Caruma com Teresa Gabriel e Manuel Cintra; Casa Cláudia Lipstick Waves; Casino Royal; Casiotone for the Painfully Alone; Cast A Fire; CASTRO; Catarina dos Santos; CATHERING N1; Cavaliers of Fun; CAYETANO; Cazino; CDC; Cebola Mol; CECIL B DE ALMEIDA; Chain & The Gang; CHÊDAS; CHEMICAL WIRE; CHERNOBYL; CHERYL; CHICKS ON SPEED; Chimera; CHRIS & CANDY; CHRIS CUTLER; Christian BuSS.; CHUCHURUMEL; Chullage; CIBELLE; Cinemuerte; Cinza; Civic; Clark; CLASH CITY ROCKERS; CLASH DOC’S; CLÁUDIA CLEMENTE; CLÁUDIA EFE; CLAUDJA; CLAWNIX; CLIP!; CLOCKWORK BOYS; Close to Words; CLUNK; Cochaise; Coco; Coelho Radioactivo; COLDFINGER; COMBO NUEVO LOS MALDITOS; Corrosão Caótica; Corsage; Cosie Cherie; COSMIC SANDWICH; COTY CREAM; Couple Coffee; Cpt. Luvlace; Creenwick; CRIMSON TEARS; Criolina; Crisis; Crushing Caspars; Cruzfader; CURIA; Cut slack; Cuzo; CVLT; Cynic; D MARS; d.O.t ; D3Ö; Da Chick; Da Real; DA STEPPERS; Daedelus; daily misconceptions; Daisy; Dalai Lume; Dalmation; DAMA BETE; Dan Reed; Dan Riverman; DANA JESSEN; Daniel Best; Daniel Don Kisluk; DaPunksportif; Darko; DARKSIDE OF INNOCENCE; Darkstar; DARRYL READ & THE BEAT EXISTENTIALISTS; DATA 7; DATA MC; David Almeida; DAVID FONSECA; DAVID MARANHA; David Pires; DAVIDE PINHEIRO; DAVIDO; DAWNRIDER; DAY OF THE DEAD; DAZ I KUE; Dazkarieh; DD Peartree; DEAD COMBO; DEAD KIDS; DEADBOY; DEADFRED; DEAF HEAVEN; DEALEMA; Dear Telephone; DEATH KARAOKE; DEATH THREAT; DEAU; DECKJACK; DECRETO 77; DEDY DREAD; Deep Press; DEESTANT ROCKERS; Defying Control; DEHESA;

DEIZE TIGRONA; Del Shapiros; DEL TÓ; DELFINS; Delmighty Sounds; DELUDE; DEMUS; Deni Shain; DEOLINDA; Depised Icon; Destroyer; DEUBREKA; DEVIL IN ME; D’EVIL LEECH PROJECT; Dharma; Diabo na Cruz; Diamond Bass; DIDGIN’; Diego; Diego Armés; DINIS; DINO & THE SOULMOTION; Diomond Bas; DISARM YOU; DISCOPUNK; Discotexas bBand; DISTURB; Dixie Boys; Djimi; DLM; SOUNDSYSTEM; D-MARS; DOISMILEOITO; DOLCE VITA; DOLLAR LLAMA; Dominique Ronshausen; Dominó; DON VITO; DONAS DE CASA AOS PRATOS; D-one; DOPO; Dorian; Dorian Concept; DOUBLE BIND; DOUBLE D FORCE; Double Damage; DOUG MACLEOD; DOZE MAKAKOS; DR. BASTARD; DR. ESTRANHOAMOR; Dr. Frankenstein; DRAWLINGS; DRILL; Droid Clipmix; Droid-I.D.; DROP TOP; DRUMAGICK; Duarte Saraiva aka THA CAVE; DuasSemiColcheiasInvertidas; DUB BORDELL; DUB VIDEO CONNECTION; DUB_BUD; DUBBLE8; Dubmatix meet Brother Culture; Duro; DW VOID; DWART; DWS; Each; EARL ZINGER; Earth Drive; EBONY BONES; EDGAR ALBERTO; EDGAR MASSUL; Eduardo Cunha; Eduardo Madeira; EDUARDO RAON; EEGA X; Efterklang; EL FAD; El Gran Silencio; El Guincho; El Mecanico del Amor; ELA NÃO É FRANCESA, ELE NÃO É ESPANNHOL; Electric Bazar; ELECTRIC GUITAR ENSEMBLE; ELECTRÓLISE; Elektra Zagreb; Elisa Rodrigues; Eliza Sparks e Greyss; Ella Palmer; Elle Against Label; Elysian Fields; EMILY JONES; Emmy Curl; ENA PÁ 2000; ENCHANTYA; Enday; ENEIDA MARTA; ENIGMA; ENRIQUE DOMENECH; EPOC LIVE; Eric D. Clark; ERIK SPRANGLER; ERNESTO RODRIGUES; ERRO; ERVAS DANINHAS; “ESTILHAÇOS” COM ADOLFO LUXÚRIA CANIBAL, ANTÓNIO RAFAEL E HENRIQUE FERNANDES; ETA CARINAE; Eva Be; Exotique; expander; Ex-Votos; F.E.V.E.R.; F_ ACTOR VISUALS; F_USION; Fábrica de Brinquedos; FABRIZIO MEDEIROS; Fabrizio Reynolds; Face Of A Virus; FADER CONSPIRACY; FADIGAZ; Familea