TEX APRESENTA 100 ANOS DE GALEP

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Em 1948 o desenhista Aurelio

VOCÊ NÃO VAI VER O CONDE DE VITRÉ!

VOU TOMAR O SEU LUGAR, COM SEUS DOCUMENTOS E SEU CAVALO!

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R$ 36,90 • €13,00

SERGIO BONELLI EDITORE

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ANOS DE

GALEP E SE APR

100 ANOS DE GALEP

Galleppini, em arte Galep, com texto de Gianluigi Bonelli, deu vida a dois novos personagens: o espadachim Occhio Cupo e Tex Willer, um rude herói do Oeste, cujo sucesso perdura até hoje. Há um século do nascimento de Galep, este volume repassa a sua extraordinária carreira, reapresentando as primeiras duas histórias de Occhio Cupo e uma dentre as mais célebres de Tex, magistralmente ilustradas por uma indiscutível lenda dos quadrinhos mundiais!

NTA

A VIDA E A ARTE DO GRANDE MESTRE CRIADOR DE TEX

196 PÁGINAS EM CORES

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O

FAISCAR

documento reproduzido nesta página é um dos mais importantes para a história da nossa Editora, hoje denominada Sergio Bonelli Editore, e que, na origem, chamava-se Audace (Audaz). A carta, expedida em 31 de maio de 1948, tem a assinatura de Tea Bonelli, a aplicada diretora. Impressionada com o talento de Aurelio Galep Galleppini, um desenhista de trinta anos que, na época, morava em Florença, a senhora Tea o convidou a ir o quanto antes à redação, em Milão, “para juntos estudarmos uma nova publicação que vai faiscar”. Aurelio aceitou com entusiasmo... e o que aconteceu depois tem os contornos de uma pequena lenda, da qual contamos os detalhes nesta edição especial inteiramente dedicada ao inesquecível Galep, publicada originalmente em 2017, no centésimo aniversário de seu nascimento. Uma coisa é certa: faiscar, o Tex dele realmente faiscou. E muito! Graziano Frediani

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AMIGOS PARA SEMPRE

A extraordinária carreira de Aurelio Galleppini, em arte Galep, o quadrinista que, de 1948 até sua morte, jamais abandonou o seu Tex.

Luca Boschi

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Bonelli, Gianluigi Tex : 100 Anos de galep / Gianluigi Bonelli, Aurelio Galleppin ; tradução Júlio Schneider. -São Paulo : Mythos Editora, 2018. Título original: 100 anni di Galep, una vita con Tex. ISBN 978-85-7867-309-3 1. Histórias em quadrinhos I. Galleppin, Aurelio. II. Título. 18-13122

1. Histórias em quadrinhos

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CDD-741.5

Índices para catálogo sistemático: 741.5

TEX - 100 ANOS DE GALEP, março de 2018, é uma publicação da Mythos Editora Ltda., www.mythoseditora.com.br, fone: 11-3024-7707. Editor: Dorival Vitor Lopes Tradução: Júlio Schneider/DVL Letras: Marcos Valério Impressão: Gráfica São Francisco Copyright 2018 Sergio Bonelli Editore, www.sergiobonelli.it Licenciado por Panini SpA. Todos os direitos reservados.

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100 anos de GALEP OS CAVALOS DE CASALE DI PARI

Quem trabalha com quadrinhos sabe que, para um desenhista que atua no gênero faroeste, costuma existir um tabu difícil de superar: desenhar cavalos. Mas para Aurelio Galleppini, desenhista de faroeste por excelência, criador gráfico de Tex Willer, o problema nunca existiu. Desde pequeno ele começou a se apegar ao desenho retratando justamente cavalos, figuras familiares na paisagem de Casale di Pari, o povoado entre Grosseto e Siena em que ele nasceu em 28 de agosto de 1917 e onde passou seus primeiros nove anos. Na época, seus pais moravam naquela região da Toscana, mas eram sardos (da ilha da Sardenha). Em Casale di Pari o pequeno Aurelio iniciou o ensino fundamental, para em seguida prosseguir os estudos na Sardenha, quando seus pais tiveram que retornar à ilha. O pai teve que se mudar por ter sido contratado por uma grande empresa de construção civil, mas adoeceu gravemente logo em seguida, permanecendo prostrado no leito.

