Liam Sharp e Christina McCormack
O QUE ACONTECEU COM O CAPITÃO STONE?
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Sharp, Liam Capitã Stone : o que aconteceu com o Capitão Stone? / Liam Sharp e Christina McCormack ; ilustração Liam Sharp ; tradução Mário Luiz C. Barroso , Helcio de Carvalho. -- 1. ed. -São Paulo : Mythos Books, 2018. Título original: Captain stone is missing. ISBN 978-85-7867-332-1 1. Histórias em quadrinhos I. McCormack, Christina. II. Título. 18-15340
CDD-741.5
Índices para catálogo sistemático:
1. Histórias em quadrinhos
741.5
Iolanda Rodrigues Biode - Bibliotecária - CRB-8/10014
CAPITÃO STONE – O QUE ACONTECEU COM O CAPITÃO STONE? é uma publicação licenciada pela Mythos Books, um selo da Mythos Editora Ltda. Redação e administração: Av. São Gualter, 1296, São Paulo, SP, Brasil, CEP 05455-002. Fone/fax: (11) 3024-7707. Data da primeira edição: novembro de 2018. Todos os direitos reservados. Esta é a tradução originalmente publicado pelo título Captain Stone is Missing, publicada pela primeira vez em 2015, é publicada mediante um acordo feito com a Titan Publishing Group Ltda. © Titan Comics 2018. Todos os direitos reservados. Para a edição em língua portuguesa: © Mythos Editora 2018. Todos os direitos reservados. Os personagens, nomes, eventos e locais presentes nesta publicação são inteiramente fictícios. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. É proibida a reprodução total ou parcial desta obra, tanto em mídias impressas quanto eletrônicas, sem a permissão expressa e por escrito da Titan Publishing Group Ltda e dos editores brasileiros, exceto para fins de resenha. História publicada originalmente CAPTAIN STONE IS MISSING HARDCOVER (dezembro de 2015).
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Liam Sharp e Christina McCormack ROTEIRO Liam Sharp ARTE MYTHOS EDITORA LTDA. Diretor Executivo Helcio de Carvalho Diretor Financeiro Dorival Vitor Lopes REDAÇÃO: Editor Júlio Oliveira Coordenador de Produção Ailton Alípio Tradução Mario Luiz C. Barroso e Helcio de Carvalho Revisão Priscila Oliveira Letras Daniel Fantini
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O CAPITÃO STONE ESTÁ DESAPARECIDO.
“E DAÍ?”, VOCÊ PODE PERGUNTAR. “TODO MUNDO JÁ SABE! O QUE ISSO TEM A VER COMIGO?”
BEM… JÁ QUE PERGUNTOU… A RESPOSTA VAI DEMORAR UM POUCO… “TEM MUITO CHÃO ANTES DE DORMIR” E TUDO MAIS…
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EU SEMPRE GOSTEI DE XADREZ… OU MELHOR, DO CONCEITO DO XADREZ.
CERTAS PESSOAS CONSEGUEM MANTER UM TABULEIRO, COM TODAS AS PEÇAS E CADA MOVIMENTO REALIZADO, NA FORMA DE UMA IMAGEM MENTAL. ELAS SÃO CAPAZES DE VISUALIZAR UM JOGO INTEIRO, COM DURAÇÃO DE DIAS, TOTALMENTE DENTRO DOS LIMITES DE UM ESPAÇO LIMINAR, COMPARTILHADO COM UM ÚNICO ADVERSÁRIO.
ESSE É O VERDADEIRO XADREZ.
A MELHOR PARTE DO JOGO OCORRE, COM PREDOMINÂNCIA, NO INTERIOR DA MENTE.
EU ENTENDO ISSO COMO UM CONCEITO ABSTRATO… POSSO VISUALIZAR A FORMA, MAS AS SUTILEZAS E INFINDÁVEIS COMPLEXIDADES ME ESCAPAM QUASE QUE TOTALMENTE.