Miranda; Family Complow; FANKAMBAREGGAE; Fantasma; Fantastic Mr Fox; FANTASY OPUS; FAQIR; FARRAFANFARRA; Farrapo; Fast Eddie Nelson + Tracy Lee Summer; Fat & Slim; Fato/Feto; Fear of Tigers; FEINDFLUG; FERNANDO ALVIM; Feromona; Festival Termómetro; FEVER; Filho da Mãe; FILHOS DO TÉDIO; Filipe da Graça; Filipe Homem Fonseca; Final Happiness; Fink; FIONA AT FORTY; Firmeza; Firstborn; FLAC BANG; Flak; Floating Points; Floro; FLU; Footmovin Rooster; For Godly Sorrow; For Ophelia’s Death; FOR THE GLORY; Forgotten Suns; Francis Allun Bell; FRANCISCA CORTESÃO; FRANCISCO MARIA; Frango; FRANKAMBAREGGAE; Frankie Chavez; Freddee; Freddy Locks; FREDERIC GALLIANO; Free the Robots; Fresko; FREYA; FRIVOLOUS; FROM NOW ON; Fua & Carolina Lagarto; Fujiya & Miyagi; FULL MOON; FUNK D’JAM COM PAPO RETO; Funk do Boi; Funkineven feat. Fatima; FUNKOFFANDFLY; FUNKULA; Fusion; FUTURE PROJECT; Futurecop!; FUZZ ORQUESTRA; Gabriel Abrantes; GAC - Vozes na Luta; GADJET; Gaiteiros de Lisboa; Gala Drop; Gallak; Gatos do Beko; GAZ MAYALL; Gazua; Gee Bees; GEIOM; GENTLEMAN STRIP CLUB; GERARDO FRISINA; Getta Live; Ghostlog; Ghostpoet; GIGANTIC; Gilles Peterson; Gimba e os Bandidos; Gingongo; Gino’s Eyeball; Glam Slam Dance; Glasser; GLOBAL MUSIC SHELTERS; Glue; GNU; Go Suck a Fuck; God Bless Jack; GOD SAVE THE QUEEN; GOD WEARS A BLACK SUIT; GODMEN; Goldengroove; GOLDIEROCKS; GOMA VECT. MACHINE e BLINDSNIPER; Gomo; Gonçalo Gonçalves; GOODBYE TOULOUSE; Goodbye, Labrador; GOTA; Granada; Grand Pianoramax feat. Mike Ladd; GRAVE DIGGERS; GREEN MACHINE; GROOVE 4TET; Groove Intercourse; Groovy Kids; Grossraumdichten; Gruvless; GUIDA DE PALMA; GUILHERME RODRIGUES; Guitars From Nowhere; GUS; Gustavo Rodrigues; Guta Naki; Guto Pires; GUTTO; H30H; HÁ MAR EM LISBOA; Hã!; Halloween; HANDSOME FURS; HANDSOME HANK; Hang em High; HANGING BY A NAME; Hapiness Project; Happy mothers; HATE KUDSON; Haus; HEAD WIRE; Health; Heavy Trash; HELENA CAT; HELL IN HEAVEN; HELLSPIDERS; Henrique Amaro; HERNANDEZ; HIATA; Hieroglyphic Being; HIGH VIBES SOUND; Hills Have Eyes; Hip Hop series; HIPNÓTICA; HIT DA BREAKZ; HMB; HOMENS DA LUTA; Houdini Blues; House of Lords; Hugo Santana; HUMAN FLY; Humble; HYNKA; I Wrestled a Bear Once; Iberia; IBOOMBOX; Iconoclasts; IF LUCY FELL; Ifan Dafydd; Indigo; INDY; Infestus; INNASTEREO; INSPECTORES; INSTANTÂNEOS; INSTEAD; Interm.ission; INTRONAUT; Is Tropical; Ismael Roots; IVA; Ivvvo; J THE VIDEO K; J VELLOSO; Jack & Dante; JACK ATTACK; JACK D. MOORE; Jack Spot; Jacques Greene; Jacques Renault; Jah Version; JAHVAI; Jaimer; JALEX; JAMES KROHN; James Warren; JAMIE WOON; JANITA SALOMÉ; Javenger Dourado; Jazzanova; JAZZCOTECH; Jazzy J; JB ENSEMBLE; Jeff Lorber Fusion; JEL; Jelly Jumpers DJs; JENIFEREVER; Jennifer Batten; JERRY THE CAT; JESUS BONBIN; Jetboy; Jim Dunloop; JIMMY; Jimmy Edgar; JOAH ANN LEE; Joakim; JOAN BARBENA; Joana Azevedo; João Berhan; JOÃO CARI; JOÃO DINIS; João Gomes; João Oliveira; João Paulo Pires; João Pedro Gomes; João Peste; JOÃO PINTO; Joao Só e Abandonados; Joey Cape & Tony Sly; JOHN HOLMES; JOHN KLIMA; John Makay; JOHN NAZAI; Johnwaynes; Johny; Joker (ex- Dj Love); Jokers of The Scene; Jon Kennedy; J-ONE; Jorge Caiado; JORGE P. PIRES; Jorge Palma; JORGE SERIGADO; JORGE VADIO; JOSÉ BELO; JOSÉ CARLOS CALISTO; José