UM TOSCANO... SARDO

Para os Galleppinis foi um período de aperto financeiro realmente difícil porque, a partir de então, a criação dos cinco filhos ficou a cargo exclusivo da mãe, diretora de uma escola infantil em Domusnovas e com um salário baixo. Apesar disso, Galep se recordava daqueles dias como os mais belos da sua infância, tanto por estar próximo dos parentes, quanto pelo privilégio concedido pelo tio, gerente do único cinema de Iglesias (10km de Domusnovas) onde Aurelio tinha entrada livre e, frequentando a sala de forma incessante, apaixonou-se pelas tramas épico-

Nesta página: uma capa de Galep para Mundo Criança (1935) e a capa de As Aventuras do Pintainho (1937). Na pág. 4: ilustração para a antologia Mil e Uma Noites.

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aventurosas. Entre os vários filmes, também passavam os de piratas e de pistoleiros, a começar por Tom Mix. Foram as bases de um sólido background mnemônico, utilíssimo quando teve que reproduzir com lápis e nanquim aqueles cenários, teatros de ação de Tex Willer e de Occhio Cupo. Foi quando o pequeno Aurelio, apesar da distância dos cavalos

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e das paisagens verdejantes da terra natal, começou a se afeiçoar ao lugar para onde a família se mudou, declarando que, quanto à formação humana e espiritual, sentia-se cada vez mais sardo que toscano. Quem conheceu Galep adulto pode confirmar. De temperamento reservado e um pouco solitário, que falava em voz baixa, aplicado e orgulhoso do próprio trabalho, o reflexivo Aurelio manteve por toda a vida o caráter que se formou na primeira juventude tracejando tudo o que lhe aparecia pela frente.

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ENFEITIÇADO PELO GATO FÉLIX

Para o menino, desenhar era uma exigência irrefreável, mesmo porque estava fascinado pelos gibis e pelos curtas animados vindos de além-mar: dos desenhos das fábricas de Paul Terry e dos irmãos Fleischer - onde, nos anos Trinta, se destacaria a série do invencível Popeye. O primeiro impacto de Aurelio com essa nona arte acessória aconteceu no verão de 1925,

quando o garoto, nas férias depois do 3° ano do ensino fundamental, ficou hospedado na casa de mecenas milaneses que mantinham a escola da mãe, construída num terreno cedido por eles. “Naquela casa”, ele recordava, “eu vi quando eles projetaram para os filhos os primeiros desenhos animados, com o Gato Félix e outros personagens da época. Eu fiquei tão impressionado que me dediquei com afinco a imitar aqueles personagens numa grande quantidade de desenhos,

Acima e na outra página: uma cartolina de propaganda, quatro estudos de retratos, uma vista de Casale di Pari, um cartaz para o jornal L’Unione Sarda e um capítulo da história com recordatórios Em Terra Estrangeira (1937).

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Acima: uma história completa de Galleppini (texto e desenhos) que Nerbini publicou em 1941. Na página ao lado: um quadrinho de O Caminho da Vitória (1943) e uma sequência aérea de A Conquista do Atlântico (1941).

e recebi elogios e encorajamento dos senhores milaneses”. Mas como em Cagliari, a capital da Sardenha, não havia escola artística, Aurelio passou a frequentar, de má vontade, uma escola comercial e outra industrial, onde permaneceu por apenas dois anos, visto que começou a receber propostas consistentes de trabalho.

AO TRABALHO, POR CORRESPONDÊNCIA Profissionalmente, Galleppini começou a trabalhar com ilustração do único modo possível para um jovem isolado, inclusive territorialmente, do circuito da grande editoria: começou a expedir desenhos aos jornais que conhecia, no início oferecendo uma

colaboração gratuita, com o objetivo de ter alguma coisa publicada. Era o fim de 1935 e, em poucos meses, Aurelio começou a receber também respostas positivas. Uma das primeiras encomendas veio de Vito De Bellis, diretor do famoso jornal satírico Marc’Aurelio, um concentrado de nomes lendários do humorismo e, em seguida, do cinema e da TV: de Federico Fellini a Vittorio Metz, de Marcello Marchesi a Ettore Scola, de Giovanni Mosca a Cesare Zavattini. De Bellis propôs ao diligente Galleppini ilustrar algumas fábulas (como O Segredo do Mohore) e uma capa para a revista infantil Mondo Fanciullo (Mundo Criança), do mesmo grupo, mas com a marca de Edições Rubi.