QUANDO IMAGINO UM TABULEIRO DE XADREZ NA CABEÇA, NUNCA TEM PEÇAS NELE…
QUASE SEMPRE MEU PAI ME DERROTAVA… MENOS QUANDO ME DEIXAVA GANHAR. O COITADO QUERIA QUE EU FOSSE MUITO BOA, BEM MELHOR QUE ELE. SERIA MARAVILHOSO…
…MAS NÃO FOI O CASO.
EU GOSTAVA ERA DA ESTÉTICA DO XADREZ.
QUANDO TINHA SEIS ANOS DE IDADE, PEDI PRA PINTAR O TETO DO MEU QUARTO COMO UM TABULEIRO, COM PEÇAS GIGANTES DE CABEÇA PRA BAIXO, PENDURADAS EM GANCHOS. NUNCA DEIXARAM, MAS LEMBRO TÃO CLARAMENTE COMO SE TIVESSEM DEIXADO.
EU TAMBÉM GOSTAVA DO ELITISMO DO XADREZ… PELOS MEUS PECADOS.
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MAS O QUE EU ADORAVA MESMO ERA CAÇAR.
JÁ FAZ UM BOM TEMPO QUE MORO NAS MONTANHAS ACIMA DE SANTA BÁRBARA.
MUDEI DA INGLATERRA HÁ MAIS DE UMA DÉCADA. O ESPAÇO LÁ É GRANDE O SUFICIENTE PRA GENTE SE PERDER ENTRE AS PEDRAS, VALES, MOITAS, ARBUSTOS E VEGETAÇÃO RASTEIRA.
LÁ HABITAM ÁGUIAS CARECAS, CERVOS, PUMAS… E PODE SER BEM PERIGOSO SE VOCÊ NÃO SABE O QUE ESTÁ FAZENDO.
EXISTEM MUITAS FORMAS DE MORRER LÁ FORA.
VOCÊ DEVIA FAZER ESSAS COISAS.
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SE BEM QUE EU NUNCA FUI MUITO BOA PRA FAZER O QUE DEVIA.
NO XADREZ, A CAÇADA É SIMBÓLICA… E TALVEZ SEJA NISSO QUE EU ME ENGANE.
MEU PAI DIZIA QUE O REI É INCRIVELMENTE FRACO. É PRECISO FORMAR BARREIRAS DEFENSIVAS EM VOLTA DELE. É ISSO QUE CONSTITUI SUA FORÇA. XADREZ É UM JOGO PRA GENERAIS.
MAS MESMO QUANDO CRIANÇA EU SABIA QUE ERA A RAINHA.
E EU CAÇAVA.
MEU PAI SEMPRE DIZIA QUE CADA PEÇA ELIMINADA TE APROXIMA DAQUELA MORTE QUE MARCA O FIM DA BATALHA.
MAS, QUANDO EU CAÇAVA PRA VALER, A HISTÓRIA ERA BEM DIFERENTE.
ENVOLVIA INSTINTO. FARO.
ADRENALINA.
A PROFUNDA TATUAGEM DO CORAÇÃO.
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DEMANDAVA PACIÊNCIA. IMOBILIDADE.
REQUERIA CORAGEM E FORÇA BRUTA ANIMAL.
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E CAÇA TAMBÉM É VIDA.
E MORTE. E EU NÃO CONSEGUIA ME CONTER… MESMO SE QUISESSE.
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10/07/2018 15:01:27
FRANK LLOYD WRIGHT PROJETOU A CASA ONDE MOREI NOS ÚLTIMOS DEZ ANOS.
CHAMARAM ELA DE ÁGUA CORRENTE.
ACREDITO QUE TENHA SIDO UM PROTÓTIPO PRA QUEDA-D’ÁGUA.
NÃO SEI POR QUE NINGUÉM NUNCA OUVIU FALAR.