de Pina; JOSÉ MÁRIO BRANCO; JOSÉ RODRIGUES; JOSEPH T; JOYCE MUNIZ; JP Simões; JPG FROM DALTONIC BROTHERS; J-STAR FEAT. MC HONEY BROWN; JUAN ATKINS; JUAN FRIENDS; JUCE DELGADO; Jukebox; Julie and the Carjackers; Julio Bashmore; JUNIOR THOMAS E JONJON; JUNKIES RUNNIG DRY; J-Wow; K2 (Kee Marcello, Mike Terrana e Marco Mendonza); k2o3; Ka$par; Kacetado; KALAF; KALASHNICKOV; KALEIDOSCÓPIO TRIO; KALIMODJO; KALO; KAMA; KAMALA; Kamba Dub; Kamões; Kaneng Lolang; KAREN P; KARETUS; KARL INJEX; Karuniiru; Kaspar; KATABIC; Kate Wax; Katfyr; Katharsis; KAZIKE; KEITH CAPUTO; Khorda; Khuda; Kill Button; KILLAGEES; Killing Electronica; KIMI DJABATÉ; kimo amemba; King Britt; King Kong; King Midas Sound; KINSKI; Kinz; Kiss Kiss Kiss; Klaxons; Klipar; KNÖTAROTÖT; Knowledge; Kode 9; KOKO VON NAPOO; Kokolo Afrobeat Orchestra; Kolt; KOMODO WAGON; KOMPULSE; KORASONS; Koreless; KRAKEN BEAT; KRONOS; KRUM BUMS; KUMPANHIA ALGAZARRA; KUNK FOO FUNK; KUSHINADASAN; KUSSONDULOLA; KWAN; L & THE BLACK CATS; La Chanson Noire; La Dupla; La Flama Blanca; LA PROHIBIDA; Lacraus; Lacrosse; LAD; Ladrões do tempo; LADY CC; LADYGBROWN; Laia; Lapalux; Lara Soft; LAREIRA; LARGE NUMBER; LARKIN; Las Divas; last day on earth; Laurel Halo; LAZY; LBC; Le Grind; Le Rockeur Digitable; Leandro Morgado; LEATHERSTRIP; LED ON; Lee Ranaldo; LEGAL EVIDENCE; LEGENDARY TIGERMAN; LEI DI DAÍ; L’Enfance Rouge; Leo Guzman; Les Baton Rouge; Les Dindings; L’HERBE FOLLE; Light Year; Like The Man Said; Linda Martini; Lindu Mona; Link; Liofox; LIONHEART; LISABON BY BUS; LISAMONA; Lisboa Sport Club Funk; LISBON AFTER MIDNIGHT; Lisbon Alien Orchestra; LISBON IMPROVISATION PLAYERS; LISBON SPEKTRUM KORPORATION; Lissabon; Little Claw; LITTLE DRAGON; Löbo; LOBO MIAU; LOBSTER; LOLLY & BRAINS; LOMO; lonesome spit; Long Distance Calling; Long Way to Alaska; LOOP RECORDINGS SOUND SYSTEM; LOOSE CANON; Loosers; LORDE G; LORENZ FACTOR; Los Explosivos; LOS

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ROTOS; Lost Park; LOTO; Louie Austen; Lousy Guru; Lovdaxit; love factor; Lovers and Lollypops Soundsystem; LOVEYOUDEAD; Low Torque; LUA CADILLAC; Lucas Bora Bora; Lucas Gutierrez; LUCKY; Lucky Duckies; Ludwig Berger; LUÍS BENTO; Luís Caracol; LUÍS FILIPE VALENTIM; LUIS OLIVEIRA; Luis Varatojo; LUÍSA GONÇALVES; LUKE VIBERT; Lula Pena; LULLA BYE; LUMP; Lur Lur; Lusenas; Luso-Guerreiros; LV; Lydia Sleep; M.SÁ; Maboku; Macaco Simão; MACACOS DO CHINÊS; MACHINEDRUM; MAD PROFESSOR FEAT. JOE ARIWA; Mad Sin; MAD.MAC; Nuno Lopes; BITSOUND; Madame Godard; Madame Sonora; MADCAB; MADUROS; MagaBo; Magistrado; Makafula Soundsystem; MAKOSSA; MALAGUETTA; Malcontent; MALE BONDING; MALLU MAGALHÃES; Maltês; MALUCA; MALUCOS DO DISCO; MAMUTE; Manaia; MANTA ROTA; MANTRAP; MANU; Manuel Freire; Manuel Fúria e os Náufragos; MANUEL JOÃO VIEIRA; MANUEL MOTA; Manusfritos; MANYFINGERS; Mar de Grises; MARBLES; Marcelinho da Lua; MARCO FRANCO; MARCO PANELLS; MARCO PINHEIRO; MARCOS BORICUA; MARC-UWE KLING; Marfox; MARGA MUNGUAMBE; MARGARIDA GARCIA; MARIA GAMBINA; MARIA JOÃO SERRÃO; MARIA LEÓN; Maria P; MARIAN DORO; Marina Gasolina; MARIO DIAS; Mário João; Mário Valente; Mark Hype; MARK LEWIS & THE STANDARDS; Markus Kienzl (Sofa Surfers); Marta Hari; Marta Hugon; Martina Topley Bird (Massive Attack); Maru-a-Pula