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100 anos de GALEP É UMA ORDEM: ACABEM COM OS BALÕES! No início de 1936, com a tiragem reduzida à metade, passando de semanal a quinzenal, Mondo Fanciullo foi cancelada, acabando com a esperança de trabalho futuro de Aurelio. Mas ele não se deu por vencido e contatou

outros editores, enviando como referência os recortes do seu material que saiu na revista infantil. Assim, de 1937 a 1939, ele ganhou um espaço na revista para meninas Modellina (A Pequena Modelo), onde fez as suas primeiras verdadeiras histórias ilustradas, finalmente pagas. Eram histórias de sabor exótico que, por exigências

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gráficas, às vezes eram feitas em papel de seda, às vezes em papel tipo canson (um lado rugoso e um liso): primeiro as cores e depois o traço preto, senão este seria coberto pelas cores. Apesar de ambientadas em

vários lugares do mundo, as histórias exaltavam os ideais nacionalistas com que o itálico regime pretendia insuflar os jovens. Ostentavam títulos evocativos como O Mestiço Misterioso, A Noite de Natal, Uma Aventura no Klondike, A Prova dos Crocodilos, À Sombra do Tricolor, Retorno à Pátria, Não Conheço Medo, O Pão do Soldado, Consuelo e Em Terra Estrangeira, onde pela primeira vez Aurelio trabalhou com o gênero faroeste, cerca de dez anos antes do nascimento de Tex. Como os gibis eram vistos com antipatia pelo fascismo, uma norma legislativa dirigida à editoria para jovens determinou que os odiados balões de todas as histórias fossem substituídos por recordatórios (caixas de texto) mais ou menos longos. À esquerda: a capa de Galep para a edição em volume de A Lenda dos Rugis (1943). Acima: As Pérolas do Mar de Omã, escrito por Federico Pedrocchi. Na página ao lado: a versão francesa de Pino, o Grumete e um Pinóquio publicado pela Nerbini em 1947.

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COMO BELTRAME

No período da sua estreia artística, Galleppini ilustrou As Aventuras Romanceadas, quatro histórias curtas com roteiro da escritora e novelista Maria Pia Sorrentino. Maior satisfação lhe deu o seu primeiro gibi, As Aventuras do Pintainho, um livreto em cores, com textos em versos de Pasquale Ruocco e personagens em estilo humorístico. Com pouco mais de vinte anos, o futuro Galep já se sentia um profissional afirmado. Recebia elogios constantes por seus trabalhos, pagos a cinquenta liras por página, um quantia não desprezível para os anos que antecediam o segundo conflito bélico mundial, quando o sonho dos italianos ficou imortalizado nos 11

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diluído na parte frontal da folha e cores no verso) e as cores da Mattino Illustrato saíam mais esmaecidas do que ele gostaria. versos musicais “Se eu pudesse ter mil liras por mês”. No mesmo período, o desenhista de Casale di Pari também fez duas capas para a revista napolitana Il Mattino Illustrato (Manhã Ilustrada), primeira revista de atualidades e personalidades da Itália. O modelo era o de ilustração de fatos do quotidiano feito de modo espetacular por Achille Beltrame na revista Domenica del Corriere (Domingo do Correio, suplemento semanal do jornal), mas Aurelio ainda não conhecia a técnica usada para um bom resultado na impressão (nanquim preto e cinza

COM OS GRANDES DOS ROTEIROS

Para a mesma revista ele também fez as imagens da história O Segredo do Motor, escrito pelo prolífico Andrea Lavezzolo, pai de heróis dos quadrinhos como Gim Toro e Kinowa e, em seguida, animador faz-tudo de Il Giorno dei Ragazzi (O Dia das Crianças), suplemento semanal do jornal Il Giorno (O Dia). Mas aquele com Lavezzolo foi um encontro relâmpago que antecedeu o encontro com outro grande, esse sim

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