MOBILIÁRIO URBANO | SÃO PAULO A DENSIDADE COMO PAISAGEM URBANA A cidade de São Paulo é conhecida por sua alta densidade populacional, inclusive sendo intitulada como a primeira megalópole do hemisfério sul. O grande fluxo de pessoas reflete um cotidiano dinâmico para os paulistanos. Pessoas esbarram-se em ruas sempre movimentadas enquanto buzinas de automóveis competem pela atenção do mais distraído. Novos ciclistas todos os dias surgem aprendendo a ser mais um personagem do caos urbano. Vendedores ambulantes suplicam, por meio de produtos, que passantes os ajudem a sobreviver a mais um dia. Executivos ficam gradualmente angustiados por perderem tempo dentro de seus carros durante horas de engarrafamento. Turistas guardam o registro de monumentos arquitetônicos simbólicos de uma cidade que recebeu importantes eventos históricos para o país. São elas, então, as pessoas provenientes de todas as partes do Brasil que ocupam a promissora cidade em busca de oportunidades. Ocupantes do caos, que como defende o brasão, conduzem a cidade.
PRATICIDADE E PREOCUPAÇÃO COM O MEIO Em meio a tanta informação, a proposta surge de maneira a promover um refúgio urbano àquele que ocupa a cidade. Não negando toda a sua intensidade, mas, sim, aceitando-a como parte do conjunto. A densidade é, portanto, paisagem urbana. O partido surge a partir do emolduramento da densa paisagem que propõe ao usuário, momentos de contemplação do movimento. Para os equipamentos de mobiliário urbano maiores, uma barra horizontal metálica se apoia em pilares, entre eles, uma vigota possibilita a percepção de soltura dos dois elementos. À caixa externa, que entende-se como a moldura, são acrescidas vedações de madeira (eucalipto) que comporão harmonicamente o conjunto. Para equipamentos menores, o vazio em meio à estrutura metálica ratifica ainda mais claramente a intenção de emolduramento do movimento e das cores do cotidiano paulistano.
A ortogonalidade está presente em todas as peças e juntamente com o uso de materiais semelhantes, contribui para uma identidade única de todos os objetos, apesar das distintas escalas e funções. Os materiais empregados são o aço e a madeira, ambos abundantes no Brasil. As estruturas metálicas são compostas por peças pré-fabricadas, de montagem rápida e facil produção em escala, cujas dimensões permitem que sejam levadas a locais de difícil acesso por veículos de grande porte. As peças em aço recebem tratamento anticorrosivo e pintura na cor preta. A madeira sugerida é o eucalipto, por ser um recurso altamente renovável. Esta madeira é muito utilizada para produção de carvão e papel, porém possui ótima resistência se colhida quando de sua maturidade. Com tratamento adequado, substituição da seiva por produtos químicos e aplicação de verniz impermeabilizante, o eucalipto dura muitos anos e tem fácil manuseio na construção civil. As cores, combinação do preto com o eucalipto natural, são fortes e, ao mesmo tempo, neutras o suficiente para manter o protagonismo do que é emoldurado em detrimento ao objeto.
1/4