Marimba Band; Máscara; MASKARILHA; MATA HARI; Mata Ratos; Matilha; Matt Didemus; MATT ELLIOT; MAU; Mayush; MAZGANI; MC Ary; Mc Fakir A1383; MC Kapa; MC WADADA; Medásósangue; MEGAFAUN; Meifumado DJ Crew; MÉLANGE; melli skug; MELO D; Memória de Peixe; MEN EATER; Mendes; Mercado Negro; Messer Chups; Micachu (from Micachu and the Shapes); MICHAEL STRAUS; MICK MENGUCCI; Micro Audio Waves; MICROMÉCHANT; Midnight Priest; MIGSO; MIGUEL CABRAL; Miguel Duarte aka SINGERIE; MIGUEL PEDRO (Mão Morta); Miguel Pratas; Miguel Quintão; MIKADO LAB; MIKE STELLAR; MIKEYLOUS; Mikkel Solnado; MILLION DOLLAR LIPS; Mind da Gap; MINTA; Mirror People; Miss Lava; Miss Sailorette; MissWonder; MISTURAPURA; Mitch Malloy; Miúda; MK; MÓ FRANCESCO; MO HORIZONS; Mo Junkie; MOAI; Mob of God; Mobphonic; Mocky; Modern Social Disco; Moe’s Implosion; MONEY MAKER$; Mónica Ferraz; Mono; MONOMONKEY; Monster Jinx; Montecara; MONTRO MAU; MOODJA SOUNDSYSTEM; Moon Duo; More Than a Thousand; Morgana Wictofly; Mosca; Mosquito Sound System; Most People Have Been Trained To Be Bored; Motown Junkie; Moullinex; Mount Kimbie; Mouth of the Architect; MQN; Mr. Gasparov; Mr. Lizard; Mr. SMITH; Mr. Beat; Mr. Bird; MR. CHEEKS; Mr. Cookie; MR. EKO; Mr. Gasparov; Mr. Isaac; Mr. Marble; Mr. Mitsuhirato; Mr. Mute; Mr. Bones; Mu; Mucho Blast Crew; Mulherhomem; MUNDO; MUNDO CÃO; MUNDO COMPLEXO; Murdering Tripping Blues; MUSHUG; MUSTAFA YODA; Mwamba Lost; MWËSLEE; My First Affair; My Little Pony; MYD; MYRA SQUAD; Mystic Fyah; Nação Vira Lata; NAD; NADINE KHOURY; NADIR TURKMAN; NAEVUS; NAHEMAH; Nana Kitade feat. Loveless; NANASHI; Napalma; NATURAL BREAK STORM; NBC & OS FUNKS; ND3; Né Ladeiras; Neil Leyton; NEL ASSASSIN; NELITO; NEMA PROBLEMA; NEMO; NERVO; Nervoso; Nery; New Kind of Mambo; Niagara; Nice Weather For Ducks; Nicola Conte; Nicotine’s Orchestra; Nigga Poison; NIGUIRIBEATS; NILS FRAHM; Nilson Muniz; NINJA TUNE XX YEARS - FOLLOW THE NINJA com KING CANNIBAL; Niño; Niyi; NO DATA; NO DJ’S; NO FUN AT ALL; NO JOKE SOUND; NO NEBRASKA!; No Smoking on Board; No Tribe; NO TURNING BACK; Nobody’s Bizness; Noiserv; Noizd; NOLINX; NOLLIE B2B; NORBERTO LOBO; NORDGARDEN; Norton; NORTON DAIELLO; Nosaj Thing; Notorious Hi-fi Killers; NOVEMBRO; N’PITCH; NSEKT; Nu Bai Sound; NÚCLEO; NUMBER ONE; Nunchuck; Nuno Bernardino; Nuno Calado; Nuno Coelho; Nuno Gonçalves; Nuno Lopes; Nuno Prata; Nuno Rancho and the Living Room Furniture; Nuno Soares; Nzagi; O Bisonte; O Carro de Fogo de Sei Miguel; O Deserto Branco; O Experimentar Na M’Incomoda; O Maquinista; O POLVO; O Quarto Fantasma; OCTA PUSH; October Flight; Of The Wand and The Moon; OIOAI; Old Jerusalem; Ölga; Olive Tree Dance; Oliver $; OLIVER MAIER; OLIVER PAINE; Omar Léon; Omiri; ON A PLAIN; ON THE ROAD; ONE HUNDRED STEPS; ONE LOVE FAMILY; ONE SUN SOUND; One Sun Tribe; Open Mike; OPIUM DREAMS BAND; O’queStrada; ORANGOTANG; ordinary guest; Orelha Negra; “ORGanização” com João Peste, Nuno Leão, Alex Cortez, Pedro Alçada, Vítor Rua, Luis San Payo, Marco Franco e Dwart; ORI SHOTNEZ; ORPHELIA; Orquestra Toca a Rufar; Orson & Welles; Os Capitães da Areia; Os Golpes; Os Gully; Os Passos Em Volta; Os Pontos Negros; Os Quais; Os Tornados; Os Três Marias vs As Três Marias; Os Velhos; Os Vultos; osabi; OSSO; Osso Duro; Osso