LÁ, O SILÊNCIO É SOBRENATURAL… ALGO MAIS DO QUE ADEQUADO PRA MIM. EU PODIA ESCREVER MEUS LIVROS FULEIROS EM PAZ…
TALVEZ VOCÊ ATÉ JÁ TENHA VISTO ALGUM DELES… COM O PSEUDÔNIMO DE VINCENT VAN GOTH, ESCRITOR DE LIVROS DE VAMPIROS…
JÁ CONQUISTEI UM BELO GRUPO DE SEGUIDORES.
ESCREVER É, NO MÍNIMO, UMA DISTRAÇÃO. UM CONSOLO MENOR.
O TERRENO É BEM PROTEGIDO. TEM UMA CERCA ELETRIFICADA ALTA DEMARCANDO O PERÍMETRO, E A MAIORIA DAS PESSOAS PENSA QUE A PROPRIEDADE É MILITAR… UM CAMPO DE TREINAMENTO OU COISA PARECIDA.
MAS O LUGAR ERA BEM MAIS PERIGOSO DO QUE PODIAM IMAGINAR…
…PORQUE EU MORAVA ALI.
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10/07/2018 15:01:30
E USCITO DALLA FOLLA CITTADINA, UN UOMO, UN PICCIOL PUNTO S’AVVIA PER LA COLLINA.
CHI SARÀ? CHI SARÀ? E COME SARÀ GIUNTO CHE DIRÀ? CHE DIRÀ? CHIAMERÀ BUTTERFLY DALLA LONTANA…
NÃO IMPORTA O QUANTO EU ESFREGUE MEU CORPO… SIM, EU SEI QUE ESSA FRASE É UM CLICHÊ ANTIGO. MAS TODOS OS CLICHÊS SÃO VERDADES FOSSILIZADAS. POESIA MORTA. ENTÃO… BOM, VOCÊ JÁ DEVE TER PERCEBIDO QUE EU IA FALAR SOBRE O SANGUE… O SANGUE NAS MINHAS MÃOS.
O GOSTO DE FERRO NA BOCA.
MAS NÃO É DO CERVO QUE ESTOU FALANDO.
TÁ BOM.
É MELHOR ESCLARECER.
MAS É UMA LOOONGA HISTÓRIA!
(LÁ VOU EU DE NOVO… CLICHÊS!)
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10/07/2018 15:01:32
MEU NOME É CHARLOTTE CHANCE, MAS TODOS ME CHAMAM DE CHARLIE.
IO SENZA DAR RISPOSTAME NE STARÒ NASCOSTA UN PO’ PER CELIAE UN PO’ PER NON MORIRE AL PRIMO INCONTRO…
MEU PAI, O LORDE CHARLES CHANCE, ERA O QUE COSTUMAVAM CHAMAR DE “PLAYBOY MILIONÁRIO”. RESUMINDO, O CARA GOSTAVA DE TREPAR POR AÍ… E MUITO… ATÉ CONHECER MINHA MÃE. ELA ERA MODELO, UMA BELDADE DOS ANOS 1970. DEVE TER SIDO UMA VERDADEIRA PAIXÃO À MODA ANTIGA.
(EU NÃO DEVIA ME CHATEAR, MAS ISSO ACONTECE ATÉ HOJE. POR EXPERIÊNCIA PRÓPRIA, SEI QUE O MUNDO NÃO FOI FEITO PRA TER ESSE TIPO DE EQUILÍBRIO. SERÁ QUE SOU PESSIMISTA?)
MEU PAI TAMBÉM ERA UM CAVALHEIRO QUE ROUBAVA JOIAS. EU USO O TERMO “CAVALHEIRO” PORQUE ELE INSISTIA EM ROUBAR SÓ AS PESSOAS QUE CONSIDERAVA DE “MÁ ÍNDOLE”. TAMBÉM ACHO QUE MUITOS SE BENEFICIARAM COM SUA CARIDADE.
(ACHO QUE ELE SE VIA COMO UM ROBIN HOOD.)