Vaidoso; OUT LEVEL; Owiny Sigoma Band; OXYODO; P5Y3ERDOLL; Pablo Leafar; Pablo Valentino; Paco Hunter; PÁJARO SUNRISE; Pan Sorbe; PandaPompoir; Panic!; Papercutz; Pariah; PARTY ON FEET; Pássaro; Paul Chambers; PAUL GILBERT; Paula Teixeira; Paula Varjack; PAULO ABREU; PAULO ARRAIANO; PAULO CURADO; Paulo Pedro Gonçalves; PEACE REVOLUTION; Pedro Abrunhosa; Pedro Calasso; PEDRO CARNEIRO; PEDRO COSTA; Pedro e os Lobos; Pedro Marques; Pedro Sotiry; PEDRO VIEGAS; Pega Monstro; PEIXE: AVIÃO; Peltzer; PESTE&SIDA; PETE HERBERT; peter; PETER BRODERICK; PETER’S JUKEBOX GANG; PHAUSTINO; PHAZER; PHIL MENDRIX BAND; Philarmonic Weed; Philips; PHOEBE KILLDEER AND THE SHORT STRAWS; Photonz; PIJAY; PILOOSKI; Pinela ‘El Chaparral’; Pinto Ferreira; PITCHBOYS; Pixxxhell; PLAGEO; Planningtorock; PLANO; Plasma Expander; PLÁSTICA; Please; PLUMA; POCKET BOOK OF LIGHTING; Pontos Negros; Pop Dell’ Arte; POP LEVI; Popnoname; PORN SHEEP HOSPITAL; PORTABLE aka BODYCODE; POSITRONIC; POST HIT; POTLATCH; POWERSOLO; PRAVDA; Press Play; Prima Donna; Primitive Reason; Prince Wadada; PROBATION; PROCESS OF GUILT; PRODUCERS; PROFUSIONS; PROG-D; PROJECTO FUGA; Projeto Preto Véio com Chullage; PROTEST THE HERO; PROTONE; PROWL; Psyberdoll; PSYLAB; PTV; Publish the Quest; Pulse; Punk Sinatra; Pussy Hole Treatment; Putas Bebedas; PUZZLE; Quadron; QUANTIC; Quantic & Alice Russell com Combo Bárbaro; QUANTIC SESSIONS; Quartet of woah!; QUARTETO 11; quarteto de bolso; QUARTETO DJ RIDE; QUEBRA DISCOS; Querestroika? - As canções do facebook do Vítor Rua; QUIET LITTLE THING; Quintão; QUINTETO TATI; QWENTIN; R. Stevie Moore; R.D.C.; R@VZ; RA; Rádio Macau; RAFF; RAI; Rainer Trueby; Rainy Days Factory; Ramboiage; Rambostellar; RAMONADA; Ramp; RAPTÓRICA; Raquel Lima; RARE DEGREE; RASKA SOUNDSYSTEM; Rastronaut; Reality Slap; Rebeka; RE-Censurados; RECEYECLER; Red bull i-battle; Red Rose Motel; RedLizzard; Reis; Rejects United; Rella the Woodcutter; REORM THE RESISTENCE; REPORTER ESTRÁBICO; RESERVOIR DOGS; Revolta; Rhino Bucket; RICARDO AIBEO; RICARDO FRUTUOSO; Ricardo Webbens; RICHARD DORFMEISTER; Richie Kotzen; Rick Franssens; RICO LOOP; RID; Riddim culture; RIDE; RIDING PANICO; RINUS VAN ALEBEEK; Riot; Rita Braga; Rita Maia; RITA REDSHOES; RITA VOZONE; RITMO CARTEL; RIYAZ MASTER PROJECT; RIZOMA;

RMA; ROB LOUIS; Robot Dealer; ROCK GROUP TIGER; ROCKANDROLL DANCE SYSTEM; ROCKY MARSIANO; RODA DE CHORO DE LISBOA; RODRIGO AMADO; Roger Canal; Rogério Charraz; Rogério Martins; ROLLS ROCKERS; ROMI ANAUEL; Roosta; ROSE MACDOWALL; RoundHouse Kick; ROYALISTICK; ROYCE da 5’9”; RQM; RRW; RUAS; Ruca & Jonski; Rui Murka; RUI PREGAL DA CUNHA; RUI SIMÕES; Rui Sinel de Cordes; Ruitrintaeum; Russian Circles; RUT RUT; RUY OTERO; Ryan Hawkin; S.L.O.T. MACHINE; Saade; Sacracy of Blood; SADISTS; SAFETY SCISSORS; SAGAS; Salto; Salvador Martinha; SAM ALONE; SAM THE KID; SAM U; SamDavies; SAMI KOIVIKKO; Samuel Úria; SAN GABRIEL; SANGEETA MIX PROJECT; Sangue Negro; SANRYSE; SATANS REVOLVER; Saul Williams; Saumik; SAUR; Savanna; SCHLACHTHOFBRONX; Score; SCRAMBLE; Sean Patrick Conlon; Sean Riley & The Slowriders; Sebastião Delerue; Sebastien 23; SeBENTA; SEENISTRA SALLIVAH; Segment; Sei Miguel; Selecta Alice; SELECTA LEXO; Semente; Señor Pelota; SENSI; Sensible Soccers; SEPTIMUS; SÉRGIO COSTA; SÉRGIO GODINHO; Sérgio Gomes; SEVEN COLOR EYE; Seven Stitches; Sevilla Red; SEXTY SEXERS; SEXY SUNDAYS; Shabazz Palaces; SHAPE; Shishio; Shivers; Shlohmo; Sidewalkers; SIENCIA; Sil Dimension; Silva o Sentinela; Silvia Mendes; Sílvio Rosado; SIMBAD; Simplesmente Vieira; Simply Rockers; Sinner; Sir Scratch & Bob da Rage Sense; Six Organs of Admittance; Six Stringed Lazy Boy; SIZO; SK6; Skafia; Skafia & Zuca Mc; SKALIBANS; SKAZOOMBA; SKEWER; Skills & The Bunny Crew; Skop; SKUNK; SKY; Roberta Estrela d’Alva; Joana Barbo; Wolf Hogekamp; Sérgio Garau; Leando Morgado; Slap hand to hand; SLIMMY; SMARTINI; Smiley Face; Smix Smox Smux; SMOOVE; Smuggla; SNIPER; SÓ VICENTE; So.ma; SOAPBOX; Social Disco Club; Social Smokers; Sofa; SOFIA M; SOGOIK; Sólstafir; Sono; SONS OF ALBION; SONVER; SOUL JAZZ RECORDS SOUNDSYSTEM; Soul Movement; Soulbizness; SOULFATO; Souls of Fire; SP; SPACEBOYS; spaziergang; SPEACEAPE; SPEKTRUM; Spill; Spiral; Spiritual Way; SPOEK MATHAMBO; Sprinkles; Sr. Alfaiate; STALKER VITKI; STEELVELVET; STEINSKI; Stepacide; Stereo Parks; Stereo Satanics; STEREOSSAURO; STEREOTYP; Stevie Salas & Bernard Fowler; STIPÉ; STOPMAKINGME (DAN AVERY); Strap 58; MAUS DA FITA; STRIKE ANYWHERE; Strugglaz; Stuart; Subvision; SUCHI RUKARA; SUMO! AKA FRY WOLF; Sun Airway; Sunflare; SUNYA; SUPA; SUPAFLY; Supagroup; Super Clarks; Suprah; Supreme Soul; SUSAN CADOGAN; Susana Felix; SUSPICIOUS; SUTZU; Suuns; SVEHN; Swallow The Sun; Swck; SWEET VANDALS; SWEET VIOLENCE; Swinging Rabbits; SwitchSt(d)ance; Switchtense; SWORDSWING; SWORN ENEMY; Syma; T.Williams; T3Ka; TACONES LEJANOS; TAKESHI; TAM; Tamara; TANGERINA AZUL; Tanira; Tank; TAPE LOADING ERROR; Tapete; TAURINA; Taylor mcFerrin; TEAM MARIA; TEARFUL; Ted Leo and the Pharmacists; Teen Spirits; TEKILLA; Telectu Collective; TELEPHUNKEN; TEMPESTT WITH JEFF SCOTT SOTO; TERESA GABRIEL; Terrakota; Terre Thaemlitz; Tertúlia de Fados Furiosa; Testarossa; TEXABILLY ROCKETS; Tha Lovely Bastards; THA SADISTS; The Act-Ups; THE AGENCY; THE AGONIST; The Allstar Project; THE AMAZING FLYING PONY; The Antic Groove; THE ASTER; The Astroboy; THE ATTIC; THE BALIS BAND; THE BAND APART; The Bang Bang Show!; The Beatbombers; the big church of fire; The Bizt; THE BLAST DJ’S; THE BLEEPS; THE BLUE BROTHERS; The book in the shelf; The Boy with a Broken Leg; THE CASUALTIES; THE CESARIANS; The Chariot; The Chick No Sticks; THE CLITS; The Correspondents; THE CYNICALS; The Daughters of Lot; THE DETECTORS; THE DICH; The Dirty Coal Train; THE DODOS; The Dorian Greys; The Doups; The Electronic Conspiracy; The Eyes of a Traitor; THE FIRSTBORN; THE GILBERT’S FEED BAND; The Glockenwise; The Godspeed Society; The Grasspoppers; The Groovy Kids; THE GUYS FROM THE CARAVAN; THE HANGMEN; The Happy Mess; THE HORN THE HUNT; THE HUMAN ABSTRACT; The Hypers; The Iconoclasts; The Indigo; The Interzone; The Kaviar; The Last Internationale; The levities; The Loyd; The Macaques; The Mary Onettes; The Memorials; THE MOST WANTED; THE OCEAN; The Officers; The Offshores; The paperboats; The Parrots; The Poppers; THE POSITRONICS; The Profilers; The Quartet of woah; The Quest; The Ramblers; The Ratazanas; The Shine; The Shivers; The Soaked Lamb; THE SOUND OF TYPEWRITERS; THE STARVAN; The Stepkids; The Strange