A IMPRENSA BATIZOU O COITADO DE PANTERA COVARDE. AO SEIS ANOS DE IDADE, VIREI CÚMPLICE DELE.
(E NÃO, MINHA MÃE NÃO SABIA ABSOLUTAMENTE NADA SOBRE ISSO. SE SOUBESSE, A GENTE IA OUVIR UM MONTE! DE QUALQUER FORMA, EU NÃO LEMBRO DIREITO. ANALISANDO EM RETROSPECTIVA, PARECE QUE MINHA INFÂNCIA ESTÁ ETERNAMENTE ENVOLTA EM FUMAÇA DE MACONHA.)
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10/07/2018 15:01:35
QUASE SEMPRE, EU IA VIAJAR COM MEU PAI DURANTE AS FÉRIAS… …PRA TEORICAMENTE ASSISTIR A ÓPERAS E APRESENTAÇÕES DE VANGUARDA.
UMA VEZ, VIAJAMOS DE LONDRES ATÉ HOUSTON SÓ PRA VER A PANTERA (HAH, HAH), DE PHILIP GLASS, NA GRAND OPERA HOUSE, EM 1981 – SÓ QUE, EM VEZ DISSO, ROUBAMOS UM COLAR DE DIAMANTES VALIOSÍSSIMO DE UM NOTÓRIO MAGNATA DO PETRÓLEO. (NÓS DECORAMOS JUNTOS AS RESENHAS NOS JORNAIS DURANTE O VOO DE VOLTA CASO ALGUÉM PERGUNTASSE ALGUMA COISA.)
EM OUTRA OCASIÃO, PLANEJAMOS UMA VIAGEM A MILÃO… SUPOSTAMENTE PRA ASSISTIR À ÓPERA FALSTAFF, DE VERDI, NO TEATRO LA SCALA… MAS, EM VEZ DISSO, ALIVIAMOS UM IMPLACÁVEL INVESTIDOR MILANÊS DO FARDO DE CARREGAR ALGUMAS DE SUAS MAIS CARAS PEDRAS PRECIOSAS.
FOI UMA FARSA RIDÍCULA. SENDO BEM REALISTA, EU ERA NOVA DEMAIS PRA APRECIAR OS ESPETÁCULOS QUE NUNCA ASSISTIMOS, E MEU PAI NEM GOSTAVA DE ÓPERA. SÓ QUE A GENTE GOSTAVA DAS MENTIRINHAS… E ELAS MANTINHAM A MAMÃE, QUE ODIAVA ÓPERA, LONGE DA VERDADE.
LEMBRO VAGAMENTE DE FICAR OUVINDO MÚSICA CLÁSSICA EM CASA – NA CERTA ME ESFORÇANDO PRA NÃO RIR DEMAIS ENQUANTO, DESAFINADAMENTE, TENTAVA ACOMPANHAR AS FAMOSAS ÁRIAS COM MINHA VOZ DE SOPRANO ESGANIÇADA.
(ADMITO QUE, ÀS VEZES, ATÉ CANTAROLO UN BEL DÌ VEDREMO NO CHUVEIRO. NADA AGRADÁVEL DE SER OUVIDO.)
EU E MEU PAI FORMÁVAMOS UMA BELA DUPLA. EU CONSEGUIA PASSAR EM LUGARES IMPOSSÍVEIS… E ELE ME ENSINAVA TUDO O QUE SABIA.
A GENTE ERA RÁPIDO, SILENCIOSO… FELINOS.
OS MELHORES.
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10/07/2018 15:01:38
OS MELHORES DO MUNDO… …ATÉ QUE…
CHARLIE?
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10/07/2018 15:01:41
Charlie? Você está bem, querida?
Essa foi por pouco, não? Mas está tudo bem. Pode ficar tranquila… você está segura. Papai nunca ia deixar um cachorrão como aquele te machucar… você sabe disso, né? Eu nunca deixaria nada nem ninguém te ferir, querida.
EU TINHA DOZE ANOS, E TUDO ESTAVA MUDANDO.
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