Boys; THE STROKE LUNCH MACHINE; THE SULLENS; The Supervisor; The Temple; The Texabilly Rockets; The Toasters; The Underdogs; The Vanish Affair; The Vanity Sessions; The Very Best; The Vicious Five; The War on Drugs; The Weatherman; The Why Radio; Thee Chargers; Theophilus London; These are Snakes; These New Puritans; Thieves Like Us; thinkfreak; Thirteen Degrees to Chaos; This is Hell; Thomas Anahory; Three and a Quarter; Throes + The Shine; Thundercat; Tiago Angelino; Tiago Bettencourt; TIAGO DIAS; Tiago Gomes; Tiago Guilul; Tiago Santos; Tiago Sousa; Tides from Nebula; Tiger Picnic; Tigrala; Tiguana Bibles; TILL; TIM; TIM RIPPER OWENS; TIMEBASSCONNECTOR; TIMELESS; TM Juke; TÓ TRIPS; TOBY ONE; Toca’Andar; TODOS SANTOS; TOFU; Tofu 606; TOGHTA; TOM CHANT; Tom Vek; Tom Violence; TOMAS SAN MIGUEL; Tombo; Tomorrow is now, kid!; TONY; Tony Levin; TONY MC DREAD; Tony Montana; Tonyklean; Tora Tora Big Band; Toro Y Moi; Totally Enormous Extinct Dinosaurs; Tra$h Converters; TRASH POUR 4; TRECE; Tresporcento; TRIBRUTO; TRIO DE VASCO AGOSTINHO; Trip Inn; Triplet; TRISONTE; Trol2000; Tropa Macaca; Trophy Wife; Tropical Groovin; TRYAMBAKA; Tsunamiz; Tucanas; TUDO e sua Gente de Todo Lugar; Tulipa; TURBO TRIO; Tv Rural; Twin Shadow; TWISM; TwoFold; TXALAPARTA; TY FEAT BIG TED; Tyketto; TYSKE LUDDER; U.N. DERPRESSURE; Uaninauei; U-CLIC; UHF; Ulver; UMEED; Uni_form; Unidade Sonora; Unified Theory; UNITE B2B; UPTONE; URBAN TALES; Urbanvibsz; Ursula Rucker; Utopia; Utopium; Utter; Uxu Kalhus; V. ECONOMICS; Vahagn; Vaipes; Valdez e as Piranhas Douradas; Valete; Valient Thorr; VALISE D’IMAGES; VARIABLE GEOMETRY ORCHESTRA; VARIOUS PRODUCTION; VAULT; Velha Gaiteira; Verão Azul; Vice set; VICIOUS FIVE; VIDEO GARDEN 25 com TELECTU + ANTÓNIO PALOLO + JOÃO GALANTE; Video Jack; Video Killers; Video Patrulha; VideoHouseStars’s; VIDEOMORPHOSE; Vince Varga; Vinicius Terra; Vinil; VINZ; Violet; Vitor Belanciano; VÍTOR FIGUEIREDO; VÍTOR JUNQUEIRA; VITOR RUA E OS RESSOADORES; Vitor Silveira; Vitorino; VJ Squad; VOODOO MARMALADE; Voxels; W.A.K.O.; WALTER BENJAMIN; Walter Trout; WAR PLAN LEMON; Water Maneuvers; WE ARE PAJAMAS; We are the damned; We Have Band; We Will Fly; Weeding Party; Wendy James and Racine; What a funk; What About Molly; WhoMadeWho; WILD TIGER AFFAIR; Wilson Vilares; Wintermoon; W-Magic; WOLFGANG HAFFNER; Woman in Panic; Wonderland; WORDSONG; X-Acto; Xamã; X-cons; Xeg; Xinobi; Xminder; Xmrr; Xoices; Xutos & Pontapés; X-Wife; Yardangs; Yari; Yayhoos; Yellow W Van; Yéti Project N Jazz; YINSKE SILVA; You Can’t Win Charlie Brown; You Should Go Ahead; Youthless; Zara Macfarlane; Zé Beirão; Zé Lencastre; Zé Pinheiro; Zeca Medeiros; Zej; ZéN; Zentex; Zigzag Warriors; Zntn; Zombies for Money; Zootek; Zorra; Zull Nation

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CÚM PLICES NUMA MISSAO Fotografia: João Silveira Ramos

A ambição quotidiana do Musicbox – e da sua programação – é oferecer qualidade na diferença, procurando tanto o novo que interessa (por oposição ao novo pelo novo) como o que, já estando consagrado, ainda acrescenta e seduz. Esse esforço diário precisa de parceiros. No caso do Musicbox, tratam-se de cúmplices numa aventura pensada e rigorosa. Todos as marcas e entidades, que ajudam nesta demanda única, entram neste espírito singular, em que a recompensa por vezes vem do próprio risco. Mas a cultura vive deste arriscar permanente, e só há uma maneira de fazer cultura: fazendo. Estes são alguns dos cúmplices que, desde sempre, nos apoiaram e compreendem que uma relação comercial e institucional passa também pela contabilidade afectiva e cultural. E passa também pela qualidade proporcionada a clientes e artistas, e à segurança que permite a fluidez de tudo o que se passa dentro do clube. A todos, obrigado.

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Fotografia: JosĂŠ Fernandes . Rua Nova do Carvalho. 2008


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AGRADECIMENTOS É impossível agradecer a todos os que ajudaram a que este projecto vivesse e viva, todos os dias, com a mesma vontade, inquietação e reconhecimento. Felizmente, foram tantos os que nos ajudaram e de tantas maneiras. Colaboradores, amigos, jornalistas, artistas, fornecedores, parceiros, agentes, seguranças, técnicos, um público sempre entusiasta. Vindos de todo o lado do mundo, eles ajudaram a tornar o Musicbox o lugar por que sempre sonhámos e continuamos a fazer crescer. Nada disto se faz sozinho e nós sabemo-lo. Mas a primeira gratidão deve ser entregue aos que nos estão, ou estiveram, próximos. Nomes que com o seu trabalho, dia após dia, deixaram a sua marca e esforço num projecto, que é tudo menos anónimo. Daí a referência. Daí o primeiro obrigado.

FICHA TéCNICA -

Coordenação editorial Alexandre Cortez e Gonçalo Riscado Assistente editorial Marta Dineia Gamito Textos Nuno Miguel Guedes Pesquisa Pedro Azevedo e Sara Cunha

Design Paulo Arraiano Impressão e acabamento XXX Data de impressão XXX Produção XXX

Lisboa, 29 de Janeiro de 2013, João Torres, Alexandre Cortez, João Riscado, Gonçalo Riscado CTL – Cultural Trend Lisbon – Production & Management Lda. Trav. do Carvalho, 15, 1º Esq. 1200-097 Lisboa | Tel.: 213430107

OFFICE Afonso Cabral, Bárbara Viseu, Débora Marques, Diogo Almeida, Hugo Torres Janine Lajes, Mafalda Carvalho, Mariana Cabral, Mariana Coxilha, Marta Dineia Gamito, Pedro Azevedo, Pedro Lucas, Sara Cunha, Sílvia Costa.

Venue Agna Rajani, Alexandre Damião, Ana Andrade, Ana Batel, Ana Camacho, Ana Catarina Monteiro, André Pereira, Bruna Peixoto, Bruno Marinheiro, Catarina Dias, Catarina Santos, Caterina Aquafreda, Cléber Costa, David Medeiros, David Ribeiro, David Zenga, Dino Chainho, Diogo Aleixo Durval Martins, Edson Vital, Emília Alves, Fabíola Aboogani, Fernanda Gonçalves, Filipa Costa, Filipa Santos, Francesco Cortez, Frederico Amaral, Hugo Valverde, Inês Lucas, Inês Soares, Pedro Ivo Palitos, Joana Freitas, João Galrito, João Pedroso, João Pires, Joaquim Guerreiro, Jorge Martins, Julie Perinot, Laetitia Mendes, Leonardo Oliveira, Leonel Paris, Luís Gandra, Luísa Damásio, Marcella Foster, Marcelo Rosa, Maria Alves, Maria Botelho, Maria Ferrari, Maria Filipe, Maria Teresa Ogatha, Marta Espada, Mauro Rodrigues, Nuno Almeida, Nuno André, Ricardo Fialho, Ricardo Rodrigues, Rosa Calado, Sandra Coelho, Sandra Martins, Sara Borges, Sara Camões, Sara Costa, Sónia Rodrigues, Suzana Silva, Tânia Madeira, Teresa Moreira, Teresa Sousa, Yuri Landlot.


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